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REPRESENTAÇÕES SOCIAIS NA PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA

DE UNIVERSITÁRIOS: UMA ANÁLISE A PARTIR DO DISCURSO DO


SUJEITO COLETIVO1

SOCIAL REPRESENTATIONS IN THE PHYSICAL ACTIVITY OF UNIVERSITY


STUDENTS: AN ANALYSIS FROM THE COLLECTIVE SUBJECT’S DISCOURSE

REPRESENTACIONES SOCIALES EN LA PRÁCTICA DE ACTIVIDAD FÍSICA


DE ESTUDIANTES UNIVERSITARIOS: UN ANÁLISIS DESDE EL DISCURSO DEL
SUJETO COLECTIVO

Jonathan José da Silva


Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
jonathan.jo@usp.br

Marília Velardi
Universidade de São Paulo, São Paulo, Brasil
marilia.velardi@usp.br

RESUMO

Objetivou-se identificar como o componente psicossocial, um dos pilares do campo


das representações sociais e atividade física pode estar atrelado à escolha das práticas de
atividade física por universitários, despertando diversas sensações, motivações, tornando-se
um fator de destaque no cenário em questão. O estudo, embasado na Teoria das
Representações Sociais, utilizou como instrumento de pesquisa uma entrevista semi-
estruturada com atletas e ex-atletas universitários, de maneira gravada por plataforma digital.
Para a análise das respostas foi utilizado o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC) por meio do
qual foi possível identificar que as motivações para a prática do esporte universitário provém
de uma série de aspectos psicossociais que estão expressos desde os primeiros contatos com
atividades físicas. Além disso, é destacado o papel das entidades universitárias e outras ações
internas estimulam a participação das pessoas universitárias. Os resultados que advém da
análise do DSC nos induzem a identificar a importância de estudos sobre os aspectos
psicossociais para a compreensão das que envolvem a adesão à prática de atividades físicas
durante o período universitário e seus impactos futuro sobre a adesão nos períodos
subsequentes da vida.

Palavras-chave: psicossocial; esporte; universitário, representações; sociais.


ABSTRACT

The objective was to identify how the psychosocial component, one of the pillars of
the field of social representations and physical activity, may be linked to the choice of
physical activity practices by university students, awakening several sensations, motivations,
becoming a prominent factor in the scenario in question. . The study, based on the Theory of
Social Representations, used as a research instrument a semi-structured interview with
athletes and former university athletes, recorded in a digital platform. For the analysis of the
answers, the Collective Subject’s Discourse (CSD) was used, through which it was possible
to identify that the motivations for the practice of university sports come from a series of
psychosocial aspects that are expressed since the first contacts with physical activities. In
addition, the role of university entities is highlighted and other internal actions encourage the
participation of university people. The results from the DSC analysis lead us to identify the
importance of studies on psychosocial aspects for understanding those that involve adhering
to the practice of physical activities during university years and their future impacts on
adherence in subsequent periods of life.
Keywords: psychosocial; sports; university; representations; social.

RESUMEN

El objetivo fue identificar cómo el componente psicosocial, uno de los pilares del
campo de las representaciones sociales y la actividad física, puede vincularse con la elección
de prácticas de actividad física por parte de los estudiantes universitarios, despertando
diversas sensaciones, motivaciones, convirtiéndose en un factor destacado en el escenario en
cuestión. . El estudio, basado en la Teoría de las Representaciones Sociales, utilizó como
instrumento de investigación una entrevista semiestructurada a deportistas y ex deportistas
universitarios, grabada en una plataforma digital. Para el análisis de las respuestas se utilizó
el Discurso del Sujeto Colectivo (DSC), mediante el cual se pudo identificar que las
motivaciones para la práctica de deportes universitarios provienen de una serie de aspectos
psicosociales que se expresan desde los primeros contactos con la actividad física. Además,
se destaca el papel de las entidades universitarias y otras acciones internas fomentan la
participación de los universitarios. Los resultados del análisis de DSC nos llevan a identificar
la importancia de los estudios sobre aspectos psicosociales para comprender aquellos que
implican la adhesión a la práctica de actividades físicas durante los años universitarios y sus
impactos futuros en la adhesión en períodos posteriores de la vida.
Palabras clave: psicosocial; deporte; universitario; representaciones; sociales.

ASPECTOS INTRODUTÓRIOS
A combinação de práticas de atividade física com aspectos sociais pode vir a ser um
componente desafiador, dado o infortúnio de suportar situações que confrontam o estado de
equilíbrio emocional, psicológico ou físico. Esse cenário não está expresso somente no
campo de exposição à uma atividade ou prática física, e reúne uma variedade de componentes
que impactam a perspectiva de núcleos familiares, o estímulo social, ambiental, profissional,
baseados na cultura e aspectos estruturais. O histórico de experiências construídas ao longo
da vida pode acarretar sensações que partem diretamente para os dois lados, benéficas ou
maléficas. É imprescindível considerar o quanto esses fatores não passam ilesos mediante
qualquer troca ao longo da vida. É importante reiterar os benefícios da adesão das práticas, e
o quanto elas podem ser um artifício de realização, ilustrando uma válvula de escape
essencial mediante às inseguranças e anseios, de forma a proporcionar um espaço no qual se
possa ouvir e principalmente obter essa correspondência, entendendo o real impacto dessa
intersecção.

