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MÁQUINAS SÍNCRONAS

Uma máquina síncrona é uma máquina CA na qual sua velocidade é proporcional à


frequência de sua armadura. O seu rotor em conjunto com o campo magnético criado giram na
mesma velocidade ou sincronismo que o campo magnético girante. Os geradores de corrente
alternada também são chamados de alternadores e praticamente toda energia eléctrica consumida
nas residências e indústrias é fornecida pelos alternadores das usinas que produzem energia
eléctrica.

Assim como as máquinas de corrente contínua e as máquinas de indução (assíncronas), as


máquinas síncronas podem ser utilizadas tanto como motores como geradores. Devido a razões
construtivas e ao seu custo maior em relação às máquinas de indução, elas são entretanto mais
utilizadas como geradores. Como motores elas são em geral utilizadas em altas potências (acima
de 600 CV), onde apresentam vantagens importantes em relação aos motores de indução. Por
outro lado, máquinas síncronas a imãs permanentes vem tendo uma utilização cada vez maior em
baixas e médias potências especialmente quando se necessita de velocidade variável, alto
rendimento e respostas dinâmicas rápidas. Tanto as máquinas síncronas tradicionais de rotor
bobinado como as máquinas síncronas a imãs permanentes necessitam em geral um conversor
para o seu accionamento e controle, caso seja necessários que elas operem como motor com
velocidade variável.

Uma utilização típica da máquina síncrona funcionando como gerador é em centrais eléctricas,
independente do seu tipo (hídrica, a carvão, a diesel, etc...). Praticamente toda a energia eléctrica
disponível é produzida por geradores síncronos em centrais eléctricas; eles convertem, assim
energia mecânica em elétrica. Geradores síncronos também são utilizados para geração de
energia elétrica em centrais de pequeno porte e em grupos geradores de emergência, os quais são
instalados em indústrias, hospitais, aeroportos, etc... Neste caso o gerador não está ligado a um
grande sistema de energia, mas funcionando de forma isolada.

Descrição das Máquinas Síncronas


Descrição sumária
Os alternadores e motores síncronos são constituídos pelo rotor e pelo estator Figura 1.
No rotor está montado o enrolamento indutor que é percorrido por corrente contínua e tem como
função a criação de um campo magnético intenso. No estator estão montados os enrolamentos
induzidos nos quais se efectua a conversão electromecânica de energia.

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Figura 1 - Vista de um turbogerador.

As correntes e tensões, em regime permanente, são alternadas no estator e contínuas no


rotor. A ligação eléctrica entre a parte móvel, o rotor, e o exterior pode fazer-se através de vários
processos como se verá, sendo um dos mais vulgares, a utilização de anéis contínuos e escovas
fixas.

O estator é constituído basicamente por uma "carcaça" com funções essencialmente


mecânicas. Esta carcaça suporta um núcleo de material ferromagnético sob o qual, em cavas, se
encontram distribuídos os enrolamentos do induzido.

O rotor pode ser de dois tipos consoante a existência ou não de saliência. O rotor de pólos
salientes Figura 2 é constituído por um número mais ou menos elevado de pólos sob os quais se
encontra instalado o enrolamento indutor. Este enrolamento é normalmente do tipo concentrado.
O rotor de pólos lisos contém um enrolamento indutor distribuído em cavas e realiza-se com um
número reduzido de pólos. Este enrolamento indutor é designado também por enrolamento de
campo ou por enrolamento de excitação.

Descrição detalhada das máquinas síncronas


Carcaça
A carcaça tem essencialmente uma função de suporte mecânico do estator. Normalmente
não é atravessada por um fluxo magnético apreciável.

Núcleo do induzido
Tem por função permitir uma indução magnética intensa. Como é atravessado por um
campo magnético variável no tempo, tem que ser constituído por um material com pequenas
perdas no ferro, ou seja com pequena área do ciclo de histerese e com resistividade eléctrica
elevada.

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Enrolamento do induzido
Os enrolamentos do induzido são constituídos por condutores, em geral de cobre,
isolados e colocados em cavas. Estes enrolamentos são do mesmo tipo dos enrolamentos do
estator das máquinas assíncronas. São normalmente distribuídos ao longo da periferia podendo o
número de cavas por pólo e fase atingir um número elevado. Nas máquinas trifásicas, os três
enrolamentos estão desfasados de um terço de período uns em relação aos outros.

Rotor
Os rotores são normalmente de dois tipos: rotores de pólos salientes e rotores de pólos
lisos ou bobinados. Nas máquinas de pequena potência usam-se também rotores constituídos por
ímanes permanentes.

Nos rotores de pólos salientes há um núcleo central montado no veio, ao qual se ligam
pólos onde são enrolados os enrolamentos do indutor. Esta solução é utilizada normalmente em
máquinas de elevado número de pólos (baixa velocidade de rotação) sendo relativamente
reduzida a força centrífuga a que os pólos estão sujeitos

Figura 2 - Máquinas de pólos salientes e pólos lisos.

Nas máquinas de pólos lisos os condutores estão montados em cavas e distribuídos ao


longo da periferia. O número de pólos é reduzido (velocidade elevada) sendo o diâmetro destas
máquinas relativamente pequeno (D < 1,10m).

Apesar de, normalmente, esta máquina ter um comprimento bastante grande (5 a 6 m) o


seu momento de inercia é muito menor do que o de uma máquina de pólos salientes equivalente
que é mais curta mas tem um diâmetro muito maior.

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Ao contrário das máquinas assíncronas, neste caso, como em regime permanente o campo
no rotor é constante, não há necessidade das precauções usuais no que respeita às perdas por
correntes de Foucault. Assim o rotor não tem que ser necessariamente constituído por chapas
empilhadas, podendo ser de aço maciço. Por vezes há vantagem que o material do rotor tenha
pequena resistividade eléctrica. Assim, qualquer variação do fluxo através do rotor origina
correntes no núcleo relativamente intensas que têm como efeito atenuar as variações de fluxo
através do rotor. Com o mesmo fim montam-se, por vezes, no rotor, condutores de cobre ou
bronze, paralelos ao eixo e que são ligados uns aos outros através de barras ou anéis tal como as
gaiolas das máquinas de indução. Estes condutores constituem os enrolamentos amortecedores.
Em regime permanente, as f.e.m. induzidas nestes enrolamentos são nulas e por consequência
são nulas as correntes neles induzidas. Assim, os enrolamentos amortecedores funcionarão
apenas em regimes desequilibrados ou em regimes transitórios.

Figura 3 - Enrolamentos amortecedores e pólos indutores.

Anéis e escovas e Sistema "Brushless"


Os anéis e escovas constituem o processo mais vulgar de fazer a ligação eléctrica com o
rotor. Uma fonte de tensão contínua exterior é ligada ao enrolamento de excitação através dos
anéis e escovas. A regulação da corrente de excitação pode ser feita variando o valor da tensão
de alimentação ou através de resistências exteriores.

Por vezes, em vez de uma fonte de tensão contínua exterior ligada directamente ao
enrolamento de excitação, usam-se enrolamentos auxiliares que se deslocam num campo
magnético. O movimento relativo destes enrolamentos em relação ao campo provoca uma f.e.m.
induzida alternada Por meio de rectificadores esta tensão alternada é transformada numa tensão
contínua e aplicada directamente ao enrolamento de excitação. Estes rectificadores estão
colocados no rotor. Com este dispositivo, normalmente designado por "Sistema Brushless",
consegue-se impor uma corrente de excitação no rotor controlável sem a utilização de anéis e
escovas ou seja sem ligação galvânica do rotor ao exterior.

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Figura 4 - Sistema de excitação sem anéis e escovas. Sistema "Brushless".

Máquinas Síncronas com ímanes permanentes no rotor


Em máquinas de pequena potência é possível substituir os enrolamentos de excitação por
ímanes permanentes. Perde-se assim um grau de liberdade (a possibilidade de controlar a
corrente de campo) mas ganha-se em compacticidade e simplicidade. Tornam-se desnecessários
os sistemas de excitação que encarecem bastante estas máquinas.

Este tipo de máquinas encontra-se hoje em fase de grande desenvolvimento devido aos
contínuos melhoramentos que se têm verificado nos ímanes permanentes.

Apesar destas máquinas poderem funcionar como motores e como geradores, é como
motores que têm tido maior aplicação. O número de aplicações tem crescido muito rapidamente
sendo hoje uma máquina que se está a impor nos sistemas de automatismos industriais e
robótica.

As máquinas com enrolamentos de excitação supercondutores


Os geradores supercondutores encontram-se numa fase de estudo e desenvolvimento.
Alguns autores consideram-nos como os geradores do futuro. Comparados com os geradores
tradicionais, estas máquinas permitem:

 Uma redução de cerca de 50% no tamanho e peso;


 Cerca de 0.5% de melhoria no rendimento;
 Melhorias muito significativas na estabilidade.

Infelizmente os geradores supercondutores, também designados por máquinas


criogénicas, têm estruturas complexas e requerem materiais diferentes dos usados nas máquinas
tradicionais.

As diferenças mais marcantes face às máquinas tradicionais consistem no uso de um rotor


com um enrolamento de campo supercondutor e do uso de um entreferro bastante mais elevado.
Usam-se rotores de corpo não magnético devido aos campos de indução extremamente elevados

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que são largamente superiores ao campo de indução correspondente à saturação do ferro (são
usados campos de indução magnética da ordem de 5 a 6 T).

As bobinas de excitação tem de ser convenientemente protegidas das vibrações


mecânicas e de variações de campo. Para isso utilizam-se blindagens que são normalmente
duplas. Os enrolamentos são arrefecidos através de Hélio líquido que é introduzido
continuamente no rotor através de um equipamento especial.

Modelo da Máquina Síncrona


O esquema equivalente da máquina síncrona pode tomar as formas indicadas na Figura 5.

Figura 5 - Esquemas equivalentes da máquina síncrona.

Apesar de ambos os modelos serem equivalentes, o esquema equivalente da Figura 5 a) é


o mais utilizado.

Como a máquina síncrona funciona como gerador nas suas aplicações mais importantes
vamos, neste capítulo, adoptar a convenção gerador. A diferença entre a convenção motor e a
convenção gerador encontra-se ilustrada na Figura 6. Nos esquemas equivalentes representados
nestas figuras estão representadas as resistências dos enrolamentos do estator. Como se verá mais
à frente, o desprezo destas resistências é válido em máquinas de média e de grande potência
quando se pretender calcular os valores das correntes. Para a determinação do rendimento é
sempre necessário entrar com as respectivas perdas.

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Figura 6 - Convenções utilizadas no estudo das máquinas síncronas.

Sendo

(Equação 1)

Em convenção motor, têm-se:

̅ ( ) ̅ ̅ (Equação 2)

Em convenção gerador, têm-se:

̅ ( ) ̅ ̅ (Equação 3)

Em funcionamento gerador, à equação vectorial (Equação 3) corresponde o diagrama


vectorial da Figura 7. Neste diagrama estão representados os vectores espaço tempo
correspondentes às forças magnetomotrizes referentes ao induzido, ao indutor e a força
magnetomotriz total.

O vector espaço-tempo correspondente à força magnetomotriz provocada pelo indutor


̅ está colocado em quadratura e avanço face ao vector tempo ̅ correspondente à força
electromotriz provocada pelo mesmo enrolamento. A mesma relação (quadratura e avanço)
existe entre os vectores ̅ e ̅ correspondentes à força magnetomotriz total e à força
electromotriz correspondente ao campo de indução magnética total. Esta força electromotriz é
designada por força electromotriz de entreferro ou por força electromotriz em carga.

O vector espaço-tempo correspondente à força magnetomotriz provocada pela corrente


do induzido encontra-se em fase com o vector tempo correspondente à mesma corrente.

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Figura 7 - Diagrama vectorial da máquina síncrona em regime não saturado.

