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Relatório Anual 2004 e Contas

do Período de 2001 a 2004


ÍNDICE

09 MENSAGEM DO CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO

31 INTRODUÇÃO

35 EVOLUÇÃO DA ECONOMIA INTERNACIONAL

51 SUMÁRIO DA SITUAÇÃO ECONÓMICA INTERNA


53 1. Objectivos programáticos
53 2. Desempenho macro-económico

61 SECTOR REAL
63 1. Desempenho do PIB em 2004
63 2. Sectores económicos que mais contribuíram para o PIB

67 SECTOR EXTERNO
69 1. Balança de pagamentos
69 a. Conta corrente
77 b. Balança de capital e financeira
79 c. Erros e omissões
79 d. Balança global
81 2. Stock de Dívida externa de médio e longo prazos
85 3. Política e evolução do mercado cambial
Relatório e Contas 04
ÍNDICE

89 FINANÇAS PÚBLICAS
91 1. Previsão do Orçamento Geral do Estado para 2004
91 2. Execução preliminar do OGE em 2004
95 a. Execução das receitas
95 b. Execução das despesas
101 c. Financiamento

105 SECTOR MONETÁRIO


107 1.Programa financeiro
107 2. Execução monetária
117 3. Evolução dos depósitos e execução do crédito à economia
117 a. Evolução dos depósitos
119 b. Crédito à economia concedido pela banca comercial
123 c. Taxas de juro activas e passivas
125 4.Mercado de títulos

131 PREÇOS

139 SISTEMA FINANCEIRO


141 1. Enquadramento
141 2. Cobertura geográfica
143
145 4. Rendibilidade
145 5. Indicadores de natureza prudencial
145 6. Perfil de riscos

149 SISTEMA DE PAGAMENTOS DE ANGOLA


151 1. Publicação da Lei do SPA
151 2. Sistema de pagamentos a retalho
151 a. Rede MULTICAIXA de ATMs e POSs partilhada por todos os bancos
153 b. Emissão e acquiring de cartões de crédito em Angola
153 c. Serviço de compensação de valores
153 d. Plano para pagamento dos salários da função pública
155 3. Liquidação de transação no mercado monetário e financeiro
155 4. Sistema de pagamentos

Relatório e Contas 04
ÍNDICE

159 RELAÇÕES COM ORGANISMOS INTERNACIONAIS


161 A. Comunidade de Desenvolvimento da África Austral – SADC
171 B. Fundo Monetário Internacional – FMI
173 C. Instituto de Gestão Macro-económica e Financeira da África Austral
e do Lest – MEFMI
173 D. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento – BAD
175 E. Banco Africano de Exportação e Importação
177 F. Associação dos Bancos Centrais Africanos - ABCA
179 G. Banco de Portugal

181 PERSPECTIVAS PARA O ANO 2005

185 BALANÇO E CONTAS

239 ANEXOS
241 ANEXO I - PESSOAL
243 1. Movimentação de recursos humanos
245 2. Formação
245 3. Acção social
245 a. Centro infantil
247 b. Centro médico
249 ANEXO II - CRONOLOGIA DAS PRINCIPAIS MEDIDAS
ECONÓMICAS E FINANCEIRAS
261 ANEXO III - QUADROS ESTATÍSTICOS
269 ANEXO IV - BIBLIOGRAFIA

Relatório e Contas 04
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Mensagem do Conselho de Administração

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Mensagem do Conselho de Administração


Dando cumprimento ao disposto no artigo 84º da Lei nº 6/97 de 11 de Julho, o Conselho
de Administração do Banco Nacional de Angola (BNA) apresenta os relatórios e as contas
dos exercícios de 2001 a 2004.

O dossier ora apresentado integra por um lado, os documentos de síntese contabilística


(balanço, demonstração de resultados e mapa de fluxos de caixa), elaborados de acordo
com as normas e padrões internacionalmente aceites, relativos aos exercícios económicos
encerrados em 2001, 2002, 2003 e 2004, acompanhados de um relatório de análise
dinâmica sobre as operações e negócios da instituição e respectiva evolução, correspon-
dente aos referidos exercícios.

Por outro lado, uma análise da situação económica, contendo a descrição sumária do
ambiente macro-económico envolvente, a cronologia de acontecimentos e principais
medidas económicas e financeiras, assim como as actividades desenvolvidas pelo BNA
nesse contexto.

A publicação regular de boletins estatísticos ao longo dos anos, deu suporte ao Conselho
de Administração, para circunscrever a análise da situação económica aos dois últimos
anos (2003 e 2004), período em que se acentuou e se começou a consolidar, o processo
de liberalização económica iniciado em Maio de 1999, com a aprovação do pacote
monetário e cambial.

O ano de 2003 foi importante para o país, não só por ter sido o segundo ano vivido em
paz, mas sobretudo por se terem operado mudanças significativas nas prioridades e
políticas do Governo, que para atender os imperativos da nova realidade, e sobretudo
para viabilizar a recuperação e o relançamento do sector não petrolífero da economia,
concentrou maior atenção nas questões da estabilização macro-económica e da reabilitação
das infra-estruturas básicas - a par das tarefas ligadas à reconciliação nacional e à
reinserção social.

Para alcançar esses objectivos, que tiveram continuidade em 2004, respaldados no


Programa Económico e Social do Governo, foram identificadas acções sobre provisão
de bens e serviços públicos e semi-públicos, gestão e condução da política macro-
económica e utilizados instrumentos de intervenção indirecta de fomento e incentivo da
actividade económica.

No contexto da sua acção enquanto Banco Central, o BNA em estreita coordenação


com o Ministério das Finanças e outros órgãos de direcção da economia, definiu e
implementou as medidas de política nos domínios monetário e cambial, com vista a
acelerar o processo de estabilização macro-económica.

Assim, na sequência do protocolo estabelecido entre o BNA e o Ministério das Finanças


em 2002, foi aprovado em Fevereiro de 2003 um pacote de medidas de política ori-
entadas para a contenção da deterioração dos indicadores macro-económicos, que foi
complementado com medidas adicionais em Agosto do mesmo ano. Com essas medi-

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das, pretendeu-se reforçar o mecanismo de esterilização ex-ante e outros instrumentos


de controlo da liquidez, e redinamizar os mercados monetário e cambial interbancários.

Para o efeito foi estabelecido um fórum de concertação permanente entre o BNA e o


Ministério das Finanças, para controlar os excessos de liquidez na economia, através
de uma apertada vigilância e monitorização dos factores de expansão da base mon-
etária, para limitar a expansão dos meios de pagamento e consequentemente o cresci-
mento da inflação.

O BNA adoptou no ano de 2003 uma política monetária restritiva, tendo tomado para
o efeito várias medidas, das quais destacamos:

• Alargamento da base de incidência das reservas obrigatórias, com a afectação


dos depósitos em moeda externa, e uniformização do coeficiente a aplicar
aos depósitos, que passou a ser de 15% independentemente da moeda
(nacional ou estrangeira), para aumentar a eficácia do mecanismo de controlo
da liquidez;

• Redinamização dos mercados primário e secundário de títulos e incremento


significativo da emissão e utilização de títulos do Banco Central (TBC), nas
Operações de Mercado Aberto para esterilização dos excessos de liquidez na
economia, não obstante o impacto negativo desses encargos nos custos
operacionais do BNA;

• Manutenção dos níveis da taxa de redesconto, por se haver considerado


adequados aos indicadores vigentes da inflação. Embora a inflação registasse
uma tendência de queda optou-se por manter por mais algum tempo os níveis
estabelecidos no Aviso de 11 de Agosto, i.e 150%, 152% e 154% para as
faixas A,B e C do credito de tesouraria, e 150% para o crédito caucionado,
para preservar o carácter excepcional desse mecanismo.

A desaceleração da inflação, justificou em Março de 2004, a alteração da taxa de redesconto,


tendo sido fixado para o crédito de tesouraria às instituições financeiras, as taxas anuais
de 95%, 97% e 99% respectivamente para as faixas A, B e C e 95% para as operações
de crédito caucionado. Ainda que, os excedentes de liquidez que caracterizam a economia
angolana, não induzam um recurso regular a este instrumento, a alteração introduzida
teve o mérito de sinalizar o mercado, no sentido de as taxas de juro acompanharem a
desaceleração da inflação.

A execução da política monetária em 2004, baseou-se nos instrumentos aprovados nos


anos anteriores e em particular em 2003, tendo sido tomadas medidas complementares
ao nível de organização e implementação, visando a sua eficiência.

Neste âmbito, em Julho de 2004, o Conselho de Administração no quadro do Projecto


de Desenvolvimento Organizacional, aprovou a nova estrutura orgânica, mais consentânea
com o novo figurino de actuação do banco central, nos marcos estritos de banco emissor

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e de reserva e de condutor da política monetária. É de destacar, como resultado da


extinção da então Direcção de Emissão e Crédito, a autonomização das suas àreas op-
eracionais, com o surgimento do Departamento de Mercados de Activos, pedra angular
das operações com títulos públicos nos mercados primário e secundário, do Departa-
mento de Sistemas de Pagamentos e de Operações Bancárias e do Departamento do
Meio Circulante.

A autonomização das áreas que concorrem para a implementação da política monetária,


inseriu-se no quadro de um processo de restruturação mais amplo, que se traduziu na
readaptação da estrutura, tendente à sua racionalização, assim como na definição de
um sistema de gestão de recursos humanos, que assegure acrescidos padrões ao desempenho
dos trabalhadores.

As taxas de juros dos títulos do banco central (TBC), sofreram uma redução no 1º
trimestre de 2004, aumentaram nos trimestres subsequentes, sem contudo atingirem os
níveis de Dezembro de 2003, o que se justifica pela redução da inflação. Durante o 2º
semestre de 2004 as taxas de juros reais nas diversas maturidades, quer dos TBC como
dos bilhetes do tesouro (BT), apresentaram-se positivas, o que conferiu melhorias na
remuneração deste tipo de aplicações transaccionadas no mercado monetário.

Apesar das medidas de liberalização introduzidas pelo banco central, as taxas de juro
praticadas pelo sistema bancário, não registaram ajustamentos significativos na sua estrutura.

Em termos nominais, não obstante uma redução registada em 2004 (aquém do que
seria de esperar na sequência da redução da taxa de inflação) o diferencial de taxas de
juro alargou-se, na sequência do aumento das taxas das operações activas e da redução
das taxas das operações passivas, situação que se traduz num claro desincentivo á
poupança. No final de 2004 as taxas de juro activas nominais, situaram-se na faixa de
70-75 por cento, o que em termos reais e em média, reflectiu uma remuneração positiva
pois, ao contrário, as taxas de remuneração dos depósitos a prazo continuaram negativas,
embora menos que em anos anteriores, devido à evolução favorável da inflação.

Esta situação tende a ser corrigida paulatinamente, por um lado, pelo efeito das medidas
que têm vindo a ser adoptadas consubstanciadas na estabilidade da taxa de câmbio
e redução da taxa de inflação, e por outro, pelo desenvolvimento do próprio sector
financeiro – com o alargamento da rede bancária actual, potenciada pelo surgimento de
novos bancos e novos produtos financeiros, e ainda com a criação num futuro próximo
do mercado de capitais - que irá provocar um aumento da competitividade na captação
das poupanças.

A regulamentação dos direitos de propriedade, e muito em particular a aprovação da Lei


nº 9/04 de 9 de Novembro ( Lei de Terras ), ao estabelecer as bases de constituição,
exercício, transmissão e extinção de direitos sobre terrenos, conferirá seguramente um
acréscimo de garantias reais ao crédito bancário, salvaguardando em maior substância
os riscos do sistema bancário e concorrendo para um abaixamento das taxas de juros das
operações activas.

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No domínio da política cambial a actuação do BNA esteve orientada para o reforço da


liberalização cambial introduzida em 1999, ao mesmo tempo que procurava assegurar
a estabilidade do mercado cambial e favorecer a acumulação de reservas externas. As
medidas mais relevantes consistiram no seguinte:

• Reforço do mecanismo de esterilização antecipada das divisas provenientes


dos impostos petrolíferos, para neutralizar o impacto da execução da despesa
pública na expansão da liquidez.

• Autorização aos bancos comerciais para venda de divisas aos importadores


através do mecanismo da “conta cativa” para operações de importação de
mercadorias.

• Alteração do método de cálculo do limite de posição cambial dos bancos que


passou a ser apurado com base nos fundos próprios de cada instituição.

• Redução do capital mínimo exigível para a abertura de casas de câmbio, de


usd 50.000.00 para usd 30.000.00.

• Desregulamentação da venda de divisas a pessoas singulares residentes até ao


limite de usd 5.000.

A partir de 2003 foi melhorado o funcionamento do Mercado Cambial Interbancário,


tendo o BNA vendido nesse ano aos Bancos Comerciais nas sessões diárias de compra
e venda usd 2.1 mil milhões, montante muito superior aos usd 1.4 mil milhões do ano
anterior. Durante o ano de 2004 o total de divisas repassadas à economia através dos
bancos comerciais elevou-se a usd 2,5 mil milhões correspondente a um incremento de
18,2 % relativamente ao ano anterior, ou seja, um aumento em termos absolutos da
ordem de usd 400 milhões.

Como resultado do aumento da oferta de divisas, o ritmo de depreciação das taxas de


câmbio dos mercados formal e informal desacelerou de forma significativa, registando
níveis de variação abaixo da taxa de inflação, que se traduziram na apreciação real das
referidas taxas e consequentemente na valorização da moeda nacional.

Apraz-nos destacar a melhoria na articulação entre o Banco Central e o Ministério das


Finanças, que permitiu conduzir de forma mais harmoniosa as políticas monetária, cambial
e fiscal, influenciando positivamente o comportamento dos principais agregados
monetários, que registaram taxas de variação anuais mais favoráveis que as dos períodos
anteriores.

A base monetária continuou a constituir o instrumento operacional da política monetária,


visando o objectivo de estabilização da moeda nacional.

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No ano de 2004 a base monetária registou uma expansão em termos nominais de apenas
56,06 %, ao passar de Kz 58.626,99 milhões em Dezembro de 2003, para Kz
91.495,10 milhões em Dezembro de 2004, contra uma expansão de 75.8 % em 2003
, muito aquém dos 117,84% registados no exercício de 2002. Da observação da base
monetária ao longo do ano de 2004, é possível distinguir uma evolução assimétrica,
com uma contracção respectivamente de 3,92 % e 10,95 % no 1º e 2º trimestres, a que
se seguiu uma expansão respectivamente de 21,44 % e 50,2 % no 3º e 4º trimestres,
crescimento este que não se repercutiu sobre os preços em geral e sobre a taxa de câmbio,
devido ao aperfeiçoamento dos instrumentos de política monetária concorrentes à
regulação da liquidez na economia.

Comportamento idêntico tiveram os meios de pagamento (M2), que enquanto em 2003


haviam tido um crescimento nominal de 67,05%, contra os 159,09% de aumento nominal
registados em 2002, cresceram nominalmente apenas 49,85 % em 2004, a que
correspondeu um crescimento em termos reais de 14,4 %, situação que se reflectiu
positivamente na evolução da inflação acumulada, que caiu de 105,6% em 2002, para
76,57% em 2003 e 31,02 % em 2004.

Depois da autorização concedida pela Assembleia Nacional através da Lei nº 30/03 de


30 de Dezembro, em obediência a normas elementares de circulação monetária e para
responder às necessidades de financiamento da economia, o BNA colocou em circulação
em Julho de 2004, notas com o valor facial de Kz 200,00 , Kz 500,00 e Kz 1.000,00 , em
substituição de notas de menor valor facial, retiradas da circulação em montante equivalente.

Nesse mês, a inflação foi de 1,45 % , que àquela data representava a menor taxa mensal
dos últimos sete anos, quebrando-se os receios e o mito, de que, a introdução de novas
cédulas seria sinónimo de inflação. Pelo contrário, tornaram as transacções mais fáceis
e céleres, e contribuíram para o fortalecimento da confiança dos agentes económicos nas
instituições e sistema financeiros nacionais.

Esta acção que visa contribuir igualmente para uma economia de recursos destinados à
fabricação, armazenagem e distribuição do dinheiro, foi complementada com um conjunto
de investimentos de modernização e de medidas de ordem organizativa em matéria de
emissão e circulação de papel moeda iniciadas em 2004, e cujo impacto será melhor
avaliado nos anos seguintes.

A posição externa melhorou significativamente, quer em 2003, como em 2004, tendo


as reservas internacionais liquidas registado uma variação acumulada positiva de
usd 303 milhões em 2003 e de usd 735 milhões em 2004, com os activos externos a
fixarem-se em usd 1.358 milhões no final de 2004, em resultado do aumento das reservas
brutas, muito por força do aumento de receitas dos impostos petrolíferos em decorrência
do aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional. Não obstante o
aumento significativo da venda de divisas efectuada pelo banco central no mercado
cambial interbancário e da execução de despesas do Estado em moeda externa, foi
atingida uma posição de reservas em que o nível de cobertura das importações passou
para cerca de 2,5 meses contra 1,4 meses do ano anterior.

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Quanto à dívida externa, o stock da dívida de médio e longo prazo atingiu em 2003 o
valor de usd 8.5 mil milhões o que significa mais usd 762 milhões que o saldo do ano
anterior, tendo o final de 2004 registado um stock cifrado em usd 8,8 mil milhões,
traduzindo em termos absolutos e relativos, um crescimento inferior ao que se vinha
registando em períodos anteriores.

A respeito, o Banco Nacional de Angola prestou colaboração nos distintos projectos de


restruturação da dívida externa, sendo de destacar os relacionados com Portugal,
Alemanha, Polónia, Hungria e Bulgária.

Ainda no domínio das relações internacionais, o BNA participou activamente no


processo de contratação de linhas de crédito destinadas à realização de investimentos
públicos, tendo-se engajado na negociação das linhas de crédito com a República da
China e a República Portuguesa e liderado as negociações que conduziram ao incremento,
já no decorrer de 2005, do plafond da linha de crédito com a República Federativa do Brasil.

A actividade do Banco Central desenvolveu-se num contexto bastante difícil, marcado


por um lado, pela participação activa no processo de estabilização macro- económica
e, por outro, pelas limitações impostas pela escassez de recursos e fontes de financiamento
para fazer face ao ónus que a estabilização impõe, que se traduz no agravamento da
estrutura de custos.

O Balanço do BNA no final de 2004, apresentava um volume de activos equivalente de


usd 1.925,0 milhões a que corresponde um aumento de usd 698,5 milhões em relação
a 2003, isto é, um incremento de 57,0%, em linha com o já verificado de 2002 a 2003
da ordem de 18,4%. Este aumento é explicado principalmente pelo já referenciado
incremento dos activos sobre o exterior.

Enquanto em 2003 o aumento equivalente do passivo, foi justificado pelo aumento das
necessidades da economia nacional em “Notas e moedas em Circulação”, em 2004, o
aumento equivalente em sinal contrário no passivo, deveu-se à utilização mais intensiva
de instrumentos de política monetária para nivelamento da liquidez.

A rentabilidade operacional do Banco Central traduzida na conta de demonstração de


resultados, evidencia um resultado negativo de usd 63,1milhões em 2004, que expressa
uma melhoria relativamente ao exercício anterior em que o resultado negativo se cifrou
no equivalente de usd 93,7 milhões. Na sua génese estão inúmeros factores directamente
associados ao exercício das funções do Banco Central e em particular à implementação
da política monetária e cambial no âmbito do processo de estabilização macro-
económica em curso, que embora desejável, impõe na actual conjuntura, um ónus
adicional ao Banco Central.

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Dos referidos factores destacam-se os seguintes:

• Emissão e utilização intensiva de Títulos do Banco Central (TBC) nas operações


de “ open market”, para a esterilização e controlo do excesso de liquidez.
Refira-se que os encargos decorrentes da emissão desses títulos ascenderam
ao equivalente de usd 57,8 milhões em 2003, com uma diminuição para usd
41,8 milhões em 2004, montante ainda assim bastante elevado face o baixo
rendimento das operações que o Banco Central está autorizado a realizar.
Todavia, são custos tributários da execução da política monetária, que não
podiam e não podem ser restringidos de forma cega ou apriorística, mas que,
pelo contrário, devem ser medidos pela eficiência da política monetária, no
alcance das metas definidas no programa do Governo e, em consequência
pela rentabilidade económica e social que geram, isto é, pelos efeitos positivos
sobre a vida sócio-económica dos angolanos.

• Apesar do aumento significativo das reservas internacionais regista-se ainda


um baixo rendimento líquido das aplicações em moeda externa. Os rendimentos
gerados são ainda pouco expressivos, devido às baixas taxas de juro praticadas
actualmente no mercado internacional, estando contudo previstas acções que
visam alterar positivamente a situação, através de uma diferente abordagem
do mercado.

• Encargos elevados com os cerca de 1450 trabalhadores reformados e reformados


antecipadamente por força da extinção da área comercial do BNA e poste-
riormente da liquidação do Banco CAP. Dado que dessas pensões depende
a sobrevivência dos referidos reformados, esses encargos têm vindo a ser
suportados regularmente pelo BNA, enquanto se aguarda por um lado, a
constituição de um Fundo de Pensões tendo em vista procurar continuar a
proteger os ex-servidores da instituição, com uma minimização de custos e
melhoria da eficiência administrativa, e por outro lado a concretização do
processo de liquidação da CAP, incluindo a salvaguarda dos interesses dos
seus trabalhadores.

• Aumento dos custos com a emissão e transportação de papel moeda. Os encargos


com essa rubrica ascenderam a usd 11,2 milhões em 2003 e usd18,5 milhões
em 2004, estando este acréscimo relacionado, positivamente, com o incremento
do uso da moeda nacional pelos agentes económicos e, expansão territorial
da soberania do Estado, antes limitada pelo conflito armado.

Relativamente à cobertura dos resultados negativos dos exercícios de 2003 e 2004, o


Conselho de Administração propõe, que os mesmos sejam cobertos com Títulos do
Tesouro, emitidos a favor do Banco Nacional de Angola, como estabelece o n.º 2 do artigo
87º da lei n.º 6/97 de 11 de Julho.

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O Conselho de Administração reconhece que para além do impacto negativo do custo


da estabilização e de outras situações herdadas do passado, como os custos com a transição
a partir de 1991 de banco central, comercial e de investimento (monobanco) e, com a
liquidação do Banco CAP que promoveram uma redução do património da instituição,
a insuficiente capitalização do Banco Central decorrente do facto de, desde a sua
constituição, nunca ter sido dotado dos capitais necessários para assegurar o equilíbrio
entre os recursos e as aplicações, agrava sobremaneira a situação financeira. A recapi-
talização deve ser assumida e implementada a breve trecho pelo accionista Estado, a fim
de se conter os riscos sistémicos decorrentes da actividade e restabelecer a posição de
Banco Emissor e de Reserva.

Para colmatar a ausência de medidas de capitalização, o banco teve de usar como recurso a
(re)integração do capital social, necessariamente de forma muito parcial, e pelo viés da incor-
poração de reservas, designadamente de reavaliação do imobilizado, mecanismo a que tem
recorrido como mais uma vez aconteceu com a realização do capital social fixado na lei
orgânica aprovada em Fevereiro de 1997 pela Assembleia Nacional, que se consubstanciou
na incorporação de reservas de reavaliação do imobilizado, constituídas até aquela data.

É verdade que o valor das reservas de reavaliação do imobilizado não pode ter outra
aplicação que não seja a sua incorporação no capital social, mas face ao reduzido peso
do património físico na estrutura financeira de um Banco Central era indispensável que
se tivesse concretizado um aporte de capitais mais líquidos por parte do Orçamento
Geral do Estado que pudesse acrescer e rejuvenescer os capitais do BNA, na prevalência
de um contexto de continuada depreciação da moeda, como então se verificava.

Por força dos elevados níveis de inflação a que o país esteve sujeito, o capital social do
banco fixado pela lei 6/97 no valor de kzr 5.000.000.000.000,00, equivalente então a
cerca de 30 milhões de usd, ficou completamente exposto á erosão, correspondendo
apenas a usd 63.226,00 no final de 2003 ou usd 58.382,00 em 2004 .

Ainda que como referência de medição da solvabilidade, o capital social deva ser visto
numa dimensão um pouco diferente, do conceito que tem nas empresas e outras instituições
financeiras, é incontornável e urgente repor uma relação mais equilibrada entre os
capitais próprios (em contínuo decréscimo), e o passivo da instituição, e igualmente
entre os capitais próprios e os activos, em particular os activos fixos e os activos de
menor liquidez, fortalecendo a situação financeira do banco central, para que possa
conduzir a política monetária de forma adequada.

O Conselho de Administração reconhece igualmente que existem ainda algumas


deficiências ao nível do sistema contabilistico e de controlo interno implantados que
precisam de ser melhorados, estando para o efeito previstas acções concretas no âmbito
do projecto de reestruturação.
Assim. apesar do contexto desfavorável, o BNA desenvolveu em 2003 e 2004, várias
acções tendentes a racionalizar e adequar a estrutura financeira à sua nova missão, saneando
as contas e reorganizando a contabilidade, que permitiram uma evolução positiva na
qualidade da informação contabilistica e financeira. Das referidas acções destacamos as
seguintes:
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• O estabelecimento de uma adenda ao protocolo sobre Política Fiscal e Monetária


celebrado em Setembro de 2002 com o Ministério das Finanças, com vista a
estabelecer os prazos de vencimento e a remuneração dos créditos concedidos
ao Estado;

• Registo das obrigações emitidas pelo Tesouro para a titulação de parte da


divida do Estado perante o Banco Central;

• A diminuição do número de bancos correspondentes no estrangeiro e a


reconciliação regular das contas junto dos mesmos;

• Maior produtividade do processo de circularização, para certificação de saldos


de Bancos e outras entidades devedoras e credoras nacionais ou estrangeiras.

• O respeito do princípio da especialização dos exercícios referente a juros de


aplicações, títulos do Banco Central, obrigações do Tesouro e outros passivos;

• A contratação de consultoria especializada para proceder ao saneamento legal


do património imobiliário do BNA em todo o País;

• O desenvolvimento de manuais de procedimentos;

• A aquisição e o desenvolvimento de ferramentas informáticas visando a criação e


exploração de um sistema de informação mais adequado às necessidades do BNA;

Apesar das melhorias registadas relativamente aos anos anteriores, os sistemas de


controlo interno e contabilisticos implementados no BNA apresentam ainda algumas
deficiências, que se devem sobretudo ao facto de o BNA não ter mantido contabilidade
organizada no período de 1992 a 1996 e de o processo da sua reconstituição se ter
baseado em elementos extra-contabilísticos.

Contudo, o BNA está apostado em potenciar uma cultura assente em critérios cada vez
mais rigorosos e transparentes, reforçando a fiabilidade quer dos seus próprios instrumentos
e modelos de gestão, quer da informação que deve prestar sobre a sua situação financeira.

A estratégia de gestão estabelecida, e que está em curso, engloba a implementação de


um conjunto de acções com diferentes escalas de prioridade, que visam: (i) a restruturação
orgânica do BNA (ii) aprimoramento dos sistemas de controlo interno e contabilistico; (iii)
contenção e controlo de custos (iv) reforço da capacidade técnica dos quadros, nas áreas
de tecnologias de informação, auditoria interna, contabilidade, estudos e estatística, gestão
de reservas e de mercados , supervisão bancária e gestão de recursos humanos, (v) a
constituição de um Fundo de Pensões; (vi) cobertura dos prejuízos nos termos estabelecidos
no nº 2 do artº 87º da lei nº 6/97 e (vii) a recapitalização do Banco Central.

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No âmbito das suas funções e em estreita colaboração com os órgãos competentes do


Governo, o BNA continuará a envidar esforços para consolidação dos êxitos alcançados
em 2003 e 2004 no domínio da estabilização macro-económica e da criação de um
quadro que viabilize o estabelecimento de um acordo com o FMI, que dê suporte ao
processo de estabilização em curso, a estratégia do governo para o relançamento da
economia e para o combate e redução da pobreza, e que viabilize o reescalonamento
da dívida externa do país e o acesso ao mercado financeiro internacional em condições
mais favoráveis.

Os desafios para 2005 são consentâneos com os ganhos já obtidos: crescimento do


produto interno bruto na ordem de 16,1 % ; défice fiscal de 8,9 % em percentagem do
produto criado; taxa de inflação acumulada no ano da ordem de 15% ; uma expansão
das reservas internacionais líquidas da ordem de usd 654 milhões, como contributo ao
fortalecimento da posição externa da nossa economia.

A terminar, o Conselho de Administração do BNA aproveita o ensejo para expressar os


seus agradecimentos à Chefia do Governo, aos órgãos de direcção da economia,
designadamente os Ministérios das Finanças, do Planeamento, e da Administração
Pública, Emprego e Segurança Social, às Instituições Financeiras Nacionais, às Instituições
Financeiras Internacionais e Regionais, aos Bancos Centrais e aos Bancos correspondentes no
estrangeiro, pela colaboração prestada no desenvolvimento das actividades do Banco.
O Conselho de Administração presta, igualmente, tributo aos responsáveis, técnicos e
demais trabalhadores da instituição, pela dedicação e profissionalismo demonstrados
na execução das tarefas.

Luanda, aos 22 de Abril de 2005

O Conselho de Administração do BNA

Relatório e Contas 04
31
Introdução

Relatório e Contas 04
33

Introdução
O relatório do Banco Nacional de Angola que agora apresentamos, retracta o comportamento
da economia nacional em 2004 , que se desenvolveu num contexto, marcado a nível
interno pela consolidação do processo de estabilização macro-económica e a nível
internacional pelo aumento do preço do petróleo no mercado internacional, que
compensou os aspectos negativos da queda do dólar norte americano.

Em 2004 continuou-se com o processo de estabilização da economia angolana iniciado


em 1999, tendo-se assistido a uma nova queda da inflação e a uma maior estabilidade
da moeda nacional, assim como a recuperação de reservas internacionais líquidas.
Durante o ano foram tomadas várias medidas de carácter estrutural e regulamentar que
no geral, contribuíram para o aumento da confiança dos agentes económicos nas instituições
financeiras e na moeda nacional.

Estes e outros assuntos serão apresentados nos desenvolvimentos a seguir que começa
por analisar a evolução da economia internacional capítulo II, nos capítulos III, IV, V,
VI, VII , VIII serão tratados, a evolução recente do sector monetário e dos preços, a
evolução do Produto Interno Bruto, as relações da economia nacional com o resto do
mundo, respectivamente.

A evolução do sistema financeiro nacional que se encontra espelhada no capítulo IX do


presente relatório e o Sistema de Pagamentos que se encontra no capítulo X, permitem
avaliar os respectivos desenvolvimentos durante o ano, enquanto que o capítulo XI
apresenta as relações mantidas e desenvolvidas pelo BNA com os demais organismos
internacionais, ressaltando a integração e a inter-relação com o resto do mundo. O capítulo
XII apresenta o quadro macro-económico que se perspectiva alcançar em 2005, e final-
mente, o Balanço e Contas do Banco Nacional de Angola, será retratado no capítulo XIII,
permitindo assim avaliar o desempenho da instituição. Em anexo encontram-se espelhados
o desenvolvimento da política de pessoal do BNA; de uma forma sucinta, o comporta-
mento dos agregados a nível externo e interno; e a cronologia das principais medidas
económicas e financeiras publicadas durante o ano.

Relatório e Contas 04
35
Evolução da Economia Internacional

Relatório e Contas 04
37

Evolução da Economia Internacional


Apesar do estado cíclico moldado de incertezas motivado principalmente pelas variações
nos preços do petróleo, pela guerra do Iraque, pela expansão da economia chinesa e
pela paridade Euro-Dólar, o ritmo de crescimento da actividade económica mundial
apresentou um certo dinamismo. A actividade na indústria transformadora recuperou na
maior parte das economias, tais como as do Brasil, Argentina e México no sector agro-
industrial, assim como a da Índia e a da China no sector têxtil.

As condições financeiras mundiais foram amplamente favoráveis, sendo que as taxas


de rendibilidade das obrigações de longo prazo se tornaram mais abrangentes e os
preços das acções mundiais se mantiveram inalterados. No final do ano notou-se ainda
que os preços internacionais do petróleo registaram aumentos significativos, com o Barril
do Brent, negociado na casa dos 50 dólares, motivados por inúmeros factores, que
incluem desde as especulações do mercado futuro até ao aumento da procura nos EUA
e na China passando pela instabilidade política e social no Médio Oriente, Venezuela
e Nigéria.

Contudo, a actividade global permaneceu robusta, com um crescimento particularmente


forte na América Latina apoiado pela expansão da procura interna e pela crescente abertura
ao comércio externo, na Ásia incluindo também o Japão, a economia mantêm extrema-
mente dinâmica influenciada pela expansão da procura externa e um vigoroso investimento
produtivo, enquanto que a África, embora subsistam alguns conflitos os progressos na
estabilidade macro-económica e política, os menores encargos com a dívida externa e
as melhores condições agrícolas, bem como a subida da produção do petróleo em
alguns países permitiram o aumento do crescimento da região.

O crescimento da economia mundial em 2004 foi de 4,1% contra 2,8% em 2003,


realçando-se que a dinâmica do comércio internacional determinou o progresso
económico em mais de 10% em 20041 .

Durante a primeira metade de 2004 a economia mundial continuou com a sua forte
expansão iniciada em meados de 2003. isto ocorreu apesar de um fraco crescimento no
Japão no segundo trimestre de 2004 e sinais tentativos de que passos tomados pelas
autoridades chinesas para o crescimento tiveram sucesso. No entanto, no seu conjunto
os níveis de actividade continuaram a crescer com os volumes de comércio internacional
a expandir-se de forma activa com os preços das matérias primas permanecendo elevados.

Os principais parceiros de Angola em 2004 foram os EUA, União Europeia, China,


Índia, Chile, Indonésia e Taiwan; destacando-se o grande volume de negócios proveniente
das transações efectuadas com a República Popular da China e a Índia.

Nos Estados Unidos da América2 ,permaneceu a necessidade de se reduzir os gastos


afim de se diminuir o défice orçamental. A retracção da procura, em razão da alta dos
preços do petróleo, e a adopção de medidas visando evitar a forte aceleração da economia
chinesa resultaram em moderação do nível de actividade nas duas áreas de maior
dinamismo da economia mundial. A desaceleração dessas economias afectou negativa-
1
Relatório World Economic Situation and Prospects, 25-1-2005
2
www.google.com. – Presidente da reserva federal(FED) Alan Greenspan, 2-3-2005 Relatório e Contas 04
39

mente, e com alguma defasagem, as exportações de outras regiões, como o Japão e área
do euro, que também sofreram os efeitos do aumento dos custos de energia. Nos Esta-
dos Unidos, porém, a desaceleração da economia no segundo trimestre caracteri-
zou-se por uma suave oscilação em torno da linha de tendência do crescimento do PIB,
que atingiu 4,4% no ano 2004, enquanto a inflação cifrou-se em 3,3%.

Os resultados apresentados pelo sector corporativo favorecido pelo comportamento dos


mercados financeiros, continuaram a possibilitar a expansão acelerada dos investimentos
imobiliários, com efeitos favoráveis sobre o mercado de trabalho.

Dados relativos ao início do quarto trimestre demonstraram que o mercado imobiliário


americano permaneceu dinâmico, ainda que expandindo-se a taxas decrescentes, e que
a produção industrial se recuperou do baixo crescimento apresentado desde o início da
fase de relançamento da economia. A expressiva depreciação do Dólar contribuiu
adicionalmente para a recuperação do sector manufactureiro, ao elevar a sua competi-
tividade relativamente à produção de outros países.

Ao longo dos últimos 27 anos, desde a aplicação da reforma e abertura ao exterior, a China
testemunhou grandes mudanças e tem conseguido êxitos no âmbito do desenvolvimento
económico e social. A economia tem mantido um crescimento acelerado, o poderio integral
do país tem-se fortalecido e a vida da população tem melhorado consideravelmente.

Em 2004, a sua produção industrial cresceu 11,5%, alcançando 758 bilhões de Dólares.
Os investimentos aumentaram em 25,8%, atingindo 846 bilhões de dólares. A inflação
do país foi de 3,9% enquanto que o crescimento do Produto Interno Bruto cifrou-se em
9,5%.

