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Comissão Científica:
- Academia das Ciências de Lisboa: Jorge Braga de Macedo da Classe de Letras e Jean-
Pierre Contzen e Rui Malhó da Classe de Ciências
- Esperança Costa (Centro de Botânica da Universidade Agostinho Neto)
- Fátima Nunes (Centro de Estudos de História e Filosofia da Ciência)
- João Carlos Garcia (Faculdade de Letras da Universidade do Porto)
- José da Silva Horta (Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)
- José Curto (York University, Canadá)
- Roquinaldo Ferreira (University of Virginia, EUA)
- Ana Cristina Martins (Instituto de Investigação Científica Tropical)
- Maria Cristina Duarte (Instituto de Investigação Científica Tropical)
- Maria Otília Carvalho (Instituto de Investigação Científica Tropical)
- Vítor Rodrigues (Instituto de Investigação Científica Tropical)
Comissão Organizadora:
Secretariado:
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Arquivo Histórico Ultramarino
Calçada da Boa-Hora, 30 Lisboa
5 janeiro
11h00 – Coffee-break
11h15 - 1.ª Sessão - Coleções históricas e científicas: estratégias para o séc. XXI. I
Moderadores: Ana Cannas e Marta Lourenço
12h15 - Debate
13h00 – Almoço
14h30 – 2.ª Sessão - Coleções históricas e científicas: estratégias para o séc. XXI. II
Moderadores: José Horta e Ana Martins
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. The development of the Zimbabwe tradition in the Zambezi Valley,
Mozambique: c. 1400-1800: an archaeological perspective
Solange L. Macamo
. As pesquisas arqueológicas do Dungo, Sudoeste de Angola
Maria da Piedade de Jesus
. Nouvelles données sur la Préhistoire récente angolaise: le gisement de
Cabolombo à Benfica revisité
Nicolas Valdeyron e Sónia Domingos
15h45 – Debate
16h00 – Coffee-break
18h20 – Debate
18h40 – Lançamento do livro Ética, Crise e Sociedade, coordenado por Michel Renaud e
Gonçalo Marcelo, apresentado por Jean-Pierre Contzen
6
6 janeiro
11h15 - Debate
12h50 – Debate
13h10 – Almoço
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14h30 - 2.ª Sessão – Desenvolvimento, crescimento económico e internacionalização
Moderadores: Jorge Braga de Macedo e Ana Morgado
15h30 – Debate
18h10 – Debate
8
7 janeiro
10h45 - Debate
11h00 – Coffee-break
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Comunicações orais
5 de janeiro
Tema 1 – Os Trópicos na História da Ciência
1ª Sessão – Coleções históricas e científicas: estratégias para o século XXI. I
Moderadores: Ana Cannas e Marta Lourenço
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A atividade museológica do Instituto de Investigação Científica de Moçambique,
1959-1974
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Tema 1 – Os Trópicos na História da Ciência
2ª Sessão – Coleções históricas e científicas: estratégias para o século XXI. II
Moderadores: José Horta e Ana Martins
O projeto cartAFRICA, que resulta de um contrato de parceria assinado em 2011 pelo Instituto
Geográfico do Exército (IGeoE) e pelo Centro de Estudos Geográficos (CEG) do Instituto de
Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa (IGOT-UL), tem como
objetivo principal o estudo, o tratamento documental e a disponibilização, numa primeira fase,
das cartas topográficas dos antigos territórios portugueses em África. O projeto mostra a
importância da cooperação entre instituições, com diferentes missões e valências, na
concretização de objetivos comuns, estando ambos apostados na crescente qualidade da
informação prestada aos utilizadores e na divulgação e preservação do património cartográfico
que detêm ou produzem.
Com base no balanço das questões que foram surgindo no começo do projeto, umas
relacionadas com as características dos documentos ou com o modo como hoje se conseguem
reconstituir os trabalhos que lhes deram origem, outras com o contexto histórico em que foram
produzidos ou com o papel desempenhado pelos organismos cartográficos nacionais e também
pelos das colónias, discute-se a importância do estudo e organização das coleções como pilar do
rigor no tratamento documental e garante da qualidade da informação disponibilizada. Defende-
se ainda a divulgação de bases de dados bibliográficos e de autoridade alicerçadas na
investigação para que deixem de ser meros escaparates informacionais e assumam novas
funcionalidades que lhes confiram o reconhecimento como verdadeiras fontes de informação.
Traça-se finalmente um esboço dos desafios colocados às duas instituições para contribuir para
o conhecimento da importância da Cartografia num período marcante da nossa história recente.
Procurando responder a dois dos reptos lançados por este Colóquio – a atenção redobrada sobre
a atual investigação científica nos Trópicos e o aprofundamento da colaboração científica com
os membros da CPLP – esta comunicação pretende salientar a atividade de Gago Coutinho,
primeiro presidente da JMGIC. Tendo como base a grande riqueza do património documental,
cartográfico, fotográfico e instrumental existente no IICT, pretende-se refletir sobre a ação desta
importante figura da História da Ciência em Portugal e sobre as repercussões que os seus
trabalhos tiveram não só na época, como atualmente ao nível de vários países membros da
CPLP.
Na sequência de trabalhos já desenvolvidos pelas autoras desta comunicação sobre a ação de
Gago Coutinho na Comissão de Cartografia, tenciona-se, agora, sublinhar a sua atuação como
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Homem da Ciência, projetando os seus resultados para uma época cronológica mais recente,
embora sempre com as necessárias remissões a atividades desenvolvidas por Gago Coutinho
desde o início da sua carreira de cientista.
No seu gabinete do Terreiro do Paço, após o seu último trabalho de campo (levantamento
geodésico da Ilha de S. Tomé, 1917-1919), a partir de 1936, Gago Coutinho, assumiu uma nova
faceta da sua vida profissional enquanto “geógrafo de gabinete”. A sua experiência no terreno,
conhecimento científico e intervenção estratégica foram fundamentais para a formação,
evolução e destino da JMGIC constituindo um legado que importa evidenciar no estudo da
investigação cientifica nos e com os Trópicos.
Solange L. Macamo
Department of Archaeology and Anthropology, Eduardo Mondlane University, Maputo
Embora a existência de peças líticas pré-históricas em Angola tenha sido mencionada desde o
fim do século XIX, a Arqueologia Angolana é muito pouco conhecida, quer por falta de mais
publicações quer por falta de uma divulgação mais ampla.
Entretanto, o Museu Nacional de Arqueologia de Benguela, a única estrutura arqueológica do
país, tem desenvolvido trabalho de pesquisa desde a sua criação em 1976. Embora inicialmente
os trabalhos de campo se tenham resumido a prospeções e algumas sondagens, com a
colaboração da Universidade de Paris 1 nos princípios dos anos 90, fez-se a introdução de novos
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métodos, passando a se desenvolver escavações com métodos modernos, onde a cronologia e a
atribuição cultural dos vestígios arqueológicos são o resultado.
Assim, o conjunto de conhecimentos e reflexões associados aos métodos modernos aplicados às
escavações feitas nesta região do Dungo (a Sul da Baia-Farta, província de Benguela) a
observação minuciosa dos vestígios arqueológicos dentro do seu contexto ou ainda a pluralidade
de estudos e análise permitiram pôr em evidência a existência de sítios estratégicos que mostram
a longa ocupação desta parte do país.
Esta indústria lítica do Dungo figura entre as mais antigas conhecidas hoje em Angola. O estudo
cronológico foi obtido através do novo método baseado na idade de enterramento das peças
líticas. Este método permitiu determinar que os líticos de Dungo VI foram enterrados durante
um longo período datado entre 1 e 2 Milhões de anos.
Le choix de ce thème ce relacionne avec l’intérêt que j’ai pour les périodes LSA et l’Age du fer,
l’expansion Bantu et la production céramique. Ma préoccupation fondamentale, qui oriente les
parties du travail et qui donne un focus spécifique au thème, n'est pas seulement de faire l'étude
de la typologie céramique des sites archéologiques du littoral au Sud de Luanda, mais aussi à
partir de cet étude, établir un tableau chronologique pour la céramique préhistorique de la région
de Luanda, pour tracer des lignes maîtres pour un futur travail de recherche. Celui-ci essaye de
savoir quelles étaient les communautés qui ont produit ces séries céramiques, quel était l'impact
de la production céramique sur leur économie, afin de comprendre une série de questions liées à
ces communautés et, en particulier, d’apprécier le rôle exact des populations de tradition Bantu
dans la diffusion et/ou l’adoption de cette production céramique. J’aimerais dégager une identité
culturelle à partir des caractéristiques morphologiques et décoratives des tessons
archéologiques. Cette étude sera importante dans la mesure où elle contribuera à dynamiser la
recherche et donc à augmenter la connaissance de la préhistoire angolaise: en attendant de
disposer de suffisamment d’éléments pour pouvoir aborder ce genre de problématique.
Sérgio Neto
Doutorando em Altos Estudos Contemporâneos, Universidade de Coimbra
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Partindo destes pressupostos, pretende-se analisar o contributo dos autores de Claridade, a sua
relação mais ou menos empírica com as ciências sociais, sem esquecer as implicações da teoria
luso-tropical de Gilberto Freyre, em Cabo Verde e em Portugal.
Tiago Brandão
Doutorando do Instituto de História Contemporânea da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas
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Etnohistória e colonização portuguesa: revisitando a historiografia colonial de
Moçambique
Manuel Lobato
Centro de História, Departamento de Ciências Humanas, Instituto de Investigação Científica Tropical
À distância de quase quatro décadas sobre o fim do império africano português, continua a
verificar-se uma escassez de estudos sobre o conjunto da historiografia portuguesa produzida
durante a época colonial. No caso de Moçambique, verifica-se que, apesar da valorização das
diferenças étnicas no discurso emitido pelas autoridades coloniais e da abundância de fontes
literárias e arquivísticas, pouco foi feito no campo da etnohistória dos povos de Moçambique
durante aquele período. O destaque concedido às formações políticas mais relevantes, como o
chamado «império» do Monomotapa, acabaria por convenientemente não ir além do enfoque na
presença portuguesa numa região cujo centro político, embora situado fora do território
moçambicano, tinha sido alvo de reivindicação portuguesa até ao Ultimato de 1890.
Entre esta data e o advento do Estado Novo, a historiografia colonial pouco foi além de um
panegírico aos «heróis» das campanhas de ocupação e às figuras ligadas às primeiras
realizações da «instalação colonial». Descaracterizadas sob a forma de régulos vencidos, as
formações políticas africanas cederam lugar ao fundo indiferenciado dos «indígenas», no qual
se diluíram retrospetivamente as suas personalidades histórico-sociais, reconvertidas
cientificamente em «primitivos», objeto de estudo da antropologia. Significativamente, aos
antropólogos se deve o início do resgate da memória histórica desses povos e o reconhecimento
da existência de uma «história pré-colonial de Moçambique», em cujo primeiro esboço os
colonizadores se tornam atores de segundo plano. Alguns autores, escolas e instituições, como a
Junta de Investigações do Ultramar, que produziram estudos e documentos nas áreas da
etnohistória e da história colonial de Moçambique, em maior ou menor articulação com os
discursos oficiais, são assim revisitadas e postas em perspetiva, por comparação com o trabalho
entretanto iniciado nos meios académicos anglo-saxónicos desde finais dos anos 50.
Cabe ainda assinalar que a própria historiografia colonial produzida durante o Estado Novo não
esteve, evidentemente, isenta de clivagens internas. Estas correspondem, em parte, à dificuldade
em ajustar critérios de exigência e de rigor científico à mensagem oficial de uma suposta
vocação imperial propensa a esbater as particularidades históricas, não sendo também alheia a
uma diferença de perspetiva dos colonos europeus relativamente à visão dominante emanada da
metrópole.
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No caso da «Guiné portuguesa», esta reforma científico-institucional traduziu-se na
intensificação dos trabalhos de campo relativos às estruturas tradicionais e etnográficas locais.
Sobressaíram neste domínio os trabalhos elaborados por A. Teixeira da Mota, António Carreira,
Fernando Rogado Quintino, Manuel Belchior e José Mendes Moreira, entre outros. Daqui
resultou a base do conhecimento científico do século XX sobre aquela colónia portuguesa,
constituindo-se muitos desses estudos em obras de referência.
Do contato direto com a realidade no terreno emergiu a necessidade de melhor conhecer a
história da Guiné do ponto de vista político, social e económico, sendo dada particular ênfase à
pesquisa de documentação arquivística. Para a divulgação da produção científica do CEGP
surgiu, no mesmo ano, pela mão do governador Sarmento Rodrigues, o Boletim Cultural da
Guiné Portuguesa, «órgão de informação e cultura da colónia», que publicaria 111 volumes
entre 1946 e 1973, bem como um conjunto de monografias etnográficas e de estudos da história
da expansão e de literatura de viagens. O Boletim seria considerado por vários especialistas,
entre os quais René Pélissier, como a melhor publicação periódica científica das colónias
portuguesas, tal como o CEGP foi reconhecido como instituição científica colonial de
excelência, resultando num ciclo de saber que ficaria conhecido como a «geração do boletim
cultural».
Neste estudo pretende-se destacar os objetivos e o quadro concetual que pautaram o labor dos
seus autores, bem como cotejar as temáticas veiculadas no BCGP com alguns exemplos de
historiografias congéneres da área da Senegâmbia.
The purpose of this paper has a dual function. On the one hand, I want to emphasize how the
State, on the basis of territorial sovereignty, ordered mapping as a hegemonic tool of political
power during the reigns of the Catholic Monarchs and Charles V in Spain, and John II, Manuel I
and John III in Portugal. After the great ocean voyages of the fifteenth century and the new
geographical discoveries, both the modern state as Spanish and Portuguese had glimpsed the
importance of creating an "official cartography" for the maintenance of their overseas empires, a
science to work only for the state's interests. In short, the new hegemonic powers discovered the
need to establish what we might call the institutionalization of the art of making maps. A well
known example was the establishment in 1503 of the House of Trade in Seville by Ferdinand
and Isabella.
