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A PÁTRIA MAÇÔNICA

Num mundo conturbado em que as etnias européias buscam, algumas pelas


armas, outras pelo esforço diplomático, ajustar suas fronteiras físicas, são um tema atual,
compreender bem essa dimensão mais que física, que representa a Pátria Torrão natal que,
cantada em prosa e verso, exige de nós seus cidadãos o compromisso da vida, filhos de
tantas outras não menos mães gentis. Nós, brava gente brasileira, não podemos esperar que
nossos filhos fujam à luta, pois o lema é: “ou ficar a pátria livre ou morrer pelo Brasil”.
Assim é o país de cada um.
De diferentes formas e com palavras semelhantes, cada Pátria cobra o seu
quinhão de sacrifícios, comprometimento e sangue se necessário.
Como vê a Maçonaria tais conceitos? Bem, não há preocupação maior da
Ordem quanto ao conceito de Pátria. Ela tem, ao longo de sua história, se envolvido nas
lutas de libertação de vários povos, inclusive na independência brasileira, através de
homens como José Bonifácio, Clemente Ferreira, Gonçalves Ledo entre outros.
Porém, por se dedicar à felicidade dos povos e não a de um povo em
particular, tomado isoladamente, a Maçonaria não pode valorizar divisas físicas que, de
algum modo, venham a prejudicar a felicidade dos indivíduos.
É firmada nesta razão de ordem superior – feita para a felicidade comum –
que a Instituição Maçônica põe o Ideal acima do Homem, a Humanidade acima do
Indivíduo e condena a visão de patriotismo que se alimenta de egoísmo e até de ódio pelo
semelhante, apenas por ter ele nascido além do rio : ter sido criado em outra região; por ter
recebido outros ensinamentos culturais e religiosos, ou porque fala em outra língua.
As leis naturais não reconhecem senão o cidadão do mundo, o participante
da grande obra do Grande Arquiteto do Universo: o semelhante que jamais será igual mas,
nem por isso, menos importante.
Nessa escola de Sabedoria aprende-se que o homem não se pertence, nem
pertence aos grupos nem aos partidos, nem em última instância à pátria. Ele pertence à
humanidade, cujo progresso uniforme e coletivo, é a sua própria e suprema razão no drama
da criação.
É às vezes muito difícil compreender até onde vai o patriotismo legítimo e
onde começa a manipulação de pessoas para criar-se situações políticas que satisfaçam
interesses menores. Movimentos separatistas ou de dominações são comuns em todas as
épocas e em todos os ambientes. Ingleses e irlandeses, sérvios, croatas e muçulmanos não
são muito diferentes de palestinos e israelenses nos seus esforços de separação/dominação
do que foram os gregos, romanos, assírios, egípcios, caldeus ou persas.
Diferem nos motivos, na forma de guerra, nos procedimentos adotados, nos
valores éticos que cultuam, mas são muito parecidos no esforço, no proselitismo de suas
idéias, na justificativa de seus atos.
Com quem está a razão ? De que lado o mais correto ideal de justiça ? São
questões de difícil resposta. A grande verdade é, e continua sendo uma só :
Se cada homem cresce na verdade única da vida, de que é parte do universo
e deve, por essa única razão, harmonizar-se com o Todo e, assim estar em harmonia com
todas as partes, jamais levantaria o braço para seu semelhante e jamais se sentiria ameaçado
por ele.
Essa deve ser a pátria maçônica desejada. O espaço no qual o homem,
qualquer homem, qualquer que seja a sua cor, sua religião, sua atividade, suas crenças e
valores, possam exercitar a sua participação no mundo, com dignidade e proveito pessoal e,
com seu crescimento, cresça com ele a fraternidade e a prosperidade no mundo.
Onde as fronteiras aconteçam no chão das estradas mas, jamais existam no
coração das pessoas. Onde a justiça alcance a todos igualmente com a mesma força; seja
para proteger ou para punir e não um instrumento de opressão para servir os poderosos.
Onde a cor da pele distinga origens mas não crie barreiras preconceituosas;
Onde o sexo indique diferenças físicas mas não submeta oportunidades ou
direitos;
Onde a pátria seja um orgulho nacional, edificada por heróis vivos,
executores de pontes e alianças entre os povos, e não um espaço físico conquistado por
heróis mortos em campos de batalha;
Onde os limites territoriais existam nos rios, mas que os seus peixes
alimentem a todos. E nunca mais seja desejado construir-se muros, masmorras ou tanques
para conter seres humanos.
Há muitas razões para o homem respeitar o homem, e a maior delas, a
fraternidade, nunca esteve ao lado das metralhadoras.
O canhão e a razão não falam a mesma linguagem.
A pátria comum, de homens livres, construtores de masmorras ao vício e
templos à virtude, não pode conviver com qualquer tipo de intolerância, de preconceito ou
de divisas territoriais que separam seres humanos em classes e sub-classes.
Talvez ainda demore para que possamos compreender isso, mas haverá o
dia.
Um dia o sol, de fato, nascerá para todos e o fruto da terra, a todos
alimentará.
Esse o compromisso do maçom patriota.

Peça de Arquitetura elaborada em 2000 por :

Emanuel Mascarenhas Padilha


M∴∴M∴∴
Loj∴Hugo Simas nº 92
Or∴ Curitiba – Pr.

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