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Teste Formativo 9ºcrónica (Final)
Teste Formativo 9ºcrónica (Final)
GINESTAL MACHADO
TESTE DE AVALIAÇÃO FORMATIVA 9º ANO
Grupo I
PARTE A
Ainda imbuído do espírito da quadra natalícia, quero dizer a todos que vou assassinar a
próxima pessoa que me mandar um SMS a desejar bom ano novo. E sei que o leitor partilha a
minha raiva. Isto da amizade é dos piores flagelos do mundo moderno. Porque o mundo
moderno, estupidamente, oferece um vasto leque de opções para os amigos nos mandarem
mensagens. Ou seja, o mundo moderno meteu a pata na poça mais uma vez. São mensagens
de bom ano a chegar em catadupa e a provocarem um mau fim de ano velho, na medida em
que temos de estar a apagá-las todas. Posso dizer-vos que tenho o polegar em carne viva.
Reparem: ao fim das primeiras 600 mensagens, nós já percebemos a ideia. Os nossos
amigos querem que nós tenhamos um bom ano de 2006. Obrigado. Sinceramente.
Agradecemos a todos. Mas agora parem de mandar mensagens, por favor. Nós prometemos
que vamos ter um bom ano. Parem de desejar. A sério. E, para o ano, organizem-se: mandem
uma mensagem apenas a dizer: «Bom ano de todos os teus amigos.» Revezem-se, e cada ano
manda um. O ideal talvez seja cortar relações com todos os nossos amigos na semana anterior
ao Natal e reatá-las apenas em meados de Janeiro. Evitam-se as mensagens e, até, a troca de
presentes – uma vantagem nada negligenciável. E a verdade é que o Natal é a altura em que
menos precisamos dos amigos porque, de qualquer maneira, as pessoas não devem ser nossas
amigas por dever sazonal.
Se me permitem, gostaria mesmo de pôr em causa toda a filosofia da mensagem de bom
ano novo. Que sentido faz desejar bons períodos de tempo? E porquê «bom ano novo» e não
«desejo-te um rico semestre, ou «espero que passes um excelente quarto de hora»? Será que,
em Março de 2006, o desejo que formulámos em Dezembro de 2005 ainda está a fazer efeito?
Nesse caso, para poupar tempo, talvez não seja mal pensado começar a desejar «Bom
quinquénio». Arruma-se a questão durante um bom período de tempo. Está desejado,
voltamos a falar em 2011. (…)
in Boca do Inferno, Ricardo Araújo Pereira
2. O início desta crónica põe em evidência um sentimento de “raiva”. Este sentimento advém
a. do autor estar farto, fartíssimo, de apagar as mensagens que tem recebido.
b. do autor não ter tempo para fazer mais nada do que ler mensagens.
c. do autor não estar nada interessado nas mensagens dos amigos.
3. Sugerem-se na crónica algumas soluções para acabar com o flagelo destas mensagens. Uma
das soluções é esta:
a. deitar fora o telemóvel e comprar outro mais tarde.
b. deixar de usar telemóvel definitivamente.
c. cortar relações com os amigos antes do Natal e reatá-las em meados de janeiro.
4. Motivado talvez pela irritação, o autor põe mesmo em causa o conteúdo das mensagens,
a. porque não acredita na sinceridade dos votos de bom ano novo.
b. porque faz tanto sentido desejar um bom ano novo, como um bom semestre ou um bom
quinquénio.
c. porque dá azar receber tantos votos de bom ano.
5. Não foi dito o título do texto. De entre estes títulos de crónicas do autor, e de acordo com o
conteúdo desta, julgo que
a. o título original é “O chato de todos os portugueses”.
b. o título original é “Como uma força que ninguém pode parar”.
c. o título original é “10, 9, 8, 7…! Espera aí, isto é estúpido”.
PARTE B
A MINHA OLYMPIA
Nem vale a pena falar de computadores e processadores de texto. Numa fase inicial,
ainda me senti tentado a comprar uma dessas maravilhas para mim, mas ouvi demasiadas
histórias de terror em que uma pessoa carregava no botão errado e eliminava um dia de
trabalho — ou um mês de trabalho — e demasiados avisos sobre súbitas falhas de energia,
capazes de apagar todo um manuscrito em menos de meio segundo. Eu nunca fui bom com
máquinas e sabia que, se houvesse um botão errado para carregar, acabaria por carregar nele.
De maneira que não mais larguei a minha velha máquina de escrever e os anos 80
passaram e deram lugar aos anos 90. Um a um, todos os meus amigos mudaram para Macs e
IBMs. Comecei a parecer um inimigo do progresso, o último baluarte pagão num mundo de
conversos digitais. Os meus amigos gozavam comigo por eu resistir às novas tecnologias.
