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1 Assistente Social, mestre em Gerontologia Social pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo
– PUC-SP, docente do Curso de Graduação em Serviço Social pela Faculdade Tijucussu em São
Caetano do Sul – SP. Fone: 11-949444222 – Email:camilesocial@hotmail.com
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Psicóloga, especialista em Semiótica Psicanalítica Clinica da Cultura, COGEAE PUC-SP. Mestre
em Gerontologia Social, pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP, Atua na área
de Psicologia Social e Clínica.
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recreativas, jogos e brincadeiras com o objetivo não apenas de entreter, mas também de
ensinar.
Segundo Areli Barbosa, coordenador do projeto no Brasil e em sete países da América
do Sul, “o diferencial do projeto está no fato do jovem contribuir e criar um impacto nas
pessoas. “Estamos vivendo em um mundo egoísta. “Quando alguém decide se doar e ajudar o
outro, vemos a transformação das pessoas”.
Antes de irem a campo, cada voluntário Calebe, recebe um kit individual de apoio para
a devida capacitação, que ocorre sempre no mês de novembro e dezembro, para efetivamente
em janeiro e em julho respectivamente estarem preparados para a operacionalização do
projeto. Os custos das passagens são de responsabilidade do próprio voluntário Calebe. Estes
consideram a menor parte por eles custeada, pois acreditam que o mais valioso nesse projeto
são as vidas que serão influenciadas através do tempo de dedicação que oferecem como forma
de demonstrar um amor maior.
A IASD local fica responsável por acomodar os voluntários Calebes, podendo ser os
dormitórios na própria Igreja Adventista, ou em colégios públicos, ou colégio adventista
(quando houver na cidade) ou casa de membros da comunidade adventista na cidade que os
Calebes estiverem alojados.
Quanto à alimentação desses Calebes, existe uma equipe que dá todo o suporte para os
mesmos em campo, além de providência os recursos necessários para uma alimentação digna
e com qualidade, dando preferência a dieta lacto/ovo/vegetariana.
social, uma geração. Mas todas essas definições se vinculam, de algum modo, à dimensão de
construção sócio-histórica. Há, portanto, uma correspondência com a faixa de idade, mesmo
que os limites etários não possam ser definidos rigidamente; é a partir dessa dimensão
também que ganha sentido a proposição de um recorte de referências etárias no conjunto da
população, para análises demográficas. Do mesmo modo, a noção de geração remete à ideia
de similaridade de experiências e questões dos indivíduos que nasceram num mesmo
momento histórico, e que vivem os processos das diferentes fases do ciclo de vida sob os
mesmos condicionantes das conjunturas históricas. É esta singularidade que pode também
fazer com que a juventude se torne visível e produza interferências como uma categoria
social. De todas as tendências e linhas de análise da juventude, opto por pensar o fenômeno juvenil a
partir da sua construção sócio-histórica. A fundamentação teórica dessa leitura e interpretação encontra
base nos princípios filosóficos do materialismo histórico e dialético que trazem embutidos, ainda, uma
teoria e método científico que se contrapõe à leitura de ciência proposta pelo positivismo lógico.
(2000) a juventude é atribuída como uma categoria social que se torna, ao mesmo tempo, uma
representação sócio-cultural e uma situação social.
Dayrell (2007) partindo de alguns estudiosos apresenta a juventude sendo tomada
como uma fase da vida. Para outros ela é vista como um conjunto social necessariamente
diversificado, em razão das diferentes origens de classe, que apontavam para uma diversidade
das formas de reprodução social e cultural. Podemos então pensar esse grupo, como algo
relativo que toma formas a partir dos comportamentos atribuídos por uma classe social, seja
ela de etnia, nacionalidade, gênero, sexualidade, religião, contexto histórico nacional e
regional.
Mas afinal o que leva esses jovens a dedicarem suas férias a uma causa humanitária?
O Projeto Missão Calebe chamou a atenção por se tratar de uma ação que envolve
jovens os quais vivem numa sociedade que apela para o consumo, a individualidade, enquanto
que esse grupo na contramão dessa mesma sociedade dedica suas férias, não ao lazer, mas a
ações humanitárias. Por outro lado, os meios acadêmicos não vem discutindo essa questão tão
importante na atualidade, tão pouco os meios midiáticos divulgam esse tipo de ação realizada
pelos jovens. Na verdade, os meios midiáticos na contemporaneidade quando o assunto se
desdobra para a categoria juventude toda a discussão volta-se para a violência, o uso de
drogas, ou ainda a cultura do fank ostentação ou do hap, ou seja temas que levantam o ibope,
que gera sensacionalismo, ou que não vislumbram as potencialidades dos jovens para a
transformação da sociedade.