A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2018) define atividade física como


“qualquer movimento corporal produzido pelos músculos esqueléticos, com o consequente
consumo de energia”, salientando o benefício da prática para a saúde dos indivíduos,
independente de ser algo específico ou simplesmente produtos do lazer e cotidiano, como
andar, trabalhar ou viajar. Ao longo da vida, há a exposição a diversos estímulos que nos
levam a praticar alguma atividade, uma brincadeira, uma modalidade. O processo de escolha
não passa exclusivamente por praticantes, que se deparam com uma roda de influências,
sejam familiares, emocionais, psicológicas e sociais, trazendo consigo um tipo de aceitação
na qual se é questionado o real valor e sentido de se inserir em tais atividades, independente
da idade.

Estudos e políticas que têm como objetivo influenciar a inserção, o desempenho e


permanência das pessoas em programas de atividades físicas, oferecendo aporte científico
essencial para solucionar questionamentos, seja no âmbito recreacional quanto no esportivo
de alto nível. A psicologia do esporte, importante aspecto a ser estudado na educação física,
assume importante papel na construção mental, emocional, psicológica e sociocultural das
pessoas, sejam elas apenas praticantes habituais, ou atletas.

Os fatores psicossociais são agentes que moldam determinados conhecimentos no


processo de formação humana e se expressam como relevantes no tocante da prática e
condução da mesma. De acordo com Alves e Francisco (2009), a abordagem psicossocial
compreende que a nossa história de vida é marcada pelas relações em rede, cujas estruturas
social e familiar, bem como as experiências culturais, se manifestam no dia a dia; concebe,
pois, o sujeito como um todo que afeta e é afetado no mundo, enfatizando a interação e a
interdependência dos fenômenos biopsicossociais e buscando pesquisar a natureza dos
processos dinâmicos subjacentes que compõem o homem em sua vivência.

A esfera psicossocial se ramifica a diversos aspectos, nos quais podem estar


estritamente relacionadas ou não com a prática de atividade física. Uma das faces abordadas,
a patológica, possui destaque nas evidências, já que podem exercer influências. A
participação em um programa regular de exercícios pode contribuir para a reabilitação
psicossocial dos portadores de doença mental, que além de reduzir possibilita a prevenção de
declínios funcionais associados à doença mental. Podem também ajudar no aumento da auto-
estima, da percepção de controle, da eficácia e da percepção da imagem corporal, redução do
estresse e dos estados de depressão e ansiedade. Possibilita assim melhora da qualidade de
vida, que no contexto da saúde mental visa à estruturação de um conjunto de fatores como
resgate das habilidades sociais, moradia, trabalho, educação, apoio comunitário, lazer e bem-
estar psicológico (TAKEDA; STEFANELLI, 2006).

O ambiente universitário, um dos espaços recorrentes que podem ser habitados pelas
pessoas, carrega consigo o componente eufórico, desde o momento da aprovação na carreira
escolhida, até a primeira vivência com a quantidade variada de atividades que podem ser
exploradas ao longo do período de graduação. Os programas de atividade física, disciplinas,
além da prática de modalidades esportivas são opções que atingem alunos e representam uma
experiência que pode ser levada para a vida, seja para o simples lazer, para a participação em
campeonatos, ou até mesmo uma mudança no estilo de vida.

De Aquino (2016, p.127) reitera a importância do esporte independente do meio:

O esporte como agente socializador introduz


hábitos e regras sociais que serão úteis para a vida dos
atletas, sendo ele imprescindível no desenvolvimento
físico, psíquico e emocional de seus praticantes, e para a
formação de um caráter forte.

A adesão à essas práticas derivam não apenas de livre e espontânea vontade, mas
também de um histórico impulsionado pelo ambiente vivido, experimentações, indicações,
pressão familiar e outros componentes do campo psicossocial. Segundo Cheng et al (2016) “a
atividade física tem se mostrado associada a fatores intrapessoais, interpessoais e ambientais,
destacando a “autoeficácia” e o “apoio social” para a prática de atividade física como fatores
psicossociais mais investigados”.

