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e traços estilísticos
A classificação das obras literárias por gênero começa na república de Platão, onde ele
explica que há a 3 tipos de obras poéticas, sendo a primeira inteiramente imitação,
onde o poeta some e os personagens falam em seu lugar (tragédia e na comédia); o
segundo tipo é um simples relato do poeta, que encontramos principalmente no
ditirambos, que hoje se corresponde aproximadamente ao gênero lírico; e o terceiro
tipo une ambas as coisas, e encontramos nas epopéias, onde tanto o poeta se
manifesta nas descrições e apresentações de personagens, quanto os personagens,
nos diálogos.
Apesar de combatida, essa teoria de 3 gêneros permanece atual e válida, mas ela é
artificial, por conta de toda a conceituação científica. Além disso, essa teoria de 3
gêneros nem sempre corresponde à realidade literária, já que há uma vasta literatura
produzida, e muitas vezes ela não consegue cobrir as diferentes produções.
Essa teoria não deve ser entendida como normas para nortear a produção dos autores,
já que a “pureza” de se encaixar perfeitamente nos conceitos não é necessariamente
positiva, além de que não existe uma pureza absoluta de gêneros.
E os gêneros podem também ter um significado adjetivo, que se refere aos traços
estilísticos que podemos encontrar numa obra, não importando a qual gênero ela
pertença. As peças de Garcia Lorca, por exemplo, pertencem à Dramédia, mas
possuem traços estilísticos líricos.
Costuma haver relação entre gênero e traço estilístico, por exemplo, o drama tende ao
dramático, o épico ao Épico, o lírico ao lírico, mas toda obra contém também traços
estilísticos de outros gêneros. Dificilmente vai ter uma peça sem algum momento épico
ou lírico.
E aqui nessa segunda acepção esses termos se ampliam, saindo da ficção e sendo
usando no mundo real onde, por exemplo, a gente pode falar de um banquete épico,
uma noite lírica, um jogo de futebol dramático.