A colocação destes vectores está relacionada com as seguintes convenções:

 A localização da fase correspondente ao diagrama vectorial em jogo é tal que o


ângulo Δ do enrolamento é nulo;
 Para a obtenção das forças electromotrizes utilizou-se e sentido de circulação
oposto;
 A convenção para a força magnetomotriz é tal que se consideram positivos os
pólos norte.
Tabela 1 - Valores típicos de quedas de tensão.

Alternadores
5% 70 a 180% 20%
Hidráulicos
Turbo Alternadores 2% 200 a 250% 25%

é a força electromotriz em vazio. A força electromotriz E está relacionada com o fluxo


total no entreferro. As quedas de tensão , e têm os valores típicos apresentados na
Tabela 1.

Curvas de capabilidade
Se as potências activa e reactiva por fase forem representadas no plano complexo S, o
resultado (locus) será um círculo de raio | | | |/ | | com centro em (0, - ). Para um
dado ponto de funcionamento x, o ângulo de carga δ e o ângulo de fase φ são facilmente

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determinados. O locus da potência máxima, representando o limite em regime permanente é a


linha horizontal, para a qual .

No entanto a máquina síncrona não pode funcionar em todos os pontos do interior do


círculo sem ultrapassar os seus limites estabelecidos. As restrições devem-se a:

1. Aquecimento do induzido, provocado pela corrente de induzido.

2. Aquecimento do enrolamento de campo, provocado pela corrente de campo.

3. Limite de estabilidade estático.

4. Limite de potência da máquina primária.

Figura 8- Representação dos limites de funcionamento no plano complexo.

Determinação da reactância síncrona


A reactância síncrona é um parâmetro importante a conhecer. Para a determinar é
necessário realizar dois ensaios, o ensaio em circuito aberto e o de curto-circuito.

Ensaio de circuito aberto

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A máquina síncrona é levada à velocidade de sincronismo através de uma máquina


primária, estando os terminais do estator em circuito aberto. Mede-se então a tensão aos
terminais para diversos valores da corrente de excitação.

A curva obtida é denominada característica de circuito aberto: OCC (Open-Circuit


Characteristic). Como os terminais do estator estão em aberto, não circula corrente e portanto
esta curva representa E em função de . Note-se que a partir de um dado valor de , a curva
mostra os efeitos da saturação magnética. A linha tangente à parte linear da OCC é chamada de
linha do entreferro. A tensão interna E varia ao longo desta linha na ausência de saturação. A
Figura 9 representa curvas de circuito-aberto e curto-circuito e representação da reactância
síncrona. Note-se que esta só é constante para valores reduzidos da corrente de excitação, em que
se designa por reactância não saturada. representa no texto.

Ensaio de curto-circuito
Neste ensaio cada uma das fases do estator é curto-circuitada através de um amperímetro.
A máquina é conduzida à velocidade de sincronismo pela máquina primária. Mede-se então as
correntes no estator para diversos valores da corrente de excitação , e determina-se o valor
médio das três fases, com o qual se representa a curva característica de curto-circuito SCC
(Short-Circuit Characteristic).

A curva SCC é uma linha recta. Isto deve-se ao facto de em curto-circuito não se atingir a
saturação, porque o fluxo magnético se mantém em valores reduzidos. A explicação para este
facto vem de:

1. Como << , a corrente está em atraso praticamente 90º. A f.m.m de reacção opõe-
se então à f.m.m do indutor e a resultante é muito pequena. O circuito magnético
mantém-se assim não saturado mesmo para valores elevados de e .
2. Na ausência de saturação a tensão interna E vai variar linearmente ao longo da linha de
entreferro e portanto a corrente de induzido vai variar linearmente com a corrente de
excitação.

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Figura 9 - Curvas de circuito-aberto, curto-circuito e representação da reactância síncrona

Característica Externa
A característica externa é a curva que apresenta para um determinado factor de potência
da carga a tensão gerada na armadura pela corrente de armadura, mantendo constantes a corrente
de campo e a rotação.

A tensão gerada irá variar dependendo do nível da carga e do tipo carga. As cargas
indutivas produzem campos magnéticos fortemente desmagnetizantes e, portanto o gerador
apresenta as maiores de quedas de tensão. Por outro lado as cargas capacitivas produzem campos
magnetizantes e a tensão gerada poderá inclusive ser superior a tensão de vazio. Os aspectos das
curvas de tensão gerada em função da corrente de carga, para as diversas cargas, é ilustrado na
Figura 10.

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Figura 10 - aspectos das curvas de tensão gerada em função da corrente de carga.

Define-se regulação percentual de tensão a variação de tensão, entre vazio e plena


carga em relação a tensão de vazio , ou seja:

( ) (Equação 4)

Assim, para as cargas resistivas, factor de potência unitário e para as cargas indutivas,
factor de potência menor que a unidade, todavia indutivo, a tensão em carga é menor que a
tensão de vazio e a regulação são positivas. Todavia, para as cargas capacitivas a tensão em
carga poderá ser superior a tensão de vazio e a regulação ser negativa.

Características de Excitação ou de Regulação


A característica de Excitação ou de Regulação é a curva que apresenta para um
determinado factor de potência da carga a corrente de campo pela corrente de armadura,
mantendo constantes a tensão gerada e a rotação.

A corrente de campo irá variar dependendo do nível da carga e do tipo carga. As cargas
indutivas produzem campos magnético fortemente desmagnetizantes e portanto a corrente de
campo apresenta as maiores valores para compensar essa desmagnetização e evitar a queda de
tensão. Por outro lado, as cargas capacitivas produzem campos magnetizantes e a corrente de
campo deverá ser diminuída afim de evitar aumentos da tensão gerada. Observe que para manter
a tensão gerada constante quanto mais capacitiva for a carga menor é a corrente de campo para o
mesmo valor da corrente de carga. Para carga indutiva o efeito é contrário. Os aspectos das
curvas da corrente de campo em função da corrente de carga, para as diversas cargas, é ilustrado
na Figura 11.

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Figura 11 - aspectos das curvas da corrente de campo em função da corrente de carga.

Reactância síncrona não-saturada


Pode ser obtida a partir da linha de entreferro (tensão) e da corrente de curto-circuito
(SCC) para um valor particular da corrente de campo:

( ) ( ) (Equação 5)

(podendo desprezar-se pelo que ( ) ( ) ).

Reactância síncrona saturada


Antes de ligar um gerador síncrono a um barramento infinito, ele opera a um dado nível
de saturação. Ao estabelecer o paralelo, a sua tensão nos terminais do induzido é mantida
constante no valor da do barramento. Se se variar agora a corrente de excitação, a tensão de
excitação E vai variar agora ao longo de uma linha conhecida como linha de entreferro
modificada, e que é a linha que une a origem, ao ponto da característica correspondente ao valor
original da corrente de excitação.

A explicação para este facto vem de desprezarmos a queda de tensão aos terminais de
e . Então, como é constante, E será constante independentemente da corrente de excitação.
Isto implica que o nível de saturação será mantido aproximadamente constante e portanto E vai
variar proporcionalmente a .

A reactância síncrona saturada será determinada através da linha de entreferro modificada


e da SCC, podendo desprezar-se a resistência .

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Máquinas Síncronas de Pólos Salientes


Na máquina síncrona de pólos salientes são definidos duas reactâncias associadas
respectivamente aos eixos directo e em quadratura com os pólos do rotor conforme a Figura 12.

Figura 12 - Esquema simplificado de uma máquina síncrona de pólos salientes.

Onde:

- Reactância segundo o eixo directo;

- Reactância segundo o eixo em quadratura.

Sabendo que a reactância indutiva de um circuito magnético é dada:

→ ( ⁄ )
→ (Equação 6)

Portanto:

Assim, a tensão gerada internamente no enrolamento do estator será:

̇ ̇ ̇ ̇ ̇ (Equação 7)

Onde:

- componente da corrente de armadura que produz fluxo segundo o eixo directo.

- componente da corrente de armadura que produz fluxo segundo o eixo em quadratura.

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Figura 13 - Representação fasorial do gerador síncrono de pólos salientes.

ΔABO ≡ Δ A'B'O'

̇
̇ ̇

Portanto: ̇

O vector dá a direcção do eixo de quadratura. Pode-se então determinar as componentes e


:

̇ ̇ ̇ ̇ (Equação 8)
̇ ̇ ( ) ( ) (Equação 9)
̇ ̇ ( ) (Equação 10)

Potência Sincronizante
Seja um gerador síncrono de rotor cilíndrico operando em paralelo com uma barra
infinita (tensão constante independente da carga). Devido a algum distúrbio, o ângulo de carga
varia de um ângulo (o que corresponde à máquina desenvolver uma potência adicional, de modo
que ela mantém o sincronismo. Essa potência adicional é conhecida como potência
sincronizante.

A potência sincronizante é dada por:

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Figura 14 - Representação fasorial do gerador síncrono de pólos salientes, para representação da potência sincronizante.

[ ( ) ( ) ] (Equação 11)

Aproximações:

a) Δ pequeno ⇨ senΔ≈Δ e ⁄

b) ( ) ⁄
( )
Portanto:

por fase (Equação 12)

Tipos de Máquinas Síncronas


 Monofásicas e polifásicas;

 Bipolares e multipolares;

 Pólos salientes e pólos cilíndricos;

 Campo fixo e campo móvel;

 Excitação independente e auto-excitado;

 Baixa frequência e alta frequência;

SÍNTESE
As duas partes básicas de uma máquina síncrona são:

 Induzido ou armadura: com um enrolamento trifásico distribuído em ranhuras.


Normalmente localizado na parte fixa (estator).

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 Indutor: com um enrolamento de campo de excitação com excitação C.C.. Esse


enrolamento é conectado a uma fonte externa por meios de anéis deslizantes e escovas.
Normalmente é colocado na parte móvel (rotor). Dependendo da construção do rotor,
uma máquina síncrona pode ser do tipo rotor cilíndrico (ou pólos lisos) ou do tipo pólos
salientes conforme a Figura 15.

Figura 15 - Corte transversal da Máquina Síncrona.

A máquina síncrona pode funcionar como motor síncrono ou como gerador síncrono,
também denominado alternador.

Motor Síncrono:
Uma rede de alimentação impõe o campo girante no estator. O rotor magnetizado gira
com velocidade do campo girante sob quaisquer condições de carga.

Gerador Síncrono:
Impõe-se no eixo uma velocidade e o campo girante é então consequência do
magnetismo produzido no rotor. Os condutores do estator produzirão força electromotriz
induzida.

Na Figura 16 é apresentado o circuito equivalente por fase da máquina síncrona de pólos


lisos.

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Figura 16 - Circuito equivalente por fase da máquina síncrona de pólos lisos.

Onde:

- Tensão gerada internamente no enrolamento do estator;


- Resistência ôhmica do enrolamento do estator;
- Reactância síncrona (reactância indutiva do enrolamento do estator).

Gerador Síncrono
A Figura 17 apresenta o circuito equivalente por fase do gerador síncrono de pólos lisos.

Figura 17 - Circuito equivalente por fase do gerador síncrono de pólos lisos.

A tensão gerada internamente no enrolamento do estator é dada por:

̇ ̇ ̇ ̇ (Equação 13)

E sua representação fasorial está na Figura 18.

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Figura 18 - Representação fasorial do gerador síncrono de polos lisos.

Motor Síncrono
A Figura 19 apresenta o circuito equivalente por fase do gerador síncrono de pólos lisos.

Figura 19 - Circuito equivalente por fase do motor síncrono de pólos lisos.

A tensão gerada internamente no enrolamento do estator é dada por:

̇ ̇ ̇ ̇ (Equação 14)

E sua representação fasorial está na Figura 20.

Figura 20 - Representação fasorial do motor síncrono de pólos lisos.

Potência Desenvolvida pela Máquina Síncrona


Gerador Síncrono

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No caso do gerador desprezando a resistência da armadura , têm-se:

̇ ̇ ̇ (Equação 15)

Fasorialmente:

Figura 21 - Representação fasorial do gerador síncrono de pólos lisos.

