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COMÉRCIO

INTERNACIONAL
Políticas Comerciais/Barreiras ao
Comércio

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
COMÉRCIO INTERNACIONAL
Políticas Comerciais/Barreiras ao Comércio
Thális Andrade

Sumário
Apresentação......................................................................................................................................................................4
Políticas Comerciais/Barreiras ao Comércio....................................................................................................7
1. Conceitos Básicos........................................................................................................................................................7
2. Mercantilismo. . ............................................................................................................................................................13
3. Teoria das Vantagens Absolutas.. ....................................................................................................................14
4. Teoria das Vantagens Relativas (Comparativas). ...................................................................................17
5. Teoria da Dotação dos Fatores de Produção.............................................................................................21
6. Novas Teorias.............................................................................................................................................................22
7. Teoria da Indústria Nascente.. ...........................................................................................................................26
8. Teoria da Substituição das Importações. .................................................................................................... 28
9. Industrialização Voltada às Exportações. ..................................................................................................32
10. Políticas Comerciais Estratégicas...............................................................................................................33
11. Introdução sobre Barreiras ao Comércio...................................................................................................36
12. Barreiras Tarifárias.. ..............................................................................................................................................39
13. Barreiras Não-Tarifárias (BNTs)....................................................................................................................46
13.1. Cotas não Tarifárias de Importação e Acordos Voluntários de Restrição às
Exportações (AVRE).. ...................................................................................................................................................50
13.2. Licenças de Importação..................................................................................................................................52
13.3. Direitos Antidumping e Compensatórios.............................................................................................54
13.4. Formalidades Aduaneiras. . ............................................................................................................................55
13.5. Taxas Múltiplas de Câmbio e Desvalorização Competitiva de Moeda................................56
13.6. Pauta de Preços Mínimos e Práticas Arbitrárias em Valoração Aduaneira.....................58
13.7. Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMs)...............................................58
13.8. Tratamento Favorecido Aos Produtos Nacionais em Licitações............................................ 59
13.9. Barreiras Técnicas, Sanitárias e Fitossanitárias.............................................................................60
14. Exceções do Gatt que Justificam a Imposição de Barreiras ao Comércio..............................64
14.1. Proteção à Indústria Nascente.. ..................................................................................................................64

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14.2. Exceções de Balanço de Pagamentos. ....................................................................................................65


14.3. Exceção de Emergência Econômica (Surto de Importações).....................................................66
14.4. Exceções de Integração Regional. ............................................................................................................ 67
14.5. Exceções Gerais.. ................................................................................................................................................. 67
14.6. Exceções de Segurança. . ................................................................................................................................. 72
Resumo................................................................................................................................................................................ 73
Questões Comentadas em Aula.. ........................................................................................................................... 76
Gabarito............................................................................................................................................................................... 82

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Apresentação
Salve, salve concurseiro(a)s de todo Brasil!
Voltamos com mais uma atualização em nosso Curso de Comércio Internacional. Conforme
já havia destacado na versão anterior do curso, a ESAF saiu da elaboração dos certames, o que
deve impactar o conteúdo da nossa próxima prova, bem como o formato das questões de
nossa matéria. Antes que me perguntem, quem será a nova banca, as apostas hoje estão com
CESPE/CEBRASPE e FGV, sendo que é possível sim prova de múltipla escolha também pelo
CESPE. Tudo vai depender de como vai caminhar o edital de contratação da banca…
Mais uma vez, vamos cobrir todo o conteúdo que historicamente vem caindo para este
certame, bem como as mais variadas formas de cobrar este assunto.
Fique à vontade então para nos enviar eventuais dúvidas, pois no PDFs, a leitura e aprendi-
zado andam na velocidade que o aluno desejar…
Quem me conhece das aulas em vídeo, sabe que são muitos os detalhes que dou na at-
mosfera da sala de aula. Então, aqui, o esforço será redobrado para que este curso seja de al-
tíssimo nível para que, você, candidato(a), tenha à mão um material “de primeira”. Meu objetivo
é que vocês tenham um material, de qualidade, supercompleto aqui no Gran Cursos.
E o que espero de você?
Meu(minha) caro(a), no mínimo, muita atenção a cada detalhe do que está sendo aqui escrito.
Em se tratando de Comércio Internacional temos, junto com Legislação Aduaneira, 15
questões peso 2, ou seja 30 pontos num total de 210. Especificamente em Comércio Inter-
nacional temos visto cerca de 7 questões da matéria, perfazendo uns 7% da prova.
Parece pouco, mas não é!
Nossa matéria é sempre alvo de questões discursivas, mostrando quão estratégico e
fundamental é o seu estudo.
Por isso, nosso objetivo nada mais é do que simplesmente gabaritar esse assunto.
Ao iniciar o estudo de nossa matéria você verá que Comércio Internacional é simples-
mente apaixonante.
Assim, buscarei neste trabalho trazer uma linguagem simples, porém direta. Além disso,
irei buscar a profundidade do conteúdo na medida exata para sua aprovação, sem deixar de
lado o cuidado com aqueles que nunca ouviram falar do assunto.
Neste introdução, gostaria ainda de brevemente situar vocês sobre minha trajetória profis-
sional e a relação com nossa matéria. Sou Analista de Comércio Exterior desde 2008, carreira
oriundo do “finado” Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC) rsrs.
“Finado” porque atualmente sou lotado no Ministério da Economia, dentro da Secretaria de
Comércio Exterior e Assuntos Internacionais (SECINT), esta que acabou por incorporar a maio-
ria das funções do MDIC. Por sua vez, estou dentro da conhecida Secretaria de Comércio Exterior

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(SECEX). Desde o ingresso, atuei como investigador em processos de defesa comercial (ex.:
dumping) na SECEX, além de ter trabalhado com negociações internacionais na Secretaria
Executiva da CAMEX em 2012. Retornei à SECEX em 2014 para trabalhar com Licenciamento
de Importações, onde se pode ver na prática nossa matéria de INCOTERMS, defesa comercial,
Drawback, reduções tarifárias, acordos regionais etc. Desde 2017 retornei então para a defesa
comercial, onde permaneço até hoje.
Posso dizer que em todas essas tarefas a interação entre SECEX e RFB é muito próxima,
quase “simbiótica” diria! Mas além do contato entre as carreiras, o cargo de AFRFB possui um
enorme vínculo com a nossa matéria de Comércio Internacional.
A aplicação prática de nossa matéria pode ser exemplificada pelos procedimentos de
defesa comercial, em que vocês cuidarão da arrecadação dos valores pagos à título de me-
dida de defesa comercial. Podemos mencionar ainda a classificação aduaneira/fiscal que
vocês farão sobre as mercadorias que entram e saem do país. Ou ainda, destacar o contro-
le aduaneiro que vocês exercerão sobre as mercadorias submetidas a regimes aduaneiros
especiais, em que os tributos estão suspensos e o rigor na sua fiscalização, portanto, é
imprescindível.
Tudo isso é só para demonstrar a vocês o quanto é fascinante a face aduaneira da futura carreira
de vocês. E claro, isso se deve em grande parte à apaixonante matéria de Comércio Internacional.
Minha tarefa aqui será, além de lecionar o conteúdo, aproximar vocês ao máximo da disci-
plina, pois se trata de pedra fundamental para o concurso de vocês. Não a subestimem, pois
seu conteúdo é deveras importante para qualquer futuro AFRFB que se preze, ok?
Vamos à programação de nosso curso:

Metodologia Utilizada

A proposta de nosso curso é trazer a teoria mesclada com questões comentadas relativas
ao assunto em discussão. Assim, você terá a visão prática do assunto, vendo as nuances em
prova e a relevância do que você está estudando. Este material serve então como apoio às au-
las de vídeo, e traz basicamente, de modo escrito, o que falamos em sala de aula.
Ao final, você encontrará as questões para serem resolvidas.

Legislação Aplicável

Em nossa matéria temos alguns acordos internacionais importantes que seguirão ao final
das aulas como anexo. Explicaremos os aspectos mais relevantes e que mais caem em prova.
No entanto, é interessante o aluno dar aquela lida na “letra seca” do acordo, pois destacarei
alguns que tem boas chances de serem cobrados.

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Abordagem

Apesar de a matéria de Comércio Internacional ser um universo totalmente novo para mui-
tos, ela não é complexa. Temos questões “batidas”, mas também há tendência em se cobrar
novidades como normas internas do MERCOSUL, rodadas de negociações da OMC, Conven-
ções Internacionais recentes etc.
Tendo em vista que muitas vezes o que está em vigor não é claro para a própria banca, é
comum vermos que bancas menos experientes em temas de comércio internacional incorrerem
em equívocos na formulação e até resolução das questões de nossa matéria. Diante desta pecu-
liaridade, faremos uma abordagem que deixe o mais claro possível o entendimento da matéria
para que você escolha a alternativa mais plausível e, eventualmente, ainda que a questão errada
não seja anulada, você tenha maior chance de acerto naqueles itens “defeituosos”.
Todo esse cuidado é para você gabaritar, inclusive nas questões polêmicas!

Suporte

Lembro ainda que daremos suporte para quaisquer dúvidas que surjam ao longo deste
curso. Ter dúvidas faz parte do aprendizado. Não tenham medo de questionar, pois com elas,
o professor também aprende. A hora de tirar qualquer dúvida é sempre antes da prova, por
meio do fórum.
Enfim, o assunto é então lecionado de forma muito menos aprofundada como era antiga-
mente em razão da sua clara perda de ênfase nas provas.
No entanto, nosso foco, como sempre, é cobrir tudo para você gabaritar! E vamos “sim-
bora” com um recado do nosso herói…

“O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário”


(Albert Einstein)

Portanto, a hora de pôr em prática os estudos é agora, meus amigos. O estudo de


qualidade exige sacrifícios, ausência do lar, dos amigos, de festas etc.…
Mas isso é passageiro, e todo esforço será recompensado!
Vamo que vamo! |o/
Prof. Thális Andrade
Facebook: Thális Andrade
Instagram: @andradeaduaneiro
E-mail: professorthalisandrade@gmail.com
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POLÍTICAS COMERCIAIS/BARREIRAS AO COMÉRCIO


1. Conceitos Básicos
Para esquentar os motores, nesta aula, vamos tratar do tema Políticas Comerciais constan-
tes no edital de AFRFB 2014. É um tema mais simples que as demais aulas, mas preferimos
começar por ele, pois se trata da base de tudo que virá adiante…
Em editais de 1996 até 2005, era praxe a cobrança de uma série de teorias e questões pe-
sadas sobre cada uma das políticas comerciais indicadas no edital.
No entanto, em 2009, observamos um redução drástica deste assunto nas provas de AFR-
FB de 2012 e 2014, tendo em vista que nem sequer caiu uma questão sobre o assunto. A pró-
pria descrição nestes editais já era bem mais enxuta daquela exigida nas décadas anteriores,
de modo que a infinidade de teorias de comércio ficou no passado; agora busca-se “direto e
reto” do futuro AFRFB a percepção sobre as políticas comerciais passíveis de implementação!
Para iniciar nossa conversa, busquemos definir alguns conceitos.

Afinal, o que é Comércio Internacional?

Podemos dizer que o comércio é uma via de “duas mãos”, em que ocorre a compra
e venda de bens e serviços, bem como dos fluxos financeiros correspondentes, entre os
diversos países do planeta. Trata-se de processo resultante da divisão internacional do
trabalho, da diferente dotação dos fatores de produção, bem como da diversidade das ha-
bilidades adquiridas por seus participantes.
O vídeo “Trade Matters to Me” lançado pela OMC em outubro de 2014 para a edição do
“WTO Public forum” resume bem toda nossa matéria aplicada no dia a dia:
https://www.youtube.com/watch?v=Crby5WYko0g
Percebam no vídeo que hoje estamos inseridos numa verdade cadeia global de valor, em
que o comércio internacional cresce vertiginosamente com os avanços da produção industrial,
logística, tecnologia, meios de pagamento, enfim, se por um lado o fenômeno da globalização
encontra resistências em alguns países (vide Brexit), as tecnologias avançam no sentido da
interdependência como a blockchain, criptomoedas, bem como uma maior preocupação com
valores nesse comércio internacional, trazendo às empresas a necessidade de incorporaram
padrões voltados à proteção de valores ambientais, sociais e de governança (no inglês “ESG” –
Environmental, Social and Governance)

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Voltando à definição de nossa matéria, a expressão “Comércio Internacional” difere um pou-


co de “Comércio Exterior”; enquanto a primeira trata desse processo no contexto de todos os
países comerciando entre si, num ambiente global, a expressão comércio exterior se vincula as
trocas de um determinado país com o resto do mundo. Por isso geralmente usamos a expressão
Comércio Exterior Brasileiro, quando queremos falar do nosso Brasil como ponto de partida para
todas as análises de importações e exportações com nossos parceiros comerciais.
A ideia que reside por detrás dessa necessidade de se intercambiar produtos e serviços
deriva do fato de que nós não somos capazes de produzir tudo o que consumimos. Imaginem
se precisássemos fabricar nossos sapatos, costurar nossas camisas, cultivar nosso alimento,
desenvolver nosso “videogame”, e assim por diante.
Não dá né meus amigos! Não temos tempo, dinheiro, tampouco inteligência pra isso…
Pode até existir algum “professor pardal” que consiga essa autossuficiência, mas eles se-
riam extremamente ineficientes, pois os custos são altos para essa empreitada.

Fonte: www.constelar.com.br

Isso porque eles teriam que desenvolver aptidões físicas e intelectuais para aprender cada
ofício (fator mão-de-obra), gastar dinheiro em máquinas, fábricas ou equipamentos diferen-
ciados para produção desses produtos (fator capital), além de eventualmente ter que buscar
terras cultiváveis e urbanas ou recursos naturais para produzir os alimentos (fator terra).
E por falar nesses três elementos, eles são os nossos queridos fatores de produção.
Felizmente (ou não), o ser humano “percebeu que era difícil produzir tudo o que precisa-
va. Era mais fácil fazer dez coisas iguais do que sete diferentes. Assim, nasceu a divisão do
trabalho: um indivíduo produzia apenas um tipo de objeto em quantidade superior as suas
necessidades e trocava o excedente. A divisão do trabalho não só aumentou a produtivida-
de como também permitiu a melhora da qualidade. Esses dois fatos proporcionaram maior
oportunidade de trocas”. (MAIA, 2004, p. 20).

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Portanto meus caros, desde que os povos pré-históricos passaram a realizar trocas de produ-
tos (escambo) entre habitantes de uma mesma tribo, podemos dizer que existe comércio. A dife-
rença é que hoje realizamos essas trocas não sob a base “produto x produto”, mas sim com base
em papel-moeda ou simplesmente por meio eletrônico de pagamento de modo que as fronteiras
daquelas tribos da antiguidade hoje foram extrapoladas para fronteiras entre países!

FICA a DICA
Na verdade, segundo Krugman, existem dois motivos pelos
quais os países se especializam e fazem comércio:
1º) os países diferem em RECURSOS e TECNOLOGIA e se es-
pecializam nas coisas que fazem melhor.
2º) ECONOMIAS DE ESCALA (ou retornos crescentes) trazem
vantagens para os países se especializarem numa gama res-
trita de produtos ou serviços.
Assim, os países atuando numa gama restrita de produtos
buscam a variedade de produtos que não produzem por meio
do comércio internacional, trocando com os demais países.

Quando essa troca ocorre sem a ingerência dos Estados, temos o chamado liberalismo
(livre-cambismo). No entanto, a defesa do liberalismo, não é uma unanimidade, sofrendo um
contraponto constante com o “lado obscuro da força”: o protecionismo.
Na verdade, como bem colocam os professores Barral e Brogini, o discurso a favor do libe-
ralismo pode ser comparado com a evocação da ida para o plano divino, pois todos são a favor
do livre comércio, mas o mais tarde possível.
É meio que “faça o que eu digo, mas não faça o que eu faço”.
Lembrem-se dessa máxima ao longo do curso… Ela é um dogma que permeia as relações
comerciais internacionais!
Muito se defende o liberalismo, mas é difícil encontrar algum país que sustente essa ban-
deira hoje em dia e não tenha se valido de medidas protecionistas no passado (ou ainda as
utilize no presente).
Todos têm “telhado de vidro” rsrs
Inclusive, podemos afirmar que se as grandes potências, em seu primeiro estágio de
desenvolvimento, tivessem mesmo adotado as políticas que recomendam aos países em
desenvolvimento, não seriam a pujança econômica que são hoje.
Isso porque muitos desses países, ao longo de sua trajetória desenvolvimentista, recor-
reram a políticas comerciais e industriais protecionistas, atualmente consideradas políticas
“ruins”. Como bem define Ha-Joon, os países desenvolvidos, ao pregarem hoje políticas orto-
doxas estariam “chutando a escada” para que os países em desenvolvimento não consigam
seguir os mesmos caminhos trilhados por eles para se desenvolver.

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Por exemplo, de 1820 até 1931, os EUA e alguns outros países hoje desenvolvidos adota-
ram políticas altamente protecionistas para defender a sua indústria nascente, mas eles ale-
gam que fizeram o contrário; disseram que liberalizaram seus mercados.

É verdade isso professor?

A resposta é depende!

Obs.: CURIOSIDADE
 De fato, os EUA possuem uma das menores tarifas médias da OMC, sendo 3,7% seu
imposto de importação médio, enquanto o Brasil tem sua tarifa máxima consolidada
em torno de 32%. de outro lado, os EUA são um dos maiores aplicadores de medidas
de defesa comercial, bem como possuem diversos programas de subsídios para sua
ineficiente agricultura como a famosa lei “Farm Bill”, que em 2018 foi tornada lei pelo
ex-presidente Donald Trump!
 (Lembrem-se do dogma… Quero ir por último para o liberalismo…)

Portanto, alguns países desenvolvidos alimentam sob outras formas seu espírito protecio-
nista mais do que a gente imagina!
Aliás, outros países desenvolvidos também usaram e abusaram desses “pecados” contra
o livre comércio no passado. A Alemanha, por exemplo, se utilizou no passado de espionagem
industrial patrocinada pelo Estado e a cooptação de trabalhadores da Inglaterra, práticas nada
“recomendáveis” nos dias de hoje.
Para guardar bem esses conceitos, vamos esquematizar o que foi visto até aqui:

Vejam como já se abordou este tema:

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001. (INÉDITA/2022) Para a doutrina liberal, que advoga as livres trocas comerciais (livre cam-
bismo), o governo não deve ter ingerência sobre a economia, retirando obstáculos ao comércio
entre os países.

O livre cambismo é a completa ausência de amarras do Estado sobre o Comércio Internacional.


Certo.

Assim, o “livre cambismo” rege a livre troca de produtos no campo internacional, os quais
seriam vendidos a preços mínimos, num regime de mercado, se aproximaria ao da livre con-
corrência perfeita.
Tudo bem até aqui pessoal? Molezinha até agora né?
Vejamos agora o protecionismo!
Como o próprio nome diz, o protecionismo trabalha com uma lógica de intervenção
do Estado na economia. Mas isso não ocorre somente por meio de imposição de barrei-
ras à importação, mas também por meio de aportes governamentais à exportação de
seus produtos, medidas de apoio a produção doméstica, regulamentação discriminatória
quanto aos prestadores de serviços estrangeiros etc.

 Obs.: Portanto, país “protecionista” pode ser entendido como aquele que realiza, em qual-
quer grau, intervenção na economia.

A intervenção do Estado na economia ocorre pelos mais diversos motivos. Veja-se por
exemplo os perigos decorrentes da divisão da produção. Com a divisão da produção, o país
não produz tudo que precisa e, em eventual guerra, pode ficar suscetível ao desabastecimen-
to, tal como ocorreu na crise de 1929. No entanto, com a remota possibilidade de haver outra
guerra, essa motivação fica prejudicada.
Podemos destacar ainda que a intervenção do Estado inibe a formação de trustes, carteis
e oligopólios. Além disso, como as multinacionais trabalham com economia de escala, seu
baixo custo tende a suplantar a indústria nacional, de modo que só a intervenção do Estado é
capaz de dar fôlego aos produtores para concorrerem com essas grandes empresas.
A intervenção estatal também tem lugar para se evitar esgotamento dos recursos naturais.
Como muitos recursos são limitados, a exploração desenfreada compromete o futuro. Esta-
mos vivenciando este tipo de situação com a exportação de minérios da China para o resto
mundo, e o Brasil pode também passar por isso no futuro.

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Por outro lado, pesa desfavoravelmente ao protecionismo a acomodação da indústria nacional.


Como a indústria tem mercado cativo, não precisa melhorar a qualidade do produto. Esse foi o caso
típico do setor automobilístico no Brasil que, até o início da década de 90, estava protegido, porém
sem inovação, escala e eficiência, foi “engolido” pelo corte de tarifas promovido pelo governo Collor.
Esse era o caso da Gurgel (alguém lembra dessa marca nacional, ou só eu? rsrs).
Se você não lembra, dá uma conferida aí embaixo:

A companhia desapareceu quando o mercado brasileiro se abriu para concorrência


externa, indo à falência.
O protecionismo leva também à reserva de mercado e monopólios. No Brasil tivemos na
década de 80 a lei de informática (Lei Federal n. 7.232/1984) que criou uma reserva de merca-
do para os computadores nacionais.
Segundo o art. 4º, inc. VIII desta lei, era um instrumento da Política Nacional de Informática
o controle das importações de bens e serviços de informática por 8 (oito) anos a contar da pu-
blicação da lei. Ou seja, até 1992, o governo é quem ditava o que poderia ou não ser importado
no setor de informática…
Além disso, o protecionismo afasta a concorrência estrangeira, o mercado fechado acaba
incentivando os produtores nacionais de determinado produto. Isso tende a gerar elevação de
preços, pois afasta a concorrência de produtos estrangeiros no mercado interno que, na maio-
ria das vezes, são os mais eficientes.
Portanto, as tarifas impostas pelo governo para fechar o mercado nacional à concorrência
externa não dão competitividade à indústria nacional.
Feita essa breve comparação entre as duas formas de política econômica, veremos as
mais diversas razões que levam um país a intervir ou não na economia.
No edital AFRFB/2014 apareceu explicitamente a relação Liberalismo e Protecionismo,
bem como Comércio e Desenvolvimento Econômico. No entanto, o último edital não indica
mais as diferentes teorias de comércio, razão pela qual veremos brevemente as principais
correntes sobre o assunto.

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2. Mercantilismo
A primeira teoria que vale à pena tecer COMENTÁRIO é a Mercantilista.
Ela surge no século XV (transição do período medieval para idade moderna) e vai até o final
do século XVIII. Não é teoria liberal, pois nela havia forte intervenção do Estado. No entanto,
essa intervenção era “míope”, pois acreditava-se que o Comércio Internacional era um jogo de
“soma zero”, ou seja, o volume global do comércio mundial não seria alterado, pois o lucro de
um país implicaria a perda de outro.
Assim, a corrente mercantilista foi caracterizada pela acumulação de ouro e prata e superá-
vits na balança comercial (exportações superiores às importações). Podemos ver claramente
que este era o movimento empregado pelas metrópoles sobre as colônias, por exemplo, Por-
tugal-Brasil. Por decorrência do pacto colonial a coroa portuguesa comprava matérias-primas
da sua colônia brasileira por valores baixos e fornecia-lhe produtos manufaturados por pre-
ços elevados.
Vale destacar rapidamente a vertente que se desdobra do MERCANTILISMO: O NEO-
MERCANTILISMO.