On the other hand, as a result of continuous feedback between the state and cartography,
geography in general and maps in particular observed in the expansionist policies of the
European empires a mine of opportunities for upward discipline was about to build a world ever
more in line with reality. The case of the exploitation rights in the Moluccas is a prime example
to analyze the inexorable symbiosis between science and power, modern state and mapping. The
problem of the demarcation line drawn from the Alexandrine Bulls of 1493 and, therefore, the
Treaty of Tordesillas, which was held the following year, predicted a long-running dispute
which was more at stake than the exotic eastern islands. The geographical distribution of the
world took more years and disadvantages expected. From its origins it was also a mapping
issue. Maps either side exerted an influence not only necessary but also essential. If the official
cartography hosted by the State worked with it to establish its territorial domains, would be the
'legal cartography', as we called François Dainville in a 1970 article, which attempted, through
the evidence, resolve disputes as of the Moluccas. Such was the case of the map made in 1529
by Diego Ribero for Charles V and materialized in the Treaty of Zaragoza in the same year. It
put an end to a series of boards (Juntas), such as the Badajoz-Elvas in 1524, aimed at the
scientific resolution of the problem by expert committees of both monarchies, in most cases
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experienced cosmographers. Never before has the power of the image had been so decisive in
resolving a scientific-diplomatic dispute.
É sabido que a obra do professor António de Almeida, bem como a de outros antropólogos da
primeira metade do século passado, foi realizada à luz das teorias, conceitos e metodologias,
que à época ainda eram prosseguidas pela Antropologia, ou seja, de acordo sobretudo com as
teorias do determinismo biológico e em harmonia com as técnicas e metodologias que tomavam
a medida e as características do crânio com o objetivo de classificar e hierarquizar os seres
humanos segundo a raça, índole, caráter, inteligência, etc, teorias que se encontravam
historicamente associadas à ideia de superioridade do homem branco ocidental. No entanto, a
perspetiva antropobiológica na obra de António de Almeida não anulou a vertente cultural que
incutiu nas suas missões científicas nos trópicos e nos seus trabalhos de investigação,
nomeadamente, a forma como conseguiu perfilhar a perspetiva de que o homem tem que ser
estudado no contexto da complexidade antropológica, tendo em atenção não só a intervenção do
ecossistema, mas, também, o papel do código e do comportamento genético, da cultura
individual e coletiva. A comunicação que nos propomos apresentar preocupa-se, sobretudo, com
os aspetos relacionados com a antropologia cultural na obra de António de Almeida.
O contributo das mulheres para o progresso da ciência em Portugal é tema ainda recente na
historiografia portuguesa. Não obstante, tem evidenciado a relevância de alguns nomes para o
entendimento holístico da sociedade, da cultura e das mentalidades, da História mais recente do
nosso país.
Entre a multiplicidade de aspetos a abordar neste âmbito, destaca-se o envolvimento, direto e
indireto, de mulheres cientistas no processo de desenvolvimento e afirmação da ciência colonial
portuguesa. Configurando uma das áreas ainda menos exploradas neste domínio da História e da
Filosofia da Ciência e da Técnica, urge recuperar os seus nomes; analisar o trabalho produzido
(entre o campo e o gabinete); escrutinar a sua participação em reuniões científicas (nacionais e
internacionais); criticar as suas publicações; reconstituir o seu percurso académico e redes de
contatos científicos.
Somente assim será verdadeiramente possível conhecer a medida da sua contribuição para o
evoluir das diferentes áreas disciplinares, de um modo geral, e da ciência nos Trópicos, em
particular, retirando do anonimato mulheres que, por circunstâncias diversas, foram esquecidas
ou secundarizadas, pese embora a consequência do trabalho aduzido.
Neste sentido, a nossa comunicação procurará lançar um primeiro olhar sobre o tema, como
primeiro passo de um projeto de investigação que ambiciona descrever e examinar a produção
científica colonial levada a efeito entre nós por mulheres nos primeiros anos da Junta das
Missões Geográficas e de Investigações Coloniais, com realce para as áreas botânica e
geológica.
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6 de janeiro
Tema 1 – Os Trópicos na História da Ciência
4ª Sessão – Política e cultura científicas. II
Moderadores: Fátima Nunes e Vítor Rosado Marques
Pedro M. P. Raposo
Centro Inter Universitário de História da Ciência e da Tecnologia, Universidade de Lisboa
The deployment of science, technology and medicine (STM) as a tool of empire has been
stressed in the historiography of the last decades. However, the most recent trends in post-
colonial studies have reframed this somewhat unidirectional instrumentality of STM in terms of
mutual exchanges and reconfigurations between the knowledge systems and traditions of
colonisers and natives. In this paper I develop a complementary perspective, aimed at shedding
light on the role of STM in the antagonisms and negotiations raised and enforced by conflicting
colonial interests. I shall illustrate it with the foundation and early history of the Campos
Rodrigues Observatory (CRO), established in Lourenço Marques (nowadays Maputo) in 1906
as an official timekeeper and a ‘centre of calculation’ for meteorological investigations. This
undertaking represented a statement of Portuguese presence and domain in the context of the
modus vivendi earnestly developed with England, Portugal’s purportedly oldest ally but its
fierce colonial competitor (and, to a considerable extent, overlord) in south-eastern Africa. By
recontextualizing and refreshing expertise transferred from metropolitan observatories
(Astronomical Observatory of Lisbon, Infante D. Luiz Observatory), the CRO also became an
institutional exemplar where timekeeping, meteorology and support to territorial command were
articulated in order to suit the Portuguese colonial enterprise. The João Capelo Observatory in
Luanda will be discussed as an example of its replication.
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O presente trabalho expõe, assim, uma análise do edifício do IMT e do IIMA procurando
contextualizar missões que contribuíram para o desenvolvimento da medicina tropical e refletir
acerca do modo como cada construção articula um programa e uma linguagem que traduz,
afinal, as complexidades do pósguerra português.
Ricardo Pereira
Centro de Estudos Sociais, Universidade de Coimbra
O Real Hospital da Ilha de Moçambique desempenhou, desde o século XVI, um papel relevante
na construção do império português do Índico, sendo o mais importante desta região a seguir ao
de Goa. Nele eram assistidos os soldados e os moradores da colónia portuguesa de
Moçambique, mas também os tripulantes e passageiros das naus da Índia, que encontravam na
escala da ilha a primeira assistência para as suas enfermidades. Alimentar os numerosos doentes
era uma árdua tarefa diária devido à dependência da ilha das importações alimentares do
continente africano, das ilhas do Índico e dos portos da Índia. Muitos dos hábitos alimentares aí
prevalecentes no final do século XVIII indicam uma forte influência da cozinha do Índico, com
interferências africanas e europeias.
Nas primeiras décadas do século XIX, a atuação de físicos-mores formados nas universidades
europeias tendeu a configurar a alimentação dos doentes de acordo com as teorias médicas
neohipocráticas em voga. Através da prescrição dietética das refeições visava-se alimentar os
doentes de acordo com os preceitos do discurso médico. Pretende-se, nesta comunicação,
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discutir a importância da alimentação no discurso médico e a sua articulação com as práticas
alimentares no Hospital Real da Ilha de Moçambique.
Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais portugueses, através da FCT – Fundação para a
Ciência e Tecnologia, no âmbito do projeto HC/0121/2009, Tratado Médico sobre o Clima e
Enfermidades de Moçambique, coordenado por Eugénia Rodrigues, no Instituto de Investigação
Científica Tropical, Lisboa.
De-centering Colonial Science: The Angolan Health Service in the Interwar Period
Samuël Coghe
Max Planck Institute for the History of Science, Berlin
Until now, the debate on science in the Third Portuguese Empire has strongly concentrated on
scientists and institutions in the metropolis and the research missions they conducted in the
colonies. While it remains important for historiography to deal with these long neglected
scientific activities, privileging metropolitan actors runs the danger of reiterating a Eurocentric
approach to Portuguese colonialism and obscuring knowledge produced within the colonies.
Focussing on the Health Services in Angola in the 1920s and early 1930s, I will show that
colonial doctors there were not merely applying canonic knowledge produced and taught at the
Escola de Medicina Tropical (EMT) in Lisbon. In parallel to the establishment of African health
care and aided by Goan doctors, the medical department in Angola stimulated local research on
tropical diseases. As the findings were presented at international conferences and in Angola-
based medical journals, the Angolan health services challenged the position of a declining EMT.
Against the backdrop of persistent depopulation anxieties, doctors also engaged with
demographic research on the ‘endangered’ African populations. Although, as doctors, they
remained interested in morbidity and mortality statistics, their demographic inquiries
increasingly privileged natality related indices. I will argue that this reflected a shift in
perception: throughout the first decades of the 20th century, the importance of epidemic and, to
a lesser extent, endemic diseases in colonial discourse declined and low birth rates and child
mortality came to be seen as the main threat for Angola’s indigenous populations, and hence for
the future development of the colony.
No século XX, sobretudo a partir da década de 20, ocorreu um surto de emigração de arquitetos
portugueses para os trópicos, para o que muito contribuíram as escassas oportunidades de
trabalho. O processo começou de modo lento e pontual e intensificou-se no segundo pósguerra,
atingindo valores elevados durante as décadas de 60 e 70. Sintomaticamente o auge coincidiu
com o desencadear das guerras coloniais, tornou-se persistente nos anos subsequentes ao início
da luta armada, e cessou em 1974.
Estes arquitetos produziram vastíssima obra na marcação infraestrutural e edificada dos
territórios submetidos à soberania portuguesa – nos espaços africanos e, em menor escala, nos
mais reduzidos espaços asiáticos. A obra multifacetada que produziram abrangeu o urbanismo e
um leque muito diverso em programas funcionais, desde a pequena escala à escala territorial.
Essas intervenções referenciaram o espaço geográfico e definiram a armadura urbana do que são
ainda hoje as concentrações urbanas definíveis como cidades e funcionando enquanto tal. Foram
um poderoso marco de modernidade, embora, tal como é vivido o ethos colonial, de uma
profunda desigualdade. Se transportaram conhecimento, transportaram também ideologia -
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conquanto em muitos se distinga a carga da contradição, entre um ideário de liberdade e
igualdade e a sua inserção numa pesada malha de práticas sociais.
O estudo trata dos percursos desses arquitetos desde Portugal até aos trópicos e abrange tanto
profissionais pouco conhecidos como os considerados notáveis. Incide sobre trajetórias de
emigração e processos de fixação. A análise dessa dinâmica permite identificar padrões de
relacionamento social e profissional e distinguir traços específicos consubstanciais à análise de
redes sociais.
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Tema 2 – Ciência para o Desenvolvimento Global
1ª Sessão – Saberes tradicionais e governação local
Moderadores: Jean-Pierre Contzen e Maria das Graças Lins Brandão
Carlos Almeida
Arquivo Histórico Ultramarino, Instituto de Investigação Científica Tropical
Durante mucho tiempo España apenas prestó atención a las tierras guineanas cedidas por parte
de Portugal a finales del siglo XVIII. Aunque por lo general la bibliografía centra la atención en
Manuel Iradier, como el gran explorador paralelo a Livingstone, con mucha anterioridad al
mismo existieron otras expediciones y actuaciones individuales, cuyos testimonios son muy
poco conocidos. En los mismos se pasó de una primera observación costera, al reflejo de datos
de interés etnográfico, geográfico y de ciencias de la naturaleza, que han sido pasados por alto
por parte de la mayor parte de los investigadores.
En este sentido, en la aportación analizamos los datos recogidos desde el primer informe del
portugués Vicente Gomes Ferreira, la primera descripción del interior de la isla de Fernando
Poo (atual Bioco) por parte de José Varela, y el testimonio de Joaquin Primo de Rivera sobre
Annobón. Las referencias descriptivas de exploradores y autores sucesivos, como Marcelino
Andrés, José de Moros, Guillemard de Aragón, Joaquín Usera,el cónsul inglés Thomas J.
Hutchinson, Martínez Sanz, Joaquín Navarro, Julián Pellón, o Muñoz Gaviría. A la luz de sus
datos comienza el análisis geográfico y climatológico, pero sobre todo sus observaciones
etnográficas resultan de gran interés.
Por un lado, reflejan la visión europea sobre los habitantes de la zona. Por el otro, documentan
aspetos etnográficos de gran interés. En otro sentido, manifiestan el inicio de la transformación
de muchos habitantes en la antigua Clarence (Santa Isabel, Malabo). Pero también ofrecen datos
históricos importantes sobre la realidad colonial, en especial, las propias limitaciones que en la
época tenía la presencia española.
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A viagem do botânico Júlio Henriques à Ilha de São Tomé (1903)
“Desde quando o Jardim Botanico da Universidade de Coimbra começou a ter relações com os
agricultores da ilha de S. Tomé, enviando-lhe plantas úteis e entre elas principalmente as da
quina, para que encetassem novas culturas, nutri desejo de visitar esta ilha para ver e estudar
processos agrícolas e para contemplar a esplêndida vegetação tropical.”
Como se lê nas palavras de Júlio Henriques, desde que iniciou funções como professor na UC, e
especialmente quando foi nomeado diretor do Jardim Botânico, que desejou conhecer a ilha de
S. Tomé. Concretizou esse desejo em 1903, quando contava já 65 anos. Partiu de Lisboa, no
navio Benguela, e desembarcou em S. Tomé onde foi recebido com entusiasmo pelos
administradores/proprietários de várias roças, pois não era comum receber a visita de um ilustre
professor, interessado no progresso da agricultura tropical. Iniciou a visita na roça Boa Entrada,
percorreu diversas outras roças e regiões da ilha e terminou o percurso na roça Rio do Ouro.
Regressou a Lisboa a bordo do Cabo Verde.
Regressado a Coimbra, e uma vez que “o tempo passado na ilha foi curto para dela obter
conhecimento completo”, Júlio Henriques intensificou os estudos sobre aquela região. O
resultado desse intenso trabalho foi publicado, catorze anos depois, no Boletim da Sociedade
Broteriana com o título “A Ilha de S. Tomé sob o ponto de vista histórico-natural e agricola”.
Nesta comunicação propomo‐nos analisar e divulgar o impacto da viagem de Júlio Henriques na
agricultura tropical e no conhecimento da biodiversidade de S. Tomé.
