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A segunda escola profissional para o sexo

feminino (Rivadávia Corrêa) do Distrito Federal


ou a trajetória de sua diretora – Benevenuta
Ribeiro (1913-1961) 1
The second professional school for women (Rivadávia
Corrêa) of the Federal District or the trajectory of its
principal - Benevenuta Ribeiro (1913-1961)
Nailda Marinho da Costa Bonato*
*Dra. em Educação pela UNICAMP. Professora do Progra-
ma de Pós-Graduação em Educação da UNIRIO.
e-mail: nbonato@yahoo.com.br

Resumo
Este artigo apresenta a trajetória da Escola Rivadávia Corrêa como instituição educativa destinada ao sexo
feminino. Tem sua origem na Escola Pública da Freguesia de Sant’Anna criada no século XIX para o ensino
primário de ambos os sexos e constituindo uma das oito “Escolas do Imperador”. No período republicano irá
ocupar o prédio daquela escola primária como Escola Profissional Feminina instituída em 1913. Nesse
momento, é dirigida por Benevenuta Ribeiro, uma das participantes da primeira Conferência pelo Progresso
Feminino, evento organizado em 1922, pela Federação Brasileira pelo Progresso Feminino que tinha como
presidente Bertha Lutz. A diretora permaneceu à frente da “Escola Profissional Feminina Rivadávia Corrêa” até
1961.
Palavras-chave
Escola Rivadávia Correa. “Escolas do Imperador”. Educação Feminina. Primeira Conferência pelo Progresso
Feminino – 1922. Benevenuta Ribeiro. Bertha Lutz.

Abstract
This paper traces the trajectory of the Rivadávia Corrêa School as an educational institution for feminine
sex. This educational institution emerged from the Freguesia de Sant’Anna Public School in the nineteenth
century as a primary education for both sex and was considered one of the eight “Schools of the Emperor”.
Then it was characterized as Feminine Professional School in the Republican Age. At that moment it was
managed by Benevenuta Ribeiro, one of the participants of the first Conference for the Women Progress,
organized in 1922 by the Brazilian Federation for Feminine Progress, whose president was Bertha Lutz. The
principal managed “the Rivadávia Corrêa Professional School for Women” until 1961.
Key words
School Rivadávia Correa. “Schools of the Emperor”. History of the women’s education. First Conference for
the Women Progress – 1922. Benevenuta Ribeiro. Bertha Lutz.

Série-Estudos - Periódico do Mestrado em Educação da UCDB.


Campo Grande-MS, n. 25, p. 85-102, jan./jun. 2008.
A “Escola Pública da Freguesia de Pedro II, o Quartel-General do Exército, a
Sant’Anna”: uma “Escola do Casa da Moeda, o Edifício do Senado e o
Imperador” Paço Municipal.
Essa escola se inseria como sendo
Antenor Nascentes, de acordo com
uma das oito “Escolas do Imperador” 3 cons-
Nelson Costa (1958), no jornal Efemerides truídas com o produto da coleta de dinheiro
Cariocas, em 14 de março de 1877, infor- a expensas oficiais e donativos do povo
ma que foi inaugurada no município da
destinados à estátua do imperador D. Pedro
Corte a Escola Pública da Freguesia de II 4 a ser erguida em sua homenagem de-
Sant’Anna, atual Escola Municipal pois da guerra do Paraguai com a vitória
Rivadávia Corrêa. O prédio onde iria se alo-
brasileira, em 1870, se ele houvesse concor-
jar teve sua pedra fundamental lançada em dado. A negativa para a honraria fez com
5 de outubro 1874, com a presença do que o dinheiro fosse destinado para a cons-
Imperador, do Ministro do Império, de Se-
trução de escolas no Rio de Janeiro (AZE-
nadores, do Inspetor Geral da Instrução VEDO, 1969; PRIMITIVO, 1936).
Primária e Secundária do Município da A instrução pública existia em prédios
Corte, entre outras personalidades. Na Ata
alugados, com pagamento de aluguéis ele-
de lançamento, lê-se: vados, o que provocava mudanças e des-
Aos cinco dias do mês de outubro do nas- pesas constantes. O governo imperial tam-
cimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de
1874 às 5:12 horas da tarde, em presença bém subvencionava algumas escolas par-
do povo, foi por S.M. o Imperador o Sr. D. ticulares. Sendo assim, o ato do Imperador
Pedro II lançada a pedra fundamental des- era louvado, dizia Frei José de Santa Amaral,
te edifício, planejado pelo engenheiro Dr. inspetor da Inspetoria Geral da Instrução
Francisco Pereira Passos, destinado para Primária e Secundária da Corte que:
escola pública de ambos os sexos da
Freguesia de Sant’Ana desta muito Leal [...] ao generoso impulso imperial espera-
e Heróica Cidade de São Sebastião do Rio mos ver surgir à época em que a Cidade
de Janeiro, no local do Campo de Aclama- do Rio de Janeiro e as principais do Impé-
ção, entre as Ruas de S. Pedro [Presidente rio apontem para os edifícios da educa-
Vargas] e Larga de São Joaquim [atual ção popular como os mais belos mo-
Marechal Floriano] oficiando a cerimônia numentos da glória nacional. (SME/
religiosa o Revem. Monsenhor Felix Maria CREP, 2005, p. 18) (Grifo meu)
de Freitas e Albuquerque...”2 (Grifo meu) Entre 1870 e 1877 foram fundadas
Consta que a escolha do local – oito escolas destinadas à instrução primária
Campo de Santana deve-se principalmen- de meninos e meninas no Município da
te ao fato de ser aquele lugar o centro po- Corte, sendo instaladas em prédios monu-
lítico-administrativo da capital do Império, mentais5 construídos em importantes loca-
ponto estratégico onde se localizavam vá- lidades do espaço urbano, como foi o caso
rios prédios representativos do Poder. Nele da “Escola Pública da Freguesia de
já existia a Estação da Estrada de Ferro D. Sant’Anna”, que teve seu prédio construído6