#FICAADICA
A teoria do Mercantilismo vai voltar séculos mais tarde sob
nova roupagem, sob o nome de NEOMERCANTILISMO. Nela,
novamente se mantém o ideal de incentivar as exportações e
desencorajar as importações.
No entanto, o país agora o faz por meio de controle de capitais
ou centralizando as decisões monetárias nos bancos centrais.
Assim, o país pode por exemplo promover desvalorizações
competitivas de moeda para promover exportações e desin-
centivar importações. Veja que a ideia não é estimular expor-
tações por meio de diversificação de exportações, mas sim,
restringir saídas de divisas, mantendo as reservas do país com
saldo positivo.

Feitos esses esclarecimentos, vamos à teoria que é a base do pensamento liberal e rompeu
com a noção mercantilista de que o comércio seria um jogo de soma-zero.

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3. Teoria das Vantagens Absolutas


No atual cenário de crise que os países enfrentam (especialmente o Brasil) a questão eco-
nômica mais importante defendida por qualquer governante é o emprego. Então a concorrên-
cia com produtos estrangeiros pode parecer num primeiro momento algo maléfico à garantia
do emprego, certo?
No entanto, sabemos que não somos “bons em tudo”. Quer dizer, não sabemos produzir
tudo o que precisamos. E se tentarmos fazer isso vamos fazê-lo “nas coxas”. Isso porque, con-
forme já lembramos, não somos um “professor Pardal”, aquele personagem das estórias em
quadrinhos que fabricava sozinho engenhocas para satisfazer suas necessidades…
Partindo dessa premissa, Adam Smith em 1776 aliou a ideia de crescimento econômico
baseado no trabalho produtivo. Com ele foi cunhada a expressão “mão invisível” do mercado,
apregoando que o mercado se autorregularia, não necessitando da intervenção estatal.
Para Smith, a abertura comercial não é simplesmente ruim para o emprego. Na verdade,
Smith viu que cada país deveria alocar sua capacidade de trabalho no produto que era mais
eficiente (teoria das vantagens absolutas).
Neste caso, para haver comércio entre dois países, cada qual precisava ser mais eficiente
do que o outro na produção de determinado produto. Ainda, para o economista, o trabalho é
que dava prosperidade econômica ao produzir excedente de valor sobre seu custo de produ-
ção mediante a distribuição do trabalho.
Tomamos o seguinte exemplo de uma jornada diária de 8 horas de trabalho: Imagine que
o Brasil produz 2 bolas de futebol por cada hora de trabalho, enquanto a Argentina produz 2
pares de chuteira por hora.
Podemos esquematizar assim:

Brasil: 2 bolas de futebol/hora x 8hs = 16 bolas de futebol


Argentina: 2 pares de chuteira/hora x 8hs = 16 pares de chuteira

Ao final do dia, estes produtores produzem 16 bolas e 16 pares de chuteira para suas
populações, correto?
Agora imagine que o Brasil, além de produzir bola de futebol, também produzisse
chuteira; imagine também que a Argentina além de fabricar chuteira produzisse bolas de
futebol. No entanto, estes outros produtos, Brasil e Argentina levam 4 horas para produ-
zir. Cada unidade.

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Há assim uma generalização da capacidade produtiva ao invés de especialização concor-


dam? Ao invés de dedicar suas 8 horas diárias para um só produto, os países acham que sa-
bem fazer tudo ao menor custo. Dividindo à metade a força de trabalho entre bolas de futebol
e chuteiras em cada país, temos a seguinte relação:

Brasil: 2 bolas de futebol/hora x 4hs = 8 bolas + 1 par de chuteira/hora x 4hs = 4 pares de chuteira
Argentina: 2 pares de chuteira/hora x 4hs = 8 pares + 1 bola de futebol/hora x 4hs = 4 bolas

No fim do dia, ao invés de 16 bolas e 16 pares de chuteira, teríamos apenas 12 bolas de


futebol e 12 pares de chuteira.
Viram a diferença?
A não especialização da produção levou à produção de menor quantidade de bens do que
se houvesse a especialização.
Assim, percebe-se que a sociedade mundial ganha com o comércio na medida em que
estes países se especializam na produção dos bens que são mais eficientes (leia-se menos ho-
ras de trabalho para produzir cada bem). Assim, Brasil deveria focar toda sua mão de obra em
bolas de futebol e Argentina em chuteiras, resultando numa oferta maior de produtos, podendo
trocar entre si os excedentes de produção.
Vejam que a decisão de fabricar dois produtos num mesmo país leva a uma maior produ-
ção de quantidade de bens do que o ofertado sem a especialização. Observem os indivíduos
não necessariamente perdem seus empregos, mas sim, realocam sua força de trabalho naqui-
lo que produzem de modo mais eficiente.
Adam Smith foi então apelidado de “pai do liberalismo”, pois apregoou que os países de-
veriam promover trocar entre si, especializando naquilo que fossem mais eficientes. Podemos
resumir a teoria no seguinte quadro:

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No entanto, quais eram os problemas desta teoria?

Smith não sabia justificar o comércio internacional quando um país fosse mais eficiente
em ambos os bens, em comparação ao país vizinho.

Smith não tinha resposta para o fato de que alguns países poderiam ser mais eficientes em
ambos os produtos. Smith também foi criticado por afirmar que a mão de obra seria o único
fator de produção responsável para se identificar a eficiência na produção.

Vejamos como já foi cobrado esse assunto…

002. (ESAF/AFRF/2000/TRECHO) A Teoria das Vantagens Absolutas afirma em quais


condições determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com custo de oportunidade
maior que o do concorrente.

Na Teoria das Vantagens Absolutas de Smith, os países devem se especializar no que forem mais
eficientes, ou seja, o que produzirem a um custo de produção menor. No entanto, o “custo de opor-
tunidade” só vai aparecer mais tarde, com as vantagens relativas. Portanto, item errado.
Errado.

003. (ESAF/AFRF/2000/TRECHO) O grande mérito de Adam Smith foi mostrar que o comér-
cio seria proveitoso para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o
outro na produção de todas as mercadorias.

Para Smith, só haveria trocas internacionais se um país tivesse vantagem absoluta numa
mercadoria e o outro país em outra mercadoria. Foi só com David Ricardo que foi trazida a
noção de que o comércio internacional não é um jogo de “soma-zero”, mas sim um “ganha-
-ganha” (win-win), ainda que um país seja mais eficiente em todas as mercadorias.
Errado.

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4. Teoria das Vantagens Relativas (Comparativas)


David Ricardo buscou aperfeiçoar as ideias de Adam Smith, quando tratou de princí-
pios de economia política e tributação em 1817. Ricardo adicionou a noção de vantagens
comparativas e investigou a distribuição desta riqueza produzida entre capital, trabalhadores
e proprietários de terras.
Mas então qual foi a contribuição de Ricardo sobre a teoria de Smith?
Ora meus caros, segundo Ricardo, o comércio entre dois países pode ocorrer ainda que um
país seja menos eficiente que o outro em ambos os produtos comparados entre os países.
Basta os países deslocarem sua força de trabalho na produção dos bens que são mais
eficientes dentro de seu país.
Considerando a mesma carga horária de trabalho, imagine que Alemanha produza mais
carros e computadores do que o Brasil.
Para provar isso, tomemos o seguinte exemplo:

Alemanha: produz 5 carros/hora ou 7 computadores/hora


Brasil: produz 4 carros/hora ou 2 computadores/hora

Percebe-se que o Brasil é menos eficiente que a Alemanha em ambos os produtos. No en-
tanto, segundo Ricardo, o Brasil deve ainda assim se especializar na produção de carros!
Por quê?
Porque, internamente, o Brasil é relativamente mais eficiente na produção carros do
que computadores. Isso porque o Brasil produz mais unidades de carros do que de com-
putadores numa mesma carga horária de trabalho. Portanto, para essa teoria não se
considera o valor agregado do produto, do capital etc. Leva-se em conta tão somente o
fator de produção trabalho!
Trocando em miúdos: “numa mesma carga horária de trabalho, consegue-se produzir nu-
mericamente mais carros do que computadores”. Esse é o espírito da coisa, entenderam?
O país faz dentro do seu leque de opções de produção a renúncia de um produto em favor
de outro. Surge então a ideia de custo de oportunidade: uma escolha em proveito de outra.

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Assim, David Ricardo aperfeiçoa o que Adam Smith iniciou e, com sua teoria de vantagens
relativas (ou comparativas) justificasse os ganhos do comércio internacional em qualquer si-
tuação produtiva, eliminando a ideia de que o comércio seria um jogo de “soma-zero”, no qual
se um país ganha outro necessariamente perde.
Na verdade, no comércio internacional, todos podem ganhar com ele (“win-win”), ainda que
não sejam em igual medida! Esse modelo continua sendo empregado de alguma forma até
hoje, justificando as rodadas de negociação da OMC, por exemplo.
Assim, o que interessa para Ricardo não é o custo absoluto de produção, mas a razão de
produtividade que cada país possui, entre dois ou mais bens. Percebam que o Comércio Inter-
nacional de hoje possui uma infinidade de bens, e a vantagem comparativa aparece para cada
bem em relação ao outro que é produzido neste mesmo país. No entanto, os exemplos que
costuma cair em prova é uma relação 2x2, ou seja, cuidam apenas da comparação entre 2 bens
(“A” e “B”) entre dois países (“X” e “Y”).

004. (CESPE/CEGESP/2013) A teoria das vantagens comparativas não se aplica quando


determinado país é mais produtivo na fabricação de todos os bens, pois estabelece que
o país deva especializar–se na produção daquele produto em que possui vantagem em
comparação a outros países.

É a teoria das vantagens absolutas que não seria aplicável. Lembre-se que nas vantagens comparati-
vas o comércio é possível, pois o país vai olhar para dentro de seu país para verificar o que produz de
modo mais eficiente e não para o país vizinho.
Errado.

005. (CESPE/ANATEL/2009) Para os economistas da escola clássica, as vantagens compa-


rativas relativas entre os países são o substrato teórico da especialização econômica, poten-
cializada com o comércio internacional.

A vantagem comparativa é a razão teórica clássica, pela qual os países ainda fazem trocas
comerciais entre si.
Certo.

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006. (VUNESP/CEAGESP/2010) Um país A precisa de 6h de trabalho para produzir uma saca


de trigo e 8h de trabalho para produzir uma mesa de jantar, enquanto o país B precisa de 4h
para produzir uma mesa de jantar e 5h para produzir uma saca de trigo.
I – O país B possui vantagens absolutas na produção de mesas de jantar.
II – O país B possui vantagens comparativas na produção de mesas de jantar.
III – O país B possui vantagens comparativas na produção de sacas de trigo.
Está correto, apenas, o que se afirma em:
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III

Vamos à resolução…

País A País B

1 un. Saca de Trigo 6hs 5hs

1 un. Mesa de Jantar 8hs 4hs

Sabemos que na teoria das vantagens absolutas devemos comparar com o país vizinho e na
relativa devemos comparar internamente. Assim, se olharmos em relação ao país vizinho, o
País “A” não possui vantagem em nada, não havendo vantagens absolutas sobre “B”. Por outro
lado, olhando internamente, “A” tem vantagem comparativa em saca de trigo e “B” em mesa
de jantar.
Assim, vamos aos enunciados…
I – Certo. “B” tem vantagem absoluta sobre “A” em mesa de jantar. Mas o contrário não é ver-
dadeiro (“A” não tem vantagem absoluta alguma).
II – Certo. De fato, “B” é mais eficiente em mesa de jantares internamente.
III – Errado. “B” não tem vantagem comparativa em trigo, mas tem apenas vantagem ab-
soluta em trigo.
Letra d.

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007. (ESAF/ACE-MDIC/2012) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de


especialização produtiva de um país e, por consequência, a composição de sua pauta
exportadora está diretamente relacionada à(s)
a) diferenças entre os custos de remuneração do capital em diferentes indústrias.
b) vantagens relativas determinadas pela produtividade do fator trabalho em diferentes indústrias.
c) dotação dos fatores de produção.
d) vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da mão de obra.
e) vantagens comparativas relativas determinadas pela produtividade do capital.

Aqui, importante destacar que David Ricardo não cuidava de outros fatores de produção, mas
somente do trabalho (mão de obra). Portanto, errada a letra “A”.
A letra “B) Certa. pois Ricardo falava de vantagens comparativas (relativas) que envolve jus-
tamente a eficiência (produtividade) da mão de obra para cada setor (produto). Será mais eficien-
te o setor que produzir mais unidades de produtos numa mesma carga horária de trabalho.
Outra forma de se ver a eficiência é justamente a carga horária menor para se produzir a uni-
dade de um bem, comparando essa carga horária com o tempo para se produzir um outro tipo
de mercadoria nesse mesmo país.
O erro da “C” é que não falava em outros fatores de produção (isso será tema de nossa
próxima teoria).
O erro da “D” é que Ricardo não falava da remuneração da mão de obra.
Por fim, o erro da “E” é novamente cuidar de outro fator de produção (capital) e não se ater
somente ao trabalho.
Antes de encerrar essa teoria, vale destacar suas limitações…

#FICAADICA
David Ricardo não considerava as características naturais de
um país, como disponibilidade relativa de mão de obra e de
capital, mas apenas cuidava de um fator de produção (traba-
lho). Assim, seria suficiente a justificar a especialização no co-
mércio internacional o diferencial de produtividade do trabalho
e o custo de oportunidade.

Vejamos então a teoria que expandiu a noção de David Ricardo e cuidou justamente da abun-
dância dos fatores como determinantes à especialização produtiva de um país.
Letra b.

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5. Teoria da Dotação dos Fatores de Produção


A limitação da teoria de David Ricardo foi explorada pela dupla de suecos Eli Heckscher e
Bertil Ohlin, os quais adicionaram mais alguns elementos destacando que os motivos pelos
quais os países comerciam, ou melhor, se especializam se dá em razão da abundância dos
fatores de produção que o país possui.
Em outras palavras, o comércio internacional não se explica somente pela diferença
na eficiência da mão-de-obra (produtividade), mas também pela dotação dos fatores de
produção que determinado país possui.
A ideia é relativamente simples.
Se o Brasil exporta produtos agrícolas – que são intensivos no fator de produção terra
– é porque o país possui larga extensão de terra cultivável. Com mais oferta desse fator de
produção (dotação), o custo dos produtos intensivos neste fator tende a ser mais barato.
Assim, segue a lógica para cada fator. O Japão exporta microchips de computador porque
é abundante em capital. A China exporta vestuário porque é abundante em mão-de-obra. E
assim por diante…
Vejamos como a ESAF cobrou esse assunto…

008. (ESAF/ACE/2012/TRECHO) Julgue os itens:


a) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de especialização produtiva de um país
e, por consequência, a composição de sua pauta exportadora está diretamente relacionada à
dotação dos fatores de produção.
b) O modelo Hecksher-Ohlin preconiza que um país produzirá e exportará aqueles produtos
cujos fatores produtivos sejam aproveitados mais eficientemente, independentemente de
sua oferta internamente.
c) O modelo Hecksher-Ohlin permite demonstrar como a oferta relativa de fatores de produção
e o emprego dos mesmos em diferentes intensidades na produção explicam os padrões de
especialização e as possibilidades do comércio internacional.

O item “A) Errado. pois David Ricardo não trouxe a dotação dos fatores de produção em seu
modelo. O modelo ricardiano levava em conta apenas o custo da mão-de-obra, desconsideran-
do os fatores de produção “terra e capital”. Esses só aparecem no modelo de Hecksher-Ohlin.
O item “B”, por sua vez, está errado e o item “C” está correto.
De fato, Hecksher-Ohlin toma em consideração a “dotação” dos fatores de produção. O termo
“dotação” nada mais é do que a abundância daquele determinado fator no país. Assim, é claro
que a oferta de terra, capital ou trabalho em dada economia explica o padrão de especialização
daquele país, que pode ser traduzido em sua pauta exportadora (ex.: Brasil possui muita “terra”
gerando exportações de bens agrícolas. Japão possui muito “capital” gerando exportações de
produtos de alta tecnologia).
Letra c.

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009. (CESGRANRIO/BNDES/2011) No modelo de Heckscher-Ohlin de comércio internacional,


as vantagens comparativas, que levam ao comércio entre dois países, decorrem de:
a) economias de escala na produção
b) dotações diferentes dos fatores de produção
c) tecnologias de produção diferentes
d) diferenças nas taxas de inflação interna dos países
e) desvalorizações cambiais competitivas

O “coração” da teoria é justamente demonstrar que vantagens comparativas de cada tipo de


produto decorrem do grau de disponibilidade que país detém daquele fator de produção que
serve de modo mais intenso na produção de determinada mercadoria.
Letra b.

010. (COSEAC/ANCINE/2009) A declaração teórica que afirma que cada país tem vanta-
gens comparativas no produto cujo processo produtivo emprega de forma intensiva o fator
de produção abundante naquele país é o(a):
a) Teoria do Valor-Trabalho;
b) Teorema de Stolper-Samuelson;
c) Postulado Ricardiano;
d) Teorema de Heckscher-Ohlin;
e) Modelo de Linder.

O gabarito é letra “D”, pois traz justamente a ideia de abundância (dotação) de determinado
fator de produção.
Letra d.

6. Novas Teorias
As três teorias que vimos anteriormente se baseiam unicamente na diferença entre os pa-
íses como os únicos motivos para que haja comércio internacional.
No entanto, Paul Krugman e Staffan Linder mostraram que países com estrutura de
produção similar poderiam fazer comércio. Este é chamado de comércio intraindústria1,
pois ocorre num mesmo setor ou segmento de produtos, como por exemplo, o comércio
automotivo entre Brasil e Argentina.

1
Vale à pena distinguir ainda o conceito de “Comércio Interindústria”, pelo qual as trocas comerciais ocorrem entre setores
distintos da indústria, como Alimentos e Máquinas. Já o “Comércio Interfirma” seria o comércio entre duas companhias
distintas.

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As principais justificativas para isso seria:


• Economias de Escala (retornos crescentes de escala) desenvolvida por Paul Krugman
• Diversidade dos gostos dos consumidores, desenvolvida por Staffan Linder.

O economista Paul Krugman, ganhador do Prêmio Nobel, explicou ainda que diante da espe-
cialização da produção no que cada país produz de modo mais eficiente gera o conhecido ganho
de escala. Isso significa que à medida que a empresa vai produzindo mais unidades de um mesmo
produto, seu custo de fabricação tende a reduzir se houver economia crescente de escala.
Tomemos por exemplo um restaurante que faça massas e comida japonesa (bom esse
exemplo né). Agora digamos que este cozinheiro fabrique parte do dia macarrão e parte do
dia sushi. Imagine ainda que ele tenha que pagar um aluguel mensal (custo fixo) pelo uso seu
estabelecimento, além de uma taxa de licença da prefeitura e IPTU anual (custo fixo). O cozi-
nheiro então tem que comprar todos os insumos para macarrão e para o sushi em pequenas
quantidades (custo variável a depender da quantidade), encarecendo o custo de cada unida-
de produzida. Agora suponha que ele resolva se especializar só em sushis (comprando mais
quantidade de insumos e barganhando por melhor preço). Logicamente, cada unidade de sushi
produzida terá seu valor amortizado, pois o custo final para cada unidade de sushi produzida
será proporcionalmente menor do que antes.
Se isso ocorrer, temos economias de escala, pois o aumento dos fatores produtivos (au-
mento da mão de obra em cada unidade de sushi produzida) gera aumentos mais que propor-
cionais na produção (reduzindo o preço).
Isso decorre da especialização da produção. Como havíamos dito antes, os países devem
se restringir a uma gama menor de produtos para aproveitarem os ganhos de escala, podendo
fazer comércio para adquirir aqueles bens que deixaram de produzir.
Ademais, neste caso, haverá comércio internacional ainda que os dois países possuam
idênticas dotações de fatores!

Como isso professor? Não eram as diferentes dotações de fatores que justificavam o
comércio internacional?

Sim, meus caros, era na época de Heckscher-Ohlin. No entanto, esse modelo não explicava,
por exemplo, porque Brasil e Argentina, havendo mesma dotação de fatores, vendem carros en-
tre si, gerando o fenômeno do comércio intraindústria. Daí surge a chamada “Teoria do Gosto
ou Preferência dos Consumidores” desenvolvida por Linder.
Esse gosto seria incentivado pelo nível de renda na economia. Assim, quanto mais seme-
lhante a demanda entre dois países (Brasil e Argentina adoram carros), mais semelhantes será
a estrutura produtiva destes países (Brasil e Argentina possuem várias plantas automotivas).

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Podemos falar ainda que em virtude das economias de escala e do comércio intrain-
dústria os fabricantes seriam estimulados a buscar diferenciar seus produtos para conquistarem
a preferência de sua clientela. Assim, argentinos comprariam carros da marca Volkswagen,
modelo Gol, fabricados pelo Brasil, enquanto o Brasil compraria carros da montadora Peu-
geot, modelo 308, fabricados pela Argentina.
Surge assim a chamada teoria da Concorrência Monopolística, que, como o próprio nome
diz, há concorrência entre fabricantes de um mesmo produto (ex.: carros), mas que as empresas
detêm certo “monopólio” na sua produção quando analisamos as características exclusivas do
produto (ex.: marca, tecnologia embarcada, qualidade, preço, durabilidade etc.)
Isso explica, por exemplo, porque o Smartphone “Iphone 6” tenha um preço tão caro. Ape-
sar de existirem uma infinidade de celulares no mercado (ampla concorrência) o produto “Ipho-
ne” seria diferenciado ao ponto de poder deter monopólio no mercado e permitir a prática de
altos preços em razão da demanda por estes aparelhos e ausência de competição decorrente da
preferência dos consumidores.

O PULO DO GATO

 Obs.: Em outras palavras, se os clientes “applemaníacos” desejam comprar só produtos


da “Apple”, eles não estão nem aí para os lançamentos da concorrente “Samsung”,
mesmo que esta ofereça preços mais baixos.
 A diferenciação dos produtos assegura que cada negócio detenha monopólio em seu
produto dentro do setor, estando a “Apple”, de certa forma, isolada da concorrência.
Assim, esta companhia ignora os preços cobrados pelos concorrentes, ignorando o
impacto do seu preço sobre o de outras.
 Como resultado, o modelo de concorrência monopolística supõe que, mesmo que
cada empresa esteja na verdade enfrentando a concorrência de outras, ela se compor-
te como se fosse monopolista. Daí o nome do modelo.

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Vejamos como já caiu em prova este assunto…

011. (ESAF/ACE/2012) Analise as assertivas abaixo e, em seguida, assinale a opção correta.


a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países conduz à especialização
em um número restrito de produtos, reduzindo assim a oferta de bens no mercado mundial e
as possibilidades de comércio entre eles.
b) Em um modelo de concorrência imperfeita e em condições monopolísticas, o comércio
internacional é restringido pela segmentação dos mercados, escalas de produção limitadas e
pequena diversidade de bens disponíveis para o intercâmbio comercial.
c) Mesmo em condições de concorrência imperfeita, as possibilidades e os ganhos do comér-
cio resultam de vantagens comparativas relativas tal como definidas no modelo ricardiano e
não do aproveitamento de economias de escala pelas indústrias.
d) No modelo de concorrência monopolística centrado na produção de manufaturas, um país
tanto produzirá e exportará bens manufaturados como também os importará, alimentando as-
sim o comércio intraindústrias e gerando ganhos extras no comércio internacional.
e) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de escala alimen-
tam a concentração monopolística, levando assim ao aumento dos preços nos mercados do-
mésticos e no mercado internacional e impactando negativamente o comércio internacional.

a) Errado. As economias de escala, de fato, só ocorrem para um grupo restrito de bens. No


entanto, a redução de preço proporcionada pela escala leva a uma maior oferta de produtos
globalmente, estimulando mais comércio internacional.
b) Errado. Na concorrência monopolística o produtor/exportador tenta diferenciar seus bens
gerando um comércio intraindústria (Ex.: exportação de veículos pequenos e importação de
veículos grandes). Essa diferenciação também decorre de ganhos de escala.
c) Errado. No cenário de concorrência imperfeita (vide item anterior) os ganhos de escala tam-
bém aparecem como resultado da diferenciação dos produtos.
d) Certo. Como dissemos, concorrência monopolística gera comércio intraindústria. Este é o
caso do comércio existente entre Brasil e Argentina no setor automotivo.
e) Errado. O rendimento crescente é a ampliação da escala industrial, que gera mais redução
de preços, impactando positivamente no comércio internacional.
Letra d.