O segmento ̅̅̅̅ é dado por:

̅̅̅̅
̅̅̅̅ (Equação 16)

Multiplicando o segmento ̅̅̅̅ por , têm-se:

(Equação 17)

E assim:

(Equação 18)

Portanto, a potência desenvolvida pelo gerador síncrono de polos lisos, por fase é:

(Equação 19)

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Gerador Síncrono
Construção do Gerador Síncrono.
No gerador síncrono deve alimentar o enrolamento do rotor com corrente continua, na
qual produz um campo magnético giratório dentro do gerador no qual, por sua vez, induz um
sistema trifásico de tensão nos enrolamentos do estator.

Figura 22 - Rotor cilíndrico de dois pólos de uma máquina síncrona.

Essencialmente, o rotor do gerador síncrono é um grande electroíman. Construtivamente,


os pólos magnéticos do rotor podem ser salientes ou não salientes. O termo saliente significa
“protuberância”, e um pólo saliente é um pólo magnético que sobressaí da superfície do rotor.
Por outro lado, um pólo não saliente é um pólo magnético construído nivelado com a superfície
do rotor. Figura 22 apresenta um rotor de pólos não salientes (também conhecido como rotor de
pólos lisos, ou rotor cilíndrico), enquanto a Figura 23 mostra um rotor de pólos salientes. Os
rotores cilíndricos utilizados normalmente para dois e quatro pólos, enquanto que os rotores de
pólos salientes utilizados para quatro ou mais pólos. Como o rotor está sujeito a campos
magnéticos variáveis, deve construir com laminações para reduzir as perdas por corrente
parasitas.

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Figura 23 - (a) rotor de pólos salientes de uma máquina síncrona de seis pólos, (b) Fotografia do rotor de pólos salientes
de uma máquina síncrona de oito pólos, na qual pode ver o enrolamento de cada pólo (c) fotografia de um pólo saliente
sem o enrolamento de campo (d) um pólo saliente com seu enrolamento de campo.

Deve fornecer alimentação CC ao circuito de campo do rotor. Como o rotor está em


movimento, é necessário adoptar construções especiais com a finalidade de fornecer energia de
campo. As duas soluções mais comuns são:

 Fornecer energia cc ao rotor através de uma fonte externa por meio de rolamentos
e escovas
 Prover energia cc por meio de um fonte especial construída directamente sobre o
eixo do gerador síncrono.

Os rolamentos são anéis metálicos em torno do eixo da máquina, mas isolados do mesmo
eixo. Cada extremidade do enrolamento do rotor está conectada a um anel e sobre cada anel faz
contacto sobre uma escova. Se as escovas se conectam os terminais positivos e negativos da
fonte, em todo momento a mesma tensão é aplicada no enrolamento de campo, sem importar a
posição angular nem a velocidade do rotor.

A combinação dos enrolamentos e escovas causa problemas em máquinas síncronas,


devido ao aumento da exigência de manutenção das máquinas pela periodicidade com que deve
ser revisada. Adicionalmente, a queda de tensão nas escovas pode ser causada pelas de potência
em máquinas com alta corrente de campo. Apesar destes problemas, em todas as pequenas
máquinas síncronas utilizam enrolamentos com escovas isto porque é o método funcional menos
custoso para fornecer a corrente de campo.

Em grandes geradores e motores, se utilizam excitatrizes sem escovas para fornecer a


corrente de campo da máquina. A excitatriz sem escovas é um pequeno gerador de CA, com seu
circuito de campo montado no estator e com a armadura montada sobre o eixo do rotor. A tensão

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trifásica da excitatriz é rectificada para tensão contínua por meio de um circuito rectificador,
montado também sobre o eixo do gerador, e injectada directamente em seu circuito de campo.
Mediante o controle da corrente de campo da excitatriz (localizado no estator), se consegue
ajustar a corrente de campo pela máquina principal sem a utilização de enrolamentos e escovas.
A Figura 24 se mostra o rotor de uma máquina síncrona com uma excitatriz sem escovas
montadas sobre o mesmo eixo. Como não existem contactos mecânicos entre rotor e estator, a
excitatriz sem escovas necessita muito menos manutenção que é sistema de enrolamentos e
escovas.

Figura 24 - Fotografia do rotor de uma máquina síncrona com excitatriz sem escovas montadas sobre o mesmo eixo.
Nota-se elementos rectificadores electrónicos próximos armadura da excitatriz

Para assegurar que a excitação do gerador seja completamente independente de qualquer


fonte de energia exterior, o sistema inclui geralmente uma pequena excitatriz piloto, constituído
de um gerador com ímãs permanentes montados sobre o eixo do rotor e com o enrolamento
trifásico no estator. Sua finalidade é fornecer a energia de campo da excitatriz na qual, por sua
vez, alimenta o circuito de campo da máquina principal. Consequentemente, se o eixo do gerador
se inclui a excitatriz piloto, não necessita prover fonte eléctrica externa para operar o gerador.

Muitos geradores síncronos dotados de excitatriz sem escovas também trazem


enrolamentos e escovas, com o propósito de prover uma fonte auxiliar de cc em casos de
emergência.

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Figura 25 - Vista do corte de uma máquina síncrona grande. Nota-se o rotor de pólos salientes e a excitatriz montada
sobre o mesmo eixo.

A Figura 25 apresenta o diagrama em corte de uma grande máquina síncrona com rotor e
oito pólos, estator com enrolamento distribuído e dupla camada e excitatriz sem escovas.

Partes Construtivas Principais


As partes construtivas principais de um gerador síncrono são mostradas e são discutidas
brevemente no que segue.

Estator
O estator da máquina síncrona é muito semelhante ao de um motor de indução. É
composto de chapas laminadas dotadas de ranhuras axiais onde é alojado o enrolamento do
estator. As chapas possuem características magnéticas de alta permeabilidade, criando um
caminho magnético de baixa relutância para o fluxo, diminuindo assim o fluxo disperso e
concentrando o campo no entreferro. A construção do rotor a partir de chapas tem a mesma
justificativa que para os demais tipos de máquinas: diminuição das perdas provocadas por
correntes parasitas (correntes de Foucault), as quais estariam presentes em maior grau, caso fosse
empregado uma construção maciça. As chapas são em geral tratadas termicamente a fim de
reduzir o valor das perdas específicas por correntes induzidas. Não existe, em geral, uma
isolação física entre as chapas que compõem o rotor e o estator. O enrolamento do estator pode
ser tanto monofásico como trifásico. Em geral as máquinas síncronas são trifásicas, sendo que
geradores monofásicos são mais utilizados em pequenas potências, ou quando não existe uma
rede trifásica disponível, como em áreas rurais. Quando construídos para baixa tensão as bobinas
do estator são formadas de fios com seção circular e esmaltados; as ranhuras do estator são neste
caso do tipo semi-abertas. No caso de enrolamentos de alta tensão os condutores são de seção
rectangular e as bobinas recebem uma camada extra de isolação com material a base de mica,
sendo que as ranhuras são do tipo aberta. A conexão dos enrolamentos segue o mesmo padrão

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que para as máquinas de indução, havendo máquinas com enrolamentos para ligação série-
paralela, estrela-triângulo e máquinas com tripla tensão nominal.

Rotor
O rotor é também formado de chapas laminadas justapostas que em geral são do mesmo
material que o estator. Do ponto de vista construtivo existem dois tipos básicos de rotores:
rotores contendo pólos salientes e rotores contendo pólos lisos (Figura 26, respectivamente).

Figura 26 - (a) rotor de pólos salientes, (b) rotor de pólos lisos.

Esta diferenciação conduz a modelos equivalentes diferentes, mas não altera em nada o
princípio de funcionamento, que permanece idêntico para ambos. Rotores de pólos lisos são em
geral empregados em turbo alternadores, onde o número de pólos é 2 ou 4. Este emprego provém
do fato que rotores com pólos lisos são mais robustos sendo assim mais aptos a trabalharem em
altas rotações (3600 e 1800 rpm). Os geradores em pólos salientes são em geral empregados com
número de pólos igual ou superior que 4. A escolha do número de pólos é ditado pela rotação
mais apropriada para máquina primária. Turbinas hidráulicas, por exemplo, trabalham com baixa
rotação, sendo por isso necessário, geradores com alto número de pólos. A velocidade de rotação
da turbina hidráulica varia em função da pressão hidráulica existente e em função da altura da
queda d´água, sendo que ela se situa entre 50 a 600 rpm. Além disso a velocidade também varia
em função do tipo da turbina (Francis, Kaplan, Pelton, etc...). Este tipo de gerador em geral é
construído com eixo vertical, possuindo grande diâmetro e pequeno comprimento axial; esta
relação entre comprimento e diâmetro é ditada pela baixa rotação a que estão sujeitos (alto
número de pólos). Turbo geradores em geral são construídos com eixo horizontal e possuem
diâmetro reduzido e comprimento axial maior que o diâmetro, devido ao fato de girarem a altas
rotações. Grupos geradores a diesel, por outro lado, utilizam geradores com número de pólos
entre 4 e 8.No caso de pólos salientes o enrolamento de campo, também chamado de
enrolamento de excitação, é alojado no espaço interpolar. No caso de pólos lisos o enrolamento
de campo é distribuído em ranhuras, as quais em geral cobrem apenas uma parte da superfície do

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rotor. Além do enrolamento de campo, o rotor pode conter também um enrolamento semelhante
ao do rotor da máquina de indução em gaiola.

Este enrolamento é chamado de enrolamento amortecedor e é alojado em ranhuras semi-


abertas e de formato redondo sobre a superfície do rotor. Conforme o nome sugere, ele serve
para amortecer oscilações que ocorrem em condições transitórias, como por exemplo, uma
retirada brusca de carga, alterações súbitas de tensão, variações de velocidade, etc.

Ele confere, assim, uma maior estabilidade à máquina. Neste enrolamento só é induzida
tensão quando ocorrem fenómenos transitórios na máquina, em condições normais e em regime
permanente não há nem tensão nem corrente induzida neste enrolamento; as suas dimensões são
portanto reduzidas em relação ao enrolamento do estator e do rotor. No caso de motores
síncronos ele pode também funcionar como dispositivo arranque, funcionando da mesma forma
que o enrolamento em gaiola de esquilo dos motores de indução. O enrolamento neste caso se
chama enrolamento de partida e a partida do motor é chamada de partida assíncrona; neste caso o
motor não possui, via de regra, carga no eixo durante a partida. Devido ao fato de não haver em
regime permanente variações de fluxo em relação ao rotor, este pode também ser construído de
um material sólido, ao invés de lâminas. Assim, em algumas máquinas todo o ou parte do rotor é
construído de material sólido, a fim de aumentar a rigidez mecânica. Neste caso, a própria
superfície do rotor funciona como enrolamento amortecedor, sendo desnecessário um
enrolamento amortecido inserido em ranhuras. Independente da forma construtiva, os pólos são
alimentados com corrente contínua e criam o campo principal que induz tensão na armadura.

A alimentação do enrolamento de excitação pode ser feita por meio de anéis e escovas. A
grande maioria dos geradores de média e baixa potência utiliza sistemas de excitação sem
escovas. Neste caso a excitação é fornecida por meio de excitatrizes auxiliar montadas no eixo da
máquina e de dispositivos a base de semicondutores. Detalhes desta forma de excitação podem
ser encontrados em catálogos de fabricantes.

Conjunto de escovas e anéis


Têm por função conectar a fonte de corrente contínua com os pólos do rotor. Tratando-se
de componentes que se desgastam e que podem produzir faíscas e interferência electromagnética,
em geral se empregam geradores com excitação sem escovas.

Princípio de Funcionamento do Gerador Síncrono


A máquina síncrona é composta do estator, que aloja um enrolamento monofásico ou
trifásico e onde será induzida tensão pelo movimento do rotor. No enrolamento do estator será
induzida uma tensão alternada, a qual produzirá uma corrente igualmente alternada quando o
mesmo se encontrar sob carga. O rotor contém um enrolamento que é alimentado com corrente
contínua e que serve para criar campo magnético principal na máquina.

