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Doutorado
Aprovada por:
____________________________________________ - Orientador
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Rio de Janeiro
2006
iii
FICHA CATALOGRÁFICA
AGRADECIMENTOS
Meus agradecimentos:
Ao Professor Marcos Avila, pela valiosa orientação e por ter proporcionado os desafios que
me fizeram aprender tanto, fazendo valer todo o tempo investido no desenvolvimento desta
tese.
À minha amiga querida Verônica Mayer, por tudo. Sem a sua ajuda eu certamente não teria
chegado ao final.
Ao Professor Kent Monroe, pela inestimável ajuda que me deu, nos momentos mais
importantes.
À Professora Letícia Casotti, pelas reflexões proporcionadas pelas nossas conversas, que
ampliaram meu conhecimento sobre o comportamento do consumidor. E também, sobretudo,
pelo carinho e apoio.
Aos Professores Luiz Affonso Mazzon, Jorge Ferreira da Silva e André Carvalhal, pelo
cuidado com que trataram o meu trabalho, e por todas as críticas e recomendações durante
todo o processo de elaboração da tese, as quais me proporcionaram uma grande oportunidade
de aprendizado.
Ao Professor Hugo Azevedo, pelas valiosas contribuições para a análise e interpretação dos
dados.
RESUMO
Ciência da Administração).
ABSTRACT
Consumers have been showing a growing concern about the social and ambiental
impacts of corporate actions. In this scenario, corporate social responsibility (CSR) is gaining
importance and generating a significant debate in academic and managerial fields. This study
investigated the impact of CSR in consumers´ buying decision. Specifically, it has
investigated if CSR would have a positive influence on the perceived bene fit and on the
perceived value in a firm’s offer, the fairness judgment about the price difference charged by
this firm, and the buying intention, in a scenario where the socially responsible firm charges a
higher price than its competitors´. This study has also investigated if a social action supported
by a firm, with a direct impact on consumers’ life would have a greater effect in their
reactions than a social action that has an indirect impact. The literature review was developed
based on the studies about CSR and consumer behavior accomplished on the last decade, and
was based on the theoretical model of perceived value. Some conceptual propositions were
formulated and translated into five hypotheses, which were tested by experimental
methodology, using research scenarios. As a part of the study, a scale for perceived benefit,
something that had not been done before, was developed. The results pointed that consumers
perceived a greater benefit and a greater value in the socially responsible firm’s offer, and
were willing to pay 10% more for its product, judging this price difference as fair, in a
scenario where he or she had other options of similar products. Furthermore, the social action
that had a direct impact on consumer’s life influenced with greater intensity his or her
reactions than the social actions that had an indirect impact.
viii
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE GRÁFICOS
LISTA DE TABELAS
Tabela 16: Análise Fatorial Exploratória – Escala de Justiça Percebida do Preço ........... 83
Tabela 24: Correlações entre Itens da Escala de Justiça Percebida do Preço ................... 88
Tabela 32: Teste de Mann-Whitney U para Impacto da Ação Social (Experimento) ...... 96
Tabela 39: Estatísticas Descritivas das Variáveis por Cenário ......................................... 100
Tabela 43: Correlações entre as Variáveis Benefício Percebido e Valor Percebido ........ 107
Tabela 45: Correlações entre as Variáveis Valor Percebido e Intenção de Compra ........ 108
Tabela 46: Estatísticas Descritivas das Variáveis por Cenário ......................................... 110
Tabela 51: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 1 ........... 116
Tabela 52: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 2 .......... 117
Tabela 53: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 3 ........... 118
Tabela 54: Teste de Mann-Whitney U para Sexo – Grupo Exposto ao Cenário 4 ........... 119
Tabela 55: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 1 .............. 120
Tabela 56: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 2 .............. 121
Tabela 57: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 3 .............. 122
Tabela 58: Teste de Kruskal-Wallis para Idade – Grupo Exposto ao Cenário 4 .............. 123
Tabela 65: Teste de Kruskal-Wallis para Comportamento Socialmente Responsável .... 130
xiii
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 1
preocupação crescente com os impactos sociais e ambientais de suas ações. Neste contexto, a
significativo nos meios acadêmico e empresarial (Bhattacharya e Sen, 2004; Borger, 2001).
antes baseada na caridade e no altruísmo, para uma associação entre responsabilidade social e
sociedade passou a ser considerado por muitas empresas como uma importante fonte de
uma maior responsabilidade social tem sido crescente (Mohr e Webb, 2005; Bhattacharya e
Sen, 2004). No contexto brasileiro, uma variedade de publicações, seminários e prêmios sobre
RSC mostram a importância que este tema vem adquirindo 1 . O Instituto Ethos, entidade
privada brasileira, sem fins lucrativos, que reúne empresas em busca da adoção da RSC, foi
fundado em 1998 com 11 empresas associadas. Sete anos após sua fundação, este número
passou para mais de mil associados, o que denota um expressivo interesse das empresas no
tema. Aparentemente, os consumidores vêm cada vez mais conferindo às empresas uma
1
Por ex.: Prêmio Ethos de Responsabilidade Social, promovido pelo Instituto Ethos; Guia da Cidadania
Corporativa, editado pela Revista Exame/Ed. Abril; Gestão Social e Ambiental como uma subdivisão do
Enanpad.
2
Uma questão delicada ligada à adoção de uma postura de RSC refere-se ao impacto na
lucratividade que esta postura pode acarretar. A RSC pode envolver uma estrutura de custos
diferenciada (Mohr e Webb, 2005) e, no ambiente competitivo atual, custos mais altos podem
custos incrementais devido ao estabelecimento de uma plataforma de RSC. Até que ponto isto
pode ser feito através de uma política de preço diferenciada? Os consumidores estão dispostos
compra de produtos que estejam associados à RSC (Strahilevitz, 1999; Smith, 1996). Este
trabalho alinha-se com esta corrente de pensamento, e sugere alguns desdobramentos, dentro
modelo serão introduzidas quatro variáveis para explicar a relação entre a RSC e o
responsável, a percepção de justiça sobre o diferencial de preço cobrado por esta empresa, o
valor percebido nesta oferta e o impacto da ação social, apoiada pela empresa, na vida do
mostrado que o consumidor tende a aceitar preços mais altos que sejam acompanhados por
benefícios adicionais ou por aumento de custos da empresa, quando estes custos são derivados
proposta conceitual desta tese é que, em função do benefício adicional e da percepção de que
a RSC representa um motivo justificável para a prática de um preço mais alto do que a
base o modelo teórico articulado por Monroe (2003) e Zeithaml (1988) – modelo do valor
de uma empresa que investe em RSC, não existem testes empíricos sobre essa relação. Como
parte do processo de desenvolvimento desta tese, será construída uma escala para medição do
benefício percebido, visando estabelecer empiricamente a relação entre a RSC e esta variável.
Esta pesquisa tem como objetivo investigar a relação entre RSC e intenção de compra
dispostos a pagar um preço mais alto pelos produtos de uma empresa que investe em RSC?
§ O consumidor considera justo que este produto custe mais caro do que o da a
concorrência?
mas cobra um preço mais alto por seu produto? Estaria disposto a comprar este
produto?
4
§ O tipo de ação social que a empresa apóia interfere nas reações dos
uma ação social que tenha um impacto direto na vida do consumidor, isto se
A resposta a estas questões contribuirá para uma maior compreensão acerca da RSC e
Bhattacharya, 2001; Litz, 1996). Considerando-se que o Brasil é um país com enorme
linha da pobreza, este assunto torna-se ainda mais relevante. O Governo brasileiro investe
quantias significativas na área social, mas estes investimentos não têm se mostrado eficazes
na solução dos problemas (Peixoto, 2004). Neste sentido, a iniciativa privada aparece como
para se manter no mercado, é fundamental que se investigue qual a reação destes a uma
responsável das empresas e a decisão de compra dos consumidores tende a se tornar cada vez
mais relevante, na medida em que estes vêm buscando mais informações sobre seus direitos e
pagar mais pela RSC. Em seguida este capítulo traz como referencial teórico da pesquisa o
da pesquisa. Estas propostas conceituais geraram um conjunto de hipóteses, que são a seguir
limitações da pesquisa.
Neste capítulo são analisados os resultados dos pré-testes, da avaliação e validação das
na última década. A seguir será apresentado o modelo de valor percebido como referencial
desenvolvidas.
exista há muito tempo, considera-se que a era moderna da RSC teve início com a publicação
do livro Social Responsibility of the Businessman por Bowen, em 1953 (Carroll, 1999). Este
autor definiu RSC como as obrigações dos administradores de empresas de adotar modelos de
gestão que sejam compatíveis com os fins e valores de uma sociedade (apud Ashley et al,
econômica clássica, defendida pelo Prêmio Nobel de Economia Milton Friedman (apud
Ferrell et al, 2001), define a empresa socialmente responsável como aquela que atende
cumprindo com suas obrigações legais. Segundo este autor, o Governo seria o único veículo
estar social como um objetivo relevante para as organizações (Ferrell et al, 2001; Murray e
7
Montanary, 1986). Esta visão reconhece que as decisões empresariais e seus resultados
alcançam um universo de agentes sociais muito mais amplo do que aquele composto por seus
sócios e acionistas (Borger, 2001). A favor desta visão, Davis (apud Carroll, 1999) argumenta
que a responsabilidade social da empresa deriva justamente de seu grande poder social,
considerando que as decisões empresariais têm amplas conseqüências para a sociedade e que,
portanto, não podem ser tomadas unicamente motivadas por fatores econômicos.
benefícios de longo prazo para sociedade. Para Carroll (1991), a empresa deve fazer isto
e ética. A dimensão legal diz respeito ao cump rimento das leis e regulamentos estabelecidos
pelo governo para garantir padrões mínimos de conduta responsável por parte das empresas.
íntegro, certo e justo pela sociedade, além do que é exigido por lei. Assim, a esfera ética inclui
a adoção de princípios e valores que não podem ser postos em risco, nem mesmo em nome do
retorno aos investidores por parte das empresas, levando também à geração de empregos para
são algumas demandas sociais que a empresa pode atender (Ferrell et al, 2001).
Ao se observar tanto a literatura quanto o debate público sobre o tema, percebe-se que
a visão sócio-econômica tem prevalecido sobre a visão econômica clássica da RSC (Ashley et
8
al 2003; McWilliams e Siegel, 2001; Sen e Bhattacharya, 2001; Ferrell et al, 2001; Ellen et al,
2000; Brown e Dacin, 1997). Esta pesquisa alinha-se à visão da RSC como a responsabilidade
“Responsabilidade social pode ser definida como o compromisso que uma organização deve ter para
com a sociedade, expresso por meio de atos e atitudes que a afetem positivamente, de modo amplo,
ou a alguma comunidade, de modo específico, agindo de forma pró-ativa e coerentemente no que
tange a seu papel específico na sociedade e a sua prestação de contas para com ela (p. 6-7)”.
Comportamento do Consumidor
A produção acadêmica sobre RSC tem uma história de cerca de 50 anos, sendo as
primeiras décadas dedicadas a construir uma definição para o tema (Carroll, 1999). Foi
contribuições destes estudos na última década, foi construída uma tabela, organizada em
ordem cronológica (tabela 2, ao final desta seção). A tabela resume os estudos que buscaram
relacionar a RSC às reações dos consumidores, apresentando autores, ano da pub licação, tipo
de pesquisa, variáveis testadas (quando aplicável) e principais resultados. Artigos cujo foco
são discussões teóricas não foram considerados nesta tabela, mas serão mencionados ao longo
Cabe ressaltar que os artigos analisados usam enfoques diferentes para RSC – alguns
têm foco na dimensão ética da RSC, outros em contribuições que a empresa faz para causas
sociais, outros ainda na RSC como postura geral da empresa. Entretanto, como todos eles
buscaram observar quais os efeitos que ao menos alguma dimensão da RSC teria sobre a
Para efeito da análise das pesquisas, seus resultados estão divididos em dois blocos:
um primeiro bloco de contribuições mais gerais referentes à relação entre a RSC e a atitude e
que investem em RSC. De uma forma geral, os resultados destes estudos indicam que a RSC
tem um efeito positivo na forma como as pessoas avaliam as empresas e seus produtos.
Brown e Dacin (1997), num artigo que é referência na maioria dos trabalhos sobre RSC e
pessoas, não apenas a respeito da empresa, mas também perante seus produtos. Outros
estudos corroboraram a idéia de que a RSC gera um goodwill para a empresa, que se estende
para seus produtos (Mrtvi, 2003; Murray e Vogel, 1997). Entretanto, estes estudos não
produtos associados à RSC se traduz numa preferência por comprar estes produtos?
comprar produtos de empresas que investem em RSC (Bhattacharya e Sen, 2004; Serpa e
Fourneau, 2004; Sen e Bhattacharya, 2001; Barone et al, 2000). Algumas destas pesquisas
apontando para um fator que interfere nesta relação: o interesse do consumidor nas ações
sociais apoiadas pela empresa. O apoio a ações sociais faz parte da dimensão filantrópica da
RSC, que parece ser a que mais desperta atenção dos consumidores, por ser a mais vis ível
10
(Serpa e Fourneau, 2004; Carrol, 1999). Segundo Sen e Bhattacharya (2001), o impacto da
RSC na intenção de compra é mais forte quanto maior for o apoio do consumidor às causas
sociais nas quais ela investe. Estes autores argumentam que, como as empresas não têm
recursos ilimitados para investir em ações sociais, a escolha sobre quais ações apoiar deve
levar em conta aquelas que são mais valorizadas pelos consumidores. Estudos posteriores
acerca das ações sociais apoiadas pelas empresas (Mohr e Webb, 2005; Auger et al, 2003).
apontou que a RSC é mais valorizada quando as ações socia is estão vinculadas à resolução de
Ainda no ambiente brasileiro, a pesquisa sobre RSC de maior abrangência é a que foi
realizada pelo Instituto Ethos (2004). A partir de uma survey, foram analisadas as percepções
do consumidor acerca da atuação social das empresas e a influência desta visão nas suas
11 cidades e a amostra contou com mil pessoas, divididas em cotas de classe social, idade,
Os resultados indicaram que o consumidor brasileiro vem valorizando cada vez mais a
encontrados nas pesquisas dos anos de 2000 e 2002, como mostra a tabela 1 a seguir:
11
Fazer tudo isto de forma a estabelecer padrões éticos mais 35% 39% 44%
elevados, indo além do que é determinado pela lei, ajudando
ativamente a construir uma sociedade melhor para todos.
Ter um padrão de comportamento entre estes dois diferentes 19% 22% 20%
pontos de vista.
