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RESUMO
O estudo de finanças tem sido desenvolvido desde o século passado. Após um grande enfoque nas
finanças corporativas e públicas, as finanças pessoais acabaram recebendo influências significativas,
porém sem considerar, principalmente, a dimensão subjetiva que caracteriza as decisões dos indivíduos,
seus sonhos, desejos e aspirações. Neste trabalho, estuda-se como tem-se desenvolvido o estudo de
finanças pessoais e a relação com outros campos financeiros, as principais diferenças entre o trato com
as finanças corporativas e públicas, bem como algumas semelhanças que permitem que ferramentas
destas outras áreas de finanças podem auxiliar no planejamento financeiro pessoal, incluindo os
desenvolvimentos atuais que consideram os aspectos subjetivos, sem os quais o planejamento pode
tornar-se inócuo. Por fim, discute-se a importância da educação financeira e como esta influencia a
economia de forma positiva, e como as instituições de ensino superior podem auxiliar desempenhando
um papel decisivo neste processo.
INTRODUÇÃO
Pode-se dizer, de maneira geral, que o campo de investigações sobre finanças, recobre
vasto material teórico. Inicialmente, os estudos sobre finanças desenvolveram-se dentro do
campo das ciências econômicas, logo tornando-se preocupação de outras áreas do
conhecimento, como marketing, desenvolvimento social, estudos sociais, microeconomia,
administração, etc.
Como uma das características principais de nossa sociedade é seu alicerce
mercantilista, compra e venda de mercadorias e serviços, todo indivíduo é um consumidor, em
algum ponto de sua vida.
Especialmente em tempos atuais, este aspecto de compras e vendas é impactado pelo
surgimento de múltiplas modalidades de compra à prazo. O que implica aos consumidores, que
1
Prof. Esp. do curso de Administração da Faculdade Calafiori (davilemosreis1@gmail.com)
2
Prof. Me. e coordenadora do curso de Administração da UEMG (marise.fornari@uemg.br).
3
Mestre em Desenvolvimento Regional e Meio Ambiente UEMG, Especialista em Gestão de Pessoas FGV,
Administração de Empresas UEMG e Professor universitário e Pós Graduação da Universidade do Estado de
Minas Gerais Federal - MG, edson.martins@uemg.br;
não apenas seus recursos presentes podem ser utilizados para o consumo, mas também
rendimentos futuros, os quais possuem como característica certo grau de incerteza.
Porém, se tanto a necessidade de consumir como as formas de pagamento por este
consumo se expandiram à um grande ritmo nos últimos anos, tal não ocorreu com a educação
financeira.
A necessidade do consumo e o amplo crédito levam muitas pessoas à uma situação de
endividamento, a qual não prejudica apenas um único indivíduo, mas causa reflexos nos grupos
familiares e consequentemente na sociedade.
A falta de uma educação financeira, apesar de reconhecida sua importância, causam
problemas além dos prejuízos econômicos mais imediatos, pois impede que o indivíduo tenha
acesso à uma melhor educação em outras esferas do conhecimento, o que limita suas
oportunidades profissionais, atividades recreativas, seu acesso à cultura, etc. (PIRES, 2006)
Além disto, quando há alguma educação financeira, esta tem a tendência de tratar as
finanças pessoais com forte analogia com as finanças corporativas ou públicas. Esta abordagem
mostra-se pouco eficiente para enfrentar aspectos subjetivos, os quais influenciam não apenas
o consumo, mas as estratégias de investimento e também as estratégias de ampliação dos ganhos
de cada indivíduo. (THALER, 1999)
Diante disto, este presente trabalho busca investigar como as finanças pessoais se
distinguem em relação à outras abordagens; Qual o papel da universidade relativo à educação
financeira; e quais as principais diferenças entre o planejamento financeiro geral e o
planejamento financeiro pessoal.
Por fim, este trabalho visa ainda abordar uma ferramenta que já é empregada nas
finanças corporativas, bem como reiteradamente utilizada, muitas vezes de forma empírica,
para o controle financeiro individual, fazendo ajustes para adequar-se as diferenças encontradas
entre as diferentes abordagens sobre finanças.