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7. Teoria da Indústria Nascente


Essa ideia foi primeiro desenvolvida pelo Secretário do Tesouro dos EUA (Alexander Hamil-
ton) em 1790 com o “Report on Manufactures”.
Hamilton apresentou o trabalho no congresso americano com o objetivo de assegurar a
independência dos EUA em 1793. A ideia era simplesmente que, para que houvesse um EUA
independente, era preciso encorajar o crescimento de indústria manufatureira e, que para isso,
seria preciso subsídios à indústria, regulação ao comércio e tarifas de importação.
Essas ideias foram mais tarde então encampadas pelo economista alemão Friedrich List, para
justificar a proteção às indústrias nascentes da Alemanha no século XIX. Por meio da imposição
de barreiras às importações, a indústria não concorreria com as já maduras indústrias inglesas.
Aplicada aos países periféricos, o argumento da indústria nascente se baseia na ideia de
que os países em desenvolvimento têm uma vantagem comparativa potencial na manufatura,
porém os novos setores manufatureiros desses países não podem, em princípio, concorrer
com aqueles setores mais sólidos e firmados nos países desenvolvidos.
Em outras palavras, List dizia que o livre cambismo é bom para os países de economia
madura, mas os países com indústrias nascentes necessitam de alguma forma de proteção.
Com o objetivo de proteger a indústria nacional da concorrência dessas empresas já estabe-
lecidas, dando ao menos fôlego para tentarem se desenvolver e “ir atrás do prejuízo”, os governos
impõem barreiras ao comércio nesses setores nascentes, até que eles ganhem “musculatura”
suficiente para enfrentar a concorrência estrangeira. Dessa forma, a indústria nacional ganha
tempo para aprender fazendo (learn by doing), o que permite justificar a proteção a tais indústrias
por um longo período, para que o setor se desenvolva e gere inovação, condição indispensável à
manutenção da sua competitividade industrial após a abertura do mercado.
Desse modo, faz sentido usar tarifas ou cotas de importação como medidas provisórias/
tempo determinado para dar início a uma indústria que quer nascer, mas precisa da mão es-
tatal para lhe dar aquele “empurrãozinho”. Vale destacar que a cota (ou contingenciamento)
é uma das medidas prediletas para esse intento, pois são as mais eficazes para impedir a
entrada de determinados produtos, podem limitando efetivamente a quantidade do produto
importado e não somente encarecer o custo da importação.
Essa foi a forma como três das maiores economias do mundo iniciaram sua industrialização
no século XIX. Os EUA e Alemanha tinham elevadas alíquotas de imposto de importação sobre as
manufaturas, enquanto o Japão manteve controles de importação amplos até a década de 60.
Hoje em dia, com o impasse da Rodada Doha (veremos nas aulas seguintes) e com a prolifera-
ção de acordos regionais entre países desenvolvidos e em desenvolvimento, a presença da cláusula
da indústria nascente tem sido frequente para se evitar a súbita enxurrada de produtos e quebra de
determinada indústria decorrente da liberalização promovida por esses acordos.

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No âmbito da OMC, ela consta no art. XVIII do GATT que trata da ajuda para desenvol-
vimento econômico:

ARTIGO XVIII – AJUDA DO ESTADO EM FAVOR DO DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO.


As Partes Contratantes reconhecem que a realização dos objetivos do presente Acordo será faci-
litada pelo desenvolvimento progressivo de suas economias, em particular nos casos das Partes
Contratantes cuja economia não asseguram à população senão um baixo nível de vida e que está
nos primeiros estágios de seu desenvolvimento.
2. As Partes Contratantes reconhecem, além disso, que pode ser necessário para as Partes Contra-
tantes previstas no parágrafo primeiro, com o objetivo de executar seus programas e suas políticas
de desenvolvimento econômico orientado para a elevação do nível geral de vida de suas popula-
ções, tomar medidas de proteção ou outras medidas que afetem as importações e que tais medi-
das são justificadas na medida em que elas facilitem a obtenção dos objetivos deste Acordo. Elas
estimam, em consequência, que estas Partes Contratantes deveriam usufruir facilidades adicionais
que as possibilitem:
(a) conservar na estrutura de suas tarifas aduaneiras suficiente flexibilidade para que elas possam
fornecer a proteção tarifária necessária à criação de um ramo de produção determinado, e
(b) instituir restrições quantitativas destinadas a proteger o equilíbrio de suas balanças de pagamento
de uma maneira que leve plenamente em conta o nível elevado e permanente da procura de importa-
ção suscetível de ser criada pela realização de seus programas de desenvolvimento econômico.

É importante reiterar que essa proteção (seja de natureza tarifária ou não tarifária) não
faz nenhum bem a não ser que a proteção em si ajude o setor a se tornar mais competitivo.
No entanto, a simples proteção do setor sem incentivar a pesquisa e resolver outras questões
estruturais que aumentam o custo de produção como carga tributária, previdenciária, logística,
custo financeiro, só adiam o problema da falta de competitividade.
Vejamos uma questão sobre o assunto:

012. (ESAF/MIX-QUESTÕES) Sobre o argumento da indústria nascente, assinale a alternativa correta:


a) O argumento analisa a aquisição de experiência pela economia nacional, baseado no prin-
cípio de se “aprender fazendo”, o que permite justificar a proteção a tais indústrias por tempo
indeterminado, preferencialmente longo, já que a inovação é condição necessária à manu-
tenção da competitividade industrial.
b) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é incapaz de promover a justiça social.
c) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo atende apenas aos interesses dos gran-
des exportadores, que usam a liberdade econômica para estabelecer monopólios e cartéis.
d) Segundo Friedrich List, não existe livre cambismo na prática. Todos os países são protecio-
nistas em razão da intervenção do Estado.
e) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é bom para os países de economia
madura, mas os países com indústrias nascentes necessitam de alguma forma de proteção.

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O erro da letra “A” é que a teoria prega proteção temporária e não por prazo indeterminado.
O erro da “B”, “C” e “D” é que os enunciados não refletem as ideias de List. O que List defen-
dia na verdade era a necessidade de proteção temporária para indústrias nos primeiros está-
gios de desenvolvimento porque não possuem musculatura suficiente para competir em pé de
igualdade com as indústrias já consolidadas.
Letra e.

Vejamos mais uma importante teoria para a prova…

8. Teoria da Substituição das Importações


No âmbito da Comissão Econômica da ONU para a América Latina (CEPAL), o economista argen-
tino Raúl Prebisch trouxe em 1959 problema da Deterioração dos Termos Internacionais de Troca.
Para Prebisch, os países produtores agrícolas iriam ao longo do tempo perder com o mode-
lo liberal, uma vez que a procura por produtos primários – geralmente ofertados pelos países
em desenvolvimento – tem uma limitação maior (inelástica) que a de produtos industrializa-
dos. Em outras palavras, uma vez que o consumidor tenha satisfeito suas necessidades bási-
cas, consumindo alimentos (sal, arroz, feijão, batata), o aumento de sua renda não implicará
mais demanda por esses itens. Isso porque há baixa ou nenhuma “elasticidade-renda” para
esses produtos básicos.
Por outro lado, o aumento da renda implicará procura por produtos industrializados, de
maior valor agregado. Ora, você ganhou um aumento de salário no trabalho e não sabe o que
fazer com esse dinheiro. Você já come bem e não sente mais fome por isso.

O que fazer então?

Seu inconsciente vai lutar com todas as forças para não comprar um smartphone mais
sofisticado, ou carro do ano, ou um novo computador… E assim por diante.
Entenderam o espírito da coisa?

O PULO DO GATO
Elasticidade-renda: Quanto mais renda você aufere, menos você compra produtos básicos,
alimentos etc. (baixa elasticidade-renda)
Por outro lado, com o aumento da renda, mais o consumidor está propenso a gastar em bens
manufaturados (alta elasticidade-renda)

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Produtos manufaturados (intensivos em capital) são geralmente os ofertados pelos países


ricos industrializados (conforme colocamos na teoria do ciclo do produto), ou seja, uma vez
atendida a necessidade básica do trabalhador, o aumento de sua renda impulsionará o consu-
mo de bens industrializados e supérfluos e não a procura por mais alimentos.
Neste cenário, Prebisch previa que a demanda por produtos agrícolas iria parar no tempo
enquanto que a demanda por produtos industrializados aumentaria.
Assim, a corrente da CEPAL (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe) de-
fendeu a tese de que os países em desenvolvimento deveriam se industrializar ou estariam
fadados a uma crescente deterioração dos valores de troca, pois os industrializados aumen-
tariam de preço em razão da procura enquanto o preço dos produtos primários estacionaria.

#FICAADICA
Trocando em miúdos, com o passar do tempo, seria necessá-
ria a exportação de mais quilos de soja para a China para se
comprar o mesmo número de aparelhos de telefone celular.

Entre as décadas de 1960 e 1970 a Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe
(CEPAL) defendia que o desenvolvimento das economias do terceiro mundo passava pela adoção
da política de substituição de importações. Esta política permitiria a acumulação de capitais
internos que poderiam gerar um processo de desenvolvimento autossustentável e duradouro.
Esse argumento embasou o modelo de Substituição das Importações na América Latina.
No entanto, pode-se dizer que essa política foi um fenômeno dos anos 30 e do período de guer-
ra, em que a contração da capacidade para importar permitiu que se utilizasse intensamente
um núcleo industrial surgido na fase anterior.
A substituição baseava-se na limitações das importações (protecionismo) essencialmente
por meio de tarifas, dando fôlego à indústria nacional para que pudessem concorrer com os
produtos fabricados por suas indústrias incipientes.
Um dos problemas dessa teoria é que para que o processo ganhe continuidade e atinja seu
objetivo, é necessário que o país tenha passado pela primeira fase de industrialização induzida
pela expansão das exportações primárias. Além disso, é preciso que essa primeira industriali-
zação tenha alcançado uma certa importância relativa a fim de que o processo de substituição
ponha em andamento a segunda fase da industrialização. Isso não tem ocorrido porque os
países pobres não contam com trabalho qualificado nem com empreendedores ou competên-
cia gerencial; para completar, têm problemas de organização social que tornam difícil manter
ofertas confiáveis de tudo, desde peças de reposição até eletricidade.

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Sobre a teoria, vale destacar interessante artigo da revista Veja (edição de 7 de outubro de
2009), em que o economista Mailson da Nóbrega bem sintetizou sua implantação no Brasil:

[…] à moda dos planos da era Geisel, criados após a crise do petróleo de 1973-74. As empresas que
recebessem incentivos fiscais não podiam importar equipamentos com similar nacional. Resultado:
aumento de custos e de prazos de entrega.
Ainda que de forma ineficiente, o Brasil se industrializou via substituição de importações.
O impulso inicial foi a dificuldade de importar na I Guerra e na Grande Depressão dos anos 30. Na
década de 50, substituir importações virou objetivo nacional. No governo Geisel, tornou-se obses-
são. No período Figueiredo, atingiu o auge com a insensata reserva de mercado para a informática.
A industrialização por substituição de importações foi bem-sucedida na Europa e nos Estados Unidos,
no século XIX. A estratégia era alcançar rapidamente, sob orientação do estado, a posição dos ingleses,
cuja Revolução Industrial havia sido gestada em pelo menos seis séculos de evolução institucional.
Casos de insucesso foram os de países incapazes de identificar e eliminar defeitos do modelo. Ao
contrário da Europa e dos Estados Unidos, a estratégia era prolongada de maneira insustentável, sob
influência de grupos e deficiências do governo.
No Brasil, os problemas maiores parecem ter sido a busca da autossuficiência a qualquer custo e o
descaso pela educação. Além disso, os vencedores eram escolhidos pela burocracia, que podia ser
capturada pelos beneficiários da política. Estudos recentes provam que a substituição de importa-
ções foi claramente concentradora de renda.
A Coreia do Sul é uma história diferente. Como o Brasil, adotou o modelo nos anos 50, mas soube
mudá-lo. Expôs suas empresas à competição internacional, o que criou incentivos à inovação. Seu
êxito não decorreu de políticas industriais, como muitos pensam, mas essencialmente da revolução
na educação e do legado do domínio japonês (1910-1945), traduzido na formação de recursos hu-
manos, na pesquisa e nas técnicas organizacionais.

Aqui, o apoio à substituição de importações se enraizou por três razões:

(1) a cultura favorável à intervenção estatal;


(2) a influência intelectual da Cepal, cujos estudos diziam que a América Latina perdia com o comér-
cio exterior (a tese se provou errada); e,
(3) o suposto êxito econômico da União Soviética, que viria a entronizar o planejamento estatal nos
países em desenvolvimento.

Pois bem!
Analisada essa crítica ao modelo e resumida sua perspectiva histórica, vamos ao aspectos
positivos da ação desse modelo:
• parte da produção já possui o mercado cativo do próprio país (caso do Brasil, com enor-
me mercado consumidor);
• produtores estrangeiros devem se instalar no país para aproveitarem esse “boom” de
consumo doméstico, atraindo assim investimentos direto;
• auxílio no déficit do balanço de pagamentos na medida em que diminui as importações
de empresas que agora passam a produzir no país.

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Entre os aspectos negativos temos:


• - produtor protegido tende a ineficiência, pois não investe em tecnologia, dificultando o
progresso do seu produto;
• - produção voltada ao mercado interno não se beneficia dos ganhos da economia de escala;

A substituição de importações, portanto, acaba por financiar um setor econômico, distor-


cendo os fluxos comerciais e promovendo alocação ineficiente dos fatores de produção. Não
é, portanto, um regime que observa a razão econômica do livre comércio.

013. (ESAF/AFRFB/2009/TRECHO) A política de substituição de importações valeu-se pre-


ponderantemente de instrumentos de incentivos à produção e às exportações, tendo o prote-
cionismo tarifário importância secundária em sua implementação.

Essa teoria não incentivava a exportação, mas sim dificultava a importação em primeiro lugar.
Assim, o protecionismo tarifário teve importância fundamental nesse processo.
Errado.

014. (ESAF/AFRFB/2000/TRECHO) Para explicar a relação entre comércio de produtos pri-


mários e industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) apresentou
uma série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-se se afirmar que o comércio in-
ternacional tendia a gerar uma desigualdade básica nas relações de troca (uma deterioração
nas relações de troca) pois os preços das matérias-primas (dos países em desenvolvimento)
tendia a declinar a longo prazo, enquanto o preço dos produtos manufaturados (fabricados em
geral em países desenvolvidos) tendia a subir.

Percebam que a ideia do item traz exatamente a ideia da deterioração dos termos de troca (exportar
cada vez mais matérias-primas para importar mesma quantidade de produtos industrializados), que
serviu de base para a teoria protecionista de substituição das importações.
Certo.

015. (CESGRANRIO/BNDES/2008) O processo de substituição de importações, como instru-


mento para a promoção do desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a)
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país.
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do país.
c) estímulo às exportações do país.
d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas dentro do país.
e) intervenção do estado na economia do país.

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A teoria da substituição das importações, de fato, buscou encarecer os produtos importados


por meio de tarifas (corretas “A” e “D”). A ideia era que essa intervenção estatal (correta “E”)
aumentasse investimentos produtivos nos setores protegidos (correta letra “B”).
O erro da questão está no item “C”, pois não se estimulou as exportações. Esse estímulo
na verdade vem em outra teoria que será explicada a seguir: industrialização voltada ou
orientada para exportações.
Para muitos economistas, na verdade, a prosperidade das economias asiáticas remonta suas
origens às políticas que estimularam a substituição de importações e permitiram o desenvolvi-
mento de uma indústria voltada para a exportação, teoria que explicitamos a seguir…
Letra c.

9. Industrialização Voltada às Exportações


Conhecida por muitos como simplesmente política comercial “orientada para fora”, esse modelo
refutou a crença das décadas de 50 e 60 de que os países em desenvolvimento só poderiam criar ba-
ses industriais somente substituindo importações por bens manufaturados domésticos. Em meados
dos anos 60 passou-se a crer que as exportações também eram um caminho viável para a industria-
lização. Segundo o Banco Mundial, as economias que se valeram dessa estratégia são conhecidas
como economias asiáticas de alto desempenho (EAAD), crescendo mais de 10% ao ano.
Nesse rol, podemos distinguir três grupos:
a) o Japão (pós 2ª guerra);
b) anos 60, os quatro “tigres asiáticos” Hong Kong, Taiwan, Coreia do Sul e Cingapura; e,
c) décadas de 70 e 80, a Malásia, Tailândia, Indonésia e China.
É importante ressaltar que esse não é um modelo de livre comércio, pois todas elas ainda
possuem tarifas razoavelmente altas, bem como cotas de importação, subsídios à exportação,
entre outras barreiras ao comércio. Há, portanto, importante intervenção governamental para
que a política tenha êxito!

016. (ESAF/MDIC/2012/TRECHO) Considerando-se a ação governamental no modelo de in-


dustrialização orientada para as exportações, é correto afirmar que é de grande alcance, en-
volvendo o apoio ao desenvolvimento da infraestrutura, a concessão de incentivos fiscais e
creditícios, o financiamento da produção e das exportações e investimentos em educação e
qualificação profissional.

Observem que o apoio governamental é crucial para o sucesso desta política, atuando justa-
mente em diversos segmentos como forma de garantir competitividade à indústria. Essa ajuda
se dá nas mais diversas esferas, estando.
Certo.

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017. (ESAF/ACE-MDIC/2012/ADAPTADA) Considerando-se a ação governamental no mode-


lo de industrialização orientada para as exportações, julgue os itens:
a) é limitada em razão do protagonismo central dos agentes econômicos privados nacionais
e estrangeiros atuantes na atividade exportadora na realização de investimentos produtivos e
em relação aos fatores que garantem competitividade nos mercados internacionais.
b) é semelhante à desenvolvida no modelo de substituição de importações na medida em que
está centrada na aplicação de instrumentos tarifários e incentivos à produção.
c) é de caráter subsidiário e envolve fundamentalmente a promoção de marcos políticos, jurí-
dicos e institucionais favoráveis aos investimentos e à atividade econômica.
d) prescinde de formas de intervenção econômica e concentra-se na proteção da livre iniciati-
va, da competição e dos fluxos de comércio e de investimento.

O item “A” é falso, pois quem é o grande protagonista ainda é o Estado. Não é política liberal,
mas sim, há intervenção estatal estimulando as exportações.
O erro do item “B” é que não está centrada em tarifas (encarecer importações), mas sim, em
incentivos à exportação, tendo o mercado internacional como o seu mercado consumidor.
O erro do item “C” é que a ação governamental tem caráter fundamental nesse processo
e não secundário.
A letra “D” também está errada, pois essa corrente não prescinde (dispensa) a intervenção estatal.
Pelo contrário, o Estado é quem dá as condições para que as exportações sejam incentivadas.
Vejamos a última corrente então que tem traços de incentivos às exportações, mas com a di-
ferença de que o Estado escolhe, pontualmente, os setores prioritários.
F, F, F, F.

10. Políticas Comerciais Estratégicas


Na década de 1980 surgiu nos países desenvolvidos um conjunto novo de argumentos
sofisticados a favor da intervenção governamental no comércio, num movimento chamado de
neoliberalismo. Esses argumentos se concentravam, por exemplo, em setores de alta tecnolo-
gia, que tinham se tornado importantes após a criação do chip de silício. Alguns desses argu-
mentos tentavam justificar a intervenção estatal diante de uma falha de mercado, surgindo a
chamada política comercial estratégica.
Por essa teoria, por exemplo, uma falha de mercado existente nas indústrias nascentes
como a dificuldade de apropriação dos conhecimentos justifica a intervenção governamental
(ex.: subsídio à pesquisa). Isso porque se a indústria de alta tecnologia gera conhecimento que
outras possam se utilizar sem pagar por isso, há um benefício marginal ao se incentivar esse
setor, há uma externalidade positiva que se irradia sobre as demais empresas.
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Por outro lado, ao se entrar nesse debate sobre política comercial estratégica estamos
também nos afastando das teorias liberais embasadas pela regra da eficiência.
Na política estratégica, a escolha dos instrumentos de política econômica depende dos ob-
jetivos que se pretende atingir com esses instrumentos. Por exemplo, se um governo entende
privilegiar como objetivo nacional ser (ou se manter) uma potência bélica mundial, a proteção
e estímulo de setores industriais ligados à indústria de guerra será uma política razoável, ainda
que a fabricação desses produtos seja comprovadamente ineficiente neste país.
Podemos destacar ainda a indústria espacial, a qual sem incentivos do Estado teria um
custo enorme para se desenvolver. Trata-se de uma “falha de mercado”, pois nenhum investi-
dor privado irá colocar dinheiro nessa indústria, pois não se sabe o seu retorno. Vale destacar
que as regras do GATT/OMC não permitem ajuda ou intervenção estatal para corrigir essas
falhas de mercado, sendo comuns disputas na OMC sobre os subsídios ao setor aeronáutico,
por exemplo Boeing x Airbus ou Embraer x Bombardier.

Aliás, as diversas políticas de governo nos EUA protegendo, subsidiando e apoiando


setores industriais militarmente sensíveis são exemplos práticos desse tipo de opção
política. No Brasil, isso ocorreu no governo Juscelino Kubitschek (JK) em que se bus-
cou estimular uma indústria de bens duráveis, entendendo-se que isso reduziria os
níveis absolutos de pobreza.

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Podemos dizer, ainda, que no Brasil as taxas de juros mais competitivas (subsidiadas) para
o financiamento ao desenvolvimento e construção de aeronaves (Ex.: Embraer) é uma política
comercial estratégica adotada pelo governo na medida em que incentiva a produção e exporta-
ção de bens de alto valor agregado, “espalhando” know-how e conhecimento. No entanto, isso
pode ser um problema, pois a empresa que investe anos em tecnologia pode ter seu projeto
simplesmente copiado por outros por meio de mecanismos de engenharia reversa ou violação
de direitos propriedade intelectual. Este é o “problema da apropriabilidade” do capital humano,
razão pela qual o Estado deve canalizar esforços para proteger e estimular estes setores, pois
implicam forte irradiação de efeitos econômicos positivos em toda a cadeia.
Por outro lado, o simples aumento do IPI na importação de veículos para o Brasil, com
vistas a encarecer o carro importado, traz uma proteção à indústria automotiva aqui instalada.
Este é um exemplo de política de legitimidade questionável, pois não promove inovação no
setor, tampouco P&D (Pesquisa e Desenvolvimento). Aliás, o fato que motiva a vinda dessa
montadora para o país é tão somente o alto custo tributário na importação, sem agregar qual-
quer atividade inventiva em solo brasileiro.
Qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência!
Vejamos uma questão sobre esse assunto:

018. (ESAF/AFRFB/2009) A participação no comércio internacional é importante dimensão


das estratégias de desenvolvimento econômico dos países, sendo perseguida a partir de ên-
fases diferenciadas quanto ao grau de exposição dos mercados domésticos à competição
internacional. Com base nessa assertiva e considerando as diferentes orientações que podem
assumir as políticas comerciais, assinale a opção correta.
a) As políticas comerciais inspiradas pelo neomercantilismo privilegiam a obtenção de supe-
rávits comerciais notadamente pela via da diversificação dos mercados de exportação para
produtos de maior valor agregado.
b) Países que adotam políticas comerciais de orientação liberal são contrários aos esquemas
preferenciais, como o Sistema Geral de Preferências, e aos acordos regionais e sub-regionais
de integração comercial celebrados no marco da Organização Mundial do Comércio por conte-
rem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas.
c) A política de substituição de importações valeu-se preponderantemente de instrumentos de
incentivos à produção e às exportações, tendo o protecionismo tarifário importância secundá-
ria em sua implementação.
d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de alto valor agregado e de
maior potencial de irradiação econômica e tecnológica a serem destinados fundamentalmente
para os mercados de exportação caracteriza as políticas comerciais estratégicas.
e) As economias orientadas para as exportações, como as dos países do Sudeste Asiático,
praticam políticas comerciais liberais em que são combatidos os incentivos e quaisquer for-
mas de proteção setorial, privilegiando antes a criação de um ambiente econômico favorável à
plena competição comercial.

