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Módulo 3 – Indução da Ciclicidade

Métodos não hormonais

Manejo da Amamentação

Efeito da Remoção Temporária de Bezerros no Retorno a Atividade Cíclica


Ovariana no Pós-parto.

Entre os tratamentos para aumentar os pulsos de LH e restabelecer a ciclicidade


está a remoção parcial ou total dos estímulos da sucção. Edwards (1985) verificou
que não houve efeito da remoção temporária de bezerros nas concentrações ou
nos pulsos de LH até 8 horas após a remoção, porém com 48 horas após a
remoção dos bezerros tanto a concentração e como a pulsatilidade de LH haviam
aumentado significativamente, atingindo concentrações similares as observadas
em vacas ciclando. Williams et al. (1983) verificaram aumento no número de
pulsos de LH em animais que sofreram remoção de bezerros por 48 horas (3,0 
0,6 pulsos em 6 horas) em relação aos animais que não sofreram (,1,2  0,3
pulsos em 6 horas) e quando a remoção de bezerros foi associada ao implante de
P4 o aumento dos pulsos de LH foi mais acentuado (4,7  0,70 pulsos em 6
horas), aumentando assim a concentração de LH circulante.

Tabela 1. Efeito do implante de progesterona e/ou presença do bezerros na


concentração média de LH, na freqüência dos pulsos de LH e na
amplitude média dos pulsos de LH em vacas pós-parto (WILLIAMS et
al., 1983).

Presença do Presença do Ausência do Ausência do


Parâmetro Bezerro/sem Bezerro/com Bezerro/sem Bezerro/com
Implante Implante Implante Implante
Concentração 1,0  0,02a 1,2  0,03ab 1,5  0,04b 2,0  0,50c
Média de LH
Freqüência de LH
1,2  0,30a 1,8  0,50a 3,0  0,60b 4,7  0,70c
(pulsos em 6 h)
Amplitude média
1,3  0,20 1,4  0,10 1,3  0,30 1,8  0,20
dos pulsos de LH
Valores com diferentes sobrescritos na mesma linha diferem (P<0,05).

Meneguetti et al. (2001) verificaram que a taxa de ovulação à primeira aplicação


de GnRH, em vacas Nelore em anestro, foi influenciada (P<0,05) pelo diâmetro do
folículo no dia da aplicação de GnRH, sendo que o tamanho do folículo nas vacas
que não ovularam foi de 9,56  0,28 mm (n = 32) e de 10,63  0,19 mm (n = 67)
nas que ovularam. O tamanho do folículo dominante no dia da aplicação do GnRH
foi influenciado (P<0,05) pela remoção de bezerros por 48h antes da aplicação do
GnRH, sendo de 10,51  0,25 mm (n = 48) e 10,07  0,20 mm (n = 51) nas vacas
com e sem remoção, respectivamente. Vacas que sofreram remoção de bezerros
apresentaram maior taxa de ovulação (P<0,01; 41 em 48 vacas, 85,4%) em
relação às que não sofreram remoção (26 em 51 vacas, 51,0%). Estes dados
sugerem que a remoção temporária de bezerros por 48 horas aumenta os pulsos
de LH com conseqüente aumento da persistência e do diâmetro do folículo
dominante, aumentando a taxa de resposta ao GnRH em vacas Nelore paridas em
anestro.

Vilela et al. (1999) verificaram maiores taxas de ovulação ao primeiro estímulo


hormonal e de sincronização ao protocolo GnRH - PGF2 - BE (Benzoato de
Estradiol) em vacas que sofreram remoção de bezerros por 48 horas (74,6 e 82,1
%) quando comparado às vacas que não sofreram remoção de bezerros (52,1 e
54,8%), respectivamente. Estes resultados sugerem que a remoção de bezerros
por 48 horas aumenta a pulsatilidade de LH, estendendo o período de dominância
do folículo e aumentando a resposta aos tratamentos hormonais.