METODOLOGIA
DESENVOLVIMENTO
Os estudos sobre finanças não são tão recentes, já tendo um campo teórico bem
desenvolvido. Diversos pesquisadores já se ocuparam de tentar responder algumas perguntas
sobre o comportamento das pessoas sobre suas próprias finanças.
Um dos primeiros autores a investigar o comportamento de poupar foi John Maynard
Keynes economista britânico do que viveu entre os séculos XIX e XX.
Keynes (1936) demonstra em seu trabalho a propensão do indivíduo poupar seus
recursos financeiros. Porém, a maneira como esta poupança é feita pode assumir diferentes
formas, algumas mais eficientes que outras, sendo que há até mesmo aquelas que mostram-se
prejudiciais no longo prazo.
O trato com as finanças pessoais apresenta muitos disafios e uma das grandes
dificuldades é a falta de conhecimento sobre o mercado financeiro pela população de maneira
geral.
Um estudo feito por Campbell (2006), voltado para decisões de investimentos nos
grupos familiares, descobriu que entre os vários elementos presentes nas decisões de
investimento das famílias, o principal era a ingenuidade. Nesta perspectiva, a falta de
conhecimento inibe não apenas os grupos familiares em sua análise sobre o melhor tipo de
investimento a ser feito, mas limita até mesmo o surgimento e ampliação de produtos
financeiros.
Porém, se a falta de conhecimento dos produtos financeiros é um dos pontos de
dificuldade, este não é o único. SILVA et all (2008) argumentam que por muito tempo as
decisões financeiras foram vistas como processos meramente analíticos e racionais, onde
pessoas ponderavam de forma sistemática sobre as decisões que deveriam tomar no momento
de investir ou gastar seu dinheiro.
Porém, a partir de estudos desenvolvidos por Amos Tversky e Daniel Karhneman,
psicólogos e docentes israelenses, começou-se a considerar que as decisões financeiras não
seriam tão racionais assim, inserindo certo subjetivismo no processo de tomada de decisões
sobre finanças (Silva et all, 2008).
Thaler (1999), à partir destas reflexões postuladas por Tversky e Kahneman aprofunda
as pesquisas e afirma que há investidores que agem de forma racional, e aqueles que agem de
maneira quase-racionais, os quais apesar de tentarem tomarem boas decisões de investimento,
acabam cometendo erros previsíveis, devidos em parte à interferência das motivações
intrínsecas dos seres humanos.
As decisões financeiras são, a partir deste entendimento, não pensadas apenas em
sentido estritamente racional, como construídas sob análises matemáticas dos melhores
resultados possíveis. As escolhas feitas pelos indivíduos também comportam elementos que
vão mesmo na contramão do que se esperaria em cenários onde a implicação matemática fosse
uma, mas a opção realizada é oposta, sendo neste aspecto considerada irracional.
Silva et all (2008) discutem que a forma como as questões relacionadas as finanças
pessoais tem sido tratadas até o momento, sem incorporar decisões consideradas dentro de uma
lógica matemática como irracionais, prejudica a compreensão do comportamento dos
investidores. Isto é ainda agravado quando se considera que o ingressante no complexo sistema
financeiro muitas vezes não sabe por onde começar, e, conforme Pires (2006) acaba tomando
decisões erradas por não dispor de recursos suficientes para contratar profissionais que lhes
apresentem as particularidades deste sistema.
Discutiremos agora alguns conceitos referentes às finanças pessoais, considerando esta
valoração subjetiva que tem recentemente sido considerada.
Planejamento financeiro
O planejamento financeiro pode ser compreendido como as diretrizes básicas que irão
orientar, coordenar e controlar as iniciativas de uma determinada pessoa, seja esta física ou
jurídica, indivídual ou coletiva, nas suas escolhas e decisões que envolvam o uso de finanças.
Este planejamento deve partir de estratégias visando o longo prazo, com os quais
lançam-se os fundamentos que orientarão a formulação de planos financeiros de curto prazo.
(GITMAN; MADURA, 2003).
Sobre a duratividade dos planejamentos financeiros, Gitman e Madura (2003)
postulam que os de longo prazo abarcam os períodos compreendidos entre dois à dez anos,
enquanto as estratégias que visam o curto prazo considera até dois anos no futuro.
