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Clutch

Série Custom Culture – Livro 02

By Tess Oliver
Equipe Pégasus Lançamentos
Envio: Soryu

Tradução: Deise

Revisão Inicial: Silvia

Revisão Final: Marcia

Leitura Final: Luisinha Almeida

Formatação e Layout: Luisinha Almeida

Verificação: Mari Sales


Sinopse

Quando os pais de Taylor Flinn a mandam para


ficar com uma tia no seu último ano do ensino médio,
James "Clutch" Mason havia se convencido que era o
melhor. Taylor, a garota selvagem, impulsiva com
apenas dezessete anos de idade, o estava deixando
louco. A escola e a pressão da menina sobre ele
eram a última coisa que ele precisava. Agora, ele
teve tempo para se concentrar em seu negócio de
peças de carros clássicos em expansão, seu novo
amor e tentar manter seu irmão Barrett, de vinte
anos, longe de problemas.

Mas quando Taylor retorna da casa de sua tia


mais crescida, absolutamente sedutora e com um
outro cara, Clutch percebe que a única coisa que
ele precisava ou queria era Taylor Flinn.
Capítulo 1

Clutch

O tampinha presunçoso zombou de mim por cima de seu


carro e eu queria bater-lhe no chão como uma estaca de barraca.
Eu corria no meu Chevelle 69 toda a primavera, mas eu nunca
tinha feito isso até a etapa final. O imbecil entrando em seu
Chevy SS nitroso bombeado venceu todas as baterias. Seu ego
inflou bastante com isso, definitivamente ele precisava esvaziar
um pouco.

Eu me acomodei no estofado personalizado que havia sido


rebaixado para acomodar a minha altura. O carro rangeu e se
inclinou ligeiramente para o lado do motorista. Correr era a única
coisa que me incomodava em ser tão alto. Eu era como um peso
de papel enorme no meu Chevy. Isso definitivamente deu ao meu
oponente, do tamanho de um clipe, alguma vantagem.

O céu azul cristal de primavera estava cortado com os tons


cinzentos e amarelos do pôr do sol. Os ventos secos de Santa Ana
eram fortes o suficiente para inclinar as palmeiras que revestem
a pista e levar calor suficiente para os espectadores se vestirem
como se fosse uma noite de verão. Rowdy, o cara que organizou
os eventos de corridas amadoras, me deu o sinal de cabeça para
a área de teste e eu liguei o motor.

O grande bloco 454 rugiu como um dragão e eu apertei o


volante.

— É isso mesmo, querida. Vamos mostrar a eles o que você


faz.

Uma impressionante multidão se reuniu para assistir. A


cabeça alta de Nix se destacou sobre os outros espectadores, mas
eu não podia ver Scotlyn. Ela estava, sem dúvida, bem presa ao
seu braço.

As luzes de largada se iluminaram quando eu segui para a


linha de partida. Eu podia ver o SS com o canto do meu olho. Eu
realmente queria isso e não foi só porque o meu adversário era
um mosquito irritante. Nix sempre insistiu que eu era muito duro
comigo mesmo, que estava tudo bem não ter sucesso em tudo,
mas isso simplesmente não acontecia no meu mundo. Minha
determinação rígida me ajudou a ganhar um monte de dinheiro
desde o colégio e, para mim, uma falha de qualquer tipo estava
fora de questão. Dray insistiu que a minha necessidade de
ganhar essas corridas me ajudou a lidar com a minha falta de
namorada, ou como ele disse de forma tão eloquente, "não ter
ninguém para comer." O idiota finalmente encontrou-se em um
relacionamento e, de repente, ele se tornou um especialista
maldito. Claro, eu me sentiria arrogante demais se eu tivesse
alguém tão impressionante como Cassie. Ela era definitivamente
a melhor coisa que já tinha acontecido com Dray.

Segurei o volante e o carro vibrava com ansiedade como um


cavalo de corrida no portão de partida. Olhei pelo espelho
retrovisor. A pista sob minhas rodas traseiras foi regada. O som
estridente de pneus e o cheiro acre da borracha derretida
encheram o ar da noite. As três luzes âmbar piscaram para mim
antes que a luz verde piscasse e meu pé achatou o pedal.

O Chevelle partiu através da nuvem de fumaça. Eu podia


ver o brilho de tinta amarela ao meu lado por um segundo e em
seguida, ficar para trás. Meu olhar subiu para o espelho
retrovisor conforme eu cruzei a linha. Eu teria ficado chateado
demais se o cara tivesse batido ou furado um pneu. Eu queria
muito ganhar isso. Seu carro parou ao lado do meu. Eu tinha
ganhado. Eu acenei educadamente para o meu adversário. Seus
pneus gritaram quando ele puxou o carro e voltou para os boxes.

Cassie surgiu a partir da linha de espectadores, a câmera


pendurada no pescoço. Ela bateu na janela do carro. Eu
manivelei para baixo e quando olhei para ela, ela capturou a
minha imagem.

Ela ergueu a câmera e olhou para a tela. A pequena argola


de prata em seu lábio dançou quando ela torceu a boca em
decepção.

— Droga. Eu realmente preciso ser capaz de obter esse


fugaz momento de emoção quando você ganha uma corrida. Ele
se foi no momento em que você parou.

— Bem, Cass, a menos que você possa descobrir uma


maneira de se colocar sobre o capô com a câmera posicionada
enquanto eu cruzo a linha de chegada, eu não acho que isso vai
acontecer.

Ela arregalou os olhos, como se estivesse realmente


pensando. Foi difícil me acostumar com ela sem os óculos, mas
ela ocasionalmente tinha começado a usar lentes de contato por
causa de seu novo hobby — fotografia. E ela era muito boa nisso.
Ela podia capturar a emoção crua e a ação em um disparo, que
contava uma história inteira em uma imagem. Recentemente, ela
havia vendido algumas fotos para revistas e parecia que seu
talento só crescia a cada disparo.

— Você não pode montar meu capô, se é isso que você está
pensando, Cass. Talvez eu pudesse tentar recriar o olhar.

— Não, não seria real.

— Bem, se você quiser capturar a agonia do momento da


derrota, eu tenho certeza que o meu adversário ainda está nisso.

Ela riu.

— Eu ouvi uma linguagem bastante desagradável vindo do


seu carro enquanto ele acelerou passando. — Ela olhou de volta
para os espectadores. — Eu vou subir de volta no meio da
multidão e encontrar Nix e Scottie. Eu não sei se Dray chegou ou
não. Ele me mandou uma mensagem que havia uma porrada de
tráfego na autoestrada.

— Eu vejo vocês em um minuto. Nós vamos ter que voltar


para minha casa para uma pizza e cerveja. Estou com vontade de
comemorar. — Eu acelerei o carro e acenei para a linha de
espectadores que aplaudiram enquanto eu passava.

Meu oponente já estava nos boxes xingando alguma


marionete estupefato, com aparência de que devia estar agindo
como seu mecânico. O cara era tão merda de um perdedor como
ele era um vencedor. Ele era definitivamente o tipo de idiota que
iria culpar o mecânico por sua perda.

Nix e Scotlyn viraram as cabeças quando eles foram através


da multidão. Mesmo com jeans e camisetas, eles pareciam como
se tivessem acabado de sair de uma revista de moda. Cassie
correu atrás deles, sua atenção pega por algo na lente de sua
câmera. Ela era pequena e delicada e a grande câmera em torno
de seu pescoço parecia forte o suficiente para puxá-la para cima.
Seu amor pela fotografia rivalizava com a minha paixão por
carros e ultimamente, eu notei que Dray estava um pouco com
ciúmes de seu hobby recém-descoberto. Principalmente, porque
isso chamou a atenção para longe dele. Os três foram através da
massa de pessoas zanzando. Eles me alcançaram enquanto eu
saía do banco do motorista.

Nix estendeu seu punho.

— Acertou em cheio.

— Droga isso foi perfeito. Eu sabia que o Chevelle poderia


bater aquele fanfarrão em seu gás hilariante e monte de ferrugem
sobre rodas. Só precisava de certas circunstâncias. — Eu olhei
para Scotlyn e sorri.

— Você pode liberar o aperto de morte sobre seu braço,


Scottie. A corrida acabou.

Um rubor rosa cobriu seu rosto e ela soltou o aperto no


braço de Nix. Eu brincava com ela de forma demasiada, quando
ela vinha para as corridas. Elas a deixavam muito nervosa e com
razão. Ninguém seria capaz de sobreviver aos horrores de um
acidente de carro mortal e não ter um ataque histérico quando
dois carros são arremessados por um caminho escorregadio em
alta velocidade.

— Parabéns, chefe — disse ela em voz baixa. A maioria de


nós só tiveram o prazer de ouvir sua voz suave, sussurrada por
alguns meses e até agora, ela estava visivelmente tranquila
quando estava estressada ou chateada com alguma coisa. Tudo
sobre Scotlyn ainda era tão assustadoramente vulnerável,
parecia que algo inesperado pode enviar sua voz recentemente
encontrada de volta para o buraco negro de angústia que já havia
engolido. Mas tão vulnerável quanto Scotlyn parecia, meu melhor
amigo, Nix, o cara que sempre cheirava a confiança, mesmo
irritantemente por isso, quando se tratava de garotas, parecia tão
completamente suscetível ao desgosto agora, que ele estava em
cada um dos retratos de Cassie. Scotlyn era dele e isso era mais
do que claro, mas também era dolorosamente claro que, se Nix a
perdesse, ele seria quebrado além do reparo. Ainda era difícil
para eu imaginar que o garoto destruidor de corações tinha dado
seu coração, mas Scotlyn era realmente algo. Meus dois melhores
amigos tinham encontrado mulheres incríveis. Eu tinha garotas
também, mas elas estavam vestidas de cromo brilhante e tinham
o caro hábito de beber — gasolina. Eu tinha dinheiro e muitos
amigos, mas ultimamente, eu tinha sentido que minha vida
estava seriamente em falta. Em minha busca para me concentrar
nos negócios e sucesso, eu tinha ignorado completamente o meu
coração.

Dray veio atrás de mim.


— Cara, eu perdi tudo, porra. Tráfego maldito. — O corte
profundo e feio ao lado de seu olho, uma lembrança de sua
última luta, estava quase curado, mas ia deixar uma cicatriz
deformada. Ele deixou cair o braço em torno do ombro de Cassie,
mas ela deu de ombros.

— Você cheira como o porto de Long Beach — ela reclamou.

Dray sorriu.

— Oh, vamos lá, você sabe que te excita. — Ele olhou para
mim. — Você pode fazer isso de novo?

— Desculpe, meu esporte não funciona assim. Uma chance


é tudo o que você tem. E não há replay também.

Dray riu.

— Esporte? Que esporte? Tudo que você faz é sentar-se em


seu carro e dirigir em linha reta por um quarto de milha. Preciso
de mais habilidade para limpar minha bunda.

Cassie deu um tapa no braço e, em seguida, fez uma careta


enquanto esfregava a mão.

— Deus, você tem que trazer o material bruto assim o tempo


todo? — Cassie estava louca sobre o cara, mas às vezes, o fato de
que eles eram opostos, era óbvio.

Dray ergueu as mãos.

— O que você quer de mim? Eu trabalho no estaleiro


durante todo o dia. O que você acha que falamos? Bolinhos?

Cassie inclinou a cabeça em aborrecimento.


— Então, tudo o que vocês conseguem conversar
manobrando suas empilhadeiras é falar sobre evacuações?

Ele deu de ombros.

— O tema vem à tona de vez em quando. — Dray abriu a


boca para continuar, mas Cassie apertou sua pequena mão
contra a boca.

— Cale a boca.

Dray ficou em silêncio. Não havia nada mais impressionante


do que saber que o meu forte amigo, que poderia derrubar um
cara duas vezes o tamanho dele com um soco, poderia ser
completamente indefeso por uma menina de 50 quilos com
óculos de garrafa e um vício em romances.

Eu dei um tapinha no capô do meu carro como um cowboy


acariciando o pescoço do cavalo.

— Bem, eu estou animado com a vitória. Encontrem-me em


minha casa para comer uma pizza e cerveja. Eu estou pagando.

***

Os ventos se suavizaram e uma perfeita noite quente da


Califórnia havia caído sobre a cidade. Entrei na minha garagem.
O amassado Pontiac que eu coloquei tanto tempo e
dinheiro olhou com tristeza para mim. Eu precisava dividi-lo em
peças, mas eu não tinha estômago para fazê-lo ainda. Eu tinha
planejado vendê-lo por muito dinheiro, mas Taylor tinha corrido
com ele e bateu com o coitado. Essa decisão impulsiva lhe
rendeu uma viagem para a casa de uma tia na Flórida para o seu
último ano do ensino médio. Seus pais e seu irmão, meu parceiro
de negócios, tinham decidido que ela estava muito fora de
controle, mas pareceu-me que eles só a queriam fora de seu
alcance. Eu não tinha ido vê-la e a culpa disso ainda me doía. Eu
tinha me preparado contra meus sentimentos por Taylor tantas
vezes que tinha sido fácil fingir que eu tinha concordado com os
pais dela. Eu tinha certeza que ela me odiava por isso. Mas eu
sabia muito bem que eu não tinha ido com ela até o aeroporto,
porque eu não podia suportar dizer adeus.

A pizzaria estava na discagem rápida, juntamente com todas


as outras boas comidas locais num raio de 5 km. Eu apertei o
telefone no meu ouvido e me dirigi para a porta. Minha mente
estava em pepperoni e cebola e eu não tinha notado a moto até
eu quase cair sobre ela. Eu olhei para cima em direção à casa,
mas a varanda da frente estava vazia.

Fiquei olhando para a moto até eu terminar a minha


encomenda de pizza. Nix e Dray estacionaram no meio-fio. Dray e
Cassie vieram até a entrada primeiro.

— De quem é a moto? — Perguntou Dray.

Dei de ombros.

— Eu não tenho certeza. Está em má forma. Talvez alguém


queira restaurá-la. — Eu olhei ao redor. Muito estranho eles
apenas deixá-la sem uma nota.
Dray me deu um tapa no ombro.

— Bem, resolva o mistério mais tarde. Estou morrendo de


fome. Quando é que a pizza vem?

— Quarenta e cinco minutos, mas eu tenho algumas


batatas fritas e cerveja na cozinha. — Dray, Cassie e eu fomos até
os degraus da varanda da frente quando Nix e Scotlyn vieram até
a calçada.

Nix avistou a moto imediatamente.

— Eu pensei que você odiava trabalhar em motos.

— Não é minha. Eu não sei de onde veio — eu disse a ele


quando eu enfiei a chave na porta.

— Parece uma versão batida da moto que seu irmão


costumava andar. — O comentário de Dray me atingiu com um
tapa nas costas.

— Merda. — Eu abri a porta e entrei.

Barrett levantou-se do sofá, com os olhos arregalados e


emoldurado por anéis escuros. Ele enfiou as mãos no bolso de
sua calça jeans, mas eu não tinha perdido o tremor em seus
dedos antes que ele os tinha escondido. Nenhum dos meus
quatro irmãos eram tão maciçamente construídos como eu e com
1,80 metros, Barrett era não só o mais novo, mas o menor de
todos nós. Mas o irmão mais novo, me lembrei, teve uma
impressionante construção muscular. Quando éramos
adolescentes, tínhamos surfado muito e quando Barrett tinha
saía das ondas com sua prancha, você poderia ouvir um suspiro
coletivo vindo dos lábios de cada mulher na areia.

— Ei Jimmy! — O som vacilante era tristemente coerente


com a sua aparência. O cara na minha frente parecia uma
sombra cinzenta e nevoada do meu irmão. Seu cabelo loiro
pairava em seus ombros em emaranhados gordurosos. Barrett
sempre tinha sido como Nix, admirava sua boa aparência e era
encantador e, assim como o meu melhor amigo, meu irmão
poderia silenciar uma sala apenas estando nela. Neste momento,
ele certamente tinha conseguido meus amigos mudos, mas o
silêncio chocado não era de temor. Barrett parecia uma merda.
Meu irmão mais novo estava drogado.

Nosso pai tinha trabalhado em três empregos para nos


manter abrigado e com comida, mas ele quase nunca tinha
tempo para nós. Mamãe passou seus dias mantendo a casa e
cozinhando refeições. Sendo o mais jovem, Barrett teve a atenção
dos pais menos do que qualquer um de nós. Mas ele chamou a
atenção e a ira de nosso pai quando ele tinha sido expulso da
escola por posse de drogas. Papai tinha conseguido um favor de
um velho amigo da Marinha que tinha um barco de pesca no
Alasca. "O trabalho duro, tempo brutal e longas horas vai mantê-
lo fora do mal," Papai tinha dito enquanto entregava a Barrett
cem dólares e um par de botas de borracha alta.

— Que diabos, Rett? O que aconteceu? Eu pensei que você


estava fora no mar de Bering?

Ele encolheu os ombros com indiferença, mas ele parecia


arrasado.
— Sim, há uma história engraçada por trás disso. — Ele
olhou em volta para os rostos familiares e não familiares. — Oi
Nix, oi Dray. — Pareceu levar toda a sua energia para falar.

— É bom ver você, Rett — Nix disse calmamente.

— Ei, amigo, senti sua falta cara. — Houve um pequeno


problema no tom de Dray, uma hesitação que eu nunca tinha
ouvido antes. Mesmo que Barrett fosse quase três anos mais
jovem que nós, ele saía muito conosco. Ele e Dray sempre tinham
conseguido entrar em apuros juntos e eles acabaram íntimos por
causa disso.

Um silêncio constrangedor se seguiu e Barrett se mexia


como uma criança nervosa em pé na frente da classe.

— Você sabe, Clutch, eu acho que nós estamos indo — disse


Nix de repente. — Nós dois temos que acordar cedo para o
trabalho.

— Sim, nós também — disse Dray.

Minha noite de celebração tinha chegado a um final ruim e


tanto quanto eu amava os meus amigos, eu estava ansioso para
que eles saíssem. E sendo bons amigos, eles, obviamente,
sentiram isso.

— Obrigado por assistir a corrida. Vejo você no trabalho


amanhã, Scotlyn. — Saí para a varanda com eles, fora do alcance
da voz de Barrett.

Nix se virou para mim.


— Ele parece muito ruim. Chame se precisar de nós.

Scotlyn aproximou-se de mim e colocou a mão no meu


braço. Seus olhos redondos azuis estavam brilhantes de lágrimas.

— Ibuprofeno, banhos quentes, os tremores ficam ruins e


não espere ele dormir muito. E tente não ser muito duro com
ele. Eu lhe asseguro, ele já está sendo punido.

— Obrigado. — Eu assisti-os descer a calçada e respirei


fundo antes de voltar para a casa.

Barrett encostou-se ao batente da porta por um suporte.

Eu fiquei sem fala por um segundo, ainda em choque com


sua aparência mirrada.

— Quando foi a última vez que você comeu? — Eu perguntei


por fim.

Ele puxou uma mão do seu bolso e empurrou o cabelo


comprido para trás de seu rosto com os dedos trêmulos.

— Tem sido alguns dias.

— Cristo, Rett, alguns dias? — Eu tive que esmagar


conscientemente a raiva em meu tom. Scotlyn estava certa. Era a
última coisa que ele precisava no momento. — Eu tenho pizza
chegando.

Seu rosto empalideceu com a menção de pizza e ele


balançou a cabeça.

— Não pense que eu posso manter qualquer coisa ainda. —


A agonia em sua voz parecia uma marreta contra meu peito.
— Deixe-me levá-lo a um hospital.

A sugestão o assustou e ele empurrou o batente da


porta. Eu pulei para frente e peguei-o antes que ele caísse no
chão. Meus braços foram ao redor dele e balancei os ombros.

— Sem hospitais, Jimmy. — As palavras quase não saíram


de sua garganta. — Por favor, deixe-me ficar aqui. Vou estar fora
de sua vista em breve, eu prometo. — Suas últimas palavras
dispararam em um soluço. Eu não tinha visto ou ouvido meu
irmão chorar desde que ele tinha doze anos e nosso cão havia
sido atropelado por um carro e ao som disso, senti como se uma
fria sombra molhada tivesse me cobrindo.

Eu não podia mais suportar seu peso. Segurei-o com


força enquanto nós caímos. Ele estremeceu incontrolavelmente
em meus braços e eu apertei meu domínio sobre ele, tolamente
pensando que de alguma forma, eu pudesse parar o tremor e a
dor.

— Maldição, Rett, o que diabos você fez? — Eu murmurei


baixinho. — Que porra você fez?
Capítulo 2

Clutch
Servi-me de uma terceira xícara de café e substitui a
jarra na cafeteira com cuidado. Parecia mesmo que a menor
perturbação do ar podia acordar Barrett. Tinha sido uma longa
jornada de três dias no inferno e meu irmão mais novo tinha
passado metade dela caído sobre o vaso sanitário e a outra
metade como um burrito humano enrolado firmemente em dois
grossos cobertores. Ele havia cochilado ocasionalmente, mas
acordava com um sobressalto, gemendo a cada movimento.

Quando ele era pequeno, eu tinha tomado conta dele


sempre que ele tinha se machucado e o garoto selvagem que ele
era, isso tinha acontecido muito. Certa vez, fomos a uma estrada
íngreme em nossos skates e Barrett tinha batido numa pedra e
perdeu o controle... juntamente com uma boa quantidade de pele.
Eu o tinha levado, miserável e ensanguentado para casa nas
minhas costas. Mas dessa vez, não havia nada que eu pudesse
fazer por ele. Durante três noites seguidas, eu tinha estendido na
cama ao lado de Rett, sacudindo com a minha própria dor mental
a cada vez que ele se contorcia e se torcia em dor física. Era como
ver alguém sendo torturado lentamente e com intensidade
crescente até que a morte não era apenas bem-vinda, mas uma
oração.

Eu nunca tinha ficado longe da loja por mais de meio dia,


mas Scotlyn tinha me garantido que tinha tudo sob controle. Eu
disse a Jason que eu tive que dirigir para fora do Estado para
pegar algumas peças. Eu não estava pronto para dizer-lhe
alguma coisa sobre Barrett ainda. Jason era um amigo e parceiro
de negócios próximo, mas ele tende a ser muito mais crítico que
Nix e Dray. Apesar de que, se não tivessem visto em primeira
mão, eu não poderia ter dito a eles também. Foi um daqueles
problemas familiares que era melhor deixar em segredo.

Depois de três longos dias e noites, fadiga e falta de sono


tinham tomado um pedágio em nós dois. As coisas tinham sido
ásperas na noite anterior. Barrett tinha arremessado a garrafa de
Ibuprofeno na parede e me pediu para segurar um travesseiro
sobre seu rosto e eu quase fui tentado a levá-lo em cima dele. À
meia-noite, finalmente, tínhamos sido empurrados em nossos
limites físicos e mentais. Eu servi duas doses de uísque na
garganta dele. Ele engasgou com a amargura, mas ele parecia
ter relaxado... pelo menos, durante algumas horas.

Eu precisava pegar algumas peças para a loja e verificar


algumas ordens e então, eu iria voltar para casa. Barrett estaria
por conta própria por algumas horas e com alguma sorte, ele ia
dormir na minha ausência.

Engoli a última xícara de café forte, mas ele não fez nada
para limpar a sonolência da minha cabeça. Eu teria que explodir
meu aparelho de som apenas para ficar acordado durante o
trajeto para a loja. No meu estado de exaustão, eu tinha
esquecido que eu tinha estado na ponta dos pés toda a manhã
para não acordar o meu irmão. Eu deslizei para trás e a cadeira
raspou o chão de ladrilhos. O rangido ecoou pela casa. Eu
congelei e ouviu para ver se meu descuido tinha acordado Barrett.
A casa permaneceu imóvel. Levantei-me e caminhei em silêncio,
uma tarefa quase impossível, com o tamanho quatorze de botas
em pisos de madeira, fui até a sala de estar e peguei as minhas
chaves.

Um pequeno gemido apareceu a partir do corredor e Barrett


entrou na sala, parecendo menos com o cara que todas as
garotas na escola tinham babado e mais como um dos zumbis do
Dia dos Mortos. Os dois cobertores pareciam estar pesando em
seus ombros. Seu braço levantou e ele ergueu um pedaço de
papel amassado.

— O que é isso? — Eu perguntei.

— Por favor, Jimmy, você tem que me ajudar. Eu não vou


sobreviver a isso. Eu só preciso de algo para me segurar mais por
mais alguns dias. Esse cara vive quase…

Peguei o papel da mão dele e rasguei. Ele olhou para os


pedaços como se tivesse arrancado um pedaço de sua alma.
Então, movendo-se com velocidade que eu não teria pensado que
ele fosse capaz, ele avançou e me alcançou com o punho. Eu
lancei uma mão e os dedos bateram na palma da minha mão
dura. Ele agarrou seu braço e caiu de joelhos.

— Só me mate, Jimmy. Quebre meu pescoço ou algo assim.


Basta colocar-me fora da minha miséria.

Puxei-o a seus pés e por um segundo, vi nos olhos azuis, o


arrogante filho da puta que, crescendo, tinha me seguido por aí
como uma praga irritante, uma praga irritante que todos
amavam. Barrett poderia conquistar as pessoas com um gesto
tão simples, com um sorriso ou aperto de mão e agora, ele estava
na minha frente, olhando com o pior do que a raça humana tinha
para oferecer. Senti seu desespero como se fluísse dele em
minhas mãos. Ajudei-o ir para o sofá e coloquei os cobertores
firmemente em torno dele.

— Você está pronto para um pouco de comida?

Com o cobertor dobrado abaixo do queixo, ele olhou para


mim como uma criança assustada que acabara de ser acordado
por um pesadelo horrível. Infelizmente, este sonho ruim era todo
muito real.

— Não, a menos que ela contenha veneno.

— Certo, você desejaria que eu o deixasse fora tão


facilmente. — Eu endireitei e olhei para ele. — Você vai sofrer
cada momento disso, pequeno irmão. Talvez possa ajudar a
lembrá-lo de nunca fazê-lo novamente.

Ele moveu a cabeça de um lado para o outro com voz fraca.


Eu odiava ver a derrota no rosto de Barrett. A única outra vez
que eu vi, foi quando papai lhe tinha dito que ele estava indo
para o Alasca. O olhar nunca o tinha conformado e foi ainda
mais difícil de ver agora.

— Não é assim que funciona, Jimmy. Você esquece a dor


depois que ela se vai. Caso contrário, não haveria nenhum
segundo bebê nascido no mundo.

— Isso é uma merda de analogia estúpida. Mulheres são


recompensadas pela dor do nascimento com um bebê.

Ele fechou os olhos.

— Você está certo. Essa dor não tem nenhuma recompensa


no final — sua voz foi sumindo e parecia que ele tinha
adormecido novamente. Suas bochechas estavam pálidas e
afundadas enquanto um ronco silencioso enrolou de sua
garganta.

— Sim, há, Rett. Você começa com a sua vida de volta. —


Fui até a porta da frente e olhei para ele. As contorções em seu
rosto haviam desaparecido e ele estava relaxado. Por um
segundo, ele se parecia com o meu popular, charmoso irmão
novamente.

Fechei a porta atrás de mim. Nós tínhamos mantido as


cortinas fechadas os últimos dias e o sol brilhante atingiu meus
olhos cansados. Eu entrei no carro e me inclinei para o porta-
luvas em busca dos meus óculos de sol. Com a cabeça turva e
sentindo como se eu tivesse acabado de correr uma maratona,
porra, eu fui para a loja.

***

Scotlyn ergueu os olhos do monitor do computador.


Durante seus anos de silêncio, tinha aperfeiçoado a arte de falar
com expressões faciais e seu rosto incrível estava fácil de ler esta
manhã.
— Ele teve realmente terrível algumas noites — eu disse. —
Mas eu acho que nós podemos passar por isso. — Eu podia ouvir
Jason movendo caixas no quarto dos fundos. — Você mencionou
algo a Jason?

— Não acho que era o meu negócio — disse ela suavemente.

— Obrigado. Jason conhece o meu irmão mais novo, que é


um punhado de problemas. — Eu sorri e pensei imediatamente
sobre a irmã de Jason, outro pacote de problemas. — Vou deixá-
lo saber em breve. Eu vou voltar para casa esta manhã. Eu
preciso estar lá. Eu trouxe este coletor de admissão que o cara
com a nova oficina estava procurando. Ele vai estar aqui por
volta das dez.

— Vou cuidar disso — disse Scotlyn. — Você


definitivamente precisa estar em casa. Mantenha-o hidratado.
Essa é uma das piores partes sobre essa situação. — Ela falou
com a confiança de alguém que tinha passado pelo mesmo
pesadelo. Eu não tinha ouvido todos os detalhes de seu passado,
mas Nix tinha me dito que o babaca rico, Hammond, tinha
retirado ela das ruas, onde ela passou alguns anos infernais
como uma adolescente sem-teto. Olhando para o impressionante
e fresco rosto da beleza de pé no outro lado do balcão, era quase
impossível imaginar que ela já tinha vivido uma vida
corajosa. Mas isso era tudo passado dela agora. Hammond
estava atrás das grades e fora de sua vida também.

— Eu saí ontem à noite e comprei alguns desses eletrólitos.


Pareceu fazê-lo se sentir melhor.
Jason saiu da parte de trás com duas caixas.

— Cara, é hora de você chegar aqui. Ouvi dizer que você


ganhou na noite passada. — Ele parou e olhou para mim. — E a
partir da sua aparência, você passou tempo demais
comemorando.

— Sim, na verdade, eu não estou me sentindo tão bem. Eu


trouxe este coletor de admissão. Eu tenho alguns papéis e então,
eu vou voltar para casa.

Jason sorriu e balançou a cabeça.

— Cara, eu gostaria de ter ido a sua festa da vitória. Sarah


não estava com vontade de sair na noite de sua corrida.

Sarah nunca estava com vontade de fazer nada e desde que


Jason havia se mudado com sua namorada de longa data, ele
esteve debaixo das regras da casa. Ele não tinha motivos para
pular em um compromisso com ela. Como Taylor, que tinha sido
abençoada com boa aparência. Ele tinha muitas meninas atrás
dele, mas por alguma razão inexplicável, ele tinha se contentado
com uma mulher que parecia passar todas as suas horas de
vigília para descobrir como controlá-lo. Ele cresceu sob os pais
muito controladores e parece lógico que ele gostaria de evitar
viver sob alguém de punho de ferro. Mas, curiosamente, ele
escorregou alegremente sob Sarah.

— Vou estar no escritório se precisar de mim. — Minha


cabeça estava leve com a falta de sono e fome. A única comida
em casa foram as quatro pizzas que tinham vindo para a festa
que nunca aconteceu. Eu consegui terminar comendo uma fatia
de cada vez, mas a náusea de Barrett tinha feito um número
sobre o meu apetite voraz.

Eu tinha três pedidos de peças raras e eu precisava


procurar por todos os cantos da internet por elas, mas eu tinha
certeza de que, olhando para um monitor por mais de 10 minutos,
iria enviar-me em um sono profundo. Puxei meus livros de
contabilidade, mas depois de cinco minutos, os números eram
um borrão. Eu esfreguei os olhos. Minha mente continuava
vagando de volta para Barrett. Eu pensei em ligar para os meus
pais por cerca de dois segundos. Eles estavam ficando idosos e
eles não teriam compreensão do que Barrett estava passando. E,
infelizmente, eles, provavelmente, apenas ficariam chateados com
ele por desonrar a família.

Eu só podia esperar que o amigo do papai não tivesse ligado


para que ele saiba que Barrett tinha sido demitido. Papai tinha
passado muitas horas assistindo televisão a cabo, onde o
trabalho mortal de pesca do caranguejo foi romantizado, iludindo
a sua decisão estúpida de uma punição, que era muito grave pelo
crime. Mas Barrett tinha sido sempre um viciado em perigo e
mesmo que ele tivesse protestado de sua sentença, ele tinha ido
sem muita luta. Quando chegar em casa, se ele fosse capaz de
responder às perguntas as minhas perguntas, eu queria saber
sobre o que, exatamente, tinha acontecido lá no barco de pesca.

Jason colocou a cabeça em meu escritório.

— Oi, eu só despachei aquelas peças. — Ele deu um passo


para dentro. — Você parece uma merda. Saia daqui. Scottie e eu
podemos lidar com as coisas hoje.
Minha cadeira rangeu quando eu caí de volta contra ela.
Jason era meu parceiro e amigo. Eu não tive nenhuma razão
real, exceto o orgulho de manter alguma coisa dele.

— Barrett apareceu na minha casa três noites atrás.

Os olhos de Jason se arregalaram.

— Pensei que ele estava pescando caranguejo.

— Assim como eu. — Eu pensei sobre o tremor e o cara


abaixo do peso que eu tinha deixado para trás no meu sofá e
minha garganta apertou. — Ele está uma bagunça. — Dizer isso
em voz alta doeu mais do que eu esperava.

— Eu sinto muito em ouvir isso, Clutch. Tenho certeza que


você vai cuidar bem dele. E Barrett sempre foi durão. — Ele
sorriu. — Oh homem! Esse cara tem a mulherada arrastando em
seus calcanhares. Sempre invejei o pequeno idiota por isso. —
Ele se virou para sair, mas depois parou. — Vá para casa com ele.
— O telefone tocou e ele tirou-o do bolso e olhou para ele. Ele riu.
— Falando de irmãos mais novos traquinas. — Ele se aproximou
com seu telefone. Ele definitivamente tinha a minha atenção.

Era uma foto de um Pink´s hot dog. Fiquei impressionado


com o quão profundamente desapontado eu estava que a imagem
não era de Taylor.

— Ela sabe o quanto eu amo esses cachorros-quentes. —


Jason se virou para sair e em seguida, ele hesitou e os ombros
ficaram tensos. Ele percebeu seu erro, assim como me ocorreu
que ele tinha feito um. E eu estive preocupado em manter
segredos dele.

Sentei-me para frente.

— Eu não sabia que havia um Pink's na Flórida.

Ele não se virou para olhar para mim ainda. Aparentemente,


ele estava tentando formular uma desculpa decente para manter
algo muito foda de mim. E agora, eu me perguntava o porquê.

Ele finalmente teve a coragem de me enfrentar.

— Escute irmão, eu ia dizer. — Ele só me chamou de irmão


quando sabia que eu estava chateado com alguma coisa e era
óbvio pela sua expressão, que eu estava prestes a ficar realmente
chateado. — Ela voltou há três meses para seu aniversário de
dezoito anos e implorei aos meus pais a deixá-la ficar. Ela
amadureceu um pouco e meus pais concordaram, mas...

— Mas o quê? — Esta foi a última coisa que eu precisava


após as últimas noites que eu tive, mas agora que ele estava
pondo pra fora, eu precisava ouvir o resto.

Jason olhou para o chão.

— Ela teve que prometer ficar longe de você.

Eu me inclinei para frente, descansando os antebraços nas


coxas. Eu estava cansado e de mau humor e sua declaração foi
como um ferro quente na minha barriga. Eu não estava
completamente certo do raciocínio de seus pais por trás disso e
eu não estava completamente certo que eu queria saber.

— Olha Jimmy, não é sobre você. Eles gostam de você.


Eu bufei uma risada irônica e larguei-me para trás contra a
cadeira.

— Bem, isso é óbvio, porra. Quero dizer, qual a melhor


maneira de provar isso do que proibir sua filha de se aproximar
de mim.

— Era só que Taylor era tão obcecada por você.

Eu vacilei com suas palavras e não tinha ideia de por que


ouvi-las era tão doloroso.

— Você não vê, irmão? Tudo o que ela fez, ela fez para
chamar sua atenção. Ela estava fora de controle e a paixão por
você só alimentou sua impulsividade. Ela está namorando um
cara da idade dela agora. Ele realmente ajudou a acalmá-la.

— Eu lhe asseguro que a Taylor selvagem ainda está viva e


chutando por dentro. — Depois de dizer isso, eu percebi o quanto
eu queria que fosse verdade. O espírito de Taylor não era o tipo
que deve ser extinto ou limitado.

— Ela está com medo de ser enviada para outro parente. —


As palavras de Jason tinham me atingido como pedaços de
estilhaços. Tudo o que eu conseguia pensar era que a coisa toda
foi além de desarrumada. Eu olhei para ele.

— Você falou algo para me defender, ou você estava a bordo


com essa merda?

Seu silêncio disse tudo. A cadeira raspou o chão enquanto


eu levantava abruptamente.
— Eu estou fora daqui. — Eu passei por ele. — Muito
obrigado, irmão.
Capítulo 3

Taylor

Felizmente, muitas pessoas não tinham vontade de comer


um cachorro quente na parte da manhã, por isso, a multidão do
almoço não tinha lotado a calçada em frente da Pink's ainda.
Adam insistiu que ele precisava voltar para o quarto período.
Como foi ele quem tinha tomado alguma grande mendicância e
uma rápida sessão de amassos atrás do ginásio, antes dele
concordar em ignorar o segundo período. A coisa toda me fez rir.
Meus pais ficaram satisfeitos que Adam era uma boa influência
sobre mim, mas na maioria das vezes, o oposto era verdade. Eu
era uma má influência para Adam. Ou pelo menos, eu tentei.

Adam olhou para trás por cima do ombro e mostrou seu


sorriso de comercial de creme dental para mim da janela de
pedidos. Debrucei-me contra o parquímetro, sobressaindo-se da
calçada e assisti. Excelente cabelo, ombros largos e uma bunda
apertada — o menino não tinha falhas, exceto o óbvio — ele era
um menino. Mesmo que nós dois estivéssemos com dezoito anos
e seniores, a hierarquia das paixões do ensino médio era difícil de
ignorar. Para meninas calouras, o mundo da escola era um fluxo
interminável de caras juniores e seniores quentes, que deixaram
rastros de loção pós-barba no corredor e falavam sobre carros e
transar. Mas, enquanto cada ano do ensino médio passava, as
tabelas eram cruelmente viradas e pelo tempo que a menina
chegou a seu último ano, todos os caras pareciam recém-saídos
da puberdade, os meninos eram imaturos. Mas, para os rapazes,
a cada ano, era trazido uma nova safra de mulheres calouras
inocentes e inexperientes.

Ao contrário da maioria dos meus amigos, eu não tinha


passado esses anos subclasse ansiando pelo presidente da classe
sênior ou quarterback de futebol. Para mim, havia apenas uma
paixão e que tinha sido uma grande, tão grande, que me senti
marcada emocionalmente quando eu pensei sobre isso. Até o
momento, eu tinha dezesseis anos, eu tinha dado meu coração e
alma para o melhor amigo do meu irmão, Clutch. Infelizmente,
para ele, eu era apenas uma dor irritante na bunda e ele deixou
tudo muito claro em estar feliz ao me ver partir. Foi a única coisa
que tinha feito mais fácil seguir o comando de meu pai para ficar
longe dele. Eu só tinha que ficar me lembrando que Clutch me
considerava um incômodo, uma opinião que foi, sem dúvida
gravada na pedra, depois que eu atingi seu premiado Pontiac.

— Você não quer cebola, não é? — Adam gritou para mim.

— Você está brincando, certo? Quem come um cachorro


quente sem cebola? Eu quero que o velho rabugento, Sr. Burke,
sinta o cheiro da respiração da linha da frente de sua aula de
química.

— Que tal ter pena do cara que pretende beijá-la depois da


aula de química?

Eu estendi meus braços.

— Eu acho que se você quer aquele beijo o suficiente, você


vai esquecer um pouco a respiração de cebola.

Adam balançou a cabeça enquanto ele se virou para a janela


de pedidos.

Um barulho alto de motor fez o sinal acima do carrinho de


cachorro quente vibrar. O carro estacionou em frente ao medidor
que eu estava encostada. Olhei por cima do ombro. Era um
Charger do final dos anos 60 com mais ferrugem que pintura. Eu
reconheci o motorista, ele saiu do carro. Eu o tinha visto um
monte nos eventos de carros clássicos, onde eu costumava me
pendurar antes que meus pais tivessem adicionado isso a lista de
coisas que me mandariam de volta para minha tia,
dolorosamente sem graça, com um vício de bingo e uma casa que
cheirava a esponjas mofadas.

Seu amigo saiu do lado do passageiro e meu coração saltou


rapidamente. Eu não sabia seu nome, mas em uma das minhas
tentativas mais ridículas e completamente inúteis para fazer
ciúmes em Clutch, eu estupidamente subi no Mustang do cara. O
incidente terminou com o punho de Clutch no capô do cara. Eu
sempre imaginei que o cara teve sorte que tinha sido o seu carro
em vez de seu rosto. Tinha as narinas do tamanho de faróis e seu
cabelo estava sempre penteado para trás como se tivesse passado
horas lubrificando-o.

Olhei para fora e de volta para Adam, na esperança de que


eles iriam passar direito. Minhas esperanças foram frustradas
quando duas sombras altas pairavam sobre a calçada na frente
dos meus pés.
— Bem, esses são um par de pernas que eu não vejo há
muito tempo — disse o cara do Mustang.

O motorista circulou na minha frente. Sua cabeça estava


raspada e limpa e algumas palavras que eram difíceis de decifrar
foram rabiscadas em seu pescoço. Definitivamente não é uma
tatuagem Freefall.

— Você é aquela coisa sexy que sempre costumava sair com


Mason.

Dei de ombros.

— Aquele idiota ainda me deve pelo entalhe que ele colocou


no meu Ford.

Eu sorri para ele.

— Eu tenho o número dele. Por que não liga e pergunta


para ele? Tenho certeza que ele iria enviar um cheque.

Sua boca se apertou e surpreendentemente, as narinas


ficaram ainda maiores.

— Está certo. Acabei de me lembrar que tinha uma boca


inteligente para ir junto com a atitude de vagabunda — Ele foi
para tocar meu lábio inferior com o polegar manchado de graxa,
mas eu bati em seu braço. Não havia raiva em sua risada.

Adam estava alheio à cena atrás dele até que ele se virou
com os nossos cachorros-quentes na mão. Seu rosto caiu quando
viu os dois rapazes bastante ameaçadores pairando sobre mim.
Ele caminhou alguns passos e parou cerca de dez metros de
distância. Ele não parecia ansioso para chegar mais perto.

— Vamos, Taylor. Temos que voltar — Adam chamou com


uma camada de medo que até mesmo o tráfego em La Brea
Avenue não poderia ter abafado.

O cara com o Mustang amassado segurou meu braço antes


de eu ir embora. Obviamente, ainda louco por eu ter golpeado
seu braço, seus dedos me agarraram com raiva.

— Por que você não abandona Peter Pan e fica com a gente,
querida.

Adam deu um passo, mas depois parou. Eu não sabia se


estava majoritariamente desapontada ou aliviada. Os dois
rapazes eram grandes e significa que seriam o suficiente para
machucá-lo e, eu tinha sido a única a falar para Adam
abandonar a escola por cachorros-quentes. A pior parte de tudo
era o rosto de Adam. Sua expressão de impotência estava sendo
ofuscada por um olhar profundo de vergonha.

Estremeci quando o cara apertou meu braço com mais força


e Adam deu um passo cauteloso. O motorista riu, mostrando os
dentes que eram marrons e manchados de drogas.

— Ora, Max, eu acho que o menino de escola com o


cachorro-quente está ficando com raiva. Talvez devêssemos
aliviá-lo desses cachorros-quentes também. Eu estou com fome.
— Ele deu um passo em direção a Adam.

— Espere — eu disse. — Deixe-me enviar uma mensagem


para meus amigos que eu não vou estar de volta para o almoço.
Max riu.

— Parece que ela está vindo com a gente, garoto.

Eu levantei meu telefone e rapidamente corri os dedos sobre


o teclado. O desgosto no rosto de Adam enviou uma pontada de
culpa por mim, mas enquanto eu não era grande em química ou
em literatura Inglesa, eu era bastante hábil em elaboração de
planos inteligentes. Fiz um gesto ao condutor mais perto e ele
olhou de soslaio para mim quando ele se inclinou para baixo.

Baixei a voz para que Adam não tivesse ideia do que eu


estava dizendo.

— Eu não vou a lugar nenhum com vocês dois perdedores


— eu sussurrei — mas eu apenas enviei uma foto do seu carro
para Clutch e eu o deixei saber que você estava me incomodando.
— Era uma mentira, claro, mas eu sabia que trazer seu nome iria
assustar a merda fora deles. E eu estava certa. Max rapidamente
soltou meu braço.

— Pirralha estúpida. Você nem sequer vale a pena. — O


motorista fez sinal para seu amigo viscoso para entrar no carro e
eles foram embora como se o próprio diabo tivesse vindo, um
gigante, diabo loiro.

Alívio tomou conta de Adam, mas era óbvio que seu ego
masculino teve um baque. Decidi agir como se a coisa toda não
tivesse acontecido. Adam era um dos caras mais populares do
campus. Ele se recuperaria rapidamente.

Peguei meu cachorro-quente e tirei uma foto para enviar a


Jason.

— Meu irmão é viciado nessas coisas, mas sua namorada


megera não gosta dele para comê-los. — Adam não respondeu.
Caminhamos até o carro em silêncio.

— O que você disse a eles que eles tiveram tanto medo? —


Ele finalmente perguntou.

Tentei ignorar a coisa toda.

— Eu disse a eles que você tinha quase matado um cara em


uma briga, porque ele parou em seu local de estacionamento.

Adam olhou para mim enquanto eu dei uma grande


mordida do meu cachorro-quente.

— Caramba, esqueceram as cebolas.

— Você realmente lhes disse isso? — Ele perguntou.

— Sim. — Limpei o chili do meu lábio com o polegar. — Ei,


da próxima vez, deixe-me pedir o cachorro-quente.
Capítulo 4

Clutch

Poucas noites antes, eu tinha ganhado uma corrida de


arrancada e tudo estava indo muito bem. Uma hora mais tarde,
tudo se transformou em merda e só parecia estar ficando pior.
Eu estava cansado e eu estava feliz de voltar para casa, mesmo
se eu tivesse mais porcaria me esperando lá. Eu podia ouvir a
televisão enquanto eu caminhava até a calçada. Eu decidi que
era uma boa coisa. As primeiras noites, Rett não poderia ter
ficado e assistido TV.

O topo de sua cabeça loira, que estava presa para cima das
camadas de cobertores que tinha em volta dele quando ele se
sentou no sofá, olhava para a tela.

— Você está de volta já? — Sua voz foi abafada pelas


cobertas.

Eu entrei e olhei para a televisão.

— Vejo que você encontrou meu estoque de pornografia.

— A única coisa era culinária e talk shows da manhã.

— Então, você está se sentindo melhor?

A massa de cobertores se moveu, no que eu senti que foi um


encolher evasivo.
— Ele vem em ondas. Eu ainda não recusaria um jogo de
roleta russa com um revólver totalmente carregado.

— Eu poderia juntar-me nesse jogo. No momento, essas


chances soam muito bem, maldição. — No meio do caminho de
casa, minha cabeça começou a latejar por falta de comida e
apesar da horrível pequena revelação de Jason virar meu
estômago contra mim, eu precisava comer. Eu entrei na cozinha.
Uma caixa de pizza aberta estava na mesa e duas fatias estavam
faltando. Peguei uma fatia. Mesmo com três dias de vida, parecia
bom. — Vejo que foi capaz de obter um pouco de comida — Eu
gritei para a sala de estar.

— Sim — respondeu Rett — por cerca de 20 minutos. Eu


nunca vou ser capaz de olhar para um abacaxi novamente sem
engasgar.

Fiquei olhando para o pedaço de pizza fria com os pedaços


de abacaxi murchos e depois a deixei cair de volta na caixa.
Peguei o leite da geladeira e acabei com ele, meio litro antes de
voltar para a sala de estar.

A cabeça de Rett apareceu como uma toupeira que emerge


de uma toca de cobertores de algodão. Sentei-me ao lado dele e
percebi que a televisão estava ligada, mas muda.

— Sem som?

— O diálogo não parece tão importante.

Peguei o controle remoto e desliguei.

— Então, o que aconteceu, Rett? Você sabe que eu vou ter


que chamar papai e dar-lhe algum tipo de história antes de seu
amigo o chamar.

Ele torceu por baixo mais longe em seu casulo.

— Eu não sei. Começou bem. O trabalho era duro,


especialmente porque eu estava enjoado durante a maior parte
do tempo. — Ele riu baixinho. — Às vezes, estávamos no convés
por 36 horas, com o tempo de pausa apenas o suficiente para
comer e urinar. Eu ficava tão cansado que meu corpo apenas
começou a se mover por conta própria, como se meu cérebro não
estivesse dizendo a ele o que fazer.

— Como controle de cruzeiro?

— Sim, mas mesmo morto de cansaço, você tinha que estar


pronto para reagir ou você corria o risco de perder uma mão ou
ser varrido ao mar por uma onda. — Sua voz soava cansada,
quase como se ele estivesse revivendo uma daquelas noites
intermináveis de pesca em sua cabeça.

“Mas eu não me importava e o capitão disse que eu era um


dos novatos mais durões que ele teve a bordo em um par de anos.
— Ele ficou em silêncio e por um momento, parecia que ele tinha
cochilado. — Foi difícil, porém, Jimmy. Realmente difícil. Eu ia
cair no meu beliche tão cansado e dolorido que houve momentos
em que eu esperaria por um desastre, de modo que o barco iria
afundar. Dessa forma, eu nunca teria que deixar a cama
novamente. Eu tinha formado um vínculo com Gus, filho do
capitão. Um dia, ele me ofereceu um par de comprimidos para me
manter acordado e me fazer sentir melhor. Eles ajudaram...
muito. Então, estávamos fora e os nossos bolsos estavam cheios
e nós passaríamos cinco dias em festas em terra seca como se
fossem nossos últimos dias na Terra. E, às vezes, realmente me
senti como ele. Todos os dias na água, me senti como se ele
pudesse facilmente ser o meu último. As drogas apenas tornaram
mais fácil de suportar. ”

— Então você foi pego?

— Mais ou menos. O capitão encontrou um esconderijo,


mas não era o meu. Ele pertencia a Gus, mas eu levei a culpa por
isso.

— Cristo, Rett, você sempre está ferrado. Assim como no


ensino médio. Você foi o único a ser expulso e seus três amigos
terminaram o último ano sem nunca pensar sobre isso
novamente.

— Eu sei. Eu tenho que parar de ser tão tolo. De qualquer


forma, nenhum outro capitão iria me levar, então eu pulei em um
avião e fui para casa. Eu desembarquei em Frisco e parei na casa
de um velho amigo de escola secundária. Ele se mudou para o
norte após a graduação. Ele é o cara que eu tinha vendido a moto.
Ele ainda a tinha, então eu comprei-a de volta para a viagem ao
sul. Até então, eu estava começando a me sentir muito viciado. A
volta para casa foi difícil. Eu não acho que eu conseguiria fazê-la.
— Sua voz sumiu e segundos depois, um som de ronco leve
flutuava acima dos cobertores.

Peguei uma almofada do sofá, a deixei cair no chão e me


estiquei. Olhei para o teto, pensando o quanto eu queria
estrangular o garoto ao mesmo tempo em que eu queria protegê-
lo com a minha vida. Em poucos segundos, a fadiga clareou
minha mente e me empurrou para um sono muito necessário.

***

O som de uma lata de lixo sendo arrastada até a calçada ao


lado me acordou. Sentei-me sentindo apenas um pouco mais
descansado do que eu tinha na parte da manhã. Rett estava em
pé na frente da janela em apenas calça jeans. Ele parecia
dolorosamente magro e havia um corte recentemente curado
através de seus ombros.

— Será que os calafrios finalmente pararam? — Eu


esfreguei o meu cabelo com meus dedos enquanto eu me sentei e
estralei minhas costas e pescoço. Eu levantei e caminhei até a
janela.

— Por enquanto — respondeu ele, sem tirar o olhar de fora.

— O que aconteceu com o seu ombro? Eles ainda estão


amarrando os marinheiros para os ancoradouros para
amarrações, estão?

— Isso teria sido menos doloroso. Um dos postes se soltou e


entrou em mim. Fez-me sair do chão e quase ir ao mar. — Ele viu
como minha vizinha, Aimee, vestida em seu vestido branco de
técnica de farmácia, arrastou uma grande lata de lixo para a rua.
— Essa lata é muito pesada para ela. — Então, ele olhou para
mim. — Depois, o capitão me contou uma história arrepiante
sobre como ele tinha visto um cara ser decapitado por um poste
solto. Sua cabeça foi para o mar. Estranhamente, parecia que a
história iria me fazer sentir melhor. Isso não aconteceu. Eu
pensei que, se eu tivesse sido apenas alguns centímetros mais
baixo, minha cabeça já teria ido nadar com os peixes também. —
Barrett virou-se para a janela. Aimee subiu em seu monte de lixo
de um carro. O escapamento do carro estralou duas vezes antes
de sair da curta entrada de automóveis.

— Ela é uma gracinha. — Ele se arrastou de volta para o


sofá e apoiou os pés descalços na minha mesa de café. Ele tinha
tomado banho e com seu longo cabelo limpo e escovado, ele
parecia muito mais perto do Barrett que eu me lembrava. — Eu
pensei que você vivia ao lado de um casal de idosos.

— Eu morava, mas o marido morreu no ano passado e a


mulher foi para uma casa de repouso. As crianças alugaram o
lugar para Aimee e Dustin.

— Dustin?

— Sim, o maior idiota do planeta. Ele a trata como merda.


— Eu fui até a cozinha, peguei uma caixa de pizza e voltei para a
sala de estar.

O rosto de Rett empalideceu ao vê-la.

— Muito ruim. Vou cair se eu não comer alguma coisa.


Basta olhar para o outro lado e parar de pensar em abacaxi.

— Por que esse cara é um idiota? — Ele levantou a cabeça


para fora da parte de trás do sofá. — Espere, você tem algo com
ela, não é? — Então, ele apertou a mão contra a testa e deixou
cair a cabeça para trás como se estivesse cheio de areia. — Foda-
se, eu acho que essa dor de cabeça vai ser permanente.

