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Giuseppe Occhialini

Maricler Berchon Glória da Silva


IFRJ- Campus Volta Redonda
Resenha

Beppo, como era conhecido, passou anos importantes para a sua formação em
Florença no grupo de jovens cientistas. Aos 24 anos trabalhou no Laboratório
Cavendish em Cambridge (Inglaterra), sob a supervisão de Patrick Blackett para estudar
a técnica da câmara de ionização (Wilson), que foi aperfeiçoada por ele, consistindo,
esse aperfeiçoamento, no que hoje é conhecido como câmara de Wilson gatilhada, que
era um sistema que disparava a câmara apenas quando uma partícula a tivesse
atravessado efetivamente, o que aumentou enormemente o seu rendimento, já que,
antes, a câmara era disparada aleatoriamente na esperança de que alguma partícula
estivesse ali por acaso, e raramente registrava algo.

A famosa ilustração do eletromagnetismo publicada em 1933 foi obtida com


esse invento. No trabalho proporcionou uma confirmação da existência do pósitron do
qual, pouco antes, Anderson havia anunciado a descoberta. Beppo voltou para Florença
em 1934, mas pelo opressivo clima político, em 1937 aceitou um posto de professor e
foi para a Universidade de São Paulo, no Brasil. Convidado por Gleb Wataghin que,
com alguns estudantes, deu início a um programa de pesquisas sobre raios cósmicos.

Com a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial em agosto de 1942, Beppo


foi considerado “inimigo”, precisando deixar sua posição e se refugiar por um tempo
nas montanhas de Itatiaia. Nesse período, atuando como meteorologista e guia,
escreveu um guia sobre alpinismo para aquela região (ele foi um alpinista experiente).
Depois do armistício italiano em setembro de 1943, ministrou curso sobre raios X na
USP e se tornou hóspede de Carlos Chagas, permanecendo um ano no Laboratório de
Biofísica do Rio de Janeiro onde Chagas era diretor, antes de volta para a Europa.

No fim de 1944 foi para o Laboratório H. H. Wills em Bristol (Inglaterra),


chefiado por Cecil Frank Powell. Lá, usando uma nova abordagem das emulsões para
a detecção de partículas elementares, contribuiu para o descobrimento do méson pi (ou
píon), no início de 1947. Em 1948 Occhialini foi para a Universidade de Bruxelas.

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Em 1950, tornou-se professor da Universidade de Gênova e dois anos depois mudou-
se para Milão, onde trabalhou até o fim de sua vida acadêmica. Grupos de pesquisas
foram fundados nesses locais sob sua liderança obtendo uma grande produção
científica. O retorno de Occhialini foi extremamente importante para o renascimento
da física na Itália. Como um dos grandes especialistas mundiais na técnica das emulsões
de traços nucleares (chapas fotográficas especiais), usada na física nuclear. As emulsões
eram ferramentas baratas e as pesquisas de alguns laboratórios italianos puderam ser
fartamente abastecidas pelo INFN. Esses laboratórios puderam contribuir
significativamente para vários empreendimentos internacionais. Através da técnica das
emulsões várias outras partículas subatômicas foram descobertas na radiação cósmica
ou em aceleradores, além do méson pi. Quando as emulsões foram substituídas por
outras técnicas, Beppo dirigiu sua atenção para física espacial. Nesse campo ele passou
o ano de 1960 como professor visitante no Instituto de Tecnologia de Massachusetts
(MIT) com seu mentor Bruno Rossi.

Beppo, junto com Edoardo Amaldi e outros, teve um papel crucial no início da
Organização de Pesquisa Espacial Européia, e outorgando impulso ao programa
cientifico maior que a da atual Agência Espacial Européia. Ele foi fundador do projeto
COS-B, que forneceu o primeiro mapa do céu em raios gama.

A Sociedade Física Europeia recebeu Occhialini em 1993 (no seu 25°


aniversário) como um de seus Membros honorários. Giuseppe Occhialini recebeu o
Prêmio Wolf de Física por suas contribuições e descobertas. Tornou-se um associado
da Royal Society, foi eleito para a Academia dei Lincei e participou de muitas outras
sociedades importantes.

A influência de Beppo foi fundamental para que o cientista brasileiro César


Lattes se decidisse pela física experimental, depois de um breve início como teórico.
César Lattes foi seu aluno na Universidade de São Paulo no início da década de 1940.
A convite de Occhialini, foi para a Universidade de Bristol logo depois do fim da
Segunda Guerra Mundial, e lá a equipe do Laboratório H. H. Wills, chefiada por Cecil
Powell, detectou, no início de 1947, o méson pi (ou píon).

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