Este trabalho é financiado por Fundos Nacionais através da FCT – Fundação para a Ciência e
Tecnologia no âmbito do projeto «HC/0064/2009 - A História da Botânica na Universidade de
Coimbra e a sua expressão no mundo lusófono: de Brotero a Abílio Fernandes».
Natural history of useful plants from America: rediscovering the medicinal plants
of Brazil
Plants have been used as a food and medicinal sources in the Americas for thousands of years
by the Amerindians. The Portuguese and Spanish brought several of these species to Europe at
the beginning of the 16th century and Brazilian plant remedies, such as copaiba (Copaifera
spp.), ipecacuanha (Psychotria ipecacuanha (Brot.) Stokes) and curares (Chondodendron sp.)
have expanded to several parts of the world. Historical research can be very helpful for
recovering valuable ethnopharmacological data regarding the use of plants. In Brazil, this is
important and necessary due the intense and continuous destruction on native vegetation, since
the discovery of the country in 1500. Much of the available information about the use of native
medicinal plants in Brazil has been compiled by European naturalists who travelled throughout
the country in the 19th century. The data and materials recorded by them, and deposited in
European Institutions, served as an important source of information about the use of plants. At
that time, the native flora was conserved, and Brazilian vegetal species were predominantly
used in a traditional medicine. Since 2003, our researcher group has been recovering data and
images of useful plants native of Brazil in historical bibliography and providing this information
in a website (www.dataplamt.org.br), in literature produced by the group (including translation
of historical books for portuguese language) and in materials for popularization of science. The
objective is to contribute to the preservation and better use of the native vegetation of Brazil.
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Tema 2 – Ciência para o Desenvolvimento Global
2ª Sessão – Desenvolvimento, crescimento económico e internacionalização
Moderadores: Jorge Braga de Macedo e Ana Morgado
O autor faz uma nota breve de enquadramento da situação política e económica nos finais do
século XIX, a Revolução Industrial, a necessidade de matérias primas de origem tropical para o
funcionamento das fábricas da Europa, a procura de novos mercados para os produtos
manufaturados, a Conferência de Berlim, a Doutrina de Monroe, a divisão de África por
interesses de países europeus, a vulnerabilidade de Portugal, ligado a territórios africanos por
«direitos históricos», a imposição da «ocupação efetiva», a doutrina de Cecil Rhodes e o «Mapa
cor de rosa». A reação portuguesa atrasada e insuficiente, os exploradores e os técnicos da
Administração, a contratação de técnicos agrários estrangeiros por não os haver em Portugal
(onde o ensino era «totalmente omisso em relação aos assuntos coloniais») habilitados para as
funções, os reflexos negativos nos direitos portugueses da ação destes técnicos. A criação da
Escola Colonial para preparar funcionários administrativos e o ensino agronómico Colonial cuja
lecionação foi entregue ao Instituto de Agronomia e Veterinária. Breve resumo das diferentes
fases deste curso (a criação, a preparação de docentes, um Jardim Colonial a especialidade
colonial e a licenciatura em Engenheiro agrónomo colonial). O ensino agronómico e as fontes
de financiamento para a investigação e formação dos professores. A integração do Jardim
Colonial na Burocracia do Ministério das Colónias e seus reflexos negativos. A criação de
novas disciplinas para uma melhor eficiência do ensino. A reforma de fevereiro de 1952 e seus
reflexos no ensino tropical com a criação do primeiro curso de pósgraduação no Instituto
Superior de Agronomia.
As tentativas da criação de um ramo de opção no ensino agronómico e florestal sobre
agronomia e silvicultura tropicais no Instituto Superior de Agronomia que se veio a concretizar
mais tarde e com ele outras disciplinas de índole tropical, A criação do CIAT (IIC/ISA), seus
sucessos e dificuldades.
O autor, pelos anos de experiência muito vivida, indica vários caminhos de colaboração
institucional, aproveitando e valorizando melhor os recursos disponíveis, entre eles a criação de
um Instituto Internacional de agronomia tropical com diferentes organismos a trabalhar em
«rede» incluindo a criação de estações nos trópicos para uma melhor inserção dos estudos nas
ecologias locais. Outras sugestões serão apresentadas como pontos de reflexão.
Ana Ribeiro, Luís F. Goulão, Ana M.P. Melo, Isabel Palos e José C. Ramalho
Centro de Ecofisiologia, Bioquímica e Biotecnologia Vegetal, Instituto de Investigação Científica
Tropical
A biotecnologia constitui uma poderosa ferramenta com aplicação em várias áreas. De entre as
principais aplicações, destacam-se os programas de conservação e caracterização da
biodiversidade, a bioremediação, o melhoramento genético, a biosegurança, a biomedicina,
entre outros. No entanto, a implementação de programas de biotecnologia é bastante onerosa e
requer a disponibilidade de massa crítica devidamente qualificada. Nesta conferência será
apresentado um caso de estudo de colaboração interinstitucional, entre o Centro de
Ecofisiologia, Bioquímica e Biotecnologia Vegetal do Instituto de Investigação Científica
25
Tropical (Eco-Bio/IICT) e várias instituições de Moçambique, visando a maximização de
recursos materiais e humanos, a capacitação institucional e a excelência científica. Este
programa desdobra-se em 3 vertentes, designadamente i) investigação, ii) formação e
capacitação de recursos humanos e iii) definição de estratégias e assessoria.
Presentemente o Eco-Bio participa em vários projetos de investigação aplicada à gestão
sustentável de recursos genéticos vegetais, contribuindo com ações de caráter científico, técnico
e de capacitação, com destaque para a batata doce e matas de miombo.
Para além das atividades de investigação, o Eco-Bio tem estado ativamente envolvido em várias
atividades de docência (licenciatura e mestrado), orientação de teses e ações de capacitação.
Neste contexto, promoveu a criação da Plataforma de Biotecnologia de Plantas para a CPLP,
que congrega várias instituições portuguesas, visando a mobilidade de docentes e estudantes no
espaço CPLP.
O Eco-Bio integra ainda a comissão instaladora do Programa Nacional de Biotecnologia do
Ministério da Ciência e Tecnologia de Moçambique, ao abrigo do qual colaborou na
implementação do 1º curso de Mestrado em Biotecnologia de Moçambique, cuja primeira
edição teve início em 2011.
26
Le rôle du gouvernement dans l’économie sociale et ses politiques de coopération
internationale pour le développement régional
O Rio Cuanza é um dos mais importantes de Angola, quer em extensão, quer em valor
ecológico. A beleza natural do estuário do Cuanza e a sua localização a cerca de 70km a sul de
Luanda, dotam esta zona de elevado potencial para a implementação de infraestruturas turísticas
e residenciais. Neste trabalho caracteriza-se a estrutura e composição dos principais tipos de
vegetação lenhosa da Barra do Cuanza e discute-se o respetivo estado de conservação.
A vegetação lenhosa da Barra do Cuanza, é composta por dois grandes grupos de comunidades
vegetais: mangais e vegetação lenhosa aquática no leito e margens alagadas do rio e savanas
arborizadas nas zonas baixas não alagadas e nas zonas de encosta.
Os mangais têm uma estrutura com grande desenvolvimento em altura, elevada cobertura total,
estrato arbóreo de 20 a 25m e estrato arbustivo 3 a 5m de altura. O estrato arbóreo é composto
exclusivamente por Rhizophora racemosa e no estrato arbustivo é dominante Dalbergia
ecastaphyllum. Ligeiramente a montante, onde a salinidade da água é menor, ocorre igualmente
nas margens e leito do rio vegetação lenhosa com espécies aquáticas e hidrófilas
maioritariamente de porte arbustivo, dominada frequentemente pela palmeira Raphia vinifera e
por D. ecastaphyllum.
Nas zonas baixas não alagadas ocorre savana, regularmente queimada, em que o estrato
herbáceo é dominado por gramíneas e o estrato arbóreo é constituído pela palmeira Hyphaene
guineensis. Nas encostas sobranceiras ocorre igualmente savana arborizada em que Adansonia
27
digitata, Euphorbia conspicua e Sterculia setigera, são dominantes no estrato arbóreo, sendo o
estrato arbustivo dominado por plantas espinhosas e o estrato herbáceo por gramíneas e plantas
suculentas.
O estudo e preservação da vegetação da Barra do Cuanza constituem uma base importante para
o desenvolvimento sustentado desta zona estuarina.
Mantendo uma atividade iniciada ainda no século XIX e prosseguida durante todo o século XX,
o estudo da flora e vegetação da Guiné-Bissau por investigadores portugueses é atualmente
desenvolvido através de projetos de investigação e desenvolvimento executados com a
colaboração de parceiros guineenses. Nesta comunicação são discutidos os principais
contributos para o avanço do conhecimento nas várias áreas relacionadas com a diversidade
vegetal.
Referem-se os estudos pioneiros desenvolvidos durante as primeiras décadas do século XX,
centrados no reconhecimento da flora e vegetação e sua utilização pelas populações autóctones.
A partir de meados desse século foi intensificada a colheita de espécimes botânicos e foram
iniciados estudos fitossociológicos e sobre a vegetação florestal, que resultaram em numerosas
publicações. Após a independência da Guiné-Bissau o estudo da diversidade vegetal do seu
território tem prosseguido sob a forma de projetos de investigação envolvendo instituições
locais, quer estatais, quer não governamentais, executados frequentemente também em
colaboração com outras entidades nacionais e estrangeiras.
De entre as linhas de investigação desenvolvidas atualmente e cuja atividade se perspetiva para
o futuro próximo são de referir a ecologia da vegetação, a cartografia e monitorização do
coberto do solo, relacionadas com a desflorestação e as consequências das alterações climáticas,
e os estudos de etnobotânica, nomeadamente sobre a utilização medicinal das plantas.
Rui Figueira1,3, Susana Saraiva2, Patrícia Conde2, Eurico S. Martins1, Maria Romeiras1 e
Maria Cristina Duarte1
1. Jardim Botânico Tropical, Instituto de Investigação Científica Tropical
2. Bolseiras FCT, Instituto de Investigação Científica Tropical
3. CERENA, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
A Missão Botânica de Moçambique (MBM) foi criada com a finalidade de elaborar estudos e de
recolher materiais e elementos indispensáveis para a elaboração da Carta Fitogeográfica para o
Atlas de Portugal Ultramarino, conforme o objetivo definido aquando da sua constituição. O
reconhecimento do território, e da vegetação, desenvolvido nas três campanhas da MBM, entre
1942 e 1948, em conjunto com o Reconhecimento Fitogeográfico de Moçambique,
encomendado a Rocha da Torre (1940-1944), permitiram o esboço da referida Carta, publicada
em 1948.
Os itinerários das expedições são revisitados no decorrer desta comunicação, percorrendo os
trajetos com base na sua representação geográfica, à qual se associa a informação iconográfica
do Álbum Fotográfico elaborado durante a própria expedição. As fotografias, situadas no
espaço-tempo, permitem a análise e a interpretação das formações vegetais identificadas pelos
coletores da MBM. É possível refazer, portanto, o processo de criação da Carta Fitogeográfica,
confrontando-o com o maior conhecimento botânico entretanto adquirido para aquele país, e
28
com as ferramentas e dados acessíveis no domínio da informática para a biodiversidade,
exploradas de modo interativo.
Mozambique is rich in natural resources. However armed conflicts, people relocations, land-use
changes had major effects in the country’s biodiversity. In fact, the long period of internal
armed conflicts (1980-1992) lead to species extinction and degradation of important
ecosystems. Information on biodiversity during this period is scarce. Consequently, large areas
of the country are poorly documented. And even today, there are few assessments of the
country’s biodiversity that account for recent global changes at a macro-scale.
Natural history collections are repository of the vouchers for the documentation on what species
exists and where, what are their habitat requirements, what ecological associations they have
with other species. The collections allow the comparison of specimens across space and time,
and document patterns of past and present distribution. Hence, we believe that zoological
expeditions conducted prior to Mozambique's armed conflicts can notably inform on its
potential biodiversity. Furthermore this data can be used to predict the future effects of human
population growth and climate change on species ecological niches.
We will present the ongoing project which intends to 1)infer on the vertebrates diversity
potential of the country, and identify biodiversity losses during war period; 2)model the
potential effects on vertebrate biodiversity of global changes; 3)select areas that should be
protected (reserves and corridors).
The first milestone of the project is to construct a GIS database with vertebrate records for
Mozambique biodiversity. We are gathering and updating data from zoological expeditions
carried out in Mozambique and kept at Portuguese and European Museums.
Fernando C. Lidon1, António E. Leitão2, Luis F. Goulão2, Ana Ribeiro2 e José C. Ramalho2
1. Departamento de Ciências e Tecnologia da Biomassa, Faculdade de Ciências e Tecnologia,
Universidade Nova de Lisboa
2. Centro de Ecofisiologia, Bioquímica e Biotecnologia Vegetal, Instituto de Investigação Científica
Tropical
29
desenvolver farinha de trigo biofortificada simultaneamente em Fe e Zn e destinada a
populações com baixo poder económico, nos países em vias de desenvolvimento. O estudo
descriminará estudos de fertilização em ambiente controlado, localização e deposição de macro
e microelementos, fatores de mobilização de fotoassimilados e respetiva tradução nutricional em
sementes de trigo.
O IICT desenvolveu trabalhos de geologia nos Trópicos durante os últimos 50 anos, abrangendo
sobretudo as antigas colónias portuguesas e, dentro destas, com particular destaque para Cabo
Verde, Guiné-Bissau e São Tomé. Nestes países processou-se cartografia geológica de base
sobre quase todo o território, totalizando vários anos de trabalhos de campo que culminaram
com a edição de cartas geológicas a escalas entre 1:25.000 e 1:400. 000. De referir ainda, não só
a publicação de informação científica vasta, mas também a edição da Carta Geológica de
Angola, na escala 1:1.000.000, como síntese do trabalho de muitos autores, coordenada pelo
IICT.
Centrar-nos-emos no caso da Guiné-Bissau, com a apresentação dos trabalhos que levam à
publicação em 2011 da Carta Geológica na escala 1:400.000, a qual se apresenta.
