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FESP

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO PARANÁ

Mantenedora: Fundação de Estudos Sociais do Paraná


CGC/MF: 76.602.895/0001-04 Inscr. Estadual: Isento

ICSP Rua General Carneiro, 216 - Fone/Fax (041)264.3311


CEP 80060-150 - Curitiba – Pr Internet: http://www.fesppr.br

CURSOS

 ADMINISTRAÇÃO HOSPITALAR
 COMÉRCIO EXTERIOR

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

DISCIPLINA: ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E RECURSOS PATRIMONIAIS


DOCENTE: ANTONIO CARLOS MOROZOWSKI
CARGA HORÁRIA: 108 horas/aula
SÉRIE: 3ª

EMENTA:

Introdução. Evolução e conceitos de administração de materiais. Funções e objetivos da administração de materiais.


Localização e alcance da administração de materiais nas organizações. Normalização e qualidade. Armazenamento
de materiais. Movimentação de materiais. Agente comprador. Classificação de Compras. Determinação das
exigências. Agrupamento de materiais. Classificação, estoques, armazenagem, gestão econômica dos estoques,
racionalização dos estoques, inventário dos estoques. Classificação dos materiais. Métodos de controles.

OBJETIVOS

Objetivo geral
 Fornecer ao aluno uma visão sistêmica da administração de materiais, capacitando-o a utilizar instrumentos de
organização, controle e gestão para a determinação de pontos de controles e tomadas de decisões.
 Possibilitar ao aluno conhecer métodos de análise de gestão de materiais e recursos patrimoniais, aplicando-os
na Análise Crítica da realidade organizacional.

Objetivos específicos:

 Com os conteúdos abordados no programa dessa disciplina espera-se que o aluno possa: Desenvolver a
capacidade analítica e prescritiva dos alunos para que possam compreender na prática a utilidade e
aplicabilidade dos elementos de controles e de gestão de materiais como recursos metodológico para análise
racional de processos empresariais e das rotinas administrativas da administração de materiais.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 1
METODOLOGIA DE ENSINO
 A metodologia de ensino baseia-se em aulas expositivas com uso de recursos audiovisuais; seminários e
debates; discussão dirigida; exercícios práticos, análises/ estudos de caso, exercícios práticos, trabalhos extra-
classe, favorecendo a articulação teoria versus prática.

RECURSOS

 Recursos de hardware necessários: Projetor de imagem direta do computador; retroprojetor convencional;


microcomputador compatível; agenda eletrônica; acesso a internet; intranet.
 b) Recursos de software necessários: Pacote Office da Microsoft (word, excel, access, powerpoint); controle de
projeto da Microsoft; editor de fluxogramas e diagramas (flow-chart); editor de layout.

AVALIAÇÕES

 O desempenho individual o aluno será medido por 1 (uma) prova individual a cada bimestre e uma segunda
avaliação relativa a Participação em Sala obtida através de processos de micro-avaliações (exercícios práticos,
trabalhos de campo, além de outros meios que sejam acordados no decorrer de cada bimestre );
 Como regra geral e, para efeito de avaliação de eventuais trabalhos fora de sala, somente terão direito a nota
máxima (valor integral) os alunos que entregarem os trabalhos acadêmicos nas datas previamente estipuladas
para a entrega ou realização das micro - avaliações.

BIBLIOGRAFIA

 BÁSICA

1. MARTINS, Petrônio Garcia, Paulo Renato Campos Alt. Administração de materiais e recursos
patrimoniais. - São Paulo: Saraiva, 2000.
2. DIAS, Marco Aurélio P. Administração de materiais: uma abordagem logística. - 4ª ed. - São Paulo: Atlas,
1993.
3. FERNANDES, José Carlos de F. Administração de material: um enfoque sistêmico. Rio de Janeiro: LTC,
1981
4. POZO, Hamilton. Administração de Recursos Materiais e Patrimoniais - uma abordagem logística. - São
Paulo: Atlas, 2001.

 COMPLEMENTAR
1. ARAÚJO, José Serqueira. Administração de compras e armazenamento. São Paulo: Atlas, 1978.
2. Ballou, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística
empresarial. 4ª. Ed. - Porto Alegre: Bookman, 2001.
3. CHING, Hong Yuh. Gestão de estoques - supply chain. São Paulo: Atlas, 1999.
4. MOURA, Reinaldo A. Armazenamento e distribuição física. São Paulo: IMAM, 1997
5. POZO, Hamilton. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. - São
Paulo: Atlas, 2001.
6. Revista Exame.
7. Revista HSM Management.
8. Apostila do Prof. Antonio Carlos Morozowski.

PROGRAMA - 108 horas / aula

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Aula nº Assunto Abordado
01 Introdução -
02 Introdução -
03 Introdução -
04 Enfoque Sistêmico
05 Enfoque Sistêmico
06 Enfoque Sistêmico
07 Enfoque Sistêmico
08 Subsistemas específicos
09 Subsistemas específicos
10 Informação Sistêmica
11 Organização e Estrutura do Sistema de Adm. Materiais
12 Políticas de Adm. de Materiais
13 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
14 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
15 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
16 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
17 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
18 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
19 Terminologias empregadas na Adm. Materiais
20 Gestão Econômica dos Estoques
21 Gestão Econômica dos Estoques
22 Gestão Econômica dos Estoques
23 Natureza / Análise e Previsão
24 Informações Quantitativas e Qualitativas
25 Técnicas de Previsão de Estoques
26 Técnicas de Previsão de Estoques
27 Técnicas de Previsão de Estoques
28 Técnicas de Previsão de Estoques
29 Exercícios Teóricos / Práticos - Correção - Explicação
30 Exercícios Teóricos / Práticos - Correção - Explicação
31 Controle de Estoques
32 Controle de Estoques
33 Custos na Adm. Materiais
34 Custos na Adm. Materiais
35 Custos na Adm. Materiais
36 Taxa de Estocagem / Estoque Médio
37 Taxa de Aquisição / Faixa Econômica
38 Lote Econômico / Faixa Econômica
39 Lote Econômico / Faixa Econômica
40 Exercícios
41 Exercícios
42 Exercícios
43 Exercícios
44 Exercícios
45 Determinação Simplificada de Freqüência
46 Classificação ABC dos Estoques
47 Classificação ABC dos Estoques
48 Classificação ABC dos Estoques
49 Classificação ABC dos Estoques
50 Classificação ABC dos Estoques
51 Classificação ABC dos Estoques
52 Classificação ABC dos Estoques
53 1ª Avaliação
54 1ª Avaliação
55 Apresentação dos Requisitos para Elaboração de Trabalho

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56 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
57 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
58 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
59 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
60 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
61 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
62 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
63 Estoque de Proteção / Segurança / Mínimo
64 Métodos de Valorização de Estoques
65 Métodos de Valorização de Estoques
66 Métodos de Valorização de Estoques
67 Métodos de Valorização de Estoques
68 Métodos de Valorização de Estoques
69 Métodos de Valorização de Estoques
70 Métodos de Valorização de Estoques
71 Exercícios
72 Exercícios
73 Exercícios
74 Exercícios
75 Compras - Organização e Sistemas
76 Compras - Organização e Sistemas
77 Compras - Organização e Sistemas
78 Compras - Organização e Sistemas
79 Compras - Organização e Sistemas
80 Compras - Organização e Sistemas
81 Compras - Organização e Sistemas
82 Compras - Organização e Sistemas
83 Compras - Organização e Sistemas
84 Compras - Organização e Sistemas
85 Compras - Organização e Sistemas
86 Compras - Organização e Sistemas
87 Compras - Organização e Sistemas
88 Compras - Organização e Sistemas
89 Palestra
90 Palestra
89 Compras - Organização e Sistemas
90 Compras - Organização e Sistemas
91 Compras - Organização e Sistemas
92 Armazenagem
93 Armazenagem
94 Necessidade de Espaço Físico
95 Localização de Depósitos
96 Inventário físico
97 Inventário Físico
98 Embalagem e Manuseio
99 Recursos Patrimoniais
100 Classificação e Codificação
101 Depreciação
102 Vida Econômica dos Recursos Patrimoniais
103 MRP - Just in Time - Kanban - Kaizen
104 MRP - Just in Time - Kanban - Kaizen
105 MRP - Just in Time - Kanban - Kaizen
106 MRP - Just in Time - Kanban - Kaizen
107 2ª Avaliação
108 2ª Avaliação
FESP - INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS DO PARANÁ
CURSO DE ADMINISTRAÇÃO DE EMPESAS

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HABILITAÇÃO EM COMÉRCIO EXTERIOR

ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E RECURSOS PATRIMONIAIS

1. INTRODUÇÃO

A atividade de material existe desde a mais remota época, através das trocas de caças e de
utensílios até chegarmos aos dias de hoje, passando pela Revolução Industrial. Produzir, estocar,
trocar objetos e mercadorias é algo tão antigo quanto a existência do ser humano.
A Revolução Industrial, meados dos séc. XVIII e XIX, acirrou a concorrência de
mercado e sofisticou as operações de comercialização dos produtos, fazendo com que “compras”
e “estoques” ganhassem maior importância. Este período foi marcado por modificações
profundas nos métodos do sistema de fabricação e estocagem em maior escala.
O trabalho, até então, totalmente artesanal foi em parte substituído pelas máquinas ,
fazendo com a produção evoluísse para um estágio tecnologicamente mais avançado e os
estoques passassem a ser vistos sob um outro prisma pelas administrações. A constante evolução
fabril, o consumo, as exigências dos consumidores, o mercado concorrente e novas tecnologias
deram novo impulso à Administração de Materiais, fazendo com que a mesma fosse vista como
uma arte e uma ciência das mais importantes para o alcance dos objetivos de uma organização,
seja ela qualquer que fosse.
Um dos fatos mais marcantes e que comprovaram a necessidade de que materiais devem
ser administrados cientificamente foi, sem dúvida, as duas grandes guerras mundiais, isso sem
contar com outras desejos de conquistas como, principalmente, o empreendimento de Napoleão
Bonapart. Em todos os embates ficou comprovado que o fator abastecimento ou suprimento se
constituiu em elemento de vital importância e que determinou o sucesso ou o insucesso dos
empreendimentos. Soldados e estratégias por mais eficazes que fossem, eram insuficientes para
o alcance dos resultados esperados. Munições, equipamentos, víveres, vestuários adequados,
combustíveis foram, são e serão necessários sempre, no momento oportuno e no local certo, isto
quer dizer que administrar materiais é como administrar informações: “quem os têm quando
necessita, no local e na quantidade necessária, possui ampla possibilidade de ser bem sucedido”.
Para refletir: “Nos dias de hoje - Qual será a importância da Administração de Materiais
no projeto de um ônibus espacial ?

2. ENFOQUE SISTÊMICO

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A Administração de Materiais moderna é conceituada e estudada como um Sistema
Integrado em que diversos subsistemas próprios interagem para constituir um todo organizado.
Destina-se a dotar a administração dos meios necessários ao suprimento de materiais
imprescindíveis ao funcionamento da organização, no tempo oportuno, na quantidade
necessária, na qualidade requerida e pelo menor custo.
A oportunidade, no momento certo para o suprimento de materiais, influi no tamanho dos
estoques. Assim, suprir antes do momento oportuno acarretará, em regra, estoques altos, acima
das necessidades imediatas da organização. Por outro lado, a providência do suprimento após
esse momento poderá levar a falta do material necessário ao atendimento de determinada
necessidade da administração. Do mesmo modo, o tamanho do Lote de Compra acarreta as
mesmas conseqüências: quantidades além do necessário representam inversões em estoque
ociosos, assim como, quantidades aquém do necessário podem levar à insuficiência de estoque, o
que é prejudicial à eficiência operacional da organização.
Estes dois eventos, tempo oportuno e quantidade necessária, acarretam, se mal
planejados, além de custos financeiros indesejáveis, lucros cessantes, fatores esses decorrentes de
quaisquer das situações assinaladas.
Da mesma forma, a obtenção de material sem os atributos da qualidade requerida para o
uso a que se destina acarreta custos financeiros maiores, retenções ociosas de capital e
oportunidades de lucro não realizadas. Isto porque materiais, nestas condições podem implicar
em paradas de máquinas, defeitos na fabricação ou no serviço, inutilização de material, compras
adicionais, etc.
Os subsistemas da Administração de Materiais, integrados de forma sistêmica, fornecem,
portanto, os meios necessários à consecução das quatro condições básicas alinhadas acima, para
uma boa Administração de material.
Decompondo esta atividade através da separação e identificação dos seus elementos
componentes, encontramos as seguintes subfunções típicas da AM, além de outras mais
específicas de organizações mais complexas:

a.1 - Subsistemas Típicos:

1. Controle de Estoques
2. Classificação de Material
3. Aquisição / Compra

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4. Armazenagem
5. Movimentação de Material
6. Inspeção de Recebimento
7. Cadastro e Diligenciamento

a.2 - Subsistemas Específicos:

1. Inspeção de Suprimento
2. Padronização e Normalização de Material
3. Transporte de Material
4. Alienação de Material

Todos estes subsistemas não aparecem configurados na Administração de Material de


qualquer organização. As partes componentes desta função dependem do tamanho, do tipo e da
complexidade da organização, da natureza e sua atividade - fim, e do número de itens do
inventário.
Cada uma das subfunções tem um objetivo pré - determinado dentro do Sistema de AM,
a saber:

a.1 - Subsistemas Típicos - descrição:

a.1.1 - Controle de Estoque - subsistema responsável pela gestão econômica dos estoques,
através do planejamento e da programação de material, compreendendo a análise, a previsão, o
controle e o ressuprimento de material.
a.1.2 - Classificação de Material - subsistema responsável pela identificação (especificação),
classificação, codificação, cadastramento e catalogação de material.
a.1.3 - Aquisição / Compra de Material - subsistema responsável pela gestão, negociação e
contratação de compras de material através do processo de licitação.
a.1.4 - Armazenagem - subsistema responsável pela gestão física dos estoques, compreendendo
as atividades de guarda, preservação, embalagem, recepção e expedição de material, segundo
determinadas normas e métodos de armazenamento.
a.1.5 - Movimentação de Material - subsistema encarregado do controle e normalização das
transações de recebimento, fornecimento, devoluções, transferências de materiais e quaisquer
outros tipos de movimentações de entrada e de saída de material.

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a.1.6 - Inspeção de Recebimento - subsistema responsável pela verificação física e documental
do recebimento de material, podendo ainda encarregar-se da verificação dos atributos
qualitativos pelas normas de controle de qualidade.
a.1.7 - Cadastro e Diligenciamento - subsistema encarregado do cadastramento de fornecedores,
pesquisa de mercado e diligenciamento das compras.

a.2 - Subsistemas Específicos - descrição:

a.2.1 - Inspeção de Suprimentos - subsistema de apoio responsável pela verificação da aplicação


das normas e dos procedimentos estabelecidos para o funcionamento da AM em toda a
organização, analisando os desvios da política de suprimento traçada pela administração e
proporcionando soluções.
a.2.2 - Padronização e Normalização - subsistema de apoio ao qual cabe a obtenção de menor
número de variedades existentes de determinado tipo de material, por meio de unificação e
especificação dos mesmos, propondo medidas de redução de estoques.
a.2.3 - Transporte de Material - subsistema de apoio que se responsabiliza pela política e pela
execução do transporte, movimentação e distribuição de material.
a.2.4 - Alienação de Material - subsistema de apoio responsável pelo estudo e proposição de
alienação por venda, doação, permuta e canalização de itens inservíveis, obsoletos e
irrecuperáveis da organização.

A integração destas subfunções funciona como um sistema de engrenagens que aciona a


Administração de Material e permite a interface com outros sistemas da organização.
Assim, quando um item de material é recebido do fornecedor, houve, antes, todo um
conjunto de ações inter-relacionadas para esse fim: o subsistema de Controle de Estoque aciona
o subsistema de Compras que recorre ao subsistema de Cadastro e Diligenciamento etc.
Quando do recebimento, do material pelo almoxarifado, o subsistema de Inspeção é
acionado, de modo que os itens aceitos pela inspeção física e documental são encaminhados ao
subsistema de Armazenagem para guarda nas unidades de estocagem próprias e demais
providências, ao mesmo tempo que o subsistema de Controle de Estoque é informado para
proceder aos registros físicos e contábeis da movimentação de entrada. O subsistema de Cadastro
e Diligenciamento também é informado, para encerrar o dossiê de compras e processar as
anotações cadastrais pertinentes ao fornecimento.

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Os materiais recusados pelo subsistema de Inspeção são devolvidos ao fornecedor. A
devolução é providenciada pelo subsistema de Aquisição que aciona o fornecedor para essa
providência após ser informado, pela Inspeção, que o material não foi aceito. Igualmente, o
subsistema de Cadastro é informado do evento para providenciar o encerramento do processo de
compra e processar, no cadastro de fornecedores, os registros pertinentes.
Quando o material é requisitado dos estoques, este evento é comunicado ao subsistema de
Controle de Estoque pelo subsistema de Armazenagem. Este procede à baixa física e contábil,
podendo, gerar com isso, uma ação de ressuprimento. Neste caso, é emitida pelo subsistema de
Controle de Estoques uma ordem ao subsistema de Compras, para que o material seja comprado
de um dos fornecedores cadastrados e habilitados junto à organização pelo subsistema de
Cadastro e Diligenciamento.
Após a concretização da compra, o subsistema de Diligenciamento é acionado para que
providencie, junto aos fornecedores, o cumprimento do prazo de entrega contratual, iniciando o
ciclo, novamente, por ocasião do recebimento de material .

3. INFORMAÇÃO SISTÊMICA

No enfoque sistêmico, toda ação libera outras que vão se desencadeando, ou vão sendo
causa de outros acontecimentos. Configura este processo administrativo um sistema de
informações que transmite, acumula, processa e armazena dados, propiciando, desta forma,
meios para o estabelecimento da comunicação entre as partes componentes do Sistema de
Administração de Materiais e sua interface com outros sistemas.
Os dados, todavia, não passam de informações em potencial, até o momento em que
sejam projetados para informar e comunicar, provendo, assim, as necessidades de conhecimento
e de controle da administração. Projetar, no caso, significa configurar um sistema de
informações, em que os documentos do sistema de AM - formulários padronizados e relatórios
gerenciais e de controle - são os condutos por onde transitam as informações que o sistema
utiliza.
A comunicação é estabelecida por meio dos procedimentos administrativos padronizados
pelas normas da organização, segundo a política de suprimento previamente determinada pela
administração.
Os formulários padronizados e os procedimentos definidos através das rotinas
administrativas possibilitam a integração e o inter-relacionamento dos subsistemas que exercem
funções definidas dentro do Sistema de Administração de Material. Cada uma das subfunções

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gera, conforme visto, um tipo de ação que aciona outras sob a forma de Processo e/ou
Realimentação.

- Sistema de Materiais ( Representação Gráfica )

ENTRADAS

- Requisição de Material
- Requisição de Compras
- Coleta de Preços
- Recebimento de Materiais
- Notas Fiscal

ELEMENTOS DE
CONTROLE PROCESSOS

F
- Política de Compras - Classificação de E
- Política de Materiais M E
Armazenagem - Cadastro de E D
- Especificações Técnicas Fornecedores M
- Normas de - Controle de Estoque Ó B
Procedimentos - Aquisição / Compra R A
- Recebimento de I C
Materiais A K
- Armazenamento

SAÍDAS
- Ordem de Fornecimento
- Entrega de Materiais
- Relatórios de Estoques
- Relatório de Compras
- Contabilização

Traduzindo o gráfico, o constante relacionamento dos subsistemas da Administração de


Materiais manifesta-se através de entradas ( insumos ou input ) e saídas ( produto ou output ) do
sistema considerado de per si.

As “entradas“ constituem-se , basicamente, das informações e dados constantes em:


 requisições de material recebidas pelos almoxarifados;
 requisições de compra de material
 entradas (recebimento) físicas e contábeis de materiais nos almoxarifados
 informações trazidas pelo feedback do sistema.

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As “saídas” constituem-se das informações e dados processados e que se resumem, em
regra, nos seguintes produtos, entre outros:
 fornecimento de materiais aos usuários
 transferência de material entre os almoxarifados
 solicitação de cadastramento de materiais
 dados de custos para a área financeira
 dados para escrituração pela área contábil
 dados orçamentário para a área econômico-financeira
 lista e catálogos de materiais
 dados e estatística de movimentação de material.

O “processo” do sistema de AM resume-se na execução das atividades ou funções típicas


da Administração de Material.

Finalmente, temos a “realimentação” do sistema de AM que corresponde ao retorno de


informações e dados que podem influir no ajustamento do sistema como um todo, alterando os
padrões de seus insumos, dos produtos e do próprio processo. O feedback que pode constar de
informações que influam na reformulação de:
 métodos e normas estabelecidas (estocagem, programação, codificação)
 políticas de estoques e/ou compras
 especificações de materiais, e
 outros.

O feedeback, no sentido de ação e reação, é o processo que envolve toda a seqüência que
vai desde o ponto em que uma ação é desencadeada, até o ponto em que já é possível avaliar as
reações resultantes desta ação.

Isto representa a idéia de que o feedback e a avaliação ocorrem junto, tanto dentro de
(intra) e entre (inter) cada fase de desenvolvimento do sistema, como também continuam ao
longo do funcionamento do sistema, ou melhor, durante ele próprio.

4. ORGANIZAÇÃO DA ATIVIDADE DE AM

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Em todas as empresas alguém deve tomar as decisões e se responsabilizar pela atividade
da Administração de Materiais. Os objetivos da AM interrelacionam-se com os objetivos de
outras unidades da empresa ( Financeiro, Produção, Vendas etc. ), assim é desejável atribuir a
uma única pessoa, autoridade sobre todas as atividades concernentes a esta função, de outro
modo, ninguém, exceto o presidente da companhia, poderá ser responsabilizado pelas decisões
tomadas quanto a materiais.
A inexistência de um único responsável pela Administração de Material poderá acarretar
em:
 problemas de divisão de responsabilidade
 duplicação de esforços
 falta de representação

5. ESTRUTURA DO SISTEMA

O conjunto dos subsistemas representa a fisiologia do Sistema de Administração de


Material, e os formulários e procedimentos sistematizados, em forma de rotinas administrativas
ou operacionais, correspondem aos elos de ligação entre essas subfunções.
A anatomia do Sistema de AM seria, portanto, uma estrutura orgânica compatível com o
bom funcionamento e entrosamento destas subfunções.
Do ponto de vista organizacional, os subsistemas refletem-se em atividades diferenciadas
no organograma. E são apoiadas, portanto, em uma estrutura funcional sob a qual o Sistema de
Material poderá assumir configurações mais ou menos, amplas e desenvolver todas as
atividades , ou apenas algumas delas.
Tipicamente, o seguinte desenho de uma estrutura organizacional de uma área de
material é normalmente encontrado em organizações de pequeno porte.

Administração
de
Material

Compras Almoxarifado

Note-se que, nesta configuração, existem duas áreas representando as atividades de


Aquisição de Material e Armazenagem, aparecendo normalmente, neste tipo de estrutura, os

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subsistemas de controle de estoque, movimentação de material e outros englobados nas
atividades de desenvolvimento pelo almoxarifado.
No instante, por exemplo, em que a determinação e a programação das necessidades de
material a serem introduzidas nos estoques se tornarem mais complexas em função do
crescimento da organização, o organograma passa para:

Administração
de
Material

Previsão e
Compras Almoxarifado
Contr.
de Estoque

Nessa estrutura funcional, a atividade responsável pela programação e pela determinação


de material já aparece alinhada as outras duas atividades. Isto porque o Controle de Estoque
adquiriu importância como subfunção perfeitamente definida e autônoma.

Na situação anterior, certamente o Controle de Estoque existia dentro das atividades do


Almoxarifado, porém, com pouca expressão como subfunção.
Diversos são os fatores que influem na formulação de uma estrutura orgânica:
 natureza
 regime jurídico
 fase histórica que a organização está vivendo
 abrangência geográfica
 universo de itens de materiais a serem manipulados etc.
Desse modo, nem todos os subsistemas aparecem representados no organograma,
podendo uma ou mais atividades aparecerem englobadas em uma denominação departamental
genérica ou aparecer como subfunção de outra mais característica. Assim, por exemplo, se o
número de itens em estoque numa organização aumentar quantitativamente e em diversidade,
acarretando dificuldades na identificação, na codificação e na catalogação dos materiais, talvez
justifique dotar o subsistema de Classificação de Material de estrutura própria autônoma.
Dificilmente existirá uma estrutura padronizada para um conjunto de atividades de
Material, uma vez que uma organização não apresenta as mesmas condições e características de
outra. Porém, uma coisa é certa: os sete primeiros subsistemas apresentados no início desta lição,

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em maior ou menor abrangência, aparecem, em regra, em grande parte das organizações,
estruturadas em órgãos próprios e autônomos, ou não.
Dentre os Critérios de Departamentalização, os encontrados com maior freqüência, na
Administração de Materiais são:

a. Organização por Função:

 as tarefas devem ser organizadas de modo a promover a máxima especialização das


atividades.

Administração
de
Material

Compras Armazenag. Transporte Ctr.Mat

Importação Exportação

 o trabalho global de administração é delegado por suas funções principais e a divisão do


trabalho no terceiro nível também é, geralmente, funcional. Por exemplo, o trabalho do
administrador de materiais é dividido funcionalmente entre os elementos de compras,
armazenagem, controle de materiais etc.

b. Organização por Localização

 quando existem funções similares em áreas afastadas entre si, é desejável a divisão por
local, em certos níveis da organização. Grandes empresas, que possuem muitas fábricas, ou uma
única fábrica, porém com necessidades de atender determinadas áreas com exclusividade, deve
aplicar o critério de departamentalização por Localização geográfica, pois cada fábrica ou
unidade requer uma organização de materiais e, pelo menos, uma parte desta deve estar ali
fisicamente localizada.
Compras

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 14
Fábrica A Fábrica B Fábrica C

c. Organização por Produto

 tendo em vista que a organização de materiais existe para ajudar a fabricar produtos ou
realizar serviços de forma mais lucrativa, a divisão de atividades de materiais por produto é
lógica. Cada grupo de materiais é classificado em relação a um produto ou grupo de materiais.