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A letra “A” é incorreta porque o neomercantilismo não buscava diversificar mercados de expor-
tação, mas sim, por meio de políticas macroeconômicas, dificultar as importações e promover
exportações como forma de criar saldo positivo em sua balança comercial.
O erro da letra “B” é que os países não são contrários a acordos regionais, tampouco a OMC.
Os esquemas preferenciais promovem liberalização num universo menor, sendo tolerada e
estimulada pela própria OMC.
A letra “C) Errada. pois, como já foi dito, o protecionismo tarifário teve importância fundamen-
tal na política de substituição de importações.
A letra “D” está correta e é o gabarito. Observem que o item traz exatamente o conceito que foi
descrito. Uma política comercial estratégica do Estado é justamente uma escolha acertada sobre
bens de alto valor agregado. Ora, se o Estado vai intervir num segmento, que este setor seja então
bem escolhido (estratégico), de alto valor agregado e com bom potencial de difusão tecnológica.
Ao atuar desta forma, o Estado incentiva a competitividade num segmento capaz de disputar
eficientemente o mercado internacional.
Correto, portanto, o item “D”!
O erro da letra “E” está em falar que políticas orientadas para exportações seriam políticas
liberais. Ora, a exportações só ocorrem às custas de muito incentivo estatal, o que contraria a
ideia do liberalismo.
Letra d.

Tudo bem até aqui pessoal?


Vamos agora à segunda parte de nossa aula…

11. Introdução sobre Barreiras ao Comércio


Falamos muito de liberalismo e sua corrente oposta denominada protecionismo (ou interven-
ção estatal). Essa intervenção ocorre por meio das chamadas Barreiras ao Comércio Internacional.
Elas sempre existiram desde que as trocas comerciais tiveram início. Por meio do Co-
mércio Internacional entre Metrópole e Colônia, por exemplo, a Metrópole já buscava ter
saldo em sua balança comercial, impedindo importações de produtos das mais diversas
formas, sendo comum a proibição de entrada de navios que não fossem oriundos de sua
colônia, carregados de metais preciosos.
Era uma clara discriminação comercial impensável nos dias de hoje. Mais tarde, como
vimos, as ideias de Adam Smith derrubaram esta concepção, pregando a liberalização e
queda de barreiras como uma coisa boa! No entanto, com o passar dos anos, o ímpeto
protecionista veio novamente à tona.

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Afinal, é possível alcançar o desenvolvimento econômico sem a imposição de barreiras?


A resposta não é simples. O que se pode afirmar é que muitos países desenvolvidos como os
Estados Unidos e a Alemanha se valeram de barreiras comerciais para erguerem suas indústrias.
Feito essa ressalva, meus amigos, nosso recorte histórico começa no período entre guer-
ras. Isso porque logo após a primeira guerra mundial os Estados Unidos se veem em uma pro-
funda crise, tendo um de seus marcos a quebra da Bolsa de Nova Iorque em 1929.

Fonte: www.haikudeck.com e www.profi-forex.us

O cenário desolador colocava enorme pressão sobre os políticos nos EUA. Num período da
história conhecido como “a grande depressão”, os EUA se valeram de altas tarifas protecionis-
tas para tentar proteger seu combalido mercado de trabalho.
No começo dos anos 40 vem então a 2ª Guerra Mundial, acirrando ainda mais essa de-
pressão. Em Julho de 1944, pouco antes do fim da 2ª Guerra, os países mais industrializados
do mundo tentam restabelecer as “regras do jogo”, ou seja, criar as bases jurídicas para que a
economia internacional voltasse a caminhar.
Surge então o Sistema Bretton Woods, que é o primeiro exemplo na história de uma ordem
monetária totalmente negociada com o objetivo de reger as relações monetárias entre os países.
Em 1947, surge dessa conferência o Acordo Geral de Tarifas e Comércio – GATT/1947
(voltaremos adiante em nosso curso com mais detalhes dessa história). Basicamente, esse é
um acordo internacional que buscava na parte comercial, ao lado da criação das instituições
do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), impor limites às práticas
protecionistas. Para isso, o GATT/1947 tem como pedra fundamental limites para a aplicação
de tarifas, conforme previsto no art. II do GATT que veremos ainda nesta aula.
À época, o GATT detinha apenas 23 Partes Contratantes (dentre eles o Brasil, EUA, Cuba,
China, alguns países europeus), mas já existia o consenso de que rodadas de redução tarifária
seriam necessárias para fazer andar a locomotiva do comércio internacional.

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Assim, o Acordo Geral de Tarifas de Comércio de 1947 cuidou em 8 rodadas de desgra-


vação tarifária, até a criação da OMC em 1994. Não obstante esse ser o propósito último do
GATT, os países também reconheceram desde o princípio do acordo que em algumas situa-
ções conjunturais, determinado membro poderia se valer de barreiras as suas importações,
dando lugar ao famigerado “protecionismo”.
Podemos dizer que com a desgravação tarifária promovida ao longo das rodadas do GATT
(compromissos multilaterais), por acordos regionais e iniciativas unilaterais, reduziram-se as
barreiras tarifárias. Isso é verdade. Hoje se vê uma imensidão de acordos regionais (mais de
400), que de certa forma auxiliam o impulso liberalizante no cenário multilateral.
No entanto, na medida em que se reduziam as tarifas, começaram a se intensificar formas
de protecionismo sob nova roupagem. Eram as Barreiras não Tarifárias (BNTs), instrumentos
de proteção contra as importações ou incentivos do Estado que eram difíceis de serem identi-
ficados, não assumindo o mesmo grau de transparência que as barreiras tarifárias.
Isso ocorreu a partir da década de 60 e se intensificou nas décadas de 70 e 80, quando
houve um recrudescimento (aumento) do “neoprotecionismo” em virtude do contexto recessi-
vo herdado das décadas anteriores.
Com as sucessivas rodadas do GATT que rebaixaram tarifas, os países passaram a se valer
de exigências administrativas (ex.: licença de importação, certificado de origem), padrões téc-
nicos (ex.: selos de órgãos de metrologia), controles relativos às características sanitárias (ex.:
certificado sanitário) dos bens transacionados, uso abusivo de medidas de defesa comercial
como direitos antidumping, ampliação de programas de subsídios à exportação etc.

#FICAADICA
Atualmente, o protecionismo assumiu uma feição pre-
ponderamente não tarifária, de difícil identificação, con-
trole e quantificação.

Vale ainda destacar que apesar do Brasil ter uma alta tarifa consolidada na OMC, isso não
significa que o país não se valha de outras formas de protecionismo não tarifário, como é o
caso de medidas antidumping. Veja por exemplo o ano de 2011, em que o Brasil enfrentava a
valorização do real na economia (e consequentemente um dólar barato), o governo usou muito
a faculdade de aplicar medidas de defesa comercial como o antidumping. Apesar das mais de
150 medidas antidumping em vigor no Brasil, o país nunca perdeu uma disputa na OMC sobre
a aplicação destas medidas. Em outras palavras, apesar das críticas da larga utilização dessas
barreiras não tarifárias pelo Brasil, a autoridade de defesa comercial brasileira é respeitada
pela qualidade e rigor nas investigações.

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O PULO DO GATO
BARREIRA TARIFÁRIA = IMPOSTO DE IMPORTAÇÃO. É o instrumento por excelência para se
fazer Política Comercial. É a barreira mais transparente ao Comércio Internacional.
BARREIRA NÃO-TARIFÁRIA = Conceito residual (tudo que não é o Imposto de Importação).
São inúmeras maneiras de o Estado intervir na economia e conter a importação ou estimular
a produção e exportação, distorcendo, neste último caso, os preços do mercado internacional.

Feita essa distinção, passamos agora à análise das barreiras tarifárias, item que era explí-
cito no último edital.

12. Barreiras Tarifárias


Para começar este tópico, a primeira pergunta que devemos ter a noção precisa é…

O que é uma tarifa?

A tarifa, no comércio internacional, é um encargo financeiro exigido na forma de tributo, que, a


depender de seu valor, pode desestimular ou estimular a entrada de bens naquele país que a utiliza.
No Brasil, o termo não deve ser confundido com as tarifas exigidas pelas concessioná-
rias prestadoras de serviço público, mas sim identificado com o Imposto de Importação (II).
Também não se confunde instrumentos de política comercial como medidas antidumping e
compensatórias, tampouco com os demais tributos devidos na importação (ex.: IPI, ICMS, PIS/
COFINS importação, AFRMM, taxa de uso do SISCOMEX) ou ainda os custos do serviço de im-
portação (ex.: despesas com despachante aduaneiro, capatazia, armazenagem etc.).
Embora o termo se aplique também à exportação, usamos a expressão quando nos re-
ferimos ao imposto de importação, uma vez que o interesse primordial do GATT e da OMC é
regular esse direito na importação de mercadorias, certo?
De modo geral, a sua imposição confere uma vantagem para o produtor doméstico ao inse-
rir um custo ao produto importado, além de aumentar a arrecadação para o governo.
Na sua aplicação em geral, identificamos diversas roupagens que suas alíquotas po-
dem assumir, evidenciando-se diferentes modalidades de tarifas: ad valorem, específica,
mista, composta ou “técnica”.
A tarifa ad valorem é um percentual aplicado sobre a base de cálculo. Por exemplo, 35% de
Imposto de Importação sobre o Valor Aduaneiro da mercadoria.

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A tarifa específica (ad mensuram) é calculada em unidade de medida, tal como peso, volume,
par etc. Por exemplo, podemos ter a alíquota do imposto de importação em bebidas à base de R$
12,00/garrafa ou ainda, R$ 5,00/litro. A tarifa ad valorem, por sua vez, é calculada um percentual
sobre o valor da mercadoria. Por exemplo, 35% de tarifa para veículos importados. Assim, um
veículo que possui como valor aduaneiro R$ 20.000,00, teria uma tarifa de R$ 7.000,00.
Já a tarifa mista (ou compostas) é calculada pela aplicação de tanto pela soma de um
direito ad valorem como de um específico. Dessa forma, podemos ter na importação de amen-
doim, uma alíquota de 7% acrescida de R$ 5,00/Kg, tudo numa mesma importação.
Podemos ter também nesta modalidade, uma espécie de “tarifa móvel ou dinâmica”, que
conjuga uma alíquota ad valorem adicionada ou subtraída de uma alíquota específica, variando
conforme o valor aduaneiro da mercadoria importada.
Por fim, a tarifa técnica é calculada com base em conteúdo específico do produto importa-
do, ou seja, leva em conta seus componentes ou faz referência aos direitos aplicáveis a deter-
minados itens (ex.: R$ 0,40/kg de cloreto de sódio).
Seja em qual modalidade for, um dos efeitos da tarifa é aumentar o custo do envio de bens
para um país (KRUGMAN, 2010, p. 140).
Sendo a forma mais antiga de política comercial, as tarifas têm também servem como fonte
de renda governamental. Podemos citar o exemplo dos EUA, que até a introdução do imposto de
renda, este país aumentou sua receita graças às tarifas praticadas ao comércio internacional.
No entanto, destacamos que essa finalidade é mais relevante para países menores, que
não possuem seu sistema de arrecadação interna bem desenvolvido.
Na verdade, a tarifa tem finalidade extrafiscal, ou seja, o fator arrecadação deve ser secun-
dário, pois o Estado não deve se preocupar com essa fonte de receita, mas sim, com a neces-
sidade de estimular ou não determinada importação.

 Obs.: CURIOSIDADE
 Como o Imposto de Importação é extrafiscal, o governo precisa ter agilidade e
liberdade para alterar suas tarifas sem se preocupar com questões de segunda
ordem, como o caráter arrecadatório, tampouco obedecer às garantias constitu-
cionais de anterioridade, legalidade, noventena. Como o foco desse imposto não
é arrecadatório, suas receitas para os cofres da União giram em torno de 3% do
total arrecadado. Isto é muito pouco se comparado aos demais tributos como IPI,
Imposto de Renda e Contribuições Sociais.
 Nesse esforço de estímulo e desestímulo às importações, a tarifa pode ser reduzida,
por exemplo, para se incentivar a importação de bens que estão em falta (desabasteci-
mento), ou importar a menor custo, bens que não possuem produção nacional.

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Ainda que seja o mais famoso instrumento de política comercial, o fato é que, depois
de sucessivas rodadas de negociação no GATT, a importância das tarifas diminuiu nos
tempos modernos, já que os governos preferem proteger as indústrias domésticas por
meio de outras formas de proteção não tão transparente, tais como barreiras não tarifárias,
cotas de importação (limitações à quantidade) e restrições voluntárias à exportação (limi-
tações à quantidade de exportações).

#FICAADICA
No entanto, as tarifas deveriam preferíveis às BNTs pelas
seguintes razões:
a) A tarifa gera renda para o governo, enquanto a cota
não gera renda, mas apenas ganhos para os detentores
de licenças de importação;
b) com as cotas o aumento da demanda representa aumen-
to de custos de sua administração, enquanto que na tarifa
o aumento de importações representa apenas aumento na
demanda e arrecadação;
c) enquanto as tarifas seguem procedimento único e regular, as
cotas impõem custos de administração e conformidade a elas.

No entanto, as cotas são mais efetivas quando se quer a proteção do mercado, pois elas
acabam restringindo a entrada da mercadoria no território nacional.
É por isso que o GATT vai explicitamente proibir esse tipo de restrição, conforme vere-
mos em seguida.
Continuando o tema “barreira tarifária”, tarifa é sinônimo de Imposto de Importação (II) e, no Bra-
sil, se trata do único tributo que é passível de utilização discriminatória no Comércio Internacional.
Lembrem-se que a tarifa pode ser aplicada com base em unidade de medida (ad mensu-
ram) ou mesclar percentuais com essas unidades. Aliás, a OMC não proíbe que os seus mem-
bros, desde que respeitado este teto, formulem tarifas sobre modalidades diferentes da ad
valorem (ex.: específica, mista, composta ou técnica).
Mas… e se o Brasil, por exemplo, subir o II acima de 35% para veículos, sendo que este per-
centual é o teto consolidado na OMC…

Pode isso, professor?

A regra é clara. Se o país exceder sua tarifa acima do que se comprometeu na OMC estará
incorrendo em ilícito internacional, passível de acionamento no Órgão de Solução de Contro-
vérsias da OMC. Não pode!

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Isso porque desde o GATT/1947, os países negociaram em suas Listas de Concessões


Tarifárias os limites para a aplicação de seu imposto de importação:

GATT. Art. II, § 1º:


(a) Cada Parte Contratante concederá às outras Partes Contratantes, em matéria comercial, trata-
mento não menos favorável do que o previsto na parte apropriada da lista correspondente, anexa ao
presente Acordo.
(b) Os produtos das Partes Contratantes, ao entrarem no território de outra Parte Contratante, fica-
rão isentos dos direitos aduaneiros ordinários que ultrapassarem os direitos fixados na Parte I da
lista das concessões feitas por esta Parte Contratante, observados os termos, condições ou requi-
sitos constantes da mesma lista. […]

Assim, de acordo com a alínea “a” do § 1º do art. II do GATT/1947, as Partes Contratantes


daquele Acordo não poderiam dar um tratamento menos favorável ao previsto para sua lista.
Um exemplo recente é a guerra comercial trava entre China e EUA no Comércio Interna-
cional. O então ex-presidente Donald Trump elevava as tarifas contra os chineses em até 25%,
superando muito suas tarifas consolidadas. A China fez o mesmo, o que gerou pelo menos 3
controvérsias na OMC sobre a escalada tarifária entre estes países.

#FICAADICA
Imagine que naquele período o Brasil tenha consolidado na
sua respectiva lista o teto tarifário de 120% para importação
de sardinhas, sem impor qualquer condição para gozar daque-
la tarifa de importação:

Lista de Concessões do Brasil (Anexo hipotético)


Produto Teto tarifário Condições
0303.53 – (Sardina pilchardus, Sardinops spp.,
120% Nenhuma
Sardinella spp.), anchoveta (Sprattus sprattus)

Portanto, pela alínea “a” do § 1º do art. II do GATT/1947, o Brasil não poderia impor
alguma condição para que uma Parte Contratante conseguisse exportar a sardinha, a
não ser a tarifa máxima de 120%.
Já de acordo com alínea “b” do § 1º do art. II do GATT/1947, o Brasil não poderia impor
uma tarifa com alíquota de 121% para importação dessa sardinha, pois seu teto consolidado
junto às Partes Contratantes do GATT foi de até 120%.
É claro que quando um país tem essa flexibilidade para subir a tarifa até o limite de 120%,
isso dá uma ampla margem discricionária para o país importador proteger esse setor. Assim,
quando isso ocorre, falamos que o país possui muita água na tarifa (water tariff).
Além disso, um país pode ter uma tarifa aplicada (applied rate) abaixo da sua tarifa conso-
lidada (bound rate), mas não acima. Se o fizer, estará, como vimos, violando o art. II do GATT.

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Vale ainda destacar que a OMC respeita a soberania dos países membros quanto à forma
de aplicação da tarifa. Isso quer dizer que o país que a tenha consolidado ad valorem, pode
aplicar alíquota tarifária sob a forma específica, desde que não viole o seu teto consolidado
equivalente em ad valorem2.
Tomemos agora o seguinte exemplo:

Lista de Concessões do Brasil (Anexo I)


Teto
Produto Condições
tarifário
2204.10 – (Bebidas, líquidos alcoólicos e vinagres
– Vinhos de uvas frescas, incluídos os vinhos 10% Nenhuma
enriquecidos com álcool; mostos de uvas)

Veja que a tarifa limite é um ad valorem de 10%. Assim, na importação de um vinho que
tenha como valor aduaneiro US$ 10,00, o montante de tarifa final a pagar será de:

10% x US$ 10,00 (Valor Aduaneiro) = US$ 1,00

Agora imagine que o Brasil aplique uma tarifa específica para vinhos em US$ 1,00 a garrafa
de 750 ml. Quando convertemos para essa garrafa que custava US$ 10,00 seu equivalente ad
valorem temos:

US$ 1,00/garrafa 750ml: US$ 10,00 (valor da garrafa) = 0,1 ou 10%

Agora imagine que essa mesma garrafa tenha reduzido seu preço à metade..

US$ 1,00/garrafa 750ml: US$ 5,00 (metade do valor) = 0,2 ou 20%

Viram como houve violação ao consolidado ad valorem de 10%?


A tarifa de US$ 1/garrafa de 750 ml representa em termos percentuais, 20% do ad valorem.
É isso que o país tem que se certificar de que não vai ocorrer…
Seguimos o baile…

Professor Thális, e é possível uma Parte Contratante não consolidar seu teto tarifário?

Sim, meus caros.


Vejam o exemplo do Canadá.
Há uma seção de produtos lácteos em sua lista de concessões que este país não consoli-
dou
2
Se teto tarifário
quiserem algum.
aprofundar Isso permite
no assunto, confiram oao país7impor
Capítulo a obra
da minha tarifa quedequiser.
“Curso Direito Aduaneiro: Jurisdição e Tribu-
tos em Espécie, Ed. Dialética, 2021”, disponível para compra em: https://loja.editoradialetica.com/humanidades/curso-de-
-direito-aduaneiro-jurisdicao-e-tributos-em-especie

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Essa “disparada” da tarifa gera o que chamamos de “pico tarifário”, pois não há margem de
segurança para os operadores de comércio exterior sobre qual tarifa será a realmente aplica-
da. Assim, o Canadá pode aplicar uma tarifa de 800% para importação de queijo, o que seria
até inviável economicamente, sendo por isso, chamada de “tarifa proibitiva”.
Vale destacar que durante a 8ª Rodada do GATT (Rodada Uruguai), os países membros
da OMC foram demandados para que no setor agrícola convertessem suas barreiras não ta-
rifárias em tarifas. Assim, tivemos o processo de “tarificação”, dando mais transparência na
proteção desse importante setor de bens negociados na OMC.

Há outro detalhe previsto no GATT relativo à possibilidade de modificação das listas, ou


seja, possibilidade de renegociação das tarifas, inclusive aumentando as concessões:

GATT. Art. XVIII


§ 1º […] qualquer Parte Contratante (determinada no presente artigo “a Parte Contratante requerente”) po-
derá modificar ou retirar uma concessão contida na lista correspondente anexa ao presente Acordo, após
uma negociação e um Acordo com qualquer Parte Contratante, com a qual esta concessão tiver sido nego-
ciada privativamente, bem como qualquer outra Parte Contratante cujo interesse como principal fornece-
dor for reconhecido pelas Partes Contratantes. Nestas duas categorias de Partes Contratantes, do mesmo
modo que a Parte Contratante requerente, são denominadas no presente artigo “Partes Contratantes prin-
cipalmente interessadas” e sob reserva de que e a tenha consultado qualquer outra Parte Contratante cujo
interesse substancial nesta concessão for reconhecido pelas Partes Contratantes.
§ 2º No decorrer dessas negociações e neste acordo, que poderá admitir compensações sobre
outros produtos, as Partes Contratantes interessadas esforçar-se-ão em manter as concessões ou-
torgadas sobre uma base de reciprocidade e de vantagens mútuas a um nível não menos favorável
do que aquele que resultava do presente Acordo, antes das negociações.

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De acordo com art. XVIII, § 1º do GATT, se uma Parte Contratante do GATT quiser elevar
sua tarifa (modificar/retirar a concessão) a Parte Contratante que deseja modificar deve
consultar as Partes Contratantes cujo interesse substancial for reconhecido. Geralmente
essa previsão de que o país há interesse substancial naquele produto consta na própria lista
daquele produto. Pode-se ainda buscar os principais exportadores daquele produto, com o
intuito de se aferir se há “interesse substancial” na modificação daquela concessão.
O segundo parágrafo cuida do desenrolar das negociações, afirmando que o país que quer
retirar/modificar a concessão pode admitir compensação sobre outros produtos. Ademais,
as Partes que negociam devem tentar buscar fazer concessões recíprocas nesse esforço de
obter vantagens mútuas, de modo que a tarifa destes outros produtos oferecidos na barganha
não resulte em concessão mais elevada que a existente antes das negociações.
Esse esforço mútuo na modificação de listas de concessões é chamado de PRINCÍPIO
DA RECIPROCIDADE. Ele busca a negociação justa, na medida que os benefícios sejam retor-
nados da mesma forma em que foram concedidos. Percebam que ele é mais uma diretriz de
negociação – no campo das expectativas de que haja contrapartida – do que uma obrigação
mandatória para os países que estão na negociação.

