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1.

ª BIOLOGIA
ENSINO MÉDIO

SÉRIE
MATERIAL COMPLEMENTAR

Coleção
FORMAÇÃO DE VALOR

em2_bio_v1.indb 1 22/09/2021 17:19:28


EDITORA BOM JESUS

PRESIDENTE DA ASSOCIAÇÃO FRANCISCANA DE ENSINO SENHOR BOM JESUS


Frei João Mannes

DIRETOR-GERAL
Jorge Apóstolos Siarcos

GERENTE PEDAGÓGICO DO CENTRO DE ESTUDOS E PESQUISAS (CEP)


E DA EDITORA BOM JESUS
Marcelo Bianchini Favaro

COORDENAÇÃO EDITORIAL
Márcia Teresinha Schmidt

AUTORES
Cornélio Schwambach
Geraldo Cardoso Sobrinho
Suzete Salvaro Beal

ILUSTRAÇÃO
Ivan Sória

PROJETO GRÁFICO, DIAGRAMAÇÃO E CAPA


Editora Bom Jesus

Todos os direitos desta edição estão reservados à Editora Bom Jesus. Nenhuma parte desta obra poderá ser
reproduzida ou transmitida por qualquer forma e/ou quaisquer meios (eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia e
gravação) ou arquivada em qualquer sistema ou banco de dados sem permissão escrita da Editora.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Schwambach, Cornélio
Biologia : 2.ª série : ensino médio : volume 1 /
Cornélio Schwambach, Geraldo Cardoso Sobrinho,
Suzete Salvaro Beal. -- 1. ed. -- Curitiba, PR :
Editora Bom Jesus, 2022. --
(Coleção formação de valor)

ISBN 978-65-87336-50-3

1. Biologia (Ensino médio) I. Cardoso Sobrinho,


Geraldo. II. Beal, Suzete Salvaro. III. Sória,
Ivan. IV. Título. V. Série.

21-76087 CDD-574.07
Índices para catálogo sistemático:

1. Biologia : Ensino médio 574.07

Eliete Marques da Silva - Bibliotecária - CRB-8/9380

Editora Bom Jesus


Rua Anselmo de Lima Filho, 242
81290-250 – Curitiba-PR
www.bomjesus.br

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APRESENTAÇÃO

Caro Aluno,

Este livro chega até você para contribuir com o aprimoramento dos seus conhecimentos. Para elaborá-lo,
utilizamos elementos minuciosamente pesquisados, a fim de estimular e favorecer a estruturação da cria-
tividade, o trabalho em grupo e a formação de um cidadão consciente e atuante.

Este material dará acesso a um plano de estudos abrangente, que oferece alternativas e sugestões capa-
zes de levar você a uma viagem pelo universo da aprendizagem, propiciando subsídios para um futuro pro-
missor, seja dentro de uma universidade, seja no mercado de trabalho.

Visualmente, a proposta é fugir do padrão usado no mercado didático atual e tornar o material mais atra-
tivo. Para isso, desenvolveu-se um projeto gráfico exclusivo, que contempla páginas diferenciadas, com
imagens e textos dispostos de maneira dinâmica.

Além disso, preocupamo-nos em produzir um instrumento de apoio com qualidade e conteúdos comple-
mentares de extrema relevância.

Assim, esperamos que os aspectos educativos apresentados aqui e seu papel na sua aprendizagem se-
jam eficientes e, também, abram espaço para a curiosidade continuar instigando você, aluno, a aprender
cada vez mais.

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SUMÁRIO
UNIDADE 1 Estrutura...................................................................................................31
Excreção...................................................................................................33
Respiração................................................................................................33
DO MUNDO MICROSCÓPICO AO
Reprodução...............................................................................................33
MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA.................7 Classificação.............................................................................................33
VÍRUS..................................................................................7 ALGAS............................................................................................ 38
Morfologia.................................................................................................38
HISTÓRICO........................................................................................ 8
Reprodução...............................................................................................38
Estrutura.....................................................................................................8
Classificação.............................................................................................39
Classificação...............................................................................................9
Origem........................................................................................................9 Importância das algas................................................................................41

VARIAÇÕES DOS ÁCIDOS NUCLEICOS DOS VÍRUS ................................ 9 FUNGI................................................................................ 45


DNA vírus....................................................................................................9 Estrutura...................................................................................................45
RNA vírus....................................................................................................9 Micélio......................................................................................................46
REPRODUÇÃO VIRAL........................................................................ 10 Corpos de frutificação................................................................................46
Reprodução do bacteriófago.......................................................................10 Parede celular...........................................................................................46
Reprodução do vírus HIV.............................................................................12 RESPIRAÇÃO .................................................................................. 46
Profilaxia das doenças virais......................................................................13
CLASSIFICAÇÃO............................................................................... 46
Príons, viroides e virusoides.......................................................................13
Chytridiomycota..........................................................................................47
PROCARIONTES.................................................................. 17 Zygomycota................................................................................................47
Ascomycota................................................................................................47
CLASSIFICAÇÃO............................................................................... 17
Basidiomycota............................................................................................48
Arqueas (arqueias).....................................................................................18
Halófitas...................................................................................................18 REPRODUÇÃO................................................................................. 49
Termoacidófilas.........................................................................................18 Reprodução assexuada...............................................................................49

Metanogênicas..........................................................................................18 Reprodução sexuada..................................................................................49

BACTÉRIAS..................................................................................... 19 IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS............................................................. 51


Estrutura...................................................................................................19 Pães e bebidas alcoólicas..........................................................................51

Nutrição....................................................................................................20 Produção de queijos...................................................................................51

Respiração................................................................................................21 Produção de antibióticos............................................................................51

Tipos morfológicos....................................................................................22 Toxinas......................................................................................................52

Coloração..................................................................................................22 Alimentação..............................................................................................52

Reprodução...............................................................................................23 Parasitoses...............................................................................................52

Importância das bactérias..........................................................................24 Mutualismo...............................................................................................52

Cianobactérias..........................................................................................26 Reciclagem da matéria nos ecossistemas...................................................53

Micoplasmas.............................................................................................26 LIQUENS......................................................................................... 53
Riquétsias e clamídias...............................................................................27 Estrutura...................................................................................................53
Hábitat......................................................................................................53
PROTISTAS (PROTOCTISTAS)............................................... 31 Reprodução...............................................................................................53
PROTOZOÁRIOS............................................................................... 31 Importância...............................................................................................53

4 BIOLOGIA

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UNIDADE 2 Morfologia das folhas................................................................................94
Classificação das folhas............................................................................95
Adaptações das folhas...............................................................................96
O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL............................... 55
BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS: PLANTAS SEM SEMENTES........ 55
BRIÓFITAS: PLANTAS SEM SEMENTES E AVASCULARES...................... 56
UNIDADE 3
Estrutura...................................................................................................56
Reprodução...............................................................................................57 DIVERSIDADE BIOLÓGICA......................................... 99
PTERIDÓFITAS: PLANTAS SEM SEMENTES E VASCULARES.................. 58 SISTEMÁTICA: CLASSIFICANDO OS SERES VIVOS................. 99
Estrutura...................................................................................................59
TAXONOMIA E NOMENCLATURA.......................................................100
Reprodução...............................................................................................59
OS GRANDES REINOS.....................................................................101
GIMNOSPERMAS E ANGIOSPERMAS: Reino Monera.......................................................................................... 101
PLANTAS FANERÓGAMAS ................................................... 63 Reino Protista.......................................................................................... 101
GIMNOSPERMAS: SURGE A SEMENTE............................................... 63 Reino Fungi............................................................................................. 101
Estrutura...................................................................................................64 Reino Plantae (metaphyta)....................................................................... 101
Reprodução...............................................................................................65 Reino Animalia (metazoa)......................................................................... 101
ANGIOSPERMAS: SURGE O FRUTO.................................................... 67 REGRAS DE NOMENCLATURA..........................................................102
Grupos de angiospermas............................................................................68
Flor e reprodução.......................................................................................69 UNIDADE 4
Fruto.........................................................................................................72
Semente...................................................................................................74 DIVERSIDADE ANIMAL........................................... 107
HISTOLOGIA VEGETAL.......................................................... 78 CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REINO ANIMAL................... 107
TECIDOS MERISTEMÁTICOS.............................................................. 78 CARACTERIZANDO OS ANIMAIS.......................................................108
Tipos de meristemas..................................................................................78 Ontogenia................................................................................................ 108
TECIDOS ADULTOS OU PERMANENTES.............................................. 79 Filogenia................................................................................................. 108
Tecidos de revestimento (proteção).............................................................79 ORIGEM DOS METAZOÁRIOS............................................................108
Tecidos de reserva, armazenamento e preenchimento..................................81 Grupo monofilético (clado)....................................................................... 108
Tecidos de sustentação..............................................................................82 Grupo parafilético.................................................................................... 108
Tecidos de condução ou transporte.............................................................82 Grupo polifilético..................................................................................... 109
Tecidos de secreção...................................................................................82 CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO........................................................109
DISPOSIÇÃO DOS TECIDOS NAS RAÍZES............................................ 83 Simetria.................................................................................................. 109
Estrutura primária da raiz...........................................................................83 Metameria ou segmentação..................................................................... 110
Estrutura secundária da raiz.......................................................................84 Presença ou ausência de tecidos verdadeiros............................................ 110
DISPOSIÇÃO DOS TECIDOS NOS CAULES........................................... 84 CLASSIFICAÇÃO..............................................................................110
Estrutura primária do caule........................................................................84
Estrutura secundária do caule....................................................................84
FILO CALCAREA E SILICEA (PORÍFEROS OU ESPONJAS)...... 114
CARACTERÍSTICAS GERAIS..............................................................114
ORGANOLOGIA VEGETAL...................................................... 88
Simetria.................................................................................................. 115
RAIZ VEGETAL.................................................................................. 88 Hábitat.................................................................................................... 115
Partes da raiz............................................................................................88 Estrutura................................................................................................. 115
Classificação das raízes.............................................................................88
FISIOLOGIA....................................................................................116
CAULE VEGETAL............................................................................... 90 Sistema digestório................................................................................... 116
Partes do caule.........................................................................................91 Sistema nervoso e muscular.................................................................... 116
Classificação dos caules............................................................................91 Sistema excretor...................................................................................... 116
Adaptações especiais do caule...................................................................93 Sistema respiratório................................................................................. 116
FOLHAS VEGETAIS........................................................................... 94 Sistema circulatório................................................................................. 116

BIOLOGIA 5

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Reprodução............................................................................................. 116 Fisiologia................................................................................................ 135
Classificação........................................................................................... 136
FILO CNIDARIA................................................................. 119 Importância............................................................................................. 136
CARACTERÍSTICAS GERAIS..............................................................119
Hábitat.................................................................................................... 119
FILO MOLUSCOS (MOLLUSCA)............................................ 140
Simetria.................................................................................................. 119 Introdução............................................................................................... 140
Características embriológicas.................................................................. 119 Caracterização......................................................................................... 140
Estrutura, revestimento e proteção........................................................... 140
ESTRUTURAS E TIPOS ANATÔMICOS................................................119
Sustentação e locomoção........................................................................ 140
Medusa................................................................................................... 120
Fisiologia................................................................................................ 141
Pólipo..................................................................................................... 120
Classificação........................................................................................... 143
TIPOS DE CÉLULAS.........................................................................120
Importância............................................................................................. 144
ESTRUTURAS DE SUSTENTAÇÃO......................................................121
FISIOLOGIA....................................................................................121 FILO ANELÍDEOS (ANNELIDA)............................................ 148
Sistema digestório................................................................................... 121 Introdução............................................................................................... 148
Sistema excretor...................................................................................... 121 Caracterização......................................................................................... 148
Sistema respiratório................................................................................. 121 Estrutura, revestimento e proteção........................................................... 148
Sistema circulatório................................................................................. 121 Sustentação e locomoção........................................................................ 148
Reprodução............................................................................................. 121 Fisiologia................................................................................................ 148
Classificação........................................................................................... 122 Classificação........................................................................................... 150
Importância............................................................................................. 152
UNIDADE 5
FILO ARTRÓPODES (ARTHROPODA).................................... 155
Introdução............................................................................................... 155
DIVERSIDADE ANIMAL........................................... 127
Caracterização......................................................................................... 155
FILO PLATELMINTOS (PLATYHELMINTHES)......................... 127 Estrutura................................................................................................. 155
Introdução............................................................................................... 127 Fisiologia................................................................................................ 156
Caracterização......................................................................................... 128 Classificação........................................................................................... 158
Estrutura, revestimento e proteção........................................................... 128
FILO EQUINODERMOS (ECHINODERMATA).......................... 176
Sustentação e locomoção........................................................................ 128
Fisiologia................................................................................................ 128 Introdução............................................................................................... 176
Classificação........................................................................................... 129 Caracterização......................................................................................... 176
Importância............................................................................................. 130 Estrutura................................................................................................. 176
Fisiologia................................................................................................ 177
FILO NEMATELMINTOS OU NEMATÓDEOS Classificação........................................................................................... 178
(NEMATELMINTHES OU NEMATODA)................................... 134
Introdução............................................................................................... 134 FILO CORDADOS (CHORDATA)............................................ 182
Caracterização......................................................................................... 134 Introdução............................................................................................... 182
Estrutura, revestimento e proteção........................................................... 135 Caracterização......................................................................................... 182
Sustentação e locomoção........................................................................ 135 Classificação, estrutura e fisiologia.......................................................... 182

6 BIOLOGIA

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Kateryna Kon | Shutterstock
UNIDADE

1
TÍTULO UNIDADE
DO MUNDO MICROSCÓPICO AO
MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

Esses seres são os vírus, as bactérias, os protozoários, as algas e os fun-


Nixx Photography | Shutterstock

Kateryna Kon | Shutterstock

gos. Além dos representantes microscópicos, há também os representan-


tes macroscópicos de algas e fungos.
A seguir, vamos estudar os principais representantes, a estrutura, a re-
produção, as doenças relacionadas e a importância ecológica e econômica
desses grupos.

Vírus. Protozoário.
VÍRUS
Kristijan Puljek | Shutterstock

Nixx Photography | Shutterstock

Bactérias.
aastock | Shutterstock

YoONSpY | Shutterstock

Vírus ebola em microscópio.

Os vírus são organismos de tamanho reduzido, medindo entre 0,03 µm e


0,2 µm, e visíveis apenas ao microscópio eletrônico. São constituídos de
dois tipos de componentes químicos: um ácido nucleico (DNA ou RNA) e
proteínas. No entanto, há vírus da família Filoviridae que são delgados e
alongados, podendo atingir 14 000 nm (14 µm) de comprimento, maiores
do que algumas bactérias. Um exemplo dos maiores vírus conhecidos é o
Algas verdes. Fungos. filovírus intitulado como ebola. Outro vírus com grande dimensão é o da
varíola, com 300 µm, diâmetro correspondendo ao das bactérias, das cla-
Ao estudar os animais e os vegetais, percebemos a grande diversidade mídias, das riquétsias e dos micoplasmas.
biológica que nos cerca. Mas não podemos esquecer que, além dos seres Os vírus são estruturas acelulares, destituídos de metabolismo e sem
vivos que conseguimos observar a olho nu, há uma infinidade de seres que maquinário de síntese algum, razão pela qual só podem ser reproduzidos
nos rodeiam e que não enxergamos sem auxílio de equipamentos ópticos. no interior de uma célula hospedeira. Como necessitam do maquinário

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 7

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UNIDADE 1

de síntese da célula hospedeira, e também de suas enzimas, para o seu ESTRUTURA


processo reprodutivo, são parasitas intracelulares obrigatórios.
Os vírus mais simples são constituídos de um ou mais capsídeos e uma
Ao longo da vida temos contato com uma quantidade muito grande de ví- molécula de ácido nucleico que pode ser o DNA ou o RNA.
rus, alguns afetando muitas de nossas células e causando moléstias, en-
quanto outros ficam em estado de latência, podendo permanecer assim Denominamos capsídeo o envoltório viral constituído de proteínas, as
por toda a nossa vida. Os vírus podem atacar células de todos os seres vi- quais são específicas para cada tipo de vírus. O capsídeo protege o ácido
vos, causando enormes problemas para a humanidade, como nos casos da nucleico, possibilita o reconhecimento específico de sua célula-alvo e fa-
febre aftosa, da doença da vaca louca e da gripe do frango. Na agricultura, cilita a penetração do ácido nucleico na célula hospedeira. As subunidades
os vírus também podem causar grandes prejuízos. que constituem o capsídeo são chamadas capsômeros.

O aumento do conhecimento sobre a biologia viral permitiu ao ser humano Envelope é uma estrutura envoltória e externa ao nucleocapsídeo (conjunto
a utilização do vírus em técnicas modernas de biotecnologia, como a gene- do capsídeo e do ácido nucleico por ele envolto) que alguns vírus possuem,
terapia. Vírus geneticamente modificados são utilizados para transferir ge- sendo formado por moléculas de lipídios e de glicoproteínas. Aqueles vírus
nes normais em substituição aos genes alterados, causadores de inúmeras que possuírem o envelope são denominados envelopados ou capsulados
anomalias. Pode-se, inclusive, fazer uso de bacteriófagos geneticamente (herpes, varíola, rubéola e gripe), e seu componente lipídico é originado da
alterados no controle de infecções bacterianas, no caso de bactérias re- membrana da célula que os formou. A parte proteica, entretanto, é cons-
sistentes aos antibióticos disponíveis. tituída de proteínas virais. Entre os vírus não envelopados podemos citar o
causador da poliomielite e o adenovírus.
Ao contrário das células, os vírus possuem um único tipo de ácido nucleico
PENSE NISSO – DNA ou RNA – o que permite dividi-los em DNA vírus (adenovírus – res-
friados) e RNA vírus (HIV – aids). Outra diferença para as células é que o
Que argumentos uma pessoa pode utilizar para defender a tese de genoma viral contém poucos genes; em torno de 200 no vírus que provoca
que os vírus são seres vivos? E a de que não são seres vivos? a varíola e algo em torno de dez genes no HIV e no vírus responsável pelo
sarampo. Uma vez no interior da célula hospedeira, os genes virais são ati-
vados por enzimas da própria célula. Ao serem ativados, servem de modelo
HISTÓRICO para a produção de RNAm por meio das proteínas virais, além de sofrerem
multiplicação. Das proteínas virais produzidas, algumas alteram o metabo-
A palavra vírus tem como origem o termo virus, do latim, que significa lismo celular, objetivando a produção de centenas de novos vírus, e outras
“veneno”. O nome teve origem no trabalho realizado pelo cientista russo vão compor estruturas do próprio vírus.
Dmitri Ivanowsky com o mosaico do tabaco, em 1892. Como não encontrou
micro-organismos nas folhas contaminadas, preparou a partir delas um
Capsídeo
extrato, o qual passou por filtros de porcelana capazes de filtrar bactérias.
Utilizando o filtrado obtido a partir desse extrato e aplicando-o em plantas Ácido nucleico (DNA)
sadias, estas ficavam doentes. Ivanowsky, então, chamou de vírus o agente
Colar
infeccioso presente nas folhas doentes.
Estrutura de um
Em 1898, o pesquisador holandês Martinus Beijerinck publicou um traba- Bainha contrátil bacteriófago.
lho mostrando a capacidade do material filtrado de se reproduzir no inte- Placa de base
rior dos tecidos do vegetal.
k

Pinos
tterstoc

Já no século XX, com o uso da microscopia eletrônica, os cientistas iden-


a | Shu

tificaram os vírus, passando a estudar a sua estrutura e diversidade. Em Fibra proteica


Designu

1935, o bioquímico norte-americano Wendell Meredith Stanley conseguiu


cristalizar o vírus do mosaico do fumo. Finalmente, em 1939, o vírus pôde
ser observado ao microscópio eletrônico.

RNA SAIBA MAIS


Ilustração do vírus do
mosaico do tabaco. DNA e RNA?
Pesquisadores da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos,
Designua | Shutterstock

Proteínas
do capsídeo descobriram que alguns citomegalovírus, um DNA vírus, podem pos-
suir algumas moléculas de RNA. Dessa forma, o RNA representa uma

8 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

• Concomitância celular

vantagem, possibilitando um ataque mais rápido, induzindo à síntese Os vírus possivelmente surgiram ao mesmo tempo que as células, a
de proteínas virais, antes mesmo que o DNA atinja o núcleo e assu- partir das moléculas de RNA, porém de forma independente. Estabe-
ma o comando da célula. O mesmo ocorre com o vírus da hepatite B. leceram uma relação de parasitismo e coevoluíram.
Tais variedades de DNA vírus iniciam a síntese de RNA ao longo da • Derivação nucleoproteica
sua formação e, portanto, na hora da montagem do novo vírus, o RNA Os vírus derivaram de segmentos de RNA ou DNA das células, os quais
acaba indo junto. Como o ácido nucleico básico do seu genoma é o adquiriram um envoltório proteico de proteção e a capacidade de re-
DNA, continuam classificados como DNA vírus. plicação. Pode ser até que os processos tenham ocorrido simultanea-
mente ou, quem sabe, de uma outra forma ainda não pensada.

Kateryna Kon | Shutterstock


VARIAÇÕES DOS ÁCIDOS
NUCLEICOS DOS VÍRUS
Embora, de forma simplificada, possamos dividir os vírus em dois grupos
(DNA vírus e RNA vírus), há uma diversificação bioquímica e morfológica
muito grande. O ácido nucleico, DNA e RNA, pode se apresentar tanto com
uma cadeia simples quanto com uma cadeia dupla. Dessa forma, temos
várias alternativas de ciclos reprodutores virais.

Ilustração do citomegalovírus (CMV), um vírus de DNA da família Herpesviridae. DNA VÍRUS


O esquema de reprodução de um DNA vírus pode ser representado da se-
guinte forma.
CLASSIFICAÇÃO
Os vírus são classificados de acordo com a informação genética que carre- DNA → RNA → SÍNTESE PROTEICA
gam. A denominação das espécies virais normalmente é composta da sigla
da inicial do nome em inglês. Por exemplo, o vírus que causa herpes em Na prática, os DNA vírus seguem os processos de transcrição e de tradução
humanos (human herpesvirus) é conhecido como HHV. tradicionais. São exemplos os vírus da varíola, do herpes, o adenovírus e
Os vírus podem atacar quaisquer seres vivos, porém apresentam ação es- o vírus da hepatite. Os desoxivírus (DNA vírus) são considerados estáveis.
pecífica. Aqueles que parasitam bactérias são chamados bacteriófagos ou Possuem duas configurações nucleicas: DNA de fita simples e DNA de fita
apenas fagos. Os vírus mais conhecidos são os que atacam plantas, ani- dupla. O DNA de fita simples pode ser linear, como o parvovírus, ou de fi-
mais e os próprios bacteriófagos. ta simples circular, como o circovírus. O DNA de fita dupla pode ser linear
(adenovírus, herpesvírus, poxvírus) ou circular (papilomavírus).
A classificação viral tem por base o tipo de material genético (DNA ou
RNA), a morfologia e a forma de reprodução na célula hospedeira. São
agrupados em famílias, apresentando o nome seguido da terminação RNA VÍRUS
-viridae. Já os gêneros são escritos com inicial maiúscula, em itálico, se- Os ribovírus (RNA vírus) são instáveis, razão pela qual é muito mais difícil,
guido da terminação -vírus. por exemplo, produzir uma vacina contra RNA vírus do que contra DNA ví-
Em casos de variedades diferentes, a sigla virá seguida de um número. rus. Possuem também duas configurações nucleicas: RNA de fita simples
Por exemplo, no caso da aids, o vírus é o HIV; havendo variedades, HIV-1 e e RNA de fita dupla. O RNA de fita simples pode ser linear de fita positi-
HIV-2. O tipo I apresenta três grupos: M, O e N. O grupo M possui algo em va (picornavírus, coronavírus e flavivírus) ou linear de fita negativa (para-
torno de dez subtipos, responsáveis pela epidemia no planeta. mixovírus, rabdovírus). Há também aqueles de RNA segmentado com fita
simples negativa (ortomixovírus) e os DNA vírus de fita dupla segmentado
ORIGEM (rotavírus, que atacam plantas causando grandes prejuízos para a agricul-
Há as três seguintes hipóteses para o processo de surgimento dos vírus até tura, normalmente em forma de bastonete e de cadeia dupla).
o momento.
Vírus RNA de cadeia simples
• Degeneração celular
Há três tipos básicos de RNA vírus de cadeia simples. Vamos conhecer,
Os vírus podem ter surgido de células degeneradas, restando apenas o sinteticamente, o vírus de RNA de cadeia positiva, o vírus de RNA de ca-
seu material genético protegido por um envoltório externo. deia negativa e o retrovírus.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 9

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UNIDADE 1

Vírus com fita de RNA positiva Muitos retrovírus possuem genes denominados oncogêneses, indutores da
divisão celular descontrolada nas células hospedeiras, tendo como conse-
Os vírus com fita de RNA positiva (cadeia +) apresentam o RNA genômico quência a formação de tumores cancerosos.
do mesmo sentido do RNAm; logo, funcionando como o próprio RNAm. As-
Podemos simplificar o processo da seguinte forma.
sim, logo que ocorre a infecção viral, o vírus com fita de RNA positiva já é
traduzido para a produção de proteína. São exemplos os poliovírus (picor-
navírus – febre aftosa, resfriado comum, hepatite), o togavírus (rubéola) RNA → DNA → RNA → SÍNTESE PROTEICA
e o flavivírus (dengue).

RNA → SÍNTESE PROTEICA


REPRODUÇÃO VIRAL
Há, obrigatoriamente, duas etapas a serem cumpridas para que ocorra a
reprodução de um vírus: a duplicação do material genético viral e a sín-
Vírus com fita de RNA negativa tese das proteínas do capsídeo. Como a célula reproduz o conteúdo viral
e monta os novos vírus, o processo é dito “por montagem”. Logo após o
Nesse caso, o RNA do vírion apresenta sentido negativo (cadeia –), isto é,
cumprimento das duas primeiras etapas, duplicação do material genético
complementar ao RNAm. Logo, deverá ser usado como molde para a pro-
viral e a síntese das proteínas do capsídeo, a célula hospedeira monta e
dução do RNAm complementar de sentido positivo, o qual participará da
libera novas partículas virais.
produção das proteínas. Ambas precisam empacotar a RNA-polimerase no
vírion para que, ao infectar a célula, possa ocorrer a produção de RNAm. O bacteriófago T4, um dos vírus mais antigos e conhecidos, pode ser usado
São exemplos desse tipo de vírus os ortomixovírus (influenza), os parami- como exemplo ao parasitar as bactérias. Observe, na imagem a seguir, o
xovírus (sarampo, caxumba), o hantavírus e os rabdovírus (raiva). bacteriófago T4 visto por um microscópio eletrônico de transmissão: infec-
ta bactérias como a E. coli e apresenta uma cabeça icosaédrica (20 lados),
que contém o material genético, uma cauda e fibras da cauda.
RNA → RNA → SÍNTESE PROTEICA
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Retrovírus
Bacteriófago.
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Estrutura esquemática do HIV


(vírus da aids): a matriz, o
capsídeo, a transcriptase reversa
e as proteínas do envelope
GP 41 e GP 120. REPRODUÇÃO DO BACTERIÓFAGO
O bacteriófago T4 apresenta uma cápsula proteica com uma região chama-
da cabeça de forma poligonal (parece uma nave espacial), uma cauda de
forma cilíndrica contendo fibras de fixação específicas para a parede bac-
Retrovírus é todo RNA vírus que possui no interior do capsídeo, além do teriana, e uma proteína de contato para a membrana plasmática da bacté-
RNA, moléculas da enzima transcriptase reversa. Nesse caso, o RNA é re- ria. No interior da cápsula, há uma molécula de DNA.
transcrito em DNA por meio da ação da enzima transcriptase reversa. Após Ao encontrar uma bactéria, as fibras de fixação prendem o vírus à parede
ser retranscrito várias vezes, o RNA molde é degradado, razão pela qual bacteriana. Após a cauda ter atravessado a parede esquelética da bactéria
esses vírus são denominados retrovírus. pela ação de enzimas que são ativadas com o reconhecimento celular, uma
O DNA assim formado incorpora-se ao DNA da célula e pode, então, ser proteína faz contato junto à membrana plasmática, e o DNA do bacteriófa-
transcrito em moléculas de RNA, que orientarão a síntese proteica. go é injetado no citoplasma.
Dentre os retrovírus, é possível citar o HIV – vírus da imunodeficiência ad- Algum tempo depois, o DNA viral assume o controle da bactéria, sendo
quirida (human immunodeficiency virus) –, causador da aids; o HTLV-I, vírus os seus genes transcritos e traduzidos pela bactéria para a produção das
que causa um tipo de leucemia, afetando os linfócitos T; o HTLV-II, cau- proteínas virais. As primeiras proteínas virais formadas induzem à multi-
sador de outro tipo de leucemia; e vários outros que causam infecções e plicação de seu DNA, inibindo, também, o funcionamento do cromossomo
até câncer em animais. bacteriano.

10 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

IMPORTANTE outras partículas virais com potencialidade para infectar outras células
(ciclo descrito anteriormente). No ciclo lítico, os vírus são ditos líticos ou
Reprodução viral por montagem: (1) duplicação do material
virulentos.
genético; (2) síntese das proteínas do capsídeo; (3) montagem de
novos vírus. Ciclo lisogênico

No ciclo lisogênico, o DNA de certos fagos, em vez de se multiplicar, in-


O processo é rápido, sendo que, cerca de 30 minutos após a penetração tegra-se ao cromossomo bacteriano, ocasião em que é denominado pro-
de um vírus, enzimas líticas provocam a destruição da parede bacteriana, vírus ou profago. Em caso de ciclo lisogênico, os vírus são chamados de
que estoura, liberando centenas de vírions (partícula viral fora da célula temperados ou não virulentos. Nesse estado, o DNA viral, inativo, não afeta
hospedeira) maduros, com potencialidade para infectar novas bactérias. o metabolismo celular, que apresenta seu ciclo de vida normal. Todavia,
o provírus é duplicado junto ao cromossomo bacteriano, chegando às cé-
Há basicamente dois tipos de ciclos reprodutores para o bacteriófago: o
lulas-filhas quando da reprodução bacteriana. Por esse processo, o bac-
ciclo lítico e o ciclo lisogênico.
teriófago se dissemina em populações inteiras de bactérias, tendo como
Ciclo lítico ponto de partida um único indivíduo afetado. O DNA viral, inativo no ciclo
lisogênico, pode ser ativado a qualquer momento por fatores ambientais,
O ciclo lítico é aquele em que, após a entrada do DNA viral na bacté- destruindo, por consequência, a célula bacteriana. A transformação do ci-
ria, esta processa a reprodução viral e sofre lise celular, liberando muitas clo lisogênico em ciclo lítico é dita indução.
EreborMountain | Shutterstock

Ilustração do ciclo viral lítico


e do ciclo viral lisogênico.

• Montagem do vírion.
FIXAÇÃO
• Lise da bactéria e liberação dos vírions (tempo total: 30 minutos).
Ciclos virais
Ciclo reprodutor de um vírus causador da gripe
• Ciclo lisogênico – o DNA viral é incorporado ao DNA bacteriano
e não interfere no metabolismo da bactéria, que se reproduz
Vector-3D | Shutterstock

normalmente, transmitindo o DNA viral aos seus descendentes.


• Ciclo lítico – nesse caso, há lise da célula, liberando vários vírions.

Ciclo reprodutivo de um bacteriófago


Ilustração computadorizada
• Contato e fixação na E. coli. de uma partícula viral H1N1.

• Penetração do material genético.


• Transcrição do DNA viral.
• Produção de proteínas virais.
• Multiplicação do DNA viral.
Todas as muitas variedades de vírus causadores de problemas respiratórios
• Produção das proteínas do capsídeo. e gripe são constituídas de RNA (oito moléculas) envolto pelas moléculas

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 11

em2_bio_v1.indb 11 22/09/2021 17:19:54


UNIDADE 1

do capsídeo, que, por sua vez, está envolvido por um envelope lipoproteico REPRODUÇÃO DO VÍRUS HIV
esférico. Nesse envelope lipídico existem dois tipos de proteína
responsáveis pela estirpe do vírus: a hemaglutinina (H) e a neuraminidase O vírus HIV apresenta um envelope externo constituído de lipídios e proteí-
(N), utilizadas para o reconhecimento e a ligação com a célula hospedeira. nas, no interior do qual está o capsídeo contendo duas moléculas de RNA
e algumas moléculas da enzima transcriptase reversa.
A gripe tem início quando o vírion adere a receptores específicos da mem-
brana da célula hospedeira, normalmente a que reveste as vias respirató- O HIV tem como células-alvo os macrófagos e os linfócitos T auxiliadores
rias. Nesse caso, a partícula viral é fagocitada pela célula e penetra inteira (ou células CD4 – uma proteína presente na membrana plasmática de al-
em seu interior. guns tipos celulares humanos), responsáveis pelo comando do sistema de
defesa do organismo.
No interior da célula, o capsídeo é digerido e libera as moléculas de RNA
no citoplasma. O RNA sofre duplicação, originando inúmeras cópias. Ocor- A proteína CD4 aparece também em outros tipos celulares como os linfó-
re, então, a tradução e a origem dos componentes proteicos do capsídeo. citos B (em torno de 5% deles), os monócitos (cerca de 40%), em algumas
Como a reprodução ocorre por montagem, há a união das moléculas de células dos nódulos linfáticos, a pele, o timo, o encéfalo, o intestino e a
RNA com as do capsídeo, formando novos vírions, que são liberados da medula óssea vermelha. Logo, essas estruturas são suscetíveis à infecção
célula infectada. Quando isso ocorre, as partículas virais levam consigo por esses vírus. O linfócito T4 produz uma substância que induz o linfócito
fragmentos da membrana celular, que constituirão o seu envelope. Nesse B a se transformar em plasmócito, responsável pela produção de anticor-
caso, não há, obrigatoriamente, a morte da célula hospedeira, embora isso pos. Por isso se diz que o HIV bloqueia a produção de anticorpos, debilitan-
possa ocorrer devido à infecção viral se as perturbações comprometerem do o sistema imunológico. A consequência é o desenvolvimento de muitos
o bom funcionamento dela. micro-organismos patogênicos, que se aproveitam da situação e causam
infecções generalizadas por todo o corpo – as doenças oportunistas.

Ancoragem Uma vez aderido à célula hospedeira, o seu envoltório se funde à membra-
à célula alvo
Endossoma
na plasmática. O capsídeo viral penetra no citoplasma, sem o envelope, e
Vesícula
se desagrega, liberando o RNA e a transcriptase reversa, que retranscreve
o RNA em DNA. Este penetra no núcleo, integrando-se a um dos cromos-
Saída da célula
somos e passando a provírus.
Designua | Shutterstock

Replicação Como provírus, o DNA viral promove a formação de moléculas de RNA que
comandarão a produção das proteínas do capsídeo e da transcriptase re-
Síntese de
proteínas Novo vírion versa. Há, então, a montagem de novos vírus pela reunião das proteínas,
virais
das enzimas e do RNA. Novas partículas virais, então, são liberadas pela
célula, capazes de infectar novas células.
Ilustração da replicação do vírus da gripe.
Com o provírus, genes do vírus integrado aos genes da célula, esta produ-
zirá partículas virais durante todo o seu tempo de vida.

Vírion maduro
HIV maduro

Fixação

GP 120 CD4 Ilustração do processo


Membrana celular de replicação do HIV.
Correceptor de quiomicina
Matriz
Proteínas
Ciclofilina A Retículo regulatórias
endoplasmático
Penetração
Descobrimento cDNA
Transcrição vpr
reversa
LTR-1
Transporte do complexo de
pré-integração para o núcleo RNA RNAm
LTR-2 gonômico sem splicing RNAm
CITOPLASMA vDNA não integrado linear com splicing
Membrana nuclear
Transcrição
Poro nuclear DNA pró-viral integrado

12 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

SAIBA MAIS Em humanos, o mal chamado kuru é uma doença causada por príons e foi
observada nos nativos de uma tribo da Nova Guiné. Ocorria perda da coor-
Ciclo reprodutor de um retrovírus denação, demência e, irremediavelmente, o óbito. Os habitantes da tribo
• Principal característica: presença da enzima transcriptase tinham o hábito de se alimentar do cérebro dos mortos.
reversa. O mal de Creutzfeldt-Jakob, que atinge pessoas em torno dos 60 anos, pa-
• Fusão da membrana do retrovírus com a membrana da célula rece ter origem hereditária em torno de 10% a 15% dos casos. Outra par-
hospedeira. cela de pessoas é contaminada por tratamento médico com os instrumen-
tos cirúrgicos contaminados, injeção de hormônios extraídos de hipófises
• Penetração do capsídeo.
humanas e em transplantes de córnea, por exemplo.
• RNA retranscrito em DNA.