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O princípio de funcionamento de um gerador é muito semelhante ao de uma máquina de


corrente contínua (Figura 27). Conforme foi visto em disciplinas anteriores, sempre que houver
um movimento relativo entre um condutor e um campo magnético haverá uma tensão induzida
no condutor.

Figura 27 - Representação esquemática da máquina síncrona.

No caso da máquina síncrona os condutores são fixos na armadura e o campo magnético


é forçado pela máquina primária a se mover. Por sua vez, a máquina primária é acoplada
mecanicamente ao rotor onde estão alojados os pólos e exerce sobre eles uma força fazendo-os
girar. O movimento relativo entre o campo e o condutor faz com que surja uma tensão nos
terminais do gerador. Ao ser ligado a uma carga a tensão induzida faz com que circule corrente
pelo gerador e pela carga. A potência mecânica transferida pela máquina primária é assim
convertida em energia eléctrica (descontadas as perdas). O enrolamento de campo (alojado nos
pólos) é alimentado por uma fonte de corrente contínua por meio de anéis deslizantes. Existem
sistemas em que não existem anéis e escovas, sendo que a tensão contínua necessária ao
enrolamento de campo é fornecida por meio de um sistema de excitação estático, formado por
uma ou mais excitatrizes montadas no eixo e por dispositivos a base de semicondutores. O
gerador síncrono produz uma tensão do tipo alternada senoidal, podendo ser monofásica ou
trifásica.

Numa máquina existem não apenas um condutor sendo movimentado no campo


magnético, mas uma série de condutores ligados em série, fazendo com que a potência
convertida seja maior que no caso de apenas um condutor. Com este arranjo a potência da
máquina é maior, aumentando o grau de aproveitamento dos materiais.

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Valores Nominais
Os principais valores nominais das máquinas síncronas são discutidos a seguir. Os
valores nominais se referem ao funcionamento da máquina como gerador.

Tensão Nominal
É a tensão de trabalho do enrolamento do estator. Existem máquinas de baixa tensão
(tensão abaixo de 600 volts) e máquinas de alta tensão (tensão acima de 600 volts). Quando a
máquina funciona como gerador e não estiver ligado a um grande sistema, deve-se prover a
máquina de um regulador de tensão, o qual atua na fonte de corrente contínua que alimenta os
pólos do rotor e tem por função manter a tensão no valor nominal.

Potência Nominal
É a potência aparente fornecida ao circuito eléctrico conectado aos terminais do gerador,
dada pela seguinte equação:

(monofásico) (Equação 20)


√ (trifásico) (Equação 21)

A potência activa fornecida pelo gerador depende da característica da carga, sendo dada
pelas expressões:

(monofásico) (Equação 22)


√ (trifásico) (Equação 23)

- factor de potência do gerador (igual ao da carga quando o gerador trabalha isolado)

- Corrente de linha;

- Tensão de linha.

Considerando o caso em que o gerador trabalha de forma isolada, ou seja desconectado


de um grande sistema de energia, o factor de potência com que o gerador trabalha depende
exclusivamente da característica da carga a ele ligada. Todo o gerador deve, assim, ser capaz de
fornecer a potência nominal dentro dos limites de factor de potência estabelecidos pelo
fabricante. A faixa de valores para o de factor de potência se situa em geral entre 0.8 e 1.0. A
potência activa e reactiva fornecida pelo gerador é neste caso idêntica à da carga a ele ligada. A
tensão terminal é mantida no valor nominal por meio do regulador de tensão. Considerando, por
outro lado, que o gerador trabalhe conectado a um grande sistema de energia com tensão e
frequência fixas, pode-se controlar a quantidade energia reactiva, e o factor de potência com que

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o gerador trabalha, controlando-se a corrente de excitação do mesmo. Contudo, a faixa de


operação do factor de potência deve ser respeitada. A quantidade de energia activa que o gerador
fornece aos sistema a ele ligado é controlado actuando-se sobre a máquina primária, a qual deve
fornecer a potência activa nos terminais mais as perdas. Uma vantagem da máquina síncrona
operando como motor é que o seu factor de potência pode ser ajustado por meio da corrente de
excitação, permitindo que o motor trabalhe tanto com factores de potência em adianto como em
atraso. O motor síncrono pode, assim fornecer energia reactiva para a rede e também absorver
energia reactiva. Por essa característica ele é também empregado como forma de corrigir o factor
de potência de instalações industriais.

Rendimento
O rendimento para a máquina funcionando como gerador é dado pela equação:

( )
(Equação 24)

η - rendimento em percentual [%];

- Potência mecânica fornecida pela máquina primária no eixo [W];

- Potência eléctrica fornecida à carga ligada aos terminais [W];

- Perdas [W]

A curva de rendimento em função da carga é semelhante à curva para o motor de


indução, sendo o rendimento muito próximo do nominal na faixa de 75% a 100% da potência
nominal.

Tipos de Conexões
Como o estator é praticamente idêntico ao de um motor de indução ele pode ser
conectado segundo as mesmas ligações que o motor de indução, abordadas na apostila 1:
conexão série-paralela, conexão estrela-triângulo e tripla tensão nominal.

Frequência
A máquina síncrona sempre gira à velocidade síncrona (excepto em condições
transitórias ou sob algum tipo de oscilação). A velocidade síncrona é definida pela rotação da
máquina primária, a qual fornece a potência activa para o sistema ligado ao gerador. A
frequência da tensão gerada depende assim da velocidade de giro e do número de pólos, de
acordo com a equação:

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(Equação 25)

- Frequência [Hz] da tensão gerada;

- Número de pólos da máquina, determinado pela construção da máquina. Ele é escolhido em


função da rotação da máquina primária;

- Rotação da máquina primária [rpm].

Circuito equivalente do gerador síncrono


A tensão é a tensão gerada internamente, produzido em uma fase do gerador síncrono.
Contudo, esta tensão normalmente não é a tensão que aparece nos terminais do gerador.
Realmente, a única oportunidade em que a tensão gerada é igual à tensão entregue por fase,
, é quando não circula corrente pela armadura da máquina.

Por que não é igual a tensão de fase , e a tensão , e que relação existe entre elas? A
resposta a esta pergunta é demonstrada no modelo do gerador síncrono.

Há vários factores que levam a diferença entre e :

 A diferença do campo magnético do entreferro causada pela corrente do estator


denominada reacção de armadura;
 A auto-indutância das bobinas da armadura;
 A resistência das bobinas da armadura;
 O efeito da configuração do rotor de pólos salientes.

Analisando os efeitos dos três primeiros factores e deles obter o modelo. Neste capítulo não
levará em conta o efeito de pólos salientes, sobre o funcionamento da máquina; ou em outras
palavras, neste capitulo se assumirá que todas as máquinas são de pólos lisos. Está suposição
dará lugar a uma certa imprecisão nos resultados quando a máquina for realmente de pólos
salientes, mas os erros são relativamente pequenos.

O primeiro efeito mencionado, é normalmente o de maior duração, é a reacção de armadura.


Quando gira o rotor do gerador síncrono, se induz a tensão nos enrolamentos do estator do
gerador, o qual da lugar a circulação de corrente quando se conecta carga aos terminais de saída.
Mas o fluxo de corrente trifásica pelo estator, da lugar a um campo magnético na máquina. Este
campo magnético do estator distorce o campo magnético original do rotor, modificando a tensão
da fase resultante.

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Este efeito é conhecido como reacção de armadura. Como estão presentes duas tensões sobre
o enrolamento do estator, a tensão resultante de uma fase será a soma das tensões geradas ea
tensão de reacção da armadura :

(Equação 26)

O campo magnético resultante, , corresponde a soma de dos campos magnéticos do


rotor e do estator:

(Equação 27)

Como os ângulos de e de são os mesmos, e os ângulos de e de são os


mesmos, o campo magnético resultante coincide com a tensão resultante . Como
podemos modelar os efeitos da reação de armadura sobre a tensão de fase? Em primeiro lugar, a
tensão se atrasa 90º do plano coincidente com o valor máximo da corrente . Em segundo
lugar, a tensão é diretamente proporcional a corrente .

Figura 28 - Circuito simples do gerador síncrono.

Se X é a constante de proporcionalidade, então a tensão de reacção de armadura pode ser


escrita como:

(Equação 28)

Assim a tensão de fase é:

(Equação 29)

Esta é exactamente a mesma equação que expressa a tensão de reacção da armadura. Por
conseguinte, a tensão pela reacção de armadura pode ser modelada como uma indutância em
série com a tensão gerada interna.

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Além disso, os efeitos da reacção da armadura, as bobinas do estator apresentam também


autoindutânica e resistência. Se denominam por a auto-indutância do estator (e sua
correspondente reatância), e por sua resistência do estator, então a diferença total entre e
é dada pela Equação 30.

(Equação 30)

Como tanto os efeitos da reação de armadura como a auto-indutância se apresenta por


reactâncias. Acostuma-se combinar os dois em uma só reactância conhecida como reactância
síncrona da máquina.

(Equação 31)

Por conseguinte, a expressão final de é:

(Equação 32)

Agora é possível fazer o esquema equivalente do gerador síncrono trifásico: a Figura 29


apresenta o circuito equivalente completo do gerador. Nele se tem uma fonte de cc alimentado o
circuito de campo do rotor, no qual é representado por sua indutância e sua resistência em série.
Em série com esta a resistência variável que serve para regular a corrente de campo.

Figura 29 - Circuito equivalente completo do gerador síncrono trifásico.

O que resta do circuito equivalente corresponde aos modelos de cada fase: cada fase
contém uma tensão gerada em serie com a reactância (correspondente a soma da reactância da

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armadura e da auto-indutância das bobinas), e com a resistência . A única diferença entre as


três fases é constituída pelos ângulos de 120º de desfasamento de tensão e correntes.

As três fases podem ser ligadas em Y ou em Δ , conforme indicado na Figura 30. Se as


fases se conectam em Y, a tensão nos terminais e a tensão de fase cumprem a relação:

√ (Equação 33)

Se as fases se conectam em Δ , então:

(Equação 34)

O fato de que as três fases do gerador síncrono são idênticas, excepto pelo ângulo de fase,
da lugar a utilização do circuito equivalente pro fase. A Figura 30 apresenta este circuito. No
entanto, um fato importante deve ser lembrado quando se utiliza o circuito equivalente por fase:
As três fases têm tensões iguais e correntes iguais somente quando a carga do gerador é
balanceada. Se as cargas não são balanceadas é exigido cada vez mais, sofisticadas técnicas
analíticas que estão além do escopo do presente texto.

Figura 30 - Circuito equivalente do gerador conectado em estrela (Y) e em delta (Δ)

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Figura 31 - Circuito equivalente por fase do gerador síncrono.

Diagrama Fasorial do gerador síncrono


Posto que as tensões do gerador síncrono são alternadas geralmente se apresentam por
fasores. Como os fasores têm amplitude e ângulo, as relações entre elas devem ser expressas em
duas dimensões. Quando as tensões presentes em uma fase ( , , , ) e a corrente de
fase são descritas no gráfico de maneira que sejam evidentes as relações entre eles, se tem o
diagrama fasorial.

Por exemplo, a Figura 32 apresenta tais relações quando o gerador alimenta uma carga de
fator de potência unitário (uma carga puramente resistiva).Segundo a Equação 32, a tensão total
difere da tensão terminal de fase nas quedas de tensão resistivas e indutivas. Todas as
tensões e correntes estão referenciadas com , na qual se torna arbitrariamente com um ângulo
de 0º.

Figura 32 - Diagrama fasorial do gerador sincrono com fator de potencia unitario.

Este diagrama fasorial pode ser comparado com os diagramas fasoriais do gerador
funcionando com factores de potência em atraso ou em adiantadas, as quais se apresentam na
Figura 33. Nota-se que para uma tensão de fase e uma corrente de armadura especificados, se
requer maior tensão gerada para cargas atrasadas e para cargas adiantadas. Por consequência,

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com cargas indutivas se necessita prover maior corrente de campos e pretender obter a mesma
tensão nos terminais, como:

(Equação 35)

E w deve ser constante para conservar a frequência constante. Alternativamente, pra uma
certa amplitude de corrente de campo e de carga, a tensão em terminais é menor com cargas
atrasadas e é maior para cargas adiantadas.