O estímulo de práticas de atividade física representa uma forma de inserção que causa
diferentes emoções. Takeda e Stefanelli (2006) denotam a importância social da atividade
física quando utilizada para estimular a socialização precoce na infância, com reflexos
positivos na vida adulta. A antecipação ao estímulo esportivo no período infantil e seus
impactos futuros ainda são reiterados por Frascareli (2008), ainda que “sejam as experiências
da infância quais forem, elas têm um papel fundamental na formação do ser humano e são
significativas para a vida adulta. A pergunta precisa então seguir na direção de como essas
experiências particulares relacionadas ao esporte infantil atuam na formação de quem será o
adulto”. Essas experiências estão atreladas à uma especialização esportiva além da
socialização precoce, o que caracteriza uma válvula de escape diversificada. A especialização
esportiva é definida como um treinamento intenso durante todo o ano em um único esporte,
com a exclusão de outros esportes. (JAYANTHI, 2013) Esses possíveis impactos estão
presentes tanto na adolescência quanto na vida adulta, porém, há a possibilidade de não haver
adesão e manutenção na prática, desejo em realizar outras atividades destinadas ao lazer,
além de prioridades acadêmicas, que se tornam um componente afastador dessa relação.

Adotar ou não uma prática de atividade física parece, além dos aspectos psicológicos,
possuir relação com o modo como as pessoas representam os sentidos das práticas em seus
grupos sociais. Isso pode ser explicado pelos estudos que abordam a teoria das
Representações Sociais.
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS
Dentro do prosseguimento e contexto do estudo, é de suma importância a abordagem
da chamada “Teoria das Representações Sociais”, desenvolvida e trabalhada pelo sociólogo
Serge Moscovici, a partir da década de 1960. A teoria diz respeito às ideias, expressões,
pensamentos e intervenções que estão ligadas ao componente de interação social,
reproduzindo e se modificando ao passar desses preceitos. De acordo com Reis (2013), as
representações sociais pontuam uma dimensão coletiva, mas sem separação dos indivíduos,
grupos e sociedade:

Há uma dialética entre essas dimensões. A


produção dos saberes sociais pelos indivíduos e/ou
grupos sociais é construída pela inscrição cultural destes
nas tramas sociais às quais pertencem, atuam e vivem.
[...] Em outras palavras, há uma íntima relação dos
indivíduos e sociedade mediada pelos grupos sociais aos
quais pertencemos. [...] (REIS, 2013)

Esse domínio foge do que caracterizamos como “senso comum”, porém ainda assim
apoia-se na reprodução de ações compartilhadas entre a sociedade para com a construção de
uma realidade em conjunto. Denise Jodelet (2001), uma das grandes expoentes no que diz
respeito à representações sociais, discorre acerca desse fenômeno:

Reconhece-se, geralmente, que as representações


sociais, como sistemas de interpretação,que regem nossa
relação com o mundo e com os outros, orientando e
organizando as condutas, e as comunicações sociais.
Igualmente intervêm em processos tão variados quanto a
difusão e a assimilação dos conhecimentos, no
desenvolvimento individual e coletivo, na definição das
identidades pessoais e sociais, na expressão dos grupos e
nas transformações sociais. (JODELET, 2001)

Essas representações não estão restritas à um único componente ou aspecto social. Ela
constrói muitas das nossas visões sobre determinados preceitos e moldam impressões, mas
sempre está sujeita à adaptações e alterações. O campo da educação física, por exemplo,
possui uma gama de interpretações por meio da sociedade e sempre esteve atrelada aos
conceitos de culto ao corpo, ao ensino prático de modalidades ou à realização da prática de
exercícios com finalidade de hipertrofia, porém a mesma compreende a propagação da
qualidade de vida, o que também não deixa de ser usufruído pelos atores que montam as
representações enquanto sociedade e são suscetíveis a entender as mudanças de expressão e
novas transformações que são trabalhadas pela construção coletiva da mesma.

REPRESENTAÇÕES SOCIAIS E ATIVIDADE FÍSICA


É importante levar em consideração que o estudo das representações sociais não se
restringe apenas ao campo da educação física. A partir de uma busca simples no catálogo de
Teses e dissertações da CAPES (2020), existem cerca de aproximadamente 271882
publicações que tratam da teoria. Como claro exemplo fora do campo das ciências da saúde,
temos a dissertação de Resende (2013), que objetivou identificar, dentro da área
administrativa, o desenvolvimento do conhecimento sobre a gestão numa Incubadora
Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP) da Universidade de São Paulo (USP).

No que tange a educação física, a pesquisa apontou aproximadamente 1518


publicações. Uma dessas publicações, elaborada por Rafael (2013), aborda as representações
sociais e a análise das concepções que abordam tanto a educação Física na infância e
adolescência quanto a atividade física na vida adulta, na perspectiva de pessoas com
deficiência física congênita e suas possíveis relações. A autora reitera que as aulas de
Educação Física marcaram as pessoas deste estudo, levando-as a praticar ou não atividade
física depois de adultos. O motivo de não praticarem uma atividade pode estar relacionado a
essas vivências ou à vergonha ou a olhares preconceituosos. Por outro lado, quem pratica
atividade física, quando adulto, pode vincular as lembranças boas das aulas de Educação
Física e ao benefício da qualidade de vida. Variando a temática, o estudo proposto por
Vergílio (2013) busca compreender as representações sociais sobre responsabilidade
profissional entre professores que atuam como instrutores de musculação, pontuando que
“não há o sentimento de pertença ao grupo profissional, em que prevaleça o cumprimento das
normas de conduta profissionais, sendo que o elemento de maior impacto para a
responsabilidade que possuem vem dos valores familiares”, e ainda que “os julgamentos e
reflexões sobre o tema atrelados a opiniões que possuem com base no que vivenciaram,
observaram e aprenderam de suas vivências práticas e da experiência profissional.”