StudioMolekuul | Shutterstock
• DNA penetra no núcleo e recombina com o DNA celular.
• Provírus: nome dado ao DNA viral ligado ao cromossomo celular.
• Produção de RNA: usado para produzir transcriptase reversa e
proteínas do capsídeo.
• Empacotamento de algumas moléculas de RNA e transcriptase Príon, proteína hPrP.
reversa: surgimento de novas partículas virais.
• Produzem células com os genes do provírus integrados aos
seus: produz partículas virais por toda a vida e esses genes
transmitem às suas filhas.
Os viroides são pequenos segmentos de RNA de fita simples e extremi-
dades unidas. Ao contrário dos vírus, os viroides são destituídos de envol-
PROFILAXIA DAS DOENÇAS VIRAIS tórios proteicos e não codificam proteínas. Eles se instalam no núcleo das
células infectadas, sendo capazes de se reproduzir.
Considerando-se que não há tratamento eficiente para as viroses, a melhor
forma de combater as doenças virais é a prevenção. Na maioria dos casos, Os viroides são responsáveis por muitos prejuízos na agricultura por cau-
esta é feita por meio da vacinação. sarem males em plantas cítricas, batatas e plantas ornamentais, por
exemplo. Provavelmente, interferem no funcionamento normal dos genes
As vacinas são preparadas com vírus mortos ou atenuados, induzindo o or- das plantas. Podem ser transmitidos por meio de ferimentos (durante a
ganismo a produzir anticorpos específicos. Pode-se observar a eficácia da poda, por exemplo) ou das sementes.
vacinação contra doenças virais, considerando o sucesso obtido contra o
vírus da varíola em campanhas mundiais, ou contra a poliomielite, no Bra- Os virusoides, tanto quanto os viroides, são moléculas infecciosas de
sil. Além dos anticorpos específicos, o organismo produz o interferon, uma RNA, diferindo dos viroides por necessitarem de um vetor, um vírus, para
proteína que protege especificamente contra os vírus, interferindo na re- que possam se propagar.
produção destes dentro da célula hospedeira.
Os antibióticos, que agem contra as bactérias, não têm efeito algum so-
bre os vírus.
PENSE NISSO
PRÍON, VIROIDES E VIRUSOIDES
Por que a dengue e a febre amarela são consideradas doenças res-
Os príons (proteinaceous infectious particles) resultam da alteração de uma surgentes? Quais são as doenças virais emergentes?
proteína normal presente no cérebro de vertebrados. Em 1996, foram os
responsáveis pela doença da vaca louca – encefalopatia espongiforme bo-
vina (o cérebro fica como uma esponja). A contaminação do gado europeu
ocorreu em virtude do uso de ração contendo carne e ossos de ovelhas
Scrapie é uma encefalopatia espongiforme transmissível (TSE) que
afetadas pela doença.
causa degeneração cerebral em alguns animais (ovinos).
Os príons são capazes de mudar a configuração das proteínas normais, pro-
vocando a morte dos neurônios. Em ovinos, os príons são responsáveis pelo
mal denominado scrapie.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 13

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UNIDADE 1

CONFIRMANDO A TEORIA EXERCÍCIOS

1. (UFRJ) O herpes genital é uma doença infecciosa causada pelo 1. (Fatec-SP) O mundo intensifica medidas para combater um novo
vírus HSV-2, geralmente transmitido por meio de relações se- desafio: influenza A (H1N1). A gripe causada pelo vírus influenza A
xuais. Quando um médico detecta o HSV-2 em uma mulher grá- (H1N1) é uma forma de gripe que começa nos porcos e passa para o
vida, costuma recomendar que o parto seja realizado por cesa- ser humano.
riana, uma intervenção cirúrgica que extrai o feto diretamente do
útero. Apresente a razão desse cuidado.

A cesariana evita o contato, que provavelmente aconteceria no Gripe


humana Gripe suína 1
parto normal, do recém-nascido com o tecido infectado pelo ví-
rus HSV-2. A medida visa, portanto, a proteger o bebê contra uma
possível infecção. Gripe aviária
2

2. (UFRJ) O gráfico a seguir mostra a variação do número de um ti-


po de leucócitos, os linfócitos T CD4, e da quantidade de vírus
HIV no sangue de um indivíduo ao longo do tempo. Esse indiví-
OS SINTOMAS
duo, portador da síndrome de imunodeficiência causada pelo ví-
Dor de cabeça
rus HIV (aids/sida), não teve acesso a tratamento algum durante Corrimento nasal
3 Dor de garganta
o período mostrado. Tosse
Vômito
Febre de 39 graus
Linfócitos Vírus (HIV)
Dores nas articulações
800 60 000 e músculos
700
Número de linfócitos

50 000
por mL de sangue

Vírus no sangue

Diarreia
600
500 40 000
400 Infecções 30 000
300 oportunistas
20 000
200 Morte (Adaptado de: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/5302/1/Gripe/ Paacutegina1.html>.
100 10 000
Acesso em: 14.05.2009.) Gripe humana/ gripe suína/ gripe aviária.
0 0
6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 66 72 78 84
1. O vírus da gripe, ou vírus influenza, existe em três tipos (e vários
Note que, somente após cerca de 60 meses, apareceram, nesse subtipos). Eles infectam aves, porcos e humanos. Os porcos po-
indivíduo, infecções oportunistas por fungos, parasitas e bacté- dem se infectar com os três tipos, o que faz deles um laboratório
rias. Foram essas infecções, e não o vírus propriamente dito, que natural para a mutação do vírus.
levaram o paciente à morte. Por que pacientes infectados com 2. A doença é causada por uma nova forma do vírus H1N1. O vírus
HIV e não tratados sofrem, em geral, de infecções oportunistas? é híbrido: combina genes das gripes aviária e humana. Assim, é
agressivo como a gripe aviária e transmissível entre humanos.
O vírus HIV infecta e destrói os linfócitos T CD4, células funda-
mentais para o processo de defesa imunológica. Essa grande re- 3. O vírus teria surgido em março, em uma fazenda com 1 milhão de
dução nos indivíduos infectados com HIV permite o estabeleci- porcos, em La Gloria, no México. O local é conhecido por suas la-
mento de infecções oportunistas. goas de estrume. Não se sabe como o vírus passou do porco ao
homem, e, agora, a transmissão ocorre entre humanos. Um dos
primeiros casos foi Edgar Hernández, de 4 anos, que se curou.
Existem diversas variedades de vírus de gripe, todas pertencentes ao
gênero influenzavirus. A variedade conhecida como tipo A tem sido iso-
lada em muitas espécies animais, além do homem, e divide-se em vá-
rios subtipos. Essa variedade apresenta um envelope lipoproteico que
contém oito moléculas de RNA diferentes como material hereditário,
todas envoltas por proteínas do capsídio.

O envelope lipoproteico contém dois tipos de proteínas que carac-


terizam os diferentes vírus da gripe: a hemaglutinina, conhecida co-
mo espícula H, e a neuroaminidase, conhecida como espícula N.

14 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

em2_bio_v1.indb 14 22/09/2021 17:20:01


UNIDADE 1

Assim, durante uma infecção gripal, uma pessoa produz anticorpos con- a) Cite dois métodos que podem impedir a contaminação por es-
tra as espículas virais e torna-se imune ao tipo de vírus que a infectou. sa doença e ao mesmo tempo evitar uma gravidez não planejada.

RNA

Envelope Neuroaminidase → Espícula N


lipoproteico b) Considerando a diversidade de opção sexual, vacinar apenas in-
divíduos do sexo feminino será uma medida eficaz para acabar
Capsídio Hemaglutinina → Espícula H
com a transmissão da doença condiloma acuminado na popula-
ção? Justifique.

Essas espículas são identificadas numericamente. Assim, por exem-


plo, o vírus identificado como H5N1 é o responsável pela pandemia de
gripes em aves, que tem ocorrido na Ásia desde 1997; o H2N2 é o que
causou a pandemia de gripe asiática; já o vírus H1N1 foi responsável
pela pandemia de gripe espanhola em 1918-1919 e, mais recente-
mente, pela pandemia de gripe que começou no México e se alastra c) A descoberta e a utilização de uma vacina para uma determinada
pelo mundo. doença é um grande avanço para a saúde pública. Porém, além
das vacinas existe também o soro como forma de imunizar a po-
Com relação à profilaxia e às características comuns desses vírus, são pulação. Qual a diferença entre vacina e soro e qual é o mais indi-
feitas as seguintes afirmativas: cado para uma situação na qual o antígeno já está no organismo?
I. A vacinação contra a gripe consiste em impedir que diferentes
vírus ativos, agentes causadores da doença, penetrem no corpo.
II. Os vírus mutantes possuem espículas H e N ligeiramente diferen-
tes daquelas que existiam nos vírus da linhagem original, o que
impede que os anticorpos já produzidos atuem eficientemente.
III. O material genético dos vírus da gripe é o RNA, um ácido nuclei-
co mutável, o que acaba dando origem às diversas variedades de d) O HPV é um vírus, e os vírus não são considerados como seres vi-
vírus. vos por muitos cientistas. Qual a principal justificativa para não se
considerar vírus como um ser vivo?
IV. Os diferentes tipos de vírus têm afinidades com células especí-
ficas e o que determina essa afinidade diferencial dos vírus são
seus carboidratos.
Está correto o que se afirma apenas em

a) I. 3. (PUC-PR) Vírus é uma entidade biológica que pode infectar organis-


mos vivos. Vírus são parasitas intracelulares obrigatórios, e isso sig-
b) I e III. nifica que eles somente se reproduzem pela invasão e controle da
c) II e III. maquinaria de autorreprodução celular. O termo VÍRUS geralmente se
refere às partículas que infectam eucariontes, enquanto o termo FAGO
d) I, II e IV.
é utilizado para descrever aqueles que infectam procariontes. Tipica-
e) II, III e IV. mente, essas partículas carregam uma pequena quantidade de ácido
nucleico cercada por alguma estrutura protetora consistente de pro-
2. (UFC-CE) A Inglaterra anunciou que meninas entre 12 e 13 anos po- teína também conhecida como envelope viral ou capsídeo; ou feita de
derão receber vacina contra o HPV (papilomavírus humano), que causa proteína e lipídio. São conhecidas aproximadamente 3 600 espécies de
grande parte dos tipos de câncer do colo do útero, além do condiloma vírus, sendo que algumas são patogênicas para o homem. Analise as
acuminado. Com base nessa informação, faça o que se pede. proposições sobre os vírus.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 15

em2_bio_v1.indb 15 22/09/2021 17:20:01


UNIDADE 1

I. Vírus com a enzima transcriptase reversa são possuidores de RNA d) utilizam apenas a energia das células infectadas, pois carregam
como material genético e são capazes de promover cópias de mo- todas as estruturas necessárias para essa finalidade.
léculas DNA a partir de moléculas de RNA.
e) induzem as células infectadas, a partir das informações contidas
II. Febre amarela, dengue, varíola, poliomielite, hepatite, hansenía- no material genético que eles carregam, a criar as suas cópias.
se, aids, condiloma, sarampo, sífilis e caxumba são exemplos de
viroses humanas. 5. (Unesp) Uma das maiores preocupações a respeito da gripe aviária, ou
gripe do frango, é o risco de uma mistura entre o vírus que causa tal
III. Há vírus bacteriófagos capazes de realizar o ciclo lítico onde a cé-
doença e o vírus da gripe humana comum, o que facilitaria a trans-
lula infectada não sofre alterações metabólicas e acaba gerando
missão da gripe aviária entre as pessoas. O vírus da gripe aviária é o
duas células filhas infectadas.
H5N1, e o tipo mais comum da gripe humana é causado pelo vírus
IV. Antibióticos como a penicilina, cefalexina e ampicilina não são H3N2. Suponha que um laboratório obteve um vírus “híbrido”, com ca-
indicados para o tratamento de viroses, pois os vírus, devido à pa proteica de H5N1 e material genético de H3N2. Esse vírus foi ino-
sua elevada capacidade mutagênica, desenvolvem rapidamente culado em embrião de galinha, no qual se reproduziu. Os vírus obtidos
resistência a esses medicamentos. foram isolados e inoculados em galinhas adultas sadias, nas quais
também se reproduziram.
V. Normalmente, os vírus apresentam especificidade em relação
ao tipo de célula que parasitam. Assim, o vírus da hepatite tem Pode-se dizer que essas galinhas
especificidade pelas células hepáticas; os vírus causadores de
verrugas têm especificidade por células epiteliais; assim como os a) devem permanecer isoladas de qualquer contato com humanos,
vírus que atacam animais são inócuos em vegetais e vice-versa. pois podem transmitir a estes o vírus que desenvolve a gripe aviá-
ria e que já provocou a morte de algumas dezenas de pessoas.
Estão corretas
b) devem permanecer isoladas de qualquer contato com humanos,
a) II, III e IV. d) I, IV e V. pois podem adquirir destes o vírus H3N2, o qual pode hibridizar
b) I, II e III. e) apenas III e V. com o vírus das aves, produzindo uma forma infectante para o
homem.
c) apenas I e V.
c) devem permanecer isoladas de qualquer contato com humanos,
4. (Fatec-SP) Vírus de computador são programas que, geralmente, cau- pois apresentam em seu organismo ambos os tipos de vírus, H3N2
sam algum dano aos computadores. O técnico em Segurança da In- e H5N1, sendo este último capaz de infectar o organismo humano.
formação precisa estar sempre atento para impedir a contaminação de d) apresentam em seu organismo apenas vírus do tipo H3N2 e, mui-
sistemas por esses programas. De um modo geral, os vírus de com- to embora devam ser mantidas isoladas do contato humano, não
putador contêm instruções que serão lidas pelo computador infectado apresentam riscos de serem transmissoras da gripe aviária.
e irão determinar que ele crie cópias desses programas e as espalhe
e) apresentam em seu organismo apenas vírus do tipo H5N1 e, mui-
para outras máquinas.
to embora devam ser mantidas isoladas do contato humano, não
A denominação vírus, dada a esses programas, deve-se à analogia apresentam riscos de serem transmissoras da gripe aviária.
que é possível estabelecer entre o modo de replicação deles e dos
vírus biológicos.

A analogia é possível, porque os vírus biológicos, para se multiplicar,

a) fazem apenas a leitura das informações contidas no material ge-


nético das células infectadas.
b) apresentam dependência apenas do metabolismo das células in-
fectadas, não utilizando nenhuma de suas estruturas.
c) não utilizam nenhuma substância ou estrutura das células infec-
tadas, pois eles carregam tudo de que necessitam para essa fi-
nalidade.

16 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

PROCARIONTES fixadoras de nitrogênio, podem ocupar os mais diferentes hábitats por


terem uma ampla autonomia nutritiva, sendo seres pioneiros. Outras
espécies quimiossintetizantes são produtoras de ambientes marinhos

MP Art | Shutterstock
muito especiais, sendo responsáveis pela manutenção de muitas
comunidades.
Pesquisas modernas apontam a estreita relação das bactérias com o pró-
prio organismo humano. Há, em nossos corpos, dez vezes mais bactérias
do que células. A manutenção de bactérias que nos possibilitam a preser-
vação da saúde depende da nossa própria alimentação. Hábitos não reco-
mendados de alimentação podem causar a morte de muitas bactérias que
competem com bactérias patogênicas, abrindo caminho para os mais dife-
rentes males causados por estas, as bacterioses. Portanto, cada vez mais
deveremos compreender a estreita relação que há entre a nossa própria
Micrografia eletrônica de varredura da bactéria Escherichia coli. existência e as bactérias.
As bactérias apresentam também um excelente valor econômico na indús-
Os organismos procariontes, unicelulares, isolados ou coloniais, segundo tria com a exploração do fenômeno de fermentação, como na indústria de
a classificação tradicional de Whittaker, estão incluídos no reino Monera, laticínios. A biotecnologia faz uso das bactérias para a produção de produ-
sendo representados pelas bactérias, cianobactérias (antigas cianofíceas tos de interesse, como a insulina, vários tipos de hormônios e interferon,
ou algas azuis) e as arqueobactérias. A maioria dos procariontes apresen- entre outros muitos exemplos.
tam células com medidas entre 0,5 e 5 µm.
Vamos conhecer melhor os organismos mais fascinantes que existem nes-
te planeta. Foram os primeiros a surgir e, muito provavelmente, serão os
Robert Harding Whittaker nasceu em 1920 e foi um cientista na últimos a desaparecer se um dia as condições não forem propícias à vida
área biológica. Ele propôs a classificação dos seres vivos em cin- no planeta Terra.
co reinos.
CLASSIFICAÇÃO
Embora tenham uma organização celular bastante simples, os procariontes
são profundamente versáteis, adaptando-se praticamente a todos os am- Muito provavelmente, os seres procarióticos foram os ancestrais de todas
bientes da biosfera. Carl Richard Woese, microbiologista norte-americano, as formas vivas que existem no nosso planeta. Recentes avanços da bio-
propôs uma classificação nova tendo como base a análise do RNAr, con- logia molecular permitiram a comparação de moléculas, como os ácidos
gregando os organismos em três domínios (Bacteria, Archaea e Eukarya), nucleicos, e proteínas das mais diferentes espécies de bactérias, estabe-
sendo que as bactérias foram incluídas no domínio Bacteria, enquanto as lecendo relações evolutivas entre elas. Concluiu-se que, há cerca de três
arqueobactérias no domínio Archaea. bilhões de anos, surgiram duas linhagens distintas de seres procarióticos:
uma responsável pela origem das arqueas e outra que evoluiu para as bac-
As pesquisadoras Karlene Schwartz e Lynn Margulis recusaram a proposta
térias, organismos que predominam na Terra. Os seres procarióticos vive-
de Woese e sugeriram modificações na classificação de Whittaker. A ten-
ram com exclusividade na Terra até cerca de 1,5 bilhão de anos, quando
dência, portanto, é a utilização de “Monera” apenas para agrupar os pro-
surgiram os primeiros eucariontes.
cariontes, sem ter o valor taxonômico de reino.
Há indicações que permitem supor terem sido os organismos eucariontes
originados do mesmo ramo que formou as arqueas.
Lynn Margulis é uma bióloga conhecida pela sua teoria da origem
simbiôntica das organelas mitocôndrias e cloroplastos dos euca- Árvore filogenética da vida
riontes.
Bacteria
Eukarya
Bactérias verdes Archaea
Spirochetes filamentosas Entamoebidea Animais
Gram- Mycetozoa Fungos
Halophiles
Os procariontes são imprescindíveis para a existência e a manutenção da Proteobacteria
-positivas
Methanobacterium Methanosarcina Plantas
vida na Terra. Os serviços ambientais são inúmeros, desde a fixação do Cyanobacteria Methanococcus
Planctomyces T. celer Ciliados
nitrogênio até a decomposição, fenômeno que permite a reciclagem da Thermoproteus Flagelados
Bacteroides Pyrodictium
cytophaga Trichomonadida
matéria nos ecossistemas planetários. Não se conhecem formas parasitas
Thermotoga Microsporidia
de arqueobactérias. Ao contrário do que se acredita, apenas algumas Aquifex Diplomonadida
espécies de bactérias provocam doenças em humanos e nos demais
organismos. As cianobactérias, concomitantemente fotossintetizantes e

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 17

em2_bio_v1.indb 17 22/09/2021 17:20:03


UNIDADE 1

ARQUEAS (ARQUEIAS) TERMOACIDÓFILAS


As arqueas (arqueobactérias para alguns) são representadas por um pe- As arqueas termoacidófilas se desenvolvem em fontes termais ácidas, com
queno número de espécies, encontradas fundamentalmente em ambientes temperaturas oscilando entre 60 °C e 80 °C, ou em fendas vulcânicas
hostis (extremófilas), possivelmente em condições muito próximas àque- nas profundezas oceânicas. As termófilas extremas podem suportar
las da sua origem. até 150 °C. A maioria das termoacidófilas é quimiossintetizante, tendo
como energética a oxidação do enxofre. Em alguns locais do Pacífico, em
As arqueas diferem das bactérias em muitos aspectos morfológicos, me-
profundidades de 4 000 m, esses procariontes atuam como produtores
tabólicos e na sequência de bases nitrogenadas do RNAr. A composição
e mantenedores da vida nos ecossistemas. Arqueas termoacidófilas
da parede celular representa uma diferença morfológica fundamental en-
estão presentes em fontes termais sulforosas no Parque Nacional de
tre as arqueas e as bactérias. Nas primeiras, ela é constituída de proteí-
Yellowstone, nos Estados Unidos.
nas, glicoproteínas ou polissacarídeos complexos, enquanto nas bactérias
a parede celular é formada basicamente por moléculas de peptidoglicano.

B Norris | Shutterstock
A única forma de reprodução até agora relatada é a cissiparidade. Apre-
sentam-se de forma esférica, bastão, espiralada, achatada ou irregular.
Acredita-se que as arqueas sofreram poucas mudanças desde o seu sur-
gimento. Os grupos mais estudados são as halófitas, as termoacidófilas e
as metanogênicas.

HALÓFITAS
As arqueas halófitas vivem em poças de água salgada com teor salino mui-
to acima daquele da água do mar. Há colônias de bactérias possuidoras
Detalhe de depósitos minerais coloridos, água e formações rochosas de Midway Geyser, no
do pigmento conhecido como bacteriorodopsina, semelhante ao pigmento Parque Nacional de Yellowstone.
rodopsina presente na retina. A ação da bacteriorodopsina permite a absor-
ção da luz solar para a produção de ATP, consistindo na forma mais simples
de fotossíntese. A presença dessas bactérias nas salinas, muitas vezes, METANOGÊNICAS
torna a água de uma cor púrpura-avermelhada ou rósea.

Bernhard J Gaarsoe | Shutterstock


StephanKogelman | Shutterstock

Bactérias extremófilas vivendo em uma fonte termal no Parque Nacional de Yellowstone.

As metanogênicas são habitantes de pântanos e do tubo digestivo de her-


bívoros e cupins, produzindo metano (razão de seu nome) e sendo respon-
sáveis pelo cheiro característico dos pântanos (gás dos pântanos). Nos
humanos, provocam flatulência. Essas arqueas são anaeróbicas estritas e
atuam como decompositores importantes da matéria orgânica. Atualmen-
te, são úteis para o tratamento de lixo em processos como biodigestores
e compostagem, sendo o metano canalizado para ser utilizado como com-
bustível. Na imagem a seguir, um biodigestor anaeróbico em que resíduos
orgânicos são utilizados para gerar metano para produzir biogás.
Vista aérea das montanhas de sal e da doca de carregamento da cidade de Kralendijk, na
Ilha de Bonaire. Foto de 22 de agosto de 2020.

18 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Membrana plasmática

BAO-Images Bildagentur | Shutterstock


Sob a parede celular bacteriana está situada a membrana plasmática li-
poproteica, muito semelhante às membranas das células eucariontes. Ela
delimita e protege o conteúdo citoplasmático.

Cápsula
Algumas bactérias apresentam, externamente à parede celular, uma cáp-
sula que, além de ser um envoltório protetor, também aumenta o poder
infectante nas espécies patogênicas (a perda da cápsula pode diminuir
Produção de biogás pela digestão anaeróbica. Nesse processo, os micro-organismos degra-
ou mesmo acabar o seu poder infectante). Essa estrutura é formada por
dam a matéria orgânica na ausência de oxigênio. substâncias viscosas originadas pela própria célula e altamente específi-
cas (por exemplo, a diferença entre os mais ou menos 70 tipos diferentes
de pneumococos depende de pequenas alterações na composição quími-
BACTÉRIAS ca das cápsulas).

As bactérias são seres unicelulares e podem ser isoladas ou coloniais, for-


Citoplasma
madas por uma célula procarionte. Oscilam entre 0,2 e 1,5 μm de com-
primento, sendo, portanto, visíveis tanto ao microscópio óptico quanto ao O citoplasma é preenchido pelo citosol, o qual é constituído de água e de
microscópio eletrônico. Em 1980 foi encontrada uma bactéria no tubo di- muitas substâncias inorgânicas e orgânicas. No citosol estão presentes os
gestivo de um peixe, no Mar Vermelho, descrita como Epulopiscium fishelsoni. ribossomos, únicas estruturas citoplasmáticas dos procariontes e respon-
Essa bactéria media algo em torno de 0,6 mm de comprimento e era vi- sáveis pela síntese de proteínas.
sível a olho nu. Outra bactéria, descrita no ano de 1999, encontrada em
sedimentos oceânicos na costa da Namíbia, é a Thiomargarita namibiensis, Ribossomos
com comprimento de aproximadamente 0,75 mm.
Os ribossomos bacterianos possuem, em termos quantitativos, uma compo-
As bactérias foram observadas pela primeira vez no final do século XVII por sição química ligeiramente diferente daquela das células eucariontes, além
Antonie van Leeuwenhoek (1632-1723), pesquisador holandês que as veri- de serem menores. Essa é a razão pela qual alguns antibióticos podem blo-
ficou em resíduos removidos de seus dentes. quear os ribossomos bacterianos sem afetar as células eucariontes. Cada
Pesquisadores como Robert Koch (1843-1910) e Louis Pasteur (1822-1895) célula da bactéria Escherichia coli apresenta cerca de 15 mil ribossomos.
demonstraram o caráter patogênico das bactérias, fato que despertou o in-
teresse definitivo da comunidade científica para o seu estudo. Nucleoide
O grupo das bactérias contém milhares de espécies com as mais diferen- Nucleoide é o nome dado à região central da bactéria onde se encontra o
tes formas, ocupando os mais diversos hábitats e com variações metabó- material genético, constituído de uma molécula circular de DNA que, ao
licas significativas. O tipo de associação colonial e a forma da célula são contrário do DNA das células eucariontes, não está associada a proteínas
características importantes para a sua classificação. histônicas, formando o cromossomo bacteriano.

ESTRUTURA Plasmídeos
A estrutura básica de uma bactéria envolve parede celular, membrana Além do DNA cromossômico, a célula bacteriana pode conter também os
plasmática, cápsula, citoplasma e nucleoide, além de estruturas como os plasmídeos, que são moléculas circulares adicionais de DNA. Eles não são
ribossomos, mesossomos e plasmídeos. Algumas bactérias ainda são pro- essenciais para a vida das bactérias, mas podem ser muito úteis, pois as
vidas de flagelos e fímbrias. protegem contra a ação de muitos antibióticos, degradando-os e aumen-
tando sua resistência.
Parede celular
Mesossomos
A parede celular representa o envoltório mais externo da bactéria, res-
ponsável pela determinação da forma bacteriana, além de proteger contra A única estrutura membranosa presente no citoplasma da maioria das bac-
as agressões físicas do ambiente. Em vez da celulose encontrada na pa- térias é o mesossomo, o qual resulta da invaginação da membrana plas-
rede celular dos vegetais, ela é formada por peptídeos diversos. O prin- mática. Os mesossomos armazenam as enzimas relacionadas à respiração
cipal componente é o peptidoglicano – moléculas de açúcar associadas e à fotossíntese bacteriana, além de aumentarem a superfície da membra-
a aminoácidos. na. O DNA bacteriano, normalmente, está ligado ao mesossomo.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 19

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UNIDADE 1

Flagelos NUTRIÇÃO
A locomoção de muitas bactérias é garantida pela presença de flagelos Quanto à nutrição, temos tanto bactérias autótrofas quanto bactérias he-
(principalmente nos bacilos e nos espirilos), longos filamentos proteicos terótrofas. Veja cada caso a seguir.
(proteína flagelina) conectados à parede e à membrana celular. Cada fla-
gelo contém um rotor móvel que gira dentro de um anel fixo à velocida- Autótrofas
de de 15 mil rotações por minuto (assemelha-se às hélices dos barcos).
As bactérias autótrofas podem utilizar como fonte primária de energia tan-
As bactérias podem ser atríquias (quando não possuírem flagelos); mo-
to a luz solar quanto a oxidação de compostos inorgânicos. As bactérias
notríquias (com um flagelo); anfítriquias (com um flagelo de cada lado);
autótrofas são aquelas que produzem sua matéria orgânica a partir da ma-
peritríquias (com flagelos em torno de toda a célula); lofotríquias (com
téria simples, por meio da fotossíntese ou quimiossíntese.
um tufo de flagelos em uma das extremidades); ou lofoanfitríquias (com um
tufo de flagelos em cada uma das extremidades). • Fotossíntese
As bactérias fotossintetizantes, fotoautótrofas, estão representadas

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pelas cianobactérias, certas bactérias púrpuras e bactérias verdes.
Podemos representar a reação de fotossíntese em uma cianobactéria
da seguinte forma.

6CO2 + 12H2O Luz e clorofila


C6H12O6 + 6O2 + 6H2O
6CO2 + 6H2O Luz e clorofila
C6H12O6 + 6O2

As demais bactérias que fazem fotossíntese, à exceção das ciano-


Bactéria Helicobacter pylori com detalhes de seus flagelos. bactérias, captam energia solar por meio da bacterioclorofila. Como
o fornecedor de hidrogênios, para a redução do gás carbônico, é uma
Pelos ou fímbrias outra substância inorgânica diferente da água, então não há liberação
de oxigênio. Vamos citar como exemplo as bactérias sulfurosas do gê-
Algumas bactérias podem apresentar estruturas menores e mais numero- nero Chlorobium, que utilizam H2S e CO2.
sas que os flagelos, denominadas fímbrias ou pelos que, aparentemente,
não exercem função associada à mobilidade. Possivelmente, os pelos es-
12H2S + 6 CO2 → C6H12 O6 + 12S + 6H2O
tão ligados à adesão das bactérias às mais diversas superfícies de con- Luz
tato e a sítios de fixação do vírus bacteriófago. Durante a conjugação, as bacterioclorofila
fímbrias (pelos sexuais) funcionam como ponte, unindo as bactérias e ser-
vindo como passagem para o DNA da bactéria + (doadora) para a bactéria –
(receptora). O enxofre permanece no interior da célula, sendo, posteriormente, eli-
minado para o meio, em geral nas fontes sulfurosas.
• Quimiossíntese
Fímbrias A reação de quimiossíntese nas bactérias quimiossintetizantes, qui-
mioautótrofas, incluem espécies de gêneros importantes, tais como
Ribossomo Nitrobacter e Nitrosomonas, dois gêneros cujas espécies são importantes
Cápsula
Flagelo
para o processo de reciclagem do nitrogênio em nossos ecossistemas.
Parede A quimiossíntese corresponde à síntese de matéria orgânica com a uti-
celular
lização da energia originária de uma reação química inorgânica. As bac-
Nucleoide (DNA) térias do gênero Nitrosomonas oxidam a amônia conforme a equação a
Membrana seguir.
plasmática
2NH3 + 3O2 → 2HNO2 + 2H2O + energia
↓ ↓
Estrutura básica de uma bactéria. Amônia Nitrito

20 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

As bactérias do gênero Nitrobacter oxidam conforme a seguinte equação. Anaeróbica

Nessa forma de respiração, não há a participação do oxigênio, sendo o acep-


2HNO2 + O2 → 2HNO3 + energia tor final de hidrogênios outra substância, como um nitrato ou um sulfato.
↓ ↓
Nitrito Nitrato Os produtos finais da respiração anaeróbica são o gás carbônico e outra
substância inorgânica, dependendo do aceptor final de hidrogênios.

As ferrobactérias utilizam a energia química proveniente da oxidação • Anaeróbicas obrigatórias (estritas)

de compostos de ferro, conforme a equação a seguir. As bactérias anaeróbicas estritas são aquelas que não suportam a
presença de oxigênio, morrendo caso sejam expostas a ele. São bac-
térias muito perigosas para a nossa saúde. Cita-se, por exemplo, a
4FeO + O2 → 2Fe2O3 + energia Clostridium tetani, causadora do tétano, encontrada no solo. Exata-
↓ ↓
mente por isso muitas pessoas costumam desinfetar ferimentos su-
Óxido ferroso Óxido férrico
jos de terra com água oxigenada, que, ao liberar o oxigênio, provoca
a morte da bactéria.
As sulfobactérias utilizam a energia química da oxidação de compos-
As bactérias envolvidas no ciclo do nitrogênio, como Pseudomonas e
tos sulfurosos, conforme a reação:
Bacillus, usam nitratos como aceptores finais de hidrogênio. A se-
quência de eventos do processo de desnitrificação é a que segue.
H2S + 2O2 → H2SO4 + energia
↓ ↓
Gás sulfídrico Ácido sulfúrico NO3– → NO–2 → N2O → N2
Nitrato → Nitrito → Óxido nitroso → Gás nitrogênio

Heterótrofas Outras bactérias utilizam sulfatos como aceptores finais de hidrogê-


nio, liberando sulfeto de hidrogênio, H2S, como a Desulfovibrio sp., fun-
Grande parte das bactérias apresenta nutrição heterótrofa, retirando do
damental para a reciclagem do enxofre.
meio as moléculas orgânicas necessárias à sobrevivência.
Entre as bactérias heterótrofas podemos citar as decompositoras e as sa-
profágicas. Enquanto as primeiras degradam cadáveres, as últimas usam Você conhece o cheiro de ovo podre liberado por certos la-
como alimento os resíduos orgânicos eliminados por outros seres. Há, in- gos lodosos e pântanos? Esse odor é o resultado da liberação
clusive, bactérias capazes de degradar os derivados de petróleo, tóxicos do sulfeto de hidrogênio por bactérias do gênero Desulfovibrio.
para a maioria dos seres vivos. As bactérias decompositoras nos prestam
um serviço ambiental relevante e indispensável para a continuidade da vi-
da na Terra, que é a reciclagem da matéria nos mais diferentes ecossis- • Anaeróbicas facultativas
temas. A biotecnologia já nos tem fornecido, por exemplo, bactérias que As bactérias anaeróbicas facultativas são aquelas que fazem respira-
podem atuar em acidentes com derramamento de petróleo. ção aeróbica normal, porém, na ausência do oxigênio, sofrem um des-
Outras bactérias heterotróficas são parasitas, instalam-se nos seres vivos vio metabólico, realizando a fermentação.
e os utilizam como fonte de nutrientes, prejudicando-os. Em outros casos,
A fermentação é um processo de respiração em que uma molécula orgâ-
elas liberam toxinas muito fortes no corpo do hospedeiro, como ocorre nas
nica é degradada em compostos orgânicos mais simples, liberando uma
bactérias do gênero Clostridium.
pequena parcela da energia contida em suas ligações. Na prática, con-
siste em uma glicólise, primeira etapa do processo de respiração celu-
RESPIRAÇÃO lar, em que o ácido pirúvico resultante da quebra da molécula da glicose
As bactérias podem apresentar respiração aeróbica obrigatória, anaeróbica é metabolizado em um composto final, podendo este ser um álcool ou
facultativa e anaeróbica obrigatória. um ácido. O produto final determina o tipo de fermentação: fermentação
alcoólica (álcool etílico + gás carbônico) ou fermentação ácida (ácido
Aeróbica lático + gás carbônico). A fermentação tem uma importância industrial
muito grande por permitir a produção de todos os derivados do leite (io-
A respiração aeróbica é aquela em que a célula obtém energia de com- gurtes, queijos, coalhadas, ricotas etc.), como também a produção de
postos orgânicos, tendo como aceptor final de hidrogênios o gás oxigênio. vinagre e álcool.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 21

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UNIDADE 1

Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

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SAIBA MAIS

Os peixes marinhos apresentam uma substância chamada óxido de


trimetilamina (OTMA). Com a morte do peixe, por ação microbiana,
essa substância é reduzida a trimetilamina (TMA). Exatamente a TMA
é um dos principais agentes responsáveis pelo cheiro do peixe de-
teriorado. Nos pescados de água doce, há pouco ou nenhum OTMA,
razão pela qual apresentam sabor e odor mais suaves que os peixes
marinhos. Espirilos. Vibriões.

Já o cheiro de terra molhada, quando chove, resulta da atividade de As bactérias agrupadas formam colônias, como podemos observar nas
uma bactéria comum no solo, especialmente o gênero Streptomyces, imagens a seguir.
que libera uma substância chamada geosmina durante a produção

Snailstudio | Shutterstock

Kateryna Kon | Shutterstock


dos esporos. A geosmina também está presente na beterraba, sendo
responsável pelo cheiro e gosto de barro.
Os camelos, no deserto, são sensíveis ao cheiro da geosmina e con-
seguem detectá-lo. Assim, as bactérias atraem os camelos para fon-
tes de água. Esses animais, após beberem, dispersam os esporos
dessas bactérias para vários lugares.  

Sarcina, colônia de cocos. Estreptococos, colônia de cocos.


TIPOS MORFOLÓGICOS

A forma celular, a coloração e os aspectos bioquímicos são critérios impor- COLORAÇÃO


tantes usados para classificar bactérias. O método de coloração Gram foi desenvolvido pelo médico dinamarquês
Hans Christiam Gram (1853-1938), em 1884. O método diferencia as bac-
As formas fundamentais são cocos (bactérias arredondadas), bacilos (em
térias em dois grupos: as gram-positivas e as gram-negativas.
forma de bastão), vibriões (bastonete curvo lembrando uma vírgula) e es-
pirilos (bastonete ondulado ou espiralado).
Gram-positivas
Os cocos podem se apresentar agrupados, formando aglomerados, como
As bactérias gram-positivas são as que apresentam a parede celular for-
os estreptococos (cocos em cadeia como as contas de um colar), os esta-
mada por uma única e espessa camada de peptidoglicano. Essas bactérias
filococos (colônia em forma de cacho), a sarcina (grupo de cocos de forma
se coram bem pelo método violeta de genciana.
cúbica), os diplococos (dois cocos reunidos) e as tétrades (quatro cocos
formando um quadrado).
Kateryna Kon | Shutterstock

A seguir temos imagens das formas básicas de bactérias: bacilos, cocos,


espirilos e vibriões.
MilletStudio | Shutterstock

Kateryna Kon | Shutterstock

Estrutura de uma
bactéria gram-
-positiva: membrana
interna (citoplasmá-
tica), fosfolipídios,
envolta por camada
de peptidoglicano.

