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Motor Monofásico de indução de fase auxiliar

Francisco Esterque Baptista Neto

Funcionamento
O motor monofásico de fase auxiliar é uma máquina de corrente alternada
capaz de acionar máquinas em geral a partir de uma rede elétrica monofásica. É
composto principalmente de:
● Um estator com um enrolamento principal ou de trabalho e um
enrolamento auxiliar ou de partida;
● Um rotor do tipo gaiola de esquilo;
● Componentes de partida como: centrifugo, platinado, capacitor.
No estator, o enrolamento auxiliar é ligado em paralelo com o enrolamento
principal e, como o nome já diz, sua função é realizar a partida do motor, ou seja,
tirar o rotor da inércia. Quando energizados, ambos os enrolamentos originam um
campo eletromagnético pulsante com uma defasagem de direção entre si devido a
disposição das bobinas no estator. Ver figura 1.

Figura 1: Esquematização dos enrolamentos.

Na bobina de trabalho é usado um fio mais grosso e com mais enrolamentos,


o que gera mais indutância e campo mais forte. Já na bobina auxiliar é usado menos
fio e mais finos causando menos indutância e campo mais fraco. Essas diferenças
físicas causam uma defasagem na velocidade da corrente que circula nos
enrolamentos, fazendo com que o campo seja gerado ligeiramente primeiro no
enrolamento auxiliar. Essa diferença de velocidade da corrente, combinado com a
diferença de direção em relação ao enrolamento principal, é o que coloca o motor
em movimento. Esse fenômeno pode ser observado na figura 2.
Figura 2: Gráfico da corrente em função do tempo nos enrolamentos (sem capacitor).

Os motores de fase auxiliar podem ser de dois tipos: Motores de partida sem
capacitor e com capacitor. Quando usado, o capacitor é instalado em série com o
enrolamento auxiliar, aumentando o módulo da corrente passante pelo enrolamento
e adiantando em 90° a corrente em relação ao enrolamento principal, a partir disso,
tem se um aumento significativo no torque de partida da máquina (representado na
figura 3). Note que o capacitor não é um componente fundamental para o
funcionamento do motor, mas possibilita um grande ganho no arranque.

Figura 3: Gráfico I x t com capacitor.

Comparando os dois gráficos e analisando os momentos de pico máximo em


cada enrolamento, no motor com capacitor, observamos que quando um dos
enrolamentos atinge sua corrente máxima, o outro está nulo e assim, é produzido
um campo magnético mais eficiente no estator.
Partindo para uma análise do rotor, quando o campo magnético estabelecido
no estator atravessa a gaiola de esquilo, é induzido correntes nos condutores do
rotor e assim, são geradas forças tangenciais que dão movimento ao rotor. Essas
forças são chamadas de f.e.m (força eletromotriz) segundo a lei de Faraday.

Figura 4: Indução no rotor.

Quando o rotor atinge cerca de 80% de sua velocidade nominal, um


componente chamado centrífugo faz a desconexão do enrolamento de partida com o
resto do sistema, permitindo assim, o funcionamento do motor com apenas a bobina
de trabalho. Quando o motor é desligado e a rotação começa a cair, o centrífugo faz
contato novamente com o sistema auxiliar, possibilitando que uma nova partida
possa ser feita.

Aplicações
Dentre os motores monofásicos, os motores de fase auxiliar são os que
possuem maior aplicação. Normalmente são usados em aplicações que exigem
torque elevado e velocidade constante. Como:
● Geladeiras;
● Ar-condicionado;
● Máquina de lavar roupa;
● Bomba d`água;
● Ventilador de teto;
● Máquinas-ferramenta de bancada.

Ligação e construção
Nos motores monofásicos de fase auxiliar, são encontrados 6 terminais que
são ligados conforme a tensão desejada (110v ou 220v) e também conforme o
sentido de rotação escolhido.
Figura 4: Ligação dos terminais do motor.

Cada enrolamento possui 110V. Para o motor funcionar em uma rede de


110V, os enrolamentos de trabalho são ligados em paralelo, assim como o
enrolamento auxiliar. Como mostrado na figura 4. Para aplicação em uma rede de
220V, os enrolamentos principais são ligados em série e o enrolamento auxiliar é
conectado em paralelo com um dos enrolamentos principais.
Outro fator importante é o sentido de rotação do motor. Quando necessário, o
sentido de rotação pode ser alterado invertendo a bobina de partida, ou seja,
trocando os terminais 5 e 6 de posição. Quando essa troca é feita o sentido da
corrente que passa no enrolamento auxiliar é alternado e por isso, ocorre a mudança
de sentido.

Figura 5: Componentes do motor de fase auxiliar.

O rotor desse motor é do tipo gaiola de esquilo ou também chamado de rotor


em curto-circuito. É formado por barras de cobre ou alumínio com as extremidades
curto-circuitadas através de aneis e no centro, dentro das barras, são colocadas
uma a uma placas de ferro laminadas e isoladas entre si. Essa construção garante
que as perdas causadas por correntes parasitas sejam mínimas.
O interruptor centrífugo é montado no eixo do rotor e, como o nome já diz,
funciona pela ação da força centrífuga, quando uma determinada velocidade é
atingida, essa força abre o contato desconectando a bobina auxiliar do sistema e
fazendo a reconexão quando o motor é desligado.
Manutenção
A manutenção de qualquer motor é muito importante para prolongar sua vida
útil evitando aquecimentos, falhas ou até a queima de seus componentes. O ideal é
que sejam realizadas manutenções periódicas e preventivas para que não ocorram
paradas indesejadas durante o funcionamento da máquina. Tendo em mente esses
fatores, as principais formas de manutenção estão relacionadas a:
● Limpeza dos componentes;
● Substituição do capacitor quando notado redução de torque ou não
funcionamento adequado da partida do motor;
● Interruptor centrífugo, quando este não desfaz o contato do
enrolamento auxiliar;
● Lubrificação ou substituição dos rolamentos.

Resenha sobre a aula prática


Na aula, foi mostrado como é feita a ligação de um motor monofásico de fase
auxiliar, tanto para 110 como 220 volts. Foi discutido como é feita a manutenção
nesse tipo de motor, assim como as principais causas de defeitos.
Durante a prática, foi feita a comparação das partidas do motor quando é
usado capacitor e quando não é usado. E também, foi demonstrado como fazer uma
verificação de funcionamento do capacitor simplesmente provocando um
curto-circuito nos seus conectores.
Além disso, foi explicado como fazer a identificação dos terminais do motor
caso eles não tenham sido informados. A identificação foi feita por meio de um
sistema simples usando uma lâmpada em série. O processo consistia em verificar a
continuidade de dois terminais aleatórios usando a lâmpada-série, caso a lâmpada
acendesse, significa que um dos terminais foi encontrado. E assim o processo é
repetido até identificar todos os terminais.

Referencias
https://ensinandoeletrica.blogspot.com/2017/01/motores-monofasicos-e-seu-funciona
mento.html

https://www.feis.unesp.br/Home/departamentos/engenhariaeletrica/exp11_2-motor-d
e-inducao-monofasico_eletrotecnica.pdf

https://www.youtube.com/watch?v=AaotM_xbemU

https://www.youtube.com/watch?v=S9It1Sl-w04&list=PLaACpLKadqlBQW0hZxSTu6l
qZDcBbjcrD&index=75

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