Sendo assim, o presente estudo possui por objetivo identificar como diversos fatores
da esfera psicossocial, expressos em ações, patologias ou outros componentes podem exercer
influência quando a pessoa incorpora a prática de atividade física em sua vida,
excepcionalmente em caráter universitário.

MÉTODOS

A pesquisa possui caráter de natureza qualitativa. O presente estudo considera ser importante
a opinião e relatos de praticantes de atividade física nas dependências da Universidade.
Mediante ao fato, a seleção das pessoas foi delineada por conveniência. Foram entrevistadas
10 praticantes e ex-praticantes, com idade entre 18 e 30 anos, de algumas modalidades
oferecidas na Escola de Artes, Ciências e Humanidades da Universidade de São Paulo
(EACH-USP). As respectivas modalidades são: Basquete, Cheerleaders, Futebol de Campo,
Futsal, Handebol, Natação, Rugby, Tênis, Tênis de Mesa e Vôlei.

Como instrumento de pesquisa foi elaborado um roteiro para uma entrevista semi-
estruturada. Triviños (1987, p.145) descreve a entrevista semi-estruturada como:

Aquela que parte de certos questionamentos


básicos, apoiados em teorias e hipóteses, que interessam
à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo
à medida que se recebem as respostas do informante.
Desta maneira, o informante, seguindo espontaneamente
a linha de seu pensamento e de suas experiências dentro
do foco principal colocado pelo investigador, começa a
participar na elaboração do conteúdo da pesquisa.

Boni e Quaresma (2005) ainda pontuam que “as entrevistas semi-estruturadas


combinam perguntas abertas e fechadas, onde o informante tem a possibilidade de discorrer
sobre o tema proposto [...] o que permite ao entrevistador tocar em assuntos mais complexos
e delicados, ou seja, quanto menos estruturada a entrevista maior será o favorecimento de
uma troca mais afetiva entre as duas partes”.

Sendo assim, foram elaboradas questões apoiadas na literatura que permitiram diálogo
entre entrevistador e pessoas entrevistadas.

Foram selecionadas duas perguntas norteadoras:

- Você acredita ter sido motivado a praticar esportes ou atividade física ao


longo da vida?”;

- Você acredita que a universidade influencia no processo de prática de


atividade física ou esporte?”.

Para a análise das entrevistas foi utilizado o Discurso do Sujeito Coletivo (DSC),
elaborado a partir dos anos 2000, por Fernando Lefèvre e Ana Maria Cavalcanti Lefèvre,
doutores em Saúde Pública, pela Universidade de São Paulo. O método contempla a esfera
quali quantitativa: O aspecto qualitativo se refere às representações com que os discursos
diversos de cada sujeito são propagadas, ao longo de um histórico pautado. O aspecto
quantitativo está expresso por meio das interjeições numéricas, referentes à tabulações, à
quantidade de discursos. O DSC, em suas concepções, busca localizar e compreender o
chamado sujeito coletivo, descrito por Lefèvre e Lefèvre (2006), como algo que “vem se
constituindo numa tentativa de reconstituir um sujeito coletivo que, enquanto pessoa coletiva,
esteja, ao mesmo tempo, falando como se fosse indivíduo, isto é, como um sujeito de
discurso “natural”, mas veiculando uma representação com conteúdo ampliado”.

‘ O DSC está estritamente ligado às representações sociais, que de acordo com


Lefèvre e Lefèvre (2014, p.503):

[...] É uma forma de metodologicamente resgatar e


apresentar as representações sociais obtidas de pesquisas
empíricas. Nessas, as opiniões ou expressões individuais
que apresentam sentidos semelhantes são agrupadas em
categorias semânticas gerais, como normalmente se faz
quando se trata de perguntas ou questões abertas.
A análise proposta pelo DSC orienta-se por três elementos idealizados por Lefèvre e
Lefèvre (2003):

- Expressões-chave: trechos literais dos depoimentos, que sinalizam os principais


conteúdos das respostas;

- Ideias centrais: fórmulas sintéticas, que nomeiam os sentidos de cada depoimento e de


cada categoria de depoimento;

- Discurso do sujeito coletivo: os signos compostos pelas categorias e pelo seu


conteúdo, ou seja, contempla a reunião das expressões-chave e as ideias centrais
dentro do relato.