O IICT iniciou trabalhos de geologia na Guiné-Bissau na década de 50, que se focaram depois
na área da paleontologia na década de 60, mas foi após a independência do país que, entre 1981
e 1989, através de Heitor de Carvalho e com apoio do ICE (atual IPAD), se desenvolveram
missões esporádicas de reconhecimento geológico, já com o objetivo de implementar a
publicação de uma Carta Geológica, uma vez que apenas existiam levantamentos parciais ou
então cartas na escala 1:500.000 de difusão muito reduzida (como era o caso de Teixeira 1968,
inserida num livro, ou de Mamedov 1980, disponível apenas em cópia heliográfica).
O projeto Cartografia Geológica (IICT-DGGM-IPAD-FCT) teve início em 1991, sendo sujeito
a prolongamentos e interrupções diversas até dar lugar à publicação da Carta Geológica da
Guiné-Bissau em 2011, beneficiando do apoio institucional do LNEG (2006-2011) e do IPAD.
Esta Carta, em formato frente e verso, que inclui o desenho de uma nova base topográfica do
país, apresenta a geologia de superfície, bem como as unidades litostratigráficas de
subsuperfície e do substrato, com as respetivas profundidades de ocorrência. Correspondendo de
certo modo a uma carta de Geodiversidade, engloba ainda informação hidrogeológica,
hipsométrica, administrativa e bibliográfica.
Corresponde ao culminar de cerca de 30 meses de missões IICT-DGGM no território, com
viatura própria, levando à colheita de cerca de 2.500 amostras e à consulta e seleção de dados de
entre quase toda a informação existente na Direção Geral de Geologia e Minas e na D.G. dos
Recursos Hídricos, entidades que colaboraram de forma ativa com este projeto.
Nesta edição foram coligidos dados de muitos outros geólogos que trabalharam no país, como
foi o caso de autores francófonos e da ex-URSS, sendo de destacar ainda a colaboração de
instituições como o PNUD, UNICEF, Enafur e Embaixada de Portugal.
Faz-se uma apresentação da metodologia de trabalho seguida, realçando-se as características
particulares da Guiné-Bissau e a interação geologia / população que decorre da necessidade de
obter informação objetiva sobre o território, como país muito aplanado, com depósitos de
cobertura espessos e parco em afloramentos. Estes aspetos são indissociáveis da sua geologia e
condicionam fortemente os trabalhos de campo e a interpretação cartográfica e geodinâmica.
30
Desde os estudos geológicos e as concessões portuguesas de exploração de minério
em Goa nos anos 50 até à atualidade: uma escolha difícil entre uma pretensa
espinha dorsal económica e a espinha dorsal real de ecossistema regional
Teotónio R. de Souza
Departamento de História, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias
Na base de estudos elaborados por T.S. Mota, Carrington da Costa, Luis Aires Barros, Mariano
Feio, C. Teixeira e outros investigadores da Junta de Investigações do Ultramar, o governo
colonial português aprovou por volta de 700 concessões de terrenos para exploração de minas
de ferro e manganês nos anos 50. Foi o começo de uma exploração que tem evoluído de uma
exportação de 100 toneladas em 1947 para 33 milhões de toneladas em 2010, um aumento
motivado em grande parte pela procura chinesa para a construção dos seus estádios olímpicos.
As autoridades indianas federais e estatais consideram a exportação do minério um recurso
indispensável para a economia nacional e do estado de Goa. Mas as consequências visíveis
apontam para uma destruição acelerada da inteira zona florestal do interior de Goa que inclui a
região de gates ocidentais, reconhecida como uma das zonas mais ricas de biodiversidade
mundial.
Este estudo da problemática será baseado em vários relatórios científicos publicados e outros
em curso, bem como as conclusões das comissões de investigação nomeadas pelos governos
federal e estatal, e outras agências não-governamentais, tais como Goa Foundation, que foi a
primeira a pedir a intervenção do Supremo Tribunal da Índia.
7 de janeiro
Tema 2 – Ciência para o Desenvolvimento Global
4ª Sessão – Saber Tropical na era das ómicas
Moderadores: Rui Malhó e Maria do Céu Silva
Forest trees constitute 82% of the continental biomass and harbour more than 50% of the
terrestrial biodiversity (Neale & Kremer, 2011). Forest have an prominent role for economy and
ecology, and also represent our cultural and patrimonial heritage. In 2050 it is expected that
world population reaches the 9 billion, and the demand for food and for wood and wood
products, and energy will be increase dramatically, with consequent competition for land use.
Highly productive and low input forest tree plantations are excellent alternatives for wood and
forest products sources to circumvent the demand for wood will be met from native forests.
Forest genomics can contribute for high productive and healthy forest plantations.
Understanding the molecular mechanisms of the formation of wood and other forest products
and plant-environment interactions has been the main driving force for the development of
genomic resources. Beyond this aspect, genomic tools applied perspective is to support the
different breeding programs, conservation, restoration and management of natural forests. The
Forest Genomics Laboratory (FGL) at IICT’s Forest and Forest Products Center aims studying
the molecular mechanisms of regulation of wood formation and adaptation of tropical and
subtropical forests to adverse environmental conditions, in the frame of global climate change.
The FGL develops their activity in close collaboration with Plant Cell Biotecnology Lab at
ITQB/IBET Institutes (Portugal) and with LRSV (CNRS/UPS, Toulouse, France). The research
as being support by several Fundação para a Ciência e a Tecnologia funded projects. FGL is
open for cooperation with CPLP Forest Institutes on genomic research and advance formation.
31
Better legumes and pastures for drought prone regions
Legumes belong to a vast family of plants with a role in terms of food (grains) and animal
(forage and pasture), economy and sustainable agriculture. Among legumes, common bean
(Phaseolus vulgaris L.) is one of the most important grain legume crop with a role as a food
source for both human consumption (grain) and as fodder (leaves and stalks) mainly in Latin
America and Sub-Saharan Africa, where drought is a major problem. As much of 300 000 T of
beans are lost to drought annually in Africa. Quality, culinary and nutritional values of beans are
also affected by drought. However, they are described as relatively susceptible to conditions of
water deficit and salinity (characteristics of the dry season in tropical regions), being an
important aspect to take into account in breeding programs.
Our group is interested in developing approaches for functional genomics (transcriptomic,
proteomics and metabolomics) that when combined with classical methods of plant physiology
to identify and understand the molecular mechanisms underlying the responses of Medicago
truncatula legume model and Phaseolus vulgaris to abiotic stresses.
The research is being developed in close collaboration with Plant Cell Biotecnology Lab at
ITQB/IBET Institutes. The research as being support by several Fundação para a Ciência e a
Tecnologia funded projects and constitutes an opportunity for research collaboration with CLPL
research Institutes.
A project devoted to international cooperation with more than half a century: the
creation of Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro (CIFC) in Portugal
Vítor Várzea, Pedro Talhinhas, Ana P. Pereira, Leonor Guerra-Guimarães, Helena Gil
Azinheira, Andreia Loureiro, Dora Batista e Maria do Céu Silva
Centro de Investigação das Ferrugens do Cafeeiro, Instituto de Investigação Científica Tropical
The importance of leaf rust, the major coffee disease worldwide, led the Governments of USA
and Portugal to found CIFC in 1955. Since then, CIFC played a central role creating an
International Research Network of over 40 coffee growing countries (CGC) on coffee leaf rust
(CLR) and more recently on coffee berry disease, aiming to assist CGC in developing resistant
varieties to these diseases. Based on unique world germplasm collections (plants and pathogens)
established at CIFC, research activities enabled the characterization and selection of resistant
plants, with particular emphasis on the highly resistant Híbrido de Timor (HDT), which
subsequently was used in breeding programs in CGC, generating over 90% of rust resistant
varieties cultivated worldwide. However, recently, some of these varieties lost their resistance
due the appearance of new rust races. This situation is of great concern and is leading several
research institutions from CGC to request CIFC’s support. To meet these requests, CIFC
developed an international action plan, including the characterization of the virulence of those
new rust races and the identification of coffee plants with broader spectrum of resistance,
combining genetics and plant pathology studies with phylogenetic, transcriptomic and
proteomic approaches. This plan also involves capacity building and technology transfer to
CGC, namely: supply of newly characterized resistant plants; training of
technicians/researchers; consultancy to breeding programs in CGC such as Brazil, India,
Thailand, China, Angola and Tanzania. This plan will contribute to the development of
strategies to achieve durable disease resistance, promoting the development of a sustainable
coffee economy.
32
Posters
Tema 1 – Os Trópicos na História da Ciência
1ª Sessão – Coleções históricas e científicas: estratégias pra o século XXI. I
O herbário do IICT (LISC) é constituído por cerca de 300.000 espécimes, uma grande coleção
carpológica e numerosos espécimes conservados em meio liquido. Existe uma vasta
documentação associada, incluindo fotografias, desenhos originais, mapas e cadernos de campo,
bem como utensílios e equipamento, que complementam o acervo do Herbário.
No seguimento da missão do IICT, o herbário tem por objetivos apoiar investigação científica,
garantir a preservação e acesso das coleções e também promover o intercâmbio científico entre
países da CPLP.
A atual investigação científica percorre já várias áreas, como a biossistemática e ecologia
tropicais, a etnobotânica e etnofarmacologia, a biogeografia, a conservação da biodiversidade,
entre outras. Alguns projetos recentes (e.g. Imbamba, Maerua, LisTypes) têm vindo a ser
executados no sentido de informatizar e tornar acessíveis em formato digital as coleções do
herbário.
No entanto, o acervo do herbário tem ainda um grande interesse histórico-científico, essencial
para compreender o contexto da investigação portuguesa nos países tropicais e um elevado
potencial expositivo, que devem também ser valorizados.
Neste sentido, a divulgação e usufruto do património pela sociedade podem ser promovidos
através de uma programação expositiva de qualidade, que requer um conjunto de valências
ativas e bem coordenadas entre si: a preservação do espólio, uma forte componente de
investigação e o acesso fácil ao acervo.
Nesta comunicação propõe-se um alinhamento concetual que conjugue as diferentes valências
referidas no sentido de incrementar a função expositiva do herbário. Para tal a coerência
narrativa deverá ser articulada com a flexibilidade na exploração de novas temáticas, formatos e
espaços expositivos.
O projeto LisTypes – Digitising African Types at Lisbon Herbaria teve início em 2004 nos
herbários do IICT (LISC) e da Universidade de Lisboa (LISU). Foi financiado pela fundação
norte-americana The Andrew W. Mellon Foundation através da African Plants Initiative, agora
alargada no seu âmbito e designada por Global Plants Initiative.
O projeto Listypes teve três fases em LISC, tendo as duas primeiras como objetivo a
digitalização e disponibilização online de imagens de alta resolução dos espécimes-tipo
africanos e informação associada. Foram digitalizados cerca de 3150 tipos, a maioria dos quais
de Angola e Moçambique (66 %), sendo John Gossweiler, Hans Joachim E. Schlieben, António
Rocha da Torre e Georges Le Testu os coletores mais bem representados. Na terceira fase,
procedeu-se também à digitalização de 87 cadernos de campo depositados no herbário LISC.
33
Em LISU, dentro das coleções africanas destaca-se pela sua dimensão e importância histórica e
científica a coleção de F. Welwitsch, com cerca de 9400 exemplares. Assim, neste herbário foi
dada prioridade à informatização da sua coleção botânica de Angola colhida durante a
expedição Iter Angolense (1853 – 1860). Já estão disponíveis online 2747 tipos desta coleção,
prevendo-se a conclusão do projeto em 2013.
Os dados obtidos no âmbito deste projeto, juntamente com os das outras instituições que
participam na Global Plants Initiative, estão disponíveis em http://plants.jstor.org/. Os dados de
LISC estão também disponíveis através da rede internacional Global Biodiversity Information
Facility (http://www.gbif.org/), do Arquivo Científico Tropical Digital do IICT
(http://actd.iict.pt/) e do Portal de Coleções do JBT (http://maerua.iict.pt/coleccoes/)
34
Apresentam-se duas metodologias diferentes neste processo de georeferenciação aplicadas a
casos distintos: no primeiro caso, em que as coordenadas são conhecidas com exatidão, porque
o trabalho fotográfico está integrado em contexto da Missão Pedológica de Angola onde já
existe uma cartografia de base; e num segundo caso, menos preciso, as fotografias chegaram à
atualidade sem informação agregada e apenas como ilustração do trabalho realizado pelas
Missões Geodésicas, sendo por isso necessário encontrar formas de chegar às coordenadas
através de ferramentas freesource online (Google).
Desta forma, pretende dar-se acessibilidade não só à comunidade científica, como a um público
alargado, permitindo que a pesquisa das imagens leve a diferentes “viagens” e abordagens dum
mesmo local.
Devido à sua história colonial, Portugal possui um número considerável de objetos etnográficos
extraeuropeus, espalhados por museus e outras instituições. Não raras vezes, essas coleções são
apresentadas numa perspetiva histórica, cronológica ou temática, sendo incapazes de suscitar
interesse num público alargado. Nesta comunicação pretende-se apresentar algumas
possibilidades de exploração dos objetos etnográficos em contextos museológicos que sejam
mais condizentes com os desafios da museologia contemporânea. Este trabalho assenta no
pressuposto de que o objeto etnográfico, em vez de portador de significados intrínsecos, deve
ser visto e explorado nas suas múltiplas potencialidades semânticas (Shelton 2001), ou seja, nas
possibilidades de ser continuamente reinterpretado por diferentes agentes em diferentes
contextos. Trata-se, portanto, de abrir o objeto etnográfico a interpretações diversas, que surgem
quer através da investigação do objeto, quer através do diálogo com diferentes agentes que com
ele possam estar relacionados. O poster apresentará a forma como um determinado objeto pode
ser lido e interpretado de diferentes maneiras, demonstrando-se simultaneamente a natureza
contingente do objeto etnográfico e a impossibilidade de se continuarem a perseguir discursos
essencializados sobre o objeto. Através deste método – a exploração de diferentes
representações do objeto etnográfico – espera-se simultaneamente incluir o objeto quer em
teorias quer em visualidades contemporâneas, ao mesmo tempo em que se pretende alargar as
potencialidades de comunicação dos objetos etnográficos com os públicos dos museus.