Obs.: CURIOSIDADE
 Vejamos o seguinte exemplo:
 Imagine que a União Europeia queira revisar sua concessão tarifária em bananas que
é de 10%, aumentando para 30%. Neste caso, deverá chamar os interessados reconhe-
cidos que tenham interesse substancial, por exemplo, Brasil e Equador, que não pos-
suem acordos preferenciais para exportação destes produtos para a UE.
 A UE deve então buscar, neste esforço de negociações sob base de reciprocidade, ofe-
recer compensação como por exemplo, a redução da tarifa para suco de laranja (de
interesse de Brasil e Equador), reduzindo a tarifa consolidada de 10% para 5%. Assim,
a tarifa deste outro produto oferecido na negociação implica vantagem a um nível não
menos favorável do que antes de começarem as negociações…

019. (INÉDITA/2022) Sobre tarifas, é correto afirmar:


a) Quando a tarifa de um produto é reduzida a 0%, significa que o governo não tem in-
dústria local a proteger.
b) As medidas antidumping são exemplos de tarifas.
c) De acordo com a OMC, os países podem adotar a modalidade de tarifas que bem entende-
rem, desde que respeitem o seu teto consolidado junto à organização;
d) A tarifa, no Brasil, tem natureza fiscal, representando por volta de 2,75% da arrecadação
de tributos federais.
e) Tarifas específicas são aquelas estabelecidas para produtos determinados, não sendo apli-
cada de modo geral para um setor.

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Quando a tarifa é reduzida, não necessariamente é porque não tem indústria local a proteger.
Pode ser que seja por motivo de desabastecimento, por exemplo. Errado, portanto, o item “A”.
O item “B” está errado também, pois a medida antidumping não é forma de tarifa, mas sim
barreira não tarifária (alguns autores chamam de para-tarifária)
O item “C” está perfeito, pois os países, de fato, têm autonomia para compor sua estrutu-
ra tarifária da forma que bem entenderem, desde que respeitem o seu teto consolidado
junto ao GATT/OMC.
O erro do item “D” é que o percentual de 2,75% de arrecadação é ínfimo na esfera dos tributos
federais, o que revela o seu caráter extrafiscal e não caráter fiscal.
Por fim, tarifas específicas são aquelas expressas na unidade de medida estabelecida para a
mercadoria (ex.: US$ 10,00/par, US$ 1,00/KG etc.). Falso o item “E”.
Vamos então ao outro “lado da moeda”.
Letra c.

13. Barreiras Não-Tarifárias (BNTs)


As “Barreiras não Tarifárias” (BNTs) são formas não tão transparentes empregadas pelos
países para restringir o fluxo comercial. Para este objetivo, os países se valem de controles ou
exigências que constituem obstáculos ao comércio internacional. O aumento de sua utilização
se deu com a diminuição das tarifas ao longo das rodadas de negociação do GATT.
Os países então passaram a buscar outros subterfúgios para protegerem suas in-
dústrias, criando barreiras de feições preponderantemente não-tarifárias, como procedi-
mentos administrativos, padrões técnicos e sanitários aos bens importados. Justamente
para conter seu uso indiscriminado, alguns desses padrões ganharam limites nas regras
e acordos da OMC.
Então uma pergunta vem à tona…
Apesar de o GATT e a OMC pregarem o livre comércio, eles também permitem a adoção de
barreiras ao comércio?
Sem dúvida, meus caros!
Vejam que os acordos da OMC – como TBT e SPS – admitem que em situações excepcio-
nais um membro possa adotar alguma restrição para proteger outro interesse compartilhado
pelos membros da organização. No entanto, há diversas obrigações para a imposição dessas
barreiras. Nestes acordos também não há a definição do que sejam essas restrições, mas tão
somente diretrizes de como fazê-las.
Ainda sobre a ideia de “Barreira Não Tarifária” (BNT), podemos dizer que seu uso se inten-
sificou na década de 80 e tem sido entendida então de forma residual, ou seja, quaisquer me-
didas restritivas ao comércio que não sejam tarifas. Apesar da diferença conceitual, tem pro-
pósito semelhante às tarifas ao encarecer o produto importado, ou por vezes, inviabilizar sua
entrada no território aduaneiro de determinado membro. Nesse caso, a BNT é extremamente
gravosa ao comércio, pois muitas vezes se torna um impeditivo à importação.

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Como é uma forma diferente da tarifa para se praticar o protecionismo, as BNTs são identi-
ficadas como elementos de um “neoprotecionismo”. Podemos listar como exemplos de BNTs
(e sua respectiva regulamentação no GATT/OMC), as seguintes barreiras:

Dispositivo/Acordo do GATT/OMC
Barreira não Tarifária (BNT) que a regulamenta ou proíbe a
prática

- Cotas/contingentes não tarifários na


importação - art. XI:1, GATT
- Acordos Voluntários de Restrição às
Exportações (AVRE)
- Práticas abusivas em Licenças de - Acordo de Licenciamento de Importações
Importação da OMC
- art. VI, GATT
- Direitos Antidumping - Acordo Antidumping
- Direitos Compensatórios - Acordo de Subsídios e Medidas
Compensatórias

- Medidas de salvaguarda - art. XIX, GATT


- Acordo de Salvaguardas

- art. VIII, GATT


- Formalidades Aduaneiras - Acordo de Facilitação do Comércio
da OMC

- Exigências de ordem técnica, - Acordo de Barreiras Técnicas da


qualidade, pesos, medidas, rotulagem OMC (TBT)

- Acordo de Barreiras Sanitárias e


- Exigências sanitárias e fitossanitárias
Fitossanitárias da OMC (SPS)

- Taxas Múltiplas de Câmbio - art. XV, GATT


- Desvalorização competitiva de moeda
- Pauta de preços mínimos - art. VII e XI:1, ambos do GATT Acordo de
- Práticas arbitrárias em Valoração Valoração Aduaneira da OMC
Aduaneira

- Exigência de conteúdo local/nacional


para empresas poderem importar bens - Acordo TRIMs (Trade-Related Investment
- Requisitos de desempenho Measures) da OMC
exportador de bens para empresas

- Tratamento favorecido aos produtos - Acordo de Compras Governamentais


nacionais em concorrências públicas da OMC

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Vamos a uma questão antes de passar à análise de cada uma delas a seguir.

020. (ESAF/AFRF/2000/ADAPTADA) Sobre as Barreiras não tarifárias, julgue os itens:


a) As Barreiras não-tarifárias são frequentemente apontadas como grandes obstáculos ao co-
mércio internacional. Podem vir a se constituir Barreiras não-tarifárias (BNT) as medidas fitos-
sanitárias, normas de segurança, as licenças de importação e as cotas.
b) É exemplo de prática restritiva adotada pelos governos a negociação de acordos voluntários
de restrição às exportações.
c) É exemplo de prática restritiva adotada pelos governos a manutenção de barreiras à entrada
no mercado de produto estrangeiro para proteger o produtor doméstico.

a) Certo. De fato, tudo que não é tarifa pode vir a ser considerado barreira não tarifária, sendo
as barreiras citadas exemplos.
b) Certo. Os ARVE são exemplos de Barreiras Não Tarifárias.
c) Certo. As BNTs são práticas restritivas adotadas por governos para dificultar a entrada (im-
portação) de produtos estrangeiros e, assim, proteger os concorrentes nacionais.
Certo. Certo. Certo.

021. (ESAF/AFRFB/2009/TRECHO) Países que adotam políticas comerciais de orien-


tação liberal são contrários aos esquemas preferenciais, como o Sistema Geral de Pre-
ferências, e aos acordos regionais e sub-regionais de integração comercial celebrados
no marco da Organização Mundial do Comércio por conterem, tais esquemas e acor-
dos, componentes protecionistas.

O item está errado, pois todos os membros da OMC (isso mesmo, todos!!) já celebraram acor-
dos regionais. Ademais, esses acordos são estimulados por auxiliarem no processo de libera-
lização, ainda que para um número reduzido de países.
Errado.

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022. (SIMULADO/ACE-MDIC/2012) Sobre protecionismo e barreiras ao comércio, assina-


le a alternativa correta:
a) A substituição de importações é uma forma de industrialização empreendida pelos países
em desenvolvimento na década de 60; apesar de ter tido sucesso em alguns países, nunca foi
levada a efeito no Brasil pela dificuldade de se eleger um setor prioritário.
b) Apesar da valorização do real na economia, não se verifica grande utilização de medidas
de defesa comercial pelo governo brasileiro. Esta uma das razões pela qual o Brasil nunca foi
demandado na OMC sobre este tema.
c) A elevação de outros tributos incidentes na importação diferente das tarifas, não se
constitui num elemento protecionista, pois os países não outorgaram para esses meca-
nismos as “consolidações tarifárias”.
d) Diante de argumentos de “desindustrialização”, o Brasil poderia utilizar, quantos fossem os
segmentos da indústria prejudicados, a aplicação de medidas antidumping, desde que com-
provados requisitos que justifiquem a imposição dessas medidas.
e) O Brasil não busca outras formas de proteção além da tarifária, uma vez que as tarifas nacionais
estão entre as mais altas do mundo, sendo suficientes para garantir a proteção à indústria nacional.

a) Errada. O Brasil levou a cabo a substituição de importações. Exemplo disso foi a introdução
da Lei de Informática no Brasil em 1980.
b) Errada. O país usa bastante o recurso do antidumping, para conter, principalmente, o avanço
das importações chinesas no mercado brasileiro.
c) Errada. Todo aumento de quaisquer outros tributos que não sejam o Imposto de Importação será
considerado barreira não tarifária. Cita-se por exemplo o aumento de 30 pontos percentuais da alí-
quota de IPI para veículos importados, medida que levou a União Europeia a acionar o Brasil na OMC
por conta dessa prática. https://www.wto.org/english/tratop_e/dispu_e/cases_e/ds472_e.htm
d) Certa. O Brasil pode sim usar a defesa comercial quantas vezes for necessária, desde que
estejam presentes os requisitos para aplicação da medida.
e) Errada. O Brasil busca outras formas de proteção como a defesa comercial.
Letra d.

023. (ESAF/AFRFB/2003/ADAPTADA) Sobre o protecionismo, em suas expressões contem-


porâneas, é correto afirmar-se que:
a) tem aumentado ao se verificar a ampla celebração de acordos regionais, que mitigam o im-
pulso liberalizante da normativa multilateral.
b) possui expressão eminentemente tarifária desde que os membros da OMC acordaram a
tarifação das barreiras não-tarifárias.
c) assume feições preponderantemente não-tarifárias, associando-se, entre outros, a proce-
dimentos administrativos e à adoção de padrões e de controles relativos às características
sanitárias e técnicas dos bens transacionados.
d) vem diminuindo progressivamente à medida que as tarifas também são reduzidas a pata-
mares historicamente menores.
e) prepondera nos países em desenvolvimento na medida em que estes possuem tarifas mais
altas que os países desenvolvidos.

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a) Errada. A justificativa para o movimento protecionista não passa pelo aumento de acordos
regionais. Na verdade acordos regionais aumentam a liberalização e são – por essa razão –até
estimulados pela OMC.
b) Errado. O protecionismo tem feição não tarifária nos dias de hoje.
c) Certa. A “cara” atual do protecionismo é não tarifário, que é mais difícil de ser desco-
berto e combatido.
d) Errado. Não se pode afirmar que o protecionismo contemporâneo está em patamares histo-
ricamente menores. Apesar de as tarifas estarem de fato em patamares menores, a imensidão
de barreiras não tarifárias continua a atrapalhar o fluxo comercial.
e) Errado. De fato, países em desenvolvimento geralmente possuem tarifas para bens indus-
trializados em níveis mais elevados. Isso não obstante, não é possível afirmar que BNTs só
existam em países em desenvolvimento. Países desenvolvidos são também bastante adeptos
a essas barreiras.
Analisemos então as BNTs em detalhes.
Letra c.

13.1. Cotas não Tarifárias de Importação e Acordos Voluntários de


Restrição às Exportações (AVRE)
Restrições quantitativas são aquelas limitações que impedem o fluxo comercial, seja pelo
lado da exportação, seja pela importação. Como são barreiras extremamente eficazes para
conter o fluxo do comércio internacional, elas são condenadas pelo GATT, desde 1947:

GATT. Art. XI, § 1º.


Nenhum Membro instituirá ou manterá, para a importação de um produto originário do território de
outro Membro, ou para a exportação ou venda para exportação de um produto destinado ao territó-
rio de outro Membro, proibições ou restrições a não ser direitos alfandegários, impostos ou outras
taxas, quer a sua aplicação seja feita por meio de contingentes, de licenças de importação ou expor-
tação, quer por outro qualquer processo.

A regra do art. XI, § 1º do GATT impede então que uma parte Contratante venha a colocar
uma restrição que limite o fluxo comercial, seja pela exportação ou pela importação.
Pensando pelo lado da importação, a barreira mais comum é a cota. Ela é uma das medidas
mais eficazes para se barrar a importação de determinado produto e, por essa razão, a 8ª Rodada
do GATT (Rodada Uruguai) tentou converter as cotas existentes para produtos agrícolas em tarifas
(“tarificação”), que são mais transparentes e menos impeditivas ao comércio internacional.
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Assim, cotas quando no formato de cota física (ou cota não tarifária), literalmente impe-
dem a entrada da mercadoria no país. Isso ocasiona uma elevação do preço doméstico, vez
que o mercado interno não é exposto à competição com o produto importado.
Além disso, essas cotas não conferem nenhuma receita ao governo. Eventualmente, quan-
do o governo promove o leilão destas cotas ou as empresas detentoras desses direitos o fa-
zem, pode se auferir alguma receita com elas. Por outro lado, algumas cotas são vinculadas a
faixas de tarifas aplicáveis (cotas tarifárias).
Importante destacar que a cota não tarifária não deve ser confundida com a cota tarifária. a cota
tarifária é o controle do quantitativo de produtos importados para fins de uma redução na tarifa.
Assim, por exemplo, o Brasil quando cria cotas tarifárias para a importação de veículos do
México, está, na verdade, não impedindo a importação, mas sim, controlando quantos veículos
podem ser importados no país com tarifa 0% e quantos ficarão com a tarifa cheia de 35%. Veja
que se a cota estiver esgotada, não haverá restrição à importação, desde que o importador
pague a tarifa “cheia”.
O governo importador não cai então na regra do art. XI:1 do GATT quando aplica cotas
tarifárias, mas somente cotas não tarifárias, que impedem a entrada da mercadoria no país e,
consequentemente, o fluxo comercial.

O PULO DO GATO
COTA NÃO TARIFÁRIA = RESTRIÇÃO QUANTITATIVA FÍSICA, é talvez a medida mais
gravosa ao comércio Internacional, pois impede que ele aconteça. É, portanto, medida
proibida pelo artigo XI:1 do GATT, pois os países membros da OMC estão proibidos de
proibir a importação. (é proibido proibir)
COTA TARIFÁRIA = trata-se de contingentes que não limitam a entrada da mercadoria,
mas somente administra a quantidade de mercadorias a serem importadas que fará jus
a uma tarifa mais benéfica (tarifa intracota) que a tarifa normalmente aplicada. Após o
esgotamento da cota, o importador pode importar normalmente, desde que pague a tari-
fa “cheia” (tarifa extracota)

Por outro lado, atos por parte dos governos impedindo a exportação de mercadorias acima
de determinado volume também podem recair sobre o art. XI:1 do GATT. Exemplo disso foram
os “Acordos Voluntários de Restrição às Exportações” (AVRE), em que um país importador
ameaçava o exportador, para que este último limitasse suas vendas. Do contrário, caso não o
fizesse, estaria sujeito às retaliações comerciais.

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 Obs.: CURIOSIDADE
 Exemplo desta prática ocorreu entre Japão e os EUA na década de 80.
 As montadores americanas sofriam com a popularidade dos carros mais baratos e
mais econômicos fabricados pelos japoneses no começo dos anos 80. Daí havia duas
maneiras para conter as importações: os EUA aplicarem uma cota não tarifária, e que
ficaria muito “na cara” a violação à regra de proibição de restrição quantitativa do art.
XI:1 do GATT, ou pedir “gentilmente” ao governo japonês para que, “voluntariamente”,
limitasse a quantidade de carros exportados aos EUA.
 E assim foi feito. O Japão adotou no ano de 1981, “voluntariamente”, exportar a quantida-
de de 1,68 milhão de veículos para os EUA. Algumas companhias japoneses como Suzuki
e Mazda foram se estabelecer nos EUA para fugir deste contingente, agora imposto pelo
governo japonês. Por outro lado, outras montadoras como Honda, Toyota e Nissan desen-
volveram carros de alto luxo, maiores e melhores e mais caros, no intuito de justamente
lucrar mais com cada unidade exportada ao mercado americano. Esses carros viriam a
dar origem a luxuosas marcas como Acura, Lexus, e Infiniti.

Esse é o jeito japonês de fazer do “limão uma limonada”…


Este AVRE expirou em 1994!

13.2. Licenças de Importação


O uso distorcido da Licenças de Importação (LI) também pode se constituir numa
barreira não tarifária.
Aqui um parêntese importante: O novo fluxo de importação prevê na Declaração Única de
Importação (Duimp) que este controle administrativo se dê pela LPCO (Licenças, Permissões,
Certificados e Outros Documentos).

Portanto, tratemos para fins didáticos LPCO e LI como sinônimos, pois, apesar de tecnica-
mente o novo tratamento administrativo das importações no Brasil se dar pela LPCO, a LI é o
termo consagrado na OMC e seus acordos.

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Os governos em geral utilizam a Licença de Importação como uma autorização para im-
portar. Para tanto, importadores de determinadas mercadorias devem obter certificados de
conformidade técnica, certificados sanitários etc. Se a documentação estiver toda em ordem,
o governo defere essa Licença prévia de Importação, permitindo que a mercadoria seja então
embarcada para o país de destino.
Só com a LI deferida é que em geral é permitido esse embarque. é o que chamamos de
Licenciamento não Automático das importações, cuja análise será feita por algum servidor do
governo, no prazo de até 60 dias.
Por outro lado, há casos que o governo também queira monitorar a descrição das merca-
dorias que vem sendo importadas. Neste caso, é comum exigir um Licenciamento Automático,
que deve ser analisado em 10 dias pelo órgão anuente competente para aquele produto e,
neste caso, a mercadoria pode ser embarcada a qualquer momento, inclusive, antes de obter
o deferimento, pois a LI é usada tão somente para fins de monitoramento estatístico. Não há a
chamada “restrição de embarque”.
É claro que as Licenças de Importação não podem ser utilizadas como instrumento para
se barrar injustificadamente as importações ou servir como instrumento de política comercial.
Mercadorias que causam prejuízo à indústria nacional devem ser combatidas por outros ins-
trumentos legais como tarifas, antidumping, salvaguardas etc.
Assim, a LI/LPCO não deve servir como medida de defesa comercial.
A LI/LPCO NÃO se pode usada para…
• selecionar mercadorias importadas que podem causar dano à indústria nacional ou pre-
judicar a produção;
• selecionar mercadorias importadas que possam, em razão da qualidade superior, domi-
nar o mercado doméstico cuja produção interna seja de qualidade inferior;
• selecionar mercadorias importadas com tarifas mais elevadas, para que a importação
ocorra sobre a entrada de bens que possam resultar numa maior arrecadação;
• selecionar mercadorias importadas com o intuito de evitar que sua entrada implique a
formação de estoques;
• selecionar mercadorias importadas de origens que dificultam as exportações brasilei-
ras, usando a LI como forma de retaliação comercial.

A LI/LPCO pode ser usada para…


• Controle cambial nos casos em que os países estejam com dificuldades em seu balanço
de pagamentos, conforme requisitos previstos no art. XII do GATT
• Controle por órgãos governamentais específicos para proteção dos valores que a socie-
dade defende, usando o a negativa do deferimento da LI/LPCO como medida necessária
para proteger a moral pública, saúde humana, animal, vegetal, bem como preservação
de recursos naturais esgotáveis, tudo conforme justificado pelo art. XX do GATT;
• Excepcionalmente como restrição quantitativa, desde que a proibição de importação via LI/
LPCO esteja justificada por uma exceção específica do GATT (ex.: cotas como salvaguardas
para conter o surto de importações que causa prejuízo grave à indústria doméstica).
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É comum alguns países alguns países usarem a LI/LPCO para combater o preço das im-
portações. O procedimento é ilegítimo, pois o Acordo de Valoração Aduaneira, administrado
pelas Aduanas (no Brasil pela RFB) é que é o instrumento para se encontrar o real valor da
transação, combater subfaturamento, remessa de lucros para o exterior etc.

Obs.: CURIOSIDADE
 Exemplo do mau uso foi o abuso por parte dos nossos “hermanos” argentinos que
impuseram licenciamento de importação para os produtos brasileiros (ex.: carnes),
suspendendo sua análise e impedindo que esses produtos cruzassem a fronteira entre
os dois países. Logicamente, isso trouxe prejuízos irreparáveis ao comércio das duas
nações e desgastou ainda mais o relacionamento entre os parceiros comerciais his-
tóricos. O caso foi parar no Órgão de Solução de Controvérsias da OMC que natural-
mente condenou a prática. (https://www.wto.org/english/tratop_E/dispu_E/cases_e/
ds444_e.htm)

13.3. Direitos Antidumping e Compensatórios


Exemplo de Barreiras não Tarifárias amplamente disseminadas são as medidas para com-
bater as práticas desleais de comércio de dumping e subsídios: são, respectivamente, as me-
didas antidumping e as medidas compensatórias.
Podemos resumir brevemente que o dumping consiste na exportação a preços menores
que o praticado nas vendas internas do mercado do mesmo membro exportador.
Já a prática de subsídios consiste no auxílio financeiro governamental a uma indústria ou
ramo de indústria. Para impor sobretaxas nas importações a preços desleais é preciso que
elas ainda deem causa a um dano à indústria doméstica do país importador.
Vejamos a redação do art. VI do GATT:

GATT. Art. VI,


§ 2º Com o fim de neutralizar ou impedir “dumping” a Parte Contratante poderá cobrar sobre o
produto, objeto de um “dumping” um direito “antidumping” que não exceda a margem de “dumping”
relativa a esse produto. […]
§ 3º Nenhum “direito compensatório” será cobrado de qualquer produto proveniente do território de
uma Parte Contratante importado por outra Parte Contratante, que exceda a importância estimada
do prêmio ou subsídio que, segundo se sabe foi concedido direta ou indiretamente à manufatura, pro-
dução ou exportação desse produto no país de origem ou de exportação, inclusive qualquer subsídio
especial para o transporte de um produto determinado. A expressão “direito compensatório” significa
um direito especial cobrado com o fim de neutralizar qualquer prêmio ou subsídios concedidos, direta
ou indiretamente à manufatura, produção ou exportação de qualquer mercadoria.

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Após concluir um procedimento investigatório dessas práticas desleais, os membros da


OMC podem aplicar barreiras não tarifárias sobre a importação de produtos originários das
origens que exportam produtos com preços desleais.
Essas barreiras não tarifárias serão estudadas nas aulas 4 e 5 de nosso curso, quando
falarmos de Defesa Comercial. Por ora, resta saber que são barreiras não tarifárias que, se
aplicadas de acordo com as regras que as regulamentam, o país importador pode cobrar este
encargo na importação destes produtos.
Agindo assim, o país importador estaria “apenas” neutralizando os efeitos nocivos dessas
práticas desleais, trazendo o produto de volta a um preço justo, em pé de igualdade com os
praticados no livre mercado.