— Bom. Ela vai lembrá-lo para não fazer algo tão estúpido
novamente. E, não, eu não tenho algo com ela. Ela é muito doce e
eu me sinto mal por ela. — Eu arranquei os pedaços de salsicha
fora da pizza e os deixei cair de volta na caixa. — Está com gosto
de merda fria. Por que está tão interessado nela?

— Não há razão. Ela apenas pareceu um tipo sexy lutando


com aquela grande lata de lixo.

Eu ri e quase engasguei com a minha comida.

— Você está assistindo pornô durante toda a manhã. Um


retrato da tia Margaret provavelmente lhe daria um pau duro.

— Foda-se. — Ele jogou um travesseiro em mime eu levantei


a fatia de pizza fora de seu caminho. — Então, você não acha que
ela é bonita?

— Sim, ela é uma gracinha. Mas vamos enfrentá-lo, Rett, ela


não é exatamente o seu tipo.

Ele não tinha muita força para protestar, mas ele rolou seu
rosto do meu jeito, sem levantar a cabeça do sofá.

— Eu gosto de garotas legais, especialmente quando elas


estão vestidas de um pequeno uniforme sexy.

— Ah, então isso é sobre o uniforme. — Eu peguei outra


fatia de pizza fria. — Você tem uma daquelas fantasias de
enfermeira.

Seu dedo médio oscilou ligeiramente quando ele o levantou


no ar.

— Você age como se fosse impossível eu estar atraído por


uma garota legal. Eu já namorei garotas legais, de vez em quando.

— Quando diabos você fez?

— Bem, agora que eu já enfrentei minha própria morte mais


de uma vez, eu estou planejando mudar meu jeito.

Eu ri.

— De qualquer forma, eu sei que o marido de Aimee é um


idiota de proporções gigantescas. Um dia, houve uma batida na
porta e eu abri. Aimee estava lá com uma toalha de cozinha
ensanguentada enrolada em sua mão. Ela parecia perto de
desmaiar. Dustin tinha estado no meio de algum torneio de vídeo
game e ele disse-lhe para dirigir-se à sala de emergência. Ela
tinha se cortado fazendo seu jantar. Ela me disse que não achava
que podia dirigir, então eu a levei. Enquanto estávamos na sala
de espera, ela me contou toda a história sobre como ela havia
engravidado na escola e Dustin tinha se casado com ela. Em
seguida, ela perdeu o bebê, mas até então, seus pais a tinham
repudiado e ela estava sozinha. Ela trabalha em dois empregos e
ele se senta em casa e joga videogame. Sentamos na sala de
emergência por três horas e o desgraçado nunca a chamou uma
vez para ver se ela estava bem. Levei-a para casa naquela noite e
levou todo o meu não ‘vá para o cara e aperte sua cabeça gorda
feio direito em seu pescoço’.

— Que idiota. — Rett pegou os cobertores de volta do chão e


colocou-os sobre o peito nu. — Um minuto parece que eu estou
no meio do Saara e no próximo, eu estou de volta no Alasca.

“Existe mais dessas coisas laranja de sabor engraçado?


Parece que ajuda com a minha temperatura corporal. ”

— Você soa como a mamãe quando ela estava passando


pela menopausa. — Eu fui para a geladeira para pegar a bebida
de eletrólito.

— Então, como está Taylor? — Rett chamou da sala de estar.

Sua pergunta me pegou e quando cheguei à geladeira, eu


tinha esquecido para o que eu tinha ido. Olhei para as prateleiras
vazias na maior parte até que o líquido laranja chamou minha
atenção. Voltei para a sala e lhe entreguei o recipiente.

— Como diabos eu vou saber?

Ele jogou a cabeça para trás e bebeu o material como se


fosse uma cerveja gelada e em seguida, arrastou parte de trás do
seu pulso através de sua boca.

— Ah, qual é, aquela garota seguiu você por toda parte. Ela
era louca por você. Você quer me dizer que ela finalmente
desistiu de você?

O tema Taylor produziu um duro nó no estômago.

— Eu acho que sim. — Eu liguei a pornografia novamente


para colocar um fim rápido a conversa.
Barrett olhou para o lado do meu rosto.

— Cara, eu apenas acertei um ponto sensível.

— Essas drogas têm fritado as poucas células do cérebro


que você tinha. Você não sabe o que você está falando. — Eu
aumentei o volume e falsos gemidos e grunhidos de prazer
encheu o ar.

— Certo — disse Rett e depois sabiamente se calou.


Capítulo 5

Clutch

Barrett e eu passamos o resto do dia apenas descansando.


Ele se sentiu bem o suficiente à noite para comer e por esse
tempo, eu estava pronto para comer um brontossauro maldito. O
dia foi bom para mim, eu tinha telefonado para a loja, para
deixar Scotlyn saber que eu estaria trabalhando em casa outro
dia. Eu precisava de um tempo para absorver tudo e, além disso,
eu estava trabalhando pra caramba por meses.

Não mais com fome e se sentindo muito melhor, Barrett


tinha dormido durante toda a manhã. Eu tinha passado a
primeira metade do dia on-line em busca de peças e meu
estômago estava começando a protestar por falta de atenção. Eu
não tinha ido a Freefall há tempos e eu decidi ir até lá e pegar Nix
para o almoço.

Deixei a Barrett uma nota. Parecia que ele ia dormir a maior


parte do dia. Foi a melhor coisa para ele. Ele estaria de pé e de
volta em breve, normal e então, eu teria que me preocupar em
mantê-lo longe de problemas.

Cassie estava em pé no balcão trabalhando no livro de


recibo quando eu entrei. Eu podia ouvir o zumbido das
ferramentas de Nix vindo de sua sala. Cassie olhou para cima e
empurrou os óculos mais para cima no nariz.
— Ei, Clutch — disse ela, sem muito entusiasmo.

Cheguei ao balcão.

— O que há com a saudação gelada? Você está aborrecida


com alguma coisa?

Ela sorriu e balançou a cabeça.

— Desculpe por isso. Eu só estou um pouco chateada com


Dray. Isso é tudo. — Logo em seguida a gargalhada de Dray
abalou o cômodo e ela suspirou. Seus grandes olhos escuros
foram ampliados pelas lentes grossas. — O idiota está tendo o
meu nome tatuado em seu ombro.

— E isso tem chateado você porquê...

Ela fechou o livro de recibo.

— A tatuagem é tão permanente. É que sou apenas


supersticiosa, mas eu acho que é o destino tentador. E se
acontece alguma coisa entre nós? Então, ele está preso com o
meu nome em sua pele. Eu só acho que é uma má ideia.

— Eu entendo. — Eu apontei para a tatuagem


ofensivamente arrogante de um outdoor em branco com seu
nome aqui escrito nele. Nix me tinha advertido contra consegui-lo,
mas eu insisti e agora, arrependimento completo se instalou.

— Mas eu acho mesmo que vocês dois são definitivamente


um casal estranho, que era para ser.

— Sim, talvez — disse ela sem parecer nem um pouco


convencida pelo meu argumento. Em seguida, seu rosto se
iluminou.

— Ei, eu tenho um show de uma revista skater me pagando.


Mandaram-me para fotografar uma competição de skate e eles
gostaram do meu material.

— Isso é incrível, Cass. Estou feliz por você. Eu percebi que


você tinha os óculos de novo.

— Eu ainda tenho as lentes de contato. Eu só não gosto de


usá-las. — Ela sorriu para mim. — Eu estava usando óculos de
lentes grossas desde que eu tinha três anos.

— Três? Droga, pequena.

Ela riu suavemente.

— Eu estava sentada a um pé da televisão, me esforçando


para ver o meu desenho animado favorito. Minha mãe andou pelo
quarto e disse: 'Cassie, não se sente tão perto ou ele vai
machucar seus olhos'. Eu tinha três anos. Eu só percebi que nem
todo mundo estava vendo a mesma bagunça borrada que eu
estava vendo. Como uma boa menina, eu deslizei para trás
alguns centímetros. Mas quando ela se virou completamente, eu
tinha avançado para frente novamente. Minha mãe andou atrás
de mim e começou a chorar. — O tom de Cassie suavizou quando
ela parecia estar se lembrando do dia. Ela balançou o passado de
sua cabeça. — De qualquer forma, toda vez que eu passava em
um espelho, com as lentes de contato, eu não me reconhecia. Foi
assustador. Como se o reflexo de um estranho estivesse olhando
para mim. Além disso, eles são um saco de cuidar e eu acho que
as minhas fotos são melhores quando eu uso meus óculos.
Eu me inclinei para frente e beijei sua testa.

— Bem, eu acho que você é uma deusa com ou sem eles.

Um leve rubor penetrou em suas bochechas.

— E você, meu amigo Viking, deve ser o personagem


principal de um romance.

Olhei para o quarto dos fundos.

— Então, é só Dray e Nix lá atrás?

O rosto dela caiu de novo quando eu a lembrei da tatuagem.


A maioria das meninas teria ficado entusiasmada com a
perspectiva, mas Cassie sempre teve os dois pés firmes no chão.

— Sim, você pode ir lá atrás.

Nix olhou por cima de seu trabalho.

— Ei, como Barrett está?

— Ele está bem melhor. Ele montou todo o caminho de San


Francisco na moto de merda e eu acho que ele estava quase
morto de fome e desidratado... entre outras coisas. Agora, eu só
tenho que impedi-lo de voltar para essas coisas, que eu acho que
vai ser mais que a metade da batalha. — Nix e Dray o tinham
visto naquela noite e não havia nenhuma maneira de cobrir com
açúcar. Fui até lá e olhei para a tatuagem.

Dray torceu para trás e olhou para mim.

— Como ela se parece?

— Ótima, mas eu não acho que Cassie está muito


emocionada com isso.

— Sim, sim, eu sei. Você pode acreditar nesta merda? Sabe


quantas mulheres se matariam para ter seu nome tatuado no
meu ombro?

Nix revirou os olhos.

Eu olhei de volta para a sala da frente.

— Bem, eu teria imaginado Cassie, o que teria sido pelo


menos uma. Mas, aparentemente, a resposta é zero.

Nix levantou a pistola do ombro de Dray e riu muito.

— Olha quem está falando — Dray disse — Eu não vi


ninguém encher o nome dele em sua tatuagem outdoor estúpida
ainda. — Ele riu e eu sabia o que estava por vir. — A menos que
você conte o tempo que Taylor escreveu o dela com um marcador
permanente.

— Para alguém que recebe sua cabeça batida no tatame


com frequência, com certeza você fica com estúpidas memórias
sem sentido — eu disse.

Nix limpou o ombro de Dray e admirou sua obra.

— Pronto. É melhor Cassie não estar chateada comigo sobre


isso. Você está levando toda a culpa. — Ele olhou para mim. —
Isso me lembra, eu encontrei algo que eu acho que vai funcionar
para cobrir a tatuagem do outdoor. Eu posso fazê-lo sempre que
tiver tempo.

— Grande.
Dray se empurrou da mesa e caminhou até o espelho na
parede. Ele virou-se algumas vezes como um cão perseguindo o
rabo até que Nix passou-lhe um espelho de mão.

— Aqui, estupido. A menos que você é uma coruja, é muito


difícil olhar para o seu próprio ombro.

— Parece bom. — Dray entregou o espelho de volta para Nix.


— Eu acho que ela vai gostar. — Sua confiança era estonteante.

— Importa-se de colocar as probabilidades disso? — Eu


perguntei.

— Cale a boca. — Dray fechou sua camisa na mão. — Pelo


menos eu admito quando eu amo alguém.

Nix riu.

— Sim, depois de um ano negando-o.

— É chamado de autocontrole, Pal. Você deveria tentar isso


algum dia. Meninas odeiam desespero. — Dray baixou. — Agora,
se vocês me dão licença, eu prometi a minha senhora o almoço.

O comentário de Dray tinha sido detestável e arrogante,


como o próprio homem, mas ele acertou em cheio. Eu cresci em
uma casa de irmãos e tinha um pai que evitava ligações
emocionais. Quando algo magoava ou chateava você, você
mantinha para si mesmo ou se arriscava a provocações
impiedosas. Nós, nunca mesmo, fomos muito de férias ou
aniversários, porque muita emoção vinha com essas tradições
sentimentais. Eu era um idiota desastrado quando se tratava de
lidar com os meus sentimentos, por isso, na maioria das vezes,
eu só ignorava. Eles entraram no modo de viver.

Olhei para Nix.

— Pensei que você poderia querer ir comer. Barrett estava


dormindo e eu tirei o dia de folga.

— Parece bom, mas não se importa de pegar Scotlyn? Eu


prometi-lhe o almoço.

— Nós poderíamos adiá-lo. Eu não quero me intrometer no


seu encontro.

Nix olhou para cima de sua tarefa.

— É o almoço, não é um encontro e ela ficaria feliz de tê-lo


junto. Ela te adora.

— Pelo menos alguém faz — eu disse baixinho.

— O que?

Eu balancei minha cabeça.

— Oh nada. Taylor está de volta na cidade.

Nix olhou para mim por cima do ombro.

— De novo?

Sentei-me para frente.

— O que quer dizer de novo?

Meu tom agudo o fez parar o que estava fazendo e se virar.

— Bem, eu sabia que ela tinha vindo para a cidade algumas


vezes para visitar. Scotlyn mencionou. O que diabos você está tão
surpreso sobre isso? Você não sabia?

— Não, eu não sabia, mas parece que o resto do mundo


sabia.

Nix parecia entender o que eu tinha acabado de dizer e


então sua expressão me garantiu que ele tinha imaginado.

— Jason não te disse?

— Não. Aparentemente, ela foi proibida de ir a qualquer


lugar perto de mim.

— Mas porquê?

— Parece que eu fui o motivo por trás de todo seu


comportamento selvagem. O que achou disso, por ser o bode
expiatório desavisado?

— Isso é uma merda. — Ele se virou e terminou a sua


limpeza. — Eu estou definitivamente pronto para o almoço. —
Quando ele caminhou em minha direção, eu percebi que ele
parecia tão cansado quanto eu tinha me sentido no dia anterior.

— Parece que você esteve acordado durante toda a noite —


eu disse.

— Sim.

Desta vez eu revirei os olhos.

Ele pegou.

— Não, não é isso. — Ele fez uma pausa e sorriu. — Apesar


de que o sexo é incrível.
Eu levantei a minha mão.

— Tenha piedade. Eu tenho ficado no sofá com o meu irmão


assistindo pornô por dois dias. Eu não preciso ouvir sobre sua
vida de sexo de tremer a terra.

— Desculpe. Na verdade, Scotlyn está tendo um monte de


pesadelos e em seguida, ela acorda e quer falar sobre as coisas.

— Isso é bom. A pobre garota tinha toda essa porcaria


engarrafada por anos, sem ninguém para ouvir. Ela vai ficar
melhor, Nix. Ela está curando.

Eu podia ver a tensão dele em seu rosto.

— Sim, eu sei. E eu estou lá para ela, mas às vezes, é


doloroso de ouvir. Ela realmente se deprime e às vezes, quando
ela não percebe que eu estou olhando para ela — ele sorriu para
si mesmo — e acredite em mim, estou sempre olhando para ela,
ela ainda parece perdida e triste.

— E é aí que você entra. — Ridiculamente, eu era melhor


em ajudar outras pessoas a entender seus sentimentos. Dessa
forma, era mais fácil ignorar os meus.

Nix assentiu.

— Sim, acho que sim.

Nix tinha mandado uma mensagem antes e Scotlyn estava


deixando tudo pronto para ir quando entramos.

Dois segundos depois, Jason saiu com um cachorro-quente


na mão. Sua boca caiu de surpresa quando ele me viu.
— Eu pensei que você tinha tirado o dia de folga.

— Eu tirei. Só passei para pegar Scotlyn para o almoço.

Vozes flutuaram para fora do escritório para trás e o rosto


de Jason torceu. O riso de uma menina saltou em seguida e o
som dele foi direto ao meu peito. Ela saiu e congelou a expressão
em seu rosto espelhando exatamente como eu me sentia. Jason
estava certo. Ela cresceu muito desde que eu a tinha visto pela
última vez. Seu cabelo cobre incrível pegou a luz que vem através
da janela da loja e eu apertei meu punho contra o desejo que eu
tinha de tocá-lo. O impossível longo par de pernas bronzeadas,
que muitas vezes me manteve acordado durante a noite, vestia
jeans baixo recortado e eu percebi que não tinha tomado uma
respiração. Um cara que eu nunca tinha visto antes saiu e ficou
ao lado. Ele era alto e parecia o tipo que deixaria as meninas
enlouquecidas. Então, como Rett, ele parecia o tipo de cara que
era irritantemente confortável e confiante em sua pele.

Ele estava alheio à tensão espessa na sala.

— Você está pronta para ir, Taylor?

Taylor ainda estava olhando para mim. Seus lábios estavam


entreabertos, camuflados, em estado de choque. Ela o ignorou.

— Ei. — Foi a primeira vez que eu já tinha ouvido o seu som


tímido. Não havia nada tímido sobre Taylor Flinn. Tudo nela era
como um fogo de artifício explosivo se mostrando. Bastava ter o
seu pé dentro da loja, ela deixava o lugar diferente, como se as
paredes, de repente, vibrassem com a vida.
— Eu só soube agora que você estava de volta na cidade. —
Eu lancei um olhar frio em direção a seu irmão.

Ela assentiu com a cabeça e um sorriso trêmulo formou na


borda dos lábios. Parecia que ocorreu a ela que seu namorado
estava de pé ao lado dela.

— Oh, este é Adam. Nós estávamos saindo.

Eu não disse mais uma palavra e cruzei os braços, um


hábito que eu tinha adotado sempre que Taylor estava próxima.
Quando ela passou por mim, deixando para trás o cheiro fraco de
seu perfume, ocorreu-me porque eu sempre ficava tenso ao redor
dela. Nix tinha me provocado sobre isso por um longo tempo,
mas eu sempre o ignorei. Ela era uma criança. Ela era muito
jovem, muito atraente e se eu deixasse a provocação de Nix
penetrar, então, eu teria que admitir para mim mesmo que eu a
queria. Eu tinha construído um muro, tanto físico como mental e
agora, parecia que aquela parede estava descendo tijolo por tijolo.

Eles saíram. Jason evitou olhar para mim e fez a sábia


decisão de terminar o seu cachorro-quente nos bastidores.
Scotlyn e Nix olharam para mim, esperando que eu dissesse
alguma coisa, mas não havia nada a dizer.

— Só um minuto — eu finalmente grunhi e me dirigi para o


banheiro. Inclinei-me e joguei água fria no meu rosto. Eu apoiei
minhas mãos nas laterais da pia. Parecia que todo o balcão
poderia se soltar. Eu me ajeitei e respirei fundo antes de lavrar o
meu punho através da parede do banheiro. O reboco descascou
em pedaços e meus dedos latejavam, mas eu me senti melhor.
Saí para frente da loja.

Nix estava segurando um sorriso.

— Rapaz, você foi realmente cuidar dos negócios lá.

— Cala a boca — eu disse e sai atrás dele. — Vamos para


um lugar onde servem cerveja em jarros.
Capítulo 6

Taylor

Adam disse algo enquanto entrou no carro, mas eu não


tinha ideia de que. Mesmo após a manhã de baixa qualidade que
tivemos no carrinho de cachorro quente no dia anterior, eu tinha
falado para Adam me levar lá novamente. Eu tinha prometido a
Jason que eu lhe traria um cachorro-quente e ele me garantiu
que Clutch estaria fora durante o dia. Eu tinha me convencido de
que, enquanto eu não esbarrasse com ele, eu estaria bem. E isso
poderia ter sido verdade... eventualmente, mas vê-lo na loja tinha
começado o tumulto emocional e desgosto tudo de novo. Parecia
que toda a minha vida tinha sido uma série de tristezas quando
se tratava de Clutch. Por mais boba que eu era, eu tinha me
convencido de que o cara viria em alguns dias. Ele sabia que eu
era louca por ele, vergonhosamente assim e eu sempre imaginei
que ele iria se sentir do mesmo jeito se eu o incomodasse o
suficiente. E eu definitivamente o tinha incomodado. Eu fui tão
idiota. Quando eu pensei sobre minhas estúpidas palhaçadas de
garotinha ao redor de Clutch e como ele se esticou e fez uma
careta quando me aproximei dele, percebi que tinha sido
completamente delirante.

Adam se inclinou e me beijou. Ele poderia ter se aproximado


e me dado um tapa e obtido a mesma reação de transe.
— Terra para Taylor.

Forcei um sorriso.

— Desculpe, eu deixei o planeta por um segundo.

Ele fez uma pequena batida feliz em sua direção.

— Bem, nós temos o resto da tarde. Eu não tenho que estar


no trabalho até às seis. O que devemos fazer? — Seus dentes
brancos brilharam à luz do sol, se derramando através do para-
brisa. — Nós poderíamos ir para a praia.

— Eu prometi a minha mãe que eu iria limpar pisos hoje. —


Foi a primeira desculpa esfarrapada que veio na minha cabeça.
Meu estômago estava frio e dolorido enquanto eu fingia que nada
tinha acontecido na loja para me jogar em uma pirueta e, de
repente, ocorreu-me que eu tinha sido demasiada egoísta. Adam
tinha sido tão legal sobre tudo, sempre se doando, mesmo
quando era algo que ele realmente não queria fazer. Por mais que
eu gostasse de estar ao redor dele, a verdade era que eu estava
usando-o, tanto para preencher um vazio e manter meus pais
bem. Mas só agora na loja, que tinha me dado conta de que não
havia nenhuma maneira para preencher o buraco do tamanho de
Clutch em meu coração.

Adam ligou o carro. Seu bom humor havia sido esmagado


pela decepção. Um silêncio rígido caiu entre nós e o sentimento
nojento na minha barriga cresceu. Adam mexia com o rádio e,
finalmente, fechou-se completamente.

— Esse cara grande na loja de seu irmão era Clutch, não


era?

Olhei pela janela para nada em particular.

— Sim, é ele. — A indiferença em minha voz era tão artificial,


mesmo Adam, que geralmente não é ótimo para me ler, não
poderia ter perdido. Era quase como se eu pudesse ouvir o estalo
alto da casca falsa que eu tinha construído para manter os meus
pais e Jason felizes. Eu tinha conseguido, muito habilmente,
enganá-los a pensar que eu tinha mudado, que eu havia me
tornado perfeitamente nos conformes, bem-comportada, boa ao
tomar decisões que sempre sonhei. E tão infeliz quanto eu tinha
sido, eu tentava me convencer de que tudo ficaria bem. Cinco
segundos na mesma sala com Clutch tinha destruído a minha
determinação. Adam merecia alguém muito melhor do que eu.

— É verdade que você tinha algo com o cara? — Eu


esperava que a minha resposta brusca o tivesse tirado do
assunto. Ele olhou rapidamente para mim. — Alguns dos meus
amigos estavam conversando sobre isso um dia.

Eu não respondi o que eu imaginei que era resposta


suficiente. Ele virou a minha rua e parou em frente a minha casa
e eu realmente queria pular fora. Mas eu lhe devia mais que isso.

— Olha, Adam, você sabe o quanto eu gosto você...

— Puta merda, Taylor, você não está realmente indo usar o


verso “você sabe o quanto eu gosto de você. ” Salve-o. Eu não
quero que você use “pobre rapaz, eu me sinto tão mal por você,
acabou. ” Tudo o que sei, é que estava tudo bem até que você viu
o parceiro de seu irmão. Boa sorte com isso. O cara parece um
completo idiota.

— Ele não é. É complicado. Adam, eu realmente tive um


grande momento com você, mas...

Ele estendeu a mão para me silenciar.

— Apenas pare, Taylor. Vá. Eu não preciso de sua piedade.

— Ótimo, vou guardar minha respiração então. — Eu abri a


porta e disparei para fora de seu carro. Seus pneus guincharam
quando ele arrancou pela rua. Lágrimas queimaram meus olhos
enquanto eu corria até a calçada. Eu tinha sido uma terrível
cadela sobre tudo e mesmo que Adam tivesse agido frio e
desdenhoso, eu sabia que eu tinha acabado de ferrar com sua
cabeça. Eu tinha sido forçada a me tornar alguém tão longe do
meu verdadeiro eu, que eu tinha perdido momentaneamente a
verdadeira Taylor. Mas isso tinha acabado.

Em uma daquelas coincidências difíceis de explicar, eu


entrei quando minha mãe, vestindo luvas de borracha amarelas,
estava inclinada sobre um balde espremendo um esfregão. Minha
mãe sempre foi uma daquelas leves, conservadora, de levar as
coisas devagar. Meus pais tinham namorado cinco anos antes
que eles decidissem se casar e algo me disse que tinha sido uns
maçantes, castos, cinco anos. Minha impulsividade sempre a
preocupou. Ela tinha mesmo considerado medicação para me
acalmar, mas os médicos lhe asseguraram que era apenas meu
espírito e nada mais. Mesmo com dez, eu sentia que não era o
diagnóstico que ela esperava.

— Você já está em casa? Por que Adam saiu? Você deveria


tê-lo convidado. Fiz alguns biscoitos de aveia. — Ela enxugou
uma mecha de seu cabelo cinzento de seu rosto com as costas de
seu antebraço. Ela não tinha notado minhas lágrimas riscando
as bochechas. Eu sinceramente acreditava que, por vezes, ela
ignorava qualquer turbulência emocional da minha parte, porque
se encaixa melhor em sua silenciosa, vida calma. — Será que
Jason gostou do seu cachorro-quente?

Dei de ombros.

— Tenho certeza que ele gostou. Nós não ficamos por lá


para descobrir. Você precisa de alguma ajuda com o chão? —
Mãe mantinha uma casa imaculada. Uma casa arrumada era
uma fonte de orgulho para ela. Sua obsessão com limpeza
funcionava bem para mim, porque isso significava que ela evitava
meu quarto 'tornado' a maior parte do tempo.

Mamãe olhou para o azulejo brilhando sob os seus pés.

— Está tudo feito agora e além disso, querida, você nunca o


faz direito. Você não muda a água suficiente e ele sempre deixa
uma faixa com sabão.

— Acho que vou riscar “mulher da limpeza” na minha lista


de futuras carreiras. — Eu marchei em direção ao meu quarto,
fechei a porta atrás de mim e afastei a pilha de roupas dobradas
que mamãe tinha deixado na minha cama. Olhei para o teto
pensando em tudo. Eu tinha deixado a Califórnia tão
inconsolável por Clutch não ter dado a mínima para eu estar
embarcando, que eu decidi que era a melhor coisa para mim.
Estar fora sob o olhar atento dos meus pais e Jason e até mesmo
sua namorada intrometida, Sarah, tinha sido um bônus. Mas
uma vez na Flórida, eu percebi que não havia nada lá para mim.
Eu não conhecia ninguém e tia Susan não era exatamente do
tipo que tem uma vida social que ruge, então, eu quase morri de
tédio... e umidade. Quando viajei de volta para o meu aniversário
de dezoito anos, eu decidi que faria qualquer coisa para não ter
que voltar. Eu assinei sobre a minha alma e meu coração, só
para ficar em casa.

Eu me levantei e fui até um oásis de limpeza no meu quarto,


minha mesa. Eu tinha organizado com os meus lápis de desenho
e blocos de desenho. Criando formas com carvão e lápis de cor e
em seguida, transformando-os em padrões e vestuário, me
impediu de ficar completamente louca quando eu tinha chegado
à terra. Crescer foi uma ocorrência semanal e na maioria das
vezes, eu merecia. Mas eu era uma adulta agora, apenas seis
semanas longe de terminar o ginásio e enquanto eu ainda tinha
que tomar decisões estúpidas, eu tinha passado da idade de ser
punida.

Abri uma folha de papel e comecei a desenhar um vestido


curto estilo túnica com um cinto extralongo e botas curtas. Meus
lápis iam e vinham em pinceladas curtas proposital. O produto
final parecia algo que uma menina medieval podia usar, talvez
até mesmo uma menina que estava à espera de seu marido
Viking retornar de uma viagem. Costumes e períodos históricos
foram o meu favorito. Mesmo que eu soubesse que não eram o
tipo de estilo que estaria voando na prateleira da loja de
departamento, era o que eu gostava. Eu rasguei o papel fora do
bloco e enfiei-o na parede ao lado da Regência, encontro visual
gótico que eu tinha criado depois de ler Northanger Abbey em
Inglês. Os estilos femininos Glamour da era Jane Austen eram
legais, mas os elementos góticos da novela continuaram me
puxando de volta para a escuridão, a versão mais picante do
Regência moda. Toda a ideia acabou sendo um pouco estranha e
eu nunca tinha feito isso em um padrão. Um monte de minhas
coisas era estranha, mas um dia, eu planejava ser design de
moda. Naturalmente, os meus pais apoiadores, de mente aberta,
pensavam que meu sonho de me tornar uma designer de moda
era cômico.

Eu me arrastei de volta para minha cama e me estiquei. Eu


tinha terminado as coisas abruptamente com Adam e eu
provavelmente seria desprezada na escola pelo restante do meu
último ano, mas eu fiz a coisa certa. Na verdade, continuar a sair
com ele seria a coisa errada em um monte de maneiras. Adam
ainda era um grande homem no campus, com ou sem mim e ele
iria se recuperar rapidamente. Certamente, o Facebook já estava
explodindo com a notícia e as meninas estariam empurrando as
mensagens umas das outras para o seu mural, para chamar sua
atenção.

Mamãe bateu de leve e depois enfiou a cabeça dentro. Seu


rosto estava brilhante e vermelho da limpeza de pisos.

— Jason e Sarah estão vindo para o jantar. Por que não


convida Adam? — Essa coisa com Adam tinha tornado minha
mãe mais feliz, a pessoa mais entusiasmada no mundo.

Eu abri minha boca para que ela soubesse que ele estava
trabalhando, o que era a verdade, mas deixaria de fora as coisas
desagradáveis. Então eu decidi que, como um curativo teimoso,
eu só precisava acabar logo com isso.

— Nós terminamos. — Eu não tive o cuidado de sentar-me


ou olhar para ela. Eu só soltei minha declaração para o teto.

Ela abriu a porta e entrou, infelizmente. Suas mãos foram


em seus quadris quando ela olhou para o padrão de vestuário
que eu tinha fixado sobre a tela.

— Este quarto é um desastre. Não é seguro deixar alfinetes


no chão.

Olhei para ela. Ela me ensinou a costurar quando eu tinha


sete anos. Eu implorei a ela para me ensinar durante um mês e
ela finalmente cedeu. E acabou por ser um dos melhores
momentos que passamos juntas.

— Lembra quando a gente costurou o vestido para minha


dança no sexto ano, mãe?

Ela resmungou.

— Eu? Eu nunca tentei trabalhar com tafetá de novo. Foi


horrível.

Ela lembrava como horrível e eu lembrava como incrível.


Nós nos divertimos e acabou por ser o melhor vestido no baile.

— Eu acho que não foi tão ruim, quando estava pronto. —


Ela olhou para mim e havia um brilho fugaz de mãe em seus
olhos. — Você é tão bonita que você poderia ter caminhado para
a dança em um saco de batata e ainda ter sido a garota mais
bonita da sala.

Ela não disse nada parecido para mim há muito tempo e


meus olhos doíam enquanto eu mantive as lágrimas.

— De qualquer forma, voltando ao assunto de Adam. — Ela


poderia arruinar um momento tão rapidamente quanto ela
poderia construí-lo. — Foi provavelmente apenas uma pequena
briga. Ele vai superar isso em breve.

— Otimista — eu murmurei sob a minha respiração.

— O quê?

— Nada, mamãe, mas acredite em mim quando eu lhe digo


que acabou. Adam e eu somos muito diferentes.

Ela quase tropeçou nas roupas que eu tinha empurrado


para o chão.

— Passei muito tempo dobrando essas coisas. — Ela se


abaixou para pegá-las.

— Deixe-os, mãe. Vou pegar mais tarde.

Ela se sentou na beira da minha cama. Parecia que eu ia


para ser abençoada com um papo coração a coração com ela.

— Diferente é uma coisa boa. Os opostos se atraem e tudo


isso — ela disse com uma risada. — Adam estará de volta, você
vai ver.

— Eu terminei tudo. Ele não vai voltar e eu não quero que


ele volte. Ele não é para mim e eu, definitivamente, não sou para
ele.

Uma longa pausa encheu o ar e depois um suspiro irritado


quebrou o silêncio.

— Não se esqueça do nosso assunto, Taylor Marie. —


Otimismo tinha desaparecido com a revelação de que um
reencontro entre Adam e eu não era possível. — Você precisa
ficar longe de problemas.

Debrucei-me em meus cotovelos.

— Realmente, você vai recorrer à coisa do nome do meio. Eu


não ouvi isso desde que eu estava na oitava série e eu fui pega
matando aula na escola.

As bochechas rosadas e sorriso doce foram embora e sua


carranca de mãe escureceu seu rosto. É claro que nunca teve
muito efeito sobre mim, ou pelo menos, não tanto efeito como
papai com careta arrepiante.

— Você conhece as regras, pequena. — Ela passou por cima


das roupas e se dirigiu para a porta.

— Esse é o problema, mãe. Eu não sou mais uma criança.


Eu tenho dezoito anos. Você pode me chutar para fora de casa,
mas você não pode me dizer para onde ir, ou o que vestir, ou
quem encontrar. — Eu fiz um esforço consciente para manter
minha voz calma e funcionou por um segundo. Nós tivemos
alguns jogos muito bons gritando durante minha adolescência,
mas eu não ia deixá-la me reduzir a uma adolescente histérica.
Não mais.
Sua boca se apertou em conjunto, como se ela estivesse
formulando sua resposta.

— Vamos ver o que seu pai diz sobre isso. — Ela virou-se
bruscamente sobre os calcanhares e saiu do quarto.

Quando mamãe estava farta de lidar comigo, ela sempre


tinha mais que prazer de me entregar ao papai. Era muito, muito
covarde, mas, francamente, eu estava tentando me encaixar em
seu molde de filha perfeita.
Capítulo 7

Clutch

Era raro eu perder o apetite, de fato, se houvesse uma


palavra que significava mais raro que raro, então, seria o termo a
ser usado. Eu apavorei tanto Nix e Scotlyn quando eu quase não
toquei o meu hambúrguer no almoço. Eles sabiam a razão por
trás disso, porém e felizmente, nenhum deles tocou no assunto.
Não havia muito o que falar. Taylor e eu não tínhamos nos visto
em meses e nós dois fomos pegos de surpresa. Eu tinha certeza
que sua reação atordoada veio do medo de que ela tivesse
quebrado a “regra de ficar longe de Clutch” e com Jason bem ali.
Minha reação foi a de costume — construir o muro e tentar
ignorar o fato de que, cada centímetro de mim, reagiu à sua
presença. Eu acho que não mudei. Embora, a coisa de colocar
meu punho através de uma parede, era novo.

Virei a minha rua decidindo que eu precisava de uma


sessão de treino longo na sala de musculação improvisada que
eu tinha criado na garagem. Minha mão estava dolorida, mas um
pouco de dor e suor parecia exatamente o que eu precisava. Olhei
para a rua e fiz uma dupla tomada quando vi que Barrett estava
ajudando minha vizinha arrastar as latas vazias de volta para
sua casa. Ele estava sem camisa, o que, conhecendo meu irmão,
era provavelmente de propósito. Aparentemente, ele decidiu que a
cavalaria e um peito nu era uma boa mistura.
Aimee acenou para mim enquanto eu parava na entrada.
Ela estava usando o mesmo sorriso brilhante que eu já tinha
visto em tantas meninas que Barrett teve tempo para conversar.
Apenas o dela vinha com essa triste vibração, perdida em seus
olhos. Meu irmão não acenou e eu tinha certeza de que ele
preferia que eu não o pegasse em seu ato de bravura com a lata
de lixo.

Meus nódulos e dedos latejavam quando eu fechei a porta


do carro.

— Como vai, Aimee?

— Ótima, James. — Ela era uma das poucas pessoas que


me chamavam de James. Aimee era esse tipo de pessoa, do tipo
que chama as pessoas pelos seus nomes próprios. Ela era
educada e de boas maneiras e ela estava presa com um
preguiçoso, idiota sem classe. — Barrett foi gentil o suficiente
para sair e me ajudar a trazer as latas de lixo.

Barrett finalmente se aprumou o suficiente para virar e me


encarar. Ele acenou brevemente e depois voltou sua atenção para
Aimee.

Eu fui para dentro. Embalagens de alimentos e latas de


cerveja vazias enchiam minha mesa de café e os cobertores
estavam no chão, onde Barrett aparentemente jogou-os,
decidindo que o quarto era muito longe para viajar a pé. A porta
da frente se abriu e Barrett entrou sem fazer contato visual.

Cruzei os braços e observei-o furtivamente em direção ao


sofá.
— Eu acho que você pensa que se você não olhar
diretamente para mim, então eu não serei capaz de vê-lo.

— Não, mas eu já posso sentir um sermão no ar — ele


acenou com o braço em volta. — Você cheira a isso.

— E você fede a lata de lixo do vizinho — eu levantei meu


nariz e cheirei — e um pouco da minha loção pós-barba cara.
Então, você teve tempo de colocar loção pós-barba, mas não uma
camisa?

Ele deu de ombros e foi esse tipo de atitude irmão infantil


que não ficou bem com o meu estado de espírito.

— Um cara gosta de cheiro bom quando ele está tirando as


latas de lixo. — Ele se sentou no sofá e apoiou os pés entre uma
lata de cerveja vazia e um saco aberto de chips.

Peguei duas das latas e esmaguei-as em minhas mãos,


esquecendo-me dos dedos inchados.

Os olhos azuis de Barrett saíram ao lado, como se tivesse


imaginado sua cabeça em meu punho, em vez da lata.

— Dia ruim?

— Por uma contestação de fato, sim. E o que diabos você


está fazendo? Ou será que você não me ouviu falar que ela era
casada?

— Sim, com um idiota enorme. — Ele apontou para mim e


eu notei que a maioria do tremor foi embora. — Suas palavras,
não minhas. Além disso, gosto de ser útil.
Minha risada estrondosa o assustou, assegurando-me de
que ele ainda estava um pouco nervoso.

— Desde quando você é útil?

Ele levantou os braços e descansou as mãos atrás da cabeça.

— Sempre, enquanto uma linda garota estiver envolvida.

— Então seja útil e limpe essa bagunça. Eu vou sair para


levantar pesos.

— Você definitivamente não é bonito o suficiente — Barrett


disse para mim quando eu saí pela porta dos fundos.

***

A sessão extenuante de pesos sempre foi um calmante, mas


não havia acalmado os sentidos quando se tratava de Taylor.
Alguns segundos no mesmo cômodo com ela e foi como se eu a
estivesse segurado em meus braços e provado seus lábios. Eu
não conseguia empilhar pesos suficientes ou fazer repetições
suficientes para empurrá-la da minha cabeça.

A batida rítmica na parede da cozinha me cumprimentou


enquanto eu pegava uma toalha de papel para limpar o meu
rosto. Ela continuou. Entrei na sala de estar. Barrett estava
sentado na mesa de café entre sua coleção de lixo, jogando uma
bola de tênis velha contra a parede. Ele havia deixado uma marca
agradável, onde ele conseguiu bater exatamente no mesmo lugar
várias vezes. Ele tinha sido um lançador talentoso na escola, mas
nunca foi suficiente autodisciplinado para continuar no esporte.

— Você está deixando uma marca de merda na parede. —


Ele só estava lá há uma semana, mas eu estava vivendo por
conta própria, durante dois anos e sua presença estava me
dando nos nervos rapidamente.

Ele me ignorou e jogou a bola novamente, mas agarrei-a no


ar.

Ele se inclinou para trás em suas mãos e um saco de chips


vazio flutuou para o chão, deixando um bom banho de sal no
tapete.

— O que diabos eu vou fazer agora, Jimmy? Eu não tenho


nenhum diploma ou trabalho. Eu estava fazendo um bom
dinheiro no barco de pesca. Foi um trabalho duro, mas pagava
bem. Não sei o que fazer agora.

— Você poderia ir para a escola noturna e obter o seu


diploma.

Ele bufou uma risada.

— Eu não estou indo sentar-me em qualquer porra de sala


de aula, nunca mais.

Joguei a bola para cima e para baixo na palma da minha


mão.

— Você poderia se vestir verdadeiramente sexy e ficar na


esquina da rua. Talvez alguma mulher rica vá buscá-lo, como no
filme Pretty Woman.

Ele não estava se divertindo.

— Estou falando sério. Estou ferrado.

— Você ferrou a si mesmo, Rett.

Ele se levantou para recuperar o lixo que tinha despejado no


chão.

— Talvez eu deva voltar para o basebol. O treinador sempre


pensou que eu tinha um grande potencial.

Eu colecionava as latas vazias.

— Eu acredito que suas palavras exatas foram "muito ruim


sobre Barrett, ele tinha grande potencial". Você ferrou essa
oportunidade também.

Ele arrastou os cobertores e os jogou no sofá.

— Este pequeno bate-papo é um grande impulso para a


minha confiança. — Ele olhou para mim. — Talvez eu deva voltar
para as drogas. Então eu posso vender...

Sua última palavra foi sugada por um suspiro quando eu


levei três passos pela sala e coloquei-o contra a parede. Meu
antebraço apertado contra seu peito e ele parecia tão assustado
quanto eu já tinha visto ele. A tensão do dia infernal, de toda a
semana maldita, tinha chegado a mim.

— Eu te amo, Rett, mas se você ficar viciado novamente,


vou jogá-lo na rua, porra.
Ele piscou para mim algumas vezes.

— Eu não faria isso com você, Jimmy. Eu não iria deixá-lo


decepcionado assim. Eu só estava brincando.

Fiquei olhando para ele e então, eu deixei cair meu braço.


Tinha sido uma reação exagerada, mas, ao mesmo tempo,
assustar ele era provavelmente uma boa coisa. Eu balancei a
cabeça.

— Deixe-me falar com Jason sobre contratar você para


trabalhar em tempo parcial na loja. Nós poderíamos usar um par
extra de mãos.

— Isso seria ótimo. — Havia ainda um leve tremor em sua


voz. Ele começou a limpar o resto da sala, um efeito colateral de
bônus da minha pequena birra.

Fui até lá para pegar meu celular da mesa.

Barrett olhou para ele quando eu o alcancei.

— O que aconteceu com sua mão?

— Ela teve uma discussão com uma parede.

— Todos nós fazemos escolhas erradas. A propósito, alguém


está tentando ligar para você. O telefone vem fazendo o
chachacha sobre a mesa faz meia hora.

Eu olhei para a tela.

— Foi Jason. — Eu estava feliz que ele deixou uma


mensagem. Eu realmente não queria falar com o cara.
“Ei, Clutch, temos uma pista sobre um Shelby GT350 ano
65. É um acidente e tem de ser remodelado a partir do chassi,
mas poderia ser um grande investimento. O cara está indo ao
encontro de carros clássicos hoje à noite. Eu não posso ir, mas
você é melhor na troca de ofertas de qualquer maneira. Ligue-me
e eu vou dar-lhe todas as informações. ”

— Por que você discutiu com uma parede? — Barrett


perguntou quando eu abaixei o telefone. — Estou imaginando
que, depois dos pesos que ouvi serem deslocados na garagem e
ter você me fazendo de panqueca contra a parede, há
algo realmente tenso.

— Nenhum dos seus negócios, Rett e é melhor esse lugar


brilhar. Eu quero ver meu reflexo nessa mesa de café. —
Segundos antes, ele parecia aterrorizado o suficiente para engolir
a própria língua, mas meu irmão tinha uma confiança
inacreditável, que lhe permitiu recuperar rapidamente. Crescer
com quatro irmãos mais velhos lhe dera habilidades de
sobrevivência incríveis. Ele ligou o aparelho de som e em seguida,
dobrou os edredons.

— Aqueles precisam ir para a máquina de lavar — eu disse.


— Você esteve suando, vomitando e fazendo outras coisas que eu
não quero pensar, nesses cobertores, por uma semana.

Ele balançou a cabeça e reuniu-os debaixo do braço.

— Eu estou pensando que é tudo sobre uma menina.

Acenei-o para a lavanderia.


— Pare de tentar me psicanalisar. Não ligue a máquina de
lavar ainda. Eu estou tomando banho. Eu tenho que ver um cara
com um carro. — Eu entrei no corredor.

— E eu aposto que as iniciais da menina são TF — ele me


chamou. Eu tinha que admitir, o garoto tinha um par de bolas de
aço. — Porque todo mundo sabe que Taylor era para você. Todos,
menos você, é claro.

Fechei a porta do banheiro atrás de mim.


Capítulo 8

Taylor

Acordei com o som de vozes. Eu dormi tempo suficiente


para a luz do sol do dia desvanecer com a luz rosada do
crepúsculo. O brilho ofuscante do sol morrendo escoou sob
minhas cortinas do quarto. O dia voltou para mim em lascas,
mas um fragmento foi apresentado dolorosamente em minha
mente e meu coração: eu estava no mesmo cômodo que Clutch e
eu ainda era louca por ele.

Houve tantas vezes nos últimos anos que eu tentei descobrir


por que eu estava tão louca por ele, considerando que ele sempre
me tratou como merda. Eu estava convencida de que, se eu
pensasse sobre isso, logicamente então, eu poderia facilmente me
convencer da paixão. Mas isso nunca foi uma queda, isso nunca
tinha sido a obsessão de uma menina de escola com um
monstruosamente construído, cara bonito, que dirigia carros
velozes. James Mason tinha uma alma que, às vezes, eu tinha
certeza de que eu podia ver. Ele era um cara que faria qualquer
coisa por seus amigos e familiares, mesmo que isso significasse
colocar-se em perigo e em algum lugar no fundo de meus ossos,
eu tinha certeza que ele iria arriscar tudo por mim também.
Apesar de ficar sempre irritado com minha presença, eu mantive
a esperança dentro de mim. Algo dentro de mim me levou para o
cara, como se houvesse apenas uma pessoa no mundo para mim
e se Clutch não me quisesse, eu tinha certeza que eu ia passar o
resto da minha vida sozinha.

A batida forte de minha mãe me assustou de meus


pensamentos.

— O jantar está pronto, Taylor. Jason e Sarah estão aqui. —


Ela colocou a cabeça para dentro. Ela colocou um vestido e
pérolas, como se Jason e Sarah fossem convidados importantes
para o jantar. Seus lábios puxaram apertados e era óbvio que
havia algo que precisava confessar. — Eu liguei para Adam.

Sentei-me para cima.

— Você o quê?

Ela levantou a mão.

— Ele não está vindo. Ele teve que trabalhar.

Eu respirei fundo para manter a calma, mas ela foi


tornando-se extremamente difícil.

— Mãe — o tom gelado na minha voz chamou sua atenção


rapidamente — ele nunca virá aqui novamente. Nós terminamos
e nunca mais o chame novamente.

Eu falei em voz baixa, mas, quase como se ele tivesse algum


tipo de radar de má língua, meu pai colocou a cabeça em cima da
dela.

— O que acabei de ouvir você dizer a sua mãe?

Mamãe virou-se e colocou a mão no peito dele.


— Não foi nada, Carl. Apenas conversa de meninas. — Ela
apagou a explosão potencial rapidamente, não por preocupação
sobre mim, mas foi a preocupação de que seu pequeno jantar
seria interrompido.

Papai hesitou na porta e atirou-me um olhar de censura


antes de se afastar. O rosto de minha mãe estava mais pálido
quando ela olhou fixamente para mim do outro lado do quarto.

— Troque esses shorts inúteis e venha para a mesa.


Falaremos sobre isso mais tarde.

Eu podia ouvir Jason discutindo sobre um carro clássico e o


encontro de uma oportunidade de investimento quando eu
marchei pelo corredor.

— Você acha que Jimmy poderá ir... — Pai estalou a boca


fechada quando entrei na sala de jantar. Aparentemente, eu não
tinha permissão para ouvir uma conversa sobre Clutch.

Raspei os pés da cadeira ao longo do chão cintilante da


mamãe quando eu a puxei da mesa e me sentei forte.

— Sem desleixo, Taylor — Mamãe disse, soando como a Sra.


Biddle, minha segunda professora da classe, com cara de bruxa.
Eu exagerei mais uma postura reta vareta e estatelei os cotovelos
sobre a mesa. Essas pessoas ainda me tratavam como uma
malcriada menina, então, eu decidi seguir com isso. Os olhos de
mamãe quase saltaram para fora de sua cabeça, quando ela me
viu colocar os cotovelos sobre a mesa.

Jason bateu no meu braço e eu deixei cair de volta para o


desleixo.

— Então, minha mãe disse que teve uma pequena briga com
Adam?

Eu sorri e balancei a cabeça.

— Não foi uma pequena briga. Nós terminamos. Não que eu


veja alguma razão pela qual eu tenha que discutir isso com você.

A boca de Sarah caiu, mas Jason rapidamente colocou a


mão em seu braço para impedi-la de comentar.

Mamãe pegou a tigela de batata e entregou-me.

— Vamos passar as batatas ao redor. Eu adicionei um


pouco de queijo parmesão nelas, então, elas devem ficar mais
saborosas. — O otimismo tinha voltado, mas eu sabia melhor. Eu
sabia que o antiotimismo poderia surgir a qualquer momento. Ela
estava quase mais assustadora que papai, porque com ele, ele
estava sempre chateado com alguma coisa. Ele nunca colocou na
merda falsa e, no momento, sua mandíbula se contraiu com raiva.

— Quando você terminou com Adam? — Ele olhou


interrogativamente para a mãe. — E por que ninguém me contou?

Mãe deu de ombros enquanto colocava colheradas de


ervilhas e cenouras em seu prato.

— Eu ia dizer-lhe depois do jantar. Além disso, eu tenho


certeza que tudo vai se resolver.

Eu ri alto, outro não-não na mesa de jantar. Eu sabia que


tudo o que eu estava fazendo me colocaria em apuros, mas eu
não podia mais jogar junto com seu jogo assustador.

— Eu não tinha ideia de que a minha vida amorosa era um


tal tópico importante. Realmente, vocês precisam cuidar de suas
vidas. E nada vai se resolver, mãe. Eu estava usando Adam e
estava errado isso, então, terminei.

Mamãe virou-se para me olhar como uma mulher que esteve


inalando demasiados produtos químicos de limpeza.

— O que quer dizer com você o estava usando? Para quê?

— Para tirar todos vocês do meu pé. — Eu sorri para mim


mesma. — Embora, Adam não me mantinha fora do meu...

Jason levantou tão abruptamente que sua cadeira quase


voou de volta.

— Taylor, precisamos conversar na cozinha. — Eu estava


esperando por fogo esguichando de suas narinas. — Agora.

Eu andei casualmente atrás dele para a cozinha, mas eu


poderia ter saltado com a tensão em seus ombros. Ele fechou a
porta da cozinha atrás de nós e voou ao redor para me encarar.
Ainda há chamas, mas eu tinha certeza que eu vi uma corrente
de fumaça saindo de suas orelhas.

— O que diabos você está fazendo? Você vai ser enviada de


volta para a Flórida. É isso que você quer?

Eu olhei para ele e ele parecia perturbado com o meu


silêncio.

— Isso tudo é sobre ter visto Clutch hoje, não é? — Ele


balançou a cabeça. — Eu não deveria ter pedido esse cachorro-
quente.

Eu ri e isso o deixou ainda mais irritado.

— Realmente, você está culpando um cachorro-quente pelo


meu comportamento? Isso é tão estúpido como culpar Clutch por
ele. Vocês são realmente loucos, você sabe disso? Você, mamãe,
papai e essa bruxinha choramingona com quem você vive...

Ele agarrou meu pulso forte e eu encontrei o seu olhar com


o meu próprio.

— Espero que eles te mandem de volta. Você não é nada


além de problemas. E desista de Jimmy. Ele me disse um milhão
de vezes que você não era nada, além de um pé no saco. Ele não
tem interesse em uma criança estúpida como você. — Ele soltou
meu pulso e se dirigiu para a porta. — Agora, volte para a mesa.
— Ele foi para fora da cozinha.

Eu estava no meio da cozinha imaculada da mãe e pisquei


para conter as lágrimas. Suas últimas palavras machucaram
muito mais do que eu tinha me preparado. Não havia nenhuma
maneira que eu fosse me sentar à mesa. Eu saí pela porta de trás
e corri para a calçada e pela rua, longe da casa louca e das
pessoas lá dentro que passaram todas as suas horas acordadas
fazendo-me miserável.
Capítulo 9

Clutch

Nix estava olhando sobre uma Mercedes do final de 1980


enquanto eu atravessava o lote com Barrett ao reboque. Ele se
sentiu bem o suficiente para ir e como um cachorro selvagem
inexperiente, eu estava preocupado que ele fosse destruir a casa
se eu o deixasse sozinho por muito tempo.

Nix empurrou seus óculos de sol em sua cabeça.

— Ei, Barrett, você parece bem melhor.

— Rett! — Dray chamou do outro lado do caminho. Ele


correu e deu um abraço rápido de irmão em Barrett. — É bom
ver você, brow.

— Sim, você também. Ganhou algumas boas lutas


ultimamente? — Perguntou Barrett.

— Você sabe. A vitória é sempre minha no ringue.

Nix olhou para Dray.

— A menos que você deixe massa encefálica na esteira e


acabe no hospital.

Dray acenou desleixado para Nix.

— De qualquer forma, você vai ter que vir assistir a uma


luta que eu estou, no final deste mês. Deve ser uma boa.

— Com certeza.

Dray bateu Nix no braço com a palma de sua mão.

— Ei, amigo, você pode me emprestar uma de vinte. Cassie


me tem com um orçamento para que possamos, eventualmente,
comprar uma casa e eu decidi comer toda a linha de caminhões
de alimentos. A caminhonete de macarrão com queijo é meu
próximo alvo. Eu estou indo para macarrão, lagosta e queijo e é
caro.