Outros 5% 5% 1%
Como resposta à questão sobre o papel das empresas, a opção que descreve a atitude
cumprimentos das leis, foi ganhando importância e teve sua escolha aumentada em nove
clara sobre que tipos de contribuições empresariais valorizam mais, tendo a grande maioria
(70%) indicado que as empresas deveriam estar diretamente envolvidas na resolução dos
problemas sociais do país, resultado similar ao encontrado por Serpa e Fourneau (2004). As
prioridades apontadas pelos consumidores pesquisados foram saúde (25%), educação (23%) e
A falta de informações dos consumidores sobre RSC foi identificada nesta pesquisa. A
grande maioria dos entrevistados (72%) gostaria de ter mais informações sobre os meios que
as empresa estão usando para serem socialmente responsáveis. No entanto, entre os que têm
informações sobre RSC, os efeitos são bastante positivos: 73% disseram que estas
12
informações fizeram com que mudassem a opinião sobre a empresa para melhor, 72%
passaram a falar bem da empresa para outras pessoas e 65% decidiram comprar seus produtos
consumidores brasileiros parecem estar atentos ao seu poder de influência, já que 76% dos
Como visto, a literatura aponta para um efeito positivo da RSC na intenção de compra,
tanto no contexto norte-americano quanto no contexto brasileiro. Mas estas pesquisas não
consideraram a variável preço em suas investigações. A RSC pode envolver uma estrutura de
custos diferenciada (Mohr e Webb, 2005), que pode demandar uma prática de preços mais
elevados. Neste sentido, cabe perguntar se este efeito positivo da RSC na intenção de compra
estudos sobre RSC. Dos 23 artigos de pesquisa analisados (tabela 2), mais da metade traz
consumidor estaria disposto a pagar um preço a mais por produtos de empresa que investem
13
entre RSC e preço, afirmando que “o preço que os consumidores estão dispostos a pagar pelos
produtos de uma empresa é uma forma deles sinalizarem sua aprovação ou desaprovação com
relação às ações desta (p. 424)”. A partir dos resultados de uma survey com 280 participantes,
extremante éticas e socialmente responsáveis pagando um preço mais alto por seus produtos.
Segundo esta teoria, os resultados associados a uma decisão são percebidos como ganhos ou
perdas em relação a um ponto de referência que é adotado pelo tomador de decisão. Para
empresas extremante éticas e socialmente responsáveis seriam vistas como estando acima do
comportamento ético empresarial e para a expectativa de que este ocorra; além de indicar que
extremante éticas e estariam dispostos a comprar de empresas antiéticas, desde que pagando
apenas a dimensão ética da RSC é enfatizada nos questionários, e não há uma definição do
que seria uma empresa extremante ética. No que se refere ao preço, os autores também não
perguntando apenas se as pessoas pagariam “uma quantia considerável a mais”. Mas o estudo
desses autores abriu possibilidades de se estudar a relação entre RSC e preço, indicando que a
valorização de aspectos da RSC, apontada por outras pesquisas, pode resultar não somente em
uma avaliação mais favorável da empresa e de seus produtos, mas também em uma disposição
na disposição do consumidor em pagar mais (Auger et al, 2003; Creyer e Ross 1997 e 1996),
causa social. Os resultados são semelhantes, indicando que o consumidor aceita pagar mais
pelo produto de uma empresa que investe em uma causa social (Peixoto, 2004; Barone et al,
O estudo de Strahilevitz (1999) merece destaque por ter definido com maior precisão o
quanto o consumidor estaria disposto a pagar a mais por um produto vinculado à RSC, e se o
tipo de produto a ser comprado faria alguma diferença nesta decisão. Tendo como base seu
envolvendo doação para causas sociais (Strahilevitz e Myers, 1998), Strahilevitz (1999)
um produto cujo preço é mais alto do que o da concorrência, mas sabendo que esta diferença
seria doada a uma causa social, ou comprar este mesmo produto por um preço mais barato.
Foram usados vários percentuais de diferença de preço, além de produtos do tipo hedonista ou
cuja empresa faz doações para causas socais quando o percentual de diferença de preço era
baixo (1 e 5%). Entretanto, quando este percentual era alto (25% e 50%), os consumidores
sentem bem contribuindo para o bem estar de outras pessoas. Segundo o autor, a compra de
produtos hedonistas potencializa este efeito, na medida em que gera uma culpa no consumidor
por estar comprando produtos que não são de utilidade básica. O benefício de estar fazendo
bem aos outros atenuaria esta culpa, fazendo com que o consumidor se mostre disposto a
pagar um valor ainda maior pelos produtos que oferecem este tipo de benefício.
consumidor estaria disposto a pagar um pouco mais por produtos de empresas que investem
em ações sociais, pois perceberia um benefício adicional na compra deste produto. Entretanto,
o autor não faz uma mensuração deste benefício, esta é apenas uma premissa teórica adotada.
Além disso, a forma como o autor apresenta seus cenários faz com que o consumidor deva
decidir entre pagar um preço cheio por um produto ou obter um desconto na concorrência. A
situação de deixar de obter um desconto não é exatamente a mesma que a situação de pagar
um preço mais caro por um produto. No primeiro caso, o consumidor deixa de ter um ganho
monetário, e no segundo caso, incorre em uma perda monetária. A literatura indica que, na
16
percepção do consumidor, as perdas têm mais efeitos do que os ganhos (Thaler, 1985). Logo,
incorrer numa perda monetária maior, isto é, pagar mais por um produto, seria mais grave do
que deixar de obter um desconto. Não se pode, então, considerar que o estudo de Strahilevitz
(1999) apresente resultados conclusivos sobre a disposição do consumidor em pagar mais por
produtos de empresas socialmente responsáveis, não só porque o autor foca apenas em uma
das dimensões da RSC, mas também porque não aborda exatamente a situação de um preço
Strahilevitz (1999), indicando que há uma disposição de se pagar mais pelos produtos das
empresas que investem nestas ações (Mohr e Webb, 2005; Peixoto, 2004; Barone et al, 2000).
Estes estudos também apresentam limitações. Mohr e Webb (2205), por exemplo,
pesquisaram como diferentes níveis de RSC atuariam nas reações dos consumidores a preço.
Mas a operacionalização deste constructo nos cenários de pesquisa traz alguns problemas: há
apenas a descrição de uma causa social apoiada pela empresa, e um dos níveis de RSC
considerados traz, na verdade, a descrição de uma empresa que age com irresponsabilidade
social. A pesquisa de Peixoto (2004), realizada no contexto brasileiro, também retratou a RSC
apenas como um investimento da empresa em uma ação social. Além disso, os participantes
do estudo deveriam hierarquizar os atributos que levam em conta para decisão de compra de
causa social é mais importante do que o atributo preço. Não se trata, portanto, de uma
investigação direta sobre a disposição do consumidor em pagar mais pelo produto de uma
relevantes para esta pesquisa. Em primeiro lugar, o consumidor demonstra valorizar a RSC e
17
derivar benefícios ao comprar produtos de empresas que investem em RSC. Entretanto, não
há estudos que mensuraram estes benefícios, e que relacionaram empiricamente a RSC com a
mais por um produto relacionado a algum aspecto da RSC. Não há, entretanto, a proposição
efetivamente dispostos a pagar mais pelo produto de uma empresa socialmente responsável?
Este trabalho propõe que esta decisão de compra pode ser compreendida dentro do modelo
papel dentro deste modelo já foi apontado por pesquisas anteriores (Xia e Monroe, 2005;
Martins, 1995; Martins e Monroe, 1994). Na próxima seção será apresentado o referencial
necessário fazer uma distinção entre os conceitos de valores do cliente e valor para o cliente.
Os valores do cliente referem-se a seus valores pessoais, suas crenças que orientam o seu
comportamento (Flint et al, 2002). Já o valor para o cliente, foco de interesse desta pesquisa, é
o valor percebido sob a ótica do consumidor, ou seja, o valor que ele percebe na oferta da
consumidor percebe que está ganhando na troca com a empresa e os sacrifícios, monetários e
não- monetários, que percebe como necessários para realização desta troca (Kotler, 2000;
Ravald e Grönroos, 1996; Zeithaml, 1988). A figura 1 ilustra o modelo teórico do valor
percebido.
Outros
Sacrifícios
Percebidos
Sacrifício
Sacrifício Percebido
Monetário
Percebido
Valor Intenção
Preço Percebido de Compra
Qualidade
Percebida
Benefício
Percebido
Outros
Benefícios
Percebidos
Embora alguns autores ressaltem que os clientes não calculam precisamente todos os
importante nesta troca. Entretanto, embora muitas definições de valor tenham usado a
outros fatores relevantes, que podem ser mais subjetivos e abstratos, como os benefícios
emocionais que a compra pode trazer (Sirdeshmukh et al, 2002; Churchill, 2000; Zeithaml,
1988).
na troca de valor com a empresa. Estes custos podem incluir tempo e custo psicológico para
busca do produto, risco deste não ter bom desempenho, e o custo monetário em si, retratado
é, um desembolso para o consumidor. Mas o papel do preço vai além da questão monetária, e
mais subjetivas dos consumidores (Monroe, 2003). O preço pode ser visto como um
adotada pela empresa for percebida como injusta pelo consumidor (Xia e Monroe, 2005;
Numa situação em que haja diferença de preços entre dois produtos, mas esteja
explícito que ambos os produtos têm qualidade equivalente, um preço mais alto aumentaria o
30
sacrifício percebido pelo consumidor, sem contribuir para o aumento do benefício percebido.
Para que o consumidor se disponha a realizar esta troca, ele precisa perceber que está
ganhando um benefício adicional (Churchil, 2000; Dodds et al 1991; Zeithaml, 1988). Uma
questão que surge é: o fato de uma empresa investir em RSC é considerado pelo consumidor
como um benefício a mais, adicionando valor ao produto que está sendo comprado?
quais devem, no mínimo, compensar os sacrifícios percebidos. Para ser capaz de entregar
A literatura indica que a oferta de uma empresa que investe em RSC proporcionaria
aos consumidores o terceiro tipo de benefício, isto é, um prazer especial associado à compra
desta oferta. Smith (1996) propõe que um dos benefícios que o consumidor pode obter nos
processos de troca com as empresas é o benefício de sentir-se bem contribuindo para ações
altruístas. Ampliando uma concepção que liga o altruísmo somente a fazer o bem aos outros,
o autor considera que este benefício contempla também uma satisfação pessoal, um “sentir-se
bem”. Bhattacharya e Sen (2004), a partir de uma série de estudos qualitativos, concluíram
que as iniciativas de RSC beneficiam não só a empresa e as causas sociais por ela apoiadas,
argumentam que o sentimento de estar ajudando outras pessoas através de uma ação de
compra traz benefícios emocionais para os consumidores, e que, se não houvesse um valor
para o consumidor associado ao altruísmo, este não existiria nas relações de consumo (Mohr e
tais como a aspiração de fazer o que é certo (Dawes e Thaler apud Strahilevitz, 1999), a busca
por uma satisfação moral (Kahneman e Knetsch, 1992) e o desejo de vivenciar um warm
glow2 (Andreoni, 1990). Em resumo, uma forma de pensar sobre a disposição em pagar mais
para contribuir com a RSC no contexto das relações de consumo é ver estes atos como a busca
dos consumidores pelo prazer derivado da ação de estar fazendo bem aos outros
(Bhattacharya e Sen, 2004; Strahlilevitz, 1999). Segundo Strahlilevitz (1999), “se dar
significa se sentir bem, o quanto uma doação para caridade irá agregar valor a um produto
deve ser um reflexo direto do quanto este incentivo é bem sucedido em fazer com que os
A proposta deste estudo é que a RSC pode influenciar o valor percebido pelo
diferença de preço. Uma questão relevante é: como um preço mais alto do que o cobrado pela
sacrifício pode ser maior ou menor em função da percepção de justiça. Um preço considerado
entendimento da reação dos consumidores ao preço (Xia et al, 2004; Campbell, 1999b;
2
Por não haver uma tradução exata para o português, o termo foi mantido em inglês. Sua tradução literal seria
32
Kahneman et al, 1986). Esta percepção refere-se ao julgamento sobre o preço estabelecido e
sobre o processo para se estabelecê- lo – se estes são aceitáveis, justificáveis, ou não (Bolton et
al, 2003). É consenso na literatura que os julgamentos sobre preços são sempre comparativos,
isto é, os consumidores adotam um preço de referência a partir do qual fazem sua avaliação
(Thaler, 1985; Kahneman e Tversky, 1984). O preço de referência pode ser o preço pago ao
mesmo fornecedor anteriormente, o preço cobrado pela concorrência ou o preço pago por
outros consumidores (Xia et al, 2004). Neste sentido, um preço injusto seria aquele superior
percebem duas transações comerciais como similares, mas em uma o preço é maior do que na
outra, haverá uma percepção de que este é injusto. Neste sentido, quanto maior a similaridade
cobrados forem diferentes (Xia e Monroe, 2005). Mas benefícios adicionais oferecidos em
uma das transações farão com que ambas deixem de ser percebidas como similares, e,
portanto, os preços deixam de ser comparáveis (Xia et al, 2004). Este estudo propõe que a
consumidores consideram que as empresas têm o direito de proteger seu lucro, aumentando
seus preços quando há aumento em seus custos. Nesta situação, haveria uma percepção de
“brilho intenso e quente”, cujo significado está associado a uma sensação de prazer, agradável.
33
palavras, os consumidores julgariam como justificável esta mudança de preço. Estes autores
afirmam que as empresas precisam considerar a percepção de justiça dos consumidores para
“(...) o conceito de um ‘preço justo’ tem atormentado os profissionais de marketing por séculos. (...)
Mesmo nas modernas economias de mercado, os ‘aproveitadores de preços’ são muitas vezes criticados
pela imprensa, incomodados pelos reguladores e boicotados pelo público (p. 96)”.
custos são percebidos como legitimadores de um aumento justo de preços. Alguns custos,
como os de promoção, por exemplo, podem levar à percepção de que o preço mais alto
cobrado é injusto (Bolton et al, 2003). Campbell (1999a e 1999b) identificou um fator-chave
que afeta diretamente a percepção de justiça de um preço: o tipo de motivo que a empresa tem
para praticar este preço. Quando o consumidor infere que o motivo é positivo, os
consumidores tendem a julgar o diferencial de preço como justo. Esta contribuição seminal de
Campbell (1999b) foi corroborada em estudos posteriores (Xia et al, 2004; Vaidyanathan e
cenários utilizados pela autora descreviam uma situação em que a empresa aumentava seu
preço devido à alta de demanda por um produto escasso, e os respondentes deveria m avaliar
se este aumento era ou não justificável, em dois casos: em um a empresa ficava com o lucro
adicional obtido com a venda do produto, e no outro a empresa doava este lucro. Segundo
estudos anteriores, em ambos os casos o aumento de preço deveria ser julgado como injusto
34
produto para praticar preços mais altos – um motivo negativo. Mas na situação onde a
empresa doava o lucro obtido, a introdução da informação sobre RSC fez com que os
consumidores julgassem que ela teve um motivo justificável para aumentar o preço do
produto e, portanto, este aumento de preço foi considerado aceitável, justo. Entretanto, na
situação em que a empresa estava obtendo lucro adicional, o aumento de preço foi julgado
como injusto, mesmo com a informação sobre RSC. A conclusão do estudo é que a RSC
contribui para que os consumidores julguem os motivos para um aumento de preço como
justo, mas somente se a empresa não estiver obtendo lucro adicional com este aumento. Os
resultados do estudo de Campbell (1999b) são restritos, pois os cenários usados pela autora
demanda por um produto escasso – não há menção à concorrência, isto é, o consumidor não
tem outras opções de compra. Mas estes resultados apontam na direção de um efeito positivo
contexto da Teoria de Atribuição, segundo a qual as pessoas tendem a buscar uma causa que
explique a ocorrência de um evento surpreendente e/ou negativo, para poder julgá- lo (Weiner,
2000). Analogamente, um preço considerado maior, seja na comparação com preços passados
ou com preços da concorrência, pode ser considerado um evento deste tipo (Campbell,
1999b). Para a Teoria da Atribuição, uma ação é percebida como negativa quando se infere
que seu autor teve um motivo negativo para fazê-la (Weiner, 2000). Estendendo esta teoria
para área de preços, temos que o motivo inferido pelos consumidores para o estabelecimento
do preço influencia a percepção de justiça sobre este último. De fato, esta teoria tem sido
preços (Vaidyanathan e Aggarwal, 2003; Bolton et al, 2003; Maxwell, 1999; Campbell,
1999b).
como uma razão justificável para que esta estabeleça preços mais altos do que a concorrência?