As exportações aumentaram em 35,4%, alcançando 593,4 bilhões de Dólares, e as


importações cresceram 36%, atingindo 561,4 bilhões de Dólares. Assim a China obteve
em 2004 um superavit comercial de 32 bilhões de dólares.

As importações chinesas de petróleo somaram em 2004, 120 milhões de toneladas, ou


seja, um aumento de 34,8%. A China é hoje o segundo maior consumidor de petróleo
do planeta, depois dos Estados Unidos. A renda per capita nas zonas urbanas aumentou
em 7,7%, e nas zonas rurais 6,8%.

O volume de negócios entre Angola e a China envolveu cerca de 762,66milhões de


dólares de exportações de petróleo bruto e cerca de 204,96 milhões de importações de
bens, até ao II Trimestre de 2004, enquanto que para a Índia Angola exportou mercadorias
no valor de aproximadamente 151,24 milhões de Dólares americanos no mesmo
período do ano 2004, sendo que as importações de Angola a partir daquele país totalizaram
USD 71,54 milhões de Dólares Americanos.

A economia japonesa3 mostra sinais de que o forte ritmo de crescimento apresentado


até meados do ano 2004 dificilmente será mantido em 2005. O PIB expandiu-se 0,2%
em termos anualizados, no quarto trimestre. O abrandamento da demanda externa,

3
Google ( BBB Brasil.com), 22-2-2005
Relatório e Contas 04
41

reflectido na redução acentuado das exportações, no quarto trimestre, foi acompanhado


pela retracção, quer da produção industrial, como da formação bruta de capital fixo. Tal
cenário foi confirmado por retracção da confiança empresarial em Outubro e em Novem-
bro. Mesmo com a queda registada no final do ano de 0,1%, a economia japonesa
cresceu 2,6% em 2004, apesar deste ser a quarta vez que a economia japonesa a se-
gunda maior do mundo entrou em recessão ao longo dos últimos dez anos.

A recuperação da economia japonesa dependerá de alguns factores, como o aumento do


consumo doméstico , uma depreciação do Iene e uma melhoria das economias globais.

Na zona euro após uma fase de forte aceleração no decurso do primeiro semestre de
2004, a recente apreciação do Euro face ao dólar norte americano levou a um abrandamento
do crescimento económico, desta região. Esta discrepância, em parte, foi influenciada
pelo abrandamento do crescimento económico dos Estados Unidos, que se prolongou
até Setembro.

O impacto da taxa de câmbio sobre a procura externa dirigida à Zona Euro estimulou a
apreciação da moeda europeia, conferindo-lhe vantagem nas importações, em relação
aos seus parceiros económicos.

De acordo com Eurostat, o Produto Interno Bruto ( PIB) da Zona Euro atingiu 2% no ano
2004, reflectindo um crescimento inferior ao estimado pelos países membros para o último
trimestre do referido ano.

A economia dos doze evidenciou uma expansão de apenas 0,2% nos últimos três meses
do ano, face ao terceiro trimestre, quando cresceu 0,3% e ficou abaixo do limite inferior
de 0,3% no trimestre, constante das previsões da comissão europeia.

Comparativamente ao período homólogo de 2003, o desempenho do PIB dos doze no


último trimestre de 2004 indica uma expansão de 1,6%, segundo a estimativa do Gabinete
Europeu de Estatística (Eurostat).

• Evolução económica nos países da SADC4 :

Os desenvolvimentos a seguir referem-se às economias dos países da Comunidade de


Desenvolvimento da África Austral (SADC) da qual Angola é membro.

O objectivo final da SADC é, construir um bloco de integração económica a fim de melhorar


os padrões de vida dos povos da região. Seguidamente analisaremos resumidamente
o comportamento da economia durante o ano de 2004 dos países componentes desta
comunidade.

O Botswana teve um assinalável crescimento do PIB, devido a uma expansão no sector


mineiro enquanto que os outros sectores tiveram um crescimento mais lento.

4
Comunidade para o Desenvolvimento da África Austral.

Relatório e Contas 04
43

O governo repôs o balanço fiscal do orçamento 2003 - 2004 através de medidas de


emergência. Está orçamentado um superavit para o exercício económico 2004-2005
embora as projecções de receitas sejam incertas.

A inflação baixou em 12% em meados de 2003 e para próximo dos 6% no início de


2004, devido a remoção do impacto da introdução do índice de taxa de valor acrescentado,
assim como o alívio de outras pressões inflacionárias.

O Pula apreciou-se de forma significativa contra as principais moedas internacionais


durante o ano 2003 e em Fevereiro de 2004 foi desvalorizado em 7,5% a fim de
contrariar a apreciação da taxa de câmbio efectiva real. No entanto na primeira metade
de 2004 o contínuo fortalecimento do Rand Sul Africano causou uma nova apreciação
do Pula contra as principais moedas.

Na República Democrática do Congo, a 30 de Junho de 2004 o governo de transição


formado para implementar o Acordo Global, comemorou o seu primeiro aniversario.
Com a constituição do mesmo, pôs-se fim a mais de 5 anos de guerra, tornando possível
a livre circulação de pessoas e bens através do país.

Apesar do frágil ambiente político, foram feitos esforços para assegurar a estabilidade
macro-económica e as reformas estruturais iniciadas em 2001, devendo as autoridades
dar continuidade ao programa económico do quadriénio 2002-2005.

No início de Junho de 2004 a RDC submeteu aos doadores o seu programa mínimo de
parceria para transição reflação ( PMPTR) que tem por objectivo estabilizar a economia
e a situação social por um período transitório de 3 a 4 anos a fim de consolidar a base
económica de reflação do país. Este programa esta baseado em 4 objectivos principais:

1- Assegurar a segurança e a estabilidade política ;


2- Acelerar o crescimento económico numa base equitativa;
3- Melhorar a governação e o fortalecimento das instituições;
4- Aliviar a crise social;

Em finais de Junho de 2004 estimou-se que o crescimento do M2 era de 27% contra um


objectivo de 28,7% definido no programa económico para 2004 no seu todo.

Esta taxa de crescimento do M2 na primeira metade de 2004 foi o resultado do efeito


combinado da contracção de 7,1% relativa aos activos externos líquidos e de 115,6%
do crédito interno líquido do sistema bancário, assim como um aumento de 9,3% das
outras posições líquidas.

O programa económico de Moçambique para 2004 teve como objectivo a consolidação


da estabilidade macro-económica e lidar com as fraquezas estruturais remanescentes
para sustentar e ampliar o crescimento, promover a criação de emprego e continuar a
reduzir a pobreza.

Relatório e Contas 04
45

O quadro macro-económico de médio prazo do governo visou um aumento do


crescimento do PIB de cerca de 8% em 2004. Os objectivos de inflação de fim de ano,
projectaram um declínio para 11% em 2004 como resposta a manutenção de uma
política fiscal prudente e condições monetárias mais restritas. Em linha com esses objectivos,
a política monetária restritiva, seria mantida de forma a conter o crescimento da moeda
a 15%, permitindo um crescimento de 20% no crédito ao sector privado. Os dados
preliminares indicam que o desempenho no domínio da inflação foi melhor que o
estimado, registando apenas um dígito, 9,1% em 2004, contra 13,8% em 2003.

Na África do Sul houve uma desaceleração no crescimento dos agregados monetários


no segundo trimestre de 2004, depois de um elevado crescimento no trimestre precedente.
Esta desaceleração em parte reflectiu uma inversão do aumento excepcionalmente
elevado da moeda em finais de Fevereiro causados pelos pagamentos de juros por
bilhetes do tesouro e de uma redenção da maturidade dos mesmos. Medido numa base
de 12 meses, o crescimento do M3 decresceu para níveis de cerca de 12% no período
de Abril e Julho de 2004.

A actividade económica na África do Sul continuou a aumentar no segundo trimestre de


2004, com o PIB real a expandir-se pelo vigésimo período consecutivo – o período mais
longo de crescimento ininterrupto desde que os dados trimestrais se tornaram
disponíveis em 1960. Apoiado por taxas de juros mais baixas, um défice orçamental
moderadamente mais elevado e termos de trocas internacionais favoráveis, o crescimento
anualizado acelerou-se de 3,5% no primeiro trimestre para 4% no segundo trimestre de
2004. A trajectória de crescimento aumentou de forma notável desde o segundo
trimestre de 2003, sendo a taxa de crescimento trimestral mais elevada do que a precedente.

No Malawi esperava-se que a actividade económica em 2004 medida pelo crescimento


do PIB abrandasse para 3,6% devido ao baixo desempenho da agricultura de pequena
escala provocado pelo aumento dos custos de produção agrícola. Apesar de um elevado
crescimento monetário, remanescente de 2003, a política monetária permaneceu restritiva
ao longo do ano. Medido num período de 12 meses, a oferta de moeda aumentou em
31,8% em Junho de 2004 comparado com 26,4% em Dezembro de 2003. As tensões
inflacionistas detectadas em 2003 continuaram em 2004, com a passagem da variação
acumulada dos preços de 9,3% em 2003 para 11,6% em Junho de 2004.

No sector fiscal observou-se um aumento do défice orçamental em Junho de 2004


devido a despesas relacionadas com as recém eleições gerais. As reservas oficiais brutas
cobriam 2,8 meses de importações no final de Junho de 2004 contra 2,5 meses de
importações em Dezembro de 2003. No entanto este desenvolvimento foi preocupante
já que as reservas externas estavam a aumentar lentamente pese embora estivesse a meio
da época de comércio de tabaco. Esperava-se que o Kwacha do Malawi se fortalecesse
durante aquele período do ano, a medida que as receitas do tabaco aumentassem a
posição de reservas do país mas, o fraco apoio dos doadores continuou a afectar a
posição de reservas do Malawi, afectando negativamente a taxa de câmbio.

Relatório e Contas 04
47

Os indicadores disponíveis da Namíbia mostram vários níveis de execução nas actividades


económicas domésticas durante o terceiro trimestre de 2004. Tal foi devido aos sectores
de minas e agricultura que declinaram, enquanto que o sector de pescas manteve a sua
execução positiva. O sector de manufacturas também teve uma fraca execução enquanto
que o sector de retalho teve uma execução positiva. Outro desenvolvimento positivo
durante o trimestre assinalado foi o alívio contínuo das pressões inflacionárias devido a
uma redução da inflação alimentar e a continuação da apreciação do dólar namibiano.

O crescimento da moeda provocado pelos aumentos dos activos do governo central,


activos do sector privado e activos externos líquidos do sistema bancário que no penúltimo
trimestre de 2004 cresceram em 6,1%, 2,1% e 0,4% respectivamente. Por outro lado os
outros activos líquidos reduziram-se de forma significativa em 14,8%.

Durante o segundo trimestre de 2004 na Zâmbia, a política monetária impôs como meta
o alcance de uma inflação anual a volta de 18,5% em finais de Junho de 2004. Consistente
com este objectivo, projectou-se a inflação não alimentar para o final do trimestre em
20,6%. Assim, tanto a reserva monetária como a moeda foram programados para crescer
em 11,7% até o final do trimestre revisto. De acordo com isto, o Banco da Zâmbia
planeou utilizar instrumentos de política monetária indirectos, complementados por
leilões primários de bilhetes do tesouro a fim de conter o crescimento da reserva
monetária e da moeda dentro do programado.

A média mensal da reserva monetária registou um aumento de 13,6% durante o segundo


trimestre comparado com o decréscimo de 1,9% registado no primeiro trimestre de
2004. O crescimento da reserva monetária deveu-se fundamentalmente às compras de
moeda estrangeira efectuada pelo banco central. Apesar da injecção de moeda dela decor-
rente, a média mensal da reserva monetária ficou ligeiramente abaixo do seu objectivo.

As taxas de rendimento dos papeis do governo continuaram a sua tendência decrescente


no segundo trimestre de 2004 devido ao persistente elevado nível da liquidez no
mercado monetário. A taxa média ponderada dos bilhetes do tesouro declinou para
7,5% no segundo trimestre de 2004 depois de 13,8% no trimestre anterior enquanto que
a mesma taxa sobre as obrigações do tesouro passaram de 18,2% para 11,4%. Durante
o segundo trimestre, o desenvolvimento no sector real foi geralmente favorável.

Afim de estimular uma resposta positiva da oferta na economia, o governo do Zimbabwe


tomou uma série de medidas afim de aumentar a oferta de bens e serviços.

No início de Janeiro de 2004 o Banco de Reserva do Zimbabwe acelerou a libertação


de reservas estatutárias para empréstimos aos sectores produtivos da economia a uma
taxa de juro concessional, em paralelo com o apoio às instituições bancárias com
problemas de liquidez.

Em suma a economia mundial continuou a crescer a um ritmo bastante robusto até ao


final de 2004. A actividade económica e o comércio mundiais alargaram-se e fortaleceram-se,
apoiados, nomeadamente, por condições de financiamento favoráveis e por uma
revitalização da procura interna na maioria das regiões do mundo.
Relatório e Contas 04
49

O crescimento mundial no final de 2004 beneficiou de uma forte actividade nos Es-
tados Unidos e na China, onde o crescimento homólogo aumentou novamente no
quarto trimestre.

O crescimento económico também manteve-se particularmente forte na América Latina


e na Ásia excluindo o Japão; destacando-se o crescimento das três maiores economias
latinas ( Brasil, México, Argentina) e os tigres asiáticos

Em suma, apesar da volatilidade dos preços dos produtos minerais no mercado interna-
cional a economia mundial tem evoluído a um ritmo favorável, tendo mesmo excedido
as previsões emanadas pelo Fundo Monetário Internacional. A recuperação é generalizada
em todas as regiões do globo com particular incidência nas economias avançadas.

Relatório e Contas 04
51
Sumário da Situação Económica Interna

Relatório e Contas 04
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1. Objectivos programáticos
A Assembleia Nacional aprovou o Programa Económico e Social do Governo (PES)
para o período 2003-2004, através da Lei n.º 1/03, de 7 de Janeiro, publicada no
Diário da República n.º 1, I.ª Série. O mesmo revestiu-se de um carácter transitório
uma vez que o Governo perspectivava para 2006, o início da implementação do Plano
de Desenvolvimento de Médio Prazo que, deverá ser articulado com a Estratégia de
Redução da Pobreza, assim com as acções que visam o combate à fome e à pobreza.

Do ponto de vista económico, o Programa elegeu como prioridades a reabilitação das


infra-estruturas económicas, asseguramento do ambiente macro-económico estável
para o relançamento da economia nacional, fomento e incentivo da actividade
económica, tendo sido identificadas acções nos domínios da provisão de bens e
serviços públicos e semi-públicos, da gestão macro-económica, da condução da
política económica e da intervenção indirecta por meio do fomento e incentivo da
actividade económica e social.

Nesse contexto, foram definidas inicialmente como metas macro-económicas as seguintes:

• Taxa de inflação anual, 20%;


• Taxa de crescimento real do PIB, 13,2%, sendo:
- crescimento do sector petrolífero, 16,5%
- crescimento do sector não petrolífero, 9,1%
• Saldo global das contas do Governo (base de caixa) em percentagem do PIB,
défice de 3,06%.

Contudo, uma vez que a execução macro-económica revelou que se torna praticamente
impossível o cumprimento da meta de inflação inicialmente prevista no OGE, surgiu a
necessidade de se realizar um novo exercício de programação financeira para o quarto
trimestre do ano tendo, por conseguinte, sido alteradas as metas macro-económicas para
2004 como se segue:

• Taxa de inflação anual, 36,4%;


• Taxa de crescimento real do PIB, 11,7%, sendo:
- crescimento do sector petrolífero, 13,9%
- crescimento do sector não petrolífero, 9,1%;
• Saldo global das contas do Governo (base de caixa) em percentagem do PIB,
défice de 6,2%.

2. Desempenho macro-económico
Apesar das incertezas que caracterizaram a economia mundial em 2004, motivadas,
principalmente pela depreciação do Dólar norte-americano em relação ao Euro e
pelas variações nos preços do petróleo, decorrentes, por um lado, da guerra do Iraque
e de instabilidade política e social em outros países do cartel da Organização de
Países Exportadores de Petróleo (OPEP), como são os casos da Venezuela e Nigéria e,
por outro lado, do aumento da procura nos países em forte expansão económica
como a China e a Índia, bem como da paridade Euro-Dólar, o ritmo de crescimento

Relatório e Contas 04
55

da economia mundial apresentou um certo dinamismo, acabando por influenciar


positivamente a economia angolana.

Assim, graças ao aumento da produção de petróleo bruto angolano e ao seu preço nos
mercados internacionais, o sector petrolífero cresceu cerca de 14% em 2004, contribuindo
para a expansão do Produto Interno Bruto na ordem de 12,2%, contra 3,4% em 2003,
abrindo-se uma nova era rumo ao desenvolvimento económico de Angola, cujo crescimento
económico espera-se que venha a se consolidar nos próximos anos. O crescimento do
sector não petrolífero foi de cerca de 9,1%, destacando-se a contribuição dos serviços
mercantis cuja quota em relação ao PIB passou de 14,2% em 2003 para 16% em 2004.

Durante o ano foram tomadas diversas medidas que vieram contribuir positivamente para
o ordenamento jurídico e o desenvolvimento do sistema produtivo e comercial angolanos,
destacando-se a aprovação pelo parlamento dos seguintes diplomas: Lei das Sociedades
Comerciais, Lei do Ordenamento do Território e do Urbanismo, Lei das Actividades Indus-
triais, Lei de Terras, Lei das Actividades Industriais e, finalmente, a Lei das Actividades
Petrolíferas e a Lei sobre o Regime Aduaneiro Aplicável ao Sector Petrolífero5 .

A execução nos domínios monetário e cambial, em 2004, mostrou que apesar da


política económica implementada nos terceiro e quarto trimestre se ter revelado expan-
sionista, provocando uma forte aceleração dos meios de pagamento, o impacto sobre a
inflação e o valor da moeda nacional foi limitado, devido ao aperfeiçoamento dos
instrumentos de política utilizados e o ambiente harmonioso em que as mesmas foram
conduzidas. Neste, particular, destaca-se a coordenação das políticas monetária e fiscal
que permitiu a esterilização dos excessos de liquidez na economia.

Assim, o Índice de Preços no Consumidor registou em 2004 uma variação acumulada


de 31,02%, situando-se na esteira da queda da inflação desencadeada desde o ano de
2000, não obstante o crescimento nominal acumulado dos meios de pagamento (M3)
ter sido da ordem dos 49,85%, correspondente à cerca de 14,4% em termos reais.

A relativa estabilidade da taxa de câmbio cuja depreciação foi de apenas 8,41%


contribuiu para a estabilização da situação macro-económica do país e para a recuperação
da confiança dos agentes económicos pela moeda nacional que vai cumprindo cada
vez melhor a função de reserva de valor, unidade de conta e meio de pagamento e desta
feita, vai respondendo às expectativas dos operadores económicos.
Neste sentido, em 2004 foram postas em circulação as notas de Kz 200,00, Kz 500,00
e Kz 1.000,00 sem que as mesmas tenham provocado qualquer alteração sobre o preço
da moeda, por um lado, e dos bens e serviços, por outro lado. Assim, foram vencidas
as apreensões e desconfianças suscitadas em alguns círculos da vida económica do
país, preocupados com um eventual impacto negativo sobre a actividade económica
em geral e, em particular, sobre os preços de bens e serviços, através do aumento dos
meios de pagamento. Por força dos resultados obtidos e a julgar pelo impacto in-
significante sobre os preços, a entrada em circulação das notas de maior valor facial,
para além de ter tornado as trocas comerciais mais fáceis e céleres, contribuiu, igualmente,
para o fortalecimento da confiança dos agentes económicos nas instituições e sistema
financeiros nacionais.
5
Para mais detalhes ver a cronologia da principal legislação económica e financeira no Anexo II. Relatório e Contas 04
57

Em termos organizativos e com vista a tornar autónomas certas área do banco que
concorrem directamente para a implementação da política monetária, reunido em
sessão ordinária no dia 11 de Julho de 2004, o Conselho de Administração, no âmbito
do Projecto de Desenvolvimento Organizacional do BNA, analisou e decidiu aprovar
a nova estrutura orgânica da Instituição sendo de destacar o surgimentos de novas
áreas operacionais como: o Departamento de Sistema de Pagamentos e de Operações
Bancárias (DSP), o Departamento de Mercados de Activos (DMA) e o Departamento
de Meio Circulante (DMC), todos eles resultantes da desagregação da extinta Direcção
de Emissão e Crédito (DEC).

Embora a base monetária tenha registado uma expansão de 56.06% a emissão de Títulos
do Banco Central (TBC) foi importante para a esterilização da liquidez, pois sem a
contribuição desse instrumenmto os níveis do excedentes de liquidez seriam maiores e
os resultados seriam consequentemente piores. Com efeito foram emitidos em 2004
TBC pelo valor líquido de Kz 34.534,63 milhões e resgatados pelo valor nominal Kz
38.455,4 milhões. O maior protagonismo no Mercado Monetário Interbancário recaiu
sobre os Bilhetes do Tesouro emitidos por conta do Tesouro Nacional e cuja colocação
líquida no ano foi bastante positiva (cerca de Kz 17.430,15 milhões).

As taxas de juro reais nas mais diversas maturidades de TBC após se terem revelado
negativas em Maio, devido ao elevado nível de inflação, retomaram uma trajectória
ascendente até Outubro, reduzindo-se ligeiramente a seguir mas, permanecendo positivas,
o que conferiu melhorias na remuneração deste tipo de aplicações. Esta situação prevaleceu
igualmente para as taxas de juro aplicadas aos Bilhetes do Tesouro (BT).

A observação das taxas de juro nominais activas aplicadas pelas instituições bancárias
ao crédito concedido aos seus clientes revela que, apesar de alguma redução encetada
em 2004 a mesma foi ainda tímida porquanto, situaram-se muito aquém do que era de
se esperar na sequência da redução da inflação. Inversamente devido ao baixo nível
nominal das taxas de remuneração dos depósitos na banca comercial, as taxas de juro
reais foram negativas, embora se tenha notado ligeiras melhorias ao longo do ano.

A estabilidade macro-económica observada em 2004 contribuiu para o aumento dos de-


pósitos na banca comercial na ordem dos 56,83% (cerca de 20% em termos reais),
destacando-se o aumento dos depósitos em moeda nacional que, quer em termos
relativos, como em termos absolutos, superou o aumento dos depósitos em moeda
estrangeira. O crédito concedido pela banca comercial à economia cresceu 64,12%
em termos nominais, correspondendo, em valor absoluto, a cerca de USD 377,95 milhões.

A leitura da situação dos depósitos nos bancos e do crédito concedido pela banca
comercial revelou uma certa concentração da actividade bancária em Angola, sugerindo
a revitalização dos estabelecimentos bancários que operam no país e a criação de
condições para o surgimento de mais instituições no mercado afim de, por um lado,
se aumentar a concorrência e, por outro lado, se evitar situações de riscos que possam
eventualmente ocorrer. Se assim for, assistir-se-á à uma maior mobilização de recursos
susceptíveis de serem transformados em prol do desenvolvimento de Angola.

Relatório e Contas 04
59

Em 2004, mercê da entrada relativamente importante de recursos provenientes, por


um lado, de financiamentos externos e, por outro lado, do aumento dos impostos
pagos pelas companhias petrolíferas que operam em Angola, na sequência do aumento
do preço do barril de petróleo no mercado internacional, as Reservas Internacionais
Líquidas do Banco Central expandiram em USD 735,09 milhões, em linha com o aumento
das reservas brutas cujo stock acumulado em Dezembro foi de USD 1.370,00 milhões.
Assim, a posição externa de Angola, embora tenha continuado frágil, tornou-se menos
vulnerável, destacando-se igualmente o bom desempenho da balança comercial, cujo
excedente ascendeu à USD 7.705,4 milhões em 2004, como resultado do significativo
aumento das exportações que se cifraram em USD 14.067,6 milhões apesar de um
aumento das importações que cresceram 16,1% para se fixarem em USD 6.362,2 milhões.

Assim, o bom desempenho da balança comercial contribuiu para que no final do ano
o saldo global da balança de pagamentos apresentasse um superavit de cerca de
USD 732,2 milhões.

No domínio fiscal, destaca-se a redução do défice fiscal que na base de caixa passou
de cerca de 7% do PIB em 2003 para 1,9% em 2004, como resultado do alto nível
de arrecadação de receitas e da contenção constatada a nível da execução das despesas.

Relatório e Contas 04
61
Sector Real

Relatório e Contas 04
63

1. Desempenho do PIB em 2004


Estima-se que o Produto Interno Bruto a preços de mercado tenha alcançado em 2004
um crescimento real de cerca de 12,2%, reflectindo um significativo incremento em
relação aos cerca de 3,4% registados no ano anterior. Para tal, contribuiu positivamente
o desempenho do sector petrolífero que, fruto do efeito combinado do aumento da
produção de petróleo bruto e do seu preço nos mercados internacionais, cresceu cerca
de 14%, invertendo, por conseguinte, a inflexão registada pelo sector no ano anterior
(-1,0%). De igual forma, o sector não petrolífero, embora tenha continuado com uma
base relativamente baixa, registou um aumento de 9,1% em 2004, contra apenas 7,6%
em 2003.

Gráfico 1 : Variação anual do PIB

16,0
14,0
(em percentagem)

12,0
10,0
8,0
6,0
4,0
2,0
0,0
1999 2000 2001 2002 2003 2004

Anos

O ramo da agricultura, silvicultura e pescas registou algumas melhorias, particularmente


no que concerne a produção de cereais, o que contribuiu para atenuar as insuficiências
registadas no fornecimento de bens alimentares de primeira necessidade às populações.
Durante o ano registou-se igualmente um aumento da captura de pescado, quer pela
frota nacional como pela frota fretada. Não obstante tal facto, a produção de peixe seco
e meia cura foi inferior à registada no ano anterior devido as debilidades da actividade
transformadora, em particular, e do sector industrial em geral.

Parte dos constrangimentos registados pelo sector industrial foi superado pelo aumento
da produção de energia eléctrica resultante, quer do arranque dos Grupos 1 e 2 da Central
Hidroeléctrica de Kapanda, como da reabilitação da Central Hidroeléctrica do Biópio.

2. Sectores económicos que mais contribuíram para o PIB


Como resultado do forte crescimento registado em 2004, o sector petrolífero aumentou
o seu peso no PIB tendo este passado de cerca de 48,3% em 2003 para 55% em 2004.
De igual forma, o peso das outras indústrias extractivas, das quais se destaca a produção
de diamantes aumentou, embora que ligeiramente, de 4,5% do PIB para 5%. Destaca-se
igualmente a contribuição do ramo da agricultura, silvicultura e pescas de 8,2% para 9%

Relatório e Contas 04
65

e, sobretudo, dos serviços mercantis de 14,2% do PIB para 16%. Os demais ramos de
actividade, a excepção dos serviços não mercantis que, conheceram uma forte redução
de 15,1% do PIB em 2003 para 8% em 2004, viram as suas contribuições ao PIB
mantiverem-se nas mesmas proporções.

O desempenho do PIB em 2004 foi um dos mais significativos dos últimos 6 anos,
apenas superado pelo crescimento de 14,4% registado em 2002, esperando-se que o
mesmo venha significar uma nova era no desenvolvimento económico de Angola pois,
perspectiva-se que o mesmo continue sustentado nos próximos anos, contrariando assim
o período de quase-estagnação que a economia registou num passado recente.

Conclui-se portanto que, o forte crescimento registado no ano em análise deveu-se,


essencialmente, por um lado, ao incremento da produção de petróleo e, por outro lado,
ao aumento do preço de petróleo bruto exportado por Angola, não obstante a tímida
recuperação manifestada pelos demais ramos de actividade. Estes continuaram negativa-
mente influenciados pela insuficiência de recursos, dificuldades de abastecimento em
matérias primas, bem como pelas debilidades infra-estruturais da economia, constituindo
assim vários desafios que deverão ser vencidos nos próximos anos para o bem da economia
e dos cidadãos angolanos.

Relatório e Contas 04
67
Sector Externo

Relatório e Contas 04
69

1. Balança de pagamentos6
A balança de pagamentos reflecte o conjunto de transacções económicas e financeiras
externas realizadas entre um país e o resto do mundo, decorridas num determinado
período de tempo designadamente um ano. Nesta conformidade a Balança de Pagamentos
de Angola, reflecte também as transacções entre a República de Angola e o resto do
mundo, durante o ano de 2004.

a. Conta corrente

A conta corrente encerrou o exercício económico com um superavit de USD 1.298,7


milhões, representando uma melhoria comparativamente ao défice verificado em
2003 que foi de USD 719,6 milhões. O crescimento em termos absolutos de USD
2018,3 milhões, correspondeu a 6,7 % do Produto Interno Bruto.

Gráfico 2: Evolução da Conta Corrente Em milhões US$

2.000,0

1.000,0

0,0
2002 2003 2004

-1.000,0

A melhoria do saldo da conta corrente, ocorrido em 2004, ficou a dever-se em grande


medida ao boom do preço do petróleo bruto no mercado internacional, apesar do
agravamento das balanças de serviços, de rendimentos e de uma ligeira queda do su-
peravit da balança de transações correntes.

• Balança Comercial

O superavit da balança comercial atingiu USD 7.705,4 milhões em 2004, contra


USD 4.028,1 milhões em 2003, um crescimento em termos absolutos de USD 3.677,3
milhões, causado principalmente pelo aumento das exportações que passaram de USD
9.508,2 milhões em 2003 para USD 14.067,6 milhões em 2004, apesar de se ter verificado
um crescimento das importações de 16,1%, que passaram de USD 5.480,1 milhões
em 2003 para USD 6.362,2 milhões em 2004.

6
Informação preliminar
Relatório e Contas 04
71

O excedente da balança comercial representou no ano de 2004 cerca de 39,7% do


PIB, comparativamente aos 29,1% verificado no ano de 2003.

• Exportações

O crescimento das receitas de exportação foi provocado pelo aumento do volume e


do preço dos produtos com maior peso na estrutura de exportações de Angola,
nomeadamente, o petróleo bruto, os diamantes e os derivados de petróleo. Entretanto
é de realçar que neste mesmo período verificou-se também um ligeiro crescimento
das receitas de outros produtos de exportação nomeadamente, madeira, pescado,
como consequência da estabilidade política dos últimos anos.

Tabela 1 Em milhões de USD

Rubrica 2002 % 2003 % 2004 %


Exportações Totais 8.327,8 100,0 9.508,1 100,0 14.067,4 100,0
Das quais:
Petróleo Bruto 7.538,7 90,5 8.530,4 89,7 13.002,4 92,4
Diamantes 638,4 7,7 788,1 8,3 805,6 5,7
Outros 1 150,7 1,8 189,6 2,0 259,4 1,8

Notas: 1 Incluí: Refinados, Gás, Café, Madeira, Pescado, Laminados etc.

Com excepção do café, no ano de 2004, verificou-se um aumento nas quantidades


exportadas de grande parte dos produtos que compõem a estrutura das exportações
de Angola, nomeadamente petróleo, refinados, gás, e diamantes, como pode observar-se
no quadro acima...

À semelhança do comportamento do volume, o preço médio dos produtos exportados


também sofreram um aumento nomeadamente o do petróleo bruto por barril que passou
de USD 28,2 para USD 35,9, um aumento de 27,2%, o de refinados por tonelada
métrica passou de USD 193,1 para USD 198,7, o do gás por barril que passou de USD
24,6 para USD 29,4 e dos diamantes por mil quilates que passou de USD 130,0 para
USD 131,4 em 2004 comparativamente ao ano de 2003, respectivamente.

O sector petrolífero, contribuiu com cerca de 92,4%, no total das exportações continuando
assim a evidenciar predominância deste sector no cômputo das exportações angolanas.

Relatório e Contas 04
73

Gráfico 3

1,8% 5,7%

Petróleo
92,4% Diamantes
Outros

Este facto torna a situação, preocupante, já que se verifica que as receitas de exportação
de Angola continuam ainda a depender grandemente das obtidas na industria
petrolífera, apesar de um crescimento considerável dos outros produtos de exportação.

• Importações

No período em análise as importações apresentaram um aumento de USD 882,1 ,milhões


em comparação com o período homologo, correspondente a uma variação de 16,1%.
Este facto deveu-se principalmente ao nível baixo de produção agrícola alcançado no
período em análise, provocado pelas inundações provocadas por fortes enxurradas que,
se abateram sobre determinadas regiões agrícolas do país. Apesar da implementação de
alguns programas vocacionados para a revitalização do sector primário, como se pode
observar no quadro de classificação económica das importações, a importação de bens
de consumo representou 57,3% das importações totais.

Tabela 2: Classificação económica das importações Em milhões de USD


Rubrica 2002 % 2003 % 2004 %
Importações Totais 3.761,0 100,0 5.480,1 100,0 6.362,2 100,0
Bens de Consumo Corrente 2.192,5 58,3 2.927,9 53,4 3.646,1 57,3
Bens de Consumo Intermédio 437,9 11,6 671,3 12,2 891,6 14,0
Bens de Capital 1.130,6 30,1 1.880,9 34,3 1.824,5 28,7

• Serviços

A balança de serviços, apresentou um défice de USD 4.230,5 milhões, contra USD 3.120,1
milhões registado em 2003, um agravamento na ordem de 35,6%. Grande parte dos débitos
de serviços estão associados principalmente a contratação de serviços especializados nos
blocos petrolíferos que se encontram na fase de pesquisa e desenvolvimento.

Relatório e Contas 04
75

Tabela 3: Em milhões de USD


Rubrica 2002 2003 2004
Saldo da Balança de Serviços: -3.115,2 -3.120,1 -4.230,5
Crédito de Serviços 206,8 201,1 153,0
Débito de Serviços -3.322,0 -3.321,2 -4.383,5

Para a obtenção deste Défice, contribuíram:

• O aumento dos gastos com transportes e viagens, que passaram de USD 770,7
milhões em 2003 para USD 854,9 milhões em 2004, como consequência do
crescimento das importações.

• O agravamento dos encargos com os outros serviços de negócios, que regis-


taram um débito de USD 3.070,9 milhões no ano em analise, contra os USD
2.150,9 milhões em 2003, um agravamento de 42,8%, provocado em certa
medida pela assistência técnica dos serviços de pesquisa e perfuração nos
novos poços petrolíferos.

• Não aproveitamento do potencial existente para a obtenção de receitas prove-


nientes do sector da hotelaria e turismo, de comissões e royalties, bem como
do sector de seguros e resseguros.

• Rendimentos

O déficit da balança de rendimentos no período em referência agravou-se em USD


515,1 milhões, correspondente a uma variação de 29,8%

Tabela 4: Em milhões de USD


Rubrica 2002 2003 2004
Saldo da Balança de Rendimentos: -1.634,7 -1.726,5 -2.241,6
Crédito de Rendimentos 17,7 12,3 5,5
Débito de Rendimentos -1.652,4 -1.738,7 -2.247,1
Juros: -452,7 -342,8 -308,9
Dos quais Juros de Mora -150,3 -163,5 -164,2
Lucros e Dividendos -1.076,4 -1.254,0 -1.847,1
Rendimentos de Trabalho -123,3 -141,9 -91,1

Este agravamento foi causado principalmente pelo crescimento dos lucros e dividendos
do sector petrolífero, que passou de USD 1.254,0 milhões em 2003 para USD 1.847,1
milhões em 2004, correspondente a uma variação relativa de 47,3%, em consequência de
uma recuperação mais acentuada do Investimento Directo Estrangeiro no sector petrolífero.

Relatório e Contas 04
77

• Transferências correntes

Esta balança reflecte, na sua maioria, a crédito as doações de bens e serviços recebidas,
e a débito as remessas de trabalhadores estrangeiros, apresentando um saldo positivo ao
longo do período, tendo passado de USD 98,9 milhões em 2003 para USD 65,5 milhões
em 2004, uma redução de 33,8%.

b. Balança de capital e financeira

Nota-se que a contribuição da conta de capital continua a ser ínfima devido ao peso,
tradicionalmente pouco relevante, do perdão da dívida futura e das doações de capital,
para a ajuda pública ao desenvolvimento. Para o ano em análise, esta conta apresentou
um saldo de USD 10,6 milhões contra os USD 22,0 milhões de 2003 o que perfez uma
redução de 51,6%.

