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TERMOS TÉCNICOS E ANOTAÇÃO APLICADOS À ENFERMAGEM

Aula 1

Usamos, em nosso cotidiano, uma língua comum para comunicarmos. Porém, quando nos
referimos a uma determinada área do conhecimento, usamos uma linguagem especializada,
empregando palavras que têm um significado particular dentro de um campo específico de
conhecimento. Todos os indivíduos detêm uma linguagem geral, linguagem esta que pode ser
expressa através de palavras. A palavra tem muitos significados, sendo elementos do léxico da
língua. O uso de uma terminologia própria a um determinado campo do conhecimento, firma e
impõe a existência de uma ciência, além de contribuir para o desenvolvimento de uma nova
conceitualização.
A existência de um corpo de conhecimentos específicos define e caracteriza uma profissão e
a instrumentaliza para atuar em uma realidade social e organizada. Na Enfermagem a linguagem
está representada por seus termos clínicos, sendo parte integrante e essencial do contexto teórico e
prático da profissão.
Florence Nightingale, no século XIX, já demonstrava preocupação sobre o conhecimento específico
da Enfermagem e denominação de seus fenômenos, fato comprovado em seus escritos datados de
1859: “A Enfermagem desconhece os seus elementos específicos” (NIGHTINGALE, 1989).
Uma terminologia comum para a enfermagem, além de facilitar a comunicação entre
enfermeiros e outros profissionais da equipe multidisciplinar, possibilita o estabelecimento de dados
para descrever e analisar a sua prática. A necessidade de construção de uma linguagem própria da
Enfermagem, que favoreça seu desenvolvimento como ciência e estabeleça a descrição de sua
prática, tem levado enfermeiros de todo o mundo a se empenharem na construção de um
vocabulário próprio e preciso da profissão.
A utilização de uma terminologia própria contribui para a identificação do papel dos
enfermeiros na equipe multidisciplinar de cuidados de saúde, bem como para diferenciar suas
práticas das de outros prestadores de cuidados de saúde (CONSELHO INTERNACIONAL DE
ENFERMAGEM-CIE, 2005).

1. SISTEMAS DE CLASSIFICAÇÃO EM ENFERMAGEM

Chamamos de Sistemas de Classificação ou Taxonomias os conhecimentos estruturados nos


quais os elementos substantivos de uma disciplina, ou seu ramo, são organizados em grupos ou
classes com base em suas similaridades.

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Um dos modelos apresentados para se classificar a prática de Enfermagem foi a Taxonomia
de Diagnósticos de Enfermagem da NANDA Internacional, iniciada em 1973 por um grupo de
enfermeiras norte-americanas que reconheceu a necessidade de desenvolver uma nomenclatura
que descrevesse os problemas de saúde diagnosticados e tratados com maior frequência pelos
profissionais de Enfermagem. Foi realizada, então, uma primeira reunião sobre a classificação de
diagnósticos de enfermagem (DE) cujo propósito era discutir, entre enfermeiros docentes e
assistenciais, sobre a possibilidade de desenvolvimento dessa nomenclatura. Em 1984 foi
apresentada a estrutura conceitual dessa taxonomia, organizada em uma estrutura teórica, os
Padrões de Respostas Humanas: Trocar, Comunicar, Relacionar, Valorizar, Escolher, Mover,
Perceber, Conhecer e Sentir, que orienta a classificação e categorização dos DE.
Quando o estudante inicia sua formação clínica, uma das suas primeiras e maiores
dificuldades reside no entendimento do significado de grande número de têrmos com os quais
depara.
De um lado, aparece a nomenclatura científica própria da linguagem semiológica usada
pelos professores e encontrada nos livros-texto; de outro, uma extensa lista de palavras e
expressões populares empregadas pelos pacientes no relato de seus padecimentos.
Não é difícil perceber tais dificuldades. Denuncia-as o fato de a todo momento sermos
solicitados pelos alunos para esclarecermos dúvidas sobre termos que eles desconhecem. Uns
poucos recorrem logo aos dicionários médicos, mas a maioria vai aprendendo “de ouvido”, isto é,
pouco a pouco e ao acaso à medida que vai acompanhando o curso.
O número de termos científicos cujos significados o estudante tem de conhecer alcança
cerca de 5.000 sem falar nas expressões populares que ultrapassam a casa de centenas.
A nomenclatura científica é exata e igual para todos os profissionais, independente da
região, e tem muita semelhança em relação a vários idiomas. Com a linguagem popular as coisas se
passam de modo diferente, variando de região para região e, às vezes, apresentando variações
dentro de uma mesma área nas diversas camanda sociais.
Por isso, achamos conveniente enfrentar o problema de duas maneiras: a primeira através
da apresentação dos “Fundamentos Etimológicos da Linguagem Médica” que constitui este capítulo,
e a segunda relacionando na forma de um glossário os termos científicos e os populares mais usados
pelos professores e pacientes.
Os termos científicos são formados em sua grande maioria, de radicais oriundos do grego e
do latim. O conhecimento desses radicais, permite mais fácil entendimento e memorização da
terminologia médica. Possibilita, ainda, ao estudante reconhecer o significado de uma palavra, até
então desconhecida, através de seus elementos constitutivos.
Para exemplificar, suponhamos que sejam conhecidas as duas palavras seguintes:

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BRADISFIGMIA – Der. De bradi, lento e sfigmo, pulso, e
DISLALIA – Der dedis, dificuldade e laléo, fala.
Ao deparar com a palavra Bradilalia, o estudante, por si só, poderá deduzir seu significado partindo
do conhecimento dos temas bradi e lalia que participaram da formação das palavras bradisfigmia e
dislalia.
Na lista que apresentamos a seguir foram escolhidos, na maioria das vezes, substantivos como
exemplo: Podem-se, facilmente,deduzir os adjetivos e derivados correlatos. Assim:
SEMIOLOGIA – Der. semiológico
RADIOGRAFIA – Der. radiográfico
ANÁLISE - Der. Analítico
CARDIOLOGIA – Der. Cardiologista

A relação dos radicais, que se segue, é necessariamente incompleta e contém apenas os


mais comumente empregados na linguagem médica do dia-a-dia e visa, antes de mais nada,
despertar o interesse do estudante para o assunto.

Artrite Inflamação da articulação


Colecistite Inflamação da vesícula biliar
Estomatite Inflamação da boca
Enterite Inflamação da mucosa do intestino
Flebite Inflamação da veia
Otite Inflamação do ouvido
Orquite Inflamação dos testículos
Peritonite Inflamação do peritônio
Poliomielite Inflamação da massa cinzenta da medula óssea
TOMIA=ABERTURA STOMIA=BOCA ECTOMIA=RETIRADA
Ileotomia Iliostomia Gastrectomia
Aortotomia Gastrostomia Apendicectomia
Cistotomia Traqueostomia Colecistectomia
Flebotomia Colostomia Tireoidectomia
Tenotomia Jejunostomia Esplenectomia
Laparotomia Cistostomia Mastectomia
Nefrostomia Hemorrodectomia
Enterostomia Prostatectomia

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PLÁSTIA=PLÁSTICA RAFIA=SUTURAR ALGIA=DOR
Arterioplastia Herniorrafia Otalgia
Rinoplastia Neurorrafia Gastralgia
Blefaroplastia Perineorrafia Mialgia
Timpanoplastia Palatorrafia Nevralgia
Mamoplastia Tenorrafia Artralgia

RAGIA – CORRER FORA DAS VEIAS TERAPIA – TRATAMENTO


Hemorragia Dietoterapia
Metrorragia Fisioterapia
Otorragia Fototerapia
Uretorragia Gasoterapia
Enterorragia Inaloterapia
Hemoterapia
Hidroterapia
Oxigenoterapia
Radioterapia
Sonoterapia
Soroterapia

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