Segundo Mohr e Webb (2005), muitas iniciativas de RSC requerem aumento de custos, e por
isso uma grande preocupação dos gestores das empresas é se estes custos podem ser
repassados para os preços. Se a empresa tem o direito de proteger seus lucros através da
estabelecimento deste preço é positivo (Vaidyanathan e Aggarwal, 2003; Bolton et al, 2003;
Maxwell, 1999; Campbell, 1999b), então cabe investigar se a RSC contribui para que o
consumidor perceba uma prática de preço mais alto do que a concorrência como justificável.
percepção de justiça em preços indica que 1. a existência deste benefício adicional leva à
percepção de que a transação com essa empresa é diferente e, portanto, é razoável que ela
motivo positivo para o estabelecimento de um diferencial de preço ele tende a julgar este
Tendo como base o desenvolvimento das pesquisas sobre RSC e o modelo teórico do
valor percebido, este estudo propõe como questão central que a RSC tem um impacto positivo
responsável cobra um preço mais alto do que a concorrência pelo seu produto. A proposta é
que a RSC aumenta o benefício percebido pelo consumidor, ao mesmo tempo em que faz com
que ele considere justa a prática de um diferencial de preço. Há então um impacto positivo no
Este estudo também introduz a noção de que, dependendo do impacto gerado pela
ação social, apoiada pela empresa, na vida do consumidor, este irá perceber um benefício e
um valor maior ou menor na oferta desta empresa. Estudos anteriores indicaram que os
consumidores valorizam mais ou menos a RSC dependendo da ação social apoiada pela
empresa (Mohr e Webb, 2005; Auger et al, 2003; Sen e Bhattacharya, 2001). Sugerimos aqui
que uma ação social que tenha um impacto maior na vida do consumidor irá agregar ao
benefício de estar fazendo bem aos outros a percepção de um benefício que influencia sua
própria vida, de forma mais direta. Neste caso a percepção de justiça, o valor percebido e a
Impacto
Impactodada
Ação
Ação
Social
Social
Benefício
Benefício
Percebido
Percebido
Valor Intenção
RSC Valor Intenção
RSC Percebido de Compra
Percebido de Compra
Justiça
Justiça
Percebida
Percebida
do preço
do preço
preços; benefício percebido; valor percebido e impacto da ação social, apoiada pela
entre elas;
ii. Propondo uma escala para medição do benefício percebido pelos consumidores na
iii. Considerando como ponto de referência para o consumidor julgar a justiça em preços
preços tem sido focada em situações de aumento de preços (preço atual vs. preço
algumas lacunas identificadas no corpo de conhecimento que une reações dos consumidores à
aceitará pagar mais pelo produto de uma empresa que investe em RSC, e considerará que este
preço é justo e que existe um benefício e um valor adicional envolvido na oferta dessa
empresa.
de produtos cuja empresa investe em RSC (Bhattacharya e Sen, 2004; Strahilevitz, 1999;
Smith, 1996). Este benefício está relacionado à idéia de que, através do ato de compra, o
consumidor sente-se bem por estar contribuindo para a melhoria das condições de vida da
sociedade (Smith, 1996). Desta forma, propomos que a oferta de uma empresa socialmente
hipótese H1.1.
39
presentes na literatura que embasam a hipótese H1.2. Uma dessas linhas propõe que os
consumidores, numa situação de preço mais alto, avaliam os motivos que levaram à empresa a
preço farão com que este pareça justificável. Propomos aqui que a informação de que a
preço mais alto do que o da concorrência, pelo fato destes investimentos serem vistos de
forma positiva pelos consumidores (Peixoto, 2004; Serpa e Fourneau, 2004; Murray e Vogel,
diferentes (Xia e Monroe, 2005). Entretanto, benefícios adicionais oferecidos em uma das
transações farão com que estas deixem de ser percebidas como similares, e, portanto, os
preços deixam de ser comparáveis (Xia et al, 2004). Se a RSC desempenha o papel deste
responsável como diferente das demais – logo, haveria uma razão que justificaria o diferencial
justiça em preços, levam à proposta de que a RSC exerce um efeito positivo na percepção de
justiça do diferencial de preço cobrado por uma empresa socialmente responsável, como
O modelo teórico do valor percebido sugere que o consumidor se dispõe a pagar mais
por um produto quando esta diferença de preço (relativa a uma referência, que neste caso é o
adicional compensar o preço mais alto, então o valor percebido resultante levará à decisão de
compra (Grewal et al, 1998; Zeithaml, 1988). Tendo proposto que haverá um benefício
responsável será percebido como justo, propomos também que a RSC aumenta o valor
H1 : Considerando uma situação de compra onde a qualidade dos produtos seja equivalente,
informação de que a empresa com preço mais alto é socialmente responsável (vs. a
tem uma relação positiva com a percepção de valor (Dodds et al, 1991; Zeithaml, 1988),
diminui o valor percebido pelo consumidor (Xia e Monroe, 2005; Martins, 1995; Martins e
Monroe, 1994). Propusemos aqui que a RSC fará com que o diferencial de preço praticado
pela empresa seja considerado justo, portanto pode-se supor que a percepção de justiça estará
H3 : Existe uma correlação positiva entre justiça percebida do preço e valor percebido.
Considerando que a percepção de valor leva à intenção de compra (Grewal et al, 1998;
Zeithaml, 1988), sugere-se que o valor percebido pelo consumidor na oferta de uma empresa
As ações sociais apoiadas pelas empresas são geralmente a parte mais visível da RSC
para o consumidor (Serpa e Fourneau, 2004; Carroll, 1999). Por esta razão, tomando como
base a proposta deste trabalho de que a RSC exerce uma influência positiva sobre as reações
dos consumidores, sugerimos que o impacto gerado pela ação social apoiada pela emp resa
terá papel fundamental nesta influência. Considerando o escopo desta ação, ela pode ter um
impacto mais direto ou mais indireto na vida dos consumidores. Consumidores brasileiros
tendem a valorizar mais ações sociais que estejam voltadas para resolver problemas básicos
do país, que afetam suas vidas mais diretamente (Serpa e Fourneau, 2004; Instituto Ethos,
2004).
Propõe-se aqui que, se a ação social tiver um impacto direto na vida do consumidor, na
comunidade onde vive, ela irá contribuir para aumentar o benefício percebido. Conforme já
visto, o conceito de benefício engloba tudo aquilo que o consumidor obtém ao realizar a troca
de valor com a empresa (Monroe, 2003; Zeithaml, 1988). Se, além do benefício de “sentir-se
bem” por fazer bem aos outros, o consumidor também perceber que a ação social apoiada pela
empresa beneficia sua vida mais diretamente, então o efeito desta ação no benefício
percebido, no valor percebido e na intenção de compra será maior, conforme retratado nas
impacto da ação social na vida do consumidor. Portanto, sob este ângulo, o tipo de ação social
não deveria influenciar a percepção de justiça do diferencial de preço. Mas há ainda a questão
43
do benefício adicional gerado pela RSC, que faz com que a transação com a empresa
socialmente responsável seja percebida como diferente das demais, justificando o diferencial
de preço cobrado por esta empresa. Sob este ângulo, uma ação social com impacto direto na
O design experimental da pesquisa não permite prever qual desses dois ângulos
prevaleceria para explicar o efeito do impacto da ação social na percepção de justiça do preço.
Em síntese, o que a literatura permite propor é que, quando a ação social representar um
benefício ainda maior para o consumidor, ao menos não haverá uma diminuição na percepção
de justiça do diferencial de preço cobrado pela empresa socialmente responsável, como retrata
a hipótese H5.2.
H5 : Considerando uma situação de compra onde a qualidade dos produtos seja equivalente,
informação de que a empresa com preço mais alto é socialmente responsável e apóia
uma ação social com impacto direto (vs. impacto indireto) na vida do consumidor
gera:
EXPERIMENTAIS
justifica-se pelos objetivos aqui propostos. Para se atingir os objetivos desta pesquisa foi
depende do controle de fatores que possam interferir nos resultados e mascarar a influência
possibilidades do pesquisador obter esse controle, uma vez que simula uma situação real que
Schindler, 2003).
Esta metodologia tem sido amplamente usada nas ciências sociais e, mais
experimental tem prevalecido (por ex.: Xia e Monroe, 2005; Vaidyanathan e Agrarwal, 2003;
4.2 Método
variáveis independentes utilizadas são RSC e impacto da ação social apoiada pela empresa e
as variáveis dependentes são benefício percebido, justiça percebida do preço, valor percebido
45
e intenção de compra. A amostra total está divida em um grupo controle e três grupos
Grupo
RSC
Controle
RSC e Ação
Grupos
Social de
Experimentais
Impacto Direto
RSC e Ação
Social de
Impacto Indireto
Nos cenários dos grupos experimentais há a informação sobre RSC, que estará ausente
no cenário do grupo controle. Um dos grupos experimentais foi exposto apenas à informação
sobre RSC e os outros dois foram expostos também a informações sobre o impacto da ação
social, apoiada pela empresa, na vida do consumidor (impacto direto versus impacto indireto).
Este design experimental visa permitir a análise dos efeitos das variáveis RSC e impacto da
amplamente utilizada na pesquisa experimental e tem sido aplicada nos estudos sobre RSC e
preços (por ex., Homburg et al, 2005; Vaidyanathan e Agrarwal, 2003; Campbell, 1999b).
informações utilizada nos cenários foram baseadas nas definições do constructo presentes na
literatura (Ashley et al, 2003; Borger, 2001; Mohr et al, 2001; Ferrell et al, 2001). A descrição
da ação social baseia-se numa das ações destacadas no Guia Exame Boa Cidadania
Corporativa 2004 (Almeida, 2004), e está relacionada à educação, por este ter sido
considerado um dos mais importantes domínios para causas sociais a serem apoiadas pelas
foi utilizado o padrão de 10%, que está dentro do patamar sugerido na literatura como
razoável para que o consumidor perceba os preços como diferentes (Homburg et al, 2005;
Strahilevitz, 1999). Por fim, como a pesquisa focaliza dois aspectos da oferta da empresa – a
RSC e o preço – os cenários experimentais, descritos a seguir, deixavam claro que a qualidade
Situação de Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um
compra shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping,
você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans.
(constante) Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do
shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais
gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design
bonito e confortável, e você gostou igualmente das três.
Entretanto, existe uma diferença de preço entre elas. A calça da
marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
48
Situação de Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um
compra shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping,
você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans.
(constante) Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do
shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais
gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design
bonito e confortável, e você gostou igualmente das três.
Entretanto, exis te uma diferença de preço entre elas. A calça da
marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
Situação de Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um
compra shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping,
você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans.
(constante) Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do
shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais
gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design
bonito e confortável, e você gostou igualmente das três.
Entretanto, existe uma diferença de preço entre elas. A calça da
marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
Situação de Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um
compra shopping em busca de opções. Durante seu passeio pelo shopping,
você entra em algumas lojas e experimenta diversas calças jeans.
(constante) Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do
shopping – loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais
gostou. As três calças são de ótima qualidade, têm um design
bonito e confortável, e você gostou igualmente das três.
Entretanto, existe uma diferença de preço entre elas. A calça da
marca X custa $110 enquanto as outras custam cerca de $100.
4.3 Verificações
assegurar que as condições experimentais foram corretamente delineadas (Hair et al, 1998).
social apoiada pela empresa foi percebida como exercendo um impacto direto ou indireto na
vida do consumidor.
Para a verificação da variável RSC foi utilizada uma escala desenvolvida por Brown e
Dacin (1997), que a utilizaram para verificação semelhante. Esta escala contém 3 itens, que
Para a medição do impacto da ação social na vida do consumidor não foi utilizada uma
escala com múltiplos ítens, mas uma pergunta direta. Netemeyer et al (2003) sugerem este
tipo de medição quando não se trata de constructos que necessitem de múltiplos itens para
Dada a situação descrita no texto, avalie o impacto que o projeto de educação apoiado pela
Indireto Direto
1 2 3 4 5 6 7
experimento envolvendo o uso de cenários, para maximizar a veracidade das respostas dos
consumidores aos questionários é fundamental que estes percebam que os cenários descritos
usadas nos cenários e que possam facilmente se imaginar vivendo a situação proposta. Esta
verificação foi baseada na escala usada por Homburg et al (2005) e Martins (1995), que
apresentou alto grau de confiabilidade e validade. Os três itens da escala foram traduzidos
Das cinco escalas usadas para medição das variáveis dependentes da pesquisa, quatro
que, se existem boas medidas de um construto na literatura de referência, o valor de uma nova
53
desenvolvida uma escala própria, por não ter sido encontrada na literatura uma escala de
medida para esta variável que fosse adequada aos objetivos da pesquisa.
percebida do produto (por ex. Grewal et al, 1998), mas Zeithaml (1988) chama a atenção para
o fato de existirem outros benefícios que o consumidor percebe na oferta das empresas, mais
e Sen, 2004; Strahlilevitz, 1999; Smith, 1996), a medição deste benefício nunca foi realizada
empiricamente.
Como não foi encontrada, na literatura, uma proposta de medição destes benefícios, a
escala de benefício percebido foi desenvolvida, testada e validada como parte desta pesquisa.
deve deixar claro qual a base teórica a ser utilizada, através da definição precisa do conceito
avalia os benefícios que percebe como fazendo parte da oferta da empresa ao mercado. Estes
54
benefícios estão relacionados aos produtos oferecidos pela empresa, mas não se restringem a
eles – há benefícios mais abstratos e intangíveis associados à oferta da empresa como um todo
(Smith, 1996; Lefkoff-Hagius e Mason, 1993; Zeithaml, 1988). Neste sentido, o conceito de
interesse para este estudo a terceira forma de benefício percebido na oferta da empresa, na
medida em que aspectos funcionais do produto serão mantidos constantes nos cenários da
pesquisa. Com base nas principais contribuições da literatura, chegou-se a uma série itens
Esta lista de itens foi submetida a um painel de especialistas, que contou com três
efetivamente sendo traduzindo na medida operacional que está sendo proposta, e envolve duas
face (face validity). O objetivo básico da validade de conteúdo é garantir que os itens da
escala podem ser eliminados ou modificados por estarem em desacordo com a conceituação
de uso da escala, se os itens estão redigidos de forma clara. Esta etapa inicial de validação
§ Comprar a calça jeans da marca X me faria sentir que estou fazendo a coisa certa.
et al, 2003; Hair et al, 1998). Estas etapas foram realizadas utilizandose dados reais, do pré-
utilizaram escalas com múltiplos itens, e não escolhas pontuais entre “justo” ou “injusto”. De
fato, muitos autores defendem o uso de escala com múltiplos itens por estas terem uma
(por ex., Netemeyer et al, 2003; Malhotra, 2001; Hair et al, 1998). O interesse desta pesquisa
portanto foi utilizada uma escala equilibrada entre justiça e injustiça, com 3 possibilidades de
marcação para cada campo e com um campo neutro, segundo recomendação de Mota (1999).
