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MÁQUINAS E ACIONAMENTOS

ELÉTRICOS
Cícero Augusto de Souza
,

SUMÁRIO

1.TÓPICOS DE MOTORES ELÉTRICOS MONOFÁSICOS ................................. 3


2 TÓPICOS DE MOTORES ELÉTRICOS TRIFÁSICOS ..................................... 18
3.DIAGRAMA DE COMANDO .................................................................... 34
4 CHAVES DE PARTIDA DE MOTORES ELÉTRICOS ...................................... 55
5 PARTIDA, CONTROLE E PARADA ELETRÔNICA DE MOTORES ................. 76
6 ACIONAMENTO DE MOTORES CC E MOTORES DE PASSO .................... 101

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1.TÓPICOS DE MOTORES ELÉTRICOS MONOFÁSICOS

Apresentação

Caro estudante, neste bloco vamos estudar a aplicação prática de motores elétricos
monofásicos, envolvendo tipo de motores, vantagens e desvantagens de cada tipo. Os
motores elétricos monofásicos são bastante presentes em instalações residenciais e
comerciais de pequeno porte. Por conta disso, é muito importante detalharmos a
operação dessas máquinas. Esse é o objetivo desse bloco bem como passar ao aluno
tópicos de normatização e segurança elétrica

1.1 Motores de Indução

Fatores de Seleção e Tipos de Motores Elétricos

No momento da seleção de motores elétricos, temos que levar em conta diversos


fatores. Abaixo, podem ser vistos os principais critérios a ser levados em consideração
para a seleção de um motor.

 Alimentação: CA ou CC, frequência etc.;

 Local a ser instalado: Altitude, temperatura etc.;

 Tipo de Carga e condições de operação: potência da carga, rotação, ciclos do


processo de operação etc.;

 Consumo e Manutenção: Depende da importância do motor, disponibilidade


do local e econômicas etc.;

 Tipos de Controle: Velocidade, torque, partida etc.;

Os motores elétricos podem ser em corrente contínua ou alternada. Os motores em


corrente alternada são os mais difundidos no mercado por conta da facilidade de
alimentação (rede). Os motores trifásicos assíncronos são os mais aplicados na
indústria devido ao custo reduzido e robustez.

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Motores de Indução com 2, 4 e 6 terminais

Os motores com 2 terminais só podem funcionar com um único valor de tensão


nominal, pois não há como termos opções de ligações para tensões diferentes. Nesses
motores não há como inverter o sentido de rotação.

Já nos motores com 4 terminais, o enrolamento é dividido em 2 partes iguais. Nesse


tipo de conexão é possível ligar o motor em 2 níveis de tensão.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.1 - Esquema de Ligação Motor Monofásico - 4 Terminais

Como pode ser visto na Figura 1.1, os terminais 1 e 2 são conectados a uma metade e
os terminais 3 e 4 à segunda metade do enrolamento. Assim, podemos conectar o
motor em uma tensão maior ou menor. Conectando 2 e 3 temos a tensão maior e
conectando 1 com 3 e 2 com 4 temos a tensão menor. Nesse tipo de ligação também
não é possível a inversão do sentido de rotação.

Os motores de 6 terminais também podem funcionar em 2 tensões diferentes e o


sentido de rotação também pode ser invertido.

Os terminais de 1 até 4 são conectados às duas metades do enrolamento, similar aos


motores de 4 terminais. Os terminais 5 e 6 pertencem a uma ligação à parte e a função
dele é controlar o sentido de rotação do motor.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.2 - Terminais de um Motor de 6 Terminais – Maior Tensão

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Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.3 - Terminais de um Motor de 6 Terminais - Menor Tensão

Motores de Indução Monofásicos Especiais

Esses motores de indução podem ser Shaded pole, Split phase e com capacitores
auxiliares.

Os motores Shaded pole são conhecidos como motores de polos sombreados ou


campo distorcido. Em sua construção, cada polo tem uma parte abraçada por uma
espira em curto-circuito. A corrente que é induzida nessa espira faz o fluxo que a
atravessa sofra um atraso em relação ao fluxo da parte em que a espira não abraça.
Daí sai o torque da máquina. Essa espira é conhecida como espira sombra.

Os motores de fase dividida (split phase) possuem um enrolamento principal e outro


auxiliar (somente para partida). Esses enrolamentos são defasados de 90°. Esse
defasamento faz com que um torque seja produzido para iniciar a rotação e
aceleração. Após motor atingir a velocidade de regime, o enrolamento auxiliar é
retirado de operação.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.4 - Motor fase dividida


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Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 1.5 - Ilustração de Motor Monofásico Fase Dividida

Já os motores com capacitor de partida funcionam de forma parecida ao de fase


dividida. A diferença é a presença de um capacitor em série com o enrolamento
auxiliar de partida. Por conta do capacitor, conseguimos o aumento do torque de
partida. Após a partida e o motor atingirem uma determinada velocidade, o circuito
auxiliar é desligado.

Existem também os motores com capacitor permanente. Nesse caso, o enrolamento


auxiliar e o capacitor ficam permanentes ligados. O capacitor cria condições de um
fluxo similar ao das máquinas trifásicas, aumento o torque, rendimento e o fator de
potência. Essa aplicação de motores limita-se a uma potência máxima de 1,5 CV,
principalmente por conta de torque de partida reduzido.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.6 - Motor capacitor Permanente

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Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.7 - Curva Torque x Rotação - com capacitor permanente

1.2 Motor Universal e Identificação das bobinas de um motor monofásico

O motor universal é muito difundido em eletrodomésticos e em ferramentas portáteis.


O funcionamento desse tipo de motor é diferente do motor de indução. Ele pode
operar em CA ou CC, por conta disso é chamado de universal. Construtivamente ele é
um motor CC série. Normalmente são limitados a poucos cavalos de potência, por
conta de faíscamentos e perda do rendimento.

A Figura 1.8 a seguir ilustra esse tipo de motor.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.8 - Motor Universal

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Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 1.9 - Ilustração de um motor universal

Os motores monofásicos com fase auxiliar são os mais utilizados no mercado. A


identificação das bobinas desses motores são conforme a Figura 1.10.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.10 - Bobinas do Motor Monofásico

O enrolamento principal é seccionado e se apresenta como 2 bobinas. O início das


bobinas são os terminais 1 e 3 e, consequentemente, o final são os terminais 2 e 4. O
enrolamento auxiliar tem início no terminal 5 e termina no 6.

Para identificar as bobinas nesses motores, devemos medir a resistência ôhmica entre
cada terminal. A bobina com maior resistência, identificamos como bobina auxiliar. E,
como consequência, as demais bobinas são as principais.

Agora, temos que medir a polaridade das bobinas. Devemos conectar as bobinas
conforme a Figura 1.11 e aplicar a tensão nominal delas e medir a corrente.

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Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.11 - Polaridades dos enrolamentos principais

Na sequência, invertemos uma das bobinas e medimos a corrente novamente,


conforme Figura 1.12.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 1.12 - Polaridade dos enrolamentos principais

Assim, identificamos como 1, 2, 3 e 4, na sequência, a ligação das bobinas que


apresentou a menor corrente.

Exercício - Dimensione o capacitor de partida para um motor de indução monofásico


de 2 CV; 60 Hz; fator de potência 0,88; rendimento de 90%; Ip/In igual a 6 com um
tempo de 2 segundos para partir e tensão nominal de 220 V. Especifique também o
contator, relé térmico e o fusível a ser utilizado para acionamento dele. Esquematizar
também o circuito de força e comando dessa partida.

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Solução:

Cálculo da corrente nominal desse motor:

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐 𝟐. 𝟕𝟑𝟔
𝑰𝑵 = = = 𝟖, 𝟒𝟓 𝑨
𝑽𝒏 . 𝒇𝒑. 𝜼 𝟐𝟐𝟎. 𝟎, 𝟖𝟖. 𝟎, 𝟗𝟎

Para calcularmos o capacitor de partida, devemos determinar a reatância indutiva


aproximada:

𝑽𝑵 𝟐𝟐𝟎
𝑿𝑳 ≅ = = 𝟐𝟔 Ω
𝑰𝑵 𝟖, 𝟒𝟓

Assim, o capacitor de partida será:

𝟏 𝟏
𝑪= = ≅ 𝟏𝟎𝟎 𝒖𝑭
𝟐𝝅𝒇𝑿𝑳 𝟐𝝅. 𝟔𝟎. 𝟐𝟔

O contator deverá ser:

𝑰𝒄𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 ≥ 𝑰𝑵 → 𝑨𝒅𝒐𝒕𝒂𝒅𝒐 𝒐 𝒗𝒂𝒍𝒐𝒓 𝒄𝒐𝒎𝒆𝒓𝒄𝒊𝒂𝒍 𝒅𝒆 𝑰𝒄𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 = 𝟏𝟎 𝑨

O relé térmico deverá ter, em seu range de ajuste, o valor de 8,45 A ou próximo. Para
especificar o fusível, devemos saber a corrente de partida:

𝑰𝒑 = 𝟔. 𝑰𝑵 = 𝟔. 𝟖, 𝟒𝟓 ≅ 𝟓𝟏 𝑨

Agora, vamos verificar na curva dos fusíveis fornecida:

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Fonte: WEG, S.D.

Os fusíveis deverão atender as seguintes premissas:

𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒊𝒔 ≥ 𝟏, 𝟐𝟎. 𝑰𝑵 = 𝟏, 𝟐𝟎. 𝟖, 𝟒𝟓 = 𝟏𝟎, 𝟏𝟒 𝑨

𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒊𝒔 ≤ 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 𝒆 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒊𝒔 ≤ 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝒓𝒆𝒍é 𝒕é𝒓𝒎𝒊𝒄𝒐

A 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 e 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝒓𝒆𝒍é 𝒕é𝒓𝒎𝒊𝒄𝒐 foi considerada 20 A (dados do
fabricante).

Portanto, o fusível dimensionado para o caso deverá ser de 16 A. E o circuito força e


comando:

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Fonte: FRANCHI, 2008.

1.3 Motores Síncronos para Correção do fator de potência, vantagens e


desvantagens de motores síncronos em relação aos motores de indução

Por conta da possibilidade de variação da excitação do campo, o motor síncrono


consegue controlar o fator de potência. Podendo ser utilizado para a correção do fator
de potência da rede.

Quando há a solicitação de maior potência mecânica no eixo do motor síncrono, o


fator de potência ficará em atraso. Porém, se aumentarmos a excitação da máquina, o
fator de potência volta ao unitário. Se aumentarmos ainda mais a excitação, o fator de
potência ficará adiantado. Assim, podemos concluir que o fator de potência irá variar
proporcionalmente à variação da corrente de excitação.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 1.13 - Motor síncrono para controle do fator de potência

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Dessa forma, os motores síncronos podem ser utilizados para a correção do fator de
potência no lugar da aplicação de capacitores. Para potências inferiores a 50 CV não é
aconselhável essa aplicação.

Vantagens dos motores síncronos em relação aos motores de indução:

 Possibilidade de aproveitamento de um motor para uso no processo industrial


e, em conjunto, corrigir o fator de potência da instalação;

 Maior rendimento, trabalhando com fator de potência unitário.

Desvantagens dos motores síncronos em relação aos motores de indução:

 Aplicação restrita, pois necessitam de excitação do enrolamento de campo e


maior manutenção;

 Dificuldade para partida. É necessário que o motor esteja girando a uma


velocidade próxima a síncrona para entrar em sincronismo com o campo.

1.4 Motores de Relutância Variável

O motor de relutância variável (MRV) é uma tecnologia bem antiga. Possui uma
estrutura simples, combinando a simplicidade dos enrolamentos de campo das
máquinas CC com a robustez dos motores de indução. Esse tipo de motor não utiliza
escovas ou comutadores. Essas máquinas são produzidas de tal forma que a estrutura
de ferro do estator e motor proporcione a alteração da relutância, dependendo da
posição do rotor.

O acionamento desse tipo de máquina é feito por controles eletrônicos, pois não é
possível simplesmente ligá-lo a rede elétrica.

Esses motores também são conhecidos como motores de passo. As aplicações desses
motores são encontradas em impressoras de jato de tinta, máquinas CNC etc.

Eles possuem de 3 a 5 bobinas conectadas a um terminal comum. A Figura 1.12 ilustra


um MRV com 2 bobinas, com 90° por passo.

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Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 1.14 - Motor de Relutância Variável

Por conta do eixo dentado, ao injetar uma corrente nos enrolamentos, há um


alinhamento com os dentes do estator. Assim, é possível controlar o passo de giro do
motor.

1.5 Segurança do Trabalho: Normalização, proteção contra choques elétricos,


aterramento e bloqueio

Segurança do trabalho é um assunto muito importante em instalações elétricas. Em


particular com motores elétricos a atenção deve ser aumentada. Isso ocorre por conta
do acionamento inesperado de um motor pode acarretar sérios acidentes de trabalho.

Esses acidentes geralmente ocorrem por causa de falta de atenção ou pressões para
atender a alguma ordem do chefe ou supervisor.

Proteção Contra Choques Elétricos

O choque elétrico pode causar a morte de uma pessoa, dependendo de sua


intensidade e condições do corpo humano no momento do evento. Quanto menor for
a resistência do corpo, maior será o fluxo de corrente e a possiblidade de danos
adicionais. A resistência do corpo típica pode ser considerada conforme abaixo:

Pele seca – 100.000 a 600.000 Ω

Pele úmida – 1000 Ω

Parte interna do corpo (da mão para o pé) – 400 a 600 Ω

De uma orelha a outra – 100 Ω

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Exemplo: Se você entrar em contato direto com 120 V e a resistência do seu corpo for
100.000 Ω, então a corrente será:

𝟏𝟐𝟎
𝑰= = 𝟏, 𝟐𝟎 𝒎𝑨
𝟏𝟎𝟎𝟎𝟎𝟎

Agora, se você estiver suado e descalço, então a sua resistência para a terra pode ser
tão baixa quanto 1000 Ohms. Para esse caso, a corrente será:

𝟏𝟐𝟎
𝑰= = 𝟏𝟐𝟎 𝒎𝑨
𝟏𝟎𝟎𝟎

Assim, podemos concluir o quão danoso pode ser o choque elétrico dependendo das
condições do ambiente e do corpo no momento do acidente. Por isso, é muito
importante o uso de EPI´s (Equipamentos de Proteção Individual) para os trabalhos
com eletricidade (luvas e calçados isolantes por exemplo).

Para proteção contra choques elétricos, os dispositivos diferencial residuais também


são muito úteis.

Fonte: AGNIHOTRI, 2011.

Figura 1.15 - Equipamentos de Proteção Individuais - Elétrica

Aterramento, Bloqueio e Normas

O aterramento é muito importante em instalações elétricas, pois é através dele que há


a detecção rápida da fuga a terra pelos dispositivos de proteção. Portanto, todos os
equipamentos elétricos devem possuir condutor terra e/ou serem aterrados. Somente
em situações muito restritas que dispensam aterramento (IT médico por exemplo). As
carcaças de motores elétricos devem ser aterradas.

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Fonte: AGNIHOTRI, 2011.

Figura 1.16 - Condutor terra do equipamento

O bloqueio elétrico, também conhecido como Lockout se trata do desligamento da


fonte de energia e a instalação de um cadeado ou trava que impede a fonte de ser
religada. Geralmente, a chave dessa trava fica em poder do profissional que irá fazer a
intervenção no equipamento. Esse bloqueio também deve ser sinalizado (Tagout), isto
é, a colocação de uma etiqueta que sinalize que a fonte está bloqueada e sob
manutenção.

Fonte: AGNIHOTRI, 2011.

Figura 1.17 - Dispositivos de Bloqueio e Sinalização

As principais normas utilizadas para instalações elétricas e segurança do trabalho são:

NBR-5410 – Instalações Elétricas em Baixa Tensão;

NBR-14039 – Instalações Elétricas em Média Tensão;


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NR-10 – Norma Regulamentadora número 10 (Ministério do Trabalho);

Demais normas internacionais tais como do IEEE, IEC, NEMA etc.

Conclusão

Caro estudante, neste bloco nós vimos os principais tópicos de motores monofásicos,
aplicações e modos de ligações. Também foram apresentadas as aplicações de
motores síncronos e motores universais muito importantes para a utilização em
eletrodomésticos e ferramentas giratórias. Vimos também os motores de relutância
variável, muito utilizados em impressoras e máquinas de usinagem de precisão (CNC).
Os tópicos de segurança do trabalho em eletricidade também foram abordados

Referências Bibliográficas

AGNIHOTRI, N. Stepper Motor: Basic, Types and Working. Engineers Garage, 2011.
Disponível em: <https://bit.ly/3hDWCtV>. Acesso em: 31 mar. 2021.

