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História de vida.

RVCC / Nível secundário


António Manuel Silva Santos

Fases da vida

 Nascimento:
Olá, sou o António Manuel silva santos, tenho 32 anos e nasci no CHBV-Aveiro
no dia 12-12-1988.

 Infância:
A minha infância, nesta pequena aldeia, onde resido desde a minha nascença
sempre foi passada da melhor forma possível. Os nossos brinquedos que eram
poucos ou nenhuns, onde brincávamos nas ruas, cantos, paredes e esquinas no
centro da aldeia, havia segurança pois os carros eram poucos ou nenhuns hoje
em dia e tudo muito diferente. Uma bola de farrapos e a baliza na parede de
uma casa ou nos bancos de jardim a “jogar ao banquinho” nos famosos bancos
fundidos na antiga Fundição ALBA, jogar as escondidas, jogar a macaca, jogar as
apanhadas.Anos mais tarde entrei numa equipa local de atletismo, onde já
gastávamos as nossas energias e desenvolvíamos a boa forma física. Mais tarde
e juntamente com a entrada para o ensino primário foi iniciada a catequese. No
ensino primário juntávamo-nos todos no centro da aldeia de mochila as costas,
e la íamos a pé para a escola aprender a ler, escrever …, e ao final do dia de
regresso a casa fazer os trabalhos rapidamente para poder ir brincar o resto da
tarde até a noite a hora do jantar. Muitos dias também depois de sair da escola
ia ter com o meu avô Manuel, mais conhecido por “JUCA” desde sempre
trabalhou numa carpintaria e fora da hora de trabalho também fazia as suas
criações de carpintaria, onde aprendi muito com ele desde fazer armários,
janelas, portas, gaiolas para aves entre outras coisas. Tinha o meu tempo de
estudo, de brincadeira, mas também tinha as lidas de casa para fazer, sempre
fui habituado e ensinado pela minha mãe, 90% da pessoa que sou hoje e graças
a minha mãe. Aprendi a cozinhar, lavar roupa, passar roupa, todas a lidas de
casa, bem como me ensinou a ouvir e ser ouvido, avaliar os diferentes pontos
de vista das situações, respeitar e ser respeitado e ter ou dar valor adequado.

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Já com o meu pai aprendi algumas pequenas coisas, pois ele nunca teve
paciência para me ensinar, mas ainda aprendi a restaurar e arranjar algumas
avarias elétricas, fazer pequenas obras de restauração na estrutura da casa.

 Adolescência:
Na minha adolescência iniciou no percurso escolar para o segundo ciclo. Pois a
nova fase escolar, foi iniciada na escola EBI de Albergaria-a-Velha onde estudei
e completei o 5ºano e 6ºano. Longe da aldeia e do conforto de casa, onde tudo
era em grande escala e eu que nunca tinha saído da aldeia, não conhecia nada
nem sabia como seria a adaptação a nova escola. Mas tudo correu bem, iniciei
os estudos, novas disciplinas e diversa matéria nova, novas amizades onde tudo
ajudou a desenvolver a adolescência porque as responsabilidades eram
acrescidas, além de estar longe de casa, mas aospoucos tudo se desenvolveu
da melhor maneira. Após a conclusão do 5º e 6ºano em Albergaria-a-Velha fui
transferido para a EBI de São João de Loure. Uma enorme alegria, tinha sido
inaugurada a nova escola na santa terrinha. Gratidão que foi construída bem
pertinho da minha residência. E não só a escola nova, bem como piscinas
municipais, e campo pelado de futebol onde iniciei o meu percurso
futebolístico em futebol de 7 e depois futebol de 11 na equipa “Azuis do Fial” e
mais tarde o campo foi concluído com relva artificial. Mais tarde deixei o
futebol ao ar livre e entrei para o FUTSAL na equipa da localidade “CRECUS”.
Nova escola novas fazes de conclusão, onde conclui o 7º e 8º ano com sucesso,
fiz parte da equipa de futsal escolar onde fomos campeões dois anos
consecutivos e da dança aeróbica escolar fomos campeões distritais 3 anos e
ficamos em segundo nas provas nacionais, alem de dançar fazia parque do júri
tanto a nível distrital como nacional de dança escolar. E pela primeira vez no
percurso escolar chumbei no 9ºano, com negativa a português e matemática.
No ano seguinte tentei concluir o 9ºano, apesar das as minhas notas serem
muito boas a exceção do português e matemática, optei por abandonar a
escola. Alguns professores tentarem que eu talvez mudar de ideias, inclusive
queriam que fosse para a escola profissional principalmente para me dedicar
ao design gráfico, a área de desenho era uma das que eu era o melhor dos
melhores da escola. Infelizmente para não ajudar a vida familiar também não
estava a ser muito fácil a nível económico. Mesmo estudando e sendo menor já
fazia umas horas a noite e aos fins de semana como barmen, num bar de um
amigo. Assim sendo optei e abandonei a escola aos 15 anos, e logo apos iniciei
a minha entrada no mercado de trabalho.