13.4. Formalidades Aduaneiras


As formalidades burocráticas feitas pela aduana quando da importação podem se tornar
um inferno para qualquer importador. Tendo em vista que essas exigências podem se cons-
tituir numa barreira não tarifária, os negociadores do GATT buscaram regulamentar as taxas
que são cobradas seja na importação ou na exportação, vinculando o seu custo com o valor do
serviço prestado pelo Estado:

GATT. Art. VIII, § 1º (a)


Todos os emolumentos e encargos de qualquer natureza que sejam, exceto os direitos de importa-
ção e de exportação e as taxas mencionadas no artigo III, percebidas pelas Partes Contratantes na
importação ou na exportação ou por ocasião da importação ou da exportação serão limitadas ao
custo aproximado dos serviços prestados e não deverão constituir uma proteção indireta dos produ-
tos nacionais ou das taxas de caráter fiscal sobre a importação ou sobre a exportação.

Como sabemos, as taxas são tributos vinculados a uma contraprestação estatal. No Co-
mércio Exterior não é diferente. As taxas de utilização do Sistema Integrado de Comércio Exte-
rior (SISCOMEX) ou do Sistema Mercante, devem estar vinculadas ao serviço prestado.
É interessante notar que o art. VIII do GATT é complementado pelo art. 77 do Código Tribu-
tário Nacional (CTN), que prescreve que:

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios,
no âmbito de suas respectivas atribuições, têm como fato gerador o exercício regular do poder de
polícia, ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao
contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador idênticos aos que correspon-
dam a imposto nem ser calculada em função do capital das empresas.

Enfim, as taxas não podem se constituir numa formalidade aduaneira que ofereça uma
proteção indireta ao mercado doméstico.

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Há ainda o esforço de se reduzir a burocracia documental:

GATT. Art. VIII,


§ 1º.
(b) As Partes Contratantes reconhecem a necessidade de restringir o número e a diversidade dos
emolumentos e encargos a que se refere à alínea (a).
(c) As Partes Contratantes reconhecem igualmente a necessidade de reduzir a um mínimo os efei-
tos e a complexidade das formalidades de importação e de exportação e de reduzir a simplificar as
exigências em matéria de documentos requeridos para a importação e a exportação.
[…]
§ 4º As disposições do presente artigo se estenderão aos emolumentos, taxas, formalidades e exi-
gências impostas pelas autoridades governamentais em conexão com a importação e exportação,
inclusive no que disser respeito:
(a) às formalidades consulares, tais como faturas e certificados consulares;
(b) às restrições quantitativas;
(c) às licenças;
(d) ao controle de câmbios;
(e) aos serviços de estatística;
(f) aos documentos a exibir, à documentação e à emissão de certificados;
(g) às análises e às verificações;
(h) à quarentena, à inspeção sanitária e à desinfecção.

Vejam que as mais diversas formalidades que podem ser exigidas dos órgãos anuentes po-
dem recair sob a regra do art. VIII do GATT. Trata-se geralmente das exigências que a autoridade
aduaneira pode fazer no curso do despacho, ou que os órgãos governamentais fazem durante o
Licenciamento de Importação. Tudo pode se constituir barreira não tarifária ilegítima.
Mais adiante em nosso curso, falaremos do Acordo de Facilitação do Comércio negociado
em 2013 (Conferência Ministerial de Bali), que regulamentou um pouco mais essa disciplina
do art. VIII do GATT.

13.5. Taxas Múltiplas de Câmbio e Desvalorização Competitiva de Moeda


Outra medida muito utilizada por alguns países é a desvalorização competitiva da moeda e taxas
múltiplas de câmbio. Essas práticas podem ser resumidas no que chamamos de “política cambial”.
No que diz respeito à queda das taxas de câmbio, a moeda nacional fica mais barata em
relação às demais. Essa desvalorização tem um efeito benéfico sobre as exportações, na me-
dida em que as vendas do país se tornam mais baratas e competitivas.
Por exemplo, se um exportador brasileiro recebe em dólares de um comprador lá fora, ele precisa
converter em reais quando do ingresso dessa divisa no país. Se a moeda nacional (ex.: Real) está
desvalorizada, o exportador receberá mais reais pela sua venda, do que num câmbio valorizado.

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Por outro lado, essa prática inibe as importações, auxiliando o saldo do balanço de paga-
mentos. Por exemplo, se o importador brasileiro adquire insumos estrangeiros, ele terá que
dispender mais reais para pagar a operação em dólar.
Neste cenário, se um país como o Brasil não produz um determinado bem e este é importado,
sua compra continua sendo necessária, agora a um preço mais alto por conta da política cambial.
Isso tende a gerar inflação, pois esses aumentos são repassados aos consumidores internos.
Em 2011, o Brasil era estava sendo bastante afetado pela apreciação do US$ frente ao R$
(dólar custava R$ 1,50). Assim, uma enxurrada de importações ameaçava o que os jornais di-
vulgavam como a “desindustrialização” brasileira. Não foi à toa que o Brasil emplacou no final
da Conferência Ministerial da OMC em 2011 uma menção à necessidade de se discutir a ma-
nipulação cambial como forma de anular a proteção tarifária negociada ao longo dos tempos.
O argumento elaborado pela Prof. Vera Thorstensen (FGV-RJ) foi batizado de desalinha-
mento cambial e se constituía na base para o Brasil demandar a China na OMC, alegando
uma violação ao artigo XV do GATT. Isso porque o art. XV determina que os países não devem
frustrar os objetivos do acordo de comércio com o câmbio, tampouco os objetivos do acordo
sobre câmbio com o comércio:

GATT, XV, § 4º
As Partes Contratantes abster-se-ão de qualquer medida cambial que possa frustrar os objetivos
considerados no presente Acordo e de qualquer medida comercial que possa frustrar os objetivos
visados pelos Estatutos do Fundo Monetário Internacional.

Porém, esse artigo raramente foi mencionado e nunca foi testado nos painéis do GATT ou
da OMC. Diante da ausência de precedentes sobre o assunto, o Brasil não teve coragem de ini-
ciar tal disputa, afinal não se sabe qual é o patamar cambial que deveria ser considerado como
ponto de partida para se aferir se houve valorização/desvalorização cambial. E por falar nisso,
a lógica cambial se inverteu em 2015, tendo o dólar ultrapassado a barreira dos R$ 4,00, o que
poderia levar a “reindustrialização” do país.
Mal sabíamos que o dólar chegaria a R$ 5,80 em 2021.
O fato concreto é que na ausência de um contencioso na OMC, ou seja, uma resposta em
nível multilateral, o Brasil adotou respostas unilaterais, usando bastantes medidas antidum-
ping com o forma de defesa comercial para combater esse “desalinhamento”. No entanto,
curiosamente, o Brasil nunca foi demandado na OMC pela aplicação dessas medidas.
Sobre taxas múltiplas de câmbio, essa também pode ser uma barreira não tarifária na me-
dida em que consiste em ter mais de uma taxa em que suas moedas são trocadas. Diferente
de um sistema fixo (governo controla o câmbio) ou flutuante (governo não intervêm no câm-
bio), os sistemas múltiplos possuem taxas diferentes, fixas e flutuantes, que são utilizados
para a mesma moeda, ao mesmo tempo.
A título de exemplo, podemos mencionar em primeiro lugar, uma taxa fixa aplicada a certos
segmentos do mercado, tais como importações de bens “essenciais” e exportações. Em se-
gundo lugar, os importadores de bens “não-essenciais” ou supérfluos podem ter uma taxa de
câmbio mais cara, que dificulte as importações deste segmento.

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13.6. Pauta de Preços Mínimos e Práticas Arbitrárias em


Valoração Aduaneira
A pauta de preços mínimos e a imposição de preços arbitrários à importação é outra práti-
ca que se constitui numa barreira não tarifária. Isso porque, a partir de uma pauta, a autoridade
aduaneira poderia se valer de preços de transação pré-fixados para cada produto.
Por exemplo, se o importador pagar pela importação de canetas ao custo de US$ 0,10 a
unidade, a aduana utilizaria uma pauta estabelecendo, arbitrariamente, que as canetas não
podem custar menos de US$ 1,00 a unidade, ou seja, 10 vezes mais!

Para que a aduana faria isso professor?

Ora meus caros, com isso, os governos inflam artificialmente a base de cálculo dos tributos
aduaneiros, fazendo com que se arrecade mais e a mercadoria entre a um custo mais alto para
o importador, ajudando a indústria doméstica concorrente.
Esse artifício é uma barreira não tarifária combatida, desde 1947, pelo art. VII do GATT:

GATT. Art. VII, § 2º, (a)


O valor para fins alfandegários das mercadorias importadas deverá ser estabelecido sobre o valor
real da mercadoria importada à qual se aplica o direito ou de uma mercadoria similar, e não sobre o
valor do produto de origem nacional ou sobre valores arbitrários ou fictícios.

A partir da década de 70, o tema foi detalhado no Acordo de Valoração Aduaneira da OMC.

13.7. Medidas de Investimento Relacionadas ao Comércio (TRIMs)


Tendo em conta a divergência existente no âmbito da Rodada Uruguai, não houve consen-
so sobre a celebração de acordo sobre proteção de investimentos.
Na verdade, houve tão somente um acordo baseado nas normas do GATT relativas ao
comércio de mercadorias. Assim, o Acordo TRIMs (Trade-Related Investment Measures) não
cuida de regulação do investimento estrangeiro, mas sim, foca em disciplinas que infringem os
artigos III (Tratamento Nacional) e XI (Proibição de Restrições Quantitativas).
Em outras palavras, discriminações entre produtos importados e exportados e/ou criação
de restrições à importação ou exportação.
Por exemplo, o requerimento de determinado país sobre a necessidade de a empresa es-
trangeira e nacionais instaladas no país produzir utilizando conteúdo local numa base não
discriminatória é também inconsistente com o TRIMs porque envolve um tratamento discrimi-
natório de produtos importados em favor dos produtos domésticos.

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TRIMs, art. 2º.
§ 1º Sem prejuízo de outros direitos e obrigações sob o GATT 1994, nenhum Membro aplicará qual-
quer medida de investimento relacionada ao comércio (TRIM) incompatível com as disposições do
Artigo III ou do Artigo XI do GATT 1994.

Por outro lado, a eliminação de requisitos de desempenho exportador de bens para que
empresas se instalem no país, ou requisitos de transferência de tecnologia são formas de bar-
reiras não tarifárias que foram discutidas na Rodada Uruguai, mas não foram contempladas
pelo Acordo TRIMs.

13.8. Tratamento Favorecido Aos Produtos Nacionais em Licitações


É outra possibilidade de barreiras não tarifárias o tratamento que o governo dá no
âmbito das suas compras governamentais (licitações) quando concorrem fornecedores
estrangeiros e nacionais.
Vide, por exemplo, a Lei n. 8.666/1993, que institui margem de preferência em licitações:

Art. 3º,
§ 5º Nos processos de licitação, poderá ser estabelecida margem de preferência para: (Redação
dada pela Lei n. 13.146, de 2015)
I – produtos manufaturados e para serviços nacionais que atendam a normas técnicas brasileiras; e
(Incluído pela Lei n. 13.146, de 2015)
II – bens e serviços produzidos ou prestados por empresas que comprovem cumprimento de reser-
va de cargos prevista em lei para pessoa com deficiência ou para reabilitado da Previdência Social
e que atendam às regras de acessibilidade previstas na legislação
[…]
§ 8º As margens de preferência por produto, serviço, grupo de produtos ou grupo de serviços, a que
se referem os §§ 5º e 7º, serão definidas pelo Poder Executivo federal, não podendo a soma delas
ultrapassar o montante de 25% (vinte e cinco por cento) sobre o preço dos produtos manufaturados
e serviços estrangeiros.

Portanto, as empresas nacionais podem, nas compras do governo federal brasileiro, ofere-
cer proposta até 25% mais cara que a melhor proposta e ganhar o certame licitatório.
Essa medida tenta ser coibida na OMC por meio da aplicação da regra da Não-Discriminação
entre produto importado e nacional nestas licitações no Acordo de Compras Governamentais:

Acordo de Compras Governamentais


Artigo III: Tratamento nacional e não discriminação
§ 1º Com respeito a todas as leis, regulamentos, procedimentos e práticas relativas às compras go-
vernamentais cobertas por este Acordo, cada parte deve dar imediatamente e incondicionalmente
aos produtos, serviços e fornecedores das outras Partes que oferecem produtos ou serviços das
Partes, tratamento não menos favorável que:
(a) O acordado para produtos, serviços e fornecedores domésticos;
(b) O acordado para produtos, serviços e fornecedores de qualquer outra Parte.

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No entanto, o Acordo Plurilateral de Compras Governamentais, enquanto Acordo Plurilate-


ral, não obriga a todos os membros da OMC, mas somente aqueles que aderem. Como o Brasil
não aderiu a este Acordo, pode ainda o governo discriminar suas licitações. (veremos mais
detalhes sobre acordos plurilaterais e multilaterais na aula sobre OMC).

13.9. Barreiras Técnicas, Sanitárias e Fitossanitárias


Destacamos ainda a imposição de barreiras por via de regulamentos técnicos ou sani-
tários, os quais ganharam normas mais precisas nos acordos de barreiras técnicas (Tech-
nical Barriers to Trade – TBT) e barreiras sanitárias e fitossanitárias (Sanitary and phyto-
sanitary measures – SPS) da OMC. No entanto, da mesma forma, seu uso distorcido tem
prejudicado o comércio.
O art. 2.2. do Acordo de Barreiras Técnicas da OMC prescreve o seguinte:

TBT. Art. 2º […]


§ 2º Os Membros assegurarão que os regulamentos técnicos não sejam elaborados, adotados ou
aplicados com a finalidade ou o efeito de criar obstáculos técnicos ao comércio internacional. Para
este fim, os regulamentos técnicos não serão mais restritivos ao comércio do que o necessário para
realizar um objetivo legítimo tendo em conta os riscos que a não realização criaria. Tais objetivos
legítimos são, inter alia, imperativos de segurança nacional, a prevenção de práticas enganosas, a
proteção da saúde ou segurança humana, da saúde ou vida animal ou vegetal ou do meio ambiente.
Ao avaliar tais riscos, os elementos pertinentes a serem levados em consideração são, inter alia, a
informação técnica e científica disponível, a tecnologia de processamento conexa ou os usos finais
a que se destinam os produtos.

O Acordo TBT assim determina ainda que os regulamentos técnicos, normas e procedimentos
de avaliação da conformidade devem ser abolidos se as circunstâncias específicas que deram
origem a sua adoção (como ameaça à saúde pública ou ao meio ambiente) deixarem de existir.
Devem ainda os Membros fazerem com que os regulamentos técnicos nacionais, normas
e procedimentos de avaliação da conformidade observem normas internacionais pertinentes,
quando existentes. Podemos citar a “ISO” (International Organization for Standardization), que
é a organização internacional para padronização.
Este acordo também determina que os Membros da OMC considerem a possibilidade de
reconhecer a equivalência dos regulamentos técnicos e dos procedimentos de avaliação da
conformidade de outros Membros, mesmo que esses regulamentos sejam diferentes, desde
que essas medidas atendam aos objetivos de seus próprios regulamentos técnicos ou proce-
dimentos de avaliação da conformidade (como a proteção da saúde pública).
Vale lembrar ainda que o Acordo TBT impõe a obrigação de publicar (transparência) e no-
tificar as medidas, além de determinar que os regulamentos técnicos, as normas e os procedi-
mentos de avaliação da conformidade sejam adotados e aplicados em conformidade com as
obrigações do tratamento da nação mais favorecida e do tratamento nacional.

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O Acordo TBT prevê que cada Membro assegure que exista um Ponto Focal no seu país
para dar acesso às informações sobre regulamentos técnicos, normas e procedimentos de
avaliação da conformidade, prover esclarecimentos bem como documentos relevantes sobre
o assunto. No Brasil, o INMETRO é este ponto focal.

Obs.: CURIOSIDADE
 Em 1994, a União Europeia determinou que as bananas importadas deveriam ter, pelo
menos, 14 centímetros de comprimento e 2,7 centímetros de largura; obviamente, o
tema acabou sendo ironizado por diversos jornais, como o britânico “The Sun”, que
publicou um molde em papel e disponibilizou uma linha telefônica exclusiva para quem
encontrasse um exemplar fora das especificações. (Fonte: Krugman, Paul; Economia
Internacional, 2010)

Continuando…
Agora sobre o Acordo SPS a lógica é muito semelhante. Basicamente o que ele faz é que pres-
crever as regras básicas para segurança alimentar, bem como padrões de saúde animal e vegetal.
Ele permite que os países determinem seus próprios padrões de proteção adequada (Ade-
quate Level Of Protection), mas também determina que os regulamentos estejam baseados
em evidência científica. Esses regulamentos devem ser aplicados na medida necessária para
proteger a vida humana, animal ou vegetal.
Ele também não pode se constituir em discriminação arbitrária ou injustificável entre pa-
íses em que existam condições idênticas ou similares. Assim, se o Brasil oferece condições
similares à Rússia relativas à rastreamento do gado e sanitização dele, a Rússia não pode opor
barreiras não tarifárias a este respeito, pois poderia ser injustificada e discriminatória, com o
único propósito de impedir a concorrência da carne brasileira naquele mercado.
Os membros são ainda encorajados a usar padrões internacionais, quando estes existirem.
Todavia, como já dissemos, eles podem usar medidas que resultem em padrões mais elevados
se houver justificativa científica. Assim, podem impor padrões mais elevados de proteção base-
ados na avaliação de risco desde que a abordagem seja consistente e não arbitrária.
Sobre isso, podemos citar a disputa n. 291 da OMC, em que os EUA demandam a
União Europeia pelas barreiras aos alimentos geneticamente modificados (transgênicos).
A Barreira foi considerada ilegal frente ao Acordo SPS, por não haver justificativa científica de
que estes produtos causam mal.

SPS. Art. 5º […]


§ 1º Os Membros assegurarão que suas medidas sanitárias e fitossanitárias são baseadas em uma avalia-
ção adequada às circunstâncias dos riscos à vida ou à saúde humana, animal ou vegetal, tomando em con-
sideração as técnicas para avaliação de risco, elaboradas pelas organizações internacionais competentes.
§ 2º Na avaliação de riscos, os Membros levarão em consideração a evidência científica disponível,
os processos e métodos de produção pertinentes, os métodos para teste, amostragem e inspeção
pertinentes, a prevalência da pragas e doenças específicas, a existência de áreas livres de pragas
ou doenças, condições ambientais e ecológicas pertinentes e os regimes de quarentena ou outros.

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Assim como o Acordo TBT, o Acordo SPS mantém a noção de equivalência de tratamento
ao dispor em seu art. 4º que “os Membros aceitarão as medidas sanitárias e fitossanitárias
de outros Membros como equivalentes, mesmo se tais medidas deferirem de suas próprias
medidas ou de medidas usadas por outros Membros que comercializem o mesmo produto, se
o Membro exportador demonstrar objetivamente ao Membro importador que suas medidas
alcançam o nível adequado de proteção sanitária e fitossanitária do Membro importador”.
Vejamos então exemplos práticos do que acontece em termos de barreiras sanitárias con-
tra a carne brasileira.

Obs.: CURIOSIDADE
 Comunicado Brasileiro na OMC sobre a operação Carne Fraca (22/03/2017)
 Na sexta-feira, dia 17 de março, a Polícia Federal brasileira deflagrou investigação sobre
práticas irregulares envolvendo a certificação de carne e produtos cárneos cometidas
por funcionários do Ministério da Agricultura em 21 estabelecimentos sanitários que
processam carne bovina, carne de aves e carne suína.
 Segundo o governo, essas conclusões iniciais foram levadas muito a sério pelas auto-
ridades e os fatos estão a ser cuidadosamente controlados e investigados pelo Minis-
tério da Agricultura. A própria operação policial é prova da transparência e credibilida-
de dos controlos existentes. A investigação foi iniciada e realizada inteiramente pelas
autoridades brasileiras. O próprio presidente Michel Temer convocou reunião no final
de semana, de 18 a 19 de março, para avaliar a segurança dos consumidores nacionais
e internacionais em relação à qualidade da carne produzida no país.
 Os controles sanitários brasileiros são sólidos e confiáveis. O Ministério da Agricultura
é amplamente reconhecido por seu serviço de inspeção de produtos de origem animal
ser rigoroso e robusto garantindo assim a segurança e qualidade dos alimentos. O Brasil
está entre os maiores exportadores de proteína animal do mundo, e os padrões de exce-
lência dos nossos produtos estão entre os melhores do mundo. A carne brasileira de
alta qualidade e os produtos de carne são exportados para mais de 150 países. Por essa
razão, o sistema regulatório brasileiro está entre os mais frequentemente e rigorosamen-
te auditados e monitorados em todo o mundo. Atende aos requisitos de vários mercados
altamente exigentes e conta com inspeções periódicas adicionais, de monitoramento e
auditoria interna e externa com base na avaliação de riscos.
 Alguns dos principais programas de controle da qualidade e segurança dos alimentos são
bem conhecidos pelos nossos importadores: o Plano Nacional de Controle de Resíduos e
Contaminantes (PNCRC), o Programa de Avaliação da Conformidade de Produtos de Origem
Animal (PAC-POA) e o Programa de Redução de Patógenos (PRP). Desde a revelação das
investigações foram tomadas várias medidas. A principal preocupação e compromisso é
garantir a segurança e a qualidade dos produtos. Ao mesmo tempo, embora as alegações de
má conduta dos auditores sejam graves, devem ser colocadas em perspectiva:

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 - Dos 11 mil profissionais do Mapa, 2.300 são auditores que trabalham na inspeção
sanitária de produtos animais – mas apenas 33 indivíduos estão sendo investigados
por conduta imprópria; Todos esses funcionários públicos foram suspensos na pen-
dência da conclusão de processos administrativos em andamento, além da já inicia-
da investigação criminal.
 - Das 4.837 unidades de processamento de produtos de origem animal sujeitas a ins-
peções sanitárias federais, apenas 21 estão supostamente envolvidas em irregulari-
dades. Três delas tiveram suas operações interrompidas e todos os 21 estão sendo
reauditados pelos funcionários da sede, para verificar qualquer evidência material de
não-conformidades nos produtos. Além disso, as autorizações de exportação para
todas estas 21 unidades foram suspensas preventivamente.
 - Somente em 2016, foram exportadas 853 mil remessas de produtos de origem animal
do Brasil. Destas, apenas 184 foram consideradas não conformes pelas autoridades
importadoras – muitas vezes devido a requisitos não-sanitários, tais como rotulagem
ou documentos incompletos.
 Finalmente, permita-me reiterar que as investigações não visam os sistemas de inspe-
ção agrícola e pecuária, cujo rigor é amplamente reconhecido, mas sim alguns casos
de má conduta individual.
 O Brasil reafirma a manutenção adequada dos programas sanitários oficiais e contro-
les específicos sobre produtos de origem animal produzidos no país. Os protocolos e
procedimentos de vigilância do Ministério da Agricultura são eficientes e resultam em
alimentos de alta qualidade e seguros para consumo. Reiteramos nosso compromis-
so de melhorar continuamente as garantias de nossos sistemas de controle sanitário.
 Todas as agências governamentais brasileiras relevantes estão trabalhando em
conjunto para esclarecer os assuntos sob investigação e resolver quaisquer preo-
cupações que possam ser levantadas por nossos parceiros comerciais. As autori-
dades brasileiras têm estado em contato com autoridades de mercados importa-
dores desde o início da investigação. Não é necessário mencionar que a Missão do
Brasil em Genebra está pronta para responder a quaisquer perguntas ou demandas
que nos possam ser apresentadas a este respeito.
 O Brasil espera que os Países Membros tenham em conta todas as informações
compartilhadas com os parceiros e com este Comitê, que serão atualizadas quando
necessário. Nesse espírito de transparência e cooperação, esperamos que os Mem-
bros não recorram a medidas que constituam restrições arbitrárias ao comércio
internacional ou contrariem as disciplinas do Acordo SPS e outras regras da OMC.
(fonte: www.sfagro.uol.com.br)

Vamos então a uma questão sobre esse assunto…

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14. Exceções do Gatt que Justificam a Imposição de Barreiras ao Comér-


cio

Conforme vimos até aqui, são inúmeras as barreiras não tarifárias existentes, de forma que
o GATT e os acordos da OMC buscam regulamentar sua utilização.
Via de regra, quando uma barreira destas (tarifária ou não tarifária) é aplicada conforme as
“regras do jogo”, não há maiores problemas em sua aceitação, pois o comércio internacional
não é um fim em si mesmo.
Há valores maiores – como a vida humana – que merecem a proteção do Estado acima de
tudo. No entanto, ainda que os Estados violem alguma regra do GATT para proteger seus merca-
dos, ou sua população, o próprio Acordo traz uma série de exceções que justificariam essa incon-
sistência, desde que a medida seja aplicada exatamente conforme prescrito nas exceções.
Vejamos quais são elas…

14.1. Proteção à Indústria Nascente


Como já dissemos na aula demonstrativa, baseado nas ideias de Alexander Hamilton e
Friederich List, os países, quando nos primeiros estágios de seu desenvolvimento, poderiam
buscar uma proteção temporária para que conseguissem amadurecer suas indústrias.
No espírito destas teorias o GATT trouxe em seu art. XVIII uma autorização chamada “ajuda do
estado em favor de desenvolvimento econômico”. Essa ajuda permite que os governos imponham
barreiras às importações no intuito de levar à cabo a política de proteção às indústrias nascentes:

GATT. Art. XVIII. […]


§ 1º As Partes Contratantes reconhecem que a realização dos objetivos do presente Acordo será fa-
cilitada pelo desenvolvimento progressivo de suas economias, em particular nos casos das Partes
Contratantes cuja economia não asseguram à população senão um baixo nível de vida e que está
nos primeiros estágios de seu desenvolvimento.
§ 2º As Partes Contratantes reconhecem além disso que pode ser necessário para as Partes Contra-
tantes previstas no parágrafo primeiro, com o objetivo de executar seus programas e suas políticas
de desenvolvimento econômico orientados para a elevação do nível geral de vida de suas popula-
ções, tomar medidas de proteção ou outras medidas que afetem as importações e que tais medi-
das são justificadas na medida em que elas facilitem a obtenção dos objetivos deste Acordo. Elas
estimam, em consequência, que estas Partes Contratantes deveriam usufruir facilidades adicionais
que as possibilitem:
(a) conservar na estrutura de suas tarifas aduaneiras suficiente flexibilidade para que elas possam
fornecer a proteção tarifária necessária à criação de um ramo de produção determinado, e,
(b) instituir restrições quantitativas destinadas a proteger o equilíbrio de suas balanças de pagamento
de uma maneira que leve plenamente em conta o nível elevado e permanente da procura de importa-
ção suscetível de ser criada pela realização de seus programas de desenvolvimento econômico.