Nix foi para tirar a carteira e depois parou.

— Por que você apenas não compra o macarrão e queijo


simples?

Dray ergueu as mãos.

— Porque é lagosta, Cara. Agora, vamos. Não seja pão-duro


maldito.

— Estou contente por este orçamento estar funcionando


para você — Nix murmurou enquanto ele arrastou a carteira e
entregou a Dray o dinheiro.

Nix balançou a cabeça quando Dray saiu correndo.

— Ei, você tem o seu fardo... — Eu inclinei minha cabeça na


direção de Barrett... — e eu tenho o meu.

— Muito obrigado — Barrett rosnou. — Vou conversar com


Dray e deixar as duas velhinhas para vocês.
Nix olhou para mim.

— Merda, ele está certo? Porque eu estou começando a me


sentir um pouco como uma velha senhora.

— Não, eles simplesmente não têm crescido ainda. Ei, eu


estou feliz que você veio. Tem um cara aqui chamado Grant que
tem um Shelby 65 a venda. Ele deveria estar mostrando uma
Ferrari 79 hoje.

— Sim, eu o vi mais perto dos banheiros. — Nix começou a


andar e eu segui.

— Onde está Scotlyn?

— Deixei-a sentada no deque encolhida em um cobertor


com seu computador e o gato no colo. Desde que ela tem ajudado
vovó a escrever suas memórias, ela decidiu escrever sua
própria. Eu li algumas coisas que ela escreveu. É muito bom.
Rasga meu coração lê-lo, mas ela é uma boa escritora. Seu
médico lhe disse que era uma grande terapia.

— Isso é incrível. Ei, de modo que o gato de rua ficou por lá?

— Sim. Ele é um gato legal, mas ele entregou um rato


morto em nossa cama no outro dia. — Nix riu. — Rapaz, Scotlyn
pode gritar quando ela coloca sua mente nisso.

— Merda, se eu acordasse olhando para um rato morto, eu


gritaria também. — Eu vi a Ferrari amarela. — Nada como
restaurar a porra de uma Ferrari e depois pintá-la da cor da
urina — eu disse com o canto da minha boca quando nos
aproximamos do rapaz. Ele era um cara velho, com um rabo de
cavalo cinza e um chapéu de palha e, brevemente, me perguntei
se essa era a maneira que eu ficaria em 30 anos.

Eu estiquei a minha mão.

— Você é Grant?

Apertamos as mãos.

— Sim e meu amigo, Felix, não exagerou em sua


descrição. Ele me disse para olhar para um homem do tamanho
de um urso pardo com cabelos loiros.

Fui um gigante toda a minha vida e eu cresci acostumado a


ter pessoas mencionando o meu tamanho, mas eu tinha que
admitir, a analogia urso sempre me pareceu como um insulto.
Mas eu estava lá para aliviar esse cara de seu Shelby, então, eu
sorri em resposta ao seu comentário.

— Eu sou Jimmy, mas a maioria das pessoas me chamam


Clutch. Eu entendo que você tem um Shelby 65 que você precisa
vender.

O cara se aproximou e tocou um pontinho invisível de


poeira fora de sua Ferrari.

— Bem, eu não preciso vendê-lo, mas se eu tenho o preço


certo, eu poderia estar disposto a separar-me dele.

Pelo que Jason tinha me dito, o cara estava tendo alguns


problemas financeiros e ele definitivamente precisava descarregar
o estoque. Mas ele era um profissional e a regra número um, era
nunca deixar seu cliente saber que você está desesperado.
— Você tem fotos?

— Parece que tenho. — Ele se abaixou dentro de seu carro.

Olhei em volta, mas não havia nenhum sinal de Barrett.


Olhei para Nix.

— Você acha que as crianças estão bem por conta própria?

Nix riu e balançou a cabeça.

— Eu duvido. Para Dray ter seu irmão de volta à cidade, é


como uma banana de dinamite encontrando seu fusível perdido
há muito tempo.

Grant voltou com as fotos. Ele se arrastou através deles,


obviamente, procurando o mais lisonjeiro.

— Aqui está ela. Meu orgulho e alegria.

Felizmente, eu era um profissional também e eu sabia como


olhar revoltado e decepcionado do lado de fora, mesmo que
minhas entranhas estavam fazendo uma dança de “tenho que ter
este carro”. O carro parecia que estava sentado em um pântano
por dez anos seguidos de uma década sob o sol do deserto. E
estava foda demais.

— Eu vou dar-lhe quarenta mil.

O cara riu.

— Não me insulte.

— Olha, eu vou precisar de cem mil só para levá-la a se


mover novamente. — Que era completamente verdade, mas, cara,
valeria a pena esses cem mil.

O cara virou a boca e voltou a olhar para as imagens como


se tivesse esquecido o que o carro parecia.

— Não, não posso fazer isso.

Se eu tivesse que escolher sair sem o negócio, Shelby ou


meu braço esquerdo, eu estaria serrando osso neste momento.
Eu mantive minha ‘Eu não posso nem acreditar que eu estou
incomodando para fazer uma contraoferta’.

— Quarenta e cinco ou eu estou indo.

O cara suspirou como se ele já não estivesse interessado em


falar comigo e eu fui rapidamente calculando o quão alto eu
poderia ir antes de perder a minha bunda completamente. Então,
ele olhou para mim por debaixo da aba do chapéu.

— Deixe-me chamar meu parceiro e ver. — Eu tinha estado


em torno, tempo suficiente, para saber que quando um velho
disse que ele tinha que verificar com o seu parceiro, isso
significava que ele tinha que fazê-lo com sua esposa.

— Tudo bem, ligue para o seu parceiro. O meu amigo e eu


estaremos ali.

Nix seguiu-me até uma árvore que estava fora do alcance da


voz do cara.

— Eu tenho que ter aquele carro — eu disse calmamente.

— Sim, eu juntei isso.

Olhei para ele.


— Como você pode dizer? Eu estava colocando a minha
melhor cara de pôquer. — Agora, eu me preocupei de que meu
desespero vazou através da minha expressão dura.

— Não é como você parece. É como você soa. — Ele sorriu e


colocou a mão no meu ombro. — Cara, quando você está lidando
e você quer muito alguma coisa, sua voz sobe um par de oitavas.

— O que está dizendo, que eu pareço uma garota quando eu


estou fazendo um acordo?

— Só quando é algo que você realmente quer. E seria


necessário mais que algumas oitavas para que você possa soar
como uma menina, mas você me lembra da senhora Hatter, a
professora de geometria, que costumava ficar toda animada
quando ela estava ensinando algo complicado, o que, na
geometria, era todos os dias. — Ele sorriu. — Está tudo certo em
entrar em contato com seu lado feminino de vez em
quando. Mesmo se você for um urso pardo.

O cara ainda estava ao telefone, que poderia ser bom ou


ruim.

— Lado feminino, besteira. Além disso, você é o único que


todos chamam de bonito.

Nix esfregou a parte de trás do seu pescoço.

— Sim, eu não sei o que é pior, urso ou bonito. Mas agora


que Barrett está de volta, talvez eu possa entregar o título de
bonito. Ele meio que entrou no meu lugar, uma vez que você e
eu deixamos o ensino médio.
— Nada o irrita mais do que ser chamado de bonito. — O
velho estava desligando o telefone e olhando em volta para nós.
Ele deve ser míope, porque eu era difícil de perder.

— Bem, parece que temos um acordo pelos quarenta e cinco.

Eu mantive o meu rígido, não comprometedor, exterior e


contive o grito de Tarzan, que foi preso na minha garganta.
Apertamos as mãos e fizemos arranjos para ir ao banco na parte
da manhã. Eu precisava disso para ir bem. Merda podre vinha
acontecendo durante toda a semana e isso definitivamente tinha
me tirado do sério.

Nix olhou de soslaio para mim quando nos afastamos e riu.

— Está tudo certo se você quiser fazer uma dança da


vitória. Eu não acho que o cara possa ver muito bem.

Eu dei um soco no ar.

— Eu sou um maldito agora, eu não me importo de falar


com Jason. — Peguei meu telefone. — E uma vez que a metade
do dinheiro é dele...

Nix parou.

— Eu estou indo para a caminhonete de carne defumada.


Você quer que eu peça um sanduíche?

— Sim, mas me pegue dois. — Eu marquei Jason. — Eu


estarei lá em um segundo. — O bom tempo trouxe uma grande
multidão e entre a música estridente de rádios automotivos e as
conversas à deriva em torno de mim, eu não conseguia ouvir
nada. Eu andei através do labirinto de pessoas para a
construção de tijolo cinza que abrigava os banheiros. Jason não
respondeu então eu deixei uma mensagem. — Ei, eu tenho isso
por quarenta e cinco...

Ela veio ao virar da esquina, de forma inesperada e como


um furacão de estrelas. Minha mente ficou completamente em
branco. Eu desliguei o telefone e coloquei no meu bolso.

Os longos cílios de Taylor eram como cortinas lisas em seu


rosto quando ela baixou o olhar. A adrenalina de ter em minhas
mãos um Shelby ficou para trás e se transformou em uma
explosão de todas as emoções que eu já senti. Corri para frente e
agarrei a mão dela. Ela engasgou quando eu a arrastei pela parte
de trás do edifício. Apertei-a contra os tijolos e olhei para ela.

Seu queixo se projetava para frente quando ela levantou o


rosto para mim e então, sem aviso, a mão dela se aproximou e ela
bateu-me com força. Eu não me movi, mas meu rosto ardia
muito.

— Você poderia ter se importado menos quando meus pais


me despacharam. — Seus olhos brilhavam com lágrimas.

Eu balancei minha cabeça.

— Não é verdade, Taylor. Era mais fácil...

Ela me deu um tapa de novo.

— Era mais fácil eu ter ido embora. — Ela não era uma
menina que chorava com facilidade, mas agora, as lágrimas
escorriam pelo seu rosto.
Desta vez, eu estendi e abri a boca.

— Merda, Taylor, me deixe falar. — Agarrei seus braços. —


Era mais fácil para eu não dizer adeus. — E então, todo desejo
reprimido que eu já tive em beijá-la e houve muitos, entrou em
erupção. Meus dedos apertaram os braços finos quando eu a
levantei para mim. Minha boca devorava a dela e qualquer pingo
de autocontrole foi embora. Puxei-a com tanta força contra mim,
ela gemeu baixinho contra a minha boca. Quando minha mente
me alertou contra ele, minhas mãos acariciaram a curva magra
de seus quadris e parte inferior, a parte inferior pequena e doce
que eu tinha sonhado inúmeras vezes. Ela inclinou-se mais
contra mim, me garantindo que eu poderia tê-la completamente.
E não havia nada que eu queria mais. Mas foi muito mais
complicado que isso. Sem fôlego, eu relutantemente puxei minha
boca da dela e passei meus braços em torno dela.

— Você sabe quanto tempo eu esperei por você para fazer


isso — ela disse suavemente contra o meu pescoço.

— Eu acredito que desde que eu queria fazê-lo. — Apoiei o


queixo no topo de sua cabeça, mas ela se afastou para olhar para
mim.

Seus perfeitos lábios cheios pareciam inchados por causa do


beijo.

— Por que você nunca me beijou então?

— Você é irmã mais nova de Jason, Taylor. Você era jovem.


A coisa toda era errada.
Ela ergueu o braço, mas eu agarrei-lhe o pulso antes que
sua mão fizesse contato com a minha cara.

— Você é um covarde maldito — disse ela. — Eu teria


arriscado qualquer coisa, mesmo sendo jogada para fora de casa,
se isso significasse estar com você.

Eu penteei meu cabelo para trás da minha cara e os meus


ombros relaxaram, com um suspiro.

— Eu não era um covarde, Taylor. — Eu deveria ter optado


pela bofetada. Teria sido muito menos doloroso que tê-la me
chamando de covarde. Tentei escolher minhas palavras com
cuidado, mas nunca pareceu importar. Com Taylor, eu sempre
consegui encontrar exatamente a coisa errada a dizer. — Tratava-
se de fazer o que era certo. — E sua expressão me garantiu que
eu tinha acertado novamente.

— Então, estar comigo teria sido errado?

Eu dei um passo para trás.

— Merda, você está distorcendo as minhas palavras. Talvez


você seja muito jovem para entender. — Minhas primeiras
palavras foram mal, mas minhas últimas eram a sentença de
morte.

— Vá para o inferno, Clutch. — Ela se afastou


violentamente no estilo chateada que ela tinha aperfeiçoado.

Eu momentaneamente olhei para a parede de tijolos em


frente de mim, mas depois, decidi que ia doer muito mais que o
gesso. O que diabos havia com a minha sorte ultimamente?
Meu telefone tocou enquanto eu contornava a construção e
reinvestia na confusão de pessoas e para-choques. Eu ignorei.
Taylor conseguiu desaparecer completamente.

Nix me viu e fomos a comida. Ele parou na minha frente e


levantou uma sobrancelha quando notou meu rosto.

— Eu ouvi que marca de mão era coisa nova na arte da pele.


— Ele inclinou a cabeça para dar uma olhada melhor. — E a
partir da aparência dela, eu diria que você levou um duplo golpe.
O que você fez em sua emoção? Agarrou a primeira garota que
você viu? — Eu não respondi e seu sorriso arrogante desapareceu.
Ele olhou ao redor e em seguida, olhou de volta para mim. — Ela
está aqui?

— Sim e eu não quero falar sobre isso.

Ele levantou o sanduíche.

— Ainda está interessado na carne defumada?

Eu peguei aquilo dele.

— Sim. No momento, a comida é minha única fonte de


alegria. — Eu rasguei o papel e vi Dray vagando pela multidão
sozinho quando eu empurrei o sanduíche na minha boca. Mesmo
no meio da multidão espessa de pessoas. Ele me viu e cabeceou
por cima.

— Onde diabos está Barrett? — Eu não estava com


disposição para lidar com quaisquer palhaçadas do meu irmão.
— Se ele subiu no banco de trás do carro de uma garota, então,
ele vai ter que encontrar o seu próprio caminho para casa hoje à
noite.

— Não, ele estava atrás de mim, mas ele parou para atender
ao telefone. — Dray olhava ansiosamente para o meu sanduíche.
— Eu não vi a caminhonete de carne defumada. Onde ele estava
se escondendo?

Nix apontou para trás de seu ombro.

— Direto lá no meio do lote com o sanduíche grande de


carne defumada de plástico em cima. Você está realmente
pensando em seguir lagosta com carne defumada?

Dray franziu o rosto e apertou sua mão contra seu estômago.

— Sim, talvez seja demais. — Então, ele olhou para mim e


inclinou a cabeça para um lado, assim como Nix tinha feito. —
Parece que você bateu um lado.

— Mais ou menos. — Olhei para a minha metade comida do


sanduíche e percebi que, mesmo a comida, não estava trazendo
algum alívio em minha miséria. Essa coisa com Taylor não fazia
sentido e era completamente fora de sintonia e eu não tinha ideia
de como corrigi-lo. Tudo o que eu sabia era que todo esse tempo
que eu estava negando-me a uma coisa que eu queria mais que
tudo, mais que qualquer carro, mais que qualquer vitória de
corrida, mais que qualquer sanduíche de carne defumada
maldita. Eu queria Taylor Flinn e eu nunca seria completamente
feliz sem ela. Enfiei o sanduíche na mão de Dray. — Aqui vai.
Aproveite. Vou achar o meu filho e ir para casa.
Capítulo 10

Taylor

Eu saí de um passeio com amigos para chegar ao encontro


de carros, mas eu não tinha como chegar em casa. Eu corri para
fora de casa sem meu telefone. Os telefones celulares eram
proibidos na mesa de jantar, então, eu tinha deixado para trás
em minha mesa de cabeceira. Não que eu quisesse ir para casa.
Eu estava indo estar em uma grande cena com ambos os pais e
eu não duvidava de que iam tentar me mandar de volta para a
Flórida.

Felizmente, eu desafiei as ordens de minha mãe para tirar e


trocar meu short inútil. Jason me deu uma nota de vinte para o
cachorro-quente e me disse para mantê-lo para mim. Este
parecia ser o problema definido. Eu não tinha para onde ir no
momento e com o estado frágil que meu último encontro com
Clutch me deixou, a última coisa que eu precisava, era de um
sermão de pai.

Fui até a rua, até o ponto de ônibus. Eu não me importo


onde o ônibus estava indo. Eu só precisava entrar e sentar. Toda
a cena voltou para mim. Parecia que eu estava esperando toda a
minha vida por aquele beijo e cada segundo dele foi tão
alucinante como eu imaginei. Mas terminou da mesma forma que
todos os meus incidentes com Clutch terminaram, com uma dor
surda, pesada no meu peito. Só que agora, se sentia como se
toda a dor que eu tinha sofrido nesses últimos dois anos se
transforasse em um desgosto gigante. A palavra covarde saiu
antes que eu pudesse parar. Mas ao saber que, depois de todo
esse tempo ele queria me beijar, mas não tinha, na verdade, ele
saiu de sua maneira de provar para mim que ele não queria nada
comigo, foi demais. Eu o ataquei, mas, sinceramente, eu não me
arrependi de ter feito isso. Talvez Clutch precisasse ver como era
a dor de alguém que tão mal estava quase doente por isso. Era
assim que foi para mim nesses últimos dois anos. Se ele me
queria, ele deveria ter sido fiel a si mesmo em vez de tentar "fazer
a coisa certa". Eu o conhecia bem o suficiente para saber que ele
nunca foi um anjo. Ele tinha chegado em muitos problemas
crescendo, mas quando se tratava de mim, ele era como um
santo maldito.

Cheguei ao ponto de ônibus, assim quando um ônibus veio


ao virar da esquina. O sinal acima do para-brisa, disse Ocean
Boulevard.

Eu subi a bordo e me dirigi para a parte de trás do ônibus.


À noite, os ônibus da cidade estavam cheios de pessoas cansadas
que estavam apenas ansiosas para chegar em casa depois de um
longo dia de trabalho. Esta noite não foi diferente. Eu encontrei
um lugar vazio e subi atrás de uma mulher que cheirava como se
tivesse estado trabalhando em uma fábrica de geleia de morango
durante todo o dia. Cheirava bom para mim, mas eu só podia
imaginar como a senhora se sentia sobre geleia de morango
depois de usá-la durante todo o dia. O cheiro de frutas e minha
falta de jantar fez meu estômago rosnar e eu pressionei meu
braço no meu estomago para calá-lo.

Que dia de merda que tinha sido. Minha cabeça parecia de


chumbo. O movimento rítmico do ônibus, quando ele se inclinou
de lado a lado ao longo dos trechos irregulares das ruas
pontilhadas de buracos, me embalou em uma profunda reflexão.
Talvez eu estivesse estragando a mim mesma. Tudo estava indo
bem em silêncio e sem perturbação emocional até hoje. Eu
poderia ter ficado no meu estado de fingir ser normal e ignorado
todos os meus sentimentos e paixão e felicidade. Eu poderia ter
permanecido no mundo congelado maçante de agradar minha
família.

Uma brisa fresca derivou através das janelas do ônibus


ligeiramente reduzidos. Estávamos nos aproximando da costa.
Eu deslizei para baixo e me abracei para o calor e fechei os olhos.
Eu pensei sobre os breves momentos acalorados que eu passei
envolta nos braços de Clutch. Duas vezes antes, eu tinha estado
naqueles braços incrivelmente enorme e ambas as vezes, eu me
senti confortada instantaneamente, como se nada pudesse me
prejudicar, enquanto seus braços estivessem ao meu redor.

Quando eu tinha fugido de casa e passei uma longa noite na


rua, a única pessoa que eu queria ver era Clutch. Eu fui uma
imbecil, estúpida garota pensando que eu era forte o suficiente
para enfrentar isso por mim mesma e que tinha me assustado.
Eu estava em um estado tão lamentável e eu me sentia tão tola e
triste que no momento que eu vi Clutch, me deixei cair em seus
braços. Eu queria ficar lá para sempre, mas, eventualmente, ele
me soltou. Por mais que eu quisesse, ele foi tão ansioso para me
devolver a minha família. E quando eu tinha seguido outro
impulso ridículo e tinha dirigido e destruído o carro de Clutch, eu
tinha certeza que ele ficaria furioso comigo. Em vez disso, ele me
puxou para os seus braços. Na época, eu tinha me convencido de
que sua reação provou que ele me amava, mas eu era muito boa
em criar fantasias na minha cabeça. Agora, eu terminei com isso.
Eu estava terminando de perseguir Clutch. Se ele me quisesse,
ele teria que fazer a perseguição e eu tinha certeza que o inferno
congelaria antes que isso acontecesse.

Minha mente cansada tinha formulado um plano para


dormir na praia, mesmo que isso pudesse ter sido um pouco frio
na areia, mas em seguida, outro pensamento me veio à cabeça.
Eu estava me sentindo além de perturbada e eu sabia que havia
apenas uma pessoa que eu poderia falar que quisesse ouvir sem
julgamento e sem distribuir conselhos indesejados. Eu precisava
falar com Scotlyn.

Eu andei ao longo do calçadão até o porto. Uma névoa


salgada escovou levemente sobre a praia e eu tremi na névoa fria.
Além de duas pessoas andando de braços dados e alguns
ciclistas vadios na passarela, a praia estava deserta. Fiquei
contente de chegar ao cais, onde o barco de Nix estava ancorado.

O barulho suave do metal e do tapa de água contra os


cascos era o único outro som. Eu podia ver alguém sentado no
convés quando me aproximei da Zany Lucy e fiquei aliviada ao
ver o cabelo loiro de Scotlyn brilhando à luz da lua. Ela se virou
quando ouviu meus passos nas pranchas de madeira do cais. Eu
levantei minha mão para acenar.

Levou um segundo para me reconhecer através da neblina.

— Taylor — disse ela com surpresa e em seguida, ela se


inclinou para o lado para ver se alguém havia alguém comigo.

— Estou sozinha. — Meu tom soou estranho e fraco para os


meus ouvidos e a paisagem do grande oceano parecia engoli-lo
completamente.

— Venha a bordo, querida. Eu estava indo pegar um pouco


de chocolate. A névoa finalmente se infiltrou por baixo do
cobertor. Mesmo o gato entrou.

Eu dei um passo para o convés. O movimento do barco me


fez sentir desajeitada e insegura. Scotlyn pareceu sentir a minha
inquietação. Ela colocou seu laptop embaixo do braço e estendeu
a outra mão para me levar. Seus dedos estavam frios. Entramos
na cabine minúscula.

Eu tinha estado na Zany Lucy várias vezes antes e sempre


tinha me levado alguns minutos para superar a sensação de
claustrofobia que me dava. Minhas pernas longas poderia me
levar do outro lado da sala de estar em oito passos e, embora eu
nunca tivesse estado no barco ao mesmo tempo em que Clutch,
eu só podia imaginar o quão ridículo iria parecer para ele.

Scotlyn deixou cair o cobertor no encosto do sofá e colocou


seu laptop sobre a mesa. Segui-a até o pequeno buraco de rato
que chamavam de cozinha.

— Como está indo a escrita? — Eu perguntei.


Ela enfiou a mão no armário e tirou uma caixa de chocolate.

— Alguns dias são melhores que outros. — Ela virou-se e eu


sempre ficava maravilhada como incrivelmente bonita ela era,
mesmo sem nenhuma maquiagem. — Às vezes, eu sento e os
meus dedos não pode manter-se com tudo o que eu quero
escrever e outros dias, eu olho para o monitor esperando que
alguma pequena fada mágica das palavras irá aparecer e dizer-
me o que escrever.

Sorri para a imagem.

— Se realmente houvesse fadas. Cinderela não sabia a


sortuda que ela era.

Scotlyn riu quando ela derramou o pó de cacau nas xícaras.


Ela olhou para baixo quando seu gato circulou pelas suas pernas.

— Aí está você. Você sempre parece sair do esconderijo


quando estou na cozinha. — Ela colocou uma panela de água no
fogão e fez sinal para eu sentar-me em uma cadeira na mesa. —
Você parece do tipo de marshmallow.

Eu balancei a cabeça.

— Absolutamente. E uma dupla camada, por favor. Foi uma


noite difícil.

Ela arrancou o saco de marshmallows e os jogou sobre a


mesa.

— Eu costumo adicioná-los até que eu tenha até a última


gota de cacau.
Eu abri o saco, tirei dois marshmallows e os empurrei em
minha boca.

— Quem precisa de chocolate?

Scotlyn puxou uma cadeira em frente a mim.

— O que aconteceu, Taylor? Você não parece como você.

Minha garganta se apertou e eu respirei fundo, porque a


última coisa que eu queria fazer era quebrar em uma sessão de
soluço pesaroso idiota.

— Bem, meus pais são medievais, meu irmão é muito


interessado na minha vida e Clutch — Enfiei outro marshmallow
na minha boca, mas as palavras ainda bateram para fora. —
Clutch me beijou.

Scotlyn sorriu.

— Já era tempo. Aquele cara ia explodir em breve ao


contrário.

A reação dela me surpreendeu.

— Mas ele me odeia. Ele sempre deixou claro que eu sou um


incômodo total e absoluto.

O vapor subia da panela no fogão e ela girou na cadeira e


agarrou-a. Ela jogou água quente nas xícaras e nós cobrimos
nosso cacau com uma camada de marshmallows.

— Confie em mim, Clutch não te odeia. — Ela tomou um


gole de cacau. — Isso funciona. Eu estava tão concentrada lá fora,
eu não tinha notado que uma névoa fria tinha flutuado até que
meus dedos estavam muito dormentes para escrever.

Eu sorvi, retirando a espuma quente.

— Mas ele me considera um incômodo. Na verdade, ele me


disse isso muitas vezes.

— Talvez. Mas ele tem uma razão totalmente diferente para


isso do que você pensa.

— Bem, eu desisti dele. Cansei de fazer papel de boba


quando se trata de James Mason. Eu não preciso dele.

— Esse é o espírito. — Scotlyn levantou a caneca e trocamos,


juntas, em um brinde.

Parte da bebida quente derramou sobre o meu polegar e eu


lambi-o.

— Além disso — Scotlyn disse — às vezes, um pouco de


frieza é a melhor maneira de obter a sua atenção.

— Eu dei-lhe muito mais que um ombro frio essa noite.


Bati-lhe muito forte. Duas vezes.

Scotlyn pressionou o dorso da mão contra a boca para evitar


cuspir o bocado de cacau. Ela engoliu em seco.

— Sério?

Eu levantei a minha mão.

— Machucou para caralho. Foi como bater minha mão


contra uma parede de tijolos.

Ela caiu na gargalhada, assim quando Nix entrou. Seus


olhos cor âmbar ficara arregalados quando ele entrou e me viu
sentada à mesa.

— Taylor? — Ele olhou em volta, como se alguém pudesse


estar escondido em sua caixa de sapatos, grande sala de estar. —
Quem veio com você?

— Ninguém.

— Ela veio me ver — Scotlyn falou — e nós estamos tendo


um bate-papo de meninas. — Ela sacudiu a mão. — Então, você
tem que ir.

— Tudo bem, tudo bem, mas isso parece ser bom. — Ele se
inclinou sobre a mesa, pegou um longo gole de cacau e se dirigiu
para o quarto.

— Você se importa se eu dormir no seu sofá esta noite? —


Eu perguntei. — Eu não tenho dinheiro para voltar para casa e
algo me diz que meu retorno não vai ser uma festa de boas-
vindas para casa. Deixei-os em termos muito feios. Jason e Sarah
foram para o jantar...

Scotlyn levantou a mão.

— Não diga mais nada. Eu conheço Sarah. Claro que você


pode ficar, mas você tem que contar a seus pais que você está
aqui. Mesmo os pais medievais se preocupam. — O sorriso de
Scotlyn era um daqueles que fazia você sentir que tudo ia ficar
bem, mesmo que você tivesse acabado de ter uma noite terrível e
o cara que você amava mais que tudo no mundo, tinha ficado
com sua marca de mão em seu rosto e sua marca de mão em seu
coração.
Capítulo 11

Clutch

— São apenas nove horas — disse Barrett. — Devemos ir a


alguns clubes. Eu tenho dormido muito, eu estou acordado. —
Ele estava empolgado desde que saímos do encontro de carros e
parecia ter algo a ver com o telefonema. Ele nunca mencionou
com quem ele estava falando e eu não tinha perguntado,
principalmente porque eu não me importava. Eu tive a minha
própria merda para lidar e eu não tinha tempo, ou interesse, na
porcaria de Barrett.

— Eu tenho que trabalhar amanhã. Eu não vou a lugar


nenhum.

— Figuras — ele suspirou. — Algumas coisas nunca mudam.

— Que diabos isso significa?

Ele encolheu-se no banco e estendeu a mão para o rádio,


mas eu bloqueei sua mão.

— Você está certo, Rett. Nada muda. Você ainda é o mesmo


pirralho egoísta que você sempre foi. Deve ser muito agradável
viver em seu mundo despreocupado, sem preocupações ou
dúvidas. Oh, exceto, quando você está viciado e você não tem
outro lugar para ir e então, eu tenho que intervir e salvar a sua
bunda.
— Sim, o todo-poderoso Clutch, mais uma vez, salvou o
mundo. Supere-se, Jimmy.

Meus dedos ficaram brancos quando eles apertaram ao


redor do volante. Um bom puxão e eu poderia tê-los quebrado.
Eu balancei minha cabeça.

— Eu não preciso de você esta noite, Rett. Então, basta


calar a boca.

Ele sentou-se em silêncio e olhou para fora da janela o resto


da viagem para casa. Eu manobrei na calçada e joguei o carro no
estacionamento. Na minha fúria, eu não tinha notado as
tremeluzentes luzes dianteiras ao lado e eu não tinha ouvido o
som do cortador de grama ou cheirado a grama recém-cortada
até que eu saí do carro. Barrett estava a meio caminho do
gramado da frente de Aimee antes que eu pudesse dizer uma
palavra.

Minha pequena vizinha foi caminhando pelo pátio da frente


e para trás com cortador de grama, às nove horas da noite,
enquanto o marido imbecil estava na varanda fumando um
cigarro. Eu podia ver a tensão nos ombros de Barrett quando ele
invadiu até o pequeno muro que separava as duas calçadas.
Aimee não o tinha visto lá, mas Dustin baixou o cigarro e olhou
para Barrett do outro lado do quintal.

Eu me encontrei com Barrett, assim que Dustin abriu a


boca para falar.

— O que você está olhando menino bonito?


Barrett olhou para mim.

— Será que esse filho de uma cadela só me chamou de


menino bonito?

— Olha, Rett, isso só vai piorar as coisas para ela. —


Estendi a mão para seu braço, mas ele puxou fora.

— Você está brincando comigo? — Barrett gritou do outro


lado do gramado. — Que tipo de idiota deixa sua esposa cortar a
grama?

Aimee tinha virado o cortador de volta e agora, via a cena


que se desenrolava atrás dela. Seu rosto ficou tenso quando ela
olhou de Barrett para Dustin e vice-versa.

Dustin foi até a beira da varanda, mas sendo a doninha que


era, ele ficou mais perto da casa. Deu uma longa tragada no
cigarro, ele caiu no chão e apagou-o com seu sapato.

— Por que você não vem até aqui e diz isso, Loiro? — No
segundo em que a ameaça deixou sua boca, ele parecia se
arrepender. Mesmo debaixo de sua luz da varanda instável, eu
podia ver a palidez clarear a sua pele.

Barrett pulou o muro de divisão e caminhou com passos


longos, duros em todo o gramado com os punhos cerrados.
Dustin apoiou, mas não correu para dentro, como eu tinha
certeza que ele faria. Aimee desligou o cortador e olhou de boca
aberta para Barrett. Meus passos ainda mais longos levaram-me
por cima do muro e da varanda antes que Rett fosse capaz de dar
um soco. Eu agarrei o braço dele. Seu músculo pulsava com
raiva debaixo do meu alcance. Com o meu irmão contido, Dustin
teve coragem suficiente para avançar.

Fúria quente circulou entre nós três quando nós encaramos


um ao outro em um quase cômico frente a frente na varanda.

Então, uma voz doce, frágil abalou todos nós.

— O que está acontecendo aqui?

Barrett relaxou, mas apenas ligeiramente. Eu tinha certeza


que ele não iria socar um punho em Dustin com Aimee tão perto.
O olhar frio que meu irmão atirou em mim quando eu o liberei
me garantiu que ele, agora, estava mais chateado comigo que
com o covarde idiota na varanda.

Dustin também parecia sentir que ele estava seguro com


Aimee em pé bem atrás de nós.

— Bem, Mason, você está tirando esse filho da puta da


minha propriedade, ou devo chamar a polícia?

Eu bufei.

— Sua propriedade? Você deseja. — Olhei para o cortador


de grama. — O fato de que você não está se sentindo nem um
pouco envergonhado isso me surpreende. Você é um idiota ainda
maior que eu pensava. E acredite em mim, eu pensei que você
fosse um enorme.

As narinas de Dustin queimaram. Eu sabia que nada disso


estava ajudando Aimee.

Barrett virou para sair e parou na frente de Aimee. Ela


olhou para ele com olhos azuis e redondos e havia um toque de
admiração e gratidão em si.

— Você merece muito mais que isso, Aimee.

— Só saia da minha propriedade, seu idiota e deixe de se


preocupar sobre como eu cuido da minha esposa — Dustin
zombou, obviamente acreditando que eu estava lá como uma
parede adicional de proteção.

Em vez disso, o estresse da noite tinha chegado a mim.


Pulei três passos e em menos de um segundo eu estava frente a
frente com ele, de pé perto o suficiente para sentir sua respiração
de cigarro rançoso quando ele virou o rosto para mim. Os poucos
tons de cores que deixou para trás, desde de seu encontro com
Barrett, tinham ido completamente.

Eu mantive meus punhos ao meu lado, mas meu tom era


feito para isso.

— Quando a gente sair daqui, você não vai descontar isso


nela, entendeu? Porque se você fizer isso, se você colocar uma
mão sobre ela ou até mesmo levantar a voz para ela, eu vou estar
de volta aqui tão rápido, que você não terá tempo de mijar nas
calças.

Dustin lambeu os lábios finos, nervoso e seu olhar passou


rapidamente para Aimee.

— Vocês deveriam ir embora. — Houve um tremor na voz de


Aimee.

Senti-me mal sobre a coisa toda. Barrett tinha tentado fazer


a coisa certa, mas, como de costume, ele agiu antes de pensar.
Eu estava tão chateado com Barrett quanto eu estava com o
idiota em pé na minha frente.

Inclinei-me mais perto de modo que apenas Dustin podia


ouvir.

— Compreendeu-me?

— Só saia da minha varanda — Dustin soltou e correu de


volta para dentro.

Barrett atacou de volta para a casa com raiva quando ele


correu para a varanda.

Minha vizinha parecia incrivelmente pequena de pé no


escuro no gramado da frente. Mas como pequena e frágil quando
ela apareceu, eu sabia que havia mais para ela. Ela era forte por
dentro e eu tinha certeza de que um dia, ela teria a coragem de
levantar-se e deixar seu marido horrível por uma vida melhor.

— Aimee... — Eu comecei a dizer, mas ela colocou a


mãozinha no meu peito para me impedir.

— Está tudo bem. Eu vou ficar bem, James. — Ela olhou


para minha casa. Barrett já tinha ido para dentro. — Ele estava
apenas fazendo o que ele achava que era certo. Não seja tão duro
com ele.

Eu balancei a cabeça e sorri.

— Acredite em mim, eu vou estar no fim da recepção da


bronca. Eu quebrei uma regra do cara muito importante esta
noite, nunca parar outro cara de socar com o punho em alguém.
Ele vai superar isso, embora. — Eu olhei para a grama debaixo
dos meus pés. — Você precisa de ajuda com esse cortador?

Ela colocou o cabelo atrás das orelhas pequenas. Ela


sempre usava os mesmos brincos pequenos de pérolas e eu
sempre me perguntei se eles tinham sido um presente de Dustin.

— Quanto menos tempo eu passo dentro, melhor. Eu


realmente acho isso um tipo de relaxamento.

— Boa noite então, Aimee.

— Boa noite, James.

Barrett havia jogado sua jaqueta de motoqueiro e amarrou


seu cabelo longo com uma tira de couro.

— Onde você vai?

Ele puxou a carteira e olhou rapidamente por ela antes de


empurrar de volta no bolso.

— Sair — ele respondeu sem olhar para mim.

— Olha, Barrett, eu sei que você estava tentando ajudar,


mas Aimee está com a cara por algum tempo. Ela parece frágil e
bonita como um gatinho indefeso, mas ela sabe como cuidar de si
mesma. E irritando o marido não torna sua vida mais fácil. Acho
que ela vai deixá-lo um dia, mas não é o nosso negócio. — Eu
pensei nas palavras de Aimee e como Barrett estava apenas
tentando fazer o que era certo. Às vezes, meu irmão mais novo
era mais parecido comigo que eu percebia. — Ela estava
agradecida, embora. Ela me disse que sim.

Ele ainda não tinha me olhado.

— Eu estou indo para fora. Volto mais tarde.

— Pegue o carro. Sua moto parece que precisa de uma


recauchutagem.

Ele balançou a cabeça.

— Ela me leva para onde estou indo e isso é tudo que eu


preciso.

Eu bloqueei a porta enquanto ele se dirigia a ela. Ele


finalmente olhou para mim.

— Olha, Rett, me desculpe se eu parei você de bater no cara.

Raiva brilhou em seus olhos.

— Sim, tanto faz. Agora, você pode mover-se para que eu


possa sair?

— Não fique perdido e monte a moto.

Ele estendeu a mão para a maçaneta da porta.

— Por que você não apenas se preocupa com a sua vida e


deixe-me preocupar com a minha. — Eu dei um passo para o
lado. Ele voou para fora e fechou a porta atrás de si.

***
Scotlyn estava em profunda concentração quando eu entrei
na loja. Eu fiquei até tarde assistindo filmes de ação
descerebrados, principalmente porque minha cabeça ainda
estava tão envolvida em torno dos momentos com Taylor. Foram
apenas segundos, mas teve um enorme impacto. Ele me deixou
completamente confuso e chateado por ceder a algo que eu tinha
me negado para sempre e completamente na hora errada. Sua
reação foi tão mista, eu não tinha ideia do que pensar. Típico de
mim quando se tratava de mulheres. Entre pensar em Taylor, eu
me perguntava se Barrett iria chegar em casa vivo. Ele havia
saído com raiva e em seus destroços de uma moto. Não é uma
boa combinação. Eu finalmente tinha adormecido no sofá,
quando ele se arrastou para dentro de casa. Sem dizer uma
palavra, ele foi direto para o quarto.

A loja tinha acabado de abrir e não havia clientes ainda.

— Ei, Scottie. — Ela levantou a mão para acenar enquanto


eu me dirigia para o escritório.

Eu parei.

— Jason já está por aí?

Ela assentiu com a cabeça.

— Nós estamos indo para o banco as dez, então, eu vou


precisar que você cuide do lugar.

Ela me deu um polegar para cima.

Alguma coisa estava errada. Scotlyn sempre usava gestos de


mão e expressões faciais, quando ela estava chateada. Fui até ela,
mas ela não olhou para cima a partir do teclado.

— Qual é o problema?

Ela olhou interrogativamente, o que só confirmou minhas


suspeitas.

— Vamos lá, Scottie, você sempre fica muito calma quando


você está chateada. O que aconteceu?

Ela mordeu o lábio inferior. Eu tinha certeza que ela não ia


me dizer, mas, em seguida, ela espiou rapidamente em direção à
porta do escritório.

— Não é nada — disse ela. — Jason já está aí e está com


raiva de mim.

— Por quê?

Ela abriu a boca para falar, então Jason entrou na sala. Ele
me viu e a expressão séria no rosto endureceu mais. Ele passou
por mim, para Scotlyn.

— Olha, Scotlyn, me desculpe se eu fiquei tão irritado. Eu


sei que você estava apenas tentando ajudar, deixando Taylor ficar
no barco, mas meus pais estão tendo um tempo terrível com ela
novamente — Jason olhou para mim como se o que dissesse
fosse para os meus ouvidos, mas eu atirei nele um olhar que lhe
garantiu que não ia a lugar nenhum.

Era raro ver Scotlyn louca e foi incrivelmente


impressionante que ela pudesse olhar ainda com raiva.

— Eu acho que você deveria parar de se aliar com seus pais


e tomar o lado de sua irmã. Converse sobre ser encurralada,
talvez seus pais estejam sendo terríveis.

— Você não entende, Scotlyn. Taylor tende a enfrentar, isso


é tudo. Ela é muito boa nisso. Meus pais só querem que ela fique
longe de problemas.

Scotlyn pode ter ficado em silêncio quando eu entrei, mas os


portões abriram agora. E eu gostei.

— Parece-me que ela poderia ter definitivamente entrado em


apuros na noite passada, mas, em vez disso, ela entrou em um
ônibus e foi para o barco. Tomamos chocolate e tivemos uma
conversa de garotas e, em seguida, ela dormiu no sofá. Não soa
muito rebelde pra mim. E eu falei para ela ligar para seus pais
para que não se preocupassem. Ela tem dezoito anos agora. Da
próxima vez, eu vou deixar que ela decida se quer chamar ou não.
— Scotlyn voltou ao seu teclado, deixando Jason falar. Não havia
muito para discutir. Ela tinha razão. Meu parceiro atordoado e
silenciado voltou para a sala dos fundos.

Scotlyn me entregou uma lista de telefonemas para fazer.


Eu levei como minha sugestão para começar a trabalhar e fui
para minha mesa. Era óbvio que Taylor saiu da linha por causa
do que Jason e seus pais fizeram para ela e, é claro, eu
imediatamente me perguntei se isso significava que seu
namorado colegial perfeitamente adequado não está mais na foto.
O jeito que ela me beijou de volta, por breves segundos antes de
lembrar que ela me odiava, foi quente o suficiente para me deixar
acreditar que as coisas não eram tão fantásticas com o menino
polido de escola.
Eu estava no meio de um telefonema com um possível
comprador para o Corvette que eu tinha restaurado quando ouvi
a risada inconfundível de Barrett na sala da frente.

Eu terminei a chamada e sai do escritório. Barrett estava


usando o seu sorriso branco brilhante quando ele se debruçou
sobre o balcão conversando com Scotlyn.

— Ei, irmão — ele chamou do outro lado da sala, como se


ele não tivesse saído de casa ontem à noite, pronto para me
matar. Meninas bonitas tinham esse efeito sobre ele. Ele era bom
em não deixá-las ver o seu lado mais sombrio... a menos que
funcionasse a seu favor.

— Você está fora de casa mais cedo. Onde você está indo?

Ele ergueu as mãos.

— O quê? Não posso simplesmente estar fora visitando meu


irmão mais velho?

— Corte a merda, Rett. Você acordou cerca de três horas


mais cedo que o de costume.

Inclinou um braço em cima do balcão e conseguiu disparar


um sorriso mais gracioso a Scotlyn antes de olhar para mim.

— Eu queria saber se a velha caminhonete Chevy estava


funcionando. Preciso pegar um amigo no aeroporto.

— Está funcionando. Que amigo?

Ele hesitou.

— Gus, o cara com quem trabalhei no barco de pesca.


— Você quer dizer que o cara que te drogou e, em seguida,
te expulsou do barco?

Menina bonita estando perto ou não, parte da raiva da noite


anterior voltou.

— Não foi tão simples assim. E, além disso, ele acha que ele
tem um trabalho para mim em outro barco.

— Você montou até aqui para perguntar-me pela


caminhonete? Por que você não apenas ligou?

Ele esgueirou uma espiada em Scotlyn e depois virou a boca,


como se estivesse decidindo se deve ou não responder.

— Eu deixei meu telefone na casa de um amigo na noite


passada.

Estava tudo muito claro agora.

— Então, você ficou com alguma garota e você deixou seu


telefone em sua casa? — Eu conhecia o meu irmão muito bem. —
E você escapou sem dizer adeuse, agora você está preso, sem um
telefone, porque você não quer vê-la novamente.

Scotlyn fingia ocupar-se com o trabalho, mas ela estava


segurando um sorriso.

— Eita, Jimmy, você me faz soar como um homem puta.

Scotlyn pressionou a mão contra os lábios para reprimir


uma risada.

— Eu não faço você soar como um — eu disse. — Você é um.


— Sim, talvez eu apenas gostasse de ter um bom tempo.
Então, eu posso pegar emprestado a caminhonete ou não?

Jason saiu da parte de trás com algumas caixas.

— Eu estou indo enviar esses. Estarei de volta a tempo para


ir ao banco. — Ele acenou para Barrett e saiu.

Vendo o meu parceiro me fez perceber que eu estava sendo


tanto um idiota com Barrett como Jason foi para sua irmã. Eu
precisava parar e deixá-lo tomar suas próprias decisões, tão
estúpido como elas, sem dúvida, seriam.

— As chaves estão no armário da cozinha em casa, mas


você me deve a gasolina. Aquela caminhonete faz cerca de cinco
milhas por galão.

Minha súbita mudança de tom chocou Barrett e ele olhou


para mim por um segundo antes de agraciar Scotlyn com outro
sorriso e sair.

Scotlyn ainda estava segurando o riso enquanto ele corria


para fora. Fiquei contente de ver que seu humor tinha aliviado.

— Não você também — eu disse.

Seu olhar azul levantou do monitor.

— Eu também, o quê?

— Não há uma mulher neste planeta que não acha o meu


irmão mais novo adorável.

Ela olhou pela janela enquanto Barrett se afastou do meio-


fio em sua alta moto.
— Eu aposto que a garota de quem ele escapou nessa
manhã não acha que ele é tão adorável.

— Bom ponto. E se ela for inteligente, ela está enviando


mensagens a cada menina em sua lista de telefones com algum
comentário rude para tirá-las do caminho.

Ela assentiu com a cabeça.

— Isso soa como uma punição apropriada. E, sim, para


responder sua pergunta, ele é adorável. Há algo nele que me
lembra de...

— Um filhote de cachorro de rua? — Eu terminei por ela.

Ela riu.

— Sim, eu acho que é isso.


Capítulo 12

Taylor

Eu nunca fui boa em ter grandes amigas por perto, mas as


duas que eu tinha passado a maior parte do meu tempo livre,
tinham basicamente ameaçado se afastar para sempre se eu não
as encontrasse depois da escola no taco para uma sessão de
fofocas. Eu sabia que a única fofoca real que elas estavam
interessadas era o meu rompimento com Adam. Os rumores
foram rodando pelos corredores todo o dia, outra de um milhão
de razões pelas quais eu estava ansiosa para terminar o ensino
médio. Mas correndo o risco de não ter ninguém com quem
almoçar, especialmente agora que eu era a puta que partiu o
coração de Adam Gray, eu tinha concordado em atender Jasmine
e Kiley.

Infelizmente, parecia que todo mundo do colégio havia


solicitado taco também. O presidente da classe sênior havia
apoiado sua caminhonete até perto da área de alimentação e sua
música estava disparando sobre as mesas de fibra de vidro
bambas que eram demasiadas quentes para sentar no verão e
frio no bumbum no inverno. Hoje tinha sido perfeitamente quente
e, ao que parece, a metade do corpo discente havia cercado o
lugar para tacos baratos. Os proprietários nunca se importaram,
porque venderam uma carga de tacos e cocas e na maioria das
vezes, não havia nenhum problema.
Eu me arrastei passando por uma repetição de olhares frios
que me seguiram ao longo da linha de armários naquela manhã.
Adam era muito amado no campus e durante a noite, eu havia
me tornado a bruxa cruel que o tinha machucado. Ele deve ter
espalhando uma história enorme, soluçando em torno do campus
para garantir simpatia do bando de meninas que já o adoraram.

— Taylor! — Jasmine gritou para mim do outro lado do


caminho. Eu andei até ela. Ela poderia ter se importado menos se
todos estivessem com raiva de mim. Não dando a mínima para o
que as outras pessoas pensavam, era uma das razões pelas quais
eu fiquei amiga dela. Kiley era o oposto, mas ela obviamente
decidiu que ouvir a história suculenta do rompimento valia
algumas carrancas de seus colegas de classe. Elas me salvaram
um acento na pequena mesa que batia até o estacionamento. Eu
deslizei entre elas.

Jasmine deslizou um refrigerante na minha frente.

— Queremos ouvir cada detalhe então, não deixe de fora


nada.

Tomei um longo gole da bebida para dar um efeito


dramático, como se eu estivesse prestes a divulgar o mais
suculento desmembramento história do mundo. Então, eu engoli
e descontraí com um suspiro. Jasmine e Kiley olharam
avidamente para mim como se eu fosse um cheesecake de
mirtilho. Eu respirei.

— Adam e eu nos separamos.

Jasmine se mexeu no banco, ansiosa.


— Sim, a escola inteira sabe disso, mas os detalhes, menina,
os detalhes. Houve uma briga horrorosa? Será que ele te pegou
com outra pessoa?

Meu queixo caiu quando eu me virei para ela.

— Por que você supõe que eu seria a única a traí-lo?

Ela fez uma pausa, mas só por um segundo. Jasmine


também era brutalmente honesta, outra coisa que eu gostei sobre
ela.

— Oh, vamos lá, Taylor, de vocês dois, você seria a única a


bagunçar. Não Adam.

Ela estava certa. Poderia ter sido uma das razões por trás de
mim que não se enquadram loucamente e apaixonadamente no
amor com Adam. Ele era também extremamente seguro.

— Eu acho que você está certa. — Eu bati meu queixo. —


Detalhes? Deixe-me pensar. Bem...

Ambas se inclinaram para mim.

— Bem, nós decidimos não nos ver mais e então, eu saí do


carro e entrei na minha casa.

— Ah, vamos lá — disse Kiley desapontada e, provavelmente,


lamentando que ela corresse o risco de ser vista comigo para uma
monótona história de desmembramento.

— Sério, nada emocionante aconteceu.

— Mas você acabou com ele, certo? Qual foi o motivo? —


Jasmine estava apresentando o seu melhor esforço para tornar a
história suculenta, mesmo que não fosse.

Dei de ombros.

— Era uma espécie de mútuo, mas eu sabia que estava


saindo com ele para agradar meus pais. A culpa disso me pegou.

Os ombros de Jasmine caíram em decepção.

— Isso é um saco. E só você, minha amiga, sairia com o


cara mais popular da escola para agradar seus pais. Sabe
quantas garotas têm paixões por ele?

— Eu sei. É por isso que eu percebi que ele ia superar isso


rapidamente. — Eu olhei ao redor. A maioria das pessoas haviam
retornado a seus tacos e conversas, mas ainda havia alguns
olhares gelados da mesa de líderes de torcida. — E você pensaria
que as meninas me agradeceriam por tê-lo disponível novamente.

— Eu acho que as más vibrações são principalmente obra


de Adam — disse Kiley. — Eles gostam de proteger os seus no
nosso pequeno e tolo ensino médio. Estou tão feita com tudo isso.

Eu tomei um gole da minha bebida.

— Isso faz duas de nós.

Jasmine pegou seu telefone celular.

— Eu acho que eu comecei um texto durante todo o dia e ele


veio da minha mãe, por isso, não conta mesmo. Falando de mães
— ela disse e eu sabia o que estava por vir. — O que você
está fazendo, agora que você terminou com Adam? Ou será que
ela sabe? — Ela agarrou meu braço. — Você não está sendo
enviada para a Flórida de novo, não é?

— Ela está levando o rompimento de forma difícil, quase


como se ela estivesse namorando Adam em vez de mim, mas não,
eu não vou voltar para minha tia. — Nix tinha me deixado em
minha casa antes da escola. Meus pais estavam, é claro,
esperando com os lábios e narinas apertados. Mas eu estava
pronta para eles. — Eu disse aos meus pais que se eles
quisessem que eu tivesse um diploma do ensino médio, eles
teriam que me deixar em paz e deixar eu terminar a escola aqui.
Caso contrário, eu não iria me formar. — Eu tinha formulado a
ameaça enquanto jogava, virava e lutava contra o enjoo no sofá
de Nix. Eu tinha certeza de que não iria para ele, então, eu tinha
um plano B. Eu sairia de casa, mas dessa vez, eu não iria me
acovardar. Eu ficaria fora para o bem. Surpreendentemente,
meus pais haviam concordado com minha proposta.

— Então — Jasmine falou — você o viu?

Havia poucas pessoas que não sabiam sobre a minha


obsessão com Clutch e eu gostaria de ter sido mais discreta. Mas
foi muito difícil de esconder.

— Eu o vi algumas vezes — eu disse casualmente, como se


cada vez, isso não me atingisse como um trem de alta velocidade.
— Mas eu estou seguindo em frente por coisas novas. Clutch foi
a minha paixão na escola e não somos adequados um para o
outro. — Cada palavra soava como uma mentira ridícula na
minha cabeça, mas eu precisava me convencer de que eu tinha
parado de pensar nele.
Kylie me deu uma cotovelada.

— Falando de Jimmy Mason, este não é Barrett?

Um silêncio sutil caiu sobre a multidão quando Barrett


andou pelo labirinto de mesas para a janela de pedidos. Jason
me disse que ele estava de volta na cidade, mas eu não o tinha
visto ainda. Ele comandou a atenção como de costume, com seu
longo cabelo loiro, ombros largos e rosto de Hollywood. Um cara
alto, magro, com um mosaico de tatuagens em ambos os braços e
longos cabelos negros estava com ele. Ele parecia um cara que
esteve em torno do bloqueio mais de uma vez e, possivelmente, o
bloqueio foi um bloco de prisão. Barrett sempre migrou em
direção aos escuros, tipos nervosos como se estivesse sempre
esperando que o problema fosse encontrá-lo. O que sempre
acontecia.

Kiley quase caiu à beira do banco assistindo Barrett


caminhar até a janela de pedidos.

— Eu estava de luto total e completo quando esse menino


foi expulso da escola. Não havia nada para acordar e arrastar a
minha bunda para a aula, sabendo que ele já não estava indo
para enfeitar os salões com sua presença.