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. São Paulo: Érica, 2008.

PETRUZELLA, F. D. Motores Elétricos e Acionamentos. Porto Alegre: McGraw Hill,


2013.

WEG. Automação: Fusíveis D e NH. CFW Elétrica, S.D. Disponível em:


<https://bit.ly/3B5rhHW>. Acesso em: 2 abr. 2021.

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2 TÓPICOS DE MOTORES ELÉTRICOS TRIFÁSICOS

Apresentação

Caro estudante, neste bloco vamos estudar a aplicação prática de motores elétricos
trifásicos, envolvendo tipo de motores, características operacionais, ligações etc. Os
motores elétricos trifásicos são amplamente disseminados nas instalações elétricas
industriais e comerciais de pequeno e grande porte. O objetivo do bloco é, também,
estudar o motor de indução trifásico, que é o mais usual em instalações, e detalhar sua
operação e fator de potência.

2.1 Tipos de Motores Elétricos Trifásicos e Suas Características

Tipos de Motores Elétricos Trifásicos

Os motores elétricos trifásicos basicamente são dos tipos abaixo especificados:

 Motor de indução trifásico com rotor gaiola de esquilo;

 Motor de indução trifásico de rotor bobinado;

 Motor trifásico com freio (motofreio trifásico);

 Motores de alto rendimento.

Motor de Indução Trifásico com rotor gaiola de esquilo – MIT

É a máquina mais difundida na indústria atualmente, por conta de seu custo e


robustez. O princípio de funcionamento dessa máquina é por indução. Por conta disso,
carrega esse nome e costumeiramente é representado pela sigla MIT. O rotor é
formado por uma estrutura de ferro a qual possui condutores em curto-circuito. A
figura a seguir ilustra essa ligação:

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Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 2.1 - Rotor em Curto-Circuito

O estator do MIT é também uma estrutura ferromagnética que contém os


enrolamentos que serão conectados à rede elétrica. O estator é a parte fixa e é
conhecido como armadura.

Esse tipo de máquina (rotor em curto-circuito) resulta em um motor de fabricação


mais rápida e barata do que a de rotor bobinado. Porém, essa máquina também possui
desvantagem, a principal é o torque de partida reduzido se comparar pela alta
corrente absorvida pela rede nesse momento. Para fortes potências, o mais usual é a
aplicação de um rotor bobinado.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 2.2 - Motor de Indução Trifásico

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Motor de Indução Trifásico com rotor bobinado

A única diferença, se comparado ao rotor gaiola de esquilo, é o fato de o rotor, nesse


caso, conter bobinas com espiras constituindo um enrolamento trifásico, normalmente
conectado em estrela em um dos lados. As outras extremidades das espiras são
conectadas à anéis coletores que, por sua vez, através de escovas, conectam as espiras
do rotor a um reostato de partida. Essa ligação é feita para a redução da corrente de
partida através da variação da resistência do reostato desde a máxima até curto-
circuitar as espiras.

A vantagem desse tipo de motor é a corrente reduzida na partida em tensão plena e


grande conjugado de partida.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 2.3 - Ligações de um Rotor Bobinado

Para grandes potências, é mais indicado do que os motores de rotor gaiola de esquilo.
É possível controlar a velocidade de motores com rotor bobinado através do controle
das resistências conectadas através das escovas. A figura a seguir apresenta esse
controle.

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Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 2.4 - Controle magnético de um Motor com rotor bobinado

Abaixo, segue o funcionamento dessa ligação:

 Para baixa velocidade, os contatores S e H estão desligados (abertos), portanto,


a resistência total está conectada no enrolamento do rotor;

 Fechando os contatores S, parte da resistência é desconectada, assim, observa-


se um aumento da velocidade;

 Ao fechar os contatores H, atinge-se a velocidade máxima.

Esse controle de velocidade acarreta muitas perdas nas resistências e há uma


ineficiência frente a variação da carga mecânica no eixo. Atualmente, para um controle
mais fino, são utilizados elementos de eletrônica de potência no lugar dos contatores
magnéticos.

Motor trifásico com freio (motofreio trifásico);

Esse tipo de motor é utilizado em aplicações onde se necessita parar o eixo


imediatamente após desligar a alimentação elétrica do motor. São exemplos dessas
aplicações: guindastes, elevadores, pontes rolantes, correias transportadoras,
bobinadeiras etc.

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O freio é acionado através de pastilhas montadas junto a uma mola que, através de
uma bobina que é energizada junto com o motor, faz com que a pastilha de freio libere
o giro do eixo. Ao desligar a energia, a bobina perde sua alimentação e ocorre a
frenagem do eixo do motor.

Fonte: PETRUZELLA 2013.


Figura 2.5: Motofreio CA

Motores de alto rendimento

São motores projetados especialmente para ocorrer a redução das perdas por efeito
joule nos enrolamentos, correntes parasitas etc. São características dele:

 Utilizam materiais de melhor qualidade, como chapas de aço silício de


qualidade superior;

 Bitola dos enrolamentos aumentada para reduzir perdas por efeito Joule;

 Ranhuras projetadas para dissipar melhor o calor, diminuindo perdas.

Porém, trata-se de um motor com preço maior do que o convencional. Cabe, ao


projetista, avaliar o custo-benefício para aplicação desse equipamento.

Características de Motores Trifásicos

 Rendimento (η);

 Escorregamento (s);

 Categoria de conjugado (N, NY, H, HY ou D);

 Tempo de rotor bloqueado (tr-block);

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 Classe de isolamento (A, B, E, F e H etc.);

 Ventilação (aberto ou fechado);

 Rotação nominal (rpm);

 Regime de Serviço (S1, S2 etc.);

 Fator de Serviço (FS);

 Tensão Nominal (Vn);

 Corrente nominal (In);

 Corrente de partida (Ip);

 Relação Ip/In (Mensura o múltiplo que Ip é maior que In);

 Sentido de rotação;

 Grau de Proteção (IP00, IP11 etc.).

Motores à prova de explosão

São utilizados em áreas classificadas, que contenham materiais inflamáveis como


combustíveis ou gases altamente inflamáveis. Eles são projetados para suportar
esforços mecânicos adicionais para assim evitar acidentes, pois uma falha na isolação
nesses ambientes pode provocar grandes acidentes.

Perdas em motores trifásicos

Elas podem ser:

 Elétricas;

 Magnéticas;

 Mecânicas;

 Parasitas.

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Conexão dos enrolamentos de um motor trifásico

Os motores podem ser conectados em Y ou delta (triângulo). A conexão estrela é


conforme a figura a seguir:

Fonte: FRANCHI 2008.

Figura 2.6 - Conexão em estrela

Abaixo é apresentada a ligação delta ou triângulo:

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 2.7 - Conexão Delta ou Triângulo

Identificação das Bobinas de um MIT

Na vida prática, podemos nos deparar com terminais de motor sem identificação,
assim, é muito importante sabermos identificá-las para evitar erros de conexão e
possível danos ao motor.

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Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 2.8 - Representação das Bobinas - MIT

O teste é bem simples, primeiramente, através de um teste de continuidade,


identificamos as 3 bobinas e, então, numeramos 1 e 4, 2 e 5 e finalmente 3 e 6. Após
isso, devemos testar a polaridade das bobinas, esse teste é feito na seguinte
sequência:

 Ligar a bobina 1 em série com a bobina 2;

 Ligar uma lâmpada entre os terminais 3 e 6;

 Alimentar os terminais 1 e 2 com uma fonte 220 Vac.

Se a lâmpada acender, a bobina 1 está com a marcação invertida. Portanto, troca-se 1


por 4. Após isso, repete-se os passos para testar a polaridade da bobina 3. A lâmpada
deve ser de 12 V.

2.2 Potência em Motores Elétricos

Os motores elétricos possuem Potência Ativa (kW), Reativa (kVAr) e Aparente (kVA).

Potência Ativa  É a potência que executa o trabalho. No caso de motores elétricos, é


a potência disponível no eixo. Porém, nos motores elétricos, a potência ativa extraída
da fonte é um pouco maior do que a do eixo, isso ocorre por causa do rendimento da
máquina. Essa potência geralmente é expressa em kW e em CV. Lembrando que 1 CV
vale 736 W.

Potência Reativa  É a potência necessária para a operação do motor por conta do


seu efeito indutivo. Essa potência está vinculada ao fator de potência da máquina que
é um dado de placa. A unidade dessa potência é o kVAr.

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Potência Aparente  É a potência total extraída da rede elétrica para funcionamento


do motor. Com base nessa potência, é possível dimensionar as instalações. A unidade
dessa potência é o kVA.

Essas potências se relacionam, assim, podemos traçar o triângulo das potências. A


figura abaixo ilustra isso:

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 2.9 - Triângulo das Potências

O ângulo de defasagem entre a potência ativa e aparente é o 𝝋, o seu cosseno


equivale ao fator de potência do motor. Pelas regras da trigonometria conseguimos
determinar as potências quaisquer partindo de apenas uma delas e do fator de
potência, por exemplo.

2.3 Fator de potência: Causas do baixo Fp em motores, correção e medição do fp e


localização dos capacitores

Em grandes instalações (indústrias, Hospitais, grandes centros comerciais etc.) existe


um grande número de MIT´s. E, como consequência, um baixo fator de potência da
instalação. Assim, é necessário tomar ações para o aumento do fator de potência da
instalação.

Os motores possuem um baixo fator de potência por conta de sua natureza indutiva.
Motores superdimensionados ou com baixa carga também ajudam a decrescer o fator
de potência. Como são máquinas indispensáveis na transformação de energia,
devemos conviver com eles. O fator de potência mínimo permitido para não ser
penalizado é 0,92 (ANEEL). Para melhora do fator de potência podemos:

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 Dimensionar motores com a capacidade mecânica próxima à da carga;


 Corrigir o fator de potência do motor com uso de capacitores;
 Utilizar máquinas síncronas no lugar do MIT para controle do fator de potência.

Correção e Medição do fator de Potência e Localização dos Capacitores

Como os MIT´s são amplamente difundidos na indústria e tem o custo reduzido frente
a máquina síncrona, vamos enfatizar a correção do fator de potência com os motores
de indução. Preferencialmente, temos que procurar instalar os capacitores de correção
do fator de potência próximos ao motor (acoplado) ou em seu painel de acionamento
(CCM). Isso evita o investimento em grandes bancos de capacitores ao tentar corrigir
no painel geral de baixa tensão da instalação, por exemplo. Como prática, recomenda-
se sempre que instalar um MIT, já providenciar a instalação da devida correção do
fator de potência.

Para medição do fator de potência, são utilizados instrumentos chamados analisadores


de rede, o qual responde com o fator de potência. Outra maneira é utilizar um
Wattímetro e calcular o fator de potência de forma indireta.

Correção do fator de Potência

Para correção, seguimos o procedimento:

 Medir, verificar na placa de identificação ou calcular o fator de potência do


motor ou conjunto CCM (cos 𝜑1 );

 Definir o fator de potência desejado - cos 𝜑2 - (ANEEL indica no mínimo 0,92);

 Calcular as potências reativas kVAr1 e KVAr2, referentes aos fatores de


potência atual e desejado respectivamente.

Segue equacionamento:

𝒌𝑽𝑨𝒓𝟏 = 𝒌𝑾. 𝐭𝐚𝐧 𝝋𝟏

𝒌𝑽𝑨𝒓𝟐 = 𝒌𝑾. 𝐭𝐚𝐧 𝝋𝟐

𝒌𝑽𝑨𝒓𝟏 − 𝒌𝑽𝑨𝒓𝟐 = 𝒌𝑾. (𝐭𝐚𝐧 𝝋𝟏 − 𝐭𝐚𝐧 𝝋𝟐 )

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Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 2.10 - Diagrama para Correção do fator de Potência

𝑪𝒌𝑽𝑨𝒓 = 𝒌𝑾. ∆ 𝐭𝐚𝐧 𝝋 𝒆 ∆ 𝐭𝐚𝐧 𝝋 = 𝐭𝐚𝐧 𝝋𝟏 − 𝐭𝐚𝐧 𝝋𝟐

𝑪𝒌𝑽𝑨𝒓 é a potência reativa (kVAr) necessária para chegar ao fator de potência


desejado.

2.4 Cálculo da corrente nominal de motores, dados de placa e tabela de motores


trifásicos

Os motores trifásicos são especificados por sua potência mecânica em seu eixo em CV
ou kW. A corrente elétrica extraída da rede deve levar em conta além dessa potência,
as perdas do motor (rendimento). A potência ativa extraída da rede de um MIT pode
ser calculada conforme a seguir:

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐
𝑷𝒓𝒆𝒅𝒆 =
𝜼

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐 à Potência no eixo em Watts;

𝜼 à Rendimento do motor;

Através dos dados de placa de motor, podemos também calcular a potência ativa no
eixo do motor (caso essa não esteja indicada):

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐 = √𝟑. 𝑽𝑳 . 𝑰𝑳 . 𝐜𝐨𝐬 𝝋 . 𝜼

𝑽𝑳  Tensão de linha em Volts;

𝑰𝑳  Corrente de linha em Ampères;

𝐜𝐨𝐬 𝝋  fator de potência do motor;

Isolando 𝑰𝑳 e fazendo 𝑰𝑳 = 𝑰𝑵 :

28
,

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐
𝑰𝑵 =
√𝟑. 𝑽𝑳 . 𝐜𝐨𝐬 𝝋 . 𝜼

𝑰𝑵  Corrente Nominal do motor em Ampères;

Dados de Placa do Motor

Todas as informações necessárias para operar, dimensionar os circuitos de força e


comando e capacitores estão na placa do motor. A placa contém informações tais
como:

 Tensão Nominal;

 Corrente Nominal;

 Velocidade;

Abaixo pode ser visto um exemplo de placa de um MIT.

Fonte: WEG, 2021.

Figura 2.11 - Dados de placa de um MIT

Lembrando que 1 HP vale 746 W. Há uma ligeira diferença entre 1 CV (736 W)

Tabela de Motores

Os dados de motores são padronizados, assim, é comum os fabricantes


disponibilizarem uma tabela contendo as principais características da máquina.

29
,

Fonte: WEG, 2021

Figura 2.12 - Tabela com Característica de Motores WEG W22 Super Premium .

Exercício 1: Determinar a corrente de partida que circula pela rede que alimenta um
motor de 20 CV, 60 Hz, 220 V, Ip/In = 6,3 ligado em delta com rendimento de 89,30% e
fator de potência de 0,79, com uma carga de 75%.

Solução:

Convertemos a potência em CV para kW:

P(kW) = P(CV) x 736

P(kW) = 20 x 736 = 14,72 kW (essa é a potência disponível no eixo)

Aplicando-se o rendimento, calculamos a potência ativa extraída da fonte:

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐 𝟏𝟒, 𝟕𝟐 𝒌𝑾
𝑷𝒓𝒆𝒅𝒆 = = = 𝟏𝟔, 𝟒𝟖 𝒌𝑾
𝜼 𝟎, 𝟖𝟗𝟑

A potência aparente será:

30
,

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐 𝟏𝟔, 𝟒𝟖 𝒌𝑾
𝑺𝒓𝒆𝒅𝒆 = = = 𝟐𝟎, 𝟖𝟔 𝒌𝑽𝑨
𝒇𝒑 𝟎, 𝟕𝟗

De sistemas trifásicos sabemos:

𝑺 𝟐𝟎, 𝟖𝟔 𝒌𝑽𝑨
𝑺 = √𝟑. 𝑽𝑳 . 𝑰𝑳 → 𝑰𝑳 = = = 𝟓𝟒, 𝟕𝟒 𝑨 = 𝑰𝑵
√𝟑. 𝑽𝑳 √𝟑. 𝟐𝟐𝟎

Cálculo da corrente de partida (Ip):

𝑰𝒑
= 𝟔, 𝟑𝟎 → 𝑰𝒑 = 𝟔, 𝟑𝟎. 𝑰𝑵 = 𝟔, 𝟑𝟎. 𝟓𝟒, 𝟕𝟒 = 𝟑𝟒𝟒, 𝟖𝟔 𝑨
𝑰𝑵

Também podemos calcular a corrente nominal do motor através da equação abaixo:

𝑷𝒆𝒊𝒙𝒐 𝟏𝟒, 𝟕𝟐 𝒌𝑾
𝑰𝑵 = = = 𝟓𝟒, 𝟕𝟓 𝑨
√𝟑. 𝑽𝑳 . 𝐜𝐨𝐬 𝝋 . 𝜼 √𝟑. 𝟐𝟐𝟎. 𝟎, 𝟕𝟗. 𝟎, 𝟖𝟗𝟑

Daí é só calcular a corrente de partida.