Figura 33 - Diagrama fasorial do gerador síncrono com fatores de potência atrasado (a) adiantado (b).

Em máquinas síncronas reais, a reactância síncrona é muito maior que as resistências do


enrolamento , de modo que esta última é muitas vezes negligenciada no estudo qualitativo das
variações de tensão. Contudo, para resultados numéricos exactos deverá levar em conta .

Torque e potência do gerador síncrono


Um gerador síncrono é uma máquina síncrona utilizada como gerador, que converte
potência mecânica em potência eléctrica trifásica. A fonte de potência mecânica, pode ser um
motor diesel, uma turbina de vapor, uma turbina hidráulica ou dispositivo similar. Qualquer que
seja a fonte, deve ter a propriedade de manter quase constante a velocidade a qualquer carga,
posto que de outra forma a frequência do sistema seria errada.

Nem toda a potência mecânica que entra no gerador síncrono sai da máquina como
potência eléctrica. A diferença entre as potências na entrada e saída do gerador corresponde as

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perdas da máquina. A Figura 34 apresenta o diagrama de fluxo de potência do gerador síncrono.


A potência mecânica na entrada é a potência no eixo do gerador , enquanto que a
potência mecânica convertida em potência eléctrica se expressa por:

(Equação 36)
(Equação 37)

Figura 34 - Diagrama de fluxo de potência do gerador síncrono.

Sendo γ o ângulo entre e . A diferença entre a potência que entra no gerador e a


potência transformada por ele mesmo corresponde as perdas mecânicas e as perdas no núcleo da
máquina. A potência real que sai do gerador síncrono pode ser expressas em valores de linha
como:

√ (Equação 38)

E o valor de fase por:

(Equação 39)

Em valores de linha, a potência reactiva de saída corresponde a expressão:

√ (Equação 40)

E o valor de fase por:

(Equação 41)

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Se desprezar a resistência de armadura (dado que >> ), pode se encontrado um


equação muito útil para avaliar a potência que sai do gerador. Para derivar a equação, observa-se
o diagrama fasorial da Figura 35, na qual corresponde ao diagrama fasorial simplificado do
gerador desconsiderando a resistência do estator.

(Equação 42)

E substituído na equação temos:

(Equação 43)

Como na Equação 43 foram desprezadas as resistências, significa que no gerador não há


perdas eléctricas, e a equação corresponde simultaneamente a ea .

Figura 35 - Diagrama fasorial simplificado.

A Equação 43 indica que a potência produzida por um gerador síncrono depende do


ângulo δ entre e . O ângulo δ é conhecido como ângulo do torque da máquina. Nota-se
também que a potência máxima que pode fornecer o gerador, corresponde a δ = 90º , = 1 e:

(Equação 44)

A potência máxima expressada por esta equação corresponde ao limite de estabilidade


estática do gerador. Normalmente, os geradores reais nunca chegam a aproximar deste limite,
sendo ângulos típicos de torque de 15º e 20º a plena carga.

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Observam-se novamente as equações 39, 41 e 43: se tomar constante , a potência real


entregue é directamente proporcional aos valores e , e a potência reactiva é
directamente proporcional a . Estes fatos são úteis para desenhar o diagrama fasorial do
gerador síncrono com carga variável.

O torque induzido no gerador pode ser expresso como:

(Equação 45)

Como:

(Equação 46)

A Equação 46 corresponde a:

(Equação 47)

Sendo δ o ângulo entre o campo magnético do rotor e do campo magnético resultante (é


chamado ângulo do torque). Como induz a tensão ,e induz a tensão , o ângulo
entre e é o mesmo ângulo d que existe entre e .

Pode-se encontrar uma expressão alternativa para o torque induzido no gerador síncrono,
a partir da Equação 43; como , o torque pode ser expresso como:

(Equação 48)

Síntese da geração de uma onda senoidal:

Figura 36 - Síntese da geração de uma onda senoidal.

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Tensão Induzida no Estator a Vazio


Sendo o processo de indução de tensão no estator de máquinas síncronas essencial para o
entendimento do seu funcionamento, no que segue é apresentado brevemente as equações
básicas que regem este fenómeno. Maiores detalhes são encontrados na bibliografia. A análise
permanece válida também para qualquer número de pólos.

A Figura 38 ilustra de forma esquemática o arranjo de uma máquina síncrona, onde para
facilitar a análise, os enrolamentos do estator são concêntricos, ou seja cada fase é alojada em
duas ranhuras de passo diametral (não encurtado). Com base neste arranjo, pode-se estender a
análise para o caso mais geral de enrolamentos distribuídos e com passo encurtado. O rotor
possui dois pólos, a análise continua válida contudo para um número de pólos maior que 2. O
fluxo produzido pelo rotor é assumido como sendo distribuído de forma senoidal sobre a
periferia do estator. Sendo que os geradores são empregados em sistemas com tensões senoidais,
eles são projectados e construídos para que a sua tensão induzida seja o mais próximo possível
de uma senóide. Esta exigência impõe que a distribuição da indução no entreferro deva ser muito
próxima de uma senóide. Isto é obtido basicamente pela forma como os enrolamentos do estator
são distribuídos ao longo da superfície interna do estator. No caso da máquina de pólos salientes
uma influência acentuada na forma da tensão induzida é também exercida pela forma geométrica
dos pólos, os quais são cuidadosamente projectados para produzir uma indução senoidal no
entreferro Figura 37(a). No caso da máquina de pólos lisos a indução aproximadamente senoidal
no entreferro é obtida pela forma como o enrolamento de campo é distribuído sobre a superfície
do rotor e pela relação entre a parte ranhurada e a parte lisa do rotor Figura 37(b). Desta forma, a
hipótese de assumir uma distribuição aproximadamente senoidal para a indução no entreferro
está de acordo com as características construtivas tanto do gerador de pólos lisos como do
gerador de pólos salientes. Sendo que a hipótese se aplica a ambos os tipos de geradores (pólos
lisos e salientes) a formulação que segue se aplica igualmente a ambos. A velocidade de rotação
do rotor também é assumida constante. De acordo com a figura 4, o fluxo produzido pelo rotor é
denominado de Φ e o fluxo concatenado com as N espiras de cada fase é λ = N ⋅Φ . A densidade
de fluxo no entreferro é dada pela expressão:

B(θ) = ⋅cos(θ) (Equação 49)

- Indução máxima no entreferro no centro do pólo;

θ - Ângulo eléctrico medido a partir o eixo magnético do rotor (centro do pólo).

O fluxo sob um pólo é dado pela integral da indução, o qual resulta para uma máquina de
p pólos:

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∫ ( ) (Equação 50)

r - raio da superfície interna do estator;

L - comprimento axial do estator;

p - número do pólos da máquina

A constante 2/p que aparece na expressão acima decorre da conversão entre graus
eléctricos e graus mecânicos. Avaliando-se a expressão acima, resulta para o fluxo sob um pólo:

(Equação 51)

Conforme o rotor gira o fluxo concatenado com cada fase varia com o co-seno do ângulo
entre o eixo magnético da fase e do rotor, dado por α = ω⋅t , onde t é o tempo e ω é a velocidade
angular (rad/s) do rotor. O fluxo concatenado com a fase a é então:

() ⋅ ⋅ ( ) ⋅ ⋅ ( ) ⋅ ⋅ ( ⋅ ) (Equação 52)

A origem do tempo, simbolizado por t, é escolhido como o instante em que o eixo da fase
a coincide com o eixo magnético do rotor. De acordo com a Lei de Faraday, a tensão induzida no
enrolamento da fase a é dada por:

( )
( ) ( ) (Equação 53)

Na expressão acima existem dois termos para a tensão induzida. O primeiro deles é
chamado de tensão de transformação e se deve à variação temporal no fluxo. Este termo está
presente sempre que a amplitude do fluxo variar, mesmo que não haja movimento do rotor. O
segundo termo, chamado de tensão de movimento, é devido ao movimento relativo entre o rotor
e o estator. Ele existe somente quando este movimento existir. Esta tensão é também denominada
de força electromotriz induzida.

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Figura 37 - (a) Rotor de polos salientes, (b) rotor de polos lisos.

No caso da máquina síncrona em regime permanente a corrente de excitação não varia e a


amplitude do fluxo também permanece constante. Desta forma, em regime permanente, a tensão
induzida é dada por:

⋅ ⋅ ⋅ ( ⋅ ) (Equação 54)

Considerando a equação (8), a tensão induzida pode, finalmente, ser escrita como:

⋅ ⋅ ⋅ ( ⋅ ) (Equação 55)

Pode-se ver que a distribuição senoidal da indução leva a uma tensão induzida
igualmente senoidal.

Deve-se notar que expressão acima também pode ser obtida a partir da tensão induzida
em condutor que se movimenta no campo magnético criado pelo rotor. A obtenção da Equação
55 sob este ponto de vista é deixada como um exercício.

A partir da Equação 54 pode-se obter o valor eficaz (RMS) da tensão induzida. Pela
Equação 54, o valor máximo da tensão induzida é dado por:

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(Equação 56)

f - frequência do rotor (Hz)

Utilizando a Equação 54, o valor eficaz da tensão induzida é:

(Equação 57)

A tensão induzida se refere à uma das fases, as demais fases possuem tensões com
mesmas características, mas desfasadas temporalmente de 120º eléctricos. Este desfasamento se
deve ao fato de as fases estarem desfasadas espacialmente 120º eléctricos ( os eixos magnéticos
das fases estão desfasados 120º). A constante N que consta nas equações apresentadas é assim o
número total de espiras em série numa fase.

O tipo de enrolamento concentrado contendo apenas uma bobina, e que foi utilizado na
dedução das expressões da tensão induzida, raramente é utilizado em máquinas síncronas. Em
geral os enrolamentos estão distribuídos em mais de uma bobina alojadas em ranhuras. Além
disso, o passo do enrolamento em geral é encurtado, ou seja os lados das bobinas não estão em
posições diametralmente opostas (180º de desfasagem). Estas medidas contribuem para melhorar
a dissipação térmica da máquina e também melhoram significativamente a forma de onda da
tensão induzida, fazendo com que a mesma apresente um desvio menor em relação a uma
senóide.

Considerando que o enrolamento possa ser distribuído e com passo encurtado, a


expressão do valor eficaz da tensão induzida é dada por:

(Equação 58)

- Factor de enrolamento.

O factor de enrolamento é obtido pelo produto do factor de distribuição e o factor de


encurtamento de passo. Numericamente ele se situa entre 0.8 e 0.95, provocando assim uma
diminuição do fluxo em relação ao caso de enrolamentos concentrados.

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Figura 38 - Arranjo esquemático de uma máquina síncrona.

Operação do Gerador Síncrono em Paralelo com Sistema de Potência


Com certa frequência se requer que dois ou mais geradores síncronos operem
conjuntamente para alimentar uma carga que exceda a saída nominal de um dos geradores. Este
caso é geralmente o que acontece nas redes de energia eléctrica de uma região ou país. A carga
pode variar muito e a operação dos geradores em paralelo é necessária para produzir a
quantidade de energia requerida pelas cargas.

Para se colocar uma máquina síncrona em paralelo com um sistema de potência


(barramento infinito), deve-se as seguintes condições necessárias:

 A máquina síncrona deve ter a mesma sequência de fases do sistema;


 A tensão gerada por fase (ou de linha) na máquina síncrona a ser sincronizada deve ser
rigorosamente igual à do sistema de potência;
 A frequência da tensão gerada pela máquina síncrona deve ser igual à do sistema de
potência.

A operação do paralelismo em máquinas síncronas de grande porte é feita por aparelhos


especiais chamados sincronoscópicos.