Compras

Produto A Produto B Produto C

d. Organização por Estágio de Fabricação

 neste caso, existem estruturas para atender a cada fase de elaboração do produto, assim,
a cada mudança, a cada etapa cumprida, teremos novos responsáveis por materiais na elaboração
do produto.
Armazenagem

Produção Montagem Embalagem

6. ORGANIZAÇÃO DESCENTRALIZADA

A organização da Administração de Materiais deve ser flexível e perfeitamente adaptável


as circunstâncias, a fim de bem servir a empresa, quer seja ela, com fins lucrativos ou sem
objetivo de lucro. A forma organizacional adotada deve poder se expandir quase que
indefinidamente, visando ajustar-se as necessidades das instituições, pequenas ou grandes.
A descentralização resolve os problemas decorrentes do tamanho das empresas, com a
criação de unidades divisionais menores, cada uma das quais funcionando como unidades semi-
independentes.

A descentralização apresenta algumas vantagens a saber:

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 aproxima os gerentes dos objetivos do negócio
 permite maior controle dos custos
 estimula a melhoria dos produtos e métodos.

Porém, a descentralização cria um dos principais problemas da Administração de


Material:  a diluição do poder de compras.

O poder de compras permite que se obtenha concessões quanto ao preço, prazo, e


qualidade. Normalmente, as grandes empresas operam de forma centralizada. Como regra geral,
as empresas que usam materiais idênticos ou similares em um certo número de fábricas, tendem
a ter uma organização centralizada, a fim de explorarem o seu “ poder de compra ”.

7. DEFINIÇÃO DE ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS

A Administração de Materiais é definida como sendo um conjunto de atividades


desenvolvidas dentro de uma empresa, de forma centralizada ou não, destinadas a suprir as
diversas unidades, com os materiais necessários ao desempenho normal das respectivas
atribuições. Tais atividades abrangem desde o circuito de reaprovisionamento, inclusive
compras, o recebimento, a armazenagem dos materiais, o fornecimento dos mesmos aos órgãos
requisitantes, até as operações gerais de controle de estoques etc.
Em outras palavras: “A Administração de Materiais visa a garantia de existência contínua
de um estoque, organizado de modo a nunca faltar nenhum dos itens que o compõem, sem tornar
excessivo o investimento total ”.

8. RESPONSABILIDADE E ATRIBUIÇÕES

 suprir, através de Compras, a empresa, de todos os materiais necessários ao seu funcionamento;


 avaliar outras empresas como possíveis fornecedores;
 supervisionar os almoxarifados da empresa;
 controlar os estoques;
 aplicar um sistema de reaprovisionamento adequado, fixando Estoques Mínimos, Lotes
Econômicos e outros índices necessários ao gerenciamento dos estoques, segundo critérios
aprovados pela direção da empresa;

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 manter contato com as Gerências de Produção, Controle de Qualidade, Engenharia de Produto,
Financeira etc.
 estabelecer sistema de estocagem adequado;
 coordenar os inventários rotativos e anuais .

9. OBJETIVOS PRINCIPAIS DA ADMINISTRAÇÃO DE MATERIAIS E REC.


PATRIMONIAIS

 Preço Baixo - este é o objetivo mais óbvio e, certamente um dos mais importantes. Reduzir o
preço de compra implica em aumentar os lucros, se mantida a mesma qualidade.
 Alto Giro de Estoques - implica em melhor utilização do capital, aumentando o retorno sobre
os investimentos e reduzindo o valor do capital de giro.
 Baixo Custo de Aquisição e Posse - dependem fundamentalmente da eficácia das áreas de
Controle de Estoques, Armazenamento e Compras.
 Continuidade de Fornecimento - é resultado de uma análise criteriosa quando da escolha dos
fornecedores. Os custos de produção, expedição e transportes são afetados diretamente por este
item.

 Consistência de Qualidade - a área de materiais é responsável apenas pela qualidade de


materiais e serviços provenientes de fornecedores externos. Em algumas empresas a qualidade
dos produtos e/ou serviços constituem-se no único objetivo da Gerência de Materiais.
 Despesas com Pessoal - obtenção de melhores resultados com a mesma despesa ou, mesmo
resultado com menor despesa - em ambos os casos o objetivo é obter maior lucro final.
“ As vezes compensa investir mais em pessoal porque pode-se alcançar com isto outros
objetivos, propiciando maior benefício com relação aos custos “.
 Relações Favoráveis com Fornecedores - a posição de uma empresa no mundo dos negócios
é, em alto grau determinada pela maneira como negocia com seus fornecedores.
 Aperfeiçoamento de Pessoal - toda unidade deve estar interessada em aumentar a aptidão de
seu pessoal.
 Bons Registros - são considerados como o objetivo primário, pois contribuem para o papel da
Administração de Material, na sobrevivência e nos lucros da empresa, de forma indireta.

10. TERMINOLOGIAS UTILIZADAS NA AM

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 Artigo ou Item - designa qualquer material, matéria-prima ou produto acabado que faça parte
do estoque.

 Unidade - identifica a medida, tipo de acondicionamento, características de apresentação física


( caixa, bloco, rolo, folha, litro, galão, resma, vidro, peça, quilograma, metro, .... ).

 Pontos de Estocagem - locais aonde os itens em estoque são armazenados e sujeitos ao


controle da administração

 Estoque - conjunto de mercadorias, materiais ou artigos existentes fisicamente no


almoxarifado à espera de utilização futura e que permite suprir regularmente os usuários, sem
causar interrupções às unidades funcionais da organização.

 Estoque Ativo ou Normal - é o estoque que sofre flutuações quanto a quantidade, volume, peso
e custo em conseqüência de entradas e saídas.

 Estoque Morto ou Inativo - não sofre flutuações, é estático.


 Estoque Empenhado ou Reservado - quantidade de determinado item, com utilização certa,
comprometida previamente e que por alguma razão permanece temporariamente em
almoxarifado. Está disponível somente para uma aplicação ou unidade funcional específica.

 Estoque de Recuperação - quantidades de itens constituídas por sobras de retiradas de


estoque, salvados ( retirados de uso através de desmontagens - canibalismo ) etc., não em
condições de uso, mas passíveis de aproveitamento após recuperação, podendo vir a integrar o
Estoque Normal ou Estoque de Materiais Recuperados, após a obtenção de sua condições
normais.

 Estoque de Excedentes, Obsoletos ou Inservíveis - constitui as quantidades de itens em


estoque, novos ou recuperados, obsoletos ou inúteis que devem ser eliminados. Constitui um
Estoque Morto.

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 Estoque Disponível - é a quantidade de um determinado item existente em estoque, livre para
uso.
Estoque Disponível = Estoque Ativo - Estoque Empenhado

 Estoque Teórico - é o resultado da soma do disponível com a quantidade pedida, aguardando o


fornecimento.
ETeórico = EDisponível + QPedida

 Estoque Mínimo, de Segurança, de Proteção, ou de Reserva


Q
- é a menor quantidade de um artigo ou item que deverá
existir em estoque para prevenir qualquer eventualidade EMn

ou emergência ( falta ) provocada por consumo anormal


t
ou atraso de entrega.

 Estoque Médio, Operacional Q

- é considerado como sendo a metade da quantidade EMd

necessária para um determinado período mais EMn

t
o Estoque de Segurança.

EMx
Estoque Máximo Q

- é a quantidade necessária de um item para suprir a


EMn
organização em um período estabelecido mais o
t
Estoque de Segurança.

 Ponto de Pedido, Limite de Chamada ou Ponto de Ressuprimento


- é a quantidade de item de estoque que ao ser
Q
atingida requer a análise para ressuprimento do item.
Pr
Normalmente é obtida através do resultado da soma do Estoque
EMn
Mínimo com o produto do Consumo Médio, em um período, pelo
Tempo de Reposição. t

Pr = EMn + ( CMd x Tr )

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 Ponto de Chamada de Emergência- Q
EMn
- é a quantidade que quando atingida requer medidas
PCE
especiais para que não ocorra ruptura no estoque.
t
Normalmente é igual a metade do Estoque Mínimo.

 Ruptura de Estoque Q

E= 0
- ocorre quando o estoque de determinado item zera ( E = 0 )
A continuação das solicitações e o não atendimento a t
caracteriza.

 Freqüência - é o número de vezes que um item é solicitado ou comprado em um determinado


período.

 Quantidade a Pedir - é a quantidade de um item que deverá ser fornecida ou comprada.

 Tempo de Tramitação Interna Emissão

- é o tempo que um documento leva,


desde o momento em que é emitido até o
momento em que a compra é formalizada. Compra

 Prazo de Entrega Recebiment


o
- tempo decorrido da data de formalização do contrato
bilateral de compra até a data de recebimento da mercadoria. Compra

 Tempo de Reposição, Ressuprimento


Emissã Recebiment
o o
- tempo decorrido desde a emissão do
documento de compra ( requisição ) até
o recebimento da mercadoria.
Compra

 Requisição ou Pedido de Compra - documento interno que desencadeia o processo de compra.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 20
 Coleta ou Cotação de Preços - documento emitido pela unidade de Compras, solicitando ao
fornecedor Proposta de Fornecimento. Esta Coleta deverá conter todas as especificações que
identifiquem individualmente cada item.

 Proposta de Fornecimento - documento no qual o fornecedor explicita as condições nas quais


se propõe a atender ( preço, prazo de entrega, condições de pagamento etc. )

 Mapa Comparativo de Preços - documento que serve para confrontar condições de


fornecimento e decidir sobre a mais viável.

 Contato, Ordem ou Autorização de Fornecimento - documento formal, firmado entre


comprador e fornecedor, que juridicamente deve garantir a ambos ( fornecimento x
pagamento ).

 Custo Fixo
R$
R$
- é o custo que independe das quantidades
estocadas ou compradas ( mão-de-obra, CF CF

despesas administrativas, de manutenção etc. )


Q
NP

 Custo Variável - existe em função das variações de quantidade e de despesas operacionais.

 Custo de Manutenção de Estoque, Posse ou Armazenagem


- são os custos decorrentes da existência do item ou artigo no estoque.
- Varia em função do número de vezes ou da quantidade comprada.

R$ R$

CP
CP

Quantidade
Nº de Pedidos

 Custo de Obtenção de Estoque, do Pedido ou Aquisição

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- é constituído pela somatória de todas as despesas efetivamente realizadas no processamento
de uma compra. Varia em função do número de pedidos emitidos ou das quantidades
compradas.

R$

R$
CA CA
Nº de Pedidos Quantidade

 Custo Total
- é o resultado da soma do Custo Fixo com o Custo de Posse e o Custo de Aquisição.

R$ R$ Custo Total
Custo Total

CP
CA

CP
CA
CF CF

Nº de Quantidade
Pedidos

 Custo Ideal
- é aquele obtido no ponto de encontro ou interseção das curvas dos Custos de Posse e de
Aquisição. Representa o menor valor do Custo Total.
Custo Ideal Custo Ideal
R$ R$ CP
CA

CP
CA
CF CF
Nº de Quantidade
Pedidos

11. GESTÃO ECONÔMICA DOS ESTOQUES

11.1 - NATUREZA DA GESTÃO DE ESTOQUE

A gestão de estoque é, basicamente, o ato de gerir recursos ociosos possuidores de valor


econômico e destinado ao suprimento das necessidades futuras de material , numa organização.
Os investimentos não são dirigidos por uma organização somente para aplicações diretas
que produzam lucros, tais como os investimentos em maquinas e em equipamentos destinados ao
aumento da produção e, consequentemente, das vendas.

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Outros tipos de investimentos, aparentemente, não produzem lucros. Entre estes estão as
inversões de capital destinadas a cobrir fatores de risco em circunstâncias imprevisíveis e de
solução imediata. É o caso dos investimentos em estoque, que evitam que se perca dinheiro em
situação potencial de risco presente. Por exemplo, na falta de materiais ou de produtos que
levam a não realização de vendas, a paralisação de fabricação, a descontinuidade das operações
ou serviços etc., além dos custos adicionais e excessivos que, a partir destes fatores, igualam, em
importância estratégica e econômica, os investimentos em estoque aos investimentos ditos
diretos.
Porém, toda a aplicação de capital em inventário priva de investimentos mais rentáveis
uma organização industrial ou comercial. Numa organização pública, a privação é em relação a
investimentos sociais ou em serviços de utilidade pública.
A gestão dos estoques visa, portanto, numa primeira abordagem, manter os recursos
ociosos expressos pelo inventário, em constante equilíbrio em relação ao nível econômico ótimo
dos investimentos. E isto é obtido mantendo estoques mínimos, sem correr o risco de não tê-los
em quantidades suficientes e necessárias para manter o fluxo da produção da encomenda em
equilíbrio com o fluxo de consumo.

11.2 - NATUREZA DOS ESTOQUES

Os estoques podem ser entendidos, de forma generalizada, como certa quantidade de


itens mantidos em disponibilidade constante e renovados, permanentemente, para produzir
lucros e serviços. São lucros provenientes das vendas e serviços, por permitirem a continuidade
do processo produtivo das organizações.
Representam uma necessidade real em qualquer tipo de organização e, ao mesmo tempo,
fonte permanente de problemas, cuja magnitude é função do porte, da complexidade e da
natureza das operações da produção, das vendas ou dos serviços.
A manutenção dos estoques requer investimentos e gastos muitas vezes elevados. Evitar
sua formação ou, quando muito, tê-los em número reduzido de itens e em quantidades mínimas,
sem que, em contrapartida, aumente o risco de não ser satisfeita a demanda dos usuários ou dos
consumidores em geral, representa um ideal conflitante com a realidade do dia-a-dia e que
aumenta a importância da sua gestão.
A incerteza de demanda futura ou de sua variação ao longo do período de planejamento;
da disponibilidade imediata de material nos fornecedores e do cumprimento dos prazos de
entrega; da necessidade de continuidade operacional e da remuneração do capital investido, são

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 23
as principais causas que exigem estoques permanentemente à mão para o pronto atendimento do
consumo interno e/ou das vendas. Isto mantém a paridade entre esta necessidade e as exigências
de capital de giro.
É essencial, entretanto, para a compreensão mais nítida dos estoques, o conhecimento das
principais funções que os mesmos desempenham nos mais variados tipos de organização, e que
conheçamos as suas diferentes espécies. Ter noção clara das diversas naturezas de inventário,
dentro do estudo da Administração de Material, evita distorções no planejamento e indica à
gestão a forma de tratamento que deve ser dispensado a cada um deles, além de evitar que
medidas corretas, aplicadas ao estoque errado, levem a resultados desastrosos, sobretudo, se
considerarmos que, à vezes, consideráveis montantes de recursos estão vinculados a
determinadas modalidades de estoque.
Cada espécie de inventário segue comportamentos próprios e sofre influências distintas,
embora se sujeitando, em regra, aos mesmos princípios e às mesmas estruturas de controle.
Assim, por exemplo, os estoques destinados à venda são sensíveis às solicitações impostas pelo
mercado e decorrentes das alterações da oferta e procura e da capacidade de produção, enquanto
os destinados ao consumo interno da empresa são influenciados pelas necessidades contínuas da
produção, manutenção, da oficinas e dos demais serviços existentes.
Já outras naturezas de estoque podem apresentar características bem próprias que, não
estão sujeitas a influência alguma. É o caso dos estoques de sucata, não destinada ao
reprocessamento ou beneficiamento e formados de refugos de fabricação ou de materiais
obsoletos e inservíveis destinados à alienação e canibalização e outros fins.
Em uma indústria, estes estoques podem vir a formar-se aleatoriamente, ao longo do
tempo, caracterizando-se como contingências de armazenagem. Acabam representando, mesmo,
para algumas organizações, verdadeiras fontes de receitas ( extra-operacional ), enquanto os
estoques destinados ao consumo interno constituem-se, tão somente, em despesas.
Entretanto, esta divisão por si só, pode trazer dúvidas a partir da definição da natureza de
cada um destes estoques. Se entendermos por produto acabado todo material resultante de um
processo qualquer de fabricação, e por matérias-primas todo elemento bruto necessário ao
fabrico de alguma coisa, perdendo as suas características físicas originais, mediante o processo
de transformação a que foi submetido, podemos dizer, por exemplo, que a terra adubada, o
cimento, a areia de fundição preparada com a bentonita, o melaço e outros produtos que são
misturados a ela para dar maior consistência aos moldes que receberão o aço derretido para a
confecção de peças constituem-se em produtos acabados para seus fabricantes, e em matérias-
primas para seus consumidores que os utilizarão na fabricação de outros produtos.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 24
Do mesmo modo, a terra, a argila, o melaço e a areia, em seu estado natural, podem
constituir-se em insumos básicos de produção ou em produtos acabados, dependendo da
finalidade ou do uso destes itens para a empresa.
As porcas, as arruelas, os parafusos etc., empregados na montagem de um equipamento,
por exemplo, são produtos semi-acabados para o montador, mas, para o fabricante que os
vendeu, trata-se de produtos-finais.
Diante dos exemplos apresentados, surge, naturalmente, outra classificação: estoques de
venda e de consumo interno. Para uma indústria, os produtos de sua fabricação integrarão os
estoques de venda e, para outra, que os utilizará na produção de outro bem, integrarão os
estoques de material de consumo.
Por sua vez, o estoque de venda pode desdobrar-se em estoque de varejo e de atacado. O
estoque de consumo pode subdividir-se em estoque de material específico e geral. Este último
pode desdobrar-se, ainda, em estoque de artigos de escritório, de limpeza e conservação etc.
Temos assim, diferentes maneiras de se distinguir os estoques, considerando a natureza,
finalidade, uso ou aplicação etc. dos materiais que os compõem.
O importante, todavia, nestas classificações, que procuram mostrar os diferentes tipos de
estoque e o que eles representam para cada empresa, é que elas servem de subsídios valiosos
para a (o):
 configuração de um sistema de material;
 estruturação dos almoxarifados;
 estabelecimento do fluxo de informação do sistema;
 estabelecimento de uma classificação de material
 política de centralização e descentralização dos almoxarifados;
 dimensionamento das áreas de armazenagem;
 planejamento na forma de controle físico e contábil.

11.3 - ANÁLISE E PREVISÃO PARA OS ESTOQUES

11.3.1 - INTRODUÇÃO

Toda teoria dos estoques está pautada na previsão do consumo do material. A previsão de
consumo ou da demanda estabelece estas estimativas futuras dos produtos acabados

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 25
comercializados pela empresa. Estabelece, portanto, quais produtos, quanto desses produtos e
quando serão comprados pelos clientes.

A previsão possui algumas características básicas que são:


 é o ponto de partida de todo planejamento empresarial;
 não é uma meta de vendas; e
 sua precisão deve ser compatível com o custo de obtê-la.

As informações básicas que permitem decidir quais serão as dimensões e a distribuição


no tempo da demanda dos produtos acabados podem ser classificadas em duas categorias:
quantitativas e qualitativas.

a. Quantitativas

 evolução da vendas no passado;


 variáveis cuja evolução e explicação estão ligadas diretamente às vendas. Por exemplo:
criação e venda de produtos infantis.
 variáveis de fácil previsão, relativamente ligadas às vendas ( população, renda, PNB ); e
 influência da propaganda.

b. Qualitativas

 opinião dos gerentes;


 opinião dos vendedores;
 opinião dos compradores; e
 pesquisa de mercado.

As Técnicas de Previsão de Consumo podem ser classificadas em três grupos:

a) Projeção: são aquelas que admitem que o futuro será a repetição do passado ou as
vendas evoluirão no tempo; segundo a mesma lei observada no passado, este grupo de técnicas é
de natureza essencialmente quantitativa.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 26
b) Explicação: procura-se explicar as vendas do passado mediante leis que relacionam as
mesmas com outras variáveis cuja evolução é conhecida ou previsível. São basicamente
aplicações de técnicas de regressão e correlação.

c) Predileção: funcionários experientes e conhecedores de fatores influentes nas vendas e


no mercado estabelecem a evolução das vendas futuras.

Quando da Previsão do Consumo é importante considerar os seguintes fatores, que


podem alterar o comportamento do mesmo:

 influências políticas;
 influências conjunturais;
 influências sazonais;
 alteração no comportamento dos clientes;
 inovações técnicas;
 tipos retirados da linha de produção; e
 preços competitivos dos concorrentes.

11.3.2 - TÉCNICAS QUANTITATIVAS PARA CALCULAR A PREVISÃO DE CONSUMO

a. MÉTODO DO ÚLTIMO PERÍODO

Este modelo mais simples e sem base matemática consiste em utilizar como previsão para
o período seguinte o valor ocorrido no período anterior.

b. MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL

Este método é uma extensão do anterior, em que a previsão para o próximo período é
obtida calculando-se a média dos valores de consumo nos n períodos anteriores.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 27
A previsão gerada por este modelo é geralmente menor que os valores ocorridos se o
padrão de consumo for crescente . Inversamente , será maior se o padrão de consumo for
decrescente.
Se n for muito grande, a reação da previsão diante dos valores atuais será muito lenta.
Inversamente, se n for pequeno, a reação será muito rápida. A escolha do valor de n é arbitrária
e experimental. Para melhor simplificar e compreender, vejamos:

CM = Consumo Médio
C1 + C2 + C3 + ..... + Cn
CM = n C = Consumo nos períodos anteriores
n = Números de períodos

Nota: Para cálculo do consumo médio variável, toma-se por base os 12 últimos meses, e
cada novo mês, adiciona-se o mesmo à soma e despreza-se o 1º mês utilizado.

- Desvantagens:
a. as médias móveis podem gerar movimentos cíclicos, ou de outra natureza não
existentes nos dados originais;
b. as médias móveis são afetadas pelos valores extremos; isso pode ser superado,
utilizando-se a média móvel ponderada com pesos apropriados ( vide c. ).
c. as observações mais antigas têm o mesmo peso que as atuais, isto é, 1/n; e
d. exige a manutenção de um número muito grande de dados.

- Vantagens:
a. simplicidade e facilidade de implantação; e
b. admite processamento manual.

Exemplo 1 - Supondo que, para certo material, existe o seguinte histórico dos consumos
mensais:
100 (jan), 90 (fev), 110 (mar), 120 (abr), 105 (mai), 150 (jun), 140 (jul), 200 (ago), 130 (set),
160 (out), 190 (nov) e 210 (dez), o consumo previsto para o 13º mês seria:

100 + 90 + 110 + ..... + 210


D13 = D13 = 142
12

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 28
Exemplo 2 - O consumo em quatro anos de uma peça foi de: 1999 = 72, 2000 = 60, 2001 = 63 e
2002 = 66 Qual deverá ser o consumo previsto para 2003, utilizando-se o método da média
móvel simples, com n igual a 3 ?

D2003 = ( 60 + 63 + 66 ) : 3 D2003 = 63

c. MÉTODO DA MÉDIA MÓVEL PONDERADA

Este método é uma variação do modelo anterior, no qual atribuí-se pesos diferenciados
aos diversos períodos. Os pesos são decrescentes a partir dos períodos mais recentes para os mais
distantes. Este método elimina alguns inconvenientes do método anterior.
A determinação dos pesos, ou fatores de importância, deve ser de tal ordem que a soma
perfaça 100%, como no exemplo a seguir:

Período Peso Consumo Quantidade Ponderada

1 5% 350 17,5
2 10% 70 7,0
3 10% 800 80,0
4 15% 200 30,0
5 20% 150 30,0
6 40% 500 200,0
7 100% ± 364,5 = 365
Exemplo de Aplicação: Utilizando o exemplo 2, do item anterior, qual será o consumo previsto
para 2003, se considerarmos os seguintes pesos:
- para 1999 = ( desconsiderar - n = 3 )
- para 2000 = 20% de 60 = 12,0
- para 2001 = 30% de 63 = 18,9
- para 2002 = 50% de 66 = 33,0 D 2003 ± 63,9 = 64,0

d. MÉTODO DA MÉDIA C/ PONDERAÇÃO EXPONENCIAL

Este método elimina muitas desvantagens dos métodos da média móvel e da média móvel
ponderada. Além de dar mais valor aos dados mais recentes, apresenta menor manuseio de

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 29
informações passadas. Apenas três valores são necessários para gerar a previsão para o próximo
período:

 a previsão do último período;


 o consumo ocorrido no último período; e
 uma constante que determina o valor ou ponderação
dada aos valores mais recentes.

Este modelo procura prever o consumo apenas com a sua tendência geral, eliminando a
reação exagerada a valores aleatórios. Ele atribui parte da diferença entre o consumo atual e o
previsto a uma mudança de tendência e o restante a causas aleatórias.
Suponhamos que para determinado produto tenhamos previsto um consumo de 100
unidades. Verificou-se, posteriormente, que o valor real ocorrido foi de 95 unidades. Precisamos
prever agora o consumo para o próximo mês. A questão básica é a seguinte: Quanto da diferença
entre 100 e 95 unidades pode ser atribuído a uma mudança no padrão de consumo e quanto pode
ser atribuído a causas puramente aleatórias ?
Se a nossa previsão seguinte for de 100 unidades, estaremos assumindo que toda diferença foi
devida a causas aleatórias e que o padrão de consumo não mudou absolutamente nada. Se for de
95 unidades, estaremos assumindo que toda diferença deve ser atribuída a uma mudança no
padrão de consumo ( método pelo último período ). Neste método apenas parte da variação é
considerada como mudança no padrão de consumo.
Vamos supor que, no exemplo anterior, decidimos que 20% da diferença devem ser
atribuídos a alterações de padrão de consumo e que 80% devem ser considerados como variação
aleatória. Levando-se em consideração que a previsão era de 100 unidades e ocorreu na
realidade 95 e que 20% do erro ( 100 - 95 ) é igual a 1, a nova previsão deverá ser de 99
unidades. Resumindo, podemos escrever:
Próxima previsão = Previsão anterior + Constante de amortecimento x Erro de previsão;
ou

X t = X t-1 + a ( X t - X t-1 ) e 0a1

assim: Xt =  X t + ( 1 -  ) . Xt-1

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 30
A determinação do valor  pode ser feita por intermédio de sofisticadas técnicas
matemáticas e estatísticas. Nos casos mais comuns a determinação é verificada empiricamente,
os valores mais comumente utilizados estão compreendidos entre 0 e 1, usando-se normalmente
de 0,1 a 0,3.

