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Status Quo

Efeito Manada
Efeitos de estruturação (framing): influência de investimento em função da forma como o
problema é apresentado

STATUS QUO

Status quo é o resultado da adaptação da expressão abreviada do latim, que pode


significar “o estado atual das coisas”. Entende-se que como a escolha da permanência de uma
determinada situação atual, sem que haja alteração do estado das coisas na qual o indivíduo
está inserido.

No ramo das finanças comportamentais, o viés do status quo, nomeado por Samuelson
e Zeckhauser (1988) é considero uma anomalia da teoria da utilidade esperada (TUE), proposta
por Von Neumann e Morgenstern (1953). O viés indica que os indivíduos possuem uma grande
tendência a manter o estado atual das coisas, pois as desvantagens aparentam ser maiores
que as vantagens e está ligado com a tomada de decisões de investimentos pensando nas
possibilidades de retorno futuro. A TUE propões que o indivíduo busque uma reavaliação de
suas escolhas, dado uma mudança de cenário, ajustando-as de forma necessária. Nos
investimentos, por exemplo, novas expectativas de cenários econômicos, novos fluxos de
recursos e novos produtos de investimento se enquadrariam como uma reavaliação da carteira
de investimentos atual.

Em uma pesquisa realizada por Isaac Markovitz (2018), procurou-se saber se


investidores de fundo de investimento estariam sujeitos ao viés comportamental do status
quo em suas decisões. Como justificativa, foi analisado se tais investidores mantinham
investimentos que poderiam não mais se adequar a seus objetivos financeiros. A pesquisa de
caráter descritivo através de um questionário baseado no trabalho de outros autores citados
anteriormente. A pesquisa foi realizada em uma amostra com 333 clientes de uma instituição
financeira, com idades entre 18 e 70 anos. O questionário foi modificado para se adequar a
realidade brasileira.

Concomitantemente ao trabalho realizado por Samuelson e Zeckhauser (1988), os


resultados apresentaram a presença do viés do status quo entre os participantes da amostra.
Foi possível a identificação do viés em amostras diversificadas, independente do grau de
formação e alfabetização financeira, não ignorando a presença de desvios comportamentais
entre os cotistas de fundo de investimentos. Tal comportamento da presença do viés de status
quo se mostra compatível com o comportamento observado na evolução da indústria de
fundos de investimentos, principalmente pela maior alocação de recursos em investimentos
de renda fixa.

A percepção da presença de vieses comportamentais e, no caso específico, de um


perfil de comportamento que induz à procrastinação na decisão por mudanças, amplia a
importância de um bom autoconhecimento pelos investidores, e de um bom conhecimento
dos clientes pelos participantes desta indústria, para que os fundos possam ser utilizados, com
qualidade, na formação de poupança visando os diversos objetivos que uma pessoa
apresentará durante sua vida.
Uma vez que é identificado o viés de status quo pelo investidor em suas decisões
financeiras, é necessário adotar certas ações como a diversificação de seus investimentos e
avaliação de diferentes perspectivas a fim de atingir seus objetivos financeiros, buscando
opções de investimentos mais eficientes.

EFEITO MANADA

Outro viés comportamental estudado pelas finanças comportamentais é o efeito


manada. Este comportamento identifica uma tomada de decisões que não são planejadas
racionalmente, influenciados por decisões de outros investidores. Em outras palavras, esse
comportamento ocorre quando um grupo de investidores imita o comportamento de outros,
ignorando suas próprias percepções do mercado (SANCHES, 2013).

Essa tendência de comportamento é semelhante em vários mercados de ações ao


redor do mundo, como apontam diversos estudos, assim como os fatores que geram essa
corrente de ações. Um fator relacionado ao efeito mandada é a crise financeira. Dzielinski
(2011) examinou que durante os momentos de incerteza econômicas, os investidores estão
expostos a um maior número de notícias desfavoráveis das companhias e isso promove uma
forte insegurança, levando-os a buscar um comportamento semelhante ao de outros seguindo
o movimento do mercado. Diante disso, a pesquisa realizada por Silva e Lucena (2019) buscou
investigar os seguintes fatores: A relação existente entre a crise do subprime, a publicação de
notícias e o tamanho da empresa, com ocorrência do efeito manada nas companhias com os
maiores valores de negociação listadas na [B]³.

