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NITERÓI
2012
2
LYRIO, Eloah Christina Neri
PAPEL DA VITAMINA D NA INDUÇÃO DE
ÓXIDO NÍTRICO DE PEPTÍDEOS
ANTIMICROBIANOS EM MACRÓFAGOS
E CÉLULAS DENDRÍTICAS HUMANAS
INFECTADOS POR Leishmania
braziliensis / Eloah Christina Lyrio Neri
Niterói: UFF / Faculdade de Medicina,
2012.
58 f.
Dilvani Oliveira Santos
Dissertação de Mestrado – Universidade
Federal Fluminense, Faculdade de
Medicina, Programa de Pós-Graduação em
Patologia, 2012.
1. Macrófagos. 2. Células dendríticas. 3.
Vitamina D. 4. Catelicidina. 5.
Leishmaniose. 6. Leishmania braziliensis. I.
Santos, Dilvani. II. Universidade Federal
Fluminense, Pós-Graduação em Patologia.
III. Papel da vitamina D na indução de
óxido nítrico e peptídeos antimicrobianos
em macrófagos e células dendríticas por
Leishmania braziliensis.
3
ELOAH CHRISTINA LYRIO NERI
BANCA EXAMINADORA
Niterói
4
Esta batalha como muitas outras sempre serão
dedicadas para a minha querida e melhor amiga, minha mãe.
5
AGRADECIMENTOS
A Deus, por guiar meus passos e sempre me dar forças e saúde para batalhar
pelos meus estudos e conquistar os meus sonhos.
A família pelo apoio e imenso carinho, sempre mandando energias positivas e
sendo compreensivos quanto à distância. Sempre serão meus melhores amigos e
companheiros desta e de muitas outras vidas.
À minha fiel escudeira de laboratório, Ivy, ao Cezar, meu amigo de muitas
gargalhadas e a Mariana, minha IC predileta!
Ao Prof. Dr. Saulo Bourguignon pelo meu início na pesquisa científica com os
tripanossomatídeos e ao Guilherme Lechuga na convivência harmoniosa na sala
multiusuária de cultura de células no GCM.
Aos meus amigos, agradeço pelas conversas, pelo ombro amigo, pelas risadas e
gargalhadas, pelas vitórias compartilhadas, pelas noites de estudo, pelos lanches e
sucos de graviola...
A minha orientadora, Profa. Drª Dilvani Oliveira Santos, por ter me aturado durante 4
anos e ainda assim, sempre ter algum conselho ou analogia que me faz rir e
entender melhor a situação...
A co-orientadora Dra. Maria de Fátima Madeira e sua equipe, muito gentis em nos
ajudar. Foi um grande prazer trabalhar em colaboração com o Vigileish.
A revisora Profa. Dra. Helena Carla Castro, sua agilidade e capacidade sempre
impressionantes!
Ao Prof. Dr. Maurício, pelas suas tardes analisando amostras de citometria e
discussão de artigos. Sempre muito agradável.
Ao professor Licinio Silva, pela gentileza e análises estatísticas.
Ao Dr. Paulo Renato Zuquim Antas pelas consultorias na citometria de fluxo.
A equipe de microscopia Fiocruz, Drª Suzana Côrte-Real, Drª Miriam Pereira,
Alanderson Nogueira e Francisco de Oliveira Jr. MUITO OBRIGADA!
Aos Professores, Secretárias e amigos do Programa de Pós Graduação em
Patologia (HUAP/UFF), foi um grande prazer conhecê-los nesses dois anos. Levo
com muito carinho a lembrança de cada um de vocês.
Ao setor de Hemoterapia do HUCFF, pelo fornecimento de buffy-coat.
.Aos membros da banca por aceitarem o convite de participar da defesa dissertação.
