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3. LEGISLAÇÃO PERTINENTE
Constituição Federal/1988;
Decreto nº 98.920 de 12 de janeiro de 1990 - Regulamento Administrativo do
Exercito (RAE)-(R-3);
Lei nº 9.784, de 29 de janeiro de 1999 – Regula o processo administrativo na
Administração Pública Federal;
Normas Administrativas Relativas ao Suprimento (NARSUP), de 05 de julho de
2002;
Portaria nº 1.324 - Cmt Ex, de 04 de outubro de 2017 – Regula as normas de
apuração de irregularidades administrativas com indícios de dano ao erário;
Portaria nº 107, de 13 de fevereiro de 2012 – Regula as normas para realização de
Sindicância;
Instrução Normativa - TCU nº 71, de 28 de novembro de 2012, alterada pela
Instrução Normativa - TCU nº 76, de 23 de novembro de 2016, encaminhamento
ao TCU dos processos de tomada de contas especial; e
Portaria nº 424 - Cmt Ex, de 27 de março de 2019 – Regula as normas para
realização de Tomada de Contas Especial.
4. RELATÓRIO
Em cumprimento ao Art. 15, da Portaria nº 1.324 - Cmt Ex, de 04 de outubro de
2017, esta Unidade de Auditoria Interna Governamental (UAIG) tem observado que
existe um tratamento heterogêneo com relação aos procedimentos adotados pelas UGV
ao apurar e solucionar sindicâncias que tem como objeto da apuração “dano e/ou
extravio de material”, especialmente no que concerne à correta quantificação do dano e
a qualificação dos responáveis. Após a análise de alguns processos, verificou-se algumas
falhas na condução das apurações, implicando diretamente em erro na quantificação do
dano ao erário e na caracterização da conduta dos indicados como responsáveis, em
prejuízo da boa gestão e ofensa aos princípios constitucionais da legalidade e da
eficiência. As principais falhas processuais ora observadas são:
a. Deixar de manifestar-se, conclusivamente, sobre a existência de dolo (má fé),
negligência imprudência ou imperícia;
b. Deixar de caracterizar a conduta dos responsabilizados, em prejuízo da
constituição donexo causal (causa x efeito);
c. Quantificar o dano, de forma equivocada, a partir do valor depreciado do
material extraviado ou danificado; e
d. Não ofertar, ao responsabilizado, a possibilidade de repor o material danificado
e/ou extraviado, substituindo por outro igual ou similar, que atenda as condições
de uso do bem substituído.
5. APRECIAÇÃO
5.1. Do estrito cumprimento do dever legal nos procedimentos apuratórios
Nos processos administrativos serão observados, entre outros, os critérios de
conformidade legal; interesse público; adequação entre meios e fins e indicação dos
pressupostos de fato e de direito que determinarem a decisão, devendo a administração
pública obedecer aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
público e eficiência (Art. 2º. da Lei nº 9.784/99).
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b. quando se tratar de material de uso controlado, tanto os recebidos dos órgãos
provedores, quanto os adquirido com recursos da prória OM (artigos de alto
custo, altamente técnicos, que apresentam periculosidade no manuseio, escassos
no mercado interno ou externo, e os materiais estratégico (R-3)).
“Art. 88. O Agente Diretor examinará o documento a que se referem os arts. 86 e 87, e
determinará as providências constantes dos parágrafos deste artigo.
[...]
c) for controlado.
3) abertura de sindicância, sempre que houver indício de incúria ou imprevidência.
4) instauração de Inquérito Policial-Militar (IPM), sempre que houver indício de
crime.” (grifo nosso)
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Proceder as oitivas daqueles que tenham exercido as funções relacionadas aos fatos a serem
apurados à época da ocorrência dos mesmos e, ainda, de outros agentes que tenham participado direta ou
indiretamente do fato em apuração (letra b) do Inc. V, do art. 7º da Portaria nº 1.324 - Cmt Ex, de 04 OUT
17).