Bacilos. Cocos.

22 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Gram-negativas REPRODUÇÃO
As bactérias gram-negativas possuem uma fina camada de peptidoglicano Um grupo tão diversificado como o das bactérias também desenvolveu va-
constituindo a parede celular e uma segunda capa adicional, muito seme- riadas formas de reprodução. As estratégias reprodutivas de bactérias en-
lhante à membrana plasmática. Essas bactérias não retêm o corante vio- volvem processos assexuados e sexuados de reprodução.
leta de genciana quando tratadas com álcool.
Reprodução assexuada

• Cissiparidade (bipartição)
A cissiparidade é um fenômeno em que uma bactéria origina duas ou-
tras geneticamente idênticas. Esse processo se difere da mitose por
não apresentar condensação dos cromossomos, por não formar fuso
Kateryna Kon | Shutterstock

mitótico e por não haver carioteca.


Estrutura esquemá-
tica de uma bactéria O fenômeno envolve a duplicação do cromossomo bacteriano e a for-
gram-negativa. mação de mais um mesossomo. Cada cromossomo fica aderido a um
mesossomo, ocorrendo entre eles a separação das células.

sciencepics | Shutterstock

Na imagem da estrutura esquemática de uma bactéria gram-negativa, é


Escherichia coli em divisão ce-
possível verificar a membrana interna (citoplasmática) fosfolipídica, uma lular: organismo comumente
camada de peptidoglicano formando a parede celular e, mais externamen- utilizado em experiências de
te, uma membrana de fosfolipídios contendo lipopolissacarídeo. engenharia genética.

Técnica do método de coloração Gram • Esporulação


1– Espalham-se bactérias sobre uma lâmina. É um processo em que ocorre a formação de esporos (formas de re-
2 – Secam-se ao calor de uma chama. sistência), os endósporos. Em casos de aumento de temperatura ou
desidratação do meio, as bactérias concentram boa parte do proto-
3 – Colocam-se em solução aquosa de violeta de genciana e iodo.
plasma em um dos polos ou no centro da célula, formando ao seu
4 – Após alguns minutos, lavam-se com álcool e coram-se com redor uma grossa e impermeável parede celular. Uma vez destruída a
fucsina (cor-de-rosa). bactéria, o esporo permanece em dormência, sem manifestar sinais
Resultados vitais. Em condições propícias, ele rompe a parede e se transforma em
uma nova bactéria, ativa.
1 – Coradas em violeta: gram-positivas.
2 – Coradas em rosa: gram-negativas. Muitos esporos suportam condições extremas, como horas de fervura,
ação de desinfetantes, dessecação e até radiações, podendo perma-
A identificação do tipo de bactéria permite uma intervenção espe- necer em condições de gerar nova bactéria durante anos.
cífica para o tratamento por parte do médico.
Nesses processos, as alterações genéticas nas bactérias ocorrem so-
mente por mutação.
Schira | Shutterstock

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Ilustração do resultado do teste utilizando o método Gram, gram-positivas coradas


de violeta e gram-negativas coradas de rosa.

Clostridium botulinum (causadora do botulismo) em processo de esporulação.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 23

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UNIDADE 1

Reprodução sexuada • Conjugação


Na conjugação, há a união de duas bactérias, sendo uma denominada
Ocorre ou por aumento do número de indivíduos ou pela modificação genética
doadora ou macho, na qual ocorre duplicação de parte de seu cromos-
deles. Nas bactérias, há três mecanismos que possibilitam a transmissão de
somo. A porção duplicada se separa do cromossomo original e passa,
material genético para a próxima geração.
por meio de uma ponte citoplasmática (pelos sexuais ou pilli), para
• Transformação outra bactéria, chamada receptora ou fêmea.

É o fenômeno em que ocorre absorção de material genético do meio, A porção cromossômica transferida se funde ao cromossomo da bac-
às vezes de bactérias já mortas, alterando o código genético da bac- téria receptora, tornando-a geneticamente modificada. Uma bactéria
téria receptora. Esse processo tem sido utilizado, pelos cientistas, co- recombinante, ao se reproduzir assexuadamente, formará cópias idên-
mo técnica em engenharia genética para introduzir genes de espécies ticas com material genético distinto das não recombinantes.
diferentes em células bacterianas.
Conjugação Cromossomo

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Plasmídio Pilli

Bactéria
Bactéria Transferência
de plasmídio

Bactéria
Bactéria
Processo de transformação Visão ao microscópio eletrônico de transmissão de uma bactéria E. coli, “macho”, inferior,
em bactéria, observa-se a transferindo DNA para duas outras, “fêmeas”, por meio dos pelos sexuais (pilli).
incorporação de partículas
de DNA do meio.
IMPORTÂNCIA DAS BACTÉRIAS
As bactérias têm uma ação fundamental e decisiva para o meio ambiente,
ao ponto de a humanidade ter aprendido a utilizar o trabalho delas em seu
benefício. Sua ação decompositora, junto aos fungos, degrada a matéria
orgânica em substâncias simples que, uma vez liberadas no meio, podem
• Transdução
ser reutilizadas por outros seres. Essa atividade é essencial à manutenção
Processo no qual o material genético de uma bactéria é transferido da vida na Terra, viabilizando a reciclagem da matéria nos ecossistemas.
para outra tendo o vírus como vetor, que pode servir de ponte entre
Muitas são patogênicas, causando enfermidades em animais e vegetais.
uma bactéria parasitada e outra, executando a transferência de genes.
Calcula-se que a metade de todas as doenças humanas seja causada por
Também tem sido um processo usado pela engenharia genética para a
bactérias. São doenças provocadas por bactérias: botulismo, gangrena ga-
transferência de genes para as bactérias.
sosa, tétano, febre tifoide, gastroenterites, pneumonia, disenteria bacilar,
gonorreia, coqueluche, tuberculose, sífilis, cólera, meningite epidêmica,
tozzi.marta | Shutterstock

difteria e hanseníase.
As bactérias são fundamentais para a ciclagem do nitrogênio nos ecos-
sistemas, pois atuam como fixadoras, transformam amônia em nitritos e
estes em nitratos, possibilitam a absorção pelos vegetais que o introdu-
zem nos ecossistemas ou como desnitrificantes e liberam o N2 novamente
para a atmosfera.
As bactérias do gênero Rhizobium formam associações mutualísticas com
raízes de leguminosas (soja, feijão, alfafa), fornecendo produtos nitroge-
nados para estas. Por outro lado, há bactérias que atuam como agentes de
oxidação natural, provocando, por exemplo, a ferrugem.
A indústria alimentícia também tem se beneficiado das bactérias.
Ilustração do processo de transferência de DNA de uma bactéria para outra através Por exemplo, há muitos séculos bactérias dos gêneros Lactobacillus e
de um bacteriófago. Streptococcus são utilizadas para o fabrico de queijos, iogurtes, requeijões

24 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

em2_bio_v1.indb 24 22/09/2021 17:20:37


UNIDADE 1

e coalhadas. As bactérias do gênero Acetobacter convertem o álcool


do vinho em ácido acético (vinagre). As do gênero Corynebacterium são
utilizadas para a obtenção do ácido glutâmico (um aminoácido aproveitado 4. Cada disco é colocado sobre uma parte da colônia.
como tempero para intensificar o sabor dos alimentos) em larga escala. 5. A maior área destruída corresponde ao antibiótico mais eficiente.

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IMPORTANTE

Os coliformes fecais são utilizados como indicadores de qualidade


Antibiograma: teste
ambiental da água ou de alimentos por fezes humanas. A presença de sensibilidade
de coliformes fecais na água, mesmo que não sejam patogênicos, aos antibióticos
em bactérias.
indica contaminação fecal e possibilidade da existência de outros
micro-organismos causadores de moléstias.

Da mesma forma, tem sido importante o uso de bactérias, pela indústria far-
macêutica, para a produção de antibióticos e vitaminas. Bactérias do gênero Para a realização do antibiograma, discos contendo antibióticos são
Streptomyces são utilizadas para a produção do antibiótico neomicina. colocados sobre uma cultura teste de sensibilidade aos antibióticos.
Na química, são importantes para a produção de metanol, butanol, aceto- Esse teste mostra a eficácia de diferentes antibióticos contra a bac-
na e outros compostos. téria. As áreas sem cultura em torno dos discos são onde as bacté-
rias foram mortas pelos antibióticos.
No tratamento controlado do lixo, o seu uso é mais recente. As bactérias
são utilizadas em processos de compostagem e biodigestão, transforman-
do restos orgânicos em adubo natural e gás metano em grandes centros
urbanos e em fazendas ecologicamente corretas. Utilização de diferentes bactérias
Vários hormônios humanos, como a insulina e o do crescimento, são fabri- Lactobacillus e Streptococcus – produção de queijos, iogurtes, re-
cados por bactérias geneticamente modificadas, utilizando-se da técnica queijões.
do DNA recombinante.
Acetobacter – produção de vinagre (álcool do vinho em ácido acé-
tico).
Corynebacterium – produção de ácido glutâmico (aminoácido), utili-
SAIBA MAIS
zado em temperos para intensificar o sabor dos alimentos.
A descoberta dos antibióticos só ocorreu em 1929, realizada por Streptomyces – produção do antibiótico neomicina.
Alexander Fleming. Devido ao uso indiscriminado dos antibióticos,
As bactérias podem ser utilizadas ainda na
foram selecionadas bactérias super-resistentes, o que obriga,
atualmente, o seu uso racional. Para tanto é necessário o antibiograma, • indústria química (produção de metanol, butanol e acetona;
em muitos casos, para prescrever o antibiótico mais adequado. decomposição de esgotos domésticos e do lixo; produção de
hormônio do crescimento e insulina);
A técnica exige os seguintes passos.
• fertilização do solo (bactéria Rhizobium, a qual participa do
1. Devem-se retirar as bactérias do local infectado.
ciclo de nitrogênio e faz mutualismo com as leguminosas
2. As bactérias retiradas são cultivadas em placas contendo meio como a soja e o feijão);
de cultura.
• adubação verde (plantação de leguminosas, as quais possuem
3. Após o desenvolvimento das bactérias são utilizados discos de bactérias em suas raízes, e posterior decomposição para a
papel absorvente, cada qual contendo um antibiótico diferente. preparação do solo para outra cultura).

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 25

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UNIDADE 1

CIANOBACTÉRIAS Atualmente, muitas espécies de cianobactérias têm sido utilizadas pela


indústria farmacológica por possuírem atividade antifúngica, antibacteria-
na, antiviral, antitumoral, imunodepressoras e citotóxica.
Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

Ainda, podem ser solitárias ou coloniais, formando colônias laminares ou


filamentosas.

Estrutura
Micrografia de luz polarizada
de colônias de cianobactérias As cianobactérias possuem uma parede celular rígida, quimicamente seme-
filamentosas Oscillatoria sp. lhante às das bactérias. O citoplasma não possui citoesqueleto, nem organelas
membranosas, nem carioteca. Pode ocorrer uma bainha de mucilagem externa
à parede celular. Não possuem flagelos nem pelos, no que diferem das bacté-
rias. Algumas colônias filamentosas se deslocam por deslizamento.

VectorMine | Shutterstock
Carboxissomo
Ribossomo
Bainha de mucilagem Nucleoide (DNA)
As cianobactérias foram classificadas como cianofíceas ou algas azuis,
Cápsula
sendo também procariontes. São todas autótrofas fotossintetizantes, po-
Cobertura viscosa
rém sem cloroplastos. A clorofila a está dispersa no hialoplasma e em la-
melas fotossintetizantes (ramificações da membrana plasmática).
Os outros pigmentos presentes são os carotenoides (como o da cenou- Parede celular
Membrana celular Tilacoide
ra, amarelo-laranja); ficoeritrina (vermelha, responsável pela cor do Mar
Parede celular de
Vermelho); e ficocianina (pigmento de cor azulada responsável pelo nome peptoglicano Ficobilina
que leva). Membrana externa Membrana do tilacoide

As cianobactérias são encontradas em ambientes marinhos, dulcícolas e Ilustração da estrutura


de uma cianobactéria.
terrestres de locais úmidos. Elas são consideradas organismos pioneiros
por se instalarem em ambientes inóspitos, por exemplo, em fontes termais
Reprodução
com temperaturas ao redor de 80 °C.
Esses organismos têm seu sucesso nos mais diversos ambientes em fun- Nas formas isoladas, a reprodução assexuada se dá por cissiparidade. Nas
ção de duas importantes características: a capacidade de fazer fotossín- espécies filamentosas, ocorre a fragmentação do talo, formando fragmen-
tese e de fixar o nitrogênio (há uma célula especial chamada heterocisto, tos denominados hormogônios, capazes de gerar muitos descendentes ge-
nas formas filamentosas, que fixa nitrogênio), o que transforma as ciano- neticamente idênticos por divisão de suas células.
bactérias em seres pioneiros. Portanto, para que uma cianobactéria exista, Há formas coloniais filamentosas que produzem esporos resistentes, os
as necessidades básicas são luz do Sol, gás carbônico, nitrogênio gasoso, acinetos, capazes de se destacar para originar novos filamentos. Não são
água e alguns poucos sais minerais. conhecidas formas de reprodução sexuada em cianobactérias.
Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

MICOPLASMAS
Os micoplasmas são bactérias que representam a forma mais primitiva de vi-
da. São as menores e mais simples células conhecidas, imóveis e desprovidas
de parede celular. Seu tamanho varia entre 0,1 e 0,25 μm de diâmetro. Normal-
mente, os micoplasmas mais citados são aqueles conhecidos por PPLO (pleu-
ropneumonia like organisms), responsáveis por causar problemas respiratórios no
ser humano e em diversos animais. A identificação como bactérias alterou a de-
Anabaena sob a visão microscópica, evidenciando um heterocisto. nominação de PPLO para apenas micoplasmas.
Muitas espécies de cianobactérias produzem toxinas neurotóxicas e hepa- Há espécies de vida livre e outras parasitas de plantas e animais. Podem ori-
totóxicas, as quais, quando ingeridas, podem provocar a morte de muitos ginar colônias filamentosas (semelhantes às hifas – fungos – razão do no-
animais, inclusive de humanos. Em condições ambientais favoráveis, as me micoplasma). Entre algumas espécies parasitas de humanos podemos ci-
cianobactérias podem se reproduzir acentuadamente, pelo fenômeno de tar o Mycoplasma hominis (pode provocar aborto espontâneo), o Mycoplasma
floração, podendo causar problemas para animais e humanos. genitalium (causa uretrite) e o Mycoplasma pneumoniae (causa pneumonia).

26 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

RIQUÉTSIAS E CLAMÍDIAS

MichaelTaylor3d | Shutterstock
Tanto as riquétsias como as clamídias são bactérias degeneradas e consi-
deradas células incompletas por não serem capazes de produzir todas as
enzimas necessárias ao seu processo de autoduplicação. Logo, assim co-
mo os vírus, são parasitas intracelulares obrigatórios.
As riquétsias causam o tifo e a febre maculosa. A Rickettsia prowazekii
causa o tifo epidêmico ou exantemático. A sua transmissão ocorre com as
fezes do Pediculus humanus corporis (piolho-do-corpo) ao contaminarem a
pele que esteja ferida (por exemplo, quando a pessoa coça o local da pica-
da, causando lesões na pele). A Rickettsia typhi causa o tifo murino endê-
mico e é transmitida pelas pulgas de rato.
Colônia de bactérias Rickettsia prowazekii, agente causador do tifo.

O tifo é uma doença altamente contagiosa, que se espalha rapida-


mente. Atingiu os presos dos campos de concentração durante a
Segunda Grande Guerra. Os principais sintomas são febre alta, dor
de cabeça, calafrios, fadiga, delírios, dores musculares e manchas SAIBA MAIS
avermelhadas pelo corpo, geralmente na região do peito.
A clamídia é uma das causas da infertilidade masculina e também
feminina. A bactéria é causadora de inflamações nos testículos e nos
A Rickettsia rickettsii causa a chamada febre maculosa brasileira (FMB), sendo epidídimos, o que pode provocar obstruções e o impedimento da pas-
transmitida por carrapatos que, normalmente, ficam aderidos à pele por um pe- sagem dos espermatozoides. Nas mulheres, a clamídia pode chegar
ríodo de quatro a seis horas. Os vetores principais são os carrapatos do gênero às trompas, impedindo a fecundação ou até mesmo originando a gra-
Amblyomma. No território brasileiro o carrapato-estrela ou carrapato-de-cavalo videz tubária, se houver a fecundação.
(Amblyomma cajannense) apresenta uma dispersão ampla.
KPixMining | Shutterstock

Fêmea do carrapato
Amblyomma cajennense:
vetor da bactéria
Rickettsia rickettsii,
causadora da febre
maculosa.

PENSE NISSO

Campanhas de exterminação de ratos podem aumentar os surtos de


tifo murino endêmico. Sabe a razão? Sem os ratos, as pulgas procu-
ram outros hospedeiros, inclusive humanos.

As clamídias produzem uma forma de resistência semelhante aos esporos,


possibilitando sua dispersão no ar, fenômeno que as diferencia das riquétsias.
A Chlamydia trachomatis causa uma doença infecciosa em humanos, o tra-
coma (podendo levar à cegueira), além das doenças sexualmente trans-
missíveis, o linfogranuloma venéreo e a uretrite. A Chlamydia psittaci causa
um mal que infecta os pulmões, sendo transmitida por aves (seus reser-
vatórios naturais), a psitacose. Já a Chlamydia pneumoniae é responsável
pela pneumonia clamidial.

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UNIDADE 1

Principais bacterioses

Doenças Agente etiológico Transmissão Prevenção Sintomas


Evitar contato junto aos doen-
Gotículas eliminadas por
Pneumonia bacteriana Pneumococo tes; tratamento dos doentes; Tosse, febre, dor torácica.
tosse, espirro ou fala.
vacinação.
Evitar contato com os doentes;
Bacilo de Koch Febre, tosse, emagrecimento,
Gotículas eliminadas por tratamento dos doentes; con-
Tuberculose (Mycobacterium hemoptise (expectoração com
tosse, espirro ou fala. dições adequadas de moradia e
tuberculosis) sangue).
educação; vacinação pela BCG.
Contato direto e prolon- Lesões da pele, áreas insensí-
Evitar contato com os doentes;
Hanseníase (lepra) Mycobacterium leprae gado com doentes sem veis na pele, nódulos, regiões
tratamento dos doentes.
tratamentos. de pele seca.
Gotículas de saliva elimi- Vacinação; evitar contato com
Tosse, febre, dificuldade respi-
Difteria Corynebacterium diphteriae nadas por tosse, espirro os doentes; tratamento dos
ratória, mal-estar, rouquidão.
ou fala. doentes.
Gotículas de saliva elimi- Vacinação; evitar contato com
Coqueluche Bordetella pertussis nadas por tosse, espirro os doentes; tratamento dos Tosse espasmódica, febre.
ou fala. doentes.
Cuidados com ferimentos;
Contaminação de ferimen- Espasmos musculares,
Tétano Clostridium tetani vacina tríplice (DPT) ou antite-
tos ou do coto umbilical. distúrbios respiratórios.
tânica.
Saneamento básico; tratamento
Água e alimentos con-
e isolamento dos doentes; cui- Diarreia intensa, vômitos,
Cólera Vibrio cholerae taminados por fezes dos
dados no preparo de alimentos; dor abdominal, febre.
doentes.
higiene pessoal.
Tratamento dos doentes; Cefaleia, febre, vômitos, rigidez
Meningococo, Gotículas eliminadas por
Meningite evitar contato com doentes; na nuca, convulsões, lesões
pneumococo tosse, espirro ou fala.
vacinação. hemorrágicas na pele.
Contato com objetos e
Febre, dor muscular, icterícia,
água contaminados com Saneamento básico; combate
Leptospirose Leptospira sp. urina escura, cefaleia, tosse,
urina de camundongos e aos roedores.
dor torácica ou abdominal.
ratos.
Dor de garganta, febre,
Gotículas eliminadas por Tratamento dos doentes; evitar
Escarlatina Estreptococo lesões avermelhadas na pele,
tosse, espirro ou fala. contato com os doentes.
descamação.
Nódulo (cancro) duro nos
Contato sexual; transmis- Uso de preservativos; genitais, aumento de nódulos
Sífilis Treponema pallidum
são materno-fetal. tratamento dos doentes. linfáticos, lesões na pele,
lesões neurológicas.
Contato sexual; transmis-
Neisseria gonorrhoeae Uso de preservativos; Dor ao urinar, corrimento
Gonorreia são materno-fetal durante
(gonococo) tratamento dos doentes. vaginal ou uretral.
o parto.
Pneumonia atípica Gotículas eliminadas por Tratamento dos doentes; Febre, tosse, falta de ar,
Mycoplasma pneumoniae
primária tosse, espirro ou fala. evitar contato com os doentes. dor torácica.
Contato direto ou indireto Tratamento dos doentes;
Tracoma Chlamydia trachomatis Conjuntivite e secreção ocular.
com secreções oculares. higiene pessoal.
Do rato para humanos
pela picada da pulga (tifo
Tifo murino e tifo Combate aos vetores Febre, cefaleia, lesões na pele,
Rickettsia murino); pessoa-pessoa
exantemático e aos ratos. dores generalizadas pelo corpo.
pela picada do piolho (tifo
exantemático).

28 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Diferenças básicas entre uma célula EXERCÍCIOS


procarionte e eucarionte

Características Procariontes Eucariontes


Carioteca Sem Com 1. (Ufpel-RS)
Cromossomo circular Cromossomo linear e Uma doença que vence o tempo amarra a Pelotas do final do século
DNA
e sem histonas com histonas 19 e das primeiras décadas do século 20. Após causar a morte de mi-
Celulose, quitina ou lhares de pessoas entre 1890 e 1930, a tuberculose ainda contami-
Parede celular Peptidoglicano
sem na e preocupa as autoridades médicas. A enfermidade atinge de 15 a
Estruturas citoplas- Diversas estruturas, 30 pessoas por mês na cidade. A aids contribuiu para o retorno, com
Apenas ribossomos força, da tuberculose. O Brasil já registra casos de tuberculose mul-
máticas além dos ribossomos
tirresistente, em que o variante do microrganismos patogênico não é
sensível aos medicamentos habituais.
CONFIRMANDO A TEORIA “Diário Popular”, 03/09/2006. [adapt.].

Com base no texto e em seus conhecimentos, analise as afirmativas.


1. (UFPR) Em janeiro de 2004, em uma cidade litorânea do Sul do Bra-
I. A resistência que alguns bacilos da tuberculose têm apresenta-
sil, foram registrados 100 casos de gastrenterite. Todas as pessoas
do deve-se principalmente à variação genética desse organismo,
haviam tomado, na praia, sorvete de fabricação caseira, de uma
originária principalmente pela troca de DNA entre bactérias no
mesma microindústria. O surto provocou uma estimativa total de
processo de reprodução por divisão binária.
500 casos na região, naquela temporada. Os serviços de saúde que
atenderam os pacientes suspeitaram imediatamente do sorvete. II. Para combater a tuberculose, utilizam-se medidas como a imu-
nização, pela vacina BCG – anticorpos contra o bacilo de Koch
Pergunta-se:
injetados nas pessoas –, além da higiene e saneamento.
a) Por que o sorvete foi apontado como causa da gastrenterite? III. A tuberculose é causada por uma bactéria – seres unicelulares
Porque todas as pessoas tomaram o mesmo sorvete. procarióticos – que se instala preferencialmente nos pulmões,
podendo, entretanto, afetar outros órgãos.
b) De onde podem ter provindo as bactérias?
IV. A aids contribui para o aumento dos casos de tuberculose, pois o
Provavelmente das pessoas que manipularam o sorvete.
vírus HIV ataca os linfócitos – células responsáveis pela defesa
c) Apresente dois tipos de medidas cabíveis em uma situação imunitária do organismo –, facilitando a infecção por agentes cau-
como esta. sadores de doenças oportunistas, como a tuberculose.
Higiene pessoal (lavagem correta das mãos antes da ma- Estão corretas as afirmativas
nipulação do alimento), limpeza e esterilização de equipa-
mentos. a) III e IV. d) I e III.
2. (UFRJ) Algumas bactérias são patogênicas por causa das toxi- b) I e II. e) II e III.
nas que produzem. Esse é o caso da Clostridium tetani, uma bac- c) II e IV.
téria anaeróbica obrigatória causadora do tétano. Essa bactéria
não invade o organismo, mas libera a toxina tetânica que afeta o 2. (Unifesp) As infecções hospitalares são frequentemente causadas por
sistema nervoso e produz rigidez muscular quando prolifera em bactérias que passaram por um processo de seleção e se mostram,
feridas profundas; entretanto, quando a bactéria infecta feridas com isso, muito resistentes a antibióticos. A situação é agravada pe-
superficiais, não ocorre tétano. lo fato de as bactérias apresentarem um crescimento populacional
bastante rápido.
Explique por que o tétano só ocorre em feridas mais profundas.
Nas feridas mais profundas, o ambiente é anaeróbico, o que fa- a) Como a resistência a antibióticos se origina em bactérias de uma
vorece a proliferação do C. tetani. colônia que é sensível a eles?

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UNIDADE 1

b) Explique de que maneira as características reprodutivas das bac- 4. (UFRJ) Há um cuidado que deve ser tomado quando se compra um
térias contribuem para seu rápido crescimento populacional. alimento enlatado. Devemos observar não só a data de fabricação e o
prazo de vencimento do produto, mas também o aspecto da lata, que
não deve se apresentar estufada, pois pode ter-se desenvolvido, den-
tre outras bactérias, a produtora do botulismo, uma doença frequen-
temente fatal.

a) Que tipo de respiração essa bactéria mantêm no interior da la-


ta fechada?

3. (UFRJ) Um grande número de doenças do homem é provocado por in-


fecções bacterianas. Para combater essas infecções, é comum o uso
de antibióticos. O exame antibiograma é usado para escolher o an- b) No caso do produto contaminado, o que causou a pressão no inte-
tibiótico correto para cada infecção. O exame pode ser resumido da rior da lata, estufando a tampa?
seguinte maneira: uma amostra do material infectado do paciente é
semeada numa placa contendo nutrientes necessários para o cresci-
mento das bactérias. Pequenos discos contendo, cada um deles, um
tipo diferente de antibiótico são então colocados na placa. Decorrido
o tempo necessário para que as bactérias se multipliquem, a placa é
analisada. Na figura a seguir, que representa uma dessas placas, os c) Quem é o causador do botulismo? Qual sua forma de transmissão?
discos com letras representam os diferentes antibióticos, e a zona es-
cura representa a área de crescimento das bactérias.

A
B

F C 5. (Unicamp-SP) Um agricultor reservou uma pequena parte de seu ter-


D reno para o plantio de feijão e a maior parte para o cultivo de milho.
E
Colheu um pouco de feijão, mas o milho não produziu praticamente
nada. Consultou um técnico que lhe sugeriu, após a análise do solo,
que plantasse no terreno uma leguminosa não comestível, conheci-
da como “feijão-de-porco”. Essas plantas, depois que dessem frutos,
Analisando essa placa, que antibióticos você receitaria ao paciente? deveriam ser cortadas e misturadas com a terra, pensando no plantio
Justifique. do milho do ano seguinte.

Por que o técnico sugeriu que ele plantasse uma leguminosa e por
que a planta, depois de cortada, deveria ser incorporada ao solo?

30 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

PROTISTAS (PROTOCTISTAS) ESTRUTURA


Como são unicelulares eucariotos, os protozoários são formados por mem-
brana plasmática, citoplasma e núcleo. Entretanto, como a célula ao mes-
Francesco_Ricciardi | Shutterstock

mo tempo é célula e organismo, ela apresenta adaptações para cumprir


o papel orgânico: as organelas. Logo, os protozoários são constituídos de
membrana, citoplasma, núcleo e organelas.

Membrana

Como toda membrana celular, é de natureza lipoproteica. Pode existir uma


segunda membrana, o periplasto, como produto da secreção celular ou
impregnação de substâncias (como sílica, sulfato de estrôncio, pectina,
calcário, por exemplo).

Espécime de foraminífero encontrado no Japão, geralmente no fundo do mar.


Citoplasma

As classificações, em geral, incluem no reino Protista todos os seres O citoplasma equivale ao das demais células, possuindo uma base coloi-
unicelulares eucariontes. O desenvolvimento de um rico sistema mem- dal, o citosol e o citoplasma diferenciado (constituído de compartimentos
branoso possibilitou o aparecimento da carioteca (individualizando o nú- citoplasmáticos membranosos). Observam-se os fenômenos de tixotropia
cleo) e das organelas citoplasmáticas, no que se distinguem os protistas (passagem permanente de gel para sol, e de sol para gel) e de ciclose
(movimento contínuo do citpoplasma).
dos moneras.
Em outras classificações, o reino Protista passa a ser chamado Protoctis- Núcleo
ta, incluindo todos os unicelulares eucariontes, as algas pluricelulares e
os fungos flagelados. Os protozoários podem apresentar núcleos compactados ou difusos. Ocor-
rem protozoários uninucleados, binucleados e multinucleados. Os núcleos
Pesquisas recentes demonstram que protozoários e algas não são grupos
podem ter o mesmo tamanho ou tamanhos diferentes (macronúcleo, com
monofiléticos. Longe de um consenso, em função do que se pratica atual-
função vegetativa; e micronúcleo, com função reprodutiva).
mente, os protozoários e todas as algas serão considerados como perten-
centes ao reino Protista (Protoctista), domínio Eukarya. Organelas

As organelas representam um conjunto de adaptações para que a célula


PROTOZOÁRIOS dos protozoários possa cumprir as funções de organismo. Elas podem ser
de locomoção, nutrição, fixação, contração, sustentação, excreção, coor-
Os protozoários são seres unicelulares de dimensões reduzidas (variando denação e sensorial. Embora a célula que constitui um protozoário possa
entre 2 μm e 1 000 μm), possuindo forma muito variável, com estruturas dar a impressão de ser uma estrutura simples, ao contrário, é muito com-
especializadas (organelas) e com cerca de 24 mil espécies. Apresentam plexa, já que executa ao mesmo tempo as funções celulares e as funções
nutrição heterotrófica (por ingestão ou absorção), podendo ser predadores, de um organismo.
saprozoicos ou saprofíticos.
• Organelas de locomoção
Eles podem ser móveis ou fixos. São organismos que experimentam varia-
Classicamente, as organelas de locomoção representavam o caráter
das formas de associações, tais como coloniais (Codosiga sp.); mutualis-
sistemático dos protozoários.
mo (Trichonimpha sp., que vive no intestino do cupim); comensais (Opalina
ranarum, que vive na cloaca de rãs, ou Entamoeba coli, habitando o intesti- • Pseudópodos
no humano); parasitos (Trypanosoma cruzi – doença de Chagas; Plasmodium
Os pseudópodos são expansões citoplasmáticas temporárias com fun-
sp. – malária; Trichomonas vaginalis – tricomoníase); ou, ainda, podem vi-
ção de locomoção e nutrição (fagocitose). Existem diversos tipos de
ver isoladamente, como os radiolários.
pseudópodos: lobópodos (curtos e grossos, como nas amebas), filó-
O seu hábitat é variado, normalmente aquático (dulcícolas ou marinhos), podos (finos e longos, nos radiolários), axópodos (rígidos com um eixo
podendo, no entanto, viver no lodo e na terra úmida ou, ainda, apresentar central geleificado, heliozoários) e mixópodos ou reticulópodos (finos e
hábitat orgânico. anastomosados – com uma bifurcação na extremidade –, foraminíferos).

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UNIDADE 1

Estão presentes nos rizópodos (amebas), heliozoários, radiolátios e microtúbulos da haste. Diferem dos flagelos por serem curtos, por
foraminíferos. ocorrerem em grande número por célula e, também, por apresentarem
um movimento vibratório.
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Os cílios apresentam especializações como os cirrus (cílios fusionados


constituindo apêndices cônicos e grossos) e as membranelas (fusiona-
Amoeba proteus: organis- dos em um mesmo plano). Estão presentes nos protozoários ciliados.
mo unicelular de água
doce que se alimenta de
bactérias e protozoários • Sem organelas de locomoção
menores.
Os protozoários parasitos, como os apicomplexos (Plasmodium e Toxo-
plasma), não apresentam organelas de locomoção, constituindo uma
adaptação à vida parasitária.

• Flagelos

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São filamentos que emergem da célula com capacidade de movimen-
tação ativa. Essas estruturas são longas e com ocorrência de um ou
poucos flagelos por célula, apresentando um movimento por chico-
teamento ou ondulatório. Ocorrem em protozoários, diplomonadidos,
parabasálios e cinetoplastídeos.
Kateryna Kon | Shutterstock

Ilustração do Toxoplasma gondii,


uma espécie de protozoário pa-
rasita de mamíferos.

Ilustração do parasita
Giardia lamblia, em sua
fase de trofozoíto. • Membrana ondulante

Consiste em uma adaptação do flagelo. A estrutura sofre uma dobra,


levantando a membrana plasmática, para formar, assim, uma pre-
ga ondulante (lembra um babado de colcha). Ocorre no Trypanosoma.

Kateryna Kon | Shutterstock

• Cílios
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Ilustração do Trypanosoma congolense.

• Organelas de nutrição
Cílios de um protozoário: são usados para a locomoção e para a obtenção de partí-
culas alimentares. Nos protozoários, a digestão é intracelular e é realizada no interior do
vacúolo digestivo. Todas as estruturas de locomoção também atuam
São estruturalmente idênticos aos flagelos, apresentando in- como organelas de nutrição, pois auxiliam na captura de nutrientes.
ternamente um corpo basal (blefaroplasto) de onde partem os Podemos relatar outras estruturas de nutrição, como segue.

32 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

• Sulco oral ou perístoma RESPIRAÇÃO


Resulta de uma invaginação da membrana plasmática, circundada de
A respiração é realizada diretamente por difusão entre a célula e o meio.
cílios, por exemplo, no paramécio, que termina no citóstoma, local
Não há organela especializada nessa função.
com a mesma função da boca.

• Citóstoma REPRODUÇÃO
É uma abertura permanente que serve para entrada de nutrientes no Nos protozoários, há reprodução assexuada por cissiparidade, gemipari-
protozoário. dade, gemulação ou esquizogênese, e sexuada por conjugação como tam-
• Citofaringe bém autogamia.
Consiste em um pequeno canal que parte do citóstoma para o interior Cistos
do endoplasma.
Os cistos são membranas de contorno duplo produzidas pelo ectoplasma. Re-
EXCREÇÃO presentam estruturas de sustentação e proteção. Surgem durante a reprodução
ou em momentos em que as condições do meio são desfavoráveis.
• Citopígio ou citoprocto
É o local usado para a eliminação dos resíduos da digestão. Trofozoíto
• Vacúolo pulsátil ou contrátil No ciclo de vida de um protozoário que encista, a fase ativa do processo é
É uma estrutura análoga ao rim dos mamíferos e típica de protozoários chamada trofozoítica, sendo o protozoário, ao longo dessa fase, dito tro-
de água doce. Apesar de ser uma estrutura de excreção, seu principal fozoíto.
papel é a manutenção do equilíbrio osmótico, considerando-se que o
protozoário dulcícola é hipertônico em relação ao meio.
SAIBA MAIS
Kazakova Maryia | Shutterstock

Observe a seguir a síntese do ciclo de vida de um protozoário que encista.

Trofozoíto Pré-cisto Cisto

Metacisto Desencistamento
Paramécio se alimentando.

Na ilustração anterior do Paramecium sp., um protozoário ciliado, ve-


mos que a partícula de alimento entra pelo citóstoma, atravessa a CLASSIFICAÇÃO
citofaringe e se funde ao lisossomo para formar o vacúolo digestivo, Tradicionalmente, a classificação dos protozoários tinha como caráter sis-
onde ocorre a digestão. Ainda, observamos o macronúcleo e o micro- temático as estruturas de locomoção, condição atualmente não mais acei-
núcleo, além do vacúolo pulsátil. ta. Eram agrupados em quatro classes.

IMPORTANTE

O quadro que segue mostra a antiga tabela de classificação dos protozoários, muito usada ainda como base de compreensão do grupo.