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 Experiência Professional:

 A minha primeira e verdadeira experiência profissional, foi iniciada no dia 1 de


setembro de 2004, na construção civil. A empresa de nome “Armindo
Henriques construtor civil LDA“na Localidade de São João de Loure, já com
contrato a termo certo, como servente de segunda e com um preço a hora de
3,25 euros hora. Onde trabalhei durante 4 anos eaprendi rapidamente as
várias funções de um servente, fazer betão, massa de chapisco, massa de
reboco, massa de acabamentos finos, fazer cofragem em madeira,
assentamento de azulejos e pedras de granito entre outros trabalhos, alem
disto tive que aprender a manobrar as gruas, pois as obras eram bastante
grandes e altas e o material tinha que chegar aos mestres, se não fosse com as
gruas tinha que ser a mão. Três meses depois já era mestre de segunda, e para
melhor segurança de trabalho fiz formação para poder trabalhar com as gruas
e todo o tipo de máquinaselevatórias e industriais em obra. Alem de o
trabalho já ser desgastante, fazia muito desporto, continuei a jogar futsal
federado, bem como BTT federado e ainda tinha tempo para ir ao ginásio e
trabalhar a noite e aos fins de semana no bar a fazer umas horas.

 A segunda experiência, foi por conta própria. Fiz exploração de um bar durante
6 anos. “Bar da Associação dos Amigos e das Escolas Cultura e Recreio de
Loure” na localidade de Loure freguesia de São João de Loure, na qual eu era
membro da associação, e apos entrar como explorador do bar, também fiz
parte da direção da mesma durante esses seis anos. Nesta experiência tive que
despender muito do desporto. O trabalho de restauração e muito complexo
comecei do zero, fiz a instalação de todos os equipamentos elétricos e
imobiliários, aprender a fazer gestão dos consumos, encomendas,
contabilidade. Difícil, mas não impossível. Tudo isto graças ao apoio da minha
mãe, pois ela já tinha imensos anos de trabalho em restauração, e sempre me
apoiou e foi o meu braço direito. Todos os dias abria as portas as 7h, onde
servia os primeiros cafés da manha, seguidos de maias de leite e galões,
juntamente com pão, torradas, tostas, pasteis ou panikes ate as 12h. Entre as
12h e as 14h era as horas do cafezito e digestivos. Das 14h as 17h era horas de
petiscar umas moelas, uns caracóis tremoço e muito mais. A noite o café
depois do jantar, horas e horas a ver futebol e a festejar com os clientes,
noites de festa e animação acompanhadas por aperitivos e bebidas alcoólicas e
encerrava entre as 00h e as 02h.