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por iniciativa do Ministério do Império, po- “1a Escola Profissional Feminina”13 e a “2a
rém contou com donativos de particulares. Escola Profissional Feminina”, nos moldes
Só uma das oito escolas fora construída do já existente Instituto Profissional Femi-
com verba exclusiva do governo central. nino 14, em regime de externato e devendo
(Ibid., pp.24 e 50). De acordo com Mograbi7, ser regida e dirigida por mulheres15.
na apresentação do livro intitulado “Esco- A escola pública profissional, seguin-
las do Imperador”: do o sistema educativo da época, foi divi-
Nessas escolas, a instrução era gratuita, dida em escola para o sexo feminino 16, es-
separada e diferenciada por sexos. As me- cola para o sexo masculino 17 e escola mista.
ninas aprendiam as letras, matemáticas e Segundo a ata transcrita abaixo, a
prendas domésticas. Os meninos, além das a
letras e matemáticas, as ciências. (Ibid., p. 7)
2 Escola Profissional Feminina foi
inaugurada em 8 de julho de 1913.
No prédio dessa Escola irá se instalar,
Aos oito dias do mês de julho de mil nove-
em 1915, a “2ª Escola Profissional Feminina”.
centos e treze, nesta cidade do Rio de Ja-
neiro, Capital Federal da República dos
A “Segunda Escola Profissional Estados Unidos do Brasil, presentes os
Feminina” Senhores General Bento Ribeiro Carneiro
Monteiro – Prefeito do Districto Federal, o
No ano de 1888, o edifício da Escola director geral de Instrucção Publica Mu-
Pública da Freguesia de Sant’Anna nicipal, e mais pessoas gradas que subs-
passou a ser usado pela Escola Normal8 que, crevem esta Acta, foi solemnemente inau-
gurada a 2 a Escola Profissional Femi-
sem lugar definitivo para instalar-se, ocupou
nina no pavimento superior da Esco-
o espaço até 1914. Nesse período, funda-se, la José Bonifácio, sito à rua da Harmo-
em 1913, a “2ª Escola Profissional Femi - nia n. oitenta. E para constar e comme-
nina”, instalada provisoriamente na Esco- morar esta inauguração, foi lavrada a pre-
la José Bonifácio de nível primário, localiza- sente Acta, que vai assignada pelas pes-
soas presentes.
da num prédio 9 de arquitetura privilegiada,
de grandes dimensões, como mais uma das General Bento Ribeiro Carneiro Monteiro [.. ]. 18
oito “Escola do Imperador” 10. A direção ficou a cargo de Beneve-
A Escola surge por força do decreto nuta Ribeiro Carneiro Monteiro 19, so-
n. 838, de 20 de outubro de 1911, que brinha do prefeito. No ano do decreto que
determina, entre outras coisas, a criação de instituiu a criação das escolas profissionais,
uma rede de vinte escolas profissionais, das em 1911, era nomeada datilógrafa da Di-
quais dez destinadas ao sexo masculino e retoria de Estatística no Ministério da Agri-
dez ao sexo feminino. Dois anos depois, por cultura, onde ficou até ser chamada pelo
força do decreto n. 912, de 10 de maio de prefeito marechal Bento Ribeiro 20 para diri-
1913, do prefeito general Bento Ribeiro 11, gir a Escola Profissional Rivadávia Correa.
seguindo a lógica da denominação dada Em 27 de outubro de 1915, passa a
às escolas primárias da época separadas denominar-se E s c o l a P r o f i s s i o n a l
para meninos e meninas12, são criadas a Rivadávia Corrêa, em homenagem ao

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prefeito, conforme ofício enviado pelo Dire- Power Co, pela Companhia Ferro Carril do
tor Geral de Instrução Pública Municipal Jardim Botânico, depois de pedido feito pela
Azevedo Sodré para a diretora. Diretoria de Instrução.
Comunico-vos para os devidos fins que A Companhia Ferro Carril do Jardim Botâ-
denominei por acto de hontem, 27 do cor- nico, a pedido desta Directoria, resolveu
rente, “Escola Profissional Rivadavia conceder as alumnas de vossa escola pas-
Correa” o estabelecimento profissional que ses com 50% de abatimento, que serão
dirigia. expedidos, á vista do cartão de matricula
Saudações. por vós visado, para uso desses nos dias e
horas de funcionamento das aulas da es-
A . Sodré21 cola sob vossa direção, o que vos commu-
É no prédio da Escola Pública da nico para os devidos fins.
Freguesia de Sant’Anna , após as devi- Saudações
das adaptações, que foi instalada a Esco- O Director Gerall23
la P rofissional Rivadávia Corrêa, des-
Dr. B. F. Ramiz Galvão24.
tinada exclusivamente ao sexo feminino,
Pela legislação, o ensino público
em 1915. Seu patrono, Rivadávia Correa,22
municipal ministrado nas escolas primárias
entendia que “naquele casarão da Praça
da República” seria dada a “disciplina con- e profissionais deveria ser livre, leigo e gra-
veniente ao sexo feminino”. tuito, devendo o ensino profissional ser dis-
A adaptação pela qual passou o pré- tribuído inicialmente ao longo de três anos,
dio, naquele ano, teve o apoio financeiro em conformidade com o regulamento que
de terceiros, incluindo empresas e políticos, lhes era dado. O curso profissional para o
por isso, muitas de suas salas foram sexo feminino abrangeria: modelagem, de-
“batizadas” com os nomes de seus benfei- senho, pintura, gravura, litogravura, fotogra-
tores e políticos. Conforme Freitas (1954), fia, datilografia, escritura mercantil, esteno-
em 1915, as salas das oficinas de costura, grafia, tipografia, costura a mão e a má-
de pintura, de chapéus, de desenhos, de arte quina, rendas a mão e a máquina, flores e
culinária, de modelagem, entre outras, fo- suas aplicações, chapéus e coletes para
ram instaladas a expensas do livreiro Fran- senhoras, gravatas.
cisco Alves, Vilas Boas & Cia, Leandro Mar- No adestramento das atividades
tins e The Rio de Janeiro Light and Power. manuais, a mulher era mais indicada para
A presença de empresas na escola isso. Para Louro, a escola profissional femi-
era uma constante, fazendo-se visível com nina dedica: “intensas e repetidas horas ao
suas contribuições e interesses. Essa relação treino das habilidades manuais de suas
é demonstrada nos ofícios passados pela alunas produzindo jovens ‘prendadas’, ca-
Diretoria Geral de Instrução Pública, em 24 pazes dos mais delicados e complexos tra-
de junho em 1913, comunicando à diretora balhos de agulha e pintura” (Louro, 1997,
o desconto de 50% nas passagens das alu- p. 62). No caso da Escola Profissional
nas através de passes dados pela Light and Rivadávia Corrêa, as imagens de Malta re-