Tabela 2. Efeito da remoção ou não de bezerros por 48 horas em vacas Nelore


na taxa de ovulação ao primeiro estímulo hormonal e na taxa de
sincronização (VILELA et al., 1999).
Taxa de Sincronização
Taxa de Ovulação
Tratamento (aplicação de Benzoato de
(aplicação de GnRH)
Estradiol).
Com remoção do
50/67 (74,6%)a 55/67 (82,1%)a
bezerro
Sem remoção do
38/73 (52,1%)b 40/73 (54,8%)b
bezerro
Valores com diferentes sobrescritos na mesma coluna diferem (P<0,05).

Vasconcelos et al. (2004) verificaram a remoção de bezerros por 48 horas


aumenta a porcentagem de vacas em cio nos dois primeiros dias da estação de
monta, mas para que a concepção seja normal, as vacas necessitam ser expostas
à progesterona previamente, ou seja, a remoção de bezerros por 48 horas é capaz
de induzir o estro, mas não é capaz de minimizar a ocorrência de ciclo curto,
função exercida pela progesterona.

Tabela 3. Efeito do tratamento na porcentagem de vacas em cio e na taxa de


concepção durante os dois primeiros dias da estação de monta
(VASCONCELOS et al., 2004).
Grupo Vacas em cio (%) Taxa de Concepção (%)
Controle 2,7a 0a
Remoção de Bezerros (RB) 45,7c 0b
Dispositivo de P4 10,9b 37,5c
Dispositivo de P4 + RB 41,4a 55,2c
Valores com diferentes sobrescritos na mesma coluna diferem (P<0,01).

Desmame Precoce
Essa técnica é utilizada nos EUA nos casos em que é mais econômico alimentar o
bezerro do que a vacas lactantes. Em geral, essa prática se restringe às
condições de seca grave, o que permite que as vacas retornem a ciclicidade mais
cedo, pois reduzem as altas necessidades nutricionais relacionadas a
amamentação.

Amamentação uma vez ao dia

Trata-se também de uma ferramenta benéfica, sobretudo no caso de novilhas de


primeira cria, quando as condições ambientais são precárias. Foi demonstrado
que as novilhas de primeira cria que amamentam uma vez ao dia voltam a ciclar
mais cedo do que aquelas que amamentam ad libitum.

Estudos realizados no Brasil (RESENDE, 1993), demonstraram que as vacas que


amamentaram ad libitum ganharam significativamente menos peso do que as que
amamentaram uma ou duas vezes por dia. Portanto, parece que o efeito da
mamada controlada se dividem em dois fatores: o ato de amamentar e a
recuperação da condição corporal da vaca, que juntos contribuem para a redução
do intervalo entre o parto e a primeira ovulação.

Thompson et al. (1983) encontraram em vacas Angus intervalo parto-primeiro


estro de 13,5 a 16,2 dias nas vacas que amamentaram suas crias uma única vez
ao dia, durante 45 dias e 27,6 a 24,7 nas vacas que amamentaram suas crias ad
libitum.

Massagem Uterina

Segundo Guilbault et al. (1984) o útero sintetiza PGF2 durante o pós-parto.


Tolleson & Randel (1988) observaram que a PGF2 administrada entre o 29o e o
42o dia pós-parto em vacas Brahman, reduziu o intervalo parto-primeiro estro.
Postularam assim, que a massagem uterina nesta fase promoveria acréscimo nas
concentrações de PGF2, com conseqüente redução do período de involução
uterina.

Velez et al. (1990) não observaram diferença quanto aos índices de cio e prenhez
no 90o dia pós-parto entre as vacas que receberam uma única massagem uterina
no 30o dia pós-parto ou uma massagem uterina semanalmente, do 9 o ao 51o dia
pós-parto ou até o primeiro estro.