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 Terceira experiência, Entregador/Distribuidor Oficial Cerveja SuperBock na
empresa Bastos e Bastos na zona industrial de Taboeira/Aveiro. Todos os dias
iniciava a preparação de carga as 7h onde carregava o camião com mercadoria
que estava na minha lista de clientes do dia. Apos ter toda a mercadoria junto
ao camião, o chefe vinha conferir, para depois carregar o camião da melhor
maneira possível para as descargas. Apos a carga feita, organizava a rota
consoante as guias dos clientes do dia, pois havia clientes com horários
específicos outros hora marcada, uns só aceitavam de manha, outros só a
tarde enfim. Em cada cliente fazíamos a descarga da encomenda, escolhíamos
o vasilhame para troca do que ficava da encomenda, arrumávamos a nossa
entrega por datas e deixávamos os armazéns limpos e arrumados, a chegada
ao camião com o vasilhame tinha que gerir e colocar o vasilhame para o centro
do piso do camião e puxar para as bordas o material ainda por entregar. Apos
entrega passava os recibos e recebia os pagamentos, bem como fazia a
devolução ou caução de vasilhames. Fazia entregas das bebidas da marca por
toda a área do Concelho de Aveiro e Praias. Um trabalho bastante
desgastante, principalmente na altura do verão, pois as zonas de praia os
acessos eram difíceis, e muitas das vezes tínhamos que nos mover pela areia,
para chegar a porta do cliente a pé, e com os carrinhos carregados de
mercadoria, bem como nas cidades os bares com armazéns em caves só com
acesso a pé e com degraus ou puxar escadas a cima os carrinhos com
mercadoria ate ao primeiro e terceiros andares. Trabalhei cerca de 3 anos
nesta empresa, acabei por me despedir, o trabalho muita desgastante e o
ordenado era o mínimo. E alem deste trabalho ainda tinha a exploração do Bar
da Associação, a minha mãe como minha empregada durante o dia. E
infelizmente o falecimento do meu pai, que era empregado nesta mesma
empresa também fez com que me despedisse meses apos. E meses depois
conclui na escola de condução “albergaria” em Albergaria-a-Velha a carta da
categoria B.

 Quarta experiência, Panificação Bimbo Portugal, maior produtor de pão de


forma para diversas marcas exclusivas, na zona industrial de Albergaria-a-
Velha.Ainda assim continuava com a exploração do bar da associação por
conta própria. E apesar de todo o trabalho iniciei a minha carreira de bombeiro
voluntario ao mesmo tempo. Num certo dia fui contactado pela empresa de
trabalho temporário de Aveiro “Randstad” para comparecer na Bimbo com
morada na zona industrial de Albergaria-a-Velha para entrevista pessoal.

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Entrevista esta, que de entrevista não teve nada. Pois foi feita a proposta
aceitei e fui logo fazer formação de segurança, higiene e gestão de resíduos e
no fim um teste onde tive 99.2 % de nota. No dia seguinte la estava a hora
marcada para o primeiro dia de trabalho. Encaminhado ao fardamento buscar
todos os EPI’s, fui conhecer todos os cantos e esquinas das instalações,
apresentado a todos os colaboradores e encaminhado para o meu primeiro
local de trabalho a experiência. Local este designado por “sala branca”, tal
como o nome dizia tudo era branco. Entrei numa pré sala de descontaminação
onde alem da farda limpa todos os dias, era desinfetado e vestia um fato de
proteção, touca, mascara facial, óculos, tapa pés e protetores auriculares.
Durante alguns meses fui-me adaptando as diversas posições de trabalho,
todas elas em máquinas com sistemas diferentes, ate que mais tarde, apos um
colega por motivos de saúde ficar ausente de baixa medica, e por eu me
adaptar e dedicar na formação, me foi proposto fazer formação para o cargo
de ajudante geral. O ajudante geral e tem que saber todos os métodos de
funcionamento e operar com toda a linha de produção desde o armazém ate
ao embalamento para a expedição. Foram 4 semanas em que fazia o meu
horário de trabalho reduzido diário, e de seguida tinha 6h de formação todos
os dias de segunda a sábado. Em cada posto de trabalho tinhas as suas regras
de segurança e gestões. 1 posto, iniciei a formação de armazenista, pelo
armazém de matérias primas e gestão de resíduos. Onde fiz formação interna
de manobrador de empilhador, gestão de cargas e descargas, gestão de
resíduos, separação e arrumação das matérias primas bem como fazer as
dosagens de diversas matérias primas para dar entrada no início da produção.
2 posto, maceiro, batedeiras gigantes, onde aprendi a fazer as misturas dos
diversos tipos de massa, consistências, e divisão de massas para os diversos
tamanhos e formas, bem como operar com a maquinaria e programação das
mesmas. 3 posto, forneiro, onde tudo começa a ganhar cor e forma. O forneiro
alem do forno de cozedura também era responsável pelo forno de
fermentação a vapor, por onde passava as massas fermentar e ganhar forma, e
depois passavam no forno para cozer. Para mim um dos postos mais
complicados, muito robótica e eletrónica e muitos cálculos matemáticos,
bastava falhar uns segundinhos e la ia uma fornada a vida. Tive que aprender
com muitas dicas dos meus colegas, aprender automatização e robótica, pois
devido as altas temperaturas, as massas coziam em minutos e saiam das
formas muito quentes e sempre transportadas por linhas e robôs, bem como
as desenformar, que muitas vezes era a parte onde havia mais avarias, quando
as formas não desenformavam por alguns motivos. 4 posto, voltei as origens,
chefe da sala branca e embalagem. Já depois de aprender o que já sabia desta