Exercício 2: Para o mesmo motor do exercício anterior, especificar o capacitor


necessário para correção do fator de potência do ponto de conexão da rede para 0,95.

Solução:

Para o fp atual  𝐜𝐨𝐬 𝝋 = 𝟎, 𝟕𝟗 𝒆 𝝋 = 𝐜𝐨𝐬 −𝟏 𝟎, 𝟕𝟗 = 𝟑𝟕, 𝟖𝟏° 𝒆 𝐭𝐚𝐧 𝟑𝟕, 𝟖𝟏° =


𝟎, 𝟕𝟕𝟓

p/ o fp desejado 𝐜𝐨𝐬 𝝋 = 𝟎, 𝟗𝟓 𝒆 𝝋 = 𝐜𝐨𝐬 −𝟏 𝟎, 𝟗𝟓 = 𝟏𝟖, 𝟏𝟗° 𝒆 𝐭𝐚𝐧 𝟏𝟖, 𝟏𝟗° =


𝟎, 𝟑𝟐𝟖

𝑪𝒌𝑽𝑨𝒓 = 𝒌𝑾. ∆ 𝐭𝐚𝐧 𝝋 = 𝟏𝟔, 𝟒𝟖. (𝟎, 𝟕𝟕𝟓 − 𝟎, 𝟑𝟐𝟖) = 𝟕, 𝟑𝟔 𝒌𝑽𝑨𝒓

A capacitância dele deverá ser:

𝟏𝟎𝟎𝟎. 𝒌𝑽𝑨𝒓 𝟏𝟎𝟎𝟎. 𝟕, 𝟑𝟔


𝑪𝒖𝑭 = 𝟐 = ≅ 𝟒𝟎𝟎 𝒖𝑭
𝟐𝝅𝒇𝑽𝑵 𝟐𝝅. 𝟔𝟎. 𝟐𝟐𝟎²

𝑪𝒖𝑭 𝟒𝟎𝟎
𝑪∆ = = = 𝟏𝟑𝟑 𝒖𝑭
𝟑 𝟑

31
,

Portanto, deverá haver 3 capacitores de 133 uF conectados em delta com tensão


nominal de 220 V.

2.5 Procedimentos e Ensaios de Rotina

Os motores elétricos devem possuir procedimentos de manutenção e inspeções e


ensaios de rotina para garantir seu bom funcionamento e aumento da confiabilidade
do equipamento. Essas atividades devem ser executadas periodicamente, com
intervalos a serem definidos conforme aplicação da máquina e importância.

Os motores devem ser inspecionados quanto ao alinhamento do eixo, aperto na


fixação da base e condição das correias. É importante:

 Inspecionar escovas e comutador;

 Promover a limpeza geral dos motores;

 Lubrificação das partes móveis;

 Manter os motores secos e caixa de ligação intacta e com conexões em bom


estado;

 Verificar se há ruído e vibração excessivos.

Motores com uma potência apreciável (normalmente acima de 75 CV em baixa tensão


e todos com tensão acima de 1kV), são recomendados os ensaios abaixo como rotina:

 Testes de isolamento dos enrolamentos;

 Medição da resistência de enrolamento;

 Inspeção termográfica do motor em operação e sua caixa de ligação;

 Verificação das conexões elétricas da caixa de ligação;

 Medir a corrente periodicamente;

 Análise de vibração da máquina.

32
,

Conclusão

Caro estudante, neste bloco vimos os principais tópicos de motores trifásicos,


aplicações e modos de ligações. Foram abordados os tópicos para correção de fator de
potência, medição de potência e aplicações práticas para dimensionar bancos de
capacitores nos motores. Também foi apresentada a metodologia para cálculo da
potência extraída da rede por MIT´s e determinação da corrente nominal da máquina.
Foram vistos, também, tópicos de manutenção/inspeção e ensaios de rotina.

Referências Bibliográficas

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. São Paulo: Érica, 2008.

PETRUZELLA, F. D. Motores Elétricos e Acionamentos. Porto Alegre: McGraw Hill,


2013.

WEG. W22 Motor Elétrico Trifásico: Catálogo Técnico Mercado Brasil. 2021. Disponível
em: <https://bit.ly/36zcffN>. Acesso em: 1 abr. 2021.

33
,

3.DIAGRAMA DE COMANDO

Apresentação

Caro estudante, neste bloco vamos estudar os diagramas de comando e de proteção,


com a apresentação dos conceitos para seletividade e especificação de componentes.
O objetivo do bloco é familiarizar você com os principais componentes de proteção,
comando e controle de motores elétricos. Também serão apresentados os diagramas
unifilares e multifilares e especificação de quadros de motores e CCM´s.

3.1 Dispositivos de Comando e de Proteção

Tipos de Dispositivos de Comando e Proteção

Os dispositivos de comando são elementos de comutação que controlam a passagem


de corrente elétrica entre um ou mais pontos do circuito.

Para controle desses dispositivos, são utilizadas botoeiras que possuem cores definidas
conforme a seguir:

Vermelho  parar, desligar ou botão de emergência;

Amarelo  Iniciar um retorno ou eliminar uma condição perigosa;

Verde ou preto  Ligar ou partida;

Branco ou azul  função customizada, que deve ser diferente das anteriores.

Existem alguns componentes para comandar os circuitos de controle,


intertravamentos ou lógicas customizadas. Os principais são:

Chave de impulso  Só permanece acionada mediante aplicação de força externa. Se


o seu acionamento não for contínuo, ela volta a condição inicial. Um exemplo desse
dispositivo é uma botoeira normalmente aberta (NA) que quando acionada com um
simples toque, fecha o contato e, ao desacionar, imediatamente volta a condição
aberta;

34
,

Contato normalmente aberto (NA)  A posição inicial desse contato é aberta


(repouso). Ao acioná-lo, torna-se fechado. Normalmente são representados pelos
números 3 e 4 no diagrama de comando;

Contato normalmente fechado (NF)  A posição inicial desse contato é fechada


(repouso). Ao acioná-lo, torna-se aberto. Normalmente são representados pelos
números 1 e 2 no diagrama de comando.

A figura a seguir ilustra esses dois tipos de contatos auxiliares.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 3.1 - Contatos NA e NF

Chave com retenção ou trava  Ao acioná-la, seu contato é comutado e fica na nova
posição até que seja desacionada. Um exemplo desse tipo de chave é uma botoeira de
desligamento de emergência. Uma vez acionada, só com outra manobra é possível
fazê-la retornar à condição inicial.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 3.2 - Contatos NA e NF com trava

Com a mesma lógica do descrito anterior, há chaves com diversos contatos auxiliares
com ou sem retenção, chaves seletoras etc.

Interruptores fim de curto  Utilizados para verificar a condição física de algum


dispositivo para monitorar sua condição. Podemos mencionar como exemplo, um
contato fim de curso que monitora a posição da tampa de uma máquina. Se a tampa
estiver aberta, esse contato fica numa posição, se fechada, o contato fica em outra.
Assim, é possível construir intertravamentos. Esse interruptor geralmente possui
contatos NA e NF.
35
,

Manobra e Proteção

Dispositivos de baixa tensão (BT)  Utilizado em circuitos com tensão de linha menor
que 1 kV;

Dispositivos de alta tensão (AT)  Utilizado em circuitos com tensão de linha maior
que 1 kV;

Circuito Principal  Circuito o qual está diretamente conectado aos dispositivos de


proteção, tem a função de ligar ou desligar o circuito;

Circuito Auxiliar  Se difere do principal pelo fato de ser responsável pelo comando e
intertravamentos do acionamento da máquina;

Proteção

Os circuitos conectados a uma rede elétrica estão sujeitos a sofrerem falhas por algum
motivo. Essas falhas devem ser detectadas pelo sistema de proteção para que os
danos sejam minimizados. As principais falhas em instalações com motores elétricos
são:

Sobretensão, subtensão e falta de fases  Esse tipo de falha causa o aumento da


corrente elétrica no circuito;

Curto-circuito  Trata-se do contato entre uma fase e a terra ou ambas as fases entre
si. Esse tipo de defeito costuma causar altas correntes pelo circuito de potência, por
conta disso, os dispositivos de proteção devem atuar o mais rápido possível para evitar
danos às instalações elétricas;

Rotor Bloqueado  É um tipo de sobrecarga que ocorre quando há o bloqueio do


rotor da máquina durante seu funcionamento. Isso acarreta em um aumento
expressivo da corrente absorvida pela rede e aquecimento adicional nos enrolamentos
do motor. Assim, o sistema de proteção deve detectar esse tipo de falta e desligar o
circuito de potência para evitar danos à máquina e/ou às instalações;

36
,

Para evitar que os defeitos à que instalações estão sujeitas causem danos e/ou
perturbações adicionais, devem ser adotadas medidas de proteção que visem:

Proteção contra curtos-circuitos  Que detectam e interrompem rapidamente as


correntes de defeito. Geralmente essa proteção atua para correntes da ordem de mais
de 4 vezes a corrente nominal dos motores;

Proteção contra sobrecargas  Detectam correntes superiores às nominais devidos


ao efeito de sobrecargas no eixo dos motores e/ou desequilíbrios que as causem.
Geralmente essa proteção está ligada ao aquecimento dos enrolamentos da máquina,
pois tem uma detecção bem mais lenta do que a proteção contra curtos-circuitos.

Para motores elétricos podem existir outras proteções, tais como:

 Inversão de fase;

 Falta de fases;

 Temperatura dos enrolamentos.

As proteções que envolvem sobrecorrente devem ser seletivas, ou seja, devem


desligar os circuitos em uma lógica que desligue a menor porção possível do circuito
no caso de um curto-circuito e/ou sobrecarga. Exemplo: Supondo um CCM com 10
motores, supondo um defeito em apenas 1 dos motores, deve-se desligar somente
esse circuito, ficando os demais 9 motores com a alimentação garantida.

3.2 Componentes de Proteção: Fusíveis, disjuntores e outros componentes

Fusíveis

São dispositivos que tem a função de proteção dos circuitos de força e/ou comando
contra curtos-circuitos. Também atuam como limitadores de correntes de curto-
circuito. Os fusíveis atuam conforme uma curva de operação que, quanto maior a
corrente de defeito, menor seu tempo de atuação.

37
,

Geralmente, os fusíveis podem ser do tipo D (Diazed) ou do tipo NH. Os fusíveis do tipo
D geralmente são utilizados para proteção de circuitos de comando. Já os fusíveis do
tipo NH são usados para proteção dos circuitos de força.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 3.3 - Fusível Diazed (D)

Fonte: WEG, S.D.a

Figura 3.4 - Fusível NH

Os fusíveis podem ser de ação rápida ou retardada. Os fusíveis de ação rápida, como o
próprio nome diz, são mais velozes para atuação frente aos retardados. Para proteção
de motores, os fusíveis de ação retardada são os mais recomendados, por conta da
natureza motórica, há sobrecorrentes que são admissíveis, como a corrente de partida
por exemplo.
38
,

Como mencionado, no caso dos fusíveis, quanto maior a corrente de sobrecarga,


menor o tempo de atuação. Abaixo, podemos ver a curva típica de um fusível NH.

Fonte: WEG, S.D.a

Figura 3.5 - Curva tempo x corrente de um fusível NH - Weg


Para proteção e manobras de motores são utilizados também:
Relé de Sobrecarga  Trata-se de um dispositivo acoplado nos contatores de baixa
tensão ou de formas indiretas (alta tensão). Esses relés, ao detectar as falhas, atuam
nos contatos NA´s e NF´s os quais estão conectados aos circuitos de comando que
fazem o controle de desligamento e sinalização de defeito do circuito de potência.

Fonte: WEG, S.D.b

Figura 3.6 - Relé de Sobrecarga - WEG

39
,

Disjuntores Motores  São dispositivos que agregam à função de sobrecarga e curto-


circuito no mesmo dispositivo. São diferentes dos fusíveis, pois não permitem a
atuação monopolar (quando há um defeito, as três fases são seccionadas) e, quando
há sua atuação, após a eliminação do defeito, basta religá-lo. Podem servir, de forma
precária para manobra liga/desliga de motores também.

Fonte: WEG, S.D.c

Figura 3.7 - Disjuntor Motor - WEG

3.3 Componentes de Comando: Contatores, relés e outros componentes

Contatores  São dispositivos utilizados para manobra de motores elétricos. São


compostos de uma montagem eletromecânica a qual, quando alimentada (bobina),
fecha os contatos principais do circuito de força e muda de posição os contatos
auxiliares do circuito de comando. Apesar de manobrarem os circuitos de potência,
esses dispositivos não são capazes de interromper correntes de curto-circuito, por isso,
é importante a associação seletiva com os fusíveis para essa finalidade.

Fonte: WEG, 2019

Figura 3.8 - Contatores WEG


40
,

Fonte: WEG, 2019.

Figura 3.9 - Tabela de Contatores WEG – Linha CWM

Dispositivos importantes em circuitos de comando e controle são os relés auxiliares.


Os principais relés auxiliares podem ser:

Relé de tempo com retardo na energização  Comuta seus contatos após um tempo
pré-ajustado após sua energização.

Fonte: FRANCHI, 2008

Figura 3.10 - Relé de tempo com retardo na energização

Relé de sequência de fase  São relés que monitoram a tensão trifásica e detectam se
ela está com a sequência invertida. Se assim for, comutam os contatos para que eles
sejam utilizados para intertravamentos;

Relé de falta de fase  São relés que monitoram a tensão trifásica e detectam quando
falta 1 ou mais fases. Se assim for, comutam os contatos para que eles sejam utilizados
para intertravamentos;

41
,

Relé de mínima e máxima tensão  São relés que monitoram a tensão trifásica e
detectam quando há sub ou sobretensão na rede. Se assim for, comutam os contatos
para que eles sejam utilizados para intertravamentos;

Há, também, versão desses relés que fazem várias funções em um único dispositivo,
são os chamados relés supervisores trifásico.

Fonte: Digimec, S.D.

Figura 3.11 - Relé supervisor trifásico

3.4 Diagramas unifilares, multifilares e de bloco utilizados em diagramas elétricos

Para representação de motores e seus circuitos de força e comando são utilizados


diferentes tipos de desenhos elétricos. Nesses desenhos existem simbologias típicas
que serão apresentadas para que cada função seja identificada no desenho técnico.

Diagrama Multifilar

Esses tipos de diagramas são utilizados para mostrar as conexões de um circuito de


forma trifásica ou monofásica (se for o caso). Porém, sempre vão mostrar todos os fios
envolvidos na instalação. Eles podem incluir números de identificação, bobinas,
contatos, cargas, motores etc.

O objetivo é comunicar as informações necessárias para o leitor executar ou intervir de


forma correta e segura nas instalações elétricas. Podem ser utilizados em circuitos de
força e comando. Para os primeiros, é bastante utilizado para o leitor identificar todos
os componentes e ligações para a ligação de motor elétrico, por exemplo.

42
,

Fonte: PETRUZELLA 2013

Figura 3.12 - Diagrama Multifilar

Diagramas Unifilares

Esses tipos de diagramas possuem uma única linha e mostram os principais


componentes de um sistema. Ele geralmente é utilizado para mostrar o circuito de
força e contém as principais informações necessárias para o entendimento do sistema.
Geralmente é com o diagrama unifilar que fazemos as primeiras análises no sistema,
no caso de dúvidas adicionais recorremos aos multifilares.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 3.13 - Diagrama Unifilar

43
,

Diagramas de Bloco

Esse diagrama representa as principais partes funcionais de um sistema


elétrico/eletrônico com blocos ao invés de símbolos. Esse tipo de diagrama pode ser
utilizado para diversos fins, mas o principal é utilizar cada bloco para sinalizar circuitos
elétricos e/ou etapas envolvidas no processo para o leitor ter uma ideia no
funcionamento do circuito/processo. A função de cada bloco geralmente é descrita em
cada um e possuem setas para indicar a sequência do processo e/ou funcionamento.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 3.14 - Diagrama de Blocos de um inversor de frequência

Exercício 1: Um motor elétrico transforma energia elétrica (alimentação) em energia


mecânica (eixo). Porém, como visto anteriormente, esses motores podem ser de
diversos tipos e características. Desenhe um diagrama em blocos contendo os
principais motores elétricos e suas aplicações.

44
,

Solução:

Fonte: GUEDES, 2018.