Resende (1993) avaliaram o efeito da massagem uterina (fricção manual uterina,


via retal, por 30 segundos) e não detectaram efeito no intervalo parto-primeiro
estro e na taxa de concepção ao primeiro serviço.

Efeito Macho

A maioria dos estudos sugere que talvez o “efeito macho” ocorreria através de
percepções olfativas na forma de feromônios transmitidas do macho para a fêmea,
o que aumenta os pulsos de LH e induz uma onda pré-ovulatória de LH e a
ovulação. Contudo, o mecanismo exato através do qual a presença do touro ativa
os processos fisiológicos que iniciam a retomada dos ciclos estrais não foi
esclarecido, pois outros indícios mostram que nem a progesterona nem o LH nas
vacas são afetados pela presença do touro (CUSTER et al., 1990).

Os indícios do “efeito macho” em bovinos são contraditórios. Novilhas expostas a


touros não atingiram a puberdade mais cedo do que outras não expostas
(MACMILLAN et al., 1974). A exposição de vacas de corte no período pós-parto a
touros ou vacas androgenizadas encurtou (MACMILLAN et al., 1979; ZALESKY et
al., 1984; CUSTER et al., 1990) o anestro pós-parto. O “efeito macho” não
depende dos estrógenos ovarianos (KNIGHT et al., 1978) e as vacas com escores
da condição corporal elevados no parto mascararam esse efeito na retomada dos
ciclos estrais pós-parto.

Métodos hormonais

GnRH

Uma única injeção de GnRH administrada por volta do dia 21 a 31 pós-parto induz
um pico de LH e a ovulação em vacas de corte com bezerro ao pé no pós-parto
(KESLER et al., 1980; TWAGIRAMUNGU et al., 1995; RANDEL et al., 1996). Da
mesma forma, a administração de duas injeções de GnRH com um intervalo de 10
dias também induz a atividade cíclica em vacas de corte. Entretanto, a vida útil do
CL induzido pelo GnRH é geralmente mais curta do que a dos CL formados após
ovulação espontânea (KESLER et al., 1980).

Gonadotrofinas

Uma única aplicação de gonadotrofina sérica da égua prenhe (PMSG ou eCG)


estimula a secreção de estradiol (E2), o pico de LH e a ovulação em vacas de
corte com bezerro ao pé. Da mesma forma, a administração de uma injeção de
gonadotropina coriônica humana (hCG) depois do dia 19 pós-parto resulta na
formação de um CL em 40 a 82% (JOHNSON et al., 1992) das vacas acíclicas,
mas apenas 25% com CL de duração normal (JOHNSON et al., 1992)

O eCG também pode ser utilizado em associação com progestinas. Perez et al.
(2004) verificaram que vacas que receberam eCG tiveram melhor
desenvolvimento folicular (1,8  0,2 vs. 1,2  0,1 mm; P<0,01), maior detecção de
estro antes da IATF (42,1 vs. 26,4%; P<0,01) e maior taxa de sincronização (75,3
vs. 64,5%; P<0,05) do que as vacas que não receberam eCG, mas não
detectaram efeito da aplicação de eCG na taxa de concepção à IATF (53,6% nas
vacas tratadas vs. 50,3% nas vacas não tratadas).

Progestinas

Os implantes auriculares de progestágenos, os progestágenos orais e os


dispositivos intravaginais de progesterona em vacas em anestro mantém o
desenvolvimento folicular em padrões semelhantes aos das vacas ciclando,
permitindo o desenvolvimento e a maturação final do folículo, seguido do pico de
LH, ovulação, formação de corpo lúteo normal e finalmente retorno a ciclicidade.