A média estimada ( Xt ) é suavizada para descontar os efeitos das variações aleatórias.


Por exemplo, tomando-se  = 0,2 na equação acima:

Xt = 0,2 Xt + ( 1 - 0,2 ) .Xt-1 assim: Xt = 0,2 Xt + ( 1 - 0,2 ) Xt-1

estabelece que a média estimada Xt no período t, é determinada pela adição de 20% do novo
consumo Xt e 80% da média estimada para o período anterior Xt-1. Assim, 80% das variações
aleatórias possíveis incluídas em Xt são descontadas.
O método da média com ponderação exponencial não deve ser utilizado quando o padrão
de consumo contém somente flutuações aleatórias em torno de uma média constante, quando o
padrão de consumo possui tendência crescente ou decrescente ou quando o padrão de consumo
for cíclico.
Deverá apenas ser utilizado quando o padrão de consumo for variável com médias
variando aleatoriamente em intervalos regulares.

Exemplo de Aplicação:
O nível de consumo de um item mantém uma oscilação média. A empresa utiliza o
cálculo de média ponderada exponencial. Em 2001, a previsão de consumo era de 230 unidades,
tendo o ajustamento um coeficiente de 0,10. Em 2002 o consumo foi de 210. Qual é a previsão
de consumo para 2003?

Xt = . Xt + ( 1 -  ). Xt-1

 = 0,10; Xt = 210; e Xt-1 = 230

Xt = 0,10 . 210 + ( 1 - 0,10 ) . 230

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 31

11 - FESP - Administração de Materiais - 4º ano - Prof. Antonio Carlos Morozowski


Xt = 21 + 207

Xt = 228 unidades.

e. MÉTODO DOS MÍNIMOS QUADRADOS

Este método é usado para determinar a melhor linha de ajuste que passa mais perto de
todos os dados coletados , ou seja, é alinha de melhor ajuste que minimiza as diferenças entre a
linha reta e cada ponto de consumo levantado.
 (  - p )2 = mínimo; onde:  = Valor real
p = Valor dos mínimos quadrados

Uma linha reta está definida pela equação:  = a + bx.


Nas séries temporais,  é o valor previsto em um tempo x medido em incrementos, tais
como anos, a partir do ano-base. O objetivo é determinar a, o valor de  e b, a inclinação da
reta.
Usam-se duas equações para determinar a e b. Obtemos a primeira multiplicando a
equação da linha reta pelo coeficiente a e somando os termos. Sendo o coeficiente a igual a 1 e
sabendo-se que N é o número de pontos, a equação se modifica para:

 = N . a + bX
A segunda equação é desenvolvida de maneira semelhante. O coeficiente de b é X. Ao
multiplicarmos os termos por X e somá-los, teremos:

X = aX + bX2

Estas duas equações são denominadas equações normais. As quatro somas necessárias à
resolução das equações , X, X e X2 são obtidas de forma tabular, tendo em vista que
X é igual ao número de períodos a partir do ano-base. Depois da obtenção das quatro somas,
estas são substituídas nas equações normais, onde os valores de a e b são calculados e
substituídos na equação da linha reta para a obtenção da fórmula de previsão:

p = a + bx

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 32
Vamos exemplificar: determinada empresa quer calcular qual seria a previsão de vendas
de seu produto W para o ano de 2003. As vendas dos 5 anos anteriores foram:
1998 = 108
1999 = 119
2000 = 110
2001 = 122
2002 = 130, - fazendo a tabulação :

ANO Y X X2 X.Y
1998 108 0 0 0 (ano-base)
1999 119 1 1 119
2000 110 2 4 220
2001 122 3 9 366
2002 130 4 16 520
589 10 30 1.225

De onde resultam as equações normais:

589 = 5a + 10b
1.225 =10a + 30b
- resolvendo-as simultaneamente, obteremos:

a = 108,4 e b = 4,7

A previsão para 2003 está 5 anos a frente de 1998, logo:

Yp = 108,4 + 4,7 . X
Yp = 108,4 + 4,7 . 5
Yp = 131,9  132

QUESTÕES:

1. Faça uma análise comparativa entre as previsões quantitativas e qualitativas.

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2. Na solução de um problema de previsão, compare os resultados encontrados pelo método da
média móvel com o resultado da média de mínimos quadrados.
3. Analise por que as médias exponenciais sofrem o efeito de todos os consumos do passado.
4. Você está precisando de uma previsão de consumo de uma matéria-prima. O cálculo pode ser
realizado pelo método dos mínimos quadrados; média móvel simples; exponencial ou
ponderada. Qual destas alternativas você escolheria para que o resultado seja o mais próximo
possível do real? Porque?

EXERCÍCIOS:

1. O consumo nos oito últimos meses foi, respectiva- mente 500, 580, 520, 630, 510, 590, 570 e
560. Calcule, pelo método dos mínimos quadrados, o consumo previsto para os próximos dois
meses.
2. Um item teve um consumo , em 2002, de 200 unidades, com um ajustamento médio de
tendência de 0,90 e tinha sido previsto um consumo de 220 unidades. Qual é a previsão de
consumo para 2003?

3. Uma loja tem a seguinte tabulação de vendas:


1997 = 87 1998 = 90 1999 = 100
2000 = 107 2001 = 113 2002 = 123
Estabeleça uma previsão para 2003:
a) pelo método da média móvel;
b) pelo método da média móvel ponderada com os seguintes pesos em ordem
decrescente: 5%, 10%, 10%, 15%, 20% e 40%.
4. O consumo por trimestre de determinada peça não apresenta grandes variações. A previsão é
feita por ajustamento exponencial. No terceiro trimestre de 2002, a previsão para o trimestre
seguinte foi de 220 peças; e o ajustamento médio de 1,0. Ao terminar o quarto trimestre, o
consumo real foi de 228 peças. Calcule a previsão para o primeiro trimestre de 2003, usando o
coeficiente de ajustamento entre 0,01; 0,10; 0,20; 0,25; e 0,30, de acordo com as características
da previsão.
5. O consumo de um cabo elétrico ocorrido nos últimos dez meses foi: 750, 680, 740, 710, 690,
670, 720, 700 e 660. Calcule, pelo método dos mínimos quadrados, a previsão de consumo para
o 11º mês.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 34
11.3.3 - CONTROLE DE ESTOQUES

O objetivo básico do controle de estoques é evitar a falta de material sem que esta
diligência resulte em estoque excessivos às reais necessidades da empresa.
O controle procura manter os níveis estabelecidos em equilíbrio com as necessidades de
consumo ou das vendas e os custos daí decorrentes.

Função do Controle nos Estoques Input - Entrada


ESTOQUE

Para mantermos
Output -este
Saída nível de água, no tanque, é preciso que a abertura ou o diâmetro do

ralo permita vazão proporcional ao volume de água que sai pela torneira. Se fecharmos com o
ralo destampado, interrompendo, assim, o fornecimento de água, o nível, em unidades
volumétricas, chegará, após algum tempo, a zero. Por outro lado, se a mantivermos aberta e
fecharmos o ralo, impedindo a vazão, o nível subirá até o ponto de transbordar. Ou, se o
diâmetro do raio permite a saída da água, em volume maior que a entrada no tanque,
precisaremos abrir mais a torneira, permitindo o fluxo maior para compensar o excesso de
escapamento e evitar o esvaziamento do tanque.
De forma semelhante, os níveis dos estoques estão sujeitos à velocidade da demanda
( output ) e das entradas ( input ) de material no almoxarifado.
Se a constância da procura sobre o material for maior que o tempo de ressuprimento, ou
estas providências não forem tomadas em tempo oportuno, a fim de evitar a interrupção do fluxo
de reabastecimento, teremos a situação de ruptura ou de esvaziamento do seu estoque, com
prejuízos vizíveis para a produção, manutenção, vendas etc.
Se, em outro caso, não dimensionarmos bem as necessidades do estoque, poderemos
chegar ao ponto de excesso de material ou ao transbordamento dos seus níveis em relação à
demanda real, com prejuízos para a circulação de capital.
O equilíbrio entre a demanda e a obtenção de material, onde atua , sobretudo, o controle
de estoque, é um dos objetivos da gestão.
Seguindo com o exemplo do tanque, se a torneira enchê-lo ( obtenção ) até o nível ideal,
em 6 horas, e o ralo esvaziá-lo ( demanda ) em 10 horas, precisaremos de 15 horas para que o
tanque fique cheio ( ressuprimento ) com a torneira e o ralo abertos simultâneamente. O tempo
que leva para ficar cheio com o fornecimento contínuo de água e, ao mesmo tempo, com a saída
constante, equivale, por analogia, ao tempo que leva a gestão a providenciar e obter a quantidade
de material necessária à manutenção do nível do estoque estabelecido, enquanto as saídas se
sucedem ao longo do período de ressuprimento.

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A fim de manter este objetivo é que o reabastecimento contínuo é feito para manter os
níveis no ponto desejado, em função da demanda ocorrida e dos parâmetros determinados.

É decidir quando e quanto comprar.

O quando comprar é determinado segundo um dos seguintes critérios:

a. sempre que a quantidade em estoque atingir determinado nível prefixado, é


providenciada a compra do material;
b. sempre que a quantidade em estoque atingir determinada data prefixada, é
providenciada a compra do material.

A diferença, portanto, entre os dois sistemas clássicos de controle é que, em um, o


momento da compra é determinado quando o estoque atinge um nível estabelecido e, no outro, é
determinado por datas, independentemente do nível de estoque.

O quanto comprar depende do critério escolhido. Caso optemos pelo primeiro, a


quantidade de ressuprimento é fixa, isto é, não varia. É sempre a mesma. O que varia é a data ou
época de colocação do pedido. Este sistema é mais adequado quando a demanda do material é
instável, razão pela qual também é útil para o controle dos itens mais caros em estoque.

No segundo sistema, a quantidade de ressuprimento é variável, em função da


disponibilidade total existente no momento da colocação do pedido e da cobertura de estoque
para o período subsequente, expressos em unidades de consumo. Neste, a data de aquisição é
fixa, isto é, os intervalos de compras são regulares, como veremos mais adiante. Este modelo é
mais adequado para o controle de itens de consumo mais regular e de pequeno valor.

Podemos, então, resumir a diferença entre estes dois sistemas, dizendo que o primeiro
considera a quantidade ideal de compra e o segundo a freqüência ideal de compra.

Antes de abordarmos, em particular, cada um destes modelos de estoque, iremos


discorrer sobre os elementos que intervêm sobre a Teoria dos Estoques e que estão diretamente
interligados ao desenvolvimento destes sistemas:
- Custos;

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- Estoque Médio;
- Lote Econômico de Compra;
- Periodicidade Econômica de Compra;
- Estoque Mínimo ou de Segurança etc.

12. CUSTOS DE ESTOQUES

12.1 - Introdução

Todo e qualquer armazenamento de material gera determinados custos que são:


* juros;
* depreciação;
* aluguel;
* equipamentos de movimentação;
* deterioração;
* obsolescência;
* seguros;
* salários;
* conservação.

Todos eles podem ser agrupados em diversas modalidades:


* custos de capital ( juros, depreciação );
* custos com pessoal ( salários, encargos sociais );
* custos com edificação ( aluguel, impostos, luz, conservação )
* custos residenciais ( deterioração, obsolescência, equipamento ).

Existem duas variáveis que aumentam este custo, que são a quantidade em estoque e o
tempo em que permanece em estoque. Grandes quantidades em estoque somente poderão ser

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movimentadas com a utilização de mais pessoal ou, então, com o maior uso de equipamentos,
tendo como conseqüência a elevação destes custos. No caso de um menor volume em estoque, o
efeito é exatamente ao contrário.
Todos estes custos relacionados podem ser chamados de custo de armazenagem. São
calculados baseados no estoque médio e geralmente indicados em % do valor em estoque ( Fator
Armazenagem ). Os custos de armazenagem são proporcionais à quantidade e ao tempo que uma
peça permanece em estoque.
Determinam-se esses custos por meio de fórmulas e modelos matemáticos, e, uma vez
calculado o seu valor, transforma-se o mesmo em valor percentual em relação ao estoque
analisado. Este passa a ser o Fator de Armazenagem, que veremos adiante.
Vamos agora detalhar como calcular o Custo de Armazenagem e seus diversos
componentes.

12.2 - Custo de Armazenagem ou Manutenção de Estoques ( i )

Para calcular o custo de armazenagem de determinado material, podemos utilizar a


seguinte expressão:
CA = Q/2 x I x P

onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado


P = Preço unitário do material
I = Taxa de armazenagem, expressa geralmente em termos de porcentagem do custo
unitário
Para que esta expressão seja válida, torna-se necessária a verificação de duas hipóteses:

1. O custo de armazenagem é proporcional ao estoque médio. Na figura abaixo temos


uma justificativa da hipótese tomada. Com efeito, no ponto X, ou seja, quando o
estoque é máximo, o custo de armazenagem é máximo. No ponto Y, quando o
estoque é zero, o custo de armazenagem é mínimo ( matematicamente ele seria zero,
mas na realidade existem despesas fixas que fazem com que ele seja diferente de
zero).

Estoque Máximo X
Estoque Médio

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0 Y Custo de Armazenagem

2. O preço unitário deve ser considerado constante no período analisado. Se não for, deve
ser tomado um valor médio.
.......................................................................................
A posse dos estoques, em uma empresa, implica encargos financeiros anuais, constituídos
de despesas fixas e outras tantas variáveis. As despesas fixas são aquelas que não se alteram com
as variações sofridas pelo inventário. Independem, portanto, do tamanho ou do valor do estoque,
diferentemente de outros componentes do custo que oscilam com as alterações que possam vir a
ocorrer.
Como em qualquer depuração de custos, o levantamento dos valores das despesas que
gravam os estoques requer, em grande parte, o concurso da contabilidade, com exceção dos
custos de natureza econômica, tais como os mencionados nos itens 2, 3 e 10 que são
considerados pelo fisco como custos tributáveis.
O trabalho em si consiste na identificação destes componentes de custo e totalizá-los
pelos valores de cada um, registrados nas rubricas correspondentes. E com base neste montante e
no valor médio do estoque é calculado o índice da taxa de custo ( i ). Os principais gravames dos
estoques são:

1. Mão-de-obra - computam-se também sobre este custo o valor dos encargos sociais e
trabalhistas. As despesas anuais com o pessoal de almoxarifado constituem-se em encargos
fixos.

2. Juros de Capital - Despesas variáveis representadas pelos juros de financiamento de estoque.


Pode também ser considerado, conforme o critério, o valor da remuneração do capital à taxa de
juros correntes.

3. Seguro - corresponde aos prêmios de seguros pagos. Constitui-se em uma despesa variável,
em função do valor dos estoques.

4. Aluguel - despesas fixas de arrendamento da área ou do prédio que serve o almoxarifado e o


seu escritório

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5. Taxas e Impostos - os encargos decorrentes do imposto predial e das taxas de luz e telefone.
Geralmente, as despesas de iluminação são obtidas através de rateio das despesas gerais com luz,
proporcional à área ocupada pelo almoxarifado. Trata-se de um custo fixo.

6. Obsolescência - valor residual e intrínseco das possíveis perdas sofridas com material sem
mais utilidade para a empresa, devido a este fator. Trata-se de um custo dificilmente considerado
entre o elenco de gastos, devido a dificuldade de cálculo ou registro.

7. Expedição - refere-se aos gastos incorridos com o transporte e embalagem de material e frete.
8. Recebimento - representa as despesas com frete, inspeção e outros gastos decorrentes.

9. Movimentação - as despesas efetuadas com a manutenção e manuseio dos equipamentos de


movimentação de cargas.

10. Imobilização - refere-se à quantia que a empresa, supostamente, deixa de ganhar com a
imobilização de capital.

11. Despesas Diversas - gastos referentes a material de expediente, despesas alfandegárias,


gastos de combustíveis com os veículos à disposição do almoxarifado, com a manutenção do
prédio etc.

Além deste rol de custos, outros podem ser acrescentados, como também alguns dos
mencionados podem deixar de ser considerados, de acordo com o critério escolhido. Segundo
alguns, os componentes de custos que devem ser computados são os que variam em função do
aumento ou da redução do estoque médio. No nosso exemplo, consideramos tanto os custos
fixos como os variáveis. O essencial é que saibamos que os estoques acarretam determinadas
despesas que crescem ou diminuem conforma as variações neles incorridas.

1.- Cálculo da TAXA DO CUSTO DE POSSE, considerando-se um valor médio do estoque da


ordem de R$ 4.573.333,30, por exemplo:
Custos Valor %
Mão - de – obra 240.000,00 5,26
Juros Pagos 110.000,00 2,40
Seguros 32.000,00 0,70

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Aluguel 360.000,00 7,87
Luz e Telefone 95.000,00 2,08
Transporte, Embalagem e Fretes 220.000,00 4,81
Diversos 120.000,00 2,62
Outros 195.000,00 4,26
Total 1.372.000,00 30,00

Logo: I = 1.372.000,00 : 4.573.333,30 assim: I = 0,30 ou 30%

A decomposição destes custos não chega a constituir-se em dificuldade maior. O


problema, no entender de uns, é a escolha do critério para determinação do valor do inventário
mais correto, para fins específico do cálculo da taxa de armazenagem.

2.- ESTOQUE MÉDIO ( Q / 2 )

Matematicamente, podemos representar o estoque médio teórico de um material, dentro


do lote econômico de compra, como o resultante da expressão:

[ Emin + ( Q : 2 )] ou Q / 2

onde: Q é a quantidade ( lote ) que será adquirida para ser consumida ou vendida ao longo
do período T.
No momento t0, o estoque é igual à quantidade Q, que varia de um mínimo zero a um
máximo Q.
Logo, o valor médio do intervalo é (0 + Q)/2 que se reduz à expressão Q/2.
Q Q

Qm
Q/2
t0 período t t0 período t

12.3 - Custo de Obtenção de Estoques ( A )

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 41
Também o ato de comprar implica determinado ônus que encarece o processo de compra
do material. A emissão de uma ordem de compra representa determinado custo para a empresa,
expresso, basicamente, pelos seguintes elementos:
1. Mão-de-obra - O valor total dos salários dos empregados lotados no órgão de compras, mais
os encargos sociais e trabalhistas que incidem sobre a folha de pagamento.
2. Impostos e Taxas - As despesas pagas com luz, telefone, imposto predial e outros.
3. Aluguel - Representa as despesas pagas com aluguel do escritório. Caso o aluguel do
almoxarifado e do escritório se constitua em único valor, este custo deve ser achado pró rata às
áreas usadas.
4. Correio e Telégrafo - Os encargos pagos pela emissão de cartas-convites, ordens de compra,
editais, anúncios, avisos etc.
5. Diárias - Referem-se aos gastos efetuados, eventualmente, com estadias e locomoção
necessários à compra de material.
6. Despesas Gerais - Referentes às despesas realizadas com material de expediente, livros
técnicos, periódicos e jornais, limpeza e conservação e outros.

Exemplificando:
a. Número anual de ordens de compra emitidas no período = 3.245.

b. – Despesas

b.1 - Mão - de – obra 310.000,00

b.2 - Despesas com luz, correio e outros 50.000,00

b.3 – Aluguel 200.000,00

b.4 - Despesas Gerais 40.000,00

b.5 – Taxas 49.000,00

Total 649.000,00

Logo, A = 649.000,00 : 3.245 ou A = 200,00

12.4 - LOTE ECONÔMICO E FREQUÊNCIA ECONÔMICA DE COMPRA

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O Lote Econômico ( Le ) é o resultado de um procedimento matemático, através do qual
a empresa adquire o material necessário às suas atividades pelo seu custo mais baixo. Essa
prática torna possível diluir os custos fixos entre muitas unidades e portanto reduzir o custo
unitário. Isso, porém, não se consegue de graça: - estoques são criados e custam dinheiro.
Portanto, não se deve levar tal procedimento muito longe, pois se as ordens de reposição se
tornam muito grandes, os estoques resultantes crescem além de certos limites e, os custos tanto
de capital como de manuseio, excedem as possíveis economias em custos de transporte,
produção e administração.
Deve-se procurar um tamanho de lote que minimize o custo total anual.
Os elementos que influenciam essa determinação são:

I Taxa de custo ou de posse

A Custo de aquisição ou de compra

P Preço unitário do item

D Demanda anual

A fórmula, a seguir, se encontra deduzida em vários livros:

Le =  2.D.A / P.I

Se tivermos a demanda anual ( D ) e a quantidade ( Q ) adquirida a cada pedido,


encontramos facilmente a freqüência econômica de compra ( Ne ):

N=D/Q

A freqüência econômica ( Ne ) é obtida através da seguinte fórmula:

Ne =  D.P.I. / 2.A ou Ne = D / Le

Exemplo:
A = R$1.000,00
D = 250.000 un.
P = R$1,00
I = 20% ou 0,20

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 43
Le =  2 . D . A / P . I

Le =  2 x 250.000 x 1.000 / 1,00 x 0,20

Le =  500.000.000 / 0,20

Le =  2.500.000.000

Le = 50.000 un.
Ne =  D x P x I / 2 x A

Ne =  250.000 x 1,00 x 0,20 / 2 x 1.000

Ne =  25

Ne = 5 ( cinco compras p/ ano )

Considerando:
1. Le = 50.000 unidades, e Ne = 5 compras p/ ano,
- os mesmos corresponderiam a 2,4 meses de consumo ou 72 dias.

2. CA ( Custo de Aquisição ) = ( D x A ) / Q;
CA = 1.000 x 250.000 / Q
CA = 250.000.000 / Q

CE ( Custo de Estocagem ) = ( Q x I x P ) / 2 e
CE = Q x 0,20 x 1,00 / 2
CE = 0,10 x Q

CT ( Custo Total ) =  2 x D x A x P x I

O Custo Total Anual poderá considerar o valor total das mercadorias compradas, para
tanto, deverá ser somado ao valor obtido pela soma dos custos de aquisição e de estocagem, o
produto da demanda anual ( D ) com o preço unitário do produto ( P ).

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 44
CTg = CA + CE + ( D x P )

Utilizando-se dos dados anteriores, das fórmulas e estabelecendo-se as quantidades do


lote, podemos determinar os custos, que possibilitam a escolha do lote e a amplitude econômica
de compra.

Lote ( Q ) Custo Aquisição (CA) Custo Estocagem ( CE ) Custo Total Anual


( CTg )

5.000 50.000 500 300.500

10.000 25.000 1.000 276.000

20.000 12.500 2.000 264.000

40.000 6.250 4.000 260.250

50.000 5.000 5.000 260.000

60.000 4.167 6.000 260.167

80.000 3.125 8.000 261.125

100.000 2.500 10.000 262.500

250.000 1.000 25.000 276.000

Nota-se pela tabela, que o ponto mínimo não é destacado. Realmente entre comprar
40.000, 50.000 ou 60.000 unidades de cada vez, a diferença não vai além de R$250,00 em
R$260.000,00, ou seja, menos de 0,1 %, daí se pode concluir que não devemos pensar em Lote
Econômico e sim em Faixa Econômica de Compra.

Restrições ao “Lote Econômico de Compra “.

1. Espaço de Armazenagem - uma empresa que passa a adotar o método em seus


estoques, pode deparar-se com o problema de falta de espaço, pois, às vezes, os lotes de compra
recomendados pelo sistema não coincidem coma capacidade de armazenagem do almoxarifado .
2. Variações do Preço de Material - Em economias inflacionarias, calcular e adquirir a
quantidade ideal ou econômica de compra, com base nos preços atuais para suprir o dia de

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 45
amanhã, implicaria, de certa forma, refazer os cálculos tantas vezes quantas fossem as alterações
de preços sofridas pelo material ao longo do período, o que não se verifica , com constância, nos
países de economia relativamente estável, onde o preço permanece estacionário por períodos
mais longos.
3. Dificuldade de Aplicação - Esta dificuldade decorre, em grande parte, da falta de
registros ou da dificuldade de levantamento dos dados de custos. Entretanto, com referência a
este aspecto, erros, por maiores que sejam, na apuração destes custos não afetam de forma
significativa o resultado ou a solução final. São poucos sensíveis à alterações razoáveis nos
fatores de custo considerados. Estes são, portanto, sempre de precisão relativa.
4. Natureza do Material - Pode vir a se constituir em fator de dificuldade. O material
poderá tornar-se obsoleto ou deteriorar-se.
5. Natureza de Consumo - A aplicação do lote econômico de compra, pressupõe, em
regra, um tipo, de demanda regular e constante, com distribuição uniforme. Como isto nem
sempre ocorre com relação à boa parte dos itens, é possível que não consigamos resultados
satisfatórios ou esperados com os materiais cujo consumo seja de ordem aleatória e descontínua.
Podemos, nestas circunstâncias, obter uma quantidade pequena que inviabilize a sua utilização.

Exercícios:

1. Suponhamos que um item de material apresenta demanda anual de 1.080 unidades e seu preço
unitário é de R$2,00. A empresa em questão trabalha com um custo de compra na ordem de
R$200,00 e com taxa de armazenagem em torno de 30%. Calcule o valor do Custo Total,
considerando que as compras podem ser feitas: anual; semestral; quadrimestral; trimestral;
bimestral; c/ 45 dias; mensal; quinzenal e semanal.
2. Serão compradas durante um ano 2.000 unidades de uma peça. O Custo do pedido é de
R$50,00, e o custo de armazenagem é de 10%, o preço de compra é de R$3,00. Qual será o
custo total se as peças forem compradas em lotes de 200; 500; 1.000 e 2.000unidades?
3. Uma empresa que compra matéria-prima cinco vezes ao ano; o custo total anual de pedidos é
de R$6.250,00. Qual o custo de pedido?
4. Calcule o Lote Econômico e Freqüência Econômica.
Dados: Demanda Anual = 1.080 unidades
Custo de Aquisição = R$2,00

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Preço Unitário = R$200,00
Custo de Posse = 30%

12.5 - DETERMINAÇÃO DA FREQUÊNCIA DE COMPRA EM FUNÇÃO DA


DEMANDA ANUAL.