A comunicação tem por objetivo apresentar o resultado prático da realização de uma das
atividades integrantes do Serviço Educativo do IICT: a Oficina de Educação Patrimonial
“Descobrindo um Objeto”. A Oficina teve como objetivo geral desenvolver uma atividade
educativa utilizando como tema e foco central de trabalho a Exposição “Viagens e Missões
Científicas nos Trópicos 1883-2010” e o património cultural mostrado na referida mostra,
explorando as capacidades dos participantes para a observação, perceção e interpretação dos
objetos e espécimes representativos das coleções científicas apresentadas.
Atuando como forma auxiliar para a educação não-formal, a atividade visa também estimular e
aguçar o olhar do público-alvo para outras exposições e eventos que envolvam temáticas
relacionadas à preservação e divulgação do património cultural, natural e científico.
35
Teve sua primeira edição em 21 de julho de 2011, como evento integrante da Colónia de Férias
do IICT realizada no Jardim Botânico Tropical (Belém), com grupo de 12 crianças de 6 a 12
anos e duração de 2 horas.
Susana Saraiva1, Maria Adélia Diniz2, Eurico S. Martins2, Luís Catarino2 e Rui Figueira2,3
1.Bolseira FCT, Instituto de Investigação Científica Tropical
2.Jardim Botânico Tropical, Instituto de Investigação Científica Tropical
3.CERENA, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
Nas três Campanhas da Missão Botânica de Moçambique (MBM), que ocorreram em 1942,
1944-1945 e 1947-1948 foram colhidos cerca de 7600 espécimes botânicos. Os principais
intervenientes nestas campanhas foram Francisco Ascensão Mendonça, José Gonçalves Garcia e
Luiz Augusto Grandvaux Barbosa. Além destes, António Rocha da Torre, que havia iniciado
colheitas no território na década de 1930, foi encarregado do respetivo reconhecimento
fitogeográfico entre 1940 e 1944, colhendo um total de cerca de 6800 espécimes e integrou a
terceira campanha.
As coleções destes exploradores encontram-se no herbário do Instituto de Investigação
Cientifica Tropical (LISC), sendo que numerosos duplicados dos espécimes então colhidos
foram distribuídos por vários herbários, nomeadamente moçambicanos (e.g. LMA, LMU), de
outros países africanos (e.g. EA, LUAI, PRE, SRGH), e de países europeus e americanos (e.g.
BM, BR, COI, K, MO, P, WAG).
36
Os resultados científicos destas explorações botânicas estão a ser estudados no projeto
“MAERUA – Motivações e resultados da Missão Botânica de Moçambique”, verificando-se
que muitos dos exemplares coletados deram origem à descrição de espécies novas para a
ciência, publicadas nos anos subsequentes, frequentemente com nomes homenageando os
coletores.
Neste trabalho faz-se uma avaliação da importância das colheitas efetuadas nas décadas de 1930
e 1940 para o conhecimento da flora do território, em particular a partir das espécies novas para
a ciência descritas tendo por base estes materiais e para publicações posteriores como a Flora
Zambesiaca e a Flora de Moçambique.
37
1883) a quem se deve uma das primeiras contribuições para o conhecimento da flora de Timor-
Leste. Já em meados do século XX, destaque especial será dado ao português Ruy Cinatti que,
entre outros trabalhos, publicou o “Esboço histórico do sândalo no Timor Português” e
“Explorações botânicas em Timor”. Com base na sua importante obra “Useful plants in
Portugueses Timor. An historical survey” e em trabalhos de outros autores será referido o uso
tradicional de algumas espécies de plantas, nomeadamente as usadas na medicina tradicional.
Por fim, e tendo em conta que a cultura de Timor-Leste reflete inúmeras influências e uma
enorme riqueza em línguas e dialetos, para além do tétum e do português, especial relevo será
dado ao trabalho de Ruy Cinatti sobre a utilização do vocabulário indígena no conhecimento da
Flora de Timor-Leste.
38
cientistas envolvidos no projeto, perseguindo a forma como esse fenómeno se constrói e se
explica no tecido social português.
Early Iron Age spread into Northern Mozambique: revising the data from the
Mozambique Anthropological Missions (1946)
The Mozambique Anthropological Missions of 1946 provided the opportunity for Professor
Santos Júnior to excavate two important Early Iron Age archaeological sites in Northern
Mozambique: the Riane Rock-Shelter, in Nampula Province, and Malessane in the Gurué
mountains of Zambezia Province.
Both remained unpublished and unknown till a first reference was made in Conceição
Rodrigues PhD dissertation (2005).
The importance of both sites for the understanding of Early Iron Age Eastern Stream Bantu
migrations is here addressed in comparison with other archaeological sites either from
Mozambique or other surrounding countries.
This is a presentation of a brief study about a small assemblage of lithic artifacts collected in
Northern Angola at the end of the 50’s and currently kept at Instituto de Investigação Científica
Tropical (Lisboa).
The aim of this study is to associate this find to the more recent archaeological data from the
region and evaluate the importance of the assemblage in terms of the archaeohistory of Angola.
With the macroscopic analysis of the stone tools it was possible to associate the assemblage to
the Ngovo Group, a group of archaeological sites with a distinctive industry of pottery and stone
tools identified in Lower Zaire/Northern Angola. Thereby the polished stone tools from S.
Salvador do Congo (currentlyM’banza Congo) are unequivocal artifactual markers of the
western expansion of the African Neolithic to the southern fringes of the equatorial forest.
Victor Filipe
Investigador Independente
With this presentation it is intended to introduce the project The Early and Late Farming
Communities of Central Mozambique: the coastline and the Revué and low Buzi river valleys,
recently submitted in an application to the PhD position in African and Comparative
Archaeology at the Department of Archaeology and Ancient History of the Uppsala University.
39
The aim of the project is to contribute to the knowledge of Farming Communities in the central
area of Mozambique (provinces of Sofala and Manica), seeking to fill in the gap in the
knowledge of the development and characterization of the settlement patterns in the region
during the first and second millennia A.D.. Special emphasis will be given to the influence of
Zimbabwe tradition and the existence of stone enclosures, as well as the commercial and
cultural relations with the coastal sites and the role of the later. In order to accomplish this, I
propose the realization of regional archaeological surveys focused in the coastline and in the
Revué and low Buzi rivers valleys, including the area near the border with Zimbabwe, in the
highland of Manica.
In parallel, one intends to work in strait collaboration with the colleagues of the Departamento
de Arqueologia e Antropologia of the Universidade Eduardo Mondlane as well as to contribute
to the formation of the students of the archaeology course from that university.
Mainly, it is expected that the information recorded in the surveys will shed light into the
settlement patterns of Early and Late Farming Communities of Manica and Sofala Provinces, as
well as in what regards to the relations between the coast and hinterland populations, and of the
former with the Indian Ocean trade systems (among others, Duarte, 1988; Wright, 1993; Insoll,
2003; Mitchell, 2005).
Paulo Valongo
Museu Nacional de Arqueologia, Benguela - Ministério da Cultura de Angola
O Museu Nacional de Arqueologia foi criado em 1976, é uma instituição vocacionada para
gestão do património arqueológico.
A sua criação teve como objetivo a recolha de todo o material arqueológico, a nível nacional e
também dar sequência aos trabalhos de pesquisa, iniciados nos anos trinta e quarenta, pelos
geólogos dos Serviços de Geologia e Minas de Angola, não obstante as primeiras informações
sobre os vestígios arqueológicos perdurarem desde os anos de 1800.
Após a independência de Angola, a brigada de pesquisa do museu efetuou trabalhos de campo,
que se baseavam na recolha de material à superfície em algumas áreas do país culminando com
as descobertas de diversas estações arqueológicas.
Nesta altura vivia-se um período crítico de guerra em Angola, esta atividade era realizada
somente no litoral de Angola, sobretudo em Benguela.
A brigada de pesquisa do MNAB, realizou conjuntamente com vários especialistas e
instituições internacionais, trabalhos de campo onde foram aplicados métodos mais recentes em
arqueologia.
Foram descobertas cerca de 50 estações arqueológicas após a independência que acrescidas às
16 do período colonial perfazem 66 estações controladas pelo MNAB.
Independentemente dos trabalhos de campo e de laboratório que o MNAB faz, procura
transmitir aos seus visitantes conhecimentos sobre os valores histórico-culturais do passado de
Angola.
Realiza receção diária de visitantes de diversos níveis académicos, e outros interessados, para
conhecimentos da realidade das atividades do MNAB.
Realiza periodicamente exposições itinerantes em escolas e outras instituições sociais da
província.
Realiza visitas a estações arqueológicas com a participação de escolas de diversos níveis
académicos, unidades militares, e outras instituições sociais.
40
Tema 1 – Os Trópicos na História da Ciência
4ª Sessão – Política e cultura científicas. II
Andreia de Almeida
Doutoranda do Departamento de História, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa
O presente colóquio é uma boa ocasião para lembrar o legado de António Mendes Correia,
investigador de renome internacional, com vasta obra publicada na área da Antropologia,
Arqueologia e Etnologia. Nascido no Porto a 4 de abril de 1888, este investigador português
pertenceu a uma geração de cientistas internacionais que se dedicou ao estudo da Antropologia
Física, também denominada de Antropologia Biológica, ramo da Antropologia que procurava
compreender a origem, a evolução, as variações e a constituição física do ser humano, entendido
como ser biológico. Por tal, foi um dos mais calorosos defensores da implementação de
investigações antropológicas nas Províncias do Ultramar, tendo sido diretor da Escola Superior
Colonial e presidente da Junta das Missões Geográficas e de Investigações Coloniais. Mendes
Correia foi um dos primeiros cientistas mundiais a colocar a hipótese da penetração de
elementos humanos na América do Sul através da Antártida, numa data geológica anterior à que
se pensava até então.
Licenciado em Medicina, em 1911, pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto, o fundador da
Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia foi professor catedrático da Faculdade de
Ciências e da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e membro de um variado número
de organizações nacionais e internacionais, como a Academia das Ciências de Lisboa, a
Academia Portuguesa da História, a Academia Pontifícia de Ciências, a Sociedade de
Antropologia de Paris… Foi, ainda, presidente da Câmara Municipal do Porto (1937-1941) e
presidente da Sociedade Portuguesa de Geografia (1952-1960).
41
representado a España en la Conferencia de Africanistas del Oeste, sin embargo a partir de
1946-1947 estuvo marginado del recién creado Instituto de Estudios Africanos. Martínez Santa-
Olalla verá vetada su participación en el Primer Congreso Panafricano de Prehistoria (Nairobi,
1947), y también su grupo será eliminado de la participación en la IV Conferencia de
Africanistas del Oeste, reunida precisamente en Guinea Ecuatorial en 1951.
A pesquisa arqueológica em Angola conheceu, desde o seu início no séc. XIX, diversas fases,
mas nunca obedeceu a um programa contínuo e sistemático.
O país reúne, agora, as condições necessárias para impulsionar a pesquisa científica e obter
reconhecimento interna e internacionalmente. Nesse sentido, conta com alguns projetos. Um
deles é o "Projeto Ebo", numa parceria que engloba instituições portuguesas e angolanas.
O objetivo geral do projeto consiste em construir uma dinâmica integrada, num território
circunscrito (Ebo), cujo relevante património possibilita associar as dimensões de investigação,
conservação e valorização patrimonial, num quadro global de gestão do património integrada
numa ótica de desenvolvimento sustentável. Assim, serão constituídas quatro frentes de
intervenção: arte rupestre, conservação, arqueologia da paisagem e antropologia cultural.
É essencial criar espaço para a afirmação da diversidade cultural das diferentes identidades. A
Arqueologia e a Arte Rupestre sublinham essa unidade da diversidade e devolvem a Angola a
dignidade de um passado profundo, complexo e crucial para a Humanidade. O "Projeto Ebo"
pretende ser um contributo para este grande desígnio.
Uma das primeiras “aplicações pacíficas” da energia nuclear diz respeito à utilização de
isótopos radioativos em diversos campos de atividade, em particular na saúde. Os isótopos
radioativos começaram a ser largamente usados a seguir à II Guerra Mundial e acabaram por se
tornar indispensáveis no diagnóstico e na terapêutica de inúmeras doenças.
Fernando Bragança Gil (1927-2009), que dedicou grande parte da vida científica à física
nuclear, e se tornou conhecido do público como Diretor do Museu de Ciência da Universidade
de Lisboa, começou a sua carreira científica no Laboratório de Radioisótopos da Junta de
Investigações do Ultramar, onde trabalhou cerca de dez anos. Durante esse período publicou, a
partir de 1956, e durante os dez anos seguintes, nos Anais do Instituto de Medicina Tropical, ou
noutras revistas, cerca de vinte trabalhos sobre a aplicação dos radioisótopos à medicina, em
particular à medicina tropical.
Nesta comunicação será apresentado o percurso daquele investigador e Professor nesta área de
investigação aplicada. Analisaremos a questão do ponto de vista social e institucional, em
particular o do impacto da utilização das técnicas nucleares na medicina tropical. Abordaremos
também os aspetos de desenvolvimento da carreira científica de Bragança Gil em particular, o
papel formativo, que tiveram as tecnologias relativas à utilização de isótopos na sua carreira
científica posterior.
42
Tragédias Tropicais: clima e seca na Obra de Thomaz Pompeu de Souza Brasil
Contributo de João da Silva Feijó para o conhecimento da flora das ilhas de Cabo
Verde no séc. XVIII
Maria Cristina Duarte1, Maria Manuel Torrão2, Lívia Ferrão1 e Maria Manuel
Romeiras1,3
1. Jardim Botânico Tropical, Instituto de Investigação Científica Tropical
2. Centro de História, Departamento de Ciências Humanas Instituto de Investigação Científica
Tropical
3. Centro de Biodiversidade, Genómica Integrativa e Funcional (BioFIG), Faculdade de Ciências,
Universidade de Lisboa
43
das ilhas e, simultaneamente, avaliar a forma como o papel de charneira de Cabo Verde nas
rotas atlânticas terá moldado a diversidade vegetal neste arquipélago.