O tratamento com norgestomet aumenta a freqüência dos pulsos de LH e as


concentrações de estradiol (E2) no soro sanguíneo (GARCIA-WINDER et al.,
1986; GARVERICK et al., 1988) e no fluido folicular (GARCIA-WINDER et al.,
1987). O tratamento com um dispositivo intravaginal de progesterona (PRID -
progesterone-releasing intravaginal device) durante 10 dias em vacas de corte
antes do dia 30 pós-parto reduz o intervalo entre partos em 13 dias em
comparação as vacas do grupo controle, não tratadas (PETERS, 1982). Foi
demonstrado que o acetato de melengestrol e o norgestomet aumentam o
desempenho reprodutivo fora da estação de monta em ovelhas sazonalmente
anovulatórias (JABBAR et al., 1994).

O tratamento com norgestomet mais uma injeção de GnRH 24 horas após a


retirada do implante aumenta a liberação de LH induzida pelo GnRH e reduz a
incidência de ciclos curtos (EDWARDS et al., 1983). O norgestomet mais a
aplicação de hCG 36 a 48 horas após a retirada do implante induz a ovulação
(SHEFFEL et al., 1982) e reduz a incidência de ciclos curtos (GARCIA-WINDER et
al., 1986). Stevenson et al. (1997a) concluíram que o tratamento com PGF2,
GnRH e norgestomet em vacas de corte em anestro com bezerro ao pé e em
novilhas pré-puberes induz a ovulação e aumenta a taxa de prenhez. Esses
estudos mostram que o pré-tratamento com progestinas parece prolongar a vida
útil do CL induzido em vacas acíclicas no pós-parto.
No caso de vacas acíclicas no período pós-parto, o desenvolvimento do folículo
dominante deve ser estimulado, e o ciclo estral curto, que acompanha a primeira
ovulação pós-parto, precisam ser evitado. As progestinas (progesterona e
progestágenos) evitam o ciclo estral curto que acompanha a primeira ovulação
pós-parto.

Vasconcelos et al. (2004) avaliaram o efeito da exposição de vacas em anestro


(Angus/Nelore) ao dispositivo intravaginal de progesterona e/ou remoção de
bezerros (RB) nos parâmetros reprodutivos. Durante a estação de monta de 25
dias, vacas meio-sangue Angus/Nelore (n = 286), com 44 a 70 dias pós-parto,
com ECC de 2,5 a 3,5 (escala de 1 a 5), mantidas a pasto (Brachiaria decumbens)
e com sal mineral ad libitum, foram divididas aleatoriamente em um dos 4 grupos:
G1 (n = 73) Controle – detecção de cio e IA 12h depois; G2 (n = 70) RB por 48h,
detecção de cio e IA 12h depois; G3 (n = 73) dispositivo intravaginal de
progesterona (CIDR) por 7 dias, detecção de cio e IA 12h depois; G4 (n = 70)
dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR ) por 7 dias, RB por 48h, detecção
de cio e IA 12h depois.

Foi detectado efeito de tratamento (P<0,01) no intervalo entre o parto e a primeira


IA e na taxa de prenhez em 25 dias de estação de monta.

Tabela 4. Efeito de tratamento no intervalo entre o parto e a primeira IA e na taxa de


prenhez em 25 dias de estação de monta.
Intervalo Parto/Primeira IA Taxa de Prenhez em 25 dias de
Grupo
(d) Estação de Monta (%)
Controle 16,2±2,6c 10,2b
RB 2,7±1,6a 2,5a
CIDR 9,2±1,7b 15,0c
CIDR+RB 3,2±1,5a 25,6d
Valores com diferentes sobrescritos na mesma coluna diferem (P<0,01).
Esses dados sugerem que a administração de progesterona associada a remoção
de bezerros é uma boa estratégia para aumentar a taxa de prenhez em vacas em
anestro, pois a remoção de bezerros induz o estro e a exposição prévia a
progesterona minimiza a ocorrência de ciclo curto, aumento a taxa de concepção
no início da estação de monta.

Indução da Ciclicidade pela Melhora no Escore de Condição Corporal

Melhorar a Disponibilidade de Alimentos

O objetivo desse curso não é discutir manejo nutricional e sim apresentar algumas
estratégias que auxiliam a minimizar problemas nutricionais. Deve-se sempre
lembrar que as ferramentas apresentadas auxiliam na indução da ciclicidade e não
são capazes de corrigir falhas graves de falta de disponibilidade de alimentos.