O que se busca é uma forma de determinar o período N de ressuprimento que não provém
do período ótimo, mas que venha facilitar e simplificar os cálculos necessários à sua
determinação sem que haja diferenças de custo significativas. Este método é desenvolvido a
partir do conhecimento da demanda valorizada DAV, resultante do produto da demanda anual
pelo preço unitário do material, de modo que, ao invés de determinarmos a freqüência
econômica de compra de cada um dos itens do estoque, o que resulta em cálculos laboriosos,
determinamos a periodicidade comum a determinados limites ou faixas de DAV’s, onde estão
compreendidos diversos itens de material, a partir de uma freqüência - base arbitrada.
Através de estudos desenvolvidos, determinou-se que as freqüências que permitem uma faixa de erro não
superior a 5%, que é o percentual aceitável, em relação ao custo total ótimo de cada um dos itens compreendidos
são:

Número de Compras Freqüência de Compra

1 anual

2 semestral

3 quadrimestral

6 bimestral

12 mensal

22 a cada 16 dias

De posse destas freqüências, podemos, estabelecer as faixas das demandas valorizadas e


limitadas por uma a uma destas periodicidades, a partir da fórmula:
DAV = ( 2A / I ) x Nsup x N inf

 DAV = Demanda anual valorizada ( D x P );

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A = Custo Unitário de Compra;
I = Taxa de Estocagem;
Nsup = Freqüência Superior;
Ninf = Freqüência Inferior.
Exemplo:
Dados: A = R$200,00; I = 30% ; N = Freqüências preestabelecidas;
D = 1080 unidades e P = R$2,00

 2A / I = 2 x 200 / 0,30 = 1.333,33, assim:

a. DAV22 = 1.333,33 x 22 x 12 = 352.000,00

b. DAV12 = 1.333,33 x 12 x 12 = 192.000,00

c. DAV6 = 1.333,33 x 12 x 6 = 96.000,00

d. DAV3 = 1.333,33 x 6 x 3 = 24.000,00

e. DAV2 = 1.333,33 x 3 x 2 = 8.000,00

f. DAV1 = 1.333,33 x 2 x 1 = 2.667,00

Conclusão:

Limites das Demandas Anuais Valorizadas Modalidades de Compra

Até R$ 2.667,00 anual

De R$ 2.667,00 a R$ 8.000,00 semestral

De R$ 8.000,00 a R$ 24.000,00 quadrimestral

De R$ 24.000,00 a R$ 96.800,00 bimestral

De R$ 96.800,00 a R$ 352.000,00 mensal

Acima de R$ 352.000,00 a cada 16 dias

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13. MATERIAIS A SE ADMINISTRAR

13.1 - Classificação de Acordo com a Utilização:

a. Materiais Diretos ou Produtivos

Entende-se por materiais diretos aqueles que normalmente são incorporados ao produto e
que chegam às mãos do consumidor. Exemplificando, no caso de aparelhos eletrodomésticos
temos como materiais produtivos, embalagem; fios; ânodos (que dão origem as peças cromadas);
borrachas etc.
São estes materiais que mais preocupam a direção de uma empresa, uma vez que
devido ao seu grande volume, correspondem a um grande valor em termos de capital investido.

b. Materiais Indiretos ou Improdutivos

São aqueles materiais que não saem com o produto, mas que colaboram para a obtenção
dos mesmos. Utilizando o mesmo exemplo dos eletrodomésticos, temos como materiais
indiretos, a areia da fundição; refratários dos fornos; rebolos; ferramentas de corte; catalisadores
de cromação; equipamentos de polimento etc.

13.2 - Classificação de Acordo c/ o Reaprovisionamento:

a. Materiais de Estoque

São materiais que, pela sua continuidade de uso são mantidos em estoque e, como tal,
controlados e codificados. Para estes materiais deve existir um sistema automático de
reaprovisionamento que determine quando e quanto comprar. Este sistema é o de Ponto de
Pedido e Lote Econômico.

b. Materiais de Débito Direto

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São materiais de uso eventual e comprados de acordo com a necessidade de determinado
setor da produção. Não são controlados através de fichas de estoque. As compras de materiais de
débito direto são feitas de acordo com as necessidades do setor interessado. Caso haja sobras de
materiais, eventualmente, poderão ser guardados no almoxarifado, sem que isto os caracterize
como materiais de estoque.

13.3 - Classificação de Acordo com o Valor ( ABC )

O objetivo do método é identificar os itens mais significativos para a gestão financeira e,


a partir desta constatação imprimir um gerenciamento por exceção, que consiste, basicamente,
na realização de medidas e controles mais apurados e constantes sobre poucos itens, ao invés da
administração preocupar-se, da mesma forma e na mesma medida, com todo o conjunto do
inventário. O método permite a introdução de tratamentos diferenciados para cada item ou
grupo de materiais, quanto a natureza e extensão dos controles necessários.
Através de estudos em diversas empresas, nas quais se analisou o valor dos diversos
componentes de um estoque, chegou-se à conclusão de que o mesmo pode ser dividido em três
grupos, denominados A, B e C e que apresentaram aproximadamente os seguintes percentuais:

Grupo Itens Valor do Estoque


A 10 % 70 %
B 30 % 20%
C 60 % 10%

Em resumo a Classificação ABC nos dá uma medida da importância que cada


componente tem no estoque. Ajuda a classificar o mais importante em primeiro lugar e a ter o
máximo de controle com uma quantidade mínima de controle.

Portanto:

- Grupo A = contém poucos itens que correspondem aos maiores valores em


estoque;
- Grupo B = são os de importância secundária;

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- Grupo C = são os itens mais numerosos, mais baratos e representam a menor
parte do investimento.

Para se obter a Classificação ABC de um estoque deve-se:

1. Escolher os itens que farão parte da amostra a ser analisada ( Esta amostra deverá ser
significativa, quando a classificação não se dá através da análise de todo estoque ).
2. Multiplicar o custo unitário pelo consumo ou demanda no período ( anual ou mensal ), de
cada item;
3. Ordenar, em ordem decrescente, o consumo valorizado;
4. Colocar de maneira ordenada o valor do consumo valorizado acumulado;
5. Determinar as percentagens com relação ao valor total;
6. Determinar as percentagens de cada item, com relação ao total ( visa auxiliar na determinação
ABC );
7. Determinar os itens A; B e C.

Este procedimento pode ser mais facilmente entendido através do seguinte exemplo:

- Uma empresa possui dez itens em estoque.


- Classificar em A, B e C os itens L1 a L10.

TABELA INICIAL

Material R$ Unitário Consumo Anual R$ Consumo


L1 25,00 200 5.000,00
L2 16,00 5.000 80.000,00
L3 50,00 10 500,00
L4 100,00 100 1.000,00
L5 0,15 200.000 30.000,00
L6 0,01 100.000 1.000,00
L7 8,00 1.000 8.000,00
L8 2,00 20.000 40.000,00
L9 70,00 10 700,00
L10 5,00 60 300,00

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TABELA ORGANIZADA POR VALOR DE CONSUMO:

Material Valor Consumo Valor % s/ Acumulado % de cada


Acumulado Total Material
L2 80.000 80.000 45,58 45,58

L8 40.000 120.000 68,31 22,73

L5 30.000 150.000 85,47 17,16

L4 10.000 160.000 91,16 5,69

L7 8.000 168.000 95,72 4,56

L1 5.000 173.000 98,57 2,85

L6 1.000 173.000 99,14 0,57

L9 700 174.700 99,54 0,40

L3 500 175.200 99,82 0,28

L10 300 175.500 100,00 0,18

Em função dos percentuais obtidos, classificamos como:

. Classe A, os itens L2; L8 e L5, onde:


30% dos itens = 85,47% do valor de estoque.

. Classe B, os itens L4; L7 e L1, onde:


30% dos itens = 13,10% do valor de estoque.

. Classe C, os itens L6; L9; L3 e L10, onde:


40% dos itens = 1,43% do valor de estoque.

Evidentemente que nos casos reais onde o número de itens é muito maior, este
procedimento seria antieconômico devido ao grande número de operações matemáticas a se
executar, salvo, evidentemente, se pudermos utilizar o processamento de dados. O procedimento
mais aconselhável é de se classificar os itens segundo uma amostragem daqueles mais

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significativos ( quer seja quanto ao valor unitário, quer seja quanto ao consumo ). Efetua-se,
entretanto, uma curva, não para percentagens acumuladas, mas para percentagens diretas com
relação ao valor total do consumo, neste caso, consumo de todos os itens existentes em estoque e
não somente sobre o consumo da amostragem.
Assim, se considerarmos que os itens L1 a L10, representam a amostra do total dos itens
e, o valor total do consumo seja igual a R$250.000,00, estabelecer os novos percentuais para
todo o estoque:
Material Valor Consumo % item

L2 80.000 32,00
L8 40.000 16,00
L5 30.000 12,00
L4 10.000 4,00
L7 8.000 3,20
L1 5.000 2,00
L6 1.000 0,40
L9 700 0,28
L3 500 0,20
L10 300 0,12
Ln 250.000 100,00

Assim, para sabermos qual a classe a que um determinado item pertence, determina-se qual o
valor do consumo e a percentagem com relação ao valor total. Depois compara-se com os
percentuais abaixo e se classifica o item em A; B ou C.

- Classe A = de 12,00% acima.


- Classe B = de 2,00 % a 11,99%.
- Classe C = abaixo de 2,00%.

Exercício:

a. Item L20
b. Valor unitário = R$5,00
c. Consumo Anual = 10.000
d. Valor do Consumo = R$50.000,00
e. % com relação ao total do consumo = 20%
- O item L20 é um item de Classe A. ( maior que 12% )

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Observação Prática:

A Classificação ABC baseia-se friamente em percentuais. Entretanto, é comum


encontrar-se alguns itens cujo valor relativo se situaria numa classe B ou C, mas que se deseja,
por outros motivos, aplicar-lhes um controle mais rigoroso. Podemos ter peças de grande valor
unitário, de difícil aquisição, propenso a roubo ou então são itens de grande volume ou alta
deteriorabilidade.
Assim sendo, nada impede que esses itens sejam “promovidos” de sua classificação
automática e trazida à Classe A, onde se sabe, de antemão que o controle será justificadamente
mais atento e a quantidade em estoque mantida número menor.

Vantagens do Método ABC:

- Diminui o investimento em estoques;


- Baixa o Custo de Aquisição, porque a concorrência, a emissão de pedidos, a recepção e a
conferência das matérias-primas passam a ser feitas sobre lotes maiores para as categorias B e C;
- Reduz o número de Notas Fiscais, com a conseqüente diminuição do número de lançamentos
nos livros e fichários e simplifica o controle de faturas.
- Redução de outros gastos relacionados com a movimentação de materiais ( mão-de-obra;
controles administrativos, transporte etc. )

14. ESTOQUE DE SEGURANÇA

A quantidade do estoque de segurança pode ser determinada de várias formas. O


fundamental no dimensionamento deste nível é evitar mobilizações financeiras excessivas que
influam negativamente no grau de comprometimento do capital e não contribuam para a
elevação dos estoques.
No cálculo do tamanho do estoque reserva, devemos procurar utilizar critérios que levem
em conta fatores que possam exercer influência na determinação desta quantidade, de forma a
manter em equilíbrio o capital e as exigências do consumo. Vão desde os intuitivos até os que
utilizam formulações estatísticas mais elaboradas. Seja qual for o método escolhido, o que todos
procuram é reduzir as possibilidades de ruptura de estoque.

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O problema, na determinação do nível de segurança, é, portanto, minimizar o risco de
ficar sem material antes que a encomenda dê entrada no almoxarifado, associado aos menores
custos. Na verdade, seja qual for o critério adotado, todos, de certa forma, e com as suas
respectivas percentagens de risco, suprem esta exigência. Evidentemente, quanto mais técnico e
criterioso for o método, menores serão os investimentos, as imobilizações e a probabilidade de
ruptura, o que não quer dizer, todavia, que ela não possa ocorrer. Existem, até, itens de material
que, dada a sua pouca expressão financeira em relação ao inventário e ao seu baixo ou nulo custo
de ruptura ( ou de falta ), podem ter os seus estoques dimensionados sem a utilização do nível de
segurança.
O risco, portanto, de falta estará sempre presente em qualquer estoque, por mais preciso
ou elaborado que seja o método empregado, pois todos nada mais conseguem do que uma
simulação aproximada da realidade, isto é, determinam a probabilidade do evento ocorrer ou a
probalidade dele não se verificar. Entretanto, este risco será tanto maior quanto menor for o
estoque de proteção ou quanto mais longo for o intervalo de ressuprimento, conforme veremos
mais adiante, quando discorrermos sobre o sistema de ressuprimento pelo método de revisões
periódicas.

- MODELOS DE CÁLCULO PARA O ESTOQUE MÍNIMO.

a. Fórmula simples: EMn = C x K

EMn = Estoque Mínimo


C = Consumo médio mensal
K = Fator de segurança arbitrário com o qual se deseja garantia contra um risco de
ruptura.
O fator K, como foi dito, é arbitrário, ele é proporcional ao grau de atendimento desejado
para o item. Por exemplo: se quisermos que determinada peça tenha um grau de atendimento de
90%, ou seja, queremos uma garantia de que somente em 10% das vezes o estoque desta peça
esteja a zero; sabendo que o consumo mensal de 60 un. o estoque mínimo será:

EMn = 60 x 0,9 ou EMn = 54 un.

* Esta fórmula é muito simplista, não contendo precisões matemáticas.

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b. Método da Raiz Quadrada

Chamamos de Tempo de Reposição ao intervalo de tempo, desde a emissão de um pedido de


compra até a chegada do material no almoxarifado, ou seja, é o prazo de entrega do fornecedor.
Este método considera o tempo de reposição não variando mais do que a raiz quadrada
do seu valor. Porém, ele só deve ser usado se:
• o consumo durante o tempo de reposição for pequeno, menor do que 20 unidades;
• o consumo do material for irregular;
• a quantidade requisitada ao almoxarifado seja igual a 1

Usando o mesmo exemplo citado em a e com um tempo de reposição ( TR ) de 90 dias, teremos:

EMn = C x TR EMn =  60 x 3 EMn =  180 EMn =


14 un.

c. Método da Percentagem de Consumo

Este método considera os consumos passados, que são medidos em um gráfico de distribuição
cumulativa da seguinte maneira. Suponhamos que o consumo diário do ano anterior de
determinado material tenha sido de 90, 80, 70, 65, 60, 50, 40, 30, 20 unidades e o número de
dias em que ocorreu esse consumo foi: 4, 8, 12, 28, 49, 80, 110, 44 e 30 respectivamente. Com
esses dados construímos a tabela a seguir e podemos determinar que o consumo médio é de 46
unidades por dia. Um consumo de 70 unidades por dia só ocorrerá em aproximadamente 10%
das vezes. Considerando este número de peças como o consumo máximo, o estoque seria:

EMn = ( Cmax - Cmédio ) x TR

Se o TR for de 10 dias, o estoque mínimo para este caso será:

Emn = ( 70 - 46 ) x 10
Emn = 24 x 10
Emn = 240

Obs.: este método só poderá ser aplicado quando o TR não for variável.

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Tabela:
1 2 3 4 5
Consumo Nº de dias em que o Produto= 1 x 2 Acumulado % da acumulação
Diário consumo ocorreu
90 4 360 360 2,12

80 8 640 1000 5,91

70 12 840 1840 10,87

65 28 1820 3660 21,63

60 49 2940 6600 39,00

50 80 4000 10600 62,64

40 110 4400 15000 88,65

30 44 1320 16320 96,45

20 30 600 16920 100,00

Total 365 16920 46 un / dia

15. AVALIAÇÃO DOS ESTOQUES

Introdução

Todas as formas de registro de estoque, sejam manuais ou por computador, objetivam


controlar a quantidade de materiais em estoque, tanto o volume físico quanto o financeiro.
Contudo, a avaliação de estoque anual deverá ser realizada em termos de preço, para pro-
porcionar uma avaliação exata do material e informações financeiras atualizadas. A avaliação
dos estoques inclui o valor das mercadorias e dos produtos em fabricação ou produtos acabados.
Para se fazer uma avaliação desse material, tomamos por base o preço de custo ou de mercado,
preferindo-se o menor entre os dois. O preço de mercado é aquele pelo qual a matéria-prima é
comprada e consta da nota fiscal do fornecedor. No caso de materiais de fabricação da própria
empresa, o preço de custo será aquele da fabricação do produto.
Podemos realizar uma avaliação dos estoques através de quatro métodos:

 Custo médio

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A avaliação feita através do custo médio é a mais freqüente. Tem por base o preço de todas
as retiradas, ao preço médio do suprimento total do item em estoque. Age como um
estabilizador, pois equilibra as flutuações de preços, contudo, a longo prazo, reflete os custos
reais das compras de material. Analisando a ficha que segue e com a ajuda do exemplo, vamos
compreender melhor uma avaliação do custo médio.

Exemplo: no estoque de uma empresa entraram, em 7/5/00, 500 unidades de determinada


peça ao preço de R$ 15 cada um e no dia 23/6/00 saíram de estoque 150 unidades. Com a
aquisição de 500 unidades a R$ 15, totalizando R$ 7.500, o preço médio é o próprio preço
unitário da primeira aquisição. Com a compra de mais 200 unidades a vinte reais (R$ 20) cada
uma, que totalizam R$ 4.000, ficam 700 unidades em estoque, no valor de R$ 11.500. Como
existiram duas entradas de material no estoque com preços unitários diferentes. o custo médio
vai alterar-se, senão vejamos: através da média aritmética obtemos uma medida central (média)
do custo das quantidades adquiridas. Como houve a saída de 150 unidades, o preço médio é
aquele da última aquisição, ou seja, R$ 16,43. Os dados correspondentes se encontram na Tabela
a seguir:

Tabela - Movimento de estoques e cálculo do custo médio.

ENTRADAS SAÍDAS SALDOS

Dia NF Qte. R$ un. Total Qte. R$ un. Total Qte. Total Médio

7/8 001 500 15 7.500 500 7.500 15

8/8 002 200 20 4.000 700 11.500 16,43

23/9 150 16,43 2.464,50 550 9.035,50 16,43

Simplificando o que foi dito, vejamos a fórmula a seguir:


Xm =  (Y) / N Xm= média aritmética (custo médio) Para este caso temos:
X = somatório em cruzeiros  (Y) = 11.500
N = quantidade de material N = 700
X m = 11.500 / 700 = R$16,43
 Avaliação pelo método PEPS (FIFO)
Primeiro a entrar, Primeiro a sair (First in, First out). A avaliação por este método é feita
pela ordem cronológica das entradas. Sai o material que primeiro integrou o estoque, sendo

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substituído pela mesma ordem cronológica em que foi recebido, devendo seu custo real ser
aplicado. Não basta esta forma de avaliação, apesar de sua praticabilidade. Quando o giro dos
estoques ocorre de maneira rápida ou quando as oscilações normais nos custos podem ser
absorvidas no preço do produto, ou quando se dispõe de material que esteja mantido por longo
prazo, esse tipo de avaliação serve também para substituir os estoques. Conseqüentemente, os
estoques são mantidos em contas do ativo, com valores aproximados dos preços atuais de mer-
cado. Exemplo: numa empresa entraram em estoque, no dia 6/5/00, 100 unidades de
determinada peça, ao preço de R$ 15 cada uma; no dia 7/5/00 entraram mais 150 unidades a R$
20 cada uma, no dia 8/5/00 saíram de estoque 150 unidades.

Movimento de estoques e cálculo do custo pelo método PEPS.

ENTRADAS SAÍDAS SALDOS

Dia NF Qte. R$ un. Total Qte. R$ un. Total Qte. Total Médio

6/5 001 100 15 1.500 100 1.500 15

7/5 002 150 20 3.000 150 3.000 20

250 4.500 -

8/5 100 15 1.500 - - -

50 20 1.000 100 2.000 20

Através do problema dado, podemos verificar como se lançam na ficha do estoque as


quantidades de material e seus respectivos valores. A primeira entrada em 6/5/00 foi de 100
unidades ao preço unitário de R$ 15, totalizando um mil e quinhentos reais (R$ 1.500), o saldo é
o mesmo da primeira entrada. Com a entrada do dia 7/5/00 de mais 150 unidades ao preço
unitário de R$ 20 num total de três mil reais (R$ 3.000), o saldo foi para 250 unidades,
correspondendo a R$ 4.500. Com a saída do dia 8/5/00 de 150 unidades e como só entraram 100
unidades na primeira operação, damos saída a essas 100 unidades ao preço unitário de R$ 15 e
como faltam 50 unidades para completar a requisição das 150 unidades, damos saída a 50
unidades ao preço unitário de R$ 20, ficando com um saldo de 100 unidades no valor total de R$
2.000 no dia 8/5/00. A Tabela anterior sintetiza esse exemplo.

 Avaliação pelo método UEPS (LIFO)

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Último a entrar, Primeiro a sair (Last in, First out.). Este método de avaliação considera
como devendo em primeiro lugar sair as últimas peças que deram entrada no estoque, o que faz
com que o saldo seja avaliado ao preço das últimas entradas. É o método mais adequado a
períodos inflacionários, pois uniformiza o preço dos produtos em estoque para venda no
mercado consumidor. Baseia-se teoricamente na premissa de que o estoque de reserva é
economicamente o equivalente ao ativo fixo. O emprego desse método pela administração de
material, por certo período de tempo, tende a estabilizar o estoque, enquanto é avaliada a
utilização corrente do mesmo, também em função dos preços a fim de que sejam refletidos os
valores e custos do mercado. O quadro e o exemplo a seguir, ajudam na análise do método
UEPS. Exemplo: em uma empresa entraram em estoque, no dia 2/3/00, 150 unidades de
determinada peça ao preço unitário de R$ 15 cada uma; no dia 3/3/00 entraram mais 100
unidades a R$ 20 cada uma, e saíram do estoque, no dia 5/3/00, 150 unidades.

 Movimento de estoques e cálculo do custo médio pelo método UEPS.

ENTRADAS SAÍDAS SALDOS

Dia NF Qte. R$ Total Qte. R$ un. Total Qte. Total Médio


un.
2/3 001 150 15 2.250 150 2.250 15
3/3 004 100 20 2.000 100 2.000 20
250 4.250 -
5/3 100 20 2.000 - - -
50 15 750 100 1.500 15

Através do exemplo dado, podemos verificar como se realiza o lançamento de entradas e


saídas, considerando que o último material que entra no estoque é o primeiro a sair. Senão
vejamos: em 2/3 tivemos a primeira entrada de material no estoque de 150 unidades a R$ 15.
que totalizam R$ 2.250; logo, o saldo é essa mesma entrada. Em 3/3/00 houve outra entrada de
material de 100 unidades a R$ 20 cada uma, totalizando R$ 2.000; nosso saldo é agora 250
unidades, num total de R$ 4.250. Em 5/3/00 houve uma saída do estoque de 150 unidades.
Como a última entrada foi apenas de 100 unidades, damos saída a essa última entrada ao preço
unitário de R$ 20; como ainda faltam 50 unidades, a saída é feita pelo preço unitário da
penúltima entrada, ou seja, 50 unidades a R$ 15 cada uma, num total de R$ 750. Ficamos com
um saldo, em 5/3/00, de 100 unidades no valor de um mil e quinhentos reais (R$ 1.500). Este
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método não é permitido pela Legislação Tributária do Brasil; a título de exemplo, todavia,
encontra-se na Tabela anterior.

 Avaliação pelo custo de reposição


A avaliação pelo custo de reposição tem por base a elevação dos custos a curto prazo em
relação à inflação decorrente. Através de um exemplo prático, vamos demonstrar como esse
método é utilizado. Exemplo: uma empresa tem um estoque de 400 unidades ao preço unitário
de R$ 25; contudo, espera-se para os próximos três meses uma alta de preços do mercado de
15%. Logo, para os próximos três meses será feito um ajuste de R$ 3,75 no custo unitário de re-
posição, passando este para R$ 28,75. Equacionando, temos:

Custo de Reposição (CR) = Preço Unitário (PU) + Acréscimo do Custo de Reposição.


PU = R$ 25
% = 0,15

Percentual do custo de reposição (CR)


% CR = 25 x 0,15 % CR = 3,75

CR = PU + % CR
CR = R$ 25 + Cr$ 3,75 CR = RS 28,75, que é o preço unitário de reposição.

 Estudo comparativo
Seja qual for o método utilizado, seja ele o PEPS, o UEPS ou qualquer outro, seu emprego
está condicionado ao tipo de empresa, porque a avaliação do estoque final influi diretamente no
custo dos bens vendidos ou das matérias-primas utilizadas na produção. Qualquer variação no
valor do estoque repercute de imediato nos custos operacionais e conseqüentemente no lucro.
Vamos ilustrar e comparar os dois métodos de avaliação normalmente usados e admitidos pela
legislação fiscal (custo médio e PEPS) mediante preenchimento de fichas de estoque.
Utilizaremos os mesmos dados para ambos os exemplos, a fim de propiciar uma melhor
comparação dos efeitos da aplicação de ambas as técnicas.
No exemplo da Tabela 1, constata-se que em cada entrada no estoque (compra) foi ajustado
o custo médio, mediante o cálculo da média ponderada, baseado no saldo físico, no custo médio
anterior e na quantidade e preço unitário registrado pela entrada. Para o cálculo da média
ponderada, na prática, basta que após o ajuste do saldo físico e monetário, mediante adição da

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quantidade e valor total da entrada aos respectivos saldos anteriores, se divida o valor do estoque
pelo numero de unidades existentes.
No segundo exemplo, reproduzido na Tabela 2, para facilitar a compreensão, foram
desdobrados os lançamentos (saídas e saldos) baseados em preços unitários diferentes, visto que
as saídas devem ser valorizadas pelo preço mais antigo. Em ambos os exemplos consideramos
que a quantidade inventariada "bateu" como saldo da ficha.