Ao passo em que as pesquisas de cunho quali-quantitativo estejam em um ritmo


gradual e sendo exploradas de forma mais restrita e cuidadosa, o DSC se mostra como uma
ferramenta de influência positiva, sobretudo nas pesquisas voltadas para a área da saúde.
Figueiredo et al. (2013) ressalta a importância do uso e abordagem da metodologia do DSC,
representando “uma mudança nas pesquisas qualitativas porque permite que se conheça os
pensamentos, representações, crenças e valores de uma coletividade sobre um determinado
tema, utilizando-se de métodos científicos.”

A fins de organização, as pessoas entrevistadas receberam um formulário eletrônico


através da plataforma Google Forms, para preenchimento de informações básicas e pessoais.
(Anexo A) Essas informações englobam o respectivo nome, idade, email, carreira cursada na
universidade, modalidade praticada na universidade e atividade física praticada paralelamente
à modalidade.

Os relatos foram coletados por meio de entrevistas gravadas na plataforma digital


Google Meet, na qual as pessoas entrevistadas puderam optar por uma experiência que
contempla o uso apenas da voz e/ou também por imagem, a depender do estado de conexão à
internet e da disponibilidade de recursos de vídeo. O protocolo prévio indica uma
apresentação geral do método à participante, assim como a realização das perguntas, de
forma a tornar o diálogo mais leve.

Foi apresentado um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, indexado no


formulário eletrônico mencionado, para preenchimento e posterior autorização. (Anexo B)

O DSC: IMPRESSÕES E ANÁLISE

O Discurso do Sujeito Coletivo, a partir do traçado relatado pelas alunas e atletas


universitários, se inicia por meio do destaque histórico a respeito de suas experiências e
caminhos que as fizeram optar pela prática de suas referentes modalidades. Esse momento foi
considerado como um fator de conforto das pessoas entrevistadas, a fim de deixar o processo
mais descontraído e amistoso. A descrição se dá por meio do Quadro 1, que mostra as
expressões citadas pelas entrevistadas, além do número de pessoas que reproduziram as
determinadas sentenças.
Quadro 1: Descrição dos relatos a partir da abordagem “porque a escolha da referente modalidade?”

Expressões Número de pessoas

Influência do elenco universitário 4

Família 2

Motivação própria 2

Experiência escolar 1

Aspecto cultural 1

Fonte: Elaborada pelo autor

IDEIAS CENTRAIS (IC) I - MOTIVAÇÃO PARA PRÁTICAS

O quadro 2 sintetiza as ideias centrais (IC) a partir dos relatos apresentados nas
entrevistas realizadas, por meio do questionamento “Você acredita ter sido motivado a
praticar esportes ou atividade física ao longo da vida?”

Quadro 2: Descrição das ideias centrais a partir da abordagem “Você acredita ter sido motivado a praticar
esportes ou atividade física ao longo da vida?”

IC

A Sempre houve motivação, porém com influência do meu sexo

B Desde cedo, meus pais me incentivaram

C A motivação também ocorreu por questões culturais

Fonte: Elaborada pelo autor

DSC I - VOCÊ ACREDITA TER SIDO MOTIVADO A PRATICAR ESPORTES OU


ATIVIDADE FÍSICA AO LONGO DA VIDA?