Figura 3.15 - Classificação de Motores Elétricos

3.5 Especificação de quadros de motores e CCM: Transformadores e Sistemas de


distribuição de energia e outros componentes de uma instalação de motores

O sistema elétrico, de uma forma geral, tem origem em grandes usinas geradores de
energia. Essas usinas, no Brasil, em sua maioria, são de origem hidroelétrica.
Geralmente, a tensão é gerada em média tensão (2,4 a 13,8 kV). Assim, ao lado dessas
usinas são montadas estruturas com subestações para elevar essa tensão a níveis
propícios para transmissão (tais como 138/230/440 kV). Próximo aos centros urbanos,
essa alta tensão é rebaixada e inserida nas redes de distribuição.

São nessas redes de distribuição que são conectadas as cargas finais (a maioria dos
usuários), sejam eles industriais, comerciais e residenciais. No caso dos industriais
(onde existem a maioria dos motores), geralmente recebem energia em tensão
primária de distribuição. Portanto, obrigatoriamente, esse tipo de consumidor deve
possuir uma subestação primária para transformar essa tensão oriunda da
concessionária de energia a níveis de utilização. Para isso, essas instalações são
dotadas de transformadores de potência.

45
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 3.16 - Subestação Unitária em Fábrica

Após o secundário do transformador, são instalados QGBT´s (quadros gerais de baixa


tensão), os quais derivam alimentação para os painéis das cargas, inclusive as cargas
motóricas. As cargas motóricas geralmente são alimentadas por quadros/painéis
terminais ou quando são conjuntos de motores, por CCM´s.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 3.17 - Sistema Típico Industrial

46
,

Um quadro elétrico para motores é um quadro de distribuição terminal. Esse quadro


geralmente contém um grupo de dispositivos de proteção como disjuntores ou
fusíveis, barramentos fiação e contatores para manobra. Na porta desse quadro,
geralmente são instaladas as botoeiras e led´s de sinalização da máquina. Para a
especificação desse quadro é necessário:

 Quantidade de componentes que serão instalados internamento;

 Diagrama multifilar de força e comando do circuito;

 Corrente de curto-circuito presumida no ponto de instalação;

 Tensão nominal do sistema;

 Potência nominal do motor a ser instalado.

Esse quadro deve possuir aterramento e deve ser sinalizado para sua função. Também
deve possuir identificação das botoeiras e led´s e seus diagramas devem ser fixados
em sua porta pelo lado de dentro.

Fonte: ALPHA, S.D.

Figura 3.18 - Quadro de acionamento de motor elétrico

Centro de Controle de Motores (CCM´s)

São utilizados quando, em uma instalação, há a necessidade de ter diversos motores


para as mais diversificadas funções. Por vez, há motores que fazem parte de uma
mesma máquina e/ou processo. Quando esses diversos motores estão instalados de
forma próxima um dos outros, geralmente seus controles ficam centralizados em um
mesmo painel que é denominado CCM.

47
,

Os CCM´s são formados, basicamente, por módulos/colunas que contém


compartimentos e/ou gavetas que detém uma combinação de dispositivos de partida
de motores, botões de acionamento e de emergência, relés etc.

O barramento principal do CCM deve suportar o carregamento de todos os motores a


ele conectados. Por conta disso, ele deve ser dimensionado para tal. Os condutores
alimentadores desse CCM devem suportar tal corrente e garantir para que não haja
uma queda de tensão significativa no sistema.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 3.19 - Centro de Controle de Motores - CCM

Exercício 2: Especificar e dimensionar as gavetas de um painel CCM, sabendo que cada


gaveta alimentará motores com as seguintes características (dados de placa):

Número de fases: 3

Potência: 10 CV

Tensão nominal: 220 V

In = 25 A

Ip/In = 6 por 3 segundos

Total de gavetas  5

48
,

Solução:

O método de partida considerado será o de partida direta.

Componentes da gaveta:

01 contator tripolar

01 relé térmico

03 fusíveis tipo D

03 rabichos de condutores (interligação barramento CCM à base fusíveis)

01 botão Liga

01 botão desliga

01 led vermelho

01 rolo de cabo de comando

Dimensionamento Contator  Deverá ser tripolar com corrente nominal de no


mínimo 25 A. Deverá ser consultado o catálogo do fabricante e verificar o modelo e a
corrente máxima dos fusíveis a serem especificados.

Fonte: WEG, 2019.

Figura 3.20 - Tabela WEG - Contatores

Pela tabela acima, o modelo escolhido foi do CWM25 da Weg. Para esse modelo, a
corrente máxima dos fusíveis deverá ser de 50 A.

49
,

Dimensionamento Relé Térmico  Deverá ser tripolar e acoplado ao contator. E


deverá ter em seus ajustes possíveis, a corrente de 25 A. Deverá ser consultado o
catálogo do fabricante e verificar o modelo e a corrente máxima dos fusíveis a serem
especificados.

Fonte: WEG, S.D.b

Pela tabela acima, o modelo escolhido foi do RW67D – 25 a 40 A da Weg. Para esse
modelo, a corrente máxima dos fusíveis deverá ser de 80 A.

Dimensionamento Fusível  Deverá ser:

Ip = 6 . 25 = 150 A

50
,

Fonte: WEG, S.D.a

Os fusíveis deverão atender as seguintes premissas:

𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒊𝒔 ≥ 𝟏, 𝟐𝟎. 𝑰𝑵 = 𝟏, 𝟐𝟎. 𝟐𝟓 = 𝟑𝟎 𝑨

𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒊𝒔 ≤ 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 𝒆 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒊𝒔 ≤ 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝒓𝒆𝒍é 𝒕é𝒓𝒎𝒊𝒄𝒐

A 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝑪𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 e 𝑰𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒐 𝒓𝒆𝒍é 𝒕é𝒓𝒎𝒊𝒄𝒐 foi considerada 50 / 80 A


respectivamente (dados do fabricante).

Portanto, o fusível dimensionado para o caso deverá ser de 35 A. E o circuito força e


comando:

Dimensionamento Rabicho Condutor  Deverá atender a carga do motor em regime


e, também, ter bitola suficiente para atender aos requisitos de curto-circuito e
esforços mecânicos do CCM. Vamos considerar um CCM com calibre de 3 kA (1
segundo) em 220 V, portanto, deverá ser consultada a tabela de condutores típica para
maneira de instalar em painéis elétricos. Essa tabela faz parte da norma NBR-5410.

51
,

Fonte: NAMBEI, 2021

Figura 3.21 - Tabela de capacidade de curto-circuito - condutores isolação em


PVC

Para a corrente de 25 A, deverá ser adotado um condutor de 35 mm². Lembrando que


além de suportar a corrente de carga, a gaveta do CCM deverá suportar a corrente de
curto-circuito especificada.

O circuito de comando deverá ser alimentado em 220 V (sem necessidade de


transformador auxiliar) e utilizar condutor de 1, 5 mm².

O diagrama de força e comando para cada gaveta deverá ser:

52
,

Fonte: FRANCHI, 2008.

Conclusão

Caro estudante, neste bloco, nós vimos os principais componentes para acionamento
eletromecânico para controle e manobras de motores elétricos. Esses dispositivos são
aplicados nos circuitos de força e de comando. Para comando de motores,
conhecemos os dispositivos de força principal e auxiliares para viabilizar o
funcionamento dos equipamentos de forma segura. Também conhecemos os
dispositivos de proteção e os passos necessários para dimensionamento de quadros e
CCM´s.

Referências Bibliográficas

ALPHA. Painel de Bomba de Recalque. S.D. Disponível em:


<https://www.alphasistemaseletricos.com.br/painel-bomba-recalque>. Acesso em: 2
abr. 2021.

DIGITEC. Proteção: Supervisor de tensão trifásica. S.D. Disponível em:


<http://www.digimec.com.br/produtos/426/supervisores-de-tensao-trifasica>. Acesso
em: 2 abr. 2021.

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. São Paulo: Érica, 2008.

53
,

GUEDES, C. R. Otimização Elétrica de uma Ponte Rolante Utilizando Controle Vetorial


com Enfraquecimento de Campo. Tese de Mestrado. Vitória: Universidade Federal do
Espírito Santo, 2018.

PETRUZELLA, F. D. Motores Elétricos e Acionamentos. Porto Alegre: McGraw Hill,


2013.

NAMBEI. Informações e Tabelas Técnicas. 2021. Disponível em:


<http://www.nambei.com.br/download/tabela-tecnica.pdf>. Acesso em: 25 abr. 2021.

WEG. Automação: Fusíveis D e NH. CFW Elétrica, S.D.a. Disponível em:


<https://bit.ly/3B5rhHW>. Acesso em: 2 abr. 2021.

WEG. Contatores: Linha CWM. 2019. Disponível em: <https://bit.ly/3iiJxW1>. Acesso


em: 2 abr. 2021.

WEG. Disjuntores WEG. S.D.c. Disponível em: <https://bit.ly/36BEEBV>. Acesso em: 2


abr. 2021.

WEG. Réles WEG. S.D.b. Disponível em: <https://bit.ly/3id03GQ>.Acesso em: 2 abr.


2021.

54
,

4 CHAVES DE PARTIDA DE MOTORES ELÉTRICOS

Apresentação

Caro estudante, neste bloco vamos estudar os métodos de partida de motores


elétricos de pequeno, médio e grande porte. Serão apresentados os métodos de
partida convencionais que não utilizam a tecnologia de conversores/inversores. Esses
métodos de partida são bem difundidos na indústria pois são de baixo custo, porém
tem que ser estudados para ser possível especificar de forma adequada e saber
identificar quando não é possível tais aplicações. Vamos lá?!

4.1 Seccionadoras e chaves de partida manual

Quando trabalhamos com motores elétricos, um dos instantes mais importantes é o de


partir do motor. Ou seja, aquele momento em que o motor está parado e o operador o
conecta a fonte de energia e o eixo do motor começa a girar. Nesse instante, a
corrente extraída da rede pode aumentar de 6 a 8 vezes a corrente nominal por conta
da mudança de estado do motor. Esse aumento de corrente chamamos de corrente de
partida ou pico de partida. O múltiplo da corrente de partida frente a nominal é um
dado de placa do motor simbolizado pela sigla Ip/In.

O tempo o qual a corrente de partida decresce vai depender das condições de


carregamento do motor (vazio ou em carga). Na figura a seguir é mostrada uma curva
de uma partida.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.1 - Gráfico corrente x velocidade de uma partida de um MIT

55
,

É possível observar que, no início da curva, a velocidade (N) é mínima e a corrente é


máxima. A corrente vai decaindo até chegar ao valor da velocidade de trabalho (Nn).
Conhecendo os conceitos da máquina de indução, também é possível deduzir que a
corrente é em função da tensão. Portanto, a tensão no momento da partida interfere
na corrente extraída da rede. Esse é o conceito básico de aplicação das mais diferentes
chaves de partida disponíveis no mercado, isto é, reduzir a tensão somente no
momento da partida e, após isso, a aplicação da tensão nominal para operação em
regime.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.2 - Gráfico de corrente x tensão de um MIT

A chave de partida mais simples, é aquela acionada manualmente. Isto é, quando se


quer ligar o motor, o operador liga a chave e quando se quer desligar, desliga-se a
chave. Esse tipo de partida utiliza somente uma chave seccionadora ou disjuntor
motor (acionados de forma manual).

Os disjuntores motores se sobressaem nesse tipo de acionamento, pois incorporam os


componentes de proteção necessários para o motor. A utilização desse componente
para partida costuma ser usada para pequenos motores (até 1,5 CV). Para potências
maiores não é recomendável, pois qualquer defeito no circuito ou equipamento,
aumenta bastante o risco de o componente explodir ou sofrer um arco elétrico
durante a manobra, causando um sério acidente.

56
,

Fonte: WEG, S.D.

Figura 4.3 - Disjuntor Motor para partida

4.2 Chave de Partida Direta

Essa partida é bem simples, porém, é mais vantajosa frente a anterior. Isso ocorre por
conta da operação liga/desliga o motor que é feita por um contator através de um
comando elétrico. Esse comando geralmente fica dentro do quadro e o operador não
tem contato com o circuito de potência, assim, qualquer dano no componente de
partida não gera risco ao trabalhador. Essa chave de partida necessita de um
dimensionamento de dispositivos de proteção (fusíveis, relés etc.). Esse tipo de partida
é em tensão plena, ou seja, haverá o pico nominal do motor durante a ligação.

Por conta da corrente de partida elevada, esse tipo de chave deve ser aplicado em
motores até 5 CV (instalações residenciais e pequenos comércios) e até 10 CV em
instalações industriais.

Os critérios básicos para aplicação dessa chave são:

 Pequenos motores (conforme visto anteriormente), assim limitamos as


perturbações na rede causadas pela corrente de partida;

 Máquina movimentada, pois não necessita de aceleração progressiva e


possuem redutor mecânico para controle de velocidade da máquina;

 Conjugado de partida elevado.

57
,

Abaixo, são citadas vantagens dessa chave de partida:

 Equipamentos simples e de fácil construção;

 Conjugado de partida elevado (nominal);

 Partida rápida;

 Baixo custo.

E, também, há desvantagens:

 Grande queda de tensão no barramento de alimentação da rede;

 Condutores com bitola superior à nominal (superdimensionado), o que


encarece o projeto;

 Limitações técnicas de queda de tensão na rede durante a partida.

Abaixo, pode ser vista a curva do conjugado para um MIT.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 4.4 Curva do Conjugado partida direta - MIT

Para o funcionamento dessa chave de partida, deve ser montado um painel de força
contendo os circuitos de força e comando para esse motor. O painel deverá ser
montado conforme diagramas abaixo:

58
,

Fonte: FRANCHI, 2008

Figura 4.5 - Circuito de força e comando partida direta

Na figura acima, o circuito do lado esquerdo é o de comando e o outro é de força.


Nota-se que essa chave deve ser dimensionada com os fusíveis, contatores, relé
térmico etc. e deve contar com leds de sinalização. Os bornes 13 e 14 de K1 são do
contato de selo e os 95 e 96 são do relé de proteção térmica. Note que, para proteger
contra curtos-circuitos, são utilizados fusíveis, tanto no circuito de força como no de
comando.

4.3 Chave de partida estrela-triângulo

Essa chave de partida é amplamente utilizada em instalações industriais. Inclusive,


pode ser aplicada em motores com tensão nominal acima de 1 kV. Ela consiste em
partir o motor com uma tensão reduzida (conectado em Y) e, após o motor atingir uma
certa velocidade, a ligação é convertida para triângulo. Portanto, todos os terminais do
MIT devem ser acessíveis.

Durante a partida, a ligação estrela proporciona uma redução de 58% da tensão


nominal. A corrente de partida é reduzida em até 33% de seu valor nominal. Porém, há
uma redução do conjugado de partida. Por conta dessa redução de conjugado, que o
uso dessa chave é limitado. A figura abaixo apresenta a curva da corrente de partida
de uma chave estrela-triângulo frente a partida direta.

59
,

Fonte: FRANCHI. 2008.

Figura 4.6 - Corrente de partida chave estrela-triângulo

Na prática, a exigência principal dessa partida é que ela seja feita em vazio. Pois nesse
momento não necessita de um torque de partida elevado. Aplicando-se a carga
somente após o motor ser conectado em delta e atingir seu regime nominal. Com a
redução da tensão de alimentação no momento da partida, o torque da máquina será
de 20 a 50% do conjugado nominal. O tempo de transição entre a conexão estrela e
triângulo vai depender do tempo o qual o motor estabiliza-se com a rotação,
geralmente, entre 75% e 85% da velocidade nominal. Esse tempo de transição é
controlado através de um relé de tempo.

60
,

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.7 - Conjugado chave estrela-triângulo

Outra informação importante para aplicação dessa chave é a possibilidade de o motor


operar em 2 tensões (tensão maior e menor). Geralmente motores industriais tem
essa característica, mas deve ser conferida na placa do equipamento.

O esquema de ligação dessa chave fica:

Fonte: FRANCHI, 2008

Figura 4.8 - Chave de partida estrela-triângulo


61
,

Como pode ser observado, o circuito do lado esquerdo é o de força e o direito


comando. Para essa chave funcionar, necessita-se de 3 contatores e um relé de tempo.
As ligações devem ser feitas conforme esquema elétrico.

Equacionamento da chave de partida estrela-triângulo

O conjugado desenvolvido será:

𝑻∆ = 𝑲. 𝑽𝟐𝑵

𝑻∆ é o torque do MIT em delta;

K é a constante do motor;

𝑽𝑵 é a tensão nominal de fase.