Tabela 1 - Custo Médio

2000 ENTRADAS SAÍDAS SALDOS

Data Histórico Qte. R$ un. Total Qte. R$ médio Total R$ Qte. Total Médio
R$

02/01 Est. inicio 10 12,00 120,00 10 12,00 120,00

30/01 Venda 5 12,00 60,00 5 12,00 60,00

30/03 Compra 10 15,00 150,00 15 14,00 210,00

30/05 Venda 10 14,00 140,00 5 14,00 70,00

30/06 Compra 20 18,00 360,00 25 17,20 430,00

30/09 Venda 15 17,20 258,00 10 17,20 172,00

30/10 Compra 10 21,00 210,00 20 19,10 382,00

30/11 Venda 15 19,10 286,50 5 19,10 95,50

31/12 Mov. ano 50 - 840,00 45 744,50 5 19,10 95,50

Tabela 2 - PEPS ou FIFO

2000 ENTRADAS SAÍDAS SALDOS

Data Histórico Qte. R$ unit. Total Qte. R$ unit. Total Qte. R$ unit. R$ total

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02/01 Est. inicio 10 12,00 120,00 10 12,00 120,00

30/01 Venda 5 12,00 60,00 5 12,00 60,00

30/03 Compra 10 15,00 150,00 5 12,00 60,00

10 15,00 150,00

30/05 Venda 5 12,00 60,00

5 15,00 75,00 5 15,00 75,00

30/06 Compra 20 18,00 360,00 5 15,00 75,00

20 18,00 360,00

30/09 Venda 5 15,00 75,00

10 18,00 180,00 10 18,00 180,00

30/10 Compra 10 21,00 210,00 10 18,00 180,00

10 21,00 210,00

30/11 Venda 10 18,00 180,00

5 21,00 105,00 5 21,00 105,00

31/12 Mov. ano 50 - 840,00 45 - 735,00 5 21,00 105,00

Comparando os dois exemplos observamos que o mesmo movimento de estoque apresentou


a seguinte variação, em função do método aplicado:
CUSTO MÉDIO PEPS
Valor do estoque final R$ 95,50 R$ 105,00
Custo dos produtos vendidos R$ 744,50 R$ 735,00

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Nota-se claramente que o método do custo médio é. mais favorável à empresa em relação ao
do PEPS porque enseja um custo operacional maior. Entretanto, ambos os métodos são lícitos e
aceitos pelo Fisco.
Vejamos agora uma comparação entre os métodos FIFO e LIFO; iremos acrescentar outros
valores como custo do produto, preço de venda, a fim de analisar seus efeitos sobre o lucro da
empresa.

- estoque em 1º de jan. - 1 pç. a R$ 3,00


- entrada em 15 de jan. - 1 pç. a R$ 3,50
- saldo em 25 de jan. - 1 pç.
- saldo em 31 de jan. - 1 pç.

Supondo que a saída de 25 de janeiro foi entregue à produção e vendida a Cr$ 8, em 28 de


janeiro, o efeito sobre o lucro será:
Custo Saldo de Estoque Receita Margem Lucro
FIFO 3 1 x 3,50 = 3,50 8,00 5,00
LIFO 3,50 1 x 3,00 = 3,00 8,00 4,50

Pelo método FIFO, o aumento do custo da peça, causado pelo aumento de preço de R$ 0,50,
reflete um aumento no saldo final de estoque. Pelo LIFO reflete um aumento de custos dos
produtos elaborados e vendidos; logo, com uma redução no lucro.
Os defensores do método LIFO afirmam que ele fornece uma informação de margem de
lucro mais realista, e certos empresários alegam que o lucro disponível é de R$ 4,50, porque,
para seguir operando, custará R$ 3,50 para comprar a peça consumida. Se os R$ 5,00 de lucro
fossem utilizados para outros fins, a empresa teria apenas R$ 3,00 para adquirir a peça que já
custa R$ 3,50. A diferença de R$ 0,50, entre os resultados FIFO e LIFO, é denominada "lucro
no papel", que não é realmente realizado e, logo, não deveria ser reconhecido como lucro.
Em épocas inflacionárias existe uma pressão de aumento nas taxas de juros, aumentos
salariais e uma tentativa de redução nos preços dos produtos acabados a fim de manter um nível
de vendas adequado. A redução da taxa de lucro pelo LIFO, comparada com o FIFO, em uma
situação inflacionária, significa uma renda tributável mais baixa. O uso do método LIFO pode
levar a transferência aos clientes dos custos inflacionários de matéria-prima, quando os preços de
venda forem sensíveis aos custos de produção.

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QUESTÕES E EXERCÍCIOS
1. Qual é o método de custeio de estoque em que as saídas de material durante um período são
custeadas ao último custo de compra?
2. Que método, durante períodos inflacionados, apresenta dados numéricos mais realistas?
3. Qual o método em que o novo custo unitário é determinado depois de cada compra?
4. Em que método as saídas de material durante um período são custeadas ao preço unitário da
média ponderada do fim do período precedente?
5. Em quais métodos ocorre uma relação entre os preços de compra menores e menor lucro
demonstrado?
6. Em que situações se recomendaria o custeio pelo método UEPS e PEPS?
7. A fábrica de televisores Boa Imagem consome a matéria-prima X no seu produto acabado. A
ficha abaixo mostra a movimentação do material X.

QUANTIDADES VALOR
Data Entradas Saídas Saldo Preço Unit. Entradas Saídas Saldo
01/01 - - 100 1,50 150,00
24/01 300 400 1,56 468,00
08/02 80 320
16/03 140 180
11/06 150 330 1,60 240,00
18/08 130 200
06/09 110 90
15/10 150 240 1,70 255,00
29/12 140 100

a) Qual seria o saldo de estoque final em cruzeiros do material X pelo método UEPS, PEPS e
custo médio?

16. NOÇÕES FUNDAMENTAIS DE COMPRAS

"A arte de comprar está se tornando cada vez mais uma profissão e cada vez menos um jogo
de sorte".

"Em muitos casos não e o custo que determina o preço de venda, mas o inverso. O preço de
venda necessário determina qual deve ser o custo. Qualquer economia, resultando em redução
de custo de compra, que é uma parte de despesa de operação de uma industria, é

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100% lucro. Os lucros das compras são líquidos"

HENRY FORD

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Embora todos saibamos comprar, em função do cotidiano de nossas vidas, é


imprescindível a conceituação da atividade, que significa procurar e providenciar a entrega de
materiais, na qualidade especificada e no prazo necessário, a um preço justo, para o
funcionamento, a manutenção ou a ampliação da empresa.

CONCEITO

- É a função responsável pela obtenção do material no mercado fornecedor, interno ou


externo, através da mais correta tradução das necessidades em termos de fornecedor /
requisitante.
- É a unidade organizacional que, agindo em nome das atividades requisitantes, compra o
material certo1, ao preço certo2, na hora certa3, na quantidade certa4 e da fonte certa5.

- 1 Material Certo
É importante que o comprador esteja em situação de certificar-se se o material comprado, de
um fornecedor está de acordo com o solicitado. O comprador deve, portanto, desenvolver um
"sentido técnico a fim de descobrir eventuais discrepâncias entre a cotações de um fornecedor e
as especificações da Requisição de Compras. O comprador deve ter condições de reconhecer, em
uma eventual alternativa de cotação, uma economia do custo potencial ou a idéia de melhoria do
produto. Evidentemente, em tais circunstancias, a decisão final não será do comprador mas ele
deve ter habilidade para encaminhar aos setores requisitantes ou técnicos da empresa essas
sugestões. Toda vez que uma requisição não for suficientemente clara, o comprador deverá
solicitar esclarecimentos ou, se for o caso, devolvê-la a fim de que seja preenchida corretamente
e de maneira que transmita exatamente o que se deseja adquirir.
Em hipótese alguma o comprador deve der inicio a um processo de compras, sem ter idéia
exata de que quer comprar. Objetivando um melhor conhecimento do que vai comprar, o
comprador, sempre que possível, deverá entrar em contato cem os setores que utilizam ou que
vão utilizar o material ou serviço a ser adquirido, de maneira e se inteirar de todos os problemas

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e dificuldades que poderão ocorrer ou ocorrem quando da utilização do item requisitado.
Em resumo: cada vez mais, hoje em dia, o comprador deve ser um técnico.

- 2 Preço Certo
Nas grandes empresas, subordinado a Compras. existe o Setor de Pesquisa e Análise de
Compras. Sua função é, entre outras, a de calcular o "preço objetivo" do item (com base em
desenhos e especificações) . O cálculo desse "preço objetivo" é feito baseando-se no tempo de
execução do item, na mão de obra direta, no custo da matéria prima com mão de obra média no
mercado; a este valor deve-se acrescentar um valor, pré-calculado, de mão de obra indireta. Ao
valor encontrado deve-se somar o lucro. Todos estes valores podem ser obtidos através de
valores médios do mercado, e do balanço e demonstrações de lucros e perdas dos diversos
fornecedores.
O "preço objetivo" é que vai servir de orientação ao comprador quando de uma
concorrência. No julgamento da concorrência duas são as possíveis situações:

a) Preço muito mais alto do que o "preço objetivo":


Nessas circunstâncias, eventualmente, o comprador poderá chamar o fornecedor e solicitar
esclarecimentos ou uma justifica tive do preço. O fornecedor ou está querendo ter um lucro
excessivo, ou possui sistemas onerosos de fabricação ou um mau sistema de apropriação de
custos;

b) Preço muito mais baixo que o "preço objetivo":


O menor preço não significa hoje em dia, o melhor negócio. Se o preço do fornecedor for
muito mais baixo, dois podem ser os motivos:
1) O fornecedor desenvolveu uma técnica de fabricação tal que conseguiu diminuir seus
custos;
2) O fornecedor não soube calcular os seus custos e nessas circunstancias dois problemas
podem ocorrer: ou ele não descobre os seus erros e fatalmente entrara em dificuldades
financeiras com possibilidades de interromper seu fornecimento, ou descobre o erro e então
solicita um reajuste de preço que, na maioria das vezes, poderá ser maior que o segundo preço na
concorrência original.
Portanto, se o preço for muito mais baixo que o preço objetivo, o fornecedor deve ser
chamado, a fim de prestar esclarecimentos.
Deve-se sempre partir do princípio fundamental de que toda empresa deve ter lucro,

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evidentemente um lucro comedido, e que, portanto, não nos interessa que qualquer fornecedor
tenha prejuízos.
Se a empresa não tiver condições de determinar esse preço objetivo, polo menos, o
comprador deve abrir a concorrência tendo uma idéia de que vai encontrar pele frente. Nessas
circunstâncias, ele deve tomar como base ou o último preço, ou, se o item for um item novo,
deverá fazer uma pesquisa preliminar de preços.

Em resumo: nunca o comprador deve dar início a uma concorrência, sem ter uma idéia do
que vai receber como propostas.

- 3 Hora.Certa
O desenvolvimento industrial atual e o aumente cada vez maior do numero de empresas de
produção em série, torna o tempo de entrega, ou os prazos de entrega, um dos fatores mais
importantes no julgamento de uma concorrência. As diversas flutuações de preços do mercado e
o perigo de estoques excessivos fazem cem que e comprador necessite coordenar esses dois
fatores da melhor maneira possível, a fim de adquirir na hora certa o material para a empresa.

- 4 Quantidade Certa
A quantidade a ser adquirida é cada vez mais importante por ocasião da compra. Até pouco
tempo atras aumentava-se a quantidade a ser adquirida objetivando melhorar e preço; entretanto
outros fatores como custo de armazenagem, capital investido em estoques etc., fizeram com que
maiores cuidados fossem tornados na determinação da quantidade certa ou na quantidade mais
econômica a ser adquirida. Para isso foram deduzidas fórmulas matemáticas objetivando facilitar
a determinação da quantidade a ser adquirida. Entretanto, qualquer que seja, a fórmula ou
método a ser adotado não elimina a decisão final da Gerência de Compras com eventuais
alterações destas quantidades devido as situações peculiares do mercado.

- 5 Fonte Certa
De nada adiantará ao comprador saber exatamente o material a adquirir, o preço certo, o
prazo certo e a quantidade certa, se não puder encontrar uma fonte de fornecimento que possa
agrupar todas as necessidades.
A avaliação dos fornecedores e o desenvolvimento de novas fontes de fornecimento são
fatores fundamentais para o funcionamento de compras. Devido a essas necessidades o
comprador, exceto o setor de vendas da empresa, é o elemento que mantém e deve manter o

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maior numere de contatos externos na busca cada vez mais intensa de ampliar o mercado de
fornecimento. Tão importante é este item que mais adiante vamos tratar com detalhes como
escolher e selecionar novos fornecedores.

A Função Compras é uma das engrenagem do grande conjunto denominado Sistema


Empresa ou Organização e deve ser devidamente considerado no contexto, para que deficiências
não venham a ocorrer, provocando demoras onerosas, produção ineficiente, produtos inferiores,
o não cumprimento de promessas de entregas e clientes insatisfeitos.
A competitividade no mercado, quanto a vendas, e em grande parte, assim como a obtenção
de lucros satisfatórios, devida a realização de boas compras, e para que isto ocorra é necessário
que se adquira materiais ao mais baixo custo, desde que satisfaçam as exigências de qualidade.
O custo de aquisição e o custo de manutenção dos estoques de material devem, também, ser
mantidos em um nível econômico. Essas considerações elementares são a base de toda a função
e ciência de Compras.

A função Compras compreende:


- Cadastramento de Fornecedores
- Coleta de Preços
- Definição quanto ao transporte do material
- Julgamento de Propostas
- Diligenciamento do preço, do prazo e da qualidade do material
- Recebimento e Colocação da Compra
FLUXO SINTÉTICO DE COMPRAS

Recebimento da Requisição de Compras

Escolha dos Fornecedores

Consulta aos Fornecedores

Recebimento das Propostas

Montagem do Mapa Comparativo de Preços

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Análise das propostas e escolha

Emissão do documento contratual

Diligenciamento

Recebimento

OBJETIVO DE COMPRAS

De uma maneira bastante ampla, e que demonstra que a função compras não existe somente
no momento da compra propriamente dita, mas que a mesma possui uma maior amplitude,
envolvendo a tomada de decisões, procedendo análises e, determinando ações que antecedem ao
ato final, podemos dizer que compras tem como objetivo "comprar os materiais certos, com a
qualidade exigida pelo produto, nas quantidades necessárias, no tempo requerido, nas melhores
condições de preço e na fonte certa".
Para que estes objetivos sejam atingidos, deve-se buscar alcançar as seguintes metas
fundamentais:
1 - Atender o cronograma de produção, através do fornecimento contínuo de materiais.
2 - Estocar ao mínimo, sem comprometer a segurança da produção desde que represente uma
economia para a organização.
3 - Evitar multiplicidade de itens similares, o desperdício, deterioração e obsolescência.
4 - Manter a qualidade dos materiais conforme especificações.
5 - Adquirir os materiais a baixo custo sem demérito a qualidade.
6 - Manter atualizado o cadastro de fornecedores.

TIPOS DE COMPRAS

Toda e qualquer ação de compra é precedida por um desejo de consumir algo ou investir.
Existem pois, basicamente, dois tipos de compra:
- a compra para consumo e
- a compra para investimento.

Compra para investimento:

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Enquadram-se as compras de bens e equipamentos que compõem o ativo da empresa
( Recursos Patrimoniais ).

Compras para consumo:


São de matérias primas e materiais destinados a produção, incluindo-se a parcela de material
de escritório. Algumas empresas denominam este tipo de aquisição como compras de custeio.
As compras para consumo, segundo alguns estudiosos do assunto, subdividem-se em:
- compras de materiais produtivo e
- compras de material improdutivo.

Materiais Produtivos:
São aqueles materiais que integram o produto final, portanto, neste caso, matéria-prima e
outros materiais que fazem parte do produto, sendo que estes diferem de indústria - em função
do que é produzido.

Materiais improdutivos:
São aqueles que, sendo consumido normal e rotineiramente, não integram o produto, o que
quer dizer que é apenas material de consumo forçado ou de custeio.

Em função do local onde os materiais estão sendo adquiridos, ou de suas origens, a compra
pode ser classificada como:
- Compras Locais
- No Exterior ( Importação ).
O comprador envolvido com o mercado externo necessita conhecer fluentemente o idioma
inglês, além de dominar a legislação pertinente, tanto do país importador como do exportador. O
comprador local dispensa essa característica. Portanto, os perfis são totalmente diferenciados.

Compras Locais:
As atividades de compras locais podem ser exercidas na iniciativa privada e no serviço público.
A diferença fundamental entre tais atividades é a formalidade no serviço público e a
informalidade na iniciativa privada, muito embora com procedimentos praticamente idênticos,
independentemente dessa particularidade. As Leis nº 8.666/93 e 8.883/94, que envolvem as
licitações no serviço público, exigem total formalidade. Seus procedimentos e aspectos legais
serão detalhados em Compras no Serviço Público.

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Compras por Importação:
As compras por importação envolvem a participação do administrador com especialidade em
comércio exterior, motivo pelo qual não cabe aqui nos aprofundarmos a esse respeito. Seus
procedimentos encontram-se expostos a contínuas modificações de regulamentos, que
compreendem, entre outras, as seguintes etapas:
a. Processamento de faturas pro forma;
b. Processamento junto ao Departamento de Comércio Exterior - DECEX - dos documentos
necessários à importação;
c. Compra de câmbio, para pagamento contra carta de crédito irrevogável;
d. Acompanhamento das ordens de compra (purchase order) no exterior;
e. Solicitação de averbações de seguro de transporte marítimo e/ou aéreo;
f. Recebimento da mercadoria em aeroporto ou porto;
g. Pagamento de direitos alfandegários;
h. Reclamação à seguradora, quando for o caso.

Quanto a formalização das compras, as mesmas podem ser:


- Formais
- Informais.
Compras Formais:
São as aquisições de materiais em que é obrigatória a emissão de um documento de formalização
de compra. Estas compras são determinadas em função de valores pré - estabelecidos e conforme
o valor a formalidade e feita em graus diferentes.
Compras informais:
São compras que, por seu pequeno valor, não justificam maior processamento burocrático.

SEQÜÊNCIA LÓGICA DE COMPRAS


Para se comprar bem é preciso conhecer as respostas de cinco perguntas, as quais irão
compor a lógica de toda e qualquer compra:

- O que comprar? R. - Especificação / Descrição do Material


Esta pergunta deve ser respondida pelo requisitante, que pode ou não ser apoiado por áreas
técnicas ou mesmo compras para especificar o material.

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- Quanto e Quando comprar? R.-É função direta da expectativa de consumo,
disponibilidade financeira, capacidade de armazenamento e prazo de entrega.
A maior parte das variáveis acima deve ser determinada pelo órgão de material ou
suprimento no setor denominado gestão de estoques.
A disponibilidade financeira deve ser determinada pelo orçamento financeiro da Empresa.
A capacidade de armazenamento é limitada pela própria condição física da Empresa.

- Onde comprar? R.- Cadastro de Fornecedores.


É de responsabilidade do órgão de compras criar e manter um cadastro confiável
(qualitativamente) e numericamente adequado (quantitativa).
Como suporte alimentador do cadastro de fornecedores deve figurar o usuário de material ou
equipamentos e logicamente os próprios compradores.

- Como comprar? R.- Normas ou Manual de Compras da Empresa


Estas Normas deverão retratar praticamente a política de compras na qual se fundamenta a
Empresa. Originadas e definidas pela cúpula Administrativa deverão mostrar entre outras,
competência para comprar, contratação de serviços, tipos de compras, f6rmulas para reajustes de
preços, formulários e rotinas de compras, etc.
- Outros Fatores.
Além das respostas as perguntas básicas o comprador deve procurar, através da sua
experiência e conhecimento, sentir em cada compra qual fator que a influencia mais, a fim de
que possa ponderar melhor o seu julgamento. Os fatores de maior influencia na compra são:
Preço; Prazo; Qualidade; Prazos de Pagamento; Assistência Técnica.

CENTRALIZAÇÃO DAS COMPRAS

Em quase todas as empresas mantém-se um departamento separado para compras. A razão


que as leve a proceder assim diz respeito a custos e padronização, assim sendo, somente alguns
materiais são dele gados a aquisição, e estes são aqueles de uso mais insignificante, em termos
de custos, para a empresa, e que por essa razão não sofrem maiores controles.
A empresa que atua em diversos locais distintos não necessariamente deve centralizar
compras em um único local, neste caso procede-se uma analise e se a mesma for favorável deve-
se regionalizar as compras visando um atendimento mais rápido e um custo menor de
transporte.

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O abastecimento centralizado oferece as seguintes vantagens:
1 - Melhor aproveitamento das verbas para compras.
- A concentração das verbas para compras aumenta o poder de barganha.
2 - Melhor controle por parte da direção.
3 - Melhor aproveitamento de pessoal.
4 - Melhoramento das relações com fornecedores.

Excessões quanto a centralização:


1 - Compras de pequena monta.
2 - Compras de urgência e que podem gerar prejuízos pela demora.
3 - Empresas localizadas em várias regiões ( locais ).

SELEÇÃO DE FORNECEDORES

A escolha de um fornecedor é uma das atividades fundamentais e prerrogativa exclusiva de


compras. O bom fornecedor é quem vai garantir que todas aquelas clausulas solicitadas, quando
de uma compra, sejam cumpridas. Deve o comprador procurar, de todas as maneiras, aumentar
o número de fornecedores em potencial a serem consultados, de maneira que se tenha certeza de
que o melhor neg6cio foi executado em benefício da empresa. O número limitado de fornece
dores a serem consultados, constituem uma limitação das atividades de compras.

O processo de seleção das fontes de fornecimento não se restringe a uma única ocasião, ou
seja, quando e necessária a aquisição de determinado material.
A atividade deve ser exercida de forma permanente e contínua, através de várias etapas, entre
as quais selecionamos as seguintes:

ETAPA 1 - Levantamento e Pesquisa de Mercado


ETAPA 2 - Análise e Classificação
ETAPA 3 - Avaliação de Desempenho

Etapa 1 - Levantamento e Pesquisa do Mercado.


- Estabelecida a necessidade da aquisição para determinado material, e necessário levantar e
pesquisar fornecedores em potencial.

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O levantamento podera ser realizado através dos seguintes instrumentos:
- Cadastro de Fornecedores do órgão de Compras
- Edital de Convocação
- Guias Comerciais e Industriais
- Catálogos de Fornecedores
- Revistas especializadas
- Catálogos Telefônicos
- Associações Profissionais e Sindicatos Industriais

ETAPA 2 - Análise e Classificação


Compreende a análise dos dados cadastrais do fornecedor e a respectiva classificação quanto
aos tipos de materiais a fornecer, bem como, a eliminação daqueles fornecedores que não
satisfizerem as exigências da empresa.

ETAPA 3 - Avaliação de Desempenho.


Esta etapa é efetuada pós - cadastramento e nela faz-se o acompanhamento do fornecedor
quanto ao cumprimento do contratado, servindo não raras vezes como elemento de eliminação
das empresas fornecedoras.

CADASTRO DE FORNECEDORES

1 - PESOUISA

- A escolha de um fornecedor é uma das atividades fundamentais e prerrogativa exclusiva


de compras. É um bom fornecedor que vai garantir que todas aquelas cláusulas solicitadas,
quando de uma compra, sejam cumpridas.
Deve o comprador procurar, de todas as maneiras, aumentar o número de fornecedores em
potencial a serem consultados, de maneira que se tenha certeza de que o melhor negocio foi
executado em beneficio da empresa. O número limitado de fornecedores a serem consultados é
sempre uma limitação das atividades de Compras. Entretanto, após a pesquisa inicial, deve o
comprador procurar conhecer melhor o "novo" fornecedor de maneira a ter certeza de que se
trata realmente de um bom fornecedor e que, não haverá surpresas quando da colocação de uma

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eventual Ordem de Compra. Deve-se então solicitar que o fornecedor preencha a Ficha de
Cadastro, bem como anexe, além de seus catálogos, seu último Balanço e Demonstração de
Lucros e Perdas.
Como regra geral existe uma série de requisitos e atribuições que caracterizam um bom
fornecedor, a saber:

1.1 - RESPONSABILIDADE FINANCEIRA

É a capacidade que tem o fornecedor de se auto-financiar até receber o nosso pagamento. Ou


seja, é a capacidade do fornecedor de responder por suas despesas a partir da data do aceite da
Ordem de Compra: aquisição da matéria-prima, salário de seus funcionários, fabricação,
embalagem, transporte e, após a entrega, ainda aguardar 30 a 60 dias ( ou quaisquer que sejam as
condições de pagamento da O.C. ). É muito importante analisar se o fornecedor está
financeiramente bem ou mal. Se ele não estiver bem poderemos ter os seguintes problemas:
a. Ele solicita, após o aceite da O.C., um reajuste de preços para compensar seus problemas
financeiros, as vezes obrigando-nos a aceitá-lo sob pena de afetar nossa produção ou os prazos
que temos que cumprir com nossos clientes;
b. Ele entra em concordata ou falência, trazendo-nos problemas de falta de material e
despesas de reabertura de nova concorrência, ou se ele tiver recebido um adiantamento, teremos
problemas para reaver o valor adiantado.

1.2 - QUALIDADE DO PRODUTO

Hoje em dia, cada vez mais são feitas exigências quanto á qualidade. Para que o empresário
possa garantir qualidade de seus produtos aos seus clientes, é importante que ele adquira
qualidade. Somente uma visita as instalações do fornecedor é que poderá dar uma garantia de
que o mesmo possui qualidade. Muitas vezes uma extensa relação de instrumentos de medição,
de equipamentos de controle pode não significar nada se eles não forem utilizados ou se forem
utilizados por elementos não habilitados.
É comum, pois, o Setor de Compras solicitar ajuda do pessoal técnico da empresa (caso não
exista o grupo de analistas de compras ), para que seja feita uma visita as instalações do
fornecedor para se constatar seu nível de qualidade.