Ao contrário da conta de capital a conta financeira teve um comportamento bastante


regular, apesar de em 2004 ter se verificado uma entrada de investimento directo
estrangeiro de USD 5.420,8 milhões, contra USD 11.911,1 milhões em 2003, equivalente
a uma redução de 54,5%, estando esta redução associada ao facto de alguns blocos que
se encontravam em fase de pesquisa e prospecção terem passado para a fase de produção
e não se terem verificado novas descobertas. Do lado das saídas, verificou-se uma queda,
comparativamente ao ano de 2003, de USD 1.701,3 milhões, uma variação relativa na
ordem dos 20,2%. Esta redução esta associada principalmente ao facto de que parte das
receitas das exportações do sector petrolífero terem sido utilizadas para financiar, por um
lado, o débito da conta corrente.

Assim, no ano de 2004 o IDE líquido apresentou um saldo negativo de USD 1.307,8 milhões
ainda assim representando 6,7% do PIB, contra o saldo positivo de USD 3.481,1 milhões
registado no ano de 2003, motivado principalmente por uma recuperação mais acelerada
do investimento no sector petrolífero devido aos preços do petróleo bruto no mercado
internacional.

• Empréstimos de médio e longo prazo e outros capitais.

Em 2004, os empréstimos de médio e longo prazos apresentaram um saldo positivo de


USD 700,5 milhões, contra o saldo negativo de USD 171,2 milhões verificado em 2003,
traduzido numa melhoria de 509,1%. Este saldo resultou de uma entrada de capitais no
montante de USD 2.511,5 milhões e de uma saída de USD 1.811,0 milhões.

Como em anos anteriores, continuou a verificar-se a contratação de empréstimos em


condições comerciais junto de sindicatos bancários internacionais tendo o petróleo bruto
como garantia real. Em 2004 verificou-se um aumento das nossas responsabilidades face
ao exterior, que passaram de USD 1.887,3 milhões em 2003 para USD 2.511,5 milhões
em 2004, representando em termos absolutos um aumento de USD 624,2 milhões. É
de realçar, que do total de desembolsos ocorridos no período , foram desembolsados
para o sector petrolífero o equivalente a USD 508,4 milhões contra os USD 352,9 milhões
do mesmo período do ano anterior.
Relatório e Contas 04
79

Relativamente ao serviço da dívida corrente de médio e longo prazo, é de referir que a


mesma passou de USD 2.058,5 milhões em 2003 para USD 1.811,0 milhões em 2004,
um decréscimo de 12,5%, para o qual o sector petrolífero contribuiu com USD 508,5
milhões.

Os outros capitais reflectem maioritariamente os depósitos de particulares no exterior


do país , neste período, este conta sofreu uma melhoria considerável, tendo passado
de um défice de USD 2.123,1 milhões em 2003, para um superavit de USD 316,4 milhões
em 2004, correspondendo a um crescimento de 114,9%.

c. Erros e omissões

Os erros e omissões foram de USD 286,3 milhões negativos em 2004, contra USD 388,2
milhões negativos em 2003.

d. Balança global

No período em análise, verificou-se um superavit da balança global no valor de USD 732,2


milhões, contra USD 101,0 milhões do ano anterior, representando cerca de 3,8% do PIB.

Gráfico 4: Saldo da Balança Global

1000

500

0
2002 2003 2004
-500

-1000

Como se pode observar no gráfico acima, o saldo da balança global tem apresentado
uma tendência de melhoria nos últimos três anos, tendo atingido um défice em 2002
e superavites nos anos de 2003 e 2004. Ao contrario do ano de 2003, a melhoria da
Balança Global em 2004 esteve associada ao superavit verificado na balança comercial.

O saldo da balança global dos dois últimos anos foram financiados conforme quadro
a seguir:

Relatório e Contas 04
81

Tabela 5 Em milhões de USD


Anos 2003 2004
Balança Global 101,0 732,2
Financiamento -101,0 -732,2
1-Variação de reservas (- aumento) -262,8 -735,1
2- Atrasados da dívida -135,0 -1.247,8
Médio e longo prazos -209,9 -1.412,0
Corrente 162,0 56,0
Mora -371,9 -1.468,0
Curto Prazo -88,6
Juros de Mora 163,5 164,2
3-Reescalonamento 195,8 821,7
4-Perdão da dívida 101,0 429,1

A melhoria global da balança de pagamentos esteve associada ao :

• Aumento do nível de reservas brutas do Banco Central e;


• Uma diminuição bastante significativa dos atrasados da dívida externa.

À semelhança do que ocorreu no ano de 2003, em 2004, verificou-se um aumento


significativo das reservas internacionais líquidas do país, no valor de USD 735,1 milhões,
sendo que as reservas internacionais brutas no final de 2004, cobriam cerca de 2,5
meses de importações de bens, significando um aumento comparativamente ao ano
anterior, cuja cobertura foi de 1,3 meses de importação.

Relativamente à acumulação líquida de atrasados, observou-se uma redução de atrasados


da dívida de médio e longo prazo na ordem de USD 1.412,0 milhões, um reescalona-
mento de USD 821,7 milhões e um perdão de dívida em cerca de USD 429,1 milhões.

2. Stock de dívida externa de médio e longo prazos


A 31 de Dezembro de 2004, o stock da dívida externa de médio e longo prazos, incluindo
os atrasados, foi de USD 8.880.,91 milhões, ou seja, USD 423.91 milhões superior à
posição do ano anterior. Este agravamento deveu-se ao aumento da dívida vincenda do
período excluindo atrasados, que passou de USD 4.352,0 milhões, em 2003 para USD
5.876,01 no corrente ano, representando um aumento de 35 % O presente comporta-
mento pode ser observado no gráfico que a seguir se apresenta.

Relatório e Contas 04
83

Gráfico 5: Stock da dívida incluindo os atrasados

10.000,00
2002
9.000,00
2003
8.000,00
2004
7.000,00
6.000,00
2002 2003 2004

No período em referência, o capital e os juros em mora, sofreram uma redução de USD


1.100,2 milhões, representando uma redução de 26.8%, enquanto que os juros atrasados,
passaram de USD 944,1 milhões em 2003, para USD 718,9 milhões em 2004, um
decréscimo de cerca de 23.8%, respectivamente. Esta redução foi alcançada fruto das
diversas negociações realizadas entre o Governo de Angola e alguns países do mundo
nomeadamente Portugal, Hungria e a Bulgária.

Em 2004, verificou-se uma melhoria considerável do rácio do stock da dívida de médio


e longo prazo em percentagem de exportação de bens e serviços não factoriais que
situou-se em 63,13% contra 87,1% do ano anterior, explicada não pela redução do
stock propriamente dito, mais sim pelo forte crescimento verificado nas exportações de
bens e serviços não factoriais.

Tabela 6: Stock da dívida externa Em milhões de USD

Categoria de dívida Saldo excluindo Capital em Juros de Stock no final


moras mora mora do período
1-Comercial 3.557,5 509,3 132,0 4.198,8
Bancos 3.372.6 46,5 17,6 3.436,7
Empresas 184,8 462,8 114,4 762,0
2-Bilateral 1.950,7 1.775,5 586,8 4,313.0
3-Multilareral 367,8 1,2 0,1 369,1
Total 5.876,0 2.286,0 718,9 8.880,9

Continua sendo válida, e necessária a implementação de uma estratégia de endividamento


externo de curto, médio e longo prazos, e de um programa diferente de negociação e
reescalonamento da dívida externa que resulte numa política de endividamento externo
coerente com o nível de crescimento económico do produto interno bruto e conse-
quentemente com o nível dos recursos financeiros necessários para sustentar a balança
de pagamentos no longo prazo.
Relatório e Contas 04
85

3. Política e evolução do mercado cambial


Tal como o nível geral de preços de bens e serviços, a moeda nacional experimentou
em 2004 o período mais longo de estabilidade dos últimos anos, tendo registado, no que
concerne a taxa de câmbio de venda, uma depreciação nominal acumulada de 8,41%
no mercado formal, contra 34,38% em 2003.

Durante o ano, a taxa de câmbio de referência evoluiu de Kz 79,20, por Dólar norte-
americano, em Dezembro de 2003 para Kz 85,86 em Dezembro de 2004, sendo de
destacar as apreciações nominais ocorridas em Fevereiro, Novembro e, essencialmente,
em Dezembro, uma vez que até ao ano de 2002 este foi sempre um mês caracterizado
por acelerações do ritmo de depreciação da moeda, situação apenas invertida em 2003
e mantida, por conseguinte, em 2004.

Na decorrência das apreciações registadas nos dois últimos meses do ano, no quarto
trimestre de 2004 a moeda nacional apreciou-se em termos nominais na ordem dos
1,45% após se ter depreciado no terceiro trimestre em 4%, em decorrência da forte
expansão monetária provocada, em particular, pelo ajustamento salarial dos funcionários
públicos. Este foi o trimestre em que se operou a maior perda nominal de valor da
moeda nacional uma vez que no primeiro e segundo trimestres as depreciações situaram-se
em 2,2% e 3,5%, respectivamente.

Para fazer face a procura por cambiais manifestada pela economia através dos bancos
comerciais, o Banco Nacional de Angola, na sua qualidade de órgão reitor da política
cambial do país, aumentou gradualmente a oferta de Divisas no mercado primário tendo
estas passado de USD 503,55 milhões no primeiro trimestre para USD 580,90 milhões
no segundo trimestre. Nos terceiro e quarto trimestres fruto, por um lado, do aumento
da procura e, por outro lado, de maiores disponibilidades cambias, resultantes quer do
aumento dos impostos petrolíferos, em linha com o aumento do preço do barril de
petróleo no mercado internacional, como dos financiamentos externos obtidos, o BNA
elevou a venda de divisas aos bancos que operam em Angola para USD 688,05 milhões
e USD 757,45 milhões, respectivamente.

Os impostos petrolíferos pagos em Dólares norte-americanos, pelas companhias que


operam em Angola foram repassados à economia através do mecanismo de esterilização
ex-ante que permitiu ao Tesouro Nacional munir-se de recursos adicionais em moeda
nacional com vista a fazer face às suas obrigações internas.

Assim, durante o ano de 2004 o total de divisas repassadas á economia através dos
bancos comerciais elevou-se à USD 2.529,95 milhões, representando um aumento
absoluto de USD 390,19 milhões, correspondente a 18,2% em relação ao ano anterior.
Durante o período, os bancos comerciais, quer para fazerem face à necessidades
pontuais de liquidez, como em cumprimento dos limites de posição cambial venderam
ao BNA USD 57,71 milhões, ou seja, um montante inferior em USD 28,69 milhões
(33,2%) ao registado em igual período do ano anterior. No total, em 2004 as vendas
líquidas do BNA aos bancos comerciais ao elevarem-se para USD 2.472,24 milhões,
contra USD 2.053,36 milhões no ano anterior, permitiram esterilizar liquidez no valor

Relatório e Contas 04
87

de Kz 208.051,99 milhões, o que, seguramente, contribuiu para a preservação do valor


da moeda nacional registado no período.

O comportamento da moeda nacional no mercado informal confirmou que, a estabilidade


da moeda nacional em 2004 foi um facto, tendo contribuído para a estabilização da situação
macro-económica do país e a recuperação da confiança pela moeda nacional que, desta
forma, vai respondendo às expectativas dos agentes económicos quanto às funções do
Kwanza como padrão de medidas, reserva de valor e intermediário das trocas comerciais
em Angola.

Tabela 7: Índice de Taxa de Cambio Real


Período T.c. méd. de compra Deprec.* da t. Inflação Inflação Índice de t.
e venda câmbio (%) Interna (%) Externa (%) de c. real
Dez-03 78,48113 0,1 4,6 0,2 57,6
Jan-04 79,65701 1,5 3,1 0,2 56,9
Fev-04 80,00702 0,4 2,9 0,2 55,6
Mar-04 80,23067 0,3 2,2 0,2 54,7
Abr-04 81,42364 1,5 2,4 0,2 54,3
Mai-04 82,20436 1,0 4,5 0,2 52,6
Jun-04 83,39151 1,4 2,0 0,2 52,4
Jul-04 83,94325 0,7 1,5 0,2 52,1
Ago-04 84,72672 0,9 1,6 0,2 51,8
Set-04 85,79946 1,3 1,6 0,2 51,8
Out-04 87,02978 1,4 1,6 0,2 51,8
Nov-04 86,86913 (0,2) 1,9 0,2 50,9
Dez-04 85,98779 (1,0) 2,3 0,2 49,3

*
Negativo indica apreciação

Finalmente, importa referir que, tendo em conta a inflação interna e externa registadas
em 2004, a moeda nacional registou uma apreciação real de 14,4%, como resultado da
passagem do Índice de Taxa de Câmbio Real (ITCR) de 57,6 em Dezembro de 2003
para 49,3 em Dezembro de 2004. No entanto, esta situação, positiva no curto prazo,
caso prevaleça no longo prazo, poderá pôr em causa a competitividade dos sectores
económicos orientados para a exportação7, devido à sobrevalorização real da moeda
nacional, o que permitirá um aumento significativo das importações, acentuando, por
conseguinte, os desequilíbrios da conta corrente da balança de pagamentos.

7
À excepção do sector petrolífero, uma vez que o preço de exportação do petróleo bruto é fixado em Dólares
norte-americano nos mercados internacionais.
Relatório e Contas 04
89
Finanças Públicas

Relatório e Contas 04
91

1. Previsão do Orçamento Geral do Estado para 2004


Aos 30 de Dezembro de 2003 a Assembleia Nacional aprovou a Lei N.º 29/038, referente
ao Orçamento Geral do Estado (OGE), que contemplou a estimação das receitas e a fixação
das despesas para o ano fiscal de 2004, designado OGE/2004. Assim, o mesmo constituiu
o principal instrumento de efectivação da política económica e financeira do Governo
para o ano de 2004 e as respectivas fontes de financiamento desse programa.

De forma a assegurar-se a provisão de bens e serviços públicos e semi-públicos, bem


como o crescimento económico sustentado na base do máximo emprego dos factores
de produção e a equidade social, em 2004, a Política fiscal e orçamental continuou
assente tanto no princípio do alargamento da base tributária e redução da carga tributária,
como na busca de racionalidade e eficácia da despesa pública.

Assim - e tendo em conta os objectivos do Programa Económico do Governo para o


período 2003-2004 e o quadro macro-económico então perspectivado - foram definidos
ao nível da política Fiscal e Orçamental os seguintes objectivos: (i) a continuação das
acções no âmbito da reforma fiscal; (ii) a melhoria do mecanismo de fiscalização tributária;
(iii) a continuação da implementação do programa de modernização das alfândegas;
(iv) a criação de um quadro legal que contemple a revisão do Decreto executivo nº
80/99, de 28 de Maio; (v) a cobertura orçamental dos programas sectoriais e provinciais
específicos; (vi) a concessão de incentivos fiscais e financeiros; (vii) a definição de políticas
e instrumentos financeiros para o fomento habitacional; (viii) o aceleramento do
processo de reestruturação de empresas públicas; (ix) a reavaliação do processo de
privatização; (x) a melhoria do acompanhamento das empresas públicas e controlo do
desempenho económico e financeiro; (xi) a racionalização de serviços e fundos
autónomos; (xii) a definição de uma política de financiamento de organizações não
governamentais e de actividades sociais no limite da capacidade financeira efectiva do
Estado; (xiii) o estabelecimento de um novo mecanismo de observância obrigatória para
a realização das compras e contratação pelos organismos da administração pública;

Para a elaboração da proposta do OGE para 2004, levou-se em consideração a continuidade


da política macro-económica definida na revisão orçamental de 2003, assim como, os
resultados favoráveis alcançados na redução da inflação e na estabilização da taxa de câmbio.

Assim, o OGE revisto de 2004, estimou uma arrecadação de receitas de cerca de Kz


473.447,60 milhões (35,75% do PIB) enquanto que, a previsão de despesas era de Kz
527.230,32 milhões (39,81% do PIB) do que resultaria um saldo fiscal na base de caixa
correspondente a 3,06% do PIB.

2. Execução preliminar do OGE de 2004


Analisando as contas fiscais do ano 2004 e comparando-as com o previsto, verificou-se
sobre cumprimento das receitas (27,2%) e das despesas (12,8%), enquanto que o Défice
fiscal na base de caixa ficou em cerca de 20% abaixo do previsto.

8
Publicada no Diário da República n.º 103, I série.

Relatório e Contas 04
93

Tabela 8: Execução preliminar do OGE 2004 (Em milhões de Kz)

Descrição Previsão % PIB Execução % PIB Grau Exec.


OGE-Revisto (%)
Receitas Totais 473.447,61 35,75 602.187,07 36,20 127,2
Receitas Tributárias 462.850,32 34,95 596.607,44 35,86 128,90
Petrolíferas 360.790,86 27,24 469.273,55 28,21 130,07
Não Petrolíferas 102.059,46 7,71 127.333,89 7,65 124,76
Receitas Não Tributárias 10.597,29 0,80 5.579,63 0,34 52,65

Despesas Correntes 427.479,33 32,28 518.605,68 31,18 121,32


Pessoal 221.044,46 16,69 170.422,26 10,24 77,10
Bens e Serviços 135.602,70 10,24 156.188,02 9,39 115,18
Externos 10.021,42 0,76 34.778,80 2,09 347,04
Transferências 51.306,20 3,87 141.151,59 8,49 275,12
Dos quais subs. 17.695,09 1,34 108.716,58 6,54
Saldo Corrente (base comp.) 41.877,59 3,16 83.581,39 5,02 199,59

Despesas de Capital 99.751,00 7,53 73.349,65 4,41 73,53

Despesas Totais 527.230,33 39,81 591.955,33 35,58 112,28

Saldo Global (base comp.) -53.782,72 -4,06 10.231,74 0,62 -19,02

Variação de atrasados 13.242,48 1,00 -42.201,90 -2,54 -318,69


Interno 13.242,48 1,00 -45.188,51 -2,72 -341,24
Externo 0,00 0,00 2.986,61 0,18

Saldo Global (base caixa) -40.540,24 -3,06 -31.970,16 -1,92 78,86

Financiamento Líquido 40.540,24 3,06 31.970,16 1,92 78,86


Doações 1.425,60 0,11 7.498,79 0,45
Bónus petrolíferos 18.546,00 1,40 17.392,52 1,05
Financ. Externo Líquido -6.251,20 -0,47 -46.224,74 -2,78 739,45
Desembolsos 124.808,94 9,42 169.372,92 10,18 135,71
Amortizações liquidadas -131.060,14 -9,90 -215.597,66 -12,96 164,50
Acumulação de atrasados 14.206,00 1,07 14.206,00 0,85 100,00
Emprést. C/Prazo Líquido 0,00 0,00 0,00 0,00

Financ. Interno Líquido 26.819,84 2,03 30.310,48 1,82 113,02


Bancos 0,00 0,00 -7.525,94 -0,45
Outro 26.819,84 2,03 37.836,42 2,27 141,08
Alívio da Dívida 0,00 0,00 107.098,72 6,44
Discrepância 0,00 0,00 0,00

Relatório e Contas 04
95

a. Execução das receitas

As receitas arrecadadas pelo Estado totalizaram Kz 602.187,07 milhões que corresponderam


a 36,20% do PIB o que, em relação ao previsto representou um grau de execução de
127,2%. Para tal contribuiu o aumento das receitas tributárias petrolíferas numa magnitude
de 130,07% explicado, essencialmente, pelo efeito do preço e produção de petróleo.

Assim, as receitas tributárias, ao totalizarem Kz 596.607,44 milhões, continuaram a ser


a principal fonte de recursos do OGE 2004.

Comparativamente ao ano de 2003, estas mantiveram-se estáveis, observando-se uma


contracção das receitas totais em relação ao PIB em 1,3 pontos percentuais, justificada
pela redução das receitas não petrolíferas em 1,2 pontos percentuais.

Gráfico 6: Composição das Receitas Fiscais 2003 e 2004 Em percentagem

100,0%

80,0%

60,0% 2003
2004
40,0%

20,0%

0%
Rec. petrol Rec. n/petrol Rec. n/tribut.

b. Execução das despesas

As despesas fiscais orçaram em Kz 591.955,33 milhões, cerca de 35,58% do PIB,


traduzindo-se numa execução superior em cerca de 12,28%. As despesas correntes
totalizaram Kz 518.605,68 milhões, isto é, 21,32% acima do previsto, ao passo que as
despesas de capital com Kz 73.349,65 milhões situaram-se em 26,47% pontos percentuais
abaixo do previsto.

Comparativamente ao ano anterior, verificou-se uma contracção das despesas totais de


cerca 9,7 pontos percentuais, explicada pela diminuição das despesas correntes e de
capital em 6,7 e 3,0 pontos percentuais, respectivamente.

As despesas relacionadas com pessoal totalizaram Kz 170.422,26 milhões, representando


a categoria de maior gastos, com cerca de 28,79% do total de gastos públicos, isto é,

Relatório e Contas 04
97

10,24% do PIB, seguindo-se os gastos com Bens e Serviços com cerca de Kz 156.188,02
milhões, representando 26,39% dos gastos públicos e 9,39% do PIB.

A atenção prestada à melhoria das condições de vida dos trabalhadores da função


pública, podem, justificar o facto das despesas com pessoal possuir o maior peso no
conjunto de gastos públicos efectuados em 2004.

Gráfico 7: Composição das Despesas Fiscais

45,0%
40,0%
35,0%
30,0% 2003
25,0%
2004
20,0%
15,0%
10,0%
5,0%
0%
Pessoal Bens e Serviços Externos Transferências Desp. Capital

Comparativamente ao ano anterior, os gastos com o pessoal reduziram cerca de 2,26


pontos percentuais do PIB, e o seu montante cifrou-se em cerca de 30% do previsto.

Os gastos com bens e serviços representaram cerca de 9,39% do PIB, contra uma previsão
inicial de 10,24%, e isto não obstante em 2004 o seu grau de execução ter superado
em 15,18 pontos percentuais o previsto no orçamento.

Gráfico 8: Despesas Públicas em Percentagem do PIB 2003 e 2004

35
30
25 2002
20 2003
15 2004
10
5
0
Pessoal Bens e Serviços Externos Transferências Desp. Capital

Relatório e Contas 04
99

As contas do Estado mostram indícios de melhoria do saldo fiscal, porquanto, na base


caixa passou de um Défice de 7,0% em 2003 para 1,9% em 2004. A melhoria do Défice
pode ser consequência da política fiscal restritiva levada a cabo pelo Governo.

As referidas medidas assentaram, fundamentalmente, nas acções desenvolvidas, tendentes


a aumentar a eficácia da fiscalização tributária, a adequação da legislação aduaneira
aos novos procedimentos adoptados, a ampliação da rede bancária de arrecadação de
receitas tributárias, bem como a implementação de um novo modelo orgânico da adminis-
tração tributária. Fruto destas medidas, as receitas tributárias tiveram um nível de execução
elevado e as despesas correntes, em proporção do PIB, desaceleraram de 2003 para 2004.

No entanto os gastos de capital decresceram em grande medida, contribuindo negati-


vamente para o relançamento da economia nacional.

Assim, com o fim de assegurar o financiamento das acções do Governo, no âmbito do


seu programa, procurando racionalizar os recursos públicos obtidos através da maximização
da arrecadação fiscal e do endividamento a um nível sustentável, foi conduzida pelo
Governo, uma política orçamental restritiva ao longo de 2004.

Esta redução foi particularmente perceptível nos terceiro e quarto trimestres nos quais
as taxas de inflação acumuladas foram de apenas 4,68% e 5,88%, a que corresponderam
taxas médias mensais de 1,53% e 1,92%, respectivamente, apesar de se ter constatado,
essencialmente no quarto trimestre, uma aceleração da execução monetária e fiscal, por
conta, por um lado, da liquidação dos salários correspondentes ao décimo terceiro mês e,
por outro lado, da actualização dos preços de venda ao público dos produtos derivados de
petróleo bruto, bem como do reajustamento dos salários de base dos funcionários públicos.

Gráfico 9: Défice Fiscal em Percentagem do PIB 2001 a 2004

8.1
10.0
6.2
5.0
0.6
0.0
2001 2002 2003 2004
-5.0

-10.0
-7.8
Anos

Relatório e Contas 04
101

c. Financiamento

Da linha de financiamento que registou melhorias significativas em relação ao ano


anterior, destaca-se o financiamento externo líquido que em resultado do montante de
desembolsos obtidos no ano, não obstante a sua magnitude, ter sido inferior às amorti-
zações liquidadas. Nesta perspectiva, o financiamento externo líquido foi negativo em
Kz 46.224,74 milhões (2,78% do PIB).

No que concerne ao financiamento interno, o mesmo foi positivo em Kz 30.310,48


milhões (1,82% do PIB), destacando-se a amortização de parte da dívida do Governo
para com o sistema bancário e a contratação de novos financiamentos não inflacionários
sob a forma de títulos e obrigações do tesouro.

Importa finalmente referir que em 2004 registou-se igualmente alívio da dívida externa
equivalente a Kz 107.098,72 milhões (6,44% do PIB), bem como a acumulação de
atrasados na ordem dos 0,85% do PIB (Kz 14.206,00 milhões).

Parte do défice, foi igualmente financiado com a acumulação de atrasados na ordem dos
0,85% do PIB (Kz 14.206,00 milhões).

Conclui-se finalmente, que a política orçamental em 2004 foi restritiva, resultando num
saldo global deficitário na base de caixa de cerca de 1,92% do PIB, tendo sido inferior ao
registado no ano anterior e ao previsto (cerca de 7,0% e 3,06% do PIB, respectivamente).

As principais receitas fiscais do país continuaram a estar sujeitas à volatilidade do mercado


petrolífero internacional, o que impõe apesar de cenários de estabilidade de preços
no ano em análise a necessidade de se adoptar estratégias e medidas alternativas de
estabilização das despesas fiscais.

Por outro lado, o maior volume de despesas continuou a concentrar-se nas despesas
correntes, fundamentalmente com pessoal.

Gráfico 10: Previsão e execução do OGE em 2004 Em milhes Kz

100,00.00

80,000.00
Previsão
60,000.00
Execução
40,000.00

20,000.00

0.0

-20,000.00
Receitas Despesa Saldo Saldo
(base caixa) (base comp.)

Relatório e Contas 04
103

Tabela 9: Balanço Fiscal ( Em percentagem do PIB)

Descrição Execução 2003 Execução 2004 Variação 2003 - 2004


Receitas Totais 37,5 36,2 -1,3
Receitas Tributárias 37,0 35,9 -1,1
Petrolíferas 28,2 28,2 0,0
Não Petrolíferas 8,9 7,7 -1,2
Receitas Não Tributárias 0,5 0,3 -0,2

Despesas Correntes 37,9 31,2 -6,7


Pessoal 12,5 10,2 -2,3
Bens e Serviços 15,9 9,4 -6,5
Juros devidos 2,4 2,3 -0,1
Internos 0,3 0,2 -0,1
Externos 2,1 2,1 0,0
Transferências 7,1 8,5 1,4
Dos quais subsídios 4,8 6,5 1,7

Saldo Corrente (base comp.) -0,4 5,0 5,4

Despesas de Capital 7,4 4,4 -3,0

Despesas Totais 45,3 35,6 -9,7

Saldo Global (base comp.) -7,8 0,6 8,4

Variação de atrasados 0,9 -2,5 -3,4


Interno 0,1 -2,7 -2,8
Externo 0,8 0,2 -0,6
Saldo Global (base caixa) -7,0 -1,9 5,1

Financiamento Líquido 7,0 1,9 -5,1


Doações 0,8 0,5 -0,3
Financ. Externo Líquido 1,3 -2,8 -4,1
Desembolsos 10,0 10,2 0,2
Amortizações liquidadas -8,7 -13,0 -4,3
Emprést. C/Prazo Líquido 0,0 0,0 0,0
Financ. Interno Líquido 4,6 1,8 -2,8
Bancos 0,3 -0,5 -0,8
Outro 4,3 2,3 -2,0
Alívio da Dívida 0,0 6,4 6,4
Fonte: Ministério das Finanças

Relatório e Contas 04
105
Sector Monetário

Relatório e Contas 04
107

1. Programa financeiro
Os objectivos do Programa Financeiro do Governo angolano para o ano de 2004 foram
definidos no Programa Económico e Social (PES) para o período de 2003-2004 publicado
através da Lei n.º 1/03, de 7 de Janeiro, bem como na Lei n.º 29/03, de 30 de Dezembro,
que aprovou a estimativa de receita e fixou a despesa do Orçamento Geral do Estado
para o referido ano fiscal, sendo de destacar como prioridades no domínio económico
e financeiro:

• A reabilitação das infra-estruturas económicas;


• O asseguramento do ambiente macro-económico estável para o relança-
mento da economia nacional;
• O fomento e incentivo da actividade económica.

Neste sentido, foram identificadas acções nos domínios da:

• Provisão de bens e serviços públicos e semi-públicos;


• Gestão e condução da política macro-económica;
• Intervenção indirecta por meio do fomento e incentivo da actividade
económica e social.

Contudo, face a impossibilidade de se cumprir com a meta de inflação inicialmente prevista


no OGE, surgiu a necessidade de se realizar um novo exercício de programação finan-
ceira para o terceiro trimestre do ano tendo, como consequência, sido alteradas as metas
macro-económicas para 2004 como referido acima.

2. Execução monetária

Tabela 10: Execução monetária (Em milhões de Kz)


Dezembro Março Junho Setembro Dezembro Variação
2003 2004 2004 2004 2004 Dez04/Dez03
Activos Externos líquidos 142.257,21 151.158,63 157.878,70 184.849,61 223.111,35 56,84%
Em milhões de USD 1.798,9 1.869,5 1.889,4 2.127,0 2.605,2 44,82%
Banco Nacional de Angola 47.842,7 47.515,0 52.094,4 73.278,8 114.920,4 40,20%
Em milhões de USD 605,0 587,6 623,4 843,2 1.341,9 21,80%
Reservas Intern. Líquidas (USD) 623,34 605,41 641,03 859,86 1.358,43 17,93%
1.193,89 1.263,29 5,81%
Activos internos líquidos 38.025,93 46.250,63 46.570,87 48.062,66 47.035,55 23,69%
Crédito interno líquido 64.356,98 70.838,37 68.996,48 75.145,31 74.082,67 15,11%
Crédito ao Governo Geral 6.378,90 2.100,34 -8.799,86 -14.894,47 -21.073,81 -430,37%
Banco Nacional de Angola 12.291,54 7.721,04 -6.524,12 -20.035,69 -32.838,89 -367,17%
Crédito à economia 57.978,08 68.738,02 77.796,34 90.039,79 95.156,48 64,12%
Em milhões de USD 733,14 850,12 931,04 1.036,07 1.111,09 51,55%
Outros activos e passivos liq. -26.331,05 -24.587,74 -22.425,61 -27.082,65 -27.047,12 2,72%

Meios de Pagamento (M3) 180.283,13 197.409,26 204.449,57 232.912,27 270.146,91 49,85%


Meios de Pagamento (M2) 177.921,50 188.484,27 190.114,54 213.256,70 244.594,82 37,47%
Moeda (M1) 126.983,24 137.740,43 138.884,78 158.824,88 190.215,12 49,80%
Quase-moeda 50.938,26 50.743,84 51.229,76 54.431,82 54.379,70 6,76%

Relatório e Contas 04
109

A execução da política monetária em 2004 esteve suportada pelos instrumentos de


política aprovados nos anos anteriores, tendo sido tomadas medidas complementares
visando a sua eficiência, quer ao nível organizativo do próprio Banco Central como a
nível da sua implementação.

Neste sentido, a política monetária continuou a ter a base monetária como instrumento
operacional para o alcance do seu objectivo final, consubstanciado na estabilização da
moeda nacional e na redução dos níveis de inflação à patamares considerados de
moderados. Para tal, o BNA continuou a contar com o apoio institucional do Ministério
das Finanças, com vista a harmonização das políticas monetária e fiscal, através de
encontros semanais de gestão e controlo da liquidez.

Para além dos instrumento da política cambial já atrás referidos, as operações de mercado
aberto, que serão desenvolvidos num capítulo especifico, desempenharam ao longo do
ano, igualmente um papel importante na condução da política monetário.

Em termos organizativos e com vista a tornar autónomas certas área do banco que
concorrem directamente para a implementação da política monetária, reunido em
sessão ordinária no dia 11 de Julho de 2004, o Conselho de Administração, no âmbito
do Projecto de Desenvolvimento Organizacional do BNA, analisou e decidiu aprovar a
nova estrutura orgânica da Instituição sendo de destacar o surgimentos de novas áreas
operacionais como: o Departamento de Sistema de Pagamentos e de Operações
Bancárias (DSP), o Departamento de Mercados de Activos (DMA) e o Departamento de
Meio Circulante (DMC), todos eles resultantes da desagregação da extinta Direcção de
Emissão e Crédito (DEC).

No que concerne a execução cambial, não obstante o aumento significativo das vendas
de divisas efectuadas pelo BNA no Mercado Cambial Interbancário e a execução de
despesas do Estado em moeda externa, as Reservas Internacionais Líquidas (RIL) ao
passarem de USD 623,34 milhões em Dezembro de 2003 para USD 1.358,43 milhões
em Dezembro de 2004, registaram um significativo incremento de USD 735,09 milhões,
em linha com o aumento das reservas brutas na mesma proporção, o que permitiu o
aumento do rácio de reservas brutas sobre importação de bens e serviços, situando-se
á volta dos 2,5 meses.

Relatório e Contas 04
111

Gráfico 11: Variação dos Activos Externos Líquidos (Em milhões de Kwanzas)

250.000,00

200.000,00 Activos Externos Líquidos

150.000,00 Outros Activos Externos Líquidos


100.000,00 Reservas Internacionais Líquidas
50.000,00

0,00
Dez/03 Mar/04 Jun/04 Set/04 Dez/04

A maior acumulação de reservas durante o ano ocorreu no quarto trimestre (USD


498,57 milhões) resultante, por um lado, da entrada significativa de recursos externos
nos meses de Outubro e Novembro que, totalizaram cerca de USD 600,00 milhões e,
por outro lado, do aumento das receitas dos impostos petrolíferos, na decorrência
do aumento do preço do barril de petróleo no mercado internacional. No terceiro
trimestre houve um aumento de USD 218,83 milhões explicado essencialmente pelo
financiamento de USD 350,00 milhões ocorrido em Agosto, tendo os impostos
petrolíferos, embora em proporções inferiores às de Dezembro sido igualmente relati-
vamente altos. No segundo trimestre o aumento das RIL foi de apenas 35,62 milhões,
não tendo sido registado nenhum financiamento externo, ao passo que, no primeiro
trimestre, não obstante a entrada de recursos externos no valor de USD 100,00 milhões,
as RIL registaram uma perda de USD 17,93 milhões explicada igualmente pelo baixo
nível de arrecadação de receitas petrolíferas.

Em suma, o crescimento das RIL em 2004 foi influenciado pela entrada de financiamentos
externos, essencialmente em finais do ano, e pela evolução do preço do barril de
petróleo no mercado internacional que, provocou o aumento progressivo da arrecadação
mensal de impostos petrolíferos pelo Tesouro Nacional.

Na sequência do aumento das disponibilidades do Banco Central em moeda estrangeira,


os activos externos líquidos do sistema bancário expressos em Kwanzas registaram em
2004 um crescimento nominal na ordem dos 56,84%. Em Dólares norte-americanos os
mesmos ao passarem de USD 1.798,9 milhões em Dezembro de 2003 para USD
2.605,2 milhões em Dezembro de 2004, registaram um aumento na ordem dos 44,82%,
motivado pelo aumento dos activos externos líquidos do Banco Central na ordem dos
121,8% e, em menor proporção pelo aumento dos activos externos líquidos dos outros
bancos do sistema em 5,81%.