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sala como chefe havia muitos mais para aprender. Então começou pelas
aspirais de arrefecimento onde aprendi a fazer os ajustes de velocidade das
mesmas, medições de densidade e humidade das formas, onde de seguida,
fazia a programação do robot, para descodear os pães de forma, consoante o
tipo, tamanho, densidade e humidade do mesmo. Apos este processo veio o
manuseamento, afinação a manutenção das fatiadoras. Depois de fatiado
todos os pães eram verificados um a um, a olho vivo pelos operadores, alem
que ate chegar as mãos dos operadores, passam por vários sistemas raio-x e
detetores de metais e matérias estranhas. Para finalizar a aprendizagem, havia
as embaladoras onde se afinava a embalagem de vácuo e selada a quente, e só
depois apos a escolha e afinação recebia a embalagem final, onde tinha que
fazer a programação dos rótulos, validades, embalagem, promoções, ate que
por fim eram colocados em tabuleiros de alumínio em jaulas de transporte,
caixas plásticas ou caixas de cartão, consoante o cliente e o pais de destino.
Onde os colegas da expedição separavam e faziam os carregamentos dos
camiões. Apos toda esta aprendizagem, formações e dedicação, passaram 18
meses em cargo de ajudante geral. Ao fim dos 18 meses e o regresso do colega
da baixa medica, voltei ao local de trabalho inicial a sala branca. Mas para meu
espanto foi referido pelos superiores e devido a minha avaliação, dedicação e
experiência fiquei com o cargo de chefe de turno. Estive no cargo cerca de ano
e meio, como era operário de uma empresa temporária, foi proposto passar
aos quadros da empresa. E claro que aceitei felizmente, mas infelizmente por
outro lado. Pois ao passar aos quadros da empresa, o meu ordenado também
foi mexido, ao qual não gostei, pois, continuei a fazer o meu melhor e a ganhar
metade do que ganhava. Pedi e enviei nova proposta, não foi aceite, tinham
funcionários mais antigos, não podia ganhar mais que os mesmos. No dia
seguinte enviei e entreguei carta de despedimento e não trabalhei mais para a
mesma.

 Quinta experiência, Grohe Portugal, na zona industrial de Albergaria-a-Velha.


Fui contactado pela empresa de trabalho temporário “Kelly Services” para ir à
apresentação no dia x, na hora x, na Grohe para concorrer ao cargo
dearmazém. No fim da apresentação, fui convocado para ficar com o cargo,
iniciei a recolha de EPI e logo formação de segurança e higiene no trabalho, de
seguida formação de condução de empilhador. No dia seguinte para começar
o primeiro dia de trabalho, sou abordado para uma nova tarefa, houve uma
falha de um servente na parte da maquinagem. Um cargo bastante complexo e
eu como não sei dizer que não aceitei, mais umas horitas de formação a correr
muito com um colega do turno que estava em horário de trabalho, que eu ia