Classe Estrutura locomotora Modos de vida Exemplo


Rhizopoda ou Sarcodina Pseudópodos Vida livre ou parasitos Amebas
Flagellata ou Mastigophora Flagelos Vida livre ou parasitos Tricomonas, tripanossoma
Ciliophora Cílios Vida livre, poucos parasitos Paramécio
Sporozoa Sem organelas de locomoção Todos parasitos Plasmódio, toxoplasma
Para muitos autores modernos, a comparação entre sequências de bases nitrogenadas de RNA e DNA e de observações da ultraestrutura celular tornou
possível reunir os protozoários em quatro grandes grupos, sem o grau de filo.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 33

em2_bio_v1.indb 33 22/09/2021 17:21:03


UNIDADE 1

Amebozoários

fotovapl | Shutterstock
Ao grupo dos amebozoários pertencem as amebas e os mixomicetos.
As amebas apresentam hábitat terrestre de locais úmidos, aquático (dul- Giardia lamblia ao
microscópio eletrônico
cícolas e marinhas) e orgânico (parasitas), não tendo forma fixa. Possuem, de varredura.
como estruturas especializadas para a locomoção e captura de alimentos,
os pseudópodos. As amebas de água doce possuem uma estrutura típica,
o vacúolo pulsátil (contrátil), em função da diferença de concentração en-
tre o interior da célula e o meio. Os representantes marinhos podem ter
ou não.
A cissiparidade (divisão simples da célula) é a forma mais comum de re- Parabasálios
produção.
Nos parabasálios, as mitocôndrias originaram os hidrogenossomos, os
A Amoeba proteus é um protozoário dulcícola com corpo gelatinoso, ten- quais também são destituídos de DNA, mas com membrana dupla. Essas
do 0,5 mm de diâmetro. Apresenta ectoplasma, plasmagel, endoplasma e estruturas liberam gás hidrogênio como resultado de um processo anaeró-
plasmasol, este contendo as organelas citoplasmáticas. A regulação os- bico a partir do piruvato para a produção de ATP.
mótica é realizada pelo vacúolo pulsátil.
São exemplos de parabasálios o gênero Trichonhympha (fazem mutualismo
A Entamoeba histolytica é a causadora da amebíase e, em condições desfa- com o cupim) e o Trichomonas vaginalis, responsável por uma doença se-
voráveis, assume a forma cística. Os protozoários que encistam apresen- xualmente transmissível, a tricomoníase.
tam uma forma ativa, chamada trofozoítica, e uma forma inativa, latente,
dita cística.
Kateryna Kon | Shutterstock

As amebas Entamoeba gengivalis e Entamoeba coli são comensais do ser hu-


mano (boca) e de diversos outros animais (intestino).
Designua | Shutterstock

Trichomonas vaginalis ao
Vacúolo microscópio eletrônico
de transmissão.
Pseudópodes

Vacúolo de fagocitose

Núcleo Foraminíferos
Citoplasma
Partícula de comida Os foraminíferos apresentam pseudopódos do tipo reticulópodo e com há-
Membrana
bitat principalmente marinho. Normalmente, apresentam carapaça de car-
bonato de cálcio ou sílica, entre outros materiais.
Ilustração das partes de uma ameba.
Francesco_Ricciardi | Shutterstock

Diplomonadidos

Os diplomonadidos resultam de uma linhagem de protozoários heterótro-


fos em que houve apenas endossimbiose que formou as mitocôndrias.
Foraminífero bentônico
Nesse grupo elas perderam o DNA e mantiveram a membrana dupla, dan- da Indonésia.
do origem aos mitossomos. Essas estruturas, ao que tudo indica, estão
relacionadas à maturação proteica que possuem enxofre e ferro em sua
constituição.
A Giardia lamblia e a Giardia intestinalis são exemplos de diplomona-
didos.

34 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Com um amplo registro fóssil, os foraminíferos apresentam importância

Kateryna Kon | Shutterstock


geológica, tanto como indicadores de dados climáticos de outras eras geo-
lógicas, quanto como indicadores de locais onde possivelmente haja pe-
tróleo. No fundo dos oceanos, deram origem a rochas sedimentares (es-
branquiçadas), tendo como exemplo as falésias de Dover, na Inglaterra.
Os foraminíferos eram abundantes nas rochas utilizadas para erguer as
Ilustração do tripanos-
Pirâmides do Egito. soma entre as hemácias.
Observam-se o flagelo e

Arndale | Shutterstock
a membrana ondulante.

Ciliados

O grupo contém todos os protozoários que se locomovem por meio de cí-


lios. Esses protozoários possuem, normalmente, mais de um núcleo. Nor-
Falésias brancas de Dover, rochas sedimentares formadas a partir de carapaças de fora-
miníferos. malmente, um grande, o macronúcleo, e um ou dois núcleos menores, os
micronúcleos.
Há foraminíferos fósseis do gênero Nummulites com cerca de 1,3 a 5 cm de
A maioria dos ciliados apresenta vida livre. Há casos raros exercendo pa-
diâmetro. Como eles formam carapaças de carbonato de cálcio, apresentam
rasitismo, como o Balantidium coli (parasita intestinal de suínos e, even-
uma importância ecológica muito grande, já que os foraminíferos planc-
tualmente, do ser humano). Alguns auxiliam na digestão de ruminantes,
tônicos sequestram cerca de um quarto de todo o carbono produzido nos
associando-se a eles. Apresentam hábitat terrestre (de locais úmidos) e
oceanos anualmente. A acidificação dos oceanos coloca em risco os forami-
aquático (dulcícolas e marinhos). O grupo apresenta a maior diversidade
níferos atuais, inclusive tornando suas carapaças cada vez mais delgadas.
entre todos os protozoários, com modos variados de vida, como herbívoros,
predadores, filtradores de partículas e parasitas.
RopyLava | Shutterstock

O exemplo clássico e o ciliado mais conhecido é o paramécio. São dulcíco-


las, contendo por entre os cílios estruturas em forma de garrafa, os tricocis-
Espécime de Nummulites, tos, relacionados à defesa e à fixação (liberam longos fios como se fossem
um protozoário gigante agulhas). Alguns tricocistos possuem uma citotoxina, que é usada para pa-
fóssil encontrado no Egito.
ralisar outros protozoários. Apresenta sulco oral, citóstoma, citofaringe de
panículo (um tufo de cílios na citofaringe que impulsiona o alimento para
o endoplasma), onde forma o vacúolo digestivo. Os restos alimentares são
eliminados pelo citopígio ou citoprocto. Apresentam vacúolo pulsátil e se
reproduzem por cissiparidade e, eventualmente, por conjugação.
Cinetoplastídeos
Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

A característica principal desse tipo de protozoário é a presença de uma


região rica em DNA, chamada cinetoplasto, o que representa uma dilatação
da única mitocôndria, situada na base do flagelo.
Os cinetoplastídeos podem apresentar hábitat terrestre em locais úmidos,
orgânico (parasitas) e aquático (dulcícolas e marinhos). Há representantes
tanto de vida livre quanto de parasitas.
São representantes desse grupo o gênero Trypanosoma, em que encon-
tramos o T. cruzi, responsável por um mal endêmico de algumas regiões
brasileiras, o mal de Chagas, e a Leishmania, agente causador tanto da
leishmaniose tegumentar americana quanto da leishmaniose visceral. Micrografia de dois Paramecium caudatum em processo de conjugação, uma forma de re-
produção sexuada.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 35

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UNIDADE 1

Apicomplexos foram realocados e caracterizados como algas euglenófitas. Atualmen-


te, voltam a ser classificados como protozoários, dessa vez no grupo
Os protozoários apicomplexos correspondem aos esporozoários, os quais dos euglenoídeos.
estão intimamente adaptados à vida parasitária, não apresentando orga-
nelas de locomoção. Todos os representantes são parasitas, havendo, aqui, O gênero que serve de modelo para o estudo do grupo é o Euglena, sendo o
parasitas importantes de vertebrados e invertebrados. Um dos mais conhe- mais conhecido. Esses organismos são unicelulares flagelados (possuem
cidos é o Plasmodium sp., causador da malária, mas também há outro pa- dois flagelos: um muito curto e outro longo, que é usado na locomoção)
rasita humano importante, o Toxoplasma gondii, causador da toxoplasmose e isolados.
e da sua forma mais grave, a toxoplasmose congênita. Nas formas clorofiladas, há clorofila a e b, além de carotenos e xantofilas.
A característica principal do grupo é a presença de uma estrutura que fa- O material de reserva é o paramilo (polissacarídeo de ocorrência exclusi-
cilita a penetração ou a fixação do parasita na célula do hospedeiro, dita va). Há presença de uma película flexível delimitando a célula, pois não
complexo apical. Esses organismos se reproduzem por esporogonia. O zi- dispõe de parede. Embora existam exemplares clorofilados, cerca de dois
goto sofre uma meiose, formando quatro esporozoítos haploides, os quais terços das euglenas são heterótrofas, como a espécie Peranema sp.
sofrem mitose, resultando oito esporozoítos que serão eliminados do cisto.
Muitas euglenas podem viver tanto de forma autótrofa quanto heterótrofa,
Schira | Shutterstock dependendo das condições ambientais, sendo, assim, ditas mixotróficas. A
maioria vive em água doce e possui vacúolo pulsátil.

Maple Ferryman | Shutterstock


Micrografia do sangue mostrando trofozoítos do Plasmodium vivax, causador da malária.

Euglenoídeos

Os euglenoídeos já foram classificados como animais quando os proto- Euglena viridis: protozoário de água doce ao microscópio óptico.

zoários eram classificados como animais unicelulares. Posteriormente,

Classificação dos protozoários – uma proposta mais recente

Filo Características Exemplos


Amebozoários Com pseudópodos lobópodos Mixomicetos e amebas
Diplomonadidos Como mitossomos Giardia
Parabasálios Com hidrogenossomos Triconinfas
Foraminíferos Com pseudópodos reticulópodos Foraminíferos
Cinetoplastídeos Com cinetoplasto Tripanossoma e leishmania
Ciliados Com cílios Paramécio
Apicomplexos Com complexo apical Plasmódio, toxoplasma
Euglenoídeos Clorofilados, heterótrofos e mixotróficos Euglenas

Há muitas doenças importantes que afetam a humanidade cujo agente etiológico é algum protozoário. Além disso, há males que tomam características endê-
micas no Brasil, como a doença de Chagas e a malária.
Outras doenças, por vezes pouco comentadas, também assumem um alto grau de importância, por tudo que podem causar. É o caso da toxoplasmose congê-
nita. Segue um quadro com uma sinopse das principais protozooses, seu agente etiológico, as formas de transmissão e as medidas profiláticas.

36 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Principais protozooses humanas

Doença Parasita Transmissão Profilaxia


Amebíase
Monóxeno. Ingestão de cistos
Hábitat – intestino grosso; produz úlceras
Entamoeba histolytica tetranucleados com alimentos e Saneamento básico; preparo adequado dos ali-
sangrentas na mucosa intestinal; pode ser
Classe: rizópodos água contaminados. Os cistos podem mentos (lavagem e cozimento); higiene pessoal;
assintomática ou provocar diarreia, febre,
(Sarcodinas) ser veiculados por insetos (baratas, tratamento dos doentes.
dores abdominais, emagrecimento e anemia;
moscas) e mãos.
há formas extraintestinais.

Giardíase
Monóxeno. Ingestão de cistos com
Hábitat – intestino delgado, normalmente
Giardia intestinalis água e alimentos contaminados; Saneamento básico; preparo adequado dos ali-
aderido à mucosa, dificultando a absorção de
Classe: flagelados cistos podem ser veiculados por mentos; higiene pessoal; tratamento dos doentes.
nutrientes; podem aparecer diarreias, dor ab-
insetos e mãos.
dominal, perda de peso, inapetência, anemia.

Tricomoníase
Nos homens, habita a uretra, próstata e vesí- Monóxeno. Transmitido por relações
Trichomonas vaginalis Uso de preservativos; higiene pessoal;
culas seminais (normalmente, assintomático); sexuais e, talvez, por objetos conta-
Classe: flagelados tratamento dos doentes e parceiros.
nas mulheres, pode causar inflamação na minados (toalhas e roupas íntimas).
vagina, com corrimento, prurido e dor.

Leishmaniose cutâneo-mucosa (úlcera Heteróxeno. Transmissão por meio


de Bauru) da picada de fêmeas de mosquito do Combate aos mosquitos; uso de telas,
Leischmania brasiliensis
Lesões em pele e mucosas. Há destruição da gênero Lutzomya (mosquito-palha ou mosquiteiros e repelentes; tratamento dos
Classe: flagelados
cartilagem nasal (“nariz de anta”). Laringe e flebótomo); reservatórios: roedores doentes.
faringe podem ser afetadas. silvestres, marsupiais e canídeos.

Leishmaniose visceral ou calazar


Heteróxeno. Transmitido por meio
Órgãos atingidos: fígado, baço e medula Combate aos mosquitos; uso de telas; mosquitei-
Leischmania donovani da picada de mosquitos do gênero
óssea; sintomas: febre, anemia, emagreci- ros e repelentes; tratamento de cães infectados;
Classe: flagelados Lutzomya. Reservatórios mais impor-
mento, ascite, aumento do fígado e do baço; tratamento dos doentes.
tantes: cães e raposas.
pode ocorrer óbito.
Toxoplasmose Parasita heteróxeno. Eliminação de Cuidar dos tanques de areia onde crianças
Parasitas encontrados em praticamente todos oocistos pelas fezes do gato. Infec- brincam para que os gatos não eliminem fezes;
os tecidos do corpo; na forma congênita pode Toxoplasma gondii ção humana pode ser por ingestão não alimentar gatos com carne crua e remover
causar, no feto, lesões nos olhos, podendo Classe: esporozoários de oocistos; ingestão de carne crua seus dejetos; cuidados na gravidez (exemplo: não
levar à cegueira, e no sistema nervoso central, ou mal assada contendo cistos ou cuidar de gatos; evitar ingestão de carne crua ou
com retardo mental. por meio da placenta. mal passada de mamíferos e aves).
Parasita heteróxeno. Transmissão
Balantidiose
Balantidium coli pela ingestão de cistos em água, Idênticas às empregadas
O parasita afeta o intestino grosso. Manifesta-
Classe: ciliados alimento e mão contaminados (por na amebíase e giardíase.
ções mais comuns: diarreia e dor abdominal.
exemplo, por fezes de suínos).
Tripanossomíase americana Parasita heteróxeno. Transmissão
(doença de Chagas) Trypanosoma cruzi ocorre por meio das fezes de barbei- Evitar construção de casas de pau a pique; trata-
Causa insuficiência cardíaca decorrente das Classe: flagelados ros, insetos hemípteros, principal- mento dos doentes; educação sanitária.
lesões na musculatura do coração. mente do gênero Triatoma.
Doença do sono
Trypanosoma gambiensis Contaminação por meio da picada da Tratamento com os doentes;
Sonolência e torpor devido às lesões no
Classe: flagelados mosca tsé-tsé (gênero Glossina). educação sanitária.
sistema nervoso.

Picadas de fêmeas do mosquito do Eliminar criadouros do inseto vetor; uso de


Malária Plasmodium sp. gênero Anopheles (mosquito-prego) larvicidas e inseticidas; telagem das habitações e
Acesso febris cíclicos Classe: esporozoários HD = mosquito mosquiterios nas camas; repelentes (amanhecer
HI = ser humano e anoitecer).

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 37

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UNIDADE 1

O quadro esquemático tem por objetivo informar sobre as características Isogamia


das principais protozooses. Cabe a cada pessoa procurar mais informações
e tomar todos os cuidados preventivos. Em caso de viagem, é importante É um processo comum em algas filamentosas. Os gametas são morfolo-
nos informarmos sobre as doenças que são recorrentes na região visitada, gicamente idênticos, podendo ambos ter movimento, ou ser um móvel e
assim é possível tomar medidas preventivas antes da viagem. outro imóvel.

Heterogamia
ALGAS
No processo denominado heterogamia ocorre a produção de gametas dis-
As algas são seres eucariontes, autótrofos, unicelulares ou pluricelula- tintos no tamanho. Estruturas chamadas gametângios produzem gametas
res. Esses organismos são encontrados em ambiente aquático, dulcícola e pequenos e com grande mobilidade (anterozoides – masculinos) e game-
marinho, como também terrestre em locais úmidos. Muitas vezes, apare- tas grandes e com pouca mobilidade (oosferas – femininos).
cem associadas a outros seres, como aos fungos, para formar os liquens.
Todas as algas são clorofiladas e fotossintetizantes, portanto autótrofas. Oogamia
As algas pluricelulares podem formar filamentos, lâminas ou estrutura
É um processo reprodutivo em que os gametas são morfofisiologicamente
compacta vegetativa denominada talo (não há diferenciação em raiz, caule
distintos. As oosferas (gametas femininos grandes e imóveis) são produzi-
e folhas), podendo ser chamadas de talófitas. A parte da biologia que es-
das em estruturas chamadas oogônios (gametângio feminino) e anterozoi-
tuda as algas é denominada ficologia. O termo "alga" não tem valor taxo-
des (gametas masculinos, pequenos e com grande mobilidade), produzidos
nômico, sendo utilizado como referência coletiva.
nos anterídios (gametângio masculino).

MORFOLOGIA Conjugação

As formas unicelulares podem se apresentar isoladamente ou constituindo É um processo reprodutivo que ocorre em algas filamentosas. Células de
colônias. Nas algas pluricelulares, o talo pode ser filamentoso, tubular ou um filamento se transformam em gametas masculinos e são transferidas,
laminar. Ainda é possível a diferenciação em rizoide, cauloide e filoide. Po- por meio de pontes intercelulares, para outro filamento, em que suas cé-
dem apresentar formações que facilitam a fixação (apressórios) e vesícula lulas se transformaram em gametas femininos. O resultado da fecunda-
para flutuação (aerocistos). ção é um zigoto que se liberta do organismo-mãe, sofre meiose e forma
um novo filamento.

REPRODUÇÃO

D. Kucharski K. Kucharska | Shutterstock


As algas podem experimentar tanto a reprodução sexuada quanto a asse-
xuada. As formas unicelulares se reproduzem assexuadamente por cissipa-
ridade. Há casos em que ocorre a formação de esporos móveis (zoósporos,
possuidores de flagelos que possibilitam o nado até locais onde possam
se fixar e originar novos talos) ou imóveis (aplanósporos).
Lebendkulturen.de | Shutterstock

Micrografia de algas do gênero Spirogyra em processo de conjugação.

Ciclo reprodutor e meiose

A meiose ocorre em momentos diferentes da vida de muitas algas. Con-


fira a seguir.
• Ciclo haplobionte
No ciclo de vida dito haplobionte (haplonte), a meiose ocorre no zigoto,
Visão ao microscópio óptico da bipartição em algas unicelulares do gênero Micrasterias. sendo dita meiose inicial ou espórica. Essa forma de vida ocorre em
algas unicelulares como Chlamydomonas. Dois indivíduos adultos e de
A reprodução sexuada pode acontecer de formas distintas. sexos diferentes se fundem (cada um como se fosse um gameta) e

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UNIDADE 1

formam um zigoto diploide. O próprio zigoto experimenta uma meiose menor). Possuem hábito aquático (dulcícolas e marinhas). Além das cloro-
e origina quatro células haploides. Cada uma delas origina um novo filas a e c (em algumas a e e), possuem outros pigmentos fotossintetizan-
ser. tes, como carotenoides e fucoxantina.
Em certos locais, as carapaças de diatomáceas mortas acumularam no
União Fusão fundo do mar, em sedimentos, ao longo de milhares de anos, formando
sexual citoplasmática
camadas compactas, chamadas diatomitos (rochas sedimentares). Os dia-
Organismos adultos tomitos são usados em abrasivos e cremes dentais (por causa da finíssima
haploides (n) Cariogamia e granulosidade), na confecção de filtros e na construção civil (fabricação de
formação do zigoto (2n)
Ciclo sexuado de tijolos e telhas, como no Nordeste brasileiro).
Chlamyaamonas
As diatomáceas possuem como material de reserva diferentes óleos e o
R1 polissacarídeo crisolaminarina. A reprodução pode ser assexuada por cis-
Meiose siparidade ou sexuada com a formação de gametas.
Organismos jovens
haploides (n)

Ciclo reprodutivo da alga unicelular Chlamydomonas.


SAIBA MAIS

• Ciclo haplodiplobionte (haplodiplonte)


Após a reprodução por cissiparidade, cada célula-filha fica com uma
Há algas metagenéticas, fenômeno em que ocorre uma geração es- das valvas, secretando uma menor, que se encaixa na valva herdada.
porofítica (“2n” e assexuada) e outra gametofítica (“n” e sexuada). Como uma parte da população vai diminuindo, após um tamanho mí-
Esse procedimento reprodutivo ocorre na maioria das algas plurice- nimo acontece a meiose com a formação de gametas, ocorrendo uma
lulares. Resulta da fecundação um zigoto diploide, o qual origina um reprodução sexuada. Após o crescimento do zigoto, haverá a secreção
adulto chamado esporófito (“2n”). O esporófito é o indivíduo que sofre de duas novas valvas, restabelecendo o tamanho original.
meiose para formar esporos. Os esporos, ao germinarem, formam ta- Em casos de eutrofização, é possível uma reprodução excessiva de
los haploides, os gametófitos, responsáveis pela produção de game- certas diatomáceas, as quais liberam certas toxinas, deixando uma
tas (células haploides). Da fusão dos gametas surge um zigoto (“2n”), mancha marrom nos mares e colaborando com a maré vermelha.
que origina novo esporófito diploide.

Maple Ferryman | Shutterstock


Esporos haploides
Células onde (13 cromossomos)
ocorreu meiose Detalhe do
gametófito

Detalhe do
esporófito
Ciclo alternante
em Ulva lactuca
Desenvolvimento Células formadoras Diatomácea vista ao microscópio eletrônico
Esporófito do zigoto de gametas de varredura: destaque para as duas valvas da
diploide Gametas
(26 cromossomos) (13 cromossomos) frústula (carapaça).  
Zigoto diploide
(26 cromossomos) Fecundação

Ocorrência da metagênese em Ulva sp., alface-do-mar. Filo Dinophyta (pirrófita)

Os dinoflagelados fazem parte do fitoplâncton marinho, embora existam


CLASSIFICAÇÃO espécies de água doce, constituindo com as diatomáceas as maiores po-
Para a classificação das algas, os critérios analisados são os pigmentos pulações fitoplanctônicas.
presentes, a substância de reserva e os componentes da parede celular. As pirrófitas possuem dois flagelos desiguais que giram sobre si mesmos
em rápidos rodopios (como um pião). Congregam organismos unicelulares
Filo Bacillariophyta (crisófitas) fotossintetizantes, alguns heterótrofos de vida livre, organismos mutualis-
Esse filo está representado pelas diatomáceas (crisofíceas), algas unice- tas e alguns parasitas de protozoários, crustáceos e peixes.
lulares (maioria) com parede celular impregnada de silício. Apresentam- Apresentam clorofila a e c, carotenos e xantofila como pigmentos. O ma-
-se envoltas por uma carapaça, a frústula, formada por duas valvas que se terial de reserva é o amido, além de óleos. A celulose é o principal com-
encaixam (lembrando uma saboneteira, a parte maior encaixando na parte ponente da parede, constituindo a lórica (armadura formada por placas de

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 39

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UNIDADE 1

celulose). Se os depósitos de celulose forem espessos, os dinoflagelados fornecendo-lhes cor. Com o aumento do aquecimento global e em virtu-
são ditos tecados (gênero Ceratium, fotossintetizante); caso sejam delga- de da poluição, os dinoflagelados morrem, decretando também a morte
dos, fala-se em atecados (gênero Noctiluca, heterótrofo). dos corais, os quais se tornam brancos sem as algas (branqueamento
dos corais).
Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

A maioria dos dinoflagelados apresenta reprodução assexuada por cissi-


paridade, embora possa haver também reprodução sexuada, com a forma-
Dinoflagelado do gêne-
ro Ceratium, apresentan- ção de gametas.
do uma parede celular
(armadura) de polissa-
carídeos.
Filo Chlorophyta

As clorofíceas são as algas verdes, com representantes unicelulares ou


pluricelulares, formando talos bastante complexos, em alguns casos. Vi-
vem de forma isolada ou, muitas vezes, formando colônias. Apresentam
Algumas espécies apresentam bioluminescência, como a Noctiluca (luz da
clorofilas a e b, carotenos e xantofilas. A parede celular é constituída de
noite), responsável pelo fenômeno no mar. Em determinadas épocas do
celulose. O amido é a sua substância de reserva.
ano, emitem uma luz esverdeada que pode ser vista à noite. Nas praias,
nessas ocasiões, esfregando o pé na areia molhada, ela brilhará. A reação A maioria é aquática (marinhas e dulcícolas), porém há espécies terrestres
química resulta da oxidação da luciferina pela enzima luciferase na pre- de ambientes úmidos. Provavelmente, as algas verdes são os ancestrais
sença de oxigênio e ATP. das plantas terrestres. Os liquens resultam, muitas vezes, da associação
de uma alga verde com um fungo.
YewLoon Lam | Shutterstock

Um exemplar bastante conhecido é a Ulva (alface-do-mar); outro exemplo


é a alga de água doce Spirogyra; também merece destaque a Chlamydomonas
(alga verde unicelular).
O gênero Ulva é metagenético, apresentando um ciclo de vida haplodiplon-
te. A geração gametofítica é morfologicamente semelhante à esporofítica,
sendo possível diferenciar apenas à análise microscópica.
O esporófito sofre meiose e produz esporos flagelados (zoósporos). Estes
germinam para originar gametófitos (haploides) masculinos e femininos.
Os gametófitos formam gametas (haploides) flagelados que, por meio da
fecundação, originam um zigoto diploide, capaz de se transformar em um
Noctiluca scintillans: dinoflagelado bioluminescente.
novo esporófito diploide.
O aumento exagerado de determinadas populações de dinoflagelados
TasfotoNL | Shutterstock

(exemplo: Gonyaulax catenella) devido a fenômenos como o da eutrofização


(uma superadubação das águas) provoca a morte de um grande número de
peixes, quer pela liberação de toxinas, quer pelo alto consumo de oxigênio,
sendo esse fenômeno conhecido como maré vermelha.
Praia coberta por alface-
-do-mar (Ulva sp.) no Mar
I WALL | Shutterstock

de Wadden, Países Bai-


xos. O local sofre eutro-
fização devido ao uso de
muitos fertilizantes como
nitratos que se deslocam
das fazendas em função
da lixiviação.

Fenômeno de maré vermelha ocorrido em 2013 na cidade de Fortaleza (CE).


Algas verdes unicelulares do gênero Chlorella, que vivem em lagoas e lagos
As zooxantelas resultam de associações mutualísticas entre alguns dino- de água doce, podem formar associações com animais (cnidários e mo-
flagelados, protistas e animais. Um exemplo é a associação com corais, luscos), as zooclorelas.

40 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Filo Phaeophyta Outros exemplos importantes incluem os gêneros Chondrum e Porphyra (no-
ri), usada na culinária japonesa para a preparação do sushi. Outra impor-
As feofíceas estão representadas pelas algas pardas ou marrons, plurice- tância da nori é o uso para o combate ao escorbuto, pelo seu alto teor de
lulares, que podem variar desde indivíduos microscópicos até organismos vitamina C.
de grandes dimensões (mais de 60 m de comprimento). Muitas apresen-

Fernando Sanchez Cortes | Shutterstock


tam talos tão complexos que parecem verdadeiras plantas.
São de hábitat principalmente marinho. Apresentam como pigmentos as
clorofilas a e c e a fucoxantina, pigmento responsável pela cor caracte-
rística, e a laminarina (polissacarídeo) como material de reserva e óleos.
Os constituintes da parede celular são a celulose e a algina (polissacarí-
deo). São exemplos a alga parda do gênero Sargassum (comum na região
dos Açores, que ficou conhecida como Mar dos Sargaços) e do gênero
Laminaria japônica (usada na culinária japonesa – kombu).
Existem, em costas frias e temperadas dos continentes, grandes algas
pardas, kelps, formando verdadeiras florestas aquáticas, ricos ecossiste- Porphyra umbilicalis, o nori, é muito apreciado na culinária. As folhas secas são usadas pa-
ra embrulhar o sushi.
mas onde ocorre uma variedade muito grande de organismos.
IMPORTÂNCIA DAS ALGAS
Katharine Moore | Shutterstock

As algas prestam inúmeros serviços ambientais, sendo os principais pro-


Kelp na Ilha Ana- dutores dos ecossistemas aquáticos. São largamente utilizadas para a ali-
capa, no Parque mentação humana.
Nacional das Ilhas
do Canal, Estados Algas fitoplanctônicas são responsáveis pela renovação do oxigênio at-
Unidos.
mosférico por meio da fotossíntese (algo em torno de 80% do oxigênio
renovável).
Há gelatinas resultantes da alteração das paredes celulares de muitas al-
As algas pardas são importantes para a alimentação e para a indústria, em gas que são muito utilizadas pela indústria, desde estabilizantes de sorve-
que os alginatos (Macrocystis e Laminaria) são usados como estabilizantes tes e doces até laxantes e cremes. Entre elas podemos citar produtos de
em sorvetes e cremes dentais. Também são aproveitados para a fabrica- algas pardas, como a algina, e de algas vermelhas, como o ágar (utilizado
ção de papel. O gênero Laminaria também é usado para combater o bócio para produzir meios de cultura para micro-organismos).
endêmico por ter alto teor de iodo. Os diatomitos (resultantes das diatomáceas) têm larga utilização pela in-
dústria, como fabricação de tintas, polidores e dentifrícios.
Filo Rhodophyta
O fitoplâncton libera para a atmosfera o gás dimetilsulfeto (DMS), que rea-
As rodofíceas compreendem as algas vermelhas, podendo ser unicelulares ge com oxigênio e com água formando o ácido sulfúrico. Segundo consta,
ou pluricelulares (a maioria). As algas vermelhas são principalmente mari- essas partículas de ácido sulfúrico servem de núcleos de condensação pa-
nhas de regiões tropicais, mas podem ocorrer na água doce e em ambien- ra a formação de 90% das nuvens do planeta. A alga Chlorella, por exemplo,
tes terrestres úmidos, como troncos de árvores em florestas. A ficoeritrina, é altamente proteica (50% mais proteínas que a carne bovina ou a soja),
pigmento responsável pela cor, é o pigmento predominante, mas possuem com vinte vezes mais vitamina E do que o leite de vaca e 4,6 vezes mais
clorofilas a e d e ficocianina. vitamina B do que o arroz semibeneficiado.

O material de reserva é conhecido como o amido das florídeas (um po-


Innovative Creation | Shutterstock

Pataporn Kuanui | Shutterstock

lissacarídeo semelhante ao glicogênio). Algumas rodofíceas apresentam


impregnação de carbonato de cálcio em sua parede celular (chamadas,
então, de algas calcárias). Além de celulose, ocorrem os polissacarídeos
ágar e carragenina.

O ágar é usado em laboratórios para a preparação de meios de cul-


tura; as indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia (fabri-
cação de gelatinas) também fazem uso do ágar e da carragenina. Ágar: extraído de algas vermelhas e utili- Cultura de microalgas Chlorella vulgaris para
zado como meio de cultura para bactérias. a produção de biocombustíveis.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 41

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UNIDADE 1

Segue um quadro comparativo entre os diferentes grupos de algas, com destaque para os caracteres sistemáticos (usados para a classificação).
Comparação entre as algas

Outros Parede
Divisão Hábitat Constituição Clorofila Cor Reserva Exemplos
pigmentos celular
Pectina,
Maioria Caroteno e
Chrysophyta Unicelulares a, c, e Dourada Óleos celulose e Pinnularia
aquática fucoxantina
sílica
Amido e Celulose ou
Maioria
Pyrrophyta Unicelulares a Xantofila Parda outros polis- sem parede Ceratium
marinha
sacarídeos celular
Pluricelulares,
Maioria Xantofila e Celulose e Sargassum e
Phaeophyta rizoide, cauloide, a, c Parda Laminarina
marinha ficofeína alginas Fucus
filoide
Caroteno,
Maioria Pluricelular, xantofila, Amido da Celulose e
Rhodophyta a, d Vermelha Chondrus
marinha maioria ficocianina e florídeas pectinas
ficoeritrina
Maioria Uni ou pluricelu- Amido Celulose e Volvox e
Chlorophyta a, b Caroteno Verde
aquática lares pectinas Spirogyra

CONFIRMANDO A TEORIA

1. (PUC-RJ) Um dos grandes problemas ambientais conhecidos é o


excesso de descargas de poluentes em forma de nutrientes, que
influenciam o crescimento de algas, aumentando a demanda bio-
química de oxigênio e causando mortandade de peixes e animais
bentônicos. Esse fenômeno é chamado de

a) nitrificação. d) carbonificação.
b) eutrofização. e) respiração.
a) Quais são os protozoários que podem ser identificados no san-
c) magnificação trófica. gue dos pacientes I e II?
Eutrofização é o fenômeno que ocorre quando há excesso de ma- No sangue do paciente I, observa-se o Plasmodium; no sangue
terial orgânico e consequente proliferação de seres vivos, os quais do paciente II, observa-se o Trypanosoma cruzi.
consomem oxigênio, ficando deficiente a quantidade de oxigênio
para os peixes e seres vivos que ficam no fundo. b) De que forma esses pacientes poderiam ter adquirido os pa-
rasitas?
Alternativa correta: b.
Eles podem ter sido contaminados por meio de transfusão san-
2. (Vunesp-SP) Estão representados nas figuras os exames de sangue guínea ou por meio dos vetores (I – Anopheles – mosquito-prego,
de dois pacientes brasileiros que nunca saíram do país e que reve- pela da picada; II – Triatoma – barbeiro, por meio das fezes
lam a presença de protozoários. contaminadas).

42 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

EXERCÍCIOS

1. (Fuvest-SP) As marés vermelhas, fenômenos que podem trazer sé- b) o sucesso conseguido?
rios problemas para organismos marinhos e mesmo para o homem,
são devidas

a) à grande concentração de rodofíceas bentônicas na zona das marés.


b) ao vazamento de petróleo, o qual estimula a proliferação de dia-
tomáceas marinhas. 4. (UFRJ) O diagrama a seguir representa o ciclo do plasmódio causador
da malária, uma doença que mata milhões de pessoas anualmente na
c) à presença de poluentes químicos provenientes de esgotos in-
África e no Brasil e para a qual não existem vacinas. O diagrama mos-
dustriais.
tra estágios do parasita: esporozoítos, merozoítos, trofozoítos, esqui-
d) à reação de certos poluentes com o oxigênio produzido pelas al- zonte e gametócitos. Muitos cientistas tentam, no momento, produzir
gas marinhas. vacinas concentrando suas estratégias nos estágios de esporozoítos
e merozoítos.
e) à proliferação excessiva de certas algas planctônicas que liberam
toxinas na água.

2. (Unicamp-SP) Quando intensamente parasitada por Giardia lamblia,


uma pessoa passa a sofrer de certas deficiências nutricionais. Estas
são explicadas pela interferência na absorção de nutriente, devido ao
fato de que esses parasitas cobrem a mucosa do tubo digestivo.

a) Qual é essa região?

b) De que maneira se adquire essa parasitose?


Explique por que os cientistas selecionam os estágios esporozoítos e
merozoítos como fontes de antígenos.

c) Qual o processo de reprodução que ocorre nesse parasita?

3. (Vunesp-SP) Um determinado candidato a prefeito prometeu que, se 5. (Ufsc)


fosse eleito, faria uma grande ampliação da rede de esgoto e do tra- Em março de 2005, foi constatado um surto da doença de Chagas na
tamento de água de sua cidade, para erradicar ou diminuir a doença região litorânea de Santa Catarina, atingindo 25 pessoas e resultan-
de Chagas e a malária. Ele realizou a sua promessa, mas falhou par- do em 3 mortes. Esse fato, totalmente inesperado para uma área não
cialmente no seu intento; entretanto, conseguiu erradicar a cólera e a endêmica da doença, dificultou inicialmente o diagnóstico por parte
amebíase. Qual a explicação biológica para dos profissionais de saúde e chamou a atenção dos meios de comu-
nicação, tendo grande repercussão em todo o país. A constatação da
a) a falha apontada? infecção natural pelo Trypanosoma cruzi em um gambá e em vários
exemplares de triatomíneos confirmou a existência de um ciclo de
transmissão do parasita naquela região.

Texto adaptado da Revista Ciência Hoje: n. 217, jul. 2005.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 43

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UNIDADE 1

Sobre a origem, transmissão, aspectos clínicos, diagnóstico e trata- a) as fezes do barbeiro (Triatoma), o qual pode ter ficado na cana-de-
mento da doença de Chagas, é correto afirmar que -açúcar utilizada para fazer o caldo.
b) as fezes do mosquito Aedes, que transmite a doença.
(01) em geral, a doença tem duas etapas distintas no homem: a fase
c) o mosquito que pode ter sido triturado junto com a cana.
inicial, aguda, caracterizada por elevada parasitemia e estado fe-
bril, seguida de uma fase crônica, caracterizada pela diminuição d) as fezes do barbeiro (Anopheles), que contaminou a bebida.
do número de parasitas circulantes.
e) a saliva do barbeiro, hospedeiro definitivo da doença de Chagas.
(02) os hospedeiros intermediários do Trypanosoma cruzi podem ser
8. (Fuvest-SP) Uma pessoa pretende processar um hospital com o argu-
tanto vertebrados como invertebrados.
mento de que a doença de Chagas, da qual é portadora, foi ali adqui-
rida em uma transfusão de sangue. A acusação
(04) uma vez instalado no hospedeiro vertebrado, o parasita invade os
tecidos penetrando nas células, estabelecendo-se no citoplas- a) não procede, pois a doença de Chagas é causada por um verme
ma e se multiplicando, o que provoca a seguir o rompimento do platelminto que se adquire em lagoas.
conteúdo celular, com consequente liberação dos novos indiví-
b) não procede, pois a doença de Chagas é causada por um protozoá-
duos para o meio extracelular e a corrente sanguínea.
rio transmitido pela picada de mosquitos.
(08) as formas mais comuns de transmissão da doença são o con- c) não procede, pois a doença de Chagas resulta de uma malforma-
tato com fluidos orgânicos de doentes e ingestão de alimento ção cardíaca congênita.
contaminado.
d) procede, pois a doença de Chagas é causada por um protozoário
(16) o tratamento mais eficaz da doença de Chagas baseia-se na que vive no sangue.
aplicação de antibióticos potentes. e) procede, pois a doença de Chagas é causada por um vírus transmi-
tido por contato sexual ou por transfusão sanguínea.
Total:
9. (Fuvest-SP) Em populações de algas verdes de uma certa espécie,
6. (PUC-SP) verificou-se pela análise citológica que alguns indivíduos apresenta-
vam sessenta cromossomos, e outros, apenas trinta. É possível, por
Na primeira década deste século, o médico brasileiro Carlos Chagas
meio dessa informação, saber seu ciclo de vida e onde ocorre a meio-
iniciou uma série de estudos que o levaram a descrever o ciclo de vi-
se. Por que?
da de um importante ...I.. pertencente à ..II.. Trypanosoma cruzi, agen-
te etiológico do mal de Chagas que tem como transmissor um ..III..
pertencente ao ..IV.. Triatoma, popularmente conhecido por “barbeiro”.