Olhei para ela.

— Eu não sabia que você tinha uma coisa tão grande por ele.

Ela me lançou um olhar de desgosto.

— Isso é porque você estava tão absorvida com sua própria


queda por seu irmão mais velho, que você nunca deu atenção aos
meus desejos e necessidades.

Olhei para ela.

— Desejos e necessidades? Deus, você é dramática. E, além


disso, se você queria tanto, por que você não vai até ele?

— Porque isso teria sido tão bem-sucedido como suas


tentativas para pegar o irmão. — Quando as garras de Kiley
saíam, elas estavam sempre muito afiadas.

— Droga — Jasmine jorrou — ele é tão sonhador quanto


sempre. — Ela olhou para mim. — Eu pensei que ele estava em
um barco de pesca em algum lugar.

— Sim, eu acho que ele teve um problema e voltou para


casa. Eu realmente não sei. Jason não fala sobre muitas coisas.

Kiley engoliu alto através de seu canudo.

— Pare para pensar sobre isso, como é que você nunca


namorou Barrett? — Ela perguntou.

— Porque ele não é Clutch — respondeu Jasmine por mim e


ela estava certa. Eu sempre me dei bem com Barrett. Nós dois
éramos os irritantes irmãos mais novos, mas isso foi o nosso
único elo comum. E, Jasmine tinha expressado perfeitamente,
Barrett era não Clutch.

Kiley teve um ataque de tosse enquanto chupava em um


grande gole. Barrett e seu amigo estavam indo para a nossa mesa,
uma vez que estávamos chamando a atenção indesejada do resto
dos comedores de taco.
Barrett sorriu. Kiley e Jasmine enrijeceram ao meu lado.

— Ei, pequena Tater.

— Eu tinha me esquecido desse apelido estúpido — eu gemi.


— Eu ouvi que você estava de volta, Rett. Não foi possível cortá-lo
para fora no barco de pesca? — Eu não o via há algum tempo,
mas nós sempre passamos a maior parte do nosso tempo juntos
assediando um ao outro.

— Eu cortei-o muito bem, Tater. — Ele se sentou e eu tinha


certeza que eu ouvi Kiley chupar uma respiração. Seu amigo
deslizou em frente a nós também. Ele estava coberto de seus
dedos até o pescoço.

Barrett levantou o queixo em direção a Jasmine e Kiley.

— Meninas, como vocês estão? Este é meu amigo, Gus. Nós


saímos para o mar de Bering juntos.

— E quais são os seus nomes? — Gus perguntou, olhando


diretamente para mim.

Jasmine mudou em sua bunda e se endireitou.

— Sim, Barrett, quais são os nossos nomes? Ou você ainda


se lembra?

— Esta é Taylor. — Barrett levantou os óculos de sol e Kiley


sugou outra respiração. Eu tinha certeza que ela iria entrar em
colapso como mortos se ele sequer falasse com ela. Ele olhou
para Jasmine como se isso fosse refrescar sua memória. — Sim,
eu me lembro de você... — Barrett tinha nenhuma razão real
para lembrar o nome dela. Ela era três anos mais jovem e não
teve qualquer contato com ele, exceto babar em cima dele
juntamente com as outras calouras meninas. — Você é aquela
menina que sempre usava as calças jeans que foram rasgadas ao
longo de uma coxa. Melhor par de jeans que eu já vi.

Eu quase podia sentir o calor do rubor de Jasmine


irradiando de sua pele. Seu exterior resistente derreteu e ela riu
de uma forma que eu nunca tinha ouvido falar dela. Barrett
sempre sabia exatamente o que dizer. Se ao menos o seu irmão
tivesse aprendido essa habilidade.

Kiley alcançou através da mesa.

— Sou Kiley. — Por incrível que pareça, ela conseguiu falar


e até mesmo, apertar a mão dele sem desmaiar.

Ele apertou os olhos novamente e apontou para ela.

— Você costumava ter um armário inferior na mesma linha


que eu. Era sempre um prazer ver você cavar seus livros.

Um pequeno som estridente chiou da boca de Kiley e sua


mão voou para os lábios para certificar-se de que nada mais
escapou.

Olhei para Barrett.

— Eu vejo que você não mudou nem um pouco. — Além de


sua aparência incrível, de repente, voltou-me que ele tinha um
talento inigualável para conquistar as pessoas, mesmo que ele
não se lembrasse dos nomes.
O número do pedido de Barrett foi chamado. Ele pulou para
pegar sua comida.

Olhei para Gus.

— Então, quanto tempo você ficará na cidade?

— Tempo suficiente, eu espero. — Foi uma resposta


estranha.

— Tempo suficiente para quê?

— Tempo suficiente para conhecer você. — De qualquer


outra pessoa teria soado como uma linha bem praticada, mas
havia algo muito intenso e cru sobre o amigo de Barrett. Ele não
parece ser um cara que ia paquerar ou alisar, sem intenções
sérias, ao contrário de seu amigo loiro.

Barrett voltou com os seus tacos.

— Aqui está, mas eu tenho que avisá-lo, ele não vai ser
como os peixes que se pescam no Alasca. Nada é tão saboroso.

— Parece que frutos do mar iriam perder o seu apelo se você


gastou um monte de meses em um barco de pesca — eu disse.

Gus deu de ombros.

— Às vezes. Isso meio que depende de com quem você o


compartilha. — Ele ergueu o taco. — Quer um pedaço? — Ele
estava falando comigo como se fôssemos as únicas pessoas na
mesa e era tanto estranho e bem legal, tudo ao mesmo tempo.

Eu me inclinei para frente e dei uma mordida em seu taco.


Ele viu minha boca com tal escrutínio, eu podia sentir meu rosto
quente.

— Então, Dray me disse que foi banida de ver meu irmão?


— Barrett desabafou. O olhar que ele me deu me disse que sua
interrupção foi bem planejada. — Embora, sabendo como você é,
pequena Tater, você iria sair do seu caminho para vê-lo só
porque você supostamente não poderia. Eu acho que foi assim
que você foi enviada para a Flórida.

Peguei o refrigerante.

— Olha quem está falando. — Eu atirei um olhar


interrogativo de por que você está sendo um idiota, que ele pegou
imediatamente. Parecia que ele sentiu algo entre seu amigo e eu e
ele tinha ido para o modo de lealdade ao irmão. Foi trágico e
divertido como tantas pessoas pensavam que Clutch e eu
ficaríamos juntos algum dia. Eu estava enfrentando lentamente a
realidade feia que nunca seria. Mas as pessoas que nos
conheciam melhor, ainda não tinham chegado a essa conclusão.

— Você está certa. Não é da minha conta. — Ele se


concentrou em seus tacos por um segundo e em seguida, deve ter
decidido fazer a minha vida seu negócio novamente. — Espere
um minuto, você estava no encontro de carro na noite passada?

Olhei para ele, sem responder.

Ele apontou para mim com seu taco.

— Eu sabia. Isso explicaria por que Jimmy estava em um


humor tão ruim a caminho de casa.

Jasmine riu.
— Sim, eu o vi e obrigada por supor que eu era a pessoa que
o deixou de mal humor. Talvez ele estivesse apenas irritado
porque você estava com ele.

Deve ter sido enigmático e confuso para Gus, mas ele ouviu
a nossa conversa atentamente.

— Clutch é Jimmy, seu irmão, não é? — Ele finalmente


pediu esclarecimentos. Então, ele se virou para mim. — Você está
com o irmão de Barrett?

Jasmine removeu o topo do seu copo para chegar ao gelo.

— Ela deseja.

Fiz uma careta em sua direção e ela rapidamente encheu a


boca com gelo e fingiu que não tinha acabado de fazer a
observação mal-intencionada.

— Está tarde. Eu tenho que ir para casa. — A conversa


estava me aborrecendo. Levantei da mesa e os olhos de Gus me
seguiram.

— Ei, você está indo para a festa de Cassie e Dray hoje à


noite? — Barrett perguntou antes que eu fosse embora.

— Scotlyn me pediu para ir com eles, mas eu não tenho


certeza.

— Ah, vamos lá — Barrett disse — você deve vir. Acho que


Jimmy estava pegando algum carro que ele estava louco para
chegar a suas mãos. Ele provavelmente vai passar a noite inteira
olhando para a sua nova aquisição. Aposto que ele nem vai estar
lá.

— Eu poderia ir — eu disse. — Foi um prazer conhecer você,


Gus. — Surpreendentemente, ocorreu-me que eu queria que
Clutch estivesse lá tanto quanto eu não queria que ele
aparecesse.
Capítulo 13

Clutch

Os pequenos destroços de um glorioso carro pareciam tão


frágil, pareciam que eu poderia pegá-lo e esmagá-lo em meu
punho. Eu tinha mudado alguns dos meus pesos e empurrei-os
em minha garagem. Eu não confiava na garagem da loja. O carro,
mesmo em seu estado imóvel e oxidado, era muito valioso. Eu
joguei o cadeado na porta da garagem.

Aimee estava apenas caminhando até sua garagem. Ela


acenou para mim e entrou. Felizmente, o incidente com Barrett
não lhe causou nenhum problema, ou pelo menos, mais
problemas que já tinha.

Barrett ainda estava com a caminhonete e eu não o tinha


visto durante todo o dia. Meu telefone tocou e eu puxei-o para
fora. Era Dray.

— Nix disse que não viria hoje à noite por causa de seu novo
carro. Isso é besteira, Cara. Cassie estará insultada se você não
aparecer.

— Isso é porque, quando eu falei com Nix, eu não tinha


ouvido falar que horas eu poderia buscá-lo. Ele está são e salvo
na minha garagem agora, então eu vou estar lá.

— Boa coisa. Eu pensei que eu teria que ir até aí e chutar


sua bunda.

Eu ri.

— Sim, você e que exército?

— Sério, é melhor aparecer. Cassie convidou essa amiga de


escola que ela queria que você conhecesse. Ela acha que vocês
dois seriam perfeitos um para o outro.

Eu pigarreei ao telefone.

— Eu amo Cassie e tudo mais, mas esse desejo de me


corrigir tem que acabar.

— Sim, sim, isso é o que eu venho dizendo a ela. Apenas


certifique-se que você estará lá e que você cheire bem. Até mais
tarde.

***

Barrett não tinha voltado para casa. Eu não tinha ideia do


que ele estava fazendo, mas eu tinha certeza que não era nada
bom. No meio do meu banho, tinha me ocorrido que Taylor
pudesse aparecer na casa de Dray. Mas a partir da conversa que
Jason tivera com Scotlyn, parecia que Taylor estava tendo mais
problemas em casa, o que provavelmente significava que ela não
estaria fora festejando. Meus sentimentos por ela eram tão
confusos que eu não sabia se eu queria que ela fosse lá ou se eu
estaria mais aliviado por não vê-la. Era como estar preso no
colégio de novo. Algo que eu não precisava.

Já havia muitos carros alinhados ao longo da rua em frente


à casa de Cassie e Dray. Era sempre interessante quando os dois
misturaram seus extremamente diferentes amigos em uma festa,
mas, surpreendentemente, sempre era um bom tempo. Dois dos
caras que eu só conhecia como parceiros de Dray sentaram na
varanda bebendo cerveja e conversando com dois amigos de
Cassie. Eles se separaram e eu deslizei entre eles e pela porta da
frente aberta.

Cassie me viu de imediato, o que era fácil de fazer. Eu tive


que abaixar para caminhar sob o ventilador de teto que pendia
entre a sua sala de estar e sala de jantar. Eu consegui me coroar
sobre ele tantas vezes que eu acabei com um pequeno dente,
permanente na minha testa.

— Oh bem, você está aqui — ela pegou minha mão e me


arrastou para a cozinha.

— Nix e Scottie já chegaram? — Eu perguntei quando ela fez


sinal para eu abaixar sob a porta baixa da cozinha.

— Ainda não. — A menina, que poderia ser gêmea de Cassie,


com cabelos tingidos de preto, franja longa e vários piercings no
rosto, encostou-se ao balcão da cozinha tomando uma bebida
frutada. Brilhantes olhos azuis sorriram para mim por debaixo
da orla da franja negra. Houve uma chuva de pequenas estrelas
tatuadas ao longo de seu pescoço. Como de costume, o meu
tamanho produziu a reação atônita altamente familiar, mas ela
se recuperou rapidamente.
— Violet, este é Jimmy, o amigo de que lhe falei.

Ela largou a bebida para apertar minha mão.

— Eu imaginei que deveria ser. Eu duvidava que você


pudesse ter mais que um amigo que tem que abaixar sob portas.

— Ei, Violet, prazer em conhecê-la. Cassie me disse muito


sobre você. — A única coisa que eu sabia, com certeza, era que
ela estava chegando através de uma péssima ruptura com um
cara que ela tinha namorado desde o colegial. E a última coisa
que eu precisava ou queria era ser alguém para consolo. Mas às
vezes, Cassie era tão insistente como Dray, só que sem as
ameaças de violência.

Cassie me entregou uma cerveja e correu para fora,


obviamente, confiante de que ela tinha começado algo importante
em sua cozinha minúscula.

Violet pegou a bebida novamente. Suas unhas estavam


pintadas de amarelo e eu, brevemente, me perguntei se seu ex
tinha se cansado da assustadora cor unha polonês.

— Cass me disse que você está em carros.

Sorri para a minha cerveja e assenti. Eu nunca consegui


descobrir o significado exato de estar em algo.

— Eu restauro carros clássicos e vendo peças de carros


raros. Então, eu acho que estou para eles. Eles me fazem ganhar
dinheiro e eu estou realmente tendo abrigo e alimento. — Eu não
tinha ideia de por que eu estava sendo um idiota, mas ela não
pareceu se importar.
Ela concordou com a cabeça.

— O dinheiro é bom. Faço bijuterias. — Seus punhos e


dedos eram a prova disso.

— Isso deve ser a sua joia em exibição no Freefall. Ele vende


bem.

— Sim, Nix é como um boneco. Ele permite que Cassie use


sua loja como minha mostra. Ele não pediu qualquer indenização.
Ele é como um boneco.

— Sim, você mencionou isso. — Se eu tivesse um dólar para


cada vez que eu ouvi uma garota chamar Nix de boneco, eu
poderia deixar de estar em carros e me aposentar.

Ela estendeu a mão e pegou a jarra de vidro fora do


liquidificador para refrescar sua bebida.

— Meu ex dirige um Camaro 69.

Tinha que ser um recorde. Apenas dez segundos de


conversa e fomos para o tópico ex-namorado.

— Esse é um bom carro, se for bem feito.

— Oh, ele fez o certo. Tem um bom número de multas por


velocidade excessiva nele. Uma das coisas que costumávamos
brigar. — Ela acenou com a mão que não segurava a bebida e as
pulseiras tilintaram com o movimento. — Mas você não quer
ouvir sobre ele. Ele é um idiota.

— Eu realmente não sei. Então, o que você faz além de joias?


— Eu não queria que fosse uma questão de liderança, mas a
minha gramática pobre produziu um sorriso malicioso e ela se
inclinou para mim.

— Depende o quanto de álcool que eu tive. — Ela levantou a


bebida à boca e olhou para mim através da borda enquanto
bebia para baixo.

É claro que, o outro lado da moeda era recuperar a vida


sexual insatisfeita devido à ruptura.

— É mesmo? — Perguntei. Ultimamente, eu estava tão


envolvido com o meu negócio e vida de outras pessoas, que eu
tinha ignorado minhas próprias necessidades. Apenas talvez,
fosse hora de cuidar dessas necessidades.

Alta, risada inconfundível de Dray flutuou pela janela da


cozinha aberta. Eu olhei para o quintal. Ele estava entregando a
Barrett uma cerveja. Eu não esperava vê-lo, mas então, fazia
sentido que Dray teria convidado a outra ervilha de sua vagem.
Além de aparências, às vezes, pareciam mais irmãos do que
Barrett e eu.

Havia um homem de verdade olhando esboçado ao lado de


Barrett. Tinha que ser o infame Gus. Na verdade, ele parecia
exatamente como eu esperava, como um dos caras de cabelos
oleosos que tinha pendurados no banco de Stoner na escola. Só
que esse cara parecia realmente incondicional.

Violet se virou para ver o que tinha chamado a minha


atenção. Ela se virou para me encarar.

— Esse tem que ser o seu irmão. Ele se parece com uma
versão em miniatura de você.

Eu balancei a cabeça.

— O que é triste nisso é que um cara que tem quase dois


metros de altura e 90 quilos é mini comparado a mim.

Ela sorriu e passou a unha longa pelo meu braço.

— Eu gosto de grandes. — Ela apertou sua coxa contra mim.


Então, alguma coisa atrás de mim chamou sua atenção e ela
abriu um grande sorriso. — Ei, Nix.

Eu me virei. Nix estava de pé na pequena cozinha, mas


minha atenção foi sugada para longe dele e da garota
pressionando sua coxa contra mim. Taylor estava com Scotlyn na
sala de jantar. Nossos olhares se encontraram apenas pelo tempo
suficiente para perfurar a respiração por mim e então, ela saiu
pela porta dos fundos.

Eu olhei para baixo, para Nix.

— Você não recebeu meu texto? — Ele perguntou.

Peguei meu telefone e o li.

— Estamos trazendo Taylor com a gente. — Eu empurrei-o


de volta no bolso. — Eu li agora. — Meu pulso batia atrás das
orelhas e de repente, eu queria estar em qualquer lugar, menos
lá.

— Ela já viu você — disse Nix.

— Realmente — Olhei ao redor da pequena cozinha — e eu


tinha certeza de que ninguém iria me ver como estou camuflado
nas paredes da cozinha. Na verdade, todo este maldito lugar está
começando a se aproximar de mim.

— Olha, eu sinto muito. Taylor tornou-se realmente ligada a


Scotlyn. Ela sente que não tem ninguém a quem recorrer ou de
confiança. Tem sido bom para Scotlyn, também. Ela perdeu a
irmã. Taylor prometeu que não iria beber. — Ele apontou para o
meu bolso. — E eu tentei te avisar.

— Olha, está tudo bem — eu disse secamente.

— Sim, tudo bem — disse Nix. — Eu vou sair para tomar


uma cerveja. — Ele acenou com a cabeça em direção a Violet e
saiu.

— Quem era aquela criança? — Perguntou Violet,


obviamente sentindo a tensão que havia construído ao redor de
mim nos últimos segundos.

— Ela não é uma criança. — E foi aí que ocorreu a mim que


eu não tinha admitido isso ainda em voz alta, o que foi,
provavelmente, de autopreservação. Todos os meses de
pensamento sobre Taylor quando era criança, tinha feito parecer
impossível pensar que ela era, finalmente, uma adulta. Eu tinha
me negado o prazer de olhar para ela, tocá-la e desejá-la por
tanto tempo que eu tinha construído um escudo de autocontrole
quando se tratava de Taylor. Quando eu tinha rompido o escudo
e a beijei, isso só tinha lhe causado mais confusão e dor.

— Ela apenas parecia um pouco jovem para estar aqui —


comentou Violet, desnecessariamente. Ela continuou a divagar
sobre alguma coisa, mas eu não ouvi uma palavra. Minha
atenção foi atraída para a cena fora da janela onde Taylor tinha
andado imediatamente até Barrett e Gus. Ela estava conversando
animadamente com o amigo sombrio de Barrett como se eles já
se conhecessem.

Violet cutucou meu braço.

— Você me ouviu?

Eu arrastei o meu olhar para longe da janela e olhei para ela.

— Huh?

— Não importa — ela disse com raiva — Eu não preciso


dessa merda. Eu estou indo para o quintal. — Eu pisei
gentilmente de lado e ela passou por mim.

Olhei pela janela e vi Taylor. Ela deixou claro que preferia


ter visto ninguém além de mim esta noite. E talvez fosse melhor
se eu não a visse. Eu poderia voltar para casa e beber um pouco
mais abaixo e sentar-me na garagem olhando para o Shelby. Eu
sempre tinha conseguido conviver melhor com os carros que com
as meninas.

Taylor riu e levantou o tornozelo para mostrar a pequena


borboleta que Nix tinha desenhado para ela. O viscoso
companheiro de pesca de Barrett se abaixou e roçou os dedos
sobre ela. Eu voei para fora da porta de trás, com força suficiente
para que metade do quintal virasse. Mas ela não tinha ligado ou
desviou o olhar de seu novo amigo. Consegui me impedir de
andar e bater o cara no chão.

Debrucei-me contra a parede de tijolos fingindo que eu


poderia me esconder no canto do quintal. A festa estava
acontecendo ao meu redor, mas eu estava focado apenas nela.
Fios de cobre de espessura de cabelo saltaram fora de seus
ombros bronzeados enquadrando a marca de nascença que se
iniciou logo abaixo da alça da blusa e terminou logo acima do
cotovelo. Foi uma sutil diferença na cor de pele que poucas
pessoas já perceberam, mas eu memorizei tudo sobre ela. Como o
fato de que ela só tinha uma covinha, que se tornou visível
quando ela colocou o cabelo atrás da orelha e riu de alguma coisa
que o amigo de Barrett tinha dito. Fazia meses que eu a ouvi rir,
mas tudo foi familiar.

Se ela tivesse me visto em pé, na borda sombria do quintal,


ela não tivesse ido, ou talvez, ela só não dava a mínima por eu
estar lá. Um cubo de gelo deslizou pelo cimento e parou em frente
de mim. Fiquei olhando para ele.

— Algo me diz que você deve estar mais perto da cerveja —


Dray olhou para Taylor — para o bem de todos nós. — Ele
parecia estar avaliando se é ou não seguro chegar perto de mim,
que estava completamente fora do personagem para meu amigo
que nunca pensou duas vezes antes de entrar em uma briga com
três rapazes o dobro do seu tamanho. Ele finalmente se
aproximou e arrancou uma cerveja na caixa de gelo. — Só um
aviso, Cassie está chateada com você.

Engoli o resto da minha cerveja e esmaguei a lata antes de


jogá-la na caixa de gelo.

— Não pareço ser capaz de fazer alguém feliz nos dias de


hoje. Talvez isso vá colocar um fim rápido para a sua profissão de
casamenteira.

Dray ergueu a lata no ar.

— Aqui, aqui.

Nix se aproximou e pegou uma lata de cerveja.

— É claro que vocês dois estariam pairando sobre a caixa de


gelo. — Ele olhou em todo o quintal também. — Quem diabos é
esse cara com Barrett?

— O filho do capitão do barco de pesca e o cara que deixou


ele viciado em drogas — eu respondi.

— Eu tenho que entregá-lo a seu irmão, ele é consistente.


Eu não conheço ninguém que consegue sempre fazer amizades
com as piores pessoas do planeta — disse Nix.

Dray engoliu um bocado.

— Ei, eu me ofendi com isso. Barrett e eu somos amigos.

— Tudo bem, eu retiro o que disse. Mas isso não significa


necessariamente refutar o meu ponto.

Taylor jogou a cabeça para trás com outra risada e eu senti


o som dela profundo dentro do meu peito. Então, Gus se
aproximou e colocou o braço em volta de sua cintura. Foi apenas
por uma fração de segundo. Se eu tivesse piscado, eu teria
perdido. Mas eu não tinha piscado.

A mão de Nix estava em meu braço antes que eu pudesse


dar um passo.
— Deixe acontecer. Se você se importa com ela, que eu sei
que você se importa, em seguida, deixe para lá. Você precisa
relaxar e tomar um fôlego.

— Sim, relaxe — disse Dray. — Eu não quero ter que raspar


esse babaca gorduroso do meu pátio. Taylor está, provavelmente,
apenas mexendo com a sua cabeça. Ela pode ser jovem, mas ela
sabe muito bem o que ela está fazendo.

Eu balancei a cabeça, mas cada músculo do meu corpo


estava tenso.

— Eu não acho que vou ser capaz de ficar aqui por muito
mais tempo. E pensar que eu estava apenas preocupado com a
chegada desse cara por causa de Barrett — Eu disse com uma
risada curta.

Scotlyn e Cassie andaram perto com a maioria das


mulheres, incluindo sua amiga, Violet, que conseguiu atirar em
mim um olhar rabugento por cima do ombro antes de
desaparecer para dentro. Taylor ficou lá fora com Barrett e Gus.
Meu irmão estava fazendo um ótimo trabalho em fingir que eu
não estava por perto, mas ele sabia muito bem que eu estava de
pé a poucos metros dele. Na verdade, eu tinha certeza que ele
estava ciente da minha proximidade.

— Nós estamos indo para ter fondue de queijo — Cassie


chamou da varanda. — Vocês podem ficar com batatas fritas e
salsa. Nós meninas preferimos pratos mais fino.

Dray estendeu as mãos.


— Eu gosto de queijo, desde que haja macarrão nele.

— Então, você está sem sorte. Estamos mergulhando em


vegetais crus — respondeu Cassie.

— Quem diabos mergulha vegetais crus em queijo? — Dray


fez sinal para ela entrar. Ele olhou para nós. — Por falar nisso,
quem diabos come vegetais crus em tudo, exceto os coelhos... e
filhotes, eu acho.

Nix fez um sinal com a cabeça para o pequeno pátio de


tijolos na extremidade leste do quintal.

— Falando de batatas fritas e salsa, quem são aqueles caras


com as jaquetas de motoqueiro sentados à mesa?

— Eles são alguns dos meus amigos do cais. Pensei em


jogar alguns estivadores na mistura.

— Bem, parece que você misturou as coisas demais — disse


Nix. — Parece que alguns de seus companheiros de treino não
estão levando muito gentilmente, por eles estarem
monopolizando os lanches.

Dray riu disso.

— O que posso dizer? Eles são todos um bando de cabeças


quentes.

Meu foco voltou para a única coisa na festa que segurava


meu interesse. A atenção de Barrett e Gus foi tirada de Taylor por
um lutador, que Dray tinha apelidado de granito, porque ele
tinha notado que bater o seu rosto era como bater pedra. Eu
nunca tinha ouvido o nome verdadeiro do cara, mas seu pescoço
era tão grosso quanto a cabeça em forma de bloco gigante. E o
nariz parecia uma cabeça de couve-flor.

Minha cabeça se levantou acima de todos. Estava difícil de


evitar e, sem ninguém para conversar, parecia que Taylor tinha
finalmente desistido de fingir que ela não tinha me notado.
Cassie tinha lanternas decorativas suspensas ao redor do pátio e
a luz oscilando lançava um brilho irregular ao longo do quintal.
Mas nós bloqueamos olhares e olhamos um para o outro como se
as outras pessoas tivessem desaparecido. Mesmo sob a luz
trêmula e mesmo de longe como eu estava, eu podia ver o brilho
de raiva e dor em seu rosto. Eu não sei como corrigi-lo. Por dois
anos, a menina me segui ao redor. Não importava onde eu estava,
eu podia contar com ela para me encontrar ou me enviar
textos ou me ligar. Agora eu consegui afastá-la da mesma
maneira que eu chegava à conclusão de que eu precisava dela
perto de mim. Ela arrastou seu olhar do meu e me senti como se
tivesse puxado fisicamente longe de mim.

Sem aviso, a travessa de batatas fritas saiu voando pelo


pátio e atingiu um dos colegas de trabalho de Dray na parte de
trás da cabeça. Ele virou-se com os punhos apertados, assim
como o granito virou um soco em Gus. O cara era magro o
suficiente para esquivar-se do caminho, mas antes que eu
pudesse dar um passo, um selvagem, punho voador estourou a
briga. Taylor estava no centro, como uma menina que está no
meio de uma estrada cheia de tráfego, apenas esperando para ser
atingida.
— Filho da puta — Dray rosnou — Eu não vou ouvir o final
disso, de Cassie. — Enquanto ele falava, a porta traseira se abriu
e Scotlyn e Cassie saíram correndo.

Nix agarrou Scotlyn ao redor da cintura.

— Volte para dentro. Nós vamos cuidar disso.

Scotlyn lutou para se libertar.

— Tire Taylor de lá...

Eu estava do outro lado do pátio em três passos. Braços de


Taylor estavam enrolados no pescoço grosso do granito e ela
pendia de seus ombros como a mochila de uma criança. O idiota
conseguiu lavrar o punho no estômago de Barrett antes que eu
pudesse impedi-lo. Meu irmão caiu de joelhos, se dobrou com
falta de ar. Taylor balançou suas longas pernas e chutou as
costas da panturrilha do cara. Ele chegou a voltar para arrancá-
la fora de seu pescoço, mas eu agarrei-a primeiro.

O caos continuou, mandíbula com rachadura, móveis


quebrando o ritmo em torno de nós quando eu puxei Taylor
contra mim. Segurei-a debaixo do braço e olhei ao redor para Nix.
Eu apontei para Barrett, que ainda estava com falta de ar.

— Nix, arraste a bunda dele para fora de lá antes que


alguém bata nele de novo.

Taylor chutou e bateu os punhos em mim quando eu a


joguei por cima do meu ombro e levei-a para a casa. Ela segurou
a porta para me impedir de ficar dentro.
— Deixe-me ir! — Ela gritou. Seus punhos se debateram
violentamente em sua luta para se libertar e ela conseguiu bater
em minhas costas.

Meu domínio sobre ela apertou.

— Droga, Taylor. — Coloquei-a com força em seus pés no


centro da cozinha. Cassie e suas amigas estavam curtindo o circo
masculino de testosterona a partir da janela. Algumas delas
ainda estavam petiscando fondue enquanto assistiam, meio
terror e meio diversão.

Taylor tentou correr atrás de mim, mas meu braço disparou


e a pegou.

— Puta que pariu Taylor, você sabe que, às vezes, está tudo
certo para a etapa longe dos problemas em vez da cabeça voar
primeiro.

— Eu estava tentando ajudar seu irmão — ela gritou e


bateu no meu peito com os punhos.

Segurei seus pulsos.

— Barrett pode cuidar de si mesmo.

Ela arrancou-se livre do meu alcance. A raiva em sua


expressão era como se alguém tivesse me dado um soco no
estômago. Nós olhamos fixamente um para o outro e parecia que
os espectadores na cozinha se entediaram da cena fora e tinham
mudado seu foco para a cena cheia de raiva no centro da cozinha.

— Eu não quero que você se machuque — eu disse.


Ela reconheceu o meu comentário com a elevação do queixo
de Taylor, um gesto que me irritou tanto quanto ele me fez querer
beijar o biquinho dos lábios.

— Eu posso cuidar de mim mesma.

Minha risada ecoou pelas paredes. Outro grande erro.

— Sério? Você pensou que poderia manter a si própria na


briga com lutadores treinados, estivadores e um pescador em alto
mar, porra?

A tensão entre nós tinha silenciado a pequena plateia e os


únicos sons eram os grunhidos e gritos lá fora e algumas
cenouras sendo mordiscadas.

Então, sem aviso, lágrimas se formaram nos olhos de Taylor.


Eu tinha conseguido fazê-la chorar duas vezes na mesma semana.
Minha habilidade em ser um idiota parecia não ter limites.

— Depois de todo esse tempo, não se preocupe em fingir que


sou importante para você agora. — Ela saiu da cozinha e saiu
pela porta da frente. Scotlyn a seguiu.

Olhei rapidamente em volta para os rostos na cozinha. O


brilho mais duro veio da amiga de Cassie, Violet. Eu era,
obviamente, o vilão no pequeno drama que acabara jogado fora.
Eu decidi me arriscar com os lutadores treinados e trabalhadores
portuários.

Nix e Dray estavam de pé na beira da luta. Barrett estava


sentado ao longo da parede de retenção curta que separava o
pátio da grama. Vários outros sentados ao lado dele alimentando
suas feridas com latas de cerveja gelada.

Olhei para Dray.

— Este parece ser o seu tipo de jogo de festa. Por que você
está de pé, aqui?

— Bem, naturalmente, eu gostaria de estar lá batendo em


alguns crânios, mas eu não posso estar em ambos os lados do
jogo, sem chatear os meus amigos de luta ou meus companheiros
de trabalho.

Nix olhou para mim.

— É bem o dilema.

Dray olhou para ele.

— Dilema?

— Palavra legal, hein? — Disse Nix. — Esta pequena


bibliotecária estava na minha loja hoje, tentando decidir se
queria ter um Edgar Allan Poe ou uma citação de Mark Twain
tatuado em seu ombro. Ela o chamou de um dilema e eu estive
esperando por uma chance de usar a palavra. Oportunidade
perfeita.

— Estou impressionado — eu disse.

Cassie caminhou até próximo a nós com sua câmera pronta.

— Droga, essa luz é uma merda. Eu estou sentindo falta de


algumas fotos. — Ela se aproximou assim como um grande corpo
veio cambaleando para trás. Com reflexos incríveis, Dray
enganchou-a pela cintura e puxou-a para fora do caminho. Ela
mal notou que ela quase tinha sido batida no chão. Sem perder o
ritmo, ela deu um passo para trás em direção à ação.

— Mergulhando para a direita na zona de guerra — eu disse.


— Ela é realmente uma profissional.

Dray tentou agir indiferente, mas ele não tirava os olhos de


cima dela.

— Eu só espero que ela obtenha algumas boas fotos. Então,


talvez, eu não vou ter que dormir no sofá esta noite.

Os lutadores pareciam estar perdendo força, mas alguns


dos caras mais duros estavam batendo, incluindo o amigo de
Barrett. O sangue foi escorrendo de sua boca e um olho estava
inchado, mas ele ainda estava balançando.

— Eu tenho que dizer, o amigo de Barrett tem mais nele que


eu poderia imaginar — disse Dray.

Nix riu.

— Claro que sim, você coloca qualquer um desses outros


caras nesse mar de Bering por um dia e logo, todos estariam
chorando por suas mamães.

— Ele está, provavelmente, muito alto para sentir qualquer


dor — eu disse com raiva.

O amigo de Dray, Granito, levou um soco no seu intestino e


voou para trás, levando a corda de lanternas decorativas com ele.
Elas quebraram no pátio.

Cassie se virou.
— Agora eu estou chateada. Faça alguma coisa, Dray.

— Droga, eu acho que vai ser no sofá depois de tudo — Dray


marchou até a mesa e subiu em cima dela. Seu assobio cortou o
ar. — A luta acabou. Nós tivemos um pátio de ornamento como
vítima. — A ação reduziu a velocidade e parou. A maioria parecia
mais que feliz por terminá-la, com a exceção de Gus, que deu um
último balanço em uma vítima inocente. O soco barato quase
começou a luta de novo e, desta vez, parecia que seria todos
contra o pescador. Dray olhou para Barrett. — Tire esse idiota
daqui agora antes que eu vá até lá e o tire eu mesmo.

Barrett se levantou.

— Vamos, Gus. A festa acabou. — Era como se cada punho


no quintal ainda estivesse apertado, incluindo o meu, até que
Gus e Barrett tinham ido pela porta traseira.

Dray saltou e caminhou de volta para Nix e eu.

— Acho que eu vou ter que limpar essa bagunça.

— Eu certamente não vou fazer isso — disse Cassie


bruscamente quando ela passou.

— Bem — eu disse com um suspiro — tem sido uma festa e


tanto. Eu dispensei uma menina com tesão que tinha uma coisa
por homens grandes. Eu consegui fazer Taylor me odiar ainda
mais. E meu irmão acabou de sair com um safado que não só
parece que ele só fugiu da prisão, mas parece que ele matou os
guardas da prisão com as próprias mãos para escapar. Tudo
somado, não é a melhor noite.
Dray sorriu para mim.

— Você esqueceu a parte sobre Taylor parecendo ter uma


coisa pelo o cara.

— Sim, obrigado. Eu estava esperando que essa parte fosse


apenas minha imaginação. — Olhei para Nix. — Onde está essa
ponte apelidada de Ponte suicídio? Seria Pasadena?

Nix colocou a mão no meu ombro.

— As coisas não são tão ruins. Não se esqueça sobre o


Shelby.

— Está certo. Pelo menos eu tenho o Shelby.


Capítulo 14

Taylor

Enfiei minha mochila sobre meus ombros. Eu tinha


embalado uma abundância de livros didáticos no interior
para parecer mais estudiosa.

— Mãe — eu chamei da porta de entrada — Eu vou esperar


lá na frente por Kiley e depois, nós vamos para a biblioteca.

Mamãe saiu da sala e olhou para os meus shorts.

— Você não parece muito vestida para ir à biblioteca. — Nós


estávamos passando por isso todos os dias. Ela pergunta tudo,
desconfiada e eu respondia com toda a confiança de uma
mentirosa experiente, o que, infelizmente, eu era. E minha
intuição me disse que minha mãe sabia que eu estava mentindo
sobre tudo, mas que ela tinha meio que desistido de tentar me
pegar no flagra.

Olhei para os meus shorts e sandálias.

— Eu não sabia que a biblioteca pública tinha um código de


vestimenta.

— Eles não fazem, mas deveriam — disse ela secamente. —


Você certamente está usando muito perfume.

Eu tinha tomado banho e borrifei sem pensar, mas eu não


estava pronta para baixar a guarda. Às vezes, parecia que essas
pequenas sessões de interrogatório foram feitas para me quebrar,
mas eu segurei firme a minha rede de besteira. — Talvez
devêssemos adicionar perfume à minha lista de não-nãos. Quero
dizer, quem sabe em que tipo de travessuras que eu poderia
entrar usando perfume.

Seus lábios se apertaram. Ela odiava a minha língua


sarcástica mais que a minha boca suja. Ela suspirou alto.

— Você certamente não precisa de perfume para entrar em


falcatruas. Falando de não-nãos, você vai ficar longe de Jimmy,
certo?

Eu não respondi.

Sua perfeitamente arrancada sobrancelha arqueou.

— Taylor?

— É um pouco difícil ficar longe dele quando temos muitos


conhecidos em comum. Afinal, ele é o melhor amigo e parceiro de
Jason. Eu não sei porque você o odeia tanto, de repente.

— Não seja tão dramática, Taylor. É claro que eu não o


odeio. É que ele é um homem e você é — ela fez uma pausa,
sabiamente reconsiderando suas palavras. Ela se aproximou de
mim e abotoou o último botão da minha camisa. — É só que eu
sei que você sempre teve uma queda por ele e, por vezes, uma
queda pode levar uma menina a tomar decisões erradas. Jimmy é
um homem adulto, com as necessidades de um homem adulto.

Era tudo que eu poderia fazer para não rir.


— Mãe, não estamos tendo a séria discussão sobre pássaros
e abelhas. — Foi uma conversa que minha mãe sempre foi pudica
para ter comigo. — Porque você está cinco anos atrasada. Eu
aprendi tudo com meus amigos na sétima série.

Ela mordeu o lábio para mostrar que ela não estava chocada
com tudo o que eu tinha a dizer.

A mulher estava delirando e, às vezes, ela precisava de uma


dose de realidade.

— Você realmente não acha que Adam e eu estávamos de


mãos dadas, quando estávamos sentados lá fora em seu carro?

Ela olhou para mim com os olhos arregalados. A buzina


tocou fora.

— Lá está Kiley. Até mais tarde, mãe. — Estava na hora de


acabar com a nossa conversa. Deixei-a em pé, sem fala e chocada
na entrada. Durante muito tempo, eu senti culpa por causar-lhe
tanta dor, mas às vezes, parecia que eu tinha acabado do jeito
que eu tinha, só porque ela tentou me manter na sua irrealista
bolha onde tudo é algodão doce e marshmallow.

Joguei minha mochila no banco de trás e deslizei para o


banco do passageiro.

— Caramba, você chegou aqui na hora certa. — Eu puxei


para baixo a viseira e verifiquei a minha maquiagem no espelho.

Kiley não disse nada quando ela puxou bruscamente para


longe do meio-fio.
Olhei para ela.

— O que está errado?

Ela ergueu o ombro.

— Nada, mas eu acho que isso é o fim do nosso negócio. Eu


não gosto de ser o intermediário em sua vida dupla de mau gosto.
E eu não acho que você deve estar andando com aquele cara de
qualquer maneira. Ele é puro problema.

— Eu já lhe disse que somos apenas amigos. Ele sabe que


eu não estou com ele assim. Ele é diferente e gosta de se divertir.
Eu fiz a minha parte no trato e esquematizei em um encontro
para você com Barrett. Você me deve mais algumas fugas.

Ela olhou por cima do banco da frente a minha mochila.

— Eu não posso acreditar que sua mãe realmente pensa que


você está fora estudando. Eu só sei que ela vai te pegar e então,
eu vou ser apanhada em toda essa merda. — Ela ligou o rádio. —
Além disso, Barrett nunca me ligou depois do nosso encontro.

Eu balancei a cabeça.

— Oh, então é por isso. Ei, minha parte do acordo era para
configurá-la com ele. Eu não posso ser responsável pela forma
como as coisas aconteceram. Eu avisei que o menino era um
jogador. Eu nunca vi Barrett Mason ficar com qualquer garota
por mais de um mês.

Nós viramos a esquina e o carro gasto que Gus tinha


tomado emprestado de sua mãe estava estacionado sob o
carvalho gigante na extremidade do parque. Às vezes, eu não
conseguia nem explicar minhas decisões eu mesma. Talvez, eu
estivesse fazendo isso só para chamar a atenção, como a minha
mãe sempre insistiu, apesar de meus pais serem as últimas
pessoas no mundo que eu queria ou precisava de atenção. Talvez,
tenha sido por tédio total e absoluto de que eu sempre me via
indo pelo pior caminho possível. Ou talvez, desde que Clutch
insistiu que eu sempre voei de cabeça em apuros, eu decidi dar-
lhe razão.

Gus estava na cidade por duas semanas e ele passou a


maior parte do tempo comigo. E eu tinha ido para lá e para cá
com os meus sentimentos em relação a ele. Num minuto, parecia
errado e até mesmo desprezível sair com ele e no minuto seguinte,
eu me sentia como se eu pudesse viver no mundo escuro,
nervoso que ele flutuava. Ele vivia completamente sem medo e ele
me tratou como se eu valesse alguma coisa. Não é como se eu
fosse uma menina que gostava de ficar em apuros. Eu deixei
claro para ele que eu só estava interessada em amizade e mesmo
que ele tenha me beijado algumas vezes, ele realmente não tinha
tentado nada.

Kiley bufou em desgosto quando entramos no local ao lado


dele.

— Ele é um babaca total e, se você está tentando fazer


James Mason ficar ciumento, você está desperdiçando seu tempo.
E o que é pior, se você estiver usando-o como fez com Adam,
então cuidado. Ele parece um cara que poderia ficar muito, muito
perigoso se ele ficar chateado.
Suas palavras picaram e me deram uma pausa ao mesmo
tempo. Mas eu estava ficando cansada de pessoas me expondo
sobre minhas ações. Estendi a mão no banco para pegar minha
mochila.

— Você sabe o que, esqueça o nosso negócio. Não vale a


pena. Uma conversa com você é como uma conversa com a
minha mãe, mas sem a perspectiva de bolinhos cozidos depois. —
Eu abri a porta do carro e saltei para fora. — Obrigada pela
carona.

Eu deslizei em uma nuvem de fumaça de maconha e abri a


janela.

— Acabei de ser questionada sobre usar perfume. A última


coisa que eu preciso é cheirar como erva daninha. — Gus se
inclinou e beijou minha bochecha e depois, parou para cheirar
meu pescoço. — Eu gosto mais do perfume. — As palavras de
Kiley repetiam na minha cabeça. Eu estava vivendo com a culpa
de que eu tinha feito a Adam e eu prometi a mim mesma que eu
nunca faria algo assim novamente. Eu tinha feito isso por
desespero. Eu queria ficar na Califórnia.

Por mais que eu realmente não tenha sido perfeita, tipo


brilhante e perfeita como Adam, esse cara estava todo do outro
lado do espectro. Eu estava entediada e eu estava desesperada
para esquecer Clutch. Eu tinha estado desesperada para provar a
mim mesma que eu poderia parar de ser tão louca por ele. Mas
Kiley estava errada. Eu não saí com Gus para fazer ciúmes a
Clutch. Clutch não tinha ideia de que eu estive com ele, ou pelo
menos, foi o que Barrett tinha me dito. Eu fiz Barrett jurar
segredo e ele me garantiu que ele estaria em apuros tão
profundos como eu se Clutch ou Jason descobrisse. Eu estava
saindo com Gus, porque ele tinha vindo para a Califórnia para
visitar sua mãe e ele queria alguém para sair. Gus tinha vivido
com sua mãe em Los Angeles após o divórcio de seus pais, há
cinco anos. Mas, então, seu pai lhe ofereceu um emprego em seu
barco e ele deixou o sol quente para trás, pelas planícies e
montanhas cobertas de gelo do Alasca. Era muito dinheiro para
deixar passar, ele me disse. Sabendo que Barrett estava vivendo
na Califórnia, Gus tinha feito a viagem imaginando que ele teria
alguém para sair. E Barrett, que teve a capacidade de
concentração de um cachorro de seis semanas de idade, tinha
basicamente abandonado o cara. Eu gostava de estar com ele.
Ele era totalmente diferente de qualquer outra pessoa e eu
adorava ouvir suas histórias ultrajantes sobre Alasca e no Mar de
Bering.

Os olhos de Gus estavam vermelhos, mas ele lavou e


penteou os cabelos. De alguma forma, o olhar fresco e limpo
apenas não funcionou para ele.

— Eu pensei que ia pegar algo para comer e depois ir


assistir algumas arrancadas que Barrett me falou. Eu poderia até
fazer uma aposta ou duas e ganhar algum dinheiro. — Ele ligou o
carro. — Você está linda, por sinal. Se você viesse para o Alasca,
os caras ficariam loucos. Estamos definitivamente com pouca
beleza lá em cima. — Ele bateu seu volante. — Brilhante ideia. —
Ele olhou para mim e em seguida, saiu do estacionamento. — Se
os seus pais tentarem enviá-la novamente ou expulsá-la de casa,
você deve mover-se até lá. Há toneladas de postos de trabalho e
os salários são altos.

— E a neve é grossa — eu disse. Eu tinha colocado para fora


toda a minha lista sórdida de problemas familiares um dia,
enquanto almoçávamos na praia. Algo que me arrependo agora.

— É verdade, mas é lindo lá em cima. Muita aventura. —


Ele piscou para mim, mas eu tinha certeza de que estávamos em
páginas diferentes quando se trata de aventura.

— Eu não gosto da neve — eu disse. — Eu fui fazer


snowboarding algumas vezes, mas eu gastei menos tempo nos
meus pés e mais tempo congelando a bunda no gelo. Eu sou uma
garota da quente e ensolarada Califórnia, até o pescoço.

— Você ficaria surpresa com o quão rápido você se


acostumaria com isso. — Ele olhou para mim. — O que você diz
doçura? Vamos assistir a alguns carros de corrida?

Se Barrett sabia sobre a corrida, então, era possível que


Clutch estivesse lá. Meu disfarce seria destruído.

Gus sorriu com entusiasmo.

— Eu estou no clima para alguns jogos de azar.

A multidão era sempre grande nas corridas e eu tinha a


vantagem. Clutch sempre era o mais alto de todos os outros e ele
era fácil de detectar. Eu poderia facilmente evitá-lo se eu
estivesse vigilante.

— Acho que podemos ir para as corridas. — Um nó se


formou em meu estômago enquanto eu concordei.

— Ooh, um In N Out. — Gus olhou para mim. — Você se


importa se nós comermos lá? Não há um qualquer em Juneaue,
eu tenho desejado um duplo-duplo por meses.

— Não tem problema. — Eu estava com fome quando eu


deslizei para dentro do carro, mas o meu apetite havia
desaparecido com a sugestão de corridas de arrancadas.

Como de costume, a linha serpenteava em volta do


quarteirão. O carro de Gus retumbou vacilante quando avançou
para frente em direção a janela de pedidos.

— Você sabe 'cabelo de fogo' há toneladas de aventuras no


Alasca. Você pode fazer rafting.

Dei de ombros.

— Rio Colorado também e não é pontilhado com pedaços de


gelo.

— Há caiaque. Eu tenho uma grande foto minha em um


caiaque no meu celular. — Ele pegou o telefone e o carro avançou
para frente e quase colidiu com o para-choque na frente de nós.

Eu levantei a minha mão.

— Mostre-me outra vez e preste atenção à estrada. Além


disso, há uma abundância de lugares para caiaque na Califórnia.

Ele acenou com o dedo para mim.

— Trenó de cães e as luzes do Norte. — Ele sabia que me


tinha sobre aqueles.
Eu ri.

— Você está secretamente empregado no Escritório da


Alasca Visitor?

— É um hábito. Quando eu encontro uma incrível, bonita,


garota divertida, eu tento convencê-la a se mudar para o norte.
Estamos com falta de mulheres lá em cima.

— Sério. E quantas mulheres têm trabalhado até agora?

— Zero. Você é a primeira que eu tentei o meu discurso de


vendas e você não parece convencida.

Nós chegamos até a janela e Gus olhou para mim.

— Eu só quero limonada rosa.

Ele balançou a cabeça.

— O que há com vocês mulheres? Limonada rosa não é um


jantar.

Gus matou o seu hambúrguer em tempo recorde e fomos


para as corridas. Música soando rouca dos alto-falantes na parte
de trás.

— Eu vou enviar um texto a Barrett quando chegarmos lá e


descobrir onde o apostador sai. — Ele sorriu para mim. — Eu
acho que Barrett vai fazer uma aposta também. Ele mencionou
que seu irmão estava correndo hoje à noite.

Eu endureci em meu lugar. Jason me disse que tinha ficado


em Clutch para o circuito de corridas de arrancada amadora,
mas eu estava esperando que essas corridas não tivessem nada a
ver com ele.

— Ele é rápido?

Eu não esperava a pergunta e eu tropecei sobre uma


resposta.

— Ele... ele sempre tem um dos melhores carros, mas eu


não sei de mais nada. — A última coisa que eu queria fazer era
falar com Gus sobre Clutch.

— Bem, eu vou ter que saber com Barrett quando


chegarmos lá. Eu não gosto de perder.

Os nervos em meu estômago reviraram mais apertados.

Felizmente, a pista de corrida estava repleta de espectadores.


Seria muito mais fácil ficar camuflada. Eu caí de propósito para
trás quando Gus caminhou em direção aos estandes onde Barrett
estava esperando por nós. Ele estava sentado em uma pequena
mesa sob um guarda-chuva conversando com duas meninas. Era
evidente, pelo o olhar que ele me deu, que ele não esperava que
eu fosse com Gus. As duas meninas zombaram de mim quando
eu deslizei para o banco ao lado de Barrett.

Barrett levantou seu telefone.

— Eu te ligo amanhã — disse ele para a morena pequena. A


contragosto, elas deixaram a mesa, mas não sem fazer cara feia
para mim mais uma vez.

— Eu te ligo amanhã — eu repeti na minha melhor imitação


de Barrett. — Talvez.
Barrett olhou para mim.

— Você não sabe. Eu poderia ligar para ela.

Gus sentou-se em frente a ele. Ele se inclinou para frente.

— Então como devo fazer uma aposta e devo colocar algum


dinheiro? Seu irmão é rápido?

— Ele ganhou a última vez que esteve aqui, então eu acho


que ele é rápido. — Barrett pegou seu telefone. — Deixe-me
descobrir onde o cara das apostas está, mas ele lida apenas com
dinheiro com estranhos... especialmente aqueles que são de fora
do estado.

— Clutch venceu da última vez? — Eu perguntei, tentando


mascarar o meu interesse com um tom casual.

Barrett me encarou de novo e a lasca de um sorriso


arrogante que ele era tão bom, apareceu.

— Por que? Sim ele ganhou. — Ele olhou para a mesa


depois. — Eu não estava lá, embora. Eu tinha acabado de chegar
a cidade.

— Eu não posso acreditar que você fez todo o caminho


desde o Alasca sem que ninguém...

Os olhos azuis de Barrett brilharam com raiva para Gus e


ele parou no meio da frase.

Barrett sentiu minha análise sobre o lado de seu rosto. Eu


tinha ouvido falar que ele tinha estado em algum tipo de
problema no Norte, mas Jason nunca me disse nenhum detalhe.
Eu nem estava completamente certa de que Jason sabia. Clutch
não era o tipo de tagarelar coisas por aí.

Barrett penteou o cabelo para trás com os dedos e acenou


com a cabeça.

— Sim, não foi uma grande viagem. — A tristeza distante em


seu tom me garantiu que ele tinha passado por algo de merda.
Seu telefone tocou e ele leu o texto. — O nome do cara é Oscar e
ele terminou pelas arquibancadas. Você não pode perder ele. Ele
tem uma longa barba estilo homem da montanha e ele está
geralmente usando uma camisa preta com um cifrão sobre ela.

Gus se levantou do banco e Barrett casualmente tamborilou


uma batida em cima da mesa. No segundo que Gus havia
desaparecido no meio da multidão, ele agarrou meu braço.

— O que diabos você está fazendo aqui, Taylor?

Eu puxei meu braço de seu aperto.

— Eu estava com Gus e você é o idiota que lhe disse sobre


as corridas.

— Sim e eu disse a ele, especificamente, para não para


trazê-la, porque você odiava as arrancadas. Jimmy está nos
boxes e ele vai arrancar minha cabeça quando ele descobrir que
você está com Gus. Ele vai ter sua cabeça bonita também. — Ele
penteou o cabelo para trás novamente. — Sem contar que Jason
vai amarrar-me nas vigas. Meu irmão levou uma semana para
convencê-lo a me deixar trabalhar na loja e agora, eu vou estar à
procura de um emprego de novo, tudo por causa de você.
Eu bati-lhe com força no ombro.

— Até você, seu burro. Não me culpe por seus problemas.

— Você sabe o quão difícil é estar mentido para os dois


durante toda a semana, quando perguntam sobre Gus?

— Eu não acho que isso foi difícil em tudo para um


mentiroso profissional como você. E, francamente, o que eu faço
não é da conta do seu irmão.

— Sim, certo. Diga-lhe isso. Eu não acredito que você ficou


com Gus.