A escala foi adaptada de estudos anteriores (Kukar-Kinney et al, 2005; Campbell, 1999b),
Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7:
Injusto Justo
1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável
1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório
1 2 3 4 5 6 7
Para esta pesquisa, a escala de valor percebido precisava contemplar a questão dos
benefícios percebidos na oferta da empresa versus o custo para adquiri- la. Desta forma,
escalas para medição de valor percebido focadas em barganha de preço (por ex., Grewal et al,
1998; Dodds et al, 1991) não foram consideradas. Foi então utilizada uma escala contendo 3
itens baseados em escalas usadas anteriormente para medir este constructo, as quais
apresentaram alto grau de confiabilidade e validade (Kukar-Kinney et al, 2005; Suri et al,
esta não terá variações nos cenários da pesquisa. As respostas foram dadas em uma Likert de
§ Se eu comprar a calça jeans da marca X, estarei recebendo o que meu dinheiro vale.
§ Se eu comprar a calça jeans da marca X eu acho que estarei recebendo um bom valor
§ A calça jeans da marca X é uma compra que vale à pena, pois acho que seu preço é
razoável.
comportamento do consumidor (Homburg et al, 2005). Foi utilizada nesta pesquisa uma
estudos anteriores (Homburg et al, 2005; Kukar-Kinney et al, 2005; Xia e Monroe, 2005), e
58
que apresentou alto grau de confiabilidade e validade. A escala é composta pelos seguintes
itens:
questionário contou com algumas medidas de possíveis covariantes da pesquisa. A aná lise
destas medidas visa avaliar se há variações não desejáveis nas variáveis dependentes devido a
variáveis que não foram tomadas como independentes na pesquisa (Hair et al, 1998). A
análise de covariância desta pesquisa foi feita inicialmente com as variáveis sexo e idade dos
respondentes.
anteriores indicaram que há consumidores que podem ser considerados mais socialmente
responsáveis do que outros (Mohr e Webb, 2005; Peixoto, 2004; Bhattacharya e Sen, 2004).
Foi então utilizada uma escala para medir esta característica, visando analisar se ela estaria
similar desenvolvida por Moh e Webb (1995), cujas respostas são dadas em uma Likert de 7
informação.
§ Eu evito usar produtos e serviços que possam causar danos ao meio ambiente.
A amostra desta pesquisa contou com 264 pessoas. Trata-se de uma amostra não-
medicina de uma faculdade privada, uma universidade privada e uma universidade pública do
experimentais, num processo de blind experiment, isto é, não tinham conhecimento sobre em
que grupo foram alocados. O tamanho da amostra respeitou o sugerido por Hair et al (1998),
60
isto é, não menos que 30 sujeitos por célula de pesquisa, garantindo que todas as células da
respondentes (Moura et al, 1998). Pode-se considerar este um instrumento adequado para o
objetivo deste estudo, na medida em que fornece dados passíveis de uma análise estatística,
estatisticamente que seus itens estão fortemente associados uns aos outros, formando um
único constructo ou fator. Netemeyer et al (2003) sugerem que devem ser usados
baseia-se na prática comum de se combinar as pontuações dos itens da escala – isto é, fazer
uma soma ou média destes – para se realizar os procedimentos estatísticos. Hair et al (1998) e
escala. Foi então realizada a análise fatorial exploratória, usando como método de extração
dos fatores o de componentes principais. Este método foi escolhido por ser o procedimento
de condensar as variáveis na primeira etapa da análise fatorial (Kim e Mueller, 1982). Para
extração de fatores foi adotado o critério, conservador, de se considerar apenas os fatores com
raízes latentes (autovalores) acima de 1,0. A rotação dos fatores não pôde ser realizada, visto
Para cada análise fatorial foi calculado o índice de KMO (Kaiser-Meyer-Olkin), que
mede a adequação da análise fatorial à amostra. Este índice quantifica globalmente (a partir da
totalidade dos dados) em que medida as variáveis mantém relação com as demais,
justificando, portanto, uma análise fatorial. Segundo Hair et al (1998), valores para o índice
de KMO acima de 0,70 são desejáveis e valores abaixo de 0,5 são inaceitáveis. Foi também
realizado o teste de esfericidade de Bartlett, para testar hipótese nula de que os itens na matriz
de correlação não estão correlacionados. O resultado deste teste é um dos indicadores de que a
análise fatorial da escala é apropriada, e seu nível de significância deve ser baixo o suficiente
para rejeitar a hipótese nula e indicar que há uma correlação forte entre os itens (Hair et al,
1998).
variável (Hair et al, 1998). Itens que compõem uma escala devem mostrar altos níveis de
consistência interna, isto é, devem estar inter-relacionados para que faça sentido o fato de
Cronbach é o mais utilizado para avaliar a confiabilidade das escalas (Netemeyer et al, 2003;
escala, e deve ser usado depois que a unidimensionalidade tiver sido estabelecida através da
análise fatorial. Hair et al (1998) defendem um nível de alfa de Cronbach mínimo de 0,60.
Por fim foi avaliada a validade de convergência, onde se verifica se os itens que
medem o constructo apresentam uma correlação razoavelmente alta entre si, isto é, se eles
62
convergem num mesmo fator (Netemeyer et al, 2003). Para o cálculo desta tabela foi utilizado
Primeiramente foi realizada uma preparação dos dados, incluindo uma análise gráfica
Todas estas avaliações levaram em conta a o agrupamento dos dados de acordo com as
hipóteses da pesquisa. As hipóteses H1.1, H1.2, H1.3, H1.4 e H5.1 , H5.2, H5.3 e H5.4 fazem uma
Grupo
Grupos Experimental:
Experimentais CENÁRIO 3
H 5.1
H 5.2
H 5.3
H 5.4
Grupo
Experimental:
CENÁRIO 4
percebido (H1.1), na justiça percebida do preço (H1.2), no valor percebido (H1.3), e na intenção
de compra (H1.4). Para o teste desta hipótese foi utilizado o procedimento estatístico
para detectar diferenças nos grupos entre duas ou mais variáveis dependentes
simultaneamente (Hair et al, 1998), como é o caso. Vale ressaltar que o uso de diversas
Análises de Variância (ANOVAs) para testar as hipóteses H1.1, H1.2, H1.3 e H1.4 seria
desaconselhável, na medida em que poderia criar problemas para o controle do erro tipo I, isto
é, da possibilidade de se rejeitar a hipótese nula quando esta deveria ter sido aceita (Cooper e
Schindler, 2001; Hair et al, 1998). O ANOVA, embora ofereça resultados sobre a relação
entre cada variável independente e cada variável dependente, “ignora as correlações entre as
variáveis dependentes e, portanto, usa menos do que a informação total disponível para
64
acessar as diferenças no grupo total (Hair et al., 1998, p.339)”. O uso do MANOVA na
hipótese H1 visou testar o efeito principal da variável RSC nas variáveis dependentes
e valor percebido. Para testar esta hipótese foi calculado o coeficiente de Spearman e o nível
coeficiente de Spearman e o nível de significância deste, para testar a correlação entre justiça
percebida do preço e valor percebido, e entre valor percebido e intenção de compra. Optou-se
pelo cálculo do coeficiente de Spaerman, não-paramétrico, por este não exigir normalidade
1994).
A hipótese H5 sugere que a variável impacto da ação social tem um efeito diferente nas
variáveis dependentes, em função deste impacto ser direto ou indireto na vida do consumidor.
Esta hipótese sugere que a ação social com impacto direto gera um maior benefício percebido
(H5,1), uma maior ou igual justiça percebida do preço (H5,2), um maior valor percebido (H5,3),
e uma maior intenção de compra (H5,4) do que a ação social de impacto indireto. Como a
condição de normalidade das variáveis dependentes não foi plenamente atendida nas
distribuições consideradas para hipótese H5, inicialmente foi utilizado o teste não-paramétrico
que o teste MANOVA pode ser considerado robusto mesmo quando a condição de
normalidade não é plenamente atendida. Segundo estes autores, “em tamanhos moderados de
65
amostras, pequenas violações podem ser acomodadas quando as diferenças forem devido à
assimetria e não a outliers (p. 349)”. No caso específico das distribuições consideradas para
hipótese H5 , apenas uma variável não atendeu à condição de normalidade, devido a uma
analogamente ao que foi feito para a hipótese H1 , também para hipótese H5 foi utilizado o
procedimento estatís tico MANOVA, visando verificar o efeito principal da variável impacto
MANOVA. Segundo Hair et al (1998), a condição mais importante para o uso do MANOVA
é a independência das observações. Isto significa que o pesquisador deve garantir que haja
Esta condição foi plenamente respeitada durante a aplicação dos questionários da pesquisa.
Tendo garantido que esta condição não foi violada, os outros dois pré-requisitos para
homoscedasticidade, isto é, variâncias iguais para todos os grupos de tratamento (Hair et al,
1998; Siegel, 1994). A condição de normalidade das distribuições das variáveis dependentes
variância entre os grupos de tratamento foi verificada através do teste de Levene e do teste M
de Box (Cooper e Schindler, 2001; Hair et al, 1998; Siegel, 1994). A tabela 3 resume os
H2 Teste de Kolmogorov-Smirnov
H3 Teste de Kolmogorov-Smirnov
H4 Teste de Kolmogorov-Smirnov
Teste de Mann-Whitney U
Para as análises dos dados do pré-teste, para validação da definição operacional das
A opção pelo uso de testes não-paramétricos nestes casos se deveu ao não cumprimento
procedimentos estatísticos que não requerem normalidade das variáveis porque são baseados
na contagem de ranks ou postos, e não nos valores reais dos dados. Segundo Siegel (1994),
estes testes são mais eficientes que os paramétricos quando as distribuições se desviam da
normal.
definição mais precisa das relações entre elas. Entretanto, isto leva também a uma certa
artificialidade das situações estudadas, já que os participantes da pesquisa têm que reagir a
cenários escritos e não a situações da vida real. Segundo Kerlinger (1980), as variáveis
independentes dos experimentos raramente têm muita força se comparadas à força das
de compra hipotética. É provável que prestem mais atenção às informações sobre RSC do que
o fariam numa situação real, onde estas informações são esparsas. Os respondentes leram as
compra, o que dificilmente aconteceria na realidade (Dean, 2003). Além disso, por se tratar de
uma simulação, as decisões tomadas pelos participantes não têm efetivamente um impacto em
respostas que estejam de acordo com normas e convenções sociais estabelecidas, eximindo-se
de dar verdadeiramente suas opiniões. Desta forma, a veracidade dos resultados depende da
68
sinceridade dos participantes da pesquisa em expressar suas opiniões. Um dos mais relevantes
Crowne, apud Erffmeyer et al., 1999). Este viés já foi apontado em outros estudos na área de
RSC (Auger et al, 2003), inclusive no contexto brasileiro (Urdan e Zuñiga, 2001), e ocorre
quando os sujeitos pesquisados baseiam suas respostas no que percebem como sendo uma
resposta socialmente valorizada. Uma forma de minimizar este impacto consiste no discurso a
tal postura era fundamental para a legitimidade da pesquisa e que o estudo não tinha a
Por fim, uma limitação importante desta pesquisa se refere à amostra utilizada. Em
privada e uma universidade pública da cidade do Rio de Janeiro. É sabido que pesquisas
precisão com que as informações resultantes serão apresentadas (p. 375)”. Vale ressaltar, no
entanto, que a amostra de pesquisa é composta por pessoas com nível educacional elevado e
5 RESULTADOS E ANÁLISES
demográficos coletados, e depois os resultados da validação das escalas de pesquisa. Por fim,
serão apresentados os resultados dos testes das hipóteses e das análises das possíveis
covariantes da pesquisa.
5.1 Pré-Testes
foram estimulados a falar sobre as informações ali contidas. A partir dos comentários
Foram testados dois produtos nos cenários – tênis e calça jeans – por serem de uso
comum para ambos os sexos e para diversas faixas etárias, conforme recomendado por
estudos experimentais anteriores nesta área (Mohr e Webb, 2005; Auger et al, 2003; Dean,
2003). Os comentários feitos pelos participantes do pré-teste demonstraram que estes tinham
social, remetendo especialmente a uma marca específica, Nike. Alguns comentários dos
“Tênis me lembra a Nike, que explora o trabalho infantil e escravo na Ásia e depois gasta um dinheirão
em propaganda”.
“A maioria das empresas de tênis são estrangeiras, duvido que queiram investir em responsabilidade
social no Brasil”.
“Os fabricantes de tênis só querem fazer propaganda, não conheço nenhum que faça responsabilidade
social”.
“Quando vi que era para me imaginar comprando um tênis lembrei logo que essas empresas só querem
produzir seus produtos na Ásia para terem menor custo, pagando uma miséria e depois cobrando caro
dos consumidores”.
Já o produto calça jeans mostrou-se neutro sob este aspecto, não aparentando estar
social. Além disso, os participantes do pré-teste relacionaram este produto a uma diversidade
de marcas, não havendo nenhuma predominância sob este aspecto. Optou-se, então, pelo uso
do produto calça jeans nos cenários de pesquisa, que se mostrou mais adequado no pré-teste.
A escolha de apenas um produto justifica-se pelo fato de tornar mais viável a obtenção de um
Depois de realizados os ajustes nos cenários, um segundo pré-teste foi realizado, com
empresas de uma universidade pública e de uma faculdade privada do Rio de Janeiro. Este
segundo pré-teste teve três objetivos: 1. Validar a definição operacional das variáveis
percebido, que foi desenvolvida como parte desta pesquisa. Cabe ressaltar que as demais
(2003). A seguir serão apresentados os resultados referentes aos dois primeiros objetivos do
Smirnov, recomendado por Hair et al (1998) para este fim, gerou resultados que apontaram
para a não-normalidade das distribuições. Os níveis de significância obtidos (Sig. < 0,05 para
cada variável) não permitem aceitar a hipótese nula de que as variáveis teriam distribuições
normais. Além disso, a quantidade de observações por célula de pesquisa no pré-teste não é
grande, indicando o uso de testes não-paramétricos (Hair et al, 1998; Siegel, 1994). Desta
mostra as estatísticas descritivas relativas à RSC. O escore médio para RSC foi de 6,20,
pré-teste realmente perceberam que a empresa investe em RSC. Foi então realizado o teste de
RSC entre os grupos expostos aos cenários 2, 3 e 4 (o cenário 1, ao qual foi exposto o grupo
controle, não continha informações sobre RSC). O resultado deste teste (tabela 5) permite que
se aceite a hipótese nula de que a RSC foi percebida de forma semelhante entre os cenários de
Realismo e
Responsabilidade Impacto da Ação Compreensão do
Cenário Social Corporativa Social Cenário
Controle N 32
Média 6,1979
Desvio-padrão 1,0805
Mediana 7,0000
Experimental N 36 36
Média 6,3519 5,7407
Desvio-padrão ,8124 1,1605
Mediana 6,6667 6,0000
Experimental com Ação N 26 26 26
Social de Impacto Direto Média 6,3077 5,7692 6,0000
Desvio-padrão ,6662 ,8152 ,7364
Mediana 6,5000 6,0000 6,0000
Experimental com Ação N 32 32 32
Social de Impacto Indireto Média 5,9687 2,9062 5,7917
Desvio-padrão 1,1773 1,4670 ,9532
Mediana
6,1667 3,0000 5,8333
Total N 94 58 126
Média 6,2092 4,1897 5,9233
Desvio-padrão ,9275 1,8774 1,0173
Mediana 6,3333 4,5000 6,0000
Postos
Posto
Cenário N Médio
Responsabilidade Experimental 36 51,82
Social Corporativa Experimental com Ação
26 47,52
de Impacto Direto
Experimental com Ação
32 42,63
de Impacto Indireto
Total 94
73
Estatísticas do Teste
Responsabilidade
Social Corporativa
Qui-Quadrado 2,030
gl 2
Sig. ,362
social. Os escores médios indicam que a ação social de impacto direto foi percebida como tal
(média = 5,77, em uma escala de 7 pontos), e a ação social de impacto indireto também foi
percebida como tal (média = 2,91, em uma escala de 7 pontos). Para verificar se este impacto
foi realmente percebido de forma diferente nos cenários experimentais que continham esta
resultados (tabela 6) indicam que os grupos perceberam o impacto da ação social de forma
Postos
Estatísticas do Teste
Impacto da
Ação Social
Mann-Whitney U 36,000
Wilcoxon W 564,000
Z -6,030
Sig. (2-caudas) ,000
quanto à avaliação do realismo e compreensão dos cenários foi realizado o teste de Kruskal-
compreendê- la.