Como mencionado anteriormente, a potência desenvolvida pela máquina síncrona,


desprezando a existência da armadura é:

(Equação 59)

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Mantendo a potência activa constante, com o barramento infinito, a tensão e a


frequência são constantes, tem-se:

(Equação 60)

Alterando a corrente de excitação da máquina síncrona, altera-se o módulo da tensão


gerada internamente e o ângulo φ da corrente da armadura , de forma a manter:

Nessas condições não se altera a potência activa que a máquina troca com a rede e sim a
reactiva, como indicado nos diagramas fasorias.

Desprezando a resistência da armadura , conforme a (Equação 15), tem-se os


diagramas fasorias da Figura 39, para as seguintes condições:

Figura 39 - Representação fasorial do gerador síncrono operando com potência constante e com variação da corrente de
excitação.

Resultando da observação dos diagramas de fasores as seguintes curvas em “V”.

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Figura 40 - Gráfico da corrente de armadura em função da corrente de excitação. Curva “V” motor síncrono e gerador
síncrono.

Variando a corrente de excitação ( ), variar-se a corrente do gerador, mas a potência


(P) e a tensão V permanecem constante.

Variando o torque mecânico na máquina síncrona através do controle da vazão de uma


turbina, por exemplo, consequentemente variar-se a potência activa (P) gerada pela máquina
síncrona conectada num barramento infinito, pois a tensão e frequência da rede ficam constantes
impostas pelo barramento infinito, pois:

(Equação 61)

Sabendo que o torque que acciona o gerador e a corrente de excitação podem ser variados
de forma independente, então o operador pode decidir quanto de potência activa e quanto de
potência reactiva há de entregar do gerador para a rede. A carga activa pode ser variada através
do torque de entrada. A carga reactiva pode ser variada através da corrente de excitação.

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Motores Síncronos
Funcionamento do Motos Síncrono
Para simplificar a explicação do funcionamento do motor, ignorar-se-á a resistência da
armadura ( ).

Princípio de Funcionamento
Os motores síncronos possuem o estator e os enrolamentos de estator (armadura) bastante
semelhante aos dos motores de indução trifásicos.

Assim como no motor de indução, a circulação de corrente no enrolamento distribuído do


estator produz um fluxo magnético girante que progride em torno do entreferro.

Campo girante do estator


Quando uma bobina é percorrida por uma corrente eléctrica, é criado um campo magnético
dirigido conforme o eixo da bobina e de valor proporcional à corrente.

Na Figura 41 está indicado a forma de onda de um sistema trifásico equilibrado


constituído por três conjuntos de bobinas dispostas simetricamente no espaço formando um
ângulo de 120º.

Figura 41 - Sistema trifásico equilibrado.

A Figura 42 está representando o enrolamento de um motor trifásico. Se este enrolamento


for alimentado por um sistema trifásico, as correntes , e criarão, do mesmo modo, os seus
próprios campos magnéticos , e . Estes campos são espaçados entre si de 120º. Além

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disso, como são proporcionais às respectivas correntes, serão desfasados no tempo, também de
120º entre si.

O campo total H resultante, a cada instante, será igual à soma gráfica dos três campos ,
e naquele instante.

Figura 42 - Enrolamento de um motor trifásico.

Na Figura 43, está representada esta soma gráfica para seis instantes sucessivos. No
instante (1), a figura 2 mostra que o campo é máximo e que os campos e são negativos
e de mesmo valor, iguais a metade de .

Os três campos representados na figura 3 (parte superior), levando em conta que o campo
negativo é representado por uma seta de sentido oposto ao que seria normal; o campo resultante
(soma gráfica) é mostrado na parte inferior da figura 3 posição (1), tendo a mesma direcção do
enrolamento da fase 1.

Repetindo a construção para os pontos 2, 3, 4, 5 e 6 da figura 1, observa-se que o campos


resultante H tem intensidade “constante”, porém sua direcção vai “girando”, completando uma
volta no fim de um ciclo.

Figura 43 - Soma gráfica para seis instantes suicessivos.

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Velocidade Síncrona
A velocidade síncrona do motor (rpm) é definida pela velocidade de rotação do campo
girante, a qual depende do número de pares de pólos (p) do motor e da frequência (f) da rede. Os
enrolamentos do estator podem ser construídos com um ou mais pares de pólos, que se
distribuem alternadamente (um “norte” e um “sul”) ao longo da periferia do núcleo magnético.

O campo girante percorre um par de pólos (p) a cada ciclo. Assim, como o enrolamento
tem pólos ou pares de pólos, a velocidade do campo será:

(Equação 62)

O motor síncrono possui o rotor com número de pólos correspondente ao número de


pólos do enrolamento do estator. Durante a operação normal em regime, não há nenhum
movimento relativo entre os pólos do rotor e o fluxo magnético do estator, ou seja, estão em
perfeito sincronismo e com isto não há indução de tensão eléctrica no rotor pelo fluxo mútuo e,
desta forma, não há excitação proveniente da alimentação de corrente alternada (CA).

As bobinas dos pólos podem ser feitas com muitas espiras de fio de cobre isolado ou
barras de cobre, dependendo do tipo de rotor utilizado (polos lisos ou polos salientes).

A alimentação do campo (excitação) é feita em Corrente Contínua que, ao circular pelos


enrolamentos de campo, os pólos são magneticamente polarizados, tornando-se alternadamente
pólos norte e sul.

A excitação em corrente contínua pode ser aplicada no campo através dos porta-escovas e
anéis colectores ou por um sistema de excitação sem escova e com controle electrónico
(brushless).

Curva do Binário
Os motores síncronos manobram cargas, basicamente com velocidade constante. Estão
normalmente ligadas a sistemas de alimentação de potência muito superior à dos motores – rede
com potência infinita – o que significa que a tensão de frequência serão constantes qualquer que
seja a potência absorvida pelo motor. A curva de binário resultante está apresentada na Figura
44, onde se pode observar que a velocidade do motor é constante desde a situação de vazio até a
situação de carga máxima.

O binário é dado por:

(Equação 63)

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Ou seja:

(Equação 64)

Figura 44 - Curva do binário.

Isto é, o binário máximo ocorre quando δ = 90º. No entanto, normalmente, o binário


corresponde a cerca de 3 vezes o binário máximo da máquina a ligar o motor.

Excedendo-se o valor de binário máximo, o rotor já não consegue permanecer ligado ao


campo girante, começa a ter escorregamento, com um binário oscilante e fazendo vibrar
severamente o motor síncrono – perda de sincronismo.

Da expressão anterior, do binário induzido, também se pode verificar que quanto maior o
valor da corrente de campo (e, consequentemente de ), tanto maior o binário máximo do motor
síncrono.

Efeito da variação de Carga


Existindo uma carga ligada ao veio do motor, este desenvolverá o binário suficiente para
manter a carga a rodar à velocidade síncrona. A Figura 45 mostra o que sucede quando a carga,
sobre o motor, varia. Partindo duma situação de e , se o binário resistente aumentar, o
rotor começa a abrandar. Com esta diminuição de velocidade o ângulo de binário δ aumenta e o
binário induzido pelo motor aumenta também. Com este aumento de binário do motor, o rotor
acelera até atingir novamente a velocidade de sincronismo, embora com um ângulo de binário
maior. Recorde-se que isto é, depende apenas da corrente de campo e da

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velocidade. Como a velocidade é constante (enquanto não se alterar a frequência da rede de


alimentação) e como não se alterou a corrente de campo, então o módulo de tensão induzida | |,
deverá permanecer constante, mesmo existindo alterações de carga. No entanto a projecção de
, bem como os valores de e de (φ é o ângulo entre a corrente e a tensão de
fase , isto é, a sua projecção é o factor de potência),aumentam, isto é, o vector ,
desloca-se para baixo, sobre uma circunferência, o que implica que a quantidade têm que
aumentar para conseguir atingir , o que por seu turno implica que aumente, ou seja que a
potência absorvida pelo motor se torne maior. Refira-se que o ângulo φ também se altera,
tornando-se cada vez menos capacitivo ( e ), resistivo ( ) e depois cada vez mais indutivo
( ,…).

Figura 45 - Efeito da variação de carga no motor síncrono.

Efeito da variação da corrente de campo


Observe na Figura 46, em que se parte da situação em que o motor opera com um factor
de potência capacitivo ( e ). Aumentando-se o valor da corrente de campo, aumenta-se o
valor de mas não se afecta o valor da potência activa. Este apenas se altera quando a carga
varia. Como a variação de corrente de campo não afecta a velocidade de rotação e dado que
não se alterou a carga, então a potência absorvida pelo motor permanece constante. Também a
tensão de fase se mantêm constante, dado que a tensão da rede não se alterou. Desta forma,
as distâncias , e , proporcionais a potência , terão que permanecer constantes.
Como se aumentou , aumentou-se , o que apenas pode acontecer se aquelas quantidade se
movimentarem ao longo de uma linha de potência constante.

De notar que, à medida que o valor de aumenta, o valor da corrente começa por
diminuir e depois aumenta. Para baixos valores de , a corrente surge atrasada e o motor
comporta-se como uma carga indutiva, consumindo potência reactiva Q. Aumentado , a
corrente vai diminuindo, tornando-se cada vez menos indutiva, passa por uma situação em que

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esta em fase com – o motor comporta-se como uma carga resistiva – e seguidamente
começa a aumentar, adiantando-se a isto é, o motor passa a comportar-se como uma carga
capacitiva, fornecendo potência reactiva a rede.

Figura 46 - Efeito da variação da corrente de campo.

Na Figura 47 esta desenhado o comportamento genérico do motor síncrono, em função


das correntes e . Cada uma das possíveis curvas, corresponde a um valor diferente de
potência. Para cada curva, a corrente mínima ocorre para um factor de potência unitário. Para
qualquer outro ponto da curva, existe alguma energia reactiva fornecida ou consumida.

Figura 47 - Comportamento de um motor síncrono.

Em resumo, controlando a corrente de campo, controla-se o consumo ou produção de


energia reactiva, isto é, têm-se uma forma controlada de maior factor de potência, com uma
máquina síncrona.

Os vários tipos possíveis de operação, da máquina síncrona, estão resumidos no quadro


seguinte.

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Tabela 2 - Tipos de operação.

Arranque de máquinas síncronas


Na Figura 48 vê-se um esquema do motor síncrono no momento em que a tensão é
aplicada aos enrolamentos do estator. Como o rotor está inicialmente parado, também o seu
campo magnético é estacionário e portanto “vê” o campo estatórico (campo girante) passar por
ele 50 vezes por minuto. A expressão do binário induzido é:

(Equação 65)

Figura 48 - Esquema do motor síncrono no momento em que a tensão é aplicada aos enrolamentos do estator .

Assim, durante o ciclo eléctrico. O binário induzido teve um sentido directo e depois um
sentido indirecto, sendo o binário médio induzido nulo, ao longo de um ciclo. O efeito prático é
que a máquina vibra, tenta rodar para um lado depois para o lado contrário, sucessivamente
fortemente não arranca e finalmente sobreaquece.

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Soluções para o arranque


 Motor auxiliar

Acoplando um motor auxiliar, faz-se rodar até a velocidade de sincronismo. Seguidamente


ligam.se os enrolamentos estatóricos a tensão da rede e desacopla-se o motor auxiliar. Esta forma
de arranque é praticamente adequada nos casos em que a máquina síncrona serve como gerador,
necessitando por isso, de algo que lhe forneça a energia mecânica rotacional, desempenhando o
motor que fornece energia mecânica, o papel de colocar a m´quina síncrona a rodar a velocidade
de sincronismo na fase de arranque.

 Redução de frequência

Reduzir a frequência e consequentemente velocidade de rotação do campo gitrante, de forma que


o rotor possa acelerar e acoplar-se magneticamente com ele, no intervalo de meio ciclo de
rotação do campo girante. Seguidamente aumenta-se a frequência da tensão de alimentação até o
seu valor nominal. Esta forma de arranque é hoje facilmente conseguida com recurso a
electrónica de potência, através dos variadores de frequência.