— Nós não ficamos. Eu não sou você. Eu não caio na cama


com cada pessoa viva. — Olhei para baixo e esfreguei meus dedos
sobre os nomes e palavras que haviam sido esculpidas no tampo
da mesa plástica. — Ele é divertido para sair, isso é tudo. — Meu
olhar disparou de volta para ele. — E eu me senti mal por ele,
porque você está evitando ele e ele não tem muitos amigos por
aqui.

— Há uma razão pela qual eu tenho evitado ele. Ele é uma


má influência para mim. Ele pode parecer um cara muito legal,
mas o cara está em todos os tipos de merda. E ele tem um
temperamento terrível. Lembra-se da festa de Dray?

— Ele tem sido muito suave em torno de mim. Eu não vejo o


problema.

— Sim, bem, você não. — Sua atenção voltou-se


momentaneamente longe para duas meninas que passam em
jeans apertados e então ele olhou para mim. — Você ainda tem
muito que crescer para ver.

— Ooh, você é um idiota hoje à noite. — Levantei da mesa e


olhei em volta para Gus. — De qualquer forma, Gus está saindo
em breve e minha cobertura era Kiley — Eu olhei para ele —
quem você irritou com o seu costume, de prometer “eu vou ligar
para você. ” Estou pensando em dizer a Gus, mais tarde, que eu
não vou ser capaz de sair com ele.

Ele balançou a cabeça.

— Eu nunca prometi a Kiley que eu ia ligar para ela. Eu não


sabia que eu era parte de seu plano maligno. — Barrett levantou-
se da mesa. — Pequena Tater, você sabe como causar problemas.

— Como se você fosse um santo ou algo assim. Eu só vou


ficar longe de Clutch. Ele é fácil de detectar, mesmo em uma
multidão como esta.

Barrett balançou a cabeça e deixou cair o pesado braço


sobre meu ombro.

— Tater, Tater, Tater. — Ele olhou para mim. — Eu só


percebi uma coisa.

— O que é isso?

— Há anos desde que eu te dei um croque adequado. —


Antes que eu pudesse reagir ou retirar seu o braço, os dedos
vieram na minha cabeça. Mas então, ele parou e pegou seu
telefone. — Salva por um texto. — Ele leu a mensagem. —
Jimmy quer uma garrafa de água. Vejo você mais tarde. — Ele
deslizou o braço do meu ombro e se virou para sair, mas depois
parou e sorriu para mim. — E tente ficar longe de problemas.

— Sim, você também. E pare de prometer as meninas que


você vai chamá-las, seu caipira.
Capítulo 15

Clutch

Engoli a garrafa de água em uma longa série de goles.

— Você poderia ter me comprado o tamanho maior,


muquirana. Hoje à noite está quente e não há nenhuma brisa em
tudo.

Barrett tinha estado estranhamente silencioso enquanto


esperava por mim para a minha corrida. Ele olhou em volta,
algumas vezes, como se estivesse preocupado com alguém.

— Quem você está procurando? — E então me dei conta.


Merda, Rett, você pegou a namorada de um cara aqui? Um dia
desse você vai pegar a garota errada e....

— Pare, caramba, às vezes você é um zangão como papai


costumava ser quando eu falhei em um teste. E eu não peguei
todas as meninas, pelo menos, nenhuma que estava ligada a
alguém.

Eu andava para inspecionar os pneus pela segunda vez só


para ter certeza. Eu me sentia estranho toda a noite, como se eu
não devesse correr. Eu tinha conseguido rir da sensação até
agora, mas de alguma forma, o comportamento nervoso de
Barrett tinha me feito sentir ainda menos confiante. Mas o
Chevelle tinha sido revisado e não havia muitos sérios, pilotos
graves no mix de hoje à noite. Mais uma vez, eu empurrei o mal-
estar para baixo em meu intestino. Era a última coisa que eu
precisava e o caminho mais seguro para que as coisas dessem
errado.

Rowdy, o organizador do evento, se aproximou.

— Você é o próximo. Você está indo contra Stanton na Nova.

Eu concordei e Rowdy se afastou.

— Isso é bom ou ruim? — Perguntou Barrett.

— Eu gosto do carro, mas odeio o motorista. Ele é um


fanfarrão, mas não é como se estivéssemos indo para um
encontro. — Eu esfreguei uma sensação de formigamento da
parte de trás do meu pescoço.

— O que está errado? Você não parece excitado de estar


aqui esta noite.

— Sim, eu acho que não estou com vontade de correr esta


noite. Eu deveria ter ficado em casa, mas é tarde demais.

Barrett encostou-se ao lado do carro e olhou para o telefone.

— Esperando alguém? — Perguntei.

O rosto dele disparou e ele quase deixou cair o telefone.

— Não. Por quê?

— Porra, você é tão arisco como um coelho na cova de um


lobo. Achei que você mencionou algo sobre Gus vindo, isso é tudo.

Ele guardou o telefone.


— Não. Não estou esperando ninguém.

Rowdy acenou que era a minha deixa para ir para a área de


teste. Eu baixei a janela.

— Vejo você na linha de chegada, Rett.

Eu segui para a área de teste e dei um tapinha caloroso no


painel de instrumentos para dar sorte. O motor roncou debaixo
de mim como um gigantesco gato ronronando e minha apreensão
anterior havia desaparecido.

— Aqui vamos nós, querida. Vamos ganhar isso de novo.

O Nova atingiu a área de teste também. Os pneus foram


revestidos e o cheiro de borracha queimada enchia o ar. Olhei
para as luzes da árvore e a familiar corrida de adrenalina corria
através de mim. Então, algo chamou minha atenção. Foi apenas
um lampejo de movimento em um mar de pessoas, mas o meu
olhar foi atraído por ela como um ímã. Taylor estava de pé no
meio da multidão com o amigo de Barrett.

Pneus guincharam. A luz ficou verde e eu perdi. Sem pensar,


eu super compensei batendo meu pé traiçoeiramente duro no
pedal. Movi-me apenas três metros e os pneus balançaram. Antes
que eu pudesse deixar desacelerar, a extremidade traseira
derrapou. A multidão desfocou enquanto eu girava em direção ao
guard-rail e me preparei para o impacto. Por um segundo, me
senti quase como se eu estivesse voando e depois, minha viagem
chegou ao abrupto, final chocante. Tudo ficou escuro.

Meus olhos se abriram e demorei alguns segundos para


lembrar que eu tinha acabado de sofrer um acidente. Eu respirei
fundo várias vezes para forçar o ar em meus pulmões. As minhas
costelas doíam quando empurraram contra o cinto de segurança
e estranhamente, eu encontrei a minha mente à deriva para a
história que Nix tinha me contado sobre o acidente e morte de
seu pai. Mas a dor e o barulho foram do carro me garantiu que
eu ainda estava vivo.

Eu movi os meus pés e minhas mãos. Minhas pernas ainda


estavam trabalhando, que foi reconfortante saber. Meu pescoço,
cabeça e as costas pareciam duros com a dor. O interior do carro
ainda estava praticamente intacto, mas o assento do motorista
personalizado estava inclinado em um ângulo estranho.

Eu olhava através do para-brisa e fiz uma careta de dor que


senti em meu crânio. Pelo menos, uma dúzia de pessoas vieram
correndo em minha direção, incluindo os dois médicos reserva
com uma maca saltando atrás deles. A cabeça loira de Barrett
estava na frente e ele ficou comigo primeiro. Seu rosto estava
pálido como a primeira noite em que ele chegou em casa doente e
viciado.

Ele abriu a porta do carro e só por cima do ombro, eu a vi.


Seu belo rosto estava tenso de preocupação. Os segundos antes
da corrida vinham claramente de volta para mim. Um dos
motoristas segurou sua cintura e ela bateu com o braço quando
ela tentou passar por ele. Sua persistência valeu a pena e ela
entrou no círculo interno da destruição. Incapaz de passar pelos
médicos e a maca, ela parou e congelou em um local à procura de
uma pálida sombra de Rett.
Um dos médicos colocou um manguito de pressão arterial
em torno de meu braço antes que eu mesmo saísse do banco do
motorista. Cada movimento me doeu.

— Rett, o quão ruim é isso?

Ele olhou para mim.

— Não é tão ruim. Tudo ainda está funcionando e eu não


vejo nenhum sangue, salvo por aquele arranhão em sua testa.

— Não eu. O carro. Como ela está?

Barrett se inclinou para trás e olhou para o exterior do carro


antes de dobrar para baixo para mim.

— O carro é história. Na verdade, olhando para este carro, é


difícil dizer que foi um Chevelle. O que aconteceu lá fora?

Olhei por cima das cabeças para onde Taylor estava como
um manequim impressionante, mas fantasmagórico pálido, em
uma loja. Ela olhou para mim e como sempre, me senti como se
tivesse atingido bem no meu peito e tocado meu coração.

— Eu me distraí.

Barrett olhou para trás para ver o que tinha a minha


atenção. Ele hesitou quando ele se virou para me encarar.

— Sim, isso foi culpa minha.

— Geralmente é. — Mexi minhas pernas para fora do carro e


gemi. Profunda dor bateu através dos meus músculos. — Traga-a
aqui. Parece que ela está prestes a desmaiar.
Os médicos empurraram todo mundo para fora do caminho
e me ajudaram na maca. Cada centímetro do meu corpo doía
como se eu tivesse sido preso em uma montanha-russa por um
mês, mas eu poderia dizer que não havia nada de muito errado
comigo.

— Eu realmente não preciso disso. Meu irmão está aqui e


ele pode me levar para a sala de emergência.

— Desculpe, essas são as regras de Rowdy.

Estendi-me na maca e minhas pernas pendiam fora da


extremidade. A largura foi curta por vários centímetros de cada
lado. Eu olhei para o médico, que parecia ter a idade de Barrett.
Ele parecia um pouco em pânico por ter que me levar para a
ambulância.

— Eu acho que você se esqueceu de trazer sua maca feita


sob encomenda para gigantes. — A maca tremeu sob meu peso e
a corrida de dor no meu peito me garantiu que um par de
costelas tinham sido machucadas ou rachadas. Barrett voltou
para mim e eu virei a cabeça para olhar além dele. Meu pescoço
estava sentindo cada pedacinho do impacto.

Taylor não estava com ele.

— Onde ela está?

Barrett balançou a cabeça.

— Ela estava meio assustada. Ela saiu correndo.

— Mas ela deve ter me visto caminhar até a maca.


Barrett olhou para o lado, como se ele, de repente, estivesse
interessado no cenário. Eu nomeei esse seu movimento de evasão.
Era o que ele recorria quando ele queria evitar dizer-me alguma
coisa.

— Rett, porra sem jogos essa noite. Foi uma noite de merda
e eu perdi o meu melhor carro.

Ele olhou para os seus pés como uma criança prestes a ser
regiamente castigado.

— Eu meio que deixei escapar que você a tinha visto e que


foi quando você bateu. Eu não sei o que eu estava pensando.

— Você é um idiota. — Meu telefone tinha sobrevivido ao


acidente e com esforço, eu puxei-o para fora do meu bolso para
lhe responder. — Ei, Nix, eu estou meio que ocupado...

— Puta merda, Jimmy, graças a Deus. Você está bem? Eu


só vi a foto do seu carro. — Não era comum o suficiente ouvi-lo
me chamar pelo meu nome verdadeiro, mas sua voz falhou, como
se tivesse estado perto de chorar.

— Foto? — Olhei para cima e meu irmão olhou para fora no


horizonte novamente. — Eu estou bem, Nix. Eles vão me levar
para fazer check-up. São as regras. Eu ligo para você depois que
eu ver o médico.

— Você quer que eu o encontre na sala de emergência?

— Não é necessário. Tenho o cabeça oca comigo e ele tem a


caminhonete.
— O que aconteceu? Será que um pneu estourou? — Seu
tom tinha estabilizado.

Suspirei e minhas costelas doíam da liberação de ar.

— Não, não foram os pneus. — Eu pensei um pouco sobre a


minha reação ao ver Taylor. Há dois anos, a criança com as
pernas ridiculamente longas, um vício em gloss e uma propensão
para o problema que fez seu caminho em minha cabeça e coração
e caramba, se ela não estivesse ainda bem fincada em ambos. —
Eles vão me colocar para dentro da ambulância agora. Eu te ligo
mais tarde.

— Tome cuidado, amigo. — Sua respiração tinha finalmente


desacelerado.

Barrett poderia ter enviado a mesma imagem para meu pai e


ele provavelmente teria me ligado e perguntado por que diabos eu
tinha destruído um carro caro. Foi assim com Nix e Dray. Ao
crescer e mesmo agora, nós sempre tivemos as costas uns dos
outros, porque ninguém mais tinha.

Barrett pairava nas proximidades, com as mãos nos bolsos


parecendo envergonhado e evitando o contato visual direto. Os
médicos começaram a empurrar a maca.

— Ei, espere um segundo. Rett, venha aqui.

Ele se aproximou. Nem toda a cor tinha voltado para seu


rosto ainda. Eu levantei minha mão e gesticulei para que ele se
aproximasse com os meus dedos. Ele se inclinou para baixo. —
Estou feliz que você está aqui, irmão — eu disse calmamente e
honesto. Então eu dei um atrás de sua cabeça, como eu
costumava fazer sempre que ele fazia algo estúpido. — Idiota.

Ele endireitou-se e esfregou as costas de sua cabeça.

— Eu acho que eu deveria ter escrito um texto com a


imagem, deixando Nix saber que você estava bem.

— Você acha? — Eu dei um último olhar para o meu amado


Chevelle. A próxima vez que eu tivesse pressentimentos antes de
uma corrida, eu estava definitivamente ficando em casa. — Vá
em frente — eu disse aos médicos.

***

Uma hora de analgésicos, era fácil entender como as


pessoas se tornaram viciadas neles. Eu me sentia uma merda na
sala de exame e durante os raios-X da minha caixa torácica e
meu joelho, que tinha inchado do tamanho de uma toranja
durante o passeio de ambulância. Nada tinha sido quebrado, pelo
menos não todos os ossos.

Remover minha camisa e sapatos foi todo o esforço que eu


poderia colocar para me preparar para dormir. Meu quarto
parecia estranhamente menor quando eu estirei no meu colchão
e apreciei a dormência feliz que tinha começado como uma névoa
desde minha cabeça doendo e então, descia até os meus pés.
Meu joelho latejava conforme a pele esfregada contra o material
bruto de meu jeans, mas depois do acidente, eu acabei
sobrevivendo, eu não tinha o direito real de me sentir tão bem
quanto assim. Rowdy teve o Chevelle rebocado para a loja, mas
eu tinha certeza que mesmo as partes não valeriam muito.

Eu não tinha paciência para percorrer as centenas de


canais na televisão. Eu levantei o controle remoto e desliguei-a. A
única luz e som estavam vindo da sala da frente, onde Barrett
estava assistindo a um filme. Ele mal falou toda a volta para casa
e eu provavelmente fui muito duro com ele. Ele havia
testemunhado seu irmão bater em um guard-rail poucos minutos
antes de tomar duas decisões incrivelmente estúpidas. Ele não
tinha desculpa real para contar a Taylor que ela me distraiu um
pouco antes da corrida, exceto que ela lhe perguntou o que tinha
acontecido e foi a primeira resposta que tinha caído para fora de
sua boca. Ele amuou sobre isso por um dia ou dois, mas ele
recuperou as coisas rapidamente.

Minha porta se abriu e Barrett entrou com um copo de água.


Ele abaixou-o no meu criado-mudo.

— Para os analgésicos, porque eu sei que é uma covardia o


que você está prestes a engolir. Além disso, esse tipo de pílula te
deixa com a boca seca.

— Falou como um verdadeiro especialista. Fiquei me


perguntando se eu deveria esconder as garrafas. — Eu lamentei o
comentário imediatamente. Seu rosto caiu. — Eu estou
brincando, Rett. São as pílulas falando. Obrigado por me trazer
para casa.

Ele acenou com a cabeça.


— Ei, há quanto tempo Taylor está saído com aquele babaca?

A mudança evitou fazer a terceira aparição para a noite.


Barrett olhou para o chão, como se ele estivesse verificando o
carpete.

— Eu não estou completamente certo. Não é grande coisa.


Eu tinha parado de andar com ele — ele estendeu a mão para as
garrafas de prescrição no meu criado-mudo, empurrou para
dentro e fechou a gaveta. — Gus é muita tentação. O cara gosta
de diversão. Ele é um bom vendedor e eu sou a porra de um
bobalhão.

— Ótimo e Taylor está saindo com ele. — Eu estava


rapidamente lamentando iniciar essa conversa. Minha cabeça já
estava latejando.

— Taylor nunca gostou de nenhuma dessas merdas.


Quando ele não está no topo e perdido, o cara é muito
interessante de estar ao redor. Ele viu uma grande parte do
mundo e ele tem um dos trabalhos mais perigosos. Garotas
amam isso.

— Sim, isso é só foda. — Eu apertei o meu braço contra a


minha caixa torácica. Era como se eu tivesse embaralhado os
ossos ao redor e colocando-os de volta no lugar errado. Respirar
regularmente era uma tarefa árdua.

— Uh, considerando como Taylor reagiu hoje à noite,


quando ela testemunhou o acidente, eu não acho que você tem
muito com que se preocupar.
Houve uma batida na porta da frente.

— Você está esperando alguém? — Perguntei.

— Eu não. Não se levante. Vou ver quem é.

— Eu acho que seria necessário um guindaste para eu sair


desta cama.

Barrett saiu do quarto. Minhas pálpebras estavam pesadas


e meus olhos se fecharam. Eu estava à beira de um sono
profundo atado de drogas, quando uma respiração suave me
puxou de volta. Minha mente estava em uma névoa, mas eu
sabia cujos lábios o sopro tinha flutuado. Mesmo depois da noite
que eu tive, eu sabia quem estava no meu quarto antes que eu
abrisse meus olhos.

Virei à cabeça. A luz da sala de estar enquadrava sua


silhueta de e então, meus olhos focaram o suficiente para ver seu
rosto claramente na luz fraca. A palidez tinha ido, mas choque e
angústia ainda marcavam seu rosto incrível.

— Não fique assim, Taylor. Nada disso foi culpa sua.

Lágrimas brotaram nos olhos dela.

— Barrett disse...

— Desde quando você ouve alguma coisa que Rett diz?


Realmente, eu estou bem e esses analgésicos são foda.

Ela sorriu por baixo das lágrimas. Ela ficou lá por um longo
minuto em silêncio e em seguida, ela atravessou o quarto, tirou
suas sandálias e levantou as cobertas. Meu coração batia forte
contra minhas costelas doloridas quando ela deslizou sob as
cobertas e colocou-se ao meu lado.

Seu doce cheiro era ainda mais reconfortante que as drogas


enquanto eu a embalei contra minhas costelas doloridas. Ela
apertou o rosto contra meu peito.

Tanta coisa havia acontecido no espaço de uma noite e


minha cabeça estava girando com tudo isso. Mas nada era mais
importante que este momento, segurando Taylor, a mulher que
eu amava, em meus braços.

Ela se aconchegou ao meu lado e sua fragrância familiar


encheu meus sentidos, sentidos que foram intensificados pelas
drogas e por tê-la tão malditamente perto.

Ela levantou o rosto e olhou para mim.

— A propósito, isso não muda nada. Eu ainda te odeio.

Puxei-a para mais perto e tive que me conter para não


segurá-la com muita força.

— Sim, eu sei.
Capítulo 16

Taylor

Meu telefone tocou no meu bolso, me acordando de um sono


profundo. Deitada dobrada contra o peito duro de Clutch com
seus enormes braços em volta de mim, eu me sentia exatamente
como eu esperava, segura, confortável e bem. Era para eu estar
sempre tão perto dele, mas coisas loucas sempre pareciam ficar
no caminho. E, tanto quanto eu sabia, esse era o lugar que eu
deveria estar, ele parecia completamente inseguro. Hoje à noite,
quando eu vi o seu carro voar para o parapeito, eu agarrei o
braço de Gus para não cair de joelhos. Assim que eu me senti
firme o suficiente para correr, eu entrei no meio da multidão para
chegar até ele, com medo do que eu pudesse encontrar quando
eu chegasse lá. Mais de uma vez, Jason me contou a história
trágica de como Nix viu seu pai morrer em uma corrida de carros
e esse cenário horrível passou pela minha mente enquanto eu
corria para ele.

O resgate havia passado por mim quando eu o vi sair de seu


carro e caminhar até a maca, mas quando Barrett tinha deixado
escapar que ele tinha me visto no meio da multidão com Gus
pouco antes da corrida, o horror retornou. Gus me deixou no
estacionamento e eu sabia que ia demorar. Uma vez que o carro
dele estava fora de vista, eu andei até à parada de ônibus mais
próxima. Eu tinha que ver Clutch. Eu tinha que saber que ele
estava bem.

Clutch respirou fundo e seu peito pressionou com mais


força contra a minha bochecha. Eu podia ouvir a batida
constante e lenta de seu coração. Com medicação para a dor, ele
caiu em um sono profundo. Meu telefone tocou novamente com
urgência. Consegui libertar um braço e coloquei a mão no bolso.

“Você deveria voltar para casa agora”, o texto era de Jason.


Era incrível o quanto de comando e ameaça meu irmão poderia
colocar em seis palavras.

Enfiei o telefone de volta no bolso e olhei para o rosto de


Clutch. Ele era de tirar o fôlego mesmo durante o sono. Eu
deslizei para cima e seus braços instintivamente apertaram ao
meu redor, como se ele não tivesse intenção de me deixar escapar.
Se ao menos fosse esse o caso. Se ele soubesse que tudo o que
ele tinha que fazer era pedir e eu ficaria com ele para sempre. Eu
beijei seus lábios levemente e ele se mexeu, mas não acordou.

Consegui me livrar de suas mãos. Vesti minhas sandálias e


na ponta dos pés, fui para fora do quarto. Barrett estava estirado
no sofá com o braço pendurado no chão e sua mão ainda envolta
em torno de uma cerveja. Ele estava dormindo.

Arrastei-me do outro lado da sala, esperando que eu não


tivesse perdido o ônibus da meia-noite ou eu estaria mesmo
chegando tarde em casa. Neste ponto, eu não dava a mínima
para o que os meus pais tinham a dizer sobre eu estar na rua até
tarde.

— Deixe-me dar-lhe uma carona para casa, Tater — uma


voz grogue flutuou, levantando do sofá.

— Eu vou pegar o ônibus.

Barrett sentou-se e penteou os longos cabelos para trás com


os dedos. Ele apertou os olhos para a luz da sala. — Não, já é
tarde. Todos os tipos de assassinos em massa andam nesses
ônibus a essa hora.

— Todos os tipos? Eu não sabia que havia uma variedade


deles lá fora.

Ele pegou os sapatos e colocou-os.

— Claro que sim, há. — Ele empurrou-se do sofá e enfiou a


mão no bolso para as chaves. Ele chegou à porta e sorriu para
mim com aqueles olhos azuis que eram sua arma mais forte. — E
tudo o que eles gostam em suas presas são meninas bonitas com
cabelo cor de cobre e lábios carnudos.

— Ah, é? — Saímos. Eu me abracei contra a queda drástica


na temperatura de estar envolvida nos braços gigantes de Clutch
para a fresca e clara noite de primavera. — Como você sabe que
eles não gostam de meninos bonitos com cabelo loiro?

Ele fez uma careta para mim.

— Você sabe que eu odeio ser chamado de bonito.

— É por isso que eu escolhi esse adjetivo em particular. —


Fui até o lado do passageiro. — Mas ei, obrigado pela carona.
Pelo texto que eu acabo de receber de Jason, parece que uma
terapia divertida e sessão de intervenção estão me esperando em
casa. — Eu subi no interior da cabine e percebi que minha carga
era um pouco leve. — Pô, eu deixei minha mochila na parte de
trás do carro de Gus. Acho que acabei de estragar minha
cobertura de estar na rua até tarde estudando.

Barrett olhou para mim quando ele enfiou a chave na


ignição.

— Sério? Seus pais pensam que você estava fora estudando?

— Ei, eu estudo.

Sua risada encheu a cabine da caminhonete quando ele


recuou para fora da garagem.

Cheguei a frente e mexi com o rádio até que algo decente


veio.

— Ele vai realmente sentir isso amanhã — eu disse


calmamente na música aos berros.

— Sim, é sempre pior no dia seguinte. — Barrett olhou para


mim. — Obrigado por ter vindo para vê-lo esta noite. Tenho
certeza de que o fez se sentir melhor.

— Ele estava tão drogado, eu duvido que ele ainda vai se


lembrar que eu estava lá.

Ele riu novamente, mas tinha um som completamente


diferente.

— Acredite em mim, ele vai se lembrar disso. Não se


preocupe com a sua mochila. Eu vou pegar de volta de Gus. Eu
sei que você estava indo para dizer-lhe que você não pode sair
com ele. Como ele reagiu?

Eu olhei em silêncio para fora da janela do passageiro.

— Você não disse a ele, não é?

Dei de ombros.

— Tanta coisa aconteceu hoje à noite, eu simplesmente não


tenho a força para fazê-lo. Mas eu vou. Além disso, ele estará
partindo em duas semanas e em seguida, ele vai estar a milhares
de quilômetros de distância.

— Covarde.

— Certo, eu sou uma covarde. Quantas garotas você


encontrou ou foi para casa que você nunca ligou de novo? — Eu
levantei a minha mão. — Não se preocupe em tentar contar. A
volta para casa não é tão longa.

Minha rua estava escura e silenciosa quando a caminhonete


vagou ao longo entre os gramados bem aparados. As calçadas de
cimento brilhavam debaixo de uma lua quase cheia. Barrett
desligou os faróis, várias casas antes da minha.

— Apenas no caso de seu pai ter uma espingarda apoiada


em seu colo, enquanto ele está empoleirado rígido em sua cadeira
à espera de sua pequena instigadora voltar para casa.

— Obrigada por esse cenário encantador. Como se o meu


coração já não estivesse batendo rápido o suficiente.

Seus olhos se arregalaram e preocupação atravessou seu


rosto.
— Ele realmente não tem uma arma, não é? — Ele agarrou
meu pulso. — Ele não iria machucá-la, certo?

Sua preocupação era bonita e era algo que eu raramente


tinha visto dele.

— Não, ele não iria, ao menos que você conte gritar comigo
no topo de seus pulmões. Isso fere um pouco meus ouvidos. —
Estendi a mão para a porta e em seguida, sorri para ele. — Você
sabe que eu sempre penso em você como apenas um cara de boa
aparência que não tem muita profundidade aqui. — Toquei seu
peito. — Há esperança para você ainda, Barrett Mason. — Eu
inclinei e beijei sua bochecha. — Obrigada pela carona de volta
para o Calabouço da Perdição.

Meus dedos tremiam um pouco quando eu empurrei a


chave na porta. A única luz acesa era a luz fraca que mamãe
deixou na cozinha, caso alguém precisasse de um copo de leite
no meio da noite. Ela sempre insistia que era para a segurança,
mas eu tinha certeza que era para que ninguém derramasse nada
sobre seus balcões brilhantes.

A casa estava estranhamente silenciosa enquanto eu


rastejei pelo longo corredor para o meu quarto. Eu teria quase
preferido tê-los me encontrando na porta de entrada ou cozinha.
Meu coração estava pulando no meu peito e eu estava me
preparando para um ataque surpresa. A luz bruxuleante vinda de
debaixo de sua porta deixou-me saber que eles ainda estavam
assistindo televisão. Passei seu quarto e a luz apagou. O único
som na casa era o velho relógio mantido da minha avó, a
máquina de gelo na geladeira e o pulso batendo em meus ouvidos.
Eu alcancei minha porta e deslizei para dentro. Se eu
tivesse que enfrentá-los, eu preferia que fosse no meu próprio
território, especialmente porque a bagunça no meu quarto,
provavelmente, distrairia minha mãe do sermão. Lavei o rosto e
vesti uma camiseta longa que sempre usava para dormir. A
espera estava me matando. Eu só queria me livrar de tudo e
acabar. Eu tinha toda a intenção de dizer-lhes tudo. Eu estava
ficando cansada de inventar histórias e mentiras.

Eu subi na cama e me sentei contra a cabeceira da cama,


observando a maçaneta da porta girar como em um daqueles
filmes de terror onde a menina ouve passos e aguarda a abertura
da porta. Mas não havia pegadas, apenas aterrador silêncio.
Todos os tipos de cenários estranhos flutuando através de minha
imaginação, como acordar de manhã e encontrar-me amarrada
no assento de um avião indo para Florida. Ou talvez, eles
tivessem acabado de colocar travas do lado de fora da porta e
cortaram uma fenda para deslizar comida para mim. Uma calma
inquietante permeava por todos os cantos da casa.

Eu inclinei minha cabeça para trás e fechei os olhos,


tentando reviver a sensação de estar envolvida nos braços de
Clutch. Eu daria qualquer coisa para estar lá pressionada contra
ele, seus roncos suaves despenteando o cabelo no topo da cabeça.
Meu telefone tocou no bolso da bermuda que eu tinha jogado no
chão. Corri para ele como se o baixo nível de vibração pudesse
ser ouvido por toda a casa.

Eu olhei para a tela e meu coração virou ao redor no meu


peito novamente, mas por um motivo completamente diferente.
Eu o chamei centenas de vezes, mas eu poderia contar suas
chamadas de telefone em uma mão.

— Oi — eu disse calmamente. Cada som perturbaria o


silêncio da casa.

Houve uma longa pausa e por um momento, eu pensei que


ele iria desligar.

— Eu acordei e você não estava lá. — Eu podia sentir que


ele estava com dor física.

— Eu precisava chegar em casa.

— Eu não consigo dormir.

— Pegue outra pílula.

— O único analgésico que eu preciso é você deitada ao meu


lado.

Eu sorri e fechei os olhos absorvendo as palavras, embora


eu soubesse que eles eram, provavelmente, resultado das drogas.

— Você está drogado.

Ele ficou em silêncio e eu me perguntei se ele voltou a


dormir.

— Eu não estou drogado. Eu quero você, Taylor, aqui, ao


meu lado. Foda-se o que todo mundo pensa. Eu preciso de você.

— Eu sei que você precisa, seu idiota. — Minha garganta


apertou e era difícil de falar. — Eu tenho tentado dizer-lhe isso
há dois anos.
Eu podia ouvir sua respiração através do telefone e eu fechei
meus olhos e imaginei-o acariciando minha boca antes de me
beijar.

— Você ainda me odeia?

Lágrimas inesperadas rolaram pelo meu rosto. Esse homem


certamente tinha um talento especial para me fazer chorar.

— Sim, eu odeio.

— Você está chorando?

— Sim, não, talvez. — Limpei minhas lágrimas com a manga


da minha camiseta.

— Taylor — ele disse em voz baixa — Eu nunca parei de


pensar em você. — Sua respiração ofegante gaguejou através do
telefone. — Eu nunca parei. — Eu ouvi sua cama ranger e ele
gemeu de dor. Minhas lágrimas corriam mais rápidas.

Minha voz ficou presa na minha garganta e eu engoli e


respirei fundo. Eram os comprimidos falando e eu tive que
manter minha cabeça.

— Ei, Viking, pare de ser tão estoico e tome o maldito


comprimido.

— Eu vou — ele finalmente disse. — Mas eu ainda não vou


dormir sem você pressionada contra mim.

— Boa noite, Clutch.


Capítulo 17

Clutch

Barrett levantou os olhos da tigela de cereais.

— Não há nenhuma maneira que você vá hoje. Você se


parece, como se estivesse em um acidente de carro. — Ele sorriu
para o seu estúpido comentário e levantou a xícara para beber o
leite.

A distância para o pote de café parecia assustadora. O que


normalmente ia em três passos largos pelo chão, se transformou
em sete baralhamentos meticulosos. Meu joelho latejava a cada
passo, mas favorecer a outra perna enviou uma pontada de dor.

Barrett riu quando ele abaixou a xícara.

— Puta merda, você está parecendo o vovô Mason. Ainda me


lembro de quando ele ia nos visitar e ele dava esses pequenos
passos e se você ficava preso atrás dele no corredor, você tinha
que esperar quase 30 minutos para chegar ao outro lado.

Servir o café levou algum esforço. Virei-me em câmera lenta


e escorreguei em uma cadeira. As pernas da cadeira rangeram
quando meu joelho deu o fora até a metade e eu sentei com força
no assento. Olhei para a mesa de Barrett.

— Estúpido. — Eu tomei um gole de café e quase cuspi


fora. — Quem te ensinou a fazer o café? Tem gosto de alcatrão.
— É assim que nós fazemos no barco, grosso e preto, assim
como os cowboys costumavam beber.

— Empurre o leite, Wild Bill. Talvez eu ainda possa salvar o


meu cálice.

Barrett deslizou a caixa de leite na minha direção e eu


afoguei o café com leite.

— Obrigado por levar Taylor para casa ontem à noite. — Eu


tinha acordado com a fragrância persistente de seu perfume em
meus lençóis e tudo que eu conseguia pensar era que eu queria
que ela ainda estivesse lá, embrulhada dentro de meus braços,
pressionando seu doce e sedutor corpo contra mim. Teria
definitivamente me dado incentivo para permanecer na cama em
vez de ignorar o protesto doloroso de todos os músculos do meu
corpo.

— Louca pequena Tater, ela veio aqui de ônibus e ela estava


realmente planejando subir de volta no ônibus para ir para casa.

Fiquei olhando para a mistura espumosa de café e leite.

— Pequena Tater, eu não ouvi esse apelido por um longo


tempo. — Meu peito estava pesado, não tanto por causa das
drogas e de todo o massacre de uma noite, mas de falta dela. Ela
subiu silenciosamente na cama ao meu lado e me senti
completamente bem. Seu lugar era ali. Ela sempre
pertenceu. Não havia mais ninguém. Apenas Taylor.

Barrett se levantou para colocar a tigela na pia.

— Sim, mas ela não se enquadra muito bem no apelido mais,


porém, os velhos hábitos custam a morrer. Você realmente vai
trabalhar hoje?

— Sim, eu tenho coisas para fazer. Além disso, eu me sinto


melhor se eu estiver em movimento. Uma vez que me deite, é
muito mais difícil de descascar a minha bunda para fora da
cama. Mas você pode me levar. De alguma forma, sentar ao
volante só não soa divertido hoje.

— Você não deveria voltar para o cavalo?

— Não, se esse cavalo vai trotar através do tráfego nas


autoestradas de Los Angeles. E a minha cabeça parece que está
cheia de algodão hoje.

Barrett devolveu o leite na geladeira.

— Isso soa como o perfeito estado de mente para sentar-se


no trânsito. Bem, apresse-se, vovô. Meu chefe é um verdadeiro
idiota quando estou atrasado.

***

Barrett tinha conseguido encontrar todos os buracos e


remendo áspero na estrada e em seguida, parecia ter prazer em
bater na borda da garagem extra dura enquanto ele parou atrás
da loja.

— Cristo, é assim que trata minha camionete todos os dias


ou só está com vontade de me torturar?
— Ei, é assim que você me ensinou a dirigir, irmão mais
velho.

Eu balancei minha cabeça.

— Eu não estou tomando o crédito pela sua condução,


burro de merda.

— Isso, vindo do homem que deixou a maior parte de sua


Chevelle no parapeito na noite passada. — O sorriso no rosto
definitivamente precisava ser apagado, mas eu não estava de
bom humor.

— Tecnicamente, isso foi culpa sua também. — Olhei para o


meu telefone pela centésima vez desde que tínhamos saído de
casa. No verão anterior, eu podia contar com ela me enviando
mensagens de texto ou ligando para mim, pelo menos, três vezes
por dia. E, mesmo que eu tivesse agido irritado, eu não tinha
estado. Foi estúpido, mas eu tinha certeza que ela iria me
mandar uma mensagem só para ver como eu estava me
sentindo.

— Você deve estar esperando uma ligação muito importante.

— Sim e é por isso que eu sou o chefe. Recebo chamadas


importantes. — Depois de sentar no carro durante meia hora,
sair machucou cada músculo do meu corpo.

— Ou talvez você só está esperando um texto vindo de uma


certa menina de longas pernas e cheiro doce.

Olhei por cima da caminhonete para ele.


— Merda, Rett, eu realmente preciso dessa merda hoje?

— Você está certo. Desculpe por isso. Vou entrar para


terminar de limpar as peças. Vou deixar Scottie saber que você
vai estar dentro em — Ele olhou para o asfalto até a porta de trás
da loja e depois de volta para mim. — Em cerca de 20
minutos. — Mais uma vez, satisfeito com o seu próprio humor,
ele riu e se dirigiu para a porta.

Scotlyn levantou os olhos do computador.

— Clutch! — Ela deslizou para fora de trás do balcão e notei


as lágrimas pouco antes dela jogar seus braços em volta de
mim. — Graças a Deus está tudo bem.

Eu a abracei de volta. Ela estava tremendo um pouco.

— Ei, Scottie, eu estou bem. Só um pouco dolorido.


Desculpe por lhe dar tal susto.

Ela ergueu o rosto.

— Não faça isso de novo.

— Considerando que eu tinha que derrubar o meu melhor


carro, eu não acho que isso vai ser um problema.

Ela enxugou uma lágrima de sua bochecha com o polegar.

— Seu carro está na garagem e depois de ver isso, eu estou


feliz que eu não estava lá na noite passada. — Ela deu um passo
para trás e olhou para mim. — Eu não posso acreditar que você
não está tão machucado.

— Só um joelho muito inchado. Não sei no que eu bati, mas


essa é a minha principal queixa. Eu acho que ajuda ser
construído como um Viking.

Ela sorriu fracamente e deu um tapinha no meu braço.

— É como ter seu próprio terno muscular de armadura.


Agora, vá se sentar em seu escritório e colocar a perna para cima.
Você não devia estar de pé sobre o joelho. Jason ainda não está
aqui, mas eu tenho certeza que ele pode fazer as entregas hoje.
Eu te mandei alguns e-mails dos pedidos de peças.

— Devo a Jason uma. Ele chegou ontem à noite e abriu a


loja para a caminhonete de reboque. — Eu manquei até o
escritório e cai na minha cadeira. Eu tinha esperanças de que
Jason não tivesse pista sobre Taylor estar na corrida ou comigo
após a corrida.

Scotlyn entrou e deslizou a cadeira extra através da sala e


deu um tapinha na almofada do assento.

— Coloque sua perna para cima aqui e eu vou te dar um


pouco de café.

Ela deixou o escritório. A porta se abriu e se fechou.

— Eu vi a caminhonete de Barrett lá atrás — a voz irritada


de Jason encheu a sala da frente. — Onde ele está?

— Ele está fora limpando as peças — Scotlyn respondeu


hesitante, assegurando-me que eu não tinha ouvido mal a raiva
na voz de Jason.

Seus passos bateram no chão de ladrilhos da loja e eu ouvi


a porta da sala de peças ranger uma vez que se abriu.

— Você é a porra de uma doninha — Jason gritou.

Eu levantei da minha cadeira, esquecendo temporariamente


que tudo doía. Lembrei-me no segundo que meu pé bateu no
chão. Peguei meu joelho para parar a dor pulsante e depois, sai
mancando para a sala de volta.

Barrett estava em pé, olhando completamente chocado, mas


com os punhos prontos para a defesa.

— Você é um perdedor. Eu o deixei trabalhar em minha loja


e você conecta a minha irmã com um daqueles crápulas dos seus
amigos drogados? — Jason deu um passo em direção a ele.

— É a nossa loja — eu disse.

Jason virou-se e seus olhos se abriram.

— Clutch, eu não pensei que você estivesse aqui.

— Pela maneira como você acabou de falar com meu irmão,


isso é muito fodidamente óbvio.

Ele ficou em silêncio.

— Que diabos, Jason? Você perdeu sua mente maldita? —


Eu perguntei.

Meu comentário parecia chutá-lo de volta para o modo de


ataque.

— Este perdedor juntou Taylor com....

Aparentemente, raiva era um analgésico muito melhor do


que os opiáceos. Eu estava na frente dele antes que ele pudesse
piscar e minha proximidade o calou rápido.

— Jason — eu disse entre dentes e meu tom drenou o


sangue de seu rosto. — Nós temos sido amigos há muito tempo,
mas se você chamar meu irmão de perdedor novamente, ou
qualquer outra coisa desse tipo, eu vou batê-lo por aquela parede
de trás.

Ele esticou-se mais alto, algo que ele sempre fazia quando
estava chateado comigo. Sua cabeça ainda mal chegou ao meu
ombro.

— Eu estou apenas olhando por minha irmã, assim como


você está olhando por ele.

— Sim, eu entendo isso, mas a sua irmã faz suas próprias


decisões. Você deve parar de tentar controlá-la. — Foi a primeira
vez que eu tinha defendido Taylor de seu irmão e isso me fez
perceber que idiota eu era. Eu sempre fui do lado dele e pelo
olhar em seu rosto, percebi que ele estava tão chocado quanto eu.

— Eu acho que você deveria cuidar da sua vida maldita. —


Ele deslizou por mim, mas depois parou. — E você fique bem
longe dela também. Meus pais estão pensando em mandá-la
longe de novo e vai ser culpa dele. — Ele apontou para Barrett e
depois virou para me encarar. — E a sua.

— Sério? — Ele não ia puxar um refúgio covarde depois


disso. — Porque eu acho que é culpa dos seus pais. E você é tão
culpado quanto eles.
Os ombros de Jason endureceram e ele parou na porta e
olhou para mim. Ele estava chateado, mas eu também, nós
argumentamos muitas vezes, mas isso era diferente. Nós
estávamos causando danos irreparáveis à nossa amizade e
parceria.

— Seu idiota egoísta, você tem apenas uma razão nessa luta.
Você quer minha irmã. Bem, você não vai tê-la. Meus pais vão
mandá-la para fora da porra do país, se eles precisarem.

— Você é apenas o bode expiatório de seu pai. E a sua


namorada é demais. E obrigado por me deixar saber como você e
seus pais realmente se sentem sobre mim. Engraçado que eu sou
bom o suficiente para ser seu parceiro de negócios. Ou isso é só
porque eu sei como ganhar dinheiro?

Sua boca torceu quando ele parecia considerar suas


próximas palavras com cuidado. Merda já tinha atingido o
ventilador e pulverizado o quarto inteiro. Eu duvidava que
houvesse muito mais que pudesse dizer para piorar as coisas.

— Meus pais querem o melhor para Taylor. Vamos apenas


dizer que eles estavam esperando por alguém a partir de um lado
melhor dos trilhos.

Eu estava errado. Havia mais merda para arremessar e essa


foi a pior merda de todas.

Jason remexeu enquanto eu olhava para ele. Por um


segundo, realmente parecia que ele desejava poder engolir as
palavras de volta, mas era tarde demais para isso.
— Não que eu dê a mínima, mas bom saber sua opinião
sobre mim, parceiro. Tudo o que sei é que, se as pessoas
ignorantes como seus pais vêm do melhor lado das trilhas, então,
eu estou feliz por estar do outro lado.

Com nada mais a dizer, ele saiu da sala. Voltei-me para


Barrett, que ainda parecia atordoado, como um garoto que tinha
preso um clipe de papel em um soquete elétrico.

Corri meu cabelo para trás com os dedos e suspirei quando


olhei em volta para as pilhas de peças. Jason e eu tínhamos
começado um negócio incrível juntos e ele já tinha feito muito
mais dinheiro que qualquer um de nós esperava, mas essa
parceria cresceu mais e mais tênue a cada dia. Mesmo assim,
não era o negócio que pesava sobre meu peito. Era a garota.
Capítulo 18

Taylor

Quatro gaivotas estavam empoleiradas na cerca branca da


marina olhando avidamente pelo para-brisa enquanto Scotlyn
estacionou o carro. Ela riu.

— Eu acho que eles sabem que nós temos comida.

Saímos do carro, instintivamente colocando nosso balde de


frango e caixa de biscoitos sob nossos casacos para protegê-los.
Uma brisa costeira tinha empurrado a névoa da costa e uma lua
cheia pairava baixo no céu à noite cedo.

— Esta foi uma ótima ideia, Scottie. Estou muito feliz que
você me convidou aqui para o jantar.

— Na verdade, eu tentei te ligar na semana passada, mas


você tem sido difícil de alcançar. Eu sei que você estava fora nas
corridas o último sábado, quando Clutch caiu e eu percebi que
você teve um bom susto. Estou tão feliz que eu não estava lá.
Essas corridas são terríveis para mim.

— Eu posso te dizer que, depois da corrida da semana


passada, elas são terríveis para mim também. Lamento que você
não pudesse me alcançar. Eu cheguei em casa tarde da noite e
tinha certeza de que meus pais me trancariam no meu quarto por
um ano. Nada aconteceu naquela noite, mas eu fui para a cama
com aquela sensação rastejando, que começa quando você tem
certeza de que alguma coisa ruim está prestes a acontecer. Eu
acordei na manhã seguinte e eles levaram o meu telefone e o
computador.

Scotlyn engasgou.

— Quer dizer que você teve que ficar sem a tecnologia.

Chegamos ao cais. A temperatura caiu e eu segurava o


balde de frango com força pelo o calor.

— Sim. Eu disse a eles que poderiam me trancar em uma


cela acolchoada, porque eu ia ficar batendo nas paredes sem meu
telefone. Eles não estavam se divertindo. Eles são
verdadeiramente um lindo par.... e tão racional com todas as
suas decisões. Eu não deveria ir a qualquer lugar exceto a escola
e casa, mas lembrei-lhes que eles levaram meus aparelhos
eletrônicos, eles não tinham levado meus pés. Então, lá fui eu.
Foi muito engraçado, porque eu poderia ficar na rua até tarde e
minha mãe não podia ligar para mim para me verificar. Isso a
estava deixando louca e eu sabia que ela queria muito me dar o
telefone de volta.

Scotlyn balançou a cabeça com diversão. Ela puxou dois


biscoitos fora da caixa e me entregou um.

— Eu, pessoalmente, sei que o mundo seria um lugar


melhor se a sobremesa viesse antes de cada refeição.

Mordi o cookie.

— Eu venho tentando convencer minha mãe disso durante


anos.

A brisa ficou mais forte conforme chegamos mais longe


sobre a água. Pequenas ondas azuis marinhas espirraram contra
os cascos dos barcos ancorados.

— Como você conseguiu o seu telefone de volta?

Eu sorri para mim mesma.

— Foi tudo muito diabólico da minha parte, mas eu estava


sem a tecnologia durante uma semana. A menos, claro, você
conte os computadores primitivos no laboratório da escola, onde
qualquer site que vale a pena visitar foi bloqueado. Eu estava
tomando café da manhã antes da escola na sexta-feira e eu disse
à minha mãe que um dia antes, uma caloura estava parada no
ponto de ônibus e um cara parecendo assustador tinha saltado
de uma van e tentou agarrá-la. Eu disse que ela fugiu e
rapidamente chamou a polícia em seu telefone celular. — Eu
terminei o cookie e limpei as migalhas do meu casaco. — Eu
podia ver as rodas de terror girando e as bobinas de cenários
assassinos virando na sua cabeça o tempo todo que eu estava
recitando minha história, era completamente mentira. — Minha
risada tinha uma ponta de culpa. — Peguei minha mochila e
beijei-a na bochecha. Ela estava atrás de mim com o meu
telefone antes que eu pudesse dar um passo para fora.

Scotlyn sorriu para mim.

— Você está certa, diabólico, mas provavelmente necessário


para ela vir a seus sentidos.
O Zany Lucy subia e descia, lado a lado na maré
indisciplinada. Nós entramos a bordo. Havia uma placa de 'à
venda' na janela da cozinha.

— O quê? Vocês estão vendendo a Lucy?

— Temo que sim — disse Scotlyn enquanto abria a porta da


cabine. — Ela precisa de muito cuidado e não temos dinheiro
suficiente para a manutenção.

Entramos e imediatamente me senti um pouco enjoada do


entorno próximo e movimento sob os meus pés.

— Podemos comer fora? Eu acho que esse cookie pode fazer


uma reaparição se eu ficar aqui por muito tempo.

— Eu vou pegar alguns cobertores. Veja, viver em um barco


tem algumas armadilhas — disse ela enquanto ela se abaixou
para o quarto. Ela ressurgiu com uma braçada de cobertores. —
Eu quero dizer que pode ser lindo e incrivelmente romântico
quando todos os elementos estão cooperando. Mas isso é raro. O
oceano tem uma mente própria.

Segurei um dos cobertores.

— Gus me contou algumas histórias realmente


assustadoras sobre seu tempo no mar de Bering.

Scotlyn era boa em não verbalmente julgar, mas suas


expressões faciais sempre deixavam você saber o que ela estava
pensando.

— Eu realmente não estou vendo ele — eu disse


rapidamente. — Ele apenas me pegou algumas vezes esta
semana na escola e nós saímos. — Eu nunca tinha chegado até a
coragem de dizer algo para Gus. Eu imaginei que ele estaria
partindo em breve e que seria o fim de tudo.

Nós nos dobramos para o banco almofadado na proa. Nós


puxamos os cobertores sobre os nossos ombros e me encolhi
para me aquecer. O convés subiu e caiu debaixo dos nossos
fundos.

Scotlyn abriu o balde de frango.

— Você está se sentindo melhor?

— Sim, é sempre melhor aqui fora no aberto. — Eu dei uma


mordida. — Eu só ouvi pequenos pedaços de informações sobre
Clutch. Como ele está se sentindo? — Eu estava morrendo de
vontade de perguntar a ela sobre ele a tarde toda, mas eu não
queria parecer ansiosa demais. Eu tinha agido como uma menina
boba da escola, desesperada por um longo tempo e eu estava
determinada a provar a todos que eu tinha crescido. Claro, eu
ainda me permiti o prazer pateta de rabiscar seu nome em todos
os meus cadernos de escola. Mas ninguém mais veria isso. E
meus rabiscos definitivamente tinham intensificado desde a noite
em que ele ligou. Mesmo que fosse óbvio que ele só ligou porque
estava alto e suas palavras foram as drogas falando, eu permiti-
me a ilusão de pensar que ele queria dizê-las.

Scotlyn pegou um pedaço de frango.

— Ele está bem. Ele ainda está mancando um pouco e ele


aperta o braço contra as costelas como se doesse muito, mas
acho que ele tem estado muito mais perturbado por perder
aquele carro. — Umidade salgada subia na água e nós duas
estremecemos. Scotlyn puxou as pontas do cobertor fechado sob
o queixo. — Você sabe, eu acho que ele tentou chegar até você
algumas vezes, mas assim como eu, ele não sabia que seu
telefone foi levado.

Olhei para cima da minha coxa.

— Sério? — Eu tive que forçar de volta a emoção na minha


voz. — Tenho certeza de que meu irmão sabia que meu telefone
tinha ido embora. Ele e os meus pais gastam uma grande parte
de suas horas de vigília discutindo todas as coisas que eu fiz de
errado. Teria sido bom ele ter deixado os outros saberem que eu
não tenho um telefone. — Eu deixei cair o osso de galinha no
meu guardanapo e encostei-me à parte de trás do banco. — Acho
que ele nunca teria mencionado a Clutch até porque, não deve
estar falando com ele.

Scotlyn pegou outro pedaço de frango e em seguida, decidiu


não tomar um. Parecia que ela tinha algo que ela queria dizer,
algo que foi angustiante, mas ela tinha uma tendência a cair em
silêncio quando algo incomodava. Ela recostou-se ao meu lado e
ficou olhando para o céu.

Virei a cabeça e olhei para ela.

— Há algo que você não me disse. — Não é que eu tinha


certeza que eu queria ouvir, mas seu súbito silêncio me deixou
curiosa.

Ela puxou o cobertor mais apertado e se contorceu


desconfortavelmente por um segundo.

— Seu irmão e Clutch não estão se falando no momento.

Sentei-me para frente.

— Sério? — Eu não fazia ideia. Eita, a porcaria que acontece


quando você não tem nenhuma conexão com o mundo. — O que
aconteceu?

Scotlyn olhou para suas mãos e torceu os cantos do


cobertor entre os dedos. Quando outras pessoas se calam, era
apenas quieto, mas quando Scotlyn calava-se, uma enorme
quantidade de energia sugou por trás da calma. Mas ela
realmente não precisa dizer mais nada.

Eu me inclinei para trás e encolhi debaixo do meu cobertor.


A lua cheia refletia uma incrível quantidade de luz sobre a água.

— Tratava-se de mim.

Ela não respondeu, o que solidificou a minha suposição.

— Isso é ótimo. — Eu pulei para frente e peguei a caixa de


biscoitos.

Scotlyn puxou a caixa por um cookie.

— Olhe para o lado positivo. Você tem tantas pessoas que te


amam, eles estão todos brigando por você.

Scotlyn não tinha família, exceto a única pessoa que a


adorava o suficiente, valendo por uma família inteira de amor,
que era Nix. E estupidamente, eu meio que invejava sua falta de
laços com o mundo. Menos aborrecimento por toda parte.
— Sim, eu sou sortuda, tudo bem.

O convés do barco subia e descia e meu estômago caiu


como se eu estivesse de pé em um elevador.

— Eu posso ver onde a maré instável pode tornar a vida a


bordo um pouco inquietante.

— Veja. Eu acho que eu estou olhando para frente, há uma


casa com uma base por baixo. Então, a única coisa que tem que
se preocupar é os terremotos. — Scotlyn mordeu o cookie. —
Então, o que você pretende fazer depois de mudar?

A questão passou por minha cabeça centenas de vezes e eu


ainda não cheguei a uma resposta coerente. Mais ou menos como
o resto da minha vida era, confusa. No meu futuro perfeito, eu
estou estudando design de moda, mas tenho certeza que a minha
visão de utopia é muito diferente da visão dos meus pais. Eu não
vou ter as qualidades para uma faculdade de quatro anos. Eu só
tenho a mim mesma para culpar por isso, embora. É claro que,
se eu pegá-la, eu provavelmente poderia encontrar alguma
memória reprimida escondida de algo coxo que meus pais fizeram,
que causasse a minha falta de ambição na escola.