Como queremos saber o torque do motor conectado em delta, sabemos:

𝑽𝑵 = 𝑽𝑳 𝒆 𝑰𝑵 = 𝑰𝑳

Assim:

𝑻∆ = 𝑲. 𝑽𝟐𝑳

Em Y:

𝑽𝑳
𝑽𝒇 =
√𝟑

𝟐
𝑽𝑳
𝑻𝒀 = 𝑲. ( )
√𝟑

𝑽𝑳 𝟐
𝑻𝒀 = 𝑲.
𝟑

Portanto, o torque em estrela vale 1/3 do torque em delta. Agora, se quisermos saber
a impedância de fase de um MIT:

𝑽𝑵 √𝟑. 𝑽𝑵
𝒁= =
𝑰𝑵 𝑰𝑵
√𝟑

62
,

Vantagens da chave estrela- triângulo

 Baixo custo em relação à chave compensadora;

 Geralmente o painel é menor do que a chave compensadora por causa da


ausência do transformador;

 Não há limites de manobras (sistema de acionamento).

Desvantagens:

 Se a transição for feita com uma velocidade inferior 90% da rotação nominal,
poderá haver um pico de corrente considerável;

 Todos os terminais do motor devem ser acessíveis;

 Os valores de tensão menor/maior devem ser coerentes com a tensão


disponível na rede.

4.4 Partida compensadora: Esquema de ligação, determinação das correntes,


vantagens e desvantagens

A ideia dessa chave é a mesma da estrela-triângulo, ou seja, reduzir a tensão no motor


no momento da partida. A diferença é que, nesse caso, essa redução se dá através de
um autotransformador em série com as bobinas do motor. E, após o MIT partir, o
autotransformador é retirado de operação e o MIT recebe a tensão nominal.

Uma chave compensadora, geralmente, possui os componentes abaixo:

 01 Autotransformador conectado em Y;

 03 Contatores de força;

 03 Fusíveis retardados;

 01 Relé de tempo.

O autotransformador utilizado pela chave compensadora tem Taps em seu


enrolamento. Esses taps geralmente são 50%, 65% e 80% da tensão de fase. Portanto,
a tensão no momento da partida pode ser ajustada conforme os Taps do
autotransformador. A corrente de partida é reduzida também em função da tensão
aplicada no momento da partida.

63
,

A definição do tap a ser utilizado irá depender do conjugado necessário para partir o
MIT. Geralmente esse tipo de partida é utilizado quando se quer uma redução da
corrente de partida e um torque de partida maior do que o conseguido pela chave
estrela-triângulo. Geralmente é utilizada para motores acima de 30 CV.

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.9 - Corrente de partida para chave compensadora

A corrente de partida fica de 1,70 à 4 vezes a corrente nominal do motor.

Com relação ao conjugado, teremos:

Tap 65%  reduz o conjugado para 42% da partida direta;

Tap 80%  reduz o conjugado para 64% da partida direta.

64
,

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.10 - Conjugado chave compensadora

A chave compensadora pode ser aplicada em motores que não possuem todos os
terminais acessíveis e sem dupla tensão. Também pode ser aplicada para motores
acima de 1 kV.

Fonte: WISE TRANSFORMADORES, S.D.

Figura 4.11 - Autotransformador de partida

O esquema de ligação fica da seguinte forma:

65
,

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.12 -Esquema de ligação chave compensadora

O equacionamento da chave de partida fica da seguinte forma:

𝑽𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 𝑽𝒔𝒂í𝒅𝒂
= =𝒂
𝑵𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 𝑵𝒔𝒂í𝒅𝒂

Se adotarmos:

𝑻𝒂𝒑
𝒂=
𝟏𝟎𝟎

Assim:

𝑰𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 . 𝑵𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 = 𝑰𝒔𝒂í𝒅𝒂 . 𝑵𝒔𝒂í𝒅𝒂

𝑰𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 = 𝑰𝒔𝒂í𝒅𝒂 . 𝒂

66
,

Fonte: FRANCHI, 2008

Figura 4.13 - Taps do autotrafo

Agora, o torque:

𝑻 = 𝑲. 𝑽𝟐𝑵

𝑻𝒄𝒐𝒎𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒅𝒐𝒓𝒂 = 𝑲𝒄𝒐𝒎𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒅𝒐𝒓𝒂 . 𝑽𝟐𝒔𝒂í𝒅𝒂

𝑻𝒄𝒐𝒎𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒅𝒐𝒓𝒂 = 𝑲𝒄𝒐𝒎𝒑𝒆𝒏𝒔𝒂𝒅𝒐𝒓𝒂 . 𝒂𝟐 . 𝑽𝟐𝑵 = 𝒂𝟐 . 𝑻𝒑𝒏𝒐𝒎𝒊𝒏𝒂𝒍

Pois a tensão 𝑽𝒆𝒏𝒕𝒓𝒂𝒅𝒂 é a própria tensão nominal do MIT.

Vantagens da Chave Compensadora:

 Quando houver a comutação para a tensão da rede, o motor não é desligado e


o segundo pico é bem reduzido;

 Diversas opções de Taps para partida;

 O motor a ser aplicado pode não ter os 6 bornes acessíveis. Somente 3 é o


suficiente.

Desvantagens da Chave Compensadora:

 Limitação de manobras;

 Custo mais elevado por causa do autotransformador;

 Painel com tamanho aumentado por causa do autotransformador.

67
,

4.5 Aceleração rotórica: Acréscimo de resistência ao rotor, curva de conjugado,


dimensionamento de componentes, sistemas de partida e aceleração;

Quando o MIT é uma máquina de rotor bobinado, é possível fazer um controle de


velocidade e de partida com a adição de um banco de resistores no circuito do rotor.
Essa conexão entre a parte girante e o banco de resistores é feita através das escovas.

Quanto maior o valor das resistências no circuito do rotor, menor será a corrente de
partida. Esses resistores devem ser instalados em série com os enrolamentos do rotor.

Fonte: DRB, S.D.

Figura 4.14 - Esquema de partida com aceleração rotórica

Quando o motor for partir, ele parte com a resistência total conectada aos
enrolamentos do rotor. E, aos poucos, essa resistência vai sendo desconectada
(automaticamente ou intencionalmente) até que motor atinja sua velocidade nominal
ou próxima. Na prática, esse momento ocorre quando colocamos o rotor em curto-
circuito, isto é, sem nenhuma resistência externa conectada.

68
,

Fonte: USP, S.D.

Figura 4.15 - Curva conjugado x velocidade - com resistência rotórica

Fonte: USP, S.D.

Figura 4.16 - Curva corrente x rotação – com resistência rotórica

69
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 4.17 - Controle rotórico de velocidade e partida

Abaixo segue o funcionamento dessa ligação:

 Para baixa velocidade, os contatores S e H estão desligados (abertos), portanto


a resistência total está conectada no enrolamento do rotor;

 Fechando os contatores S, parte da resistência é desconectada, assim observa-


se um aumento da velocidade;

 Ao fechar os contatores H, atinge-se a velocidade máxima.

Esse controle de velocidade acarreta muitas perdas nas resistências e há uma


ineficiência frente a variação da carga mecânica no eixo. Atualmente, para um controle
mais fino, são utilizados elementos de eletrônica de potência no lugar dos contatores
magnéticos.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 1

Dimensionar uma chave de partida direta para um motor de 20 CV, seis pólos, 380 V,
60 Hz. Sabe-se que a tensão de comando é 220 V e o tempo de partida vale 2
segundos. A corrente de curto do quadro é 40 kA.

70
,

Dados de placa do motor:

In = 32,35 A

Ip/In = 7,50

Solução:

Iniciamos calculando o valor da corrente de partida:

Ip = 7,5 x 32,35 = 243 A

Dimensionamento do contator K1.

In de K1 deve ser maior ou igual a In do motor.

portanto, In K1 >= 32,35 A

Para um valor comercial, deve-se adotar a tabela do fabricante desejado e escolher o


modelo adequado (In maior ou igual ao calculado).

Dimensionamento do relé de sobrecarga FT1

O único critério é que o relé térmico tenha, entre seus ajustes disponíveis, o valor da
corrente nominal do motor. Deve ser observado os modelos disponíveis com o
fabricante desejado. Lembrando que deve haver o “casamento” entre o relé térmico e
o contator escolhido, ambos são acoplados elétrica e mecanicamente.

Dimensionamento dos fusíveis.

Deve ser tomado como base, a corrente e o tempo de partida. Esse valor deve ser
espelhado em uma curva tempo x corrente dos fusíveis do fabricante desejado.

Com base na figura a seguir, os fusíveis deverão ser de 50 A. Isso irá permitir a
passagem da corrente de partida sem queimar.

71
,

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 4.18 - Curva tempo x corrente de fusíveis

Basicamente, a corrente dos fusíveis (If) devem satisfazer:

 If Deve ser maior ou igual a 1,20xIn;

 If Deve ser menor do que o fusível a montante (seletividade) e menor ou igual


que a corrente máxima do contator e relé térmico (fabricante);

 If Deve ter um calibre de acordo com a corrente de curto-circuito do ponto


onde será instalado o painel.

EXERCÍCIO DE APLICAÇÃO 2

Dimensionar uma chave de partida estrela-triângulo para um motor de 20 CV, 4 pólos,


220 V, 60 Hz. O tempo de partida vale 7 segundos. E o fator de serviço vale 1,15.

Dados de placa do motor:

In = 52,60 A

Ip/In = 6,30

Solução:

Cálculos iniciais (nova corrente nominal e corrente de partida):

In (nova) = 52,60 x 1,15 = 60,50 A (aplicação do fator de serviço)

Ip = 6,30 x 60,50 = 381 A


72
,

Dimensionamento do contator K1 e K2. Quando o circuito está em regime permanente


(triângulo), a corrente que circula pelos contatores K1 e K2 não é a mesma corrente
nominal do motor.

In de K1 e K2 deve ser maior ou igual a In do motor (nova) dividido por √𝟑:

𝟔𝟎, 𝟓
𝑰𝑲𝟏 = 𝑰𝑲𝟐 = ≅ 𝟑𝟓 𝑨
√𝟑

Quando a chave está em estrela, a corrente que percorre os contatores vale


aproximadamente a terça parte da corrente do motor. Portanto:

𝟔𝟎, 𝟓
𝑰𝑲𝟑 = ≅ 𝟐𝟎 𝑨
𝟑

Com base nessas correntes, selecionamos contatores conforme tabela de algum


fabricante. Adotando-se WEG, podemos utilizar os contatores conforme abaixo:

K1 e K2  Contatores CWM40

K3  Contator CWM25

O relé térmico deverá ter no seu range de ajustes o valor de 35 A. Pois é essa a efetiva
corrente que circulará pelo contator/relé com o motor em plena carga.

Adotando-se WEG, podemos utilizar o relé térmico modelo RW671D.

A tabela de contatores e relés pode ser vista junto à catálogos do fabricante. Agora,
vamos dimensionar os fusíveis. Para isso, devemos saber a corrente de partida com o
motor conectado em estrela. Essa será:

𝟑𝟖𝟏
𝑰𝑷−𝒀 = = 𝟏𝟐𝟕 𝑨
𝟑
Basicamente, a corrente dos fusíveis (If) devem satisfazer:

 If Deve ser maior ou igual a 1,20xIn;

 𝟎, 𝟓𝟖. 𝑰𝒇 ≤ 𝑰𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒂 𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝒄𝒐𝒏𝒕𝒂𝒕𝒐𝒓 (𝒇𝒂𝒃𝒓𝒊𝒄𝒂𝒏𝒕𝒆) (somente K1 e K2)

 𝟎, 𝟓𝟖. 𝑰𝒇 ≤ 𝑰𝑴á𝒙𝒊𝒎𝒂 𝒇𝒖𝒔í𝒗𝒆𝒍 𝒓𝒆𝒍é 𝒕é𝒓𝒎𝒊𝒄𝒐 (𝒇𝒂𝒃𝒓𝒊𝒄𝒂𝒏𝒕𝒆)


73
,

Fonte: WEG, S.D.

Sabe-se que:

𝑰𝒇 ≥ 𝟏, 𝟐𝟎. 𝟔𝟎, 𝟓 = 𝟕𝟐, 𝟔 𝑨

E que, conforme catálogo do fabricante (WEG), as correntes máximas dos fusíveis dos
componentes especificados anteriormente (contatores e relé térmico) vale 80/100 A
respectivamente.

Assim, o fusível adotado será de 80 A. Desta forma, ele atende às premissas.

A lista de componentes ficará:

 01 Contator tripolar 40 A com no mínimo 2 contatos NA

 01 Contator tripolar 40 A com no mínimo 1 contato NA e 1 NF

 01 Contator tripolar 25 A com no mínimo 1 contato NA e 1 NF

 01 Relé Térmico de sobrecarga 32 a 50 A

 03 Fusíveis 80 A

74
,

Conclusão

Caro estudante, neste bloco nós vimos os principais métodos de partidas de motores
elétricos trifásicos utilizados no mercado. Esses métodos são os aplicados com
componentes eletromecânicos e técnicas de redução de tensão não eletrônicas. Com o
material desse bloco é possível analisar e decidir sobre qual sistema de partida utilizar
e o seu custo-benefício.

Referências Bibliográficas

DRB ACESSORIA E CONSULTORIA. Sistema de Partidas de Mototres. S.D. Disponível


em: <http://www.drb-m.org/ce/7-Sistema-de-partidas.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2021.

FRANCHI, C. M. Acionamento Elétrico. São Paulo: Érica, 2008.

PETRUEZELLA, F. D. Motores Elétricos e Acionamentos. Porto Alegre: McGraw Hill,


2013.

UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO – USP. E-Disciplinas USP. S.D. Disponível em:


<https://bit.ly/3wIfQmo>. Acesso em: 6 abr. 2021.

WEG. Disjuntor-motor AZ MPW40-3-U016. S.D. Disponível em:


<https://bit.ly/3Bk8lWn>. Acesso em: 2 abr. 2021.

WISE TRANSFORMADORES. Autotransformadores Trifásicos de Partida. S.D.


Disponível em: <https://www.wisetransformadores.com.br/autotransformadores-
trifasicos-de-partida>. Acesso em: 5 abr. 2021.

75
,

5 PARTIDA, CONTROLE E PARADA ELETRÔNICA DE MOTORES

Apresentação

Caro estudante, com o avanço da eletrônica de potência, o custo das chaves


eletrônicas está diminuindo cada vez mais. Por isso, a aplicação desses dispositivos
está ficando mais viável para as instalações de uma forma geral. Neste bloco, vamos
estudar os métodos de operação de motores elétricos de pequeno, médio e grande
porte com chaves eletrônicas. Vamos apresentar os dispositivos utilizados para essa
finalidade, tais como o inversor de frequência e soft-starters.

O objetivo desse bloco também é dar subsídios ao aluno para especificação e


dimensionamento desses dispositivos. Vamos abordar o assunto com exercícios de
aplicação sobre o tema. Vamos lá?!

5.1 Soft-starters: Princípio de funcionamento, principais funções, proteções e formas


de ligação

Os soft-starters são utilizados para comando de motores (tanto CA como CC),


garantindo a aceleração e desaceleração progressiva suavizando os picos de corrente
de partida.

Basicamente, os soft-starters são utilizados em operações que requerem partida e


parada suaves de motores elétricos.

Fonte: WEG, S.D.

Figura 5.1 - Soft-starter - SSW07 - WEG

76
,

O tempo para atingir a tensão total do equipamento é ajustável. De uma forma geral
fica entre 2 e 30 segundos. Com esse controle eletrônico da tensão durante a partida,
não há um grande pico de corrente. Esse ajuste deve ser feito conforme a carga.
Também é possível configurar uma limitação para a corrente de partida, geralmente
entre 200 e 400% da corrente nominal do motor.

A figura a seguir apresenta o esquema de partida com um soft-starter:

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 5.2 - Esquema partida soft-starter

Os principais modos de operação normais para esse controle são:

Soft start  Abrange as aplicações gerais. É configurado pelo usuário um torque inicial
para o motor. A partir desse ajuste, a tensão de saída do motor é aumentada
linearmente durante o tempo da rampa de aceleração, que é ajustável pelo usuário;

Ajuste do impulso inicial  Fornece um impulso na partida para vencer a inércia de


cargas que podem exigir um torque mais alto ao ligar. Com esse ajuste, é possível
diminuir o pico da corrente durante o período selecionado;

77
,

Limitação da corrente de partida  Esse método fornece uma partida com a limitação
do pico de corrente. Nesse modo, é possível ajustar a corrente e o tempo de partida;

Partida em rampa dupla  Esse modo é útil em aplicações com cargas variáveis. A
partida com rampa dupla oferece ao usuário a possibilidade de escolher entre dois
perfis de partida com tempos de rampa e torques ajustáveis separadamente.