75
Postos
Posto
Cenário N Médio
Realismo e Controle 32 75,73
Compreensão Experimental 36 58,92
do Cenário Experimental com Ação
26 62,92
de Impacto Direto
Experimental com Ação
32 56,89
de Impacto Indireto
Total 126
Estatísticas do Teste
Realismo e
Compreensão
do Cenário
Qui-Quadrado 5,425
gl 3
Sig. ,143
apenas três foram descartados por não estarem preenchidos corretamente. Restaram, portanto,
264 questionários válidos, distribuídos entre os cenários de pesquisa como mostra a tabela 8.
Cenário No de Questionários
1. Controle 66
2. Experimental 70
A grande maioria dos respondentes tem até 30 anos (68,6%) e a amostra total
11,4%; Economia – 8,0%; Letras – 10,6%; Medicina – 16,7%), de uma faculdade privada,
uma universidade privada e uma universidade pública do Rio de Janeiro. A tabela 9 apresenta
na seção 5.1 deste documento, por se tratar de uma escala desenvolvida como parte desta
avaliação dessa escala foi realizado no pré-teste, e depois repetido com os dados obtidos no
experimento.
análise fatorial exploratória, usando como método de extração dos fatores o de componentes
benefício percebido, como mostra a tabela 10. A análise de correlação dos itens com o fator
(fator loading) mostram que o fator gerado pela análise fatorial corresponde ao benefício
0,786, indicando que a análise fatorial realizada é satisfatória. Este valor para o índice de
Foi então realizado o teste de esfericidade de Bartlett, para testar a significância geral
das correlações da matriz de correlação dos itens da escala. Os resultados do teste (Qui-
Fator
1
Item 1 ,874
Item 2 ,894
Item 3 ,807
Item 4 ,882
escala de benefício percebido foi de 0,887, o que indica um alto nível de confiabilidade (Hair
et al, 1998).
Por fim foi avaliada a validade de convergência, onde se verifica se os itens que
medem o constructo apresentam uma correlação razoavelmente alta entre si, isto é, se eles
convergem num mesmo fator (Netemeyer et al, 2003). A análise fatorial já havia apontado
mostra índices de correlações positivos e significativos (tabela 11). Para o cálculo desta tabela
foi utilizado o coeficiente de Spearman, não-paramétrico, que não exige normalidade das
dos itens da escala (Sig. < 0,05 para distribuição de cada item).
79
dito. Todo o processo de avaliação da escala realizado com os dados do pré-teste foi
unidimensionalidade da escala (tabela 12), a análise de correlação dos itens com o fator (fator
loading) mostram que o fator gerado pela análise fatorial corresponde ao benefício percebido,
conforme esperado. O índice KMO calculado foi de 0,817, indicando a adequação desta
também evidenciou que os itens da escala convergem num mesmo fator. Como mostra a
80
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,874
Item 2 ,894
Item 3 ,807
Item 4 ,882
Método de Extração: Análise de Componentes Principais
81
capítulo 4 desta tese. Em conseqüência, não foram validadas com dados do pré-teste, mas sim
através da análise fatorial exploratória, cálculo do alfa de Cronbach e cálculo das correlações
de Spearman entre os itens, seguindo o mesmo processo realizado para escala de benefício
percebido.
Para cada escala foi conduzida uma análise fatorial exploratória, usando como método
isto é, seus itens convergem em um único fator (tabelas 14, 15, 16, 17, 18 e 19). As análises
de correlação dos itens com o fator (fator loading) mostram que, para cada escala analisada, o
fator gerado pela análise fatorial corresponde ao constructo esperado. O índice de KMO
(Kaiser-Meyer-Olkin) apresentou-se alto para todas as escalas (tabela 20), indicando uma boa
adequação de cada uma das análises fatoriais à amostra. O teste de esfericidade de Bartlett
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,835
Item 2 ,863
Item 3 ,818
Método de Extração: Análise de Componentes
Principais - 1 componente extraído
83
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,706
Item 2 ,694
Item 3 ,774
Método de Extração: Análise de Componentes
Principais - 1 componente extraído.
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,889
Item 2 ,916
Item 3 ,906
Item 4 ,659
Método de Extração: Análise de Componentes
Principais - 1 componente extraído.
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,903
Item 2 ,923
Item 3 ,847
Método de Extração: Análise de Componentes
Principais - 1 componente extraído.
85
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,926
Item 2 ,959
Item 3 ,948
Método de Extração: Análise de Componentes
Principais - 1 componente extraído.
Responsável
Matriz de Componentes
Componente
1
Item 1 ,647
Item 2 ,596
Item 3 ,507
Item 4 ,846
Item 5 ,869
Item 6 ,537
Item 7 ,648
Método de Extração: Análise de Componentes
Principais - 1 componente extraído
recomendado por Netemeyer et al (2003), Hair et al (1998), e Siegel (1994) para este fim. A
tabela 21 mostra o alfa de Cronbach calculado para cada escala, indicando a confiabilidade de
cada uma. As tabelas 22, 23, 24, 25, 26 e 27 mostram as correlações entre os itens de cada
escala, apontando para validade de convergência destas. Todas as correlações intra- itens das
Spearman, por este ser não-paramétrico e não exigir normalidade das distribuições.
87
calculada uma média para os itens de cada escala. Este procedimento é indicado por Hair et al
(1998), que recomenda que a média dos itens das escalas unidimensionais seja usada para as
análises estatísticas.
variáveis independentes RSC e impacto da ação social, e indicaram que os cenários estavam
sendo percebidos como realistas e de fácil compreensão. Toda esta verificação também foi
gráfica destas variáveis (Anexos 2 e 3) já havia apontado que esta condição não estava sendo
atendida. Para corroborar esta verificação foi realizado o teste de Kolmogorov-Smirnov para
cada variável (tabela 28). O nível de significância encontrado para cada uma das variáveis
(Sig. < que 0,05), não permite aceitar a hipótese nula de que sua distribuição seria normal.
92
Realismo e
Responsabilidade Impacto da Compreensão do
Social Corporativa Ação Social Cenário
N 198 128 264
Parâmetros Normais Média 6,0926 4,4766 5,8068
Desvio-padrão
1,0008 1,9561 ,9850
compreensão dos cenários de pesquisa, o escore médio geral de 5,81 (em uma escala de 7
pontos) para esta variável indica que o julgamento dos participantes da pesquisa quanto a este
aspecto foi positivo. Vale ressaltar que os valores das medianas nem sempre estão
representados por números inteiros, pelo fato de se estar trabalhando com a distribuição dos
escores médios dos itens de cada escala, conforme exposto no item 5.3.2.
teste (tabela 30) indica que não houve diferença significativa nesta avaliação (Sig. = 0,180),
isto é, pode-se considerar que os quatros cenários foram avaliados quanto ao realismo e à
Realismo e
Responsabilidade Impacto da Ação Compreensão do
Cenário Social Corporativa Social Cenário
Controle N 66
Média 5,9444
Desvio-padrão 1,1118
Mediana 6,0000
Experimental N 70 70
Média 6,0286 5,7429
Desvio-padrão 1,0148 1,1605
Mediana 6,0000 6,0000
Experimental com Ação N 63 63 63
de Impacto Direto Média 6,2487 5,6349 5,7302
Desvio-padrão ,8381 1,1115 ,7426
Mediana 6,3333 6,0000 5,6667
Experimental com Ação N 65 65 65
de Impacto Direto Média 6,0103 3,3538 5,8103
Desvio-padrão 1,1211 1,9480 ,8457
Mediana
6,0000 3,0000 6,0000
Cenário (Experimento)
Postos
Posto
Cenário N Médio
Realismo e Controle 66 147,86
Compreensão Experimental 70 132,95
do Cenário Experimental com Ação
63 118,77
de Impacto Direto
Experimental com Ação
65 129,72
de Impacto Direto
Total 264
Estatísticas do Teste
Realismo e
Compreensão
do Cenário
Qui-Quadrado 4,892
gl 3
Sig. ,180
se mostrou adequada. Os escores médios obtidos para RSC (tabela 29) indicam que a empresa
foi percebida pelos respondentes da pesquisa como socialmente responsável nos cenários
Analogamente ao que foi feito em relação ao realismo e compreensão dos cenários, foi
avaliação da RSC entre os cenários 2, 3 e 4. O resultado deste teste (Sig. = 0,511) indicou que
a RSC foi percebida de forma semelhante nos três cenários experimentais (tabela 31).
95
Postos
Posto
Cenário N Médio
Responsabilidade Experimental 70 95,71
Social Corporativa Experimental com Ação
63 106,17
de Impacto Direto
Experimental com Ação
65 97,12
de Impacto Direto
Total 198
Estatísticas do Teste
Responsabilidade
Social Corporativa
Qui-Quadrado 1,342
gl 2
Sig. ,511
No que se refere ao impacto da ação social, os escores médios indicam que estes foram
percebidos conforme o previsto. A ação social de impacto direto foi percebida como tal
(média = 5,63), o mesmo acontecendo com a ação social de impacto indireto (média = 3,35),
como mostra a tabela 29. Para verificar se o impacto da ação social foi percebido de forma
diferente nos cenários 3 (impacto direto) e 4 (impacto indireto), foi realizado o teste não-
diferença significativa entre os escores relativos ao impacto da ação social para os dois grupos
(Sig. = 0,000). Pode-se então supor que possíveis diferenças nas respostas entre o grupo
impacto da ação social, e não a uma percepção de maior ou menor RSC em um dos cenários.
96
Postos
Estatísticas do Teste
Impacto da
Ação Social
Mann-Whitney U 724,500
Wilcoxon W 2869,500
Z -6,392
Sig. (2-caudas) ,000
pesquisa. Como os testes das hipóteses H1 e H5 serão aplicados para uma comparação entre
em conta cada par de distribuição que será comparada: a distribuição das respostas ao cenário
histogramas (Anexo 5) e gráficos normal Q-Q plots (Anexo 6). O exame dos gráficos não
distribuições dos cenários 3 e 4. Entretanto, para a distribuição total, alguns desvios podem
ser observados nas distribuições das variáveis benefício percebido e intenção de compra.
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Assimetria -,170 -,179 -,130 -,220
Curtose -,972 -,671 -,831 -1,030
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Assimetria -,532 -,360 -,204 -,739
Curtose -,445 -,172 -,642 -,167
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Assimetria -,398 -,338 -,186 -,475
Curtose -,741 -,401 -,733 -,766
98
das distribuições (Hair et al, 1998; e Siegel, 1994). Considerando as respostas dos grupos
hipótese nula de que as distribuições das variáveis dependentes são normais. Para as respostas
dos grupos expostos aos cenários 3 e 4, os resultados do teste (tabela 37) também permitem a
percebido, justiça percebida do preço e valor percebido. Entretanto, para a variável intenção
de compra, o nível de significância obtido (Sig = 0,015) está abaixo de 0,05 (nível de
significância adotado), o que não nos permite aceitar a hipótese de que esta variável tenha
distribuição normal. Entretanto, como se viu, os valores de assimetria e curtose desta variável
sugerem que sua distribuição não se desvia de forma muito significativa da normal.
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
N 136 136 136 136
Parâmetros Normais Média 4,1507 4,2702 4,0319 4,3113
Desvio-padrão
1,7449 1,5025 1,6445 1,8335
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
N 128 128 128 128
Parâmetros Normais Média 5,0625 4,7168 4,4245 5,0885
Desvio-padrão
1,4648 1,1911 1,5156 1,5964
que está será usada como base para o teste das hipóteses H2 , H3 e H4 (tabela 38). Os
resultados obtidos não permitem aceitar a hipótese nula de normalidade para as distribuições
das variáveis benefício percebido (Sig. = 0,015) e intenção de compra (Sig. = 0,001). Para as
variáveis justiça percebida do preço e valor percebido a hipótese nula de normalidade pôde
ser aceita.
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
N 264 264 264 264
Parâmetros Normais Média 4,5928 4,4867 4,2222 4,6881
Desvio-padrão
1,6755 1,3762 1,5925 1,7629
percebido (H1.3) e a intenção de compra (H1.4). Neste sentido, era esperado que o grupo
estatísticas descritivas para as variáveis dependentes, por cenário. Os escores médios indicam
que as diferenças ocorreram na direção proposta nas hipóteses H1.1, H1.2 , H1.3 , H1.4 , restando
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Cenário Percebido do Preço Percebido Compra
Controle N 66 66 66 66
Média 3,0341 3,4508 3,0101 3,3030
Desvio-padrão 1,3950 1,3582 1,3087 1,5730
Mediana 2,8750 3,5000 3,0000 3,3333
Experimental RSC N 70 70 70 70
Média 5,2036 5,0429 4,9952 5,2619
Desvio-padrão 1,3441 1,1963 1,3181 1,5353
Mediana 5,3750 5,0000 5,0000 5,3333
Total N 136 136 136 136
Média 4,1507 4,2702 4,0319 4,3113
Desvio-padrão 1,7449 1,5025 1,6445 1,8335
Mediana 4,0000 4,2500 4,1667 4,3333
foi testada através de dois testes. Os resultados do teste M de Box (tabela 40) permitem que se
aceite a hipótese nula de que as matrizes de covariância das variáveis dependentes são iguais
entre os grupos. E os resultados do teste de Levene (tabela 41) permitem que se aceite a
hipótese nula de variâncias iguais entre os grupos, para cada variável dependente.
Box's M 6,497
F ,629
gl1 10
gl2 85158
Sig. ,791
(tabela 42) permitem que se rejeite a hipótese nula de que a informação sobre RSC não faria
diferencial de preço em relação à concorrência como mais justo, percebesse um maior valor
que a variável RSC exerceu o impacto previsto na hipótese H1 sobre as variáveis dependentes
da pesquisa.
102
Testes Multivariados
Soma de
Quadrados Quadrado
Fonte Variável Dependente Tipo III gl Médio F Sig.