O Crédito Líquido ao Estado concedido pelo sistema bancário contraiu-se significativa-


mente, por força do forte crescimento dos depósitos do Governo no sistema bancário
que superou o ligeiro crescimento do crédito bruto, essencialmente titulado, registado
no período.
Relatório e Contas 04
113

O essencial do aumento dos depósitos do Governo, influenciado, por um lado, pelo


aumento das receitas e do financiamento externo obtidos e, por outro lado, pela
contenção das despesas do Governo, ocorreu junto do BNA, tendo, de acordo com o
Balanço do Banco Central, estes passado de Kz 13.237,35 milhões em Dezembro de
2003 para Kz 54.525,07 milhões em Dezembro de 2004. A maior proporção de depósitos
do Governo no BNA coube aos depósitos em moeda estrangeira que, expressos em
moeda nacional, passaram de Kz 6.508,85 milhões para Kz 36.670,37 milhões ao passo
que em Dólares norte-americanos passaram de USD 82,31 milhões para USD 428,18
milhões, respectivamente. Tal como será visto mais adiante, os depósitos do Governo
na banca comercial foram influenciados essencialmente pelo peso dos depósitos de
Fundos Autónomos incorporados nos mesmos.

O crédito à economia, igualmente concedido pelo sistema bancário, ao passar de Kz


57.978,08 milhões em Dezembro de 2003 para Kz 95.156,48 milhões em Dezembro
de 2004 registou um aumento de 64,12% ao passo que, expressos em Dólares norte-
americanos, registou um aumento absoluto de USD 377,95 milhões.

Após várias oscilações ao longo do ano, os activos e passivos do sistema bancário por
regularizar voltaram, em Dezembro de 2004, à uma posição próxima da registada em
Dezembro de 2003. Contudo, espera-se que os mesmos venham a beneficiar de um
tratamento adequado por altura da apresentação das contas definitivas.

No total, os Activos Internos Líquidos do sistema bancário ao passarem de Kz 38.025,93


milhões em Dezembro de 2003 para Kz 47.035,55 milhões em Dezembro de 2004
registaram uma expansão de 23,69%, explicada pela expansão do crédito à economia.

Tabela 11: Evolução da reserva monetária


e dos meios de pagamento (Em milhões de Kwanzas)

Dezembro Março Junho Setembro Dezembro Variação


2003 2004 2004 2004 2004 Anual
Reserva Monetária 70.682,37 67.758,48 58.978,20 69.461,66 103.031,66 45,77%
Variação -4,14% -12,96% 17,78% 48,33%
Base Monetária 58.626,99 56.326,01 50.160,47 60.915,66 91.495,10 56,06%
Variação -3,92% -10,95% 21,44% 50,20%
Notas e Moedas em Circulação 40.591,78 32.227,54 30.705,03 34.430,15 56.435,75 39,03%
Dep. das Entidades Financeiras 18.035,22 24.098,48 19.455,44 26.485,51 35.059,34 94,39%
Outros depósitos 277,18 271,27 290,13 293,61 310,91 12,17%
Títulos em poder dos B.Comerciais 11.778,20 11.161,20 8.527,60 8.252,40 11.225,65 -4,69%
Meios de Pagamento (M3) 180.283,13 197.409,26 204.449,57 232.912,27 270.146,91 49,85%
Variação 9,50% 3,57% 13,92% 15,99%
Meios de Pagamento (M2) 177.921,50 188.484,27 190.114,54 213.256,70 244.594,82 37,47%
Variação 5,94% 0,86% 12,17% 14,70%
Multiplicador Monetário (M3/RM) 2,55 2,91 3,47 3,35 2,62 2,80%
Preferência pela Liquidez (NMPP/M3) 19,64% 13,22% 12,49% 11,77% 17,04%
Encaixe Efectivo 12,47% 14,09% 10,89% 12,91% 15,66%

Relatório e Contas 04
115

Assim, de acordo com as contas monetárias, os meios de pagamento (M3)9 registaram um


crescimento nominal de 49,85% ao passo que o crescimento em termos reais foi de
14,4%. Dentre as componentes dos meios de pagamento destaca-se o crescimento nominal
do M1 em 49,8% ao passo que o crescimento da Quase-moeda foi de apenas 6,76%. A
confirmar-se tal situação num futuro breve a mesma tornar-se-á preocupante, porquanto
dá alguma primazia ao curto prazo, em detrimento do médio e longo prazos que,
geralmente, estão associados ao processo de desenvolvimento económico.

Gráfico 12: Componentes dos meios de Pagamento (Em milhões de Kwanzas)

300.000,00

250.000,00

200.000,00 M Pagamento (M3)

Moeda (M1)
150.000,00
Quase-Moeda
100.000,00
Outros Instrum. Financeiros
50.000,00

0,00
Dez/03 Mar/04 Jun/04 Set/04 Dez/04

Em 2004, a base monetária10 ao passar de Kz 58.626,99 milhões em Dezembro de 2003


para Kz 91.495,10 milhões em Dezembro de 2004 operou um aumento nominal de
56,06%. Da observação da base monetária ao longo do ano distinguem-se claramente
dois períodos distintos. Assim, ao longo do primeiro e segundo trimestres a base monetária
contraiu-se em 3,92% e 10,95%, respectivamente, ao passo que nos terceiros e quarto
trimestres registaram-se evoluções inversas, com a base monetária a expandir-se em
21,44% e, sobretudo em 50,20% respectivamente.

O crescimento nominal da base monetária superou o crescimento da inflação registando,


por conseguinte, uma expansão em termos reais da ordem dos 19,1%. O mesmo re-
flectiu-se sobre a circulação monetária que cresceu em termos nominais 39,03% e sobre
os depósitos dos bancos no BNA cujo crescimento foi de 94,39%. À excepção do segundo
trimestre no qual os depósitos dos bancos no BNA contraíram-se em 19,27% nos demais
os incrementos observados situaram-se acima dos 30%. No que concerne a circulação
monetária o incremento mais significativo ocorreu no quarto trimestre com 63,91%.

9
Inclui para além da moeda (notas, moedas metálicas e depósitos à ordem) e da quase-moeda (depósitos à
prazo), os outros instrumentos financeiros como sejam os títulos, os empréstimos e acordos de recompra.
10
Valor total do passivo do Banco Central que, inclui as notas e moedas em circulação e os depósitos
das entidades financeiras no Banco Central. Em contrapartida, inclui do lado do activo, os activos externos
líquidos, e os activos internos líquidos (crédito líquido do Banco Central ao Estado, à economia e ao sistema
financeiro, bem como outros activos e passivos líquidos).

Relatório e Contas 04
117

Para além dos factores acima referidos a expansão da base monetária foi influenciada
igualmente pelas intervenções do BNA no Mercado Monetário Interbancário uma vez
que, os resgates de Títulos do Banco Central realizados em 2004 superaram o montante
das novas emissões, em virtude de não terem ocorrido voluntariamente emissões em
Outubro e Novembro.

3. Evolução dos depósitos e execução do crédito à economia


a. Evolução dos depósitos

A estabilidade macro-económica observada em 2004 contribuiu para o aumento dos de-


pósitos na banca comercial na ordem dos 56,83% (cerca de 20% em termos reais). O stock
acumulado evoluiu de Kz 167.181,2 milhões em Dezembro de 2003 para Kz 262.182,88
milhões em Dezembro de 2004, sendo que deste montante, Kz 9.454,69 milhões
pertenceram ao Governo Central e Kz 28.915,35 milhões aos Fundos Autónomos. Ambos
representaram cerca de 14,6% do total de depósitos na banca comercial.

Tabela 12: Situação dos depósitos nos bancos (Em milhões de Kwanzas)
Dez-03 Mar-04 Jun-04 Set-04 Dez-04 Variação Peso
Anual Relativo
BAI 38.509,59 45.181,97 45.946,42 49.762,41 51.483,86 33,69% 19,64%
BCA 3.579,98 4.849,71 3.299,87 4.998,51 7.510,14 109,78% 2,86%
BCI 12.113,33 13.294,82 14.704,85 17.472,76 18.158,69 49,91% 6,93%
BFA 50.061,27 54.565,52 59.877,61 68.529,48 76.650,72 53,11% 29,24%
BCP 3.534,57 3.295,16 3.367,70 3.637,93 3.873,95 9,60% 1,48%
BPC 36.696,76 49.479,92 51.076,58 56.782,23 64.657,85 76,19% 24,66%
BTA 11.518,24 12.817,40 14.294,33 12.643,58 13.387,44 16,23% 5,11%
BSOL 3.561,96 2.839,11 3.220,73 4.626,33 5.456,89 53,20% 2,08%
BESA 6.892,51 9.092,22 10.994,52 14.464,87 17.322,79 151,33% 6,61%
BRK 712,99 1.246,72 2.874,72 3.062,05 3.617,28 407,34% 1,38%
Novo Banco 0,00 0,00 0,00 24,43 63,27 655,53% 0,02%
Depósitos à ordem* 91.298,17 111.367,07 113.058,42 131.110,76 143.881,06 57,59% 54,88%
Depósitos à prazo* 53.299,90 59.668,83 65.564,79 74.087,39 79.931,79 49,97% 30,49%
Do Governo Central 5.772,32 5.196,22 8.832,18 6.729,37 9.454,69 63,79% 3,61%
De Fundos Autónomos 16.810,82 20.430,43 22.201,92 24.077,05 28.915,35 72,00% 11,03%
Depósitos em MN 57.515,23 75.102,04 80.494,65 95.270,45 116.198,15 102,03% 44,32%
Depósitos em ME 109.665,97 121.560,52 129.162,66 140.734,11 145.984,73 33,12% 55,68%
TOTAL 167.181,20 196.662,55 209.657,31 236.004,56 262.182,88 56,83% 100,00%

* Não inclui os depósitos do Governo Central e dos Fundos Autónomos

Em 2004, o crescimento relativo dos depósitos em moeda nacional (102,03%) superou


o da componente em moeda estrangeira que foi de 33,12%. Em termos absolutos os
aumentos foram de Kz 58.682,92 milhões e Kz 36.318,76 milhões, respectivamente,
revelando a proeminência dos depósitos em moeda nacional captados pela banca nacional.

Relatório e Contas 04
119

O que se revela preocupante, é a primazia dos depósitos à ordem em detrimento dos


depósitos à prazo. Os primeiros cresceram 57,59% (Kz 52.582,89 milhões), contra
49,97% (Kz 26.631,89) para os segundos. Esta situação revela que, não obstantes os
resultados encorajadores obtidos no âmbito da gestão macro-económica, esforços
adicionais deverão ser feitos no sentido de se mobilizar junto do sistema financeiro a
poupança nacional e incentivar os aforradores à coloca-lá à prazo, afim de se garantir
recursos para o financiamento a médio e longo prazos de actividades geradoras de
desenvolvimento.

A evolução dos depósitos por bancos mostra que, em termos percentuais, a maior variação
coube aos 3 últimos bancos a entrarem no mercado financeiro angolano (Banco Espírito
Santo de Angola- BESA, Banco Regional do Keve- BRK e o Novo Banco), uma vez que
a carteira de depósitos dos mesmos é ainda baixa. Destes, destaca-se todavia o BESA
cujo stock acumulado em Novembro de 2004 (Kz 17.322,79 milhões) suplantou a
carteira de depósitos de bancos que implantaram-se anteriormente no mercado, como
são os casos do Banco Comercial Angolano (BCA), Banco Comercial Português (BCP) e
o Banco Sol (BSOL).

Em termos absolutos, o maior peso continuou a recair sobre o Banco de Poupança e


Crédito (BPC) que, mercê dos depósitos do Governo ali registados, apresentou um
aumento da sua carteira na ordem de Kz 27.961,09 milhões, o que elevou o seu peso
no total de depósitos captados pelos bancos para 24,7%, seguido do Banco de Fomento
Angola -BFA (Kz 26.589,45 milhões), cujo dinamismo no mercado financeiro fez-se
sentir através dos investimentos realizados no sentido de ampliar o número das suas
agências bancárias. Assim, este último com Kz 76.650,72 milhões, 29,2% do total, foi
o banco que em Dezembro de 2004 apresentou a maior carteira de depósitos captados
pela banca comercial. Os depósitos do Banco Africano de Investimento (BAI) cresceram
Kz 12.974,26 milhões e a sua carteira representou 19,6% do total. O total de depósitos
captados pelos três bancos (BPC, BFA e BAI) representou 73,53% do stock acumulado
em Dezembro de 2004.

b. Crédito à economia concedido pela banca comercial

A evolução do crédito concedido pela banca comercial em 2004 reflectiu a evolução


da situação dos depósitos, registando-se uma certa predominância do crédito de curto
prazo (crescimento nominal de 137,1%) em detrimento do crédito de médio prazo
(55,28%). Como consequência, os stocks respectivos que estiveram muito próximos
em Dezembro de 2003 (Kz 36.053,95 milhões e Kz 37.360,89 milhões, respectivamente)
distanciaram-se significativamente em Dezembro de 2004, sendo de Kz 85.485,51 milhões
para o crédito de curto prazo e Kz 58.014,56 milhões para o crédito de médio prazo.

Relatório e Contas 04
121

Tabela 13: Situação do crédito interno


concedido pelos bancos (Em milhões de Kwanzas)
Dez-03 Mar-04 Jun-04 Set-04 Dez-04 Variação Peso
Anual Relativo
BAI 14.551,43 19.726,42 22.281,07 25.249,19 26.203,17 80,07% 18,26%
BCA 2.162,12 2.263,12 3.668,90 4.381,93 5.055,74 133,83% 3,52%
BCI 7.095,85 7.965,01 9.156,86 10.489,95 10.133,55 42,81% 7,06%
BFA 16.775,21 20.736,91 25.121,27 31.491,72 37.181,24 121,64% 25,91%
BCP 1.535,95 1.450,44 1.408,44 2.539,37 2.534,99 65,04% 1,77%
BPC 24.766,52 27.098,31 32.432,98 34.438,78 39.657,90 60,13% 27,64%
BTA 3.217,73 4.181,34 4.531,06 5.900,23 7.729,55 140,22% 5,39%
BSOL 717,09 627,71 966,67 1.656,60 1.942,00 170,82% 1,35%
BESA 2.464,62 2.974,70 3.885,12 5.562,60 9.940,01 303,31% 6,93%
BRK 128,32 151,81 1.233,45 2.251,59 3.008,55 2244,61% 2,10%
Novo Banco 34,81 113,39 0,08%
Crédito de curto prazo 36.053,95 46.529,56 57.973,27 69.269,49 85.485,51 137,10% 59,57%
Crédito de médio prazo 37.360,89 40.646,21 46.712,54 54.727,29 58.014,56 55,28% 40,43%
TOTAL 73.414,84 87.175,77 104.685,81 123.996,78 143.500,07 95,46% 100,00%
TOTAL USD 928,34 1.655,43 78,32%

Desta feita, o peso do crédito de curto prazo no total evoluiu de 49,11% em Dezembro
de 2003 para 59,57% em Dezembro de 2004, reflectindo ao longo do ano uma certa
ascensão em detrimento do crédito de médio prazo que, inversamente, viu o seu peso
reduzir-se de 50,89% para 40,43%.

O stock global ao passar de Kz 73.414,84 milhões para Kz 143.500,07 milhões cresceu


em termos nominais 95,46% e em termos reais 49,2%. O aumento absoluto foi de Kz
70.085,23 milhões, correspondentes à USD 727,09 milhões e representou cerca de
54,7% dos depósitos captados pelos bancos, contra cerca de 44% em Dezembro de
2003, o que demonstra uma maior transformação dos depósitos captados pelos bancos
em crédito.

O BFA ao aumentar o crédito por si concedido em Kz 20.406,03 milhões (121,64%)


destacou-se em primeiro lugar, tendo a sua carteira se elevado para Kz 37.181,24
milhões, 25,9% do total acumulado em Dezembro de 2004, o que associado à sua
preeminência na captação de depósitos acima referida, revela uma certa concentração
da actividade bancária no país. A seguir situaram-se o BPC com um fluxo de crédito
concedido no valor de Kz 14.891,37 milhões e o BAI com Kz 11.651,74 milhões. As
carteiras de crédito destas duas últimas instituições registaram Kz 39.657,9 milhões
(27,64% do total) e Kz 26.203,17 milhões (18,26%), respectivamente. Os três banco
juntos concentraram cerca de 72% do stock de crédito concedido pela banca comercial
até Dezembro de 2004.

Relatório e Contas 04
123

c. Taxas de juro activas e passivas

A desaceleração da inflação registada nos últimos anos justificou em 2004 a alteração


das taxas de redesconto aplicáveis aos empréstimos a realizar entre o BNA e os bancos
comercias. Se bem que os bancos tenham feito pouco recurso a este instrumento, a
mesma teve o mérito de assinalar ao mercado que, as taxas de juro devem acompanhar
a tendência de desaceleração da inflação. Tal medida entrada em vigor a partir de
Março, através do Aviso n.º 1/04, fixou para o crédito de tesouraria às instituições financeiras,
taxas de juros anuais de 95%, 97% e 99%, respectivamente, para as faixas A, B, e C. Os
juros aplicáveis às operações de crédito caucionado foram fixados em 95% ao ano.

A observação das taxas de juro nominais aplicadas pelas instituições bancárias ao crédito
concedido aos seus clientes revela que, apesar de alguma redução encetada em 2004
a mesma foi ainda tímida porquanto, situaram-se muito aquém do que era de se esperar
na sequência da redução da inflação. Se por um lado, as taxas de juro nominais para
as operações de crédito ao sector empresarial, em moeda nacional, até 180 dias, reduzi-
ram-se de 94,36%, ao ano, em Dezembro de 2003, para 70,42%, ao ano, em Dezembro
de 2004, em termos reais as mesmas comportaram-se de maneira contrária, passando
de 10,08% para 27,24%, respectivamente, o que sugere que a redução das taxas
nominais não acompanhou a queda da inflação, cujas expectativas, em princípio, são
incorporadas na determinação das taxas de juro.

Tabela 14: Taxas de juros anualizadas sobre a moeda nacional


Dezembro-03 Março-04 Junho-04 Setembro-04 Dezembro-04
Nominal Real Nominal Real Nominal Real Nominal Real Nominal Real
Inflação últimos 12 meses 78,57% 57,29% 44,16% 34,47% 31,02%
Créd*. até 180 dias 94,36% 10,08% 87,35% 19,11% 76,19% 22,22% 71,41% 27,47% 70,42% 27,24%
Créd*. de 181 a 1 ano 67,54% -5,11% 82,19% 15,83% 76,39% 22,36% 79,24% 33,29% 74,77% 30,48%
Créd*. para mais de 1 ano 75,69% -0,50% 89,21% 20,29% 70,72% 18,42% 68,75% 25,49% 73,38% 29,45%

Dep. a ordem 10,02% -37,69% 9,99% -30,07% 10,00% -23,70% 9,99%-18,20% 9,99% -17,88%
Dep a prazo até 90 dias 23,57% -30,02% 13,98% -27,54% 13,18% -21,49% 17,25%-12,81% 14,42% -14,57%
Dep a prazo de 91
a 180 dias 41,06% -20,11% 15,01% -26,88% 28% -10,88% 19,34%-11,25% 28,48% -4,08%
Dep a prazo de 181 dias a 1 ano

* Refere-se ao crédito concedido ao sector empresarial.

Para os prazos superiores e até um ano, a situação foi mais complexa, uma vez que o
nível das taxas de juro nominais registado em Dezembro de 2003 (67,54%) foi superado,
tendo culminado o ano em 74,77%. Em termos reais os créditos tornaram-se bastante
onerosos pois, as taxas de juro aplicáveis em Dezembro de 2004 (30,48%) afastaram-se
consideravelmente dos níveis negativos de Dezembro de 2003.

Ainda no que se refere às taxas activas, importa salientar que as taxas de juro nominais
para os prazos superiores à um ano, apesar de terem oscilado ao longo do ano, no final

Relatório e Contas 04
125

mantiveram-se nos patamares alcançados em 2003, isto é, a volta dos 75%, ao ano, o
que comparado com a inflação registada nos últimos doze meses impulsionou um
significativo aumento em termos reais de 0,5% (negativos), ao ano, em Dezembro de
2003, para taxas positivas da ordem dos de 30%, ao ano, em Dezembro de 2004.

Assim, de acordo com a informação preliminar, no final do ano de 2004, as taxas de juro
nominais para todas as maturidades ao situarem-se na faixa dos 70 - 75%, ao ano,
revelaram-se ainda muito altas pois, em termos reais, as mesmas proporcionaram às
instituições bancárias remunerações a volta dos 30%, ao ano.

Tal situação poderá ser invertida num futuro breve se se tiver em conta, por um lado,
a manutenção da estabilidade macro-económica, consubstanciada na estabilidade da
taxa de câmbio e da taxa de inflação e, por outro lado, os avanços constatados na
regulamentação dos direitos de propriedade que, em 2004, ficou patente na aprovação
da Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro, que estabelece as bases gerais do regime jurídico
das terras, os direitos fundiários que sobre estas podem recair e o regime geral de transmissão,
constituição, exercício e extinção destes direitos. Estas poderão servir de garantias reais
aos seus proprietários e facilitar o acesso dos mesmos ao crédito bancário, o que de
certa forma reduzirá os riscos incorridos pelos bancos em caso de ausência de reembolso.

As taxas efectivas reais para as operações activas revelaram-se positivas ao longo do ano
com taxas de juro reais acima dos 2%. Inversamente, as taxas de juro para as operações
passivas foram negativas, embora se tenha notado ligeiras melhorias ao longo do ano.

Tabela 15: Taxas de Juro Efectivas Mensais Sobre a Moeda Nacional


Dezembro-03 Março-04 Junho-04 Setembro-04 Dezembro-04
Nominal Real Nominal Real Nominal Real Nominal Real Nominal Real
Créd*. até 180 dias 5,69% 1,05% 5,37% 3,14% 4,83% 2,82% 4,59% 3,00% 4,54% 2,17%
Créd*. de 181 a 1 ano 4,39% -0,20% 5,13% 2,90% 4,84% 2,83% 4,98% 3,38% 4,76% 2,39%
Créd*. para mais de 1 ano 4,81% 0,20% 5,46% 3,23% 4,56% 2,55% 4,46% 2,86% 4,69% 2,32%

Dep. a ordem 0,80% -3,63% 0,80% -1,33% 0,80% -1,14% 0,80% -1,14% 0,80% -1,49%
Dep a prazo até 90 dias 1,78% -2,70% 1,10% -1,04% 1,04 -0,91% 1,33% -0,21% 1,13% -1,16%
Dep a prazo de 91
a 180 dias 2,91% -1,62% 1,17% -0,97% 2,11% 0,15% 1,48% 0,06% 2,11% -0,20%
Dep. a prazo de 181 dias a 1 ano

* Refere-se ao crédito concedido ao sector empresarial.

4. Mercado de títulos
Conforme acima referido, no âmbito da restruturação do Banco Central e com vista a conferir
maior autonomia à área que trata especificamente da emissão e colocação de títulos públicos,
o Conselho de Administração decidiu pela criação de um Departamento autónomo que
doravante irá cuidar da implementação deste importante instrumento de política monetária.
Neste sentido, foram desenvolvidas várias acções de formação do pessoal do Departamento
no sentido de capacita-los para cumprirem cabalmente com o seu papel.
Relatório e Contas 04
127

Com vista a permitir que um maior número de agentes económicos possa ter acesso ao
mercado de títulos, em Setembro de 2004 a regulamentação concernente aos TBC foi
revista através do Aviso n.º5/04 que, dentre outros, estabelece na sua alínea g, do artigo
2.º ,a alteração das quantidades negociadas que deixaram de ser múltiplos de 100 e
passaram a ser múltiplos de 10.

Assim, em 2004 foram usados os TBC como um dos principais instrumentos de política
monetária utilizados pelo BNA. Contudo, devido a sua natureza específica, o recurso
aos mesmos efectuou-se em situações pontuais, razão pela qual nos meses de Outubro
e Novembro a colocação de novos TBC foi suspensa, vindo a ser retomada apenas em
Dezembro. Durante o ano, as emissões pelo valor líquido cifraram-se em Kz 34.534,63
milhões, inferiores em Kz 1.999,01 milhões ao montante do ano anterior ao passo que,
o total de resgates pelo valor nominal ao cifrar-se em Kz 38.455,4 milhões superou em
Kz 3.342,1 milhões o montante correspondente de 2003. Como resultado a colocação
líquida de TBC em 2004 foi negativa em Kz 3.920,77 milhões, o que contribuiu para
pressionar a base monetária.

Tabela 16: Títulos vendidos e resgatados em 2004


Emissões Resgates Total
TBC
28 dias 9.346,27 9.610,20 -263,93
63 dias 7.155,75 11.866,00 -4.710,25
91 dias 7.917,91 6.167,30 1.750,61
182 dias 10.114,70 10.811,90 -697,20
Subtotal 34.534,63 38.455,40 -3.920,77
BT
91 dias 14.872,36 11.043,90 3.828,46
182 dias 21.914,11 9.445,10 12.469,01
Subtotal 36.786,47 20.489,00 16.297,47
Total 71.321,10 58.944,40 12.376,70

Nota: contracção (+) e expansão (-)

De referir, no entanto, que, para inverter tal tendência, que já era perceptível no decorrer
do ano, e no sentido de permitir maior acesso do público às operações com títulos, o
BNA decidiu, a partir de Agosto de 2004, efectuar vendas directas a estes quer de TBC,
como de Bilhetes do Tesouro da sua carteira, o que contribuiu para a atracção de um
número maior de aforradores, em particular pessoas singulares, desejosas de encontrarem
alternativas de colocação para as suas poupanças.

Em 2004, as maiores emissões de TBC ocorreram em Março (Kz 8.360,0 milhões) e


Dezembro (Kz 8.026,7 milhões), tendo permitido a colocação líquida de TBC no valor
de Kz 3.125,2 milhões e Kz 5.704,5 milhões, respectivamente. Tendo em conta a
derrapagem monetária ocorrida no final do ano, a colocação líquida de TBC em parceria
com a venda de divisas efectuada à economia desempenhou um papel importante no
processo de esterilização de liquidez, evitando que o crescimento dos meios de pagamento
se repercutisse sobre os preços.
Relatório e Contas 04
129

No que concerne as taxas de juro, após se terem reduzido no primeiro trimestre, nos
períodos subsequentes voltaram a aumentar sem que, contudo, tenham atingido os
níveis de Dezembro de 2003, o que se explica pela redução da inflação. Nesta perspectiva,
as taxas de juro reais nas mais diversas maturidades após se terem revelado negativas em
Maio, devido ao elevado nível de inflação, retomaram uma trajectória ascendente até
Outubro, reduzindo-se ligeiramente a seguir mas, permanecendo positivas, o que
conferiu melhorias na remuneração deste tipo de aplicações. Esta situação prevaleceu
igualmente para os Bilhetes do Tesouro (BT) que, paralelamente, aos TBC foram
transaccionados no mercado monetário.

Observações: *Tíulos do Banco Central


Tabela 17: Taxas de juro praticadas no mercado
monetário interbancário (MMI)
Dez-03 Mar-04 Jun-04 Set-04 Out-04 Nov-04 Dez-04
Taxa de juro nominal/ano
28 dias* 45,81% 31,86% 35,40% 46,69% - - 46,44%
63 dias* 56,14% 37,53% 40,67% 50,44% - - 50,37%
91 dias* - 43,19% 44,00% 50,50% - - 56,70%
182 dias* - 51,70% 53,59% 64,00% - - 60,48%
91 dias** 81,28% 41,47% 44,00% 51,71% 52,96% 52,92% 57,21%
182 dias** 98,00% 50,10% 53,59% 60,79% 61,18% 60,96% 60,52%
Taxa de juro nominal mensualizada
28 dias* 3,25% 2,38% 2,52% 3,20% - - 3,29%
63 dias* 3,86% 2,74% 2,84% 3,41% - - 3,53%
91 dias* - 3,10% 3,04% 3,42% - - 3,89%
182 dias* - 3,60% 3,59% 4,15% - - 4,10%
91 dias** 5,18% - - - 3,68% 3,55% -
182 dias** 5,97% - - - 4,14% 3,99% -
Taxa de juro real ex-post mensualizada
28 dias* -1,29% 0,21% 0,55% 1,62% - - 0,95%
63 dias* -0,71% 0,57% 0,87% 1,84% - - 1,18%
91 dias* - 0,92% 1,06% 1,84% - - 1,53%
182 dias* - 1,41% 1,60% 2,56% - - 1,74%
91 dias** 0,56% - - - 2,08% 1,63% -
182 dias** 1,31% - - - 2,54% 2,06% -

Taxa de inflação mensal 4,60% 2,16% 1,96% 1,55% 1,56% 1,89% 2,32%

** Bilhetes do Tesouro

A colocação de BT exclusivamente nas maturidades mais longas (91 e 182 dias) foi
bastante positiva, tendo a emissão de novos títulos superado os resgates realizados. Ao
longo do ano foram emitidos, por conta do Tesouro Nacional, BT pelo valor líquido de
Kz 36.786,45 milhões e resgatados pelo valor nominal Kz 20.489,00 milhões, do que
resultou a colocação líquida deste instrumento no valor de Kz 16.297,47 milhões, cuja
esterilização contribuiu para os êxitos alcançados na luta contra a inflação.

Relatório e Contas 04
131
Preços

Relatório e Contas 04
133

Preços
A desaceleração da inflação com vista a melhoria do nível e condições de vida das
populações têm constituído nos últimos anos um dos principais objectivos do Governo
angolano. Neste sentido, a condução da política monetária em 2004 não perdeu de
vista tal objectivo, o que permitiu que no final do ano, a inflação acumulada ao registar
31,02% correspondesse à uma redução de 45,55 pontos percentuais em relação aos
76,57% registados em 2003.

Gráfico 13: Inflação homóloga (2002-2004)

140,00%
120,00%
100,00%
80,00%
60,00%
40,00%
20,00%
0,00%
Jan-02
Mar-02
Mai-02
Jul-02
Set-02
Nov-02
Jan-03
Mar-03
Mai-03
Jul-03
Set-03
Nov-03
Jan-04
Mar-04
Mai-04
Jul-04
Set-04
Nov-04

Meses

Esta redução foi particularmente perceptível nos terceiro e quarto trimestres nos quais
as taxas de inflação acumuladas foram de apenas 4,68% e 5,88%, a que corresponderam
taxas médias mensais de 1,53% e 1,92%, respectivamente, apesar de se ter constatado,
essencialmente no quarto trimestre, uma aceleração da execução monetária e fiscal, por
conta, por um lado, da liquidação dos salários correspondentes ao décimo terceiro mês e,
por outro lado, da actualização dos preços de venda ao público dos produtos derivados de
petróleo bruto, bem como do reajustamento dos salários de base dos funcionários públicos.

Gráfico 14: Inflação acumulada Em percentagem

120

100

80

60

40 2003
2004
20

0
Dez.
Jan.
Fev.
Mar.
Abr.
Mai.
Jun.
Jul.
Ago.
Set.
Out.
Nov.
Dez.

Meses

Relatório e Contas 04
135

Tal situação, revelou uma melhor compreensão das consequências que tais fenómenos
provocam sobre a economia angolana porquanto, devido ao ajustamento dos preços
dos produtos derivados do petróleo bruto ocorrido em Maio, a taxa de inflação mensal
ao registar o maior crescimento do ano (4,49%) contribuiu para que a inflação acumulada
no segundo trimestre, 9,07% (correspondente a uma média mensal de 2,94%), fosse a
mais alta, superando os 8,38% registados no primeiro trimestre (média mensal de
2,72%), resultante da excessiva execução fiscal e monetária do último trimestre do ano
anterior e cujos efeitos continuaram a fazer-se sentir no primeiro trimestre de 2004.

Gráfico 15: Inflação Mensal

10
8 2003
6 2004
4
2
0
Dez.

Jan.

Fev.

Mar.

Abr.

Mai.

Jun.

Jul.

Ago.

Set.

Out.

Nov.

Dez

Meses

Na sequência dos ajustamentos de preços administrados, em particular dos preços de


venda de energia eléctrica e de produtos derivados de petróleo bruto, a classe
“Habitação, água, electricidade e combustíveis” registou em 2004, um aumento de
preços na ordem de 29,03%, com destaque para os aumentos ocorridos em Maio e
Novembro ( 6,54% e 3,87%, respectivamente), mas também em Janeiro (2,15%) e
Dezembro (3,7%).

Todavia, o impacto da actualização dos preços dos produtos derivados de petróleo foi
maior na classe “Transporte” que, em parte, na decorrência disto, registou em 2004 um
aumento de 79,07% sendo de destacar, os incrementos registados em Novembro
(7,87%), Dezembro (10,15%) e, sobretudo, em Maio (35,13%).

A classe “Vestuário e calçado” registou de Junho a Outubro os maiores aumentos das


classes de consumo do IPC, o que contribuiu para que se situasse em 2004 no segundo
lugar em termos de aumento relativo com 35,78%, seguida da classe “Alimentação
e bebidas não alcoólicas” (32,85%) que, por força do seu peso no índice global, foi a
que mais contribuiu para o aumento de preços registado pela economia em 2004,
destacando-se os aumentos registados em Janeiro (4,64%) e Fevereiro (5,24%).

Inversamente, a evolução dos preços dos serviços de telefonia móvel e fixa foram
bastante favoráveis para os usuários no ano em análise, tendo sido registado um de-
créscimo de 1,48% no nível de preços da classe “Comunicações”.

Relatório e Contas 04
137

Tabela 17: Inflação no consumidor na cidade de Luanda


Período Taxa Taxa Taxa dos Média dos Taxa dos Média dos
Mensal Acumulada Últimos últimos Últimos últimos
12 Meses 12 Meses 3 Meses 3 Meses
2003 Jan. 6,98% 6,98% 104,35% 6,14% 23,48% 7,28%
Fev. 7,68% 15,19% 107,16% 6,26% 25,24% 7,79%
Mar. 5,63% 21,67% 107,18% 6,26% 21,67% 6,76%
Abr. 7,32% 30,58% 113,51% 6,53% 22,06% 6,87%
Mai. 5,23% 37,41% 110,03% 6,38% 19,29% 6,06%
Jun. 5,37% 44,80% 110,70% 6,41% 19,01% 5,97%
Jul. 3,97% 50,54% 104,16% 6,13% 15,29% 4,86%
Ago. 5,04% 58,14% 99,70% 5,93% 15,08% 4,79%
Set. 2,75% 62,49% 95,05% 5,73% 12,22% 3,92%
Out. 1,50% 64,93% 90,36% 5,51% 9,55% 3,09%
Nov. 2,35% 68,81% 83,53% 5,19% 6,75% 2,20%
Dez. 4,60% 76,57% 78,57% 4,85% 8,67% 2,81%

2004 Jan. 3,07% 3,07% 70,12% 4,53% 10,35% 3,34%


Fev. 2,93% 6,09% 62,63% 4,14% 10,97% 3,53%
Mar. 2,16% 8,38% 57,29% 3,85% 8,38% 2,72%
Abr. 2,38% 10,96% 50,05% 3,44% 7,66% 2,49%
Mai. 4,49% 15,95% 48,99% 3,38% 9,29% 3,00%
Jun. 1,96% 18,22% 44,16% 3,09% 9,07% 2,94%
Jul. 1,45% 19,94% 40,67% 2,88% 8,09% 2,63%
Ago. 1,60% 21,86% 36,06% 2,60% 5,10% 1,67%
Set. 1,55% 23,75% 34,47% 2,50% 4,68% 1,53%
Out. 1,56% 25,68% 34,55% 2,50% 4,78% 1,57%
Nov. 1,89% 28,05% 33,94% 2,47% 5,08% 1,67%
Dez. 2,32% 31,02% 31,02% 2,28% 5,88% 1,92%

Fonte: INE

Relatório e Contas 04
139
Sistema Financeiro

Relatório e Contas 04
141

1. Enquadramento
O presente exercício financeiro foi caracterizado por algumas alterações ao quadro
regulamentar da actividade bancária, nomeadamente no que se refere aos mercados
monetário e de títulos e sobre as regras de contabilização de algumas operações bancárias.

Neste contexto, destaque para o Aviso nº1/04, de 17 de Março, que num ambiente de
relativa estabilidade monetária e como sinal ao caminho a percorrer pelas taxas de juro
no mercado, estabeleceu uma redução significativa das taxas de redesconto do Banco
Central. Na mesma senda, e visando dinamizar o mercado monetário interbancário,
foram estabelecidas taxas de juro e modelos de contrato para as operações de cedência
de liquidez naquele mercado.