Nesta seção é apresentado o DSC a respeito dos relatos das 10 pessoas entrevistadas,
na qual as mesmas destrincham e expressam aspectos de suas referentes motivações acerca da
prática de atividade física e/ou esportes.
Desde pequena, por mais que minha mãe não gostasse que eu jogasse futebol, até por conta
de todo o estigma de que eu virasse "sapatão", eu sempre fui incentivada a praticar tudo. Na
escola, eu praticava balé, capoeira, e sempre fui uma criança ativa. [...] Quando eu olho
para trás, eu vejo o quanto foi importante ter praticado outras modalidades. Esse é o meu
legado, [...] eu vejo o quanto é importante, porque você associa valores, comportamentos, e
assim eu vejo o quanto foi importante ter o esporte na minha vida. [...] Eu era tão
estimulada quantos meu irmãos e meus primos, era muito motivada. Vivia no sítio, íamos
todo final de semana, só que fui fazendo 6 a 7 anos, e fui virando mulher na visão da
sociedade. Comecei a ver as meninas na escola que não jogavam por ficarem suadas, eu
levava duas camisetas pra jogar porque tinha vergonha. Eu tenho uma personalidade forte,
e as pessoas sempre associam isso com uma característica masculina. [...]. Comecei a me
perder nisso de ser feminina, mas quando me mudei pra cá, comecei a ver o vôlei, mas era
aquele vôlei “feminino”. Teve uma época que comecei a crescer muito, já estava na hora de
ser mulher, isso com 15 anos. [...] Eu também tive ótimas referências na família. A partir dos
17 anos eu comecei a entender mais, me entender como mulher, me entender na sociedade.
Eu acho que os estímulos foram muitos cortados com o tempo passando. Mas se eu não
tivesse ido atrás, não haveria. [...] Comecei a fazer judô por incentivo do meu pai e mãe, por
ser uma arte marcial e também pela questão cultural. Eu também fazia futsal ao mesmo
tempo, e era praticamente extracurricular. [...] Minha mãe, tem influência muito grande na
minha vida, em todas as coisas que eu fiz, ela sempre me motivou a fazer o que gosto, e como
eu gosto de tudo no aspecto artístico, eu gosto muito então, juntando a motivação que ela me
dá com o que sinto, acabo fazendo bastante. Em casa, sozinha eu me viro, to sempre
tentando fazer algo. [...] Eu sempre tive o esporte muito presente na minha vida, pelo
fanatismo do meu pai e familiares pelo futebol, sempre comprando bola para mim, para que
eu vestisse camisas dos times deles, e principalmente depois de ter ido para o Japão, o tanto
de atividades que fiz foi importante, porque você tem muito incentivo, as aulas de Educação
física eram todos os dias, ficávamos o tempo todo na escola para realizar as tarefas, e isso
acabou me ajudando, sempre estive nesse meio. [...] Fui motivado, acho que assim...pela
sociedade, no ponto de vista de que sou homem, e de princípio isso fica implícito. Mas
também de estar com os amigos e ser algo prazeroso. [...] O estímulo é esse: estar em algo
que eu gostava de estar fazendo. [...] Meu interesse veio de casa, assim, na escola não. Meu
pai sempre jogou bola também, ele achava legal jogar bola mas não era uma coisa de
incentivo tipo “vai lá e faz”, era mais por brincadeira mesmo, não por uma questão de
saúde ou questão do esporte e na escola o professor dava bola e era isso, sabe? Então não
era visto, acho que nunca foi muito visto como atividade prática.

IDEIAS CENTRAIS (IC) II - INFLUÊNCIA UNIVERSITÁRIA

O quadro 3 sintetiza as ideias centrais (IC) a partir dos relatos apresentados nas
entrevistas realizadas, por meio do questionamento “Você acredita que a universidade
influencia no processo de prática de atividade física ou esporte?

Quadro 3: Descrição das ideias centrais a partir da abordagem “Você acredita que a universidade influencia no
processo de prática de atividade física ou esporte?”
IC

A Os times incentivam e ensinam dentro da universidade

B O fato de haver atléticas facilita a vivência esportiva

C A universidade ter um curso que envolve esportes ajuda no processo

D Pessoas que já querem entrar se animam por ter esporte no ambiente

Fonte: Elaborada pelo autor

DSC II - VOCÊ ACREDITA QUE A UNIVERSIDADE INFLUENCIA NO


PROCESSO DE PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA OU ESPORTE?

Nesta seção é apresentado o DSC a respeito dos relatos das 10 pessoas entrevistadas,
na qual as mesmas destrincham e expressam aspectos referentes ao papel da universidade no
processo de prática de atividade física e/ou esportes.