Mais exemplos de modo de operação são:

 Partida com tensão máxima;

 Aceleração com velocidade linear;

 Parada suave.

Os soft-starters também possuem parâmetros de proteção de tensão, corrente e


térmica de motores elétricos. Porém, a proteção contra curtos-circuitos deve ser
instalada a parte (fusíveis). A seguir, segue um esquema de força de uma partida
com soft-starter:

Fonte: FRANCHI, 2008.

Figura 5.3 - Partida soft-starter

Os soft-starters são dimensionados conforme a potência e tensão nominal do motor a


ser controlado.

78
,

5.2 Inversor de frequência: Classificação dos conversores de frequência,


dimensionamento do inversor e formas de variação de velocidade, conexões e
aplicações

O inversor de frequência é um equipamento versátil e dinâmico que permite o uso dos


MIT para controle de velocidade nas mais diversas aplicações industriais.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 5.4 - Inversor de frequência

O inversor de frequência controla a velocidade, o torque e o sentido de rotação de um


MIT. Ele recebe uma alimentação CA com frequência fixa e a converte em CA com
frequência variável. Podemos simbolizar cada etapa dessa transformação em blocos
conforme a figura a seguir:

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 5.5 - Diagrama em blocos inversor


79
,

Vamos agora explanar cada bloco:

Conversor  É um circuito retificador de onda completa que converte CA (rede) e CC;

Barramento CC  Conecta a saída do retificador na entrada do inversor. O


barramento CC é como um filtro para suavizar a saída irregular e com ondulação.
Dessa forma, garante uma saída retificada o mais próximo possível a uma CC pura;

Inversor  Recebe a tensão CC filtrada e a converte em uma onda CC pulsante com


polaridades diferentes, assim, é possível obter saídas com frequências variáveis;

Lógica de acionamento  Gera pulsos necessários para controlar o disparo dos


dispositivos semicondutores de potência, como os SCR´s e transistores.

Atualmente, os inversores de frequência utilizam os IGBT´s para o circuito de potência


e a técnica PWM para a produção da forma de onda na saída para o motor.

A forma de onda do sinal de saída de um inversor é uma onda trabalhada com a


modulação PWM que tem o objetivo de simular o comportamento de uma onda AC
senoidal, porém, não é idêntica. Essa forma de onda contém traços quadrados. Porém,
pela natureza das cargas motóricas, a forma de onda da corrente do circuito irá ser
senoidal.

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 5.6 - Tensão saída inversor x fundamental

Quando há a variação da frequência, é necessário manter o torque constante.


Portanto, temos que ter uma relação V/Hz constante. Por exemplo:

80
,

Dado um motor de 460 VCA e 60 Hz, temos uma relação V/Hz igual a 7,67. Portanto,
para qualquer valor de frequência entre 0 e 60 Hz, o inversor diminuirá a tensão para
manter sempre a relação igual. Para frequências acima de 60 Hz, devemos manter a
tensão aplicada estável, assim o torque irá diminuir.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 5.7 - Curva de acionamento V/Hz

Essa variação V/Hz para controlar o motor, chamamos de forma escalar. Essa forma de
controle é a mais usual, porém, não tem precisão quanto a velocidade, mas, de uma
forma geral, atende as principais cargas. A faixa de frequências operadas normalmente
vai de 10 a 60 Hz.

Também é possível utilizar a técnica de controle vetorial. Nesse tipo de controle, é


possível controlar de uma forma mais precisa a velocidade do MIT através de uma
realimentação do sistema de controle. Essa realimentação pode ser um dispositivo
para medição de velocidade do eixo do motor. Esses tipos de inversores são mais
caros, mas para aplicações específicas são bem úteis.

5.3 Teoria do controle vetorial de MIT para controle de posição e aplicação nos
inversores

Um motor de indução apresenta múltiplas variáveis não lineares e características


altamente acopladas. A técnica de controle vetorial, também é conhecida como
controle por orientação de campo (FOC), permite que um motor de indução de gaiola
de esquilo seja acionado com elevado desempenho dinâmico, comparável à
característica de um motor CC. Essa técnica desacopla as duas componentes de
corrente do estator:

81
,

- Uma fornece o fluxo do entreferro;

- A outra produz o torque.

Assim, é proporcionado um controle independente do fluxo e do torque, e a


característica de controle é linearizada. As correntes do estator são convertidas em um
sistema de referência de rotação síncrona fictício, alinhado com o vetor de fluxo, e são
transformadas de volta para as coordenadas do estator antes da realimentação da
máquina. Essas duas componentes são a 𝑰𝒅𝒔 no eixo d, análoga à corrente de campo, e
a 𝑰𝒒𝒔 do eixo q, análoga a corrente da armadura de um motor CC com excitação
independente. O vetor fluxo concatenado do rotor está alinhado ao longo do eixo d do
sistema de referência.

Com um controle vetorial, um motor de indução consegue operar como um motor CC


com excitação independente. Em uma máquina CC, o torque desenvolvido é dado por:

𝑻𝒅 = 𝑲𝒕 𝑰𝒂 𝑰𝒇

Onde 𝑰𝒂 é a corrente da armadura, e 𝑰𝒇 é a corrente de campo. A construção de uma


máquina CC é tal que o fluxo concatenado do campo ∅𝒇 produzido por 𝑰𝒇 é
perpendicular ao da armadura ∅𝒂 produzido por 𝑰𝒂 . Esses vetores de fluxo que são
estacionários no espaço são ortogonais ou desacoplados por natureza.

Consequentemente, um motor CC tem uma resposta transitória rápida. Entretanto,


um motor de indução não consegue dar essa resposta rápida por um problema
inerente de acoplamento. Mas um motor de indução pode apresentar a característica
da máquina CC se ela for controlada em um sistema de rotação síncrona (𝒅𝒆 – 𝒒𝒆 ), no
qual as variáveis senoidais da máquina aparecem como grandezas CC em regime
permanente.

A figura a seguir mostra um motor de indução alimentado por inversor com duas
entradas de controle de corrente: 𝑰∗𝒅𝒔 𝒆 𝑰∗𝒒𝒔 são as componentes do eixo-direto e eixo-
quadratura da corrente do estator, respectivamente, em um sistema de referência de
rotação síncrona. No controle vetorial, 𝑰∗𝒒𝒔 é análoga à corrente de campo 𝑰𝒇 , e 𝑰∗𝒅𝒔 à
corrente de armadura 𝑰𝒂 de um motor CC. Assim, o torque desenvolvido de um motor
de indução é dado por: 𝑻𝒅 = 𝑲𝒎 ∅𝒓 𝑰𝒇 = 𝑲𝒕 𝑰𝒅𝒔 𝑰𝒒𝒔 .

82
,

Onde temos:

∅𝒓 é o valor de pico absoluto do vetor do fluxo concatenado senoidal espacial;

𝑰𝒒𝒔 é a componente de campo;

𝑰𝒅𝒔 é a componente de torque.

Fonte: RASHID, 2010.

Figura 5.8 - MIT alimentado por inversor com controle vetorial

O diagrama vetor-espaço para o controle vetorial é mostrado na figura abaixo. Onde


𝑰∗𝒅𝒔 é orientada (alinhada) na direção do fluxo do rotor 𝝀𝒓 e 𝑰∗𝒒𝒔 deve ser perpendicular
a ela em todas as condições de operação. Os vetores espaciais giram de forma síncrona
na frequência elétrica 𝝎𝒆 = 𝝎. Assim, o controle vetorial deve assegurar a orientação
correta dos vetores espaciais e gerar os sinais de entrada de controle.

Fonte: RASHID, 2010

Figura 5.9 - Diagrama vetor-espaço

83
,

A execução de um controle vetorial é ilustrada na figura abaixo. O inversor gera as


correntes 𝑰𝒂 , 𝑰𝒃 𝒆 𝑰𝒄 em resposta às correntes de comando correspondentes 𝑰∗𝒂 , 𝑰∗𝒃 𝒆 𝑰∗𝒄
do controlador. As correntes nos terminais da máquina, 𝑰𝒂 , 𝑰𝒃 𝒆 𝑰𝒄 são convertidas nas
componentes 𝑰𝒔𝒅𝒔 e 𝑰𝒔𝒒𝒔 por transformação de três fases para duas. Estas são, então,
convertidas no sistema de rotação síncrona (nas componentes 𝑰𝒅𝒔 e 𝑰𝒒𝒔 ) pelas
componentes do vetor unitário 𝐜𝐨𝐬 𝜽𝒆 e 𝐬𝐞𝐧 𝜽𝒆 , antes de aplicá-las na máquina. A
máquina é representada pelas conversões internas no modelo 𝒅𝒆 − 𝒒𝒆 .

O controlador faz dois estágios de transformação inversa, de modo que as correntes


de controle de linha 𝑰∗𝒅𝒔 𝒆 𝑰∗𝒒𝒔 correspondam às correntes da máquina, 𝑰𝒅𝒔 e 𝑰𝒒𝒔 ,
respectivamente. Além disso, o vetor unitário (𝐜𝐨𝐬 𝜽𝒆 e 𝐬𝐞𝐧 𝜽𝒆 ) assegura o
alinhamento correto da corrente 𝑰𝒅𝒔 com o vetor de fluxo 𝝀𝒓 , e a corrente 𝑰𝒒𝒔 é
perpendicular a ela. É importante observar que, em termos ideais, a transformação e a
transformação inversa não incorporam quaisquer dinâmicas. Portanto, a resposta a 𝑰𝒅𝒔
e 𝑰𝒒𝒔 é instantânea, exceto por algum atraso por conta dos tempos de computação e
amostragem.

Fonte: RASHID, 2010

Figura 5.10 - Implementação do Controle Vetorial

Basicamente, essa teoria foi desenvolvida para termos um inversor que contenha um
modelo matemático do MIT que consiga controlar a máquina em tempo real. Assim,
pode-se fazer correções no funcionamento sob qualquer condição de carga.

84
,

O inversor fica constantemente monitorando a corrente nos terminais do motor e o


movimento mecânico do eixo do motor (externo). Assim, comparando os valores pré-
determinados no inversor com o que está acontecendo na realidade, o inversor faz as
correções necessárias para corrigir a velocidade no eixo do motor.

Para isso, é necessário ter um sistema de controle que receba sinal externo de
velocidade da máquina, conforme a figura a seguir:

Fonte: RASHID, 2010

Figura 5.11 - Controle do Inversor - Vetorial

A unidade de acionamento vetorial utiliza a realimentação do que está acontecendo


no motor para alterar a saída do inversor. Ela trabalha no princípio V/Hz, porém, de
forma mais precisa. Afinal, irá combinar a técnica já explicada com uma realimentação,
tornando o inversor um elemento ativo no sistema. Ou seja, essas técnicas
combinadas não controlam somente a magnitude do fluxo do motor, mas também sua
orientação, por isso o nome de acionamento vetorial.

O método de acionamento vetorial de fluxo proporciona velocidade e acionamento de


torque mais precisos do motor. O acionamento vetorial melhora a técnica V/Hz ao
permitir o acionamento da magnitude e do ângulo entre a tensão e corrente. Os
inversores vetoriais estão disponíveis em dois tipos:

 Malha aberta;

 Malha fechada.

85
,

A definição entre um ou outra irá depender da forma como ele obtêm as informações
de realimentação. Os inversores de malha aberta se alimentam de informações que
são capturadas pelo próprio hardware do inversor e aplicadas no sistema. Os de malha
fechada recebem um sinal externo.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 5.12 - Inversor vetorial - malha aberta

O funcionamento desse circuito é o seguinte:

 O escorregamento é a diferença entre a velocidade do rotor e a velocidade


síncrona do campo magnético que é necessário para produzir o torque do
motor. O bloco estimador de escorregamento mantém a velocidade do rotor a
mais próxima possível da desejada;

 O bloco estimador de corrente de torque determina o percentual de corrente


que está em fase com a tensão, fornecendo uma corrente de torque
aproximada. Isso é usado para estimar a quantidade de escorregamento,
proporcionando melhor acionamento de velocidade sob carga;

 O ângulo V controla a intensidade da corrente total do motor que vai para o


fluxo do motor habilitado pelo estimador de corrente de torque. Por meio do
acionamento deste ângulo, a operação em baixa velocidade e o acionamento
de torque são melhorados em comparação com unidades V/Hz padrão;

86
,

 O acionamento vetorial de fluxo mantém o princípio V/Hz e acrescenta blocos


para melhorar o desempenho da unidade de acionamento;

 O separador de corrente busca identificar as correntes que produzem o fluxo e


o torque no motor e disponibiliza esses valores para outros blocos da unidade
de acionamento;

 O bloco de limitação de corrente monitora a corrente do motor e altera o


comando de frequência quando ela exceder um valor predeterminado.

Um inversor vetorial de malha fechada usa um encoder montado no motor ou um


sensor similar para fornecer ao microprocessador uma indicação da posição do eixo. A
posição e a velocidade do rotor são monitoradas em tempo real pelo encoder para
determinar e controlar a velocidade, o torque e a potência real produzidos pelo motor.
A figura a seguir mostra um inversor desse tipo e encoder.

Fonte: PETRUZELLA 2013

Figura 5.13 - Inversor Vetorial malha fechada e encoder

Uma grande vantagem dessa aplicação é o acionamento de motores e conseguir seu


torque máximo contínuo com velocidades próximas de zero. Isso faz com que essas
unidades sejam muito aplicadas para içamento e guindastes.

87
,

5.4 Sistemas de frenagem: frenagem com elemento acoplado, frenagem por


contracorrente, dinâmica e eletromagnética e dimensionamento de componentes

Frenagem com elemento acoplado

Normalmente, esse tipo de sistema de freio é acoplado ao motor. A partir dessa


característica, os motores com essa característica são conhecidos como motofreio.

Esse tipo de motor é utilizado em aplicações onde se necessita parar o eixo


imediatamente após desligar a alimentação elétrica do motor. São exemplos dessas
aplicações guindastes, elevadores, pontes rolantes, correias transportadoras,
bobinadeiras etc.

O freio é acionado através de pastilhas montadas junto a uma mola que, através de
uma bobina, que é energizada junto com o motor, faz com que a pastilha de freio
libere o giro do eixo. Ao desligar a energia, a bobina perde sua alimentação e ocorre a
frenagem do eixo do motor.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 5.14 - Motofreio CA

Frenagem por Contracorrente

Nesse tipo de frenagem é aplicada uma reversão momentânea ao motor, fazendo que
ele experimente uma força tendendo à reversão, mas antes que isso ocorra, a chave
de frenagem (reversão) é desligada.

Para a frenagem por contracorrente, é necessário haver intertravamentos que


impeçam a efetiva reversão do motor, para isso podem ser usados dispositivos de
monitoramento no eixo do motor que atuam no circuito de comando no caso de haver
uma tendência de inversão do motor.

88
,

Outra maneira de não haver a reversão é temporizar a chave de frenagem (reversora)


para acionar e desacionar com um tempo máximo de alguns milissegundos, assim,
evita a reversão.

Os contatores utilizados nesse sistema de frenagem devem suportar as correntes e


esforços elétricos para a operação.

Fonte: VIEIRA, s.d.

Figura 5.15 - Esquema elétrico Frenagem por contracorrente

Frenagem Dinâmica

Em motores CA, há uma energia excedente gerada quando a carga aciona o motor

durante a desaceleração, em vez do motor acionar a carga. Essa energia volta para o

inversor e tem como consequência um aumento da tensão no barramento CC. Se essa

tensão se elevar muito, o inversor pode sofrer avarias. Portanto, é necessário aplicar

uma frenagem dinâmica.

Quando a frenagem dinâmica é utilizada, o inversor conecta a resistência de frenagem

no barramento CC, conforme figura a seguir, para absorver o excesso de energia. Para

pequenos motores, a resistência é embutida no inversor, para grandes motores, há a

necessidade de bancos de resistências externos para essa função.


89
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 5.16 - Inversor com frenagem dinâmica

Frenagem CC (Eletromagnética)

Essa frenagem é baseada na aplicação de corrente contínua ao enrolamento da


armadura do motor e, com isso, fazendo com que o estator deixe de gerar um campo
girante e sim um campo magnético fixo que irá parar o rotor. Para esse tipo de
frenagem, é necessário tomar o cuidado para limitar a corrente contínua aplicada, pois
ela não pode exceder as características nominais do enrolamento da armadura
provocando aquecimentos adicionais.