No contexto da supervisão das instituições bancárias, o departamento a quem compete


tal tarefa, o DSI, estabeleceu um novo sistema de envio de informação por parte dos
bancos, através do aplicativo “BSA” que se espera venha a conferir maior segurança,
celeridade e qualidade dos dados remetidos ao BNA para um melhor acompanhamento
do sistema. Foram igualmente estabelecidas as regras de contabilização de operações
com títulos de dívida pública, incluindo os bilhetes de tesouro. Por outro lado, no
interesse dos utilizadores do sistema bancário nacional e da sã concorrência entre as
instituições, foi emitida uma directiva que orienta os bancos no sentido de fixarem um
preçário de informações ao público, abarcando todas as operações com a clientela.

Paralelamente ao processo de reestruturação do BNA, continuou em revisão o quadro


regulamentar do sistema financeiro com vista à sua conformidade às normas internacionais.
Fazem parte deste pacote, entre outras, as normas sobre um novo plano de contas,
metodologia de consolidação de contas, sistemas de controlo interno e de gestão de
riscos, auditoria interna e externa, cálculo das provisões e operações com produtos
derivados e branqueamento de capitais.

2. Cobertura geográfica
Dando claros sinais de crescimento e incentivo ao desenvolvimento da actividade
económica, a rede bancária conheceu relativa expansão, com a entrada em actividade
de mais um banco ( NovoBanco), direccionado para o mercado do micro-crédito e de
cerca de trinta novos balcões. No total, o mercado contou com doze bancos licenciados
e onze em funcionamento, havendo um total de aproximadamente cento e sessenta
balcões disseminados por toda a extensão do país, oferecendo ao mercado serviços
financeiros num ambiente de crescente competitividade.

No mercado de câmbio manual registou-se também alguma expansão na sequência da


dinamização encetada pelo BNA para esta franja do sector financeiro, com destaque
para a redução do requisito de capital inicial. Estavam a funcionar 15 casas de câmbio
espalhadas por esta ordem: Luanda, Huíla, Benguela, Cabinda, Kwanza Sul e Bié.

Relatório e Contas 04
143

3. Estrutura patrimonial e indicadores económico-financeiros


O exercício financeiro de 2004 foi caracterizado por uma drástica redução da taxa de
inflação, que apresentava em Dezembro um acumulado de cerca de 31%, continuando
a tendência de taxas na ordem de dois dígitos já registado no exercício precedente.

Considerando este efeito, os activos totais do sistema bancário registaram um crescimento


real de apenas 8%, contra os 34,6% registados no ano anterior.

Em 2004 o património bancário cifrou-se em Kz 320,6 biliões, registando um crescimento


nominal de cerca de 40% sobre o montante de Kz 226,4 biliões, apurado em 2003.

Na estrutura dos activos, há a destacar que numa análise separada por rubricas, depois
de longos anos, o Crédito sobre clientes passou a ser em Dezembro de 2004 o activo
de maior peso com 27% dos investimentos do sistema bancário, superando em 1,4 pontos
percentuais a rubrica Aplicações em instituições de crédito, que durante muito tempo
representou o maior activo dos bancos da praça. Esta tendência de alteração das operações
das instituições bancárias vinha sendo já sinalizada durante o ano de 2003 com o
Crédito a atingir 25% dos recursos activos totais.

Assim, a intermediação financeira pura, traduzida no volume de crédito outorgado pelo


sistema na base do volume de depósitos captados, apresentou um rácio de 42%. Trata-se
de um indicador bastante encorajador se atendermos que por força da legislação em
vigor, os bancos são obrigados a ter, no mínimo, metade dos seus depósitos no exterior.
Ainda assim, começa a ser evidente o retornar da banca para a sua vocação tradicional:
canalizar as poupanças para o investimento. Em 2003, o rácio crédito/depósito situou-se
em 37,4%.

O sector privado da economia, à semelhança dos últimos anos, foi o principal beneficiário
com cerca de 85% dos recursos disponibilizados pelo conjunto das instituições
bancárias, onde se destacam os sectores de comércio e serviços.

No passivo, os depósitos assumem a fonte tradicional de financiamento da actividade


bancária, com 72% do total do passivo, registando porém um decréscimo de quatro
pontos percentuais relativamente ao peso que apresentava no final de 2003. Os depósitos
à ordem são ainda a rubrica de maior expressão, representando neste exercício 81%
dos recursos captados e um crescimento de cerca de 26% em relação ao período homólogo.
Esta situação mostra que a previsão de redução dos depósitos à ordem, como efeito da
apreciação da moeda nacional ainda não se verifica. As razões podem estar no facto da
remuneração da poupança a prazo apresentar ainda valores reais negativos, bem como
no aumento dos depósitos à ordem via negociação das Obrigações do Tesouro por parte
dos agentes económicos.

Relatório e Contas 04
145

4. Rendibilidade
Este nível de intermediação permitiu ao sistema bancário um produto bancário de cerca
de Kz 27,13 biliões face aos cerca de Kz 23,4 biliões do período homólogo. Pela
primeira vez, depois de longos anos, a rendibilidade bancária foi significativamente
suportada por uma margem financeira de Kz 10,6 biliões, o que representa cerca de
40% do produto bancário. O resultado proveniente do comércio de divisas e reavaliação
cambial dos activos deixou o lugar cimeiro na estrutura de proveitos, tendo contribuído
no produto bancário com 24%, apenas 5 pontos percentuais acima das comissões recebidas
que totalizaram 19% daquele resultado.

A remuneração líquida dos activos (ROA) foi de 4,11% ao passo que o retorno dos
capitais próprios investidos foi de 24,25%. Comparativamente ao período anterior a
remuneração líquida do activo do sistema bancário manteve-se praticamente igual, ao
contrário da remuneração do investimento accionário que diminuiu em cerca de dois
pontos percentuais. Este ligeiro decréscimo nos indicadores de rendibilidade e a prepon-
derância da margem financeira relativamente aos proveitos resultantes do comércio de
divisas e reavaliação cambial, revela que o sistema bancário está a conhecer um claro
crescimento do processo de intermediação financeira e ao mesmo tempo maior com-
petitividade do negócio.

5. Indicadores de natureza prudencial


O cumprimento das normas prudenciais pelo sistema bancário é de um modo geral
satisfatório, quer do ponto de vista da adequação do capital investido face ao risco dos
activos, quer em termos de requisito mínimo regulamentar de capital.

O capital mínimo dos bancos situou-se, em média, acima do mínimo regulamentar de


USD 4 milhões e a estrutura dos fundos próprios proporcionou um rácio de solvabilidade
consolidado de 19,60%, com um crescimento de 1,5 pontos percentuais comparativa-
mente ao registado em 2003, apesar do crescimento do nível de crédito à clientela. Por
outro lado, este indicador situa-se consideravelmente acima do padrão de 8% requerido
internacionalmente e de 10% requerido a nível nacional, constituindo-se, em média,
num factor de segurança do sistema bancário da praça.

6. Perfil de riscos
Nas actuais circunstâncias da economia nacional, em geral, e do sistema financeiro, em
particular, os riscos mais expressivos da actividade bancária são o risco de crédito, o
risco de variação cambial e o risco de liquidez. O risco de crédito, que decorre da
incapacidade do mutuário em honrar os seus compromissos junto do banco, tem como
explicações a ainda alta taxa de inflação, a alta taxa de juros, a fragilidade das garantias
e do sistema judicial e os deficientes métodos de avaliação do perfil do mutuário por
parte dos bancos. Em Dezembro de 2004 a qualidade dos activos situou-se em níveis
aceitáveis, representando o crédito vencido, ou seja activos em risco de perda no total
da carteira de crédito consolidada de cerca de 8%, ao passo que o risco de deterioração
dos fundos próprios investido pelo conjunto das instituições bancárias situou-se em
13,6%.

Relatório e Contas 04
147

O risco cambial, que decorre da probabilidade de perdas nas posições activas e passivas
dos bancos, derivadas de uma variação das taxas de câmbio, é ainda bastante acentuado
em função dos desequilíbrios de que ainda se recente a economia angolana. No final
do ano em análise, a exposição cambial líquida dos bancos representava 64% dos fundos
próprios do sistema. Uma forte apreciação da moeda nacional em relação ao dólar
Americano, traduzir-se-ia em perdas consideráveis para os bancos, na medida em que
estes mantêm a maior parte dos seus investimentos em ME.

O risco de liquidez que decorre da incapacidade dos bancos em fazer face às suas
responsabilidades à medida que se vão vencendo, é uma característica do sistema pelo
facto de haver ainda grande preferência pela liquidez por parte dos agentes económicos
(depósitos a ordem versus depósitos a prazo pouco atractivos), explicada pela inflação,
pelo alto grau de dolarização da economia e também pelos requisitos de reservas
obrigatórias do Banco Central que sobre os depósitos em moeda estrangeira faz o
recolhimento em moeda nacional . Para além destes riscos, existe fortes razões para
crer que o risco operacional, que decorre de deficiências de controlo interno, de fraudes,
de falhas de sistemas e outros factores externos, seja elevado no sistema.

Porém, pela sua complexidade e inexistência de técnicas para a sua mensuração, não
tem merecido a atenção que requereria noutras circunstâncias. O risco reputacional,
que decorre da falta de confiança e segurança num banco ou no sistema em razão de
ineficiência, incumprimentos regulamentares, má prática bancária, erros de gestão, etc.,
é outro risco que, paulatinamente vem diminuindo, no sistema bancário nacional, so-
bretudo no seguimento às medidas de liberalização do mercado encetadas pelo BNA e
que tiveram início em Maio de 1999, bem secundada pelos grandes avanços registados
nos dois últimos anos, nomeadamente a rápida desaceleração da inflação e a relativa
estabilização da moeda nacional.

Relatório e Contas 04
149
Sistema de Pagamentos de Angola

Relatório e Contas 04
151

As principais acções empreendidas no Sistema de Pagamentos de Angola (SPA) durante


o ano de 2004, todas em consonância com o “Projecto SPA – Arquitectura e Estratégia
de Implementação”, foram as seguintes:

1. Publicação da Lei do SPA


Em Julho/2004 o Projecto de Lei do SPA, elaborado em 2002, foi analisado no fórum
dos Vice-Ministros e, após a incorporação ao texto das recomendações daquele órgão
colegial, aguardava-se a sua aprovação pela Assembleia Nacional.

2. Sistema de pagamentos a retalho


a. Rede MULTICAIXA de ATMs e POSs partilhada por todos os bancos

Em Luanda, a Rede MULTICAIXA estava instalada em 79 Caixas Automáticos (ATMs) e


173 Terminais de Pagamento Automático (POSs). A extensão da rede para as demais
Províncias estava na dependência do aumento da capacidade de processamento da rede.

A média do crescimento, tanto do volume de transacções, quanto do montante de


levantamentos e pagamentos na rede, foi de cerca de 8% ao mês. A emissão de cartões
cresceu em torno de 12% ao mês.

Para melhorar a eficiência e a disponibilidade da Rede MULTICAIXA foram implementadas


as seguintes medidas:

• com o objectivo de equacionar o problema decorrente do dimensionamento


inicial da plataforma de processamento, conjugado com a falta de optimização
da combinação sistema operativo/base de dados/arquitectura aplicacional,
foi adquirida nova plataforma dimensionada para 1,5 milhões de
transacções/mês, podendo ser escalada até 3 milhões de transacções/mês.
O processo de migração para a nova plataforma teve início em Novem-
bro/2004, tendo sido concluída até Dezembro de 2004 a migração para a
nova plataforma (AIX) as fases 1 e 2 do projecto de migração (processos de
batch – processamento de ficheiros, produção lógica de cartões e proces-
samento – e aplicação EPMS-1). As fases 3 e 4 do projecto de migração
(migração da base de dados de DB2 para Oracle e da aplicação EPMS-1
para EPMS-2) serão concluídas até Março/2005;

• foram feitas intervenções na arquitectura da rede de comunicações. A rede


colectora de TPA’s em linha comutada passou a ser suportada por POP’s
digitais e, para a rede colectora de ATM’s e de TPA’s de linha dedicada,
iniciou-se a migração da tecnologia X25 para Frame Relay;

• para melhorar a supervisão e monitoramento da rede foi iniciado o desen-


volvimento aplicacional de ferramenta apropriada, designada por SIMGRE.

Relatório e Contas 04
153

b. Emissão e acquiring de cartões de crédito em Angola


Durante o ano de 2004 foram realizadas pesquisas e encontros para a definição da estratégia
a ser adoptada em Angola relativamente à emissão e acquiring de cartões de crédito.

A estratégia de negócio foi definida em Novembro de 2004 e, consoante essa estratégia,


a VISA está trabalhando junto com os bancos interessados na respectiva afiliação àquela
Rede de Pagamentos para a emissão de cartões, bem como na elaboração do Plano de
Negócios para a criação em Angola de uma empresa de acquiring (JAC).

Por outro lado, a EMIS tem vindo a trabalhar, com o suporte da SIBS, para a sua certificação
junto à VISA como processadora.

No contexto da estratégia definida, é obrigatório que em Angola haja uma única rede
de Caixas Automáticos (ATMs) e Terminais de Pagamento Automático (POSs), ou seja,
todos os ATMs e POSs instalados em Angola deverão ser certificados para a realização
de transacções com cartão MULTICAIXA, VISA ou outra bandeira de sistema de paga-
mento internacional que venha a ter bancos afiliados que operam em Angola.

c. Serviço de compensação de valores


Foram introduzidos novos procedimentos no Serviço de Compensação de Valores (SCV),
de forma a preparar o sistema financeiro angolano para a compensação electrónica de
cheques e de transferências de fundos, a retalho, trocadas através de ficheiros, sendo os
principais:

• Centralização em Luanda da troca física e da compensação de documentos


de crédito (DC) e Ordens de Saque (OS);
•● Centralização da compensação de Cheques em Luanda na mesma data em
que é efectuada a respectiva troca física do cheque em Luanda, Benguela,
Cabinda ou no Lubango;
•● Geração de ficheiro para os bancos destinatários dos documentos, de forma
que os mesmos possam processar automaticamente a compensação recebida,
com o ganho de todos os benefícios decorrentes da substituição do processo
manual de redigitação de documentos pelo processamento electrónico.

No contexto da preparação da compensação electrónica foi alterada a padronização do


número bancário angolano e adoptado o IBAN como norma do endereço bancário dos
clientes, bem como padronizada a linha de leitura óptica do cheque.

d. Plano para pagamento dos salários da função pública


Foi constituído por despacho governamental um Grupo de Trabalho para elaborar um
Plano Operacional para o Pagamento de Salários da Função Pública (PPSFP), com os
seguintes objectivos principais:

Relatório e Contas 04
155

•● Assegurar a pontualidade e a fiabilidade dos pagamentos aos funcionários


públicos e a beneficiários do Estado;
• Contribuir para o controlo da massa salarial da função pública;
• Contribuir para o controlo da despesa pública;
• Contribuir para o controlo do quadro de efectivos da função pública.

Para a elaboração do PPSFP foi adoptada uma metodologia de preparação e mobilização


dos intervenientes no processo dos pagamentos; análise das infra-estruturas existentes
(aplicações informáticas, rede de comunicação, procedimentos e rotinas, etc.) e análise
e planeamento futuro.

O PPSFP, na análise e planeamento futuro, além de ressaltar os factores críticos de


sucesso, descreve as seguintes medidas cuja implementação propõe: criação de um
calendário de pagamentos; robustecimento do Sistema Folha de Pagamento; criação de
uma unidade de missão do PPSFP; introdução de novos instrumentos de pagamentos e
reforço dos existentes; abertura do serviço de pagamento de salários a outros operadores.

O PPSFP, cuja elaboração teve início em Outubro de 2004, foi concluído em Dezembro
de 2004, tendo sido submetido ao fórum decisório competente.

3. Liquidação de transacções no mercado monetário e financeiro


Para o suporte do registo, processamento e liquidação dos títulos de emissão do Banco
Nacional de Angola (BNA) e do Tesouro e das operações com esses instrumentos no
mercado monetário e financeiro está instalada no BNA uma aplicação modular (book
entry system) denominada Sistema de Gestão de Mercado e Activos (GEMA).

O fornecedor do Sistema GEMA anunciou a descontinuidade de suporte técnico. Em


decorrência, o BNA tomou a decisão de substituir o Sistema GEMA por um SISTEMA
mais amigável com tecnologia aberta e flexível, facilitando a introdução de novas
funcionalidades, requisitos e interfaces relacionados com o mesmo para a custódia dos
títulos escriturais de emissão do Tesouro e do Banco Nacional de Angola, bem como o
registo e liquidação das operações com os referidos títulos.
Para implementar a decisão do BNA foram elaborados os Termos de Referência do novo
SISTEMA, encontrando-se em fase de análise para deliberação pelo Conselho de
Administração do BNA.

4. Sistema de pagamentos por bruto em tempo real


Durante o ano de 2004 tiveram continuidade as acções relacionadas com a imple-
mentação do Sistema de Pagamento Angolano em Tempo Real (SPTR), tendo sido
aprovado pelo BNA o Documento Relatório Inicial do SPTR que descreve todas as
funcionalidades, requisitos de infra-estrutura técnica, planos iniciais de testes e treina-
mento e requisitos de gestão do projecto para a implementação do SPTR no BNA e sua
interligação com os usuários. As seguintes actividades relacionadas com a implementação
do SPTR também foram executadas:
.

Relatório e Contas 04
157

a) Elaboração do caderno de encargos, avaliação do concurso internacional


e aquisição do HARDWARE do SPTR;
b) Início das obras de engenharia das centrais de processamento (principal e
de backup) do BNA. Essas centrais serão entregues com todos os equipamentos
de segurança física recomendados para ambientes da espécie instalados. A
previsão de entrega é, respectivamente, Março e Agosto de 2005;
c) A empresa operadora do POP SWIFT instalado em Angola foi autorizada a
prestar serviços também para as entidades do sector financeiro. Para atender
ao funcionamento do SPTR diversas componentes SWIFT e de redes foram
instaladas tanto no BNA quanto nos Participantes;
d) Desenvolvimento das interfaces para a comunicação e transporte de
mensagens entre os sistemas internos do BNA e o SPTR;
e) Elaboração dos seguintes projectos: Manual de Normas e Procedimentos
do SPTR (MNP-SPTR) (coordenado pelo BNA e com participação de todos
os bancos); Manual de Procedimentos e Rotinas Internas do BNA (MPI-
SPTR) (elaborado com a participação de todas as Unidades do BNA que
tenham relacionamento com o SPTR); Manual de Procedimentos e Rotinas
Internas do Participante (cada Participante do SPTR elaborou o respectivo
MPI); Contrato para a Participação no SPTR.

Relatório e Contas 04
159
Relações com Organismos Internacionais

Relatório e Contas 04
161

A. Comunidade de Desenvolvimento da África Austral – SADC


Dentre as actividades desenvolvidas no âmbito da SADC durante o ano de 2004, são de
ressaltar a 18ª e 19ª Reuniões do Comité de Governadores dos Bancos Centrais da
SADC (CCBG), realizadas de 28 a 30 de Abril em Gaberone, Botswana, e de 1 a 3 de
Setembro em Pretória, África do Sul, respectivamente. Às referidas reuniões estiveram
presentes todos os Bancos Centrais membros, dignamente representados pelos seus
Governadores, com a excepção do Banco Central das Ilhas Seicheles, país que solicitou
a sua retirada da SADC, com efeito desde 1 de Julho de 2004.

1. Nova Parceria para o Desenvolvimento em África (NEPAD)

Conforme deliberado na reunião de 30 de Abril, o Secretariado do CCBG manteve um


encontro com o Sr. C. Ngcukana, Director Geral Adjunto do Secretariado da NEPAD a
11 de Agosto. Nesse encontro, foi abordada a interacção e a cooperação entre os dois
secretariados, tendo o Secretariado da NEPAD manifestado a sua disposição em apoiar
o Secretariado do CCBG, na busca de financiamentos a serem utilizados especialmente
nas acções de reforço de capacidades e na elaboração de pesquisas sobre questões de
política monetária e sua formulação.

2. Projecto de Modelo de Lei de Banco Central

Considerando as assimetrias existentes nas legislações bancárias da região, a reunião de


Agosto de 2003, deliberou que o Projecto de Modelo de Lei de Banco Central fosse
adoptado como guião nas eventuais e futuras revisões das leis orgânicas dos respectivos
bancos centrais. O referido projecto circulou entre os bancos centrais membros
conforme deliberado.

3. Memorandos de Entendimento (MOUs)

Os Ministros das Finanças e Investimentos reunidos em Março, analisaram o MOU sobre


Investimentos, aprovaram a Adenda ao MOU sobre Desenvolvimento de Instituições
Financeiras e bem como orientaram a introdução de ligeiras alterações nas redacções de
alguns artigos do MOU sobre a Harmonização dos Quadros Legais e Operacionais dos
Bancos Centrais da SADC, de modo a reflectir as suas preocupações específicas, tendo
o Comité Director reunido com essa finalidade a 27 de Agosto.

Os Governadores anotaram com satisfação a aprovação, por parte dos Ministros das Fi-
nanças e Investimentos da Adenda ao Desenvolvimento de Instituições Financeiras, bem
como da intenção destes em realizar uma reunião com os Ministérios Públicos.

4. Desenvolvimento do Protocolo de Finanças e Investimentos

Os Ministros das Finanças e Investimentos haviam indicado o mês de Junho como prazo
para a finalização do projecto do Protocolo de Finanças e Investimentos, tendo para o
efeito o Secretariado da SADC preparado o esboço do projecto de Protocolo Zero, que
é uma estrutura global suportada por anexos reportados aos MOU já desenvolvidos.

Relatório e Contas 04
163

Os Governadores foram informados de que, considerando a existência de MOU


pendentes, os Ministros deliberaram que a estrutura do Protocolo fosse concluída
utilizando-se a informação disponível, permitindo que, uma vez concluídos, os MOU
em falta fossem incluídos como anexos.

5. Plano Indicativo de Desenvolvimento Estratégico Regional (RISDP)

Os Governadores foram informados da aprovação do RISDP pelo Conselho e pela


Cimeira dos Chefes de Estados e de Governos da SADC em Agosto de 2003. O Presidente
em exercício da SADC, sua Excelência Sr. Benjamin Mkapa, Presidente da República
Unida da Tanzânia, procedeu ao seu lançamento a 12 de Março do mesmo ano. Por
outro lado, os Governadores foram informados de que os Ministros concordam que os
Estados Membros comecem a empreender acções tendentes ao alcance das metas macro-
económicas e outras iniciativas no domínio das finanças e investimentos, previstas no RISDP.
O referido plano foi distribuído aos Governadores, em versões actualizadas em inglês,
português e francês, de acordo com a língua oficial de cada país membro.

6. Unidade de Monitorização e Controlo do Desempenho Macro-económico (MSPU)

O Comité foi informado de que, na sequência da adopção do RISDP, os Ministros


aprovaram o estabelecimento de uma MSPU interina em que trabalhariam dois técnicos
apoiados pelo Secretariado da SADC, sendo a mesma financiada inteiramente pelos
Estados Membros. De igual modo, os Governadores foram informados de que os
Ministros reputam ser importante que os Estados Membros preparem os seus relatórios
de monitorização, controlo e de desempenho interno e que os remetam anualmente ao
Secretariado da SADC.

Na reunião de Setembro, os Governadores foram informados de que o Conselho de


Ministros da SADC homologou a recomendação do Comité Integrado de Ministros
(CIM), para que os Estados membros designem funcionários para o MSPU. O CIM orientou
que os Estados membros preparassem os seus programas de convergência macro-
económica e que os submetesse aos Ministros das Finanças e aos Governadores dos
Bancos Centrais, antes da sua próxima reunião, a realizar-se em Maio/Junho de 2005.
Por outro lado, os Governadores foram informados da obrigatoriedade dos Estados membros
remeterem os seus relatórios sobre monitorização, supervisão e desempenho, no final
do mês de Janeiro de cada ano.

7. MOU sobre Harmonização dos Quadros Legais e Operacionais dos Bancos Centrais
da SADC

Os Governadores tomaram conhecimento e congratularam-se com a decisão saída da


reunião dos Ministros realizada em Março, que apontava o mês de Junho de 2004
como data limite para conclusão do projecto de Protocolo e de todos os MOU pendentes,
incluindo o jurídico.

Relatório e Contas 04
165

O Comité Director para os Quadros Legais e Operacionais dos Bancos Centrais da SADC
reuniu-se a 27 de Agosto, para se debruçar sobre as sugestões e preocupações apresentadas
pelos Ministros das Finanças, relativamente ao respectivo MOU, na sequência da sua reunião
realizada a 10 de Agosto de 2004. Da referida reunião saíram as seguintes conclusões:

Os Governadores tomaram conhecimento do MOU Legal revisto que foi submetido à


apreciação dos Ministros das Finanças.

Os Governadores também tomaram conhecimento das novas propostas de alterações


apresentadas pelos Ministros das Finanças, reconhecendo os esforços dos juristas que
se reuniram a 27 de Agosto de 2004 em Pretória, para melhorar a redacção de alguns
pontos controversos do documento:

8. Sistemas de Pagamento, Compensação e Liquidação da SADC

Os Governadores tomaram conhecimento das várias acções desenvolvidas no âmbito do


projecto sobre Sistemas de Pagamento, Compensação e Liquidação, através do relatório
de progresso e respectivos anexos reportados à evolução nos países membros, apresentados
à reunião. De igual modo, os Governadores foram informados de que, o designado Livro
Verde do projecto seria publicado no decurso do quarto trimestre de 2004, tendo
aprovado dentre outras, a realização das seguintes acções:

Acção de refrescamento sobre supervisão dos sistemas de pagamentos, dado o défice


existente nesse domínio, bem como a criação de uma estrutura de supervisão a nível da
Equipe do Projecto;

Workshop de três dias sobre modelos transfronteiriços, no decurso do mês de Julho,


devendo as despesas de deslocação e acomodação serem custeadas através da doação
do Banco Mundial.

Relativamente ao documento intitulado Guia para o Desenvolvimento de uma Estrutura


Estratégica para a Modernização dos Sistemas de Pagamento publicado em 2002, os
Governadores foram informados de que, durante os últimos seis meses, o mesmo havia
recebido aclamações de vários países e organizações, incluindo do Banco Mundial e do BIS.

9. Associação Bancária da SADC

As linhas gerais do projecto, assim como o relatório das actividades desenvolvidas durante
o período que antecedeu a realização da reunião, foram apresentadas pelo Sr. Cas
Coovadia, Presidente da Associação. Os Governadores tomaram conhecimento do
referido documento e do respectivo anexo 1, reportado à Visão Geral do Ambiente
Normativo e Institucional das Parcerias Público Privadas (PPP) em Moçambique. Os
Governadores mostraram-se satisfeitos com o facto de a Associação valorizar a sua
interacção com o CCBG, estando convencidos de que esta interacção afigura-se im-
portante, à luz dos esforços de integração regional que têm actualmente vindo a ganhar
um certo ímpeto.

Relatório e Contas 04
167

10. Controlos Cambiais na SADC

Os Governadores tomaram conhecimento do relatório apresentado pelo Sub Comité de


Controlos Cambiais, o qual espelha em síntese as acções desenvolvidas desde Agosto
de 2003, bem como o progresso alcançado no âmbito do processo de liberalização
cambial nos países da SADC, reportados como Anexos I e II ao relatório apresentado.
Os Governadores também tomaram conhecimento do documento intitulado Controlos
Cambiais na SADC: Informação Específica por País, tendo aprovado e deliberado o
seguinte:

• Para fins de comparabilidade, a informação sobre a liberalização dos controlos


cambiais que especifica os limites monetários nos países, deve ser reportada
em dólares ao invés das moedas locais;
• A constituição do Sub-Comité deverá manter-se a mesma até a conclusão
do processo de elaboração do MOU, de acordo com a recomendação feita.
Após a aprovação do MOU pelos Ministros e à luz da recomendação feita,
a composição do Sub-Comité deverá obedecer os seguintes critérios:
• Que a constituição seja feita obedecendo ao princípio de rotatividade
alfabética por um período de dezoito meses, com o Banco de Moçambique
a ser substituído pelo Banco Central da RDC; e
• Para efeitos de continuidade, que Angola, África do Sul e a Tanzânia,
mantenham-se membros do Sub-Comité.

11. Estabelecimento do Sub-Comité de Supervisão Bancária do CCBG

Este assunto foi discutido em separado pelos Governadores dos Bancos Centrais que
compõem o Grupo de Trabalho e o Presidente do CCBG, tendo decidido que o Presidente
do CCBG escrevesse ao Presidente do ESAF com cópia para os restantes Governadores,
orientando-o a reportar-se ao CCBG como grupo de supervisão da SADC.

A reunião de Setembro, produziu as seguintes conclusões relativamente ao assunto:

• Visando dar impulso a criação do corpo de supervisão bancária do


CCBG, os Governadores aprovaram a realização de um workshop para
peritos em matéria de supervisão bancária, realizado no decurso do
quarto trimestre na África do Sul, no qual foram finalizados o programa
de trabalho e os termos de referência;

• Os Governadores tomaram conhecimento e aprovaram as linhas de força


propostas para o funcionamento do sub comité de supervisores bancários
da SADC;

Relatório e Contas 04
169

12. Banco de Dados e Observatório de Micro-Finanças da SADC

Os Governadores tomaram conhecimento do relatório da Organização Internacional


do Trabalho (OIT), sobre o Banco de Dados e Observatório de Micro-Finanças na SADC,
tendo aprovado as recomendações saídas do workshop realizado em Janeiro e os
seguintes planos para o período até a reunião de Setembro:

• Que cada ponto focal de micro-finanças implemente o seu plano de


acção tendente a eliminação dos gaps;
• Que a segunda ronda de colecção de dados comece em Março e termine
em Julho;
• Que os dados recolhidos sejam remetidos a OIT que os analisará; e
• Que a OIT remeta um relatório com os novos dados na reunião de
Setembro dos Governadores dos Bancos Centrais da SADC.

13. Desenvolvimentos Económicos Recentes e Estatísticas dos Países da SADC

Os Governadores tomaram conhecimento do documento intitulado Desenvolvimentos


Económicos Recentes e Estatísticas para os Países da SADC, e à luz da decisão saída da
reunião de Agosto de 2003, segundo a qual o documento integrado com a mesma
designação deve ser elaborado anualmente, os Governadores analisaram e discutiram
o documento elaborado pelo Banco das Maurícias, apresentado pelo respectivo Governador
à reunião de Setembro, tendo-o considerado excelente.

Porém, considerando o compromisso assumido no âmbito da convergência macro-


económica, o Plano Indicativo de Desenvolvimento Estratégico Regional (RISDP) e o
Protocolo de Finanças e Investimentos, os Governadores aprovaram a partilha do
documento com os Ministros das Finanças;

Por outro lado, considerando que o documento é apresentado com periodicidade anual
nas reuniões de Agosto/Setembro, obedecendo ao princípio de rotatividade de apresentação
pelos bancos centrais, os Governadores foram informados de que o Banco de Moçambique
deverá elaborar o documento a ser apresentado à reunião de Setembro de 2005.

14. Comité Sub Regional da ABCA para a África Austral

A Agenda da reunião continha os seguintes assuntos:

• Progressos alcançados na implementação do Programa de Acção para


a Cooperação Monetária Africana (PACMA);
• Cooperação com a União Africana;
• Contribuições aos orçamentos da ABCA, referentes a 2003 e 2004 e situação
dos atrasados;
• Submissão dos Instrumentos de Adesão a ABCA;
• Gestão das Contas da ABCA e Nomeação dos Auditores Externos;
• Tema e Local para a realização do Simpósio 2004
.
Relatório e Contas 04
171

Para abordagem desta questão, os Governadores reuniram-se sob a presidência da Sra.


Governadora do Banco do Botswana, Presidente do sub-comité Regional para a África
Austral da ABCA, tendo na ocasião, passado em revista os assuntos acima mencionados,
e abordado as questões debatidas durante a reunião extraordinária da ABCA e o simpósio,
realizado sob o tema “O papel dos Bancos Centrais na integração monetária”, realizados
de 28 a 30 de Março em Tripoli, Líbia, com enfoque para o discurso proferido pelo líder
líbio, Mohamar Al-Khadafi. Porém os Governadores dos Bancos Centrais da SADC,
membros do Sub-Comité regional da África Austral, não concordam com o fenómeno
aceleração, introduzido pelo discurso do líder líbio no Programa de Cooperação
Monetária Africana (PCMA) e na criação do Banco Central Africano (BCA).

Os Governadores foram unânimes em orientar a presidente do sub-comité, a escrever


ao presidente do Bureau, manifestando o seu profundo desacordo pela forma como a
questão está a ser tratada, bem como reiterar que o sub-comité da região Austral considera
válido e actual o Programa de Acção e Cooperação Monetária Africana (PACMA)
aprovado na reunião da Argélia em 2002.

Os Governadores concluíram que deveriam reportar convenientemente os seus respec-


tivos Chefes de Estado por formas a que o PACMA seja implementado nos prazos pre-
viamente acordados.

B. Fundo Monetário Internacional – FMI


Angola é membro do Fundo Monetário Internacional desde 1989, altura em que rubricou
o acordo de adesão àquela instituição de Bretton Woods, e de acordo com os seus
estatutos tem beneficiado de visitas anuais de equipas técnicas da instituição, ao abrigo
do Artigo IV do Acordo Constitutivo do Fundo, referente as consultas aos Estados membros.
De referir que nos termos do referido artigo, o FMI leva a cabo discussões bilaterais
anuais com os estados membros.

Relativamente ao período em revisão, importa referir que no decurso do primeiro semestre


uma missão do FMI visitou Angola, de 15 a 27 de Abril. O objectivo principal da referida
missão foi avaliar a dimensão dos dados macro-económicos compilados e as condições
dos dados disponibilizados, bem como solicitar a troca de informações económicas
importantes entre as autoridades angolanas e as missões do FMI. A missão congratulou-se
com os recentes esforços feitos pelo BNA no sentido de melhorar a compilação das
estatísticas da dívida externa, utilizando o sistema de software de análise financeira e
gestão da dívida (DMFAS).

Uma outra missão do FMI esteve em Luanda de 7 a 21 de Julho, para discutir com as
autoridades angolanas questões pertinentes no âmbito do Artigo 4. No final da missão,
foi produzida uma declaração em jeito de conclusão, que realça os progressos significativos
alcançados no sentido da estabilização macro-económica durante o ano de 2003.

Deslocou-se a Washington uma delegação angolana afim de participar nas Assembleias


Anuais do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI), realizadas
de 1 a 4 de Outubro. Das questões retractadas nos discursos dos governadores presentes

Relatório e Contas 04
173

à reunião, destacam-se duas principais, nomeadamente o optimismo no tocante a retoma


global da economia e o pedido de aumento da ajuda aos países em desenvolvimento,
e de aproveitamento do crescimento mundial para a realização de reformas.

Por último esteve em Luanda, no dia 2 de Novembro, o Sr. Takatoshi Kato, Director-
Geral Adjunto do FMI, cuja visita ao País visou manter contactos de trabalho com as au-
toridades económicas angolanas.

C. Instituto de Gestão Macro-económica e Financeira da África Austral


e do Leste – MEFMI
Angola é membro do Instituto de Gestão Macro-económica e Financeira da África Austral
e do Leste (MEFMI) desde a sua fundação em 1997, tendo beneficiado de acções de
formação no domínio da gestão macro-económica e financeira.

O objectivo principal do MEFMI é a criação de capacidade sustentada nos países membros,


através da promoção de acções de formação nos domínios macro-económico e financeiro.

Durante o ano em análise, para além das várias acções de formação realizadas pelo
Instituto nos distintos países membros incluindo Angola, no quadro do seus programa
anual de actividades, destaca-se a realização em Luanda de 14 a 25 de Junho do Seminário
sobre Sistema de Grandes Pagamentos, no âmbito do programa de cursos especiais em
português para Angola. O objectivo principal do referido seminário foi a definição das
operações do Sistema de Pagamentos e do RTGS e da relação entre o Sistema de
Pagamentos e a Política Monetária.