Diante disso, a pesquisa pleiteia enfatizar qual o interesse desses jovens em contribuir
para a mudança de vida saudável dos sujeitos com os quais desenvolvem suas ações, o que os
levou a essa decisão, no que acreditam suas esperanças e expectativas em relação ao mundo e
a sociedade que vive.
Metodologia
A pesquisa tem caráter qualitativo, que é definido por Minayo (2007), da seguinte
forma:
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QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação viva.
São Paulo: T.A Queiroz, 1991.p.73-77.
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gravador, não abarca um domínio muito extenso no tempo. [...] Porém seu
emprego, no que diz respeito ao tempo presente, constitui uma abertura às
investigações de todos os grupos e camadas sociais pouco atingidos pelos
registros escritos. [...] Mesmo as camadas sociais que manuseiam com
frequência a escrita, encerram na memória conhecimentos e lembranças que
se perdem no “lufa-lufa” cotidiano, e que uma vez gravados, enriquecem o
acervo de documentos do presente. (QUEIROZ, 1991, p. 74)
Esta pesquisa conta até o presente momento com três jovens participantes, sendo duas
jovens e um jovem na faixa etária entre 17 e 23 anos respectivamente, sendo eles: Rebeca,
estudante, com pretensões para cursar Faculdade de medicina; Erick, 21 Anos cursa
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Resultados da pesquisa
No que diz respeito ao interesse em participar do projeto nos seus depoimentos os
jovens apontaram que,
No primeiro momento, foi porque muitos amigos meus iam, ai eu falei
assim, vou, vai ser muito legal, tipo, passar quinze dias no interior de São
Paulo, numa casa super despojada, está tudo pago, então eu vou lá me
alegrar. Mas no segundo momento, que eu parei para refletir mesmo, meu,
vai ser muito legal eu trabalhar em uma cidade que não tem igreja, por
poder ajudar aquela galera. É muito legal também estar no meio de amigos
e ajudar outros, foi o que me motivou de verdade para ir, de início foi uma
alegria, vamos lá viajar, mas no segundo momento quando eu tomei a
realidade do projeto, eu vi que era muito maior do que eu imaginava, e foi
muito melhor também e foi muito bom. (Hemile)
de Deus, mas você ajudar de maneira física, que também é uma forma de
falar do amor de Deus. (Hemile)
É você ir até as pessoas e ajudar elas de alguma forma mesmo e de atuar
com estudo bíblico, uma ajuda alimentícia, financeira, um apoio emocional
as vezes, de você ir até a pessoa e fazer isso por ela. (Erick)
Bom, a gente se reúne lá e a gente tem alguns livros para entregar, alguns
folhetos e assim o objetivo é você ir batendo de porta em porta, quase uma
colportagem, mas sem as vendas e a gente pergunta se a pessoa quer uma
oração, se ela quer conversar, como ela está, se ela está bem, para tentar
saber um pouco da vida da pessoa e ai a gente entrega o que precisa
entregar para ela que é geralmente um livro um folheto e chama ela para
uma programação da igreja, geralmente alguma semana jovem ou alguma
coisa assim e é mais para você tentar, pelo pouquinho que você vai na casa
da pessoa, tentar ter uma intimidade com ela para entender o caso dela e das
próximas vezes que a gente voltava para dar um estudo bíblico, para estudar
as coisas da igreja com ela, as coisas da bíblia, é isso. (Rebeca)
Quanto aos motivos que os levaram durante o período de férias dedicarem-se ás causas
humanitária, narraram colmo sendo,
Sobre fatos/situações que foram marcantes para eles no Projeto Missão Calebe
argumentaram as seguintes questões:
Acho que o que marcou, foi o fato da igreja. Lá a cidade não tinha uma
igreja fixa, se reuniam em uma loja, eles colocaram umas cadeiras lá, bem
legal, mas não era uma estrutura de uma igreja e nós fomos lá
movimentamos a igreja, foram vários estudos bíblicos e a gente voltamos há
uns três anos atrás novamente na cidade e já tinha uma igreja construída
com toda uma estrutura, a gente viu, eles agradeceram muito a gente porque
foi por meio de nós que aquela igreja foi comprado o terreno, foi feito uma
igreja física mesmo, uma construção e eles agradeceram muito a gente por
ter começado essa igreja, mesmo sem saber a gente influenciou muito isso
e foi muito legal a gente ver irmão ali, que a gente chegou na casa e não
conheciam nada e ver ali, frequentando orando com a gente, agradecendo,
super feliz com a nossa presença na cidade, acho que não tem um fato
marcante, se tem disso de você chegar na casa da pessoa, a pessoa está ali
esperando alguma coisa e chega você e ela pediu para Deus e vê que é você
a promessa de Deus naquele dia para ela é muito lindo, mas acho que no
total o que marcou foi isso a estrutura que nós começamos e depois
terminou a igreja. Uma igreja linda que foi construída para eles lá e cheia,
isso que é o mais legal. (Hemile)
Fatos marcantes foram muitos. Mas tem um que não foi nem comigo, foi
com a Larissa e com o Victor, mas quando eles falaram isso para mim eu
quis chorar. Eles bateram numa casa de uma mulher bem no momento que
ela estava chorando pela filha dela e quando eles bateram lá, ela já falou que
não acreditava naquilo, porque ela tinha acabado de orar para Deus mandar
uma resposta para ela e a resposta era eles, porque ela tinha acabado de orar
e eles bateram na porta da casa da mulher e é isso tipo, eles se tornaram
anjos para aquela mulher porque eles estavam levando um pouco de
esperança para ela e para a filha dela que sofria. (Rebeca).