1.3 - INSTALACÕES E CAPACIDADE ADEQUADAS

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 76
Por ocasião da visita mencionada em 2, deve ser feita uma verificação quanto as instalações
do fornecedor, ou seja, deve-se verificar se o mesmo tem equipamentos, máquinas e pessoal para
garantir uma produção contínua. Deve-se verificar também, se ele tem capacidade, ou seja, se
ele possui disponibilidade de produção ou se está cheio de outras Ordens de Compra, o que
poderá significar uma possibilidade de atraso nas entregas.

1.4 - COMPETÊNCIA TÉCNICA

É importante que seja verificado também se o pessoal técnico do fornecedor possui ou não
qualidade adequada para que possa interpretar desenhos e especificações, bem como, a técnica
de produzir o material ou equipamento que estamos querendo adquirir, de maneira eficiente e
moderna.

1.5 - COMPORTAMENTO PASSADO

Nada pode julgar melhor um fornecedor que sua atuação passada. É mais provável que um
bom fornecedor continue bom, do que um mau fornecedor se torne bom. Informações com
relação á sua atuação passada podem e devem ser obtidas, em bases confidenciais de outros
clientes do mesmo fornecedor. Essas informações, entretanto, devem ser acolhidas com
diplomacia, a fim de não causar repercussões desagradáveis.

1.6- LOCALIZACÂO GEOGRÁFICA

A localização de um fornecedor deve garantir pronta comunicação, fácil acesso para fins de
inspeção e apresentar, pelo menos, dois métodos alternados de transporte para a empresa em
questão. Um mau transporte ou transportes periódicos são fatores proibitivos na seleção de um
fornecedor.

1.7 - MELHOR PREÇO

O preço é um dos fatores de maior importância na escolha do fornecedor, pois é a razão


direta do desembolso da empresa. Está aqui relacionado em último lugar, apenas para lembrar
que podem existir outros fatores mais ou tão importantes do que o preço.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 77
2 - ANÁLISE FINANCEIRA

A verificação, se o fornecedor está ou não financeiramente bem, é feita através da análise do


Balanço e da Demonstração de Lucros e Perdas que, conforme vimos em 1. Pesquisa, deve ser
entregue à Compras quando do Cadastramento do Fornecedor.
Essa análise deve ser feita para fornecedores novos e refeita sistematicamente para
fornecedores tradicionais.

2.1- ÍNDICES A SEREM ANALISADOS

2.1.1 - Quociente de Liquidez Imediata = Ativo Corrente : Passivo Corrente

- Deve ser sempre maior que 1,00.


- Representa a proporção em que o Ativo Corrente excede o Passivo Corrente, e expressa a
capacidade da empresa financiar suas obrigações atuais sem a necessidade de recorrer a
empréstimos.

2.1.2 - Quociente de Liquidez Seco = ( Ativo Corrente - Estoque ) : Passivo Corrente

- Deve ser sempre maior que 0,8.


- Assegura a possibilidade da empresa financiar o exigível a curto prazo, sem depender da
liquidação de seus estoques.

2.1.3 - Rotação de Estoques = Custo dos Produtos Vendidos : Valor dos Estoques

- De uma maneira geral deve ser superior a 3, pois o mesmo poderá variar de acordo com o
tipo da empresa e sua localização
- Um alto estoque indica falhas no planejamento e uma tendência perigosa para
obsolescência do estoque.

2.1.4 - Rentabilidade

- É um dos fatores mais importantes nos meios empresariais e que vai indicar a habilidade

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da empresa em permanecer nos negócios. O lucro é o objetivo principal de toda empresa.
- Temos duas maneiras de medirmos a rentabilidade de uma empresa:

2.1.4.1 - Lucros/Vendas ( % ) = ( Lucro Líquido : Total Vendas ) x 100

- Ao se analisar um fornecedor deve-se calcular o índice de lucro sobre as vendas de outros


fornecedores concorrentes e tomar-se o valor médio como referência.

2.1.4.2 - Retorno do Capital Investido ( %) = ( Lucro Líquido : Capital ) x 100

- Representa a possibilidade de sobrevivência e expansão do negócio.


- Costuma-se tomar como referência a taxa de juros cobrada pelos bancos em depósitos a
longo prazo e a taxa de juros por eles cobrada em empréstimos a curto prazo.

2.1.4.3 - Quociente do Exigível a Longo Prazo - pelo Capital de Giro:

- Capital de giro é o ativo corrente menos o passivo corrente, é igual ao dinheiro excedente
na empresa no fim do ano fiscal. Se o exigível a longo prazo for maior do que o capital de giro,
a situação não é muito interessante, pois significa que os credores estão financiando o total do
capital de giro. Se o exigível for muito maior, significa que a empresa não possui completamente
seus prédios, equipamentos, instalações etc.

3 - DEFINICÕES DE TERMOS CONTÁBEIS

3.1 - Ativo Corrente ( Disponível + Realizável a Curto prazo)

- Consiste no dinheiro e outros bens que, no decorrer dos negócios, serão transformados em
fundos líquidos em um curto prazo.

3.2 - Ativo Fixo (Imobilizado)

- Representa os bens mantidos, não para venda, para serem usados nas operações da empresa.

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3.3 - Outros Ativos

- Representam valores menores não classificados nos dois tipos anteriores. Ex: Licenças,
diretos autorais, marca etc.

3.4 - Passivo Corrente (Exigível a Curto Prazo)

- São débitos a curto prazo, para serem liquidados dentro de um curto período de tempo,
geralmente um ano.

3.5 - Exigível a Longo Prazo ( superior a um ano )

- São obrigações da companhia a serem liquidadas dentro de um espaço de tempo maior.

3.6 - Custo dos Produtos

- Representa as despesas diretamente ligadas á produção dos produtos vendidos.

3.7 - Despesas Gerais de Administração

- São despesas ocorridas no decorrer dos negócios, mas não diretamente ligadas a produção
dos produtos vendidos.

3.8 - Depreciação

- É a perda de valor do equipamento e instalações devido ao desgaste e obsolescência.

3.9 - Vendas Líquida

- É a receita total da companhia, resultante das vendas dos produtos.

3.10 - Ativo Líquido ( Ativo Corrente - Estoques )

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EXERCÍCIO - Balanço Geral encerrado em 31 de dezembro

ATIVO
ATIVO CORRENTE
Disponível:
Caixa e Bancos 4.450.000,00
Realizável a Curto Prazo:
Contas e Duplicatas a Receber 2.386.320,00
Estoques 7.980.735.00
Total do Ativo Corrente 14.817.055,00
Imobilizado:
Imóveis e Equipamentos 35.575.160,00
Depreciação 17.852.140.00
Ativos Líquidos Fixos 17.723.020,00
Outros Ativos 385.180.00
TOTAL 32.925.255.00

PASSIVO

PASSIVO CORRENTE
Exigível a Curto Prazo:
Dividendos a Pagar 549.000,00
Contas a Pagar 3.885.738,00
Imposto de Renda a Pagar 1.171.085,00
Total do Passivo Corrente 5.605.823,00
Exigível a Longo Prazo:
Obrigações a Pagar 13.600.000,00
Reservas:

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Para Compensação de Seguro 55.870.00 13.655.870.00
Total Valores Passivos e Reservas 19.261.693.00
Capital:
Registrado 6.183.200,00
Lucros Suspensos 7.480.362.00
Total do Capital 13.663.562,00
TOTAL 32.925.255.00

DEMONSTRACÃO DE LUCROS E PERDAS

DESPESAS:
Custo dos Produtos Vendidos 19.728.384,00
Despesas Diversas 105.097,00
Despesas Gerais e Administrativas 2.427.832,00
Fundo para Depreciação 1.459.092.00
Total das Despesas 23.720.405,00

Lucros e Perdas:
Fundo p/ recolhimento de Imposto de Renda 1.958.139,00
Dividendos a Distribuir 1.595.323.00
Total 3.553.462,00
Lucros Suspensos deste Exercício 1.266.813,00
Lucros Acumulados no Exercício Anterior 6.213.549.00
Saldo para o Exercício Seguinte 7.480.362,00
TOTAL 34 .754.229,00

RECEITAS:
Saldo do Exercício Anterior 6.213.549,00
Vendas 28.257.185,00
Rendas Diversas 283.495,00
TOTAL 34.754.229,00

*** Com os dados do Balanço calcule os índices e proceda a análise do fornecedor.

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QUESTIONÁRIO CONFIDENCIAL DE FORNECEDORES
ORGANIZAÇÃO DA EMPRESA

A - Nome da empresa, endereço e telefone


- Nome da divisão ou da fábrica, endereço e telefone
- Representante de Vendas Local, endereço e telefone

B - Tipo de organização
a) Sociedade Anônima ( )
b) Sociedade Limitada ( )
e) outros (indicar) - ______________________________

C - Dirigentes da empresa

- Presidente:
- Vice-Presidente:
- Tesoureiro:
- Gerente de Produção:
- Gerente de Qualidade:

- FINANÇAS
A - Vendas anuais aproximadas:
B - Bancos:

PESSOAL
1º turno 2º turno
Escritório:
Fabrica:
Produtivos:
Não Produtivos:

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TOTAL:

- PRODUÇÃO

A - Produtos principais (incluir patentes ou marcas registradas)


B - Clientes principais e tipos de produtos fornecidos

- INSTALAÇÕES
A - Área coberta em metros quadrados
Fabricação:
Inspeção:
Armazenagern:
Ferramentaria:
Escritórios:
Laborat6rio:
TOTAL:

B - Projetos de expansão atuais:

6 - INFORMAÇÕES A SEREM ANEXADAS

A - Extrato financeiro do ultimo ano fiscal:


- Balanço Geral e Demonstração de Lucros e Perdas.
Incluir também o valor total de:
1) material de produção direto;
2) mão de obra produtiva direta (não incluindo encargos sociais )
3) vendas líquidas.

- Lista de equipamentos (indique capacidade total e disponível, idade e cendiç5es do equipamento).

C - Inventário de materiais (indique os principais itens e quantidades em estoque).


D - Fornecedores de matéria prima (indique fornecedores e materiais adquiridos).
E - Fornecedores de ferramental
F - Usa licença de outras companhias?
G - Outras informaçoes pertinentes.

Data: _________________

Ass.: _____________________________

Cargo: _____________________________

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OPERAÇÃO DO SISTEMA DE COMPRAS

Introdução

Um sistema adequado de Compras tem variações em função da estrutura da empresa e em


função da sua política adotada. A área de Compras em empresas tradicionais vem a cada ano
sofrendo reformulações na sua estrutura. Em sua sistemática são introduzidas alterações com
várias características básicas para poder comprar melhor e encorajar novos e eficientes
fornecedores. De tempos em tempos esse sistema vem sendo aperfeiçoado, acompanhando a
evolução e o progresso do mundo dos negócios, mas os elementos básicos permanecem os
mesmos. Entre essas características podemos destacar:

a) Sistema de compras a três cotações: tem por finalidade partir de um número mínimo de
cotações para encorajar novos competidores. A pré-seleção dos concorrentes qualificados evita o
dispêndio de tempo com um grande número de fornecedores, dos quais boa parte não teria
condição para fazer um bom negócio.

b) Sistema de preço objetivo: o conhecimento prévio do preço justo, além de ajudar nas
decisões do comprador, proporciona uma verificação dupla no sistema de cotações. Pode ainda
ajudar os fornecedores a serem competitivos, mostrando-lhes que suas bases comerciais não são
reais e que seus preços estão fora de concorrência. E garante ao comprador uma base para as
argumentações nas discussões de aumentos de preço e nas negociações de distribuição da
porcentagem.

c) Duas ou mais aprovações: no mínimo duas pessoas estão envolvidas em cada decisão da
escolha do fornecedor. Isto estabelece uma defesa dos interesses da empresa pela garantia de um

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melhor julgamento, protegendo o comprador ao possibilitar revisão de uma decisão individual.
Não fosse só esta razão, poder-se-ia acrescentar mais uma: o sistema de duas aprovações permite
que os mesmos estejam envolvidos pelo processamento da compra, uma vez que a sua decisão
está sujeita a um assessoramento ou supervisão.

d) Documentação escrita: a presença de muito papel pode parecer desnecessária, porém fica
evidente que a documentação escrita anexa ao pedido, além de possibilitar, no ato da segunda
assinatura, o exame de cada fase de negociação, permite a revisão e estará sempre disponível
junto ao processo de compra para esclarecer qualquer dúvida posterior.

Solicitação de Compras

A Solicitação de Compras é um documento que dá a autorização para o comprador executar


uma compra. Seja para materiais produtivos ou improdutivos, ela é solicitada para um programa
de produção, para um projeto que se está desenvolvendo ou ainda para abastecimento geral da
empresa. E o documento que deve informar o que se deve comprar, a quantidade, o prazo de
entrega, local da entrega e, em alguns casos especiais, os prováveis fornecedores.

Coleta de preços

A cotação é o registro do preço obtido da oferta de diversos fornecedores em relação ao


material cuja compra foi solicitada. Não deve ter rasuras e deverá conter preço, quantidade e
data do recebimento na Seção de Compras; deverá ainda estar sempre ao alcance de qualquer
consulta e análise de Auditoria quando for solicitada. É um documento que precisa ser
manuseado com atenção; os elementos aí contidos devem fornecer não somente ao comprador,
mas também a qualquer outro os informes completos do que se está pretendendo comprar, para
que a cotação dada corresponda exatamente ao preço do produto requerido e não surjam dúvidas
futuras por insuficiência de dados ou das características exigidas. Para melhor análise desses
dados, eles podem ser transcritos em um mapa que é a cópia fiel das cotações recebidas, a fim de
que se tenha uma melhor visualização, conforme modelo apresentado a seguir. Existem casos em
que a empresa utiliza a própria solicitação de compras para registro da coleta de preços.
Ao se fazer uma cotação de preços para determinado equipamento ou produto, os
fornecedores em potencial enviam propostas de fornecimento, que informam preço, prazo,
reajustes e uma série de condições gerais que estabelecem. A empresa por intermédio do

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comprador fixa também diversas condições para o fornecedor. Vejamos algumas das condições
mais usuais que são feitas pelos fornecedores:
1) As propostas ficam sujeitas a confirmação.
2) Os preços indicados sáo líquidos, para entregas na fábrica.
3) Em casos de atrasos na entrega das mercadorias sem culpa do fornecedor, as datas dos
pagamentos permanecerão as mesmas, como se a entrega tivesse sido feita na data devida. Se as
condições de pagamento, inclusive as relativas ao reajuste de preços, não forem observadas além
da correção monetária, a ser calculada com base no índice conjuntural, publicado pela F.G.V., e
proporcional ao atraso ocorrido, o comprador ficará sujeito ao pagamento de multa moratória de
1% ao mês sobre as importâncias devidas sem necessidade de qualquer interpelação, judicial ou
extrajudicial.
O comprador não pode suspender ou reduzir os pagamentos, baseado em reclamações não
reconhecidas como procedentes pelos vendedores. Se, por ocasião do término da fabricação, não
for possível o despacho do material, por motivos alheios à vontade do fornecedor, efetua-se o
respectivo faturamento, correndo a armazenagem por conta exclusiva do comprador.
O pagamento inicial efetuado pelo comprador mesmo sem o envio do pedido traduz a
concorrência tácita do volume do fornecimento, das características técnicas e das condições
constantes da proposta. Consistindo o pedido em várias ou diferentes unidades, assiste-nos o
direito de fornecer e faturar cada unidade separadamente. As duplicatas extraídas em
conformidade com as condições de pagamento ajustados devem ser aceitas nos termos da
legislação em vigor. Um eventual reajuste de preço deverá ser pago contra apresentação da
respectiva fatura.
4) Os prazos de fabricação são geralmente indicados na proposta em dias úteis de trabalho,
de acordo com a programação estimada na data da proposta; portanto, para que tenha validade
por ocasião da encomenda, os prazos devem ser expressamente confirmados. O prazo de
fabricação deverá ser contado a partir da data do recebimento do sinal e da primeira parcela do
preço de venda ou da data de nossa confirmação, por escrito, do pedido de fornecimento, quando
tal condição for expressamente aceita por nós.
O prazo, inclusive para efeito do cálculo do reajuste de preço, ficará prorrogado de tantos dias
quantos forem os dias da mora no pagamento das prestações ajustadas ou nos casos de qualquer
das seguintes ocorrências:
 Informações, documentação e esclarecimentos pedidos ao comprador, a pessoas ou
entidades indicadas pelo mesmo comprador, e não respondidos ou entregues no devido
tempo.

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 Atrasos por motivos de força maior, tais como guerra, revolução, motim, perturbação da
ordem, epidemias, inundações, incêndio, explosão, greves e, de modo geral, geral,
acontecimentos fortuitos, alheios à vontade, inclusive falhas de fabricação e impossibilidade na
obtenção de matérias-primas.
5) Salvo o que diferentemente for estabelecido, a entrega do material é efetuada na fábrica.
O material, uma vez pronto, total ou parcialmente, deverá ser retirado logo após o aviso. Na
impossibilidade da retirada do mesmo, por motivos independentes à vontade do fornecedor,
reserva-se o direito de despachá-lo ao endereço do comprador, por sua conta e risco, ou de
armazená-lo igualmente por sua conta e risco, mantendo-o à distância do mesmo, sendo
considerado entregue. Os vencimentos para efeito de pagamento, são contados a partir da data do
aviso de disponibilidade.
6) Exceções ou modificações dessas "Condições Gerais" somente serão válidas quando forem
aceitas por escrito. Na existência de condições de compra estabelecidas pelo comprador,
contrárias às condições gerais, prevalecem estas últimas.

Pedido de compra

O Pedido de Compra é um contrato formal entre a empresa e o fornecedor, devendo


representar fielmente todas as condições e características da compra aí estabelecidas, razão pela
qual o fornecedor deve estar ciente de todas as cláusulas e pré-requisitos constantes do impresso,
dos procedimentos que regem o recebimento das peças ou produtos, dos controles e das
exigências de qualidade, para que o pedido possa legalmente ser considerado em vigor. As
alterações das condições iniciais também devem ser objeto de discussões e entendimentos, para
que não surjam dúvidas e venha a empresa a ser prejudicada com uma contestação pelos
fornecedores envolvidos. O Pedido de Compra tem força de contrato e a sua aceitação pelo
fornecedor implica o atendimento de todas as condições aí estipuladas, tais como: quantidade,
qualidade, freqüência de entregas, prazos, preços e local de entrega. Deve-se alertar o fornecedor
para a propriedade dos desenhos e marcas exclusivas da compradora e para as implicações legais
daí decorrentes. Cuidados especiais devem ser tomados na negociação que envolva a encomenda
e a compra de uma ferramenta específica, evitando-se que a mesma não venha a ser fornecida a
terceiros. Os pedidos de compra devem sempre ser remetidos ao fornecedor por intermédio de
um protocolo para o qual se farão registros e controles.

É bastante comum que no verso do Pedido de Compra cada empresa registre as suas

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condições de compra, que são características especiais da estrutura de Cada empresa e da sua
política de compras. Essas condições poderiam ser de maneira geral as seguintes:
1. As mercadorias deverão ser entregues absolutamente dentro do prazo combinado. A não-
observância da presente cláusula garante-nos o direito de cancelar este Pedido de Compra, em
todo ou em parte, sem qualquer prejuízo de nossa parte.
2. Todo material fornecido deverá estar rigorosamente de acordo com o nosso pedido no que
se refere a especificações, desenhos etc, e sua aceitação É condicionada a aprovação de nossa
Inspeção. Em caso de rejeição será colocado à disposição, por conta e risco do fornecedor, ate
sua retirada. Qualquer despesa de transporte, relativa a materiais assim rejeitados, correrá por
conta do fornecedor.
3. Reservamo-nos o direito de recusar e devolver, às custas do fornecedor, qualquer parcela
de material recebido em quantidade superior àquela cujo fornecimento foi autorizado pela
presente.
4. A presente encomenda não poderá ser faturada por preços mais elevados do que aqueles
aqui estabelecidos, salvo prévia modificação e posterior consentimento de nossa parte.
5. Não serão aceitas responsabilidades de pagamento referentes a transportes, embalagem,
seguros etc., salvo se especificamente autorizados pela presente.
6. Qualquer débito resultante de pagamento por parte do fornecedor sobre transportes,
embalagem, seguro etc., quando autorizado, deverá ser corretamente documentado junto à fatura
correspondente ao fornecimento feito.
7. Fica expressamente entendido que o fornecedor será considerado estritamente responsável
por qualquer obrigação ou ônus resultante da venda ou fabricação de qualquer dos itens deste
Pedido de Compra que viole ou transgrida qualquer lei, decreto ou direitos de patentes e de
copyright ou marcas registradas.
8. Não assumimos qualquer responsabilidade por mercadorias, cujas entregas não tenham
sido autorizadas por um Pedido de Compra devidamente aprovado ou que, de qualquer modo,
não estejam de acordo com os termos e condições supra-estabelecidas.
9. Garanta a possibilidade de novos pedidos respeitando o estabelecido nos itens acima.
Pedimos em benefício recíproco avisar-nos por telefone, telegrama ou carta sobre qualquer
dilatação que venha a sofrer o prazo de entrega originalmente fixado ou sobre sua
impossibilidade de cumprir qualquer das cláusulas acima.

Ao receber um produto do fornecedor existem normalmente algumas divergências entre


aquilo que foi solicitado e o que efetivamente o fornecedor entregou, ou divergências com

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qualquer negociação combinada anteriormente constante no Pedido de Compra. Para evitar
comunicações extensas e periódicas, lança-se mão de uma carta-padrão onde está englobada
todas as irregularidades que porventura venham a acontecer.

A NEGOCIAÇÃO

Introdução

Negociação não é uma disputa em que uma das partes ganha e a outra tem prejuízo. Embora
elementos de competição estejam obviamente ligados ao processo, ela é bem mais do que isso.
Quando numa negociação ambas as partes saem ganhando, podemos então afirmar que houve
uma boa negociação. Saber negociar é uma das habilidades mais exigidas de um comprador.
Como um bom negociador não nasce feito, é preciso desenvolvê-lo, participando de
seminários, cursos e lendo a bibliografia especializada. Como seria um perfil do negociador
ideal? Na verdade, não existe um modelo único e infalível, mas um conjunto de habilidades e
técnicas desejáveis, todas passíveis de desenvolvimento e igualmente importantes. Existem
especialistas que consideram impossível um indivíduo possuir todas as características necessárias
a um bom negociador e defendem a importância da negociação em equipe, onde as deficiências
de um seriam compensadas pelas qualidades dos outros. Um fator muito importante é o assunto
ou o objeto negociado, pois é de importância fundamental que o bom negociador domine as
características do bem ou do contrato negociado.
Fundamental também é ter conhecimento interpessoal dos negociadores, ou seja, identificar
qual estilo de cada um, suas forças e fraquezas, suas necessidades e motivações. No processo de
negociação, a habilidade técnica tem merecido mais atenção do que a interpessoal, embora elas
tenham peso igual no sucesso da negociação. De nada adiantará seguir corretamente as etapas
que compõem o processo de negociação, se o negociador não tiver identificado o seu próprio
estilo e o do outro, e não souber criar um clima de boa vontade e confiança mútua.
Basicamente qualquer processo de negociação obedece a seis etapas que precisam ser
cumpridas com igual cuidado para que o resultado final seja positivo. Dificuldades não
superadas em qualquer delas podem comprometer os objetivos estabelecidos. São as seguintes:
a) Preparação: Onde se estabelecem os objetivos que devem ser alcançados de forma ideal e
os que a realidade permitirá atingir. Para isso é importante que se reflita a respeito do
comportamento presumível do outro negociador e do que ele estará pensando a seu respeito. ~
muito importante que sempre se espere resultado positivo e que se consiga transmitir essa

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 90
expectativa.
b) Abertura: esta etapa serve para reduzir a tensão, consolidar o objetivo, destacar um
objetivo mútuo e criar um clima de aceitação. Uma conversa descontraída, com observações
sobre o próprio local e perguntas sobre o companheiro de negociação, ajuda a reduzir a tensão.
Depois, deve-se esclarecer muito bem que se está ali para resolver um problema, satisfazer uma
necessidade, permitindo que o outro se predisponha a responder às perguntas que fará. E preciso
ainda destacar os benefícios que serão obtidos no trabalho conjunto.
c) Exploração: aqui precisa-se verificar se a necessidade detectada durante a etapa da
preparação é verdadeira e isso só pode se obtido por meio de perguntas objetivas, mas jamais
ameaçadoras. Esse processo estabelece uma reciprocidade psicológica em que as pessoas tendem
a tratar os outros da mesma forma como são tratadas por eles. Se estamos interessados e
preocupados com o outro, são grandes as chances de que ele também se interesse quando
apresentarmos nossos produtos, serviços e idéias.
Esta fase é muito importante, pois, uma vez obtida a anuência do outro, antes de detalharmos
nossos produtos, serviços ou idéias, teremos alcançado 50% da ação final. Se, ao contrário, não
houver concordância nessa fase ou o que tivermos para oferecer não resolver o problema do
outro, a negociação não deve prosseguir. Será melhor deixar a porta aberta para nova
oportunidade.
d) Apresentação: nessa etapa, deve ser feito o relacionamento dos objetivos e expectativas
iniciais com as necessidades da outra parte. Quanto mais fornecemos condições para que o outro
faça a ligação entre proposição, sentimento e necessidade, mais proveitosa será essa etapa.
e) Classificação: precisamos considerar as objeções levantadas como oportunidades para
fornecer mais informações. Isso sempre demonstra interesse, pois, se ele não existir, o outro
sequer fará objeções. O processo de clarificação consiste em ouvir atentamente as objeções;
aceitar não a objeção em si, mas o sentimento ou a lógica existente por detrás dela e mostrar ao
outro que a entendemos.
f) Ação final: é a procura de um acordo ou decisão. Vale a pena lembrar que as pessoas
compram um produto ou uma idéia com ajuda e não com empurrão, mas isso não quer dizer que
ela tome a decisão sozinha. O negociador que faz isso geralmente fracassa.