No âmbito do programa multidisciplinar do MEFMI, realizou-se de 21 a 22 de Junho de


2004, em Londres, Reino Unido, o Fórum dos Governadores do MEFMI. O referido
fórum é um evento anual que permite a troca de ideias e experiências em torno de um
tema, apresentado por distintos oradores de instituições conceituadas. O tema em
discussão foi sobre “Gestão de Risco”.

Outro evento realizado em Luanda no âmbito das acções de formação do MEFMI, foi o
Seminário sobre o Quadro Legal e Regulador das Reformas do Sector Financeiro, que
teve lugar de 12 a 16 de Julho de 2004. Do evento participaram técnicos dos Ministério
das Finanças, do Planeamento e do Banco Nacional de Angola, para além de participantes
provenientes dos países membros da instituição. O objectivo principal do evento foi
criar entre os profissionais ligados às questões jurídicas e financeiras uma consciência
crítica sobre o impacto da gestão do sector financeiro.

D. Grupo Banco Africano de Desenvolvimento – BAD


O Banco Africano de Desenvolvimento é uma instituição regional multilateral engajada
na promoção do desenvolvimento económico e no progresso social dos países membros,
através da concessão de empréstimos, doações e acções de assistência técnica. Foi
fundado em 1964 e deu início às suas actividades em 1966, com sede em Abidjan, Côte
d’Ivoire, contando com 77 membros, dos quais 53 africanos e 24 de outros continentes.
Angola é membro do BAD, tendo como Governador o Ministério das Finanças e o BNA
como suplente.
Relatório e Contas 04
175

Uma delegação do BNA, participou de 25 a 26 de Maio em Kampala, Uganda, na


Assembleia Anual do Grupo Banco Africano de Desenvolvimento. Dentre os vários
assuntos abordados na assembleia, são de ressaltar os seguintes: (i) Apresentação do
Relatório do Comité Director Misto; (ii) Eleição dos membros do Bureau e do Comité
Director; (iii) Eleição dos Directores Executivos do BAD e selecção dos Directores
Executivos do FAD; (iv) Criação da facilidade africana para o sector das águas; (v) O
papel do BAD no seio da NEPAD; e (vi) Apresentação do relatório anual e de balanço
financeiro referente ao ano 2003.

E. Banco Africano de Exportação e Importação - AFREXIMBANK


O Banco Africano de Exportação e Importação (AFREXIMBANK) com sede no Cairo,
Egipto, é uma instituição vocacionada para o financiamento do comércio internacional,
fundada em 1993 por governos africanos, investidores privados africanos, instituições
financeiras nacionais e instituições financeiras não africanas, com o objectivo de facilitar,
encorajar e desenvolver o comércio intra e extra africano. Angola é accionista fundador
desta instituição, tendo subscrito o seu capital no valor de USD 4 milhões.

De acordo com os objectivos para os quais foi criado, o Banco concede vários tipos de
apoios financeiros, designadamente: financiamento pré e pós exportação; abertura/confir-
mação de cartas de crédito; garantias de crédito à exportação; financiamento de projectos
voltados para a exportação, etc. Essas facilidades são geralmente concedidas por intermédio
de instituições financeiras denominadas Intermediários de Financiamento de Comércio
(IFCs). Porém, em determinadas circunstâncias, o Banco pode conceder empréstimos
directamente aos exportadores.

Dentre as actividades desenvolvidas pelo Banco durante o ano em análise, destaca-se a


realização da 11ªAssembleia Geral de Accionistas, ocorrida de 26 a 28 de Agosto em
Abidjan, Côte d´Ivoire. A referida Assembleia foi, como habitualmente, antecedida por
um colóquio realizado pelo Grupo Consultivo do Banco sobre o Comércio e o Desenvolvi-
mento, subordinado ao tema: “Desenvolvimento dos Exportadores Indirectos, Con-
glomerados Industriais e Desenvolvimento de Grupos de Fornecedores: uma estratégia
para o desenvolvimento das exportações em África”. No decorrer do certame, foi também
aproveitada a oportunidade para a realização de uma exposição comercial subordinada
ao tema: “Dez anos de Comércio Africano e Finanças: Desenvolver as Exportações por
via do processamento de Matérias-Primas”, coincidindo com a comemoração do 10.º
aniversário da criação do AFREXIMBANK, cujas actividades tiveram lugar no dia 26
de Agosto.

Um dos pontos dominantes desta 11.ª Assembleia Geral de Accionistas do AFREXIMBANK,


foi a nomeação do novo Presidente do Banco, dado o facto de o Presidente cessante ter
terminado o seu segundo mandato. De acordo com o Artigo 25 (1) dos Estatutos: “A
Assembleia Geral dos Accionistas por recomendação do Conselho nomeará o Presi-
dente por maioria de votos dos detentores de todas as acções emitidas”. Após adopção
em Dezembro de 2003 do Programa de Sucessão e dos procedimentos que deveriam
reger esse processo, foram recebidas no total 52 candidaturas e aquando da primeira
ronda foram apurados seis (6) candidatos. Numa segunda ronda de avaliação, tendo

Relatório e Contas 04
177

em consideração os Termos de Referência Específicos aprovados, ficaram somente


três candidatos que receberam as seguintes pontuações: (i) Jean-Louis EKCRA de nacionali-
dade Ivoiriense – 77.10; (ii) Ahmed EL-BARDAI de nacionalidade Egípcia – 70.70; e (iii)
Arnold EKPE – 70.40 de nacionalidade Nigeriana.

O Conselho de Administração na sua sessão de 23 de Maio, adoptou as recomendações


do Comité por ele criado, que seleccionou os três últimos candidatos mas, não chegou
a recomendar um candidato à Assembleia Geral para ser nomeado como Presidente do
Banco, como estipula os Estatutos, pelo facto de não ter chegado a um consenso.

Ao analisar-se a questão na Assembleia Geral dos Accionistas, houve um debate acalorado


entre os accionistas em volta das questões sobre considerar ou não o “ranking” obtido
para cada um dos seleccionados, bem como sobre a legitimidade do Egipto na qualidade
de País anfitrião da sede do Banco apresentar um candidato, pelo que, ficou acordado
convocar-se no prazo de um mês, em Abuja, Nigéria, uma Assembleia Geral Extra-
ordinária para eleger o Presidente do AFREXIMBANK, ficando durante este período
interino, a Presidência a ser assegurada pelo actual Presidente cessante.

F. Associação dos Bancos Centrais Africanos – ABCA


O objectivo principal da Associação dos Bancos Centrais Africanos é promover a cooperação
monetária entre os Bancos Centrais dos países do continente, em prol do fortalecimento
das economias nacionais e alinhar pontos de vista comuns em questões de índole
monetária e financeira, no contexto internacional.

Relativamente às acções levadas a cabo pela ABCA durante o período em análise,


destaca-se a realização da 28.ª Assembleia Ordinária, ocorrida de 29 a 30 de Julho em
Yaounde, Camarões. Como tem sido hábito, a reunião foi antecedida por um simpósio
no dia 29 de Julho, subordinado ao tema: “O papel dos Bancos Centrais nos seus es-
forços sobre a prevenção e lavagem de dinheiro: cooperação e troca de experiências”.

Da agenda de trabalhos constava a abordagem de diversos assuntos, dentre os quais se


destacam:

a) Análise do relatório de actividades da Mesa da Assembleia Geral referente ao


ano 2003;
b) Relatório da reunião extraordinária da ABCA realizada no dia 23 de Maio, em
Entebe, Uganda;
c) Relatório de Etapas sobre a implementação do Programa de Cooperação Monetária
Africana (PCMA).

De referir que durante a assembleia foi eleito o Governador do Banco Central dos Estados
da África Central para a Presidência da ABCA, ao passo que o Governador do Banco
Central do Gana foi eleito para a Vice-Presidência da instituição. Ficou acordado que a
29.ª Assembleia da instituição terá lugar no Gana, em data a anunciar. De igual modo,
a Assembleia decidiu que o simpósio para 2005 seja realizado sob o tema: “A supervisão
baseada no risco bancário: implicações do Acordo de Basileia II”.

Relatório e Contas 04
179

G. Banco de Portugal
O Banco Nacional de Angola (BNA) tem vindo a participar desde 1991 nos encontros
anuais de Lisboa, que por via de regra antecedem as assembleias anuais do Fundo
Monetário Internacional e do Banco Mundial. Esses encontros que reúnem anualmente
os Bancos Centrais dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e o Banco
de Portugal, este último na condição de anfitrião, apontam como objectivos principais
o estreitamento da cooperação entre os diversos bancos e a preparação da sua participação
nas Assembleias Anuais do FMI/Banco Mundial.

O quadro da cooperação entre o Banco Nacional de Angola e o Banco de Portugal


durante o ano em análise foi positivo, tendo o mesmo se resumido no conjunto de
acções levadas a cabo por aquela instituição bancária no domínio da prestação de
assistência técnica às diversas unidades de estrutura do BNA, bem como no intercâmbio
através de visitas e frequência de estágios por parte de técnicos e responsáveis do BNA
naquela instituição.

A cooperação bilateral com o Banco de Portugal assenta nas seguintes vertentes:

i. Assistência Técnica

ii. Mesas Redondas/Encontros

iii. Visitas/Estágios

iv. Cursos/Seminários

De referir que no quadro das acções inseridas no programa de cooperação entre as duas
instituições referente ao ano em análise, realizaram-se algumas acções em Luanda e
Lisboa, para além de outras não previstas no programa, mas oportunamente solicitadas
pelo BNA.

Relatório e Contas 04
181
Perspectivas para o Ano de 2005

Relatório e Contas 04
183

De acordo com o Programa Geral do Governo para o biénio 2005-2006, prevê-se para
o referido período a consolidação dos ganhos já obtidos e o aprofundamento da correcção
dos desequilíbrios macro-económicos ainda existentes. Para tal, dentre os objectivos
específicos definidos, destaca-se no domínio macro-económico os seguintes:

1. Consolidação do processo de estabilização macro-económica garantindo a estabilidade


monetária, cambial e a redução da inflação;
2. Reabilitação das infra-estruturas;
3. Diversificação e aumento da produção interna de bens e serviços;
4. Revitalização da economia rural e restabelecimento dos circuitos económicos e
comerciais em todo o território nacional;
5. Apoio ao desenvolvimento do sector privado;
6. Aumentar o nível geral do emprego e melhorar progressivamente a remuneração
do trabalho.

Na área específica do Banco Central as acções a desenvolver em 2005 visam o aperfeiçoa-


mento do sistema financeiro nacional, destacando-se as seguintes acções prioritárias:

• Incentivar a expansão dos serviços financeiros a todo o território nacional;


• Reforçar a estrutura de supervisão bancária;
• Obter a promulgação de legislação sobre a recuperação e falência de
instituições financeiras;
• Apoiar as propostas legislativas e os procedimentos conducentes à efectiva
criação do mercado de valores mobiliários;
• Regular o repatriamento dos resultados obtidos pelos investidores estrangeiros
no sector financeiro;
• Aperfeiçoamento dos mecanismos de controlo e monitorização dos mercados
financeiros.

Consta ainda das prioridades do Banco Central em 2005, incentivar a criação e


desenvolvimento de bancos com especialização regional e sectorial, bem como a formação
das cooperativas de crédito para apoiar as pequenas actividades económicas.

Assim, para o ano 2005 perspectiva-se que a taxa de inflação registe uma variação anual
acumulada de 15% ao passo que, espera-se que o Produto Interno Bruto registe uma variação
de 16,1%, resultante do crescimento do sector petrolífero em 21,4% e do sector não
petrolífero em 10,4%. De salientar igualmente que, a exemplo do ano anterior espera-se
que as Reservas Internacionais Líquidas registem um aumento, desta feita, na ordem dos
USD 654 milhões.

Relatório e Contas 04
185
Balanço e Contas

Relatório e Contas 04
187

Contas do BNA dos exercícios de 2001 a 2004

1 - Apresentação
Nos termos previstos no artigo 84º da Lei Orgânica do Banco Nacional de Angola,
apresentam-se os documentos de síntese contabilística (balanço, demonstração de resultados
e mapa de fluxos de caixa), relativos aos exercícios económicos encerrados em 2001,
2002, 2003 e 2004, aprovados pelo Conselho de Administração do banco.

A divulgação dos referidos documentos em simultâneo, sugeriu ao Banco Nacional de


Angola a elaboração de um relatório pautado por uma análise dinâmica, orientada para
a forma como tem evoluído o banco central, através da comparação das contas dos
referidos exercícios, mas igualmente do ano 2000, pelo que nesta conformidade optamos
por ilustrar o presente relatório com números expressando uma moeda mais estável
como o dólar norte americano.

O período a que o presente relatório faz referência, enquadra o ponto de viragem do


processo de liberalização económica iniciado em Maio de 1999 com a aprovação do
pacote monetário e cambial, e que foi consolidado com o conjunto de medidas que o
Banco Nacional de Angola adoptou em Fevereiro e Agosto de 2003. Contudo, embora
o processo de correcção das distorções macroeconómicas tenha iniciado em 1999, os
efeitos mais significativos na gestão das políticas monetária e cambial, ocorreram apenas
no ano de 2003, tendo-se consolidado em 2004.

O permanente monitoramento dos agregados monetários e em particular o ajustamento


da liquidez da economia, tem originado custos financeiros mais elevados, não compensados
por outros proveitos e não resguardada ainda devidamente, de um maior equilíbrio na
utilização de títulos do Banco Central e de Títulos do Tesouro, estes mais dependentes
das necessidades de tesouraria do Estado, aqueles como substituto parcial dos bilhetes
do Tesouro, como instrumento de intervenção para consolidar os excessos de liquidez
do sistema bancário e da economia em geral.
A extinção do Banco CAP-Caixa de Crédito Agropecuária e Pescas, em Maio de 2000,
para além de haver evidenciado um conjunto de direitos de crédito do BNA não
regularizados, fez criar a partir daquela data um significativo custo suplementar com o
seu pessoal que não foi possível integrar nas actividades do banco central, a que
acrescendo a responsabilidade de pagamento de pensões de reforma, envolve um
contraproducente volume de custos operacionais que urge sanear.

As contas anuais do banco foram fiscalizadas por auditores externos que se pronunciaram
igualmente sobre as demonstrações financeiras.

Derivado fundamentalmente do facto de a recuperação da contabilidade ter sido feita,


em alguns casos, a partir de elementos extra-contabilísticos os auditores encontraram al-
gumas distorções e limitações, não tendo transmitido opinião favorável em relação às
contas dos exercícios de 2001, 2002 e 2003. Todavia, fruto dos esforços empreendidos
e das melhorias dos sistemas de contabilidade e de controlo internos, muitas das limi-
tações foram superadas, tendo os auditores, relativamente ao exercício económico de

Relatório e Contas 04
189

2004, transmitido uma opinião favorável sobre as demonstrações financeiras, que não
contêm distorções materialmente relevantes, e apresentam de forma apropriada a situação
financeira do Banco Nacional de Angola, bem como os resultados das operações no
referido exercício, de acordo com os princípios contabilísticos e critérios valorimétricos
descritos nos anexos às referidas demonstrações.

2 – Aspectos relevantes
Antes de outra apresentação de mais pormenor dos principais documentos contabilísticos,
evidenciam-se alguns aspectos que assumem maior relevância na análise da situação
contabilística e financeira do Banco Nacional de Angola.

2.1 - Recuperação da contabilidade

A informação contabilística e financeira, vinha enfermando de sucessivos atrasos, nunca


se tendo conseguido apresentar as contas anuais dentro dos prazos estabelecidos. Os
sucessivos atrasos eram fruto de um sistema centralizado de administração financeira e
de uma contabilidade insuficientemente computorizada, situação entretanto agravada
com a destruição e extravio de expediente e documentação contabilística e a fuga de
quadros em algumas áreas do país.
Ainda que as contas do quadriénio 2000/2003 só nesta data estejam a ser apresentadas,
a apresentação igualmente nesta data, do estado das contas de 2004, é fruto dos esforços
empreendidos de recuperação da contabilidade e do aprimoramento dos sistemas de
controle e do instrumental informático, podendo hoje, o Banco Nacional de Angola,
assegurar a devida oportunidade e regularidade da informação contabilística e financeira, e
cumprir em anos vindouros, os prazos de apresentação de contas segundo os preceitos legais.

O BNA apostado em potenciar uma cultura assente em critérios cada vez mais rigorosos
e transparentes, está a empreender o reforço da fiabilidade quer dos seus próprios
instrumentos e modelos de gestão, quer da informação que deve prestar sobre a sua
situação financeira.

2.2 - Capital social

O capital estatutário do banco fixado pela lei orgânica de Abril de 1997, no valor de kz
5.000.000,00 equivalente então a cerca de 30 milhões de us$, correspondia no final de
2004, apenas a usd$ 58.382,00

Por força dos elevados níveis de inflação a que o país tem estado sujeito, o capital social
do banco ficou completamente exposto à erosão, uma vez que não existe qualquer
fórmula instituída para proteger os capitais da depreciação da moeda nacional.

O funcionamento do ex- Banco CAP, S.A.R.L que desde a sua constituição foi suportado
financeiramente pelo BNA, fundamentalmente através de operações de redesconto, não
regularizadas por aquele banco até à sua extinção, contribuiu igualmente e, em grande
medida, para a situação, uma vez que os valores financiados estavam domiciliados em
moeda nacional. O saneamento e, em particular, o ónus financeiro da liquidação

Relatório e Contas 04
191

daquela entidade de capitais públicos, embora assumida pelo tesouro público, não se
concretizou porém, ainda, na proporção dos valores financiados.

Na falta da referida fórmula, e não se tornando possível constituir uma reserva alimentada
com os resultados obtidos em cada exercício, a incorporar paulatinamente no capital,
visto que nos três últimos exercícios o banco exerceu a sua actividade com um saldo de
prejuízos, o Banco Nacional de Angola deverá obter do Governo, através do Ministério
das Finanças, a dotação de fundos, ou a transferência para propriedade do banco, de
títulos do tesouro negociáveis nos termos do artº 5º da sua Lei orgânica.
Importa notar, que em 1997, o capital existente até essa data, havia sido totalmente
absorvido pela desvalorização da moeda, e que a realização do capital, fixado pela Lei
orgânica aprovada pela Assembleia Nacional em Fevereiro de 1997, resultou da incorporação
de reservas de reavaliação (do imobilizado) constituídas até aquela data, não se tendo
concretizado para o efeito, qualquer desembolso do orçamento do Estado, que tivesse
o condão de, com meios mais líquidos, rejuvenescer os capitais do banco.

Em qualquer instituição bancária, o capital social é uma referência incontornável para


medição da solvabilidade, e embora em um banco central este conceito tenha outra
dimensão, não se pode descurar e adiar ainda mais a recapitalização do BNA, importando
repor a um nível mais adequado e conseguir uma relação mais equilibrada entre os
capitais próprios e o passivo, e igualmente entre os capitais próprios e os activos,
nomeadamente os activos fixos e os activos de menor liquidez.

2.3 - Resultados dos exercícios

Não cuidando por enquanto e aqui de buscar as causas o que é certo é que os resultados
dos exercícios, registaram uma linha de decréscimo, até atingir em 2003 o resultado
negativo do equivalente de us$ 93.739.581,00, já acrescido de us$ 21,8 milhões de
provisões, e em 2004, o resultado negativo do equivalente de us $ 63.119.766,00.

O artº 87º da lei orgânica do Banco Nacional de Angola, estabelece que caso o resultado
do exercício seja negativo, o Ministério das Finanças emitirá títulos da dívida pública a
favor do banco, pelo montante que se tornar necessário para que a situação seja sanada,
pelo que, na linha de recomposição dos capitais próprios do banco, recorrer-se-à ao
Governo, para colmatar esta deficiência de meios não libertos pela gestão dos dois
últimos exercícios.

3 - Notas ao balanço
3.1- Em Dezembro de 2004 os activos do banco central cifravam-se no equivalente de
usd 1.925,0 milhões a que corresponde um aumento de usd 698,5 milhões em relação
a 2003, isto é um incremento de 57 %. De notar que os activos do banco central no final
de Dezembro de 2003, cifravam-se no equivalente de usd 1.226,5 milhões a que
correspondeu um aumento da ordem de usd 190 milhões relativamente a 2002, isto é,
um incremento de 18,4%.

Relatório e Contas 04
193

Por outras palavras, os activos do banco central de 2002 a 2004 quase que duplicaram
(+85,9 %).

3.2 - Este aumento é explicado principalmente pelo significativo incremento dos activos
sobre o exterior que de usd 371,3 milhões em 2002, se dimensionaram em usd 635,5
milhões em 2003 (cerca de + 70%), e usd 1.384,6 milhões em 2004 (+ 117% rela-
tivamente a 2003 e + 273% relativamente a 2002 ) sendo de assinalar uma forte con-
tribuição dos depósitos a prazo no estrangeiro ( 85% do total em 2003 e 92,4% em 2004).

Na verdade, uma vez que se tem registado uma diminuição do crédito interno, por força
da interdição do crédito ao Estado, e da regularização de parte do crédito anteriormente
assumido pelo Ministério das Finanças, tem sido a melhoria significativa dos activos
sobre o exterior, a explicar o aumento do activo.

3.3 - Relativamente ao imobilizado, o seu valor está muito próximo da realidade depois
do trabalho de registo da reavaliação levado a cabo a partir de 1999, apesar de tudo,
ainda não concluído.

No final de 2004, o valor líquido do imobilizado registado no balanço (usd 151,0 milhões),
resultado de usd 186,0 milhões de imobilizações brutas e de usd 35,0 milhões de amor-
tizações acumuladas, e que representa um aumento de 5,8 milhões de dólares, rela-
tivamente ao exercício anterior, não reflecte porém, com propriedade, o intenso
movimento de investimentos em curso registado em 2003 e 2004.

Com efeito a título de aquisições e imobilizações em curso, o BNA registou em 2004


um volume de usd 14,7 milhões a que acresceu usd 48,2 milhões de empreendimentos
transitados de 2003, neutralizados contudo, em boa parte, por um conjunto de abates
e alienações que a instituição foi forçada a realizar, face a alguns bens sujeitos a elevado
deperecimento e que contribuiram para apresentar um rosto diferente ao imobilizado,
inserindo-se essa acção no processo de reavaliação do estado de conservação e do valor
de substituição, então empreendido.

3.4 - No que diz respeito às participações financeiras, isolando perfeitamente as cir-


cunstâncias da participação no capital da EMIS (sociedade operadora do sistema de
pagamentos de Angola, vulgarmente rede multicaixa) conforme autorização expressa
na lei nº 5/01 da Assembleia Nacional, o BNA no quadro de ajustamento do seu
património às disposições da sua lei orgânica, pretende prescindir da participação que
ainda detém na Enave- Estaleiro Naval de Luanda Lda, posição que havia sido adquirida
em 1971 pelo então Banco de Angola SARL e que em consequência transitou automáti-
camente para o Banco Nacional de Angola.

3.5 - Ao já referido aumento dos activos da ordem de usd 698,5 milhões (+ 57 %),
contrapôs-se em 2004 um aumento do passivo da ordem de usd 769 milhões ( + 67,9%)
que de usd 1.133,6 milhões passou a registar o valor de usd 1.902,6 milhões, e um
decréscimo dos capitais próprios do banco central a representar apenas usd 22,4 milhões
e com o capital social a corresponder a irrisórios us $ 58.382,00.

Relatório e Contas 04
195

3.6 - No final de 2003 o aumento do passivo em usd 241 milhões ( usd 892 milhões para
usd 1.133 milhões ), era grandemente explicado pela necessidade de acorrer às necessidades
da economia nacional em moeda, tendo a rubrica “Notas e moedas em circulação”
registado um acréscimo de usd 122 milhões relativamente ao ano anterior, isto é, de usd
391 milhões para usd 513 milhões.

Em 2004, embora se tenha voltado a registar um incremento do equivalente de usd


144,6 milhões de “Notas e moedas em circulação”, foi o aumento do conjunto das
operações de absorção de liquidez, uma boa parte das quais, visando a cobertura das
necessidades de tesouraria do Estado, que explicou em grande medida o aumento
do passivo.

Com efeito registou-se em 2004, um aumento de usd 467,9 milhões de títulos do


Tesouro em carteira do banco central ( de usd 163,3milhões para usd 631,2 milhões ),
a que acrescendo usd 181,3 milhões de aumento do volume de reservas das instituições
financeiras no banco central, explica 84,3% ( + usd 649,3 milhões ) do aumento verificado
no passivo. Por outras palavras, o aumento do passivo foi amplamente induzido pela
necessidade de utilização de instrumentos de política monetária, para nivelamento
da liquidez.

3.7 - Ainda antes do conjunto de medidas de controlo de liquidez tomadas no âmbito


da política monetária, no decorrer do 2º semestre de 2003, e com vista a salvaguardar
um volume de stocks compatíveis com as necessidades impostas pela procura que era
crescente, o BNA aumentou o volume de emissão de papel moeda. Porém, fruto do
conjunto de medidas de controlo de liquidez, o incremento do saldo residual da rubrica
“Notas e moedas em circulação”, não se tem traduzido no acréscimo de papel-moeda
em poder do público e dos bancos, mas sim uma maior retenção do meio circulante em
poder das caixas do banco central e das suas delegações regionais, como se demonstra
a seguir, expresso em milhões US$:

2004 2003 2002


Notas emitidas 1.849,8 843,1 562,5
Notas em cofres fortes 1.187,9 310,2 165,7
Saldo 657,9 513,3 391,6
(Retenção no BC ) 64% 36% 29%

3.8 - O decréscimo dos capitais próprios do banco, é fortemente influenciado pelos


resultados negativos dos dois últimos exercícios, cujas razões se comentará adiante.

Contudo, não podemos escamotear a total incongruência da estrutura dos capitais, com
o capital social em linha de progressivo declínio por força da desvalorização, e as reservas
(fundamentalmente de reavaliação do imobilizado) a conferir algum equilíbrio a essa
desajustada estrutura.

Relatório e Contas 04
197

Tal como já referenciado, é urgente a recapitalização do BNA.

3.9 - Conquanto uma estrutura de capitais pouco equilibrada, marcada pela insuficiência
de capitais próprios e resultados de sinal negativo transitados dos últimos exercícios,
em decorrência do facto de o financiamento por capitais alheios estar provindo ( e. em
crescendo ), de passivos de certo modo neutros, como a provisão do papel moeda ou
os títulos do tesouro, e considerando que contràriamente ao verificado no exercício de
2002 em que o aumento do crédito interno líquido em usd 443,00 milhões viciou
profundamente a variação de caixa, os movimentos de financiamento têm primado por
um sinal positivo e em progressivo aumento, como se demonstra a seguir, no resumo
dos mapas de fluxos de caixa, expresso em milhões US$:

2004 2003 2002 2001 2000


Fluxo das activ. Financiamento 877,1 449,6 400,3 91,6 1.133,5
Activ. Invest. 12,1 12,7 (-445,4) (-21,6) (-6,0)
Activ. Operac, (-91,5) (-102,2) (-34,2) 96,2 (-28,9)
Variação de caixa 797,7 360,1 (-79,3) 166,1 1.098,5

O carácter perverso da actividade de financiamento no exercício de 2000, marcado pela


elevada desmobilização de depósitos e outras responsabilidades de residentes, que ex-
plicou cerca de 70% do financiamento ( contràriamente a 2004 por exemplo ), foi sub-
stituido por accções de absorção de liquidez, mais consentâneas com os novos rumos
da política monetária.

4 – Notas à demonstração de resultados


4.1- A evolução da margem financeira, do produto bancário e dos resultados, para lá de
outros saldos intermediários de gestão, no período 2000/2004 é apresentada no quadro
a seguir, com os indicadores expressos em milhões de US$:

Designação 2004 2003 2002 2001 2000


Margem financeira ( -6,3) (-48,6) (-33,2) (-44,0) 15,0
Comissões e outros proveitos 88,0 91,0 95,6 245,1 88,5
Produto bancário líquido 81,7 42,4 62,4 201,1 103,5
Custos com o pessoal 87,3 77,2 56,4 43,0 30,1
Outros custos 56,0 30,8 12,8 17,7 18,6
Resultado bruto de exploração (- 61,6) (-65,6) (- 6,8) 140,4 54,8
Amortizações 2,6 8,9 2,0 3,0 2,8
Margem de cobertura de riscos (-64,2) (-74,5) (- 8,8) 137,4 52,0
Provisões ----- 21,8 0,3 137,1 51,9
Resultado de exploração (-64,2) (-96,3) (- 9,1) 0,3 0,1
Ganhos extraordinários 1,1 2,6 9,3 ------ -----
Resultado líquido (-63,1) (-93,7) 0,2 0,3 0,1
Cash Flow (-60,5) (-63,0) 2,5 140,4 54,8

Relatório e Contas 04
199

4.2 - Uma primeira leitura dos indicadores leva a extrair as seguintes conclusões

a) O resultado líquido acabou por ser sempre profundamente mitigado no período 2000
a 2002, por força do elevado montante de provisões constituídas como necessidade de
cobertura dos riscos advenientes da recuperação de activos e passivos em moeda
estrangeira e de desvalorização cambial, ritmo de provisionamento entretanto abrandado
em 2003, o que não obstou, um resultado líquido negativo nesse ano (usd 93,7 milhões)
explicado por uma diminuição do produto bancário, tornado insuficiente para cobertura
de despesas operacionais, como igualmente aconteceu em 2004 apesar da melhoria do
resultado cifrado em - usd 63,1 milhões .

b) Fruto da prevalência de uma margem financeira sempre negativa, com excepção do


exercício de 2000, não obstante a obtenção de outros proveitos financeiros, o produto
bancário líquido ainda que positivo vinha seguindo uma linha de contínuo decréscimo,
mostrando-se insuficiente a partir de 2001/2002, para conter os acréscimos de salários
e outros benefícios sociais assim como demais despesas operacionais, contribuindo
dessa forma para minguar a margem de cobertura de riscos que em 2003 e 2004 se
mostrou bastante negativa, contrariamente ao que se verificava em anos anteriores.

c) A melhoria sensível da margem financeira em 2004, por enquanto ainda negativa,


contribuiu para que nesse ano, o produto bancário líquido quase que duplicasse relativa-
mente ao exercício anterior. A melhoria da margem financeira e do produto bancário
líquido, contribuiu para uma melhoria do resultado líquido em 2004 da ordem de usd
30,6 milhões ainda assim minimizado pela rigidez das despesas com o pessoal, potenciada
por um turnover (rotação de pessoal) contraproducente, e pelo aumento de outros custos
operacionais.

4.3 - Comportamento da margem financeira e do produto bancário

a) Juros e custos equiparados

O pagamento de juros pelos TBC (Títulos do Banco Central) emitidos, tem vindo a
crescer, uma vez que a sua emissão e juros a pagar, têm um custo elevado para o BNA,
sendo que os juros respeitantes à emissão de títulos do banco central, absorveram por
si só, 97% e 96% do total de juros e custos equiparados, cifrado em usd 41,8 milhões
e usd 57,8 milhões, respectivamente em 2004 e 2003.

Deverá ser potenciada a utilização de bilhetes do tesouro, passando os TBC de uma


utilização muito regular, a ter um carácter mais supletivo.

Entendemos porém, que as operações de um banco central destinadas a executar a


política monetária ou a política cambial, não devem ser restringidas por questões de
custos. Para a sociedade em geral, será muito maior o custo, caso houvesse um descontrolo
sobre a inflação ou uma crise cambial por exemplo. Sem descurar preocupações relati-
vamente aos custos com a emissão de títulos, a preocupação maior deverá ser a eficiência
da política monetária e só depois a dívida e os respectivos custos por emissão de títulos.

Relatório e Contas 04
201

b) Juros e proveitos equiparados


Juros de crédito interno

Estando interdito o crédito directo ao Estado, o valor registado nesta rubrica ( usd 27,8
milhões em 2004 e usd 4,8 milhões em 2003 ), refere-se ao montante de juros auferido
pelos bilhetes do tesouro que o banco central adquiriu.
Não se tratando de um acto de gestão sistemático, os proveitos dessa proveniência
devem ser tidos como acessórios, não se perseguindo como objectivo, a cobertura
proporcional dos custos com a emissão dos títulos da carteira do banco central, cujo
valor tem sido nítidamente superior.

c ) Juros e proveitos equiparados


Juros de disponibilidades e aplicações sobre não residentes

Não obstante o aumento das reservas internacionais de 2002 para 2003, o incremento
verificado não se traduziu no aumento dos rendimentos das aplicações financeiras no
exterior, devido à redução das taxas de juros no mercado internacional para as aplicações
nos tradicionais e muito comuns depósitos à ordem e a prazo.

O significativo incremento das reservas externas em 2004, explicou em grande medida


o aumento das receitas provenientes de juros de disponibilidades e aplicações sobre
não residentes, como se pode verificar a seguir, expresso em dólares norte americanos:

2004 2003 2002


Juros de aplicações 7.249.224 3.459.974 3.118.911
Juros de disponibilidades 467.552 898.999 1.202.558
7.676.776 4.358.973 4.321.469

Para além do indispensável aumento das reservas internacionais, passará a buscar-se


outras aplicações de rentabilidade mais elevada, consequentemente de maior risco e
menor liquidez.

d) Resultados de operações financeiras

A redução do spread entre as taxas de câmbio de compra e venda, tem provocado um


decréscimo de ganhos nas operações cambiais, e por outro lado a apreciação da moeda
nacional registada no 2º semestre de 2003, resultou num prejuízo implícito na reavaliação
dos stocks (reavaliação cambial), que se traduziu na redução de 2002 para 2003 de usd
24,0 milhões de receitas dessa proveniência. Não tendo o mecanismo de ajustamento
inflectido como ocorrido em 2004, embora nominalmente se tenha registado uma ligeira
diminuição, em termos reais, obtiveram-se ganhos neste domínio, situação que será
melhor confirmada em 2005.

Relatório e Contas 04
203

e) Comissões

Logo que obtida, a completa centralização no BNA, quer dos impostos da concessionária
petrolífera nacional, quer de outros recursos da conta única do tesouro, os rendimentos
desta proveniência poderão aumentar em escala, pelas comissões respeitantes às ordens
de pagamento emitidas, estando o Banco Nacional de Angola a estudar a cobrança de
outros serviços, que poderão contribuir para o incremento dos seus rendimentos brutos.

4.4 - Comportamento dos custos operacionais

A evolução dos custos operacionais e a medida em que os mesmos absorveram o


produto bancário gerado, isto é, o “cost-to-income”, é dado pelo seguinte quadro resumo,
expresso em milhões de US$

Indicadores 2004 2003 2002 2001 2000


Produto bancário 81,7 42,3 62,4 201,0 103,6
Custos operacionais 145,7 116,7 71,2 63,7 51,5
a) Pessoal 87,3 77,2 56,4 43,0 30,1
b) Forn. Serv. Externos 32,9 23,4 10,0 15,5 15,7
c) Custos c/ emissão 13,9 5,5 0,8 0,7 1,4
c) Amortizações 2,6 8,9 2,0 2,9 2,8
d) Outros custos 9,0 1,7 1,8 1,4 1,4
Cost-to-income ( % ) 178,3 275,8 114,1 31,7 49,7

Tendo observado um rácio “cost-to-income”(custo-rendimento) bastante positivo nos


exercícios 2000 e 2001, o BNA, como resultado da diminuição dos seus proveitos e do
produto bancário, em contra ponto com a evolução em sinal contrário dos seus custos
operacionais, terminou o exercício de 2003 com este indicador bastante degradado,
com uma ligeira melhoria em 2004 dado o já assinalado aumento do produto bancário.

No período 2000/2004, os mais significativos indicadores de gestão tiveram uma


evolução assimétrica: enquanto o produto bancário regrediu 2,5 vezes de 2000 a 2003
e os custos operacionais, por sua vez, aumentaram em idêntica proporção, se estendermos
a análise incluindo o exercício de 2004, constata-se uma inflexão de sinal positivo do
produto bancário que “caíu” apenas 20% se visto no decurso de 5 anos, enquanto que
os custos operacionais progrediram não 2,5 mas 2,8 vezes no mesmo período, com-
provando a já referenciada rigidez dos custos operacionais e designadamente dos custos
com o pessoal.

