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Compreensão oral
2. O início desta crónica põe em evidência um sentimento de “raiva”. Este sentimento
advém
a. do autor estar farto, fartíssimo, de apagar as mensagens que tem recebido.
b. do autor não ter tempo para fazer mais nada do que ler mensagens.
c. do autor não estar nada interessado nas mensagens dos amigos.
3. Sugerem-se na crónica algumas soluções para acabar com o flagelo destas mensagens.
Uma das soluções é esta:
a. deitar fora o telemóvel e comprar outro mais tarde.
b. deixar de usar telemóvel definitivamente.
c. cortar relações com os amigos antes do Natal e reatá-las em meados de janeiro.
4. Motivado talvez pela irritação, o autor põe mesmo em causa o conteúdo das mensagens,
a. porque não acredita na sinceridade dos votos de bom ano novo.
b. porque faz tanto sentido desejar um bom ano novo, como um bom semestre ou um bom
quinquénio.
c. porque dá azar receber tantos votos de bom ano.
5. Não foi dito o título do texto. De entre estes títulos de crónicas do autor, e de acordo
com o conteúdo desta, julgo que
a. o título original é “O chato de todos os portugueses”.
b. o título original é “Como uma força que ninguém pode parar”.
c. o título original é “10, 9, 8, 7…! Espera aí, isto é estúpido”.
Transcrição:
10, 9, 8, 7…! Espera aí, isto é estúpido
Ainda imbuído do espírito da quadra natalícia, quero dizer a todos que vou assassinar a
próxima pessoa que me mandar um SMS a desejar bom ano novo. E sei que o leitor partilha
a minha raiva. Isto da amizade é dos piores flagelos do mundo moderno. Porque o mundo
moderno, estupidamente, oferece um vasto leque de opções para os amigos nos mandarem
mensagens. Ou seja, o mundo moderno meteu a pata na poça mais uma vez. São mensagens
de bom ano a chegar em catadupa e a provocarem um mau fim de ano velho, na medida em
que temos de estar a apagá-las todas. Posso dizer-vos que tenho o polegar em carne viva.
Reparem: ao fim das primeiras 600 mensagens, nós já percebemos a ideia. Os nossos
amigos querem que nós tenhamos um bom ano de 2006. Obrigado. Sinceramente.
Agradecemos a todos. Mas agora parem de mandar mensagens, por favor. Nós prometemos
que vamos ter um bom ano. Parem de desejar. A sério. E, para o ano, organizem-se:
mandem uma mensagem apenas a dizer: «Bom ano de todos os teus amigos.» Revezem-se,
e cada ano manda um. O ideal talvez seja cortar relações com todos os nossos amigos na
semana anterior ao Natal e reatá-las apenas em meados de Janeiro. Evitam-se as mensagens
e, até, a troca de presentes – uma vantagem nada negligenciável. E a verdade é que o Natal
é a altura em que menos precisamos dos amigos porque, de qualquer maneira, as pessoas
são ser nossas amigas por dever sazonal.
Se me permitem, gostaria mesmo de pôr em causa toda a filosofia da mensagem de bom
ano novo. Que sentido faz desejar bons períodos de tempo? E porquê «bom ano novo» e
não «desejo-te um rico semestre, ou «espero que passes um excelente quarto de hora»? Será
que, em Março de 2006, o desejo que formulámos em Dezembro de 2005 ainda está a fazer
efeito? Nesse caso, para poupar tempo, talvez não seja mal pensado começar a desejar
«Bom quinquénio». Arruma-se a questão durante um bom período de tempo. Está desejado,
voltamos a falar em 2011. (…)
in Boca do Inferno, Ricardo Araújo Pereira
II
Leitura
A MINHA OLYMPIA
Nem vale a pena falar de computadores e processadores de texto. Numa
fase inicial, ainda me senti tentado a comprar uma dessas maravilhas para
mim, mas ouvi demasiadas histórias de terror em que uma pessoa
carregava no botão errado e eliminava um dia de trabalho — ou um mês
de trabalho — e demasiados avisos sobre súbitas falhas de energia,
capazes de apagar todo um manuscrito em menos de meio segundo. Eu
nunca fui bom com máquinas e sabia que, se houvesse um botão errado
para carregar, acabaria por carregar nele.
De maneira que não mais larguei a minha velha máquina de escrever e
os anos 80 passaram e deram lugar aos anos 90. Um a um, todos os meus
amigos mudaram para Macs e IBMs. Comecei a parecer um inimigo do
progresso, o último baluarte pagão num mundo de conversos digitais. Os
meus amigos gozavam comigo por eu resistir às novas tecnologias.
Quando não me chamavam sovina, diziam que eu era um reacionário e
teimoso como um burro. Entrava-me por um ouvido, saía-me pelo outro.
O que era bom para eles não era necessariamente bom para mim, dizia
eu. Por que raio é que eu havia de mudar se, como estava, me sentia
perfeitamente feliz?
Até então, não me sentira especialmente ligado à minha Olympia. A
máquina era apenas uma ferramenta que me permitia fazer o meu
trabalho, mas, agora que se tornara uma espécie em perigo, um dos
últimos artefactos sobreviventes do homo scriptorus do século XX,
começava a desenvolver uma certa afeição por ela. Dei-me conta de que
tínhamos o mesmo passado. Gostasse ou não, essa era a pura verdade.
Com o passar do tempo, acabei por compreender que tínhamos também o
mesmo futuro.
Paul Auster, A história da minha máquina de escrever, Edições Asa
III
1. “Um a um, todos os meus amigos mudaram para Macs e IBMs” (l. 8).
“…todos os meus amigos mudaram para Macs e IBMs” (l. 8).
3. “O que era bom para eles não era necessariamente bom para mim, dizia eu. Por que
raio é que eu havia de mudar se, como estava, me sentia perfeitamente feliz?”
Reescreve esta transcrição, utilizando o discurso direto.
4.1. Transcreve uma frase em que se utilize um registo familiar, em que haja, portanto, um
uso informal da língua.
4.2. Transcreve uma frase que sirva como exemplo de registo cuidado da língua.
IV
Expressão escrita
1. O COMPUTADOR
Para ti o que é computador? Uma máquina de escrever sofisticada? Uma máquina de
jogos? Utiliza-lo com frequência? Para quê?
Pensa nestas e noutras questões relacionadas com o tema e elabora
uma exposição escrita subordinada ao título “Eu e o computador”.
2. O LIVRO
Dos livros que já leste, houve decerto algum que te marcou especialmente, pelo tema,
pelas personagens, pelas circunstâncias que rodearam a sua leitura ou por ser uma oferta
de alguém especial. Reflete sobre o assunto e elabora uma breve exposição
escrita subordinada ao título “O livro da minha vida”.