Alguns modelos de inversores de frequência trazem essa função agregada no


equipamento para ser utilizada e parar o motor quando desejado.

5.5 Exercícios de aplicação sobre sistemas de controle, partida e parada de motores


em CA

Exercício de aplicação 1:

Dado um MIT de 30 CV conectado em 380 VCA com rendimento de 94% e fator de


potência igual a 0,85. Necessita-se determinar as correntes circulantes, de partida e a
ser ajustadas no relé de proteção FT1 supondo uma partida por chave compensadora.

90
,

Fonte: FRANCHI, 2008

Figura 5.17 - Diagrama unifilar da chave compensadora

Solução:

No contator K1, temos a corrente:

IK1 = In

Como a impedância do motor é constante, sendo aplicadas tensão e corrente nominal,


temos:

𝑼𝑵
𝒁=
𝑰𝑵

Assim, quando aplicarmos tensão reduzida, teremos:

(𝑲. 𝑼𝑵 )
𝒁=
𝑰𝑺

Como a impedância Z é constante:

𝑼𝑵 (𝑲. 𝑼𝑵 )
=
𝑰𝑵 𝑰𝑺

91
,

Iremos considerar a potência no primário do autotransformador aproximadamente


igual a potência do secundário:

𝑷𝑺 = 𝑼𝑺 . 𝑰𝑺

𝑼𝑷 = 𝑼𝑵

𝑷𝑷 = 𝑼𝑷 . 𝑰𝑷

As equações do secundário serão:

𝑷𝑺 = 𝑼𝑺 . 𝑰𝑺

𝑼𝑺 = 𝑲. 𝑼𝑵

𝑰𝑺 = 𝑲. 𝑰𝑵

Igualando as potências do primário e secundário:

𝑷𝑺 = 𝑷𝑷 = 𝑼𝑷 . 𝑰𝑷

𝑼𝑺 . 𝑰𝑺 = (𝑲. 𝑼𝑵 ). 𝑲. 𝑰𝑵 = 𝑼𝑵 . 𝑰𝑲𝟐

Assim teremos:

𝑰𝑲𝟐 = 𝑲𝟐 . 𝑰𝑵

Para calcular a corrente que passa pelo contator K3, temos:

𝑰𝑺 = 𝑰𝑲𝟐 + 𝑰𝑲𝟑

𝑰𝑲𝟑 = 𝑰𝑺 − 𝑰𝑷

𝑰𝑷 = 𝑰𝑲𝟐 = 𝑲𝟐 . 𝑰𝑵

e:

𝑰𝑺 = 𝑲. 𝑰𝑵

𝑰𝑲𝟑 = 𝑲. 𝑰𝑵 − 𝑲𝟐 . 𝑰𝑵

92
,

Resultando em:

𝑰𝑲𝟑 = 𝑰𝑵 . (𝑲 − 𝑲𝟐 )

A corrente no relé de sobrecarga FT1 é a mesma do contator K1, pois o relé está ligado
abaixo desse contator e a corrente que circula nele é a mesma do respectivo contator.
Com isso podemos concluir:

𝑰𝑲𝟏 = 𝑰𝑵

𝑰𝑲𝟐 = 𝑲𝟐 . 𝑰𝑵

𝑰𝑲𝟑 = 𝑰𝑵 . (𝑲 − 𝑲𝟐 )

𝑭𝑻𝟏 = 𝑰𝑵

Onde K é fator de redução do autotransformador;

A tabela abaixo resume os valores das correntes nos contatores K2 e K3 para diversos
Taps do autotransformador:

Tabela 5.1 - Corrente nos contatores - Chave compensadora

Tap´s (%Vn) Fator de Redução IK2 IK3


(K)
85 0,85 0,72 x In 0,13 x In
80 0,80 0,64 x In 0,16 x In
65 0,65 0,42 x In 0,23 x In
50 0,50 0,25 x In 0,25 x In
Fonte: Elaborado pelo autor.

A redução da corrente de partida será:

𝑰𝑷
𝑰𝑷 = ( ) . 𝑰𝑵 . 𝑲²
𝑰𝑵

Exercício de Aplicação 2: Dimensionamento de Soft-Starters

Para o correto dimensionamento, geralmente recorremos a especificação e guias de


fabricantes. Sendo isso indispensável para o correto dimensionamento. Visto que cada
fabricante tem sua tecnologia. Essas tabelas geralmente relacionam os dados básicos
(potência do motor, tensão nominal etc.) com o modelo do inversor.

93
,

Dado um sistema com um MIT de 20 CV, tensão nominal de 380 V, fator de potência
de 0,85 e rendimento de 75%. Dimensionar o soft-starter para partida desse motor.

Solução:

Cálculo da corrente nominal:

𝟐𝟎. 𝟕𝟑𝟔
𝑰𝑵 = ≅ 𝟑𝟓 𝑨
√𝟑. 𝟑𝟖𝟎. 𝟎, 𝟖𝟓. 𝟎, 𝟕𝟓

Com base na tabela do fabricante abaixo:

Fonte: NASCIMENTO, 2013

Figura 5.18 - Tabela Soft-Starter

Para efeito de dimensionamento, nesse caso, vamos adotar a pior condição de


temperatura. Portanto, o modelo definido para as características descrita será o
45/220-440, que a 55°C tem uma corrente nominal de 38 A e suporta motores com
potência até 25 CV / 18,5 kW.

Deve-se ter atenção ao sistema de proteção do motor contra curto-circuito e


sobrecarga ao utilizar soft-starters. Pois, como após a partida, o soft-starter é
desativado e o sistema entra em by-pass. Assim, contatores e relés de sobrecarga
devem ser especificados conforme visto nos blocos anteriores.

94
,

Caso o soft-starter tenha proteção contra sobrecarga incorporado (mais modernos),


uma proteção contra curto-circuito deverá ser dimensionada externamente (fusíveis).
O critério pode ser o mesmo dos blocos anteriores.

Fonte: NASCIMENTO, 2013

Figura 5.19 - Partida com Soft-Starter

Exercício de Aplicação 3: Dimensionamento do inversor

Para o correto dimensionamento, devemos saber o modelo, tipo e sua potência


conforme aplicação. Basicamente, para o correto dimensionamento, devemos utilizar
tabelas auxiliares de fabricantes. Essas tabelas geralmente relacionam os dados
básicos (potência do motor, tensão nominal etc.) com o modelo do inversor.

95
,

Fonte: NASCIMENTO, 2013

Figura 5.20 - Tabela Típica de Inversores

Dado um sistema que possui um motor trifásico, 4 polos, 1 HP, 380 V com rendimento
de 95% e fator de potência de 0,85. Pretende-se instalar um acionamento com
possiblidade de variação de velocidade desse motor. Dimensione o inversor de
frequência para essa aplicação.

Potência do inversor  Devemos saber qual o motor e carga que ele acionará.
Exemplo:

Rede: 380 Vca

Motor 1 HP

Tipo de carga: comum

Levando em consideração a tensão da rede e os inversores (fp = 0,80) teremos:

𝑷𝒐𝒕ê𝒏𝒄𝒊𝒂 𝒆𝒎 𝑾𝒂𝒕𝒕𝒔 𝟕𝟒𝟔


𝑰𝒊𝒏𝒗𝒆𝒓𝒔𝒐𝒓 = = = 𝟐, 𝟒𝟓 𝑨
𝒕𝒆𝒏𝒔ã𝒐 𝒓𝒆𝒅𝒆 𝒙 𝒇𝒑 𝟑𝟖𝟎𝒙𝟎, 𝟖𝟎

Tipo de inversor  Vamos adotar escalar. Normalmente, o vetorial é utilizado


somente em condições de extrema precisão de rotação, torque elevado para baixa
rotação ou zero (guindastes, pontes rolantes, elevadores etc.).

96
,

Modelo e fabricante  De posse nos dados especificados, temos que acessar


catálogos de fabricantes e escolher um modelo adequado que atenda aos quesitos
abaixo:

Tensão de entrada: 380 Vca

Tipo: Escalar

Corrente nominal: 2,45 A

Exercício de Aplicação 4: Dimensionamento do inversor

Para o dimensionamento do inversor, é comum também adotar uma técnica que é a


elaboração de um check-list ou lista de verificação para aplicação do inversor. Essa lista
pode ser conforme abaixo:

Fonte: NASCIMENTO, 2013.

Figura 5.21 - Check-list para especificação inversor de frequência

97
,

O check-list acima trata de parâmetros preliminares que avaliam a instalação e o tipo


de carga. Após essa definição, temos que adotar o check-list das características
desejadas para o inversor:

Fonte: NASCIMENTO, 2013

Figura 5.22 - Características do inversor

As características para manobra da carga, como a potência do motor, a tensão nominal


e a corrente nominal, podem ser utilizadas na especificação inicial e estão presentes
nos manuais de inversores, conforme a tabela seguir:

98
,

Fonte: NASCIMENTO, 2013

Figura 5.23 - Tabela inversores típico de fabricante

Dado um motor trifásico de indução de 40 CV, 220 V, fator de potência de 0,80 e


rendimento de 95%. Especificar o inversor de frequência para a partida e controle
desse motor.

Solução:

Cálculo da corrente nominal:

𝟒𝟎. 𝟕𝟑𝟔
𝑰𝑵 = = 𝟏𝟎𝟐 𝑨
√𝟑. 𝟐𝟐𝟎. 𝟎, 𝟗𝟓. 𝟎, 𝟖𝟎

Cálculo da potência aparente aproximada:

𝑺 = √𝟑. 𝟐𝟐𝟎. 𝟏𝟎𝟐 ≅ 𝟑𝟗 𝒌𝑽𝑨

Considerando que o torque seja constante (CT), o modelo a ser escolhido conforme
tabela será:

99
,

Modelo 107/220-230.

Com base nos parâmetros determinados, é possível compará-los com a tabela do


fabricante desejado. Basicamente, a seleção de inversores de frequência se dá dessa
forma, pois cada fabricante possui as características particulares para um dado
inversor. De posse dos dados nominais do motor e instalação, é possível escolher o
modelo do inversor propício para o caso.

Conclusão

Caro estudante, neste bloco nós vimos os principais métodos de partidas e controle
utilizando-se de chaves eletrônicas. Vimos, também, aplicações práticas e exercícios de
aplicação para motores elétricos trifásicos utilizados no mercado. Além disso, pudemos
observar métodos de controle avançados e frenagem de motores de indução trifásicos
aplicados na indústria.

Referências Bibliográficas

FRANCHI, C. M. Acionamentos Elétricos. São Paulo: Érica, 2008.

NASCIMENTO, G. C. D. Comandos Elétricos: Teoria e Atividades. São Paulo: Érica, 2013.

PETRUZELLA, F. D. Motores Elétricos e Acionamentos. Porto Alegre: McGraw Hill,


2013.

RASHID, M. H. Eletrônica de Potência: Dispositivos, Circuitos e Aplicação. São Paulo:


Pearson, 2010.

VIEIRA, F. Frenagem de motor por contra corrente: O que é e como fazer. Blog
ensinando Elétrica, S.D. Disponível em: <https://bit.ly/3wVyaZr>. Acesso em: 6 abr.
2021.

WEG. Soft-Starters. S.D. Disponível em: <https://bit.ly/3hLdKxL>. Acesso em: 6¨abr,


2021.

100
,

6 ACIONAMENTO DE MOTORES CC E MOTORES DE PASSO

Apresentação

Caro estudante, você sabia que, apesar da redução da aplicação nos últimos anos, os
motores de CC ainda são encontrados em algumas instalações e máquinas? Com o
avanço da tecnologia de controles eletrônicos, os motores CC vêm sendo substituídos
por motores de indução CA. Apesar disso, é muito importante conhecer as técnicas
que envolvem os motores CC. O objetivo desse bloco é apresentar as técnicas de
acionamento dessas máquinas e aplicações. Vamos lá?!

6.1 Motores CC: Funcionamento, especificação e características principais

Os motores CC operam aproveitando as leis do magnetismo de atração e repulsão.


Geralmente, os motores de corrente contínua são usados onde há uma exigência
especial em relação a precisão de torque e velocidade. Alguns exemplos são
guindastes, transportadores e elevadores.

A construção de um motor CC é mais complexa frente ao MIT, principalmente por


causa do comutador e escovas que fazem parte da armadura (girante). Por causa
dessas escovas/comutador, há um aumento substancial no custo da manutenção do
motor CC se comparado ao MIT.

A maioria dos motores CC, são classificados de acordo com campo. Esse campo pode
ser elétrico ou de imã permanente, série, shunt ou composto.

Os principais parâmetros para mensurar o desempenho de um motor CC são a


velocidade, torque e a potência em seu eixo (CV).

A figura a seguir ilustra o motor CC:

101
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013.

Figura 6.1 - Características Principais de um motor CC

Velocidade  Refere-se à velocidade de rotação do eixo do motor e é medida em


RPM;

Torque  Refere-se à força de rotação no eixo do motor. O torque é a força que age
sobre o raio. A unidade de torque geralmente é N.m;

Potência  Refere-se à taxa na qual o trabalho e feito. Como exemplo, considere um


HP é equivalente a levantar 15 Kg a uma altura de 1 metro em 1 minuto.

Quanto ao funcionamento do motor CC, a figura abaixo ilustra esse princípio:

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.2 - Funcionamento de um motor CC


102
,

Para especificar um motor CC, é necessário conhecer a potência requerida em seu eixo
e o torque resistente da carga. Com base nisso, o projetista mecânico também deve
fornecer a velocidade de rotação requerida. Assim, pode-se definir a potência e o tipo
de ligação entre campo e armadura (campo de imã permanente, motor CC série,
motor CC shunt e motor CC composto).

Os motores com campo de imã permanente são aplicados principalmente em baixas


potências. Os motores CC série são fortes e produzem torque elevado a baixas
velocidades, são ideais para cargas mecânicas muito pesadas. O motor CC shunt
conecta com campo em paralelo com a armadura, a principal vantagem desse tipo de
ligação é a velocidade constante. O motor CC composto mescla as características do
motor série e shunt, eles são utilizados geralmente onde há a necessidade de atender
condições severas de partida e velocidade constante ao mesmo tempo.

Sentido de rotação

Para inverter o sentido de rotação de um motor CC, temos que interver o sentido da
corrente de campo ou da armadura do motor. Se inverter a corrente em ambos os
enrolamentos, o motor girará no mesmo sentido anterior.

6.2 Acionamentos de motores CC: Tipos de acionamento e configurações.


Especificação de acionamento

De uma forma geral, os dispositivos de partida magnéticos de um motor CC servem


para iniciar e acelerar os motores à velocidade nominal e fornecer proteção contra
sobrecarga. Assim, o motor CC necessita de uma unidade acionamento, que são
projetadas para fornecer, além de proteção, o acionamento preciso de velocidade,
torque, aceleração, desaceleração e sentido de rotação dos motores.

Portanto, é comum na indústria a utilização de unidades de acionamento altamente


sofisticadas que são capazes de comunicação com CLP´s e outros supervisórios
industriais.

103
,

Essas unidades de acionamento, também conhecidas como Driver, são dispositivos


eletrônicos que usam diferentes tipos de técnicas de acionamento de estado sólido. A
figura a seguir ilustra em um diagrama em blocos o funcionamento de um
acionamento de um motor CC com velocidade variável.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.3 - Diagrama em blocos - Acionamento motor CC

A unidade de acionamento da figura apresentada anteriormente é constituída por


duas seções básicas: a de potência e a de acionamento. O funcionamento é descrito de
forma sucinta a seguir:

A potência controlada para o motor CC é fornecida a partir da seção de potência,


formada por disjuntor, conversor, armadura shunt e contator CC;

O conversor retifica a alimentação CA trifásica, convertendo-a em CC para o motor CC;

Atingir um acionamento preciso do motor exige meios para avaliar o desempenho do


motor e compensar automaticamente qualquer variação dos níveis desejados. Essa é a
função da seção de acionamento, constituída pelo sinal de entrada de comando de
velocidade, bem como, por várias realimentações e sinais de erro usados para
controlar a saída da seção de potência.

104
,

Os drivers dos motores CC geralmente usam um campo shunt independente da


armadura, isso ocorre por conta da necessidade de variar a tensão da armadura ou a
corrente de campo para o pleno controle do motor. Ao variar a tensão da armadura, o
motor produz torque total, mas a velocidade varia. Mas, quando a corrente de campo
é variada, a velocidade do motor e torque variam.