Tratamento com Ionóforos

A eficiência na conversão alimentar e os fatores que a envolvem têm grande


importância nos sistemas atuais de produção animal. Há tempos, busca-se
identificar ferramentas que possam auxiliar no controle do metabolismo microbiano
ruminal, pois a alteração de alguns processos fermentativos poderia beneficiar a
eficiência energética e protéica dos ruminantes. Extensivas triagens, através de
incubações in vitro e avaliações in vivo, foram realizadas até a identificação de
moléculas capazes de produzir os efeitos almejados (BEED & FARLIN, 1977).

Os resultados obtidos com antibióticos do grupo dos ionóforos mostraram


eficiência promovendo a alteração dos padrões de fermentação ruminal. As
pesquisas evoluíram muito na década de 80 e hoje temos mais de 70 ionóforos
identificados, dos quais a monensina sódica e a lasalocida têm sido os mais
amplamente utilizados.

Inúmeros estudos têm demonstrado que a monensina promove alteração da


proporção molar de ácidos graxos voláteis (AGVs) no rúmen (NAGAJARA et al.,
1982; SCHELLING, 1984; BERGEN & BATES, 1984; GOODRICH et al., 1984). A
monensina promove aumento do propionato e diminuição das proporções de
acetato e/ou butirato, mantendo-se a concentração total de AGV estável ou pouco
reduzida. Isso ocorre em conseqüência de uma modificação na população
microbiana ruminal. A monensina beneficia seletivamente as bactérias gram-
negativas, principais produtoras de propionato, com conseqüente diminuição da
viabilidade das bactérias gram-positivas.

Em bovinos, a produção de metano pode representar uma perda energética de


12% e com a utilização de ionóforos essa perda pode ser reduzida em 30%
(SCHELLING, 1984). Pesquisas indicam que a monensina reduz a perda de
proteína pela fermentação ruminal em animais recebendo dietas de forragem
(DINIUS et al., 1976; LANA & RUSSELL, 1997), efeito consistente com sua
habilidade de inibição das bactérias gram-positivas que utilizam aminoácidos
como fonte exclusiva de energia e nitrogênio (KRAUSE & RUSSELL, 1996).

De acordo com Moseley et al. (1977) a suplementação com monensina altera as


concentrações plasmáticas de glicose em resposta às mudanças na produção de
propionato ruminal (CRONJÉ et al., 1991). O aumento do propionato eleva as
concentrações plasmáticas de glicose e insulina, aumentando a retenção tecidual
de energia (REYNOLDS et al., 1991 a, b) e diminuindo as concentrações
sangüíneas de ácidos graxos não esterificados - AGNE (DUFFIELD et al., 1998).

Monensina tem mostrado aumentar a atividade ovariana (BUSHMICH et al., 1980),


elevando as concentrações séricas de LH (RANDEL & RHODES, 1980; RANDEL
et al., 1982) e de insulina (REED et al., 1997).
Novilhas de corte confinadas suplementadas com monensina alcançaram a
puberdade mais cedo e obtiveram maior taxa de concepção do que novilhas
controles (MOSELEY et al., 1977). Novilhas Brangus suplementadas com
monensina atingiram a idade à puberdade mais cedo e com peso inferior às
controles (MCCARTOR et al., 1979). Em Outro estudo, Moseley et al. (1982)
observam diminuição significativa na idade à puberdade de novilhas cruzadas,
porém sem constatação de aumento de ganho diário médio ou de peso corporal.

Abe et al. (1994), relatam decréscimo significativo no intervalo parto-primeiro


estro, mas sem alterações significativas no intervalo parto-ovulação, no intervalo
parto-concepção e na taxa de concepção, em vacas leiteiras que receberam
monensina em bolus na primeira semana pós-parto.