Modelo Benefício Percebido 159,888 a 1 159,888 85,308 ,000
Corrigido Justiça Percebida do Preço 86,108 b 1 86,108 52,772 ,000
Valor Percebido 133,870 c 1 133,870 77,584 ,000
Intenção de Compra 130,352 d 1 130,352 53,999 ,000
Intercepto Benefício Percebido 2305,213 1 2305,213 1229,949 ,000
Justiça Percebida do Preço 2450,689 1 2450,689 1501,916 ,000
Valor Percebido 2177,021 1 2177,021 1261,692 ,000
Intenção de Compra 2492,018 1 2492,018 1032,335 ,000
CENÁRIO Benefício Percebido 159,888 1 159,888 85,308 ,000
Justiça Percebida do Preço 86,108 1 86,108 52,772 ,000
Valor Percebido 133,870 1 133,870 77,584 ,000
Intenção de Compra 130,352 1 130,352 53,999 ,000
Erro Benefício Percebido 251,147 134 1,874
Justiça Percebida do Preço 218,649 134 1,632
Valor Percebido 231,214 134 1,725
Intenção de Compra 323,471 134 2,414
Total Benefício Percebido 2754,125 136
Justiça Percebida do Preço 2784,688 136
Valor Percebido 2575,889 136
Intenção de Compra 2981,667 136
Total Corrigido Benefício Percebido 411,035 135
Justiça Percebida do Preço 304,757 135
Valor Percebido 365,084 135
Intenção de Compra 453,823 135
a. R2 = ,389 (R2 Ajustado = ,384)
b. R2 = ,283 (R2 Ajustado = ,277)
c. R2 = ,367 (R2 Ajustado = ,362)
d. R2 = ,287 (R2 Ajustado = ,282)
103
Foi também realizado um Teste-t para verificar se os escores médios obtidos no grupo
4, e se os escores médios obtidos no grupo controle para estas variáveis poderiam ser
diferencial de preço cobrado foi considerado como justo, se houve um valor adicional
percebido e se houve uma intenção de compra positiva no cenário em que a empresa era
grupo controle.
adicional sendo percebido (t = 7,492; Sig. = 0,000), uma percepção de que o diferencial de
preço cobrado é justo (t = 7,294; Sig. = 0,000), um valor adicional percebido (t = 6,317; Sig. =
0,000) e uma intenção de compra positiva (t = 6,877; Sig. = 0,000). No grupo controle, ao
contrário, os escores médios para as variáveis benefício percebido (t = -5,625; Sig. = 0,000),
justiça percebida do preço (t = -3,285; Sig. = 0,002), valor percebido (t = -6,145; Sig. = 0,000)
menores do que 4, indicando que não há uma percepção de benefício e valor adicionais na
oferta da empresa, há uma percepção de injustiça sobre diferencial de preço cobrado e há uma
informação sobre RSC fez diferença para os consumidores pesquisados na avaliação da oferta
das empresas. Estes resultados dão suporte à idéia de que há aspectos relacionados à empresa,
que vão além de seus produtos, capazes de influenciar a decisão de compra do consumidor
(Brown e Dacin, 1997). Esta pesquisa buscou definir como se dá esta influência. Em primeiro
104
constatação já havia sido adotada como premissa teórica por alguns autores (Strahilevitz,
1999; Smith, 1996), e os resultados da presente pesquisa contribuem para que esta premissa
diferencial de 10% no preço cobrado pela empresa socialmente responsável como justo. Este
resultado pode ser compreendido dentro da literatura sobre percepção de justiça em preços.
Estudos nesta área indicaram que, para o consumidor considerar justo um preço mais alto, é
preciso que ele perceba um diferencial na oferta da empresa (Xia e Monroe, 2005; Xia et al,
2004), ou que ele perceba que a empresa tem motivos positivos para praticar esse preço
pode-se supor que a RSC estaria agindo como um diferencial na oferta da empresa e/ou como
um motivo positivo para que esta cobre um preço maior do que a concorrência, representando
Por fim, os resultados dos testes para a hipótese H1 também indicaram que há um valor
pesquisado mo strou-se disposto a comprar seu produto, mesmo este custando 10% a mais do
que os produtos similares concorrentes. Estes resultados estão coerentes com o modelo teórico
do valor percebido (Monroe, 2003; Zeithaml, 1988), e integram neste modelo a variável RSC
como algo que incrementa a percepção de valor dos consumidores e leva à intenção de
compra.
105
correlação positiva e significativa entre benefício percebido e valor percebido (H2 ), entre
justiça percebida do preço e valor percebido (H3 ), e entre valor percebido e intenção de
compra (H4 ).
Primeiramente, foram elaborados gráficos scatterplots para cada uma das relações
3
Valor Percebido
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Benefício Percebido
106
3
Valor Percebido
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
4
Intenção de Compra
0
0 1 2 3 4 5 6 7 8
Valor Percebido
H3 e H4 foi então calculada uma tabela com o índice de correção entre as variáveis, utilizando-
se o coeficiente de Spearman, por este ser não-paramétrico e não exigir a normalidade das
107
distribuições. Conforme exposto na seção 5.5.1, não é possível supor normalidade para todas
benefício percebido e valor percebido (tabela 43), há uma correlação positiva e significativa
entre justiça percebida do preço e valor percebido (tabela 44), e há uma correlação positiva e
significativa entre valor percebido e intenção de compra (tabela 45). Estas correlações estão
Benefício Valor
Percebido Percebido
Coeficiente de Benefício Percebido Coeficiente de
1,000 ,693**
Spearman Correlação
Sig. (2-caudas) , ,000
N 264 264
Valor Percebido Coeficiente de
,693** 1,000
Correlação
Sig. (2-caudas) ,000 ,
N 264 264
**. Correlação é significativa ao nível de 0,01(2-caudas).
Tabela 44: Correlações entre as Variáveis Justiça Percebida do Preço e Valor Percebido
Justiça
Percebida Valor
do Preço Percebido
Coeficiente de Justiça Percebida Coeficiente de
1,000 ,535**
Spearman do Preço Correlação
Sig. (2-caudas) , ,000
N 264 264
Valor Percebido Coeficiente de
,535** 1,000
Correlação
Sig. (2-caudas) ,000 ,
N 264 264
**. Correlação é significativa ao nível de 0,01(2-caudas).
108
Valor Intenção de
Percebido Compra
Coeficiente de Valor Percebido Coeficiente de
1,000 ,700**
Spearman Correlação
Sig. (2-caudas) , ,000
N 264 264
Intenção de Compra Coeficiente de
,700** 1,000
Correlação
Sig. (2-caudas) ,000 ,
N 264 264
**. Correlação é significativa ao nível de 0,01(2-caudas).
hipóteses H2 , H3 e H4 permitem que se rejeite as hipóteses nulas de que não há uma correlação
responsável e a percepção de que o diferencial de preço cobrado por esta empresa é justo têm
relação com a percepção de valor desses consumidores sobre a oferta da empresa. E o valor
percebido, por sua vez, está relacionado à intenção de compra dos consumidores. Embora os
resultados encontrados não permitam que se fale em relações de causalidade, eles são
coerentes com o modelo teórico do valor percebido, que destaca a relação do benefício
percebido com o valor percebido, e deste como a intenção de compra (Monroe, 2003; Grewal
et al, 1998; Zeithaml, 1988). Os resultados também são coerentes com o papel da justiça
Monroe, 2005; Martins, 1995; Martins e Monroe, 1994), segundo o qual a percepção de
109
justiça sobre o diferencial de preço cobrado por uma empresa tem relação com o valor que o
consumidor percebe na oferta desta empresa. Esta pesquisa amplia as conclusões desses
estudos, ao tratar das relações entre as variáveis justiça percebida do preço e valor percebido
no contexto da RSC.
A hipótese H5 propõe que uma ação social empresarial com impacto direto na vida do
consumidor geraria um benefício percebido maior (H5.1), uma justiça percebida do preço igual
ou maior (H5.2), um valor percebido maior (H5.3) e uma intenção de compra maior (H5.4) do
cenário 3 (experimental com ação social de impacto direto) com as respostas do grupo
exposto ao cenário 4 (experimental com ação social de impacto indireto). A tabela 46 mostra
as estatísticas descritivas para as variáveis dependentes, por cenário. Nesta tabela pode-se
observar que as médias e medianas das variáveis benefício percebido, justiça percebida do
preço, valor percebido e intenção de compra são maiores para o grupo exposto ao cenário 3 do
Report
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Cenário Percebido do Preço Percebido Compra
Experimental com Ação N 63 63 63 63
de Impacto Direto Mean 5,5079 5,2302 4,8889 5,4709
Std. Deviation 1,1863 ,8733 1,3731 1,3193
Median 5,7500 5,2500 5,0000 6,0000
Experimental com Ação N 65 65 65 65
de Impacto Indireto Mean 4,6308 4,2192 3,9744 4,7179
Std. Deviation 1,5843 1,2512 1,5210 1,7572
Median 4,7500 4,2500 4,0000 5,0000
Total N 128 128 128 128
Mean 5,0625 4,7168 4,4245 5,0885
Std. Deviation 1,4648 1,1911 1,5156 1,5964
Median 5,2500 4,7500 4,6667 5,3333
resultados (tabela 47) indicam que há diferença significativa entre as respostas dos grupos
expostos aos 3 e 4 para as variáveis benefício percebido (Sig. = 0,001), justiça percebida do
preço (Sig. = 0,000), valor percebido (Sig. 0,001) e intenção de compra (Sig. = 0,016).
111
Postos
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 1372,000 1038,000 1341,000 1544,000
Wilcoxon W 3517,000 3183,000 3486,000 3689,000
Z -3,233 -4,823 -3,376 -2,418
Sig. (2-caudas) ,001 ,000 ,001 ,016
Estes resultados permitem que se rejeite a hipótese nula de que o grupo exposto ao
cenário com ação social de impacto direto responderia às variáveis dependentes da pesquisa
de forma semelhante ao grupo exposto ao cenário com ação social de impacto indireto. Os
112
resultados do teste sugerem que a variável impacto da ação social exerceu o efeito previsto
nas hipóteses H5.1, H5.2, H5.3 e H5.4 sobre as variáveis dependentes da pesquisa.
(MANOVA). Conforme exposto na seção 4.7.2., o teste MANOVA pode ser considerado
de outliers. No caso específico das variáveis dependentes aqui consideradas, apenas a variável
intenção de compra não atende à condição de normalidade (seção 5.5.1). Mas esta violação da
Foi então realizado o teste MANOVA tendo como variável independente o impacto
ação da ação social e como variáveis dependentes o benefício percebido, a justiça percebida
foi integralmente atendida. Os resultados do teste M de Box (tabela 48) não permitem que se
aceite a hipótese nula de que as matrizes de covariância das variáveis dependentes são iguais
entre os grupos. E os resultados do teste de Levene (tabela 49) não permitem que se aceite a
hipótese nula de variâncias iguais entre os grupos, para cada variável dependente. Entretanto,
número de componentes do menor grupo der 1,5 ou menos). No caso específico deste estudo
Box's M 56,139
F 5,422
gl1 10
gl2 75729
Sig. ,000
as respostas do grupo exposto ao cenário 3 (ação social de impacto direto) e do grupo exposto
ao cenário 4 (ação social de impacto indireto), relativas ao efeito do impacto da ação social
nula relativa à hipótese H5 . Mais uma vez, os resultados sugerem que a variável impacto da
ação social exerceu o efeito sobre as variáveis dependentes previsto nas hipóteses H5.1, H5.2 ,
Testes Multivariados
Soma dos
Quadrados Quadrado
Fonte Dependent Variable Tipo III gl Médio F Sig.
Modelo Benefício Percebido 24,616 a 1 24,616 12,512 ,001
Corrigido Justiça Percebida b
32,695 1 32,695 27,934 ,000
do Preço
Valor Percebido 26,757 c 1 26,757 12,724 ,001
Intenção de Compra 18,137 d 1 18,137 7,480 ,007
Intercepto Benefício Percebido 3288,584 1 3288,584 1671,592 ,000
Justiça Percebida
2856,613 1 2856,613 2440,620 ,000
do Preço
Valor Percebido 2513,215 1 2513,215 1195,156 ,000
Intenção de Compra 3321,193 1 3321,193 1369,673 ,000
CENÁRIO Benefício Percebido 24,616 1 24,616 12,512 ,001
Justiça Percebida
do Preço 32,695 1 32,695 27,934 ,000
Valor Percebido 26,757 1 26,757 12,724 ,001
Intenção de Compra 18,137 1 18,137 7,480 ,007
Erro Benefício Percebido 247,884 126 1,967
Justiça Percebida
147,476 126 1,170
do Preço
Valor Percebido 264,957 126 2,103
Intenção de Compra 305,526 126 2,425
Total Benefício Percebido 3553,000 128
Justiça Percebida
do Preço 3027,938 128
Valor Percebido 2797,444 128
Intenção de Compra 3638,000 128
Total Corrigido Benefício Percebido 272,500 127
Justiça Percebida
do Preço 180,171 127
Valor Percebido 291,714 127
Intenção de Compra 323,663 127
a. R Squared = ,090 (Adjusted R Squared = ,083)
b. R Squared = ,181 (Adjusted R Squared = ,175)
c. R Squared = ,092 (Adjusted R Squared = ,085)
d. R Squared = ,056 (Adjusted R Squared = ,049)
115
pesquisas anteriores de que as ações sociais mais valorizadas pelos consumidores teriam um
efeito mais positivo em suas reações (Bhattacharya e Sen, 2004; Serpa e Fourneau, 2004;
Instuto Ethos, 2004). Esta pesquisa expande esta idéia, sugerindo que as ações sociais mais
valorizadas pelos consumidores são aquelas capazes de gerar um impacto direto em suas
afeta positivamente sua intenção de compra. É importante ressaltar que, conforme visto na
seu próprio bairro como uma ação social empresarial geradora de um impacto direto em suas
vidas, e perceberam este impacto como indireto quando o mesmo projeto estava sendo
cenários testados na hipótese H5 foram mantidas constantes, pode-se supor que as diferenças
ação social.
levando-se em conta cada célula da pesquisa: grupo exposto ao cenário 1, grupo exposto ao
cenário 2, grupo exposto ao cenário 3 e grupo exposto ao cenário 4. Como não foi possível
116
aceitar a condição de normalidade para todas as variáveis dependentes por célula de pesquisa,
possíveis covariantes.