Então eu fico assim, pensando pela Universidade enquanto instituição eu acho que não mas
ao mesmo tempo por existir atléticas dentro das Universidades,entendeu, e aí eu acho que
que é isso que incentiva na real assim, oh, eu acho que tem pelo que eu vejo dentro da
universidade a presença de uma atlética em uma faculdade ela é muito importante é muito
fundamental para que haja prática esportiva [...] Eu entrei na universidade e entrei com a
cabeça de que “ah legal, eu jogo tênis mas eu não sou atleta” sabe? Eu não estou em
competições eu não acho que eu tenho um nível de competir com alguém e a faculdade
“falou”: não, não tem nada a ver, vamos fazer, vamos treinar, você consegue, e aí me
mostrou bastante que deu certo a questão do esporte e atividade física [...] E aí eles falaram:
a gente precisa de alguém no tênis, e aí eu falei assim “ah será que eu vou?” [...] Bom, só de
estar lá a gente já ganha. Então fui com medo mas aí assim que você vê que foi tão bom. [...]
O ambiente universitário acaba ajudando você a entrar para alguma modalidade, e por
influência dos amigos você passa muito tempo na faculdade, então os treinos são nos
horários vagos das aulas, e isso acaba ajudando um pouco você a entrar numa modalidade
mas em questão de a faculdade mesmo te ajudar com alguma coisa isso não acontece, eu
acho que nunca vai, acho que também as coisas também ficam um pouco na dependência
quando a gente tem também um curso que prega muito isso, daí então muitos dos
engajamentos param por isso, né? Se você pensa assim, boa parte dos atletas são da
educação física, tem bastante gente de educação física, então eu acho que o curso ajuda e as
pessoas que entram para o curso normalmente gostam de fazer algum esporte alguma
atividade que seja, então isso acaba influenciando um pouco, crescendo bastante [...] As
modalidades tem que se virar, e não tem nem divulgação por parte da universidade. [...]
Sabemos que o curso (Educação Física e Saúde) influencia, tá ali gritando e é a chave. E
com certeza influencia porque até me motivou para outras coisas, como a corrida por
exemplo, que estou praticando, pra fazer uma maratona, porque sabemos que não é só
colocar um tênis e correr. [...] Falando da Universidade como um todo, eu acredito que foi
uma ajuda muito grande por me reconectar com o esporte, e ter essa oportunidade me
ajudou muito. Acho que falta em relação à Universidade essa exteriorização da prática para
além dos times, eu acho que poderíamos ter muitos outros projetos, e é muito bom ter a
atlética, jogos universitários, mas ainda é muito excludente. Muita gente começa o esporte
na universidade, mas ainda repercute muito esses esportes comuns, e eu acho que muita
gente ainda tem medo de bola, de contato, e muitas pessoas que vão treinar reclamam disso,
de já terem times, de já ser algo mais focado para isso, então eu, como atleta universitária e
estudante, sinto que se eu não fizesse educação física, eu teria menos experiências do que se
tivesse feito em outra universidade. Falta muita movimentação de cima para baixo, mas
acho que falta um contexto mais generalizado, da universidade mostrando o benefício da
atividade física no geral, de expandir a prática. Faltam muitas pessoas deficientes, faltam
pessoas pretas, pessoas que tragam essa diversidade na universidade e no esporte. [...] Eu
acho que influencia muito, o meu primeiro contato, foi no meu primeiro dia, então se você
chega no ginásio tem mil coisas acontecendo e se não, você pega uma bola e tá tudo certo.
Com os jogos, a atlética fazendo a parte dela, de incentivar o esporte universitário, a galera
se engajando, fazendo parte dos times, incentivando a fazer algo, vir aos treinos abertos.
[...] É tudo, é tipo, é um time, de pessoas incríveis, que estão ali te ensinando com paciência
e amor, dispostos a te ajudar, mesmo que você erre, e tipo, não tenho do que reclamar. Estar
no time é algo que sempre te ajuda a desbloquear habilidades e é muito bom. [...] Eu lembro
que quando entrei na faculdade e fiz a matrícula, já chegou uma pessoa de uma salinha (e
que eu não sabia que era da atlética), já veio uma pessoa perguntando: “você pratica
esporte?" então a partir daquele primeiro contato eu comecei a sentir que o esporte
universitário existia. Eu não tinha uma colega que jogava, só tinha homens, e quando eu vi
um grupo de meninas que jogava eu fiquei muito impressionada, e quando eu vi uma técnica
mulher, meu coração ficou mais amoroso, e aí eu falei: vou me sentir bem acolhida aqui.
Como o time foi bastante acolhedor, sendo uma nova aluna, e vendo as outras modalidades,
e outras meninas adentrando e conquistando sua parte em outras modalidades, é uma
sensação muito boa. Quando um planta uma sementinha o outro pega e todo mundo vai
criando um ambiente de EF, sabe? Se não existissem peças fundamentais para algo
relacionado ao esporte, você percebe que depende das pessoas e da vontade que elas têm.
Independente de ter atléticas, as pessoas iriam querer se motivar. [...] As vivências acabam
ajudando[...] Chamamos pessoas pra jogar, e o time foi incentivando, além de pessoas que
já querem entrar. [...] Temos essa emoção, gostamos de representar, mas não há um
trabalho árduo. [..] O pessoal dá tudo, tem pessoas que saíram jogando muito, saiu do curso
e virou profissional. Esse meio influencia. [...]

DSC: DISCUSSÕES

A partir dos DSCs obtidos sobre os fatores psicossociais e as representações sociais


dos estudantes universitários praticantes de atividade física e/ou esporte, foram
compreendidos alguns pontos de destaque dentre a série de informações relatadas.

A exploração do incentivo familiar, de forma precoce, foi um desses pontos citados,


sendo de suma importância no processo de prática, assim como as influências culturais, que
também se tornaram presentes, e se estendem dentro do posicionamento estrutural sobre a
participação e exposição às atividades entre os diferentes sexos, simbolizando uma vantagem
e exploração maior para os homens e uma restrição ou até exclusão para as mulheres, além da
utilização de alcunhas pejorativas e uma visão distorcida a partir do interesse em praticar
algo.