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gistraram as oficinas de costura, chapéu, de Copacabana, pela organização da Se-
bordado, colete, entre outras, reforçando a mana de Arte Moderna, Bertha Lutz convo-
importância dada a esse tipo de aprendi- cava para a primeira Conferência pelo Pro-
zagem. Constituindo-se como uma escola gresso Feminino 27 que tinha como tese ge-
de “sucesso” na formação profissional para ral: “A colaboração da Liga pelo Progresso
as meninas que, para nela se matricular Feminino na educação da mulher no
teriam que possuir idade entre 12 e 20 anos bem social e aperfeiçoamentos humanos”
e conhecimento, de pelo menos, parte das e apresentava como um de seus objetivos:
matérias do ensino primário, demonstrado “[...] deliberar sobre questões praticas de
em exame de admissão, ficando muitas ensino e instrução feminina [...]” (Grifo
candidatas aguardando vagas (Carneiro meu).
Leão, 1926). Em uma correspondência, a feminista
convida o Diretor de Instrução Pública do
O “sucesso” da Escola Profissional Distrito Federal Antonio Carneiro Leão (1922-
Rivadávia Corrêa na primeira 1926)28 no qual, “confiando na [sua] es-
Conferência pelo Progresso clarecida orientação”, toma a liberdade de
Feminino representado na figura também solicitar a indicação de delegadas
de sua diretora Benevenuta Ribeiro daquela Diretoria para fazer parte da Co-
missão de Instrução e Educação 29 da
Em 1922, Benevenuta Ribeiro Car- Conferência “afim de que os trabalhos se-
neiro Monteiro participou, como represen- jam orientados pelos elementos profissionais
tante do Distrito Federal e diretora da Escola mais competentes que existem entre nós” 30.
Profissional Feminina Rivadávia Corrêa, da As indicadas da Diretoria da Instru-
primeira Conferência pelo Progresso Femi- ção Pública do Distrito Federal foram as
nino, organizada no Rio de Janeiro pela professoras Esther Pedreira de Mello, Inspe-
Federação Brasileira pelo Progresso Femi- tora Escolar; Benevenuta Ribeiro, Dire-
nino 25, instituição que tinha como presidente tora da Escola Profissional Feminina
Berta Lutz26. As perguntas que se coloca- Rivadávia Correa; Maria Xaltrão Gaze,
vam eram as seguintes: Por quê a diretora Diretora da Escola de Aplicação, que junta-
dessa escola participou de um evento orga- mente com outras delegadas da Federação
nizado por uma entidade que lutava pela na Conferência viriam a compor a Comis-
emancipação feminina? De que forma ela são de Educação e Instrução 31. Assim,
participou? a diretora se inseria entre os “elementos
No ano que também ficaria marca- profissionais mais competentes que existem
do pelas comemorações do Centenário da entre nós, no que se refere ao campo da
Independência do Brasil com a organização educação”, conforme solicitação de Bertha
da Exposição Universal no Rio de Janeiro, lutz a Carneiro Leão.
capital do país, pela fundação do Partido Aqui cabe outra pergunta: Por que a
Comunista Brasileiro, pela Revolta do Forte diretora da Escola Profissional Feminina

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Rivadávia Corrêa foi reconhecida pelo di- do projeto modernizador da cidade do Rio
retor da Instrução Pública como um dos de Janeiro. O ensino profissional oferecido
“elementos profissionais mais competentes às meninas pobres e de classe média baixa
que existem entre nós, no que se refere ao da capital e do país nos moldes dos países
campo da educação”? Se uma representan- civilizados visando ao trabalho no lar, seja
te da Liga Paulista pelo Progresso Femini- como dona-de-casa ou mesmo como em-
no na Conferência, Branca de Canto de pregada doméstica especializada, na in-
Mello informava haver em São Paulo uma dústria e no comércio, se apresenta como
Escola Profissional Feminina bem-sucedida, parte das ações do Estado no que se refere
desejando que “com o correr dos tempos, a à educação.
Escola venha a ter os seus cursos O motivo de se dar grande visibilida-
augmentados, de accordo com as diferen- de imagética a Escola, entre outras p ossibi-
tes aptidões profissionaes que as operárias lidades, residia no fato de estar o prédio
venham a revelar”, a Escola dirigida por localizado em um ponto privilegiado e es-
Benevenuta não ficava atrás em termos de tratégico da cidade, como visto no início
“sucesso” no campo do ensino profissional desse trabalho. Suas imagens ocuparam
para o sexo feminino. com destaque as páginas de jornais e re-
Criada em 1913, já em 1916 o “su- vistas como a Revista da Semana 33, inclu-
cesso” do ensino oferecido às meninas sob sive na forma de cartão-postal34. As ima-
a batuta de Benevenuta Ribeiro mereceria gens valorizavam, sobretudo, o edifício mo-
elogios da imprensa escrita. Em um texto de numental para uma escola e as atividades
um periódico da época, se destaca: “Na Es- manuais ensinadas e aprendidas nas ofici-
cola Rivadávia Corrêa acham-se reunidos os nas e as aulas de prendas domésticas da
ensino práticos de corte, confecções de cha- Escola dirigida por Benevenuta Ribeiro:
péus e flores, espartilhos, datilografia e cozi- [...] sobretudo os trabalhos manuais de-
nha, preparando donas de casa e operárias senvolvidos nas diversas oficinas e aulas
sob uma orientação moderna e prática”. de prendas domésticas, corte-costura,
Nota-se no texto a visão projetada sobre o pintura, confecção de chapéus, desenhos,
modelagem, arranjos de flores e o material
papel da mulher”(SME/CREP, 2005, p. 51).
necessário para seu desenvolvimento, va-
Constatei em minha pesquisa de lorização expressa no registro das exposi-
doutoramento que essa Escola profissional ções de final de ano com o produto do
adquiriu grande visibilidade imagética atra- trabalho das alunas. Também se registra
vés das lentes de Augusto Malta32, fotógra- as aulas de datilografia e as atividades
fo contratado para registrar as transforma- físicas. (Bonato, 2003, p. 117)
ções urbanas levadas a cabo pelo então Segundo Freitas (1954), assim como
prefeito Francisco Pereira Passos (1902- no Instituto Profissional Feminino, a Escola
1906), no Distrito Federal. A Escola se inse- Profissional nasceu tendo como objetivo a
ria como prova de um modelo de educação educação física, visando ao bem-estar do
profissional para o sexo feminino, dentro corpo feminino, atendendo a sua anatomia,

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a intelectual e moral, e práticas necessárias, da obrigatoriedade do ensino profissional
tanto para o bom desempenho das profis- para as mulheres? Em que casos podem
sões designadas no seu Regulamento, ser dispensadas do aprendizado, de artes
como também para tornar menos difíceis e ofícios?
os encargos do lar doméstico. Benevenuta Ribeiro deu parecer fa-
Esse tipo de ensino profissional, vorável às teses como as de Guilhermina
doméstico e agrícola era discutido na Vieira da Matta35, delegada do Espírito San-
Conferência pelo Progresso Feminino, sob to, referentes ao “Ensino profissional e agrí-
a responsabilidade da Comissão de Edu- cola” que tratavam da necessidade “de
cação e Instrução que tinha em sua com- creação de estabelecimentos de ensino
posição a diretora da Escola Profissional para a preparação de orphãos e filhas de
Rivadávia Corrêa. Os temas debatidos eram lavradores para os mistéres da vida, do
apresentados em forma de teses no âmbi- cultivo dos campos”; que se proceda “um
to da Comissão para que seus membros estudo acurado das necessidades do agri-
dessem parecer quanto a sua apresenta- cultor para o amparo de suas filhas sem o
ção no plenário da Conferência. risco de abandono por ella dos labores para
Benevenuta Ribeiro participou ativa- a busca de occupação nas cidades”; e da
mente da discussão ligada a educação e “creação de aulas livres nas escolas prima-
instrução da meninas, propôs teses e deu rias, onde se ministre o ensino agrícola de
pareceres favoráveis a várias outras para modo pratico e efficiente”. Questões que
que fossem levadas ao plenário da Confe- afligiam as mulheres reunidas naquele
rência. No que tange ao ensino profissio- evento.
nal, doméstico e agrícola, cinco “theses Por outro lado, a diretora defendeu
especiais” foram apresentadas; 1) Como pri- a seguinte tese: “Ensino do desenho profis-
meiro passo para o ensino profissional deve- sional e a mão livre nas escolas profissio-
se difundir largamente o ensino do dese- naes femininas.” No âmbito da Comissão
nho a mão-livre? 2) Deve ter a mais ampla de Educação e Instrução teve o parecer fa-
difusão o estudo da economia doméstica vorável de Corina Barreiros, delegada da
com as suas aplicações à agricultura e nas Federação pelo Distrito Federal, que foi apro-
indústrias rurais? 3) Deve se promover lar- vado por unanimidade. Assim se pronun-
gamente a criação de escolas para mães ciou a congressista: “Seja o programma da
de família onde se ensinem além da eco- Escola Rivadavia Corrêa publicado e espa-
nomia e prendas domésticas as noções lhado largamente, officialmente” 36.
essenciais de higiene e medicina infantil? Apresentada ao plenário da Confe-
4) O ensino profissional deve ser obrigató- rência, este conclui pela necessidade do
rio? Quais os trabalhos especiais que de- “Ensino de desenho a mao livre obrigató-
vem ser cultivados pelo sexo feminino e rio por ser base essencial do ensino profis-
quais os modelos que devem ser ministra- sional” e da fundação de mais escolas pro-
dos? 5)Como se deve resolver a questão fissionais femininas. Neste sentido, a “Con-