Nas últimas décadas realizaram-se diversas missões etnobotânicas por toda a Guiné-Bissau,
integradas em projetos de cooperação, durante as quais se recolheram informações relativas à
utilização de plantas medicinais por Praticantes da Medicina Tradicional de diversos grupos
étnicos e à comercialização destas em mercados tradicionais. Simultaneamente foram
adquiridos materiais para estudo laboratorial. Estudos botânicos, químicos e farmacológicos
realizados em plantas medicinais selecionadas de acordo com as informações obtidas nestas
missões, permitiram validar a sua utilização tradicional e o estabelecimento de parâmetros úteis
para a sua garantia de qualidade. Cassia sieberiana DC., Cochlospermum tinctorium A. Rich.,
Cryptolepis sanguinolenta (Lindl.) Schltr., Guiera senegalensis J.F. Gmel., Sarcocephalus
latifolius (Sm.) Bruce e Zanthoxylum leprieuri Guill. & Perr. são exemplos de algumas das
plantas medicinais estudadas que constam dum Manual Prático elaborado pelos autores sobre as
plantas medicinais da Guiné-Bissau. Para cada espécie indica-se nome científico, família, breve
descrição, habitat, nomes vernáculos em diversas etnias, partes utilizadas e respetivas
utilizações, toxicidade relativa e conservação.
O saber medicinal tradicional é essencial para resolver problemas de saúde e para mitigar dores,
nos países latinoamericanos. Desde 1998 que, no Instituto de Investigação Científica Tropical
(IICT), venho pesquisando espécies vegetais usadas pelos cidadãos mais desfavorecidos, assim
como por adeptos da fitoterapia. Durante duas missões científicas à capital do estado do Pará
realizei amostragens sobre a prática da agricultura urbana no município de Belém, onde
verifiquei que as espécies usadas na medicina doméstica eram as mais cultivadas nos quintais,
após os frutícolas. Em 2005 organizei outra missão a Belém e a Barcarena do Pará, focalizando-
me, dessa vez, em dois outros grupos de informantes: os vendedores de ervas e os
fitoterapeutas. Em 2006 e 2007, subindo o rio Amazonas, realizei mais entrevistas sobre esta
temática no município de Santarém do Pará, que vieram enriquecer consideravelmente o acervo
de espécies exsicadas, preparados e mezinhas da mais diversa procedência (medicina doméstica,
curandeiros, vendedores). Finalmente, no ano de 2010, extraí uma amostra na cidade de São
Luís, no estado do Maranhão, considerado a porta de entrada da Amazónia brasileira. O
principal objetivo do trabalho de campo foi sempre o de estabelecer comparações entre as
plantas com poderes curativos usadas pelos informantes brasileiros, entre si, com as utilizadas
por outros povos latino-americanos, sob a hipótese de que a sua localização geográfica e a
história de colonização explicavam aplicações terapêuticas similares. Os resultados obtidos
confirmaram que as espécies nativas da América, seguidas das europeias, dominam as
preferências para vasta gama de enfermidades crónicas.
44
Da abrangência das febres à prática da profilaxia
Helena Sant’ana
Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas, Universidade Técnica de Lisboa
Durante os séculos XVII e XVIII as febres são a doença dos trópicos. Objeto de múltiplas
teorias médicas e terapias inspiradas nas plantas medicinas indígenas, vão impulsionar a
exploração das propriedades terapêuticas da flora e fauna tropicais.
Com o projeto de colonização efetiva das colónias, o aumento da empiria dos médicos e
farmacêuticos, a par com a permanência mais acentuada no terreno, modifica gradualmente o
olhar sobre as febres, que se dividem em múltiplas patologias tropicais, ao mesmo tempo, que
no século XIX se elege a necessidade de prevenção e higienismo.
A atividade do atual Centro de Proteção Integrada dos Produtos Armazenados (PIPA) está
vocacionada para ações de I&D com interesse para países das regiões tropicais, em especial os
da CPLP, desde o início da criação da Comissão de Estudos Acerca da Defesa Fitossanitária dos
Produtos Agrícolas e Florestais de Origem Ultramarina, na década de 50, para avaliar os
prejuízos causados pelos insetos no amendoim armazenado na Guiné.
45
Essa atividade tem vindo a evoluir e o Centro PIPA está enfocado em contribuir para a
segurança alimentar, a sustentabilidade ambiental e a promoção de uma parceria global
para o desenvolvimento, através de intervenções nas seguintes matérias:
• Ecossistema do armazenamento;
• Engenharia do armazenamento;
• Bioecologia dos insetos e fungos;
• Métodos de prevenção durante o armazenamento, transporte e transformação;
• Meios de proteção alternativos aos meios de luta química menos prejudiciais para o
consumidor e ambiente: biológico, biotecnológico, físico (atmosferas controladas e
modificadas; desinfestação pelo calor), e extratos de plantas.
Também tem vindo a cooperar com o setor privado em Portugal, a fim de tornar acessíveis os
benefícios das novas tecnologias sobre a manutenção da qualidade durante o armazenamento de
matérias primas alimentares.
As ações desenvolvidas com interesse para os países da CPLP, foram-se diversificando
gradualmente durante décadas.
Foram realizadas prospeções entomológicas na Guiné durante a colheita, transporte e
armazenamento do amendoim a fim de determinar as principais fontes de infestação e os
processos de combate mais adequados.
Na Índia Portuguesa foi estudada a entomofauna de arroz, farinha de trigo, lentilha de grão e
lentilha de mug.
Em Angola foram efetuadas missões de serviço que permitiram avaliar os aspetos mais
importantes relacionados com a produção, indústrias transformadoras, comércio e exportação de
produtos agrícolas secos armazenados e as entidades interessadas na sua conservação. Tais
produtos incluem o arroz, café, cacau, tabaco, amendoim, coconote, crueira, feijão, gergelim,
milho e o rícino, destinados à indústria e à exportação (à exceção do feijão) e um conjunto
também importante de produtos, como amendoim, arroz, coconote, couro, feijão, gergelim,
milho, rícino e tabaco, que era consumido localmente.
Ainda em Angola, foram estudados diversos tipos de armazenamento rural, não só sob o ponto
de vista etnográfico mas, ainda, para esclarecer importantes aspetos de ordem técnica,
nomeadamente as dificuldades de conservação dos diversos produtos (amendoim, milho, fubas e
outros) nas aldeias das várias regiões e a possibilidade de adaptação de práticas tradicionais a
processos mais eficientes de conservação.
Em Moçambique foi investigada a suscetibilidade de infestação dos produtos-alvo: amendoim,
arroz, cevada, copra, feijão, mafurra, mandioca, mapira, milho, tabaco, trigo, gergelim, grão,
maxoeira, rícino, tâmaras, café, calumba, castanha de caju, ervilha, flocos de aveia, girassol
preto e tremoço branco.
Em S. Tomé e Príncipe desenvolveu-se um projeto de regulamento fitossanitário para a
importação e exportação de produtos como o cacau. Analisaram-se as condições de
armazenamento do cacau e realizaram-se estudos entomológicos e micológicos, assim como
recomendações relativas à construção de armazéns próprios ao armazenamento de cacau. e
concretizado.
Em Cabo Verde, estudou-se a entomofauna, sobretudo densidade e distribuição espacial das
principais espécies de insetos nocivos na moagem e na fábrica de cigarros situadas no Mindelo.
Foram feitas prospeções entomológicas que permitiram evidenciar a atividade dos insetos em
armazéns de produtos alimentares.
A equipa da proteção dos produtos armazenados também esteve envolvida num projeto acerca
do acastanhamento do milho armazenado no Gana e Zimbabué. Sob proposta de colaboração
entre o Natural Resources Institute (UK) e o IICT, colaborou na investigação das possíveis
causas do acastanhamento, através de estudos ecológicos sobre as interações entre várias
condições de armazenamento do milho, ambientais e biológicas, estas últimas relacionadas com
o desenvolvimento de insetos e fungos.
No prosseguimento da sua atividade, o PIPA coordenou uma rede Eureka no âmbito da proteção
do arroz armazenado, organizou seminários, workshops internacionais, uma Conferencia da
OILB e a 10th International Conference on Stored Product Protection, o encontro internacional
mais importante da área, realizado em 2010.
46
No âmbito das perspetivas futuras destacam-se as ações previstas sobre o desenvolvimento de
meios de proteção alternativos à luta química contra insetos e fungos e eventuais parcerias
visando a cooperação com países da CPLP.
A Água é imprescindível ao Homem para as suas atividades enquanto ser vivo, mas também ao
desenvolvimento económico (processos industriais, irrigação, energia, navegação) e
manutenção dos ecossistemas.
O desregulado crescimento industrial, a indiscriminada utilização de produtos químicos na
agricultura, a falta de tratamentos adequados das águas residuais, são fatores destabilizadores do
ciclo hidrológico.
Por outro lado a falta, ou a existência de inadequadas infraestruturas conduzem a uma gestão
perniciosa dos recursos hídricos, quer em termos quantitativos como qualitativos.
A África apresenta fortes contrastes no domínio hídrico, verificando-se em alguns países
períodos significativos de falta de água, provocando dificuldades ao desenvolvimento social e
económico. Verifica-se também uma forte incidência de doenças relacionadas com o meio
hídrico.
Superar a crise da água constitui um dos grandes desafios do desenvolvimento humano no início
do século XXI. O século XXI é assim um período de grandes oportunidades para o Mundo, em
especial para o Continente Africano.
47
A aposta de África na formação de quadros, a boa governação, o combate à pobreza, a gestão de
conflitos, o respeito pelos direitos humanos, poderão ser sinais dessas oportunidades.
Contudo, convém não esquecer, que muito há a fazer da parte dos africanos e dos não africanos.
Este trabalho de equipa é importante, para que as interrogações e as preocupações possam ser
mais facilmente superadas.
É necessário que a luta pela dignificação das populações continue, com o esforço de todos,
“porque isso aproveita à África e aos Africanos” (Vítor Ramalho, “África que futuro?”, p38).
From 2006 to 2009, our group coordinated a national project called “Recovering the past,
recording the present, and preparing the future of zoological collections in Portugal”
(PTDC/BIA-QOR/71492/2006). The main goals of the project were to use newly available
technologies along with scientific know-how in a concerted effort to convert the historical
patrimony of Portuguese zoological collections into digital and molecular data and to make
these data accessible to the general and specialized public.
As the technologies of communication have become increasingly accessible, it is now an utmost
responsibility of all collection holders, to give full access to the information through the
Internet, using international initiatives such as the Global Biodiversity Information Facility.
We identified the main institutions holding zoological collections, of species from former
Portuguese territories, and digitalized the information. The most valuable collections digitalized
were the Mammal and Bird collections housed at Instituto de Investigação Científica Tropical.
This institution holds 5604 specimens of birds and 2300 specimens of mammals. The great
majority of these vertebrates were collected in former Portuguese territory. Most of the
specimens were collected during zoological expeditions between the years 1920-1970.
We present the results achieved by the project, aiming to make the scientific community aware
of the existence of this valuable data. Since the answers to systematic, phylogenetic, and
biogeographical questions can greatly benefit from the effort of obtaining information available
in several collections. By continuously providing outputs of science we will have a more
informed society, which is essential for progress to take place.
48
Whales, dolphins and “other fishes” in the Southeast Atlantic: Data combination
to analyze historical cetaceans’ biodiversity in the Gulf of Guinea
Portuguese reports of Atlantic journeys contain information about natural elements and marine
megafauna. These descriptions are based on empirical knowledge accumulated in successive
maritime routes and indicate species or animal groups’ occurrence. Navigators recorded the
presence of typical animals to estimate their localization and whatever seemed new and
intriguing. So, in addition to fish and birds, there are other unusual reports to strange marine
animals most of them unknown to Europe. In these descriptions for the Southeastern Atlantic
Ocean we found 14 detailed accounts of cetaceans, between the 15th and 17th centuries, and
identify oceanic dolphins, porpoises, killer whales and baleen whales. Much more recently we
also found whaling accounts as well as dolphin captures for some regions in the Gulf of Guinea.
For instance, references to the capture of toninhas are part of the 20th century fishing statistics of
Angola. Fishing books where consulted and, between 1940 and 1969, an estimation of between
320 and 650 individuals was obtained. Similarly, regular accounts for industrial captures of
large whales are available from the end of the 19th century to the middle 20th century. This is a
relevant contribution to the knowledge on cetaceans’ historical occurrence and biodiversity in
the Gulf of Guinea, but more importantly gives a good perspective of the importance of data
combination to assess long term marine biodiversity. Information from past events and
biological occurrences may contribute to support and regulate present day human activities,
such as whale watching, as well as local marine conservation.
Maria Manuel Romeiras1,2, Rui Figueira1,3, João Tavares1, Luís Catarino1 e Maria
Cristina Duarte1
1. Jardim Botânico Tropical, Instituto de Investigação Científica Tropical
2. Centro de Biodiversidade, Genómica Integrativa e Funcional (BioFIG), Universidade de Lisboa,
Faculdade de Ciências
3. CERENA, Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa
Angola possui para além de uma grande variedade de habitats, que permitem uma elevada
diversidade de ecossistemas desde a floresta de chuva, característica da região de Cabinda, à
floresta aberta e savana, ou, mais a sul na zona do Namibe, as formações desérticas e
subdesérticas, uma grande riqueza florística, com mais de 5 000 espécies de plantas vasculares.
Assim, tendo por base o estudo de uma das maiores coleções de espécimes da Flora de Angola,
que se encontra depositada no Herbário LISC (Jardim Botânico Tropical, IICT),
complementado pela análise exaustiva de trabalhos sobre a Flora de Angola, pretende-se dar a
conhecer os principais coletores botânicos que, desde o final do século XVII, permitiram
enriquecer o conhecimento sobre a flora e vegetação do maior país da África Austral. Para além
disso, far-se-á referência aos herbários onde se encontram depositados os exemplares botânicos,
bem como ao registo dos períodos e locais em que foram realizadas as prospeções botânicas. A
georeferenciação desses dados ao nível do município permitirá a produção de mapas de
distribuição das colheitas, com a finalidade de analisar e compreender as estratégias de
prospeção e a forma como elas condicionaram o atual conhecimento da flora e da vegetação e,
consequentemente, as estratégias de conservação.