No trecho acima, as lacunas I, II, III e IV devem ser substituídas cor-


reta e, respectivamente, por

a) protozoário, família, inseto e filo.


b) protozoário, espécie, inseto e gênero.
c) bacilo, espécie, verme e gênero.
d) bacilo, família, verme e filo.
e) vírus, ordem, molusco e gênero.

7. (CEPBJ-PR) Em 2005, os noticiários divulgaram a informação de que


pessoas contraíram a doença de Chagas após ingerirem caldo de
cana-de-açúcar contaminado na BR 101, em Santa Catarina. Nesse
caso supõe-se que tais pessoas, na época, tiveram contato com

44 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

FUNGI nico permite o rápido desenvolvimento desses esporos. No ambiente do-


méstico, é fácil observar a ação dos fungos em livros, sapatos, nas roupas
guardadas no armário ou em alimentos descobertos.
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O ramo da biologia que estuda os fungos é a micologia.

ESTRUTURA
Russula emetica, basi-
diomiceto, encontrado As leveduras são unicelulares, porém a grande maioria é pluricelular. O
na Europa, África, Ásia e corpo dos fungos é formado por delgados filamentos microscópicos e ra-
América do Norte. O ter-
mo "emético" significa
mificados ditos hifas. O conjunto das hifas forma o micélio (corpo).
“indutor de vômito”.
A primeira hifa que sofre ramificação para constituir um micélio surge de
um esporo que experimenta divisões (mitoses) nucleares enquanto sofre
alongamento.

Quais os maiores seres vivos da Terra? Uma baleia? Uma gimnosperma? Os


fungos estão entre os maiores seres vivos da Terra. O fungo Armillaria, que IMPORTANTE
pesa quase o mesmo que uma baleia-azul, é todo formado praticamente
por filamentos microscópicos e cobre uma extensa área de Michigan, nos Hifas
Estados Unidos. Há um outro fungo do mesmo gênero, ainda maior, que A hifa pode se apresentar como um tubo septado (com paredes
cobre três distritos do estado de Washington, também nos Estados Unidos. transversais) ou não. As hifas não septadas usufruem de um cito-
Os fungos são seres com características muito peculiares e evolutivamen- plasma comum plurinucleado, sendo chamadas hifas cenocíticas. As
te muito próximos dos animais. Ao longo da evolução, sempre apresen- septadas contêm um ou dois núcleos por célula.
taram uma relação muito estreita e diária com o ser humano. São os co- Hifas cenocíticas
nhecidos cogumelos, orelhas-de-pau, ou, ainda, as leveduras (fermentos).
As hifas cenocíticas apresentam uma massa citoplasmática comum,
Os fungos são seres aclorofilados, uni ou pluricelulares, constituí- contendo vários núcleos como consequência da divisão nuclear sem
dos de filamentos chamados hifas, formando um corpo dito micélio. a divisão do citoplasma.
Há uma parede celular de quitina, sendo o glicogênio seu material
de reserva. Hifas septadas
A massa citoplasmática, contendo um ou mais núcleos, é dividida
Vários fungos formam estruturas reprodutivas denominadas corpos de fru-
em compartimentos (septos). Nos septos, existem poros que possi-
tificação, os populares cogumelos ou orelhas-de-pau. Eles apresentam
bilitam o trânsito do citoplasma entre uma célula (compartimento)
formas de vida as mais diversas, parasitas de animais e plantas, saprófa-
e outra, além de estruturas citoplasmáticas e até o próprio núcleo.
gos (decompondo matéria orgânica), compondo associações mutualísticas
Essa situação ocorre exclusivamente nos fungos.
(liquens e micorrizas) ou, ainda, predadores. Qualquer que seja o hábito
de vida, eles apresentam nutrição heterotrófica por absorção, ou seja, li-
beram enzimas que digerem a matéria orgânica para, a seguir, absorverem
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o produto da digestão.
Como decompositores, junto às bactérias, desempenham um papel funda-
mental para os ecossistemas, viabilizando a reciclagem da matéria. Septo

A interação ecológica, mutualismo, formando as micorrizas, possibilita que


Hifas
a maioria das plantas possa assimilar nutrientes do solo. Possivelmente, a
evolução das plantas terrestres dependeu, na maior parte, de suas asso- Núcleo
ciações mutualísticas com os fungos.
O estudo de fósseis indica que os fungos estão entre as formas mais anti-
gas de vida eucariótica, sendo encontrados associados a raízes de plantas
desde o Devoniano.
Ilustração do aspecto de uma hifa septada e uma hifa cenocítica .
Os fungos estão presentes no ar, na forma de esporos microscópicos que
apresentam uma grande facilidade de dispersão. Qualquer substrato orgâ-

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UNIDADE 1

MICÉLIO O crescimento das hifas ocorre sempre nas extremidades, havendo a mi-
gração do citoplasma para essas regiões mais novas, às vezes até desapa-
Chama-se micélio o conjunto de hifas, o corpo do fungo. Normalmente, o recendo das regiões mais antigas. Em condições favoráveis, a rede de hifas
micélio se diferencia em dois tipos: o vegetativo e o reprodutor. apresenta um crescimento indefinido, constituindo galerias quitinosas. O
O micélio vegetativo é formado por hifas imersas no substrato do qual re- micélio apresenta forma circular.
tiram os nutrientes. As hifas desse micélio apresentam rápido crescimento
em locais úmidos e ricos em matéria orgânica.
O micélio reprodutor é composto de hifas produtoras de esporos. Habitual-
SAIBA MAIS
mente, são hifas que se desenvolvem para o exterior do substrato, o que
possibilita a dispersão dos esporos.
O fungo Armillaria ostoyae, cogumelo-de-mel, de ocorrência no es-
tado de Oregon, Estados Unidos, tem mais de 2 400 anos, ocupando
CORPOS DE FRUTIFICAÇÃO cerca de 8,9 km2 de área. Cresce em um tronco de árvore podre e é
São formados apenas durante a ocorrência de episódios sexuais de repro- representado por corpos de frutificação, que são as estruturas repro-
dução. Eles afloram do corpo do fungo e são chamados, popularmente, de dutivas de um fungo. Pode se espalhar em áreas maiores, matando
cogumelos e orelhas-de-pau. árvores por onde cresce.

Essas formações resultam da união de dois micélios de sexos diferentes.

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As hifas de ambos se unem e formam o corpo de frutificação que, então,
emerge.
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Cogumelo-de-mel (Armillaria ostoyae) .

RESPIRAÇÃO
Corpo de frutificação da Amanita muscaria.  Quanto à respiração, os fungos podem ser aeróbicos ou anaeróbicos facul-
tativos, como as leveduras. Os anaeróbicos facultativos são utilizados nos
PAREDE CELULAR processos fermentativos.

A parede celular dos fungos é constituída de um polissacarídeo denomi-


nado quitina, fato que aproxima os fungos dos animais que, como os ar-
PENSE NISSO
trópodos, apresentam um exoesqueleto quitinoso. Em alguns fungos, além
da quitina, observa-se a presença de celulose.
As abelhas cultivam fungos que as protegem de bactérias parasitas e
as formigas os cultivam como forma de alimentação.

CLASSIFICAÇÃO
Muito provavelmente, há um ancestral comum tanto para fungos quanto
para os animais; e há muito se compara fungos com plantas e com animais.
Evolutivamente, hoje sabemos que estão muito próximos dos animais.
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A classificação dos fungos é um tema longe de um consenso. Vamos tra-


balhar com a proposta mais atual, que os divide em quatro grupos: quitri-
diomicetos, zigomicetos, ascomicetos e basidiomicetos.

46

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UNIDADE 1

Savelov Maksim | Shutterstock


Quitridiomicetos Zigomicetos Ascomicetos Basidiomicetos

Ascósporos Basidiósporo

Bolor negro do pão.


Zoósporos
(esporos Na imagem anterior, é possível observar o bolor negro do pão (Rhizopus
flagelados) Esporos sem
flagelados stolonifer) crescendo sobre a matéria orgânica. No detalhe, vemos os fi-
lamentos verticais, espongióforos, os quais terminam em um esporângio
Decomposição / absorção (nutrição)
esférico e preto, que contém milhares de esporos produzidos de forma as-
Glicogênio (reserva)
sexual. Esse zigomiceto contamina alimentos, mas, na indústria, é usado
Esporos (reprodução)
para a produção de alimentos, bebidas alcoólicas e medicamentos, como
Quitina (parede celular)
a cortisona.
Hifas (organização do corpo)

CHYTRIDIOMYCOTA IMPORTANTE

Os quitridiomicetos (quitrídeos) estão representados por 790 espécies, Na classificação mais antiga, os quitridiomicetos e os zigomicetos
principalmente aquáticas. A maioria possui hifas cenocíticas, porém há estavam reunidos em um único grupo dito ficomicetos, sendo os fun-
espécies unicelulares (perderam a organização cenocítica com a evolução), gos mais simples. Geralmente são pluricelulares, com micélio for-
provavelmente os fungos mais antigos. Apresentam zoósporos (esporos mado por hifas cenocíticas e com ausência de corpo de frutificação.
flagelados que facilitam a dispersão em ambiente aquático). Muitos dos representantes aquáticos contam com presença de espo-
Há espécies dulcícolas e marinhas, de solos úmidos, parasitas (de animais ros flagelados, os zoósporos. Os exemplos mais citados são o Mucor
e plantas) ou decompositoras. mucedo (bolor do pão) e Plamopora viticola (míldio da uva).

ZYGOMYCOTA
Os zigomicetos congregam representantes cujos esporos perderam o fla- ASCOMYCOTA
gelo, como consequência da perda do centríolo. Distribuem-se em cerca Os ascomicetos são pluricelulares de hifas septadas e formadores de
de 1 060 espécies, principalmente terrestres (solos), sendo importantes esporos (ascósporos) em estruturas reprodutivas em forma de saco, os
decompositores. ascos. Nos ascomicetos em que há formação do corpo de frutificação,
O corpo é formado por hifas cenocíticas, porém houve eventos evolutivos este é denominado ascocarpo, cuja membrana interna é chamada himê-
de perda, formando representantes unicelulares. Um exemplo importante nio, contendo também hifas estéreis, as paráfises. A maioria atua como
é o bolor negro do pão, Rhizopus stolonifer. Diversas espécies apresentam decompositora.
importantes funções econômicas, sendo utilizadas para a produção de áci- Entre os exemplos mais importantes de ascomicetos podemos citar Cla-
dos orgânicos, molho de soja, esteroides, pílulas anticoncepcionais e dro- viceps purpurea (esporão-do-centeio – de onde se extrai a ergotina – para
gas anti-inflamatórias. Há espécies que formam micorrizas. produção do LSD); o Penicillium notatum (bolor usado para a extração da
No caso do Rhizopus stolonifer, a reprodução normalmente ocorre de forma penicilina); Aspergillus oryzae (fermentação do arroz, usado na produção do
assexuada com a produção de esporos que são liberados no ar. A fase se- saquê); Morchella esculenta (comestível); Tuber (trufas); Penicillium roque-
xuada ocorre, geralmente, em condições inadequadas do meio. fortii (sabor do queijo roquefort).

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 47

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UNIDADE 1

O Saccharomyces cerevisiae, levedura que é o fermento biológico, usa-

Designua | Shutterstock
do na fabricação do pão, é unicelular e se reproduz assexuadamente Chapéu Escalas
por brotamento ou por bipartição. As leveduras são seres anaeróbicos Parte inferior
facultativos. Na ausência de oxigênio realizam fermentação alcoólica, do chapéu
Anel
produzindo álcool (o que dá sabor ao pão) e gás carbônico (o que faz Esporos
a massa crescer). Estipe

Os principais gêneros são Claviceps, Saccharomyces, Neurospora, Aspergil-


lus e Penicillium.

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Volva

Micélio
Anatomia do cogumelo.

Entre os exemplos importantes de basidiomicetos podemos citar Amanita


muscaria (venenoso, o chapéu-de-sapo aparece nos livros de histórias in-
fantis: sua existência na frente da casa é indicativo da presença de bru-
xas); Psilocybe mexicana (venenoso, com efeito alucinógeno, provocando
danos ao sistema nervoso); Agaricus campestris (champignon, comestível);
Lentinula edodes (o shiitake – pesquisas indicam que apresentam proprie-
dades medicinais, ação antimicrobiana) e Pleurotus ostreatus (shimeji –
fungo saprófago).

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Corpos de frutificação do fungo Helvella macropus.

IMPORTANTE

Cuidado com o amendoim!


No amendoim e em outros substratos pode se desenvolver o fun-
go chamado Aspergillus flavus, que produz uma toxina chamada
aflatoxina, a qual provoca sérios danos ao fígado, sendo um for- Corpo de frutificação da Amanita muscaria: fungo alucinógeno e venenoso.

te cancerígeno. A aflatoxina congrega pelo menos 18 compostos


e pode ser um contaminante importante das rações animais. Em
1988, o Brasil estabeleceu como nível máximo de tolerância em
SAIBA MAIS
rações os 50 µg/kg.
Deuteromicetos

BASIDIOMYCOTA Em uma proposta mais antiga de classificação havia um grupo de


fungos denominados deuteromicetos. Eles eram considerados fun-
Os basidiomicetos são fungos pluricelulares e muito desenvolvidos. Po- gos imperfeitos. Foram incluídos nesse grupo todos os fungos nos
dem formar estruturas parecidas com tecidos vegetais (pseudotecidos ou quais ainda não tinham sido observados processos sexuados de re-
plectênquima). Em torno da metade dos representantes do grupo formam- produção. Muitos fungos eram considerados como deuteromicetos
-se micorrizas. até que se conhecesse seu ciclo reprodutor, quando, então, eram re-
Neles, o corpo de frutificação é chamado basidiocarpo (píleo no cogume- manejados para outro grupo.
lo-de-chapéu), as estruturas reprodutivas são chamadas de basídios (com Os representantes do grupo podiam apresentar alternância de hos-
a base presa ao corpo de frutificação e a extremidade livre) e os esporos pedeiros, ou seja, uma fase em um hospedeiro e a outra, em outro,
são conhecidos como basidiósporos. Na extremidade livre do basídio ficam completamente diferente. Foram incluídos muitos parasitas de plan-
alojados quatro esporos.

48 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Fragmentação
tas e animais. No grupo estavam muitos causadores de micoses hu- Os processos de fragmentação ocorrem quando um micélio simplesmente
manas (doenças provocadas por fungos), como a levedura Candida se fraciona originando dois novos micélios.
albicans, responsável pelas micoses entre os dedos dos pés, além do
sapinho das mucosas do corpo humano, Cercospora sp., Botritiss sp. Brotamento
Aqui também foram incluídos os fungos predadores.
Mixomicetos: um tipo especial de fungo A gemulação ou brotamento ocorre nas leveduras como o Saccharomyces
cerevisiae (fermento usado no fabrico do pão).
Os mixomicetos têm um corpo que consiste em um plasmódio gela-
tinoso. Vivem em matas úmidas e sombreadas, sobre folhas caídas e

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troncos apodrecidos, com aspecto, muitas vezes, bastante colorido.
Em certos estados de desenvolvimento, se deslocam por movimentos
ameboides (parecendo protozoários), já que não possuem parede ce-
lular. Em crescimento, reproduzem-se como as amebas: assexuada-
mente por cissiparidade. Com relação à nutrição diferem dos demais Vista microscópica da
fungos por englobarem partículas alimentares (bactérias, fungos, levedura unicelular
esporos e muitas outras partículas orgânicas) que serão digeridas no Saccharomyces cerevisiae
em processo de
interior da massa citoplasmática. Em certas condições apresentam brotamento.
reprodução sexuada, ocasião em que o corpo se torna mais compacto
e forma o esporângio (filamento com dilatação oval ou arredondada
na extremidade), no interior do qual há núcleos que sofrem meiose,
originando esporos haploides que são liberados. Ao germinar, o es-
poro forma até quatro gametas que podem ser flagelados ou ame-
boides (depende da espécie). Da fusão de dois gametas haploides há
a formação de um zigoto diploide, que originará um novo mixomice-
to. Podemos citar como exemplo o Dictyostelium sp. Apresentam um Esporulação
papel ecológico muito importante, já que são predadores de fungos e
bactérias e ajudam no equilíbrio entre os micro-organismos que fa- Muitos fungos produzem esporos (formas de resistência que ao germinar
zem a decomposição da matéria de origem vegetal. produzem hifas). Em certos fungos aquáticos, como o Allomyces macro-
gynus, os esporos são flagelados (para dispersão no meio líquido) e cha-
mados zoósporos.
Observe a comparação entre a classificação de fungos mais antiga e a Em função da motilidade, os esporos estão classificados em
atual.
a) zoósporos – são esporos flagelados e móveis de fungos aquáticos.
Classificação atual Classificação antiga b) aplanósporos – são esporos imóveis que são transportados pelo
Chytridiomycota Ficomicetos (sem corpo de vento.
Zigomycota frutificação) c) conidiósporos – esporos imóveis, menores que os aplanósporos, não
Ascomycota Ascomicetos sendo produzidos em esporângios.
Basidiomycota Basidiomicetos
Deuteromicetos d) ascósporos – produzidos em esporângios em forma de saco, os
ascos. Normalmente, em número de oito por asco.

REPRODUÇÃO e) basidiósporos – esporos formados na extremidade de um esporângio,


o basídio. Geralmente, quatro esporos por basídio.
Em função da proximidade com a humanidade e a importância econômica,
tanto na agricultura quanto na pecuária, o domínio do processo reprodutivo
dos fungos é fundamental para os interesses humanos. REPRODUÇÃO SEXUADA
Os fungos, normalmente, reproduzem-se de forma assexuada por esporu-
REPRODUÇÃO ASSEXUADA lação. Eventualmente há casos sexuados. Portanto, não ocorre processo
A reprodução assexuada dos fungos pode ocorrer por fragmentação, brota- metagenético, o qual é caracterizado por uma alternância de gerações,
mento e por esporulação. uma fase assexuada seguida de outra fase sexuada.

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UNIDADE 1

Ciclo reprodutor de um zigomiceto

Podemos resumir o ciclo reprodutor de um zigomiceto nas etapas que seguem.


• Encontro de micélios de sexos diferentes.
• Hifas especializadas, os gametângios, crescem uma em direção a outra.
• Ocorre o toque e a fusão dos gametângios.
• Fusão de um ou mais núcleos haploides de ambos para formar zigotos diploides.
• Diferenciação da região de fusão dos gametângios em uma estrutura esférica, de parede escura e espessa.
• Os zigotos sofrem meiose, formando quatro esporos haploides cada um.
• Ao germinar, cada esporo origina um novo micélio.

HIFAS (+) HIFAS (–)


Esporângio Esporângio
Aplanósporos
Reprodução sexuada Aplanósporos
(n)
por fusão de (n)
gametângios (+) e (–)
Reprodução assexuada

Reprodução assexuada
Gametângios
(+) e (–)

Zigósporo
(2n)

se
Meio

Hifas especiais com Esporos (n)


função de absorção
de alimento Germinação PÃO

Ciclo de vida de um zigomiceto, mostrando a reprodução assexuada e a forma sexuada de reprodução. Não há a formação de
corpo de frutificação. A meiose ocorre no zigoto, zigósporo.

Asco
Ciclo reprodutor de um ascomiceto Asco com
Ascocarpo dicariótico Núcleo 2n
Cariogamia (zigoto)
ascósporos
Seguem as etapas de reprodução de um ascomiceto.
Hifa
dicariótica
• Encontro de hifas de micélios de sexos diferentes. Esporo (–)
germinando
• Fusão das hifas dos dois micélios formando células com dois núcleos Hifas Meiose
(fase dicariótica). estéreis (n),
Hifas mononucleadas 4 núcleos
• Em algumas células, os núcleos se fundem e originam um zigoto reprodutoras Esporo (+) haplóides
dicarióticas
diploide. germinando
(n + n)
Mitose
• Meiose do zigoto e formação de núcleos haploides.
Hifa + e hifa – 8 ascósporos (n)
• Diferenciação dos núcleos haploides em ascósporos (cada núcleo
haploide sofre mitose, originando oito ascósporos). Ascósporos (n)
• A hifa-sede do fenômeno sofre alongamento em forma de saco, o
asco. Germinação

• Rompimento do asco maduro e liberação dos ascósporos.


Ciclo de vida de um ascomiceto, mostrando o ascocarpo e a produção final de oitos as-
• Germinação do ascósporo e formação de um novo micélio haploide. cósporos.

50 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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UNIDADE 1

Ciclo reprodutor de um basidiomiceto carbônico torna a massa leve, macia e facilmente digerível. As bebidas
alcoólicas variam em função do tipo de levedura usada, das técnicas
A seguir, o esquema do ciclo reprodutor de um basidiomiceto. utilizadas e do substrato fermentado. Por exemplo, a fermentação da
• Encontro de micélios de sexos diferentes. cevada produz a cerveja, e da uva, o vinho. Se o produto fermentado for
destilado, aumenta a concentração de álcool (cachaça, uísque, saquê).
• Fusão de suas hifas e formação de um micélio com células
binucleadas (fase dicariótica).

Fascinadora | Shutterstock
• Organização dessas hifas e formação do corpo de frutificação, o
basidiocarpo.
• Algumas hifas do basidiocarpo se diferenciam e formam os basídios
(na parte inferior do chapéu do cogumelo).
• Fusão dos núcleos dos basídios e origem do zigoto diploide.
• Meiose zigótica e formação de quatro esporos haploides: Fermento biológico,
Saccharomyces cerevisiae.
basidiósporos.
• Liberação dos basidiósporos localizados na extremidade livre do
basídio. PRODUÇÃO DE QUEIJOS
• Em ambiente favorável cada basidiósporo germina e origina um novo Os fungos são utilizados para a fabricação de queijos, por exemplo, o ro-
micélio. quefort (Penicillium roquefortii) e o camembert (Penicillium camembertii).

Stefan Ataman | Shutterstock


Germinação Hifa (+)
(n)
4 basiospóros
haploides Plasmogamia
(fusão de hifas)
(n)

Hifa (–) (n)


(n)
(n)
Meiose

(2n) Basídio com


núcleo zigótico

Basídio jovem Queijo roquefort feito com leite de vaca e o fungo Penicillium roqueforti para produzir os veios
com 2 núcleos de cor azul-esverdeada.
(n) (n)
Basidiocarpo
(n) (n)

Hifas dicarióticas PRODUÇÃO DE ANTIBIÓTICOS


Cariogamia
(fusão dos núcleos) Há fungos que são utilizados pelo ser humano para a produção de anti-
bióticos, como a penicilina (Penicillium chrysogenum). Na imagem a seguir,
Ciclo de vida de um basidiomiceto, mostrando o ascocarpo e a formação de quatro basidiós-
poros ao final do processo.
observa-se a colônia do fungo Penicillium chrysogenum crescendo em uma
placa de Petri, em um meio ágar. Esse fungo produz a penicilina G, visível
como pequenas gotas sobre a superfície.
IMPORTÂNCIA DOS FUNGOS
Kateryna Kon | Shutterstock

Vamos enumerar alguns itens, já que os fungos têm uma importância mui-
to grande para os ecossistemas e para o ser humano. Podemos até falar
em um processo evolutivo lado a lado, a coevolução.
Colônia de Penicillium.
PÃES E BEBIDAS ALCOÓLICAS
As leveduras produzem fermentações e são usadas para fabricar pão e
bebidas fermentadas. O Saccharomyces cerevisiae, ao fermentar, produz
gás carbônico e álcool. O álcool é responsável pelo sabor do pão e o gás

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 51

em2_bio_v1.indb 51 22/09/2021 17:22:18


UNIDADE 1

TOXINAS

Nataliia Melnychuk | Shutterstock


Muitas poderosas toxinas são produzidas por fungos, como os ciclopep-
tídios, os quais agem inibindo a síntese de RNA mensageiro nos animais,
bloqueando a síntese proteica.
A Amanita phalloides é uma espécie venenosa, podendo causar danos gra-
ves ao fígado e ao rim; não há antídotos e a letalidade fica em torno de
50% a 90%. A morte é precedida de vômitos e diarreia, com duração de
24h ou mais. O Aspergillus flavus contamina sementes de oleaginosas co-
mo o amendoim e produz a aflatoxina, substância altamente tóxica e capaz
de provocar câncer.
Fotografia de um cogumelo do fungo pertencente ao gênero Morchella.
Vlad Siaber | Shutterstock

PARASITOSES
Muitos dos fungos são parasitos de plantas e animais. Nas plantas, o
Hemilea vastatrix é um basidiomiceto que causa a ferrugem do cafeeiro, em
animais e humanos a Candida albicans causa micoses nos dedos dos pés e
Visão de um cogumelo de
Amanita phalloides.
na mucosa vaginal. O Cryptococcus neoformans causa a criptococose, afe-
tando os alvéolos pulmonares. Esse mal é comum nos espaços urbanos
associados aos pombos, papagaios e periquitos, por exemplo. O fungo pro-
lifera nos excrementos desses animais, que, uma vez ressecados, se espa-
lham em partículas na poeira.

Timonina | Shutterstock
ALIMENTAÇÃO
Uma pequena visita ao supermercado pode evidenciar uma grande varie-
dade de fungos, corpos de frutificação, utilizados na alimentação humana,
tais como as trufas, as morchelas e os champignons. As trufas (gênero Tu-
ber) consistem em uma apreciada e cara iguaria, principalmente na Fran-
ça. Formam micorrizas com raízes de árvores, como a faia e o carvalho.
Antigamente, os porcos eram utilizados para localizar as trufas, as quais
são subterrâneas e liberam substâncias voláteis que apresentam um chei-
Candidíase oral.
ro semelhante aos hormônios sexuais exalados pelas porcas no cio. Atual-
mente, cães são treinados para cumprir com essa finalidade.
MUTUALISMO
Stephen Farhall | Shutterstock

Os fungos formam associações mutualísticas com outros seres, como as


micorrizas (fungos e raízes de diversas plantas – o fungo obtém açúca-
Trufas pretas (Tuber me-
lanosporum): represen-
res, aminoácidos e outras substâncias orgânicas das raízes, e, estas, têm
tam corpos de frutifi- um maior potencial de absorção de nutrientes do solo) e os liquens (algas
cação de determinados e fungos – normalmente ascomicetos que fornecem água e sais minerais
fungos subterrâneos.
para a alga, e, em geral, algas clorofíceas ou cianobactérias, fornecendo
substâncias orgânicas ao fungo).

52 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

em2_bio_v1.indb 52 22/09/2021 17:22:21


UNIDADE 1

KYTan | Shutterstock O fungo absorve água e sais minerais para a alga que faz fotossíntese, for-
necendo carboidratos para o fungo.

HÁBITAT

Micorrizas. Esses seres vivem no solo, nas rochas ou na casca dos troncos, em am-
bientes onde poucos vegetais poderiam sobreviver.
A grande vantagem dessa associação não consiste no fato de que fungo e
alga não conseguiriam viver sós, mas no fato de que, juntos, eles conse-
guem habitar locais que sozinhos não conseguiriam.
Exatamente por isso, os liquens são considerados organismos pioneiros,
pois são um dos primeiros organismos vivos a conseguir se instalar em um
ambiente inóspito. Produzem o ácido liquênico que age degradando ro-
RECICLAGEM DA MATÉRIA NOS ECOSSISTEMAS chas, originando com a erosão um solo primitivo.
Os fungos são importantes decompositores: degradam a matéria orgânica
e possibilitam a reciclagem da matéria nos ecossistemas, formando o hú- REPRODUÇÃO
mus, mantendo, dessa forma, a fertilidade do solo.
A reprodução dos liquens se faz de forma assexuada por meio de fragmen-
tos. Minúsculos grãos contendo algumas hifas e gonídias, os sorédios, são
LIQUENS transportados pelo vento e representam, portanto, a unidade de dissemi-
nação dos liquens.
alina_veronika | Shutterstock

Ocasionalmente, o fungo pode se reproduzir sexualmente, motivo que faz


com que alguns autores considerem como se ele exercitasse um ligeiro
parasitismo sobre a alga.

IMPORTÂNCIA
Os liquens são bioindicadores da qualidade do ar, sendo que sua presença
indica baixo nível de poluição. São vários os exemplos de liquens que
podemos usar, entre eles o barba-de-velho (Usnea barbata) e o Cora pavonia,
bastante comum sobre troncos de árvores e rochas. Provavelmente, o
“maná” ao qual se refere a Bíblia é a espécie Lecanora esculenta.
Líquen folioso desenvolvido sobre o tronco de uma árvore.

Andrzej Sliwinski | Shutterstock


Os liquens resultam de uma associação mutualística entre fungos dos
mais diversos, principalmente ascomicetos, e algas (cianofíceas e clorofí-
ceas, além de cianobactérias).

ESTRUTURA
Os liquens são formados por duas camadas corticais (plectênquima), ge-
ralmente colorida, e, internamente, por uma camada gonidial, onde se lo-
calizam as algas (gonídias) envoltas por hifas. Inferiormente, partem hifas
rizoidiais (rizinas) com função de fixação. Devido ao talo podem ser classi-
ficados como crustáceos, foliáceos e arbustivos. As classes dependem do
fungo mutualista: ascoliquens, basidioliquens etc. Líquen barba-de-velho.

DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA 53

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UNIDADE 1

EXERCÍCIOS

1. (Fuvest-SP) Os liquens da tundra ártica constituem a principal fonte Coluna 2


de alimento para renas e caribus durante o inverno. As substâncias
orgânicas dos alimentos desses animais, portanto, são primariamen- ( ) mofo escuro do pão
te produzidas por um dos organismos componentes do líquen. Qual é ( ) comestível
esse organismo e que processo ele utiliza para produzir substâncias
orgânicas? ( ) antibiótico
( ) fermentação alcoólica
a) Um fungo; fermentação.
( ) tóxico
b) Um fungo; fotossíntese.
Assinale a alternativa com a sequência correta.
c) Um protozoário; fermentação.
d) Uma alga; fotossíntese. a) I, II, III, IV e V.

e) Uma cianobactéria; quimiossíntese. b) III, I, II, IV e V.


c) III, IV, II, I e V.
2. (UFC-CE) As figuras a seguir mostram indivíduos representantes do
reino Fungi. d) II, III, V, I e IV.
e) II, V, IV, III e I.

4. (PUC-RS) Os fungos que conhecemos por champignons, vendidos no


comércio em embalagens de plástico ou vidro, pertencem ao grupo
dos

a) ascomicetos.
b) deuteromicetos.
c) ficomicetos.

Assinale a alternativa que contém a classificação dos indivíduos 1, 2 d) arquimicetos.


e 3, respectivamente. e) basidiomicetos.

a) Zigomicetos, basidiomicetos e ascomicetos. 5. (Ufpe) Com relação a associações de bactérias e fungos com raízes de
b) Basidiomicetos, ascomicetos e zigomicetos. plantas, é correto afirmar:

c) Ascomicetos, basidiomicetos e zigomicetos. a) As bactérias formadoras de nódulos em raízes leguminosas favo-


recem a entrada de CO2 pelas raízes, acelerando o processo fo-
d) Basidiomicetos, zigomicetos e ascomicetos.
tossintético.
e) Zigomicetos, ascomicetos e basidiomicetos.
b) As bactérias associadas a raízes de leguminosas realizam proces-
3. (Furg-RS) Relacione os gêneros de fungos da coluna 1 com as carac- sos bioquímicos que resultam na produção de açúcares, que são
terísticas da coluna 2. cedidos à planta.
c) Certos fungos se associam a raízes de plantas, formando micorri-
Coluna 1
zas; ambos se beneficiam com a associação (mutualismo).
I. Saccharomyces d) Os liquens, resultantes da associação do tipo amensalismo entre
II. Penicillium fungos e bactérias, são capazes de transformar nitrogênio (N2) em
amônia (NH3) e enriquecer o solo.
III. Mucor
e) Rhizobium é uma espécie de bactéria que parasita as raízes das
IV. Agaricus gimnospermas e promove a fixação de nitrogênio do ar, tão im-
V. Amanita portante nas lavouras.

54 DO MUNDO MICROSCÓPICO AO MACROSCÓPICO: A DIVERSIDADE DA VIDA

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wk1003mike | Shutterstock
UNIDADE

2
O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

As plantas pertencem ao reino Vegetal ou Plantae, que pode ser dividi-


Dmitry Polonskiy | Shutterstock

do em dois grandes grupos: as criptógamas e as fanerógamas. As crip-


tógamas (briófitas e pteridófitas) são vegetais que possuem estruturas
reprodutoras pouco evidentes, enquanto as fanerógamas (gimnosper-
mas e angiospermas) possuem estruturas reprodutoras mais desenvolvi-
das, evidentes, e também apresentam sementes, sendo conhecidas como
espermatófitas.
Quando se considera a presença ou não de vasos condutores de seiva, as
Vegetais de pequeno e grande porte. plantas são classificadas em avasculares ou atraqueófitas (sem vasos
condutores de seiva) e vasculares ou traqueófitas (com vasos condu-
A diversidade das plantas é algo que nos impressiona quando observamos tores de seiva).
a natureza. O mundo vegetal é surpreendente, com suas cores, formas, fi-
siologia e formas de reprodução. São inúmeras as espécies vegetais que se BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS:
distribuem pelo planeta e garantem a sobrevivência de outros seres vivos, PLANTAS SEM SEMENTES
os quais são dependentes do oxigênio e da glicose.
O mundo vegetal é bastante diversificado. Encontramos na natureza vege-
Ao longo do processo evolutivo, as plantas foram adquirindo caracte-
tais simples, adaptados a condições adversas e que não produzem flores,
rísticas que lhes permitiram conquistar o ambiente terrestre de toda
frutos e sementes – e, mesmo assim, são bem-sucedidos. É o caso das
a biosfera.
criptógamas conhecidas como briófitas e pteridófitas. Elas possuem
Há um ramo da biologia denominado botânica, que estuda os diferentes características comuns, como a forma reprodutiva com alternância de ge-
aspectos dos vegetais, como sua fisiologia, morfologia, evolução, reprodu- rações e a ausência de sementes, e também características específicas.
ção e classificação. Em algumas classificações botânicas mais antigas, as A seguir vamos estudar a morfologia e a reprodução dessas plantas, que
algas e as plantas estavam inseridas em um mesmo reino, o reino Vegetal; estão amplamente distribuídas no planeta Terra.
entretanto, nas classificações atuais, as algas são de modo geral inseri-
Sanit Fuangnakhon | SHutterstock

das no reino Protoctista.


As plantas são seres vivos eucariontes, pluricelulares e autotrófi-
cos que, provavelmente, surgiram de um grupo ancestral de algas verdes,
pois se aproximam destas pela presença de parede celular celulósica, de
clorofila a e b.
Outra característica comum a todas as plantas é a alternância de gera-
ções (metagênese). Assim, há uma fase haploide (n), denominada ga-
metofítica, que origina gametas, os quais se unem para formar a fase di-
ploide (2n), denominada esporofítica, que origina esporos. Os esporos dão
origem ao gametófito, fechando o ciclo. Briófitas: musgos cobrindo uma superfície.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 55

em2_bio_v1.indb 55 22/09/2021 17:22:35


UNIDADE 2

As briófitas não possuem raízes e, por isso, absorvem água do ambiente


por meio de estruturas simples denominadas rizoides. Como esses vege-
tais são avasculares, o transporte é feito lentamente, por meio de osmose
e difusão, daí serem plantas de pequeno porte.
Nesse grupo de vegetais, encontram-se os musgos (filo Bryophyta), as he-
páticas (filo Hepatophyta) e os antocerotas (filo Anthocerophyta).
Le Do | Shutterstock

ESTRUTURA
Pteridófitas: folhas jovens de samambaia.
As briófitas têm uma estrutura relativamente simples: não possuem caule,
raiz e folhas verdadeiras. Seu corpo vegetativo é chamado de talo. As es-
truturas são chamadas de cauloide, rizoide e filoide, por serem semelhan-
BRIÓFITAS: PLANTAS tes ao caule, à raiz e à folha, respectivamente. A estrutura que contém o
SEM SEMENTES E AVASCULARES cauloide, os rizoides e os filoides é denominada gametófito. Já o espo-
AlessandroZocc | Shutterstock
rófito é uma haste com um ápice cheio de esporos.