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ferência recomenda a diffusão do ensino apenas reconhecendo a sua “competência”
profissional, reconhecido, porém, que por na direção da Escola, mas também apre-
enquanto não é possível a obrigatorieda- sentando uma experiência, segundo ele,
de” 37. Assim embora fosse um tipo de esco- bem sucedida para as mulheres daquela
la criticada na citada Conferência de 1922 Conferência em relação ao ensino profissio-
por algumas das participantes, como a fei- nal que a sua gestão na Diretoria de Ins-
ta pela já citada delegada da Liga Paulista trução Pública do Distrito Federal estava
em relação a ênfase dada no plano de es- proporcionando ao sexo feminino; a pró-
tudos dessas escolas às atividades de cos- pria solicitação feita a ele por Bertha Lutz,
tura, chapéu, bordado, colete, era uma es- presidente da entidade organizadora do
cola reivindicada naquele fórum de discus- evento, já demonstrava esse reconhecimen-
são feminista. to por parte da Federação.
Pensando no mercado de trabalho A Carneiro Leão eram dirigidos elo-
que se constituía, dizia a delegada da Liga gios de educadores estrangeiros em rela-
Paulista que o tipo de ensino ministrado nas ção ao ensino profissional feminino propor-
escolas profissionais não explorava e estimu- cionado pela sua Diretoria. O professor
lava outras possibilidades do trabalho, como americano da Universidade de Columbia I.
a da ourivesaria, gravação, fotografia, deco- L. Kandel que, em 1922, visitou a Escola,
rações internas, desenhos geométricos, de- expressou-se, segundo o próprio Diretor, da
senhos característicos de estilos retrospecti- seguinte forma: “O Sr. deve estar orgulhoso
vos diversos, que muito auxiliam a indústria da sua escola, essa orientação é magnífica.”
de fiação e tecidos, desenhos arquitetônicos (1926, p. 191).
etc. Assim sendo, na Conferência, a escola A Escola recebia freqüentemente, por
profissional também foi pensada como for- um motivo ou outro, visitas de personali-
madora da mão-de-obra feminina que ser- dades e autoridades nacionais e internacio-
ve ao lar, à indústria e ao comércio, condição nais. Prefeitos e presidentes da República
que vai se consolidando ao longo de tem- também a prestigiaram. O próprio Carneiro
po, como constatado nas palavras de Afrânio Leão e o prefeito Alaor Prata eram presen-
Peixoto, Diretor de Instrução Pública no perío - ças freqüentes nas solenidades constante-
do de 1916 a 1917, em seu livro A Educa- mente registradas por Augusto Malta e
ção da mulher, uma obra de 1936, a se ex- divulgadas em jornais e revistas da época.
pressar da seguinte maneira em relação à Como visto, Benevenuta Ribeiro de-
escola profissional feminina: “[...] A escola pro- fendia naquela Conferência a necessidade
fissional, depois de Azevedo Sodré, [1915- do “Ensino do desenho profissional e a mão
1916] dá produtos, procurados nas industrias livre nas escolas profissionaes femininas.”,
femininas e no comercio da indumentária” sendo esse tipo de ensino um exemplo da
(1936, p. 111). escola por ela dirigida para todas as outras
Ora, ao indicar Benevenuta Ribeiro, escolas. Entendida por Carneiro-Leão como
o educador pernambucano, estava não possibilidade de demonstrar o “sucesso”

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pedagógico dessa escola, ele destaca a 1923, onde aparecem quatro alunas em
capacidade das alunas para o ensino de pé sobre as pranchetas desenhando e a
desenho e, na sua percepção, a felicidade mestra supervisionando o trabalho de uma
com que as alunas realizavam tal tarefa: delas, torna-se prova visual dessa capaci-
Nellas o desenho e a modelagem são a dade. Nas revistas onde eram publicadas,
base de tudo. Trabalho algum é executado observamos muita propaganda do vestuá-
antes de devidamente projectado e dese- rio feminino aliado a segredos de beleza.
nhado pela alumna; E é interessante veri- Um outro fator também era motivo
ficar com que precisão e alegria desenham
de elogios à Escola Profissional Feminina.
um chapéo, modelam um figurino. (Ibid.)
Enaltecendo a competência e o sucesso das
Uma das críticas feitas por Carneiro- escolas profissionais para o sexo feminino,
Leão, já na década de 1920, ao Instituto em relação às escolas profissionais para o
Profissional Feminino, era a falta de uma sexo masculino, informa que a evasão
cadeira de desenho com a mesma quali- escolar38era maior nessas do que naquelas
dade da existente nas escolas Rivadávia escolas. Dizia o educador em seu Relatório
Correa e Paulo de Frontin. Um memorando de 1926:
do secretário-geral de Instrução Pública Funcionaram aqui, o anno passado, qua-
passado à diretora Benevenuta Ribeiro da tro escolas profissionais masculinas com
Escola Rivadávia Corrêa, datado de 20 de 800 matriculas e duas femininas com mais
dezembro de 1915, solicita que essa Escola, de 900... Nas escolas masculinas é
pequeníssimo o numero daquelles que
por empréstimo, ceda “para o Curso de De- terminam o curso, nas femininas, entre-
senho do Instituto Profissional Orsina da tanto, esse número é grande e cada vez
Fonseca á cargo do Prof. Luiz Dumont, as maior. (CARNEIRO LEÃO, p. 193)
planchetas existentes nessa Escola”. Isso se O Diretor se referia às escolas Paulo
justifica, pois o ensino e a aprendizagem de Frontin e Rivadávia Corrêa.
do desenho eram um dos motivos de Voltando à Conferência, considerada
elogios da Escola. a “ciência do lar”, a educação doméstica
A “disputa pedagógica” aparece nas para as meninas não foi esquecida. Esse
imagens referentes à prova de desenho, tipo de ensino era incentivado segundo “os
como a datada de 27 de novembro de mais modernos modelos americanos e eu-
1925, no interior da “Sala Dr. Benedicto ropeus. Reivindicava-se que fosse destina-
Raymundo”, em “Exame de desenho”. No do nas escolas um tempo maior dedicado
resultado final, vem escrito nos desenhos o a esse estudo entendido como tão impor-
nome da aluna e “Exame: de memória em tante para a formação da mulher como
hora e meia”. As imagens parecem querer uma perfeita dona-de-casa quanto ler e
revelar as habilidades das alunas ao dese- escrever. Mas, se a Escola Doméstica de
nhar modelos de vestuário feminino em Natal, dirigida pela americana Miss James,
moda na cidade, em estilo europeu. A ima- era a referência, o plano de estudos da
gem registrada em 17 de novembro de Escola Profissional Rivadávia Corrêa