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iniciar logo de seguida no novo turno. Trabalho muito complexo este, iniciava
com o abastecimento de 8 máquinas com pecas em bruto da fundição, para
cada máquina 4 carrinhos, de pecas para maquinar nas CNC`s e fresadoras.
Fazia as manutenções Nível 1 das 8 máquinas, mais 2máquinas de lavar pecas
já maquinadas para retirar os restos de pó e limalhas das mesmas. A
manutenção era rotina todos os dias todos os turnos, abastecimentos de óleos
de lubrificação, óleos de corte, mudança de filtros de ar, limpar filtros ou
mudar filtros das limalhas nos óleos de corte bem como mudar pecas e
acessórios de desgaste e avarias mecânicas. Nas máquinas de lavagem das
pecas o trabalho e manutenção era mais complicado, as máquinas lavavam
com águas e desengordurantes a altas temperaturas. De dois, em dois dias,
tinha que fazer a manutenção, limpeza e mudança dos banhos das lavadoras,
cada lavadora tinha dois tanques ambos com águas filtradas, um com água
natural e outro com água com desengordurante e alguns óleos a mistura
ambas em temperaturas a rondar a 100 graus muito calor e vapores. Ambos os
tanques tinham que ser aspirados com uma cisterna com bomba acoplada que
andava de reboque no empilhador. Desligava as máquinas no geral, bloqueava
a cadeado o mesmo, vestia o epi de proteção térmica e química, aspirava as
águas, abria os tanques apanhava a limalha do fundo e repunha os banhos
com as misturas apropriadas. Estas águas com óleos e químicos, levava-as para
a ETAR interna da fábrica. Esta ETAR tinha dois tanques com capacidade de 10
mil litros cada, onde um tanque era onde eu colocava as águas contaminadas
que trazia na cisterna, e bombava para o tanque, bem como algumas
máquinas da produção faziam bombagem direta para o mesmo.Quando tinha
a tanque com cerca de 90% da capacidade máxima, iniciava o tratamento. Eu
fiz formação da ETAR, pois fazia a medição do PH, os cálculos para a mistura
dos químicos, a água era reaproveitada novamente apos passar na
misturadora, nas prensas de filtros e 4 horas apos os 9 mil litros de água
poluída geravam em média 7 mil litros de água com PH baixo, para introdução
nas máquinasnovamente. Todos os químicos filtrados, bem como filtros, óleos
e todo o tipo de resíduos, eram escolhidos separados, colava as suas
identificações de perigo e todos os bidões lacrados que alguns dias depois
vinha a empresa de tratamento resíduos fazer o levantamento. Também era
responsável do meu turno e secção de segurança higiene e gestão de resíduos.
Apos 6 meses despedi-me, já não aguentava com tanto trabalho e stress.

 Sexta experiência, Cutty Brick Tools, fabrica de ferramentas na zona industrial


de Albergaria-a-Velha 80 % da produção de serras, serrotes e folhas de serras
manuais. Tive conhecimento da vaga na empresa através de um amigo. No

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mesmo dia, me dirigi falei com diretamente com o dono da empresa, fiz a ficha
e na semana seguinte iniciei formação e aprendizagem. No primeiro dia recebi
os EPI´s e a parte de manha foi novamente formação de higiene e segurança
no trabalho. A tarde depois do almoço, entrei ao serviço em fase de
aprendizagem. Comecei na área mais fácil, leve e limpa na zona de montagem.
Zona esta onde aprendi, a aplicar diversas etiquetas, de várias marcas nos
arcos das serras, montagem das folhas de corte nas mesmas, através de
rebites ou por parafusos e por fim embaladas consoante a marca e modelo. As
folhas de serra, eram fabricadas e afiadas e de origem interna, então também
colocava as folhas de serra, dentro das capas de proteção em cartão ou
plástico, em cada ferramenta antes, durante e depois da montagem, fazíamos
a verificação de qualidade das fixações, ângulos de curvas dos arcos de serra,
pintura e todos os acabamentos. Alem das serras e serrotes e as folhas de
serra, também fabricávamos e montávamos serras de poda, ancinhos,
enxadas, ancinhos extensíveis para folhagem entre outras ferramentas. Mais
tarde passei para a secção de pintura, aprendi a diferenciar e as diversas cores
e gamas de tinta em pó electroestática, fabricava-se para mais de 30 marcas
diferentes, de seguida,programação dos robots na estufa de pintura, forno e
secagem de pintura. Todas as ferramentas entravam em carrinhos próprios
para cada qual, eram colocadas e retiradas a mão seguiam para a montagem.
Dias mais tarde fui para a zona de corte, moldagem e quinagem. Aprendi a
manusear as máquinas, fazer a programação para os vários tipos de
ferramentas e mudar as cabeças de trabalho das máquinas para o corte
moldagem ou quinagem das mesmas. Aplicado e atento como eu era foi mais
uma tarefa fácil. Dias apos mudei para a zona de produção e afiamento das
folhas de serras de corte, uma zona barulhenta apesar das proteções
auriculares, mas que foi umas zonas de trabalho que mais gozo me deu e me
dediquei. Estas máquinas de corte e afiamento das folhas, eram tradicionais e
foram criadas, e idealizadas pela própria empresa e pelos funcionários da
mesma. Eram 8 máquinas onde eram colocados rolos de aço, que era cravado
e afiava o dentado consoante o tipo de folha de serra. Depois de feito o
dentado, passava o rolo para as 8 máquinas de afiar. Cada rolo entrava na
máquina que tinha 4 braços, cada braço tinha uma lima de 4 faces e cada
braçosó afiava um dente e uma face em cada. Estas limas eram afinadas
manualmente, e era preciso ter um bom olho e calma na afinação, durante o
processamento do rolo, asmáquinas eram várias vezes afinadas e as limas
viradas para outra face. Era um controle constante um trabalho que dava
gosto de se ver, e que depois do rolo afiado, era cortada a lamina do tamanho
pretendido, aberto as furações para fixação das mesmas nos arcos, e cravado a