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O GATT/OMC permite, então, em determinadas condições, a imposição de barreiras tari-


fárias às importações de mercadorias para dar fôlego a um ramo de indústria que precisa de
proteção para se desenvolver, ou imposição de barreiras não tarifárias.
Ressalte-se que não se cuida de intervenção estatal para corrigir falha mercado, mas sim,
para, temporariamente, permitir países mais pobres (baixos níveis de vida) a buscarem tam-
bém o seu “lugar ao sol”, ou seja, desenvolver alguma indústria mediante a aplicação de tarifas
ou cotas não tarifárias.
Exemplo de sua utilização foi na década de 60, quando a Coreia do Sul impôs restri-
ções quantitativas para a importação de bife. Países interessados como Austrália, EUA
e Nova Zelândia então pediram a instauração de um painel no GATT, o qual determinou
que as barreiras fossem removidas, pois deveria haver a progressiva eliminação destas
barreiras não tarifárias. Além do mais, elas devem ser removidas se as circunstâncias
que as deram causa, não mais existirem.

14.2. Exceções de Balanço de Pagamentos


Outra exceção é permitida para países com problemas de balanço de pagamentos (art.
XII). Isso porque, em algumas circunstâncias, os países precisam salvaguardar sua posição fi-
nanceira externa, sendo uma medida eficaz para tanto que adotem restrições às importações.
Essa situação é comum quando o país importa mais do que exporta, enviando para o exterior
mais divisas do que entram, gerando um déficit de recursos financeiros para honrar seus com-
promissos internacionais.
Esse desequilíbrio em sua posição pode ser corrigido com a imposição de barreiras às im-
portações. No entanto, há um deslocamento de recursos de sua atividade mais eficiente para
a menos eficiente, pois o país deixará de comprar do exterior o produto que é mais barato e
investirá na sua indústria que é menos eficiente. A exceção vai então na contramão da teoria
das vantagens comparativas e não pode perdurar indefinidamente.

GATT, XII, § 1º
Não obstante as disposições do parágrafo primeiro do artigo XI, toda Parte Contratante, a fim de
salvaguardar sua posição financeira exterior e o equilíbrio de sua balança de pagamentos, pode
restringir o volume ou o valor das mercadorias cuja importação ela autoriza, sob reserva das dispo-
sições dos parágrafos seguintes do presente artigo.

A título de exemplo, Equador notificou em 2015 o uso dessa faculdade à OMC, em razão da
“forte conjuntura adversa” que atravessava o país. Aplicou então sobretaxa que afeta cerca de
30% das importações, da seguinte forma:

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• Uma taxa de 5% para importações de “bens de capital não essenciais e matérias-pri-


mas não essenciais”
• Uma taxa de 15% para importações de “sensibilidade média”.
• Uma taxa de 25% para importações de cerâmica, pneumáticos, motocicletas e televisores, e
• Uma taxa de 45% para importações de bens de consumo final.

O país vem retirando essa sobretaxa gradualmente em 2016, eliminando-a totalmente em


Junho de 2016.
Outro país que lançou mão deste recurso desde fevereiro de 2015 foi a Ucrânia. No entanto,
apesar de o país ter informado que já eliminou sua sobretaxa, não há consenso entre os mem-
bros afetados de que à medida que havia sido tomada era compatível com as regras da OMC.

14.3. Exceção de Emergência Econômica (Surto de Importações)


Apesar de não ser uma prática desleal de comércio, é possível aplicar medidas de salva-
guarda (também por meio de sobretaxa) quando houver aumento substancial de importações
de determinada mercadoria do mundo inteiro que causem ou ameacem causar dano.
É o combate ao chamado surto de importação que também será tema da nossa aula
sobre defesa comercial.
Sua primeira previsão legal veio já em 1947 quando da pactuação do GATT:

GATT. Art. XIX, § 1º (a)


Se, em consequência da evolução imprevista das circunstâncias e por efeito dos compromissos que
uma Parte Contratante tenha contraído em virtude do presente Acordo, compreendidas as conces-
sões tarifárias, um produto for importado no território da referida Parte Contratante em quantidade
por tal forma acrescida e em tais condições que traga ou ameace trazer um prejuízo grave aos pro-
dutores nacionais de produtos similares ou diretamente concorrentes, será facultado a essa Parte
Contratante, na medida e durante o tempo que forem necessários para prevenir ou reparar esse
prejuízo, suspender, no todo ou em parte, o compromisso assumido em relação a esse produto, ou
retirar ou modificar a concessão.

Assim, quando houver esse surto de importações decorrente de uma evolução imprevista das
circunstâncias e esse aumento repentino e inesperado cause ou ameace causar prejuízo grave à
indústria doméstica que fabrica o produto similar ou diretamente concorrente ao importado, o país
importador pode se valer dessa barreira não tarifária conhecida como medidas de salvaguarda.
Na verdade, a salvaguarda se revestirá de forma de barreiras que já abordamos antes como,
por exemplo, aumento da tarifa (agora, além do teto consolidado) ou cotas físicas (restrições
quantitativas). Como sabemos, a elevação de tarifas além do limite consolidado e a aplicação de
cotas violariam, respectivamente, os artigos II e XI do GATT. Percebam que a salvaguarda pode
então ser aplicada tanto na forma de uma barreira tarifária como barreira não tarifária.
É claro que se essas medidas forem aplicadas em observância ao art. XIX do GATT, as
eventuais violações estarão justificadas.

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14.4. Exceções de Integração Regional


Temos ainda a exceção para integração regional (tema que será alvo de aula específica),
por meio da qual os membros da OMC permitem que, em certas condições previstas no artigo
XXIV do GATT/1994 e o artigo V do GATS, possam “se esquivar” da cláusula da Nação Mais Fa-
vorecida (NMF), podendo discriminar barreiras tarifárias em favor dos países que fazem parte
da Zona de Livre Comércio ou da União Aduaneira, sem estender esse privilégio aos demais
membros da OMC.
Além disso, a Cláusula de Habilitação de 1979 permite que países em desenvolvimento
celebrem acordos de livre comércio de modo mais flexível, sem a exigência de reciprocidade
quanto às tarifas aplicadas exemplo.

GATT. Art. XXIV, § 5º


Em consequência, as disposições do presente Acordo não se oporão à formação de uma união
aduaneira entre os territórios das Partes Contratantes ou ao estabelecimento de uma zona de livre
troca ou à adoção de Acordo provisório necessário para a formação de uma união aduaneira ou de
uma zona de livre troca […]

Trata-se então mais de uma autorização para discriminar uma barreira tarifária aplicada,
sem a necessidade de aplicar exatamente a mesma alíquota para os demais membros da OMC.

14.5. Exceções Gerais


O Artigo XX do GATT/1994 veicula o que chamamos de Exceções Gerais, que permitem
que os membros adotem barreiras ao comércio. Ainda que violem outros dispositivos do GATT,
o art. XX pode justificar a eventual inconsistência dessas barreiras frente às demais normas do
GATT eventualmente violadas.
Os valores justificáveis são, por exemplo, moral pública, saúde animal vegetal, conservação
de recursos naturais não esgotáveis etc.
Vejamos um exemplo. Em 2005 o Brasil foi demandado pela proibição de importação de
pneus usados para consumo (Portaria DECEX n. 08/91). Apesar de violar o Artigo XI:1 do GATT,
a restrição foi considerada justificada em virtude de servir à proteção da saúde pública (art.
XX(b) do GATT) por reduzir os focos de proliferação do mosquito da dengue decorrente do
descarte prematuro de pneus usados.
(vide https://www.wto.org/english/Tratop_e/dispu_e/cases_e/ds332_e.htm)
Assim, a exceção assegura que os compromissos assumidos pelos membros não impe-
çam que busquem a implementação de políticas públicas com objetivos legítimos.

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GATT. Art. XX. […]
Desde que essas medidas não sejam aplicadas de forma a constituir quer um meio de discrimina-
ção arbitrária, ou injustificada, entre os países onde existem as mesmas condições, quer uma restri-
ção disfarçada ao comércio internacional, disposição alguma do presente capítulo será interpretada
como impedindo a adoção ou aplicação, por qualquer Parte Contratante, das medidas:
(a) necessárias à proteção da moralidade pública;
(b) necessárias à proteção da saúde e da vida das pessoas e dos animais e à preservação dos vegetais;
(c) que se relacionem à exportação e a importação do ouro e da prata;
(d) necessárias a assegurar a aplicação das leis e regulamentos que não sejam incompatíveis com
as disposições do presente acordo, tais como, por exemplo, as leis e regulamentos que dizem respei-
to à aplicação de medidas alfandegárias, à manutenção em vigor dos monopólios administrados na
conformidade do § 4º do art. II e do art. XVII à proteção das patentes, marcas de fábrica e direitos de
autoria e de reprodução, e a medidas próprias a impedir as práticas de natureza a induzir em erro;
(e) relativas aos artigos fabricados nas prisões:
(f) impostas para a proteção de tesouros nacionais de valor artístico, histórico ou arqueológico;
(g) relativas à conservação dos recursos naturais esgotáveis, se tais medidas forem aplicadas con-
juntamente com restrições à produção ou ao consumo nacionais;
(h) tomadas em execução de compromisso contraídos em virtude de um Acordo intergovernamen-
tal sobre um produto de base, em conformidade com os critérios submetidos às Partes Contra-
tantes e não desaprovados por elas e que é ele próprio submetido às Partes Contratantes e não é
desaprovado por elas.
(i) que impliquem em restrições à exportação de matérias primas produzidas no interior do país e
necessárias para assegurar a uma indústria nacional de transformação as quantidades essenciais
das referidas matérias-primas durante os períodos nos quais o preço nacional seja mantido abaixo do
preço mundial, em execução de um plano governamental de estabilização; sob reserva de que essas
restrições não tenham por efeito reforçar a exportação ou a proteção concedida à referida indústria
nacional e não sejam contrárias às disposições do presente Acordo relativas à não discriminação.
(j) essenciais à aquisição ou a distribuição de produtos dos quais se faz sentir uma penúria geral ou
local; todavia, as referidas medidas deverão ser compatíveis com o princípio segundo o qual todas
as Partes Contratantes têm direito a uma parte equitativa do abastecimento internacional desses
produtos e as medidas que são incompatíveis com as outras disposições do presente Acordo serão
suprimidas desde que as circunstâncias que as motivaram tenham deixado de existir. As Partes
Contratantes examinarão, em 30 de junho de 1960, no máximo, se é necessário manter a disposição
da presente alínea.

Cuida-se em exceção muito utilizada em disputas da OMC, onde um país membro que
aplica uma exceção ao comércio, busca demonstrar que aquela barreira é necessária para se
assegurar a proteção de um valor naquele país.
Sobre a aplicação do art. XX do GATT, primeiramente, os países devem buscar na aplicação
da medida, demonstrar que ela é necessária para o atingimento daquele objetivo. Para isso, os
países poderiam aplicar barreiras comerciais sobre mercadorias, por exemplo, proibindo sua im-
portação, dando tributação diferenciada, aplicando tarifa acima do teto consolidado etc.

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Por exemplo, na alínea “a” temos que barreiras ao comércio podem ser aplicadas se neces-
sária para a proteção da moral pública. Trata-se de conceito aberto. Bens que ofendem a moral
poderiam ser revistas pornográficas, bebidas alcoólicas, máquinas de jogos de azar etc.
Na alínea “b”, temos a proteção da saúde e vida humana, animal e vegetal. Assim, a proibi-
ção de comercialização e fabricação de telhas de amianto do tipo crisotila (cancerígena) seria
uma medida autorizada pelo art. XX “b”.
Outro exemplo é a proibição de importação de pneus na condição de usados, pelo Brasil,
conforme já falamos. A UE encampou o pleito de empresa Michelin Francesa e levou adiante
na OMC este contencioso de n. 332. O Brasil conseguiu justificar que a barreira não tarifária
era necessária para a proteção à saúde humana, pois o descarte mais acelerado de pneus e
a dificuldade de incineração das carcaças faz com que estes desejam jogados em terrenos
baldios, implicando aumento de foco do mosquito da dengue.
Outros exemplos estão na alínea “g” que cuida de medidas incompatíveis com o GATT, mas
que sejam relativas à conservação de recursos naturais, desde que o país também as aplique
com restrição à produção e consumo nacionais.

#FICAADICA
Vale destacar que a jurisprudência da OMC já entendeu que
esta alínea “g” não abrange apenas os recursos naturais esgo-
táveis. Isso porque quando GATT foi assinado em 1947 havia
uma preocupação com o esgotamento de combustíveis fós-
seis, como gasolina, carvão etc. No entanto, a preocupação
com a preservação de recursos naturais renováveis também
deve ser contemplada pela alínea, razão pela qual há uma “in-
terpretação evolutiva” do Órgão de Solução de Controvérsias
da OMC sobre este aspecto.

Assim, na primeira disputa da “era OMC”, Brasil e Venezuela demandam os EUA por aplica-
rem uma medida discriminatória na gasolina reformulada. Os EUA alegam que a medida é rela-
tiva à conservação do “ar puro”, contemplado pela alínea “g”. O argumento é aceito pela OMC.
O grande detalhe de todas essas medidas é a dificuldade de sua implementação. Isso
porque para uma barreira ao comércio ser justificada pelo artigo XX, ela deve passar por
um “teste de duas fases”:

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1º (alíneas do art. XX) deve se demonstrar que a medida é necessária (teste de necessidade)
para o atingimento daquele valor previsto na exceção (ex.: saúde)
2º (caput do art. XX) deve se demonstrar que sua aplicação:
• Não se constitua discriminação arbitrária, ou injustificada, entre os países onde existem
as mesmas condições,
• Não se constitua uma restrição disfarçada ao comércio internacional.

Assim, geralmente as barreiras ao comércio, ainda que justificadas como necessárias para
o atingimento daquele valor almejado, elas falham na sua implementação, pois escondem uma
restrição disfarçada ao comércio. Por exemplo, no caso dos pneus usados, o Brasil venceu ao
demonstrar que a medida era necessária para diminuir os focos de dengue. No entanto, o país
falhou ao demonstrar que não constitui restrição disfarçada, pois o país permitia importações do
Uruguai e juízes do Rio Grande do Sul concediam liminares para importação destes pneus.
Ora, se o país quer, de fato, fazer acreditar que a barreira faz parte de uma política séria de
combate à dengue, ele deve evitar a entrada de pneus usados de toda e qualquer origem, correto?
Foi esse o entendimento da OMC. O Brasil assim, teve que ajustar sua restrição quantitati-
va, para que não a aplicasse de forma discriminatória.

 Obs.: CURIOSIDADE
 Caso das focas da OMC (Disputa n. 400) – Em 2010, a União Europeia implementou
uma importante proibição do comércio de produtos derivados de peles de foca e, com
isso, acabou com um mercado primário para a indústria de peles de foca do Canadá.
 Os preços das peles desabaram no país e centenas de milhares de filhotes de foca
foram poupados de um destino horrível.
 Agora, o Governo do Canadá está tentando derrubar o veto junto à OMC. A Humane
Society International lançou uma petição para que seja mantida a proibição da comer-
cialização de peles de foca, de modo a salvar milhões de focas nos próximos anos.
 Produtos derivados de foca que são comercializados pelo mundo incluem não só as peles
mas também a gordura, as carnes, e ossos. Muitos países realizam o massacre de focas
para lucrar com a venda de seus corpos no mercado, porém o Canadá é o mais represen-
tativo. Estima-se que entre Canadá e Groenlândia, 300 mil focas são mortas por ano.
 O método mais comum pelo qual as focas são mortas é pelo esmagamento de seus crâ-
nios com uma espécie de machado com um gancho na extremidade; outro método é por
tiros de ​​rifles. Grande parte das focas assassinadas para consumo humano são ainda
filhotes; muitos deles com menos de 4 semanas de vida também são esfolados vivos.
 (Fonte: Agência de Notícias de Direitos Animais – ANDA)
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Nesta disputa sobre proibição de importação de casaco de pele de foca, a União Europeia
teve reconhecido seu direito de proibir a importação, ou seja, impor barreira não tarifária. Ape-
sar de violar o art. XI:1 do GATT, a medida se justificava pelo art. XX, alínea “a”, pois era neces-
sária para proteger a moral pública.
O único detalhe é que ela deveria proibir importações de quaisquer origens, inclusive da
Groenlândia, se a UE considerava realmente a medida como necessária para o atingimento
do objetivo de proteger estes animais do modo cruel que são exterminados (moral pública).
Falhou portanto na implementação da medida, violando o caput do art. XX.

024. (INÉDITA/2022) Sobre justificativas às barreiras comerciais reputadas inconsistentes


frente às normas do GATT, assinale a alternativa errada:
a) É possível que países muçulmanos proíbam a importação de bebida alcóolicas alegando
que as medidas são necessárias à proteção da moral pública.
b) Segundo a jurisprudência da OMC, os países somente podem justificar barreiras relativas a
conservação de recursos naturais esgotáveis, mas nunca para os recursos renováveis.
c) Os membros da OMC podem justificar uma barreira que viole o GATT desde que necessárias
à proteção da vida humana.
d) O Brasil poderia ter justificada na OMC a proibição de importação de pneus usados tendo
em vista que seu acúmulo em terrenos baldios dá causa aos focos do mosquito aedes aegypti,
ou seja, é medida necessária à proteção da saúde humana.
e) É possível justificar uma barreira que impeça a venda de papel não reciclado desde que esse
medida seja necessária à preservação dos vegetais. No entanto, tal medida não pode se constituir
numa discriminação arbitrária ou injustificada ao comércio, tampouco uma restrição disfarçada.

a) Certa. A moral pública é um dos valores previstos na alínea “a” do artigo XX, sendo uma
exceção geral a alguma inconsistência às regras do GATT, tal qual a proibição de importação
(restrição quantitativa) que viola o artigo XI:1 do GATT.
b) Errada. Sendo o gabarito. Isso porque a OMC tem adotado uma “jurisprudência evolutiva”
permitindo que a alínea “g” do Artigo XX contemple também outros recursos naturais como o
“ar”. Esta foi a decisão adotada na disputa da Gasolina, a primeira da era OMC.
c) Certa. A vida humana é valor previsto na alínea “b” do art. XX do GATT.
d) Certa. O Brasil ganhou a disputa sobre proibição de importação de pneus usados (DS 332)
contra a União Europeia alegando a vinculação da proibição de pneus usados como medida que
contribui para o atingimento do objetivo de proteger a saúde humana. Isso porque o descarte de
pneus usados ocorre de forma mais rápida, permitindo focos de criação deste mosquito.
e) Certa. Além de a medida ter que se enquadrar no valor previsto nas alíneas do art. XX do GATT,
sua implementação deve se dar de acordo com o caput, ou seja, de maneira que não se constitua
numa discriminação arbitrária ou injustificada ao comércio, tampouco uma restrição disfarçada.
Letra b.

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14.6. Exceções de Segurança


Além das exceções gerais, um membro da OMC pode adotar uma medida essencial aos
interesses de segurança nacional (exceção de segurança), seguindo os propósitos das obriga-
ções constantes na Carta da Nações Unidas de manutenção da paz e segurança.
Para comércio de bens, o artigo XXI do GATT/1994 prescreve, por exemplo, a possibilidade do
membro tomar qualquer medida para necessária proteção dos essenciais interesses de seguran-
ça, incluindo controle de materiais de fissão nuclear e seus derivados, tráfico de armas, munições
e outros bens que servem ao propósito de abastecimento de estabelecimento militar.

GATT. Art. XXI


Nenhuma disposição do presente Acordo será interpretada:
(a) como impondo a uma Parte Contratante a obrigação de fornecer informações cuja divulgação
seja, a seu critério, contrária aos interesses essenciais de sua segurança;
(b) ou como impedindo uma Parte Contratante de tomar todas as medidas que achar necessárias à
proteção dos interesses essenciais de sua segurança:
(i) relacionando-se às matérias desintegráveis ou às matérias primas que servem à sua fabricação;
(ii) relacionando-se ao tráfico de armas, munições e material de guerra e a todo o comércio de outros arti-
gos e materiais destinados direta ou indiretamente a assegurar o aprovisionamento das forças armadas;
(iii) aplicadas em tempo de guerra ou em caso de grave tensão internacional;
(c) ou como impedindo uma Parte Contratante de tomar medidas destinadas ao cumprimento de suas
obrigações em virtude da Carta das Nações Unidas, a fim de manter a paz e a segurança internacionais.