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contemplava a educação doméstica. Como tos, podemos dizer que a maioria é a relati-
exemplo, uma imagem de 1922 da aula va às atividades ligadas ao trabalho ma-
de artes culinárias acontecendo na co- nual, às atividades profissionalizantes. Sem
zinha doméstica denominada “Sala Mabel dúvida, pela sua importância para a escola
Pearson”. Nela as alunas trajando uniforme e para a formação de uma mão-de-obra
com touca de pano na cabeça e as mes- seja para o trabalho no lar ou externo a
tras usando avental, o fotógrafo tenta de- ele. Na Conferência, a delegada da Liga
monstrar a preocupação com a higiene na Paulista reforça esse pensamento citando
feitura dos alimentos. Segundo propagado alguns trechos da conferência sobre “Edu-
pelas mulheres na Conferência, ou pelo cação Profissional” proferida pelo professor
menos por algumas delas, o sexo feminino Aprígio Gonzaga no Conselho de Educação
precisava, entre outras coisas, conhecer os de São Paulo. [Convidado por Carneiro
cuidados e o asseio individual, da casa e Leão para ajudar na Reforma Educacional
sua dependências e dos animais; saber es- no Distrito Federal; declinou do convite de-
colher e preparar os alimentos, seu valor vido ao acúmulo de trabalho em São Pau-
nutritivo e econômico; preocupar-se com o lo.] Para o citado educador:
regime alimentar das crianças, dos adultos A escola tem de encarar a mulher sob
e dos enfermos39. duas faces: a mulher casada e a mulher
Para Rodrigues (2000), o plano de solteira. A missão principal da mulher é
estudos das escolas profissionais, entre elas de ser: “mãe de família, esposa, quando
a Escola Profissional Rivadávia Corrêa, con- necessário for, trabalhadora ao lado do
homem, para se manter, sem dependên-
templava a aprendizagem das prendas cias ou humilhações. 40
domésticas, com isso essas escolas produ-
Porém, nem todas as mulheres se
ziam jovens “aptas” para o casamento, a
casam, indo para o mercado de trabalho, e
maternidade e a vida no lar, considerando
a escola tem de considerar essa realidade,
o papel imputado à mulher naquele perío-
continua a reflexão; e estabelecendo a dife-
do, mas também profissionais para o em-
prego doméstico. rença entre as moças ricas e pobres, enfatiza
Se a idéia da escola do trabalho não a necessidade que essas últimas têm da
foi tão enfatizada por Carneiro Leão em sua educação doméstica, como salvação, quem
proposta educativa, e sim por Fernando de sabe, para encontrar “um bom marido” e
Azevedo, ambos concordavam que a es- manter assim um “bom casamento”.
cola profissional era importante para a for- [...] Os pais, quando ricos, dão-lhes educa-
ção de salão: piano, canto, esporte, danças
mação das meninas, principalmente das e outras prendas que estão muito bem
“desamparadas” do Distrito Federal. nas ricas (eu acho até que nem as ricas
Da memória imagética da Escola Pro- têm o direito de desconhecer o trabalho
fissional Rivadávia Correa, a mais extensa da educação dos filhos e a direção do lar);
e preservada, pela quantidade de fotogra- mas para a classe pobre, só na escola
fias encontradas, aliado a outros documen- doméstica está a salvação. Na escola do-

94 Nailda Marinho da Costa BONATO. A segunda escola profissional para o...


méstica a mulher deve aprender a ser Benevenuta Ribeiro participa da Con-
boa dona de casa. 41 ferência como representante de uma Esco-
O projeto republicano visava tirar a la Profissional Feminina que não deixava
massa ignara do atraso deixado pelo anti- quase nada a desejar em relação ao ensino
go regime, segundo seus ideólogos. Nesse profissional reivindicado para o sexo femi-
entendimento, a educação, principalmente nino naquele espaço de discussão. Ensino
a instrução primária, se faz essencial. Nes- esse ministrado sob sua direção na Escola
se nível de instrução, o ensino profissional Profissional Rivadávia Corrêa tendo em vis-
é pensado para ser oferecido às classes ta as necessidades do Estado Educador
menos favorecidas considerando a des- dentro das exigências da pedagogia
centralização do ensino trazido pela Repú- moderna e do mercado profissional que
blica que resulta num sistema educacional se constitua na capital federal.
sem unidade. Nesse caminho, às classes
populares, o ensino primário, normal e téc- A Escola segue após a Conferência
nico-profissional e, à elite, o ensino secun-
dário e superior. Assim, esse hiato sócio- Após a primeira Conferência pelo
educacional provindo do Império se man- Progresso Feminino, Benevenuta Ribeiro
tém no novo regime, no dizer de Saffioti: continua dirigindo com “sucesso” a Escola
O hiato entre a rede primária de ensino e Profissional Rivadávia Corrêa. Seu Plano de
a instrução superior já implantado no Estudos também contemplava aulas de
Império [...]. Justapunham-se, sem ligação ginástica, atividades culturais e passeios
vertical, o sistema primário, normal e téc- que foram alvos das lentes de Malta. São
nico-profissional, de um lado, e o sistema
exemplos a apresentação, no pátio da es-
secundário e superior de outro. Constitu-
indo o primeiro o sistema de educação cola, da dança “Na Terra de Carmen”, coreo-
popular e o segundo o sistema de educa- grafada pelas alunas em trajes típicos e a
ção da elite [...]. (SAFFIOTI, 1979, p. 214) apresentação teatral “Toselli – Serenata”, em
Quanto ao ensino profissional, do- 1923, conforme identificação feita pelo pró-
méstico e agrícola, como conclusões da prio fotográfo na superfície das imagens
Conferência de 1922, temos, entre outras: registradas; as visitas de estudos e passeios
Trabalhar pela creação e desenvolvimento como ao morro do Corcovado (Cristo Re-
de Escolas Profissionaes, de modo a dentor) e ao Museu Histórico, em 1926,
formar operárias artifices ou artistas em sempre acompanhadas por professoras e
qualquer dos ramos de actividade manual pela diretora que participou da Conferência.
para o qual revelem aptidão ou vocação.
A imagem de Benevenuta Ribeiro é
Fomentar a disseminação do ensino de figura central em muitos dos registros pro-
E c o n o m i a D o m é s t i c a em todos os
duzidos por Malta, com o mesmo “status”
collegios existentes no territorio da Repú-
blica, de modo a formar do melhor modo dos prefeitos, diretores de Instrução Pública
possível e de maneira homogenea a dona e outras personalidades que visitaram a
de casa e a mãe de família brasileira. 42 Escola. Sua vida se confunde com a história

