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INTRODUÇÃO
Este trabalho trás um estudo acerca da expressão cultural da comemoração do São João na
cidade de Barreiras, na Bahia. Tendo como objetivo as peculiaridades da celebração, a maneira
como é vivida pelos habitantes, quais tradições e costumes adotados, além de investigar os
motivos que levam o santo a ser o padroeiro da cidade. A ideia de pesquisa elementos de
expressão sócio-históricas e culturais da cidade de Barreiras, partiu dos estudos antropológicos de
Bronisław Malinowski (1978) e de Claude Lévi-Strauss (2008), discutidos na disciplina de
sociologia, ministrada por Professora Gizelda Alves, na turma da 2ª série do Curso Técnico em
Edificações, do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia da Bahia - Campus Barreiras
(IFBA). Essa pesquisa justifica-se dada a relevância da festa para a comunidade, bem como a
importância para os moradores da cidade no entendimento acerca do contexto ao qual estão
inseridos.
METODOLOGIA
Para a realização desse estudo foi utilizada uma estratégia qualitativa de pesquisa, de
caráter exploratório, através de levantamento bibliográfico e análises preliminares. Em seguida,
na etapa de estudo de campo foram realizadas entrevistas com moradores locais e personalidades
ativas da festividade do São João na cidade de Barreiras, como contribuição na coleta de
informações relevantes para a investigação.
De acordo com as crenças da religião católica, São João Batista nasceu em Ein Kerem, na
Judéia, ano 2 a.C. Segundo o Evangelho de São Lucas, era primo de Jesus. Seu nascimento foi
1
Estudantes do Curso Técnico em Edificações, Instituto Federal da Bahia - Campus
Barreiras.2 Professora Doutora do Instituto Federal da Bahia - Campus Barreiras.
anunciado pelo anjo Gabriel enviado por Deus.
Lucas, em seu Evangelho relata que o nascimento de João foi anunciado pelo anjo
Gabriel, enviado por Deus. "Certa ocasião, Zacarias fazia o serviço religioso no Templo".
"Então apareceu um anjo do Senhor". "O anjo disse: Não tenha medo, Deus ouviu seu
pedido, e sua esposa vai ter um filho e você lhe dará o nome de João". (Lucas 1,
8,11-13).3
3
Encontrado em endereço eletrônico em Setembro 2022:
https://www.catequistasemformacao.com/2021/06/sao-joao-batista-conheca-mais-do-santo.htm
l4 https://www.ebiografia.com/joao_batista/
5
São João. Encontrado em: https://formacao.cancaonova.com/diversos/sao-joao-batista/
6
Sobre a história de São João Batista encontrado em:
https://www.oliberal.com/para/conheca-a-historia-de-sao-joao-batista-primo-de-jesus-cristo-1.402889
7
Sobre a “História do Forró” encontrada em: https://www.todamateria.com.br/historia-do-forro/
Sabe-se que a igreja católica prega bastante a evangelização em todos os lugares, assim,
na época em que Barreiras estava iniciando seu processo de nascimento e crescimento, na busca
de algum santo que servisse de exemplo e inspiração para seus habitantes/fiéis, foi escolhido São
João Batista, símbolo de homem de fé e boas ações. A partir de então, o pequeno povoado fica
conhecido como São João. Nesse tempo a localização ainda deixava dúvidas nas pessoas que
vinham de fora, e como forma de dar um ponto de referência mais específicos, as pessoas falavam
de “São João das Barreiras”, fazendo menção ao cais. Na época, barcos vinham da Barra, porém
não conseguiam continuar descendo o rio, pois havia e ainda existe um cinturão de pedra que
bloqueia os barcos e impede a navegação. Com isso, acabavam descarregando as mercadorias da
época na região do cais que se tornou rota de comércio da região e primeiro ponto de
desenvolvimento da cidade. Nesse período o povoado passa então a ser conhecido também como
“São João das Barreiras”. (SANTOS, 2017, p. 30)
A construção da Catedral da cidade se deu no ano de 1921, logo após a reorganização das
dioceses da região, uma vez que Barreiras era atendida eclesiasticamente pela paróquia Senhora
Sant'Ana de Angical, durante o período em que o Pe. Luís Manuel Vieira, conhecido como Padre