Assim, um país pode requerer que outro divulgue as estatísticas de produtos usados para
fabricação de material bélico (dever de transparência e publicidade que aparece no art. X do
GATT). No entanto, o país demandado pode, a seu critério (autojulgamento), alegar que tal
divulgação pode violar a segurança nacional, razão pela qual, eventual violação ao dever de
transparência do art. X estaria justificado pelo Artigo XXI.
Beleza meus caros. Aqui chega ao fim nossa aula inaugural…
Não deixem de acessar o nosso fórum para dirimir quaisquer dúvidas, ok?
Se liguem agora que é a hora da revisão…
Um grande abraço e até lá!

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RESUMO

• Liberalismo = ausência de intervenção estatal


• Protecionismo = qualquer intervenção estatal
• Fatores de produção: mão-de-obra (trabalho), terra e capital.
• Mercantilismo acúmulo de metais preciosos. Exportar era o que importava. Comércio
via de mão única.
• Vantagens Absolutas = Adam Smith. Há comércio somente se cada país tiver um pro-
duto que seja mais eficiente que seu vizinho. Devo olhar o país vizinho para constatar
a vantagem. Só leva em conta o fator de produção mão de obra. O comércio não é um
jogo de soma zero.
• Vantagens Comparativas/Relativas =David Ricardo. Há comércio ainda que um país seja
mais eficiente em ambos os bens. Devo olhar para dentro do país para ver as vantagens.
• Custo de oportunidade é o que leva um país a abandonar internamente a produção de
um bem em favor de outro.
• Dotação dos fatores = A abundância dos fatores de produção (terra, capital e trabalho)
são também determinantes na vantagem comparativa. País olha para dentro e vê o fator
que tem em maior quantidade. Exportará então produtos que sejam mais intensivos na-
quele fator (ex.: Brasil exporta bens agrícolas).
• Novas teorias = O comércio intraindústria é possível em razão da diferenciação do gosto
dos consumidores e das economias de escala. Há comércio entre países com estruturas
produtivas semelhantes (Setor automotivo entre Brasil e Argentina). Há ganhos crescentes
de escala quando se aumenta o insumo em quantidade “X” o retorno de produção é > “X”
• Teoria da Indústria Nascente = Alexander Hamilton e Friederich List advogam pela in-
tervenção estatal para proteger indústrias nos primeiros estágios de desenvolvimento,
pois não podem competir de igual para igual com indústrias já consolidadas. A indústria
nascente vai “aprender fazendo”. As medidas são por prazo temporário.
• Teoria da Substituição das Importações = Raúl Prebisch no âmbito da CEPAL alerta a
possível deterioração dos termos de troca na relação comercial entre países em desen-
volvimento que exportam matéria-prima e países desenvolvidos que exportam produtos
industrializados. A elasticidade-renda é menor para produtos básicos. É preciso buscar
a industrialização forçada, senão países em desenvolvimento terão que exportar cada
vez mais produtos primários para comprar a mesma quantidade de bens manufatura-
dos. A tarifa tem importância fundamental nesta política. Brasil a utilizou nos 80, com a
Lei de Informática.

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• Industrialização voltada às exportações = há intervenção estatal focada na exportação. Esta-


dos garantem subsídios à infraestrutura, educação, financiamento, créditos, tributos, tudo com
o propósito de exportar. Não é política liberal. Foi levada à cabo pelos Tigres Asiáticos.
• Políticas Comerciais Estratégicas = diante de falhas de mercado, governo elege setores
prioritários que tenham maior irradiação tecnológica (ex.: aeronaves).
• Com redução das barreiras tarifárias, o protecionismo ganhou a partir da década de 60
feição preponderamente não tarifária, de difícil identificação, controle e quantificação.
• Barreira Tarifária = imposto de Importação. Barreira mais transparente ao Comér-
cio Internacional.
• Tarifa tem como modalidades ad valorem, específica, mista (composta) ou técnica. Tem
finalidade extrafiscal.
• Quanto ao valor de suas alíquotas, podemos ter água na tarifa (muita flexibilidade), picos
tarifários (sem teto consolidado), tarifa proibitiva (% tarifário inviável economicamente).
Produtos agrícolas passaram por processo de tarificação durante Rodada Uruguai (con-
versão de barreiras não tarifárias em tarifas, mais transparentes).
• Sua regulamentação básica é o art. II do GATT (concessões tarifárias), tendo como prin-
cípio negociador a reciprocidade de concessões.
• Barreira Não-Tarifária = Conceito residual (tudo que não é o Imposto de Importação). Menos
transparente. A depender de seu formato, pode ser proibida ou apenas regulamentada.
• Cotas/contingentes não tarifários na importação e Acordos Voluntários de Restrição às
Exportações (AVRE). Barreiras não tarifárias proibidas pelo art. XI:1 do GATT. Restrin-
gem o fluxo comercial.
• Práticas abusivas em Licenças de Importação são evitadas pelo Acordo de Licencia-
mento de Importação da OMC. Órgãos anuentes de governo podem via LI automática e
LI não automática, autorizarem, de modo não discriminatório, importações de bens.
• Direitos Antidumping e Compensatórios permitem neutralizar, respectivamente, as práti-
cas desleais de importações a preços de dumping e importações subsidiadas.
• Formalidades Aduaneiras só devem ser exigidas na medida do necessário. Encargos
ligados ao uso de sistema de importação e exportação devem ter seu custo próximo ao
serviço prestado e não se constituir em proteção indireta (Art. VIII)
• Exigências de ordem técnica, qualidade, pesos, medidas, rotulagem são regulamenta-
das pelo Acordo de Barreiras Técnicas da OMC (TBT). Essas medidas para os importa-
dos devem ser equivalentes às aplicadas aos produtos nacionais similares.
• Exigências sanitárias e fitossanitárias são regulamentadas pelo Acordo de Barreiras Sa-
nitárias e Fitossanitárias da OMC (SPS).
• Desvalorização competitiva de moeda e taxas múltiplas de câmbio são medidas de po-
lítica cambial. Apesar de o art. XV do GATT mencionar que essas políticas não podem
frustrar os objetivos do GATT, nunca houve pronunciamento da OMC sobre o tema

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• Pauta de preços mínimos e práticas arbitrárias em Valoração Aduaneira são combatidas


pelo art. VII do GATT e Acordo de Valoração Aduaneira da OMC. É princípio básico que a
base de cálculo dos tributos aduaneiros deva ser o valor real da transação.
• Exigência de conteúdo local/nacional para empresas poderem importar bens são com-
batidos pelo Acordo TRIMs (Trade-Related Investment Measures) da OMC. Não há, en-
tretanto, proteção extensiva ao investimento estrangeiro na OMC.
• Tratamento favorecido aos produtos nacionais em concorrências públicas é combatido
pelo Acordo Plurilateral de Compras Governamentais da OMC. Brasil não é signatário
deste acordo, podendo então discriminar fornecedores em suas licitações.
• As barreiras comerciais, ainda que violem alguma das regras do GATT, podem ser justi-
ficadas se estiverem de acordo com as diversas exceções do GATT.
• Proteção à indústria nascente é facultada por período determinado aos países que este-
jam nos primeiros estágios de desenvolvimento econômico (art. XVIII).
• Exceções de emergência econômica (art. XIX) permitem a imposição de barreiras
chamadas de salvaguarda quando surto de importações der causa ou ameaçar cau-
sar prejuízo grave.
• Exceções para correção temporária de desequilíbrio de balanço de pagamentos (art. XII)
permitem a imposição de barreiras para conter o déficit de divisas.
• Exceções gerais (art. XX) permitem imposição de barreiras consideradas necessárias
para proteger saúde e vida humana, animal e vegetal, moral pública, conservação de
recursos naturais, entre outros valores.
• Cabem medidas para proteger segurança ou interesse nacional (art. XXI)
• É possível ainda que a aplicação de barreiras se dê de forma discriminatória se es-
tiver em perfeita consonância com a exceção para integração regional (art. XXIV +
Cláusula de Habilitação)

Espero que tenham gostado e aguardo vocês em nossa espaçonave para a aula número 2.
Não deixem de fazer as questões sugeridas e qualquer dúvida, sabem que estou aguardando
vocês no fórum de dúvidas.
Na aula seguinte voltaremos com força total para dar cabo do tema OMC!
Um forte abraço e até a próxima.

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QUESTÕES COMENTADAS EM AULA


001. (INÉDITA/2022) Para a doutrina liberal, que advoga as livres trocas comerciais (livre cam-
bismo), o governo não deve ter ingerência sobre a economia, retirando obstáculos ao comércio
entre os países.

002. (ESAF/AFRF/2000/TRECHO) A Teoria das Vantagens Absolutas afirma em quais


condições determinado produto ou serviço poderia ser oferecido com custo de oportuni-
dade maior que o do concorrente.

003. (ESAF/AFRF/2000/TRECHO) O grande mérito de Adam Smith foi mostrar que o comér-
cio seria proveitoso para dois países, mesmo que um deles tivesse vantagem absoluta sobre o
outro na produção de todas as mercadorias.

004. (CESPE/CEGESP/2013) A teoria das vantagens comparativas não se aplica quando determi-
nado país é mais produtivo na fabricação de todos os bens, pois estabelece que o país deva espe-
cializar–se na produção daquele produto em que possui vantagem em comparação a outros países.

005. (CESPE/ANATEL/2009) Para os economistas da escola clássica, as vantagens compa-


rativas relativas entre os países são o substrato teórico da especialização econômica, poten-
cializada com o comércio internacional.

006. (VUNESP/CEAGESP/2010) Um país A precisa de 6h de trabalho para produzir uma saca


de trigo e 8h de trabalho para produzir uma mesa de jantar, enquanto o país B precisa de 4h
para produzir uma mesa de jantar e 5h para produzir uma saca de trigo.
I – O país B possui vantagens absolutas na produção de mesas de jantar.
II – O país B possui vantagens comparativas na produção de mesas de jantar.
III – O país B possui vantagens comparativas na produção de sacas de trigo.
Está correto, apenas, o que se afirma em:
a) I
b) II
c) III
d) I e II
e) II e III

007. (ESAF/ACE-MDIC/2012) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de espe-


cialização produtiva de um país e, por consequência, a composição de sua pauta exportadora
está diretamente relacionada à(s)
a) diferenças entre os custos de remuneração do capital em diferentes indústrias.
b) vantagens relativas determinadas pela produtividade do fator trabalho em diferentes indústrias.
c) dotação dos fatores de produção.
d) vantagens absolutas derivadas das diferenças na remuneração da mão de obra.
e) vantagens comparativas relativas determinadas pela produtividade do capital.

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008. (ESAF/ACE/2012/TRECHO) Julgue os itens:


a) De acordo com o modelo de David Ricardo, o padrão de especialização produtiva de um país
e, por consequência, a composição de sua pauta exportadora está diretamente relacionada à
dotação dos fatores de produção.
b) O modelo Hecksher-Ohlin preconiza que um país produzirá e exportará aqueles produtos
cujos fatores produtivos sejam aproveitados mais eficientemente, independentemente de
sua oferta internamente.
c) O modelo Hecksher-Ohlin permite demonstrar como a oferta relativa de fatores de produção
e o emprego dos mesmos em diferentes intensidades na produção explicam os padrões de
especialização e as possibilidades do comércio internacional.

009. (CESGRANRIO/BNDES/2011) No modelo de Heckscher-Ohlin de comércio internacional,


as vantagens comparativas, que levam ao comércio entre dois países, decorrem de:
a) economias de escala na produção
b) dotações diferentes dos fatores de produção
c) tecnologias de produção diferentes
d) diferenças nas taxas de inflação interna dos países
e) desvalorizações cambiais competitivas

010. (COSEAC/ANCINE/2009) A declaração teórica que afirma que cada país tem vantagens
comparativas no produto cujo processo produtivo emprega de forma intensiva o fator de pro-
dução abundante naquele país é o(a):
a) Teoria do Valor-Trabalho;
b) Teorema de Stolper-Samuelson;
c) Postulado Ricardiano;
d) Teorema de Heckscher-Ohlin;
e) Modelo de Linder.

011. (ESAF/ACE/2012) Analise as assertivas abaixo e, em seguida, assinale a opção correta.


a) O aproveitamento de economias de escala em diferentes países conduz à especialização
em um número restrito de produtos, reduzindo assim a oferta de bens no mercado mundial e
as possibilidades de comércio entre eles.
b) Em um modelo de concorrência imperfeita e em condições monopolísticas, o comércio
internacional é restringido pela segmentação dos mercados, escalas de produção limitadas e
pequena diversidade de bens disponíveis para o intercâmbio comercial.
c) Mesmo em condições de concorrência imperfeita, as possibilidades e os ganhos do comér-
cio resultam de vantagens comparativas relativas tal como definidas no modelo ricardiano e
não do aproveitamento de economias de escala pelas indústrias.
d) No modelo de concorrência monopolística centrado na produção de manufaturas, um país
tanto produzirá e exportará bens manufaturados como também os importará, alimentando as-
sim o comércio intraindústrias e gerando ganhos extras no comércio internacional.
e) Os rendimentos crescentes associados ao aproveitamento de economias de escala alimentam
a concentração monopolística, levando assim ao aumento dos preços nos mercados domésticos
e no mercado internacional e impactando negativamente o comércio internacional.

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012. (ESAF/MIX-QUESTÕES) Sobre o argumento da indústria nascente, assinale a alter-


nativa correta:
a) O argumento que analisa a aquisição de experiência pela economia nacional, baseado no
princípio de se “aprender fazendo”, o que permite justificar a proteção a tais indústrias por
tempo indeterminado, preferencialmente longo, já que a inovação é condição necessária à
manutenção da competitividade industrial.
b) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é incapaz de promover a justiça social.
c) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo atende apenas aos interesses dos gran-
des exportadores, que usam a liberdade econômica para estabelecer monopólios e cartéis.
d) Segundo Friedrich List, não existe livre cambismo na prática. Todos os países são protecio-
nistas em razão da intervenção do Estado.
e) Segundo as ideias de Friedrich List, o livre cambismo é bom para os países de economia
madura, mas os países com indústrias nascentes necessitam de alguma forma de proteção.

013. (ESAF/AFRFB/2009/TRECHO) A política de substituição de importações valeu-se pre-


ponderantemente de instrumentos de incentivos à produção e às exportações, tendo o prote-
cionismo tarifário importância secundária em sua implementação.

014. (ESAF/AFRFB/2000/TRECHO) Para explicar a relação entre comércio de produtos pri-


mários e industrializados, a Comissão Econômica para América Latina (CEPAL) apresentou
uma série de estudos e propostas. Acerca da CEPAL pode-se se afirmar que o comércio in-
ternacional tendia a gerar uma desigualdade básica nas relações de troca (uma deterioração
nas relações de troca) pois os preços das matérias-primas (dos países em desenvolvimento)
tendia a declinar a longo prazo, enquanto o preço dos produtos manufaturados (fabricados em
geral em países desenvolvidos) tendia a subir.

015. (CESGRANRIO/BNDES/2008) O processo de substituição de importações, como instrumento


para a promoção do desenvolvimento econômico, NÃO se caracteriza pelo(a)
a) encarecimento dos produtos importados dentro do país.
b) aumento dos investimentos produtivos nos setores protegidos dentro do país.
c) estímulo às exportações do país.
d) proteção tarifária contra as importações, em favor das atividades produtivas dentro do país.
e) intervenção do estado na economia do país.

016. (ESAF/MDIC/2012/TRECHO) Considerando-se a ação governamental no modelo de industria-


lização orientada para as exportações, é correto afirmar que é de grande alcance, envolvendo o apoio
ao desenvolvimento da infraestrutura, a concessão de incentivos fiscais e creditícios, o financiamen-
to da produção e das exportações e investimentos em educação e qualificação profissional.

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Políticas Comerciais/Barreiras ao Comércio
Thális Andrade

017. (ESAF/ACE-MDIC/2012/ADAPTADA) Considerando-se a ação governamental no mode-


lo de industrialização orientada para as exportações, julgue os itens:
a) é limitada em razão do protagonismo central dos agentes econômicos privados nacionais
e estrangeiros atuantes na atividade exportadora na realização de investimentos produtivos e
em relação aos fatores que garantem competitividade nos mercados internacionais.
b) é semelhante à desenvolvida no modelo de substituição de importações na medida em que
está centrada na aplicação de instrumentos tarifários e incentivos à produção.
c) é de caráter subsidiário e envolve fundamentalmente a promoção de marcos políticos, jurí-
dicos e institucionais favoráveis aos investimentos e à atividade econômica.
d) prescinde de formas de intervenção econômica e concentra-se na proteção da livre iniciati-
va, da competição e dos fluxos de comércio e de investimento.

018. (ESAF/AFRFB/2009) A participação no comércio internacional é importante dimensão


das estratégias de desenvolvimento econômico dos países, sendo perseguida a partir de ên-
fases diferenciadas quanto ao grau de exposição dos mercados domésticos à competição
internacional. Com base nessa assertiva e considerando as diferentes orientações que podem
assumir as políticas comerciais, assinale a opção correta.
a) As políticas comerciais inspiradas pelo neomercantilismo privilegiam a obtenção de supe-
rávits comerciais notadamente pela via da diversificação dos mercados de exportação para
produtos de maior valor agregado.
b) Países que adotam políticas comerciais de orientação liberal são contrários aos esquemas
preferenciais, como o Sistema Geral de Preferências, e aos acordos regionais e sub-regionais
de integração comercial celebrados no marco da Organização Mundial do Comércio por conte-
rem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas.
c) A política de substituição de importações valeu-se preponderantemente de instrumentos de
incentivos à produção e às exportações, tendo o protecionismo tarifário importância secundá-
ria em sua implementação.
d) A ênfase ao estímulo à produção e à competitividade de bens de alto valor agregado e de
maior potencial de irradiação econômica e tecnológica a serem destinados fundamentalmente
para os mercados de exportação caracteriza as políticas comerciais estratégicas.
e) As economias orientadas para as exportações, como as dos países do Sudeste Asiático,
praticam políticas comerciais liberais em que são combatidos os incentivos e quaisquer for-
mas de proteção setorial, privilegiando antes a criação de um ambiente econômico favorável à
plena competição comercial.

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019. (INÉDITA/2022) Sobre tarifas, é correto afirmar:


a) Quando a tarifa de um produto é reduzida a 0%, significa que o governo não tem indústria
local a proteger.
b) As medidas antidumping são exemplos de tarifas.
c) De acordo com a OMC, os países podem adotar a modalidade de tarifas que bem entende-
rem, desde que respeitem o seu teto consolidado junto à organização;
d) A tarifa, no Brasil, tem natureza fiscal, representando por volta de 2,75% da arrecadação
de tributos federais.
e) Tarifas específicas são aquelas estabelecidas para produtos determinados, não sendo apli-
cada de modo geral para um setor.

020. (ESAF/AFRF/2000/ADAPTADA) Sobre as Barreiras não tarifárias, julgue os itens:


a) As Barreiras não-tarifárias são frequentemente apontadas como grandes obstáculos ao co-
mércio internacional. Podem vir a se constituir Barreiras não-tarifárias (BNT) as medidas fitos-
sanitárias, normas de segurança, as licenças de importação e as cotas.
b) É exemplo de prática restritiva adotada pelos governos a negociação de acordos voluntários
de restrição às exportações.
c) É exemplo de prática restritiva adotada pelos governos a manutenção de barreiras à entrada
no mercado de produto estrangeiro para proteger o produtor doméstico.

021. (ESAF/AFRFB/2009/TRECHO) Países que adotam políticas comerciais de orientação li-


beral são contrários aos esquemas preferenciais, como o Sistema Geral de Preferências, e aos
acordos regionais e sub-regionais de integração comercial celebrados no marco da Organização
Mundial do Comércio por conterem, tais esquemas e acordos, componentes protecionistas.

022. (SIMULADO/ACE-MDIC/2012) Sobre protecionismo e barreiras ao comércio, assinale a


alternativa correta:
a) A substituição de importações é uma forma de industrialização empreendida pelos países
em desenvolvimento na década de 60; apesar de ter tido sucesso em alguns países, nunca foi
levada a efeito no Brasil pela dificuldade de se eleger um setor prioritário.
b) Apesar da valorização do real na economia, não se verifica grande utilização de medidas
de defesa comercial pelo governo brasileiro. Esta uma das razões pela qual o Brasil nunca foi
demandado na OMC sobre este tema.
c) A elevação de outros tributos incidentes na importação diferente das tarifas, não se cons-
titui num elemento protecionista, pois os países não outorgaram para esses mecanismos as
“consolidações tarifárias”.
d) Diante de argumentos de “desindustrialização”, o Brasil poderia utilizar, quantos fossem os
segmentos da indústria prejudicados, a aplicação de medidas antidumping, desde que com-
provados requisitos que justifiquem a imposição dessas medidas.
e) O Brasil não busca outras formas de proteção além da tarifária, uma vez que as tarifas
nacionais estão entre as mais altas do mundo, sendo suficientes para garantir a proteção
à indústria nacional.

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023. (ESAF/AFRFB/2003/ADAPTADA) Sobre o protecionismo, em suas expressões


contemporâneas, é correto afirmar-se que:
a) tem aumentado ao se verificar a ampla celebração de acordos regionais, que mitigam o im-
pulso liberalizante da normativa multilateral.
b) possui expressão eminentemente tarifária desde que os membros da OMC acordaram a
tarifação das barreiras não-tarifárias.
c) assume feições preponderantemente não-tarifárias, associando-se, entre outros, a proce-
dimentos administrativos e à adoção de padrões e de controles relativos às características
sanitárias e técnicas dos bens transacionados.
d) vem diminuindo progressivamente à medida que as tarifas também são reduzidas a pata-
mares historicamente menores.
e) prepondera nos países em desenvolvimento na medida em que estes possuem tarifas mais
altas que os países desenvolvidos.

024. (INÉDITA/2022) Sobre justificativas às barreiras comerciais reputadas inconsistentes


frente às normas do GATT, assinale a alternativa errada:
a) É possível que países muçulmanos proíbam a importação de bebida alcóolicas alegando
que as medidas são necessárias à proteção da moral pública.
b) Segundo a jurisprudência da OMC, os países somente podem justificar barreiras relativas a
conservação de recursos naturais esgotáveis, mas nunca para os recursos renováveis.
c) Os membros da OMC podem justificar uma barreira que viole o GATT desde que necessárias
à proteção da vida humana.
d) O Brasil poderia ter justificada na OMC a proibição de importação de pneus usados tendo
em vista que seu acúmulo em terrenos baldios dá causa aos focos do mosquito aedes aegypti,
ou seja, é medida necessária à proteção da saúde humana.
e) É possível justificar uma barreira que impeça a venda de papel não reciclado desde
que esse medida seja necessária à preservação dos vegetais. No entanto, tal medida não
pode se constituir numa discriminação arbitrária ou injustificada ao comércio, tampouco
uma restrição disfarçada.

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GABARITO
1. C
2. E
3. E
4. E
5. C
6. d
7. b
8. E, E, C
9. b
10. d
11. d
12. e
13. E
14. C
15. c
16. C
17. F, F, F, F
18. d
19. c
20. C, C, C
21. E
22. d
23. c
24. b

Thális Andrade
Advogado inscrito na OAB/SC, mestre em Direito Internacional e Econômico pela Universidade de Berna
(2014), mestre em Direito Internacional pela Universidade Federal de Santa Catarina (2009), especialista
em Comércio Internacional pela Universidade de Buenos Aires (2007), especialista em Comércio Exterior
e Direito Aduaneiro pela UNIVALI (2008). Desde 2008 é servidor público federal integrante da carreira
de Analista de Comércio Exterior (ACE) do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
Professor de Comércio Internacional e Legislação Aduaneira em cursos de pós-graduação pelo Brasil e
em cursos preparatórios para as carreiras da RFB. Autor de livros e artigos sobre comércio internacional e
legislação aduaneira.

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