3
A conduta dos responsáveis não pode ser baseada em uma possibilidade ou
suposição, tendo em vista que é competência do sindicante buscar a verdade
material e a comprovação documental dos fatos apresentados. Neste sentido, deve-se
utilizar verbos no infinitivo, mencionar os documentos que comprovem a conduta adotada
e indicar a conduta correta que deveria ter sido tomada. O nexo de causalidade deve
evidenciar a relação de causa e efeito entre a conduta do responsável e o resultado ilícito e
deve estar explícito no relatório e na matriz de responsabilização.( letra c) do Inc. V, do
art. 7º da Portaria nº 1.324 - Cmt Ex, de 04 OUT 17)
“c) evidenciação, por intermédio da Matriz de Responsabilização (Anexo A), exceto nos
casos de prejuízo imputado à União, da relação entre a situação que deu origem ao
dano e a conduta ilegal, ilegítima ou antieconômica da pessoa física ou jurídica a quem
se imputa a obrigação de ressarcir os cofres públicos;
Diz o artigo 13, do nosso Código Penal, que o resultado é imputável a quem lhe
deu causa. Não basta a prática da conduta ilícita, é necessário que ela seja a causa
do dano. Cuida-se de saber se um determinado resultado é imputável ao agente. A
correta determinação do nexo de causalidade serve para identificar quem causou o dano
e tem também o propósito de identificar o próprio conteúdo da responsabilidade,
portanto delimita até onde o autor pode responder.2
2
Kretzmann, Renata Pozzi - Nexo de causalidade na responsabilidade civil: conceito e teorias
explicativas (pag.1), <https://s3.meusitejuridico.com.br/2018/08/900ca64d-nexo-de-causalidade-na-rc-renata-
k.pdf>
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5.4.1. Da reposição do material extraviado e/ou danificado
O ressarcimento pode ocorrer pela entrega de um bem de características
iguais ou superiores ao danificado ou extraviado, mediante comprovação expressa do
responsável pelo material, acerca da adequação dessa forma de ressarcimento para a
Administração, conforme prevê a própria Notificação do Débito (Anexo D) da Portaria nº
1.324 - Cmt Ex, de 04 OUT 17.
Ofertar esta possibilidade ao sindicado pode abreviar a solução, visto que, por
vezes, pode ser vantajoso para o responsabilizado ao mesmo tempo que atende ao
interesse público, promovendo a pronta reposição do bem público e está legalmente
previsto no parágrafo único do Art. 148 do RAE:
“Parágrafo único. Poderá ser exigido do responsável a reposição do material
danificado ou extraviado.”
Não havendo a reposição do bem danificado ou extraviado, o sindicado deverá
indenizar o material, de forma que o valor da indenização seja suficiente para que a
administração faça a reposição por outro idêntico ou semelhante, nos termos do Art.
148 do RAE:
Art. 148. O valor do material, para efeito de indenização, será aquele que permita sua
reposição por outro idêntico ou semelhante, observados os critérios estabelecidos pelos
Órgãos Gestores ou, quando adquirido pela UA, o fixado pela administração.
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5.4.2.2. Dano ou extravio de materiais recebidos pela cadeia de suprimentos
6. CONCLUSÃO
Em vista do exposto, é imperioso afirmar que a correta caracterização dos fatos,
quantificação do dano e qualificação dos responsáveis devem se firmar nas provas
documentais existentes e/ou produzidas na fase de instrução, estas irão evidenciar o
parecer do sindicante, que deverá envidar todos os esforços a fim de chegar à verdade
material com total imparcialidade e promover o ressarcimento ao erário pelo bem
danificado ou extraviado, seja através da substituição do material danificado ou
extraviado, seja através da indenização.
Por fim, é mister destacar que a autoridade competente, além de apurar os fatos,
definir responsabilidades, e reparar eventuais efeitos do ato ilícito, através da
sindicância, deve também adotar medidas preventivas para evitar a sua reiteração.