Quando não me chamavam sovina, diziam que eu era um reacionário e teimoso como um
burro. Entrava-me por um ouvido, saía-me pelo outro. O que era bom para eles não era
necessariamente bom para mim, dizia eu. Por que raio é que eu havia de mudar se, como
estava, me sentia perfeitamente feliz?
Até então, não me sentira especialmente ligado à minha Olympia. A máquina era apenas
uma ferramenta que me permitia fazer o meu trabalho, mas, agora que se tornara uma
espécie em perigo, um dos últimos artefactos sobreviventes do homo scriptorus do século XX,
começava a desenvolver uma certa afeição por ela. Dei-me conta de que tínhamos o mesmo
passado. Gostasse ou não, essa era a pura verdade. Com o passar do tempo, acabei por
compreender que tínhamos também o mesmo futuro.
Paul Auster, A história da minha máquina de escrever, Edições Asa
1. “…ouvi demasiadas histórias de terror…” (ll. 2-3).
1.1. Explica porque considera o autor as histórias que ouviu sobre computadores “histórias de
terror”. (5+3)
1.2. Essas histórias tiveram consequências na sua vida? Justifica a tua resposta. (5+3)
3. “Olympia” era o nome de uma marca muito conhecida de máquinas de escrever. A relação do
autor com a sua Olympia foi-se alterando com o tempo.
3.1. Até há bem pouco tempo, o que sentia por ela? (5+3)
3.2. Agora sente “uma certa afeição”(l. 18). O que motivou (e motiva), segundo ele próprio, esta
mudança sentimental? (5+3)
Grupo II - GRAMÁTICA
1. “Um a um, todos os meus amigos mudaram para Macs e IBMs” (ll. 8-9).
1.1. Identifica a classe e subclasse das palavras sublinhadas. (4%)
3. Preenche os espaços seguintes com as formas verbais indicadas entre parêntesis, articuladas
com os pronomes. (6%)
4. Transforma as frases que se seguem ou para a voz ativa ou para a voz passiva. (3%)
5. Identifica o modo, tempo, número e a pessoa em que se encontram todos os verbos da seguinte
frase : ‘’ Gostasse ou não, essa era a pura verdade.’’ (2%)
Grupo III – ESCRITA (30%)
Escreve um texto de opinião, de 180 a 240 palavras, que pudesse ser divulgado num jornal
escolar, no qual apresentes o teu ponto de vista sobre a importância da televisão para o idoso.
O teu texto deve incluir uma parte introdutória, uma parte de desenvolvimento e uma
parte de conclusão.
Para efeitos de contagem, considera-se uma palavra qualquer sequência delimitada por espaços
em branco, mesmo quando esta integre elementos ligados por hífen (ex.: /di-lo-ei/). Qualquer número
conta como uma única palavra, independentemente dos algarismos que o constituam (ex.: /2008/).
Relativamente ao desvio dos limites de extensão indicados – um mínimo de 180 e um máximo de
240 palavras –, há que atender ao seguinte:
– a um texto com extensão inferior a 60 palavras é atribuída a classificação de 0 (zero) pontos;
– nos outros casos, um desvio dos limites de extensão requeridos implica uma desvalorização parcial
(até dois pontos) do texto
CORREÇÃO DO TESTE
1- C
2- A
3- C
4- B
5- C
II
1.1. “Histórias de terror” porque é decerto arrepiante pensar que um simples botão
carregado inadvertidamente pode eliminar, num segundo, várias horas de trabalho ou
que uma falha de energia pode apagar subitamente um original concluído.
1.2. O autor ainda se sentiu tentado, inicialmente, a comprar um computador, mas, perante,
essas “histórias de terror”, desistiu e continuou, agora com convicção e em definitivo, a
utilizar a sua máquina de escrever como ferramenta de trabalho.
2. As opiniões dos amigos dividiam-se. Segundo uns, o autor rejeitava as novas tecnologias
porque não queria gastar dinheiro; segundo outros, essa rejeição era puro
conservadorismo ou, simplesmente, teimosia.
3.1. Até há bem pouco tempo, o autor não tinha nenhum sentimento especial pela sua
máquina de escrever. Via-a como uma simples “ferramenta de trabalho”.
3.2. O facto de se ter apercebido que ambos tinham um passado comum e iriam ter o
mesmo futuro. Autor e máquina estavam unidos por um tempo de extinção.
Grupo II – Gramática
2.1. a. se houver um botão errado para carregar, acabarei por carregar nele.
b. quando havia um botão errado para carregar, acabava por carregar nele.
c.quando há um botão errado para carregar, acabo por carregar nele.
2.2. Embora haja um botão errado para carregar, não carregarei nele.
Embora houvesse um botão errado para carregar, não carregaria nele.
5. gostasse –
modo - conjuntivo
tempo – imperfeito
número- singular
pessoa- 3ª pessoa
era –
modo - indicativo
tempo – pretérito mais-que-perfeito
número- singular
pessoa- 3ª pessoa