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Vá até a cruz

É difícil conviver com as mudanças, mas é impossível viver sem elas.


A mudança é a única constante no amadurecimento. A maneira como a
administramos revela o nível da nossa maturidade.
Nossas crenças a respeito de Deus mostram aquilo que no fundo
pensamos sobre nós mesmos.
Desde a escrita e publicação da primeira parte deste livro, sua
mensagem já foi traduzida em mais de quarenta idiomas. Já são quase
dois milhões de exemplares impressos, que a Christian Men's Network
(Rede de homens cristãos) distribui em mais de duzentos países.
O conceito de que "hombridade é sinônimo de semelhança a Cristo "
tornou-se nossa mensagem central. A frase já até se incorporou ao
vocabulário dos que trabalham no ministério cristão.
O focado hoje é a própria mensagem do evangelho e a verdade central
que ela encerra. Essa verdade diz respeito à cruz, símbolo do
cristianismo. O símbolo da fé crista não é a manjedoura ou o túmulo
vazio, mas a cruz do Calvário. É verdade que Cristo nasceu numa
manjedoura e ressuscitou, deixando o túmulo vazio. Mas foi através da
cruz que ele ofereceu redenção ao homem.
A Bíblia reúne registros históricos, poesia, provérbios, genealogias,
leis, profecias, doutrinas e biografias. A cruz é a linha divisória da
Bíblia. No Antigo Testamento encontramos o pentateuco, os livros
históricos, as poesias e os escritos proféticos. No Novo Testamento temos
os evangelhos, os relatos históricos, as epístolas e o Apocalipse.
A cruz é o mais sublime local de adoração a Deus. Primeiro foi o
altar, depois o tabernáculo, em seguida veio o templo e, por último, o
Calvário.
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Ademais, é diante dela que trocamos as nossas fraquezas pelas


riquezas de Cristo. Sempre que vamos até a cruz, voltamos diferentes de
como chegamos.
"Vá até a cruz" é o lema e o estandarte sob o qual uma transformação
permanente se dá em nossa vida. Diante da cruz, depositamos...
... culpa, e recebemos perdão;
... arrependimento, e recebemos fé;
... tristeza, e ganhamos alegria;
... iniqüidade, e recebemos a justiça divina;
... insensatez, e obtemos sabedoria;
... ignorância, e recebemos conhecimento eterno;
... enfermidades, e recebemos cura;
... rejeição, e somos aceitos por Deus;
... incapacidade, e saímos de lá cheios de poder.
Acredito que o leitor entendeu a idéia. A cruz transforma a nossa
velha vida e nos torna uma nova criatura em Cristo. Achegue -se a cruz!
O amor divino está ligado à cruz. Foi nela que Deus mostrou seu amor
pelo mundo. Falar do amor do Senhor sem mencionar a cruz é um
terrível equívoco.
Além disso, foi mediante o sacrifício de Cristo na cruz que a ira de
Deus em relação ao pecado foi aplacada, para assim o Senhor ser justo ao
perdoar ao homem pecador.
Nenhum de nós é capaz de viver segundo a lei, pois o homem é
transgressor por natureza. Somos culpados de transgredir a lei de Deus.
Pensemos nos preceitos que o Senhor nos deu. Violar um único
mandamento é violar todos eles. Ninguém nunca foi capaz de observar
todas as ordenanças divinas, e acredito que a maior parte das pessoas já
desobedeceu a cada um dos mandamentos de uma man eira ou de outra.
Portanto, precisamos de alguém que possa perdoar nossas transgressões.
Deus deu a lei ao homem para orientá-lo, a fim de lhe mostrar como
ele é transgressor e, portanto, pecador. Ora, se somos pecadores,
carecemos de um instrumento capaz de nos livrar do pecado e nos
justificar diante de Deus.
O pecador que não compreende bem os aspectos da lei não é capaz de
dar o devido reconhecimento à graça divina, emanada da cruz. Falar da
graça de Deus sem explicar o que era a lei, é como dar remédio a um
ignorante da própria doença. Quem se acha nessa condição simplesmente
não dá valor à cura.
A lei nos mostra que padecemos do pecado por natureza, daí
precisarmos de tratamento. A cura para esse mal é a salvação que Jesus
Cristo oferece gratuitamente. Contudo, se não reconhecermos estarmos
enfermos, o remédio não terá valor algum para nós.
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A tentação de Adão e Eva no jardim do Éden foi a certeza de que