6
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 13
2 OBJETIVOS 17
2.1 OBJETIVO GERAL 17
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 17
3 MATERIAL E MÉTODOS 18
3.1 CULTURA DE CÉLULAS 18
3.1.2 Procedência das células mononucleares humanas 18
3.2 ISOLAMENTO DE CÉLULAS MONONUCLEARES 18
SANGUÍNEAS (CMN) E PURIFICAÇÃO DE MONÓCITOS
3.3 PROCEDÊNCIA DO Leishmania braziliensis 19
3.4 TRATAMENTO DAS CÉLULAS COM VITAMINA D 20
3.5 TRATAMENTO COM L-NAME 20
3.6 INTERAÇÃO DE L. braziliensis COM AS CÉLULAS 20
APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS
3.7 MICROSCOPIA ÓPTICA 21
3.7.1 Análise qualitativa e quantitativa das células 22
infectadas
3.8 CITOMETRIA DE FLUXO 23
4 RESULTADOS 25
4.1 ANÁLISE POR MICROSCOPIA ÓPTICA DA 25
INTERAÇÃO DE L. braziliensis COM AS CÉLULAS
APRESENTADORAS DE ANTÍGENOS
4.1.2 Tratamento com vitamina D 25
4.1.3 Inibição da NO sintase 29
4.2 QUANTIFICAÇÃO DE PARASITAS POR CÉLULA APÓS 30
A INFECÇÃO
4.3 CITOMETRIA DE FLUXO 35
5 DISCUSSÃO 42
6 CONCLUSÃO 50
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 52
8 ANEXO 58
7
RESUMO
A espécie Leishmania braziliensis corresponde ao maior agente causador de
leishmaniose cutânea no Brasil e leishmaniose mucocutânea na América Latina. De
acordo com o seu ciclo de vida, esse parasita pode infectar células
preferencialmente fagocíticas do sistema imune, macrófagos e células dendríticas. A
ativação de resposta imune inata na Leishmaniose em adição à liberação de
citocinas secretadas por macrófagos e células dendríticas podem, em conjunto,
orquestrar a modulação da resposta imune adquirida. A vitamina D tem demonstrado
grande importância nos mecanismos de resposta imunológica e especialmente na
resposta imune inata, e seu receptor tem sido identificado em monócitos,
macrófagos, células dendríticas e linfócitos. Assim, neste trabalho, temos como
hipótese que vitamina D induz efeitos moduladores sobre macrófagos e células
dendríticas humanos infectados “in vitro” por L. braziliensis. Esta via de sinalização
leva à ativação de macrófagos e células dendríticas e, consequentemente, a
expressão de moléculas de superfície, produção de Catelicidina. Para comprovar
esta hipótese, as células mononucleares sanguíneas (CMN) foram obtidas a partir
de buffy-coat colhido de doadores normais, cedidos pelo Serviço de Hemoterapia do
Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ). Durante três dias, as células
diferenciadas (macrófagos e células dendríticas) foram incubadas com vitamina D
(10-7M), e logo após a interação, as mesmas foram infectadas com L. braziliensis. As
células nas Labteks® foram fixadas em metanol e coradas por May Grunwald para
analisar e quantificar a porcentagem de infecção e o número de parasitas
intracelulares por microscopia óptica. Para citometria de fluxo, as células foram
lavadas e marcadas com os seguintes anticorpos: CD-3-PE, CD-14-FITC, CD209-
PE, CD80-FITC; Catelicidina foi marcada intracelularmente. Através da microscopia
óptica, foi observado o aumento da infecção por L. braziliensis em macrófagos e
células dendríticas na presença da vitamina D, demonstrando uma susceptibilidade
da endocitose dos parasitas. A análise por citometria de fluxo demonstrou que após
a infecção por L. braziliensis, a expressão de CD14 e CD80 foram reduzidas em
macrófagos e caracterizada pelo aumento da expressão de DC-Sign em ambas as
células, macrófagos e células dendríticas. Na presença da vitamina D, a expressão
dos marcadores de superfície teve um comportamento diferenciado em macrófagos
e células dendríticas. Nossos resultados indicam que a vitamina D aumentou a
infecção por L. braziliensis em macrófagos e células dendríticas e,
interessantemente, não teve efeito sobre a inibição de Catelicidina induzida por L.
braziliensis em células dendríticas.
8
ABSTRACT
9
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
11
LISTA DE ABREVIATURAS
12
1 INTRODUÇÃO
13
aderidas às microvilosidades – reiniciando o ciclo no hospedeiro invertebrado
(SANTOS et al., 2008; ALMEIDA et al., 2003).
15
a proliferação de linfócitos T CD4+, induzir a produção de imunoglobulinas e
citocinas, tais como IL-2, IFN-γ e TNF-α. (GOMBART, 2009) E, através da forma
ativa 1,25(OH)2D3, tem a possibilidade de atuar inibindo a maturação de células
dendríticas mielóides, reduzir a expressão de moléculas co-estimuladoras e
funcionar como indutora direta na expressão de genes que codificam peptídeos
antimicrobianos (GOMBART, 2009; LEANDRO et al., 2009).
16
2 OBJETIVOS
17
3 METODOLOGIA
18
Para análise da viabilidade celular, uma amostra de células foi diluída em
azul de Trypan (Gibco), observadas e quantificadas em câmara de Neubauer, de
modo a aferir a integridade da membrana e quantidade das mesmas.
1
Cinéticas anteriores foram realizadas no laboratório LaBioPac e a razão 5:1 (parasitas/célula) foi a que obteve
melhores resultados.