 Enrolamentos amortecedores

É o meio mais popular. Os enrolamentos amortecedores são barras especiais, encastradas nas
faces do rotor curto circuitadas nas extremidades por anéis. A forma de funcionamento está
representada na figurax, quando se aplica a tensão aos enrolamentos estatóricos com os
enrolamentos rotóricos desligados, gera-se um campo magnético girante que induz uma tensão
nas barras do enrolamento amortecedor expressa por:

( ) (Equação 66)
Onde:

– Velocidade da barra , relativamente ao campo magnético;

– Densidade do fluxo;

– Comprimento da barra.

As tensões induzidas produzem uma corrente que flui na direcção a partir das barras
superiores para as barras inferiores comos e pode ver na Figura 50. Resultando num campo
magnético induzido . A expressão do binário induzido é:

(Equação 67)

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Resultado num binário nas barras, por consequência no rotor, no sentido directo. Notar
que o binário é por vezes directo e por outras vezes é nulo, mas sempre unidireccional isto é, um
binário líquido numa só direcção, implicando uma aceleração do rotor.

Figura 49 – Funcionamento do enrolamentos amortecedores.

Figura 50 - Sentido da corrente induzida.

Refira-se, por fim que o rotor acelera, mas não até a velocidade de sincronismo, o que é
fácil entender pelo princípio da indução f.e.m., que obriga a que haja movimento relativo entre o
campo girante e o rotor. No entanto a velocidade de rotação que atinge, é próxima da de
sincronismo, o que permite que a alimentação CC normal dos enrolamentos do rotor possa ser
ligada e conseguindo o campo magnético do rotor “prender-se” ao campo girante, acelerando o
rotor para a velocidade de sincronismo.

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Vantagens
A aplicação dos Motores Síncronos na indústria, na maioria das vezes, resultam em
vantagens económicas e operacionais consideráveis ao usuário devido a suas características de
funcionamento. Dentre as vantagens económicas da utilização dos motores síncronos, as
principais são:

 Alto rendimento;
 Corrigir o factor de potência da rede

Ainda podemos citar as vantagens operacionais específicas dos motores síncronos:

 Características de partidas especiais;


 Velocidade constante sob variações de carga;
 Manutenção reduzida.

Alto Rendimento
Além de considerarmos o custo inicial na aquisição do motor síncrono, devemos
considerar os ganhos que podem ser obtidos pelos baixos custos operacionais.

Quando basicamente se considera o rendimento na escolha do motor, um motor síncrono


com FP=1.0 é usualmente a solução.

Sendo a potência reactiva (kVAr) desnecessária, e aplicável somente a potência real


(kW), a corrente de linha é minimizada, resultando em menor perda I2R no enrolamento do
estator.

Uma vez que a corrente de campo requerida é a mínima praticável, haverá menor perda
I2R no enrolamento de campo da mesma forma. Com excepção das situações onde um alto
conjugado é requerido, a baixa perda nos enrolamentos do estator e de campo permitem que o
motor síncrono com FP=1.0 seja construído em tamanho inferior aos motores síncronos com FP=
0.8 de mesma potência.

Assim, os rendimentos do motor síncrono com FP=1.0 são geralmente superiores aos do
motor de indução de mesma potência.

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Figura 51- Comparativo entre os rendimentos dos motores síncronos com FP=0,8, FP=1,0 e motores de indução.

Correcção do Factor de Potência


Os sistemas de potência de energia eléctrica são baseados não somente em potência
activa em kW gerada, mas também no factor de potência na qual ela é fornecida.

Penalidades podem ser aplicadas ao consumidor, quando o factor de potência da carga


está abaixo de valores especificados. Estas penalidades (multas) ocorrem devido ao fato de que
baixo factor de potência representa um aumento da potência reactiva (kVAr) requerida e
consequentemente, um aumento da capacidade dos equipamentos de geração e transmissão de
energia eléctrica.

Nas indústrias, geralmente predominam as cargas reactivas indutivas, que são os motores
de indução de pequeno porte ou de rotação baixa, as quais requerem considerável quantidade de
potência reactiva (kVAr) consumida como corrente de magnetização.

Para suprir a necessidade da rede de potência reactiva, além da possibilidade de utilização


de bancos de capacitores, os motores síncronos são frequentemente utilizados com esta
finalidade.

O factor de potência dos motores síncronos pode ser facilmente controlado devido ao fato
de possuírem uma fonte separada de excitação, e desta forma, podem tanto aumentar a potência
sem geração de potência reactiva (motor com factor de potência unitário), ou também gerar
potência reactiva necessária (motor com factor de potência 0.8). Desta forma, o motor síncrono,
dependendo da aplicação, pode fornecer a potência útil de accionamento necessária com redução
benéfica da potência total do sistema.

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Características Especiais de Partida


Grandes moinhos de bolas para minério de ferro e moagem de cimento e compressores
são alguns exemplos de aplicações onde é requerido alto conjugado de partida (150 a 200 % do
conjugado nominal).

Devido às limitações do sistema de alimentação, normalmente se desejam baixas


correntes de partida (rotor bloqueado). A combinação de alto conjugado com baixa corrente de
partida pode ser melhor atendida pelo motor síncrono sem afectar as características de
funcionamento em regime.

A redução da corrente de partida, normalmente pode ser alcançada por um projecto


especial dos enrolamentos do estator e amortecedor. A opção de partida com redução de tensão,
também é uma alternativa utilizada para reduzir a corrente, porém com redução do conjugado.

Manutenção Reduzida
Por não necessitar de contactos eléctricos deslizantes para seu funcionamento, os motores
síncronos BRUSHLESS não possuem escovas e anéis colectores e com isso eliminam a
necessidade de manutenção, inspecção e limpeza nestes componentes.

Características de Funcionamento
Conjugados
O projecto do motor síncrono sempre deve ser feito levando-se em consideração as
características da carga a ser accionada e com isto os conjugados e inércia têm uma importância
muito grande na especificação do motor.

a) Conjugado de partida

É o conjugado que o motor deve desenvolver para vencer o conjugado resistente da carga
parada ou seja, é o conjugado de partida da carga.

b) Conjugado de Sincronização

É o conjugado que o motor deve desenvolver para atingir a velocidade adequada onde a
aplicação do campo de excitação levará o motor ao sincronismo (pull-in torque).

c) Conjugado Máximo em Sincronismo

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É o conjugado que o motor deve desenvolver para manter o motor em sincronismo no


caso de sobrecargas momentâneas (pull-out torque).

Inercia
Motores Síncronos para accionar cargas de alta inércia são construídos em carcaças
maiores para atender as condições de aceleração. O tempo que o motor leva para acelerar
provoca aquecimento no enrolamento amortecedor e portanto, este deve ser projectado para
atender as condições de partida.

A definição correta da inércia da carga, juntamente com as análises dos conjugados do


motor e da carga são imprescindíveis para que o motor atenda as condições de partida e
aceleração.

Partida
O enrolamento amortecedor, que funciona como a gaiola do motor de indução, é o
responsável pela partida e aceleração do motor síncrono. Desta forma, os conjugados de partida e
sincronização variam com o quadrado da tensão aplicada e a corrente de partida é proporcional a
tensão aplicada, como no motor de indução.

Figura 52 - Curva característica de partida de um motor síncrono em plena tensão.

O motor síncrono parte como um motor de indução, acelera a carga até o ponto onde o
conjugado do motor iguala o conjugado resistente da carga. Usualmente este ponto ocorre com
95% da rotação síncrona ou acima e nesta situação a tensão de excitação é aplicada no motor e o
rotor sincroniza, ou seja, irá acelerar a inércia combinada do rotor do motor mais a da carga até
rotação síncrona precisa.

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As características das cargas a serem accionadas determinam as condições de aceleração


e sincronismo. Em cargas com alto de conjugado resistente, o enrolamento amortecedor deve
levar o conjunto carga e motor a acelerar em um tempo maior do que para um conjugado
resistente menor.

O projecto adequado do enrolamento amortecedor requer o conhecimento preciso do


conjugado resistente da carga. Conforme a curva característica de partida do motor síncrono, o
conjugado de partida diminui a medida em que se aproxima da rotação síncrona. Em aplicações a
cargas com curva parabólica de conjugado resistente e considerando que a 98% da rotação
síncrona o valor deste conjugado seja igual ao conjugado nominal da carga, será necessário que o
motor consiga desenvolver um conjugado igual ou superior ao conjugado da carga neste ponto.

Se o conjugado do motor especificado, com 95% da rotação síncrona for igual ao


conjugado máximo da carga, o mesmo não conseguirá desenvolver este conjugado a 98% da
rotação síncrona e o motor não sincroniza. Desta forma, para que a partida e sincronismo do
motor síncrono sejam garantidos, a análise da curva de conjugado de partida deve ser sempre
acompanhada pela análise da curva de conjugado resistente da carga.

Partida assíncrona
O principal método utilizado para partida dos motores síncronos é a partida assíncrona
através da gaiola de esquilo com o enrolamento do rotor curto-circuitado ou conectado a uma
resistência usualmente chamada resistência de partida ou resistência de descarga.

Através da partida assíncrona, o rotor acelera a uma velocidade muito próxima da


velocidade síncrona, com um pequeno escorregamento em relação ao campo girante. Neste
momento, aplica-se uma corrente contínua no enrolamento do rotor, levando o motor ao
sincronismo.

Nas máquinas com escovas, utiliza-se um relé de aplicação de campo, enquanto nos
motores brushless, utiliza-se um circuito electrónico de disparo instalado junto de um disco
girante. A função deste circuito electrónico e do relé de aplicação de campo é gerenciar a
sequência de partida do motor síncrono, desde o fechamento (curto-circuito) do rotor até a
aplicação da corrente no campo.

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Figura 53- Comportamento da corrente do estator (Is) e do rotor (Ie) na partida assíncrona.

Corrente de Partida
Durante a partida dos motores síncronos brushless, o enrolamento de campo é curto
circuitado através do circuito de disparo. Enquanto o motor permanecer parado, a frequência da
corrente de campo é inicialmente igual a freqüência da rede (60Hz para rede de 60Hz) e diminui
a medida em que a rotação do motor aumenta.

Quando a excitação é ligada, a rotação do motor deve estar próximo da rotação de


sincronismo (em torno de 95% da rotação síncrona) e a frequência da corrente de campo estará
em torno de 3Hz. A corrente do estator também oscila durante o processo de partida,
estabilizando após o sincronismo do motor.

Tipos de Excitação
Os motores síncronos necessitam de uma fonte de corrente contínua para alimentar o
enrolamento de campo (enrolamento do rotor), que usualmente é suprido através de anéis
colectores e escovas (excitatriz estática) ou através de uma excitatriz girante sem escovas
(brushless).

Excitatriz estática (com escovas)


Motores Síncronos com excitatriz do tipo estática são constituídos de anéis colectores e
escovas que possibilitam a alimentação de corrente dos pólos do rotor através de contacto
deslizante. A Corrente Contínua para alimentação dos pólos deve ser proveniente de um

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conversor e controlador estático CA/CC. A excitatriz estática actualmente está sendo muito
utilizada em aplicações com variação de velocidade através de Inversores de Frequência.

Figura 54 - Excitatriz estática (com escovas).

Excitatriz brushless (sem escovas)


Motores Síncronos com sistema de excitação brushless possuem uma excitatriz girante,
normalmente localizada em um compartimento na parte traseira do motor. A excitatriz funciona
como um gerador de corrente alternada onde o rotor que fica localizado no eixo do motor, possui
um enrolamento trifásico e o estator é formado por pólos alternados norte e sul alimentados por
uma fonte de corrente contínua externa.

O enrolamento trifásico do rotor é conectado a uma ponte de díodos rectificadores. A


tensão gerada no rotor é rectificada e utilizada para a alimentação do enrolamento de campo do
motor. A amplitude desta corrente de campo pode ser controlada através do rectificador que
alimenta o campo do estator da excitatriz. Os motores síncronos com excitação brushless
possuem um custo de manutenção reduzido devido ao fato de não possuírem escovas.