Características

E claro que a negociação pode ser bem facilitada se houver confiança no relacionamento dos
negociadores. Gerar confiança é muito importante no processo e existem alguns atos que devem

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 91
ser evitados. O negociador não deve jamais ser impessoal, selecionar comportamentos "dentro
do figurino" porque São corretos, enfatizar relações profissionais (empresa x cliente, patrão x
empregado), tratar o outro como cliente, empregado ou colega ou como pessoa que necessita de
ajuda, preocupar-se em mudar, curar ou melhorar o indivíduo deficiente, concentrar-se em
abstrações, generalidades ou princípios, concentrar-se em julgamentos morais e avaliação,
concentrar-se nas limitações da outra pessoa, preocupar-se com punições e prêmios, empregar
terminologia de medo, risco, precaução e conservação, concentrar-se em palavras, semântica e
modo de falar.

As características gerais de um bom negociador são:

 Ver a negociação como um processo contínuo no qual nenhum item é imutável, mesmo
após o acordo final e a assinatura do contrato.
 Ter mente aberta.
 Estar alerta para suas necessidades pessoais e do seu negócio, da mesma forma que não se
descuida das necessidades de seu oponente.
 Ser flexível e capaz de rapidamente definir metas e interesses mútuos.
 Não tentar convencer o oponente de que o ponto de vista dele está errado e deve ser
mudado.
 Desenvolver alternativas criativas que vão ao encontro das necessidades de seu oponente.
 Ser cooperativo porque a cooperação possibilita um clima propicio para a solução de
problemas, em harmonia.
 Ser competitivo porque isso pode contribuir para estimular as duas partes a serem mais
eficientes na procura de benefícios mútuos desejados.
 Compreender que a manipulação de pessoa é incompatível com as metas de harmonia
resultante da cooperação e competição.
 Atingir Os próprios objetivos e, ao mesmo tempo, fazer contribuições significativas para
alcançar as metas da organização.

Para um melhor entendimento, os negociadores podem ser agrupados em quatro estilos


comportamentais básicos: catalisador, apoiador, controlador e analítico. Não existe um estilo
melhor que o outro; todos são bons, e o importante é que o negociador identifique o seu estilo e
tente fazer o mesmo com a pessoa com quem vai negociar. Uma das chaves do êxito do processo
de negociação é saber apresentar as nossas idéias de forma que cause mais impacto ao outro

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 92
negociador. As características principais de cada um desses estilos são:

1. Catalisador: pessoa criativa, sempre com novas idéias, entusiasta dos grandes
empreendimentos. As vezes é considerada superficial e irreal. Para causar impacto junto a ela é
preciso apelar para aspectos de novidade, singularidade, liderança e disponibilidade.

2. Apoiador: pessoa que considera seres humanos muito mais importantes que qualquer
trabalho e gosta de trabalhar em equipe, agradar os outros e fazer novos amigos. Ás vezes é
considerada incapaz de cumprir prazos desenvolver projetos, enfim esse tipo de pessoa é
encarado mais como missionário do que como executivo e, para causar-lhe impressão, deve-se
mencionar harmonia, ausência de conflitos, garantia de satisfação e realização a quatro mãos.

3. Controlador: pessoa que toma decisões rápidas, é organizada, concisa, objetiva, com
sentido de urgência. Muitas vezes é considerada insensível aos outros. Como argumento de
negociação deve-se usar tudo que se relacionar com metas, resultados e ganhos de tempo e
dinheiro.

4. Analítico: pessoa que gosta de fazer perguntas, coletar dados; é perfeccionista e muito
detalhista. Fornecer-lhes dados disponíveis, alternativas para análise, decisões seguras e
pesquisas ajudará bastante na negociação.

A capacidade de considerar as necessidades alheias é pelo menos tão importante quanto


considerar as nossas; é fundamental na negociação levar isso em consideração, pois é ela que
fará com que a outra parte se predisponha a dialogar conosco. E necessário também usar os
quatro elementos fundamentais da confiança. credibilidade, coerência, aceitação e sinceridade.

Os cuidados e as estratégicas básicas para o êxito de uma negociação são os seguintes:

1. Comece sempre a negociação fornecendo e solicitando informações, fatos; deixe para


depois os tópicos que envolvam opiniões, julgamentos e valores.
2. Procure vestir a pele do outro negociador, isto o ajudará a compreender melhor a
argumentação e as idéias dele.
3. Nunca esqueça que um bom negócio só é bom quando o é para ambas as partes; logo,
também as idéias só serão aceitas se forem boas para ambas as partes.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 93
4. Procure sempre fazer perguntas que demandam respostas além do simples sim ou não.
5. A dimensão confiança é importantíssima no processo de negociação; procure ter atitudes
geradoras de confiança em relação ao outro negociador.
6. Evite fazer colocações definitivas ou radicais.
7. Nunca encurrale ou pressione o outro negociador. Sempre deixe uma saída honrosa; não
obstrua todas.
8. Toda pessoa tem seu estilo de negociação e determinado tipo de necessidade e motivação;
ao negociar lembre-se dessas diferenças.
9. Saiba ouvir e procure não atropelar verbalmente o outro negociador.
10. Procure sempre olhar os aspectos positivos do outro negociador; observe suas forças,
evita concentrar-se em suas características negativas de comportamento, em suas fraquezas,
porque ele pode perceber.

ANÁLISE DE VALOR

Conceito e Uso

Uma solicitação de fabricar internamente uma peça com características de rotina


encaminhada ao departamento de Planejamento e Controle de Produção de determinada
empresa. O chefe do P.C.P. devolveu-a alegando tratar-se de uma quantidade superior às
possibilidades atuais da seção. Posteriormente o comprador encomendou o cesso a uma empresa
menor. Todas as operações executadas pareciam atender perfeitamente os interesses da
companhia.
Logo depois apareceu, porém, uma série de dificuldades:

a) A diferença encomendada não apresentara a mesma qualidade, originando-se dificuldades


para o Departamento de Vendas.
b) O custo das operações e a velocidade de entrega não puderam ser controlados, surgindo
problemas com os compradores.
c) A empresa subcontratada percebera a possibilidade de lançar-se no mercado, aparecendo,
assim, mais um concorrente na área.
Atendendo a determinações da diretoria, o Departamento de Custos analisou as operações
que teriam sido necessárias para que a própria empresa se encarregasse de toda a solicitação.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 94
Concluiu então que não só era possível fabricar a peça, como também altamente econômico.
As empresas, muitas vezes, adquirem de terceiros certos produtos que estão capacitadas para
produzir internamente ou para adquirir condições e meios de produzi-los, com custos menores
do que os de aquisição; essas situações podem ocorrer não só como má interpretação de custos,
como também por políticas tradicionalistas excessivamente apegadas aos seus métodos de
trabalho. A decisão de comprar ou produzir internamente constitui um dos casos clássicos de
análise marginal, bastando para tal compararmos o preço de compra desses elementos com o
custo dos mesmos, se fossem produzidos internamente; se o preço de compra for maior do que o
custo de produção interna, a empresa deverá alterar a sua política, em favor da segunda opção.
Embora seja conclusão bastante óbvia, na realidade têm sido tomadas decisões erradas nesse
campo, simplesmente por uma escolha e determinação inadequada do custo de produção interna.
As fases corretas para o estudo seriam basicamente as seguintes:

a) Determinação das quantidades físicas desses elementos adquiridos externamente pela


empresa, bem como dos seus respectivos custos de compra.
b) Determinação dos custos adicionais com que a empresa deveria arcar, se esses produtos
fossem produzidos internamente.
c) Comparação desses custos adicionais com os custos de compra, resultando daí, como já se
expôs anteriormente, o abandono ou a manutenção da política atual.

Ocorrem casos em que a situação inversa também se verifica, em que as empresas procuram
manter a produção interna de certos produtos, quando seria muito vantajoso adquiri-los
externamente. A sistemática de análise nesse caso é essencialmente idêntica à anterior; deve-se
comparar o custo de produção desses produtos com o custo de compra correspondente. Se o
custo de compra for superior ao da produção, a política atual é acertada, caso contrário dever-se-
á comprar o produto externamente.

Em ambos os casos, apenas interessam os custos adicionais de produção interna.


O que freqüentemente induz a erros de decisão neste campo é a utilização de custos
contábeis unitários, incluindo o rateio de alguns custos fixos da empresa como um todo,
que nada tem que ver com o fato de se produzir internamente ou adquirir de terceiros
o produto em questão.
Outra variação do problema de comprar ou fazer existe também nas situações de contratação
de serviços de terceiros ou realização dos trabalhos com pessoal próprio. A mão-de-obra

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 95
contratada sob regime de empreitadas é geralmente utilizada pela empresa em situações de
trabalho não uniformes, sobrecargas ocasionais de produção ou, então, em trabalhos
especializados que à primeira vista não justificam a manutenção permanente de uma força de
trabalho. A análise marginal, no estudo dessa opção, procura determinar o que é mais vantajoso
para a empresa, do ponto de vista dos Custos. Obviamente Contratar serviços envolve um custo
variável; contratar empregados fixos de trabalho implica aumento de custo fixo.
Políticas tradicionalistas, muitas vezes, mantêm forças de trabalho realizando certas tarefas
improdutivas; o inverso também é verificado quando se constata a contratação sistemática de
contingentes de mão-de-obra ou de outros serviços sem se verificar se não seria mais econômica
a manutenção de um Contingente permanente com as especializações requeridas, no corpo de
funcionários da empresa.
Uma boa forma de analisar e concluir a respeito de uma decisão de lazer ou comprar é
consultar uma lista de verificação todas as vezes que se tiver de escolher uma ou outra forma.

Caso de Fabricação Externa

1. Existe Capacidade para a fabricação interna?


2. Pode ser iniciada a Curto prazo?
3. Dispõe de matérias-primas a preços competitivos?
4. Existe previsão de elevação de preços ou retração do mercado fornecedor?
5. Existe necessidade de ferramental? Qual o seu custo? Qual a sua vida útil? Como será a
entrega?
6. O atual fornecedor é a fonte mais econômica e eficaz? Há envolvimento de alguma patente
com relação ao produto?
7. O atual fornecedor está pesquisando ou desenvolvendo melhorias e adaptações de
reduções de custo?
8. Qual nível de problemas o atual fornecedor está acarretando com relação á qualidade,
quantidade e aos prazos de entrega?
9. Se a qualidade é problema: foram analisados seus sistemas de controle? Quais as extensões
das falhas? As tolerâncias fornecidas estão dentro do admissível? A qualidade seria a mesma se
fossem produzidas internamente?
10. Existe um crescimento de preços? Quais as razões? Se o problema for aumento de custo,
podemos ser afetados da mesma maneira, caso se produza internamente?

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 96
Caso de Fabricação Interna

1. Há algum problema em especial a ser considerado? Se a peça for retirada da produção


existirá muita ociosidade?
2. Em caso positivo, o que se deve fazer quanto a isso?
3. O nosso ferramental pode ser utilizado pelo fornecedor envolvido?
4. Os equipamentos usados para a fabricação do produto podem ser utilizados em outras
operações?
5. Está sendo desenvolvido algum trabalho especial quanto ao produto? Pode ser feito em
conjunto com o fornecedor?
6. As quantidades previstas interessarão um fornecedor externo?
7. Conhece-se o verdadeiro custo da fonte alternativa em comparação com a fabricação
própria?
8. A peça é parte de linha de produção integrada que envolve diversos estágios de
fabricação?
Em caso positivo. a fabricação externa pode ser coordenada com os roteiros de produção e
cargas de máquinas nas oficinas?
9. Todos os desenhos envolvidos são atuais?
10. Obtém-se vantagem fornecendo matéria-prima e componentes. se for tomada a decisão
de comprar externamente?
11. Pode-se informar ao fornecedor programação para seis meses?

Aplicações Simples de Engenharia Econômica

Existe uma necessidade atualmente de que os compradores tenham conhecimento de


Matemática Financeira e de Engenharia Econômica, para analisar com certo grau de certeza
quando e com quem irá fazer um negócio para empresa e quais das alternativas viáveis
redundarão numa substancial economia. Descreveremos algumas aplicações práticas, partindo do
princípio de que sejam conhecidos os princípios básicos de Matemática Financeira.

1. Uma empresa recebeu três cotações de fornecedores para a aquisição de determinado


equipamento, com o mesmo preço total que era de Cr$100.000,00 havendo simplesmente
diferenças na forma de pagamento, que eram as seguintes:

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 97
FORNECEDORES A B C
1 parcela - contra entrega - 20.000 40.000 10.000
2 parcela - 30 dias após - 20.000 - 10.000
3 parcela - 60 dias após - 20.000 30.000 20.000
4 parcela - 90 dias após - 20.000 - 20.000
5 parcela - 120 dias após - - - 20.000
6 parcela - 150 dias após - - - 10.000 150
dias após 10.000
7 parcela - 180 dias após - 20.000 30.000 10.000
TOTAL - 100.000 100.000 100.000

Se considerarmos que os juros São de 2% ao mês e que os três fornecedores têm a mesma
capacidade técnica, mesmos prazos e mesma qualidade, sob o critério econômico financeiro,
qual deveria ser o fornecedor escolhido?

E óbvio que para a empresa o custo da compra deve ser o menor possível. A prazo o custo é
de $100.000; entretanto, em certa data, por exemplo, no início da fabricação, cada proposta terá
um valor atual. O menor desses valores atuais corresponderá a melhor opção para a empresa, já
que o dinheiro apresenta um juro i = 0,02/mês.

Usando a fórmula de valor atual que é:


P` = P1 + P2 +P3 = ( S1 / 1 + i + N1 ) + ( S2 / 1 + i + N2 ) + ( S3 / 1 + i + N3 ) + ....
podemos calcular os valores atuais para cada fornecedor:
Valor atual da proposta do fornecedor A
PA. = 20.000 + 20.000 + 20.000 + 20.000 + 20.000
1+0,02 x 1 1+0,02 x 2 1+0,02 x 3 1+0,02 x 6

PA. = R$ 95.563,68
Valor atual da proposta do fornecedor B
PB = 40.000 + 30.000 + 30.000 = R$ 95.631,66
1+0,02x2 1+0,02x6

Valor atual da proposta do fornecedor C


P.C = l0.000 + 10.000 + 20.000 + 20.000 + 20.000 + 10.000 + 10.000
1+0,02x1 l+0,02x2 1+0,02x3 1+0,02x4 1+0,02x5 1+0,02x6

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 98
P.C = R$ 94.440,58

Portanto, a escolha do comprador, pelas premissas adotadas, deverá recair sobre o fornecedor
C, que apresentou menor valor atual para as condições de pagamento.
2. Para um fornecedor tradicional de peças usinadas, qual será a melhor forma da venda de
um lote dessas peças:
a) pagamento a vista por $ 34.000? ou
b) faturar em 30, 60 ou 90 dias, valendo $12.000 cada duplicata, se a taxa de juros mensal do
mercado é de 2% ao mês?

Considerando o problema a juros simples, é claro que a melhor opção será aquela que
apresentar o maior valor atual.

No caso a, o valor atual é o próprio valor a vista: $ 34.000.

No caso b, o valor atual pode ser calculado como o anterior


P` = 12.000 + 12.000 + 12.000
1+1x0,02 1+2x0,02 1+3x0,02

P = $ 34.623,91

Portanto, é mais vantajoso para o fornecedor a venda em faturamento a 30/60/90 dias, pois,
dessa forma, à taxa de juros simples de 2% ao mês, o valor atual deste esquema será de $
34.623,91, superior ao pagamento a vista de $ 34.000. É claro que para o comprador o melhor
seria o pagamento a vista. Neste caso, o critério da verificação de melhor opção seria o do menor
valor atual.
ANEXO I

POLÍTICA DE COMPRAS DA ALCOA

Seus principais tópicos são:

a - toda solicitação de preço e serviço deve ser feita pelo Departamento de Compras;
b - os vendedores semente poderão ser recebidos por outros setores da empresa se

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 99
autorizados por Compras;
c - se, para complementação de detalhes técnicos, for necessária a convocação de um
vendedor por um setor técnico ou de produção, esta convocação devera ser feita através de
Compras;
d - nenhum funcionário não pertencente ao setor de Compras poderá entrar em contato com
vendedores e lhes fornecer detalhes de fabricação e preços de outros fornecedores;
e - toda correspondência para fornecedores deve ser feita através de Compras. Para alguns
casos, de assuntos técnicos especiais, pode haver uma delegação de poder mas, Compras devera
receber cópia da correspondência enviada;
f- O Departamento de Compras deve ter inteira. liberdade de questionar a qualidade e o
tipo do material requisitado;
g - sob nenhuma circunstancia, fornecedores poderão executar serviços, na empresa, sem a
existência de documento escrito que possa dar uma proteção a empresa quanto a futuras
reclamações.

ANEXO II

POLÍTICA DE COMPRAS NA IBM (USA)

OBJETIVOS
A Divisão de Compras é responsável pela obtenção de materiais, peças,
equipamentos e serviços essenciais a operação das atividades da companhia. Seus
objetivos são:

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 100
a) desenvolver e manter forças adequadas de suprimentos;
b)assegurar que materiais, peças, equipamentos e serviços cheguem a tempo nos locais e em
quantidade e qualidades certas;
c) obter, para todas as compras, os menores Custos que a quantidade, qualidade e segurança o
permitirem;
d) promover e manter boas relações com os fornecedores;
e) apresentar recomendações, visando a melhoria e a redução de custos, aos setores
interessados;
f) desenvolver e manter um staff de compradores;
g) Informar os setores da companhia sobre tendências do mercado e prováveis efeitos no
suprimento e preço dos materiais.

Seleção de fornecedores:

A política da IBM quanto a seleção de seus fornecedores é a seguinte:

a) os fornecedores devem ter boa reputação, posição financeira e instalações adequadas para
cumprir os contratos. Antes de qualquer negociação, um relatório financeiro adequado deve ser
obtido, a menos que se trate de fornecedor com reputação nacional;
b) todos os esforços devem ser concentrados em fornecedores que possam fornecer a baixos
custos;
c) as cotações devem ser solicitadas, no mínimo, para três fornecedores, a menos que não
existam mais, ou, se trate de uma compra de emergência;
d) a mais baixa cotação dentre os fornecedores que possuam qualidade, facilidade de
fabricação e rapidez de entrega, deverá ser aceita;
e) sempre que possível devera haver mais de um fornecedor para cada material.
Contratos:

a) todas as negociações entre a IBM e seus fornecedores deverão ser feitas através ou com o
apoio da Divisão de Compras;
b) todo e qualquer acordo com os fornecedores devera ser feito, por escrito, pela Divisão de
Compras;
c) O Departamento Legal da IBM deverá ser sempre consultado no caso de dúvidas legais.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 101
Deveres do Setor de Compras

No seu livro "Purchasing: Principles and Aplicationsu, Stuart F. Heinritz classifica os


deveres do setor de Compras em:
Informações básicas:

a) manter arquivo de compras;


b) manter arquivo de preços;
c) manter arquivo de fornecedores;
d) manter arquivo de especificações;
e) manter arquivo de catálogos.

Pesquisas:

a) efetuar um estudo do mercado;


b)efetuar um estudo dos materiais;
c) efetuar una analise de custos;
d) investigar fornecedores;
e) inspecionar a fabrica dos fornecedores;
f) desenvolver novos fornecedores.

Execução:

a) verificar cotações;
b) analisar cotações;
c) programar compras e entregas,
d) entrevistar fornecedores;
e) negociar contratos;
f) emitir Pedidos de Compra;
g) verificar condiç3es legais de contratos;
h)manter correspondência com fornecedores;
i) efetuar acordos com fornecedores.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 102
COMPRAS NO SERVIÇO PÚBLICO

1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Nas empresas estatais e autárquicas, Como também no serviço público em geral, ao contrário
da iniciativa privada, as aquisições de qualquer natureza obedecem a Lei nº 8.666, de 21-6-1993,
alterada pela Lei nº 8.883, de 8-6-1994, motivo pelo qual tornam-se totalmente transparentes.
Assim, a diferença entre os tipos de compras é a formalidade no serviço público e a
informalidade na iniciativa privada. Independentemente dessa particularidade, os procedimentos
são praticamente idênticos, motivo pelo qual serão apresentadas as diferenças substanciais,
culminando com exemplos de Editais de Licitação.
Em virtude dos aspectos jurídicos que envolvem os instrumentos legais, este Capítulo

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 103
procura sintetizá-los em seus aspectos mais importantes e significativos.
Em face do exposto, para se aquilatar as diferentes maneiras de tratamento, apresentamos os
dois modelos de edital, elaborados de conformidade com a legislação mencionada, concernentes
às empresas Sabesp, obtidos mediante pesquisa de nossos alunos, e Comissão Nacional de
Energia Nuclear, obtidos por meio de sua home page (http://www.ipen.br) na Internet.
Atualmente, grande parte das unidades administrativas já disponibiliza suas licitações por
meio da Internet, desde o Edital até resultados do julgamento, tornando ainda mais transparente
o processo.
Em face da transparência e do volume de negócios, o Governo Federal tem disponibilizado
na página http://www.mare.gov.br vários segmentos de interesse, participando o conteúdo da
legislação em vigor, informando os Valores-limite e a finalidade do Cadastro Unificado de
Fornecedores, como também oferecendo consultas sobre licitações, fornecedores e catálogo de
material/serviço.
Independentemente das notícias oficiais, já existem empresas estruturadas e especializadas na
prestação de serviços de informações e consulto ria sobre licitações, algumas das quais abaixo
relacionadas.
a. Cilico, http://www.cilico.com.br.
b. Selic Serviço de Licitações, http://~ww.ism.com.br/~se1ic.
c. WEB Conc. e Licitações Públicas, http://www.hpp.com.br.mpresa.
d. Sistema RCC, http ://www.rcc.com.br.
e. NET Licitação, http ://www.licitacao.com.br.
A natureza dos serviços dessas empresas será exemplificada por meio do modelo da CILICO
- Central Internacional de Licitações e Cotações, Administração RNF & Associados, telefones:
(0_ 11) 835-9981 ou 3641-6352, E-mail: rnf@cilico.com.br.

Ao acessar o link de demonstração, observa-se o sistema de forma clara e elucidativa, não


podendo, evidentemente, haver acesso ao Banco de Dados. O intuito é a apresentação das
diversas possibilidades e como os resultados mostrados podem contribuir em ganho de tempo. A
pesquisa pode ser feita por meio de 5 (cinco) diferentes situações:

1.1 Pesquisa por objeto

Nessa opção, o campo principal de pesquisa é o objeto do edital a ser procurado. A utilização
se dá quando se quer procurar direto pelo tipo de produto.

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 104
1.2 Pesquisa por data de entrada

Nessa opção, a pesquisa será realizada de acordo Com a data de entrada do edital no sistema.
A utilização se dá quando se quer obter informações relativas a um período em especial ou para
recuperar as informações desde seu último acesso.

1.3 Pesquisa por data de entrega do edital

Nessa opção, o campo principal de pesquisa é a data de entrega do edital. A utilização se dá


quando deseja verificar a data de entrega das propostas, funcionando como uma agenda.

1.4 Pesquisa por número de controle

Nessa opção, o campo principal de pesquisa é o Número de Controle do Edital a ser


procurado. A utilização se dá quando já foi pesquisado o edital de interesse e se quer
acompanhar as modificações e alterações do mesmo. Basta fornecer o número de controle do
edital pesquisado e você já o tem impresso.

1.5 Pesquisa genérica

Nessa opção, a pesquisa será realizada por meio da informação de qualquer palavra-chave, a
ser procurada nos principais campos de pesquisa (órgão, empresa, cidade, objeto, produto etc.)
contidos no Banco de Dados Cilico. A utilização se dá quando há interesse em uma palavra
especial, por exemplo micro. Retornarão os editais em que conste tal palavra.

2 LICITAÇÃO - ASPECTOS IMPORTANTES

2.1 Conceito

É o procedimento administrativo pelo qual a Administração Pública, em qualquer de seus


níveis, prevendo comprar materiais e serviços, realizar obras, alienar ou locar bens, segundo
condições estipuladas previamente, convoca interessados para apresentação de propostas, a fim

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 105
de selecionar a que se revele mais conveniente em função de parâmetros preestabelecidos e
divulgados.

2.2 Finalidade

A licitação tem por finalidade propiciar igualdade de oportunidades entre aqueles que
desejam contratar com a Administração Pública, nos padrões previamente definidos, sempre
como importante fator de eficiência e moralidade nos negócios públicos.

A licitação destina-se a garantir a observância do princípio constitucional de avaliar e


selecionar a proposta mais vantajosa para a Administração e será processada e julgada em estrita
conformidade com os princípios básicos de legalidade, de impessoalidade, de moralidade, de
igualdade, publicidade, de probidade administrativa, da vinculação ao instrumento convocatório,
do julgamento objetivo e dos que lhe forem correlatos.