20
Após o tempo de interação de 4 horas, o sobrenadante foi removido e as
células aderentes infectadas ou não foram lavadas 3 vezes com tampão fosfato
salino (PBS, Sigma) pH 7,2 – 7,4 para remover os parasitas extracelulares. Meio
RPMI completo foi reposto novamente e as culturas foram mantidas em estufa a
37ºC por 20 horas.
Segue abaixo o desenho esquemático reproduzindo as condições
individualizadas dos poços das Labteks®.
21
Para aperfeiçoar a coloração das lâminas, foram testadas duas técnicas
de fixação e coloração. Primeiro, fixadas em metanol (Vetec) por cerca de cinco
minutos e em seguida, realizada a coloração por Giemsa diluído em água destilada
por 8 minutos.
No segundo método, as células foram fixadas por cinco minutos em
metanol, coradas por May Grunwald (Merck) por dois minutos, adicionando água
destilada por dois minutos e como etapa final, corado por Giemsa diluído em água
destilada por 10 minutos. Sendo essa técnica a que obteve os melhores resultados.
22
3.8 CITOMETRIA DE FLUXO
Marcação de superfície
23
Após esse tempo, as células foram lavadas duas vezes com saponina
0.3% por meio de centrifugação por 5 minutos, a 1500 rpm, a 4°C. Em seguida, o
sobrenadante foi retirado e ao pellet adicionado 200µL de tampão (PBS + 0.1% BSA
+ 0.01% de azida sódica). Os tubos foram homogeneizados, em vórtex e,
posteriormente, centrifugado duas vezes por 5 minutos, 1500 rpm, a 4°C. O
sobrenadante foi descartado e as células foram fixadas com 200µl de
paraformoldeído (Sigma) a 1%, de acordo com protocolos descritos por Prussing &
Metcalfe (1995) e Antas e colaboradores (2004).
Análise Estatística
A comparação entre os percentuais de infecção das APC infectadas por
L. braziliensis foi realizada pelo teste Kolmogorov-Smirnov, ao nível de significância
α=0,05.
24
4 RESULTADOS
25
Figura 02 – Efeito da vitamina D sobre a infecção de macrófagos derivados de monócitos isolados de sangue periférico humano
com Leishmania braziliensis
A - Macrófago humano cultivado na ausência de vitamina D; B - Macrófagos tratados com a forma ativa da vitamina D durante 3 dias. Observe
a presença de vacúolos (indicados pelas setas), indicando a ativação célular; C - Macrófagos infectados por Leishmania braziliensis; D -
Macrófagos tratados com a forma ativa da vitamina D por 3 dias e infectados por L. braziliensis. Observe o maior número de parasitas
intracelulares.
26
Figura 03 - Efeito da vitamina D sobre a infecção de células dendríticas derivadas de monócitos isolados de sangue periférico
humano com Leishmania braziliensis
A – Células dendríticas (DC) humanas cultivadas na ausência de vitamina D; B - DC tratadas com a forma ativa da vitamina D durante 3 dias.
C -DC infectadas por Leishmania braziliensis; D - DC tratadas com a forma ativa da vitamina D por 3 dias e infectadas por L. braziliensis.
Observe o maior número de parasitas intracelulares. – Doador 01 - (parasitas indicados pelas setas)
27
Figura 04 - Efeito da vitamina D sobre a infecção de células dendríticas derivadas de monócitos isolados de sangue periférico
humano com Leishmania braziliensis
A – Células dendríticas (DC) humanas cultivadas na ausência de vitamina D; B - DC tratadas com a forma ativa da vitamina D durante 3 dias.
Observe a presença de vacúolos (indicados pelas setas), indicando a ativação célular; C -DC infectadas por Leishmania braziliensis; D - DC
tratadas com a forma ativa da vitamina D por 3 dias e infectadas por L. braziliensis. Observe o maior número de parasitas intracelulares. –
Doador 02 - (parasitas indicados pelas setas)
28
4.1.3 Inibição da NO sintase
29
4.2 QUANTIFICAÇÃO DE Leishmania braziliensis POR
CÉLULA HOSPEDEIRA APÓS A INFECÇÃO
30
Gráfico 01 – Gráfico da quantificação do número de L. braziliensis endocitadas
por Macrófagos
31
Gráfico 02 – Gráfico da quantificação do número de L. braziliensis endocitadas
por células dendríticas
32
A seguir, os gráficos 03-04 representam a porcentagem de células
infectadas por L. braziliensis quando na presença da vitamina D. Nota-se o
aumento da porcentagem de APC infectadas quando pré-tratadas com a
vitamina D. A porcentagem de infecção chega a ser 30% maior que a situação
experimental na ausência do tratamento.