São inúmeros os estudos nos quais o tratamento com monensina pré e/ou pós-
parto modifica as respostas metabólicas em vacas leiteiras no período pós-parto,
porém alguns estudos não evidenciam alterações significativas da monensina nos
parâmetros reprodutivos. Mas, devido à redução das concentrações plasmáticas
de AGNE e cetonas e o aumento das concentrações plasmáticas de insulina e
glicose, teoricamente a monensina poderia melhorar a eficiência reprodutiva pós-
parto de vacas de corte.

Matos (2004) realizaram um experimento no Brasil durante o verão de 2002/2003,


com fêmeas Nelore (primíparas e multíparas), mantendo-se a proporção média de
40% de primíparas por tratamento, recebendo suplementação durante o período
de 30 dias pré-parto até 90 dias pós-parto. As fêmeas foram distribuídas
aleatoriamente em 2 grupos de suplementação: Grupo 1 (n=152) suplementação
ad libitum do suplemento mineral com monensina sódica e com polpa cítrica como
palatabilizante, com ingestão média de 350g/animal/dia e Grupo 2 (n=150) 150mg
suplementação mineral ad libitum, com ingestão média de 100g/animal/dia. A
utilização de polpa cítrica no suplemento com monensina objetivou equilibrar a
ingestão do ionóforo.

A avaliação do desenvolvimento folicular foi realizada nos dias 43,9 ± 23,15 e 54,3
± 23,08 pós-parto por ultra-sonografia, utilizando-se o aparelho modelo Aloka 500-
V, com transdutor linear de 7,5 MHz, via retal. A condição corporal foi avaliada
(escala de 1 a 5; adaptado de EDMONSON et al., 1989) no mesmo momento que
foi realizada a primeira avaliação folicular.

Tabela 5. Efeito da suplementação com Monensina na concentração de IGF-I,


na concentração de ácidos graxo não esterificados (NEFA), no
diâmetro folicular e na ovulação à aplicação de GnRH (MATOS,
2004).
IGF-I NEFA Diâmetro Ovulação ao
Grupo
(ng/mL) (mol/L) Folicular (mm) GnRH (%)
Com Monensina 115,5 ± 6,1a 956,8 ± 51,52a 10,1 ± 0,16a 35,9a
Sem Monensina 88,7 ± 6,0b 1131,2 ± 54,12b 9,6 ± 0,16b 31,5b
Valores com diferentes sobrescritos na mesma coluna diferem (P<0,05).

Foi detectado efeito positivo do tratamento com monensina no desenvolvimento


folicular aos 54 dias pós-parto, provavelmente, devido ao efeito na concentração
de IGF-I, a qual está positivamente relacionada a pulsatilidade de LH e ao
desenvolvimento folicular.
Multíparas Primíparas

12,0
Diâm etro Folicular (m m )

11,5
11,0
10,5
10,0
9,5
9,0
8,5
8,0
6
21
27
34
43
52
66
79
97
113
126
144
177
198
319
IGF-I (ng/mL)

Figura 01. Retas de regressão do diâmetro médio do maior folículo no dia da


aplicação do 1o GnRH em função da concentração plasmática de
IGF-I em primíparas (n= 117) e multíparas (n= 167).

Controle Monensina
100
90
Prenhez Acum ulativa (%)

80
70
60
50
40
30
20
10
0
0 40 80 120 160
Estação de Monta (dias)

Figura 02. Curva de cumulativa de prenhez em função dos dias de estação de


monta nos tratamentos com e sem monensina sódica (MATOS,
2004).
Estes dados sugerem que a ingestão de monensina pode ser uma boa estratégia
para se obter maior desenvolvimento folicular e provavelmente antecipar a
primeira ovulação pós-parto em vacas Nelore paridas, o que pode aumentar a taxa
de prenhez no início da estação de monta.

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