Série-Estudos... Campo Grande-MS, n. 25, p. 85-102, jan./jun. 2008. 95


da instituição educativa a qual dirigiu. A então um aumento significativo de um ano
reportagem do jornal A Nação, de 1938, para outro. Naquele espaço educativo:
destaca sua “competência” à frente da es- As meninas aprendiam a cozinhar, a fazer
cola, até aquele ano, da seguinte maneira: enfeites de flores, a bordar, a fazer chapé-
“A direcção atual do estabelecimento esta us. De 1913 a 1961 o colégio foi
dirigido por Dona Benevenuta
a cargo do desvelo e competência da pro-
Monteiro, que morreu aos 80 anos,
fessora Benevenuta Ribeiro...” 43 Além de tra- poucos dias depois de deixar a dire-
zer a imagem do prédio da então Escola ção do colégio. (Grifo meu)
Technica Secundaria Rivadavia De acordo com a reportagem,
Corrêa, traz a do seu fundador Bento Ri- Benevenuta Ribeiro permaneceu à frente
beiro, apontando ainda a importância dada da direção até o ano de 1961, morrendo
à escola como “Cartão-pedagógico” à socie- dias depois de deixar o cargo. Enquanto
dade carioca. esteve à frente da escola, a diretora não
Está de parabéns o magistério desta cida- permitiu o ingresso de alunos, o que veio a
de e, em particular, o ensino público da ocorrer tão logo decidiu retirar-se, em 1961.
Prefeitura do Districto Federal, pelo trans-
curso na data de hoje, do jubileu de prata
Nessa década, a instituição educativa passa
da E s c o l a T e c h n i c a S e c u n d a r i a a chamar-se “Colégio Estadual Rivadávia
Rivadavia Corrêa, estabelecimento edu- Corrêa”.
cacional de maior prestígio, das melhores Em um requerimento datado de maio
tradições da capital da República. Fundada de 1974, um deputado estadual comunica
a 10 de maio de 1913 4 4 , na adminis-
que requereu à Mesa, na forma regimen-
tração do então prefeito marechal Bento
Ribeiro, sob a denominação de 2a Escola tal, voto de congratulações ao Colégio Es-
Profissional Feminina, o conhecido edu- tadual Rivadávia Corrêa, na pessoa de seu
candário teve como sede, inicialmente, o diretor, prof. João Baptista Chagas Filho,
2o andar da Escola Primária “José pela passagem do 61o aniversário de fun-
Bonifácio”, no bairro da Saúde. Em 15 de
dação. Justificando a importância do
novembro de 1915, já então na adminis-
tração do prefeito Rivadávia Corrêa, trans- colégio, traça um histórico chamando aten-
feriu-se para o prédio da Praça da Repu- ção para a sua atuação como escola para
blica, especialmente construída para esse o sexo feminino; neste sentido, se expressa
fim [...].45 da seguinte forma: “[...] Outrora se dedicou
Outra reportagem do Jornal do Brasil, à orientação e à cultura da mulher brasilei-
datada de 10 de maio de 1973, intitulada ra, através de aulas de artesanato, culiná-
“Colégio Rivadávia Correia chega aos 60 ria, corte e costura, bordado etc” 46.
anos com um acervo de objetos raros”, des- A partir de 197547, passou a chamar-
tacando o trabalho pedagógico desenvolvi- se Escola Municipal Rivadávia Corrêa e per-
do na escola sob a batuta da diretora, nos maneceu com essa denominação até os
informa que, sob sua administração, se, em dias atuais. O prédio histórico, do século XIX,
1915, o número de alunas matriculadas era foi tombado como patrimônio cultural da
de 35, em 1916, já era de 200, havendo cidade do Rio de Janeiro, pelo Decreto

96 Nailda Marinho da Costa BONATO. A segunda escola profissional para o...


Municipal n. 9414/90, de 21 de junho de sional para o Sexo Feminino através da imagem
1990. fotográfica”, defendida em agosto de 2003, na
Unicamp; e por alguns resultados da investigação
A Escola ocupou até 1998 o prédio que venho desenvolvendo desde 2005 através do
histórico 47 que, como visto, foi construído projeto institucional “As concepções da Federação
originalmente para abrigar a Escola Pública Brasileira pelo Progresso Feminino sobre a educa-
da Freguesia de Sant’Anna, no século XX, ção feminina” apoiado pela FAPERJ em 2007.
2
como uma das “Escolas do Imperador”. Fonte: Acervo da Escola Municipal Rivadávia Corrêa
– EMRC.
Naquele ano foi transferida para um prédio 3
A primeira escola foi a “Escola da Freguesia de
anexo “construído no final dos anos 1920, Sant’Anna – Escola São Sebastião, cujo prédio foi
fruto de uma trágica concepção arquitetô- demolido em 1938. A essa escola se seguiram: a
nica, sem qualquer compromisso estético Escola da Freguesia de Nossa Senhora da Glória –
com o antigo sobrado” (SME/CREP, 2005, Escola José de Alencar – Colégio Estadual Amaro
p. 52). Conforme as fontes consultadas para Cavalvanti; a Escola da Freguesia de Santa Rita –
Escola José Bonifácio – Centro Cultural José Bonifácio;
a tese, a Escola teve sua arquitetura altera- a Escola da Freguesia de São Cristóvão – Escola
da com a construção de um anexo de cinco Gonçalves Dias; Escola da Freguesia de São Fran-
andares, em 1929, por conta da Reforma cisco Xavier do Engenho Velho – Escola Orsina da
Fernando de Azevedo, não sem oposição Fonseca; a Escola da Freguesia de São José – Escola
da diretora Benevenuta Ribeiro. Revoltada São José, cujo prédio foi demolido em 1920; a Esco-
la da Freguesia de Nossa Senhora da Conceição da
com o projeto, decidiu ausentar-se, viajan- Gávea – Escola Luiz Delfino; e a Escola da Fregue-
do para diversos países, chegando até o sia de Sant’Anna – Escola Rivadávia Corrêa. (SME/
Egito. Enquanto viajava, o anexo foi cons- CREP, 2005, p.19)
truído, naquele momento, possuindo a Es- 4
D. Pedro II subiu ao trono imperial em 1840, per-
cola os cursos Industrial, Doméstico e Co- manecendo até 1889.
5
mercial. Com exceção da Escola da Freguesia da Gávea,
atual Luiz Delfino, de proporções menores. (SME/
O prédio histórico do século XIX, a CREP, 2005, p. 24).
partir de outubro de 2002, passou a abrigar 6
Planejado pelo engenheiro Pereira Passos, que
o Centro de Referência da Educação Públi- seria no futuro prefeito da República no Distrito
ca da Cidade do Rio de Janeiro, “um local Federal no período de 1902-1906.
7
para pesquisas e publicações sobre educa- Sonia Maria Corrêa Mograbi, então Secretária Mu-
nicipal de Educação do Rio de Janeiro, na apre-
ção, para exposições fotográficas e icono- sentação do livro intitulado “Escolas do Imperador”
gráficas de temas relacionados também à elaborado a partir da exposição homônima “que
educação e eventos culturais” (SME/CREP, marcou a inauguração do Centro de Referência da
2005, p. 52), conforme divulgado no livro Educação Pública da Cidade do Rio de Janeiro, ocor-
“Escolas do Imperador”. rida em 18 de outubro de 2002“. (SME/CREP, 2005,
contracapa).
8
O Edifício teve seu projeto original modificado em
Notas 1896 pelo engenheiro Antonio de Paula Freitas. Em
1
Esse artigo foi constituído por partes alteradas, 1914, a Escola Normal foi transferida para a Escola
sendo que majoritariamente do terceiro capítulo da Estácio de Sá, na rua S. Cristóvão e, em 1930,
minha tese de doutorado intitulada “A Escola Profis- transferida para o prédio próprio na rua Mariz e