49
A flora de Angola, de Welwitsch às bases de dados digitais
50
Ao longo do projeto os dados obtidos foram disponibilizados online, podendo ser consultados
através do portal do GBIF (http://www.gbif.org/), no ACTD (http://actd.iict.pt/) e através do
portal de coleções do JBT, atualmente em desenvolvimento.
Ao longo das últimas décadas os jardins botânicos têm tido um papel cada vez mais ativo no
desenvolvimento de investigação científica para o conhecimento e conservação da
fitodiversidade bem como na sensibilização da comunidade civil para o seu respeito e
preservação. Neste sentido, o Jardim Botânico Tropical (JBT) tem conduzido estudos visando a
conservação da flora tropical e subtropical, em especial de espécies com particular interesse
(e.g. conservacionista, económico, ecológico), através do desenvolvimento de protocolos de
propagação in vitro.
Os herbários são fundamentais para o conhecimento da diversidade vegetal, designadamente nas
áreas da sistemática e da ecologia vegetal, e diversos estudos têm demonstrado que as suas
coleções, e em particular o germoplasma que nelas se encontra, podem dar um contributo
considerável para a recuperação de espécies raras ou ameaçadas e sua eventual reintrodução nos
habitats naturais. Um grupo com especial potencial nesta área é o dos pteridófitos (vulgarmente
conhecidos por fetos), que inclui espécies típicas em habitats muito específicos e
particularmente sensíveis a alterações ambientais.
Recentemente, foi principiada no JBT uma área de investigação que tem por objetivo avaliar a
capacidade de germinação de esporos de pteridófitos preservados em herbário.
Os estudos, iniciados com esporos da espécie Actiniopteris radiata (Sw.) Link (Pteridaceae)
colhida em Cabo Verde em 2004 e conservada desde essa data no Herbário do IICT (LISC),
confirmaram o potencial germinativo deste material. Esta espécie, distribuída pelas regiões
tropicais de África, Ásia e Madagáscar, apresenta populações com distribuição localizada e,
contrariamente à maioria dos fetos, particularmente resistentes à secura.
Fernanda Bessa
Centro de Florestas e Produtos Florestais, Instituto de Investigação Científica e Tropical
51
Este trabalho desenvolveu-se em duas xilotecas do Instituto de Investigação Científica Tropical
com as coleções de Moçambique, Timor e Índia num total de 300 amostras.
Criou-se assim uma e-xiloteca sistematizando toda a informação sobre nomenclatura, estrutura e
anatomia, propriedades físicas, características macroscópicas e potenciais utilizações. Criaram-
se consultas-tipo para diversos fins.
A aplicação da taxonomia numérica agrupou, por classes de semelhança, madeiras de origens
diferentes e características anatómicas e físicas, sugerindo espécies alternativas com
características semelhantes preservando assim as espécies protegidas ou sobre exploradas.
The World Health Organization monitors tuberculosis and has developed a plan to eradicate this
disease by 2050. Tuberculosis is virtually eradicated from Europe with a declining number of 8
million cases each year in the world. Tuberculosis is a difficult disease to treat and medication
consists of a cocktail of antibiotics delivered over a year. Antibiotic resistant strains of
tuberculosis have developed because many patients do not complete their treatments. Drug-
resistant tuberculosis is particularly devastating amongst HIV patients in southern African
countries. The costs of treating drug-resistant tuberculosis are high yet tuberculosis has the
potential to return to the level of being the major killer throughout the world. We collaborate
with researchers in Spain and India to identify new tuberculosis targets for drug therapy and to
52
determine their 3D structures. The second stage of our project is to identify new drugs from old.
To be more exact, we try to fit the structures of known, licensed drugs into our 3D target
structures. We believe it is possible that a known drug developed for a different disease might
prove useful in the fight against tuberculosis. We are also interested in following an ethno-
pharmaceutical route to developing new treatments. We are happy to talk with all researchers
with knowledge of local treatments for tuberculosis that have not been tested in the medical
literature.
This work was supported by the Fundação para a Ciência e Tecnologia through project PEst-
OE/EQB/LA0004/2011 to ITQB and SFRH/BPD/65762/2009 to MP. Additional funding was
obtained from the ERA NET New INDIGO project.
The World Health Organization monitors diarrheal diseases caused by Vibrio cholera, Shigella
dysenteria and Escherichia coli as a major health concern. These diseases cause 250m cases and
2.5m deaths each year. Oral rehydration therapy (ORT), a solution of sugar and salt, is the main
treatment for diarrhea. We are interested in using plant remedies to improve ORT. The potential
advantages of plants include the delivery of a range of vitamins and minerals that are absent
from ORT, delivery of natural chemicals that are bacteriostatic or bactericidal, and to deliver
flavors that will mask the natural taste of ORT. There is much information in the literature, and
on the web, that identifies plants used to treat cholera. However, few plants have been subjected
to rigorous medical trials. Our project uses lab models to characterize which plants can treat
cholera and how they work. We would like to talk with ethnologists on ways to add to our plant
lists. Our plant list currently lists common, European plants. We would like to use sustainably
obtained plants from other parts of the world - we would like to talk with botanists with such
knowledge. We are happy to discuss our work with the general public, to listen to their ideas
and our science.
This work was supported by the Fundação para a Ciência e Tecnologia through projects
PTDC/QUI-BIQ/115298/2009 to PG, PEst-OE/EQB/LA0004/2011 to ITQB and
SFRH/BPD/65762/2009 to MP.
O Jardim de Macau ou Jardim Oriental foi começado a construir em 1949, ocupando uma área
de cerca de 5 000 m2 do Jardim Botânico Tropical (JBT). Passados 60 anos sobre a sua criação,
o Jardim de Macau proporciona uma particular proximidade com a natureza constituindo um
local onde se realçam símbolos da cultura chinesa e onde se evocam as ligações históricas e
culturais e os laços afetivos entre Portugal e China.
Nas últimas décadas, os jardins botânicos sofreram uma autêntica revolução, tendo havido um
aumento da sua importância social e um crescente compromisso com a conservação da
biodiversidade, com a investigação e com a educação pública para o conhecimento e respeito
pela natureza.
O Jardim de Macau possibilita o estudo e a preservação de um grande número de espécies
orientais e encerra um elevado valor didático, enquanto mostra de alguns grupos taxonómicos
53
representativos da região asiática. Acresce o facto de, ao pertencer ao Instituto de Investigação
Científica Tropical, instituição vocacionada para a investigação e para o desenvolvimento em
zonas tropicais, poder assumir um pólo dinamizador de intercâmbios em diversas áreas de
atividade.
Pretende-se dar a conhecer o valor deste jardim, no que respeita ao seu arboreto e outro
património, que engloba muito do simbolismo oriental, bem como esboçar o seu
desenvolvimento desde que foi construído e, assim, contribuir para a sua salvaguarda e para o
reconhecimento do seu interesse científico, cultural e histórico.
Paulo H. Alves
LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia
Descrevem-se métodos de trabalho particulares, adotados para efetuar a nova Carta Geológica
do país, face às características próprias do território e a condicionantes nos meios envolvidos no
Projeto. Apresentam-se também alguns dos resultados obtidos.
A Guiné-Bissau caracteriza-se por ser um país muito aplanado, em que menos de 8 % do
território tem cota superior a 100 m, com uma rede hidrográfica muito penetrativa e extensas
áreas de aluviões e mangal. Constata-se uma aparente monotonia geológica, com presença de
solos avermelhados e lateritos, dispersos numa vegetação densa que apenas se reduz na época
seca.
A metade Este da Guiné-Bissau é constituída por um substrato paleozóico e precâmbrico, que
aflora apenas em cerca de 5% da área devido a coberturas cenozóicas de espessura até 30m; por
seu turno na metade Oeste ocorre a Bacia Mesocenozóica, relacionada com a abertura do
Atlântico, formada por preenchimento sedimentar em progradação. Os afloramentos são raros e
com quase total ausência de barreiras para cortes geológicos, o que dificulta a definição da
coluna litostratigráfica e a colheita de amostras.
Foram assim desenvolvidos métodos de trabalho apropriados, destacando-se: 1- Implementação
gradual de uma técnica de descida em poços artesanais de captação de água, o que permitiu
obter amostras representativas e descrever a série litológica atravessada; 2- Acompanhamento
de projetos de sondagens para captação de água, com amostragem litológica de níveis mais
profundos; 3- Consulta de todos os logs de sondagens e poços efetuados no país, sendo
selecionados 1400 para definir e delimitar unidades litostratigráficas; 4- Pesquisa de novos
afloramentos e barreiras, recorrendo a inquérito aprofundado na maioria das aldeias, o qual
permitiu localizar ocorrências e unidades; 5- Consulta de toda a informação geológica existente
nas Direções Gerais de Geologia e Minas, e dos Recursos Hídricos, sendo integrados os estudos
empreendidos por outras entidades, com relevo para dados de pesquisa mineira, pesquisa de
hidrocarbonetos, hidrogeologia e deteção remota.
Características gerais e resultados e: i) A análise sedimentológica permitiu constatar o
predomínio do ambiente fluvial, inclusive no Arquipélago dos Bijagós; ii) Através da análise de
proveniência dos sedimentos cenozóicos presentes, conclui-se que é de privilegiar o Fouta
Djalon (Guiné Conakry) como cadeia montanhosa que terá contribuído de forma primordial
como fonte de fornecimento de sedimentos para a Guiné-Bissau; iii) Salienta-se como principal
agente de transporte sedimentar a rede hidrográfica do Corubal; iv) A evolução do relevo foi
importante no Quaternário, com o desenvolvimento de vastos glacis e encouraçamentos,
verificando-se uma hierarquização de patamares com expressão no modelado atual; v) Com uma
plataforma continental muito aplanada, de grande extensão e largura e com testemunhos de
lateritizações e de antigas linhas de costa a vários níveis, é de considerar que os Bijagós terão
constituído um prolongamento do território emerso da Guiné-Bissau, geneticamente relacionado
com o transporte sedimentar proveniente das fontes já assinaladas.
54
Estudos geológicos em S. Tomé e Príncipe
Rita Caldeira
LNEG – Laboratório Nacional de Energia e Geologia. CeGUL – Centro de Geologia da Faculdade de
Ciências de Lisboa
Ruben Dias1, J. Tomás Oliveira1, Dino Milisse2, Maria João Batista1, Lídia Quental1,
Judite Fernandes1 e Elsa Ramalho1
1. LNEG - Laboratório Nacional de Energia e Geologia
2. Direcção Nacional de Geologia de Moçambique
55
Por outro lado, sendo a Beira uma cidade portuária, rodeada pelo rio Pungué e pelo oceano
Índico, procedeu-se a uma análise multitemporal, com base em mapas e imagens, dos processos
da dinâmica litoral, de modo a mitigar impactos ao nível de erosão e acreção sedimentares.
José C. Ramalho1, António E. Leitão1, Ana S. Fortunato1, Luis F. Goulao1, Ana M.P.
Melo1, Paula Batista-Santos1, Patrícia Santos1, Elisabete Lopes1, Isabel M. Palos1,
Fernando C Lidon2, Paula Scotti-Campos3, Isabel P. Pais3, Ana D. Rodrigues4, Philip
Jackson5, António Lopes5, Fábio M. DaMatta6 e Ana Ribeiro1
1. Centro de Ecofisiologia, Bioquímica e Biotecnologia Vegetal, Instituto de Investigação Científica
Tropical
2. DCTB, Faculdade de Ciências e Tecnologia, Universidade Nova de Lisboa
3. URGEMP, Instituto Nacional de Recursos Biológicos
4. Instituto Superior de Agronomia, Universidade Técnica de Lisboa
5. Instituto de Tecnologia Química e Biológica, Universidade Nova de Lisboa
6. Departamento de Biologia Vegetal, Universidade Federal de Viçosa, Brasil
56
Isotopes as a Tool for Geographic Fingerprinting of Coffee (The IsoGeoCoffee
Project)
Carla Rodrigues1, Rodrigo Maia1, Marta Pimpão1, Marion Brunner2, Gabriel J. Bowen3,
José C. Ramalho4, Loren Gautz5, Thomas Prohaska2 e Cristina Máguas1
1. University of Lisbon, Faculty of Sciences, Center for Environmental Biology, Stable Isotopes and
Instrumental Analysis Facility (SIIAF)
2. University of Natural Resources and Life Sciences (BOKU-UFT) Department of Chemistry Research
group of Analytical Chemistry - VIRIS Laboratory
3. University of Purdue, Department of Earth and Atmospheric Sciences, Purdue Climate Change
Research Center
4. Centro de Ecofisiologia, Bioquímica e Biotecnologia Vegetal, Instituto de Investigação Científica
Tropical
5. Department of Molecular Biosciences and Biosystems Engineering
In the present work, several spectroscopic techniques were applied for the differentiation of
different types of coffee and of their geographical origin. In a first approach, a study on the
application of Raman spectroscopy to the differentiation of coffee type (Arabicaversus Robusta)
was developed based on the determination of kahweol content. Then, Isotope Ratio Mass
Spectrometry (IRMS) was applied for the determination of the isotopic composition of carbon
(C), nitrogen (N) and oxygen (O) of the green coffee bean, allowing coffee differentiation at
continental level. Subsequently, IRMS was combined with Inductively Coupled Plasma Mass
Spectrometry (ICP-MS), to determine the isotopic composition of strontium (Sr) in the coffee
bean. The results obtained demonstrated that the isotope ratios of Sr and O were promising for
coffee authenticity certification, as these elements reflect the local geology and hydrology.
However, in order to expand the understanding of how environmental factors determine the
isotopic composition of the different elements on the green coffee bean, it was necessary to
study a model region of production, in which Hawai’i was selected. This approach allowed the
discrimination of coffee beans from the different islands of Hawai’i. In addition, IRMS was
applied to measure the isotopic composition of the caffeine molecule (δ18Ocaff) previously
extracted from the green coffee bean. As O isotopes of caffeine molecule originate from the
metabolic water of plant tissues, this analytical approach constitutes a complementary tool for
studies on the ecophysiology of the coffee plant.