— Eu poderia totalmente ver você na moda. Você tem esse


incrível senso de estilo que eu sempre invejei. Como esse top
bonitinho estilo espartilho que você está vestindo esta noite. Eu
nunca teria pensado sobre combinar algo parecido com uma saia
de babados e botas curtas, mas é perfeito.

— Obrigada. Eu fiz este top eu mesma. Gosto de costurar.


Minha mãe diz que eu sou muito ousada com meus conjuntos,
mas eu digo estilo. Eu uso o que eu gosto. — Eu ajeitei o cobertor
sobre as pernas nuas. — Mas eu tenho que admitir que esta
indicação de forma particular, não é tudo o que é prático em um
barco.

— Você é realmente talentosa, se você costurou isso você


mesma. Se você está com frio, nós poderíamos ir para dentro —
Scotlyn sugeriu.

— Não, eu amo isso aqui fora na água. Limpa todas as


coisas da minha cabeça que precisa ser limpa. E ultimamente,
tem havido um monte de coisas. — Eu encolhi perto dela. —
Então, o que acontece com você, Scotlyn? Eu sei que sua vida
anterior tomou algumas voltas muito ruins, mas você já pensou
sobre o que você pode querer fazer no futuro?

Ela parou por um segundo.

— Eu vou começar na cidade a faculdade no outono. Eu


quero entrar em enfermagem.

— Uau, isso é uma profissão difícil. Bom para você.

Ela olhou para a água. Houve momentos em que ela era


incrivelmente bonita, como ninguém que eu já conheci
pessoalmente.

— Depois do acidente, eu estava sozinha no mundo. Era


como se um buraco negro horrível tivesse me engolido. Enquanto
os médicos e assistentes sociais e minha tia horrível ficaram por
aí tentando descobrir porque eu parei de falar e que o meu futuro
sombrio reservaria, as enfermeiras estavam lá me confortando.
Eu podia ver o meu próprio desespero espelhado em suas
expressões sempre que elas vieram para verificar a minha
temperatura ou trazer a minha bandeja de comida. Enfermeira
Frannie foi tão legal, ela realmente veio me visitar em suas horas
de folga. Eu quero ser assim. Eu quero estar lá para um garoto
que precisa dela também.

— Eu me sinto um pouco superficial agora com meus


sonhos de designer de moda — eu disse.

Ela me abraçou e riu.

— Superficial? Eu nunca conheci alguém com mais


profundidade do que você, Taylor Flinn.

Ficamos abraçadas até pegadas fortes na doca nos fazer


virar. Nix pulou na plataforma com doze latas de cerveja debaixo
do braço. Ele não tinha nos visto enfiadas debaixo das cobertas
no escuro. Scotlyn ergueu o dedo aos lábios, me dizendo para
ficar quieta. Nix se inclinou para destravar a cabine.

— Eu acho que você está pensando em ficar muito bêbado


hoje à noite, marinheiro, hein? — Nix endireitou ao som da voz
de Scotlyn.

— Eu não te vi sentada aí. — Então ele reparou em mim e


sua boca se abriu. — Ei, Taylor. — Ele olhou de volta para a doca
e depois para mim.

Scotlyn riu.

— Quem você está esperando? Seu amante secreto?


Mais passos bateram nas pranchas de madeira do cais.
Grandes passos, passos gigantes. O Zany Lucy inclinou para o
lado um pouco quando ele subiu a bordo.

A sensação estranha sempre me cercou quando eu estava


perto dele, como se de repente, tudo ao nosso redor fosse sugado
e estávamos completamente sozinhos em pé em algum lugar
vazio, desolado, só nós dois, olhando um para o outro, com
faíscas de energia aquecida voando entre nós, ligando-nos tanto
quanto nos empurrando para longe um do outro. E sempre
quando eu estava perto dele, eu podia sentir as ondas de tensão
que fluíam a partir dele, como se a minha presença causasse dor
de alguma forma. Mas desta vez foi diferente. Seus ombros
estavam relaxados. Sua mandíbula forte não estava se mexendo.
Seus dedos não estavam fechados em punhos. O único sinal de
tensão era em sua garganta, enquanto seu pomo de Adão se
moveu para cima e para baixo.

— Nós estávamos pensando em ir para a praia para uma


fogueira — A voz de Nix rompeu o silêncio.

Olhei para Nix.

— Você pode ficar, Taylor?

Virei-me para Clutch. Ele não tinha tirado os olhos de mim.

— Você quer que eu fique?

Às vezes, eu me esquecia como maciçamente construído ele


era, até que eu estivesse diretamente na frente dele. Seus olhos
pareciam pálidos e intensos na penumbra.
— O que você acha?
Capítulo 19

Clutch

Nós tínhamos um vagão cheio com madeira e cerveja e


arrastamos a pesada carga através da areia. O terreno irregular
não ajudou o meu joelho e por duas vezes, eu tive de abaixar e
pressionar a mão contra ele para estancar a dor. Havia ainda
uma dor surda em minha caixa torácica e algo me disse que a
lesão estava indo para me seguir por algum tempo.

A luz rica, amarela escorria da lua, lançando longas


correntes de luz ao longo da costa. O fogo irrompeu em chamas
lapidando alto em poucos minutos. Taylor tinha apenas um
moletom com capuz fino e suas suaves e bronzeadas pernas
estavam nuas.

Sentei-me na areia e joguei um cobertor sobre meus ombros


e levantei o canto. Assim como na noite do acidente, ela deslizou
por baixo da coberta, sem uma palavra. Baixei meu braço e a
puxei contra mim.

Nix e Scotlyn amontoados através da fogueira em seu


próprio cobertor. Nix me jogou uma cerveja, mas eu quase não
precisava de álcool. Eu já estava bêbado, embriagado com o
cheiro dela, a sensação dela debaixo dos meus dedos. Depois que
ela se arrastou para a cama comigo, tudo que eu conseguia
pensar era em tê-la nua em meus braços. Eu estava cansado de
negar-me uma coisa que eu queria mais que qualquer coisa.

— Pena que Dray e Cassie não poderem sair hoje à noite —


disse Nix. — Dray esteve em um estado de espírito muito ruim.
Acho que alguma coisa pode estar acontecendo com eles.

Taylor aninhou ainda mais perto e eu tive que lutar contra a


vontade de puxá-la em meu colo.

— Eu não falei com ele desde a festa. Talvez Cass ainda


esteja chateada com as luzes do pátio quebradas.

— Não, Cassie não é assim. Ela não disse nada para mim no
trabalho, mas então, ambos estamos tão ocupados lá, nós
realmente não temos tempo para conversar. E eu torno um ponto
de nunca falar sobre Dray com ela. Muitas minas pisam em uma
dessas conversas. — Nix olhou para Scotlyn. — Você falou com
Cassie ultimamente?

Profundo silêncio de Scotlyn estalava mais alto que o fogo.

— Você sabe de alguma coisa — disse Nix.

— Não é nada e eu prometi a Cassie não contar a ninguém.


Vamos apenas dizer que tem a ver com a sua fotografia.

Nix colocou o braço em volta dela e puxou-a contra ele.

— Você não vai nos dizer?

Scotyln virou uma chave invisível na frente de seus lábios.

— Tudo bem. A vida secreta das mulheres — Nix suspirou.


— Então, o que vocês duas meninas estavam fazendo antes de
interrompermos sua festinha — pediu Nix.
— Oh, nada — disse Scotlyn. — Nós estávamos prestes a
nos despir e ensaboar uma a outra no chuveiro.

Meu corpo inteiro ficou tenso, mas Taylor riu.

— Puta merda — a voz de Nix rachou como a lenha no fogo.

Scotlyn empurrou-o com força e ele caiu de lado.

— Admita seu vagabundo, que é o cenário que estava


passando por sua imaginação quando você viu nos amontoadas
na proa. O que você acha que estávamos fazendo? Conversa de
meninas. Isso é o que as meninas fazem. E, ao contrário de vocês,
o sexo não vem a tona toda vez.

Taylor estendeu a mão e empurrou minha bochecha com a


ponta do dedo.

— Eu acho que os dois estão catatônicos agora.

— Claro que sim, vai me levar meses para tirar essa visão
da minha cabeça — disse Nix. — E você, Clutch?

— Huh? Desculpe, eu não ouvi nada desde que ela disse


'ensaboar'.

Scotlyn riu. Nix puxou-a para o seu colo e de repente a


fogueira parecia lotada. Taylor parecia ter o mesmo sentimento.
Ela tirou suas botas e olhou para mim.

— Quer dar uma volta?

Sua boca estava a poucos centímetros da minha e eu não


conseguia parar de olhar para ela.
— Sim, eu adoraria.

Levantei-me e em seguida, abaixei minha mão para ela


tomar. Conforme a palma da mão cruzou a minha,
imediatamente enviou ondas de calor pelo meu braço. Eu passei
meus dedos ao redor de sua mão magra e puxei para seus pés.
Nós marchamos pela areia fria em direção à água.

— Como está o seu joelho? — Ela perguntou. — Eu queria


ligar para você essa semana e ver como você estava se sentindo,
mas meus pais maravilhosos pegaram meu telefone e o
computador.

— O que há com seus pais? Eles realmente passaram dos


limites ultimamente. E, seu irmão — Eu comecei, mas depois
decidi não entrar no meio. Jason e eu não tínhamos nos falado
desde a briga e a tensão disso foi lentamente tomando um
pedágio em nossa parceria. Coisas tinham sido ditas que nunca
poderiam ser apagadas. Eu me perguntava como, muitas vezes,
os pais de Taylor disseram a ela que eu não era bom o suficiente
para ela. O pensamento tinha furado como uma faca no meu
intestino durante toda a semana. Meu único consolo veio de
saber que Taylor tinha pouco respeito por seus pais. Na verdade,
desde que eu a conheço, sempre me pareceu que ela fazia
questão de fazer exatamente o oposto de seus desejos.

— Está tudo bem. Você não tem que dizer nada sobre Jason.
Ele é o terceiro par de olhos de meus pais e eu estou ficando
cansada disso. Mas eu não consigo entender porque ele não está
ficando cansado disso.
Nós chegamos à beira da praia, onde a areia desceu à água.

Taylor olhou para seus pés descalços.

— A areia é tão incrível. Ela permanece fervendo o dia todo


no sol e pelo cair da noite, ela cai para perto de zero. Eu gostaria
de ter mantido minhas botas. Meus pés estão doendo por causa
do frio.

Sem hesitar, eu me inclinei e levei-a em meus braços. Ela


jogou a cabeça para trás e riu enquanto seus braços circularam
meu pescoço.

— Você está se sentindo melhor. — Então seu riso terminou


e ela ficou em silêncio. Ela deitou a cabeça no meu ombro. —
Você nunca me carregou em seus braços. — Seu suave sussurro
quase foi perdido no som das ondas. Ela não ergueu o rosto do
meu peito. — Estou em casa quando estou em seus braços.

Segurei-a com força e caminhei de volta em direção à


ciclovia deserta. Eu deixei cair as pernas incrivelmente longas,
segurei sua cintura e apoiei-a na parede de retenção pequena
que foi construída para manter a areia fora do caminho. A cidade
teve dificuldade na colocação de postes de iluminação ao longo
da trilha de bicicleta, mas todas as luzes tinham sido quebradas
por vândalos. Nossa fogueira estava a uma boa distância e o
resto da praia estava escura e silenciosa.

Debruçado sobre a parede, o rosto de Taylor estava quase


em frente ao meu. Uma mecha de seu cabelo longo varreu sua
boca e eu subi e propositadamente, arrastei meu polegar áspero
através de seu lábio inferior antes de empurrar a mecha de
cabelo atrás da orelha.

Ela estava estranhamente silenciosa quando ela se sentou


na parede, olhando para mim com aqueles olhos incríveis.

— Eu oscilo para frente e para trás sobre um monte de


coisas na minha vida, mas, James Mason, eu nunca deixei de
querer você — ela disse suavemente. Ela estendeu a mão e abriu
sua camiseta revelando o top estilo espartilho por baixo. As
curvas dos seios levantaram e caíram com cada respiração.

Pela primeira vez, eu estava ao alcance do braço dela sem


meus punhos cerrados para evitar tocá-la. Eu estava cansado de
lutar comigo mesmo. Eu estava cansado de lembrar-me que eu
não poderia tê-la.

Meus dedos puxou a fita fina que mantinha juntos os dois


lados de seu top. Os dois lados do tecido se desfez conforme a fita
soltou. As pontas ásperas de meus dedos calejados deslizaram
sobre sua pele enquanto eu empurrava as partes mais distantes.
Seus seios perfeitos, seios que eu só tinha visto em minha mente
até agora, permaneceram em pé sob o meu olhar aquecido e a
brisa costeira fria. Seu lábio inferior exuberante caiu enquanto
ela respirou fundo. Ela ainda era selvagem e impulsiva e ela não
dava a mínima para o que os outros pensavam... e foi por isso
que eu estava totalmente louco por ela.

A deliberação lenta com que eu me movi chocou o inferno


fora de mim, porque mais que qualquer coisa, eu queria arrastá-
la para fora da parede e puxá-la para debaixo de mim na areia.
Minha boca pressionou contra a pele macia e cremosa de seu
seio e a minha língua desenhou círculos em torno de seu mamilo.
Ela entrelaçou os dedos no meu cabelo e apertou o seio mais
duro contra a minha boca faminta. Minhas mãos deslizaram até
suas coxas nuas e sem a minha persuasão, ela abriu as pernas
ligeiramente. Meus dedos arrastaram até a pele macia de sua
coxa e seus dedos se envolveram mais apertado em volta do meu
cabelo, enquanto ela levantou meu rosto para o dela. Minha boca
caiu duramente sobre a dela e ela me soltou e agarrou a borda da
parede para não cair para trás. Relutantemente, eu puxei as
minhas mãos longe do calor entre as pernas e coloquei os meus
braços em volta dela. Todos os movimentos de seu corpo magro
sob minhas mãos, cada pequeno som que escapou dela, cada
centímetro de sua pele macia, me fez duro com a necessidade.

Sua cabeça caiu para trás e minha boca se moveu para


baixo em sua garganta e pescoço. A campainha tocou ao longe e
eu empurrei-o de minha mente por um instante e depois, vozes
nos tirou da beira de perder todo o controle ali mesmo na praia.
Duas pessoas estavam pedalando em direção a nós em bicicletas.

Cílios de Taylor levantou-se lentamente e ela olhou para


mim.

— Leve-me para casa com você, Clutch. — Ela sussurrou o


pedido em voz tão baixa, que se afastou na brisa. Mas cada
palavra me aqueceu internamente.

Levantei-a na parede e a puxei atrás de mim, através da


areia. Nix e Scotlyn tinham desaparecido completamente sob o
cobertor. Taylor caminhou ao redor da fogueira e pegou suas
botas.
— Vou levar Taylor para casa — eu disse.

O polegar de Nix surgiu fora do cobertor e então,


desapareceu novamente.

Nós meio que corremos, meio que tropeçamos de volta para


a camionete. Taylor segurou fechado o moletom com uma mão e
segurou firmemente em mim com a outra. Ela apertou-se contra
as minhas costas enquanto eu tateava para colocar as chaves na
fechadura da porta. Ela deslizou em todo o banco da frente e eu
subi em suas costas. Colocar a chave na ignição levou tanto
esforço como abrir a porta. Minha mente e meu corpo só
conseguiam pensar em uma coisa e eu não estava
completamente certo de que poderia nos levar para casa com
segurança. Eu estava me negando por muito tempo, porque eu
queria uma garota tão mal que ninguém mais faria e agora que o
meu autocontrole tinha sido completamente destruído, eu estava
fora de mim com ele.

O motor roncou e a cabine da camionete vibrou. Sem aviso,


Taylor deslizou sua mão sobre os botões da minha calça jeans.
Ela abriu a braguilha e deslizou sua mão dentro da minha calça.

— Eu nunca vou chegar em casa, Taylor.

Seus lábios sedutores apareceram em um sorriso malicioso.


Ela retirou a mão e eu quase caí para frente com a decepção. Ela
estendeu a mão sob sua saia e deslizou a calcinha.

— Exatamente.

Ela subiu em cima de mim, montou meu colo e abaixou a


boca para a minha. Seu hálito doce fazia cócegas em meu queixo.

Minhas mãos ficaram debaixo de sua saia e encontraram a


pele nua de sua bunda perfeita.

— Você ainda tem um preservativo na carteira?

Eu olhei para ela.

— Como você sabe sobre isso?

Ela me beijou e apertou seu sorriso contra a minha boca.

— Eu arranquei a sua carteira de seu bolso uma vez. Eu


sempre fiz o meu trabalho para manter o controle de tudo o que
estava fazendo.

Meus dedos acariciaram seu traseiro.

— Pirralha. E eu acho que eu tenho que adicionar


trombadinha à minha lista de adjetivos da Taylor.

Sua língua varreu meu lábio inferior.

— Você tem uma lista de adjetivos?

— Uh huh — Eu beijei sua boca, queixo e garganta. —


Incômoda, irritante... — Minha boca encontrou os seios de novo e
ela arqueou as costas para empurrá-los com mais força contra a
minha boca. — Irresistível — eu sussurrei contra sua pele suave,
quente — porra incrível. — Eu levantei meu rosto e puxei sua
boca para a minha.

Luzes de um carro iluminou o interior da cabine.

— Vamos sair deste estacionamento da marinha. — Eu


estava respirando com tanta força que cada palavra era uma luta.

Ela me beijou mais uma vez e, relutantemente, saiu do meu


colo. Saí do local e arranquei do estacionamento em velocidade
de corridas de arrancada. Sua mão encontrou a minha braguilha
aberta novamente e ela me provocava com os dedos curiosos.

Eu gemi e agarrei seu pulso.

— Não vai restar nada de mim se você continuar fazendo


isso. — Eu puxei para o primeiro lote de estacionamento vazio, vi
e dirigi direto para o canto mais escuro. Eu estendi para o porta-
luvas e tirei minha carteira. E então, eu olhei para ela. Tudo nela
me fez reagir. Mesmo no canto escuro como breu do
estacionamento, ela iluminou o interior da camionete como mil
velas tremeluzentes. — Eu imaginei esse momento um bilhão de
vezes, mas nunca na frente dessa camionete. Você se importa?

Ela escovou meu cabelo comprido do meu rosto.

— Eu imaginei esse momento um bilhão de vezes também e


eu não dou a mínima para onde isso acontece. Eu só quero que
isso aconteça. — Ela montou meu colo novamente. Seus beijos
começaram delicadamente no início e depois, aumentou com
intensidade.

Minhas mãos ficaram sob sua parte inferior e meus dedos


deslizaram para dentro dela. Um gemido de prazer sedoso rolou
de sua boca na minha.

Seus dedos afastaram meu cabelo e ela apertou a boca no


meu ouvido.
— Faça-me sua — ela sussurrou.
Capítulo 20

Taylor

A volta para casa parecia um pouco surreal. Eu estava


sonhando em ter Clutch só para mim por tanto tempo, que eu
achei difícil acreditar que eu estava sentada com ele, sozinha em
sua camionete. E, apesar de ambas as suas mãos estarem no
volante na volta para casa, eu ainda podia sentir a sensação de
sua boca e as mãos na minha pele. Ficamos em silêncio
enquanto ouvíamos música e nos perdemos no fato de que
alguma coisa aconteceu entre nós e que não havia mais volta. A
tensão normal que irradiava dele quando eu estava perto havia
mudado para ondas de calor da paixão. Agora que tinha desfeito
a rolha de tudo isso, era como se não houvesse maneira de
retardá-lo.

Clutch me levou para casa em alta velocidade e ele voou


para a sua garagem. A moto de Barrett estava em frente da
garagem, mas a casa estava escura. Eu tive que reprimir uma
risada quando Clutch lutou novamente para colocar a chave na
sua fechadura da porta da frente.

Eu passei meus dedos em sua parte traseira dura como


rocha.

— Ei, Viking, é melhor que você tenha boa pontaria com


outras coisas.
Ele olhou para mim por cima do ombro e empurrou a porta
aberta.

— Isso é porque as chaves são bem pequenas e outras


coisas não são. — Ele chegou de volta, pegou minha mão e me
puxou junto pelo corredor até seu quarto. Uma vez dentro do
quarto, ele chutou a porta atrás de nós.

Eu empurrei o moletom dos meus ombros e ele amassou no


chão. Estendi a mão para a parte superior de sua calça jeans,
mas ele segurou minha mão. Antes que eu percebesse, ele tinha
ambos os meus pulsos presos em seus dedos grandes. Ele quase
me tirou dos meus pés enquanto ele me arrastou até a parede e
apertou-me contra ela. Ele segurou meus pulsos acima da minha
cabeça e olhou para mim com fome. Ele enviou uma onda de
calor através de mim, mas meu corpo inteiro estremeceu
deliciosamente do jeito que ele olhou para mim.

— Eu tenho que pará-la, minha selvagem, pequena batedora


de carteiras.

Sua mão livre ergueu para a fita no meu tope com um


puxão, ele tinha afrouxado. Seu peito subia e descia maciço
fortemente com cada respiração enquanto seus dedos separaram
a parte superior do espartilho para expor meus seios nus. Seus
olhos não deixaram meus seios quando ele chegou por trás das
minhas costas e desabotoou minha saia. Ela escorregou para o
chão e ele empurrou minha calcinha para baixo junto. O ar
fresco no quarto circulou minhas pernas nuas. Eu lutava para
libertar meus pulsos, mas ele segurou-os firmemente. Ele se
inclinou e arrastou a língua ao redor da minha orelha e pescoço e
sua mão livre alisou meu abdômen ao calor úmido entre as
pernas.

A vulnerabilidade de estar presa em sua mão só aumentou a


minha necessidade por ele e, instintivamente, eu movi meus
quadris contra o movimento da mão. Gritei enquanto seus
movimentos aumentaram em pressão e velocidade. Ele cobriu
minha boca com a dele e eu mal conseguia recuperar o fôlego
enquanto seus dedos se moviam dentro de mim. Os golpes
luxuosos de seus dedos ásperos me empurraram para o limite e o
calor, o movimento, a pressão sobre a minha pele, explodiu em
ondas de êxtase. Ele segurou com força meus pulsos para me
impedir de afundar no chão em um monte. Então, ele me puxou
para os seus braços.

Minhas mãos finalmente livres, seguraram a barra de sua


camisa e deslizei por cima dos cumes duros de seus músculos
peitorais. Minha língua traçou ao longo de cada linha de seu
estômago tenso e dançou para trás e para frente sobre a linha de
cabelo escuro que dividia seu abdômen. Ele chicoteou a camisa
sobre a cabeça e deixou-a cair no chão. Eu o tinha visto sem
camisa antes e ele sempre me tirava o fôlego.

Antes que eu pudesse chegar para o ponto da calça jeans,


ele me tinha em seus braços. Ele levou-me para a cama e me
deitou. Seu olhar pesado vagou sobre o meu corpo nu, deixando
rastros perversos de calor na minha pele.

— Cristo, Taylor, você é irreal. — Ele desabotoou as calças e


as empurrou para o chão. Prendi a respiração quando ele se
abaixou e empurrou para fora minhas pernas. Ajoelhou-se entre
elas e em seguida, fez uma careta de dor. — Droga, eu esqueci o
meu joelho. — Ele sorriu e rolou de costas me trazendo junto
com ele. Eu coloquei minhas mãos em seu peito e me sentei,
minhas coxas montadas nele. Tinha sido apenas alguns minutos,
mas a onda de calor úmido entre as minhas pernas me garantiu
que eu queria ele novamente... mal.

O braço dele chegou de volta e ele pescou cegamente em sua


gaveta da cômoda para um preservativo. Ele tirou um baralho de
cartas. Eu ri.

— Isso é para quando você convida uma garota mais para a


noite romântica de Gin Rummy?

— Strip poker. — Ele deixou cair as cartas no chão e


continuou procurando. Ele tirou um par de óculos escuros com
uma das lentes desaparecidas.

Eu ri novamente.

— E você está mantendo esses por quê?

— Eles são da minha vida passada como um pirata caolho.


Ah ha — disse ele vitorioso e levantou um preservativo.

Eu arranquei-o de sua mão e de imediato a conversação


clara parou e suas pálpebras ficaram pesadas conforme ele olhou
para mim. Seu peito enorme subia e descia com cada respiração
rápida enquanto eu passei meus dedos em torno dele. Ele era
sólido, suave e incrível quando eu rolei o preservativo para baixo
do comprimento duro, quente dele.

Seus grossos, dedos calejados estendeu a mão e agarrou


meus braços, puxando-me de volta para ele. Meu rosto desceu
sobre o seu e a minha boca desceu próxima na dele. Um gemido
profundo enrolou de sua garganta enquanto a minha língua
varreu a dele. Seus dedos pressionaram na carne de meus
quadris enquanto o beijo se aprofundou. O desejo de tê-lo dentro
de mim foi esmagador. Eu levantei minha boca da dele e vi seu
rosto enquanto eu deslizava sobre ele. Sua pélvis moveu-se para
encontrar-me e sua pressão sobre mim apertou. Eu subi e passei
meus dedos em volta da barra da cabeceira da cama de ferro.
Suas mãos se moveram para minha bunda e ele me segurou
firme à medida que balançamos com força um contra o outro,
construindo em velocidade e intensidade.

Fechei os olhos, sentindo cada centímetro dele dentro de


mim. Minhas coxas apertaram quando eu balançava para frente
e para trás, querendo que ele se movesse ainda mais profundo.
Cada impulso, cada movimento, tocou meu núcleo. Seu aperto
aumentou novamente e me movi contra ele. Minha cabeça girava
da intensidade do mesmo e eu perdi o meu domínio sobre a
cabeceira da cama e cai em seu peito. Minha mente foi levada
para a escuridão quente e a única sensação física restante era a
de Clutch se movendo dentro de mim. Eu reprimi com força em
cima dele, querendo que ele ficasse lá para sempre enquanto eu
fui até o limite.

Os dedos dele arrastando dolorosamente na carne de meus


quadris enquanto ele me puxou contra ele. Eu pressionei meu
rosto contra seu ombro e abafei um grito quando espasmos
profundos de puro êxtase pulsavam através de mim. Seus
movimentos se aceleraram e eu sofria com prazer. Em seguida,
suas mãos apertaram e as costas arquearam para fora do colchão.
Um gemido profundo rolou de seus lábios e ele relaxou. Os
braços dele foram em volta de mim enquanto eu pressionei meu
rosto contra seu peito.

Suspirei contente perguntando se isso tudo estava


realmente acontecendo.

— Eu tenho que dizer, minha imaginação foi bastante local.


Isso era exatamente como eu pensei que seria.

Seus dedos deslizaram sobre minhas costas enviando um


arrepio através de mim.

— Você esteve imaginando?

Eu levantei meu rosto e olhei para ele.

— Você não?

Ele estendeu a mão e puxou a coberta para cima de nós.

— Não sei se devo responder a isso, em razão de que poderia


me incriminar.

Baixei a cabeça em seu peito novamente e seu braço


apertou ao meu redor.

— Você percebe que tudo isso tinha que acontecer.

Ele beijou o topo da minha cabeça.

— Sim, eu sabia o tempo todo.

Ondas estranhas de luz entravam pela janela do seu quarto


e por um momento, eu pensei que eu ainda estava alta efeito
uma drogada, que seu toque tinha em mim. Mas então, uma forte
explosão de vidro quebrando assustou nós dois. Clutch me
liberou e eu rolei para fora dele.

Os pés de Barrett bateram no corredor e ele abriu a porta do


quarto. Ele estava puxando sua calça jeans e seu telefone foi
pressionado em seu ouvido enquanto ele olhava para a sala. Ele
fez uma dupla tomada quando me viu.

— A casa de Aimee está pegando fogo. — Ele deixou escapar


e depois desapareceu pelo corredor.

Clutch voou para fora da cama e vestiu suas roupas. Eu me


vesti e saí correndo atrás dele. Fumaça preta enchia o jardim da
frente enquanto chamas dispararam em linha reta através do
telhado da casa do vizinho. Clutch e Barrett estavam inclinados
sobre alguém que estava sentado na grama.

Eu alcancei-os apenas quando Barrett deu ao cara,


parecendo atordoado, uma sacudida áspera.

— Onde está Aimee? — Ele gritou. Nuvens de fumaça


penetraram em todos os cantos da casa. O lugar inteiro estava
em chamas e o cheiro acre de calor rodou em torno de nós como
um inferno. Outros vizinhos confusos sonolentos começaram
tropeçando de suas casas, ofegando em estado de choque e
horror.

O cara olhou de volta para a casa.

— Eu acho que ela ainda está no quarto.


Barrett soltou o cara e correu para o portão de trás. Clutch
passou a seguir, mas o cara pegou sua perna.

— É tarde demais. Todo o lugar está em chamas. Você não


pode salvá-la.

Clutch sacudiu o domínio do cara na perna. Através da


névoa de fumaça, eu podia ver a carranca de Clutch para o cara e
depois, seu braço recuou e deu um soco na cara dele. O vizinho
aterrissou de costas no chão e gritou de dor.

— Você tinha isso chegando por um longo tempo, seu


imbecil — Clutch zombou e depois correu para o quintal.

Corri atrás dele e alcancei-os apenas quando Barrett soltou


um grande plantador através do painel de vidro. Fumaça
despejou no ar fresco da noite.

— Aimee! — Ele gritou para a abertura. Sem hesitar, ele


mergulhou através da janela que estava delimitada com vidro
recortado.

Clutch subiu atrás dele e o verdadeiro terror de tudo isso de


repente me bateu. Eu nunca tinha estado tão perto de uma casa
em chamas e foi além de assustador. Parecia que o fogo iria
devorar tudo em seu caminho. A fumaça fez a visibilidade e a
respiração impossível. Eu puxei meu moletom para cima sobre o
nariz e a boca, mas os meus olhos ardiam com dor aguda. Na
distância, eu ouvi as sirenes, mas tudo parecia pouco, muito
tarde. Eu cortei meus dedos enquanto eu agarrei a borda da
janela estilhaçada. Eu não conseguia ver nada lá dentro, mas eu
ouvi algum movimento e tosse.
— Ouçam, Clutch, Barrett. A janela está aqui. — Eu respirei
fundo e quase engasguei. Lágrimas inundaram meus olhos tanto
de fumaça e o horror de pensar que algo havia acontecido com
eles. — Por aqui — eu chorei. As sirenes ficaram mais altas e
depois parou. As luzes vermelhas piscando fora da frente deram
as plumas negras de fumaça uma qualidade misteriosa e um
calafrio agarrou meu coração. Eu respirei fundo e pressionei meu
rosto mais para dentro do quarto. A fumaça era como uma grossa,
capa de lã, completamente opaca e sufocante. Os produtos
químicos vindos da madeira, tinta e outros materiais na casa em
chamas, cheiravam tóxicos e uma onda de náusea se apoderou
de mim. — Clutch, caramba, onde está você? — Não houve eco
de volta. O tom da minha voz foi absorvido pela venenosa,
neblina viscosa. — Clutch! — Eu gritei com o pouco de oxigênio
que eu tinha deixado em meus pulmões.

Em seguida, uma cabeça loira gigante apareceu na janela e


um grito de alegria derramou de meus lábios.

— Pegue seus braços, Taylor. — A menina era pequena e


pálida e caiu sobre a borda áspera da janela como uma boneca
de pano. Levantei-a para evitar os cacos de vidro e a puxei para
fora. Eu caí para trás na grama e mantive a cabeça no meu colo.
Lágrimas de alívio fluíam dos meus olhos enquanto Clutch e
Barrett saltaram para fora da janela. Barrett caiu de joelhos,
tossindo e estremecendo de dor.

O rosto e camisa de Clutch estavam cobertas de fuligem. Ele


apoiou as mãos em suas coxas quando ele se inclinou para
recuperar o fôlego.
Esfreguei meus dedos sobre o rosto manchado da menina e
afastei algumas das cinzas. Ela não respondeu ao meu toque no
começo, mas depois os ombros se contraíram e ela tossiu.
Fumaça ainda subia a partir da janela quando um spray de água
formou um arco para o alto no ar e cobriu as chamas no telhado.
Eu olhei para Clutch.

— É preciso tirá-la para o ar fresco.

Ele passou a menina em seus braços e a levou para o


quintal da frente. Ela tossiu várias vezes, que era reconfortante
ouvir. Dois bombeiros encontraram Clutch no portão de trás.

— Meu irmão está ferido também — ele disse a eles quando


ele entregou a menina para um bombeiro.

Tropecei para Barrett. Seu peito nu estava coberto de


sangue vindo do vidro.

O rosto de Barrett estava pálido e suado. Ele se inclinou


para frente e a minha mão voou para a minha boca para abafar
um grito. Suas costas nuas estavam com bolhas de queimaduras.
Eu caí de joelhos e apertei a minha mão contra o seu rosto.

— Calma, querido, a ajuda está aqui. — Tirei meu moletom


e enxuguei os filetes de sangue que escorriam pelo seu peito.
Todo o seu corpo tremia quando ele se inclinou contra mim para
o apoio.

Clutch correu até o portão de volta com dois paramédicos.

— Vamos ver se podemos movê-lo para longe da casa — um


dos paramédicos sugeriu.
Clutch pegou a mão de Barrett e puxou o braço por cima do
ombro. Os pés descalços de Barrett levantaram do chão quando
Clutch ficou até a altura máxima e levou-o através do pátio e
longe das nuvens sufocantes de fumaça.

O rosto de Barrett estava tão retorcido de dor, senti sua


agonia no meu peito e estômago. Ele segurou forte a minha mão,
quando eles administraram primeiros socorros nos os cortes e
verificaram seus órgãos vitais.

O rosto de Clutch estava branco de preocupação.

— Rett, aguente firme, companheiro. Não parece tão ruim


quanto eu pensava. — O vacilar em seu tom trouxe lágrimas aos
meus olhos. Clutch sempre foi resistente, arrogante e no controle
completo, mas isso tinha quebrado sua confiança normalmente
imperturbável.

O paramédico pegou o nome e a idade de Barrett e verificou


seus órgãos vitais para o hospital. O segundo paramédico virou-
se para Clutch.

— Vocês todos vivem aqui?

— Não, o cara no gramado da frente e a menina que apenas


entrou aqui, vivem. Somos vizinhos.

— E ambos subiram por aquela janela para alcançá-la?

Clutch assentiu.

— Eu acho que vocês dois são, definitivamente, os heróis da


noite. Suas costas parecem pior que é. Está formando bolhas
rapidamente, porém nós definitivamente precisamos levá-lo ao
hospital. — O paramédico olhou para trás em direção a casa
onde tufos de fumaça deslizaram ao longo da borda da janela
quebrada e depois enrolou em anéis, antes de desaparecer no ar
da noite. — Vocês dois tem sorte por conseguirem sair. Pessoas
saltam em prédios em chamas não percebendo que a fumaça está
cegando.

Clutch assentiu.

— Não foi possível ver nada e perdemos nossos propósitos,


uma vez que entramos. — Clutch olhou para mim e seus olhos
azuis tinham mais emoção do que eu já tinha visto neles. —
Então um anjo doce nos chamou para a janela. — Sua garganta
moveu para cima e para baixo quando ele engoliu. — Obrigado —
ele disse baixinho para mim. — Se você não tivesse estado lá...

— Eu disse que estava destinado a ser — eu disse


suavemente de volta para ele.

Uma voz flutuava sobre nossas cabeças.

— Jimmy. — Nós olhamos para cima. Um homem mais


velho que eu tinha visto sair de sua varanda da frente momentos
antes estava atrás de nós. Ele olhou para Barrett e Clutch. —
Você dois meninos são realmente algo mais. — Aimee está
sentada com uma máscara de oxigênio.

— Graças a Deus — disse Clutch.

O homem idoso olhou para o chão e depois de volta para


Clutch.
— É por isso que eu odeio dizer isso, Jimmy. Enquanto
vocês dois estavam salvando Aimee, o fogo pulou para sua
garagem. Ela se foi.

Clutch olhou como se alguém tivesse acabado de golpeá-lo


no peito com uma bala de canhão.

Barrett murmurou através de sua dor.

— Vai, Jimmy, eu vou ficar bem.

Segui Clutch para o jardim da frente. O quarteirão inteiro


estava parado na rua assistindo o drama se desenrolar. Dois
caminhões de bombeiros e duas ambulâncias alinhadas no meio-
fio. Havia pelo menos quatro carros de polícia também.

As chamas foram extintas e apenas resquícios amargos de


fumaça úmida pairava sobre a cena. A caminhonete de Clutch e a
moto de Barrett ficaram na frente das colunas de fumaça e cinzas,
mas a garagem tinha ido embora. Dentro do enquadramento que
se manteve, a queimada casca de um carro olhou de soslaio de
volta para nós em sua sepultura esfumaçada.

— Esse era o Shelby que Jason me contou? — Eu perguntei.

O rosto de Clutch caiu e a tristeza em sua expressão trouxe


lágrimas aos meus olhos. Segurei sua mão e ele passou os dedos
na minha.

— Pelo menos, todo mundo ainda está vivo — eu disse


fracamente.

Ele beijou o topo da minha cabeça e caminhou até onde


Aimee se sentou na maca levantada. O marido de Aimee estava
na calçada conversando com vários policiais. Ele segurava um
saco de gelo contra o rosto dele.

Aimee levantou a máscara de oxigênio em seu rosto quando


ela viu Clutch.

— James — sua voz estava trêmula e rouca — você e Barrett


salvaram minha vida. Sinto muito sobre sua garagem.

Clutch se aproximou da maca e segurou sua mão.

— Estou feliz que você esteja bem.

Os dois policiais se aproximaram de nós. O marido de Aimee


seguiu atrás quase como se ele estivesse se escondendo atrás dos
dois oficiais. Ele parecia nervoso ao chegar perto de Clutch e com
razão. Clutch tinha realmente acertado ele.

— James Mason? — Um dos oficiais disse.

— Sim, sou eu.

— Você está preso por agressão. Seu vizinho afirma que o


atacou quando a sua casa foi incendiada.

Clutch olhou para além dos oficiais de seu vizinho.

— Você, fodido doninha.

Aimee tirou a máscara.

— Oficiais, este homem salvou a minha vida. Vocês não


podem estar pensando em prendê-lo. Eu teria morrido. — Ela
apontou para o marido, que ainda se encolheu atrás dos policiais.
— Tenho certeza que meu marido dormiu no sofá com o cigarro.
Ele já fez isso antes. E enquanto ele conseguiu ser salvo, fora da
casa, ele nunca tentou me salvar. — Ela colocou a mão na boca e
tossiu.

Clutch colocou a mão em seu ombro, apoiando até que ela


pudesse recuperar o fôlego novamente.

— Está tudo bem, Aimee, salve sua respiração.

Ela balançou a cabeça e engoliu em seco.

— Sr. Mason e seu irmão arriscaram suas vidas e


mergulharam em uma casa que foi completamente envolta em
chamas. Tenho certeza de que eu estava apenas a momentos de
sucumbir à fumaça quando me encontraram. — Ela olhou para o
marido. — Estamos oficialmente separados, seu bastardo. — Sua
voz tremeu. — E se você não retirar as acusações, Dustin, então
eu vou deixar todo mundo saber o covarde que você foi hoje à
noite. Todos os seus amigos, seus irmãos, seus pais, todo mundo
vai saber que você saiu de uma casa em chamas e me deixou
para trás.

Todos, incluindo os oficiais, viraram-se para olhar para o


idiota. O lado de seu rosto estava inchado e vermelho com um
bloco de gelo. O cara olhou como se quisesse fundir-se na
calçada abaixo de seus pés. Ele saiu sem dizer mais nada.

Um dos policiais virou para Clutch e estendeu a mão.

— Muito bem, senhor.

Barrett foi levado em uma maca e toda a vizinhança


explodiu em aplausos e gritos. Lágrimas escorriam pelo meu
rosto enquanto eu pegava o braço de Clutch.

— Ele vai ficar bem certo?

— Ninguém reage de volta sobre coisas ruins mais rápido


que Rett. — Ele puxou seu braço da minha mão e a deixou cair
em meu ombro. Então, ele me apertou contra seu corpo duro.
Definitivamente, uma noite que nunca vou esquecer. Por uma
série de razões.
Capítulo 21

Taylor

Foi bem depois da meia-noite o momento que deixamos o


hospital. Barrett sofreu queimaduras de segundo grau em seus
ombros e ele precisava de quinze pontos nos cortes em seu peito.
Os médicos o internaram por alguns dias. Eu tinha enviado para
minha mãe um texto simples, que disse a ela que eu estava bem
e sairia com os amigos. Ela estava irritada o suficiente para não
responder. Mesmo que eu estivesse farta de mentir sobre o meu
paradeiro, eu também não estava com vontade de deixá-la saber
onde eu estava. Às vezes, a retenção de informações era o
caminho mais fácil.

Sentei-me ao lado de Clutch e descansei minha cabeça em


seu ombro duro quando voltamos para casa. O passeio áspero da
camionete quase me embalou para dormir. Clutch parecia tão
cansado quanto eu me sentia. No curso de uma curta noite,
tínhamos experimentado todas as emoções de alto calibre no
espectro humano e eu senti o cansaço disso profundamente em
meus ossos. E em meio ao caos da noite, a nossa relação tinha
mudado de forma tão significativa, que eu ainda não tinha
certeza de onde havíamos desembarcado.

— Você acha que as queimaduras vão deixá-lo com um


monte de cicatrizes nas costas? — Perguntei.
— O médico achou que ele iria curar-se muito bem. — Ele
riu fracamente. — Além disso, do jeito que Rett gosta de pavonear
por aí sem camisa, ele provavelmente vai acolher algumas
cicatrizes de batalha.

— É verdade. Eu acho que ele provavelmente não tem


qualquer seguro de saúde, não é?

Ele riu de novo e parecia cansado.

— Barrett não pode se dar ao luxo de comprar uma caixa de


ataduras e muito menos um seguro. — Ele suspirou. — Vou ligar
para os meus pais amanhã e deixá-los saber o que aconteceu,
mas eu tenho certeza que eu vou ter que pagar suas contas.
Estou mais preocupado com a luta que eu vou ter com a
seguradora sobre o carro. Seu irmão vai cuspir fogo quando eu
disser a ele. Ele já está chateado comigo.

Eu passei meus braços em torno de seu braço maciço e


abracei-o com força.

— Jason está sempre chateado nos últimos dias. Acho que


ele está infeliz com sua vida pessoal e ele está descontando em
todo mundo. Você deve ter notado que sua namorada é uma sem
graça, vadia autoritária.

Um sorriso amassou no rosto.

— Eu poderia ter notado. — O sorriso desapareceu tão


rapidamente como tinha aparecido. — Jason me disse que seus
pais não me querem perto de você.

— Fodam-se.
— Sim — ele disse com pouca convicção.

Eu pressionei meu rosto contra seu braço.

— Posso ficar com você esta noite?

Ele fez uma pausa e uma vibração nervosa passou através


do meu estômago.

— Eu estava esperando que você ficasse.

Os feios restos chamuscados da noite bizarra nos


encontraram no topo de sua garagem. Sua casa estava só e triste
no lote vazio. Saímos do carro e entramos. Clutch colocou uma
música e se jogou duro no sofá.

— Eu ainda posso sentir a fumaça. Eu preciso de um pouco


de água — eu disse. — Você quer um copo?

Ele balançou a cabeça de forma quase imperceptível. Entrei


na cozinha e enchi dois copos com água e voltei para a sala de
estar. A música vibrava nas paredes. As ridiculamente longas
pernas de Clutch estavam estendidas no chão e ele olhava para a
parede. Eu tinha visto ele animado, irritado, com dor e tudo mais,
mas isso era o olhar de cortar o coração de derrota no rosto, um
rosto que eu conhecia melhor que o meu. Eu bebi a água e engoli
a dor provocada por vê-lo olhar tão incrivelmente triste.

Entreguei-lhe um pouco de água. Ele terminou rapidamente


e eu coloquei os copos na mesa de café. Sentei-me de joelhos de
frente para ele. Seu perfil parecia que um artista tinha esculpido
em pedra.
— Jason vai superar sobre o carro. E meus pais nunca
poderiam dizer qualquer coisa que iria mudar a minha opinião
sobre você.

O rosto dele caiu e ele olhou para suas mãos. Os nós dos
dedos estavam vermelhos e crus do fogo. Segurei sua mão,
levantei-a para minha boca e pressionei meus lábios contra sua
pele queimada. Baixei a mão para seu colo e empurrei os longos
fios de cabelos loiros para trás da orelha. Meus lábios
acariciaram sua têmpora e sua orelha e em seguida, sua barba
cobrindo o queixo. Ele sentou-se perfeitamente imóvel enquanto
eu beijava seu pescoço e seu ombro. Eu engatinhei e montei seu
colo. Segurei seu rosto e levantei-o. Era um rosto que tinha
invadido a maioria dos meus sonhos. Era um rosto que sempre
me tirou o fôlego, não importa o estado de espírito em que estava,
mesmo agora, na terrível escuridão que parecia ter tomado conta
dele. Seus longos cílios escuros esvoaçavam para baixo enquanto
eu beijava sua sobrancelha e o nariz.

Eu beijei a boca levemente. Seus olhos ainda estavam


fechados.

— Nunca houve ninguém além de você, Clutch. Ainda me


lembro do dia em que eu percebi que eu queria você e mais
ninguém. — Seus olhos azuis levantaram e eu sorri enquanto eu
beijava seu queixo. — Você e Jason tinham me buscado na
escola. O carro de uma senhora estava preso no meio da estrada.
Ela parecia apavorada enquanto o tráfego passava por ela. — Eu
peguei sua mão e beijei-lhe a palma. — Você estava dizendo a
Jason sobre a reconstrução de algum motor e você parou e
levantou a mão gigante para parar os carros. Você se aproximou,
ajudou a moça em seu carro e empurrou o carro parado ao lado
da estrada. Então, você voltou em seu carro e continuou a
conversa sobre o motor. O que você tinha feito não era grande
coisa para você, mas ninguém deu seu tempo para ajudá-la.
Lembro-me de olhá-lo no banco de trás com essas mesmas
grandes mãos segurando o volante e tudo que eu conseguia
pensar era que um dia, eu queria aqueles braços enormes para
me segurar. Eu sabia que nada de ruim poderia acontecer comigo
embrulhada naqueles braços inacreditáveis. — Eu o beijei
novamente e seus braços me rodearam. Ele me segurou com uma
força esmagadora que quase varreu a respiração de mim e ainda
assim, eu queria que ele me abraçasse mais apertado.
Capítulo 22

Taylor

Jasmine veio ao meu lado enquanto eu atravessava o


gramado para a calçada.

— Você está sempre caminhando ultimamente. O que


aconteceu? Será que o carro de sua mãe quebrou?

— Não. Ela não está deixando-me usá-lo mais. Ela parece


pensar que eu posso entrar ainda mais em problemas com um
carro. Felizmente, eu não me importo de andar, mas eu quero
encontrar um trabalho e eu sou do tipo limitada sem transporte.
— Depois que eu passei a noite inteira com Clutch, a minha mãe
parou de falar comigo completamente. Mas eu estava em tal
estado de felicidade em estar com ele, que eu não poderia ter me
importado menos. Na verdade, era menos estressante não falar
com ela. Ela não tinha ideia que eu o estava vendo e eu não
precisava causar a Clutch mais sofrimento, dizendo-lhe. Eu tinha
decidido que não era da sua maldita conta, ou do meu pai, ou de
Jason.

Jasmine segurou meu braço e me puxou em direção ao


estacionamento.

— Bem, eu tenho um carro hoje. Vamos sair para a barraca


de tacos. Nós nunca mais conseguimos conversar.
— Eu não sei, Jaz, Adam e seus amigos estarão lá. E se ele
está lá, então eu tenho certeza que sua nova namorada, Chelsea,
vai estar lá. Ela realmente me odeia. Todos eles odeiam.

Jasmine parou e colocou as mãos nos quadris.

— Taylor Flinn, desde quando você dá a mínima para o que


esses idiotas acham? — Ela olhou suplicante para mim. — Eu
quero ouvir sobre aquele cara do Alasca. Kiley disse que foram
vê-lo às escondidas. Vamos, por favor.

— Tudo bem, por um tempo, mas você vai se decepcionar,


porque nós somos apenas amigos. Ele poderia até mesmo ter ido
de volta para o Norte novamente.

Nós marchamos ao longo do estacionamento.

— Bem, você está tramando algo. Eu posso ver isso no jeito


de andar.

Eu ri.

— Puxa, você parece minha mãe. — Eu segurei um sorriso


pensando no que eu andava fazendo, mas eu não tinha a
intenção de contar a Jasmine sobre Clutch. Ela brincou comigo
sobre a minha paixão por ele impiedosamente nos últimos dois
anos e quando parecia natural que eu iria querer tripudiar sobre
isso com ela, eu realmente não me importava se ela soubesse. E
tudo era tão novo que eu ainda me sentia em areia movediça
quando se tratava de Clutch. Agora que eu me permiti ficar
aberta e vulnerável, parecia que uma brisa forte poderia me
empurrar para um coração partido. Eu queria Clutch por tanto
tempo que era tudo ainda demasiado irreal para eu acreditar.

Como de costume, a metade do corpo estudantil estava


estacionada na barraca de taco. A cabeça alta de Adam se
levantava e o cabelo loiro de Chelsea brilhava debaixo de sua
faixa de cabeça azul. Eu segui atrás de Jasmine com relutância,
enquanto a maioria das pessoas se entediou da saga Taylor e
Adam, a tripulação de amigos esnobes de Adam não. Todos se
viraram para olhar para mim enquanto atravessávamos o lote
para a janela de pedidos.

Jasmine revirou os olhos.

— Aqui estamos nós, no último trimestre de ensino médio e


eles ainda agem como se fossem na escola primária. Basta
ignorá-los.

— Eu costumo fazer. — Meu telefone tocou e eu o deslizei


para fora do bolso da minha bermuda. Foi apenas um texto, mas
mesmo suas mensagens curtas, fez meu coração voar à frente de
seu ritmo habitual.

“Eu estou indo para o hospital para visitar Rett. Quer ir? ”

“Sim” — eu escrevi de volta imediatamente.

“Onde você está? ”

“Estou na barraca de taco. ”

“Perfeito. Estou com fome e Barrett estava reclamando da


comida do hospital. Estarei aí em quinze minutos. ”

— Quem era? — Perguntou Jasmine. — Quem quer que


fosse, com certeza virou seu olhar severo de cabeça para baixo
rapidamente. — Ela agarrou meu braço. — Era o pescador?

— Não. Eu disse que não vou vê-lo.

Ela olhou desapontada.

— Desculpe não ser capaz de lhe fornecer detalhes de mau


gosto da minha vida amorosa. E você, Jaz? O que aconteceu com
aquele cara mais velho do trabalho?

Ela dispensou a questão.

— Acontece que ele só estava interessado em uma coisa. —


Sua atenção se voltou para o estacionamento e ela parecia estar
procurando por alguém. Só então, uma motocicleta entrou no
estacionamento e ela quase dançou com entusiasmo.

— Quem é esse? — Eu perguntei.

— Esse é o meu novo amor. Ele é primo do meu vizinho.

— Veja e você queria ouvir sobre a minha vida enquanto


você tinha todos os tipos de guloseimas armazenadas até me
dizer.

Ela se inclinou para mim.

— Ele é tão gostoso e ele é todo homem. Minha mãe está


chateada como o inferno, é claro, mas eu não me importo. Eu sou
louca por ele.

Estendeu-se alto em seus couros enquanto ele desceu da


moto, mas quando ele tirou o capacete as camadas de gostosura
desapareceram. Sua cabeça estava raspada e tinha tatuagens em
seu couro cabeludo nu. Ele fez Gus se parecer com o vizinho do
lado.

Jasmine prendeu a respiração enquanto ele caminhava em


nossa direção.

— Pô, eu não posso imaginar porque a sua mãe iria ficar


puta.

Nossos colegas de escola olhavam com grandes bocas


abertas enquanto ele se aproximava de nós. Jasmine se virou
para mim.

— Eu espero que você não se importe que eu o convidei.

— Na verdade, ele funciona bem. Eu tenho um amigo me


buscando em poucos minutos. Eu só vou pegar uma bebida e
esperar por ele.

Jasmine se virou para mim.

— Ele?

— Uh huh.

Seu novo amigo tinha chegado até nós.

— Rick, esta é minha amiga, Taylor.

— Ei, Rick. Bem, eu estou indo para a janela de pedidos. Foi


um prazer conhecer você. — Eu estava aliviada por ter um motivo
para sair e desde que Jasmine já estivesse ocupada, eu não podia
sair de lá rápido o suficiente.

Adam e sua equipe julgadora estavam sentados ao longo das


mesas perto da janela de pedido. Ignorei seus olhares e entrei na
fila. Eu ouvi a risadinha característica de Chelsea. Eu tinha
ouvido isso antes, no corredor da escola e tinha me lembrado de
uma hiena.

— Há rumores de que ninguém a convidou para o


baile. Vadias não costumam frequentar, você sabe. — Chelsea
zombou na minha direção, mas mais uma vez, eu ignorei.

— É verdade, Flinn? — Um dos amigos de futebol de Adam


perguntou. — Eu levaria você. Aposto que você é um lote inteiro
de diversão para o quarto do hotel, após o baile de formatura.

— Não, ela não é muito divertida. Ela é muito egoísta


quando se trata de sexo. — Adam entrou na conversa seguinte e
suas palavras pareciam como unhas em minhas costas. Risos
rugiram em torno de sua mesa.

A fila estava se movendo no ritmo de um caracol e eu


considerava apenas mudar de ideia sobre a bebida. Mas se eu
saísse, eles saberiam que tinham chegado a mim. Então, eu
mantive minha posição e me lembrei de que eles eram idiotas.
Adam foi o maior idiota de todos. Obviamente, o termino tinha
quebrado seu ego muito mais que ele deixava transparecer.