Série-Estudos... Campo Grande-MS, n. 25, p. 85-102, jan./jun. 2008. 97


Barros, na Tijuca, prédio construído na administra- ainda a Escola Profissional Paulo de Frontin, em
ção do prefeito Antonio Prado Júnior, sendo Diretor- 1919, hoje Colégio Estadual Paulo de Frontin.
16
Geral de Instrução Pública Fernando de Azevedo. O Como utilizado na época para se referir às esco-
decreto n. 3.810, de 19 de março de 1932, extingue las onde as meninas estudavam.
17
a Escola Normal e cria o Instituto de Educação. O Instituto Profissional Masculino João Alfredo
(BONATO, 2002 e 2003). (inaugurado em 1875, como “Asilo dos Meninos Des-
9
Situada à rua da Harmonia, n. 80, no bairro da Saúde. validos”), Ferreira Viana e a Escola Visconde de Mauá.
10
Pelo decreto n. 844, de 19 de dezembro de 1901, Quanto a essas escolas ver a tese elaborada por
o ensino do Distrito Federal compreendia o ensino Maria Ciavatta Franco para o Concurso Público para
primário, o normal e o profissional. Professor Titular de Educação e Trabalho, da Univer-
11
No governo de marechal Hermes da Fonseca foi, sidade Federal Fluminense, intitulada A Escola do
de novembro de 1910 até novembro de 1914, pre- trabalho: história e imagens. Niterói, 1993.
18
feito do Distrito Federal. Faleceu em 20 de agosto Fonte: Acervo AGCRJ.
19
de 1921. (Fonte: Acervo da Escola Municipal Bento Benevenuta Carneiro nasceu em 26 de outubro
Ribeiro). de 1878, no município de Uruguayana no Rio Grande
12
As escolas primárias separadas para meninos e do Sul, filha de Severino Ribeiro Carneiro Monteiro
meninas eram denominadas, por exemplo, como: 1 e Maria Rachel Ribeiro Carneiro Monteiro, neta pelo
a escola primária para o sexo feminino do 1o distrito. lado materno dos barões de São Borja. Seu avô, o
13
Conforme Freitas (1954), essa escola foi instalada marechal Bento Manoel Ribeiro, foi um dos militares
de forma experimental, em 10 de maio de 1913, no em destaque na guerra Farroupilha, em 1835. Fez
andar superior da escola de instrução primária José seus estudos secundários no colégio de Religiosas
de Alencar (hoje Amaro Cavalcanti), no Largo do S. José, em São Leopoldo.
20
Machado. Porém, de acordo com a ata, a Escola foi Bento Manuel Ribeiro Carneiro Monteiro, filho do
inaugurada em 7 de julho de 1913. (Fonte: Acervo tenente Vitorino Jose Carlos Monteiro e de D.
AGCRJ). Um ofício datado de 4 de julho de 1913 da Benevenuta Carneiro Monteiro, barões de S. Borja,
Diretoria Geral de Instrução Pública, assinado por nasceu no dia 2 de setembro de 1856, em Jaguarão,
Ramiz Galvão, convida a diretora da 2a Escola Pro- Rio Grande do Sul. Em março de 1875, ingressou no
fissional Feminina [Rivadávia Corrêa], Benevenuta Exército. Aluno da antiga Escola Militar da Praia Ver-
Ribeiro, para a inauguração da 1a Escola Profissional melha, em 1878, passou por todos os postos da car-
Feminina [Bento Ribeiro]. (Fonte: acervo da Escola reira e, em 1920, era marechal graduado. Fez o cur-
Municipal Rivadávia Corrêa). Os cursos começaram so de Engenharia e bacharelou-se em Matemática e
a funcionar em 8 de julho do mesmo ano. Porém, é Ciências Físicas. Como engenheiro militar construiu
a data de 10 de maio que ficou consagrada às come- linhas telegráficas de valor estratégico em Mato Grosso
morações do aniversário da Escola. Conforme o ato e Rio Grande do Sul, sobressaindo a que une a cida-
de 26 de outubro de 1915, assinado pelo então Di- de do Rio Grande a Santa Vitória do Palmar. Em 1904,
retor Geral de Instrução Pública, Antonio Augusto comandava a Escola Militar do Rio de Janeiro. No
Azevedo Sodré, na gestão do prefeito Rivadavia governo de Nilo Peçanha foi chefe do Estado-Maior
Correa, atribuiu-se àquela Escola o nome de seu do Exército e no do marechal Hermes da Fonseca, de
fundador, passando a denominar-se “Escola Profis- novembro de 1910 até o fim de 1914, prefeito do
sional Bento Ribeiro”, em homenagem ao ex-pre- Distrito Federal. Faleceu em 20 de agosto de 1921.
feito. (Fonte: Acervo da Escola Municipal Bento Ri- Fonte: acervo da Escola Municipal Bento Ribeiro.
21
beiro). Fonte: Acervo EMRC.
14 22
No âmbito da educação oficial, esse tipo de esco- Rivadávia da Cunha Corrêa nasceu em Santana
la para o sexo feminino é marcado pela criação do do Livramento, RS, em 1866. Fez Direito pela Facul-
Instituto Profissional Feminino, em 1898. dade de São Paulo, 1884. Foi Deputado Constituinte
15
Por conta do decreto de Bento Ribeiro, foi criada pelo seu estado, em 1916, senador na vaga de Pinhei-

