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Atividade Contextualizada: A Redução da Maioridade Penal como

Suposta Solução para o Problema da Impunidade.

Beatriz Rodrigues Sousa


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Direito

A sistemática de controle judicial aplicável aos inimputáveis – pessoas com idade entre
12 e 18 anos incompletos – que incorrerem na prática de conduta típica equivalente a
crime ou contravenção penal, assim definida pelo ECA como ato infracional, é baseada
na responsabilização através de medidas socioeducativas. Atualmente, no Brasil,
cumprem medida socioeducativa de internação, seja provisória ou por sentença, cerca
de 22.642 jovens, sendo 8.085 apenas do Estado de São Paulo, dos quais 96% são do
sexo masculino, 60% estão entre 16 e 17 anos, e 75% são negros. Observa-se também
patente relação entre a evasão escolar, até um ano antes e dois anos depois, e a idade
da primeira infração. Além do mais, fatores como a vulnerabilidade socioeconômica e a
insuficiência de amparo familiar, conduzem, cada vez mais cedo, ao ato infracional. Da
mesma forma, as condições precárias dos centros socioeducativos e a violência
institucional, além da ausência de participação familiar no processo ressocializador,
aumentam a probabilidade de reincidência, em até seis meses, segundo dados
divulgados pelo CNJ (DMF - 2018) e Instituto Sou da Paz (2017). Não se olvida que tal
sistema encontra dificuldades para oferecer aos adolescentes e suas famílias, durante a
execução da medida e após a extinção, a efetiva ressocialização. Contudo, a ineficácia
das medidas não implica necessariamente em impunidade. Ao contrário, há punição,
por vezes imposta de modo deveras gravoso, não obstante ao que determina o art. 122
do ECA. Aliás, apenas em São Paulo, 80% dos educandos cumprem sanção por
condutas equiparadas a roubo e tráfico de drogas, e menos de 10%, por homicídios,
latrocínios e estupros. Nesse contexto, proposição acerca da redução da maioridade
penal e consequente aumento da rigidez de punições não é recomendável, por se
revelar incompatível com o Estado Democrático de Direito. É preciso, na verdade,
investimento prático no acompanhamento dos jovens egressos do sistema, enquanto
útil aos objetivos do processo ressocializador, mormente porque o retorno ao convívio
social necessita de intervenções intensivas e consistentes, a fim de que o menor possa
assimilar valores adequados. Não se deve almejar vingança, e sim um efetivo
cumprimento da lei, porquanto incumbe ao poder público propiciar ao infrator, com
observância dos preceitos legais, ambiente adequado às circunstâncias pedagógicas e
protetivas de seu desenvolvimento, visando, sobretudo, sua adequada ressocialização.

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