“Ei” — Clutch mandou uma mensagem “Eu estou quase


aí. Entre na fila. Quatro tacos de peixe e dois de frango. ”

“Eu estou na fila, mas se apresse. ”

Um texto veio de volta. “ O que está errado? ”

“Nada. Apenas se apresse e me tire daqui. ”


Eu tinha movido vários espaços, mas não fora do alcance da
voz da enxurrada de insultos sendo disparados para mim da
mesa de Adam. Chelsea parecia estar tomando mais prazer em
me atacar. Eu não tinha ideia de porque, desde que ela já havia
aterrado Adam e eu não tinha mais nada a ver com ele.

— Os pais devem mandá-la de volta para a costa Leste.


Talvez ela ainda pudesse ter um encontro do baile de lá.

Eles estavam muito focados no baile de formatura, um


evento sênior que nunca tinha passado pela minha cabeça. Pelo
que eu ouvi, eles ainda decidiram sobre um tema discoteca
brega. Eu não poderia imaginar nada mais chato.

Por um momento, eles ficaram em silêncio e fiquei aliviada.


Havia apenas uma pessoa na minha frente.

Eu fiz o pedido e cheguei até a janela de entrega, que era


ainda mais perto da mesa dos palhaços, mas eles pareciam ter
ficado sem munição. Fiz questão de ficar olhando para a janela
de entrega para evitar qualquer contato visual com eles, mas
então, algo bateu na minha traseira e eles caíram na risada
novamente.

— Ah, vamos lá — disse o amigo de Adam — Eu pensei que


seria um quarto, pelo menos, me dê um boquete.

Seu comentário já tinha chamado à atenção de outras


pessoas na fila e todos se viraram para olhar para mim. Eu
sempre tinha a reputação de ser selvagem, mas eu nunca tinha
feito nada para ser considerada uma vagabunda. Meus olhos
doíam quando eu pisquei para conter as lágrimas.
Eu reconheci a risada de Adam atrás de mim.

— Ei, Taylor, vem aqui, esse grande cara tem uma queda
por você. Talvez você devesse perguntar a ele sobre o baile. —
Todo mundo riu. — Tenho certeza que ele iria agarrar a chance.

Eu olhei para o outro lado do estacionamento. A moagem da


multidão em frente ao taco entreabriu e todos olhavam enquanto
Clutch atravessou. Ele sempre foi uma visão impressionante e
imponente para ver e parecia que, mesmo as mesas e guarda-sóis,
deslizaram para deixá-lo passar. Mas ele não percebeu as
pessoas de boca aberta e olhando. Seu olhar me encontrou e
imediatamente eu senti como se estivesse sozinha. De repente,
todas as palavras ásperas, feias, significavam nada. Tudo sobre o
homem que roubou o meu fôlego. Meu coração disparou quando
ele se aproximou e a mesa de Adam caiu notavelmente em
silêncio atrás de mim.

Clutch sorriu para mim, mas depois pareceu sentir minha


angústia.

— Está tudo bem?

Olhei para a mesa de Adam. Ele olhou como se ele apenas


tivesse sido picado na bunda por uma vespa.

— Está agora — eu disse calmamente.

Eles chamaram o nosso número e Clutch pegou o saco de


comida. Voltamos para a caminhonete. A maioria das conversas
parou abruptamente enquanto caminhávamos de volta. Eu
peguei um vislumbre de Jasmine e seu novo amigo. Ela parecia
ainda mais chocada que Adam. Clutch ainda não tinha tomado
conhecimento da perturbação que ele causou com a sua
chegada.

Fiquei aliviada ao chegar a sua caminhonete. Ele colocou a


comida no capô e foi para desbloquear o meu lado, mas depois
parou. Ele se virou e pegou meu rosto e levantou-o em direção a
sua boca. Em seguida, ele se inclinou e me beijou.

— Eu confesso, eu estive pensando em nada mais que esses


seus lábios cheios durante todo o dia.

Estendi a mão e deslizei os braços ao redor de seu pescoço e


retribui o beijei.

— E eu tenho pensado em nada, além desses braços em


volta de mim o dia todo.

Ele sorriu para mim.

— Então eu acho que nenhum de nós ficou muito realizado.


— Seus olhos pousaram no decote da minha blusa e em seguida,
seus cílios escuros levantaram. — Acho que deveríamos parar em
casa no caminho para o hospital. Eu tenho algumas coisas para
cuidar antes de irmos ver Barrett. — Discretamente, estendeu a
mão entre nós e ele deslizou o polegar sobre o tecido esticado
através de meu peito. Eu respirei fundo.

Lambi meu lábio.

— Parece importante. Devemos sem dúvida parar em sua


casa.
Subimos na caminhonete e me enfiei com força contra ele.
Olhei pela janela, em direção a barraca de taco. O reflexo de
Adam atirou punhais em mim do outro lado do estacionamento.
Eu tinha acabado de suportar algumas das palavras mais
malvadas que alguém já havia cuspido em mim e enquanto elas
vêm de pessoas com as quais eu cresci, de pessoas que eu passei
anos indo para a escola, nada disso importava. A única pessoa
que importava para mim era a pessoa sentada ao meu lado. Ele
era a única pessoa que poderia realmente me machucar. Por um
segundo, eu fechei os olhos e depois os abri novamente. Ele
ainda estava lá, todos os dois metros dele com seu cabelo louro
longo, queixo forte e com a confiança de um homem no comando
do mundo. Segurei o braço duro como rocha e me perguntei se
ele percebeu o quão facilmente ele poderia esmagar meu coração.
Capítulo 23

Clutch

Mais uma vez, eu encontrei-me dirigindo como um homem


em chamas pelas ruas lotadas de Los Angeles, segurando o
volante com tanta força que quase se desintegrou em minhas
mãos. Eu não tinha vestígio de controle quando se tratava de
Taylor. Os tacos que tinha soado tão bons no caminho para
barraca de taco perderam todo seu apelo, uma vez que eu provei
os lábios de Taylor novamente. Agora, a minha fome tinha um
foco totalmente diferente. Eu sabia que, uma vez que eu me
permiti o prazer de tocá-la, eu não seria capaz de parar de
desejá-la e eu estava certo.

Meus pneus chiaram enquanto bateram a calçada em uma


velocidade ridícula. Eu desliguei o carro e corremos para dentro.
A casa estava quente e abafada, mas abrir as janelas teria levado
muito tempo e esforço.

Peguei Taylor e segurei seus braços firmemente enquanto a


beijava com força e profundamente. Seus dedos agarraram o
tecido da minha camisa como se ela precisava agarrar a algo para
manter o equilíbrio. Desta vez, eu era o único que precisava
desacelerar, mas parecia impossível.

Minhas mãos se moveram para os botões de sua


blusa. Suas mãos chegaram até a parte inferior da minha camisa
e separamos nossas bocas apenas o tempo suficiente para eu
deslizar minha camiseta fora sobre a minha cabeça. Ela puxou os
lábios dos meus e olhou para mim e eu engoli uma respiração
afiada.

Minha mão estendeu e eu apertei minha mão contra sua


bochecha.

— Se você soubesse como tem sido difícil para eu negar-me


nesses últimos anos. Tem sido uma tortura.

— Eu acho que tenho uma ideia. — Ela pegou meu pulso e


colocou minha mão sobre seu coração. Ele gaguejou
descontroladamente sob o meu toque. Em seguida, ela inclinou-
se e apertou a boca contra a pele nua do meu peito. Sua língua e
lábios percorriam meu abdômen para o topo da minha calça
jeans. Seus dedos habilmente abriram a braguilha e ela
empurrou minha calça no chão. Um gemido ficou preso na minha
garganta quando ela tomou conta de mim e traçou a ponta dura
com a língua. Ela endireitou-se e se afastou de mim. Ela lambeu
o lábio inferior e olhou para mim.

— Você tira meu fôlego, James Mason.

Então, ela deslizou a blusa aberta de seus ombros marrons


lisos e deslizou seus shorts e calcinha no chão. Ela era perfeita e
tantas vezes quanto eu imaginava-a nua, nada se comparava
com a coisa real.

Ela chegou de volta e puxou a fita que tinha amarrado em


seu cabelo. Seu cabelo cor de cobre em cascata sobre os ombros.
Um sorriso malicioso, sensual apontou em seus lábios gordos
enquanto ela segurava a fita para mim.

— Vamos lá, Viking, você nunca precisará negar a si mesmo


novamente.

Meu coração bateu para frente e para trás contra as minhas


costelas enquanto eu tirava a fita da sua mão. Taylor era
selvagem e apaixonada por todos os aspectos da vida, assim
como eu esperava. Mesmo que ela estivesse completamente nua e
apenas me entregando a fita com um articulado olhar faminto em
seus olhos, ela se sentou discretamente, quase timidamente,
sobre a cama.

Fiquei olhando para ela e toda fantasia que eu já tive em ter


Taylor nua sob mim correu pela minha cabeça. Fiz um gesto para
ela se deitar na cama. Seus seios perfeitos, cheios subiam e
desciam enquanto sua respiração ficou mais rápida e mais curta.
Eu não conseguia parar de olhar para ela estendida, macia e
dolorosa para eu tocá-la. Eu fechei a fita no meu punho.

— Vire sobre seu estômago. — As palavras racharam fora da


minha garganta.

Ela hesitou, mas apenas por um segundo. Inclinei-me e


levemente mordi o fundo redondo. Ela meio que deu uma
risadinha meio gritou de prazer. Eu montei suas pernas, não
permitindo que toda a força do meu peso ficasse sobre ela. Eu
corri minha boca ao longo de seu lado e em seguida, através de
seus ombros. Seu corpo magro tremeu embaixo de mim. Eu subi
e amarrei uma ponta da fita frouxamente em torno de seu pulso.
Puxei-o através da haste de grade de ferro da minha cama e
então eu amarrei seu outro pulso.

Ela choramingou baixinho enquanto eu corria uma longa


linha de beijos para baixo, no centro de suas costas, até chegar a
sua parte inferior. Minha mão deslizou por baixo dela e meus
dedos encontraram o calor úmido entre suas pernas. Ela prendeu
a respiração enquanto meus dedos massagearam as dobras
quentes. Seu traseiro levantou em direção a minha boca e minha
língua se arrastou sobre a pele nua. Eu a empurrei para baixo
expondo cada centímetro dela para minha boca.

— Clutch — sua voz saiu disparada em um sussurro


ofegante.

Ela encostou o rosto no travesseiro para abafar um grito


enquanto ela conhecia minha boca faminta com sua carne
aquecida. Eu provei cada pedacinho doce dela enquanto seu
corpo se movia ritmicamente com cada curso da minha
língua. Meus dedos continuaram a alisar a carne quente
conforme a minha boca e língua explorava sua intimidade. As
mãos atadas agarraram as barras da cabeceira e ela já não
abafou seus gritos. Minha mão e boca se moveram mais rápido e
mais profundo, até que eu senti o calor de sua excitação em
minha língua. Seus gritos de êxtase encheram o ar e me fez tão
duro, que eu pensei que eu iria perder o controle. Inclinei-me e
peguei o preservativo da mesa de cabeceira.

Estendi a mão e puxei livre a fita e ela torceu em suas


costas. Ela estendeu a mão e tomou conta de mim. Usando uma
mão para me preparar, eu deslizei minha mão livre sob seu
traseiro e levantei-a para mim. Eu empurrei para dentro dela. Ela
gemeu de prazer quando eu a puxei mais contra mim.

Suas unhas cravaram em meus braços enquanto ela jogou


suas longas pernas em torno de minhas costas e me levou mais e
mais com cada impulso. Ela gritou novamente e eu não
conseguia segurar. Eu empurrei dentro dela e ondas de liberação
pulsavam em meus músculos tensos.

Eu caí sem fôlego, num monte descuidado ao lado dela na


cama e eu a puxei para os meus braços.

***

A enfermeira atrás do balcão olhou para mim e seus olhos


se arregalaram.

— Oh meu Deus, você deve ser irmão do Sr. Mason.


Semelhança de família incrível. — Ela se levantou e olhou para
mim. — E eu pensei que ele era grande. Como na terra seus pais
mantêm o congelador abastecido? Eu vou te mostrar o seu
quarto. — Ela afundou em torno de sua mesa e Taylor e eu
seguimos seu passo rápido. A enfermeira olhou para trás por
cima do ombro para nós. — Enviei três voluntárias até a geriatria
40 minutos atrás, mas elas desapareceram
misteriosamente. Acredito que tem algo a ver com o seu irmão. —
Chegamos a um quarto com uma porta entreaberta, risos
femininos derivou para o corredor. A enfermeira suspirou alto e
entrou.
Barrett estava sentado na cama, sem camisa, é claro, que
pode ou não pode ter tido a ver com a sua lesão. Era difícil saber
com meu irmão. Três meninas em vestidos de uniformes listrados
pairavam sobre sua cama. O olhar aterrorizado que deram a
enfermeira garantiu-nos que elas eram as voluntárias que faltam.

A enfermeira pigarreou alto.

— Meninas, isso definitivamente não é a geriatria. Agora, se


levantem ou não vou assinar suas horas.

Uma das meninas fez questão de tocar no ombro de Barrett


antes de dar-lhe adeus.

A enfermeira se aproximou e verificou o saco de I.V.

— Sr. Mason, sua chegada perturbou consideravelmente o


programa de voluntariado. Acho que é uma coisa boa que você
está deixando-nos amanhã. Então, podemos voltar ao normal por
aqui.

Barrett sorriu para ela enquanto ela se inclinou sobre ele e


verificou os tubos em sua mão.

— Você sabe que vai sentir minha falta quando eu partir.

— Assim como eu sentiria falta de um joanete no meu pé. —


A enfermeira olhou para mim. — Ele é sempre assim?

— Você quer dizer chato? Sim, sim ele é.

Taylor riu. A enfermeira deixou o quarto.

Barrett apontou para minha mão.


— Eu pensei que você estivesse trazendo tacos.

— Tivemos os tacos — Olhei para Taylor — mas nos


desviamos um pouco.

Barrett levantou a sobrancelha.

— Eu aposto que você desviou. Aqui estou eu, sofrendo no


hospital com queimaduras e vocês dois estão transando. Eu acho
que é uma coisa boa que uma das voluntárias me trouxe um
hambúrguer e batatas fritas.

Taylor sentou-se na beirada da cama.

— Meninas bonitas em vestidinhos listrados bajulando você


e trazendo-lhe hambúrgueres, seu sofrimento tem sido grande,
de fato.

— Sim — disse Barrett com gesto dramático. — Ainda assim,


eu ficarei feliz em dar o fora daqui amanhã. Jimmy, você
conheceu os pais de Aimee? Eles estiveram aqui o dia todo. Boas
pessoas. Ricos.

— Os pais? Mas eu pensei que não queriam nada com ela?

— Quando souberam que ela quase morreu, vieram de


imediato. — Barrett estendeu a mão para sua cômoda para uma
barra de chocolate que havia sido deixado lá. Ele ergueu-a. — A
pequena enfermeira mais doce da noite me trouxe este da
lanchonete.

— Você é ridículo — eu disse. — Então, o que dizer de seus


pais? Eles se entenderam?
— Parece que sim. Eu acho que tudo que precisa é quase
perder alguém para fazer você perceber o quanto você a ama. —
Barrett olhou para o chocolate na mão e seu rosto escureceu um
pouco. — Eu sei que você ligou para nossos pais. Eles nunca
vieram me ver.

Taylor me deu uma olhada rápida e então ela estendeu a


mão e ajudou-o a dobrar para baixo a embalagem sobre o doce.

— Seus pais odeiam dirigir na autoestrada, não é mesmo?


Caso contrário, tenho certeza que teriam vindo.

— Sim, eu acho. — Ele colocou o doce de volta na mesa e


recostou-se lentamente. Ele fez uma careta quando seus ombros
enfaixados descansaram contra o travesseiro. O tema dos nossos
pais tinha tirado o ar fora dele. Sendo o mais novo, ele ainda
segurava aquele pedaço fino de esperança que meus pais iriam
tornar-se subitamente envolvidos e interessados em nossas vidas,
mas isso nunca iria acontecer. Não estava em sua natureza. E,
assim como os pais de Taylor eram excessivamente muito
preocupados com a sua vida, os nossos pais eram muito
removidos da nossa.

Vozes desconhecidas soaram no corredor e um casal entrou


no quarto de Barrett. Era fácil ver que eles eram os pais de
Aimee. Sua mãe tinha o mesmo sorriso doce e sardas
salpicadas. Barrett tinha razão. Eles cheiravam a dinheiro.

O pai de Aimee estendeu a mão.

— Você deve ser o irmão de Barrett, James. Aimee fala


muito bem de você. Eu sou David Peters e esta é minha esposa,
Bianca. Nós não podemos agradecer o suficiente pelo que o seu
irmão e você fizeram, arriscando suas vidas para salvar a nossa
Aimee.

— Estou feliz que nós estávamos lá para tirá-la de forma


segura. Esta é Taylor. Ela estava lá naquela noite também. Foi
sua voz que nos guiou para fora da fumaça.

Sr. Peters se aproximou e estendeu novamente a mão.

— Obrigado, Taylor.

— Não por isso.

O pai de Aimee enfiou a mão no bolso e tirou a carteira e


olhou para mim.

— Eu entendo que você perdeu um Shelby sessenta e cinco


no fogo. — Ele balançou a cabeça. — Terrível tragédia. Eu sou
um pouco de um colecionador de carros clássicos e eu tenho
muitos amigos com os bolsos pesados e uma fraqueza por carros
antigos. — Ele me entregou um cartão de visita. — Por favor, me
envie a informação sobre o seu negócio de peças. Eu acho que
eu posso enviar uma enxurrada de clientes à sua porta e eu vou
manter meus ouvidos abertos sobre um substituto para esse
Shelby. Ah, e eu insisto em pagar as contas do hospital do seu
irmão.

— Obrigado, Senhor, mas isso não é necessário.

Ele ergueu a mão.

— Não, eu insisto. Eu já fiz arranjos para a conta ser


enviada para mim. É o mínimo que posso fazer.

Eu não sabia como responder. Foi a coisa mais generosa


que alguém já fez por mim.

— Sua filha, Aimee, é uma pessoa incrível. Ela trabalha


duro e merece ser feliz. Estou feliz de terem encontrado um ao
outro novamente.

Sr. Peters olhou para sua esposa e então de volta para mim.

— Às vezes, como pais, nós tomamos decisões estúpidas e


nós certamente aprendemos a lição. Nosso orgulho ficou no
caminho, mas tudo isso mudou.

Olhei para Taylor. O olhar dela caiu e ela olhou para o chão,
mas eu sabia exatamente o que ela estava pensando.

— Bem, vamos voltar para o quarto de Aimee. Pare e diga


olá a ela quando você tiver uma chance — disse Peters.

— Eu vou.

Eles saíram.

— Você sabe — disse Barrett com um bocejo — Eu estava


pensando, talvez eu me torne um bombeiro. Eu meio que gosto
de enfrentar todos os aspectos perigosos de tudo isso.

Taylor negou com a cabeça.

— Isso é apenas o que você necessita, um uniforme de


bombeiro. Você já tem todo o mundo feminino virado de cabeça
para baixo. Eu imagino.
Barrett piscou com surpresa fingida.

— O que você quer dizer? Garotas gostam de bombeiros?

Ela foi dar um tapa no braço dele, mas depois pensou


melhor.

— Mesmo ferido, você ainda é um idiota.

— Mas eu estou falando sério. Acho que seria bom nisso.

Puxei uma cadeira e sentei.

— Eu penso que você acha que pode simplesmente estalar


os dedos e você vai aterrissar-se em um emprego com um pelotão
de fogo. Não acontece assim, Rett. Esses trabalhos são difíceis
de conseguir e eles exigem muito treinamento.

Mais uma vez, ele parecia esvaziado.

— O que diabos eu vou fazer, Jimmy? Eu não posso limpar


o óleo fora de peças de carro toda a minha vida.

Olhei para o quarto do hospital estéril com suas paredes


pálidas verde hortelã.

— Aparentemente, você teve muito tempo para refletir


enquanto você está sentado aqui. Basta se curar e então, você
pode começar a pensar nisso, Rett. — Minha conversa com o meu
pai tinha ido como eu esperava. Sua reação ao salto de Barrett
em uma casa em chamas para salvar uma vida e suas lesões
subsequentes foram atendidas com a mesma reação emocional
como se eu tivesse dito a ele sobre o tempo. Ele havia mostrado
alguma emoção embora, raiva sobre Barrett sendo expulso do
barco. Foi quando eu percebi que Barrett nunca poderia voltar
para casa. Não era o tipo de casa para qual você voltava. Meus
pais eram como as tartarugas marinhas, uma vez que deixou o
ninho, você estava por conta própria para lutar pela
sobrevivência. E nós todos deixamos o ninho. — Rett, você sabe
que você pode ficar comigo durante o tempo que você precisar.

Ele acenou com a cabeça.

— Obrigado, mano, você sempre esteve lá para mim.

— Então, eles estão te dando alta amanhã?

— Sim, só tenho que voltar para o consultório médico para


ter as queimaduras corrigidas em dois dias.

Só então, uma enfermeira muito bonita enfiou a cabeça


dentro do quarto.

— Apenas checando para ver se precisava de alguma coisa


antes de sair do turno.

Barrett levantou a cabeça.

— Você está indo embora? Eu vou embora amanhã.

O rosto da enfermeira caiu com a decepção. Ela entrou no


quarto. Barrett nos um atirou um olhar “foi ótimo vê-lo, mas
saia. ”

Eu estava.

— Ligue para mim amanhã, quando você estiver pronto para


sair.
— Pode apostar. — Ele olhou para Taylor e piscou. — Vejo
você mais tarde, mana.

— Sim, isso é o que eu preciso, outro irmão. — Ela se


inclinou e beijou-lhe a testa e deixou meu irmão para trás com
sua enfermeira extremamente atenciosa.
Capítulo 24

Clutch

Ultimamente, parecia ser a ordem natural das coisas na


minha vida. Algo foda aconteceria apenas para ser seguido por
uma explosão de merda. Como prometido, o pai de Aimee cuidou
das despesas médicas de Barrett e ele enviou vários novos
clientes afluentes em nosso caminho. O Shelby tinha ido embora,
mas o negócio estava crescendo. Taylor e eu éramos inseparáveis
e eu passei cada momento livre do meu dia pensando nela.
Quaisquer coisas que seus pais pensaram, ela sabia o tempo todo
que estávamos destinados a ficar juntos e enquanto levou mais
tempo para a inevitabilidade de entrar em minha cabeça dura, eu
vim a perceber que não havia mais ninguém, apenas Taylor. A
única grande falha em tudo isso era que sua família, incluindo
Jason, não tinha ideia que víamos um ao outro. Não que eu
desse a mínima para o que qualquer deles pensava mais, mas era
mais fácil por enquanto, para mantê-lo quieto.

Eu não percebi o quanto mais fácil.

Jason entrou no escritório. Sua boca estava bem apertada


com raiva.

Eu me inclinei na minha cadeira.

— O que está acontecendo?


Ele não disse uma palavra enquanto ele caminhou até o
pequeno sofá e sentou-se. Suas narinas se alargaram e ele
parecia estar tentando controlar um acesso de raiva.

— Existe um problema? — Eu perguntei.

— Eu não sei, amigo, não é?

— Cuspa o fora, Jason. Estou ocupado.

— Aparentemente, a minha mãe estava limpando sucata do


quarto de Taylor e se deparou com um moletom que estava
enrolado e jogado em um canto.

Eu esperava que seu discurso não tivesse nada a ver com


Taylor, mas, obviamente, ele estava prestes a bater no ventilador.
Mas eu mantive a minha guarda.

— Bem, isso é apenas uma merda incrível, Jason. Bom para


ela. Agora, me deixe voltar ao trabalho. — Voltei-me para o meu
computador.

— Ele cheirava a fumaça.

Fiquei olhando para o teclado e pensei sobre as coisas que


passaram por minha cabeça para me preparar para esta conversa.
Virei de volta e encarei-o.

— Isso é porque Taylor estava comigo na noite do incêndio.


Mas eu acho que você e seus incríveis poderes policiais já
descobriram isso.

Ele levantou-se abruptamente, mas eu fiquei sentado. Jason


sempre foi intimidado pelo meu tamanho e eu não precisava de
uma vantagem hoje. Eu sabia que estava no lado direito de tudo
isso.

— Eu amo Taylor.

— Ela não é para você — ele rosnou. — Eu já lhe disse que


meus pais não querem...

— Eu não dou a mínima para eles. Ela tem dezoito anos. Ela
pode tomar suas próprias decisões. Se seus pais são estúpidos o
suficiente para perder a sua filha sobre sua ignorância
mesquinha, então essa é a maneira como isso vai ser.

O lado de sua mandíbula se contraiu de raiva.

— Tudo bem, mas você está pronto para acabar com esta
parceria por ela?

Era um pedaço de munição que eu não esperava.

— Você quer dizer que seus pais ainda têm tanto controle
sobre sua vida que você iria colocar o seu sustento na linha só
para agradá-los? Que diabos aconteceu com você? E por que você
é tão contra mim nisto?

— Eu não estaria dando o meu sustento. Vou levar os meus


clientes e você terá os seus.

— E nós competimos um com o outro na mesma cidade?


Isso é a coisa mais estúpida que eu já ouvi. Este negócio está
crescendo. Você realmente quer desistir disso só porque eu amo
a sua irmã?

— Basta pensar sobre o que eu disse. — Ele virou-se para


sair.

— Então, eu tenho que escolher entre o negócio com você e


uma vida com sua irmã. — Ele saiu do escritório. — Essa é uma
decisão fácil de merda — eu gritei atrás dele.

Eu larguei para trás contra a cadeira. Acontecera


novamente, uma mudança dramática no meu dia. Meu
computador apitou quando outro pedido veio. Olhei para o
monitor. Por um tempo, parecia não haver limite para o que
podemos realizar com este negócio, mas agora, Jason estava
disposto a jogá-lo fora. Sua lealdade para com seus pais e sua
necessidade bizarra em proteger a virtude de sua irmã estava
causando um impasse em tudo. Mas eu não preciso pensar duas
vezes. Eu queria Taylor, acima de qualquer outra coisa neste
mundo, eu a queria.

Com a manhã de merda que eu acabei de passar, eu me


preocupava com o que poderia estar à espera de Taylor em casa.
Eu sabia que ela estava na escola e não seria capaz de responder
ao seu telefone. Eu disquei o número dela e foi direto para o
correio de voz.

— Me liga. Nós precisamos conversar.

Outra chamada veio quando eu desliguei.

— Hey, Nix.

— Você não parece muito bem. O que há de errado? — Nix


tinha a estranha habilidade de ler os pensamentos das pessoas
através do telefone.
— O que está certo? — Perguntei.

— Você precisa de uma noite fora. Dray estará em uma


competição hoje à noite e eu disse a ele que iria. Ele está em um
mau humor. Cassie recebeu uma oferta para um estágio de
jornalista fotográfica no exterior. Ela está pensando em aceitá-lo
e ele está realmente fodido sobre isso.

— Eu não o culpo — eu disse. Houve uma longa pausa e


parecia que ambos estávamos pensando a mesma coisa. —
Inferno, quando é que as mulheres se tornaram a parte mais
importante de nossas vidas?

— Eu sei. Quem teria pensado? O que você diz sobre essa


noite? Só um monte de cerveja e cabeças arrebentando.

— Eu estou lá. Eu preciso de uma boa dose de ambos.


Capítulo 25

Taylor

Meu telefone descarregou no meio da manhã e eu olhei para


ele na minha mão enquanto eu caminhava para casa. Todo o dia,
eu tive uma sensação de formigamento assustador na parte de
trás do meu pescoço e, a tela sem vida e escura no meu celular
esteve exalando mau agouro. Eu dobrei a esquina da minha casa
e tentei expulsar o mal-estar, mas depois, meus pés congelaram.
O carro do meu pai estava na garagem. Meu pai era o tipo de
homem que nunca deixou o trabalho mais cedo ou faltou um dia
estando doente.

Eu entrei pela porta lateral esperando ir direto para o meu


quarto sem aviso prévio. A lavanderia cheirava a sabão fresco e
meu moletom estava pendurado na linha para secar. Parei e me
virei para olhar para ele e meu coração caiu em meu estômago.

Eles estavam sentados na mesa da cozinha com as canecas


de café agarradas firmemente em suas mãos. O olhar no rosto da
minha mãe disse tudo. Eles sabiam tudo. Eu tomei uma
respiração profunda. Talvez essa fosse a minha chance de colocar
tudo para fora. Eu abri minha boca para falar, mas o meu pai
levantou a mão para me impedir.

— Nem uma palavra, Taylor. Nós vamos falar. Sente-se aqui


e escute. — Seu tom gelado enviou um tremor através de mim.
Puxei uma cadeira e sentei.

— Dezoito ou não, você está sob nosso teto. — Esse seria o


sermão, nosso teto, nossas regras. — Sua mãe e eu concordamos
que é preciso fazer mais para garantir o seu futuro. Você mexeu
com qualquer chance de uma escola de quatro anos com suas
notas baixas e falta de ambição, mas estamos dispostos a pagar
para você ir para a escola de design de moda.

— Mas?

— Mas o quê? — Perguntou sua mãe.

— Mas há um problema, certo?

— Nenhum problema. Você apenas tem que prometer


trabalhar muito, porque custa muito dinheiro. — Papai tomou
um longo gole de café e eu esperava a bomba a cair. — E, claro,
você tem que parar de ver Jimmy.

A cadeira raspou o piso de ladrilho imaculado da minha


mãe quando eu levantei.

— Nenhum negócio. Eu vou descobrir a minha própria


maneira de pagar por isso.

— Nós não terminamos de falar — papai disse bruscamente.

— Então fale com outro. — Cheguei à porta da mesma


maneira que sua cadeira caiu para trás. Ele agarrou meu braço e
me virou.

— Já cuidei das coisas com Jimmy. Acabou. Vocês dois não


vão ver um ao outro mais.
O pânico se estabeleceu e eu olhei para a minha mãe. Ela
voltou seu olhar para baixo para a xícara de café. Ela sempre
disse que eu tinha os olhos do meu pai, mas, no momento, suas
chamas estiveram neles.

— O que quer dizer que você tomou conta das coisas com
Jimmy?

Ele lançou seu aperto em mim.

— Jason disse que a parceria de negócio acabaria se ele


continuasse a vê-la.

— E Clutch concordou? — Eu perguntei fazendo todos os


esforços para manter a calma. A última coisa que eu queria fazer
era perdê-la na frente deles e dar-lhes qualquer sentimento de
vitória.

Meu pai desviou os olhos.

— Será que ele concorda? — Eu perguntei

— Jimmy é um homem de negócios — papai disse — Ele


não vai desistir de tudo que ele trabalhou apenas por um caso
com uma menina bonita da escola.

— Uma aventura? — As lágrimas que eu havia segurado de


volta romperam. — É isso que você acha que é? Você ainda não
me respondeu. Será que Clutch concorda com os termos de
Jason? — Minha voz soou estridente agora e eu teria ficado
chateada comigo se não me sentisse como se cada pedaço de
mim estivesse desmoronando.
Não houve resposta. Corri da cozinha e bati a porta do
quarto fechada atrás de mim. Eu enfiei meu telefone no
carregador. Havia um formulário de correio de voz de Clutch.
Meus dedos tremiam enquanto eu marquei o meu correio de voz,
apavorada com a mensagem que ele deixou. Foi breve. Ele queria
falar. Sua voz era distante. Não como ele soava nos últimos dias,
esses poucos dias em que tínhamos estado tontos com a
companhia do outro. Ou pelo menos eu estive. Talvez para ele
fosse apenas como meu pai tinha tão cruelmente falado, um caso.

Eu me enrolei na minha cama e chorei. Eu não tive a


coragem de chamá-lo de volta. Eu fiquei lá olhando para o quarto
com os olhos embaçados. Minha mãe tinha esticado para fora,
sem dúvida, porque isso tinha dado a ela uma desculpa para
bisbilhotar. Ela até endireitou meus esboços. Desta vez, o meu
descuido foi a minha ruína. Eu tirei o moletom embebido de
fumaça e ele caiu em um canto do quarto. Por causa do Shelby,
que souberam sobre o incêndio na casa de Clutch. Mas nada
disso importava agora se Clutch tivesse tão facilmente desistido
de nós para salvar o seu negócio.

Desespero total e absoluto me empurrou em um sono


profundo e quando eu acordei, meu quarto estava listrado nas
sombras do crepúsculo. Minha cabeça doía e minha garganta
estava seca. Levantei-me e entrei no meu banheiro para um copo
de água e uma aspirina. Uma batida me assustou fora do meu
estado sonolento.

— Taylor, o jantar está na mesa. — A voz da minha mãe


tinha o tom delicado de sempre.
— Não estou com fome — eu falei do banheiro.

Seus passos se retiraram pelo corredor. Eu engoli duas


aspirinas e me arrastei de volta para a minha cama. Olhei para o
meu telefone e fiquei aliviada ao ver que ninguém ligou. Eu não
podia falar com ele ainda. Eu não estava preparada para lidar
com as suas desculpas. Eu não estava pronta para enfrentar a
realidade do meu desgosto. Eu precisava muito falar com alguém,
porém e ultimamente, Scotlyn tinha sido a minha única e
verdadeira amiga.

Eu disquei e ela pegou imediatamente.

— Hey, Taylor.

Eu rompi em lágrimas ao ouvir o som da voz dela e queria


me chutar por isso.

— Qual o problema, querida?

— Meus pais são demônios e meu irmão disse a Clutch que


ele iria acabar com o negócio se ele continuasse me vendo. Ele
trabalhou duro por esse negócio. Por que meus pais são tão
estúpidos? Agora vou perdê-lo para sempre. — As últimas
palavras saíram em uma série de soluços.

— Eu acho que você está completamente errada sobre isso,


Taylor. Eu sei que Jason e Clutch não estão se falando no
momento. Você pode cortar a tensão no escritório com uma faca,
mas Clutch é louco por você. Ele não vai desistir de você.

— Meus pais disseram que ele já escolheu o negócio. —


Basta dizer que produziu uma profunda dor em meu peito. É
claro que ele iria manter o negócio. Eu era apenas um incômodo
bobo para ele.

— Olha, Cassie e eu estamos terminando o jantar.

— Meu Deus, eu sinto muito. Eu não queria interromper a


sua noite.

— Não, Taylor, não é por isso que eu falei isso. Nós


tomamos uma decisão. É provavelmente uma realmente estúpida,
mas Cassie teve algumas pina coladas e ela decidiu que deveria ir
para as lutas. Dray está competindo. Nix e Clutch vão estar lá.
Venha com a gente e em seguida, você pode falar com ele.

— Eu tenho medo de falar com ele. E se tudo for verdade?


Eu não acho que estou pronta para enfrentá-lo ainda.

— Taylor, se vista. Vamos passar e buscá-la em 20 minutos.


Você pode sair?

Eu pensei sobre isso. A agonia de não saber era


provavelmente pior que saber.

— Há um pequeno parque a dois quarteirões antes da


minha casa. Espere-me lá. Vejo você em alguns minutos.

Há muito tempo atrás, eu tinha aperfeiçoado um plano de


fuga e eu o usava sempre que meus pais estavam putos o
suficiente para me proibir de sair de casa. Liguei o chuveiro para
dar a impressão de que sua menina estava se preparando para
dormir. Eu, na ponta dos pés, vesti minha calça jeans e uma
camisa de manga comprida. Então, eu escovei meu cabelo em
um rabo de cavalo e desliguei o chuveiro. Acendi a televisão e
puxei as minhas botas. A tela na janela ao lado da minha cama
tinha sido erguida fora de seus entalhes. Eu abri a janela,
empurrei a parte inferior da tela e sai. Depois da cena dramática
na cozinha, seria mais provável que me checassem mais tarde,
mas eu realmente não me importava mais. Foram fundamentais
em destruir a minha felicidade e arrancar meu coração em
pedaços. Simplesmente não havia qualquer outra coisa que
pudessem fazer para arruinar a minha vida.

O ar frio da cidade afastou-se quando eu andei correndo até


o parque. Minha vontade de ver Clutch se fortaleceu durante a
execução do meu plano de fuga. Na minha pressa de sair
rapidamente e em silêncio, eu tinha deixado meu celular para
trás no carregador. Fiquei debaixo do carvalho gigante na borda
do canto do parque e esperei. O pequeno parque pitoresco
tornou-se o meu lugar de encontro clandestino e se não tivesse
sido tão horrível saber quantas vezes eu tinha esgueirando-me
em torno, seria bem engraçado.

O carro de Scotlyn virou a esquina e parou dentro do


pequeno estacionamento. Subi no banco traseiro.

Cassie olhou por cima do banco da frente para mim.

— Ei, Taylor. Obrigado por vir junto em nossa aventura


ridícula. Quanto mais, melhor. — Ela não parecia nada como a
Cassie que eu conhecia. Eram, obviamente, as bebidas falando.

— Claro que sim. Você sabe que eu estou sempre pronta


para qualquer coisa. Onde é que vamos assistir Dray?

Scotlyn olhou no espelho retrovisor para mim.


— Tank’s Gym e eu tenho que admitir que estou um pouco
nervosa sobre a condução através da cidade.

— Você quer que eu dirija? — Perguntou Cassie.

Scotlyn riu.

— Não, eu acho que nós vamos escolher a minha


inexperiência ao volante sobre seus reflexos embebidos de rum.

— Provavelmente uma boa ideia — saltei no banco de trás.

Os olhos azuis de Scotlyn encontraram os meus no espelho


novamente.

— Você ouviu que foi oferecido a Cassie um estágio


jornalista em foto com um grande jornal internacional?

— Uau, Cassie, é incrível. Quando você começa?

Cassie ficou em silêncio por um momento.

— Eu não vou. — Seu tom estranhamente feliz


e despreocupado azedou. — Seria preciso passar seis meses
viajando pelo o exterior. — Ela olhou para mim. — Eu não posso
deixar Dray por tanto tempo. — Seu rosto se iluminou de novo
quando ela forçou um sorriso. — Ele não consegue nem se
alimentar adequadamente. — Ela olhou para Scotlyn. — Eu
disse-lhe o que ele fez de jantar na outra noite quando eu tive
que trabalhar até tarde no Freefall?

— Isso é bom, hein? — Perguntou Scotlyn.

— Ele fez para si um sanduíche de batata frita, mas não


havia pão envolvido. Ele cozinhou duas pizzas congeladas e um
saco de batatas fritas congelado, que ele imprensou entre as
duas pizzas. Ele estava tão orgulhoso de sua façanha culinária,
que ele anotou a receita para que ele não fosse esquecê-lo. — Ela
balançou a cabeça. — Era uma receita muito simples. Cozinhe
duas pizzas e esprema algumas batatas fritas entre elas. Eu disse
a ele que era apenas como uma daquelas receitas de herança de
família que nós poderíamos um dia passar para os nossos
netos. — Ela suspirou, mas alguns desapontamentos haviam
retornado. — Sério, ele nem sabe como substituir o papel
higiênico do suporte. Se ele ficar sem, ele provavelmente só
começa a usar jornal. Ele nunca iria sobreviver sem mim.

— Talvez você encontre um estágio mais perto de casa —


sugeri.

Ela encolheu-se um pouco no banco da frente.

— Sim, talvez. — Disse ela em voz baixa. Eu sabia que


Cassie era louca por Dray, mas ela também era louca por
fotografia. E ela era extremamente talentosa. Tinha que ter sido
uma decisão dolorosa ao coração.

Scotlyn agarrou o volante com força quando nós entramos


ao lado da rodovia e no coração da cidade.

Cassie procurou Tank’s Gym em seu telefone.

— Vire à esquerda na luz.

— Você já viu uma das lutas de Dray? — Perguntei.

— Somente aquelas fora do ringue. É provavelmente muito


estúpido da minha parte fazer isso, mas eu acho, que diabos.
Quem sabe, pode até ser divertido. Certo?

— Claro — Scotlyn disse fracamente.

Eu não tinha nenhuma resposta. Na verdade, um silêncio


hesitante caiu sobre o carro quando todos nós parecíamos estar
imaginando os possíveis cenários que poderiam ser encontrados
em meio de Tank’s Gym. Tinha ainda mais para me preocupar.
Eu não tinha ideia do que esperar de Clutch. Meu receio anterior
tinha retornado.

— Qual é o pior que poderia acontecer? — Scotlyn quebrou


o silêncio contemplativo. — Se não gostarmos, nós vamos virar e
ir embora.

Cassie assentiu.

— Basta uma aparição, hein? Bom plano, Scottie. — Ela


olhou para fora da janela. — Puxa, isso é realmente a parte
obscura da cidade.

Olhei para fora na paisagem. Um velho estava tendo uma


conversa com uma lata de lixo ou, pelo menos, ele parecia estar
falando com ela.

— Não, eu acho que nós passamos para trás na decadência


quando o cara estava fazendo xixi no sinal de parada de
ônibus. Acho que estamos entrando nas entranhas da cidade
agora.

Cassie correu o polegar através de seu telefone.

— Oh, espere, vire à direita. É ao virar a esquina.


— Eu tenho que avisar que, se o estacionamento paralelo for
necessário, então nós estamos voltando ao redor e indo para casa
— disse Scotlyn.

Cassie apontou para frente.

— Olha, eu acho que é grande o suficiente para entrar.

Scotlyn estacionou e mais uma vez, um silêncio ansioso


caiu sobre o carro.

— O lugar parece escuro — eu disse.

— Acho que as janelas são cobertas com algum tipo de


material escuro. É difícil ver através dos todos os bares.

Cassie olhou para nós duas.

— Por que você precisaria de barras de segurança em uma


academia? Quero dizer, as pessoas vão para quebrar e levar
consigo aqueles grandes, pesados sacos de pancada? — Ela
suspirou. — Vamos antes que meu zumbido desapareça e eu
amarele.

Saímos com cautela como se estivéssemos pisando sobre a


superfície da Lua ou de algum planeta estranho. E de certa forma,
nós estávamos.

Scotlyn olhou de volta para seu carro.

— Espero que ele ainda esteja aqui quando voltar.

Cassie empurrou a porta de metal grande e abriu


rangendo. No mesmo instante, os nossos sentidos foram
agredidos com os sons e cheiros dos homens. Um cara pesado,
com um cavanhaque branco gelado, entrou na nossa frente. Ele
tinha um maço de dinheiro na mão robusta. A porta de entrada
estava mal iluminada e a fileira de espectadores ao longo do anel
no centro do ginásio bloqueou qualquer luz chegando ao fim.

O cara olhou para baixo, para nós e dois dentes lascados da


frente saíram de seu sorriso.

— Bem, normalmente eu ia pedir quinze dólares cada, mas


poderíamos usar algum brilho lá. — Ele fez um sinal para nós
para entrarmos.

Instintivamente, todas nós colocamos as mãos sobre o rosto


para bloquear o cheiro de suor. O momento da nossa chegada foi
perfeito. A multidão, em sua maioria homens, estava tão
concentrados com a ação no ringue, que ninguém tomou
conhecimento de nós quando deslizamos pelo lugar. Estiquei-me
alto e olhei para a cabeça loira que sempre se elevou sobre todos
os outros, mas eu não poderia encontrá-lo. Era perfeitamente
possível que Clutch não estivesse mesmo no lugar. Eu estava
um pouco confortada pela ideia de que eu não teria que vê-lo esta
noite. Meu estômago revirou com preocupação e agora, mais que
nunca, isso realmente parecia uma ideia estúpida.

A autopreservação e a nuvem pegajosa de odores


desagradáveis de homem nos enviou a parte de trás do ginásio,
onde a única parte visível da luta era o spray de suor quando um
lutador era batido. Rugidos altos ecoaram pelas paredes de
cimento do edifício e o ar denso chegou em nós. O barulho da
multidão tornou impossível falar uns com os outros, mas os
olhares que demos uns aos outros disse tudo. Nós nunca
deveríamos ter vindo. Algumas coisas eram melhores deixar para
a imaginação.

Mesmo que não conseguisse ver nada, Cassie se encolheu


toda vez que o som de dedos estalando carne subiu no ringue.
Gritos trovejaram através do edifício e a terra tremeu sob os
nossos pés. A luta no ringue central tinha acabado. Ombros de
Cassie relaxou quando ambos os competidores saíram por conta
própria e não em uma maca.

Sua atenção não estava mais atraída para o ringue, os


espectadores começaram a tomar conhecimento de nós três como
se um holofote tivesse sido ligado acima de nós.

Scotlyn pegou minha mão. Ela olhou para Cassie.

— Nós provavelmente deveríamos encontrar os caras em


breve.

— Concordo — disse Cassie. Mas, de repente, éramos como


presa encurralada em um antro de predadores e, a cada passo
cauteloso tomado, os predadores se aproximaram. — Tudo bem
— disse Cassie. — Eu estou oficialmente chamando isso de
erro. — Então, uma porta lateral se abriu no lado oposto do
ginásio e, com exceção de alguns retardatários, o pacote de
caçadores voltou sua atenção para o ringue.

Eu estiquei na ponta dos pés em uma tentativa de olhar por


cima do mar de cabeças. Uma cabeça ficou acima do resto.
Respirei forte e cai de volta para meus calcanhares.

— Eu acho que Dray pode ser o próximo no ringue. Clutch


é uma das pessoas que acabou de sair por aquela porta lateral.
Eu não posso ver Nix e Dray, mas tenho certeza que eles têm de
estar por perto.

Cassie pegou o braço de Scotlyn.

— Eu mudei de ideia. Eu não posso ver isso. Eu não sei o


que eu estava pensando. Vamos sair daqui.

— Você só tem que me pedir uma vez. É provavelmente o


melhor se nós pudéssemos correr daqui sem os caras nos ver. —
Scotlyn apertou minha mão com mais força e eu levei a mão de
Cassie. O longo rabo de cavalo loiro prata da Scotlyn iluminou o
caminho que ela nos puxou rapidamente através da massa de
testosterona. Através do labirinto de homens, vimos um caminho
claro, mas estreito, para a porta. Os rumores e vozes ficaram
mais altos e os espectadores pressionaram mais perto do ringue
central. Em segundos, a nossa rota de fuga tinha enchido com os
homens. Eu apontava para uma abertura e Scotlyn mergulhou
através dela. Nossa corrida um pouco frenética parecia estar
chamando a atenção em nossa direção novamente.

Sem aviso, o braço de um homem serpenteou em volta da


cintura de Cassie. Ela perdeu o controle sobre a minha mão e eu
bati os punhos nas costas do rapaz. O cheiro rançoso de álcool
flutuou para fora de sua boca quando ele riu da minha tentativa
inútil de prejudicá-lo. Cassie agarrou seu pulso grosso e tentou
erguer as mãos longe dela.

Scotlyn empurrou o rosto no dele.

— Deixe-a ir, seu horripilante. — Quando ela estava


chateada, ela tinha algum tom sólido por trás de sua voz
normalmente recatada.

Infelizmente, a bronca de Scotlyn só serviu para chamar


mais atenção para nós. Momentos depois, a viagem ao Tank’s
Gym passou de uma má decisão a um colossal erro irreparável.
Era difícil saber exatamente quando o impacto ocorreu. Tudo
tinha acontecido tão incrivelmente rápido. Dray tinha se atirado
do outro lado da sala, quase como se ele tivesse a velocidade
sobrenatural de um vampiro. Ele estava parado entre Cassie e o
cara que a tinha agarrado. O som nauseante de um nariz
quebrando agarrado pelo baixo rugido da multidão e o cara,
tropeçou para trás, sangue escorrendo de seu rosto. Em um
borrão de movimento, dois grandes caras com apertadas
camisetas pretas onde se lia "segurança" empurrou para o centro
da ação e arrastou Dray, a grosso modo, para o quarto dos
fundos. No caos de tudo isso, eu perdi de vista Nix e Clutch.

Ombros estreitos de Cassie balançaram com soluços.


Scotlyn agarrou cada um de nossos braços.

— Temos que sair daqui agora. — Nos aproximamos mais


do ringue, parecia que poderíamos encontrar o nosso caminho
mais seguro para fora. Cassie manteve o rosto para baixo e
Scotlyn seguiu em frente com determinação férrea. Saímos do
mar de corpos e acabou junto ao ringue.

Nós rastejamos ao longo de sua fronteira. Fomos até o meio


do ringue e apenas vinte passos da saída, quando um locutor
veio no microfone.
— Estamos à procura de um jogo para cima no terceiro
round. Um lutador foi desclassificado por dar um soco fora do
ringue.

O rosto de Cassie disparou. Seus óculos estavam


embaçados de lágrimas e o ar quente úmido no ginásio. Ela
puxou-os.

— Disseram que ele foi desclassificado?

Scotlyn olhou para mim e em seguida, relutantemente, se


virou para Cassie.

— Eu tenho certeza que é isso que o locutor disse.

A mão de Cassie voou para sua boca.

— Dray foi antecipar e preparar-se para esta luta por


semanas. Ele vai ficar tão chateado. Eu não posso sair até que
eu saiba que ele está bem. — Sua voz tremeu.

Simultaneamente, olhamos na direção que a segurança


tinha pego Dray. O caminho para a parte de trás do ginásio
parecia assustador.

Cassie respirou fundo. Ela limpou os óculos em sua camisa


e colocou-os de volta em seu rosto. Desta vez, Cassie tomou
conta e com os cotovelos balançando e expressões que disse às
pessoas para se afastarem do caminho, fizemos uma longa
viagem até a porta da sala dos fundos.

Algo me dizia que Dray não estaria no maior dos humores


quando nos viu, mas Cassie conhecia melhor que eu e ela foi em
direção a ele agora, com determinação inabalável.

Cassie olhou fugazmente para nós antes de abrir a porta.


Um corredor frio, escuro, enrolado ao redor de um canto. Luz e
vozes fluíam para fora na passagem de outra forma apagada.
Seguimos o som das vozes profundas e chegamos a outra porta
de metal.

A confiança de Cassie pareceu encolher-se com cada passo


que dava. Ela apertou sua mão contra seu estômago.

— Sinto-me doente.

Scotlyn colocou a mão em seu ombro.

— Talvez eles não o suspendam por toda a noite.

Luz amarelada infiltrou por baixo da porta fazendo o rosto


de Cassie parecer ainda mais pálido.

— Eu causei tudo isso. — Ela abriu a porta e três rostos


familiares apareceram. Eles olharam para as três de nós como se
tivéssemos acabado de sair de uma nave espacial. Eu não olhei
diretamente para Clutch, mas eu podia sentir seu olhar sobre o
lado do meu rosto.

Dray atirou a Cassie um olhar duro. Sua mandíbula se


contraiu quando ele virou-se e caminhou em direção à parede do
fundo forrado com uma fileira de armários amassados. Ele jogou
seu punho em um e o tinido de metais ecoou pelas paredes de
cimento.

Cassie olhou o pequeno extra na grande sala. Ela apertou as


mãos de preocupação e eu me aproximei e coloquei o braço em
torno do ombro.

Dray foi o primeiro a encontrar a língua.

— Vocês três meninas perderam a cabeça vindo aqui? Que


diabos, Cass? Você sabe quanto tempo eu venho treinando para
essa luta?

A garganta de Cassie moveu enquanto engolia. Seus olhos


pareciam vidrados de lágrimas, mas ela segurou-as de volta.

— E eu não lhe disse para bater no cara. — Seu tom fino


quase foi perdido no azulejo e cimento da sala austera.

— Eu não posso acreditar que as meninas vieram para cá —


Dray rosnou. — Façanha estupida

Cassie se virou e voou para fora da sala. Scotlyn seguiu.

Olhei para Dray.

— Ela só queria ver uma de suas lutas, seu jumento...

— Fique fora disso, Taylor — Clutch disse laconicamente.

Até aquele momento, eu fiz pouco contato visual com ele,


mas eu fiz muito isso agora. Houve um pequeno lampejo de
arrependimento em seus olhos, mas não o suficiente para
enxugar sua advertência.

— Vá para o inferno, Clutch.

— Taylor, caramba, volte aqui — ele gritou, quando eu bati


a porta e corri para fora.
Eu mergulhei no meio da multidão, ignorando os
comentários assustadores e gestos. Cassie e Scotlyn já estavam
no carro quando eu empurrei a porta de saída de metal e tropecei
para a calçada suja. Subimos.

Cassie cobriu o rosto e deixou-se cair no banco da frente


quando Scotlyn ligou o carro. Olhei para trás. Nix e Clutch
surgiram da academia e assistiram-nos afastar.

Meu estômago deu um nó com a dor que eu pensei de volta


para os últimos minutos. Saudação fria de Clutch para mim
apenas solidificou o meu palpite de que meus pais disseram a
verdade. Ele não ia desistir de seu negócio por um
relacionamento sem sentido e bobo, comigo. Eu me sentia
desesperada e ridiculamente delirante. Por um breve período de
tempo, eu pensei que eu finalmente o fiz tomar conhecimento
sobre mim. Por um breve período de tempo, eu me convenci de
que Clutch me queria tanto quanto eu o queria.

Cassie se sentou e pegou o telefone. Ela furiosamente


digitou uma mensagem de texto e pressionou enviar.

Scotlyn a observou e em seguida, olhou no espelho para


mim.

— Está tudo bem, Taylor? — Eu estava feliz que ambas


tinham perdido a minha repreensão.

— Estou muito bem.

— Eu também — disse Cassie bruscamente.

Scotlyn olhou para ela.


— Será que você lhe enviou uma mensagem desagradável
bem merecida?

Cassie balançou a cabeça.

— Não. Eu não mandei mensagens de texto a ele. Acabei de


enviar uma mensagem para o homem que me ofereceu o estágio
no exterior. Eu aceitei o cargo. Dray só fez a decisão muito fácil
para mim.