Não voltando aqui a repetir as razões do comportamento da margem financeira e do produto


bancário líquido, importará sim evidenciar o comportamento dos custos operacionais.

Não obstante se tenha registado em 2003 e 2004, um aumento dos “custos de forneci-
mentos e serviços externos” quando comparado com os exercícios anteriores, o progressivo

Relatório e Contas 04
205

aumento dos custos com pessoal, que no decurso de 5 anos progrediram 2,8 vezes e
continuam a representar, cerca de 60% dos custos operacionais, constitui indiscutivelmente
o factor mais negativo de degradação dos custos operacionais e dos indicadores de
gestão da instituição

4.4.1 – Análise dos custos com o pessoal

Uma abordagem, sobre a contribuição do pessoal, entendido não como um custo mas
como um “recurso”, no desempenho de qualquer instituição bancária, considera habitual-
mente as vertentes de análise do funcionamento (nº de empregados, nº médio de
empregados por balcão, nº médio de clientes por empregado etc) e a análise de produ-
tividade (Activos/nº médio de empregados, custos de estrutura/activos etc).

Não se tratando de um banco comercial ou de um banco com as características de banco


universal, e visto que o “cost-to-income”, em certa medida já nos revela os níveis de
produtividade, teremos de inflectir a análise em outra direcção.

a) A evolução do efectivo

Designação 1999 2000 2001 2002 2003 2004


Técnicos N.D. 255 243 264 285 307
Outros N.D. 1567 1565 1570 1576 1629
Total 1718 1822 1808 1834 1861 1936

A evolução do efectivo não serve por si só, para explicar o aumento dos custos com o
pessoal, não tendo importância determinante para a análise, pois o aumento de 6,2%
do efectivo total no quinquénio 2000/2004 (média anual de crescimento de 1,44%) não
tem qualquer expressão. Aliás, pela sua qualidade, importaria sim evidenciar o aumento
de 20,4% no número de técnicos (+ 52), que portanto cresceu muito mais rápidamente
que o efectivo total, e que grosso modo representou metade do aumento total verificado
no quinquénio, que se situou em mais 114 funcionários.

b) O pessoal do ex- Banco CAP

Embora não fazendo parte do corpo de pessoal no activo, por motivo da sua extinção
(extinção formal a 26 de Maio de 2000 e nomeação da comissão liquidatária pelo despacho
conjunto de 9 de Junho), todo o pessoal do ex Banco CAP que não foi possível integrar
no serviço activo no banco central, passou a constituir um quadro supranumerário de
mais de 900 indivíduos em regime de suspensão da actividade laboral, configurando
uma situação similar a uma pré reforma, pois continuam a receber salários por inteiro e
alguns complementos.

O pessoal do ex- Banco CAP passou a constituir um custo suplementar, a partir de meados
do ano 2000, sendo que os custos com o pessoal que em 1999 representaram o equivalente

Relatório e Contas 04
207

de usd 21,3 milhões subiram para usd 30,1 milhões (mais 41,3%) em 2000 como resultado
da assumpção dessa responsabilidade acrescida.

Refira-se que a prevalência dessa situação, tem implicado a absorção simples e correlata
pelos designados ex-CAP de todos os benefícios proporcionados ao pessoal no activo.
Os reajustamentos à tabela salarial e alguns outros benefícios não têm deixado de
contemplar aquele corpo de pessoal.

c) Pagamento de pensões de reforma

O BNA vem assegurando directamente o pagamento de pensões de reforma a um


conjunto de ex-servidores com mais de 60 anos, actualmente estimado em 400 pessoas,
que em 2004 absorveram usd 12,2 milhões dos custos com o pessoal ( 14% do total ).

Trata-se de um custo que evoluiu de usd 5,7 milhões em 2001 e usd 8,5 milhões em
2002, até atingir mais do dobro em três anos, pois o efectivo de pessoas nessa condição,
aumenta naturalmente de ano para ano, e os mesmos vêm beneficiando, a título de
incremento do valor das pensões, dos ajustamentos salariais proporcionados aos tra-
balhadores no activo.

É uma situação que exige uma equação diferente, pois se é verdade que o banco
pretende proteger os seus ex-servidores da insuficiência das condições do serviço
público de segurança social, poderá procurar fazê-lo com minimização de custos e melhoria
de eficiência administrativa, outorgando a sua gestão a um fundo de pensões autónomo.

A situação está a ser ser equacionada, para contemplar não apenas os actuais reformados,
mas igualmente como forma de acautelar o futuro dos actuais activos. Ainda que o
fundeamento inicial possa constituir um desembolso significativo, é preferível um sacrifício
hoje, em favor de uma gestão mais equilibrada no futuro.

d) Evolução do fundo salarial, complementos e encargos sociais

É certo que os custos com o pagamento de pensões de reforma, bem como a assumpção
do pagamento do designado quadro de pessoal supranumerário da ex-CAP, assumem valores
por demais significativos na estrutura de custos com o pessoal, mas não escamoteamos que
a estrutura e os custos do pessoal no activo, enfermam de algumas situações que não
podem ser negligenciadas
- a existência de subemprego , que o processo de restruturação em curso se encarregará
de evidenciar, face às novas exigências e ao novo estilo e forma de actuação do banco
central;
- uma estrutura do efectivo pouco equilibrada, com o pessoal com formação técnica a
representar apenas 15% do efectivo total, mas com o pessoal administrativo e auxiliar
a representar cerca de 60% do quadro de pessoal;

Relatório e Contas 04
209

4.4.2 – Custos com a emissão de papel-moeda

A este título entendemos salientar os custos que o banco central suporta com a emissão
de notas, indicando-se os respectivos valores em milhões de dólares norte-americanos,
e o respectivo peso específico no conjunto de custos operacionais. Embora com uma dis-
tinta classificação contabilística em “Fornecimentos e serviços de terceiros”, para melhor
análise, agregou-se no quadro a seguir, os encargos respeitantes ao transporte de valores.

2004 2003 2002 2001 2000


Emissão 13,9 5,5 0,8 0,7 1,4
Transporte 4,6 5,7 ND ND ND
Total custos 18,5 11,2 0,8 0,7 1,4
% do total 12,7 9,6 Ind. Ind. Ind.
Transp/ Forn. 14,0 24,4 Ind. Ind. Ind.

Como se pode verificar o universo de encargos com a emissão de papel moeda assim
como o seu transporte no interior do país, tem vindo a crescer até atingir usd 11,2 milhões
e usd 18,5 milhões respectivamente em 2003 e 2004, sendo responsável por 9,6% e
12,7% dos custos operacionais nesses mesmos anos. Por sua vez o transporte de valores
que em 2003 explicou 24,4% dos custos com fornecimentos e serviços de terceiros,
representou 14,0% dos custos nessa rubrica em 2004, proporção igualmente significativa.

4.4.2 – Análise de outros custos operacionais


– Fornecimentos e serviços de terceiros

O comportamento dos custos desta rubrica teve uma variação pouco característica no
período 2001/2003, como se demonstra no resumo referenciado a seguir, expresso em
mil US$ em que se regista uma diminuição sensível dos encargos no exercício de 2002,
quando comparado com 2001.

Fornecimentos e serviços de terceiros (evolução anual )

2004 2003 2002 2001


TOTAIS 32861 23419 10069 15498

Entretanto o volume de encargos registados em 2003, repõe a tendência de aumento que


se vinha verificando até 2001, e que foi prosseguido em 2004.

Na verdade, é extremamente difícil conseguir a compressibilidade dos custos desta


rubrica, pelo contrário, os fornecimentos e serviços prestados por terceiros têm uma
tendência crescente, fruto das características do mercado interno de bens e serviços.

Relatório e Contas 04
211

Importa igualmente salientar, que num período como o de 2003/2004 em que se registou
um intenso movimento de investimentos, nem sempre se tornou possível registar com
precisão, os encargos associados a investimento, daqueles que pela sua natureza
traduzem gastos correntes de exploração.

Por outro lado, 2003 e 2004 representam anos de viragem, em que foi muito marcante,
a necessidade de uma nova abertura ao nível de relacionamento com instituições financeiras
internacionais e da região austral, bem como de outros bancos congéneres, assim como
ao nível de formação e envolvimento da auditoria e consultoria externas, neste último
caso, para resposta mais cabal ao novo papel que o BNA é chamado a desempenhar.

A concentração da instituição no seu core business com a consequente terciarização de


algumas actividades, o aligeiramento das estruturas e a racionalização dos processos de
trabalho, inseridos num programa mais amplo de reestruturação e de racionalização
económica, visando uma mais eficiente combinação de recursos e uma melhor adequação
de tarefas e procedimentos, resultará seguramente numa significativa redução de custos
operacionais.

4.3 – Resultados dos exercícios

Os resultados dos exercícios têm vindo a decrescer, tendo passado a reflectir os tipos de
operações que o BNA começou a realizar para conduzir adequadamente as políticas
monetária e cambial.

Não escamoteando, como é evidente, esse indicador numérico de eficiência, e estando


o BNA perfeitamente ciente das variáveis que afectam a rentabilidade operacional do
banco e das medidas para o seu saneamento, importará porém ter igualmente presente
que um banco central não tem como principal objectivo o lucro, e a sua eficiência não
pode ser medida apenas pelo lucro ou pelo prejuízo, mas sim pela qualidade da política
monetária que conduz.

Este resultado negativo decorre de uma conjuntura interna bem concreta, sendo admissível
que esse custo suplementar da dívida pública deva ser assumido pelo Tesouro como
estabelece a Lei nº 6/97, como de igual modo o BNA repassará ao Tesouro sempre que
da sua actividade operacional resultarem ganhos líquidos.

5 - Notas finais às contas


A queda tendencial das taxas de juro praticamente em todas as latitudes, mas muito em
especial nos países desenvolvidos (Estados Unidos, União Europeia e Japão), tem con-
tribuído para um mediano comportamento da margem financeira da maior parte de in-
stituições bancárias mundiais.

A banca tem procurado alternativas para compensar a quebra de spreads, através do in-
cremento do volume de negócios, por via da busca incessante de comissões e a
diminuição dos custos operacionais.

Relatório e Contas 04
213

Não obstante o cumprimento do papel de banco central e emissor, tenha nuances diferentes
do sistema bancário clássico, os bancos centrais não podem deixar de pautar o seu
desempenho pela racionalidade económica, procurando a todo o momento que a cada
custo seja justificado por um correspondente e cada vez mais acrescido volume de
proveitos.

A ainda recente quão distinta actuação do BNA como banco central, no âmbito do
processo de estabilização macroeconómica, tem obrigado a suportação de custos elevados
para a realização das operações de controlo da liquidez, a que acresce uma inversa
redução dos proveitos das suas outras operações. A estabilização impõe para o BNA
um custo que tem obrigatòriamente de ser suportado em nome e em prol dos superiores
interesses de política económica e monetária do Governo e do Estado.

Nesta fase, torna-se mais relevante controlar a inflação, mesmo que temporáriamente à
custa de maior ónus sobre a dívida pública.

Não perdendo de vista o ressarcimento de custos que não são intrínsecos, incluindo a
regularização de situações herdadas do passado e, a necessidade de investir na capacitação
e reconversão do pessoal, o BNA tem vindo a procurar adaptar a sua estrutura e o modelo
de funcionamento, a parâmetros que tenham por divisa a procura de um acréscimo dos
proveitos e a diminuição dos seus custos operacionais, utilizando sempre que conveniente
técnicas utilizadas no mundo empresarial, dada a comprovada eficácia que as organi-
zações empresarias asseguram na combinação dos seus recursos.

Contudo, para que o BNA possa conduzir a política monetária de forma adequada, é in-
contornável e urgente repor uma relação mais equilibrada entre os capitais próprios e
o passivo da instituição e igualmente entre os capitais próprios e os activos.

O Conselho de Administração do BNA

Relatório e Contas 04
215

BALANÇO DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA

31.12.2001 31.12.2000
Akz Usd Akz Usd
Activo
Activos sobre o exterior 26.439.065,572 827,529,330 21,129,433,261 1,265,050,313
Crédito interno 496,186;328 15,530,379 338,753,910 20,281,694
Imobilizações 2,455,247,064 76,847,985 1,939,595,523 116,126,443
Participações 4,164,292 130,340 9,099 545
Flutuações 3,619,820,864 113,298,555 3,166,702,012 189,595,117
Outros valores activos 1,936,234,496 60,603,159 666,190,038 39,885,779
Total do Activo 34,950,718,616 1,093,939,748 27,240,683,843 1,630,939,891

Passivo e Capitais Próprios

Passivo
Notas e moedas em circulação 9,715,574,023 304,092,534 3,456,643,498 206,954,341
Títulos do Banco Central 3,526,000,000 110,362,010 237,500,000 14,219,475
Depósitos de residentes 5,379,897,493 168,388,060 14,916,867,244 893,094,827
Outras responsabilid.- residentes 421,096,850 13,180,118 1,608,962,992 96,330,986
Respons.externas - não residentes 7,898,973,174 247,233,851 3,792,989,310 227,091,862
Provisões 5,008,079,996 156,750,361 626,079,996 37,484,332
Outros valores passivos 1,268,700,740 39,709,689 589,626,216 35,301,791
33,218,322,276 1,039,716,623 25,228,669,256 1,510,477,614

Capitais Próprios
Capital 5,000,000 156,497 5,000,000 299,357
Reservas 1,868,722,399 58,490,062 1,793,959,907 107,407,024
Ajustamentos 0 0 361,639,546 21,651,893
Resultados transitados (148,584,866) (4,650,631) (150,415,968) (9,005,626)
Resultado do exercício 7,258,807 227,197 1,831,102 109,629
1,732,396,340 54,223,125 2,012,014,587 120,462,277
Total do Passivo e
Capitais Próprios 34,950,718,616 1,093,939,748 27,240,683,843 1,630,939,891

31.12.2001 31.12.2000
Contas Extrapatrimoniais Akz Usd Akz Usd
Garantias prestadas 7,642,284,921 239,199,638 7,642,284,921 457,554,862
Garantias recebidas 38,351,293,525 1,200,376,017 17,795,456,710 1,065,440,222
Compromissos perante terceiros - - 84,735,837 5,073,259
Resp.por prestação de serviços 7,005,631,845 219,272,720 2,592,847,608 155,237,608
Outras contas extrapatrimoniais 15,469,844,642 484,198,284 4,864,730,781 291,258,602

Relatório e Contas 04
217

CONTA DE RESULTADOS DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA

31.12.2001 31.12.2000
Akz Usd Akz Usd
Juros e Proveitos

Juros e proveitos equiparados 422,556,140 13,225,792 375,990,466 22,511,104


Juros e custos equiparados 1,831,283,601 57,318,247 125,063,494 7,487,736
Margem Financeira (1,408,727,461) (44,092,455) 250,926,972 15,023,368

Comissões (Liquido) 298,978,008 9,357,860 367,682,136 22.013,671


Resultados de
Operações Financeiras 7,204,365,103 225,492,970 1,056,783,232 63,271,169
Outros proveitos (Líquido) 329,919,912 10,326,326 54,850,749 3,283,995

Resultado Financeiro 6,424,535,562 201,084,701 1,730,243,089 103,592,203

Custos de Exploração
Custos com o pessoal 1,373,617,828 42,993,540 502,787,493 30,102,628
Fornecimento e serviços
de terceiros 495,164,949 15,498,412 262,032,923 15,688,299
Custos com a emissão de notas 24,750,419 774,676 24,750,419 1,481,844
Impostos e taxas 11,721,803 366,886 2,983,859 178,648
Outros custos e prejuízos 35,651,763 1,115,882 21,612,892 1,293,996
Amortizações do exercício 94,829,885 2,968,127 47,244,711 2,828,610
Total dos custos de exploração 2,035,736,647 63,717,523 861,412,297 51,574,025

Resultados antes de provisões 4,388,798,915 137,367,178 868,830,792 52,018,178

Provisões 4,382,000,000 137,154,375 867,000,000 51,908,568

Resultados antes de result. Extraord. 6,798,915 212,803 1,830,792 109,610

Ganhos extraordinários 459,892 14,394 310 19

Resultado do exercício 7,258,807 227,197 1,831,102 109,629

Relatório e Contas 04
219

MAPA DE FLUXOS DECAIXA

31.12.2001 31.12.2000
Akz Usd Akz Usd
Actividades Operacionais
Resultado líquido do exercício 7,258,807 227,197 1,831,102 109,629
Ajustamentos:
Amortizações 94,829,885 2,968,127 47,244,711 2 ,828,610
Provisões 4,382,000,000 137,154,375 622,500,000 37,269,993
Var. de outros activos e passivos (957,076,500) (29,956,009) 565,849,278 33,878,230
Aumento de flutuação de valores (453,118,852) (14,182,390) (1,721,235,010) (103,052,876)
Fluxos das actividades operacionais 3,073,893,340 96,211,300 (483,809,919) (28,966,414)

Actividades de Investimento
Aumento de crédito interno líquido (157,432,418) (4,927,555) (20,109,650) (1,203,994)
Aumento do imobilizado (531,251,914) (16,627,915) (80,558,249) (4,823,141)
Compra de participações financeiras (4,155,193) (130,055) 0
Fluxos das actividades
de investimento (692,839,525) (21,685,525) (100,667,899) {6,027,135)

Actividades de Financiamento
Aumento da emissão de
notas e moedas 6,258,930,525 195,901,348 2,704,858,829 161,943,886
Aumento dos títulos do
Banco Central 3,288,500,000 102,928,381 230,500,000 13,800,375
Diminuição dos dep.-residentes (9,536,969,751) (298,502,311) 9,809,255,405 587,294,579
Diminuição das outras
resp. residentes (1,187,866,142) (37,179,607) 2,762,593,380 165,400,537
Resp. externas – não residentes 4,105,983,864 128,515,210 3,426,273,562 205,136,049
Fluxo das actividades de
financiamento 2,928,578,496 91,663,021 18,933,481,176 1,133,575,426

Variação de caixa e
seus equivalentes 5,309,632,311 166,188,796 18,349,003,358 1,098,581,877

Caixa e seus equiv. no início


do período 21,129,433,261 661,340,534 2,780,429,903 166,468,436

Caixa e seus equiv. no


fim do período 26,439,065,572 827,529,330 21,129,433,261 1,265,050,313

Relatório e Contas 04
221

BALANÇO DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA

31.12.2002 31.12.2001
Akz Usd Akz Usd
Activo

Activos sobre o exterior 21,782,974,302 371,302,577 26,439,065,572 827,529,330


Crédito interno 26,735,224,006 455,716,352 4 96,186,328 15,530,379
Imobilizações 9,074,458,615 154:679,055 2,455,247,064 76,847,987
Participações 11,320,156 192,958 4,164,292 130,340
Flutuações 0 0 3,619,820,864 113,298,555
Outros valores activos 3,143,598,873 53,584,339 1,936,234,496 60,603,157
Total do Activo 60,747,575,952 1,035,475,281 34,950,718,616 1,093,939,748

Passivo e Capitais Próprios

Passivo
Notas e moedas em circulação 22,974,051,206 391,605,126 9,715,574,023 304,092,534
Títulos do Banco Central 5,332,250,000 90,891,085 3,526,000,000 110,362,010
Depósitos de residentes 15,118,155,622 257,697,137 5,379,897,493 168,388,060
Outras responsabilid. -residentes 511,345,581 8,716,162 421,096,850 13,180,118
Respons. externas – não residentes 6,491,463,225 110,650,501 7,898,973,174 247,233,851
Provisões 570,405,411 9,722,868 5,008,079,996 156,750,361
Outros valores passivos 1,388,932,191 23,675,100 1,268,700,740 39,709,689
52,386,603,236 892,957,979 33,218,322,276 1,039,716,623

Capitais Próprios
Capital 5,000,000 85,228 5,000,000 156,497
Reservas 8,476,447,087 144,485,624 1,868,722,399 58,490,062
Ajustamentos 10,752,545 183,283 0 0
Resultados transitados (141,326,059) (2,408,979) (148,584,866) (4,650,631)
Resultado do exercício 10,099,143 172,146 7,258,807 227,197
8,360,972,716 142,517,302 1,732,396,340 54,223,125
Total do Passivo e
Capitais Próprios 60,747,575,952 1,035,475,281 34,950,718,616 1,093,939,748

31.12.2002 31.12.2001
Contas Extrapatrimoniais Akz Usd Akz Usd
Garantias prestadas 7,642,284,921 130,266,879 7,642,284,921 239,199,638
Garantias recebidas 67,958,795,523 1,158,394,418 38,351,293,525 1,200,376,017
Resp.por prestação de serviços 9,731,226,556 165,874,019 7,005,631,845 219,272,719
Outras contas extrapatrimoniais 9,784,893 166,789 15,469,844,642 484,198,284

Relatório e Contas 04
223

CONTA DE RESULTADOS DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA

31.12.2002 31.12.2001
Akz Usd Akz Usd
Juros e Proveitos

Juros e proveitos equiparados 255,056,057 4,347,569 422,556,140 13,225,792


Juros e custos equiparados 2,204,161,581 37,571,126 1,831,283,601 57,318,247
Margem Financeira (1,949,105,524) (33,223,55.7) (1,408, 727 ,461) (44,092,455)

Comissões (Líquido) 117,944,637 2,010,430 298,978,008 9,357,860


Resultados de operações
financeiras 5,239,673,966 89,313,076 7,204,365,103 225,492,970
Outros proveitos (Líquido) 254,883,100 4,344,620 329,919,912 10,326,326

Resultado Financeiro 3,663,396,179 62,444,569 6,424,535,562 201,084,701

Custos de Exploração
Custos com o pessoal 3,308,751,066 56,399,452 1,373,617,828 42,993,540
Fornecimento e serviços de terceiros 590,717,717 10,069,101 495,164,949 15,498,412
Custos com a emissão de notas 50,431,957 859,640 24,750,419 774,676
Impostos e taxas 39,926,730 680,573 11,721,803 366,886
Outros custos e prejuízos 69,155,284 1,178,789 35,651,763 1,115,882
Amortizações do exercício 122,462,887 2,087,446 94,829,885 2,968,127
Total dos custos de exploração 4,181,445,641 71,275,001 2,035,736,647 63,717,523

Resultados antes de provisões (518,049,462) (8,830,432) 4,388,798,915 137,367,178

Provisões 20,000,000 340,911 4,382,000,000 137,154,375

Resultados antes de
ganhos extraord. (538,049,462) (9,171,343) 6,798,915 212,803

Ganhos extraordinários 548,148,605 9,343,489 459,892 14,394

Resultado do exercício 10,099,143 172,146 7,258,807 227,197

Relatório e Contas 04
225

MAPA DE FLUXOS DE CAIXA

31.12.2002 31.12.2001
Akz Usd Akz Usd
Actividades Operacionais

Resultado líquido do exercício 10,099,143 172,146 7,258,807 227,197


Ajustamentos:
Amortizações 122,462,887 2,087,446 94,829,885 2,968,127
Provisões (4,275,638,726) (72,880,574) 4,382,000,000 137,154,375
Var. de outros activos e passivos (1,488,079,052) (25,365,112) (957,076,500) (29,956,009)
Aumento da flutuação de valores 3,619,820,864 61,701,804 (453,118,852) (14,182,390)
Fluxos das actividades
operacionais (2,011,334,884) (34,284,290) 3,073,893,340 96,211,300

Actividades de Investimento
Aumento de crédito
interno líquido (25,989,374,866) (443,002,948) (157,432,418) (4,927,555)
Aumento do imobilizado (133,949,750) (2,283,246) (531,251,914) (16,627,915)
Compra de participações financeiras (7,155,864) (121,976) (4,155,193) (130,055)
Fluxos das actividades
de investimento (26,130,480,480) (445,408,170) (692,839,525) (21,685,525)

Actividades de Financiamento
Aumento da emissão
de notas e moedas 13,258,477,183 225,997,914 6,258,930,525 195,901,348
Aumento dos títulos
do Banco Central 1,806,250,000 30,788,508 3,288,500,000 102,928,381
Aumento dos depósitos
de residentes 9,738,258,129 165,993,876 (9,536,969,751) (298,502,311)
Aumento de outras
resp. - residentes 90,248,731 1,538,338 (1,187,866,142) (37,179,607)
Diminuição Respons.
Externas – não residentes (1,407,509,949) (23,991,768) 4,105,983,864 128,515,210
Fluxo das actividades
de financiamento 23,485,724,094 400,326,868 2,928,578,496 91,663,021

Variação de caixa e
seus equivalentes (4,656,091,270) (79,365,592) 5,309,632,311 166,188,796

Caixa e seus equiv. no


início do período 26,439,065,572 450,668,169 21,129,433,261 661,340,534

Caixa e seus equiv.


no fim do período 21,782,974,302 371,302,577 26,439,065,572 827,529,330

Relatório e Contas 04
227

BALANÇO DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA

31.12.2003 31.12.2002
Akz Usd Akz Usd
Activo

Activos sobre o exterior 50,264,121,843 635,599,074 21,782,974,302 371,302,577


Crédito interno 25,449,972,875 321,819,592 26,735,224,006 455,716,352
Imobilizações 11,488,011,896 145,268,025 9,074,458,615 154,679,055
Participações 19,715,014 249,300 11,320,156 192,958
Outros valores activos 9,775,520,937 123,613,260 3,143,598,873 53,584,339
Total do Activo 96,997,342,565 1,226,549,251 60,747,575,952 1,035,475,281

Passivo e Capitais Próprios

Passivo
Notas e moedas em circulação 40,594,276,358 513,322,098 22,974,051,206 391,605,126
Títulos do Banco Central 11,778,200,000 148,937,507 5,332,250,000 90,891,085
Depósitos de residentes 30,949,677,730 391,364,373 15,118,155,622 257,697,137
Outras responsabilidades - residentes 0 0 511,345,581 8,716,162
Responsab. externas -
não residentes 2,661,042,590 33,649,373 6,491,463,225 110,650,501
Provisões 1,925,577,785 24,349,285 570,405,411 9,722,868
Outros valores passivos 1,745,612,749 22,073,594 1,388,932,191 23,675,100
89,654,387,212 1,133,696,230 52,386,603,236 892,957,979
Capitais Próprios
Capital 5,000,000 63,226 5,000,000 85,228
Reservas 10,447,099,422 132,105,496 8,476,447,087 144,485,624
Ajustamentos 3,554,004,440 44,941,040 10,752,545 183,283
Resultados transitados 749,917,119 9,482,840 (141,326,059) (2,408,979)
Resultado do exercício (7,413,065,628) (93,739,581) 10,099,143 172,146
7,342,955,353 92,853,021 8,360,972,716 142,517,302
Total do Passivo e
Capitais Próprios 96,997,342,565 1,226,549,251 60,747,575,952 1,035,475,281

31.12.2003 31.12.2002
Contas Extrapatrimoniais Akz Usd Akz Usd
Garantias prestadas 11,257,928,632 142,358,580 7,642,284,921 130,266,879
Garantias recebidas 152,784,800,221 1,931,991,927 67,958,795,523 1,158,394,418
Resp. por prestação de serviços 39,144,090,285 494,984,228 9,731,226,556 165,874,019
Outras contas extrapatrimoniais 13,322,591,644 168,466,624 9,784,893 166,789

Relatório e Contas 04
229

CONTA DE RESULTADOS DO BANCO NACIONAL DE ANGOLA

31.12.2003 31.12.2002
Akz Usd Akz Usd
Juros e Proveitos

Juros e proveitos equiparados 731,700,966 9,252,494 255,056,057 4,347,569


Juros e custos equiparados 4,577,155,879 57,878,978 2,204,161,581 37,571,126
Margem Financeira (3,845,454,913) (48,626,484) (1,949,105,524) (33,223,557)

Comissões (Líquido) 1,926,378,656 24,359,413 117,944,637 2,010,430


Resultados de operações financeiras 5,165,629,611 65,320,337 5,239,673,966 89,313,076
Outros proveitos (Líquido) 104,800,811 1,325,226 254,883,100 4,344,620

Resultado Financeiro 3,351,354,165 42,378,492 3,663,396,179 62,444,569

Custos de Exploração
Custos com o pessoal 6,105,047,709 77,199,452 3,308,751,066 56,399,452
Fornecimento e serviços
de terceiros 1,852,057,779 23,419,613 590,717,717 10,069,101
Custos com a emissão de notas 441,118,742 5,578,028 50,431,957 859,640
Impostos e taxas 54,778,532 692,685 39,926,730 680,573
Outros custos e prejuízos 86,344,540 1,091,843 69,155,284 1,178,789
Amortizações do exercício 706,190,723 8,929,912 122,462,887 2,087,446
Total dos custos de exploração 9,245,538,025 116,911,533 4,181,445,641 71,275,001

Resultados antes de provisões (5,894,183,860) (74,533,041) (518,049,462) (8,830,432)

Provisões 1,724,463,359 21,806,157 20,000,000 340,911

Resultados antes de
ganhos extraord. (7,618,647,219) (96,339,198) (538,049,462) (9,171,343)

Ganhos extraordinários 205,581,591 2,599,617 548,148,605 9,343,489

Resultado do exercício (7,413,065,628) (93,739,581) 10,099,143 172,146

Relatório e Contas 04
231

MAPA DE FLUXOS DE CAIXA

31.12.2003 31.12.2002
Akz Usd Akz Usd
Actividades Operacionais

Resultado líquido do exercício (7,413,065,628) (93,739,581) 10,099,143 172,146


Ajustamentos:
Amortizações 706,190,723 8,929,912 122,462,887 2,087,446
Provisões 1,724,463,359 21,806,157 (4,275,638,726) (72,880,574)
Var. de outros activos e passivos (3,101,280,596) (39,216,264) (1,488,079,052) (25,365,112)
Aumento da flutuação de valores 0 0 3,619,820,864 61,701,804
Fluxos das actividades
operacionais (8,083,692,142) (102,219,776) (2,011,334,884) (34,284,290)

Actividades de Investimento
Aumento de crédito interno líquido 1,285,251,131 16,252,237 (25,989,374,866) (443,002,948)
Aumento do imobilizado (267,947,634) (3,388,247) (133,949,750) (2,283,246)
Compra de participações financeiras (8,394,858) (106,155) (7,155,864) (121,976)
Fluxos das actividades
de investimento 1,008,908,639 12,757,835 (26,130,480,480) (445,408,170)

Actividades de Financiamento
Aumento da emissão
de notas e moedas 17,620,225,152 222,810,993 13,258,477,183 225,997,914
Aumento dos títulos
do Banco Central 6,445,950,000 81,510,224 1,806,250,000 30,788,508
Aumento dos depósitos
de residentes 15,831,522,108 200,192,512 9,738,258,129 165,993,876
Diminuição de outras
resp.-residentes (511,345,581) (6,466,059) 90,248,731 1,538,338
Diminuição de Responsab.
externas - não resid. (3,830,420,635) (48,436,374) (1,407,509,949) (23,991,768)
Fluxo das actividades
de financiamento 35,555,931,044 449,611,296 23,485,724,094 400,326,868

Variação de caixa e
seus equivalentes 28,481,147,541 360,149,355 (4,656,091,270) (79,365,592)

Caixa e seus equiv. no


início do período 21,782,974,302 275,449,720 26,439,065,572 450,668,169

Caixa e seus equiv.


no fim do período 50,264,121,843 635,599,075 21,782,974,302 371,302,577

Relatório e Contas 04
233

DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS - 31 DEZEMBRO 2004

31.12.2004 31.12.2003
Akz Usd Akz Usd
Activo

Activos sobre o exterior 118,582,900,549 1,384,630,597 50,264,121,843 635,599,074


Crédito interno 23,160,911,767 270,437,871 25,449,947,875 321,819,592
Imobilizações 12,936,773,442 151,055,947 11,488,011,896 145,268,025
Participações 74,614.629 871,236 19,715,014 249,300
Outros valores activos 10,111,275,701 118,064,084 9,775,520,937 123,613,260
Total do Activo 164,866,476,088 1,925,059,735 96,997,342,565 1,226,549,251

Passivo e Capitais Próprios

Passivo
Notas e moedas em circulação 56,346,281,723 657,926,104 40,594,276,358 513,322,098
Títulos do Banco Central 11,215,650,000 130,959,287 11,778,200,000 148,937,507
Depósitos de residentes 89,122,855,072 1,040,641,031 30,949,677,730 391,364,373
Outras responsabilidades
- residentes 1,920,063,251 22,419,576 0 0
Responsab. externas -
não residentes 2,497,274,891 29,159,375 2,661,042,590 33,649,373
Provisões 695,082,307 8,116,113 1,925,577,785 24,349,285
Outros valores passivos 1,146,020,025 13,381,477 1,745,612,749 22,073,594
162,943,227,269 1,902,602,963 89,654,387,212 1,133,696,230
Capitais Próprios
Capital 5,000,000 58,382 5,000,000 63,226
Reservas 10,923,825,089 127,551,800 10,447,099,422 132,105,496
Ajustamentos 3,063,292,020 35,768,461 3,554,004,440 44,941,040
Resultados transitados (6,663,148,509) (77,802,105) 749,917,119 9,482,840
Resultado do exercício (5,405,719,781) (63,119,766) (7,413,065,628) (93,739,581)
1,923,248,819 22,456,772 7,342,955,353 92,853,021
Total do Passivo e
Capitais Próprios 164,866,476,088 1,925,059,735 96,997,342,565 1,226,549,251

31.12.2004 31.12.2003
Contas Extrapatrimoniais Akz Usd Akz Usd
Garantias prestadas 11,604,732,914 135,502,405 11,257,928,632 142,358,580
Garantias recebidas 168,671,117,432 1,969,484,546 152,784,800,221 1,931,991,927
Resp. por prestação de serviços 87,779,888,673 1,024,959,916 39,144,090,285 2,737,801,359
Outras contas extrapatrimoniais 211,075,539,728 2,464,618,839 13,322,591,644 168,466,624

Relatório e Contas 04
235

DEMONSTRAÇÕES DE RESULTADOS

31.12.2004 31.12.2003
Akz Usd Akz Usd
Juros e Proveitos

Juros e proveitos equiparados 3,041,742,566 35,516,956 731,700,966 9,252,494


Juros e custos equiparados 3,587,482,158 41,889,155 4,577,155,879 57,878,978
Margem Financeira (545,729,592) (6,372,199) (3,845,454,913) (48,626,484)

Comissões (Líquido) 2,182,104,391 25,479,293 1,926,378,656 24,359,413


Resultados de operações financeiras 4,590,108,356 53,601,071 5,165,629,611 65,320,337
Outros proveitos (Líquido) 337,493,840 3,940,739 104,800,811 1,325,226

Resultado Financeiro 6,563,976,995 76,648,904 3,351,354,165 42,378,492

Custos de Exploração
Custos com o pessoal 7,478,755,098 87,325,518 6,105,047,709 77.199,452
Fornecimento e serviços
de terceiros 2,824,718,313 32,982,762 1,852,057,779 23,419,613
Custos com a emissão de notas 1,194,508,042 13,947,644 441,118,742 5,578,028
Impostos e taxas 172,776,809 2,017,425 54,778,532 692,685
Outros custos e prejuízos 604,025,490 7,052,890 86,344,540 1,091,843
Amortizações do exercício 224,812,745 2,625,021 706,190,723 8,929,912
Total dos custos de exploração 12,499,596,497 145,951,260 9,245,538,025 116,911,533

Resultados antes de provisões (5,935,619,502) (69,302,356) (5,894,183,860) (74,533,041)

Provisões (428,620,050,) (5,000,000) 1,724,463,359 21,806,157

Resultados antes de
ganhos extraord. (5,506,999,452) (64,302,356) (7,618,647,219) (96,339,198)

Ganhos extraordinários 101,249,671 1,182,590 205,581,591 2,599,617

Resultado do exercício (5,405,719,781) (63,119,766) (7,413,065,628) (93,739,581)

Relatório e Contas 04
237

MAPA DE FLUXOS DE CAIXA

31.12.2004 31.12.2003
Akz Usd Akz Usd
Actividades Operacionais

Resultado líquido do exercício (5,405,719,781) (63,119,766) (7,413,065,628) (93,739,581)


Ajustamentos:
Amortizações 224,812,745 2,625,021 706,190,723 8,929,912
Provisões (428,620,050) (5,004,772) 1,724,463,359 21,806,157
Var. de outros activos e passivos (2.227,935,336) (26,014,437) (3,101,280,596) (39,216,264)
Aumento da flutuação de valores 0 0 0 0
Fluxos das actividades
operacionais (7,837,462,422) (91,513,954) (8,083,692,142) (102,219,775)

Actividades de Investimento
Aumento de crédito interno líquido 2,289,061,108 26,728,171 1,285,251,131 16,252,237
Aumento do imobilizado (1,196,848,624) (13,974,976) (267,947,634) (3,388,247)
Compra de participações
financeiras (54,899,615) (641,034) (8,394,858) (106,155)
Fluxos das actividades
de investimento 1,037,312,869 12,112,161 1,008,908,639 12,757,835

Actividades de Financiamento
Aumento da emissão
de notas e moedas 15,752,005,365 183,927,942 17,620,225,152 222,810,993
Aumento dos títulos
do Banco Central (562,550,000) (6,568,603) 6,445,950,000 81,510,224
Aumento dos depósitos
de residentes 58,173,177,342 679,257,810 15,831,522,108 200,192,512
Diminuição de outras
resp.-residentes 1,920,063,251 22,419,576 (511,345,581) (6,466,059)
Diminuição de Responsab.
externas - não resid. (163,767,699) (1,912,230) (3,830,420,635) (48,436,374)
Fluxo das actividades
de financiamento 75,118,928,259 887,124,495 35,555,931,044 449,611,296

Variação de caixa e
seus equivalentes 68,318,778,716 767,722,702 28,481,147,541 360,149,356

Caixa e seus equiv. no


início do período 50.264,121,843 586,907,899 21,782,974,302 275,449,720

Caixa e seus equiv.


no fim do período 118,582,900,549 1,384,630,597 50,264,121,843 635,599,074

Relatório e Contas 04
239
Anexos

Relatório e Contas 04
241

ANEXO I - PESSOAL
A seguir serão apresentadas algumas actividades desenvolvidas no âmbito da Gestão de
Recursos Humanos, durante o ano de 2004.