Esporófito
(2n)

Filoide

Cauloide
Briófitas: musgos. Gametófito
(n)
As briófitas, também chamadas de criptógamas, são plantas de pequeno
porte que vivem em locais sombreados e com umidade. São encontradas
em troncos de árvores, sobre pedras, em barrancos e no solo. A água é Rizoide
fundamental para seu processo reprodutivo.
Musgos
Esses vegetais formam verdadeiros tapetes verdes, por isso promovem a Estruturas das briófitas.
retenção da água das chuvas e evitam a erosão dos solos. Algumas são
utilizadas na horticultura como fonte de nutrientes para as plantas e pa- O gametófito é responsável pela produção de gametas e corresponde à
ra melhorar a capacidade de retenção de água pelo solo. Por serem muito fase duradoura. Já o esporófito contém o esporângio, onde são produ-
sensíveis a resíduos tóxicos, são excelentes indicadoras de poluição am- zidos os esporos, e corresponde a uma fase temporária, já que surge du-
biental. rante uma fase da vida da planta e depois desaparece.
Gucio_55 | Shutterstock
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Musgo: a parte verde é o gametófito e a haste com o ápice produtor de esporos é o es-
Briófitas se desenvolvendo em tronco de árvore. porófito.

56 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

imageBROKER.com | Shutterstock

Esporófito

Esporófito: a haste sus- Gametófito


tenta o ápice verde con-
tendo esporos.

Anthoceros.

REPRODUÇÃO
O processo reprodutivo das briófitas é denominado alternância de ge-
As briófitas denominadas hepáticas possuem talo folhoso. Um representan- rações ou metagênese, pois nele as reproduções sexuada e assexua-
te comum desse grupo é a Marchantia, que possui gametófitos dioicos. Outro da se alternam. A fase sexuada ocorre por meio do gametófito (haploide),
exemplo é o gênero Anthoceros, que possui o gametófito taloso e multilobado. que pode ser dioico ou monoico. Nos gametófitos, formam-se estruturas
denominadas anterídios e arquegônios – os primeiros dão origem aos
Todd Boland | Shutterstock

gametas masculinos (anterozoides) e os segundos formam o gameta fe-


minino (oosfera).
As briófitas são vegetais que dependem de água para se reproduzir, pois
somente no meio líquido os anterozoides flagelados nadam em direção
ao arquegônio. Por isso, esses vegetais crescem em locais úmidos. Dessa
maneira ocorre a fecundação da oosfera e, assim, o surgimento do zigoto
(diploide), o qual se desenvolve sobre o gametófito e origina o esporófito
(diploide), que é a fase temporária. Há espécies que vivem em água doce
e outras que vivem em regiões muito frias (Ártico e Antártida), mas não há
espécies marinhas.
Marchantia.

Nos musgos, o esporófito (2n) possui uma haste e, na extremidade, uma cápsula chamada esporângio, onde são produzidos, por meiose, os esporos (n). Estes
caem no solo, germinam e dão origem a novos gametófitos (n).
A reprodução assexuada ocorre quando os esporos caem no solo e germinam, surgindo novos gametófitos (n).
A seguir está representado o ciclo reprodutivo do musgo Polytrichum.
Meiose no
interior da
cápsula,
Cápsula Cápsula formando
(2n) Cápsula sem
(2n) esporos (n) caliptra
Cápsula seca, sem opérculo
Esporófito (2n)

Peristômio
Haste Caliptra Opérculo (2n) Cápsula úmida,
(2n) sem opérculo

Pé (2n)
Anterozoide (n)
Esporos (n)
Embrião (2n) sendo eliminados

Fecundação
Oosfera (n) Gametófito (n)
e divisão
Gametófito (n)
Arquegônio (n) Gametófito (n)
Ciclo de vida de uma briófita. Arquegônio (n)
com embrião (2n)

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 57

em2_bio_v1.indb 57 22/09/2021 17:22:49


UNIDADE 2

IMPORTANTE

JCLobo | Shutterstock
Briófitas são avasculares, de pequeno porte, sem flores (criptóga-
mas) e dependem da água para se reproduzir.

Os musgos são vegetais bastante indicados como biofiltros, pois


Samambaiaçu.
apresentam ampla distribuição geográfica, são resistentes a altas
concentrações de poluição e permitem a entrada e o acúmulo dos
poluentes por não possuírem epiderme e cutícula.

PTERIDÓFITAS: PLANTAS
SEM SEMENTES E VASCULARES Trish Jose | Shutterstock

SAIBA MAIS

A pteridófita samambaiaçu foi bastante utilizada para a fabricação dos


vasos comumente chamados de xaxim. O excessivo uso do xaxim como
vaso e suporte de orquídeas e bromélias fez com que o samambaiaçu
entrasse na lista de espécies em extinção. Por isso, atualmente não é
permitida a extração e exploração do xaxim. Há outras alternativas para
Pteridófita: samambaia. o uso de vasos naturais, como a fibra de coco reciclada.
NANCY AYUMI KUNIHIRO | Shutterstock
Tamara Kulikova | Shutterstock

Xaxim.

Pteridófita: avenca.

Comparando as briófitas com as pteridófitas, podemos perceber que es-


tas últimas são vegetais de maior porte – a presença de vasos condutores
As plantas denominadas pteridófitas apresentam vasos condutores de de seiva é a característica que proporciona esse porte mais desenvolvido.
seiva, ou seja, são vasculares (traqueófitas). Também são denominadas A traqueíde é o principal tipo de estrutura para a condução da seiva bruta
criptógamas (não possuem flores e sementes), assim como as briófitas. nas pteridófitas.
Como exemplos de pteridófitas temos as samambaias, as avencas e o São vegetais mais adaptados a lugares úmidos e sombrios e, assim como
samambaiaçu. as briófitas, dependem de água para se reproduzir.
As pteridófitas são classificadas em dois filos: Pteridophyta e Licopodiá-
Samambaiaçu são vegetais arborescentes que apresentam, na ba-
cea. O primeiro tem como representantes mais comuns o grupo das filicí-
se de seu tronco ereto, uma trama de raízes que formam o popu-
neas (samambaias e avencas) e o segundo agrupa os gêneros Lycopodium
lar xaxim.
e Selaginella.

58 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 58 22/09/2021 17:22:59


UNIDADE 2

esporófito e corresponde à planta propriamente dita. Já a fase tempo-

Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock


rária é o gametófito, que aparece de forma reduzida.

Soro

Lycopodium.

panda3800 | Shutterstock
Báculo

Samambaia.
Rizoma

Warayoo | Shutterstock
Selaginella. Parte inferior das
folhas com soros.

SAIBA MAIS

No passado, existiam grandes florestas de pteridófitas que foram so-


REPRODUÇÃO
terradas. Esses vegetais fossilizados originaram grandes reservas de
carvão mineral, hoje exploradas pelo ser humano como combustível Nas pteridófitas, pode ocorrer a reprodução assexuada. Surgem, no caule,
e fonte de hidrocarbonetos. pontos vegetativos chamados de estolhos, os quais brotam e dão origem a
novas folhas e raízes. Com a fragmentação dos pontos vegetativos, surgem
ESTRUTURA novas plantas isoladas (propagação vegetativa).
Assim como as briófitas, as pteridófitas também possuem reprodução por
A estrutura das pteridófitas é mais complexa do que a das briófitas. O cor-
metagênese, ou seja, com alternância de gerações. Nesse processo repro-
po vegetativo das pteridófitas é geralmente constituído de raiz, caule e
dutivo, há uma fase duradoura que corresponde à planta, a qual é diploide
folhas, enquanto nas briófitas tais estruturas são morfologicamente sim-
(2n) e se chama esporófito. Na parte inferior das folhas do esporófito há so-
ples, sendo denominadas rizoide, cauloide e filoide.
ros, onde ficam os esporângios, que produzem, por meiose, os esporos (n).
Nas pteridófitas, o caule pode ser classificado como subterrâneo, por cres-
Quando caem em solo úmido, os esporos germinam e dão origem a um te-
cer junto ao solo, recebendo o nome de rizoma. Já nas pteridófitas do tipo
cido que forma o prótalo (n). Esse é o gametófito (haploide), estrutura
samambaiaçu, o caule é aéreo e ereto, dando ao vegetal um aspecto arbó-
temporária onde se desenvolvem as gônadas feminina e masculina, cha-
reo. A base do tronco do vegetal samambaiaçu foi muito utilizado na fabri-
madas, respectivamente, de arquegônio e anterídeo. No arquegônio, for-
cação de vasos comumente chamados de xaxins.
ma-se a oosfera, que será fecundada por um anterozoide, o qual neces-
Na face inferior das folhas, podemos encontrar os soros, os quais pos- sita de água para se deslocar. O zigoto (2n) que surge da fecundação dará
suem esporângios repletos de esporos. A fase duradoura é denominada origem a uma nova planta, denominada esporófito (2n), reiniciando o ciclo.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 59

em2_bio_v1.indb 59 22/09/2021 17:23:01


UNIDADE 2

Esporófito (2n)
Soro
Arquegônio (n) com
embrião (2n)
Meiose no in-
terior do espo-
Fecundação rângio

Arquegônio (n) Esporos (n)


Prótalo – Gametófito (n)

Liberação
dos esporos
Oosfera (n)

Início da forma-
ção do prótalo (n)

Anterídio (n)
Anterozoide (n)

Ciclo de vida da samambaia.

Esse ciclo reprodutivo envolve apenas um tipo de esporo (pteridófita isosporada ou planta com homosporia). Porém, há representantes que possuem mais de
um tipo de esporo (pteridófita heterosporada), como a Selaginella.

FIXAÇÃO
SAIBA MAIS

As selaginelas produzem dois tipos de esporos, portanto essa é uma Com base nas explicações sobre
característica que as aproxima das plantas vasculares que produzem briófitas e pteridófitas, preencha o
sementes (gimnospermas e angiospermas). Outro aspecto evolutivo quadro comparativo a seguir.
das selaginelas em relação às outras pteridófitas isosporadas é que
seu gametófito é mais reduzido e dependente do esporófito.

Briófitas Pteridófitas
azure1 | Shutterstock

Exemplos

Dependência ou não de água para a


reprodução

Fase temporária

Fase duradoura

Presença ou não de vasos condutores

60 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

CONFIRMANDO A TEORIA EXERCÍCIOS

1. (Fuvest-SP) Com relação à conquista do meio terrestre, alguns


autores dizem que “as briófitas são os anfíbios do mundo vege- 1. (Unicamp-SP) Considerando os respectivos ciclos de vida e de repro-
tal”. Justifique essa analogia. dução, um pinheiro-do-paraná pode ser diferenciado de um jequitibá
pela
Assim como os anfíbios (sapos, rãs e pererecas), as briófitas de-
pendem da água para se reproduzirem. a) ausência de sementes e presença de flores.
b) ausência de sementes e de frutos.
2. (Unicamp-SP) Em um brejo, encontrou-se grande quantidade de
briófitas e pteridófitas. Todas as briófitas eram pequenas, com c) presença de sementes e ausência de frutos.
poucos centímetros de altura, ao passo que algumas pteridófi- d) presença de frutos e ausência de sementes.
tas alcançavam até 2 m. Que diferença na estrutura anatomo-
fisiológica desses grupos justifica essa diferença de tamanho? 2. (CN-RJ) Observe a figura e o texto a seguir.
Explique.

As briófitas são desprovidas de vasos condutores de seiva. Como


a circulação de seiva ocorre por difusão e osmose, essas plantas
são de pequeno porte. Já as pteridófitas são vasculares, por isso
desenvolvem maior porte.

Fonte: <http://neocities.com/artutrcarbonifero.html>.

Há aproximadamente 400 milhões de anos, surgiram as primeiras


pteridófitas. Florestas se desenvolveram formadas, basicamente, de
pteridófitas com vários metros de altura. Milhões de anos depois,
alterações climáticas sepultaram essas selvas. Com esse fato, as pte-
ridófitas contribuíram para os atuais depósitos de carvão. Atualmente,
a importância das pteridófitas para o homem restringe-se ao seu valor
ornamental. Samambaias e avencas embelezam as casas e os jardins.

FONTE: Barros, C.; Paulino, W. Ciências – Os seres vivos. São Paulo: Ática S. A. 2011. (Adaptado).

Assinale a opção que apresenta as informações corretas sobre as pte-


ridófitas.

a) Assim como as primeiras pteridófitas, a maioria das atuais só


apresenta reprodução sexuada. Formam-se esporos na superfície
inferior da folha, que liberam os gametas.
b) Divergindo das primeiras pteridófitas, a maioria das pteridófitas
atuais possui folhas modificadas que produzem sementes. Elas
não dependem da água para a fecundação, pois ocorre o desenvol-
vimento do tubo polínico.
c) Assim como as primeiras pteridófitas, as pteridófitas atuais apre-
sentam um sistema de vasos condutores que favorece a adapta-
ção ao ambiente terrestre, pois facilita o transporte de água pelo
corpo do vegetal.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 61

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UNIDADE 2

EXERCÍCIOS

d) Diferindo da maioria das pteridófitas atuais, as pteridófitas ances- 6. (UEPG-PR) A respeito das samambaias, o mais importante grupo das
trais apresentavam vasos condutores de nutrientes, o que favore- pteridófitas, assinale o que for correto.
ceu o porte elevado dessas plantas no passado.
e) Divergindo das primeiras pteridófitas, a maioria das pteridófitas (01) Dentro de uma escala evolutiva foram as primeiras plantas a
atuais apresenta cauloide e, assim, os nutrientes são transporta- apresentarem verdadeiras raízes, caules e folhas.
dos célula a célula. Esse tipo de transporte é lento e limita o ta-
(02) Essas espécies, denominadas cicadáceas, geralmente possuem
manho das plantas atuais.
folhas grandes e são plantas vasculares, sem sementes.
3. (Fuvest-SP) As células do gametófito de uma briófita de ciclo normal
têm 30 cromossomos. Quantos cromossomos serão encontrados no (04) As folhas das samambaias, em geral, têm função dupla: fotos-
esporo, na haste, na cápsula e no anterozoide? síntese e reprodução, pois na parte inferior dos folíolos distri-
buem-se grupos de esporângios, os soros, que, em algumas
espécies, ficam protegidos por uma fina lâmina de cobertura, o
indúsio.

4. (Udesc) Assinale a alternativa correta a respeito das características (08) Nas samambaias, todo organismo, ou corpo vegetativo, com raí-
gerais das briófitas. zes, caules e grandes folhas, corresponde ao prótalo, a fase mais
desenvolvida do ciclo de vida dessas plantas.
a) Apesar de a maioria dos musgos preferir locais úmidos e sombrea-
dos, podem ser encontradas espécies adaptadas a ambientes de- (16) As pteridófitas deram um grande passo evolutivo na conquista do
sérticos e polares. meio terrestre, pois são os primeiros vegetais vasculares, sendo
b) A fixação do vegetal ocorre pela ação de raízes verdadeiras, as capazes de transportar facilmente a água das raízes para seus
quais também desempenham o importante papel de absorver a órgãos aéreos, o caule e as folhas. Essas plantas são chama-
água e os sais minerais essenciais à sobrevivência da planta. das traqueófitas, pois seu tecido condutor é representado pelas
c) A presença de um câmbio vascular permite que esses vegetais traqueias ou vasos liberianos, também chamados de floema,
possam atingir tamanho de até 1 metro de altura. que transportam água e sais absorvidos pelas raízes, e os vasos
lenhosos, também chamados de xilema, que transportam a so-
d) O ciclo de vida das briófitas caracteriza-se pela alternância de ge-
lução orgânica com os produtos da fotossíntese.
rações com uma fase esporofítica, haploide, e uma fase gameto-
fítica, diploide. Total:
e) O esporófito das briófitas é a forma duradoura do vegetal, sendo
responsável por garantir a sua sobrevivência. A partir dele desen- 7. (CEPBJ-PR) As briófitas são criptógamas de pequeno porte, enquanto
volve-se o gametófito, com função reprodutiva. as pteridófitas são criptógamas que podem atingir maior porte. Essa
é uma das diferenças que podemos visualizar facilmente entre elas,
5. (Ufpa) Escavações arqueológicas em solos rochosos do período car- mas há outros aspectos que diferem. Assinale a alternativa que ex-
bonífero, com aproximadamente 300 milhões de anos, descobriram pressa uma característica que pertence somente a um desses grupos
fósseis vegetais. A análise dos fósseis mostrou a presença de tra- de plantas.
queídes, com paredes reforçadas de lignina, e ausência de óvulos.
Baseando-se nas características dos vegetais fossilizados, pode-se a) Depende da água para se reproduzir.
incluí-los no grupo das b) Cresce preferencialmente em solos úmidos.
a) pteridófitas. d) briófitas. c) Não possui semente.
b) angiospermas. e) fanerógamas. d) Apresenta alternância de gerações.
c) gimnospermas. e) Apresenta tecido de transporte de seiva.

62 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

GIMNOSPERMAS E ANGIOSPERMAS: biomas como as exuberantes florestas de coníferas, com exemplares co-
mo pinheiros, sequoias e ciprestes.
PLANTAS FANERÓGAMAS
Ao longo do processo evolutivo, surgiram nos vegetais algumas carac- Coníferas referem-se aos estróbilos, estruturas reprodutivas que
terísticas que lhes permitiram grande poder de dispersão, além de uma geralmente possuem forma cônica, daí o nome.
enorme diversidade. O surgimento da semente foi uma das características
que conferiram às gimnospermas e angiospermas um sucesso adaptativo

Virrage Images | Shutterstock


admirável. Embora as gimnospermas não possuam flores vistosas e colo-
ridas como as angiospermas, tais estruturas já se fazem presentes e cor-
respondem aos órgãos reprodutivos dessas plantas, que são denominadas
de fanerógamas.

LFRabanedo | Shutterstock
Sequoias: podem atingir grande porte.

Outros exemplos de gimnospermas são o Ginkgo biloba, árvore que pode


chegar a 30 m de altura e tem folhas em forma de leque, e a cica, gimnos-
perma bastante empregada como planta ornamental.

Lukas Gojda | Shutterstock


Pinus: gimnosperma utilizada em reflorestamentos.
Ginkgo biloba.
Lusine | Shutterstock

As coníferas têm grande importância na produção de papel, na indústria de móveis


e na construção de casas. São abundantes nas regiões temperadas do Hemisfé-
rio Norte, onde formam extensas florestas chamadas taigas. No Sul do Brasil,
encontramos a floresta de coníferas conhecida como floresta de araucárias,
hoje bastante devastada em razão da exploração da madeira.
Angiospermas: presença de flores atrativas.
Floresta de araucárias remete ao pinheiro, planta que produz a se-
mente comestível conhecida como pinhão.
GIMNOSPERMAS: SURGE A SEMENTE
Iuliia Timofeeva | Shutterstock

As gimnospermas adquiriram adaptações que lhes garantiram um processo


reprodutivo sexuado independente da presença de água (lembrando que as
briófitas e pteridófitas são dependentes de água para se reproduzir). Pela pri-
meira vez, nesse grupo de plantas, surge o grão de pólen, a formação do
tubo polínico (essa característica permite o uso do termo sifonógamas), o
surgimento do óvulo e a formação da semente, a qual contém o embrião.
Vladimir Arndt | Shutterstock

Araucaria angustifolia: gimnosperma presente no Sul do Brasil.

As gimnospermas (gymnos = nuas; spermas = sementes) foram as prin-


cipais árvores das florestas do fim do período carbonífero até o fim do
período cretáceo e, ainda hoje, estão distribuídas pelo planeta, formando Cica.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 63

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UNIDADE 2

Tamara Kulikova | Shutterstock


O processo reprodutivo da gimnosperma dioica, conhecida popular-
mente como cica, depende de água, diferentemente das coníferas.

IMPORTANTE

As gimnospermas são plantas traqueófitas (com vasos conduto-


res de seiva), espermatófitas (possuem sementes nuas, ou seja,
que não se encontram no interior de frutos) e, ainda, fanerógamas Pinha que vai amadurecer e liberar os pinhões (sementes)
(possuem órgãos de reprodução bem diferenciados, chamados co-
nes ou estróbilos).

Pukhov K | Shutterstock
ESTRUTURA
A planta de gimnosperma é um esporófito (2n). Nela, o gametófito (n) fi-
ca bastante reduzido e é dependente do esporófito. O esporófito pode ter
ou não sexos separados, mas os estróbilos ou cones (flores rudimentares)
são sempre unissexuados.
O pinheiro-do-paraná (Araucaria angustifolia) é dioico, isto é, apresenta se-
xos separados, enquanto o Pinus é monoico, pois no mesmo esporófito
(planta) ocorrem estróbilos femininos e masculinos. Estróbilos masculinos em Pinus.

ChWeiss | Shutterstock
Hein Nouwens | Shutterstock

Estróbilo masculino em Araucaria (pinheiro que não produz pinha com pinhões).
Estróbilos femininos em Pinus.
Hein Nouwens | Shutterstock

Microstróbilo ou
estróbilo masculino

Megastróbilo ou
estróbilo feminino

Estróbilo feminino em Araucaria (pinheiro que produz pinha com pinhões). Parte do Pinus (monoico):
os estróbilos feminino e
masculino coexistem na
mesma planta.

64 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

Os estróbilos produzem o óvulo e o grão de pólen, representados a seguir.

Megasporófilo
Gametófito
(megaprotalo)
Óvulo ou megasporângio

Desenvolvimento

Megásporo
funcional
(n)
Megásporos em
degeneração
Micrópila Arquegônios
com oosferas
(n)

Célula do
Célula generativa tubo polínico
ou geradora (n) (n)

Parede
Desenvolvimento

Micrósporos (n)
Bolsa de ar
(sacos aéreos) Grão de pólen

Estrutura reprodutiva masculina.

REPRODUÇÃO
O processo reprodutivo das gimnospermas é mais complexo do que o das
pteridófitas. Para compreendê-lo, estudaremos o ciclo do Pinus. O vege-
tal Pinus apresenta órgãos reprodutivos chamados estróbilos, femininos e
masculinos, os quais possuem esporófilos (folhas modificadas), onde
ficam os esporângios contendo esporos. Os esporos femininos chamam-
-se megásporos e são formados no interior dos megaesporângios. Já os
Nicholas.wood | Shutterstock

masculinos, bem menores, chamam-se micrósporos e são formados no


interior dos microesporângios.
Os esporos das gimnospermas surgem, como nos demais vegetais, pela
meiose; no entanto, não são liberados para o exterior do esporófito. Den-
tro dos microesporângios, cada micrósporo origina o gametófito masculi-
no, que é haploide (n) e reduzido. Tal gametófito é constituído de apenas
quatro células, sendo duas delas importantes: uma dará origem ao tubo
polínico e a outra se chama geradora. O gametófito masculino é protegido
por uma parede com projeções laterais que dão um aspecto alado. Essa
Grãos de pólen do Pinus.
estrutura é o que chamamos de grão de pólen, o qual será transporta-
do pelo vento.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 65

em2_bio_v1.indb 65 22/09/2021 17:23:17


UNIDADE 2

O megaesporângio está no interior do óvulo, o qual não corresponde


ao gameta feminino. O óvulo nos vegetais possui um envoltório, denomi-
nado tegumento, além da célula-mãe do megásporo e de uma abertura Óvulo, nas plantas, corresponde a uma estrutura multicelular e não
chamada micrópila. A célula-mãe do megásporo sofre meiose e, conse- ao gameta; já nos animais, o óvulo é o gameta, ou seja, uma célula
quentemente, surgem quatros novos megásporos. Três deles se degene- haploide que se funde ao gameta masculino.
ram e somente um se torna funcional. Este, por meio de mitoses, origina
o gametófito feminino, no qual ocorrem dois ou três arquegônios com a
oosfera (n), o gameta feminino.

Estróbilo
Meiose
Célula-mãe de
micrósporo (2n)
Grão de pólen

Esporófito Célula-mãe do
micrósporo (2n)
Meiose

Esporófito maduro 2n
Megásporo
Germinação funcional (n)

Polinização e fecundação

Desenvolvimento do embrião
Ciclo reprodutivo do Pinus.

IMPORTANTE
As sementes maduras caem no solo e, em condições adequadas, germi-
nam. O embrião cresce e perfura a casca da semente. Durante esse pro-
O aparecimento do tubo polínico (sifonógamas) nas gimnospermas
cesso de germinação, o embrião se nutre do gametófito feminino. Por fim,
é uma adaptação que permitiu que o processo reprodutivo desses ve-
dá origem a um novo esporófito, ou seja, a uma nova planta. O pinhão é
getais se tornasse independente de água.
um exemplo de semente comestível produzida pela gimnosperma Arauca-
ria angustifolia.
Polinização e fecundação

Os grãos de pólen são liberados e transportados pelo vento; assim, atin-


gem a micrópila do óvulo. Essa polinização é denominada anemófila. Já no IMPORTANTE
caso das cicas, alguns besouros utilizam o pólen como alimento e podem
O surgimento das sementes
Iuliia Timofeeva | Shutterstock

transportá-lo. Nesse caso, a polinização é chamada entomófila.


garante a sobrevivência do
A célula que origina o tubo polínico vai se prolongando até formar o tubo embrião, pois são estruturas
polínico propriamente dito, que atingirá um arquegônio. Ao mesmo tempo, transportadas por animais e
a célula geradora sofre divisão e origina dois núcleos espermáticos (n), os que se espalham pelo solo.
quais representam os gametas masculinos. Um dos núcleos espermáticos Dessa forma, facilitam a disper-
se degenera e o outro fecunda a oosfera (n). Surge, assim, o zigoto (2n) são da espécie e permitem que Pinhão: semente de
e, posteriormente, o embrião, o qual permanece no gametófito feminino, as gimnospermas ocupem vários Araucaria angustifolia.
que acumula nutrientes e passa a ser chamado de endosperma. O tegu- ambientes terrestres.
mento endurece, originando uma casca; dessa maneira, surge a semente.

66 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

ANGIOSPERMAS: SURGE O FRUTO Portanto, as angiospermas são espermatófitas (com sementes), fa-
nerógamas (com flores) e traqueófitas (com vasos condutores de sei-
va). A planta apresenta esporófito (2n) e gametófito (n), sendo que este
último mostra-se bem reduzido e dependente do esporófito.
Tanto as gimnospermas quanto as angiospermas independem da água para
a reprodução, pois apresentam o tubo polínico (sifonógamas).
As angiospermas, atualmente, são classificadas como Anthophyta (do
grego: anthos = flor) e podem ser divididas em dois grandes grupos: as
janaph | Shutterstock

monocotiledôneas (aquelas que apresentam apenas um cotilédone, por


exemplo o milho) e as eudicotiledôneas (aquelas que possuem semen-
tes com dois cotilédones, por exemplo o feijão). Há autores que conside-
ram um terceiro grupo, o das dicotiledôneas basais, que possuem exem-
plares como a vitória-régia, o abacateiro, a canela e a fruta-do-conde;
esses vegetais possuem dois cotilédones e, em geral, apresentam flores
trímeras.
Laranjeira: angiosperma que produz flores, frutos e sementes.

Luis Carlos Torres | Shutterstock


I love photo | Shutterstock

Fruta-do-conde (Annona squamosa).

Tomates: frutos resultantes da reprodução das flores.

As angiospermas (angio = vaso; spermas = sementes) possuem uma varie-


dade enorme de espécies, as quais se distribuem amplamente pela nature-
za. Estão presentes nos diversos hábitats, tanto terrestres, até mesmo em
ambientes áridos, quanto aquáticos, com espécies dulcícolas e marinhas.
Jess Kraft | Shutterstock

Assim como as gimnospermas, as angiospermas possuem vasos conduto-


res de seiva, grãos de pólen, tubo polínico, óvulos e sementes. Contudo,
se diferem das gimnospermas por possuírem estruturas que protegem o
óvulo e as sementes: o ovário e o fruto, respectivamente. O surgimento
do fruto como fator de proteção das sementes permitiu maior dispersão
das angiospermas nos ambientes.
As angiospermas são largamente distribuídas no ambiente, apresentando,
além de frutos e sementes, flores atrativas, as quais garantem a poliniza-
ção não só pelo vento, mas também por meio de insetos, aves e morcegos. Vitória-régia (Victoria amazonica).

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 67

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UNIDADE 2

GRUPOS DE ANGIOSPERMAS
As angiospermas apresentam características comuns, mas também podem ser divididas em dois grandes grupos que apresentam características particulares,
especificadas no quadro a seguir.

Características Monocotiledôneas Eudicotiledôneas


Flores trímeras (compostas de três Flores dímeras, tetrâmeras ou pentâmeras, em geral
elementos ou seus múltiplos)

Viktoriia Protsak | Shutterstock


Vilor | Shutterstock
Partes florais

Um Dois

Um cotilédone
Dois cotilédones
Cotilédones
Endosperma

Embrião
Embrião

Paralelinérvias e invaginantes Reticuladas e pecioladas


Fedorov Oleksiy | Shutterstock

JenJ_Payless | Shutterstock
Folhas

Fasciculada (cabeleira) Pivotante (axial)


GraphicsRF.com | Shutterstock

Valentina Razumova | Shutterstock

Raiz

Difusos Em anel

Feixes vasculares

Crescimento secundário Quase sempre ausente Quase sempre presente


Alho, cebola, palmeira, bambu, grama, cana-de-açúcar, coco,
Feijão, pera, maçã, rosa, morango, algodão, limão, mamão,
Exemplos arroz, trigo, aveia, centeio, abacaxi,
laranja, tomate, batata, café, ervilha etc.
banana, orquídea, babaçu etc.

68 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 68 22/09/2021 17:23:35


UNIDADE 2

FLOR E REPRODUÇÃO Classificação das flores


As flores podem ser classificadas de diferentes maneiras.

Olga Max | Shutterstock


De acordo com o número de peças florais, podemos fazer a seguinte
classificação.
• Dímera – duas peças florais por ciclo. Comum nas eudicotiledôneas.
Ex.: coroa-de-cristo.
• Trímera – três peças florais por ciclo. Comum nas monocotiledôneas.
Ex.: Tradescantia.
• Tetrâmera – quatro peças florais por ciclo. Ex.: Veronica persica.
Flores: órgãos reprodutivos das plantas.
• Pentâmera – cinco peças florais por ciclo. Ex.: azaleia.
A flor é o órgão reprodutivo das plantas. No caso das angiospermas, como De acordo com a simetria, elas podem ser classificadas da seguinte forma.
as flores são atrativas, esses vegetais têm um modo eficiente de repro-
• Actinomorfa – com vários planos de simetria. Ex.: quaresmeira.
dução sexuada, pois, além do vento, a polinização é realizada também por
pássaros, insetos e até mesmo morcegos. • Zigomorfa – com um plano de simetria; simetria bilateral. Ex.:
ervilha.
As flores apresentam diversas morfologias; aqui estudaremos a estrutura
• Assimétrica – sem plano de simetria. Ex.: biri.
de uma flor completa.
A maioria das flores é composta de dois grupos de apêndices florais: as De acordo com o perianto
sépalas e as pétalas. Tais apêndices se prendem ao receptáculo floral si- • Monoclamídea – flor somente com o cálice ou a corola. Ex.:
tuado na parte inferior da região fértil. O conjunto de sépalas forma o que mamona.
denominamos cálice e o conjunto de pétalas forma a corola. Tanto o cálice • Aclamídea – flor sem cálice e corola. Ex.: copo-de-leite.
quanto a corola constituem a estrutura chamada perianto.
• Diclamídea – flor com cálice e corola. Pode ser heteroclamídea
As estruturas férteis são os estames e o pistilo. Em conjunto, os estames (com cálice e corola com coloração diferente) ou homoclamídea
(constituídos de anteras e filetes) formam o androceu, que correspon- (com cálice e corola da mesma coloração; nesse caso, fala-se
de à parte masculina da flor. O pistilo (formado por um ou mais carpelos) em tépalas). Ex.: hibisco (heteroclamídea) e lírio-de-são-jorge
é constituído de estigma, estilete e ovário (o qual possui um ou mais (homoclamídea).
óvulos) e forma o gineceu, que corresponde à parte feminina. As flores podem ainda ser classificadas de acordo com a presença de
Estigma androceu e gineceu. São chamadas hermafroditas ou monóclinas
quando ocorre o androceu e o gineceu na mesma flor. Esta, normalmente,
Antera desenvolve mecanismos que impedem a autopolinização. Já as unisse-
Pistilo

Estame Filete Estilete xuadas ou díclinas apresentam somente androceu ou somente gineceu.
Pétala
Óvulo Ovário Quando a mesma planta apresenta flores femininas e masculinas, como o
milho, ela é denominada monoica. Se as flores femininas e masculinas
BlueRingMedia | Shutterstock

Receptáculo
Sépala
ocorrerem em plantas separadas, estas são classificadas como dioicas,
como é o caso do mamoeiro e do pinheiro-do-paraná. Já as plantas que
Pedúnculo possuem flores hermafroditas são denominadas polígamas.
Partes de uma flor.

SAIBA MAIS
Shirinov | Shutterstock

Em algumas plantas, muitas flores agrupam-se em um mesmo ra-


mo, formando conjuntos denominados inflorescências, como é o
caso do brócolis, da couve-flor, da alcachofra e da hortênsia.
SiberianLena | Shutterstock

Takamex | Shutterstock

Gineceu (estigma é o ápice com três porções) e androceu (presença de quatro anteras com
grãos de pólen). Brócolis. Hortênsia.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 69

em2_bio_v1.indb 69 22/09/2021 17:23:40


UNIDADE 2

Reprodução sexuada Estigma


Megasporângio com a célula
que sofrerá meiose
Na antera, estrutura masculina da flor, desenvolvem-se os sacos polí-
nicos, os quais originam, por meiose, os micrósporos que iniciam a for- Ovário
Estilete
mação do gametófito masculino, isto é, o grão de pólen. Ovário

Nas angiospermas, o grão de pólen apresenta duas células haploides (n),


sendo uma delas chamada de vegetativa e a outra de reprodutiva ou ge-
radora. Na estrutura do grão de pólen, aparecem, ainda, as membranas Primina
Tegumentos
Micrópila Secundina
exina e intina. A exina é mais externa e possui poros que facilitam a fixa-

Meiose
ção do grão de pólen no gineceu, já a intina é a membrana mais interna Corte do ovário com
o óvulo
do grão de pólen.
Sacos polínicos (microsporângios)

4 células
haploides

Filete 3 degeneram
Antera
Célula vegetativa
Exina Célula reprodutiva ou geradora

Intina Megásporo (n) funcional


Formação do gametófito
feminino

Megasporângio

Antípodas
Gametófito Núcleos
feminino = saco polares
embrionário (n)
Oosfera
Sinérgides
Óvulo maduro
Estrutura reprodutiva masculina. Grão de pólen
Estrutura reprodutiva feminina.

A estrutura feminina, o gineceu, apresenta estigma, estilete e ovário. O Polinização e fecundação


ovário contém o óvulo (que, como vimos anteriormente, não corresponde
Serg64 | Shutterstock

ao gameta). Os óvulos possuem dois tegumentos, a primina e a secundina,


e um orifício denominado micrópila.
Os tegumentos protegem a nucela, que envolve uma célula que so-
fre meiose e origina outras quatro células. Destas, três se degeneram e
uma – o megásporo (n) – se torna funcional. Este sofre mitose e origina
oito núcleos haploides. Três dos núcleos migram para um polo e os outros
três para o polo oposto. Os dois núcleos restantes migram para o centro e
fundem-se. Desse modo, surge o gametófito feminino, chamado saco
embrionário, constituído de sete células: a central (com dois núcleos
polares), três antípodas, duas sinérgides e a oosfera, sendo esta úl-
tima o gameta feminino. Além do vento, os insetos também são agentes polinizadores.

70 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 70 22/09/2021 17:23:41


UNIDADE 2

Na polinização, o grão de pólen chega até o estigma da flor. Em seguida, a A polinização é um processo que envolve o transporte do grão de pólen da
célula vegetativa do grão de pólen se prolonga e forma um tubo que chega antera até o estigma da flor, com posterior formação do tubo polínico. O
até o ovário. Esse tubo é denominado tubo polínico e pelo seu interior transporte do grão de pólen pode ocorrer de forma direta (autopoliniza-
se deslocam os gametas masculinos. O núcleo da célula reprodutiva ou ção), ou seja, sem atuação de polinizadores. Nesse caso, o pólen cai di-
geradora do grão de pólen sofre divisão e surgem os núcleos espermáti- reto no estigma. No entanto, existem mecanismos que desfavorecem tal
cos (gametas). tipo de polinização, já que sob o ponto de vista evolutivo é desvantajoso
Chegando ao ovário, o tubo polínico penetra no óvulo pela micrópila, pro- em termos de variabilidade genética. Esses mecanismos são os seguintes.
movendo uma dupla fecundação, característica das angiospermas. Um • Heterostilia – a localização da antera é inferior em relação ao
núcleo espermático (n) fecunda a oosfera (n) e surge o zigoto (2n), que estigma.
se desenvolve em embrião. O outro núcleo espermático (n) funde-se com
a célula central (2n), originando uma célula triploide (3n) que sofre mito- • Dicogamia – o amadurecimento do androceu e do gineceu ocorre
se e forma o endosperma ou albúmen (3n). À medida que a semente em épocas diferentes. Se o gineceu amadurece antes, chamamos
se forma, verifica-se, também, o desenvolvimento do ovário que dará ori- de metandria e se o androceu amadurece antes, chamamos de
gem ao fruto. protandria.
• Hercogamia – barreira física que impede a chegada do grão de
Núcleo espermático (n) x oosfera (n) = zigoto e embrião (2n) pólen ao estigma.