Princípios

Para não descaracterizar e invalidar seu resultado seletivo, o Instituto da Licitação deve ser
pautado nos seguintes princípios básicos:
a. igualdade: princípio primordial da licitação, consagrado na Constituição de 1988,
descarta a discriminação entre seus participantes, pois não pode haver procedimento
seletivo com discriminação dos participantes, ou com cláusulas do convocatório que
afastem eventuais proponentes qualificados ou os desnivelem no julgamento. Esse
princípio veda cláusulas ou o julgamento faccioso que desiguala os iguais ou iguala os
desiguais, favorecendo uns em detrimento de outros, com exigências inúteis para o
serviço público, mas com destino certo a determinados candidatos;

b. publicidade: caracteriza-se como um princípio dominante no processo licitatório em suas


fases e seus atos, salvo quanto ao conteúdo das propostas. Não pode existir licitação sigilosa;

c. probidade administrativa: entende-se por esse princípio a honestidade de proceder ou a


maneira criteriosa de cumprir todos os deveres que são atribuídos ou cometidos por força da lei;

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 106
d. procedimento formal: esse princípio significa que a licitação está vinculada às prescrições
legais que regem em todos os seus atos e frases. Não só a lei, mas também o regulamento, as
instruções complementares e o edital pautam o procedimento da licitação. Vinculado à Admi-
nistração e aos licitantes e a todas as exigências, desde a convocação dos interessados até a
adjudicação do vencedor;

e. sigilo na apresentação das propostas: princípio consectário de igualdade entre os licitantes


e de sua importância para a preservação da competitividade do certame obrigatório. O
interessado que viesse a conhecer a proposta de seu concorrente, antes da apresentação de sua
proposta, ficaria em situação vantajosa, afrontando o princípio da igualdade;

f. vinculação ao instrumento convocatório (edital): significa dizer que a Administração e os


licitantes ficam sempre adstritos aos termos do pedido ou do permitido no instrumento
convocatório, quanto ao procedimento, à documentação, às propostas, ao julgamento e ao
contrato. Ou seja, estabelecidas as regras do certame, tornam-se obrigatórias para aquela
licitação durante todo o procedimento e para todos os participantes, inclusive para o órgão ou
entidade licitadora;

g. julgamento objetivo: é princípio de toda licitação que seu julgamento se apóie em fatores
concretos pedidos pela Administração em confronto com o ofertado pelos proponentes dentro do
permitido pelo edital. Na licitação, a margem de valoração subjetiva e de discricionarismo no
julgamento é reduzida e delimitada pelo estabelecimento no edital, levando sempre em
consideração o interesse do serviço público e os fatores qualidade, rendimento, eficiência,
durabilidade, preço, prazo e financiamento;

h. adjudicação compulsória ao vencedor: segundo esse princípio, vencida a licitação, nasce


para o vencedor o direito subjetivo à adjudicação, isto e, a atribuição de seu objeto a que foi
classificado em primeiro lugar. Essa adjudicação é obrigatória, não podendo a Administração
atribuir o objeto da licitação a outrem que não seja o vencedor, salvo se este desistir
expressamente da licitação ou não firmar o contrato no prazo estabelecido no edital ou fixado
pela administração na convocação para sua assinatura, observada a ordem de classificação.

3 OBJETO DA LICITAÇÃO - ASPECTOS IMPORTANTES

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 107
3.1 Definição

A finalidade precípua da licitação será sempre a obtenção de seu objeto, ou seja, um serviço,
uma compra, uma alienação, uma locação, uma concessão ou uma permissão, nas melhores
condições para o Poder Público. O objeto deve ser convenientemente definido no instrumento
convocatório, sob pena de se dificultar ou até mesmo impedir a execução do conseqüente
contrato.
A definição do objeto é condição indispensável de legitimidade da licitação, sem a qual não
pode prosperar o procedimento licitatório, qualquer que seja a modalidade sob pena de tornar-se
inviável a formulação de ofertas, bem como seu julgamento, e irrealizável o contrato
subseqüente.
A inexistência de projeto básico ou de especificação detalhada acarretará a anulação dos
contratos realizados e a responsabilização de quem lhes tenha dado.
Entre as disposições específicas para a contratação de obras e serviços, em seu art. 60, a Lei
ri0- 8.666/93 conceitua os projetos básico e executivo a serem seguidos:

a. projeto básico: é o conjunto de elementos que define a obra ou serviço, ou o complexo de


obras ou serviços objeto da licitação e que possibilita a estimativa de seu custo final e prazo de
execução;
b. projeto executivo: é o conjunto de elementos necessários e suficientes à execução correta
da obra.

3.2 Obras

Em sentido administrativo amplo, obra é toda realização material a cargo da Administração


executada diretamente por seus órgãos ou indiretamente por seus contratos e legados.
Consoante o art. 6º, inciso 1, da Lei nº 8.666/93, a conceituação de obra abrange toda
construção, reforma, fabricação, recuperação ou ampliação, realizada por execução direta ou
indireta.
Todas essas realizações são obras, só podendo ser licitadas com projeto básico, executadas
com projeto executivo.

3.3 Serviço

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 108
Serviço, para fins de licitação, é toda atividade prestada para a Administração para o
atendimento de suas necessidades ou de seus administrados. O que caracteriza o serviço e o
distingue da obra é a predominância da atividade sobre o material empregado.
Ao conceituar serviço, a lei enumera exemplificadamente os mais freqüentes, como
demolição, fabricação, conserto, instalação, montagens, operação, reparação, manutenção,
transporte, comunicação ou trabalhos técnico-profissionais.
Para fins de licitação, é necessário distinguir os serviços comuns, os serviços técnico-
profissionais generalizados e técnico-profissionais especializados.

3.4 Compra

Na licitação para compra, a Administração deve especificar o objeto a ser adquirido,


indicando, para isso, a qualidade e a quantidade a ser comprada, bem como as condições em que
deseja adquirir. A perfeita caracterização do objeto da compra é essencial para possibilitar a
correta formulação das propostas e o oferecimento das vantagens do negócio.
A compra pode ser a vista ou a prazo, com entrega total ou parcelada, sendo sempre
realizada por intermédio de um contrato bilateral perfeito, comutativo e oneroso, isto é, com
obrigações recíprocas, com equivalência nessas obrigações e com pagamento do preço, como
contraprestação da transferência do domínio da coisa.
A Lei nº 8.666/93 exige a adequada caracterização do objeto da compra e a indicação dos
recursos financeiros para seu pagamento, adotando, ainda, além das vantagens semelhantes às do
setor privado, o princípio da padronização e o sistema de registro de preços.

4 MODALIDADES DE LICITAÇÃO - ASPECTOS IMPORTANTES

4.1 Concorrência

Concorrência é a modalidade de licitação própria para contatos de grande porte, com limites
sujeitos a revisões periódicas, em que se admite a participação de outros interessados, que na
fase de habilitação preliminar satisfaçam às condições de qualificação previstas no edital para a
execução de seu objeto.
A habilitação preliminar é formalidade essencial da concorrência, destinando-se a comprovar
a plena qualificação dos interessados para a execução de seu objeto, de acordo com as condições
específicas do edital. É na verificação da idoneidade dos concorrentes, sob o quádruplo aspecto

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 109
jurídico, fiscal, técnico e financeiro.
A idoneidade dos concorrentes deverá ser apreciada e decidida necessariamente antes da
abertura das propostas, não se admitindo a recusa de proponentes sob o pretexto de idoneidade
depois de conhecidas as ofertas, salvo em razão de fatos evidentes ou só revelados após o
julgamento, os quais poderão acarretar a desclassificação da proposta do participante. Qualquer
concorrente poderá impugnar a idoneidade do outro, mas deverá fazê-lo no momento próprio,
que é o da habilitação, isto é, na fase em que se examina a documentação dos interessados, sendo
incabível de reclamação posterior.
A habilitação preliminar e o julgamento da concorrência são feitos obrigatoriamente por
comissão composta de no mínimo três membros, sendo que dois destes deverão ser pertencentes
aos quadros permanentes dos órgãos da Administração.

4.2 Tomada de preços

Tomada de preços é a modalidade de licitação entre interessados, devidamente cadastrados,


ou que atenderem às condições exigidas para cadastramento até o terceiro dia anterior à data
fixada para recebimento das propostas, observada a necessária qualificação.

4.3 Convite

Convite é a modalidade de licitação mais simples, destinada às contratações de pequeno


valor, consistente na solicitação escrita a pelo menos três interessados no ramo do objeto,
cadastrados, para que apresentem suas propostas, no prazo mínimo de cinco dias úteis.

5 LIMITES DE VALOR PARA LICITAÇÃO

A Tabela Limites de Valor para Licitação, ilustrada na Figura abaixo, demonstra os diferentes valores
praticados a partir de 28-5-1998 e de acordo com cada modalidade.

AQUISIÇÃO DE OBRAS E PRAZOS MÍNIMOS

MODALIDADE DE MATERIAIS PARA SERVIÇOS DE PARA

LICITAÇÃO CONTRATAÇÃO DE ENGENHARIA APRESENTAÇÃO


SERVIÇOS DE PROPOSTAS

Administração de Materiais e Recursos Patrimoniais - ICSP / FESP - Prof. Antonio Carlos Morozowski 110
ATÉ R$8.000 ATÉ R$15.000
LIMITES DE
ART. 24 INCISO II ART. 24 INCISO I -
DISPENSA

ATÉ R$80.000 ATÉ R$150.000

CONVITE ART. 23 INCISO II ART. 23 INCISO I 5 DIAS ÚTEIS


ALÍNEA B ALÍNEA A

ATÉ R$650.000 ATÉR$1.500.000

TOMADA DE ART. 23 INCISO II ART. 23 INCISO I 15 DIAS CORRIDOS


PREÇOS ALÍNEA B ALÍNEA B

VALORES ACIMA VALORES ACIMA


DOS LIMITES DE DOS LIMITES DE
TOMADA DE TOMADA DE
CONCORRÊNCIA 30 DIAS CORRIDOS
PREÇOS PREÇOS

ART. 23 INCISO II ART. 23 INCISO II

ALÍNEA C ALÍNEA C
6 EDITAL DE LICITAÇÃO

6.1 Documentação necessária para cadastramento

A empresa que pretende fornecer bens e serviços deve cadastrar-se na unidade administrativa
respectiva, por meio de requerimento. O cadastramento é realizado mediante a apresentação de
documentação inerente à habilitação jurídica e regularidade fiscal do interessado, e também da
documentação comprobatória de qualificação econômico-financeira.

Os seguintes documentos são exigidos:

6.1.1 HABILITAÇÃO JURÍDICA

a. registro comercial, no caso de empresa individual;


b. ato constitutivo, Estatuto ou Contrato Social em vigor, e alterações subseqúentes,
devidamente registrados na Junta Comercial do Estado, em se tratando de sociedade comercial e,
no caso de sociedades por ações, acompanhados de documentos de eleição de seus administrado-
res;
c. inscrição do ato constitutivo, no caso de sociedades civis, acompanhada de prova de
diretoria em exercício;

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d. decreto de autorização, em se tratando de empresa ou sociedade estrangeira em
funcionamento no País, e ato de registro ou autorização para funcionamento, expedido pelo
órgão competente, quando a atividade assim o exigir.

6.1.2 QUALIFICAÇÃO TÉCNICA

A qualificação técnica está limitada a:

a. registro ou inscrição em entidade profissional competente, como Corcesp, Crea, CRN,


CRQ, CRP, CRA, CRC etc. Caso a empresa não possua tal registro, apresentar declaração em
papel timbrado, justificando a inexistência de tal registro;
b. atestados de desempenho anterior, para cada uma das atividades exercidas pela empresa,
passados por pessoas de direito público ou privado, indicando local, natureza, volume,
quantidade, prazos e outros dados característicos do fornecimento, obras ou serviços;
c. indicação das instalações para realização do objeto do cadastro: endereço atual e área
construída, sede/matriz, parques industriais, fabris e filiais;
d. indicação do aparelhamento técnico adequado e disponível: equipamentos, máquinas,
veículos, mobiliário etc. que possuir;
e. relação da equipe técnica da empresa, com indicação do responsável técnico,
acompanhada dos respectivos currículos.

6.1.3 QUALIFICAÇÃO ECONÔMICO-FINANCEIRA

a. balanço patrimonial e demonstrações contábeis do último exercício 50cial, já exigíveis e


apresentados na forma da lei;
b. certidão negativa de falência ou concordata expedida pelo distribuidor da sede da pessoa
jurídica, ou Certidão Negativa de Execução Patrimonial, expedida no domicílio da pessoa física.

6.1.4 REGULARIDADE FISCAL

a. prova de inscrição no Cadastro Geral de Contribuintes do Ministério da Fazenda -


CGC/MF;
b. prova de inscrição no Cadastro de Contribuintes Estadual ou Municipal, se houver,
relativo ao domicilio ou sede da empresa, pertinente a seu ramo de atividade;

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c. Certidão Negativa de Débito (CND), expedida pelo Instituto Nacional de Seguridade
Social (INSS);
d. prova de regularidade para com a Fazenda Federal, Estadual ou Municipal, do domicílio
ou sede de licitante, ou outra equivalente, na forma da lei;
e. Certidão de Regularidade de Situação (CRS), do FGTS, emitida pela Caixa Econômica
Federal.

MOVIMENTAÇÃO DOS ESTOQUES

INTRODUÇÃO

Define-se a movimentação de material como a atividade ou a função da Administração de


Material responsável pela geração de dados e/ou de informações relativas ao fluxo contínuo das
operações de entrada (em) e saídas (de) almoxarifado. É através das rotinas de recebimento e
fornecimento de material que se estabelecem as relações entre usuários, Almoxarifado,
Contabilidade, Vendas etc. Dependendo do tipo de empresa e de seu porte, a movimentação de
material adquire maior, menor ou relativa importância e complexidade dentro do sistema.
De modo geral, as movimentações mais freqüentes, ocorridas em almoxarifado, referem-se
as entradas e as saídas dos itens mantidos regularmente em estoque para atender as necessidades
imediatas de consumo (próprio ou de venda).
Entretanto, encontramos, em muitas empresas, situações em que outras movimentações
ocorrem em maior ou menor escala. Para isto, concorrem diversos fatores, tais como,
desativação de equipamentos e máquinas por obsoletismo, quebra ou descontinuidade de
fabricação, recolhimento de material sujeito a reparos, sucateamento, canibalização,
beneficiamento e outros fins, divergência de saldos etc.
Em organizações mais complexas, em que são transacionados diferentes e diversificados
tipos de material, a ocorrência destas movimentações pode chegar, às vezes, a se constituir em
fluxo normal e rotineiro em seus almoxarifados, enquanto, em outras empresas, representar
eventuais ou praticamente inexistir. Associado a estes fatores, existe o grau de centralização das
movimentações que a Administração atribui aos seus almoxarifados.

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Cumpre notar que nem todas as empresas utilizam os mesmos critérios ou possuem o mesmo
entendimento sobre o assunto. Umas, por exemplo, adotam a concentração no almoxarifado de
toda e qualquer operação de entrada e de saída de material, mesmo, que não sejam itens
destinados, somente, ao estoque.
A centralização apresenta a vantagem de canalizar, para um único ponto convergente, as
atividades de recebimento e fornecimento de material, independentemente de origem, natureza,
finalidade, destino ou estado de conservação dos itens. Além de permitir uma constância nos
procedimentos de almoxarifado e a adoção de critérios uniformes, propicia o direcionamento do
fluxo de dados necessários aos controles físicos e contábeis, para um único local, evitando, deste
modo. a dispersão das informações para processamento.
Como desvantagens, citamos o aumento de trabalho e do número de documentos a serem
processados e a necessidade de dar maior treinamento ao pessoal envolvido nas sistemáticas de
recebimento e de fornecimento, além de possíveis dilatações do prazo de entrega em relação ao
que era mantido.
Em sistemas cuja política de Administração de Almoxarifado tem por diretriz a centralização
física e simbólica, neste órgão, de todas as movimentações ocorridas, é necessário que estas
transações sejam diferenciadas quanto ao tipo de ocorrência.
A diferenciação é importante para que os controles físicos e contábeis reflitam a verdadeira
natureza das contas do plano contábil.

TIPOS DE MOVIMENTAÇÃO DOS ESTOQUES


As entradas em almoxarifado provêm de origens diversas, demandando, para cada tipo,
procedimentos administrativos e contábeis diferentes. Assim, por exemplo, um recebimento do
fornecedor apresenta conotações diferentes de uma entrada de material proveniente de devolução
de um item anteriormente fornecido a um usuário da empresa.
Da mesma forma que os recebimentos apresentam características diferentes, quanto ao
tratamento das informações e no que se refere à origem dos fornecimentos, cada tipo de saída de
almoxarifado corresponde a finalidades diferentes, exigindo, conseqüentemente, tratamentos
próprios que variam de acordo com a destinação ou a finalidade a ser dada ao material. Um
fornecimento de material para consumo interno apresenta características administrativas
diferentes de uma baixa para alienação futura ou para venda, por exemplo.
Dependendo do tipo de atividade da empresa e, principalmente, do grau de detalhamento e
complexidade do controle que se pretenda desenvolver ou que sejam necessárias ao sistema, as

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entradas e as saídas de material podem desdobrar-se em diversos e diferentes tipos, como
veremos a seguir.

Entradas em Almoxarifado

Mesmo nas situações em que o material é entregue, diretamente, ao requisitante pelo


fornecedor, não se processando o recebimento fisicamente no almoxarifado, a entrada pode e
deve ser imputada, simbolicamente, a este órgão. O almoxarifado, de posse das notas de entrega,
emite o documento de entrada.

As entradas mais comuns são as seguintes:

Por Compra. Trata-se de uma transação que tem por objetivo informar ao sistema o
acréscimo, nos estoques, do valor e das quantidades dos materiais adquiridos no país ou por
importação direta.
Conforme a necessidade, pode ser desdobrada em: compra no mercado interno e compra no
mercado externo. Esta transação informa, ainda, ao sistema contábil o recebimento para a
liberação do pagamento ao fornecedor.
Através desta entrada, o sistema atualiza os preços médios unitários dos itens
correspondentes.

Por Produção Industrial. E' uma transação que informa ao sistema o acréscimo,
nos estoques, do valor e das quantidades dos materiais produzidos internamente,
na empresa, e que serão destinados à venda, ou para o consumo, ou para aplicação interna.
Através desta entrada, os preços médios unitários dos itens são atualizados. Nesta transação,
podem ser incluídos os materiais beneficiados ou reparados por órgão próprio da empresa.

Por Beneficiamento, Reparo ou Canibalização. É uma transação que informa ao sistema o


acréscimo, nos estoques, de valor e de quantidade dos materiais beneficiados, reparados ou
canibalizados, por terceiros ou, internamente, pela própria empresa.
Permite, ainda, informar ao sistema contábil o recebimento para a liberação do pagamento do
fornecedor.
Observemos que, nesta transação, os materiais beneficiados ou reparados, quando de sua
entrega a terceiros, deram baixa dos estoques por um valor e. ao serem recebidos, entrarão por

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outro valor.

Por Devolução Interna. Esta transação permite ao sistema incorporar, novamente, aos
estoques, os materiais que foram requisitados, anteriormente, porém não chegaram a ser
consumidos ou utilizados. Geralmente, esta transação decorre de erro de fornecimento, de sobra
de montagem de equipamentos ou de excesso, sem utilização, no órgão usuário.
E uma entrada de valor e de quantidades. Pode ser valorizada pelo preço médio unitário da
época do fornecimento ou, não sendo possível, pelo último valor médio registrado por ocasião
da devolução.
Esta transação refere-se a uma entrada de itens que guardam o mesmo estado físico da época
em que foram baixados dos estoques. Geralmente, itens novos. Permite ainda, informar ao
sistema de custo a entrada do material para o processamento do crédito ao centro de custos,
anteriormente, debitado, quando da saída do material dos estoques.

Por Devolução Externa. Refere-se a uma transação que permite incorporar, novamente, aos
estoques, os materiais cedidos, anteriormente, a terceiros para servir de matriz ou modelo.
Neste caso, os itens devolvidos devem guardar as mesmas características de quando de sua
baixa dos estoques. Esta transação pode compreender. ainda, os recebimentos decorrentes de
reposições pelo fornecedor de materiais recusados, em fornecimentos anteriores, por avaria ou
por não estarem dentro das especificações técnicas da empresa ou, ainda, nos casos de falta.
Esta transação permite ao sistema contábil estornar o débito anteriormente feito ao
fornecedor e a conseqüente liberação do pagamento retido.

Por Cessão de Terceiros. É uma transação caracterizada pelo recebimento de material


cedido por empréstimo por empresa do mesmo grupo, em situação, normalmente, de urgência ou
por empreiteiras durante a fase de obras.
Permite o registro de valor e de quantidade nos estoques. A valorização da entrada do
material é feita com base no preço unitário constante no documento de cessão.

Por Devolução de Empréstimo. Trata-se de uma transação de entrada física e contábil que
permite o retomo ao estoque dos materiais anteriormente cedidos, por empréstimo, a empresas
do mesmo grupo e devolvidos à origem.
Esta transação refere-se aos materiais que mantêm as mesmas condições originais de uso ou
de consumo que apresentavam quando de seu empréstimo. Geralmente, a devolução é feita sobre

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material novo adquirido pela empresa cessionária que recebeu o material, para restituição do que
se desgastou com o uso ou com o consumo.
Permite, ainda, creditar a empresa devolutória pelo débito feito por ocasião do fornecimento.
A valorização da entrada poderá ser feita pelo preço unitário constante do documento de cessão
ou empréstimo, pelo preço unitário constante no documento de devolução do material ou pelo
valor do preço médio unitário da época da restituição, dependendo da situação.
Por Transferência. E uma transação que permite ao sistema registrar, no estoque do
almoxarifado recebedor, a quantidade e o valor dos materiais transferidos de outro almoxarifado
da mesma empresa.
Nesta movimentação, o sistema credita a conta de "trânsito" e debita o almoxarifado
destinatário, ficando a conta de estoques na mesma posição de antes da transferência, até o
momento em que os materiais sejam consumidos.

Por Alienação - Trata-se de uma transação de entrada de quantidade e de valor, referente


aos materiais irrecuperáveis, obsoletos ou sem mais serventia para a empresa (em excesso),
recolhidos para alienação.
Além destes tipos de transações de entrada, que se caracterizam pela movimentação física do
material, existem outras que se destinam. basicamente. a alterar as posições de quantidade e de
valor, já registradas pelo sistema como as mencionadas nos itens seguintes.

Por Ajuste de Inventário - Sobra. Refere-se a uma transação que permite ao sistema
corrigir as situações de estoque, em que os saldos físicos, apurados no inventário, apresentam
diferenças "a maior em relação às posições registradas nos sistemas contábil e de material. Trata-
se de uma transação de quantidades e de valor,. em que as sobras são acrescidas ao estoque,
através de um débito ao almoxarifado e um crédito à conta de ajuste.

Por Ajuste de Recebimento - Acréscimo. Trata-se de uma transação que só ocorre quando
os materiais anteriormente recebidos são registrados no sistema em quantidades e/ou em valores
inferiores às que, efetivamente, a empresa recebeu e/ou tem a pagar.

Saídas de Almoxarifado

As saídas de material do almoxarifado apresentam desdobramentos particularizados, em


função da destinação a ser dada ao item ou da sua finalidade ou aplicação.

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Assim, encontramos, mais usualmente, os tipos de transações de saída de material de estoque
citados a seguir.

Para Consumo Interno. E a transação que informa ao sistema a saída de quantidade e de


valor de material do estoque para consumo dos órgãos requisitantes da empresa.
Permite ao sistema contábil baixar, física e contabilmente, o material fornecido e apropriá-lo
no centro de custo onde o item será consumido ou aplicado.
Para Venda. Trata-se de uma transação de baixa de quantidade e de valor, informando ao
sistema o decréscimo, físico e contábil, do estoque, de material fabricado internamente e
destinado à venda a terceiros.

Para Beneficiainento, Reparo ou Canibalização. É uma transação que informa ao sistema


o decréscimo, dos estoques, do valor e das quantidades dos itens baixados para beneficiamento,
reparo ou canibalização por terceiros ou, internamente, pela empresa.
Esta transação permite ao sistema contábil processar o débito ao fornecedor que será,
posteriormente, creditado pela devolução do material transformado, recuperado ou canibalizado.

Para Produção Interna. E uma transação que se refere, apenas, a uma baixa física e
contábil, do estoque de sucata, de quantidade de material inservível, destinado a transformação e
subseqüente utilização, como matéria-prima, na produção de um bem.
Dependendo do critério utilizado, pelo sistema contábil e de custos, esta transação pode ser
considerada como saída para consumo interno.
E uma transação que permite a apropriação da quantidade que será consumida no centro de
custo próprio.

Para Alienação. Refere-se a uma transação de saída, por venda, permuta ou doação, de
material irrecuperável, obsoleto ou sem mais serventia para a empresa.
Permite ao sistema baixá-lo, física e contabilmente, do estoque.

Para Terceiros. Trata-se de uma transação que permite baixar dos estoques, física e
contabilmente, os materiais cedidos a fornecedores para servir de matriz ou modelo.
Esta transação também pode compreender os materiais rejeitados por irregularidades no
fornecimento ou, ainda, nos casos de sobra de material.

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Permite ao sistema contábil debitar o fornecedor pelo material devolvido. ~ valorizada pelo
preço unitário constante na nota fiscal do fornecedor.

Para Devolução a Terceiros. E uma transação de saída, caracterizada pela devolução de


material anteriormente cedido, por empréstimo, por empresa do mesmo grupo, em situação de
emergência ou por empreiteiras durante a fase de obras.
Permite a baixa de quantidade e de valor dos estoques.

Para Cessão a Terceiros. Trata-se de uma transação de saída, física e contábíl, que permite
baixar dos estoques os materiais que serão cedidos por empréstimo a empresas do mesmo grupo.
Permite ao sistema contábil debitar a cessionária pelo valor da transação.

Por Transferência. É uma transação que permite ao sistema baixar, do estoque do


almoxarifado fornecedor, a quantidade e o valor dos materiais transferidos a outro almoxarifado
da mesma empresa.
Neste tipo de movimentação, o sistema debita a conta de "trânsito" e credita o almoxarifado
remetente, ficando a conta de estoques na mesma posição de antes da transferência.
Da mesma forma que as entradas, a estas transações de saídas podem ser acrescentadas duas
outras que têm, por finalidade, ajustar os estoques, por quantidade e por valor, da situação já
consignada pelo Sistema.

Para Ajuste de Inventário - Falta. É uma transação de saída que permite ao sistema corrigir
as situações de estoque em que os saldos físicos apurados, no inventário, apresentam diferenças
"a menor" em relação às posições registradas nos sistemas contábeis e de material.
Trata-se de uma transação de quantidade e de valor, em que as faltas são deduzidas do
estoque, através de um crédito ao almoxarifado e um débito á conta de ajuste.

Para Ajuste de Recebimento - Decréscimo. Trata-se de uma transação que ocorre quando
os materiais anteriormente recebidos são registrados no Sistema quantidades e/ou em valores
superiores às que, efetivamente, a empresa recebeu e/ou tem a pagar.

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