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marca e modelo da mesma. E por fim fazia experiência e testava a qualidade
de 3 ou 4 laminas de cada rola a serrar lenha verde, seca ou mista consoante e
tipo de laminado e de corte da mesma. Nesta área o patrão deu-me o louvor
no afiamento que era excelente, e fiquei a dominar as máquinas todas da
secção do afiamento e onde me mantive muitos meses a fazer o trabalho
sozinho. Mais tarde como o domínio era enorme, foi me pedido para nos
tempos mais mortos, apoiar no robot de soldadura, era mesmo encostado.
Mais uma vez mais uma formação rápida e tudo operacional e funcional, com
estes dois cargos os dias pareciam passar rápido e tudo controlado. Meses
mais tarde tivemos uma trágica notícia. O nosso colega que era chefe da
montagem e armazém teria falecido na sua habitação. Novamente me foi
proposto derivado as minhas capacidades e conhecimentos de funcionamento
da empresa e como já tinha estado na zona de trabalho, passei a chefe da
montagem e armazém. Por alguns motivos me agradou, mas mais tarde fez
com que me despedisse por excesso de trabalho. Pois como chefe alem de
gerir a montagem geria o armazém, fazia montagem das ferramentas, cargas e
descargas com empilhadores e pontes rolantes etc. Era uma correria e entrei
em stress que quase não dormia a pensar no dia seguinte. Foram ótimas
experiências de trabalho como nas anteriores, mas quando algo não esta do
meu agrado, se não mudar mudo eu.

 Sétima experiência, bombeiro profissional, em bombeiros voluntários de


Albergaria-a-Velha, na zona industrial de Albergaria-a-Velha. Já tendo iniciado
a carreira de bombeiro voluntario a cerca de 3 anos, surgiu uma vaga, onde me
alistei e fui aceite com sucesso. Nesta altura também me inscrevi na escola de
condução “Vouga” onde me formei e conclui com sucesso a carta de condução
categoria C. Desde criança que tinha a gosto de ser bombeiro, e conduzir
camiões, queria estar sempre pronto para ajudar o próximo. Ser bombeiro não
é um trabalho, como outro. Ser bombeiro e ter amor ao próximo, cuidar e
proteger os bens e pessoas, muita formação e preparação física e psicológica.
Ser bombeiro e uma experiência, que engloba muita dedicação. Os serviços
são de imensos tipos e diversidades. Fazer transportes de doentes para
consultas, hemodialises, fisioterapias ou transportes pessoais. Serviços de
emergência pré-hospitalar.Pré-hospitalar e 70% dos serviços numa corporação
de bombeiros, serviços estes onde temos vitimas de diversas idades e de
doenças súbitas, traumas, quedas, acidentes, despistes, intoxicações
“químicas, medicamentosas, toxicas e alimentares”, viroses, AVC, PCR e muitas
outras ocasiões diversas, onde temos que avaliar o estado de consciência,
físico, sinais vitais, controlar vias respiratórias, controlar hemorragias,