seriam iguais a Deus, caso comessem do fruto proibido. Humanismo
puro! Nada mudou de lá para cá. O diabo mente para nós, fazendo-nos
crer que Deus pode nos aceitar com base em nossos próprios esforços.
Que mentira!
Pedro e os discípulos estavam com Cristo quando este lhes perguntou:
"Quem diz o povo ser o Filho do Homem?" (Mt 16.13.) Pedro, então,
relatou-lhe o dizer do "povo", e "o povo" estava errado. Aliás, é o
comumente ocorrido.
Então Jesus lhes perguntou: "Mas vós... quem dizeis que eu sou? "(V.
15 - grifo meu.) Pedro lhe respondeu: "Tu és o Cristo, o Filho do Deus
vivo" (v. 16). Jesus elogiou a resposta do discípulo, declarando ser aquele
entendimento uma revelação vinda do Pai Celeste, não algo dado por
homens (v. 17.)
Posteriormente, Cristo começou "a mostrar a seus discípulos que lhe
era necessário seguir para Jerusalém e sofrer muitas coisas dos anciãos,
dos principais sacerdotes e dos escribas, ser morto e ressuscitado no
terceiro dia" (v. 21).
Então, Pedro chamou Jesus no canto e se pôs a reprová -lo e atacá-lo
por falar daquela forma. "Tem compaixão de ti, Se nhor; isso de modo
algum te acontecerá." (V. 22.)
Jesus "voltando-se, disse a Pedro: Arreda, Satanás! " (V. 2H.) Em
outras palavras, Cristo disse que Pedro estava agindo como o diabo. O
discípulo já não estava falando por revelação, como fizera antes e, si m,
como um homem que não compartilhava da natureza e dos atributos de
Deus.
Por que Jesus comparou Pedro a Satanás?
Durante a tentação, uma das propostas do diabo feitas a Cristo foi a de
dar-lhe todos os reinos do mundo se, em troca, Jesus se prostrasse e o
adorasse (Mt 4.8,9). A força da tentação de Cristo foi proporcional ao
valor que ele tinha para o reino de Deus. Do mesmo modo, o diabo nos
tentará de acordo com o nosso valor no reino. Quanto maior o nosso
valor, mais vantagens o diabo nos oferecerá, a fim de o servirmos.
O diabo estava determinado a fazer tudo para evitar que Jesus fosse
até à cruz.
Jesus sabia que se não enfrentasse a cruz, não haveria coroa! Sua
morte sacrificial no madeiro era o único meio capaz de remir o homem
pecador. Somente mediante a oferta redentora de Cristo nos foi possível
recebermos o perdão pelos nossos pecados e termos um relacionamento
de aliança com Deus. Essa aliança tinha de ser um pacto de sangue, o
derramado na cruz.
Esse mesmo sangue encontra-se hoje diante do propiciatório, no céu.
Por causa do sacrifício de Cristo, temos acesso à graça e à misericórdia
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divinas, mediante as quais Deus nos perdoa e nos reconcilia consigo.


Nenhum outro sacrifício é capaz de superar o que Cristo fez na cruz.
Pedro agiu como Satanás ao tentar impedir a chegada de Jesus até a
cruz. Omiti-la é colocar o cristianismo no mesmo patamar de qualquer
outra religião do mundo. O desejo de Satanás é impedir homens como nós
de "se achegarem à cruz", pois foi nela o triunfo de Cristo sobre os
principados e as potestades e a destruição do poder de Satanás. Nela,
morremos para o mundo, e o mundo morre para nós.
Após repreender Pedro, Jesus continuou falando aos discípulos: "Se
alguém quer vir após mim, a si mesmo se negue, tome a sua cruz e siga -
me" (Mt 16.24). Observemos que ele não diz para tomarmos a cruz dele e
segui-lo. Ele diz para tomarmos a nossa cruz e segui -lo. Não podemos
carregar a cruz de Cristo, e ele tampouco carregará a nossa. Cada um de
nós precisa levar a própria cruz e segui-lo. Qual é a nossa cruz e qual é a
cruz do Senhor?
O Senhor tomou a cruz dele quando estava no Getsêmani, mas foi
crucificado no Calvário. Ao orar no jardim, pediu ao Pai que, se possível,
o poupasse da morte. Orou tão intensamente que, pelos seus poros, saiu
sangue em vez de suor. Estava prestes a se fazer pecado por nós. Tomaria
sobre si a ira de Deus contra as nossas iniqüidades e provaria a nossa
morte. Para alguém sem pecado algum, tudo aquilo era humilhante.
"Se possível, passe de mim este cálice! Todavia, nã o seja como eu
quero, e sim como tu queres."(Mt 26.39.) Essa foi a oração de Jesus. Ele
tomou sua cruz ao se submeter à vontade do Pai e declarar que estava
disposto a morrer, para que tivéssemos vida.
A cruz que Cristo tomou foi a disposição de fazer a vo ntade de Deus,
mesmo lhe custando a vida. E, segundo ele, para nos tornarmos discípulos
teríamos de tomar a nossa cruz e segui-lo. Qual é a nossa cruz?
Semelhante à dele!
Carregar a nossa cruz significa estar disposto a fazer a vontade de
Deus, mesmo nos custando a vida.
Assim como Cristo morreu na cruz, nós também temos de morrer para
nós mesmos, para que a vontade de Deus possa se cumprir em nossa vida.
"Achegue-se à cruz!"
O homem que abandona o lar e o casamento e sai gritando: "Tudo que
eu quero é viver!", está levando sua cruz? Com essa atitude, ele mostra
estar disposto a permitir a morte do casamento, para que ele possa viver.
Não quer morrer para si mesmo, de forma a garantir o sucesso do
casamento.
Pense nisso.

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