A figura a seguir ilustra uma aplicação de um motor CC acionado por um Driver que
proporciona um acionamento muito preciso de um sistema transportador. Nesse caso,
o driver controla, além da velocidade e torque, a aceleração e desaceleração inclusive
no sentido reverso.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.4 - Driver alimentado motor CC de linha de produção

6.3 Servoconversores: definição, funcionamento, principais componentes e


características

105
,

O servoconversor é um dispositivo eletrônico utilizado para alimentar


servomecanismos elétricos, eles permitem controlar a velocidade, torque e posição do
motor. Esses servomecanismos operam com um componente conhecido como
servomotor. O servoconversor envia sinais elétricos ao servomotor com a intenção de
produzir um movimento proporcional no seu eixo. Geralmente, esse tipo de sistema
opera com sensores conectados no servomotor para monitorar o status do
equipamento (malha fechada).

O controle em malha fechada compara a realimentação de velocidade ou posição com


a velocidade ou posição definida e gera um comando modificado para tornar o erro
menor. O erro é a diferença entre a velocidade ou posição desejada e a velocidade ou
posição real.

A figura a seguir mostra um sistema servomotor típico em malha fechada. O


servoconversor contra o funcionamento do servomotor ao enviar sinais de comando
de velocidade ou posição para o amplificador que aciona. Um dispositivo de
realimentação, como um encoder de posição e um tacômetro para velocidade, podem
ser incorporados dentro do servomotor ou montados externamente. Eles fornecem as
informações de realimentação de velocidade e de posição do servomotor que o
controlador compara com o perfil de movimento programado e as utiliza para alterar a
sua posição ou velocidade.

106
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.5 - Sistema para acionamento com servoconversor

Um servomotor também pode ser sem escovas, conforme a figura a seguir. Assim, a
comutação é feita eletronicamente. O estator é normalmente trifásico, como o de um
MIT, e o rotor possui imãs permanentes montados na superfície. O motor também
possui 3 sensores de efeito Hall (H1, H2, H3) para detectar a posição do rotor, e a
comutação é realizada eletronicamente, com base nos sinais dos sensores. Com base
nos sinais dos sensores, os servoconversores controlam o circuito energizando, as
bobinas do estator na sequência de rotação correta e o torque desejado.

107
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.6 - Servomotor CC sem escovas

Os servoconversores possuem ajustes que devem ser configurados, tais como:

 Sentido de giro do motor;

 Velocidade nominal do motor;

 Corrente nominal;

São aplicações típicas de servoacionamentos:

 Torno de superfície;
 Sistemas de transporte;
 Trefilas;
 Misturadores;
 Bobinadores;
 Sistemas de dosagem.
108
,

A velocidade de rotação de um servomotor é controlado pelo conversor, ela fornece a


razão entre o número de rotações de um eixo pelo período necessário para efetuar
este número de rotações. A velocidade de rotação é representada pela letra “n”.

Nos cálculos acadêmicos que utilizam o sistema internacional de unidades (SI), a


velocidade de rotação é dada em rad/s (radianos por segundo). Na vida prática
aplicada, a engenharia costuma utilizar o rpm (rotações por minuto) ou rps (rotações
por segundo). Essas unidades se relacionam da seguinte forma:

𝟏 𝒓𝒑𝒔 = 𝟔𝟎 𝒓𝒑𝒎 = 𝟐𝝅 𝒓𝒂𝒅/𝒔

E a potência mecânica no eixo vale:

𝟐𝝅
𝑷 = ( ) . 𝒏. 𝑻 [𝑾]
𝟔𝟎

Em que n é a velocidade de rotação em rpm e T é o torque em N.m.

Exercício: Um eixo de um motor necessita executar um torque de 3 N.m, se a


velocidade de rotação vale 1760 rpm, qual é a potência no eixo desse motor?

Solução:

𝟐𝝅 𝟐𝝅
𝑷 = ( ) . 𝒏. 𝑻 = ( ) . 𝟏𝟕𝟔𝟎. 𝟑 = 𝟓𝟓𝟐, 𝟔𝟒 [𝑾]
𝟔𝟎 𝟔𝟎

Acrescentando-se um fator de segurança de 20%, um motor de 1 CV seria suficiente


para atender a essa carga.

6.4 Motores de passo e circuitos de acionamento: Características e controle

Os motores de passo funcionam de forma diferente dos motores usuais, que giram
continuamente quando uma tensão é aplicada em seus terminais. O eixo do motor de
passo gira em incrementos separados quando os pulsos de comando elétrico são
aplicados na sequência correta. Cada movimento é dividido em um certo número de
passos e ao motor é enviado um pulso de tensão para cada passo. A revolução é
diretamente proporcional ao número de pulsos, a velocidade de rotação está
relacionada à frequência dos pulsos.

109
,

Um motor de passo de 1 grau por passo necessita de 360 pulsos para completar uma
revolução. O número de graus por passo é conhecido como resolução. Quando o
motor de passo está parado, ele fica posicionado na sua última posição comandada. Os
sistemas onde são aplicados os motores de passo são frequentemente sistemas de
“malha aberta”, onde o controlador comanda o motor apenas a quantidade de passos
que ele deve se mover e em qual velocidade. Nesses sistemas não há como detectar a
posição em que o motor está no momento do acionamento e nem após.

Geralmente, os motores de passo produzem menos de 1 HP e, assim, são mais


utilizados em sistemas e aplicações de baixa potência. A figura a seguir ilustra a
aplicação de um motor de passo:

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.7 - Sistema de acionamento com motor de passo

Os motores de passo podem ser de:

 Relutância Variável;

 Imã permanente;

 Híbridos.

110
,

Fonte: ROBOCORE, S.D.

Figura 6.8 - Motor de passo híbrido

Quando se quer movimentar o motor de passo, deve-se controlar a ordem de


acionamento das fases e o sentido da corrente. Existem três formas de controle:

Full-Step  Tipo de acionamento que movimenta o eixo (rotor) com passos


completos. Pode ser acionando uma ou duas fases por ciclo. O acionamento com
apenas uma fase é a configuração com menor torque;

Fonte: ROBOCORE, S.D.

Figura 6.9 - Acionamento de um motor de passos Full-step (1 fase)

Half-Step  Opera por meio da possibilidade de mesclar os 2 métodos (1 ou 2 fases)


descritos no item anterior. Por conta disso, é possível dobrar a quantidade de passos e,
assim, melhorar a resolução. Mas possui um torque reduzido frente ao método Full-
Step;

111
,

Micro-step  Faz um controle na ordem do acionamento das bobinas e um controle


de campo magnético, fazendo com que tenha uma resolução aumentada, se
comparado com as técnicas anteriores.

Para ter acesso a todos os tipos de acionamento, o motor de passo deve ter todos os
seus terminais disponíveis.

Fonte: QUEIROZ, 2003

Figura 6.10 - Acionamento de um motor de passo - Unipolar

6.5 Controle de motores CC: Dimensionamento e técnicas utilizadas

Em algumas aplicações com motores de corrente contínua, há a necessidade de um


controle de velocidade para o processo. A regulação de velocidade é a medida da
capacidade de um motor para manter a velocidade do eixo desde uma situação sem
carga até a carga plena se uma variação na tensão aplicada à armadura ou ao campo.

Um motor tem boa regulação de velocidade se a variação entre a velocidade sem


carga e a em plena carga for pequena, desde que outras condições se mantenham
constantes. Como exemplo, podemos citar um motor com uma regulação de
velocidade de 3% com velocidade nominal de 1500 rpm sem carga, então significa que
a velocidade diminuirá até 45 rpm quando mesmo tiver em plena carga. A regulação
de velocidade de um motor CC é proporcional à resistência da armadura e é
geralmente expressa em percentual da velocidade base do motor.

112
,

Motores com uma resistência de armadura muito baixa apresentam melhor regulação
de velocidade. A regulação de velocidade é calculada pela seguinte equação:

𝑹𝒆𝒈𝒖𝒍𝒂çã𝒐 𝒗𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆
𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒔𝒆𝒎 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂 − 𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒆𝒎 𝒑𝒍𝒆𝒏𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂
= 𝒙𝟏𝟎𝟎
𝑽𝒆𝒍𝒐𝒄𝒊𝒅𝒂𝒅𝒆 𝒆𝒎 𝒑𝒍𝒆𝒏𝒂 𝒄𝒂𝒓𝒈𝒂

Quanto menor o percentual do motor CC, melhor é a regulação.

Para controle de velocidade do motor, sempre adotamos como referência a velocidade


nominal. Para funcionamento fora da faixa da velocidade nominal podemos fazer da
seguinte forma:

Abaixo da velocidade nominal  Podemos operar nessa faixa, reduzindo o valor da


tensão aplicada à armadura;

Acima da velocidade nominal  Para operar nessa faixa, podemos reduzir a corrente
de campo. Essa técnica é conhecida como “enfraquecimento de campo”.

Temos que tomar um cuidado adicional quando operarmos os motores acima de sua
rotação nominal. Geralmente os fabricantes indicam na placa de identificação o valor
da rotação máxima do motor. Quando não há uma indicação, recomenda-se entrar em
contato com o fabricante para ter a certeza do limite de sobre-velocidade, que pode
acarretar danos à máquina e a pessoas.

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.11 - Ajuste de velocidade abaixo da nominal

113
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.12 - Ajuste de velocidade acima da nominal

Para a partida de motores CC, também temos que ter cuidado com a corrente de
partida, por isso podemos utilizar controladores eletrônicos de partida (eletrônica de
potência) ou reostato de partida. Ambos conectados à armadura e geralmente com a
corrente de campo máxima (caso dos motores Shunt).

Uma das principais vantagens dos motores CC é o controle de velocidade, que é


relativamente simples. Em algumas situações, não necessita de aplicação de técnicas
muito sofisticadas para essa finalidade. Quando se quer variar a velocidade, tanto para
maior quanto para menor em relação a rotação nominal, também se pode controlar
somente pela armadura e o campo é conectado a uma fonte de tensão constante
(ligação independente).

Com a armadura conectada a uma fonte variável de tensão, ao aumentar ou diminuir o


seu valor, a velocidade do motor também aumenta ou diminui proporcionalmente. Os
motores CC controlados pela armadura são capazes de fornecer o torque nominal em
qualquer velocidade entre zero e a velocidade nominal. A potência varia na proporção
direta da velocidade e 100% da potência nominal é desenvolvida apenas com 100% da
velocidade com torque nominal.

Para a aplicação dessa técnica, tem que verificar na placa do motor ou com o
fabricante, quanto a máxima tensão para aumento da velocidade nominal. A figura a
seguir ilustra um motor CC controlado pela armadura:

114
,

Fonte: PETRUZELLA, 2013

Figura 6.13 - Motor CC controlado pela armadura

Para o acionamento e controle de motores CC, são utilizadas as unidades de


acionamento, que são dispositivos que utilizam de eletrônica de potência para
acionamento e controle dos motores. São utilizadas em aplicações como bobinadeiras,
gruas, mineração etc. Essas unidades possibilitam um controle do motor mais
eficientes do que com as técnicas inicialmente aplicadas historicamente (resistores)
para controle dessas máquinas.

Exemplo de Aplicação: Dado um motor de corrente contínua shunt, operando na


região linear da curva de magnetização, com as características abaixo (dados de placa):

Ra = 1 Ohm (Armadura)

RF = 100 Ohms (Campo)

Vn = 250 V

LAF = 0,50 H (Indutância mútua entre armadura e campo)

Nn = 1700 rpm

In = 27,50 A

Determinar os estágios de partida para esse motor, supondo que a corrente máxima
não possa superar 2 vezes a corrente nominal.

115
,

Solução:

A corrente máxima na partida deverá ser:

𝑰𝑴 = 𝟐. 𝟐𝟕, 𝟓 = 𝟓𝟓 𝑨

Então, a resistência vista pela armadura no momento da partida será:

𝟐𝟓𝟎
𝑹𝑨𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂 = = 𝟒, 𝟓𝟒 𝑶𝒉𝒎𝒔
𝟓𝟓

Agora, devemos calcular o número de resistências “N” em série que deverá ter o
objetivo de limitar a corrente de partida.

𝑹𝑨𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂
𝐥𝐧 ( 𝟒, 𝟓𝟒
𝑹𝒂 ) 𝐥𝐧 ( 𝟏, 𝟎 ) 𝟏, 𝟓𝟏𝟐𝟗
𝑵= = = = 𝟐, 𝟏𝟖
𝑰 𝒍𝒏(𝟐) 𝟎, 𝟔𝟗𝟑𝟏
𝒍𝒏 ( 𝑰𝑴 )
𝑵

“N” deve ser um número inteiro, portanto, vamos adotar N = 3 (sempre maior). Para N
= 3, a corrente máxima será:

𝟑 𝑹𝑨𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂 𝟑 𝟒, 𝟓𝟒
𝑰𝑴 = 𝑰𝑵 . √ = 𝟐𝟕, 𝟓𝟎. √ = 𝟒𝟓, 𝟓𝟑 𝑨
𝑹𝒂 𝟏

Agora, calculamos os estágios para partida desse motor. Como no total serão 3
estágios, teremos:

Estágio 2:

𝑰𝑵 𝟐𝟕, 𝟓𝟎
𝑹𝑨𝟐 = 𝑹𝑨𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂 . = 𝟒, 𝟓𝟒. = 𝟐, 𝟕𝟒 𝑶𝒉𝒎𝒔
𝑰𝑴 𝟒𝟓, 𝟓𝟑

Teremos:

𝑹𝟏 = 𝑹𝑨𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂 − 𝑹𝟐 = 𝟒, 𝟓𝟒 − 𝟐, 𝟕𝟒 = 𝟏, 𝟖𝟎 𝑶𝒉𝒎𝒔

116
,

Agora no estágio 1:

𝑰𝑵 𝟐𝟕, 𝟓𝟎
𝑹𝑨𝟑 = 𝑹𝑻𝟐 . = 𝟐, 𝟕𝟒. ≅ 𝟏, 𝟔𝟔 𝑶𝒉𝒎𝒔
𝑰𝑴 𝟒𝟓, 𝟓𝟑

𝑹𝟐 = 𝑹𝑨𝟐 − 𝑹𝑨𝟑 = 𝟐, 𝟕𝟒 − 𝟏, 𝟔𝟔 = 𝟏, 𝟎𝟖 𝑶𝒉𝒎𝒔

Sabendo que Ra = 1 Ohm, portanto R3 será:

𝑹𝟑 = 𝑹𝑨𝒑𝒂𝒓𝒕𝒊𝒅𝒂 − 𝑹𝒂 − 𝑹𝟏 − 𝑹𝟐 = 𝟒, 𝟓𝟒 − 𝟏, 𝟎 − 𝟏, 𝟖𝟎 − 𝟏, 𝟎𝟖 = 𝟎, 𝟔𝟔 𝑶𝒉𝒎𝒔

Assim, ficam definidos os estágios para partida desse motor:

Estágio 1  Ra + R1 + R2 + R3 = 1,0 + 1,80 + 1,08 + 0,66 = 4,54 Ohms

Estágio 2  Ra + R1 + R2 = 1,0 + 1,80 + 1,08 = 3,88 Ohms

Estágio 3  Ra + R1 = 1,0 + 1,80 = 2,80 Ohms

Regime permanente  Ra = 1,0 Ohms

Fonte: CAMARGO, 2007.

Figura 6.14 - Partida de um motor CC com resistências em série com armadura

Conclusão

Caro estudante, neste bloco nós vimos os principais métodos de controle aplicados a
motores de corrente contínua. Foram verificadas as técnicas para controle de
velocidade e partida desses motores CC. Foi definida também a regulação de
velocidade dos motores que, quanto menor o percentual melhor é a regulação. Assim,
os motores de corrente contínua são vantajosos frente ao CA, dependendo da
aplicação, pois são relativamente fáceis de controlar.

117
,

Com isso, chegamos ao final da disciplina de Máquinas e Acionamentos Elétricos,


confira as Referências Bibliográficas e continue se aprimorando. Bons estudos!

Referências Bibliográficas

CAMARGO, I. Máquinas de Corrente Contínua. GSEP, 2007. Disponível em:


<https://bit.ly/3wNJPJG>. Acesso em: 25 abr. 2021.

PETRUZELLA, F. D. Motores Elétricos e Acionamentos. Porto Alegre, McGraw Hill,


2013.

QUEIROZ, R. A. D. A. Motores de Passo. Salvador: UNIFACS, 2003.

ROBOCORE. Controlando Motores: Motor de Passo. S.D. Disponível em:


<https://www.robocore.net/tutoriais/controlando-motor-de-passo>. Acesso em: 10
abr. 2021.

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