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estabilizar e imobilizar membros e o que na maior parte da vezes e quase
impossível recuperar os batimentos cardíacos ou a ventilação natural, entre
outras diversas ocasiões. Serviços de incêndios industriais, urbanos, florestais,
viaturas “ligeiras, pesadas, férreas, aquáticas e aéreas”. Serviços de
salvamento, em alturas com “escadas, cabos, suspensão”, aquáticos “a nado,
semirrígido, jet-ski” e fachada “autoescadas, escadas, escada gancho” e muito
mais. Serviços de escoramento, escorar viaturas pesadas, habitações,
armazéns e todas as estruturas possíveis. Serviços de desencarceramento,
desencarceramento de viaturas de acidentes ou despistes “ligeiras, pesadas,
agrícolas, industriais e máquinas industriais diversas”. E muitos outros tipos
diversos de serviço.Como se costuma dizer, onde tiver o perigo, o bombeiro
esta la. Anos mais tarde decidi mudar de profissão, pois tinha sido pai de uma
menina, gerada de um relacionamento amoroso com a atual namorada
também bombeira, e eu tinha acabado formação de condução para categoria
C+E, e como não queria nem quero deixar faltar nada as minhas filhas k
atualmente são duas, decidi ir para motorista profissional, apos fazer a
formação de CAM/CQM (Certificado de Aptidão de Motorista/Carta de
Qualificação de Motorista).

 Oitava experiência e atual, Motorista de Pesados Articulados, Nacional e


Ibérico (Espanha), empresa com sede no lugar de Laginhas, Vila da Branca e no
concelho de Albergaria-a-Velha. Iniciei esta experiência no dia 1 de setembro
de 2018, com contrato afetivo mesmo sem ter grande experiência e
conhecimento no ramo, felizmente já passaram 4 anos e 3 meses. Adquiri
experiência a nível de condução e muita mecânica rapidamente, ser motorista
e um trabalho que necessita de muita atenção, dedicação,experiência,
orientação e muita gestão de cargas e horários de trabalho, a experiência
todos os dias se ganha, todos os dias se aprendem coisas novas. Atualmente já
percorri e percorro Portugal de norte a sul e Espanha. Nesta empresa tenho a
sorte de poder fazer transporte de diversos materiais e de diversas formas, só
não transporto matérias perigosas, mas transporto produtos alimentares,
estruturas metálicas, rolaria de madeira, areias, pedras, estilha, biomassa,
máquinas “industriais, agrícolas e florestais”, papel, pasta de papel e muito
mais de tudo um pouco do que se possa transportar. Tudo o que transporto,
tem de chegar ao destino nas mesmas condições ou melhores e em segurança.
Cada dia começa a porta de casa ou no parque da empresa, entrada no camião
e arrumação dos pertences e alimentação do dia, colocar o camião a trabalhar,
inserir o cartão de condutor no tacógrafo e fazer a abertura do dia de trabalho,
fazer verificações básicas “luzes, combustível, nível de óleo, nível de