57
Com a torra as diferenças tendem a diminuir e a tornar-se menores com a extração da bebida.
Nas bebidas, a extração revelou tendência para ser ligeiramente superior em Arábica,
comparativamente a Robusta. Desde o café verde até à bebida, verificou-se a diminuição da
importância de alguns parâmetros de natureza química, na discriminação das amostras. Alguns
dos ácidos clorogénicos foram particularmente relevantes para discriminar as amostras pelo
grau de torra e a cafeína para a discriminação pela espécie. Outros compostos, assim como o
pH, revelaram menor capacidade de separação das amostras.
Maria José Silva, Maria Manuela Ferreira-Pinto, Ana Fortunato, Luís Goulão, António
Eduardo Leitão, Carminda Leitão, Mário Rui Santos, José Cochicho Ramalho e Ana
Ribeiro
Centro de Ecofisiologia, Bioquímica e Biotecnologia Vegetal, Instituto de Investigação Científica
Tropical
A cultura da purgueira (Jatropha curcas) para a produção de biodiesel foi alvo, na última
década, de grande interesse económico a nível mundial. Paralelamente, porque o conhecimento
científico sobre esta cultura era escasso, iniciaram-se muitos trabalhos de investigação.
No âmbito do Protocolo entre o Eco-Bio/IICT e a Geocapital Holdings, foi possível obter uma
coleção representativa de amostras de purgueira com base na qual se têm realizado diversos
trabalhos de investigação.
O objetivo geral destes estudos tem sido avaliar as amostras relativamente a características
importantes do ponto de vista da exploração económica da cultura.
Foi efetuada a caracterização genótipica das amostras por métodos moleculares e a
caracterização da variabilidade fenótipica com base em parâmetros morfológicas das plantas e
na composição química das sementes (teor em óleo e proporção relativa de ácidos gordos).
Iniciou-se a avaliação da resistência a stresses bióticos (doenças) e abióticos (secura e frio), o
estudo dos mecanismos moleculares envolvidos nestes processos e a identificação de técnicas
culturas que permitam a otimização da cultura (eficácia da utilização de condicionadores de solo
na gestão da água).
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Emails dos autores:
Ana Cannas ana.canas@iict.pt Pág. 10
Abdou Sané elazisane@hotmail.com Pág. 27
Alexandra Campos alexandra.campos@ulusofona.pt Pág. 47
Pág. 18, 37, 38 e
Ana Cristina Martins ana.martins@iict.pt
39
Ana Cristina Roque ana.roque@iict.pt Pág. 12
Ana D. Rodrigues Pág. 56
Ana Isabel Correia aicorreia@fc.ul.pt Pág. 33
Ana M. Morgado anamorgado@iict.pt Pág. 36
Ana M.P. Melo ana.melo@iict.pt Pág. 25 e 36
Ana Magro ana.magro@netcabo.pt Pág. 45
Ana P. Pereira appereira@iict.pt Pág. 32
Ana Ribeiro aribeiro@itqb.unl.pt Pág. 25, 29 e 56
Pág. 56
Ana Sofia Fortunato ana.fortunato@iict.pt; anasofia@itqb.unl.pt
Andreia de Almeida drandreia.almeida@gmail.com Pág. 41
Andreia Loureiro andreia_loureiro@msn.com Pág. 32
Anita Correia Lima de Almeida anita.correialima@gmail.com Pág. 20
António Barbosa affbarbosa@iict.pt Pág. 45
António Carmo Gouveia gouveia.ac@gmail.com Pág. 24
António E. Leitão antonio.leitao@iict.pt Pág. 29, 56 e 57
António José Duarte Costa Canas costacanas@gmail.com Pág. 45
António Lopes Pág. 56
Antonio Martínez antosanmar@gmail.com Pág. 17
Bruno Evangelista bruno_evangelista@hotmail.com Pág. 39
Carla Rodrigues cirodrigues@fc.ul.pt Pág. 57
Carlos Almeida carlos.almeida@iict.pt Pág. 23
catarina.mateus@iict.pt ; Pág. 34
Catarina Mateus
catarina.mateus@gmail.com
Catarina Pires catarina.pires@gmail.com Pág. 10
Cláudia Cardoso claudiacardosobh@hotmail.com Pág. 35
Conceição Casanova ccasanova@iict.pt Pág. 10
Cristiane Bastos-Silveira cbsilveira@fc.ul.pt Pág. 29 e 48
Cristina Brito cristina.brito@escolademar.pt Pág. 49
Cristina Máguas cmhanson@fc.ul.pt Pág. 57
Cristina Picanço cristina.picanco@gmail.com Pág. 49
Cristina Pombares Martins crisaugst@gmail.com Pág. 42
Daniela Matos danielaf_matos@hotmail.com Pág. 39
Dino Milisse dinomilisse@yahoo.com.br Pág. 55
Dora Batista dccastro@fc.ul.pt Pág. 32
Eduardo Gozalbes García Pág. 41
Elisa Maia elisamaia@gmail.com Pág. 42
Elisabete Lopes Pág. 56
Elsa Gomes eteixeiragomes@sapo.pt Pág. 44
Elsa Ramalho elsa.ramalho@lneg.pt Pág. 55
Enrique Gozalbes Cravioto Enrique.Gozalbes@uclm.es Pág. 23 e 41
Esperança Costa esperancacosta@yahoo.com Pág. 27
Eugénia Rodrigues sazora@sapo.pt Pág. 20
Pág. 28, 36, 44 e
Eurico Sampaio Martins martins.eurico@gmail.com
50
Fábio M. Da Matta Pág. 56
Fernanda Bessa fbessa732@gmail.com Pág. 51 e 52
Fernando C. Lidon fjl@fct.unl.pt Pág. 29, 56 e 57
Fernando Campos p333@ulusofona.pt Pág. 47
Francisco Palma Gomes fgomes@igeoe.pt Pág. 12
Gabriel J. Bowen gjbowen@purdue.edu Pág. 57
Gilberto Pereira ggpereira@ci.uc.pt Pág. 10
Graça Barros gracafragabarros@hotmail.com Pág. 45
59
Graça Machado graca.machado@iict.pt Pág. 53
Helena Gil Azinheira helena.azinheira@iict.pt Pág. 32
Helena Gozalbes García Pág. 41
Helena Sant’ana hsantana@iscsp.utl.pt Pág. 45
Inês Carvalho carvalho.inesc@gmail.com Pág. 49
Inês Castelo inesfrcastelo@gmail.com Pág. 39
Inês Pinto ines.pinto@iict.pt Pág. 34
Inês Santos inesssantos@hotmail.com Pág. 50
Isabel Maria Madaleno isabel.madaleno@iict.pt Pág. 44
isabel.moura@iict.pt ; Pág. 51 e 53
Isabel Moura
isabelmmoura@gmail.com
Isabel P. Pais Pág. 56
Isabel Palos isabelpalos@iict.pt Pág. 25 e 56
Isabel Queirós Neves i.queirosneves@gmail.com Pág. 29 e 48
Isabel Serra isabelserra@netcabo.pt Pág. 42
J. Tomás Oliveira tomas.oliveira@lneg.pt Pág. 55
João Pedro Cunha Ribeiro jpcunharibeiro@netcabo.pt Pág. 38
João Senna-Martínez smartinez@iol.pt Pág. 39
João Tavares tavaresjeb@gmail.com Pág. 49
Jorge A. Pinto Paiva jorge.paiva@iict.pt Pág. 31
Jorge Pais de Sousa jpsousa@sib.uc.pt Pág. 24
Pág. 25, 29, 56 e
José Cochicho Ramalho cochichor@mail.telepac.pt
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mc.liberato@sapo.pt Pág. 25
José E. Mendes Ferrão
(Maria Cândida Liberato)
José Manuel Brandão josembrandao@gmail.com Pág. 11
Judite Fernandes judite.fernandes@lneg.pt Pág. 55
Juliana Torquato juliana_tq@yahoo.com.br Pág. 47
Leonardo Veronez lveronez@hotmail.com Pág. 47
Leonor Guerra-Guimarães leonor.guimaraes@iict.pt Pág. 32
Lídia Quental lidia.quental@lneg.pt Pág. 55
Lívia Ferrão livia.ferrao@iict.pt Pág. 43
Loren Gautz lgautz@hawaii.edu Pág. 57
Luís Alfredo Silveira silveira@cse.ufsc.br Pág. 27
Pág. 27, 28, 33, 36,
Luís Catarino lcatarino@iict.pt
49 e 50
Luís F. Goulão goulao@iict.pt Pág. 25, 29 e 56
Luís Frederico Antunes luisfredantunes@netcabo.pt Pág. 18
Luís Pequito Antunes luispequito@netcabo.pt Pág. 11
Luiz Oosterbeek oost@ipt.pt Pág. 42
M. Ferreira-Pinto mmfp@iict.pt Pág. 58
M. Otília Carvalho motiliac@iict.pt Pág. 45
M. Teresa Gonçalves mtgoncal@ci.uc.pt Pág. 24
Mª José Silva mjsantos@iict.pt Pág. 58
Mário Rui Santos mariosantos@iict.pt Pág. 58
Madalena Cunha Matos mcunhamatos@fa.utl.pt Pág. 21
Madalena Fonseca madfons@isa.utl.pt Pág. 34
Magdalena Komiazyk mkomiazyk@itqb.unl.pt Pág. 53
Małgorzata Palczewska mpalczewska@itqb.unl.pt Pág. 52 e 53
Manoel Fernandes de Sousa Neto manoelfernandes@usp.br Pág. 43
Manuel Lobato mlobato@iict.pt Pág. 16
Margarida Pinheiro margarida.pinheiro@iict.pt Pág. 53
Maria Adélia Diniz adeliadiniz@gmail.com Pág. 28, 36 e 44
Pág. 28, 33, 37, 43,
Maria Cristina Duarte mcduarte@iict.pt
49, 51 e 57
Maria Cristina Simões-Costa cristina.simoes@iict.pt Pág. 51
Maria da Piedade de Jesus jesuspiedade@yahoo.fr Pág. 13
Maria das Graças Lins Brandão mglinsbrandao@gmail.com Pág. 24
mcarmonunes@hotmail.com; Pág. 36
Maria do Carmo Nunes
mcarmonunes15@gmail.com
60
Maria do Céu Silva mariadoceusilva@gmail.com Pág. 32
Maria João Batista mjoao.batista@lneg.pt Pág. 55
Maria João Soares mariajoaosoares@yahoo.co.uk Pág. 16
Pág. 28, 37, 43 e
Maria Manuel Romeiras mromeiras@iict.pt; mromeiras@yahoo.co.uk
49
Maria Manuel Torrão mmanueltorrao@hotmail.com Pág. 12 e 43
Maria Manuela de Castro Restivo manuelarestivo@hotmail.com Pág. 35
Mariana de Oliveira Couto mariana.oliveira.couto@gmail.com Pág. 19
Marion Brunner marion.brunner@gmx.at Pág. 57
Marta Pimpão martapimpao@ginjadeobidos.com Pág. 57
Natacha Catarina Perpétuo natachaperpetuo@gmail.com Pág. 24
Natalina C. Bicho natalina.cavaco@gmail.com Pág. 57
Nicolas Valdeyron valdeyro@univ-tlse2.fr Pág. 14
Olga Silva odsilva@ff.ul.pt; Pág. 44
Patrícia Conde patricia2conde@gmail.com Pág. 28 e 37
Patrícia Santos patriciaferreirasantos@gmail.com Pág. 56
Patrick Groves pgroves@itqb.unl.pt Pág. 52 e 53
Paula Batista-Santos pbbsantos@iict.pt Pág. 56
Paula Cristina Santos paula.santos@iict.pt Pág. 12 e 26
Paula Scotti-Campos Pág. 56
Paulo H. Alves paulo.hagendorn@lneg.pt Pág. 30 e 54
Paulo Valongo paulovalongo@yahoo.com.br Pág. 40
Pedro M. P. Raposo pmraposo@fc.ul.pt Pág. 19
Pedro Talhinhas ptalhinhas@iict.pt Pág. 32
Philip Jackson Pág. 56
Ricardo Pereira pereirarjr@yahoo.com Pág. 20
Rita Caldeira rita.caldeira@lneg.pt Pág. 54
Rita Guerra ritaaguerra@hotmail.com Pág. 33
Rita Juliani Poloni julianapoloni@hotmail.com Pág. 38
Rodrigo Maia rnmaia@fc.ul.pt Pág. 57
Ruben Dias ruben.dias@lneg.pt Pág. 55
Pág. 28, 36, 49 e
Rui Figueira rpfigueira@gmail.com
50
Samuël Coghe samuel.Coghe@eui.eu Pág. 21
Sandra Fernandes sandra.domingues@campus.ul.pt Pág. 12
Sérgio Neto sgdneto@gmail.com Pág. 14
Solange Laura Macamo solangemacamo@gmail.com Pág. 13
Sonia Domingos tasonia2000@yahoo.fr Pág. 14
Susana Matos scbcmatos@gmail.com Pág. 33
Susana Saraiva susanasaraiva1985@gmail.com Pág. 28 e 36
Susana Sousa Araújo ssaraujo@gmail.com Pág. 32
Tânia Beisl Ramos taniaramos@fa.utl.pt Pág. 21
Teotónio R. de Souza teodesouza@gmail.com Pág. 31
Teresa Quilhó teresaq@iict.pt Pág. 52
Thomas Prohaska thomas.prohaska@boku.ac.at Pág. 57
Tiago Brandão brandao.tiago@gmail.com Pág. 15
Vera Figueiredo vera.figueiredo@lneg.pt Pág. 29
Vera Mariz verinhamariz@hotmail.com Pág. 22
Victor Filipe victor.filipe7@gmail.com Pág. 39
Vítor Rodrigues rodrigues.v@gmail.com Pág. 18
Vítor Várzea vitorvarzea@clix.pt Pág. 32
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Notas
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Índice
Apresentação 3
Programa 5
Comunicações orais 10
Posters 33
Notas 62
69