Num contexto de plena assunção do papel de Banco Central, as responsabilidades são


acrescidas em todas vertentes de gestão de recursos humanos. Assim, o processo de
reestruturação do Banco e de formulação das novas políticas de gestão de recursos
humanos mereceram destaque, tal como algumas alterações pontuais de funcionamento
do Departamento vocacionado para o efeito, visando melhorias no desenvolvimento
das actividades e no atendimento aos trabalhadores.

Além das medidas organizativas e administrativas tomadas e implementadas no âmbito


da assistência médica e medicamentosa, foram a longo do ano realizadas obras de
beneficiação no Centro Médico, bem como no Centro Infantil cuja conclusão deverá
ocorrer no primeiro trimestre de 2005. Na mesma senda, foram elaborados regulamentos
internos que serão os guiões de reformas e pré-reformas, acidentes de trabalho, faltas,
licenças e férias os quais estão a ser analisados pelo Conselho de Administração.

A formação como uma das armas para munir o homem de conhecimentos técnico-
profissionais e científicos, cumpriu o seu papel com algumas acções desenvolvidas no
País como no estrangeiro. Neste contexto, as actividades realizadas durante o ano de
2004, estão descritas nas páginas subsequentes, destacando-se como principais actividades
desenvolvidas a nível dos recursos humanos as seguintes:

• Elaboração e aprovação dos regulamentos de Assistência Médica e Medica-


mentosa, da Junta Médica do Banco, do Posto Médico, do Refeitório e do
Trabalhador Estudante;

• Elaboração das novas políticas de gestão e desenvolvimento dos recursos


humanos;

• Obras de restauro e ampliação do Centro Infantil e do Centro Médico, por


forma a oferecer um serviço condigno aos filhos dos trabalhadores, bem
como garantir uma assistência médico-medicamentosa de melhor qualidade
aos beneficiários;

• Acções de formação em colaboração com várias instituições de formação


como o IFBA, SADC, MEFMI, FMI, PALOP, Banco Mundial, Banco de
Portugal e outros.

Relatório e Contas 04
243

1. Movimentação de recursos humanos

Foi registado em 2004 o seguinte movimento de pessoal, que se reflecte no quadro que
a seguir se indica:

Quadro 1: Acções de movimentação de pessoal


Movimentação de pessoal Quantidade
Admissões 46
Demissões 22
Transferências 30
Reajustamentos salariais 31
Nomeações de comissão de serviço 22
Fim de comissão de serviço 11
Falecimentos 14
Total 176

Com estas acções, no final de 2004 o quadro de recursos humanos do BNA era de
3.589 trabalhadores, fruto de algumas mudanças operadas na instituição, de acordo
com o processo de reestruturação do Banco Central, por um lado, e do compromisso
assumido pelo BNA de integrar em termos globais nos seus quadros alguns trabalhadores
da extinta CAP, por outro lado, verificou-se, a exemplo dos anos anteriores, um crescimento
do efectivo, sendo 1.936.no activo e 1.653 na situação de reforma . Os mapas abaixo
mostram esta realidade.

Quadro 2: Efectivo por género


Localização Homens Mulheres Total
Luanda 949 748 1697
Benguela 85 40 125
Cabinda 33 8 41
Huíla 47 26 73
Total 1114 822 1936

Quadro 3: Efectivo por anos


Anos Efectivo
2001 1.808
2002 1.834
2003 1.861
2004 1.936

Relatório e Contas 04
245

2. Formação

Os quadros abaixo mostram de forma sucinta todas as acções de formação técnico-


profissionais realizadas durante o ano em análise. Participaram nestas acções cerca
de 930 trabalhadores, tanto no País como no estrangeiro.

Quadro 5: Formação no país


Tipo de cursos N.º de acções N.º de participantes
On job - -
Curso de curta duração 20 259
Curso de média duração 14 208
Curso de longa duração 12 238
Seminário/workshops 3 30
Total 49 735

Quadro 6: Formação no exterior


Tipo de formação N.º de acções N.º de participantes
Curso de Curta Duração 25 102
Curso de Média Duração 15 56
Curso de Longa Duração 2 22
Seminários/Workshops 9 15
Total 51 195

3. Acção social

a. Centro infantil

Durante o ano, o Centro Infantil continuou a funcionar com várias dificuldades, devido ao
prolongado trabalho de obras de restauro do seu edifício. Não obstante esta situação,
conseguiu-se cumprir com as suas obrigações, como se pode verificar no quadro a seguir.

Quadro 8: Género e idade das crianças do centro infantil


Grupo Etário Sexo Feminino Sexo Masculino Total
3 anos 13 22 35
4 anos 21 17 38
5 anos 15 14 29
Total 48 54 102

Relatório e Contas 04
247

b. Centro médico

Durante o ano de 2004, o centro médico do BNA realizou um total de 21.655 consultas
na sequência das quais, cerca de 19% dos casos foram transferidos para outras unidades
hospitalares por inexistência de algumas especialidades no Centro Médico. Por outro lado,
o processo de prevenção de doenças foi uma das grandes actividades desenvolvidas com
a realização de vacinas aos trabalhadores e familiares durante o período em referência.
Nos quadros abaixo, estão descritos os resultados destas acções.

Quadro 9: Consultas por especialidade


Especialidade Quantidade
Banco de Urgência 7.771
Clínica Geral 5.820
Pediatria 4.750
Cirurgia 634
Genealogia Obstetrícia 1.934
Cardiologia 746
Total 21.655

Quadro 11: Vacinação


Tipo de vacinas Trabalhador Familiar Total
BCG - 25 25
PÓLIO - 322 322
D.T.P - 297 297
SARAMPO - 96 96
FEBRE AMARELA 14 221 235
V.A.T. 186 518 704
HIBTIER (MENINGITE) 15 254 269
VARSP - 21 21
HEPATITE B (PEDIATRIA) - 84 84
HEPATITE B (ADULTO) 11 19 30
TOTAL 226 1857 2083

No decorrer do ano em análise, o serviço de laboratório não teve qualquer sobressalto,


correspondendo ás necessidades dos pacientes.

Relatório e Contas 04
249

ANEXO II - CRONOLOGIA DAS PRINCIPAIS MEDIDAS ECONÓMICAS E


FINANCEIRAS

• Decreto n.º 1/04, de 9 de Janeiro (Conselho de Ministros) - Diário da República


n.º 3, I.ª Série
Aprova o Regulamento de Preços dos Serviços Públicos de Telecomunicações de
Uso Público. – Revoga o Decreto n.º 74/97, de 24 de Outubro.

• Despacho n.º 1/04, de 9 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário da


República n.º 3, I.ª Série
Fixa em Kz. 38,00 o valor de Unidade de Correcção Fiscal para o mês de Janeiro
de 2004.

• Despacho executivo n.º 19/04, de 23 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário


da República n.º 7, I.ª Série
Actualiza os valores constantes da tabela de taxas e licenças, anexa ao presente
decreto executivo.

• Decreto executivo n.º 21/04, de 27 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário


da República n.º 8, I.ª Série
Autoriza a emissão de Obrigações do Tesouro até ao valor global equivalente a
USD 550.000.000,00.

• Decreto executivo n.º 22/04, de 27 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário


da República n.º 8, I.ª Série
Autoriza a emissão de Bilhetes do Tesouro-2004 até ao valor global em Kwanzas
equivalente a USD 125.000.000,00.

• Despacho n.º 12/04, de 27 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário da


República n.º 8, I.ª Série
Estabelece as condições de emissão, colocação e resgate das “Obrigações do
Tesouro-2004” reservada ao financiamento de projectos do Programa do Governo
2003-2004.

• Despacho n.º 13/04, de 27 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário da


República n.º 8, I.ª Série
Estabelece as condições de emissão, colocação e resgate das “Obrigações do
Tesouro-2004” reservada aos credores do Estado.

• Despacho n.º 14/04, de 27 de Janeiro (Ministério das Finanças) - Diário da


República n.º 8, I.ª Série
Autoriza a emissão e colocação de “Bilhetes do Tesouro” reservada para o financia-
mento da execução financeira do Orçamento Geral do Estado de 2004.

Relatório e Contas 04
251

• Lei n.º 1/04, de 13 de Fevereiro - Diário da República n.º 13, I.ª Série
Das Sociedades Comerciais. –Revoga toda a legislação que contrarie o disposto
na presente lei, nomeadamente os artigos 104.º a 206.º do Código Comercial,
a lei de 11 de Abril de 1901, Lei das Sociedades por Quotas, o Decreto-Lei n.º
598/73, de 8 de Novembro, sobre a Fusão e Cisão de Sociedades Comerciais, o
Decreto-Lei n.º 49381, de 15 de Novembro, sobre Fiscalização das Sociedades
Anónimas, o artigo 6.º da Lei n.º 9/91, de 20 de Abril e o artigo 3.º do Decreto
n.º 38/00, de 6 de Outubro.

• Resolução n.º 4/04, de 26 de Março (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 25, I.ª Série
Aprova o acordo de financiamento rubricado entre o Ministério das Finanças da
República de Angola e o Exximbank da República Popular da China.

• Aviso n.º 1/04, de 30 de Março (Banco Nacional de Angola) - Diário da


República n.º 26, I.ª Série
Define as operações de empréstimo a realizar entre o Banco Nacional de Angola
e as instituições financeiras. – Revoga o Aviso n.º 5/2000, de 2 de Agosto.

• Despacho conjunto n.º 105/04, de 4 de Maio (Ministério da Energia e Águas e


das Finanças) - Diário da República n.º 36, I.ª Série
Aprova o quadro de programação dos incrementos previstos sobre a actualização
das tarifas de água potável no decurso de 2004.

• Decreto executivo n.º 51/04, de 4 de Maio (Ministério da Energia e Águas e


das Finanças) - Diário da República n.º 36, I.ª Série
Actualiza os preços de venda de energia eléctrica. – Revoga todas as disposições
que contrariem o presente decreto executivo, nomeadamente o Decreto executivo
n.º 43/02, de 27 de Setembro.

• Decreto executivo n.º 52/04, de 4 de Maio (Ministério da Energia e Águas e


das Finanças) - Diário da República n.º 36, I.ª Série
Actualiza os preços de venda ao público dos produtos derivados do petróleo
bruto integrado no regime de preços fixados.

• Diário da República n.º 42, de 24 de Maio de 2004


Rectificação ao Decreto n.º 6/01, de 2 de Março publicado no Diário da
República n.º 10, I.ª série – que define o resseguro e o co-seguro, assim como
as entidades que podem exercer esta actividade em Angola.

• Diário da República n.º 42, de 24 de Maio de 2004


Rectificação ao Decreto n.º 2/02, de 11 de Fevereiro, publicado no Diário da
República n.º 12, I.ª série – sobre o contrato de seguros.

Relatório e Contas 04
253

• Decreto executivo n.º 60/04, de 24 de Maio (Ministério das Finanças) - Diário


da República n.º 42, I.ª Série
Cria o documento de Liquidação de Impostos (DLI).

• Diário da República n.º 43, de 28 de Maio de 2004


Rectificação ao Decreto Executivo n.º 51/04, de 4 de Maio, publicado no Diário
da República n.º 43, I.ª série – que actualiza os preços de venda de energia eléctrica.

• Resolução n.º 9/04, de 4 de Junho (Conselho de Ministros) - Diário da República


n.º 45, I.ª Série
Aprova a Estratégia de Combate à Pobreza como linha orientadora dos Programas
e Orçamentos sectoriais.

• Resolução n.º 10/04, de 11 de Junho (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 47, I.ª Série
Aprova o Programa de Desenvolvimento do sector das Águas e o Plano de acção
de curto prazo do Sector das águas e as linhas gerais de longo prazo do Programa
de Desenvolvimento do Sector das Águas e o Plano de Desenvolvimento de
Médio Prazo.

• Resolução n.º 13/04, de 15 de Junho (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 48, I.ª Série
Aprova sob o regime contratual o projecto de investimento privado denominado
“NEXUS – Telecomunicações e Serviços”.

• Resolução n.º 14/04, de 15 de Junho (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 48, I.ª Série
Aprova o acordo de crédito a celebrar entre o Banco Mundial e o Governo
angolano para a concessão de um financiamento para a terceira fase do Fundo
de Apoio Social (FAS III).

• Despacho n.º 125/04, de 15 de Junho (Ministério das Finanças) - Diário da


República n.º 48, I.ª Série
Autoriza a constituição do Fundo de Pensões Fechado do Porto de Luanda, adiante
designado por “Fundo de Pensões do Porto de Luanda” e aprova o contrato de
constituição.

• Decreto n.º 19/04, de 18 de Junho (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 49, I.ª Série
Aprova o reajustamento dos vencimentos de base dos funcionários públicos
das carreiras do regime geral. – Revoga toda a legislação que contrarie o
presente decreto.

• Lei n.º 3/04, de 25 de Junho - Diário da República n.º 51, I.ª Série
Do Ordenamento do Território e do Urbanismo. – Revoga todas as disposições
que contrariem o disposto na presente lei.

Relatório e Contas 04
255

• Decreto n.º 41/04, de 2 de Julho (Conselho de Ministros) - Diário da República


n.º 53, I.ª Série
Aprova o regulamento de Licenciamento de Instalações de Produção, Transporte
e Distribuição de Energia Eléctrica. – Revoga toda a legislação que contrarie o
disposto no presente regulamento.

• Decreto executivo n.º 71/04, de 9 de Julho (Ministério das Finanças) - Diário da


República n.º 55, I.ª Série
Actualiza a Tabela Geral de Imposto do Selo a que se refere o Diploma Legislativo
n.º 3841, de 6 de Agosto de 1968, com as alterações introduzidas pelo Decreto n.º
7/89, de 15 de Abril. – Revoga o Decreto executivo n.º 85/99, de 11 de Junho.

• Aviso n.º 2/04, de 13 de Julho (Banco Nacional de Angola) - Diário da República


n.º 56, I.ª Série
Determina que o Subsistema de Pagamento de Serviço de Compensação de Valores
(SCV) abrange a troca, compensação e liquidação definitiva de pagamentos efec-
tuados através de instrumentos físicos de pagamento, em conformidade com os
procedimentos e as rotinas estabelecidas para esse serviço.

• Aviso n.º 3/04, de 13 de Julho (Banco Nacional de Angola) - Diário da República


n.º 56, I.ª Série
Determina que o Número Bancário angolano (NBA), definido como o número
de conta bancária domiciliada em banco integrante do Sistema Financeiro de
Angola é normalizado com a estrutura de 21 caracteres numéricos de compri-
mento. - Revoga o Instrutivo n.º 4/00, de 19 de Junho.

• Aviso n.º 4/04, de 20 de Agosto (Banco Nacional de Angola) - Diário da


República n.º 67, I.ª Série
Determina que o Subsistema de Pagamento do Serviço de Compensação de Valores
(SCV) abrange a troca, compensação e liquidação definitiva de pagamentos efec-
tuados através de instrumentos físicos de pagamento – Revoga o Aviso n.º 2/04,
de 23 de Junho e seus anexos.

• Lei n.º 5/04, de 7 de Setembro - Diário da República n.º 72, I.ª Série
Das actividades industriais. – Revoga o Decreto n.º 46666 de 1965, posto em
vigor em Angola pela portaria n.º 15102, de 9 de Agosto de 1967, a Lei n.º 8/98,
de 11 de Setembro – Lei-Quadro da Indústria, bem como a demais legislação que
contrarie a presente lei.

• Decreto n.º 58/04, de 10 de Setembro (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 73, I.ª Série
Sobre a Classificação das Actividades Económicas de Angola (CAE). – Revoga a
Resolução n.º 1/83, de 17 de Janeiro.

Relatório e Contas 04
257

• Decreto executivo n.º 105/04, de 16 de Setembro (Ministério das Finanças)


- Diário da República n.º 55, I.ª Série
Aprova o Manual de Instruções para a Elaboração da proposta Orçamental para
o ano 2005.

• Resolução n.º 21/04, de 21 de Setembro (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 76, I.ª Série
Aprova o Acordo de Crédito a celebrar entre o Governo da República de Angola
e o Governo da República da Itália.

• Decreto n.º 63/04, de 28 de Setembro (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 78, I.ª Série
Aprova o estatuto do Instituto de Supervisão de Seguros.

• Aviso n.º 5/04, de 15 de Outubro (Banco Nacional de Angola) - Diário da


República n.º 83, I.ª Série
Estabelece as normas de emissão e circulação dos Títulos do Banco Central
(TBC).

• Despacho conjunto n.º 240/04, de 26 de Outubro (Ministério das Finanças, da


Administração Pública, Emprego e Segurança Social e Banco Nacional de
Angola) - Diário da República n.º 86, I.ª Série
Cria um grupo de trabalho para elaboração e acompanhamento da execução do
plano operacional para bancarização dos salários da função pública, coordenado
pelo Banco Nacional de Angola.

• Resolução n.º 27/04, de 29 de Outubro (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 87, I.ª Série
Aprova a Convenção Relativa à Cobertura de Riscos de Crédito à Exportação de
Bens e serviços de Origem Portuguesa para a República de Angola, rubricada
entre a República de Angola e a República Portuguesa.

• Lei n.º 9/04, de 9 de Novembro - Diário da República n.º 90, I.ª Série
De Terras. – Revoga toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei e
nos respectivos regulamentos, nomeadamente a Lei n.º 21-C/92, de 28 de Agosto
– Lei de Terras e o regulamento de concessões aprovados pelos Decretos n.ºs
32/95, de 8 de Dezembro e 46-A/92, de 9 de Setembro.

• Lei n.º 10/04, de 12 de Novembro - Diário da República n.º 91, I.ª Série
Das Actividades Petrolíferas. – Sem prejuízo do disposto no artigo 92.º fica revogada
toda a legislação que contrarie o disposto na presente lei, nomeadamente a Lei
n.º 13/78, de 26 de Agosto – Lei Geral das Actividades Petrolíferas.

• Lei n.º 11/04, de 12 de Novembro - Diário da República n.º 91, I.ª Série
Sobre o Regime Aduaneiro Aplicável ao Sector Petrolífero. – Revoga, na parte re-
speitante às normas relacionadas com o presente regime aduaneiro, toda a
matéria constante dos decretos-lei e decretos de concessão vigentes.
Relatório e Contas 04
259

• Decreto executivo n.º 127/04, de 15 de Novembro (Ministério das Finanças)


- Diário da República n.º 92, I.ª Série
Actualiza os preços de venda ao público dos produtos derivados do petróleo
bruto integrados no regime de preços fixados.

• Decreto n.º 70/04, de 26 de Novembro (Conselho de Ministros) - Diário da


República n.º 95, I.ª Série
Reajusta os vencimentos de base dos funcionários públicos das carreiras do
regime geral. –Revoga toda a legislação que contrarie o disposto no presente decreto.

• Lei n.º 14/04, de 28 de Dezembro - Diário da República n.º 104, I.ª Série
Aprova o Programa Geral do Governo para o biénio 2005-2006.

• Lei n.º 15/04, de 28 de Dezembro - Diário da República n.º 104, I.ª Série
Aprova a estimativa da receita e fixa a despesa do Orçamento Geral do Estado
para o ano fiscal de 2005.

Relatório e Contas 04
261

ANEXO III - QUADROS ESTATÍSTICOS

A: Panorama monetário global Em milhões de Kz

Dezembro 2003 Preliminar Dezembro 2004

Activos Externos Líquidos 142.257,21 223.111,35


Em milhões de USD 1.798,87 2.605,15
Reservas Internacionais Líquidas 49.294,98 116.338,96
Em milhões de USD 623,34 1.358,43
Reservas brutas 50.136,51 117.330,02
Ouro 0,00 0,00
Obrigações de Curto Prazo -841,53 -991,06
Outros Activos externos Líquidos 92.962,23 106.772,39
Activos Externos de Curto e M/L Prazos 101.537,75 117.577,98
Passivos Externos de Curto e M/L Prazos -7.123,23 -9.386,99
Activos Internos Líquidos 38.025,93 47.035,55
Crédito Interno Líquido 64.356,98 74.082,67
Crédito ao Governo Geral 6.378,90 -21.073,81
Crédito Líquido ao Governo Central 5.431,35 -22.435,75
Créditos 41.510,05 70.459,35
Créditos MN 16.243,63 15.170,08
Créditos ME 458,25 1.251,96
Títulos 24.444,14 51.374,01
Devedores Diversos 364,03 2.663,30
Depósitos -36.078,70 -92.895,10
Depósitos a Ordem - MN -23.811,94 -46.728,97
Depósitos a Ordem - ME -11.435,56 -41.288,77
Outros Depósitos - MN -322,44 -458,99
Outras Obrigações MN -0,46 1,23
Titulos em poder de Fundos e Serv. Púb. Autónomos 0,00 0,00
Titulos em poder do Instit. Nac.Segurança Social -508,31 -4.419,60
Crédito aos Governos Locais MN 947,55 1.361,94
Crédito aos Governos Locais ME 47,47 706,51
Crédito a Economia 57.978,08 95.156,48
Crédito as Empresas Públicas 4.914,05 8.323,71
Crédito as Empresas Públicas - MN 1.041,10 2.231,60
Crédito as Empresas Públicas - ME 3.872,95 6.092,11
Crédito ao sector Privado 53.064,02 86.832,77
Crédito ao sector Privado - MN 22.225,17 34.076,29
Crédito ao sector Privado - ME 30.838,85 52.756,47
Outros Activos e Passivos -26.331,05 -27.047,12
Meios de Pagamento (M3) 180.283,13 270.146,91
Meios de Pagamento (M2) 177.921,50 244.594,82
Moeda (M1) 126.983,24 190.215,12
Notas e Moedas em Poder Público 35.407,89 46.023,15
Notas e Moedas em Circulação 40.591,78 56.435,75
Caixa nos Bancos Comerciais -5.183,88 -10.412,60
Depósitos a Ordem - MN 33.907,31 52.349,37
Depósitos a Ordem - ME 57.668,03 91.842,60
Quase-Moeda 50.938,26 54.379,70
Depósitos a Prazo - MN 3.867,04 5.027,26
Outras Obrigações - ME 7.768,85 13.509,06
Depósitos a Prazo - ME 39.302,37 35.843,38
Outros Instrumentos Financeiros 2.361,63 25.552,09
Empréstimos e Acordos de Recompra - MN 2.361,63 25.380,80
Empréstimos e Acordos de Recompra - ME 0,00 171,28

Relatório e Contas 04
263

B: Balança de pagamentos Em milhões de Kz


Descrição 2003 2004 (Estimativa)
Conta Corrente -719,6 1.298,7

Bens 4.028,1 7.705,4


Exportações f.o.b. 9.508,2 14.067,6
Sector Petrolífero 8.684,6 13.193,4
Sector não Petrolífero 823,6 874,1
Importações f.o.b. -5.480,1 -6.362,173
Serviços (Liq) -3.120,1 -4.230,5
Total Crédito 201,1 153,0
Total Débito -3.321,2 -4.383,5
Serviços de Transportes e Viagens -770,7 -854,9
Outros Serviços -2.550,5 -3.528,6
Comunicações -9,1 -12,9
Construção -149,9 -227,1
Seguros -157,5 -21,6
Financeiros -9,4 -13,1
Informática e Informação -1,9 -4,0
Royalties, marcas e licenças 0,0 0,0
Outros Serviços de Negócios -2.150,9 -3.070,9
Dos quais: Assistência Técnica -1.653,7 -3.042,3
Serviços Culturais e Recreativos -10,8 -28,6
Governo, n.i.e. -61,0 -150,4
Rendimentos (Liq) -1.726,5 -2.241,6
Total Crédito 12,3 5,5
Total Débito -1.738,762 -2.247,100
Juros -342,8 -308,9
Dos quais: Juros de mora -163,5 -164,2
Lucros e Dividendos -1.254,0 -1.847,1
Rendimentos de trabalho -141,9 -91,1
Transferências Correntes (líq.) 98,9 65,5
Remessas de Trabalhadore do
Sector Petrolífero e outros -87,3 -106,4

Conta de Capital e Financeira 1.208,7 -280,3


Conta de Capital 22,0 10,6
Transferências de Capital (líq.) 22,0 10,6
Conta Financeira 1.186,8 -290,9
Investimento Directo Estrangeiro (líq.) 3.481,1 -1.307,8
Entradas 11.911,1 5.420,8
Saídas 8.430,0 6.728,7
Capitais do Médio e Longo Prazo (Líq.) -171,2 700,5
Desembolsos 1.887,3 2.511,5
Dos quais: Companhias de Petróleo 352,9 508,4
Reescalonamento dívida futura
Amortizações 2.058,5 1.811,0
Dos quais: Companhias de Petróleo 233,9 508,5
Outros Capitais (Liq) -2.123,1 316,4

Erros e Omissões -388,2 -286,3

Balança Global 101,0 732,2

Financiamento -101,0 -732,2


Variação de Reservas (aumento -) -262,8 -735,1
Acumulação Líquida de Atrasados -135,0 -1.247,8
Médio e Longo Prazo -209,9 -1.412,0
corrente 162,0 56,0
em mora -371,9 -1.468,0
Curto Prazo -88,6 0,0
Juros de Mora 163,5 164,2
Reescalonamento 195,8 821,7
Médio e Longo Prazo 195,8 821,7
Clube de Paris 0,0
Outros Credores 195,8 821,7
corrente 6,3
em mora 195,8 815,4
Curto Prazo 0,0
Perdão da Dívida 101,0 429,1
corrente 3,6 0,0
em mora 97,4 429,1
Relatório e Contas 04
265

C: Dívida externa de médio e longo prazo (Stock) Em milhões de USD

DESCRIÇÃO 2003 2004


Dívida Excluindo atrasados 4.352,0 5.904,0
Comercial 2.389,0 3.585,0
Bancos 2.071,0 3.388,0
Empresas 318,0 197,0
Bilateral 1.632,0 1.951,0
Multilateral 331,0 368,0

Capital em Mora 3.161,0 2.503,6


Comercial 825,0 675,2
Bancos 289,0 132,1
Empresas 536,0 543,1
Bilateral 2.334,0 1.827,4
Multilateral 2,0 1,0

Juros em Mora 944,1 746,6


Comercial 262,0 148,0
Bancos 117,0 18,0
Empresas 145,0 130,0
Bilateral 682,0 598,4
Multilateral 0,1 0,2

Total da dívida incluindo atrasados 8.457,1 9.154,2


Comercial 3.476,0 4.408,2
Bancos 2.477,0 3.538,1
Empresas 999,0 870,1
Bilateral 4.648,0 4.376,8
Multilateral 333,1 369,2

Nota: Nova classificação da dívida com base na estrutura do novo sistema informático (DMFAS).

Relatório e Contas 04
Gráfico 14: Inflação acumulada Em milhões de Kz
Classes de Bens e serviços JAN.04 FEV.04 MAR.04 ABR.04 MAI.04 JUN.04 JUL.04 AGO.04 SET.04 OUT.04 NOV.04 DEZ.04 Média Inflação
Anual Anual
TOTAL
Índice de Preços no Consumidor 374,17 385,13 393,45 402,81 420,90 429,15 435,39 442,38 449,23 456,24 464,86 475,65
Taxa de Inflação Mensal 3,07 2,93 2,16 2,38 4,49 1,96 1,45 1,60 1,55 1,56 1,89 2,32 2,28 31,02
Taxa de Inflação Acumulada 3,07 6,09 8,38 10,96 15,94 18,22 19,94 21,86 23,75 25,68 28,05 31,02
ALIMENTAÇÃO E BEB. NÃO ALCOÓLICAS
Índice de Preços no Consumidor 409,90 427,15 439,67 449,83 462,56 473,70 480,19 488,17 497,10 507,44 514,64 524,01
Taxa de Inflação Mensal 3,92 4,21 2,93 2,31 2,83 2,41 1,37 1,66 1,83 2,08 1,42 1,82 2,40 32,85
Taxa de Inflação Acumulada 3,92 8,30 11,47 14,04 17,27 20,10 21,74 23,76 26,03 28,65 30,48 32,85
BEBIDAS ALCOÓLICAS E TABACO
Índice de Preços no Consumidor 370,58 390,00 399,48 404,55 407,75 409,09 411,02 412,58 413,98 416,59 419,46 424,46
Taxa de Inflação Mensal 4,64 5,24 2,43 1,27 0,79 0,33 0,47 0,38 0,34 0,63 0,69 1,19 1,52 19,85
Taxa de Inflação Acumulada 4,64 10,12 12,80 14,23 15,13 15,51 16,06 16,50 16,89 17,63 18,44 19,85
VESTUÁRIO E CALÇADO
Índice de Preços no Consumidor 388,80 391,80 395,56 407,54 419,73 434,97 454,63 474,04 487,08 498,52 508,24 515,16
Taxa de Inflação Mensal 2,48 0,77 0,96 3,03 2,99 3,63 4,52 4,27 2,75 2,35 1,95 1,36 2,58 35,78
Taxa de Inflação Acumulada 2,48 3,27 4,26 7,42 10,63 14,65 19,83 24,95 28,38 31,40 33,96 35,78
HAB. ÁGUA, ELECT. E COMBUST.
Índice de Preços no Consumidor 300,02 301,40 302,01 308,14 328,29 334,62 336,26 341,31 344,96 351,86 365,44 378,96
Taxa de Inflação Mensal 2,15 0,46 0,20 2,03 6,54 1,93 0,49 1,50 1,07 2,00 3,86 3,70 2,15 29,03
Taxa de Inflação Acumulada 2,15 2,62 2,83 4,91 11,77 13,93 14,49 16,21 17,45 19,80 24,42 29,03
MOB.. EQUIP. DOMESTICOS E MANUT.
Índice de Preços no Consumidor 361,20 370,44 379,89 385,47 388,83 395,51 405,56 412,66 421,24 424,11 428,09 431,35
Taxa de Inflação Mensal 1,94 2,56 2,55 1,47 0,87 1,72 2,54 1,75 2,08 0,68 0,94 0,76 1,65 21,74
Taxa de Inflação Acumulada 1,94 4,55 7,22 8,79 9,74 11,63 14,46 16,46 18,89 19,69 20,82 21,74
SAÚDE
Índice de Preços no Consumidor 235,76 238,54 239,57 239,95 240,24 241,73 244,07 247,20 249,32 249,79 250,27 251,35
Taxa de Inflação Mensal 1,30 1,18 0,43 0,16 0,12 0,62 0,97 1,28 0,86 0,19 0,19 0,43 0,64 8,00
Taxa de Inflação Acumulada 1,30 2,50 2,94 3,10 3,22 3,86 4,87 6,21 7,13 7,33 7,54 8,00
TRANSPORTES
Índice de Preços no Consumidor 300,10 301,51 303,41 329,93 445,84 445,84 445,88 446,73 449,41 449,41 484,78 534,03
Taxa de Inflação Mensal 0,63 0,47 0,63 8,74 35,13 0,00 0,01 0,19 0,60 0,00 7,87 10,16 4,97 79,07
Taxa de Inflação Acumulada 0,63 1,10 1,74 10,63 49,50 49,50 49,51 49,80 50,69 50,69 62,55 79,07
COMUNICAÇÕES
Índice de Preços no Consumidor 441,34 441,34 441,34 441,34 441,34 441,34 434,81 434,81 434,81 434,81 434,81 434,81
Taxa de Inflação Mensal 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -1,48 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -0,12 -1,48
Taxa de Inflação Acumulada 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 -1,48 -1,48 -1,48 -1,48 -1,48 -1,48
LAZER, RECREAÇÃO E CULTURA
Índice de Preços no Consumidor 342,99 350,77 359,44 362,85 369,71 376,18 382,12 383,96 387,80 390,01 391,61 393,25
Taxa de inflação Mensal 0,67 2,27 2,47 0,95 1,89 1,75 1,58 0,48 1,00 0,57 0,41 0,42 1,20 15,42
Taxa de Inflação Acumulada 0,67 2,96 5,50 6,50 8,51 10,41 12,16 12,70 13,82 14,47 14,94 15,42
EDUCAÇÃO
Índice de Preços no Consumidor 269,00 277,96 280,18 280,18 280,18 280,18 282,76 284,43 284,43 284,43 284,43 284,43
Taxa de Inflação Mensal 0,92 3,33 0,80 0,00 0,00 0,00 0,92 0,59 0,00 0,00 0,00 0,00 0,54 6,71
Taxa de Inflação Acumulada 0,92 4,28 5,11 5,11 5,11 5,11 6,08 6,71 6,71 6,71 6,71 6,71
HOTÉIS,CAFÉS E RESTAURANTES
Índice de Preços no Consumidor 328,06 334,98 340,41 341,39 348,05 352,54 360,89 369,41 378,98 381,59 382,24 385,30
Taxa de Inflação Mensal 5,93 2,11 1,62 0,29 1,95 1,29 2,37 2,36 2,59 0,69 0,17 0,80 1,84 24,41
Taxa de Inflação Acumulada 5,93 8,17 9,92 10,24 12,39 13,84 16,53 19,28 22,37 23,22 23,43 24,41
BENS E SERVIÇOS DIVERSOS
Índice de Preços no Consumidor 338,14 342,00 350,65 361,98 367,88 374,94 383,23 387,44 390,50 392,42 394,54 401,09
Taxa de Inflação Mensal 1,17 1,14 2,53 3,23 1,63 1,92 2,21 1,10 0,79 0,49 0,54 1,66 1,53 20,00
Taxa de Inflação Acumulada 1,17 2,32 4,91 8,30 10,07 12,18 14,66 15,92 16,84 17,41 18,04 20,00

FONTE: Instituto Nacional de Estatística/ Base: 2001=100

Relatório e Contas 04
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269

ANEXO IV- BIBLIOGRAFIA

www.yahoo.com.br, “Agenda global-inflação dos EUA e do Reino unido em


foco”, 12-10-2004.
www.globo.com ,“ Informe económico” , 24-10-2004.
www.bportugal.pt , “Evolução da economia mundial” , 24-10-2004.
www.imf.org , “Economia mundial e os mercados financeiros” , 2004.
www.yahoo.com, “O verdadeiro parceiro do oriente”, 2004.
www.jnoticias.pt, “BCE diz que petróleo caro pode travar a retomada do
crescimento”, 2004.
Jornal de Angola, várias edições.
www.sadcbankers.org, “Economic development and financial systems”, 2004.
www.angolapress-angop.ao

Relatório e Contas 04

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