resultados (tabelas 51, 52, 53 e 54) permitem aceitar a hipótese nula de que não há diferença
Postos
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 459,500 499,000 486,500 497,500
Wilcoxon W 1054,500 1027,000 1081,500 1092,500
Z -1,089 -,579 -,742 -,600
Sig. (2-caudas) ,276 ,562 ,458 ,549
Postos
Posto Soma de
SEXO N Médio Postos
Benefício Percebido Feminino 35 37,30 1305,50
Masculino 35 33,70 1179,50
Total 70
Justiça Percebida Feminino 35 36,09 1263,00
do Preço Masculino 35 34,91 1222,00
Total 70
Valor Percebido Feminino 35 38,73 1355,50
Masculino 35 32,27 1129,50
Total 70
Intenção de Compra Feminino 35 38,97 1364,00
Masculino 35 32,03 1121,00
Total 70
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 549,500 592,000 499,500 491,000
Wilcoxon W 1179,500 1222,000 1129,500 1121,000
Z -,742 -,242 -1,332 -1,440
Sig. (2-caudas) ,458 ,809 ,183 ,150
118
Postos
Posto Soma de
SEXO N Médio Postos
Benefício Percebido Feminino 21 38,19 802,00
Masculino 42 28,90 1214,00
Total 63
Justiça Percebida Feminino 21 30,93 649,50
do Preço Masculino 42 32,54 1366,50
Total 63
Valor Percebido Feminino 21 38,02 798,50
Masculino 42 28,99 1217,50
Total 63
Intenção de Compra Feminino 21 35,26 740,50
Masculino 42 30,37 1275,50
Total 63
Estatísticas do teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 311,000 418,500 314,500 372,500
Wilcoxon W 1214,000 649,500 1217,500 1275,500
Z -1,914 -,330 -1,852 -1,013
Sig. (2-caudas) ,056 ,741 ,064 ,311
119
Postos
Posto Soma de
SEXO N Médio Postos
Benefício Percebido Feminino 37 34,68 1283,00
Masculino 28 30,79 862,00
Total 65
Justiça Percebida Feminino 37 31,30 1158,00
do Preço Masculino 28 35,25 987,00
Total 65
Valor Percebido Feminino 37 33,74 1248,50
Masculino 28 32,02 896,50
Total 65
Intenção de Compra Feminino 37 36,53 1351,50
Masculino 28 28,34 793,50
Total 65
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 456,000 455,000 490,500 387,500
Wilcoxon W 862,000 1158,000 896,500 793,500
Z -,823 -,837 -,365 -1,739
Sig. (2-caudas) ,410 ,403 ,715 ,082
objetivando verificar a existência ou não de diferenças entre as respostas dos participantes das
cinco faixas etárias, dentro de cada célula de pesquisa. Similarmente ao que aconteceu com a
variável sexo, de forma geral, os resultados do teste (tabelas 55, 56, 57 e 58) permitem aceitar
a hipótese nula de que não há diferença significativa entre as faixas etárias no que se refere às
ao cenário 3 e no grupo exposto ao cenário 4. Uma exceção foi a variáve l justiça percebida do
preço, que apresentou diferença significativa entre as respostas das faixas etárias no grupo
exposto ao cenário 1 (Sig. = 0,001). Porém, por se tratar de um resultado isolado, não se pode
Postos
Posto
IDADE N Médio
Benefício Percebido até 20 anos 14 40,36
21 a 25 anos 22 26,75
26 a 30 anos 19 35,21
31 a 35 anos 4 49,88
Mais de 36 anos 7 27,00
Total 66
Justiça Percebida até 20 anos 14 22,21
do Preço 21 a 25 anos 22 27,25
26 a 30 anos 19 44,39
31 a 35 anos 4 54,75
Mais de 36 anos 7 34,00
Total 66
Valor Percebido até 20 anos 14 36,32
21 a 25 anos 22 29,66
26 a 30 anos 19 36,47
31 a 35 anos 4 52,00
Mais de 36 anos 7 21,29
Total 66
Intenção de Compra até 20 anos 14 40,54
21 a 25 anos 22 28,14
26 a 30 anos 19 34,05
31 a 35 anos 4 48,75
Mais de 36 anos 7 26,07
Total 66
121
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Qui-Quadrado 8,449 18,325 8,274 7,258
gl 4 4 4 4
Sig. ,076 ,001 ,082 ,123
Postos
Posto
IDADE N Médio
Benefício Percebido até 20 anos 13 26,58
21 a 25 anos 18 32,61
26 a 30 anos 13 37,58
31 a 35 anos 13 38,12
Mais de 36 anos 13 43,73
Total 70
Justiça Percebida até 20 anos 13 32,96
do Preço 21 a 25 anos 18 25,83
26 a 30 anos 13 42,42
31 a 35 anos 13 37,38
Mais de 36 anos 13 42,62
Total 70
Valor Percebido até 20 anos 13 31,23
21 a 25 anos 18 33,50
26 a 30 anos 13 34,85
31 a 35 anos 13 35,19
Mais de 36 anos 13 43,50
Total 70
Intenção de Compra até 20 anos 13 32,08
21 a 25 anos 18 31,00
26 a 30 anos 13 38,88
31 a 35 anos 13 32,35
Mais de 36 anos 13 44,92
Total 70
122
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Qui-Quadrado
5,372 7,517 2,792 4,790
gl 4 4 4 4
Sig. ,251 ,111 ,593 ,310
Postos
Posto
IDADE N Médio
Benefício Percebido até 20 anos 4 20,63
21 a 25 anos 4 35,13
26 a 30 anos 23 31,65
31 a 35 anos 14 31,93
Mais de 36 anos 18 34,33
Total 63
Justiça Percebida até 20 anos 4 31,00
do Preço 21 a 25 anos 4 27,00
26 a 30 anos 23 30,46
31 a 35 anos 14 35,39
Mais de 36 anos 18 32,67
Total 63
Valor Percebido até 20 anos 4 28,25
21 a 25 anos 4 23,63
26 a 30 anos 23 31,07
31 a 35 anos 14 36,04
Mais de 36 anos 18 32,75
Total 63
Intenção de Compra até 20 anos 4 20,88
21 a 25 anos 4 22,38
26 a 30 anos 23 36,83
31 a 35 anos 14 33,96
Mais de 36 anos 18 28,92
Total 63
123
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Qui-Quadrado 1,996 ,990 1,785 4,980
gl 4 4 4 4
Sig. ,736 ,911 ,775 ,289
Postos
Posto
IDADE N Médio
Benefício Percebido até 20 anos 6 35,75
21 a 25 anos 33 34,82
26 a 30 anos 12 24,46
31 a 35 anos 7 32,79
Mais de 36 anos 7 36,93
Total 65
Justiça Percebida até 20 anos 6 49,75
do Preço 21 a 25 anos 33 33,21
26 a 30 anos 12 31,50
31 a 35 anos 7 25,21
Mais de 36 anos 7 28,00
Total 65
Valor Percebido até 20 anos 6 36,42
21 a 25 anos 33 34,68
26 a 30 anos 12 23,38
31 a 35 anos 7 28,07
Mais de 36 anos 7 43,57
Total 65
Intenção de Compra até 20 anos 6 48,58
21 a 25 anos 33 34,09
26 a 30 anos 12 23,00
31 a 35 anos 7 26,36
Mais de 36 anos 7 38,29
Total 65
124
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Qui-Quadrado 3,200 6,501 6,262 9,058
gl 4 4 4 4
Sig. ,525 ,165 ,180 ,060
(sem a informação sobre RSC), ficou fora desta verificação por não ter respondido à escala de
A verificação foi então conduzida para as outras três células da pesquisa: grupo
dividida em duas categorias, dentro de cada célula de pesquisa. Isto significa que, tendo sido
auferida em uma escala de 1 a 7, a variável passou a ter dois valores apenas. A amostra total
de cada grupo foi dividida em dois subgrupos, utilizando-se como ponto de divisão a mediana
categorizados como “1” e valores acima da mediana foram categorizados como “2”. Este
procedimento foi realizado por Mohr e Webb (2005) para uma análise semelhante.
dos testes (tabelas 59, 60 e 61) indicaram que a variável comportamento socialmente
Postos
Estatística do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 287,500 446,000 257,000 316,500
Wilcoxon W 1028,500 1187,000 998,000 1057,500
Z -3,790 -1,916 -4,153 -3,467
Sig. (2-caudas) ,000 ,055 ,000 ,001
126
Postos
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 264,500 229,500 247,000 269,000
Wilcoxon W 792,500 757,500 775,000 797,000
Z -3,067 -3,553 -3,295 -3,014
Sig. (2-caudas) ,002 ,000 ,001 ,003
127
Postos
Posto Soma de
Categoria CSR N Médio Postos
Benefício Percebido 1 34 28,78 978,50
2 29 35,78 1037,50
Total 63
Justiça Percebida 1 34 29,57 1005,50
do Preço 2 29 34,84 1010,50
Total 63
Valor Percebido 1 34 28,19 958,50
2 29 36,47 1057,50
Total 63
Intenção de Compra 1 34 29,43 1000,50
2 29 35,02 1015,50
Total 63
Estatísticas do Teste
Justiça
Benefício Percebida Valor Intenção de
Percebido do Preço Percebido Compra
Mann-Whitney U 383,500 410,500 363,500 405,500
Wilcoxon W 978,500 1005,500 958,500 1000,500
Z -1,514 -1,141 -1,790 -1,214
Sig. (2-caudas) ,130 ,254 ,073 ,225
escores iguais ou menores do que a mediana; 2 = escores maiores do que a mediana). Pode-se
observar que, de forma geral, as médias das variáveis dependentes são maiores nos grupos da
maiores na oferta da empresa, julgaram como mais justo o diferencial de preço cobrado por
Justiça
Categoria Benefício Percebida Valor Intenção de
CSR Percebido do Preço Percebido Compra
1 Média 4,7697 4,8026 4,4035 4,7807
Mediana 5,0000 4,8750 4,6667 5,0000
2 Média 5,7188 5,3281 5,6979 5,8333
Mediana 6,0000 5,3750 6,0000 6,5000
Total Média 5,2036 5,0429 4,9952 5,2619
Mediana 5,3750 5,0000 5,0000 5,3333
Justiça
Categoria Benefício Percebida Valor Intenção de
CSR Percebido do Preço Percebido Compra
1 Média 5,0859 4,8594 4,3229 4,9792
Mediana 5,2500 5,0000 4,6667 5,0000
2 Média 6,0000 5,6083 5,5000 6,0111
Mediana 6,0000 5,6250 5,6667 6,0000
Total Média 5,5282 5,2218 4,8925 5,4785
Mediana 5,7500 5,2500 5,0000 6,0000
129
Justiça
Categoria Benefício Percebida Valor Intenção de
CSR Percebido do Preço Percebido Compra
1 Mean 4,3088 4,0882 3,6078 4,4706
Median 4,3750 3,8750 3,5000 4,8333
2 Mean 4,9310 4,3793 4,2644 4,9540
Median 5,5000 4,5000 4,3333 5,3333
Total Mean 4,5952 4,2222 3,9101 4,6931
Median 4,5000 4,2500 4,0000 5,0000
Estes resultados corroboram aqueles encontrados por Mohr e Webb (2005), que
sugeriram que informações sobre a responsabilidade social das empresas afetariam mais as
reações daqueles consumidores que vêem a si mesmos como pessoas que tentam melhorar o
mundo através de seus atos. Entretanto, estes autores basearam esta afirmação em resultados
não apresenta distribuição normal por célula de pesquisa, Primeiramente a variável foi
Smirnov (Sig. = 0,005) não permitem aceitar a hipótese nula de sua distribuição seja normal.
não de diferenças significativas nas respostas a esta escala entre as células de pesquisa. A
célula relativa ao grupo controle (exposto ao cenário 1) não foi considerada nesta análise, pois
O teste de Kruskal-Wallis objetivou avaliar possíveis vieses que pudessem ser gerados
relativos a esta escala que fossem significativamente mais elevados do que nas demais
células. Por exemplo, se no grupo exposto ao cenário 3 (ação social de impacto direto) fosse
responsável, isto poderia afetar o resultado do teste da hipótese H5. Entretanto, os resultados
do teste de Kruskal-Wallis (tabela 65) apontaram para aceitação da hipótese nula de que não
comportamento socialmente responsável, e que, portanto, esta característica não gerou vieses
Postos
Posto
Cenário N Médio
Comportamento Experimental 70 107,14
Socialmente Experimental com Ação
Responsável 62 95,87
de Impacto Direto
Experimental com Ação
63 89,94
de Impacto Direto
Total 195
Estatísticas do Teste
Comportamento
Socialmente
Responsável
Qui-Quadrado 3,218
gl 2
Sig. ,200
131
dependentes, mas, como os grupos de pesquisa não apresentaram diferenças significativas nos
escores relativos a esta variável, pode-se considerar que ela não exerceu uma influência
significativa nos resultados da pesquisa. Isto significa uma confiança maior na força das
variáveis independentes RSC e impacto da ação social como fatores que explicam a variação
6 CONCLUSÃO
preço mais alto do que a concorrência. Buscou-se também inbestigar se uma ação social
empresarial que exercesse um impacto direto na vida do consumidor teria um efeito maior nas
variáveis dependentes da pesquisa do que uma ação social cujo impacto fosse indireto. A
fundamentação teórica sobre o tema foi desenvolvida a partir da análise dos estudos sobre
conjunto de hipóteses, que foram testadas através de metodologia experimental, com uso de
metodológicas – desta tese. Serão também exploradas as implicações gerenciais derivadas dos
investe em RSC?
benefício maior compra do produto da empresa que investe em RSC. Como os cenários de
pesquisa deixavam claro que a qualidade dos produtos era equivalente, e que o consumidor
deveria assumir que havia gostado de todos os produtos igualmente, pode-se considerar que a
RSC foi o fator responsável por aumentar o benefício percebido na oferta da empresa descrita
influenciando-os de forma positiva (Sen e Bhattacharya, 2001; Brown e Dacin, 1997; Murray
e Vogel, 1997). Mas esta pesquisa coloca um degrau a mais na construção de conhecimento
sobre RSC, ao mensurar o benefício percebido pelo consumidor, fornecendo uma base
empírica às suposições teóricas levantadas na literatura de que a RSC seria considerada pelos
consumidores como um benefício a mais na oferta das empresas. Em que pesem as limitações
O consumidor considera justo que este produto custe mais caro do que o da a
concorrência?
concorrência, não havia sido estudada anteriormente no contexto da RSC. Esta tese integra a
variável percepção de justiça à explicação para a intenção de se pagar mais pelo produto de
134
diferencial de preço cobrado pela empresa que investe em RSC. Este resultado é coerente com
diferencial de preço como justo quando a empresa tem um motivo positivo para praticá- lo
e/ou quando este diferencial vem acompanhado de um benefício adicional na oferta desta
empresa (Kukar-Kinney et al, 2005; Martins e Monroe, 1994; Campbell, 1999a e 1999b;
Kahneman et al, 1986). Aparentemente, a RSC funcionou como esse motivo positivo e/ou
benefício adicional, fazendo com que o diferencial de preço cobrado fosse percebido como
justo. Os estudos na área de percepção de justiça em preços vêm buscando investigar quais as
variáveis que podem influenciar o consumidor no seu julgamento quanto à justiça do preço
insere a variável RSC neste corpo de conhecimento, fornecendo indícios – ainda que
limitados em termos de generalização empírica – para se acreditar que esta variável exerce
O consumidor percebe valor na oferta de uma empresa que investe em RSC, mas cobra um
preço mais alto por seu produto? Estaria disposto a comprar este produto?
socialmente responsável, e mostraram-se dispostos a pagar 10% a mais por seu produto,
mesmo tendo outras opções de produtos semelhantes para comprar. Analogamente ao que
aconteceu com o benefício percebido, como os cenários de pesquisa deixavam claro que a
qualidade dos produtos era equivalente, e que o consumidor deveria assumir que havia
gostado de todos os produtos igualmente, pode-se considerar que a RSC foi o fator
135
relacionada ao benefício percebido nessa oferta e ao julgamento de que é justo que a empresa
integram a variável RSC ao modelo do valor percebido, posicionando-a como variável que
valor percebido.