Núcleo espermático (n) x célula central (2n) = endosperma ou al- • Autoesterilidade – incompatibilidade do grão de pólen com o
búmen (3n) gineceu.
A polinização mais comum é a indireta ou cruzada, que requer um agen-
Grão de pólen
te polinizador. Entre os tipos de polinização indireta, temos os seguintes.
• Polinização anemófila – realizada pelo vento.
Estigma
• Polinização hidrófila – realizada pela água.
Antera Tubo polínico • Polinização ornitófila – realizada por aves.
Filete
Estilete
• Polinização entomófila – realizada por insetos.
Óvulo • Polinização quiropterófila – realizada por morcegos.

Ovário

Núcleos
espermáticos

IMPORTANTE

A polinização anemófila ocorre em flores pouco atraentes, pequenas,


Formação do tubo polínico. que produzem grande quantidade de grãos de pólen. Já a polinização
ornitófila, entomófila e quiropterófila ocorrem em flores vistosas, co-
loridas e com nectários (estruturas que produzem um líquido adoci-
cado, o néctar), que atraem os animais.
FIXAÇÃO

• Gametófito feminino – saco embrionário. Reprodução assexuada


• Gametófito masculino – grão de pólen – tubo polínico. Por meio de caules e folhas, as fanerógamas podem reproduzir-se asse-
• Gameta feminino – oosfera. xuadamente, processo chamado de propagação vegetativa. Os tubér-
• Gameta masculino – núcleo espermático.
culos (batatinha), os rizomas (bananeira e bambu) e os estolhos (moran-
go) possuem botões vegetativos ou gemas que se desenvolvem e originam
• Óvulo fecundado – semente. novas plantas. As folhas também podem originar novas plantas, como no
• Ovário fecundado – fruto. caso da begônia.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 71

em2_bio_v1.indb 71 22/09/2021 17:23:42


UNIDADE 2

Os vegetais produzem uma diversidade de frutos, os quais têm varia-

surasaki | Shutterstock
das cores, tamanhos e formas. Vale lembrar que os frutos são estrutu-
ras derivadas do processo reprodutivo sexuado das angiospermas; por-
tanto essa é uma característica exclusiva dessas plantas. Geralmente os
frutos resultam do ovário desenvolvido das angiospermas, normalmente
após a fecundação. Porém há situações em que o ovário se desenvolve sem a
fecundação; nesses casos surgem os frutos denominados partenocárpicos.

Partenocárpicos são frutos sem desenvolvimento de sementes, co-


Begônias.
mo a laranja-baía e a banana.
A seguir, alguns mecanismos de propagação vegetativa utilizados pelo
ser humano. Os frutos são ricos em vitaminas e sais minerais. Além de desempenharem
• Estaquia – ramos caulinares com gemas são cortados e colocados a importante função de proteger a semente, muitos deles também servem
no solo. de alimento. Assim, atraem animais que, ao comerem o fruto, dispersam
• Alporquia – coloca-se terra úmida em torno de uma porção do as sementes no solo. Como é orgânico, o fruto enriquece o solo ao entrar
caule, onde foi realizado um pequeno corte. A terra é envolvida por em decomposição. Dessa forma, a semente encontra um local apropriado
um saco até que adquira as raízes. para germinar.
• Enxertia – transplanta-se uma muda em outra planta. Os dois

Guzel Studio | Shutterstock


vegetais devem ser da mesma espécie ou de espécies próximas.
• Mergulhia – uma parte do ramo da planta é enterrado até adquirir SAIBA MAIS
raízes.
O amendoim é um fruto geocárpico, pois
Gemas se desenvolve no interior do solo. A par-
te comestível do amendoim é a semente. Amendoim: fruto geocárpico
Estaca com a semente comestível.

Estruturas do fruto
Estaquia. Alporquia.
A parede desenvolvida do ovário é chamada pericarpo, o qual é formado
pelas seguintes estruturas.
Gemas • Epicarpo – em geral, forma a casca do fruto, pois é resultante da
parede externa do ovário.
• Mesocarpo – desenvolve-se a partir da porção mediana do ovário;
Cavaleiros representa, na maioria dos frutos carnosos, a parte comestível.
Cavalos • Endocarpo – é proveniente da porção interna do ovário.
Enxertia. Mergulhia.
Jiang Zhongyan | Shutterstock

FRUTO
Branislav Zivkovic | Shutterstock

Pêssego: a parte comestível é o mesocarpo.


Fruto: característica exclusiva das angiospermas.

72 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 72 22/09/2021 17:23:44


UNIDADE 2

Classificação dos frutos • Noz – o pericarpo é bastante resistente e em geral contém


apenas uma semente. Ex.: avelã.
Podemos classificar os frutos de acordo com o tipo de pericarpo e com a
disposição das sementes.

DimiSotirov | Shutterstock
Os frutos carnosos são aqueles que possuem pericarpo com substâncias
de reserva. Podem ser dos dois seguintes tipos.
• Baga – em geral com várias sementes livres. Ex.: tomate, melancia,
mamão, laranja, uva etc.
• Drupa – com uma semente aderida ao endocarpo. Ex.: pêssego,
ameixa, azeitona, manga etc.

Still AB | Shutterstock
Grãos de milho: frutos do tipo cariopse.

• Deiscentes – o pericarpo se abre ao amadurecer, liberando suas


sementes. São dos seguintes tipos.
• Legume ou vagem – fruto com deiscência longitudinal. Ex.:
vagens de ervilha e feijão.
• Pixídio – fruto com deiscência transversal. Ex.: eucalipto.
• Cápsula – fruto pluricarpelar com deiscência longitudinal. Ex.:
lírio.
Mamão: fruto do tipo baga.
• Lomento – divide-se em segmentos na maturação. Ocorre
no carrapicho (normalmente, adere-se aos calçados e calças
elxeneize | Shutterstock

quando se caminha em locais com vegetação).

MaKo-studio | Shutterstock

Manga: fruto do tipo drupa.

Os frutos secos são aqueles que possuem pericarpo seco, não suculento.
Podem ser indeiscentes ou deiscentes. A vagem é o fruto e as ervilhas são as sementes.

• Indeiscentes – o pericarpo não apresenta abertura. Assim,


as sementes só ganham o meio exterior após a decomposição do Pseudofrutos
pericarpo. Podem ser dos seguintes tipos.
Os pseudofrutos são estruturas carnosas e com reservas nutritivas oriun-
• Aquênio – a semente está aderida ao fruto por um único ponto. das de certas partes da flor, como o receptáculo e pedúnculo, mas nunca
Ex.: fruto do girassol e dente-de-leão. provêm do ovário. Podem ser dos seguintes tipos.
• Cariopse ou grão – a semente está aderida à parede do fruto • Simples – provenientes do pedúnculo ou do receptáculo de uma
em toda sua extensão. Ex.: grãos de milho, trigo e arroz. flor. Ex.: caju, maçã e pera.
• Sâmara – o pericarpo possui expansões em forma de asas. Ex.: • Compostos – provenientes do desenvolvimento do receptáculo de
tipuana. uma flor que apresenta vários ovários. Ex.: morango.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 73

em2_bio_v1.indb 73 22/09/2021 17:23:46


UNIDADE 2

• Múltiplos ou infrutescências – decorrentes do desenvolvimento Partes da semente


de ovários de muitas flores de uma inflorescência, os quais crescem
juntos em uma única estrutura. Ex.: amora, figo e abacaxi. A semente, estrutura resultante do processo reprodutivo sexuado, tem
duas partes básicas: a casca (tegumento) e a amêndoa, sendo esta última
formada pelo embrião e pelo endosperma (albúmen). A seguir destacamos
a origem de cada parte da semente.
SAIBA MAIS
• Casca – surge do tegumento do óvulo e apresenta duas camadas: a

wasanajai | Shutterstock
A parte suculenta do caju origi- testa, mais externa, e o tégmen, mais interna.
na-se da parte da flor denominada • Amêndoa – possui o embrião, resultante da fecundação da
pedúnculo. Já o fruto verdadeiro é oosfera, e o endosperma (albúmen), resultante da fecundação da
a parte não suculenta, a qual con- célula central, sendo mais desenvolvido nas monocotiledôneas.
tém a semente, ou seja, a casta- Caju: pseudofruto simples. Nas eudicotiledôneas, o endosperma é transferido e armazenado
nha. A parte comestível da maçã e nos cotilédones, que se tornam desenvolvidos. Ex.: feijão, ervilha e
Valentyn Volkov | Shutterstock
da pera corresponde ao receptácu- amendoim.
lo da flor. Seus frutos verdadeiros
são as estruturas que envolvem as
sementes na parte central.
Os frutos verdadeiros do morango IMPORTANTE
são os pontos que envolvem a par- Morango: pseudofruto composto.
te comestível. Cada ponto contém O embrião é o resultado do desenvolvimento da oosfera fecundada.
Claire Plumridge | Shutterstock

uma reduzida semente. Nele, é possível distinguir as seguintes partes.

A parte comestível dos pseudofru- • Radícula – origina a raiz da planta por meio da germinação.
tos múltiplos desenvolve-se a par- • Gêmula – é responsável pelas partes aéreas do vegetal.
tir dos vários receptáculos florais • Caulículo – forma um eixo dividido em duas partes.
que formam a inflorescência, como
• Hipocótilo – situa-se abaixo da inserção dos cotilédones.
é o caso do figo. Figo: pseudofruto múltiplo.
• Epicótilo – situa-se acima da inserção dos cotilédones.
Nas monocotiledôneas, há o desenvolvimento do endosperma (3n),
SEMENTE que fica com a reserva nutritiva. Já o único cotilédone é reduzido,
sendo chamado de escutelo. Nas eudicotiledôneas, em geral, toda
A semente presente nos vegetais espermatófitos (gimnospermas e angios-
a reserva está armazenada nos dois cotilédones, não havendo en-
permas) é resultante da fecundação do óvulo. A semente possui um en-
dosperma.
voltório, um embrião, que dará origem à futura planta, e um material
de reserva nutritiva.
Folhas primárias
Endosperma Casca
Brent Hofacker | Shutterstock

secundário ou Caulículo
Coleóptile Radícula
albúmen

Folhas primárias Cotilédone


Embrião (um deles)
Tegumento
Cotilédone ou casca
Milho: monocotiledônea. Feijão: eudicotiledônea.

Germinação das sementes


O processo de germinação envolve uma sequência de eventos fisiológicos
e depende de fatores externos (ambiente) e internos (condições da semen-
te). Trata-se de um fenômeno que faz com que a semente saia do repouso
Sementes de abóbora.
e entre em atividade metabólica. As condições para tal processo são clas-
sificadas da seguinte forma.

74 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 74 22/09/2021 17:23:48


UNIDADE 2

• Extrínsecas ou exógenas

mhlam | Shutterstock
• Água – ao absorver água por um processo puramente físico
(embebidação), a semente aumenta de volume, rompendo a
casca.
Anemocoria: sementes
• Ar – o solo deve ser arejado, pois as células respiram. de dente-de-leão sendo
transportadas pelo vento.
• Luz – a ação da luz sobre as sementes chama-se fotoblastismo.
• Temperatura – cada espécie tem uma temperatura ótima de
germinação.
• Intrínsecas ou endógenas
• A semente deve estar madura.

Bruce MacQueen | Shutterstock


• O embrião deve estar desenvolvido.
• Deve haver boa constituição genética do embrião.
Existem duas classes de germinação: a hipógea e a epígea. A hipógea é
aquela em que os cotilédones permanecem no interior do solo (ex.: milho,
gramíneas e ervilha). A epígea ocorre quando os cotilédones são conduzi-
dos para fora do solo durante a germinação (ex.: feijão e cebola).
Andrea Danti | Shutterstock

Zoocria: semente sendo transportada por ave.

Algumas sementes devem passar pelo aparelho digestivo dos ani-


mais para que haja estímulo do processo germinativo, como é o ca-
so da erva-de-passarinho. Os carrapichos e picões se aderem aos
animais e são levados a grandes distâncias. Já as espécies que são
transportadas pela água são leves e flutuam, como é o caso do co-
co-da-baía, que possui mesocarpo fibroso que retém ar.

Feijão: germinação epígea.


O sucesso das fanerógamas (gimnospermas e angiospermas), plantas com
flores, é atribuído a certas adaptações ao meio ambiente terrestre, como a
formação do tubo polínico (torna a reprodução independente da água) e a
presença de sementes (permite uma dispersão mais eficiente, já que são
SAIBA MAIS
resistentes a condições diversas).
Dormência é a incapacidade da semente germinar, mesmo em con- Estudando os ciclos reprodutivos das plantas, percebe-se que o esporófi-
dições adequadas. As causas podem ser várias: embrião não desen- to se torna cada vez mais complexo, enquanto o gametófito torna-se re-
volvido; falta de permeabilidade do tegumento da semente; e tegu- duzido.
mento resistente, impedindo o embrião de romper.
Latência ou quiescência é a capacidade das sementes de cessar, FIXAÇÃO
por tempo variável, as trocas nutritivas e a atividade respiratória,
sem perder o poder germinativo.
• Briófitas – a planta é de pequeno porte e é representada pelo
gametófito (n); o esporófito (2n) é temporário e dependente do
Disseminação da semente
gametófito; são avasculares e criptógamas (sem flores).
A disseminação da semente pode ocorrer por meio do vento (anemocoria),
• Pteridófitas – a planta é o esporófito (2n), o qual é duradouro;
de animais (zoocoria) ou da água (hidrocoria). Quando as sementes são li-
o gametófito (n) fica reduzido e é temporário, sendo chamado de
vres, com expansões aladas, são facilmente transportadas pelo vento. O
protalo; são vasculares e criptógamas.
transporte por meio de animais ocorre quando as sementes estão inseridas
em frutos atraentes que servem de alimento.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 75

em2_bio_v1.indb 75 22/09/2021 17:23:55


UNIDADE 2

• Gimnospermas – a planta é o esporófito (2n); o gametófito (n)


EXERCÍCIOS
fica reduzido; são vasculares, fanerógamas (flores rudimentares),
espermatófitas (com sementes) e sifonógamas (com formação do
tubo polínico para fecundação).
• Angiospermas – a planta é o esporófito (2n); o gametófito (n) é 1. (UEPG-PR) Entre as angiospermas, observando ao microscópio um
bem reduzido, formado por apenas sete células; são vasculares, corte transversal de raiz na zona de maturação, distinguem-se três
fanerógamas (flores atraentes), espermatófitas (com sementes) e conjuntos de células dispostos em camadas concêntricas, originados
sifonógamas (com formação do tubo polínico para fecundação). pela diferenciação dos meristemas primários: a epiderme, o córtex e
o cilindro vascular. Da organização morfofuncional desses elementos,
assinale o que for correto.
CONFIRMANDO A TEORIA
(01) As células parenquimáticas possuem paredes celulares espes-
sas repletas de lignina, uma substância que gera a impermea-
1. (Udesc) Um aluno precisava organizar a coleção botânica da sua bilização da parede.
escola, e separar as plantas em monocotiledôneas e dicotiledô-
neas. Assim selecionou plantas de arroz, trigo e milho, as quais (02) Imediatamente abaixo da epiderme, localiza-se o córtex, consti-
foram corretamente colocadas em um grupo; enquanto as de tuído por várias camadas celulares que surgem a partir do me-
feijão, soja e ervilha foram colocadas em outro grupo. Analise as ristema fundamental e se diferenciam em parênquimas, tecidos
proposições com relação às características de plantas monoco- de sustentação (colênquima, esclerênquima e endoderma).
litedôneas e de dicotiledôneas, e assinale (V) para verdadeira e
(F) para falsa. (04) A epiderme é constituída por uma única camada de células, ori-
( V ) As raízes das monocotiledôneas são fasciculadas (cabe- ginadas do protoderma. Ela reveste externamente a raiz jovem
leira) e encontradas nas plantas de arroz, trigo e milho. e fica em contato com o solo. As células da epiderme são inti-
( F ) As sementes de monocotiledôneas são constituídas por mamente unidas entre si, o que impede que moléculas grandes
dois cotilédones e encontradas nas plantas de trigo. penetrem na planta.

( F ) As folhas das dicotiledôneas apresentam nervuras parale- (08) Um tipo de tecido de preenchimento e reserva é o esclerênqui-
las e podem ser observadas nas plantas de feijão e soja. ma. As células do esclerênquima possuem paredes finas, cons-
( F ) As flores das dicotiledôneas apresentam, geralmente, as tituídas basicamente por celulose.
peças florais em número de três ou múltiplos de três e
são comuns nas plantas de milho e trigo. (16) Os elementos traqueários das angiospermas são de dois tipos:
traqueídes e elementos de vaso. Ambos são constituídos de
( F ) As folhas das monocotiledôneas são constituídas por ner-
vuras reticuladas, ou ramificadas, e são observadas nas células vivas com intensa capacidade de regeneração celular e
plantas de arroz e milho. reparo de lesões.
Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de ci- Total:
ma para baixo.
a) F – F – V – F – V. 2. (UFPR) Imagine que você tenha recebido do seu nutricionista a se-
guinte recomendação para uma dieta: ingerir diariamente uma porção
b) V – V – F – F – F.
de tubérculos, raízes tuberosas, folhas verdes, frutos do tipo baga e
c) F – V – V – V – F. sementes do tipo cariopse. Qual das alternativas a seguir apresenta
d) F – V – F – V – F. os vegetais que atendem a dieta indicada?
e) V – F – F – F – F. a) Batata, cenoura, espinafre, uva e milho.
As angiospermas monocotiledôneas apresentam sementes com b) Beterraba, rabanete, couve-flor, abacate e arroz.
um cotilédone, folhas com nervuras paralelas (trigo, milho e ar- c) Mandioca, cebola, couve, pêssego e semente de girassol.
roz) e flores com peças florais organizadas em número de três ou d) Nabo, alho, brócolis, tomate e amendoim.
múltiplos (flores trímeras). Nas dicotiledôneas, temos sementes
e) Batata-doce, alface, rúcula, acerola e ervilha.
com dois cotilédones, folhas com nervuras reticuladas (feijão,
soja) e flores organizadas com quatro ou cinco peças florais (te- 3. (Unicamp-SP) Os grãos de pólen e os esporos das plantas vasculares
trâmeras ou pentâmeras). sem sementes variam consideravelmente em forma e tamanho, o que
Alternativa correta: e. permite que um grande número de famílias, gêneros e muitas espé-
cies possam ser identificados por meio dessas estruturas.

76 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 76 22/09/2021 17:23:57


UNIDADE 2

Os grãos de pólen e os esporos das plantas vasculares sem sementes a) o que é polinização?
permanecem inalterados em registros fósseis, em virtude do revesti-
mento externo duro e altamente resistente, o que possibilita inferên-
cias valiosas sobre floras já extintas.

a) Suponha que em um determinado local tenham sido encontrados


apenas grãos de pólen fósseis. A vegetação desse local pode ter
sido formada por musgos, samambaias, pinheiros e ipês? Justifi- b) quais são os vetores bióticos e abióticos que possibilitam a po-
que sua resposta. linização?

c) que recompensa as flores podem oferecer para os vetores bióticos?

b) Esporos de plantas vasculares sem sementes e grãos de pólen


maduros, quando germinam, resultam em estruturas diferentes.
Quais são essas estruturas?

6. (Unesp) Um turista chega a Curitiba (PR). Já na estrada, ficou encan-


tado com a imponência dos pinheiros-do-paraná (Araucaria angustifolia).
À beira da estrada, inúmeros ambulantes vendiam sacos de pinhões.
Um dos vendedores ensinou-lhe como prepará-los:

— Os frutos devem ser comidos cozidos. Cozinhe os frutos em água e


4. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que preenche corretamente as la- sal e retire a casca, que é amarga e mancha a roupa.
cunas do enunciado a seguir, na ordem em que aparecem: O turista percebeu que, embora os pinheiros estivessem frutificando
(eram muitos os ambulantes vendendo seus frutos), não havia árvores
Jacarandás (Jacarandá sp.) e ipês (Tabebuia sp.) são árvores utilizadas
com flores. Perguntou ao vendedor como era a flor do pinheiro, a cor
na arborização de Porto Alegre. Suas flores vistosas enfeitam a cidade
de suas pétalas etc. Obteve por resposta:
na primavera. Seus frutos contêm sementes aladas. Tanto jacaran-
dás quanto ipês são ____________, têm frutos ____________ — Não sei, não, senhor!
e dispersão por ____________. a) O que o turista comprou são frutos do pinheiro-do-paraná? Jus-
tifique.
a) angiospermas – secos indeiscentes – anemocoria.
b) angiospermas – carnosos – zoocoria.
c) gimnospermas – secos deiscentes – anemocoria.
d) angiospermas – secos deiscentes – anemocoria. b) Por que o vendedor disse não saber como são as flores do pi-
e) gimnospermas – carnosos – zoocoria. nheiro?

5. (Udesc) Nas angiospermas, a fecundação cruzada é possível devido


ao mecanismo de polinização cruzada entre indivíduos de uma mes-
ma espécie.

Com relação a esse contexto,

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 77

em2_bio_v1.indb 77 22/09/2021 17:23:57


UNIDADE 2

HISTOLOGIA VEGETAL TIPOS DE MERISTEMAS


O meristema primário é responsável pelo crescimento vegetal em
A histologia vegetal é a parte da biologia que estuda os tecidos que comprimento (longitudinal), também chamado de crescimento
constituem as estruturas das plantas. Os diferentes tecidos permitem a primário. É encontrado no embrião da semente e nos ápices do caule
organização e o funcionamento do vegetal. Cada tecido vegetal possui um e da raiz. Os tecidos meristemáticos primários são representados pela
conjunto de células que propicia o crescimento da planta, o transporte de protoderme (dermatogênio), pelo meristema fundamental (pe-
substâncias em seu interior, a sua sustentação e até mesmo a sua prote- riblema) e pelo procâmbio (pleroma).
ção, a partir do revestimento externo.
A protoderme ou dermatogênio forma a epiderme; o meristema funda-
Por exemplo, fazendo um corte transversal e muito fino em uma folha e mental ou periblema forma o córtex (casca); e o procâmbio ou plero-
usando corantes adequados, conseguimos observar ao microscópio dife- ma forma o cilindro central, onde se localizam os vasos condutores
rentes camadas que constituem os tecidos que formam a estrutura foliar. de seiva.
Da mesma forma, também podemos estudar os demais tecidos formado-
res do caule e da raiz.

4pril | Shutterstock

Localização do meristema
primário na raiz.

Meristema apical
Micrografia de um corte histológico de folha de tília.

Meristema Protoderme ou
Procâmbio ou pleroma
TECIDOS MERISTEMÁTICOS fundamental ou
periblema
dermatogênio

Os meristemas são tecidos constituídos de células indiferenciadas, com Células


meristemáticas
paredes celulares delgadas e pequenos vacúolos, que se encontram em iniciais
constante divisão celular, promovendo assim o surgimento de novas célu-
Coifa (células que
las e, consequentemente, o crescimento da planta. As células meristemá- protegem a raiz)
ticas, além de serem responsáveis pelo crescimento vegetal, dão origem,
por diferenciação, aos tecidos adultos ou permanentes. Meristema primário
Ampliação do meristema apical.
O meristema é um dos tecidos vegetais e pode ser comparado a um tecido
embrionário, o qual está em constante divisão. Ao fazer surgirem novas cé- Observação: Na raiz, existe um quarto tipo de tecido meristemático pri-
lulas, possibilita o crescimento do vegetal, tanto em comprimento quanto mário, o caliptrogênio, que forma a coifa ou caliptra, a qual protege a
em espessura. À medida que a planta se desenvolve, surgem os tecidos ponta da raiz.
permanentes ou adultos, os quais desempenham importantes funções, co- Cilindro central
mo revestimento, reserva, sustentação, condução e secreção. Casca ou córtex Epiderme
Honeyeyed | Shutterstock

Pelos da raiz

Vasos liberianos

Células meriste- Meristema


máticas do ápice
de raiz: constan- Vasos lenhosos
Coifas (células que se
tes mitoses. desgastam e são repostas
pelo meristema à medida que
a raiz cresce)
Estrutura histológica da raiz.

78 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 78 22/09/2021 17:24:01


UNIDADE 2

O meristema secundário, por sua vez, é responsável pelo crescimen- Células


to vegetal em espessura (alargamento), também chamado de cres-
cimento secundário. Tal crescimento ocorre em gimnospermas e na
maioria das eudicotiledôneas. O meristema secundário é representado pe-
lo felogênio e pelo câmbio interfascicular. O felogênio origina o sú- Vacúolo
ber (felema) para fora e a feloderme para dentro. O conjunto de súber,
felogênio e feloderme forma a periderme. O câmbio interfascicular ori- Núcleo
Tecido de revestimento.
gina o cilindro central, que apresenta os vasos condutores de seiva (floe-
ma e xilema).
A epiderme pode apresentar anexos, como os seguintes.
Observação: Na maioria das monocotiledôneas e em algumas eudicoti-
• Cutícula – é uma camada impermeável, constituída de cutina, a
ledôneas herbáceas, ocorre somente o crescimento primário (em compri-
qual se deposita sobre as células epidérmicas. Em razão de sua
mento). Nas eudicotiledôneas lenhosas, tanto a raiz quanto o caule pos-
impermeabilidade, impede a perda de água por evaporação e a
suem crescimento secundário (em espessura).
consequente desidratação do vegetal.

Camadas
celulósicas Cutícula
Epiderme

Epiderme

Casca Representação da epiderme e anexos.


Felogênio Câmbio
Vasos lenhosos
Vasos • Pelos ou tricomas – são expansões das células epidérmicas. Nas
liberianos
raízes, encarregam-se de absorver água e sais minerais do solo.
Histologia do meristema secundário. Podem servir também para a disseminação dos frutos, como no
dente-de-leão; para a defesa, como na urtiga; e para a produção de
secreções adesivas e digestivas, como nas plantas carnívoras.
TECIDOS ADULTOS OU PERMANENTES
Como resultado da diferenciação e especialização das células do tecido
meristemático, surgem os tecidos adultos ou permanentes, os quais são
classificados de acordo com o seu aspecto funcional.

TECIDOS DE REVESTIMENTO (PROTEÇÃO)


Pelo absorvente Pelo septado Pelo ramificado
O tecido de revestimento tem como função proteger as estruturas in- unicelular
ternas do vegetal, bem como evitar a perda de água, o que representa Tipos de pelos (tricomas).
um importante fator evolutivo na adaptação das plantas no meio ter-
restre. Os tecidos de revestimento são representados pela epiderme
Jubal Harshaw | Shutterstock

e pelo súber.

Epiderme
Corte histológico de
raiz: os pelos ficam na
A epiderme é um tecido constituído de uma camada de células jus- superfície.
tapostas (uniestratificado), achatadas, aclorofiladas e com um grande
vacúolo. Tem origem no dermatogênio ou protoderme e está presen-
te nas raízes, nos caules jovens, nas folhas, nas flores, nos frutos e
nas sementes.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 79

em2_bio_v1.indb 79 22/09/2021 17:24:03


UNIDADE 2

• Acúleos – são projeções pontiagudas, resistentes e facilmente • Hidatódios – são aberturas presentes nas bordas das folhas.
destacáveis da epiderme. Servem para a proteção do vegetal contra Servem para a liberação de água na forma de gotículas, processo
predadores. São encontrados, por exemplo, nas roseiras, sendo chamado de sudação ou gutação.
erroneamente chamados de espinhos.
Hidatódio

Xavier P | Shutterstock
Esquema da região com hidatódio.

Acúleos da roseira. • Papilas – são saliências epidérmicas presentes nas pétalas das
flores. Tais estruturas dão um aspecto aveludado à pétala, como nas
• Estômatos – são células epidérmicas modificadas que permitem rosas.
as trocas gasosas do vegetal. Ocorrem, em geral, nas folhas. Cada
estômato é constituído de duas células epidérmicas (células-guarda
Papilas
ou oclusivas), ricas em cloroplastos, que delimitam uma abertura,
o ostíolo. Por meio do ostíolo, há passagem de gases (O2 e CO2) e
liberação de água na forma de vapor (transpiração). As células que
ficam junto aos estômatos recebem o nome de células anexas.
Dew_gdragon | Shutterstock

Esquema das papilas.

Súber

Will Rodrigues | Shutterstock

Estômatos distribuídos no tecido epidérmico.


kavring | Shutterstock

Casca do tronco: tecido morto denominado súber.

O súber é um tecido constituído de várias camadas de células mortas,


em decorrência da impregnação de suberina. Tal tecido reveste caules e
raízes desenvolvidas e tem como funções proteger o vegetal e realizar seu
isolamento térmico. A cortiça, usada na fabricação de rolhas, é obtida do
Estômato visto no microscópio eletrônico. tecido suberoso.

80 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

O súber origina-se do felogênio e possui as seguintes diferenciações.

Mauro Rodrigues | Shutterstock


• Ritidoma – é o súber que se destaca do vegetal. Pode ser observado
no caule dos pinheiros, do eucalipto, da jabuticabeira, da pitangueira etc.

BurAnd | Shutterstock
Cascas extraídas para a fabricação de cortiça.

Historisches Auge Ralf Feltz | Shutterstock


Ritidoma: súber se destacando do caule. Cortiça.

• Lenticelas – são pequenas aberturas no súber que permitem a


entrada de ar até regiões mais internas do caule.

Súber

TECIDOS DE RESERVA,
ARMAZENAMENTO E PREENCHIMENTO
Os tecidos desse grupo são chamados de parênquimas e possuem cé-
lulas vivas e com vacúolo grande. O parênquima pode ser classificado da
seguinte forma.
Lenticela: abertura para entrada de ar.
• Cortical ou medular – tem a função de preenchimento de espaços.
• Amilífero – possui células que armazenam amido em grãos
SAIBA MAIS (amiloplastos), constituindo uma reserva energética vegetal.
• Aquífero – é especializado em reserva de água; ocorre nas xerófitas.
A espécie Quercus suber, popularmente conhecida como sobreira e
• Aerífico ou aerênquima – está presente em plantas aquáticas;
originária do oeste do Mediterrâneo (Portugal, Espanha, Itália, Fran-
como armazena ar, auxilia na flutuação e é importante na
ça, Marrocos e Argélia), é bastante explorada para a obtenção de sua
movimentação de oxigênio para o interior do vegetal.
casca grossa, utilizada na fabricação de cortiça. Com a cortiça pro-
duzimos rolhas de garrafas, palmilhas, tapetes e aglomerados (usa- • Oleoso – está presente em estruturas vegetais que armazenam
dos tanto na indústria de móveis quanto como isolantes acústicos lipídios, como o grão de soja.
e térmicos).
• Clorofiliano ou clorênquima – armazena clorofila e é encontrado
na estrutura das folhas e dos caules finos e verdes; sua função é
BOB GIBBONS/SCIENCE PHOTO LIBRARY

relacionada à fotossíntese.

Epiderme superior

Parênquima paliçádico
Cloroplastos

Mesófilo assimétrico Drusa


Parênquima lacunoso

Floresta de Quercus suber.

Estômato Epiderme inferior


Estrutura histológica da folha.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 81

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UNIDADE 2

TECIDOS DE SUSTENTAÇÃO
A sustentação vegetal é promovida pelos tecidos colênquima e esclerênquima.
O colênquima é um tecido com células vivas que apresentam espessa-
mento de celulose e pectina. Não há lignina (substância que fornece ao
caule grande rigidez), por isso o tecido é flexível. Pode ser encontrado em
pecíolos das folhas, caules jovens e caules herbáceos. Traqueias. Traqueídes.
Já o esclerênquima é um tecido formado por células mortas que apre-
sentam espessamento de lignina. As células são mortas em virtude da Os vasos liberianos (líber ou floema) são responsáveis pela condução de
impregnação da lignina, que faz com que haja impermeabilização de suas seiva elaborada – rica em compostos orgânicos produzidos pela fotossín-
paredes. As células podem ser alongadas (fibras) e com formas variadas tese –, desde as folhas até todas as partes do vegetal. Tal tecido apresen-
(esclereídeos). Há plantas com muitas fibras, como o linho e a juta, que ta células vivas e anucleadas, além de septos transversais com orifícios
são usadas na fabricação de fibras têxteis. (placa crivada), pelos quais circula a seiva elaborada. Existem também
as células companheiras, vivas e anexas aos tubos liberianos, as quais
Colênquima com espessamento de celulose são paralelas à placa crivada e auxiliam no transporte da seiva elaborada.

Célula companheira

Células do esclerênquima Tubo crivado


Placa crivada

Fibras Corte transversal

Esquema do vaso liberiano e detalhe da placa crivada.


Colênquima com espessamento de celulose.

TECIDOS DE SECREÇÃO
TECIDOS DE CONDUÇÃO OU TRANSPORTE
Os tecidos cujas células eliminam substâncias resultantes do seu próprio
Os tecidos condutores são responsáveis pelo transporte de seiva no vege- metabolismo são chamados de tecidos de secreção. A seguir, apresenta-
tal. Consistem nos vasos lenhosos ou xilemáticos e nos vasos liberianos mos exemplos de estruturas vegetais secretoras.
ou floemáticos. • Nectários – são estruturas que ocorrem nas flores; produzem o
Os vasos lenhosos (lenho ou xilema) são responsáveis pela condução de néctar, substância adocicada que atrai polinizadores.
seiva bruta (água e sais minerais) das raízes até as folhas. Tais tecidos • Pelos secretores – são encontrados nas folhas de urtiga;
apresentam células mortas com depósito de lignina. Cada uma dessas produzem uma substância urticante que serve para defesa. Outros
células se comunica com a seguinte, fazendo surgir, assim, um canal por podem secretar substâncias adesivas que auxiliam na captura da
onde circula a seiva bruta ou inorgânica. O xilema também tem a função presa (plantas carnívoras) ou apresentar células que acumulam óleos
de dar sustentação às plantas com crescimento secundário. ou substâncias aromáticas (como o tomateiro).
A lignina presente no xilema confere resistência mecânica ao tecido, e este • Glândulas digestivas – apresentam células que secretam enzimas
suporta a variação de pressão necessária ao transporte de água das raízes digestivas. Ocorrem em plantas carnívoras.
até as folhas que ficam nas copas das árvores. A ausência de conteúdo
celular (células mortas) nos vasos xilemáticos também permite um fluxo • Bolsas secretoras – são grupos que determinam a delimitação
de água sem resistências. de uma cavidade onde são depositadas mucilagens, óleos, sais etc.

Os vasos lenhosos podem ser abertos ou fechados. Os vasos aber- • Tubos lactíferos – são tubos longos, contínuos e ramificados, sem
tos (ou traqueias) são longos tubos constituídos de numerosas célu- paredes celulares. Seu citoplasma é de aspecto leitoso, rico em uma
las cujas membranas transversais desapareceram. São encontrados nas substância chamada látex. Quando o tubo é rompido, seu conteúdo
angiospermas. Já os vasos fechados (ou traqueídes) são longos tu- extravasa e coagula em contato com o ar, obstruindo o ferimento da
bos constituídos de numerosas células cujas membranas transversais planta. Ex.: seringueira e coroa-de-cristo.
são dotadas de pontuações (perfurações). São encontrados em pteri- • Vasos resiníferos – são constituídos de canais que acumulam resinas
dófitas e gimnospermas. secretadas por células. Atuam como antissépticas. Ex.: Pinus e pinheiro.

82 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

• Células secretoras – podem ocorrer na epiderme de folhas, em caules e na parte interna da planta.
FIXAÇÃO Muitas delas acumulam cristais, que podem ser de carbonato de cálcio (cistólitos) ou de oxalato de cálcio
(drusas e ráfides).

Tecidos vegetais
Protoderme ou dermatogênio (forma a epiderme).
Primário (permite crescimento em
Meristema fundamental ou periblema (forma o córtex).
comprimento)
Meristema (tecido embrionário que Procâmbio ou pleroma (forma o cilindro central).
origina os demais tecidos) Felogênio (forma o súber e a feloderme).
Secundário (permite crescimento em
espessura) Câmbio interfascicular (origina o cilindro central com os vasos
condutores de seiva).
Epiderme (camada de células vivas que possui como anexos:
cutícula, tricomas, acúleos, estômatos, hidatódios e papilas).
Revestimento
Súber (possui várias camadas de células mortas e lenticelas; suas
partes externas que se soltam são chamadas de ritidomas).
Reserva, armazenamento e preenchi-
Parênquima (formado por células vivas).
mento
Tecidos adultos (tecidos resultantes da Colênquima (formado por células vivas, com reforço de celulose).
diferenciação e especialização das células Sustentação Esclerênquima (formado por células mortas, com reforço de
do tecido meristemático) lignina).
Lenho ou xilema (formado por células mortas, com reforço de
lignina).
Condução
Líber ou floema (formado por células vivas separadas entre si por
placas crivadas).
Pelos secretores, nectários, tubos lactíferos, vasos resiníferos etc.
Secreção
(células que eliminam substâncias).