— Tem certeza que você não deve esperar até que você não
esteja com raiva de Dray? — Perguntou Scotlyn. — É uma grande
decisão para fazer quando você está chateada.

Cassie não lhe respondeu. Ela se virou e olhou para mim.

— Taylor, você ainda é jovem. Você, se certifique que você


escolha o futuro que você quiser. Não deixe nenhum cara tomar o
controle de sua vida. Você também, Scottie. Tão impressionante
como Nix é, você tem que definir o seu próprio futuro. — Com
isso, ela estendeu a mão, ligou a música e caiu para trás contra o
assento.

Voltamos em silêncio, com apenas a memória da noite


horrível para encher nossos pensamentos.

Inclinei-me e abracei-as quando Scotlyn me deixou na


minha esquina da rua. A luz da sala da frente estava ligada, mas
o meu quarto estava escuro, dando-me a esperança de que eles
nunca tivessem me verificado. Eu olhei para a casa em silêncio
por um minuto e percebi que não estava pronta para ir para
dentro ainda.
Era como se eu tivesse batido sem sentido como um lutador
no ringue. Minhas pernas pareciam de borracha e inútil. Sentei-
me na calçada em frente da minha casa. Ainda sendo primavera,
a temperatura a noite estava fria o suficiente para me fazer
cruzar os braços em volta de mim. Então, eu pensei sobre estar
nos braços de Clutch. Eu estive em puro êxtase por alguns dias
pensando que talvez, as coisas estivessem indo do jeito que eu
queria. Eu perdi tanta emoção e desgosto sobre o homem e tudo
para nada. Cassie tinha razão. Eu precisava cuidar do meu
próprio futuro e eu precisava parar de perder tempo lamentando
sobre Clutch.

Luzes de um carro virou a esquina e eu percebi que Scotlyn


tinha decidido ter certeza que eu fui para dentro. Eu me levantei
e apertei os olhos para a luz, mas não era o carro de Scotlyn. Era
um velho carro batido que eu nunca tinha visto antes. O carro
parou no meio-fio em frente à minha casa. Virei-me para
apressar dentro.

Ouvi uma janela rolar.

— Taylor — uma voz disse.

Eu parei e olhei para trás. O rosto de Gus olhou para mim


enquanto ele se inclinou sobre o banco do passageiro.

— Eu tentei te ligar.

— Eu não tenho o meu telefone. — Meu coração ainda


estava acelerado. — Você me assustou. O que você está fazendo
aqui?
Ele olhou para mim.

— Parece que você teve uma noite ruim.

— Uma das piores.

— Eu sinto muito em ouvir isso. Vou embora de manhã. —


Ele olhou para mim. — Você deveria vir comigo.
Capítulo 26

Clutch

Normalmente, eu era uma dessas pessoas de sorte, que


gostava de ir para o trabalho, uma vez que era o meu próprio
negócio e eu estava fazendo exatamente o que eu gostava de fazer.
Mas eu teria preferido ficar na cama hoje. Depois de uma rápida
e decepcionante noite de luta, levei Dray para casa. Cheguei em
casa e terminei com a cerveja suficiente para derrubar um
elefante e eu, em seguida, cai na cama. Eu tinha a esperança de
abafar meus próprios pensamentos miseráveis com álcool, mas
percebi que não tinha o suficiente de cerveja em casa para isso.
Especialmente quando o cheiro do perfume de Taylor ainda se
agarrava aos meus lençóis e do par de brincos que ela esqueceu
em meu criado-mudo. Eu tentei a noite toda ligar para ela, mas
ela não respondeu.

A loja estava vazia quando eu cheguei. Eu estava tão feliz


por não ver Jason. Eu não tinha ideia de como isso tudo iria
acabar, mas eu sabia que não importa o que acontecer, eu não
estava perdendo Taylor. Agora, eu tinha que me preocupar se ela
desistiu de mim. Ela foi embora tão irritada, eu não estava
convencido que ela falaria comigo novamente.

Enchi o pote de café e me dirigi para o meu computador.


Havia ordens à espera de ser preenchidas. O pai de Aimee tinha
dado a loja um grande impulso com ótimos clientes. Ela voltou
para casa e Dustin tinha desaparecido completamente. Eu só
podia esperar que ele estivesse morando em uma caixa de
geladeira em algum lugar da cidade.

A porta se abriu e fechou.

— Scotlyn? — Eu precisava descobrir o que aconteceu


depois que as meninas deixaram a luta. Eu só esperava que ela
me dissesse.

Os passos eram pesados, não era Scotlyn. Jason invadiu o


escritório e eu me sentei em frente.

— Onde diabos ela está? — Seus punhos estavam enrolados


firmemente.

— Quem?

— Não jogue jogos comigo porra, Clutch. Onde está Taylor?

— Eu não a vejo desde ontem à noite. — Peguei meu


telefone. — Ela estava com Scotlyn e Cassie ontem à noite. Tenho
certeza que ela ficou no barco. — Eu disquei o número de Scotlyn.

— Olá.

— Ei, Scottie. Taylor está com você?

Houve uma pausa.

— Não, eu a deixei na esquina da sua rua. Ela não me


deixou passar na frente de sua casa, porque ela não queria que
seus pais vissem que ela tinha saído. Você quer dizer que ela não
chegou em casa? — Havia uma ponta de pânico em sua voz.
— Tenho certeza que ela só saiu com alguma amiga — eu
disse calmamente, mesmo que eu não estava. — Vejo você em
alguns minutos e não se preocupe.

Eu desliguei.

— Talvez ela tenha passado a noite com uma amiga. Ligou


para sua escola?

O rosto de Jason estava em seu estado normal torcido de


raiva, um olhar que ele aperfeiçoou recentemente, mas que
nunca lhe convinha.

— É claro que nós fizemos. O que você acha que somos,


idiotas?

Levantei-me e ele recuou.

— Sim, como uma questão de fato, isso é exatamente o que


eu penso de você e seus pais. E, uma vez que eu encontrar Taylor,
o que eu quero, ela será minha e se você não pode lidar com isso,
então vamos falar sobre romper este negócio. Enquanto os seus
conhecimentos com os carros são valiosos para mim, meu senso
de negócios é de maneira mais valiosa para você. Você vai ser
uma merda sem sorte sem mim, mas eu vou fazer tudo certo. —
Eu passei por ele e voltei para minha camionete.

Eu marchei para fora da loja com toda a confiança de um


rastreador especializado apenas para perceber que eu estava
completamente sem saber por onde começar a procurar. Eu sabia
que Taylor tinha algumas amigas que ela mantinha, mas elas
estariam na escola. Eu fui para casa. Barrett estava mais
próximo de sua idade e sabia mais de suas amigas.

***

Barrett ainda estava dormindo. As queimaduras nas costas


estavam curando, mas não havia nenhuma maneira que ele
pudesse trabalhar. Eu chutei o lado de seu colchão e ele levantou
a cabeça e olhou para a luz do dia.

— Que diabos, Jimmy? Que horas são?

— São dez horas. Desculpe acordá-lo tão perto do raiar do


dia, mas Taylor sumiu.

Sua cabeça caiu para trás sobre o travesseiro.

— Eu não acho que você precisa se preocupar. Afinal de


contas, é Taylor. Não é como se ela não tivesse desaparecido
antes.

Arranquei as cobertas de cima dele e deixei-as cair em uma


pilha no chão. — Levantar-se. Preciso de sua ajuda para
encontrá-la. No momento, ela está realmente chateada comigo. —
Eu saí.

— Então o que? Ela está sempre com raiva de você —


Barrett chamou. — Onde diabos estão os meus lençóis?

Eu chequei meu celular no caminho para o pote de café.


Havia um texto de Scotlyn.
“Qualquer palavra de Taylor? ”

“Ainda não. ” — Eu escrevi. — “Eu vou deixar você saber


logo que eu souber dela. ” — Não houve outras mensagens ou
textos. Eu sabia que os pais de Taylor tomaram seu telefone uma
vez como um castigo, mas desta vez, eu tinha certeza que ela
estava apenas fazendo um ponto de não responder meus textos.

Eu derramei uma xícara de café. Ouvi Barrett entrar na


cozinha e me virei.

— Quer uma xícara?

O olhar em seu rosto me disse que não tinha me seguido até


a cozinha para tomar café.

— O que está errado?

O telefone dele estava na palma da mão. Ele olhou para ele


antes de olhar para mim de novo.

— Eu sei onde Taylor está.

— Onde ela está?

— Alasca.

Coloquei a xícara com força em cima do balcão e café quente


espirrou minha mão.

— O que você está dizendo? Ela partiu com aquele


drogado?

— Gus me mandou uma mensagem. Eles desembarcaram


no Alasca há uma hora. Ele disse que Taylor estava chateada e
ele a convidou para ir até lá. — O rosto de Barrett espelhou como
eu me sentia, como se alguém tivesse acabado de me entregar
uma vara de dinamite acesa. — Desculpe, Jimmy. Ela se foi.

Meu telefone tocou e eu olhei para ele.

— Puta que pariu, luta fiasco de Dray acabou de começar


uma avalanche de merda. Nix me mandou uma mensagem que
Cassie estava deixando Dray para um estágio de fotografia. — Eu
puxei uma cadeira e sentei-me. Minhas pernas e cabeça, de
repente, cheias de chumbo. — Eu fui um tolo pensando que
Taylor e eu estávamos conseguindo trabalhar tudo isso. Ela
pulou em um avião sem nenhum pensamento em minha direção.

Barrett sentou-se em frente a mim.

— Sério? Isso é o que você acha? E eu sou o idiota?

Eu olhei para ele, mas ele não serviu o seu propósito. Ele
continuou.

— Você foi o único cara no mundo inteiro da garota. Haviam


muitos caras atrás dela na escola, mas ela teve essa ideia maluca
que ela queria ficar com você. Eu nunca vi você mais feliz, a
propósito, que essas últimas semanas. Você não está o seu
imbecil de costume.

— Obrigado.

— A qualquer hora. Você disse que estava chateada com


você na noite passada. Bem, em seguida, voar para o Alasca soa
exatamente como algo que Taylor iria fazer. Bonita como ela é,
ela nunca pensa abandonar sua paixão por você. Ela deveria ter
pensado muito sobre isso. Porque como eu disse, você é do tipo
idiota.

Sentei-me para frente rápido o suficiente para fazer meu


irmão recuar. Mas eu não estava chateado com ele. Eu estava
com raiva de mim mesmo. A verdade era que eu pensava em mais
nada, além de Taylor desde, desde sempre.

Eu puxei meu celular do meu bolso.

— Você vai dizer a Jason? — Perguntou Barrett.

Eu balancei minha cabeça.

— Primeiro, eu vou reservar um voo para o Alasca. Então,


eu vou deixar Jason saber que a encontrei, mas isso é tudo que
eu vou dizer a ele.

— Irado. — Barrett bateu na mesa. — Nós estamos indo


buscar Tater.

Olhei interrogativamente para ele.

— Nós?

Ele se levantou.

— Uh, você pode saber apenas sobre tudo, mas você não
sabe onde Gus vive, Juneau, não Anchorage. Você provavelmente
não será capaz de reservar um voo direto a essa hora.

— Podemos alugar um carro em Anchorage para Juneau?

— A não ser que o carro tenha uma proa e popa. Não há


estradas para Juneau. — Ele se virou para sair e depois parou.
— Oh, e embale um casaco. Está frio lá em cima.
Capítulo 27

Clutch

— Puxa, você quer relaxar — Barrett disse — Eu posso


cortar com uma faca a tensão em torno de você.

Bati a caneta em cima do balcão.

— Essa não é a tensão. É a ansiedade desenvolvida. — Olhei


para o meu irmão. — E se nós a encontramos e ela me disser
para ir para o inferno?

— Então, nós viramos e voltamos para a Califórnia.

— Isso não era a resposta que eu estava esperando. Eu


pensei que você ia me dizer que ela nunca iria me dizer para ir
para o inferno.

O cara voltou com as chaves e eu empurrei o contrato de


arrendamento sobre o balcão para ele. Nós éramos os únicos
clientes no local, mas que ele tinha levado uns bons 40 minutos
para finalmente chegar ao ponto de entregar-nos as chaves. Ele
levou os óculos do bolso e colocou-os para olhar por cima do
contrato. Achei que seria mais quinze minutos antes de sairmos
do lugar. Seu dedo deslizou sobre o papel e em seguida, ele parou
e olhou para mim por cima dos óculos.

— Você é da Califórnia?
— Sim, isso é um problema?

Ele balançou a cabeça.

— De modo nenhum. Se você está à procura de trabalho


aqui, eu sei que alguns capitães de barco de pesca que iria levá-
lo com certeza. — Ele voltou para o contrato. — Bem, tudo parece
bom. Você precisa de um mapa? As estradas aqui podem ficar
bastante complicadas. É fácil se perder.

Barrett apontou para sua cabeça.

— Eu sou seu mapa. Nós vamos ficar bem.

— Está tudo bem com uma transmissão manual? Eu só


tenho um jipe.

— Seu apelido é Clutch.

Isso deixou o homem bem-humorado.

— Eu acho que isso significa que o manual vai trabalhar


para você.

Peguei as chaves na mão.

— Saia direto por aquela porta e reto. Não pode perdê-la.

Saímos do balcão. Olhei para Barrett.

— Sim, por que diabos eu deveria estar ansioso? A mulher


que eu amo, provavelmente, odeia-me ainda mais por segui-la
aqui e poderei encontrá-la para que ela possa quebrar meu
coração cara a cara. E, agora, estamos no meio do nada, cercado
por montanhas glaciais e eu tenho você de mapa. Por que diabos
eu deveria estar preocupado? Soa como uma experiência
extraordinária para todos.

Saímos e o vento cortou-nos como lâminas afiadas de gelo.


Enfiei as mãos nos bolsos de meu casaco e franzi o rosto para
baixo do meu pescoço.

— Disse-lhe para trazer luvas — disse Barrett.

— Eu não posso acreditar que as pessoas realmente vivem


aqui.

— Você só está dizendo isso porque você é da terra do sol


brilhante e ondas de calor escaldante. Acredite ou não, já é
primavera, é realmente agradável. Em janeiro, você estaria
tirando suas bolas fora e guardando nos bolsos do casaco.

O jipe parecia tão pobre como a pequena locadora de carros


que tínhamos acabado de vir. Subimos para dentro.

— Espero que funcione o aquecimento — disse Barrett.

— Se isso não acontecer, então eu estou sentado em minhas


mãos e dirigindo com o meu joelho. — Algumas voltas da chave
produziu um motor chocalhando. Nós saímos ao longo de duas
pistas da estrada. A meio quilometro abaixo da estrada, o calor
chutou. — O cenário parece que pulou de uma pintura.

Barrett olhou pela janela.

— É muito foda aqui em cima. — Ele olhou para as mãos


enluvadas. — Se eu não tivesse fodido como eu sempre faço, eu
ainda estaria aqui.
— Pelo que você me disse, foi seu amigo, Gus, que fodeu. —
Minha mandíbula apertou quando eu disse o nome do cara.
Barrett pareceu sentir minha súbita mudança de humor. — Só
de pensar naquele cara colocando as mãos sobre ela...

— Pare de pensar sobre isso, Jimmy. Ela me disse que eles


eram apenas amigos. Além disso, nós não estamos em Los
Angeles mais. Esses caras aqui em cima são duros como couro e
eles se unem. Você não pode tirar isso de Gus. Ele não
sequestrou Taylor. Ela fez as malas e partiu voluntariamente com
ele.

— Sim — eu torci minhas mãos em torno do volante. — Mas


eu ainda quero matá-lo.

Barrett se inclinou para frente e apontou através do para-


brisa dianteiro.

— Veja isso. Aposto que você nunca viu isso antes.

Inclinei-me e olhei para cima. Uma águia gigante com uma


envergadura tão ampla como o jipe acima da estrada deslizou e
depois desapareceu em um bosque de pinheiros.

— Isso foi legal. Muito maior do que eu esperava.

— Elas crescem mais aqui. Você deve se encaixar bem. Os


ursos pardos aqui fazem os ursos negros da Califórnia parecerem
brinquedos. Há lobos também. Na verdade, há todo um conjunto
deles que vivem perto da cabine de Gus... — Ele olhou para mim.
— Eu acho que você provavelmente não queria saber disso.

— Provavelmente não.
— Há um motel fora da estrada por aqui. Tem uma
lanchonete. Vamos verificar e comer alguma coisa.

— Eu não quero perder tempo. Já levou mais tempo que eu


pensava para chegar aqui.

— Você tem que estar brincando. Essa menina foi


perseguindo você por dois anos. Eu acho que você pode esperar
algumas horas antes de começar a persegui-la de volta. Ela só
está aqui por um dia.

— Eu não vou atrás dela. — A declaração soou ainda mais


estúpida em voz alta do que tinha na minha cabeça. — Eu estou
seguindo-a.

Barrett riu com força suficiente para embaçar a janela. Ele


brincou com o botão de degelo, mas isso só piorou as coisas.

— Cristo, Rett, eu não posso ver porra nenhuma.

Ele estendeu a mão para frente com as mãos enluvadas e


lambuzou a condensação através do para-brisa.

— Puxa, isso ajudou muito.

— Está tudo bem. — Ele apontou para o lado esquerdo da


estrada. — Há um motel e restaurante. O escritório fecha quando
escurece. Se não fizermos o check-in, nós vamos ter que congelar
nossos traseiros aqui nesse jipe a noite toda.

— Tudo bem, mas você não é mais um rastreador. Duvido


que Daniel Boone parou para verificar um motel, quando ele
estava fora nas trilhas.
— Eu duvido que ele desbravasse trilhas em um jipe
também.

Nós jogamos nossos sacos para as camas na pequena e


escura sala do motel e seguimos em frente ao estacionamento da
lanchonete. Eu enfiei minhas mãos nos meus bolsos e desviei os
olhos do ar gelado. Há apenas dois outros caminhões no
estacionamento além do jipe.

— Depois de deixar Los Angeles, onde cada um de nós tem


apenas alguns metros quadrados para nós mesmos, este lugar é
quase assustador, é tão desolado. É como se nós pousássemos
em Vênus ou algo assim.

— Netuno — Barrett me corrigiu. — Vênus é um dos


planetas de interiores quentes. Netuno é uma fria.

Olhei para ele.

— Impressionante. Você deve ter prestado atenção na aula,


ocasionalmente.

— Só em ciência na terceira série, quando estudamos o


sistema solar. É o único assunto que me chamou a atenção.
Tivemos de fazer modelos de sistemas solares em casa.

— Oh sim, você usou frutas da mamãe, porque ela não


compraria umas bolas de isopor.

— Todo mundo apareceu com esses modelos elaborados


extravagantes para compartilhar e eu tive que levar no meu
pedaço de papelão com frutas colado a ele. Saturno, a toranja,
continuava a cair, porque era muito pesada. Então, eu tive um D,
porque no último minuto, mamãe arrancou a Terra, a maçã e
enfiou no meu almoço, com cola e tudo mais. — Ele balançou a
cabeça. — Não é de admirar que nenhum de nós foi bem na
escola.

— Mamãe e papai foram ótimos em fornecer o básico de


sobrevivência, mas eles pareciam pensar que era tudo o que
precisávamos.

Entramos e um homem de aparência rude nos


cumprimentou.

— Sente-se em qualquer lugar.

Havia seis mesas redondas e apenas uma estava ocupada


por dois homens. Eles nos encararam abertamente quando
caminhamos para uma mesa e sentamos. Falando de imediato.

— Procurando para iniciar a sessão de trabalho? — Ele


perguntou, dirigindo a pergunta para mim.

— Uh, não, estamos aqui apenas para uma visita.

— Muito ruim. — Ele voltou para a sua refeição.

Barrett sorriu quando ele olhou para seu cardápio.

— O que há de tão engraçado? — Eu perguntei. — E, por


que diabos está todo mundo me oferecendo empregos aqui em
cima?

Ele olhou para mim.

— Bem, Paul Bunyan, por que você acha? Parece que você
poderia jogar um pote de lagosta ao longo do lado de um barco
com as mãos e empurrar para baixo de uma árvore com um
chute de sua bota.

Peguei meu cardápio e encostei-me na cadeira.

— Bem, se eu sou Paul Bunyan então você deve ser Babe, o


meu boi azul.

O mesmo cara olhando rude com uma barba grisalha


espinhosa e rugas profundas veio para tomar nosso pedido. Ele
olhou para mim por cima do bloco de escrita.

— Eu ouvi que Becker contratou um novo madeireiro. Você


deve ser ele, né?

Os ombros de Barrett sacudiram com uma risada silenciosa


e eu o chutei embaixo da mesa.

— Não, apenas na cidade para visitar.

— Meu erro. Você parece um madeireiro.

Olhei para o cardápio.

— Eu vou ter um duplo pedido de bolo de carne e batatas.

Ele sorriu.

— Certamente. Chamamos de o lenhador.

— Claro que você chama.

Barrett lhe entregou o cardápio com um sorriso irritante.

— Eu vou ter o pedido único.

Eu me inclinei para frente.


— Quão longe é o lugar de Gus daqui?

— Ele vive em uma espécie de área remota. Eu acho que é


cerca de uma hora daqui.

Olhei para fora da janela de vidro ondulado na frente da


lanchonete.

— Quer dizer que há lugares ainda mais remotos que isso?

— Sim. Temos sorte que é primavera. Haverá mais horas de


luz do dia. Eu não acho que eu poderia encontrar o caminho para
sua casa no escuro. — Sua boca puxou apertada e uma rara
expressão séria atravessou seu rosto. — O que você vai fazer
quando você chegar lá? Gus não é exatamente um estabelecido,
esse tipo de cara. Ele vai ficar chateado quando aparecer.

— Merda, Rett, você age como se eu estivesse indo apenas


para rasgar sua casa e arrancar o rapaz em pedaços.

Sua sobrancelha levantou.

— Não me diga que o cenário não passou pela sua cabeça


algumas vezes.

— Algumas vezes, sim. Mas isso é só o que eu fantasio em


fazer. Eu estou indo só para ir até lá e pedir para falar com
Taylor. — Olhei para a terra vazia que parecia estender-se para
sempre. — Taylor ama aventura e algo perigoso, mas não há
como este lugar mantê-la entretida. Ou talvez seja apenas uma
ilusão da minha parte. — Eu olhei para o meu irmão. — Eu
ainda não posso acreditar que ela acabou saindo assim. Eu
pensei que eu era mais importante para ela que isso. — O velho
baixou dois pratos de comida na minha frente e eu olhava para
eles. Tanta fome como eu estava, nada parecia apetitoso. Meu
estômago estava atado com os nervos. Havia uma possibilidade
real de que eu tivesse perdido Taylor para o bem e esse
pensamento tinha rasgado um buraco sem fundo no meu peito.

Barrett pegou a garrafa de ketchup.

— Você é importante para ela, mas todo mundo tem seus


limites. Você nunca me disse por que estava tão chateada com
você.

— Eu não sei. A coisa toda foi um borrão. Eu ainda estava


me recuperando da raiva com Jason por me entregar um
ultimato entre negócios com ele ou Taylor. Depois, fui para a luta
de Dray com Nix. E por alguma razão, as meninas apareceram no
Tank's Gym.

Ele quase se engasgou com um pedaço de bolo.

— Com as meninas você quer dizer, as meninas?

— Sim, Scotlyn, Cassie e Taylor. Eu não tenho ideia do que


motivou isso, mas lá estavam elas, parecendo fora de lugar como
três margaridas delicadas em um mar de espinheiros. Dray não
tinha ideia de que elas viriam para assistir. Infelizmente, ele viu
um homem pegar Cassie e ele bateu o cara. Tank o desqualificou
e ele nunca chegou ao ringue.

Barrett notou que eu só estava pegando a minha comida e


apontou o garfo no meu segundo pedaço de bolo.

— Vá em frente. Acho que não tenho o apetite de um


lenhador, depois de tudo.

Ele encharcou a segunda peça com ketchup e esculpiu com


o garfo.

— Isso não explica porque Taylor estava chateada com você.

— As coisas só rolaram ladeira abaixo rapidamente. Nix e eu


levamos Dray no quarto dos fundos. Eu nunca o vi tão irritado.
Cassie e as meninas entraram para vê-lo e ele gritou com Cassie.
Ela saiu correndo. Taylor chamou Dray de idiota, mas eu parei e
disse a ela para ficar de fora.

Barrett olhou para mim em leve descrença.

— Você disse a Taylor para cuidar da própria vida?

— Não com tantas palavras, mas...

Ele empurrou um pedaço de bolo sobre o garfo.

— Você vai para a casa do cachorro por um longo tempo por


esse pequeno passo em falso.

— Sim, eu acho. Mas fugir para o Alasca foi um pouco de


exagero.

Ele engoliu um grande bocado e bebeu um pouco de água.

— Um conselho, irmão, mantenha essa observação óbvia


para si mesmo. Isso não vai ajudar o seu caso quando você
estiver falando com ela sobre voltar com você.
Capítulo 28

Clutch

— Eu acho que eu vi mais árvores numa tarde do que eu já


vi em toda a minha vida junta.

Barrett pegou a direção. Ele alegou que seria mais fácil para
ele encontrar o caminho de volta para Gus se ele estivesse
dirigindo e eu estava feliz em deixá-lo. Ele me deu a oportunidade
de olhar para a paisagem e pensar sobre o que eu ia dizer a
Taylor, uma vez que eu a encontrasse. A coisa toda foi muito,
muito irônica. Ela me perseguiu por dois anos e agora, eu estava
atrás dela. Mas nem uma vez, eu questionei se devia ou não ter
ido ao Alasca. Eu tinha que encontrá-la. Se ela não quisesse
voltar comigo, então, eu teria que lidar com essa realidade de
merda, mas eu tinha que ter certeza.

Umas espessas camadas de nuvens escuras tamparam os


picos gelados que cercam a cidade. Tentei convencer o aquecedor
a produzir mais calor, mas o enferrujado jipe velho, estava dando
tudo o que ele tinha. Esfreguei minhas mãos e soprei-as.

— É oficial. Eu sou um covarde da Califórnia. Este lugar é


bonito, mas é também extremamente frio. Dê-me setenta manhãs
de Natal de 40º a qualquer momento.

— Você se acostuma com isso, eventualmente. Mas eu


posso te dizer que dezembro e janeiro foi um verdadeiro teste de
masculinidade, especialmente para o Mar de Bering. Eu teria
chorado se eu não tivesse me preocupado que minhas lágrimas
iriam congelar no meu rosto. Era tão frio lá fora, meus peitos
queimavam com congelamento. O vento frio lá fora era tão duro,
se uma onda tomasse conta de você, você se sentiria como água
em comparação com o ar. Uma vez, eu bati com a mão dura na
mesa de triagem e eu tinha certeza de que a coisa estava indo
apenas para se romper. — Ele virou o jipe por uma estrada longa
e estreita. Nós fomos para as montanhas. Quanto mais alto nós
dirigimos, mais manchas de neve vimos.

Olhei para cima através do para-brisa nublado.

— Essas nuvens parecem ameaçadoras. Será isso neve?

— Não, é quente demais para isso. Provavelmente apenas


chuva, chuva muito fria. — Ele parou na estrada e jogou o jipe
em marcha à ré. — Eu acho que eu perdi o retorno. — Ele
apoiou-se diretamente para o meio da estrada. — Aqui está algo
que você não consegue fazer em LA.

Eu sorri.

— Você pode fazer isso, mas você provavelmente vai levar


um tiro dos outros motoristas.

Ele fez uma curva acentuada à direita para uma estrada não
pavimentada.

— Sim, é isso. — Ele apontou pelo para-brisa. — O pinheiro


que parece que tem duas cabeças é o meu marcador. Relâmpago,
de acordo com Gus. — Ele olhou para mim. — Sua cabana é
apenas acima da estrada.

Era tudo que eu precisava ouvir. Meu coração estava


batendo com força contra minhas costelas. Eu ainda não
formulei o que eu diria a ela. Algo me disse que mesmo se eu
tivesse um roteiro impresso na minha cabeça, tudo isso iria
flutuar no segundo em que a visse. Taylor tinha esse tipo de
efeito sobre mim. Ela sempre teve isso. Eu tinha negado por
muito tempo.

O céu escureceu com pesadas nuvens de tempestade e as


luzes amarelas brilhavam nas poucas cabanas onde passávamos.
Correntes finas de fumaça rodaram-se a partir de chaminés de
pedra e tijolo. Barrett virou para um caminho íngreme campal. O
jipe continuava firme até o morro e em seguida, uma pequena
cabana rústica veio à tona. A cabana estava cercada por
pinheiros altíssimos e o telhado parecia que cedeu sob o peso de
agulhas de pinheiros secos. Toras de madeira foram empilhadas
altas e longas o suficiente para cobrir toda a parede lateral da
casa. Caso contrário, o lugar parecia triste e solitário como se
ninguém nunca tivesse vivido lá.

— Parece escuro, como se ninguém estivesse em casa. — Só


de pensar em Taylor vivendo na gasta cabine hostil enviou um
calafrio através de mim.

Barrett estacionou o jipe e nós saímos. A pequena janela na


porta da frente estava com uma crosta de sujeira. Subimos os
degraus rangentes e eu bati. Não houve resposta ou movimento
dentro.
— Tem certeza que você tem o lugar certo?

— Eu estive aqui um monte de vezes. — Barrett olhou para


o seu telefone. — Não há recepção aqui em cima. Eu não
posso enviar um texto para ele. Ele ficaria chateado de qualquer
maneira. — Ele pulou da varanda e caminhou em torno de volta
para uma pequena garagem. Ele limpou a sujeira fora de uma
janela pequena e olhou para dentro. — A caminhonete de Gus
não está aqui. Ele sai para baixo no cais em um bar. Não é tão
longe. Vamos até lá e ver se alguém o viu.

— Eles — eu disse. — Lembre-se, Taylor está com ele. —


Era difícil de acreditar, mas eu estava realmente esperando que
ela estivesse bem ali ao seu lado. Então, gostaria de, pelo menos,
saber que ela estava segura. A cabana vazia me deixou com um
nó gelado no meu intestino e agora, fiquei ainda mais ansioso
para encontrá-la. Eu precisava saber que ela estava bem.

Subimos de volta para o jipe e cravamos até a estrada.


Respingos caíram no para-brisa e Barrett procurou o interruptor
do limpador. Eles trabalharam tão bem quanto o aquecedor do
jipe e ambos instintivamente se inclinaram para frente para ter
uma melhor visão da estrada.

— Nós realmente só temos que nos preocupar com animais


selvagens correndo na estrada — disse Barrett alegremente.

— Você poderia parar de falar sobre animais selvagens.


Como é, meu estômago está torcendo em torno desse pedaço de
bolo de carne.

— Não se preocupe, Taylor pode cuidar de si mesma.


— Sim, quando ela está em seu ensolarado bairro
suburbano, onde não existem ursos, lobos ou nevascas.

— É primavera. Eu não acho que as nevascas são um


problema. Infelizmente, mamães urso pardos e seus filhotes estão
apenas começando a despertar de seus longos cochilos de
inverno.

Olhei para ele e ele se lembrou rapidamente do meu pedido


para parar de falar sobre animais selvagens.

Nós dirigimos mais meia hora. Juneau foi instalado


firmemente entre montanhas e mesmo que ela não fosse uma
grande cidade, parecia que demorava muito ir de um lugar para
outro. Minha preocupação crescia a cada quilômetro frio de
estrada molhada. O degelador no jipe era uma piada e com os
meus nervos no limite, eu estava feliz por Barrett estar ao
volante.

A baía azul profunda de água entrou em exibição quando


nós dirigimos ao redor da curva da estrada principal. Barrett não
se atreveu a tirar as mãos do volante, mas ele fez um gesto para
a esquerda com o queixo.

— Se você olhar através da névoa, você pode ver um


pequeno cais para trás e todos os barcos ancorados. Isso é para
onde estamos indo.

— Eu só espero encontrá-los lá. Algo naquela cabana escura


deserta fez um nó em meu estômago. Eu tenho um mau
pressentimento sobre tudo isso.
— Nós vamos encontrá-la. Não se preocupe. — Barrett
entrou em uma estrada curta que terminou exatamente onde o
cais começou. — Ele desligou o motor e olhou para mim. — Se
ele estiver aqui com ela, ele estará cercado por todos os seus
amigos.

— E você está me dizendo isso por quê?

— Basta manter uma tampa sobre o temperamento, grande


irmão, ou nós dois vamos acabar amarrados à proa de um navio.

— Eu só quero ver Taylor e saber que ela está bem. — Nós


saímos. — E eu não tenho um temperamento ruim.

Barrett encontrou uma quantidade irritante de diversão


daquela declaração. A temperatura caiu profundamente desde
que tínhamos descido do avião no aeroporto. Na água, era como
Barrett tinha avisado, um frio da porra. A chuva tinha parado,
uma vez que tínhamos alcançado o nível do mar, mas as nuvens
ainda abraçaram os cumes das montanhas, assegurando-nos de
que a chuva estava caindo nas altitudes mais elevadas.

Os barcos ancorados subiam e desciam na agitada água


escura. Vozes altas retumbaram de uma porta aberta. Barrett
entrou no lugar primeiro. Luzes brilhantes nas paredes fizeram o
lugar mais convidativo que o interior do jipe. Algumas cabeças se
viraram quando entramos. Um homem me olhou de cima a baixo
e abriu a boca para dizer alguma coisa.

— Eu não estou à procura de trabalho — eu disse.

— Muito ruim. — Ele voltou sua atenção para seu prato de


comida.

— Ei, Barrett — o bartender chamou do outro lado da sala e


mais algumas cabeças se voltaram.

Olhei para o ambiente por Taylor, mas não conseguiu


encontrá-la ou Gus. Parecia que tínhamos alcançado outro beco
sem saída.

— Ei, George, você viu Gus? — Barrett perguntou quando


ele se aproximou do balcão.

George parecia confuso e então ele fez um sinal com a


cabeça.

— Ele está bem ali no final do bar.

Gus estava envolto de um grande vidro e jarro de cerveja,


dificilmente ciente de qualquer coisa acontecendo ao seu redor.
Taylor não estava à vista. Eu estava sobrecarregado com a
preocupação e antes que Barrett pudesse me parar, eu fui até ele
e agitei o braço para chamar sua atenção. Eu tinha conseguido a
atenção de todo mundo também.

Gus quase escorregou para trás do seu banco quando ele


levantou o rosto alto o suficiente para me ver. O cara estava tão
bêbado quanto qualquer um poderia estar antes de cair em uma
pilha inútil. Suas pálpebras caíam, como se manter os olhos
abertos fosse uma tarefa árdua. Ele percebeu Barrett pela
primeira vez e sorriu.

— Ei Barrett — suas palavras foram arrastadas — O que


traz você para a cidade? Se você está procurando aquela cadela
louca, ela se foi.

Agarrei a camisa dele e várias cadeiras deslizaram pelo chão.


Barrett colocou a mão no meu braço.

— Ele não pode nos dizer onde ela está, se você batê-lo sem
sentido.

Eu o liberei.

— Para onde ela foi? — Perguntou Barrett. Ele olhou para


as carrancas de raiva que nos rodeavam. — Tudo está bem. Nós
estamos apenas à procura de alguém. — Permaneceram as
carrancas. Eles estavam se aproximando de nós, mas, neste
momento, eu estava pronto para levá-los todos para fora com um
punho.

Gus olhou para nós de novo, como se tivesse esquecido que


estávamos ali.

— Essa garota é tão louca quanto falam. Mal havia


desembarcado no aeroporto quando ela estava me pedindo para
mandá-la para casa. Eu não estava disposto a gastar mais
dinheiro em uma passagem de volta para a Califórnia. Ela já me
deve pelo primeiro bilhete.

Minha mandíbula estava apertada com força, mas eu


consegui cuspir palavras coerentes para fora.

— Onde ela está agora?

O canalha apenas deu de ombros e ergueu o copo de cerveja


à boca. Eu bati-o para fora de sua mão e saiu voando para o
espelho sobre o bar. O vidro e o espelho quebraram e mais
cadeiras rasparam no chão. Gus levantou-se rapidamente e em
seguida, caiu para trás alguns passos antes de agarrar o bar
para se firmar. Eu podia sentir o calor dos homens atrás de nós à
medida que se aproximaram.

Concentrar em mim não foi fácil, mas Gus conseguiu.

— Eu não tenho nenhuma ideia de onde essa cadela foi e eu


espero nunca mais vê-la novamente.

Barrett me conhecia bem o suficiente para colocar a mão no


meu braço, um braço que estava pronto para lançar um soco no
rosto do cara.

— Vamos, Jimmy, ela obviamente não está aqui. — Ele se


inclinou mais perto e baixou a voz. — E você não será capaz de
encontrá-la se você for agredido em uma polpa por amigos de
Gus. Estamos em desvantagem grande no momento.

Em outra reviravolta de ironia, Barrett estava sendo a voz


da razão. Eu balancei a cabeça e tirei minha carteira. Joguei a
nota de cem dólares sobre o balcão e olhei para o barman.

— Para o espelho. — Então eu puxei para fora mais duas


notas e empurrei-as em jarro de cerveja de Gus. — Para o seu
bilhete de avião.

Gus ergueu a cabeça.

— Se o frio não chegou até ela, então, há uma abundância


de lobos famintos vasculhando a floresta.
Eu me virei. Nós quase conseguimos, mas o último
comentário do idiota foi demais. Meu cotovelo revidou e fez
contato direto com seu rosto. Ele voou para trás para fora do
banco. Seus guardas de segurança leais não se mexeram. Barrett
e eu estávamos no centro, com os punhos apertados e prontos
para nos defender.

A tensão no círculo em torno derreteu e um cara se


aproximou para ajudar Gus a seus pés. Outro encolheu os
ombros.

— Depois do último comentário, ele merecia. Eu espero que


você encontre a menina. — Ele olhou para fora da janela. A água
estava mais furiosa e o céu estava preto com nuvens de
tempestade. — E em breve.

Entramos no jipe como se tivéssemos algum plano, alguma


porra de ideia para onde ir. Pingos de chuva atiraram no para-
brisa e pareceu congelar-se em cristal em forma de pelotas de
gelo congelando no segundo em que eles atingiram o vidro.
Barrett ligou o motor para obter um pouco de calor fluindo do
painel. Nossa respiração saiu em rajadas curtas nubladas. O
sentimento negro que eu tinha no meu intestino anterior tinha
crescido e uma sensação de desamparo completo tomou conta de
mim.

Com nenhuma outra ideia do que fazer, eu lhe enviei uma


mensagem de texto, sabendo muito bem que não haveria
resposta. Olhei para o meu telefone esperando que eu pudesse
magicamente tirar uma resposta, que ela iria me dizer que ela
estava segura. Mandei uma mensagem a Scotlyn e Jason para
ver se eles tinham ouvido falar dela, mas o texto não foi.

— Eu nem sequer tenho quaisquer barras no meu telefone.


Estamos no meio do Polo Norte do caralho aqui em cima.

Barrett guiou o jipe de volta para a estrada.

— O que diabos vamos fazer Rett? Você sabe onde a


delegacia está? Talvez ela acabasse por lá.

— É aí que eu pensei que ia começar. Tente não surtar


ainda, porque você é o cara que sempre mantém a calma e a
cabeça. Se a perder, então, eu vou perdê-la logo atrás de você.

Eu balancei minha cabeça.

— Não há nenhuma maneira que eu possa manter minha


cabeça quando se trata de Taylor. Ela tem sido o maior espinho
no meu lado por dois anos. — Eu olhava para as letais nuvens de
tempestade. Com cada minuto do dia desaparecendo, a chuva
caiu mais forte e mais fria. Eu pensei em Taylor lá fora em algum
lugar sozinha. — Se alguém puxar esse espinho do meu lado, eu
vou sangrar até a morte. Merda, Rett, eu preciso dela. Eu não
posso sequer pensar em viver sem ela.

— Sem brincadeira. Eu estava me perguntando quando ela


finalmente penetraria aquele seu crânio de ferro.

As janelas do jipe ficaram foscas e parecia que não haveria


alívio do degelador na sua corrida. Cheguei para frente e limpei a
condensação com a borda da minha manga do casaco, mas eu só
piorei as coisas.
— Ótimo — Barrett brincou. — Eu costumava, pelo menos,
ser capaz de ver onde termina a estrada e onde os quintais das
pessoas começam.

— Desculpe. Qual a distância da estação? — Tomar a carga


do material sempre foi fácil para mim. Minha confiança sempre
me conduziu, com sucesso, por outro lado e era raro eu sentir
desespero, mas eu definitivamente estava sentindo isso. Dezenas
de cenários horríveis dançaram em volta da minha cabeça e eu
não conseguia me livrar deles.

— São ainda poucos quilômetros.

— Ela não tem dinheiro e pior, ela provavelmente não tem


muito mais que um moletom para se manter aquecida. Parece
mais frio que até mesmo a noite mais fria do inverno, na
Califórnia. Não havia nenhuma maneira que ela estivesse
preparada para isso fisicamente. Eu mal posso suportar isso
sozinho.

— É uma cidade pequena o suficiente para que alguém em


algum lugar tivesse visto uma menina desconhecida, bonita,
vestida com roupas ridiculamente leves — disse Barrett. — Nós
vamos encontrá-la. Ela não pode ter ido longe.

Visibilidade parecia diminuir a cada esquina e Barrett teve


que retardar o jipe. Meu corpo estava rígido de tensão. Eu sabia
que se ele fosse mais rápido, nós corríamos o risco de bater em
alguma coisa, mas ainda não diminuiu minha vontade de
deslizar minha perna até o pedal do acelerador e pisar nele.

Entramos no centro da cidade, que, além das montanhas


cobertas de árvores altas que pesam sobre a cidade, parecia
como qualquer outra cidade pequena, com lojas e edifícios
revestindo a rua principal em dois sentidos. A proximidade com a
civilização e as conveniências de uma cidade, não importa quão
pequena, me fez sentir melhor. Se Taylor tivesse acabado de
chegar a Juneau, ela teria sido capaz de encontrar ajuda.

Não surpreendentemente, a Delegacia de Polícia de Juneau


estava tranquila e calma. O funcionário da recepção olhou para
cima assim que entramos.

— Existe um problema no depósito de madeira? —


Perguntou ele.

— Não sei nada sobre o depósito de madeira. — Peguei meu


telefone e folheei as minhas fotos. Taylor sorriu para mim a partir
da tela e eu mostrei para o oficial. — Nós estamos procurando
esta garota.

Ele olhou para a imagem por alguns segundos, em seguida,


passou o telefone para mim.

— Quantos anos ela tem?

— Dezoito. Ela voou até aqui com alguém e agora, ele não
sabe onde ela está. Ela é da Califórnia. Ela provavelmente está
malvestida e ela não tem dinheiro ou o telefone.

— Ela é uma adulta.

— Acredite em mim, ninguém está mais ciente disso que eu.


Você não pode colocar um boletim, ou seja, o que for que você
manda para os carros da polícia para que eles possam manter
um olho nela?

Ele olhou para Barrett e depois para mim com um toque de


suspeita. Ele parecia estar avaliando se tudo isso era ou não
legítimo.

— Qual o seu nome?

— James Mason. Somos da Califórnia.

— Você mencionou isso. Você tem alguma identificação?

Eu puxei minha carteira e tirei a minha licença. Ele olhou-a


e entregou-a de volta para mim.

— Você tem uma imagem além daquela em seu telefone?

— Não, só o telefone, mas eu posso te dar uma descrição.

Ele suspirou como se ele não tivesse ficado satisfeito por ter
de assistir todo o negócio de polícia real. Ele enfiou a mão na
gaveta e tirou um bloco de papel em câmara lenta. Cerrei os
punhos para não bater no balcão para acelerá-lo junto.

— Você disse que ela é uma mulher de dezoito anos de


idade?

Barrett sentiu minha tensão com raiva e colocou a mão no


meu braço para me avisar para ficar legal.

— Sim. Ela tem cerca de 1,58m de altura, com cabelos


longos cor de cobre.

A testa do policial levantou e ele olhou para mim.

— Cobre? Como uma moeda de um centavo?


— Sim, eu acho.

— Quanto ela pesa?

— Eu não sei isso.

Ele olhou para mim sobre o balcão.

— Você não sabe?

Eu olhei incisivamente para baixo em sua aliança de


casamento.

— Quando foi a última vez que você perguntou a sua esposa


o quanto ela pesava?

— Bom ponto. — Ele voltou sua atenção para seu bloco de


papel, assim quando uma porta abriu a partir da outra sala...

Outro oficial saiu.

— Ei, Henry, eu vou sair para o lugar do velho de Cooper.

O cara olhou por cima de seu bloco de papel e meus punhos


cerraram com força novamente. Isto tinha sido um erro.
Gostaríamos de ter sido capazes de cobrir mais terreno, sem a
polícia.

— Por que você vai lá fora?

— Sua vizinha, Penelope, telefonou. Ela disse que Cooper


tem sua arma apontada para aquele velho galpão seu. Acha que
ele está encurralando um urso ou um lobo dentro, mas Penelope
tinha certeza que ela podia ouvir uma garota chorando.

— Este é o Sr. Mason e ele está procurando uma menina


perdida. — O funcionário atrás do balcão olhou para mim. —
Siga oficial Tucker. Parece que a encontramos. — Ele olhou para
o colega policial. — É melhor se apressar. Você sabe que o velho
senil não pode ver após seu nariz. E ele ama apontar a arma para
qualquer coisa que se move.

Todos os músculos do meu corpo ficaram tensos.

— Nós vamos estar bem atrás de você. É muito longe?

Oficial Tucker já estava na porta.

— É ao virar da esquina, mas precisamos nos apressar.


Leva apenas um segundo para disparar uma arma de fogo.

Eu dirigi, pensando que estaria voando pelas ruas molhadas


como pilotos de corrida. Eu estava errado. Definição de pressa do
Oficial Tucker era ir cinco quilômetros acima do limite de
velocidade. Ele até parou no semáforo.

— Isso não pode acontecer, porra. — Meus dedos


congelados agarraram o volante como vícios de aço. — Ele nem
sequer colocou suas luzes ou sirene. Eu poderia tê-lo seguido a
pé e continuado.

— Aqui não é Los Angeles. A vida se move muito mais lento


e sem stress aqui fora.

— Livre de estresse? Não há nada sem stress aqui se eles


permitem caras velhos, meio cego, ter espingardas.

— Todo mundo tem uma arma aqui. É como viver no


deserto.
Viramos a esquina por uma estrada estreita, sem calçadas
pavimentadas ou postes. O sol tinha baixado e a camada de
nuvens tornou-se uma das noites mais escuras que eu já vi. Nós
paramos na frente de uma casa com uma luz da varanda que
piscou e desligou como um estroboscópio. Era difícil distinguir
muito, mas havia um pequeno barraco branco ao lado da casa.

Movendo-se com a velocidade de uma preguiça, Oficial


Tucker saiu do carro e Barrett e eu estávamos bem atrás dele.
Uma pequena figura, instável, estava nas sombras da casa
vestindo uma capa de chuva impermeável amarela e segurando
uma arma que era muito pesada.

Tucker levantou a mão para nos parar.

— Nós não queremos assustá-lo. Ele está muito fora dele,


mas pelo menos, parece que ele não disparou sua arma ainda. —
Tucker olhou para mim. — E com a sua visão, ele só poderia
confundi-lo com um urso pardo.

— Sr. Cooper, é o Oficial Tucker.

Levou um momento longo, tortuoso, para o velho responder.


Ele se virou e olhou para Oficial Tucker, mas ele não baixou a
arma. Sem sons da cidade e montanhas cobertas de árvores para
absorver qualquer barulho, parecia que alguém tinha colocado
todo o mundo no mudo. E em seguida, através do silêncio, um
som pequeno, indefeso, derivou para fora do galpão e meu
coração se partiu com o som dele. Carregando uma espingarda
ou não, eu não tinha mais paciência para câmera lenta. Correndo
o risco de ser morto a tiros como um urso, eu empurrei passando
pelo Oficial Tucker e o cano da arma. Antes de que o oficial
pudesse abrir a boca para me parar, eu abri a porta do galpão,
quase a puxando para fora de suas dobradiças.

Estava escuro como breu e frio no interior do galpão. Lixo


estava empilhado e desordenado ao longo das paredes. Os
soluços suaves tinham parado e eu podia ouvir a respiração
superficial.

— Taylor — Eu chamei para a escuridão.

Um feixe de luz veio através da porta da lanterna do Oficial


Tucker. Ela saiu das sombras e alívio passou por mim. Seu rosto
estava pálido e rasgado com mechas de cabelo e seus lábios
estavam praticamente azuis do frio. Ela tinha apenas um
moletom com capuz para o calor e estava encharcada. A mochila
pesada pendia de seus dedos. Seus lábios se separaram e ele
parecia usar toda a sua energia para falar.

— É você mesmo ou estou inconsciente e sonhando?

Fechei a distância entre nós com dois passos e a puxei


contra mim. Ela tremeu quase incontrolável e os joelhos
enfraqueceram. Eu deslizei a mochila no meu antebraço e levei-a
em meus braços. Oficial Tucker nos levou de volta para o jipe
com a lanterna.

— Vocês todos têm um lugar para ficar esta noite?

— Estamos hospedados no motel na rodovia — respondeu


Barrett.

— Leve-a lá rapidamente e dê um banho quente.


Baixei Taylor no banco de trás e subi ao seu lado. Barrett
ligou o motor e dobrado o calor tão alto quanto ele iria. Eu abri o
zíper do moletom empurrei-o fora de seus ombros. Ela estava
vestindo apenas uma camisa fina por baixo. Tirei meu casaco e
enrolei em torno dela. Ela riu fracamente, uma vez que a engoliu
completamente. Puxei-a, com casaco gigante e tudo, no meu colo
e passei meus braços em torno dela.

Ela abaixou a cabeça no meu ombro.

— Você veio para mim. — Sua voz vacilante subia das


dobras grossas de meu casaco.

— Claro. Você pertence a mim, Taylor e nunca mais me


assuste assim de novo. — Eu apertei meus braços em torno dela.

— Eu sempre soube que nada de ruim poderia acontecer


comigo nesses braços — disse ela suavemente. Suas palavras
foram diretas para o meu peito.
Capítulo 29

Taylor

Ambos os carros dos meus pais estavam na garagem. Eu


apertei o braço de Clutch nervosamente.

— Eles vão me matar ou me mandar para um convento. Eu


prefiro a primeira opção.

Clutch não disse muito sobre toda a viagem de sua casa, o


que não ajudou a enxurrada insana de borboletas no meu
estômago. Saímos da caminhonete e ele pegou minha mão
enquanto eu andava na calçada. Ele me puxou para ele e sua
mão livre apertou contra o meu rosto. Minha garganta apertou
quando meu olhar encontrou o dele. Eu sempre fui louca por ele,
mas agora, minhas emoções por ele eram tão profundas, eu mal
conseguia respirar quando eu estava perto dele.

Ele se inclinou e me beijou.

— Eu te amo, Taylor Flinn. — Então, ele pegou minha mão e


nós caminhamos para a porta da frente. Meus pais nos
encontraram na entrada. Minha mãe suspirou de alívio e
começou a soluçar quando me viu. Papai estava igualmente
aliviado, mas ele parecia muito mais frio.

— Graças a Deus está tudo bem, Taylor — ele disse com


firmeza, não deixando dúvidas que eu iria em breve, levar um
grande sermão e qualquer outra diversão que tinha reservado
para mim. Papai olhou para Clutch. — Obrigado por trazê-la para
casa. — Havia um tom de desprezo ao seu obrigado e eu estava
prestes a dizer algo, mas Clutch falou primeiro.

— Senhor e senhora Flinn, vocês me conhecem há muito


tempo. Jason e eu temos uma boa parceria, mas para agradá-lo,
ele ameaçou romper o negócio se eu não parar de ver Taylor. —
Ele fez uma pausa. — Isso nunca vai acontecer. Vou namorar
Taylor. Eu esperei até que ela tivesse dezoito anos. Eu faço um
bom dinheiro. Eu sou uma pessoa decente. — Ele olhou para
mim. — Eu não vou desistir dela. Então, se isso significa que o
negócio terminou, então, que assim seja. Jason precisa de mim
muito mais que eu preciso dele. Preciso de Taylor muito mais que
eu preciso de tudo isso. Ela quer ir para a escola de arte e
aprender design de moda e eu vou pagar para ela ir. Assim, você
pode aprender a aceitar que estamos juntos e ainda ter sua
impressionante e incrível filha, em sua vida, ou você pode perdê-
la para sempre, porque eu não vou desistir dela.

Um silêncio caiu sobre a porta de entrada e eu pensei que


eu poderia quase ouvir o pulso de meu pai batendo em suas veias.
E então, ele olhou para minha mãe e silenciosamente pareceu
chegar a um acordo. Papai se adiantou e apertou a mão de
Clutch. Fui até lá e coloquei meus braços em volta de minha mãe
e nós duas choramos enquanto nós nos abraçamos pela primeira
vez em anos.

Eu acompanhei Clutch até sua caminhonete. Ele encostou-


se nela e me arrastou contra ele. Olhei para ele.
— Foi um bom discurso.

— Eu me senti como um daqueles caras do século XVIII, ter


que pedir permissão para cortejar a filha do rei.

Eu subi na ponta dos pés e beijou-lhe o queixo.

— Você acha que os vikings tinham que pedir permissão


para cortejar suas damas?

Ele sorriu para mim.

— Não, eu acho que eles só tomavam as mulheres sempre


que queriam.

— Sério? — Eu contorcia sugestivamente contra seu corpo


duro. — Não é à toa que eu tenho uma coisa por eles.

— Sim, isso é o que eles fazem. — Ele me levantou pelos os


meus pés e me beijou de leve. — E quanto mais selvagem a
mulher, melhor.

— Perfeito. — Meus braços foram ao redor de seu pescoço e


eu o beijei.

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