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Revolta DOS MALÊS

introdução

A Revolta dos Malês foi uma revolta de escravos que aconteceu na cidade de Salvador, na
Bahia, em 1835. Essa foi a maior revolta de escravos da história do Brasil e mobilizou cerca
de 600 escravos que marcharam nas ruas de Salvador convocando outros escravos a se
rebelarem contra a escravidão. A Revolta dos Malês acabou fracassando e os envolvidos
foram duramente punidos.
Os envolvidos nessa revolta foram, em sua maioria, escravos nagôs (também conhecidos
como iorubás) e haussás – embora os segundos estivessem em menor número. Em geral,
os participantes eram muçulmanos, embora tenham existido aqueles que fossem adeptos
de religiões de matriz africana.
A Revolta dos Malês teve oito líderes, cuja maioria era nagô. Seus nomes eram Ahuna;
Pacífico Licutan; Sule ou Nicobé; Dassalu ou Damalu; Gustar; Manoel Calafete (liberto);
Luís Sanim; e Elesbão do Carmo ou Dandará.

Quem foram os malês


Malê era o nome dado, na Bahia, para os negros escravizados que possuíam origem
muçulmana.
Eles eram alfabetizados e eram escravos de ganho, que trabalhavam para seus senhores
em serviços urbanos que rendiam dinheiro. A maior parte do dinheiro recebido era entregue
ao dono do escravo.

Contexto Histórico
Em meados do século XIX, muitas revoltas ocorreram no país, decorrente do
descontentamento de grande parte da população, onde os escravos almejavam o fim da
escravidão no país.

A insatisfação dos escravos se espalhou para a Bahia. Aí havia maior concentração de


escravos, então facilmente se uniam para causar levantes.

Além disso, os escravos de ganho andavam pela cidade e eram letrados, sendo peça chave
para articular uma rebelião desta proporção. Não à toa, foi a maior rebelião escravista já
vista no Brasil dessa época.

Claramente, além das motivações históricas que sempre se opuseram àquele sistema
político e econômico – baseado na mão de obra escrava, essa revolta ainda clamava por
liberdade religiosa.

Objetivos e planos
Os planos dos malês consistiam em:

● Tomar a cidade de Salvador e engenhos de açúcar e fumo para libertar todos os


escravos africanos;
● Acabar com o catolicismo, recolher as imagens das igrejas e queimá-las em praça
pública;
● Assassinar as pessoas brancas por envenenamento e confiscar seus bens e
incendiar suas casas;
● Além de tomar o poder do império, assumir o controle da cidade e encerrar o regime
escravista local. Porém planejavam escravizar qualquer pessoa que não fosse
muçulmana, consequentemente brasileiros negros e mestiços.

Eles reivindicavam por liberdade para expressar sua religião sem qualquer restrição. Pois
no Brasil do século XIX, com exceção do cristianismo, todas as religiões eram consideradas
profanas.

Desta forma, os malês planejavam fundar uma república islâmica ortodoxa na Bahia, que
dominaria a princípio a cidade de Salvador e o Recôncavo baiano e posteriormente iriam
dominar o estado de Pernambuco, após libertar todos os escravizados muçulmanos.

O plano era atacar a cidade pela manhã do 25 de janeiro. Era domingo e a população
estava reunida em torno da igreja do Senhor do Bonfim, o que seria o cenário perfeito para
um ataque surpresa. E eram também o último dia de jejum do Ramadã

Desfecho
Na madrugada do dia 24 para 25 de janeiro, a ex-escrava Guilhermina de Souza,
juntamente com seu marido, Liberte Fortunato, em sinal de lealdade ao seu ex-patrão e,
justamente por já serem libertos e não fazerem parte do motim, denunciaram os malês.
A polícia agiu rapidamente para reprimir o levante.

Uma reunião de líderes do movimento acontecia no porão da casa do escravo Manuel


Calafate quando a polícia chegou.

A batalha se concentrou onde atualmente é a Praça Castro Alves. A consequência deste


embate foi um grande banho de sangue negro, pois a polícia agiu de maneira devastadora
sobre o levante.

A revolta do Malês foi repreendida de maneira bastante violenta. O resultado deste conflito
foi que 70 negros foram mortos. Outros escravizados tentaram fugir nadando pelo mar,
porém, sem sucesso.

Alguns negros foram açoitados, outros foram deportados para outro lugares do Brasil e da
África, outros permaneceram presos.

A pena mais pesada foi para Pacifico Licutan, que recebeu 1.200 chibatadas, referente à
pena de morte.

Consequências
A Revolta dos Malês acabou, mas a insegurança e o medo tomaram conta da Bahia durante
algum tempo. Essa insegurança acabou se espalhando pelos demais lugares do país.

Essa revolta funcionou como um espelho para o restante de escravos no Brasil,


desencadeando outros conflitos. Mesmo sem ganhar e sem alcançar seus objetivos, os
malês ameaçaram a estrutura social da época.
Em decorrência disso, após a Revolta dos Malês, as condições de vida para negros
africanos pioraram. Eles foram responsabilizados pelo levante e se tornaram uma espécie
de inimigos da população e do seu bem-estar.

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