Por não possuírem contactos eléctricos deslizantes, eliminando a possibilidade de


faiscamento, os motores síncronos com excitação do tipo brushless são recomendados para
aplicações em áreas especiais com atmosfera explosiva.

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Figura 55 - Excitatriz brushless (sem escovas).

Partes Construtivas
ESTATOR

Carcaça
Sua função principal é apoiar e proteger o motor, alojando também o pacote de chapas e
enrolamento do estator. Podem ser construídas nos tipos horizontais e verticais e com grau de
protecção de acordo com as necessidades do ambiente. A carcaça é construída em chapas e perfis
de aço soldadas, com as junções feitas através de solda tipo MIG, formando um conjunto sólido e
robusto que é a base estrutural da máquina. Todo o conjunto da carcaça recebe um tratamento de
normalização para alívio de tensões provocadas pela solda.

Tal construção proporciona excelente rigidez estrutural de maneira a suportar esforços


mecânicos proveniente de eventual curto-circuito e baixas vibrações, capacitando o motor a
atender as mais severas solicitações. Internamente a carcaça é constituída por longarinas
dispostas na periferia para fixação do pacote de chapas com seu respectivo enrolamento.
Normalmente a carcaça é apoiada sobre uma base metálica rígida (chapa de aço), e esta por sua
vez apoiada sobre a base de concreto. A fixação da base metálica ao concreto é feita através de
chumbadores.

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Figura 56 - Carcaça.

Estator bobinado
É constituído de partes magnéticas estacionárias, incluindo o pacote laminado de chapas
de aço silício e o enrolamento do estator, que opera com alimentação de potência em corrente
alternada para gerar o campo magnético girante.

Figura 57 - Estator Bobinado.

Pacote de chapas
É formado por lâminas de aço silício com baixas perdas, prensadas, e o conjunto fixo
através de viga metálica ou sistema de longarinas.

EXCITATRIZ
Sua função é fornecer corrente magnetizante para o bobinado de campo do motor. A
excitatriz brushles (sem escovas) é composta pelo rotor, estator, díodos rectificadores e circuito

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de disparo. A excitatriz estática é composta de anéis colectores e escovas e depende de uma fonte
externa para alimentação do campo do motor.

Figura 58 - a) Motor com escovas; b) Excitatriz brusheless.

ROTOR
O rotor pode ser construído com pólos lisos ou salientes dependendo das características
construtivas do motor e da aplicação. Consiste nas partes activas giratórias compostas da coroa
do rotor, o enrolamento de campo e o enrolamento amortecedor.

Os pólos de campo são magnetizados através da corrente directa da excitatriz ou


directamente por anéis colectores e escovas; eles engrenam magneticamente pelo entreferro e
giram em sincronismo com o campo girante do estator.

O rotor do motor síncrono de pólos salientes compreende em eixo, roda polar e pólos. Os
pólos são fabricados com chapas de aço laminado que são fixadas através de barras de aço que
são soldadas nas extremidades. As bobinas de campo são feitas de fios de cobre esmaltados ou
barras de cobre planas.

Figura 59 - Rotor de polos salientes.

Após bobinados e impregnados, os pólos são fixados ao eixo ou a roda polar, através de
parafusos, por cima ou por baixo do pólo, ou conectados por meio de rabo de andorinha. O
enrolamento amortecedor está alojado nos pólos e é feito de barras de cobre ou outro material
dependendo do projecto do motor.

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Após montagem final e impregnação, o rotor completo é balanceado dinamicamente em 2


planos. O rotor do motor síncrono de pólos lisos compreende em eixo, pacote de chapas
laminado e enrolamento dos polos. O enrolamento é alojado nas ranhuras do rotor formando os
pólos.

Figura 60 - Rotor de polos lisos.

Eixo
Os eixos são fabricados de aço forjado ou laminado e usinados exactamente conforme as
especificações. A ponta de eixo normalmente é cilíndrica ou flangeada.

Enrolamento amortecedor
Está alojado em ranhuras localizadas nas sapatas polares do rotor de polos salientes ou a
superfície externa do rotor de polos lisos. É constituído de barras que atravessam a ranhura e são
curto-circuitdas nas extremidades formando uma gaiola. O enrolamento amortecedor atua na
partida do motor síncrono, como também garante estabilidade de velocidade perante a variações
bruscas de carga.

Figura 61 - Enrolamento amortecedor.

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MANCAIS
Em função da aplicação, os motores síncronos podem ser fornecidos com mancais de
rolamentos lubrificados a graxa ou mancais de deslizamento com lubrificação a óleo. Os mancais
de deslizamento podem ter lubrificação natural (auto lubrificáveis) ou lubrificação forçada
(lubrificação externa).

Mancais de Rolamentos
Lubrificados a graxa, estes mancais são constituídos de rolamento de esferas ou de rolos
cilíndricos, dependendo da rotação e dos esforços axiais e radiais a que são submetidos. Em
algumas aplicações podem ser utilizados rolamentos especiais.

Figura 62 - Mancais de rolamentos.

Mancais de deslizamento com lubrificação natural

Quando o rotor gira, o óleo lubrificante é recolhido pelo anel pescador interno e
transferido directamente à superfície do eixo criando uma camada de óleo entre o eixo a
superfície dos casquilhos do mancal.

O aquecimento de fricção é dissipado somente por radiação ou convecção, entretanto, a


temperatura ambiente deve ser informada quando da especificação do motor, para que seja
garantida a refrigeração natural.

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Figura 63 - Mancais de deslizamento com lubrificação natural.

Lubrificação Forçada
O óleo lubrificante circula no mancal através um sistema de alimentação externa de óleo
e, se necessário é resfriado em uma unidade hidráulica separada. Este sistema torna-se necessário
quando a lubrificação natural do mancal, proveniente do anel pescador interno de lubrificação, é
insuficiente devido a rotação específica requerida ou altas perdas por atrito.

Figura 64 - Lubrificação forçada.

SÍNTESE
PARTIDA

Ligando-se o enrolamento trifásico à rede, então o campo girante do enrolamento do


estator, que não tem inércia, inicia imediatamente o seu movimento à plena velocidade, actuando
apenas instantaneamente sobre os pólos fixos do rotor.

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Nesta fase, não se pode formar o conjugado necessário para vencer a inércia da massa do
rotor. Por esta razão, o motor síncrono em repouso não parte por si. O rotor, sem carga, tem que
iniciar o seu movimento em função de um outro motor ou de um dispositivo de partida
assíncrono (por exemplo um anel de curto-circuito), até que sua velocidade alcance um valor
próximo ao nominal do campo girante.

Pela ligação da excitação de C.C., o próprio rotor se aproxima do movimento dos pólos
do campo girante, pois estes atuam continuamente sobre o rotor. Devido a este movimento igual
de rotação, entre o campo girante e o rotor, este tipo de máquina é chamada de síncrona
(sincronismo entre campo do estator e rotor).

EM VAZIO

Em virtude da carga, que o atrito ocasiona, os pólos do rotor nunca alcançam a mesma
velocidade do campo girante do estator permanecendo em atraso por um certo ângulo (ângulo de
carga δ da (Figura 65).

Os pólos que giram, induzem uma f.e.m. no enrolamento do estator, f.e.m. esta que
permanece em atraso em relação à tensão de rede pelo ângulo de carga δ. A diferença de tensão
ΔU entre a tensão de rede e a f.e.m., é o factor que determina o valor da corrente do estator ( )
que em vazio é praticamente igual a corrente de magnetização (corrente reactiva)

Figura 65 - Representação dos enrolamentos do estator e rotor de uma máquina síncrona e seu diagrama fasorial para
condição em vazio.

SOB CARGA

Quando a máquina recebe uma carga mecânica, os pólos do rotor ficam tanto mais em
atraso em relação aos pólos do estator quanto maior a carga, sem que com isto a rotação síncrona
sofra qualquer alteração.

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Em virtude do ângulo de carga maior, a f.e.m. em atraso aumenta o seu valor em relação
a tensão da rede, com isto também eleva-se a diferença de tensão ΔU no estator, e a corrente
absorvida ( ) se eleva.

Uma corrente mais elevada no estator origina um campo girante mais forte e este
desenvolve, com o campo do rotor, uma elevação do conjugado para vencer a carga. Disto
resulta uma grande estabilidade de rotação e a possibilidade de elevada sobrecarga de 1,8 vezes o
conjugado nominal.

Somente com uma sobrecarga acima deste valor o ângulo de carga aumenta
acentuadamente, reduzindo a força de atracção entre os pólos do estator e do rotor. Nestas
condições a rotação do rotor cai acentuadamente em relação à do campo girante, sai do
sincronismo e para rapidamente. Simultaneamente, em virtude da inexistência da f.e.m. ( ), a
corrente do estator sobe rapidamente.

A corrente absorvida pelo estator não depende entretanto apenas da carga, mas também
da excitação do enrolamento do rotor. Quando o valor da corrente de excitação é baixo, a f.e.m.
( ) também é baixa, e o enrolamento do estator absorve a potência indutiva necessária para
construir o campo magnético, na forma de uma corrente em atraso à tensão da rede.

Se a corrente de excitação é elevada sem alteração da carga, eleva-se também a f.e.m. no


estator; chega-se o momento no qual a corrente do estator , que está em atraso em relação
com a tensão activa do estator ΔU, fica em fase com a tensão da rede (cosφ =1).

Continuando a elevação da corrente de excitação do rotor, resulta uma corrente adiantada


em relação à tensão da rede. Isto significa que o motor síncrono não absorve mais potência
indutiva, mas sim fornece potência.

Figura 66 - Digrama fasorial da máquina síncrona com carga e o comportamento da velocidade em função.

Princípios de operação e características do motor síncrono de pólos lisos


A tensão gerada internamente no enrolamento do estator, desprezando a resistência da
armadura é dada por:

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̇ ̇ ̇ (Equação 68)

E sua representação fasorial está na Figura 67, para diferentes correntes de excitações e o
motor síncrono em operação com potência constante.

Figura 67 - Representação fasorial do motor síncrono operando com potência constante e com variação da corrente de
excitação.

Para que a potência activa permaneça constante, o segmento ̅̅̅̅ e o segmento


̅̅̅̅ para condição de excitação deve ficar sempre constante. O ângulo de potência (δ)
varia para ajustar o novo valor de .

Pois a potência activa é:

(Equação 69)

Como a potência mecânica solicitada pelo motor é constante, a potência absorvida


também o é. O produto e permanecem constantes. Daí:

 Mínima excitação ou subexcitação → indutivo.

Quando a corrente de excitação é reduzida, tem-se:

o Redução do fluxo magnético produzido pela excitatriz ( )


o Como a carga mecânica é constante, a potência desenvolvida também é, para isso,
a armadura deve reagir com uma corrente atrasada produzindo um fluxo
magnético que produz um efeito magnetizante para garantir um fluxo
magnético resultante no entreferro constante , que

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garantirá um torque desenvolvido constante e consequentemente uma potência


desenvolvida constante.

 Máxima excitação ou sobreexcitação→ capacitivo.

Quando aumenta-se a corrente de excitação, tem-se:

o Aumento do fluxo magnético produzido pela excitatriz ( );


o Como a carga mecânica é constante, a potência desenvolvida também é, para
isso, a armadura deve reagir com uma corrente adiantada produzindo um
fluxo magnético que produz um efeito magnetizante para garantir um
fluxo magnético resultante no entreferro constante ,
que garantirá um torque desenvolvido constante e consequentemente uma
potência desenvolvida constante.

Figura 68 - Gráfico da corrente de armadura em função da corrente de excitação. Curva “V” da máquina síncrona
operando como motor.

A Figura 69 apresenta o comportamento do torque desenvolvido pelo motor em função


da velocidade e a potência desenvolvida pelo motor em função do ângulo de potência ou de
carga (δ).

Figura 69 - Torque do motor em função da velocidade e potência desenvolvida pelo motor em função do ângulo de
potência ou de carga (δ)

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