Para a amostra, foram selecionadas as cem maiores empresas em volume de


negociações da [B]³ e as informações foram coletadas no próprio site. Já a coleta das
publicações de notícias se deu em diversos jornais brasileiros o Capital, Mercado & Negócios,
Valor Econômico e Folha de S. Paulo. Considerando dois grupos de informações, como: notícias
boas – informes positivos das empresas – e notícias ruins – informes negativos – que
influenciariam a imagem da empresa diante o investidor.

Os Resultados obtidos evidenciaram a relação positiva do efeito manda ao período de


crises e notícias boas. A relação positiva entre o período de crises e o viés de comportamento
mandada é explicada pelo fato de que nesses períodos os investidores encontram mais
dificuldades em analisar as empresas e identificar seus riscos. Dessa forma, optam por estar
em conformidade com o mercado, adquirindo o comportamento de manada e mantendo uma
posição igual a dos outros investidores.

Há também a relação positiva entre as notícias boas com o desencadeamento do


efeito manada, pois esses informes geram um excesso de otimismo nos investidores e isso os
motiva a aplicar mais recursos nas companhias com a imagem positiva.

Outras conexões também foram identificadas como a relação entre o comportamento


de manada com o tamanho e o tempo em que a empresa atua no mercado acionário. Uma
possível justificativa é decorrente da incerteza gerada por uma empresa de menor porte, por
conta da maior assimetria de informações.
Conclui-se que apesar das limitações da pesquisa, foram identificados resultados
positivos para o efeito manada nos casos de crise econômica, a publicação de boas notícias e o
tamanho da empresa e a inexistência de tal comportamento relacionado a notícias ruins.

EFEITOS DE ESTRUTURAÇÃO (FRAMING)

O efeito de estruturação ou framing possui grande relevância dentro da teoria dos


prospectos. Consiste na manipulação da forma que a informação é a presentada a um grupo
de decisores, possibilitando a indução de um indivíduo na tomada de decisão. Isso ocorre sem
que haja adulteração das informações, somente pela estrutura da apresentação. A teoria se
diferencia em duas etapas dentro de um processo de escolha: a primeira é a percepção de
quem está tomando a decisão sobre os elementos necessários, como alternativas,
probabilidades e resultados. Já a segunda, consiste na avaliação de cada alternativa por parte
do tomador de decisão (BARBOSA et al, 2019).

O objetivo desta pesquisa foi verificar como se da o processo decisório a partir da


forma como as informações são apresentadas em diversas situações, e também procura
identificar como os atores são influenciados em decisões que envolvem riscos e ganhos. Para
tal, foi realizado uma pesquisa do tipo quantitativa, em uma mostra composta por
universitários da Universidade Federal do Paraná dos cursos de administração e ciências
contábeis, onde 267 respostam foram validadas. O questionário em questão foi adaptado do
trabalho de Kahneman e Tversky (1979). As alternativas propõem colocar os respondentes em
situações de decisão e avalia-los se sofreram o efeito framing.

Assim como previsto na teoria dos prospectos, confirmou-se nesse trabalho a


existência do efeito framing a partir dos resultados coletados. A configuração das alternativas,
em diferentes formas e com os mesmos resultados, levou os estudantes a optarem pela
alternativa esperada. Também identificou que os atores toam suas decisões diferentes
baseadas em suas percepções, viesses cognitivos e racionalidade limitada, tendo respostas
diferentes entre os alunos de ambos os cursos. Deste modo, a pesquisa se mostra relevante
para o desenvolvimento dos estudantes no geral e também para as demais pesquisas sobre as
teorias comportamentais.
REFERÊNCIAS
SAURIN, Valter et al. O relacionamento entre o viés do status quo e o perfil de risco em
tomadas de decisões financeiras. Revista de Economia e Administração, v. 10, n. 3, 2011.

MARCOVISTZ, Isaac. O viés do status na indústria de fundos de investimento no Brasil.


Dissertação – Fundação Getúlio Vargas. Rio de Janeiro, 2018.

Silva, V. M., Lucena, W. G. L. (2019). Finanças comportamentais: análise dos fatores do efeito
manada em empresas listadas na [B]³. Revista Catarinense Da Ciência Contábil, 18, 1–20.

BARBOSA, Ismael et al. Processo decisório sob o efeito framing: um estudo


comparativo. Cadernos de Gestão e Empreendedorismo, v. 7, n. 3, p. 13-24, 2019.

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