Wheeler (2012) destaca a claridade na qual a influência parental se posiciona em


relação à participação esportiva dos filhos, havendo uma “série de estratégias, e práticas
diretas e indiretas, intencionais e não intencionais”, sendo necessário “apoiar e incentivar, por
exemplo, transportando-os para jogos e treinos, assistindo a suas apresentações e fornecendo
comentários positivos”. É evidente que em muitos contextos sociais o tipo de influência que
os pais exercem não se caracteriza como algo em que houve planejamento prévio, porém está
de encontro com o tipo de relação que o pai enxerga entre seu filho e o esporte e as possíveis
formas de apoio. O autor ainda pontua a visão relevante do desenvolvimento de uma “cultura
esportiva” que é passada dos pais aos filhos:

Os pais valorizavam o esporte para seus


filhos por vários motivos, e gastavam muito tempo,
dinheiro e energia 'investindo' nas atividades esportivas de
seus filhos. [...] Os objetivos compreendiam os motivos
dos pais para promover a participação desportiva dos
filhos, as estratégias eram as formas como os pais
desejavam concretizar os objetivos e as práticas eram os
comportamentos específicos dos pais que ajudaram
diretamente na concretização dos objetivos. (WHEELER,
2012)

No que tange os relatos referentes à universidade no processo de prática, ela enquanto


instituição caminha de forma gradual no incentivo à atividades físicas e esportes, já que o
papel mais atuante fica por conta do poder presencial de entidades como uma atlética ou
diretórios dos seus respectivos cursos. Esse processo, possíveis alterações na forma de
enxergar o papel da atividade física dentro do ambiente universitário, além da maior
participação de todas as pessoas estão expressas em um dos relatos apresentados no DSC:

Acho que falta em relação à Universidade essa


exteriorização da prática para além dos times, eu acho que
poderíamos ter muitos outros projetos, e é muito bom ter a
atlética, jogos universitários, mas ainda é muito
excludente. Muita gente começa o esporte na
universidade, mas ainda repercute muito esses esportes
comuns. [...] Falta muita movimentação de cima para
baixo, mas acho que falta um contexto mais generalizado,
da universidade mostrando o benefício da atividade física
no geral, de expandir a prática. Faltam muitas pessoas
deficientes, faltam pessoas pretas, pessoas que tragam essa
diversidade na universidade e no esporte.

Essas entidades se dispõem de divulgar, acolher, ensinar e promover uma série de


atividades integrativas que ajudam as pessoas interessadas a se sentirem próximas do campo
esportivo, o que gera mais tranquilidade em seguir esse caminho paralelo à graduação e
outras atividades acadêmicas. Essa perspectiva também está apoiada na afinidade prévia que
a pessoa possui com determinadas práticas, e a direciona com mais facilidade e engaja a sua
comunidade de amigos, que também são outro ponto fundamental na adesão de atividades
físicas no ambiente do campus.

Um ponto importante a se observar está relacionado ao fato de que todas as pessoas


entrevistadas, universitárias e atuantes em modalidades pretendem continuar realizando as
atividades esportivas, possivelmente até levando as experiências para após o término de suas
referentes graduações. Esse tipo de posicionamento também se estende aos universitários que
possuem o desejo de retornar às modalidades em que um dia já foram praticadas. Muito se
deve ao sentimento obtido ao longo do período de prática, não só pela modalidade escolhida e
adentrada, mas também por terem a oportunidade de representar a universidade em
competições e “levar” seu nome para além do campo acadêmico, como foi relatado ao longo
do trabalho:

Quando você isso nos campeonatos, nos outros


times, a torcida cantando seu nome, você vê que o
ambiente universitário traz essa valorização do esporte.
[...] Temos essa emoção, gostamos de representar. [...] Em
outras universidades, o pessoal dá tudo, tem pessoas que
saíram jogando muito, saíram do curso e viraram
profissionais. Esse meio influencia.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao passo em que a escolha por uma prática de atividade física, seja ela uma
modalidade ou não, é uma ação essencial dentro da composição de qualidade de vida e
também provedora de diversos estímulos ao longo da vida, o espaço para a expressão da
compreensão de uma variedade de ações e comportamentos dos praticantes por meio de
aspectos psicossociais vêm se tornando um objeto pertinente e interessante de estudo. Esses
aspectos carregam um histórico particular em cada pessoa, e são peça chave para o
engajamento no ambiente esportivo, sem se desgarrar de outras responsabilidades que a vida
pode trazer, como a pretensão de ingresso em uma universidade. A junção desses dois
ambientes representam válvulas de escape que podem permanecer, sempre que requeridas. O
papel familiar, assim como as motivações internas são agentes pontuais ao longo do processo,
além a disponibilidade de um local que os faça ser quem quiserem ser dentro da realização
por meio de uma infinidade de práticas. Essa comunidade de prática, construída ao redor das
representações sociais origina novas formas de pensar a atividade física, o esporte e afins.

Dentro desses pontos, vê-se necessária a busca por novas publicações e estudos que
tratem do campo das representações sociais na atividade física, sendo uma área com uma
amplitude de sentidos e significados relevantes ao componente social independente da prática
realizada. Se torna também essencial a abordagem do ambiente universitário, um dos mais
propensos a expressar estímulos referentes à atividade física e dessa forma, engajar uma rede
que sempre está a margem de adaptações, reflexões e sobretudo ações de diferentes formas.

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ANEXOS
ANEXO A - Formulário de informações básicas
ANEXO B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

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