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anticongelante, pressão dos pneus e nas botijas de alimentação do ar para os
travões, suspensões pneumáticas e em tempo frio ou chuva purgar as
mesmas”. Enquanto estas verificações o tacógrafo já fez a validação do início
de trabalho e começa a registar todos os minutos em que iniciamos o dia,
tempo de condução, trabalho e descanso, bem como a velocidade de minuto a
minuto. Então sigo viagem ate a morada do cliente onde vou fazer a carga,
inicio a preparação do reboque para efetuar a mesma, apos carga concluída
faco as amarrações, fixações, travamento ou cobertura da mesma, apos
concluir a segurança da carga, vou a receção da expedição levantar as guias e
fazer o preenchimento do CMR ( contrato de mercadorias rodoviárias )
nacional ou internacional, assinado pelo motorista e assinado pelo expedidor e
carimbado, para juntar as guias “ agrafado ou uso de clipes “ e verificar o
código AT ( Autoridade Tributaria ) , quantidades e peso de carga, caso
contrario da multa, bem como o mau preenchimento de CMR. Verifico a
morada do destinatário, se conhecer melhor, se não conheço coloco no GPS e
sigo viagem ate ao destino. Ao chegar ao destino, faco o registo de entrada ou
chegada, aguardo autorização para entrar, abertura de reboque, retiro as
amarrações, travações e aguardo o responsável de descarga vir fazer as
verificações da mesma e conferir, iniciar a descarga, arrumar material e fechar
o reboque e seguir para outro destino. A dias que faco duas cargas e duas
descargas no mínimo, como há dias que faco o dobro. Os horários desta
profissão são únicos e tem que ser bem geridos, tanto pelo motorista como a
empresa de transporte pelo gestor de tráfego. O meu horário de trabalho
diário são no máximo 15h, que inclui a soma das horas de trabalho, condução,
descanso intercalar e tempo de espera. Dentro das 15h de trabalho diáriosó
posso conduzir 9 horas, que tem de ser divididas por 4h30m consecutivos e
fazer o descanso intercalar de 45 minutos e conduzir mais 4h30m, ou conduzir
por exemplo 2h e faco 15 minutos de descanso e de seguida conduzo mais
2h30m e faco mais 30 minutos de descanso, que a soma da os 45 minutos de
descanso intercalar de condução. Também há o limite de descanso das 6horas
consecutivas de trabalho sem condução, ou seja, se iniciar o dia de trabalho as
6 horas da manha, mesmo que não faca as 4h30m de condução, ao fim de 6
horas de trabalho, ou seja as 12 horas tenho que parar e fazer descanso de 45
minutos obrigatórios, só apos esse descanso e que posso voltar a iniciar
trabalho por mais 6horas ou 4h30m de condução. Apos o dia de trabalho
tenho que cumprir o descanso diário de 11 horas ou descanso reduzido de 9
horas podendo ser efetuado apenas 3 dias no máximo, seguidos ou
consecutivos, e as horas de descanso retiradas, tem que ser compensadas e
somadas no descanso semanal. O descanso semanal são 48horas, mas

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também pode ser descanso semanal reduzido para 24horas, e compensar as
restantes 24horas em falta, na semana seguinte, podendo ser gozadas durante
a semana ou somadas ao descanso semanal da semana seguinte, em vez de
48h de descanso semanal passa as 72horas. E assim um pequeno resumo da
vida de motorista, sempre que corre bem. Quando corre menos bem, também
faco de mecânico, mudar pneus quando rebentão ou furam, bem como
reparar algumas avarias com ferramenta própria e apoio telefónico com os
mecânicos. Uma profissão de desgaste rápido, mas com dedicação e paixão
pela condução tudo se faz.

 Atualidade:
Sou solteiro, mas comprometido com a mãe das minhas duas filhas. Sou natural
de São João de Loure, concelho de Albergaria-a-Velha, distrito de Aveiro e onde
vivo atualmente em casa da minha mãe e com a mesma, na Rua/Viela do Agro
nº39.
Atualmente sou Motorista de pesados de mercadorias nacional, na empresa
“Serrano da Silva Madeiras e Transportes LDA “e Bombeiro Voluntário na
corporação dos Bombeiros Voluntários de Albergaria-a-Velha.
Sou um jovem pai, muito dedicado a família e ao trabalho. Sou simples,
honesto e trabalhador.

 Tempos livres:
No meu tempo livre, aproveito para estudar, cuidar e brincar com as minhas
filhas, bem como conviver em família. Aproveito também para descansar
sempre mais um pouco, devido a minha profissão e voluntariado nos
bombeiros, todo o descanso e pouco. Gostava de ter mais tempo livre para me
dedicar as minhas filhas e família, mas também dedicar a novas formações e
ajudar a formar os novos bombeiros estagiários que todos os anos vão
iniciando o seu estágio. O saber não ocupa lugar. E estes novos bombeiros que
vão iniciando o estágio são muito importantes, pois e nas mãos deles que esta
o nosso bem-estar no futuro. Cada vez são menos jovens que tem gosto e
prazer e ajudar o próximo, hoje em dia, os jovens só querem tecnologias,
discotecas, bares, comer, beber e dormir ate não poder mais sem fazer nada
por uma vida e futuro melhor e mais seguro.
Antonio Manuel Silva Santos, 2 de dezembro de 2022

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