33
Gráfico 04 – Porcentagem de Células dendríticas infectadas por
L. braziliensis
34
4.3 CITOMETRIA DE FLUXO
Análise por citometria de fluxo dos controles sem marcação de macrófagos (A) e
células dendríticas (B). Indicado pela linha está a área do pool de células analisadas.
35
o pré –tratamento com vitamina D induziu o aumento da expressão de CD80
em macrófagos infectados por L. braziliensis. (GRAF. 06) PMA reduziu a
expressão de CD14 em macrófagos, porém induziu aumento de CD80 nestas
células. (GRAF.06)
36
Gráfico 06 - Análise da expressão do marcador de superfície CD80 em
macrófagos e células dendríticas através da citometria de fluxo
37
A marcação para CD3 foi realizada apenas como controle para
demonstrar a qualidade da purificação dos monócitos por agregação ao frio
como descrito em Métodos, e apresentou apenas uma pequena quantidade de
linfócitos contaminantes - controle negativo. (GRAF.7) Como controle positivo,
foi utilizado um ativador celular, o acetato de forbol miristato (PMA).
38
Gráfico 07 – Análise da expressão do marcador de superfície CD3 em
macrófagos e células dendríticas através da citometria de fluxo
39
Gráfico 08 – Análise da expressão do marcador de superfície CD209 em macrófagos
e células dendríticas através da citometria de fluxo
40
Gráfico 09 – Análise da expressão do marcador intracelular de Catelicidina em
macrófagos e células dendríticas através da citometria de fluxo
41
5 DISCUSSÃO
42
macrófagos não conseguem eliminar as formas promastigotas da cultura
(OLIVIER, 2005).
43
infecção de camundongos imunodeprimidos com dexametasona (SANTOS et
al., 2010).
44
As culturas de células, tanto macrófagos quanto DC, pré-tratadas
com a forma ativa da vitamina D durante 3 dias, apresentaram uma maior
formação de vacúolos no citoplasma, indicando uma ativação celular. (FIG. 2B,
3B e 4B)
45
O redirecionamento da resposta Th1 para a Th2 é influenciada pelo
perfil de citocinas liberado pelas APC na situação observada, visto que, a
vitamina D age como um feed back negativo controlando as respostas
inflamatórias das células e diminuindo a secreção de IFN–γ, IL-2, TNF-α e
aumentando de IL-4. Esta característica regulatória se mostra interessante para
o tratamento de doenças autoimunes como esclerose múltipla, doenças
intestinais e lúpus (WHITCOMB, 2012; BRUCE, 2008; ERCHEN, 2007; PENNA
& ADORINI, 2000).
46
Leishmania. Os camundongos, tratados com a vitamina D, apresentaram uma
carga menor de parasitas nas células epiteliais intestinais e nas lesões.
Embora a infecção tenha sido na mesma escala, acredita-se que a vitamina D
tenha inibido a proliferação intracelular do parasita, tanto in vitro quanto in vivo.
47
resultados mostram que L. braziliensis diminuiu a expressão de CD80 em
macrófagos e DC.
48
infecção por L. braziliensis em DC. Sugerindo que a via de NO está sendo mais
ativa na habilidade antiparasitária contra L. braziliensis.
49
6 CONCLUSÕES
50
8. Em macrófagos infectados com L. braziliensis, a vitamina D
aumenta a expressão de DC-Sign e CD80 e não altera produção de
Catelicidina.
51
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
52
DE ALMEIDA, M. C.; VILHENA, V.; BARRAL, A.; BARRAL-NETTO.
M. Leishmanial Infection: Analysis of its First Steps. A Review. Mem
Inst Osw Cruz, 98(7): 861-870, 2003.
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HART, P. H.; GORMAN, S.; FINLAY-JONES, J. J. Modulation of the
immune system by UV radiation: more than just the effects of vitamin
D? Nat Rev Immunol, 11: 584-596, 2011.
54
LIU, D.; KEBAIER, C.; AKPOUR, N. et al. Leishmania major
Phosphoglycans Influence the Host Early Immune Response by
Modulating Dendritic Cell Functions. Infect Immunit, 3272–3283,
2009.
55
REINER, S. L.; LOCKSLEY, R. M. The regulation of immunity to
Leishmania major. Ann Rev Immunol, 13: 151-177, 1995.
56
SOUZA, A. S.; GIUDICE, A.; PEREIRA, J. M. B. et al. Resistance of
Leishmania (Viannia) braziliensis to nitric oxide: correlation with
antimony therapy and TNF-a production. BMC Infect Dis, 10: 209,
2010.
57