98 Nailda Marinho da Costa BONATO. A segunda escola profissional para o...


ro Machado. Ministro da Justiça no governo de minino alcançado em 1932.
27
Hermes da Fonseca e depois Ministro da Fazenda. Além da primeira Conferência pelo Progresso Fe-
No governo de Wenceslau Brás, foi nomeado pre- minino, a Federação tem importante papel na orga-
feito do Distrito Federal. Prefeito do Distrito Federal, nização de mais dois Congressos Feministas reali-
de 16 de novembro de 1914 a 5 de maio de 1916. zados no século passado, no Rio de Janeiro, então
Dedicou-se à regulamentação do ensino nos Insti- Distrito Federal, a saber: o II Congresso Internacio-
tutos Profissionais e na Escola Normal (Decreto n. nal Feminista, em 1931 e o III Congresso Internaci-
058, de 29/1/1916). Teve como diretor de Instrução onal Feminista, em 1936.
28
Pública Antonio Augusto de Azevedo Sodré, que o Antonio Carneiro Leão, então diretor da Instrução
sucedeu na Prefeitura, de maio de 1916 a janeiro Pública do Distrito Federal, como nacionalista que
de 1917. Faleceu em 1920. era, visava à preparação técnica “das novas gera-
23
Fonte: Acervo EMRC. ções brasileiras”. Via a necessidade de instrução pri-
24
Fonte: Acervo EMRC. mária do povo como solução para que o país saísse
25
Fonte: Fundo FBPF/AN. A entidade tinha como do atraso em que se encontrava diante das nações
membros de sua diretoria: Bertha Lutz; Stella Durval; modernas. Dizia ele, ao término de sua gestão na
Jeronyma Mesquita; Cassilda Martins; Esther Ferreira Diretoria Geral de Instrução Pública: “A orientação
Vianna; Evelina Arruda Pereira; Berenice Martins impressa ao ensino primário [...] e, sobretudo, a
Prates, entre outras. No Dicionário Mulheres do Bra- indicada nos novos programmas, patenteiam a
sil: de 1500 até a atualidade, biográfico e ilustrado, preoccupação de uma educação de actividade, de
encontramos verbetes de algumas dessas mulhe- uma preparação technica das novas gerações bra-
res, a saber: Bertha Lutz (ver p. 106-12); Stella Durval sileiras.” No seu entendimento, essa preparação téc-
(ver p. 502); Jeronyma Mesquita (ver p. 290-91); nica não vinha ocorrendo de forma satisfatória na
Evelina Arruda Pereira (ver p. 214-15). Mantive os capital do país. Embora mais preocupado com a pri-
nomes grafados como aparecem no documento ori- mária, a escola profissional não deixou de ser alvo.
29
ginal. No Dicionário também encontramos um ver- Conforme consta do Programa, a Conferência foi
bete referente à Federação Brasileira pelo Progres- estruturada em Comissões como: Organização; Edu-
so Feminino-FBPF (ver p. 217-25). cação e Instrução; Carreiras e Campos de Ativida-
26
Bertha Maria Júlia Lutz (1894-1976). Nasceu des Apropriadas à Mulher; A mulher na Indústria,
em São Paulo-SP, filha da enfermeira inglesa Amy no Comércio e no Funcionalismo Público; Direitos
Fowler e do médico-cientista Adolfo Lutz. Após es- da Mulher; Assistência e Proteção à Mulher e á
tudos na Europa, volta ao Brasil, em 1918. Bióloga Criança; O Papel da Mulher na Civilização.
30
concursada, é nomeada, em 1919, para alto cargo Fonte: Fundo FBPF/AN.
31
no Museu Nacional. Realizou ações “impensáveis” Na Comissão de Educação e Instrução foram dis-
para as mulheres do seu tempo como, por exemplo, cutidos diversos temas referentes à educação e ins-
estudar em Paris, formando-se em Biologia na trução das mulheres, a saber: a nacionalização do
Sorbonne. Influenciada pelas lutas das mulheres ensino público, ensino profissional, doméstico e
européias e americanas iniciou uma luta pelo su- agrícola, a formação para o magistério, o ensino
frágio feminino entre nós, sendo esta a principal primário, o ensino secundário e superior; além de
bandeira da Federação. Juntamente com outras questões como o alto índice de analfabetismo entre
mulheres, criou a Liga para Emancipação Intelectual as mulheres e a co-educação dos sexos.
32
da Mulher que seria o embrião da Federação criada Fotógrafo oficial do Distrito Federal, no período de
em 1922, ano em que organizou a primeira Confe- 1903 a 1936, Augusto Malta nasceu em Alagoas,
rência pelo Progresso Feminino. A Federação se tor- em 14 de maio de 1864. Depois de viver no Recife,
naria uma das referências do movimento feminista veio para o Rio, por volta de 1888, passando a traba-
brasileiro na primeira metade do século XX, com lhar inicialmente como “auxiliar de escrita” em um
destaque especial para a conquista do sufrágio fe- estabelecimento comercial da rua Larga de São Joa-

Série-Estudos... Campo Grande-MS, n. 25, p. 85-102, jan./jun. 2008. 99


quim. Foi casado com Laura de Oliveira Campo ção Pan-Americana de Mulheres.
36
com quem teve cinco filhos: Luttgardes, Arethusa, Fonte: Fundo FBPF/AN.
37
Callestenis, Aristocléa e Aristógiton. A esposa mor- Ibid.
38
reu em 1904. Casado pela segunda vez com Como a escola oferecia logo uma formação, ou
Verschueren Malta Campos, teve quatro filhos: Eglé, seja, o aluno aprendia um ofício, este ia em busca
Dirce, Amaltea e Uriel. Faleceu aos 93 anos, de de ser absorvido pelo mercado de trabalho pela
infarto, no Rio de Janeiro, em 30 de junho de 1957, necessidade econômica; sendo absorvido, não con-
e, conforme depoimento da filha Amaltea ao Mu- tinuava os estudos. Constatamos esse dado no tra-
seu da Imagem e do Som, como paradoxo do desti- balho de Ciavatta sobre a escola profissional mas-
no, embora ateu, foi enterrado com o hábito da Ve- culina: “Em todas elas, poucos alunos terminavam
nerável Ordem Terceira da Penitência. o curso, se “diplomavam”, como registram os docu-
33
Encontramos fotos da Escola nos v. 17, n. 46, p. mentos, o é confirmado pelos professores entrevis-
50-51, de 23 de dezembro de 1916; e v. 19. n. 30, p. tados. As razões eram a pobreza e a necessidade
6, de 31 de agosto de 1918. dos adolescentes de trabalhar e ajudar nas despe-
34
Armando Martins de Barros (1997) desenvolveu sas da família tão logo adquirissem conhecimentos
sua tese de doutorado nesta persepctiva. Ver refe- que lhes permitisse o exercício inicial de uma pro-
rência no final desse texto. fissão.” (CIAVATTA, 1993, p. 30).
35 39
Participaram da Conferência representantes de vá- Fonte: Fundo FBPF/AN.
40
rios estados da federação, como: Pernambuco, Fonte: Fundo FBPF/AN.
41
Paraíba, Bahia e Sergipe, Pará, Santa Catarina, Ama- Idem.
42
zonas, Espírito Santo e também do Distrito Federal. Mantive a escrita do documento original em vári-
E diversos colaboradores, entre eles senadores, de- as citações.
43
putados, médicos e advogados. Dela também parti- Fonte: Acervo EMRC.
44
ciparam algumas Associações, entre elas a Liga de Data que ficou consagrada ao seu aniversário.
45
Professores, a Cruzada Nacional Contra a Tubercu- Fonte: Acervo EMRC.
46
lose, o Centro Social Feminino, a Cruz Vermelha, a Fonte: Acervo EMRC
47
Legião da Mulher Brasileira, a União dos Emprega- Devido à fusão do estado do Rio de Janeiro com o
dos no Comércio. Teve como delegada de honra Estado da Guanabara.
48
Mrs. Carrie Chapman Catt, Presidente da Aliança O prédio histórico que ora se encontra na Aveni-
Internacional pelo Sufrágio Feminino e da Associa- da Presidente Vargas, n. 1314.

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Recebido em 26 de abril de 2008.


Aprovado para publicação em 26 de maio de 2008.

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