Interessante observar que nas narrativas dos jovens entrevistados a palavra ajuda
percorre os seus discursos do começo ao fim, denotando que estão para fazer caridade e não
na perspectiva de emancipar as pessoas com as quais no referido projeto. Outro fator a ser
frisado diz respeito de as pessoas os vêm como anjos salvadores, ou seja, a presença deles traz
certo conforto para aqueles que estão vivenciando situações de dificuldades e desta forma as
orações os confortam.
Na perspectiva de suas expectativas em relação ao mundo ou sociedade em que vivem
uma jovem colocou que as esperanças estão acabadas, enquanto que os demais um deles
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coloca que tal experiências vivida de forma pessoal e o outro coloca suas esperanças em
Jesus, pois acredita na volta dEle. São jovens praticantes da religião adventista e todas as suas
narrativas se baseiam nos ensinamentos bíblicos, pois, acreditam que por meio das orações
que realizam e pelo trabalho que desenvolvem as pessoas podem encontrar caminhos que os
levem a realizar outros objetivos nas suas vidas.
Os jovens que participam do Projeto Missão Calebe, desenvolvem uma ação
social, no entanto não a percebem como tal, mas sim pelo viés da religiosidade. Até mesmo o
abrir mão de férias para submeterem-se para eles significa que se sentem bem e uma forma de
“ajudar” os outros.
Considerações finais
O tema juventude, especialmente a partir dos anos 90, vem sendo motivo de
debates políticos e acadêmicos na cena brasileira. Um olhar investigador pode constatar um
número considerável de pesquisas que buscam compreender diferentes questões relacionadas
ao universo juvenil, como a relação do jovem com a escola, com o trabalho, com a cultura,
com a política, ou em relação à sexualidade, a religiosidade, a violência, etc. Embora os
jovens não percebam, o trabalho que desenvolvem significa um exercício de cidadania das
práticas sociais que realizam com os cidadãos com os quais intervém na realidade dos
mesmos. Esse processo participativo que desenvolvem junto aos sujeitos com os quais atuam
expressa vínculos diretos e inevitáveis das condições específicas e de condicionantes político,
pois, mobiliza a dinâmica social caracterizada por um conjunto de determinantes, não
somente políticos, mas e também sociais, considerando a vontade individual do cidadão de
participar, organizados, muitas vezes, em grupos de interesses, embora estes grupos
pertençam ao campo da religiosidade.
De fato, é comum se enfatizar que os jovens estariam buscando outras formas de
participação, recusando as propostas de libertação, por projetos que interpelem o Estado,
porque estariam mais motivados por políticas de identidades, como as de reconhecimento dos
direitos humanos. Este estudo teve como objetivo realizar uma pesquisa com jovens do
Projeto Missão Calebe e utilizou a metodologia da história oral, pois as pessoas que foram
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entrevistadas neste trabalho trouxeram sua experiência em suas narrativas elementos de sua
cultura, impregnados de seu próprio ponto de vista, forjado em convívio na dinâmica social,
ou seja, dados de algum modo objetivos, que podem ser analisados e estudados. Nesse
sentido, tendemos a tratar sonhos, expectativas, propostas, projetos, fabulações, trazidos por
nossos interlocutores, como fatos, passíveis de reflexão objetiva, indícios de possibilidades
alternativas na realidade social.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARRANO, Paulo César Rodrigues. Juventude: as identidades são múltiplas. In: Juventude,
Educação e Sociedade. Revista da faculdade de educação da UFF. Rio de Janeiro: DP&A,
nº1, maio de 2000, 52-72.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. São Paulo:
Vozes, 2007.
OZELLA, Sergio. (Org.). Adolescências construídas: a visão da psicologia sócio-histórica.
São Paulo: Cortez, 2003.
QUEIROZ, Maria Isaura Pereira. Variações sobre a técnica de gravador no registro da
informação viva. São Paulo: T. A. Queiroz, 1991. p. 73-77.
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