Vieira, chega na cidade, contribuindo para os tempos áureos da igreja. (SANTOS, 2017, p. 33-34)
Na busca entender melhor sobre as peculiaridades da celebração, a maneira como é vivida
pelos habitantes, quais tradições e costumes são adotados em Barreiras, entrevistamos alguns
moradores idosos frequentadores da festa. Dona Maria Helena Pereira Pinto, de 70 anos, natural
do Ceará, que há 49 anos mora em Barreiras. Devota de São João Batista, a idosa conta que vai às
novenas do santo aos 32 anos, durante os nove dias de celebração. Quando questionada sobre as
diferenças existentes entre o São João na sua terra natal e o de Barreiras, ela diz que “lá onde eu
cresci, a igreja para São João era bem pequena, muito menor que a daqui, e não tinha tanto apoio
das pessoas de fora da igreja igual eu vejo aqui em Barreiras. Você sabia que era mês de São João
porque virou costume do mês de junho, além das festas que fazem né?”. De acordo com seu
Antônio, aposentado de 73 anos, que também frequenta as novenas, os festejos precisam ser mais
valorizados. Ele afirma que a parte religiosa da festa de São João em Barreiras merece mais
destaque de tão bonita que é, do que os outros costumes mais festivos.
Durante o período de novena, há um patrocínio maior às comemorações da igreja,
inclusive por parte da prefeitura municipal, possibilitando que um evento de grande porte seja
realizado. A praça da Catedral é enfeitada com bandeirolas coloridas, dentre outros enfeites. É
nessa praça ainda, que são armadas as barraquinhas onde são vendidas as comidas típicas da
época - é a chamada quermesse, ação tradicional em igrejas como forma de arrecadação de
fundos. No dia 24, a missa de São João é campal, sendo realizada nesta praça, seguida de uma
procissão pelas ruas próximas. Dona Maria Helena, uma das entrevistadas, acrescenta que “a
igreja sempre foi grande mas agora está mais bonita e com estrutura para receber o povo na missa
campal, tem cadeira, tem a tal da quermesse, você come, bebe... antes não tinha isso.”
Ainda sobre as peculiaridades da celebração, e a maneira como é vivida pelos habitantes,
quais tradições e costumes são adotados em Barreiras os próprios pesquisadores trazem suas
memórias afetivas sobre o evento. No mês de junho é costume que as famílias se reúnam e façam
festas, regadas por muita canjica, milho assado e forró. Há o costume de amarrar presentes em
uma árvore (vão de pacotes de doces, pirulitos, brinquedos e até dinheiro), queimá-la e esperar
que ela caia para pegar o quanto conseguir dos chamados presentes de São João. É o chamado pau
de sebo, uma brincadeira vivida por crianças e adultos, o que torna muito mais cultural já que
perpassa todas as idades.
Há ainda o costume dos “batizados na fogueira”, feito pelos pais de uma criança quando
desejam que ela seja apadrinhada por algum familiar ou amigo sem ser através do batismo
tradicional. No rito, o padrinho ou madrinha, ficam de um lado das brasas da fogueira e a criança
do outro; é feita uma oração de preces a São João em benção ao batizado e em seguida, saltam a
fogueira, selando o batismo (RANGEL 2008. p. 35). No âmbito cultural e festivo da data, é
inegável sua importância para a comunidade, pois além de trazer momentos de reflexão e o
reforço de laços familiares, promove uma movimentação na economia local, nos mais diversos
setores. São vendidos fogos de artifício, tecidos para ornamentação e roupas, bebidas, comidas,
além dos ingressos de shows e festas particulares promovidas no período.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
LÉVI-STRAUSS, C.. A eficácia simbólica. In Antropologia Estrutural. São Paulo: Cosac Naify,
2008.
MALINOWSKI, B.. Argonautas do Pacífico Ocidental. São Paulo: Abril Cultural, 1978.
RANGEL , Lúcia H. V. A lenda do surgimento da fogueira de São João. In: Festas juninas,
festas de São João: origens, tradições e história. São Paulo: Publishing Solutions, 2008. p. 35.
SANTOS, A. P. dos; SILVA; Dom J. M. Diocese de Barreiras e suas paróquias. Barreiras, 2017.