Ross; Westerfield e Jaffe (1995) afirmam que o planejamento financeiro não é
estanque e imutável, deve considerar a necessidade de ser revisado e confrontado de tempos em
tempos, para que ajustes sejam feitos. Os autores ainda consideram que fatores como:
possibilidades de investimento, endividamento e montante de dinheiro disponível, influenciam
diretamente no planejamento inicial.
Pires (2006) argumenta que sem um planejamento financeiro, é impossível que se
alcance uma situação desejada, e mesmo que a realização de um planejamento apresenta-se
como condição essencial para a melhora das finanças pessoais.
Uma das ferramentas mais utilizadas para compor um planejamento financeiro eficaz
é o emprego do orçamento, um plano de processos operacionais para determinado período que
represente os recursos econômicos projetados e objetivos a serem alcançados, tanto de entrada
de recursos como de gastos. (LUNKES, 2007)
As principais contribuições de um orçamento são, conforme Lunkes (2007): Previsão
dos prováveis resultados do período; Vislumbre das necessidades e fontes financeiras futuras;
Comparabilidade e análise ao longo do tempo; Identificação de desvios no planejamento
financeiro inicial.
Ao possibilitar um confronto entre o orçamento planejado e o orçamento realizado,
pode-se investigar com maior foco as causas dos desvios ocorridos no período, propiciando que
haja maior preparação para tais eventos no futuro.
Lunkes (2007) ainda discute como a instauração de um orçamento, à nível
organizacional, possibilita que cada setor possa definir seus gastos para o período, permitindo
alocar recursos onde há um maior gasto planejado inicialmente.
Sustentando esta proposta, Sanvicente e Santos (2012) argumentam que não apenas
deve haver uma distribuição orçamentária de acordo com centros de responsabilidade, como
também é necessário o acompanhamento dos orçamentos levantados inicialmente, tentando
manter-se fiel à este, ou quando não possível, registrar as causas dos desvios.
O emprego do orçamento trás maior segurança financeira quando bem utilizado, e com
aompanhamento e as necessárias correções, é um instrumento muito útil para uma malhor
gestão dos recursos financeiros. (LUNKES, 2007) (SANVICENTE; SANTOS, 2012)
Porém, antes de avançar, discute-se algumas considerações sobre finanças pessoais.
Finanças pessoais
Este cenário onde há muito esforço depreendido pelas empresas para estimular o
consumo, além de fatores psicológicos dos próprios consumidores, pode levar ao
endividamento.
Esta perspectiva do consumo em relação com o materialismo, ou seja o desejo de
exercer a possibilidade de consumir, e como isto influencia no sentido de levar a uma situação
de endividamento, é uma preocupação atual. Estudo feito por Moura (2005) descobriu que
alguns dos fatores que mais impactam o comportamento em relação ao consumo são: fatores
emotivos, de bem-estar decorrente da compra e o valor manifesto na aquisição de status social.
Além destes fatores mais subjetivos, portanto mais difíceis de serem estudados, Lunt
e Livingstone (1991) destacam que variáveis demográficas são pertinentes ao observar certos
fenômenos no comportamento do endividamento.
Portanto, a mera aplicação de ferramentas teórico e metodológicas usadas para tratar
das finanças corporativas ou governamentais, mostram-se ineficazes no trato das finanças
pessoais, as quais envolvem outras variáveis que não se aplicam aquelas outras.
Seria necessário, portanto, uma educação voltada às finanças de maneira específica.
Educação financeira
Duarte (2012) argumenta que nas universidades há um espaço propício para que a
educação financeira seja abordada. Porém, segundo este autor, isto não é o que se observa, e
que os alunos saem das faculdades muitas vezes com o mesmo conhecimento financeiro com o
qual entraram.
Ainda tanto para Duarte (2012) e Barros (2010), é interessante que as universidades
passem a considerar a importância de ofertar uma formação financeira voltada aos seus alunos,
não apenas dos cursos de ciências sociais aplicadas, mas também em relação com outras áreas
do conhecimento.
Devido tanto à falta de conhecimento sobre finanças, bem quanto às particularidades
das finanças pessoais, deve-se pensar em como auxiliar os indivíduos a construírem um
planejamento de finanças pessoais.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
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