algum aspecto da RSC, apontavam para a existência de uma relação positiva entre RSC e
intenção de compra (por ex., Grewal et al, 1998; Dodds et al, 1992). Os resultados desta
pesquisados mostraram-se dispostos a pagar 10% a mais pelo produto de uma empresa
descrita como empresa socialmente responsável (na concepção ampla do termo), ao mesmo
O tipo de ação social que a empresa apóia interfere nas reações dos consumidores? Se,
além de ter uma postura de RSC, a empresa investir em uma ação social que tenha um
impacto direto na vida do consumidor, isto se reverte num benefício percebido, justiça
Pesquisas anteriores na área de RSC já haviam apontado que determinadas ações sociais
são mais valorizadas pelos consumidores, e que estas podem ter um efeito maior em suas
reações. Os resultados desta pesquisa contribuem para explicar de que forma uma ação social,
apoiada por uma empresa socialmente responsável, pode gerar um efeito diferenciado na
136
decisão de compra do consumidor. Quando a ação social foi caracterizada como tendo um
impacto direto na vida do consumidor, isto é, trazendo conseqüências positivas para o seu
próprio bairro, ela gerou nesse consumidor um benefício percebido, um valor percebido, uma
percepção de justiça do preço e uma intenção de compra maiores do que quando a ação social
tinha um impacto indireto na sua vida, beneficiando um bairro de outro estado. Pode-se
concluir que esta diferença nas reações dos consumidores pesquisados se deram
exclusivamente ao impacto da ação social descrito nos cenários de pesquisa, visto que a
os impactos foram percebidos como diferentes. Isto significa que a empresa que apoiava uma
ação social de impacto direto não foi percebida como mais socialmente responsável do que a
que apoiava uma ação social de impacto indireto, e mesmo assim a informação sobre a ação
social de impacto direto gerou um efeito maior na decisão de compra dos consumidores
sentir bem contribuindo com a RSC, fazendo bem aos outros, se torna ainda mais atraente se
validação de uma escala para mensuração da variável benefício percebido. Alguns estudos
anteriores que utilizaram o modelo do valor percebido mediram a qualidade percebida como
único componente do benefício percebido pelo consumidor em uma situação de compra (por
ex., Teas e Agarwal, 2000; Grewal et al, 1998). Mesmo os autores que mencionaram a
que a compra pode trazer, não propuseram uma escala de medida para este fim (por ex.,
137
Strahilevitz, 1999; Zeithaml, 1988). Como parte desta pesquisa foi desenvolvida uma escala
para benefício percebido, com quatro itens, que passou por um proceso de desenvolvimento e
validação. Esta escala foi avaliada através de um pré-teste e depois com os dados do
disponíveis para compra, justamente para enfocar os componentes até então negligenciados da
Os resultados desta pesquisa acrescentam novos insights ao debate sobre o retorno que
a RSC pode gerar para as empresas. Em que pesem as limitações do estudo realizado, os
resultados indicam que pode haver um motivador decisivo para que as empresas adotem uma
compra.
pesquisas anteriores, traduziu-se nesta pesquisa na disposição em pagar 10% a mais pelo
produto de uma empresa socialmente responsável. Desta forma, na busca por satisfazer o
mercado, as empresas têm a oportunidade de atender aos desejos que seus consumidores têm
de fazer o bem aos outros (incentivando a RSC), enquanto atingem seus objetivos de negócios
e, simultaneamente, dão elas própria sua contribuição à sociedade. Isto envolveria satisfazer
tempo oferecer a eles o benefício de investir, ainda que indiretamente, na construção de uma
que estes sejam capazes de avaliar a postura de RSC das empresas, para que possam levar isto
informações ainda é difícil e demorado (Carrigan e Attalla, 2001; Mohr et al, 2001),
sobretudo no contexto brasileiro (Serpa e Fourneau, 2004; Ethos, 2004). Neste sentido, as
fornecimento de informações genuínas sobre RSC. Para isto, precisam descobrir quais as
fontes mais apropriadas e mais confiáveis para os consumidores terem acesso a estas
informações.
Vale ressaltar que os cenários desta pesquisa não consideraram apenas uma dimensão
da RSC, mas sim uma descrição mais ampla do conceito. Isto deve ser levando em conta ao se
pensar nas implicações gerenciais, na medida em que os resultados não permitem afirmar que
o consumidor estaria disposto a pagar mais pelo produto de uma empresa que faz um
investimento isolado em uma causa social, ou que se posiciona como ética, para citar apenas
duas dimensões da RSC. Os resultados deste estudo estão baseados em uma descrição de uma
empresa socialmente responsável, em uma concepção mais ampla do termo. A RSC foi
tratada na pesquisa como uma postura geral da empresa, e não pode ser reduzida, para efeito
empresa precisa pensar em uma perspectiva de longo prazo. A fidelização do consumidor, tão
posicionamento ao longo do tempo. Neste sentido, a empresa não pode encarar a RSC como
139
um incentivo à compra a ser usado em um momento isolado, tal como uma nova embalagem
ou uma nova ação promocional. Para construir valor, a empresa deverá entregar o benefício
associado à compra de seus produtos de forma sietmática e consistente, e isto só será possível
se a RSC for encarada como um compromisso duradouro. Segundo Day (1999), a geração de
um valor superior é que irá gerar a fidelização dos clientes. E, além de terem um papel
importante na lucratividade das empresas, os clientes fiéis podem se tornar defensores destas,
que, na busca por maximizar os efeitos positivos sobre a sociedade e minimizar os negativos,
considera dimensões legais, econômicas, filantrópicas e éticas (Ferrell et al, 2001; Carroll,
1999). Em geral, a dimensão filantrópica da RSC é a mais notada pelos consumidores (Serpa
e Fourneau, 2004; Carroll, 1999) e, portanto, a escolha de em quais ações sociais investir
constitui uma questão crítica. Os resultados desta pesquisa indicam que o tipo de ação
escolhida pode fazer diferença nas reações de seus consumidores. Na definição de em qual
projeto social investir, as empresas devem buscar conhecer quais as ações socais mais
valorizadas pelos seus consumidores, quais aquelas que eles julgam que os beneficiaria mais
nacional, cujo conteúdo esteja vinculado a ações sociais apoiadas pela empresa, deve-se
considerar o desafio de encontrar algo que remeta a ações locais, que possam ser percebidas
como tendo um impacto direto na vida dos consumidores-alvo. Desta forma, a empresa
poderia ter um retorno maior em termos de impacto positivo na decisão de compra de seu
público-alvo.
140
As conclusões aqui levantadas têm um impacto relevante do ponto de vista social. Abre-
se espaço para um debate – fora do escopo deste trabalho – sobre se as empresas deveriam
buscar investir em RSC para gerar reações positivas em seus stakeholders (incluindo aí seus
recebem. Entretanto, qualquer que seja a postura das empresas, se os consumidores estiverem
dispostos a recompensar as que investem em RSC pagando um pouco mais por seus produtos,
isto significa que eles podem exercer um importante papel regulador no comportamento
empresarial, o que a longo prazo traria benefícios para a sociedade como um todo. E ainda,
Para que isto aconteça é necessário que as informações sobre RSC estejam disponíveis,
de forma inteligível e confiável, e que possam ser acessadas por uma parcela cada vez maior
da sociedade. Por outro lado, é necessário que os consumidores atinjam um nível de educação
em relação ao tema que lhes permita discernir uma empresa comprometida com a RSC de
outras que atuam isoladamente em projetos sem continuidade. A RSC como postura da
empresa pode conviver com a demanda empresarial pela sobrevivência no mercado e pela
lucratividade, demanda esta que passa necessariamente pelo atendimento das necessidades e
Os resultados deste estudo abrem um campo para temas de pesquisas futuras, dentre os
quais destacamos:
de diferenças de preço, visando saber até que ponto o consumidor estaria disposto a
mais pelos produtos de uma empresa socialmente responsável, tais como nível de
142
fornecedores.
143
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Grupo Controle
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
153
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo
1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável
1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório
1 2 3 4 5 6 7
Escolaridade:
Sexo:
( ) Feminino
( ) Masculino
Idade:
? ? ? ? ? ? ? ?
155
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que
vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um
todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos.
Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio
ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade
de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas
sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus
acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras
posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os
anos por um respeitado instituto independente.
156
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo
1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável
1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório
1 2 3 4 5 6 7
3) Faça uma avaliação de seu comportamento em relação aos itens abaixo, circulando um
número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Escolaridade:
Sexo:
( ) Feminino
( ) Masculino
Idade:
? ? ? ? ? ? ? ?
159
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que
vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um
todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos.
Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio
ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade
de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas
socia is. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus
acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras
posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os
anos por um respeitado instituto independente.
Mais recentemente, a empresa X resolveu colaborar financeiramente com um projeto
de educação que vem sendo implementado no bairro onde você mora, proporcionando
formação técnica para jovens de classe baixa. O projeto tem tirado estes jovens das ruas,
melhorando as condições de vida deles e do bairro onde você mora.
160
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo
1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável
1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório
1 2 3 4 5 6 7
3) Dada a situação descrita no texto, avalie o impacto que o projeto de educação apoiado pela
empresa X tem na sua vida, circulando um número de 1 a 7:
Indireto Direto
1 2 3 4 5 6 7
4) Faça uma avaliação de seu comportamento em relação aos itens abaixo, circulando um
número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Escolaridade:
Sexo:
( ) Feminino
( ) Masculino
Idade:
? ? ? ? ? ? ? ?
163
Esta é uma pesquisa sobre atitude e comportamento do consumidor. Por favor, leia o
texto e responda às perguntas que se seguem, uma página por vez, e não deixe nenhuma em
branco. Sua participação é muito importante para este estudo, e todas as respostas serão
tratadas de forma confidencial.
A pesquisa deverá tomar apenas 10 minutos do seu tempo.
Obrigado!
Imagine que você deseja comprar uma calça jeans, e vai até um shopping em busca de
opções. Durante seu passeio pelo shopping, você entra em algumas lojas e experimenta
diversas calças jeans. Ao final, você conclui que nas três lojas do primeiro piso do shopping –
loja X, loja Y e loja Z – estão as calças que você mais gostou. As três calças são de ótima
qualidade, têm um design bonito e confortável, e você gostou igualmente das três. Entretanto,
existe uma diferença de preço entre elas. A calça da marca X custa $110 enquanto as outras
custam cerca de $100.
Em relação à empresa X, você soube recentemente que se trata de uma empresa que
vem, há algum tempo, investindo na melhoria das condições de vida da sociedade como um
todo, o que significa implementar ações que vão além de pagar impostos e gerar empregos.
Suas roupas são produzidas em fábricas com equipamentos especiais para proteção do meio
ambiente. Além disso, a empresa vem implementando programas de melhoria da qualidade
de vida de seus funcionários e fazendo investimentos sistemáticos em diversos programas
sociais. A empresa possui uma política de transparência de informações junto a seus
acionistas, fornecedores e clientes. Por estes motivos, a empresa X ocupa uma das primeiras
posições do ranking de empresas brasileiras socialmente responsáveis, elaborado todos os
anos por um respeitado instituto independente.
Mais recentemente, a empresa X resolveu colaborar financeiramente com um projeto
de educação que vem sendo implementado na periferia de São Paulo, proporcionando
formação técnica para jovens de classe baixa. O projeto tem tirado estes jovens das ruas,
melhorando as condições de vida deles e do bairro onde vivem.
164
1) Dada a situação descrita no texto, indique o quanto você concorda ou discorda com cada
afirmação abaixo, circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
2) Dada a situação descrita no texto, avalie o diferencial de preço cobrado pela marca X,
circulando um número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Injusto Justo
1 2 3 4 5 6 7
Inaceitável Aceitável
1 2 3 4 5 6 7
Insatisfatório Satisfatório
1 2 3 4 5 6 7
3) Dada a situação descrita no texto, avalie o impacto que o projeto de educação apoiado pela
empresa X tem na sua vida, circulando um número de 1 a 7:
Indireto Direto
1 2 3 4 5 6 7
4) Faça uma avaliação de seu comportamento em relação aos itens abaixo, circulando um
número de 1 a 7 (não deixe nenhum item em branco):
Escolaridade:
Sexo:
( ) Feminino
( ) Masculino
Idade:
? ? ? ? ? ? ? ?
167
Compreensão do Cenário
80 60
50
60
40
40 30
20
20
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
0
0
Responsabilidade Social Corporativa Realismo e Compreensão do Cenário
30
20
10
0 N = 128,00
1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 6,0 7,0
Compreensão do Cenário
Normal Q-Q Plot para RSC Normal Q-Q Plot para Imp. da Ação Social
1,0 1,5
,5 1,0
0,0 ,5
-,5 0,0
-1,0 -,5
Normal Esperada
Normal Esperada
-1,5 -1,0
-2,0 -1,5
-2,5 -2,0
2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
0
Normal Esperada
-1
-2
-3
3,5 4,0 4,5 5,0 5,5 6,0 6,5 7,0 7,5
Valor Esperado
169
Cenários 1 e 2
0
N= 136 136 136 136
Benefício Percebido Valor Percebido
Justiça Percebida do Intenção de Compra
Preço
Cenários 3 e 4
1 128
0
N= 128 128 128 128
Benefício Percebido Valor Percebido
Justiça Percebida do Intenção de Compra
Preço
170
Todos os Cenários
0
N= 264 264 264 264
Benefício Percebido Valor Percebido
Justiça Percebida do Intenção de Compra
Preço
171
Cenários 1 e 2
30 30
20 20
10 10
0 N = 136,00 0 N = 136,00
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00
1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50 1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50
30 20
20
10
10
0 N = 136,00
0 N = 136,00
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00
1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50 1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50
Cenários 3 e 4
30 30
20 20
10 10
30 30
20 20
10 10
0 N = 128,00 0 N = 128,00
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00
1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50 1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50
Todos os Cenários
1.
40 50
40
30
30
20
20
10
10
Std. Dev = 1,68 Std. Dev = 1,38
N = 264,00 0 N = 264,00
0
1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 6,00 7,00
1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50 1,50 2,50 3,50 4,50 5,50 6,50
30 50
40
20
30
20
10
10
Std. Dev = 1,59 Std. Dev = 1,76
Mean = 4,22 Mean = 4,69
0 N = 264,00 0 N = 264,00
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
5,5
6,0
6,5
7,0
0
0
0
Cenários 1 e 2
Normal Q-Q Plot para Benefício Percebido Normal Q-Q Plot para Just. Perc. do Preço
8 8
7 7
6 6
5 5
Valor Normal Esperado
3 3
2 2
1 1
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Normal Q-Q Plot para Valor Percebido Normal Q-Q Plot para Intenção de Compra
8 8
7 7
6 6
5 5
Valor Normal Esperado
4 4
3 3
2 2
1 1
0 0
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Cenários 3 e 4
Normal Q-Q Plot para Benefício Percebido Normal Q-Q Plot para Just. Perc. do Preço
8 8
7 7
6 6
5 5
Valor Normal Esperado
3 3
2 2
1 1
1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Normal Q-Q Plot para Valor Percebido Normal Q-Q Plot para Intenção de Compra
8 8
7 7
6
6
5
5
Valor Normal Esperado
4
4
3
3
2
1 2
0 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Todos os Cenários
Normal Q-Q Plot para Benefício Percebido Normal Q-Q Plot para Just. Perc. do Preço
8 8
7 7
6 6
5 5
Valor Normal Esperado
3 3
2 2
1 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8
Normal Q-Q Plot para Valor Percebido Normal Q-Q Plot para Intenção de Compra
8 8
7 7
6
6
5
5
Valor Normal Esperado
4
4
3
3
2
1 2
0 1
0 1 2 3 4 5 6 7 8 0 1 2 3 4 5 6 7 8