DISPOSIÇÃO DOS TECIDOS NAS RAÍZES IMPORTANTE

Quando realizamos cortes histológicos na raiz e os observamos no mi- Nas paredes das células da endoderme existem reforços de celulose de-
croscópio, podemos diferenciar as estruturas que propiciam o crescimento nominados estrias de Caspary. Os espessamentos de celulose unem
vegetal, tanto em comprimento quanto em espessura. Tais estruturas são firmemente as células vizinhas.
denominadas primárias e secundárias da raiz.
Epiderme
ESTRUTURA PRIMÁRIA DA RAIZ Pelo absorvente

A estrutura primária da raiz permite seu crescimento em comprimento, ou Córtex


seja, crescimento primário. Endoderme
Se observarmos um corte transversal de raiz no microscópio, notaremos Periciclo
o cilindro central, onde ficam os vasos condutores de seiva – chama-
dos de xilemáticos (conduzem seiva bruta) e floemáticos (conduzem seiva Início da formação
elaborada). Revestindo o cilindro central, observamos a casca ou córtex. Xilema primário do câmbio vascular
Floema primário
Sua camada mais interna, a endoderme, fica junto do periciclo, o qual
faz parte do cilindro central. Preenchendo o córtex, há o parênquima Corte transversal da raiz: região que promove o crescimento em com-
cortical (preenchimento e reserva) e, revestindo a raiz externamente, há a primento.
epiderme, que aparece com pelos absorventes na altura da zona pilífera.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 83

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UNIDADE 2

ESTRUTURA SECUNDÁRIA DA RAIZ


A estrutura secundária da raiz permite seu crescimento em espessura, ou
crescimento secundário. O crescimento em espessura ocorre nas raízes
de gimnospermas e eudicotiledôneas e dá origem à estrutura secundária.
Esse crescimento ocorre graças ao câmbio vascular e ao felogênio,

Mike Rosecope | Shutterstock


ambos tecidos meristemáticos, ou seja, com mitoses sucessivas que pos-
sibilitam o crescimento. O câmbio vascular, por meio das mitoses, origina
os vasos condutores de seiva. Assim, os vasos xilemáticos ficam mais
internamente e os vasos floemáticos mais externamente.
Durante o crescimento, a epiderme e o córtex são perdidos, pois não acom-
panham o espessamento do cilindro central. O felogênio, com a sua ati-
vidade mitótica, origina a feloderme, voltada para dentro, e o súber,
com células mortas e voltado para fora. No súber, há espaços entre as cé-
lulas formando as lenticelas, através das quais há trocas gasosas. Corte transversal do caule do milho (monocotiledônea)

Feloderme + felogênio + súber = periderme Nas eudicotiledôneas, a distribuição dos vasos é em anel, estando o
floema voltado para o exterior e o xilema para o interior do caule. Entre os
Felogênio vasos floemáticos e xilemáticos, há um tecido meristemático, de cresci-
mento em comprimento, chamado câmbio fascicular.
Líber primário Súber
Cortéx
Lenho primário Feloderma Floema primário
Lenho secundário Câmbio

Líber secundário
Parênquima cortical Xilema
primário

Corte transversal da raiz: região que promove o crescimento em espessura. Medula

Câmbio
DISPOSIÇÃO DOS TECIDOS NOS CAULES fascicular

Da mesma forma que a raiz apresenta estruturas que propiciam o cresci- Câmbio interfascicular
mento, o caule também dispõe de tecidos que formam as estruturas de- Distribuição dos vasos em anel.
nominadas primárias e secundárias. É possível diferenciar tais tecidos a
partir de observações histológicas na microscopia.
ESTRUTURA SECUNDÁRIA DO CAULE
ESTRUTURA PRIMÁRIA DO CAULE A estrutura secundária do caule permite seu crescimento em espessura,
A estrutura primária do caule permite seu crescimento em comprimen- também chamado de crescimento secundário. Ocorre nas eudicotiledôneas
to, ou crescimento primário. e gimnospermas. O crescimento secundário, assim como na raiz, ocorre
devido à atividade do câmbio vascular que origina os vasos conduto-
Os caules que não crescem em espessura, como é o caso das monoco-
res de seiva (floema para a região mais externa e xilema para a região
tiledôneas, apresentam uma estrutura primária que se caracteriza pe-
mais interna), enquanto o felogênio forma a feloderme para dentro e o
la presença de feixes líbero-lenhosos, distribuídos de maneira difusa.
súber para fora.
Floema Xilema Epiderme
Feloderme + felogênio + súber = periderme

Nas plantas de grande porte e mais velhas, a região interna do caule, cha-
mada de cerne e constituída de lenho (xilema), deixa de ser funcional,
Feixes líbero-lenhosos
espalhados pois não há mais condução de seiva nessa região. Já a parte mais externa
Estrutura primária do caule. do lenho, próxima do câmbio, continua funcional e é denominada alburno.

84 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

com paredes bem menos espessas. Assim, os anéis de vasos lenhosos do


Casca externa
verão vão se intercalando com os produzidos na primavera. Tais anéis po-
Casca interna
dem ser identificados quando se faz um corte transversal no caule. O nú-
mero de pares de anéis corresponde à idade do vegetal.

NMTD MEDIA | Shutterstock


Súber
Floema e
felogênio
Cerne Camada de
Regiões do caule. Alburno células do
câmbio

Nos troncos das árvores que vivem em regiões temperadas, a atividade do


câmbio do caule está relacionada à estação do ano. No fim do verão, quan-
do se encerra um ciclo, o câmbio produz os vasos lenhosos com paredes Anéis vistos no corte transversal do caule.
mais espessas. No início da primavera, o câmbio produz vasos lenhosos

CONFIRMANDO A TEORIA

1. (Udesc) Os tecidos vegetais fundamentais são aqueles encarregados Assinale a alternativa que contém a sequência correta, de cima
de uma série de funções, como preenchimento e sustentação. A res- para baixo.
peito desses tecidos, analise cada proposição e assinale (V) para ver-
dadeira ou (F) para falsa. a) V – F – F – V – V.

( V ) O parênquima de reserva está presente em sementes, fru- b) V – V – V – F – F.


tos, raízes e rizomas e tem como função o armazenamento c) V – V – F – F – V.
de substâncias nutritivas.
d) F – F – V – V – F.
( V ) O parênquima clorofiliano é o principal tecido de preenchi-
e) F – F – V – F – V.
mento de folhas, tendo por função a realização da fotos-
síntese. Alternativa correta: b.

( V ) O colênquima é formado por células vivas e é responsável


pela sustentação de folhas, frutos e caules.
( F ) O parênquima aquífero está presente em plantas aquáticas,
auxiliando na flutuabilidade desses vegetais.
( F ) O esclerênquima é formado por células mortas, impregna-
das de lignina, e é responsável pela sustentação de caules
em crescimento.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 85

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UNIDADE 2

EXERCÍCIOS

1. (UFMS) Desde o Egito Antigo, o papiro (Cyperus papyrus), precursor do (08) Nas regiões subterminais da ponta de caules e de raízes, pouco
papel, foi usado para a comunicação entre vários povos. A parte in- abaixo do meristema apical, fica uma zona de alongamento, com
terna do caule dessa planta era cortada em finas tiras que, depois as células em distensão e também em início de diferenciação,
de alguns processos eram transformadas em meio físico para a es- pois já aparecem os pequenos vasos condutores em formação.
crita. Entre os tecidos desse caule herbáceo e verde, não é possível Esses dois meristemas apicais determinam, portanto, o cresci-
encontrar mento longitudinal do caule e da raiz.

a) tecido clorofiliano. (16) Se os meristemas passam por um período sem meioses e depois
b) parênquima paliçádico. promovem o crescimento das pontas dos caules e raízes, eles
são chamados de meristemas secundários.
c) tecidos de sustentação.
d) epiderme. Total:

e) feixes vasculares. 4. (Udesc) Assinale a alternativa incorreta quanto às características his-


tológicas dos vegetais.
2. (CEPBJ-PR) É bastante comum encontrarmos, em algumas plantas,
insetos denominados pulgões. Eles causam danos ao vegetal, pois a) Na superfície externa das células dos parênquimas há uma cutícu-
utilizam seu aparelho bucal sugador para extrair a seiva elaborada. O la impermeabilizante produzida pelas próprias células.
excesso do que é sugado é excretado pelo pulgão e isso causa a pro-
b) Os acúleos são estruturas protetoras formadas por projeções pon-
liferação de fungos que acarretam ainda mais danos ao vegetal. So-
tiagudas, confundidos com espinhos. Ocorrem, por exemplo, nas
bre isso, responda:
roseiras.
a) O que vem ser a seiva elaborada e que tecido transporta? c) Alguns tricomas produzem secreções glandulares, como as urti-
cantes na urtiga, e as digestivas nas plantas carnívoras.
d) Os estômatos ocorrem nas folhas e são importantes nas trocas
gasosas entre os tecidos internos da planta e o meio externo.
b) Por que o vegetal sofre danos ao perder a seiva elaborada?
e) O súber maduro é também denominado cortiça, pouco densa e im-
permeável à água devido ao efeito da suberina.

5. (CEPBJ-PR) A juta é uma fibra têxtil vegetal utilizada como matéria-


3. (UEPG-PR) Sobre o que é correspondente à definição de meristema, -prima para a fabricação de sacas usadas como embalagem de grãos
assinale o que for correto. de café, que são transportados. A juta cresce na beira dos rios ama-
zônicos e é uma planta bastante fibrosa devido à grande quantidade
(01) Todos os tecidos de um animal e de um vegetal se originam de tecido denominado esclerênquima. Sobre esse tecido, responda:
dos meristemas, por crescimento e diferenciação. A partir dessa qual é a sua função na planta e o que o diferencia do tecido vegetal
diferenciação originam-se muitos tecidos permanentes, todos colênquima?
bastante especializados em uma única função.

(02) Os meristemas podem ser primários ou secundários, dependen-


do da sua capacidade de permanecer ou não realizando meioses.
Nos meristemas primários, essa capacidade é contínua, podendo 6. (UFPR) Uma das características que se desenvolveu nas plantas vas-
ser constatada no alargamento de caules e raízes. culares e que possibilitou a ocupação do ambiente terrestre foi o sur-
gimento de um tecido eficiente no transporte de água, denominado
(04) Os tecidos permanentes mais comuns, provenientes da diferen- xilema. Esse tecido é complexo, com vários tipos celulares adapta-
ciação dos meristemas, são: parênquimas, tecidos tegumen- dos para o transporte de água a curta e/ou longa distância. Considere
tares, tecidos secretores, tecidos de sustentação e tecidos o transporte de água das raízes até as folhas do pinheiro-do-paraná
condutores. (Araucaria angustifolia), que pode atingir até 35 metros de altura.

86 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

EXERCÍCIOS

Identifique e explique duas características que as células xilemáticas 8. (UFRJ) Em pesquisas desenvolvidas com eucaliptos, constatou-se
apresentam para manter a eficiência do transporte a longa distância que a partir das gemas de um único ramo podem-se gerar cerca de
(das raízes até as folhas). 200 000 novas plantas, em aproximadamente 200 dias, enquanto os
métodos tradicionais permitem a obtenção de apenas cerca de cem
mudas a partir de um mesmo ramo. A cultura de tecido é feita a partir

a) de células meristemáticas.
b) de células da epiderme.
c) de células do súber.
d) de células do esclerênquima.
e) de células do lenho.

9. (PUC-PR) Qual das alternativas seguintes mostra a relação correta


entre os tecidos vegetais e suas respectivas funções?

1. Súber ( ) Crescimento vegetal


7. (UFJF-MG) Para a sua sobrevivência, as plantas vasculares precisam
superar condições ambientais adversas. Alguns problemas encontra- 2. Meristemas ( ) Transporte de seiva mineral
dos pelas plantas e as soluções utilizadas por elas para superar tais 3. Colênquima ( ) Proteção
limitações são apresentados a seguir. 4. Xilema ( ) Sustentação
Problema a) 1 – 2 – 3 – 4.
I. Proteção contra agentes lesivos e contra a perda de água b) 2 – 4 – 1 – 3.
II. Sustentação c) 4 – 3 – 2 – 1.
III. Preenchimento de espaços d) 3 – 2 – 4 – 1.
IV. Transporte de materiais e) 1 – 4 – 3 – 2.
V. Execução de movimentos orientados
10. (Ufla-MG) Tecido de revestimento do corpo vegetal, tecido de condu-
Solução ção de água e sais, e tecido de sustentação constituído de células vi-
vas e paredes celulares espessadas são, respectivamente,
1. Esclerênquima e colênquima
a) epiderme, xilema e colênquima.
2. Fitormônios
3. Xilema e floema b) epiderme, floema e esclerênquima.

4. Epiderme e súber c) periderme, xilema e esclerênquima.

5. Parênquimas d) periderme, floema e colênquima.


A associação correta entre o problema e a solução encontrada pelas
plantas é

a) I-1; II-3; III-5; IV-4; V-2.


b) I-2; II-4; III-3; IV-1; V-5.
c) I-3; II-5; III-2; IV-1; V-4.
d) I-4; II-1; III-5; IV-3; V-2.
e) I-5; II-2; III-4; IV-3; -V1.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 87

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UNIDADE 2

ORGANOLOGIA VEGETAL PARTES DA RAIZ


Para compreender a estrutura externa da raiz, observe a figura a seguir.

Raiz principal
Região das
ramificações

Raiz secundária
Annaev | Shutterstock

Região dos pelos


absorventes

Região de alongamento

Órgãos vegetativos das plantas.


Região do meristema
Coifa
Em capítulos anteriores, estudamos a flor, que é o órgão reprodutivo das
plantas. Vimos também as estruturas provenientes do processo reprodutivo Estrutura externa da raiz.
da flor: a semente e o fruto. Agora, conheceremos os órgãos vegetativos das
plantas: as raízes, os caules e as folhas. Tais elementos desempenham fun- A extremidade da raiz é envolta por um tecido chamado coifa, que protege
ções importantes que permitem a sobrevivência dos vegetais no ambiente. o tecido de crescimento (meristemático), onde ocorrem mitoses sucessi-
vas. Logo após a extremidade da raiz, localiza-se a região de elongação,
distensão ou lisa, onde as células crescem. Após a zona lisa, situa-se a
RAIZ VEGETAL
região pilífera, caracterizada pela presença de células epidérmicas com
Na maioria das plantas, as raízes constituem a porção subterrânea do pelos absorventes, responsáveis pela absorção de água e sais minerais.
esporófito e são especializadas na absorção de água e sais minerais Em seguida, ocorre a zona de ramificação ou suberosa, a qual permite
e na fixação no solo. No entanto, algumas raízes, como a mandioca, a a extensão do vegetal para melhor fixação.
cenoura e a beterraba, têm outras funções, como o armazenamento
de nutrientes. CLASSIFICAÇÃO DAS RAÍZES
As raízes podem apresentar características diversificadas, crescendo de
forma subterrânea ou aérea, bem como apresentar adaptações necessárias
para a sobrevivência do vegetal em locais adversos. Dessa forma, apresen-
tam classificações que facilitam o estudo de sua morfologia.
Orla | Shutterstock

Raízes subterrâneas

As raízes que crescem no interior do solo podem apresentar um eixo prin-


cipal ou somente raízes secundárias, sendo classificadas da seguin-
te maneira.
• Axial ou pivotante – nesse tipo de raiz, o eixo
principal predomina sobre o secundário. As
raízes secundárias podem apresentar
ramificações. São raízes características
de eudicotiledôneas e gimnospermas.

Raiz: fixa o vegetal e


absorve nutrientes.

Raiz axial: raiz principal e raízes secundárias.

andrea crisante | Shutterstock

88 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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UNIDADE 2

• Fasciculada ou cabeleira – nela predominam os eixos Raízes aéreas


secundários, não ocorrendo a raiz principal. São raízes características
das monocotiledôneas. As raízes que não se desenvolvem no interior do solo são denominadas aé-
reas e podem ser classificadas da seguinte maneira.

kurhan | Shutterstock
• Adventícias – surgem em qualquer ponto do sistema caulinar. Ex.:
raiz de milho.

Ruud Morijn Photographer | Shutterstock


Raiz fasciculada: não há raiz principal.
Raízes adventícias no milho.
• Tuberosa – é a raiz que acumula substâncias de reserva,
principalmente o amido. Pode ser dos seguintes tipos. • Suportes ou escoras – também são adventícias e auxiliam a
sustentação, dando suporte e equilíbrio. Ocorrem em plantas que
• Tuberosa axial – mostra um eixo principal espessado. Ex.:
vivem em solos lodosos. Ex.: Pandanus.
cenoura, nabo, beterraba, rabanete etc.
Studio Peace | Shutterstock
taro911 Photographer | Shutterstock

Raiz de Pandanus.

Cenoura.

• Tuberosa fasciculada – as raízes secundárias são espessadas. • Estrangulantes – são estruturas resistentes e densamente
Ex.: batata-doce, dália etc. ramificadas que envolvem um tronco. Ocorrem em plantas parasitas,
que, em geral, matam a planta hospedeira. Ex.: cipó mata-pau.
PhilipYb Studio | Shutterstock

Elisa Bonomini | Shutterstock

Raiz estrangulante envolvendo o tronco.


Batata-doce.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 89

em2_bio_v1.indb 89 22/09/2021 17:24:49


UNIDADE 2

• Tabulares – têm aspecto de tábuas dispostas radialmente em torno • Sugadoras – típicas de plantas parasitas. Apresentam estruturas
da base do caule. Cumprem com as funções de suporte do vegetal e chamadas de haustórios, que penetram no caule da planta
respiração, em razão da presença de lenticelas. parasitada, para a retirada da seiva elaborada. Ex.: cipó-chumbo.

siambizkit | Shutterstock
Hospedeira

Parasita

Haustório

Sugadora
Raiz de planta parasita.
Raiz tabular.

• Cinturas – são características das plantas epífitas e se enrolam no Raízes aquáticas


tronco suporte. Ex.: raízes de orquídeas e filodendro.
Geralmente, as raízes aquáticas possuem parênquima aerífero abundante,
utilizado como elemento de flutuação. A coifa é normalmente dupla e qua-
Calderson | Shutterstock

se totalmente desprovida de pelos absorventes.

siraphat | Shutterstock
Filodendro.

Planta aquática.

CAULE VEGETAL
• Respiratórias – ocorrem em regiões pantanosas, onde o solo Alberto Masnovo | Shutterstock

é pobre em oxigênio, em razão da atividade intensa dos micro-


-organismos. Tais raízes são chamadas de pneumatóforos, pois
são adaptadas à realização das trocas gasosas com o ambiente. Ex.:
planta de mangue.
biDaala_studio | Shutterstock

Caule: sustenta a planta e conduz seiva.

O caule é a parte vegetativa da planta que sustenta as folhas, colocan-


do-as em condições de receber luz. É uma estrutura que integra as raízes
do vegetal com as folhas, permitindo a condução de seiva bruta (água e
sais minerais) das raízes até as folhas e de seiva elaborada (matéria orgâ-
nica) das folhas até as raízes. Certos caules armazenam substâncias de
Planta de mangue.
reserva, como é o caso da batatinha (batata-inglesa).

90 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 90 22/09/2021 17:24:52


UNIDADE 2

PARTES DO CAULE • Estipe – caule não ramificado que apresenta um conjunto de folhas
no ápice. Ex.: palmeiras e coqueiros (monocotiledôneas).
Na região apical do caule, ocorre a gema apical (terminal), que permi-
te o crescimento em comprimento (primário), graças à multiplicação das

Filip Fuxa | Shutterstock


células meristemáticas. Lateralmente, ocorrem regiões onde surgem as
folhas e as gemas axilares (laterais). As regiões onde se inserem
as folhas e as gemas são denominadas nós, e o espaço entre os nós é
chamado de entrenó.

Gema terminal

Gema lateral

Gema lateral

Entrenó
Coqueiro.

• Haste – em geral é herbáceo, flexível e clorofilado. Ex.: caules de


couve, feijão, tomateiro e salsa.

Angela Andrews | Shutterstock


Gema lateral
Nó Gema terminal
Estrutura anexa do caule.

CLASSIFICAÇÃO DOS CAULES Salsa.

Os caules são comumente aéreos, mas há vegetais com caules subter-


râneos, isto é, que ficam no interior do solo. Além das classificações ge-
rais que estudamos anteriormente, também encontramos as modificações
caulinares que conferem ao vegetal uma melhor adaptação ao meio em
que vive.
Caules aéreos • Colmo – caule cilíndrico não ramificado que apresenta nós e internós.
Ex.: caule de milho e cana (colmo cheio) e bambu (colmo oco).
Os caules aéreos são os mais conhecidos. É nítida a sua função de sus-
tentar o vegetal. A seguir, temos as diferentes classificações desse tipo
de caule. Shu
tter
stoc
k

y|
raph
otog
n Ph
• Tronco – é o tipo de caule comum nas eudicotiledôneas e Swa
pa

gimnospermas. É ereto, lenhoso e com ramificações ou galhos. Ex.:


pinheiros, cedros e várias eudicotiledôneas (laranjeira, macieira,
pereira). Cana-de-açúcar: colmo cheio.
Richard A McMillin | Shutterstock

Romolo Tavani | Shutterstock

Bambu: colmo oco.

Troncos de árvores de grande porte.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 91

em2_bio_v1.indb 91 22/09/2021 17:24:54


UNIDADE 2

• Trepadores – fixam-se a um substrato, procurando locais mais • Tubérculos – caules que acumulam substâncias nutritivas. Ex.:
iluminados. Podem apresentar os seguintes tipos. batata-inglesa.
• Volúveis – caules encontrados nas trepadeiras que se enrolam

JL-Pfeifer | Shutterstock
por meio de movimento helicoidal ascendente. Ex.: trepadeiras.
• Sarmentosos – caules que se fixam por meio de gavinhas. Ex.:
videira, chuchu e maracujá.
Lukasz Szwaj | Shutterstock

Batata-inglesa: caule rico em amido.

• Bulbos – presentes na cebola, a qual possui uma parte central


Videira. (o prato) que corresponde ao caule. Do prato partem as folhas
modificadas, chamadas catáfilos. O alho é outro exemplo; nele, cada
• Rastejantes – são chamados de estolhos e crescem paralelamente dente é um bulbo. Nesse caso, o bulbo é composto, assim como na
ao chão. Ex.: caules de pepino, melancia e morango. planta do lírio.

Alena Haurylik | Shutterstock


Volodymyr Nikitenko | Shutterstock

Morango.

Cebola: a parte central é o caule e a parte comestível são folhas modificadas.


Caules subterrâneos spicyPXL | Shutterstock

Os caules subterrâneos podem ser confundidos com raízes, mas são con-
siderados caules pelo fato de promoverem o brotamento. Podemos enten-
der isso observando a batata-inglesa: depois de um tempo guardada, se as
condições forem adequadas, ela começa a emitir brotos. A seguir, temos a
classificação desse tipo de caule.
• Rizomas – caules que se desenvolvem paralelamente à superfície.
Deles podem surgir folhas, como nas samambaias e na bananeira. As
folhas da bananeira formam o pseudocaule.

Alho: bulbo.

Caules aquáticos

Os caules aquáticos possuem aerênquima desenvolvido, o que facilita a


flutuação e respiração. Ex.: caules de Elodea sp. e vitória-régia.
Rizoma.

92 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 92 22/09/2021 17:24:59


UNIDADE 2

Vladimir Arndt | Shutterstock


A ausência de folhas faz com que o vegetal não perca água
por meio da transpiração foliar. Por isso, a perda das folhas no
decorrer do processo evolutivo permite a adaptação de certas
plantas, como o cacto, às regiões de clima seco.

• Gavinhas – são estruturas caulinares que auxiliam a fixação do


vegetal em um suporte. Ex.: videira e maracujá.

Alexius Sutandio | Shutterstock


Elodea sp.

ADAPTAÇÕES ESPECIAIS DO CAULE


As plantas foram desenvolvendo características que lhes permitiram me-
lhor adaptação ao meio. A seguir, estão os principais tipos de caules adap-
tados.
• Rizóforos – são ramos caulinares que crescem em direção ao solo
e formam raízes adventíceas para sustentar mais adequadamente as
plantas que vivem em solos lodosos. Ex.: Rhizophora mangle (planta Gavinhas.
de mangue).
• Espinhos – são expansões pontiagudas do caule que servem para a
proteção da planta. Ex.: espinhos do limoeiro e da laranjeira. Lembre-
Arto Hakola | Shutterstock

-se de que as roseiras não têm espinhos, e sim acúleos, estruturas


pontiagudas que se diferenciam da epiderme.

sirtravelalot | Shutterstock
Rhizophora mangle.

• Cladódios – são caules adaptados para realizar a fotossíntese. Em


algumas plantas, também podem cumprir a função de armazenamento Espinhos.
da água. Tais caules são presentes em plantas de regiões de clima
• Suculentos – caules espessados em virtude do acúmulo de água.
seco. Ex.: carqueja e cactos.
Ex.: barriguda e cactáceas.
FabricioUZ | Shutterstock

Elton Abreu | Shutterstock

Barriguda.
Cactos.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 93

em2_bio_v1.indb 93 22/09/2021 17:25:05


UNIDADE 2

FOLHAS VEGETAIS
As folhas surgem dos primórdios foliares que se formam das gemas api-
cais caulinares. São estruturas que não possuem crescimento secundário
(espessura), por isso são laminares. Têm tecidos ricos em cloroplastos, Limbo
são especializadas na fotossíntese e realizam a transpiração, a su-
dação e a respiração vegetal.

Valentyn Volkov | Shutterstock


Séssil: sem bainha e pecíolo.

• Invaginantes – são aquelas em que há ausência de pecíolo, mas a


bainha é desenvolvida. Ex.: folhas de milho e grama.

Limbo
Pecíolo

Mangueira

Peciolada – falta bainha (dicotiledônea)

Diferentes formas de folhas.

A fotossíntese consiste na transformação de matéria inorgânica (como o Limbo


gás carbônico e moléculas de água) em matéria orgânica (glicose). A res-
piração celular é um processo antagônico ao da fotossíntese, pois usa mo- Invaginante:
léculas orgânicas para gerar energia, liberando matéria inorgânica, como pecíolo ausente Bainha
o gás carbônico e a água. (monocotiledônea)

A transpiração vegetal consiste na perda de água por evaporação; já a su- A folha também pode ser observada em corte transversal no microscópio
dação consiste na perda de água sob forma de gotículas. Estudaremos para que se possa entender a sua morfologia interna. Observe o esque-
com mais detalhes tais processos relacionados com as folhas na fisio- ma a seguir.
logia vegetal.
Cutícula

MORFOLOGIA DAS FOLHAS


Epiderme superior
Tecido clorofiliano paliçádico
Uma folha completa é formada pelo limbo, que é a parte laminar; pe-
Feixe condutor (nervura)
lo pecíolo, que representa o pedúnculo que liga o limbo ao caule; pela
bainha, que é a base alargada do pecíolo; e pelas estípulas, que são
apêndices. Epiderme inferior
Estômatos
Cutícula Tecido clorofiliano
Nervura Morfologia da folha. lacunoso

Pecíolo A folha é revestida pela epiderme, e o seu interior, chamado mesófilo, é


constituído de parênquima clorofiliano, de preenchimento e, ainda, de te-
cidos condutores de seiva. Os feixes condutores de seiva formam as ner-
vuras foliares.
Nas monocotiledôneas, a luz incide igualmente nas partes superior e infe-
Limbo ou lâmina rior da folha; consequentemente, o mesófilo é simétrico, apresentando
Bainha
parênquimas paliçádicos superior e inferior e, no meio, parênquima lacu-
Estípula
Partes da folha.
noso. Em ambas as epidermes, podem-se encontrar estômatos.

Há também as folhas incompletas, que podem ser sésseis ou invagi- Nas eudicotiledôneas, as folhas recebem, em geral, luminosidade mais
nantes. intensamente no nível superior da epiderme. Nesse caso, o mesófilo é
assimétrico, apresentando parênquima paliçádico junto à epiderme su-
• Sésseis – são aquelas em que há ausência de pecíolo e bainha. Ex.: perior e lacunoso junto à inferior. Os estômatos situam-se na epiderme
folhas de fumo. inferior.

94 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 94 22/09/2021 17:25:07


UNIDADE 2

SAIBA MAIS Quanto à nervação, a folha pode ser classificada da seguinte forma.

Geralmente, as folhas de plantas que vivem em locais secos (xerófi- • Peninérvea – a nervação lembra uma pena; as ramificações partem
tas) possuem mais estômatos, já que a abertura de mais estômatos da nervura central. Ex.: folha de laranjeira.
permite trocas gasosas mais eficientes quando há umidade, a qual
ocorre em pequenos períodos de tempo.

Folha peninérvea.
CLASSIFICAÇÃO DAS FOLHAS
Quanto ao limbo, as folhas podem ser classificadas da seguinte forma.
• Simples – com limbo inteiro, indiviso. Ex.: folha de laranjeira,
• Palminérvea – as nervuras partem radialmente da base até o
violeta etc.
limbo. Ex.: folha de figueira.

Limbo
Pecíolo
Folha palminérvea.

• Paralelinérvea – as nervuras percorrem paralelamente. Ex.:


Folha simples. monocotiledôneas (folhas do milho, grama e palmeiras).
Estípula

• Compostas – com limbo dividido, havendo presença de folíolos.


Ex.: folha de roseira, samambaia etc. Subdividem-se nos seguintes
grupos.
• Imparipenadas – com número ímpar de folíolos. Folha paralelinérvea.

• Paripenadas – com número par de folíolos.

Folíolos • Uninérvea – possui uma única nervura na porção central. Ex.: folha
do cravo.
Bainha Estípula

Pecíolo Folha uninérvea.


Folha composta.

• Peltinérvea – as nervuras partem do centro da folha peltada. Ex.:


folha da malva.
Scisetti Alfio | Shutterstock

Folha imparipenada. Folha paripenada. Folhas de malva.

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 95

em2_bio_v1.indb 95 22/09/2021 17:25:09


UNIDADE 2

Quanto à filotaxia (disposição das folhas ao longo do caule), podem-se • Espinhos – são folhas modificadas com função de proteção e
classificar as folhas da seguinte maneira. diminuição das superfícies de contato, evitando, assim, perda de
água. Ex.: cactos.
• Opostas – de cada nó partem duas folhas, uma oposta em relação
à outra.

Rodrigo AM | Shutterstock
Folhas opostas.

• Alternadas – de cada nó surge apenas uma folha.

Folhas alternadas.

Espinhos de cactos.

• Verticuladas – mais de duas folhas encontram-se inseridas em um • Brácteas – são folhas situadas próximo a inflorescências ou flores.
mesmo nó do caule. Fazem o papel de pétalas, pois são vistosas e atraem polinizadores.
Exemplos: margarida, copo-de-leite, primavera e bico-de-papagaio.

Zigzag Mountain Art | Shutterstock


Folhas verticuladas.

ADAPTAÇÕES DAS FOLHAS


Os vegetais precisam garantir a sua sobrevivência, por isso, ao longo do
processo evolutivo, surgiram adaptações que permitiram maior adaptação.
Da mesma forma que a raiz e o caule apresentam adaptações, a folha tam-
bém sofre modificações e desempenha diferentes funções.
• Gavinhas – além de serem modificações caulinares, podem ser
Bico-de-papagaio: as brácteas são as partes vermelhas.
foliares, com função de fixação do vegetal em um suporte. As
gavinhas da planta de ervilha são exemplos de adaptações de folhas. • Catáfilos – são folhas que protegem gemas dormentes. Também
podem atuar como órgão de reserva. Ex.: parte comestível da cebola.
Mayboroda | Shutterstock

Amero | Shutterstock

Catáfilos: camadas que formam a cebola.


Planta de ervilha.

96 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

em2_bio_v1.indb 96 22/09/2021 17:25:12


UNIDADE 2

• Folhas coletoras – têm função de reserva de água e detritos;


EXERCÍCIOS
estão presentes em algumas epífitas. Ex.: bromélia.

Ricardo de Paula Ferreira | Shutterstock


1. (UFSM-RS) A história da maioria dos municípios gaúchos coincide com
a chegada dos primeiros portugueses, alemães, italianos e de outros
povos. No entanto, por meio dos vestígios materiais encontrados nas
pesquisas arqueológicas, sabemos que outros povos, anteriores aos
citados, protagonizaram a nossa história. Diante da relevância do con-
texto e da vontade de valorizar o nosso povo nativo, “o índio”, foi se-
lecionada a área temática CULTURA e as questões foram construídas
com base na obra Os Primeiros Habitantes do Rio Grande do Sul, Cus-
tódio, L. A. B., organizador. Santa Cruz do Sul: Edunisc; Iphan, 2004.

“Da Amazônia vieram os tupis-guaranis, trazendo contribuições à nossa


Folhas de bromélia.
cultura, ensinando a plantar diferentes espécies e a usar plantas frutí-
• Folhas de plantas carnívoras – são folhas modificadas para a feras e medicinais.” Alguns grupos tupis-guaranis adaptavam sua vida
captura e a digestão de pequenos animais. Nesse caso, enzimas são ao ambiente da floresta, abrindo clareiras para a introdução de culturas.
liberadas pelas folhas e compostos nitrogenados são absorvidos pela
Na coluna A, foram enumerados alguns dos produtos dessas culturas,
planta carnívora, a qual normalmente vive em locais com escassez
utilizados pelos índios. Qual o termo botânico da coluna B que se as-
de nitrogênio.
socia corretamente às palavras em destaque na coluna A?
nico99 | Shutterstock

Coluna A

1. Raiz da mandioca
2. Sementes de feijão e amendoim
3. Folhas de tabaco
4. Casca do fruto de porongo

Coluna B
Folha capturando inseto.

a. Endosperma
CONFIRMANDO A TEORIA b. Pericarpo
c. Coifa
1. (Unicamp-SP) Em uma quitanda, cada banca apresentava uma d. Parênquima paliçádico
placa de classificação de produtos que estavam à venda. Na
banca de frutos, havia abobrinha, banana, berinjela, beterraba, A associação correta é
cenoura, laranja, pepino, tomate e chuchu; na banca de raízes e
a) 1b – 2a – 3c – 4d.
tubérculos, havia batata, cebola e mandioca.
b) 1c – 2a – 3d – 4b.
Considerando critérios botânicos, reorganize os produtos à venda
na quitanda, utilizando quatro bancas. c) 1c – 2b – 3c – 4a.
d) 1d – 2b – 3c – 4a.
Banca 1 – Frutos: abobrinha, banana, berinjela, laranja, pepino,
tomate e chuchu. e) 1d – 2b – 3a – 4c.

Banca 2 – Raízes: beterraba, cenoura e mandioca. 2. (Ifsp) As angiospermas são vegetais que podem apresentar diferentes
Banca 3 – Caule: batata. tipos de raízes que se relacionam, entre outras funções, às diferentes
condições ecológicas, conforme as apresentadas na tabela a seguir.
Banca 4 – Folhas modificadas: cebola (parte comestível).

O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL 97

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UNIDADE 2

3. (UEL-PR) As plantas vasculares colonizaram a paisagem terrestre du-


Tipo de Características rante o Período Devoniano Inferior, há cerca de 410 a 387 milhões de
raiz
anos. A ocupação do grande número de hábitats demandou uma gran-
Pivotante Raiz subterrânea, com eixo principal profundo e ramifi-
cações que garantem a fixação da planta no solo. de variedade de formas e adaptações nas plantas.

Tabular Raiz suporte, em que os ramos radiculares se fundem Com base na morfologia dos diferentes tipos de caules, assinale a al-
com o caule, sendo importantes na fixação da planta. ternativa que contém caules adaptados à reprodução assexuada e à
Estrangu- Raiz de plantas aéreas, que cresce em direção ao fotossíntese, respectivamente.
lante solo e pode envolver o tronco da planta hospedeira,
comprometendo a circulação da seiva. a) Rizoma e bulbo.
Pneumató- Raiz aérea, dotada de pequenos orifícios (pneuma- b) Colmo e bulbo.
fora tódios) para processar a aeração do vegetal. c) Estolão e rizoma.
Tuberosa Raiz especial, que atua como órgão de reserva
d) Cladódio e estolão.
vegetal.
e) Estolão e cladódio.
Considerando-se que um manguezal é um ecossistema típico de re-
gião litorânea, com alta concentração de matéria orgânica, baixa con- 4. (UFRGS-RS) Assinale a alternativa que contém somente raízes utili-
centração de oxigênio, alta umidade e salinidade, espera-se que a ve- zadas na alimentação.
getação local apresente adaptações de raízes do tipo
a) Mandioca, rabanete, cenoura e beterraba.
a) tabular.
b) estrangulante. b) Rabanete, cebola, batata-inglesa e alcachofra.
c) tuberosa. c) Batata-inglesa, inhame, mandioca, beterraba.
d) pneumatófora. d) Gengibre, beterraba, alho, batata-inglesa.
e) pivotante. e) Cebola, mandioca, beterraba e inhame.

5. (Vunesp - Adaptada) Um aluno de uma escola de Ensino Médio recebeu de seu professor de Biologia uma lista de diversos vegetais comestíveis. O aluno
elaborou o quadro a seguir. Assinale com um X a coluna que indica a porção vegetal que cada vegetal comestível representa.

Vegetais comestíveis Raiz Caule Fruto Pseudofruto


Batata-inglesa
Azeitona
Tomate
Manga
Pera
Mandioca
Maçã
Cenoura
Cebola
Moranguinho
Pepino

98 O FANTÁSTICO MUNDO VEGETAL

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luisrsphoto | Shutterstock
UNIDADE

3 DIVERSIDADE BIOLÓGICA

Biólogos que trabalham nessa área denominam-se sistematas e utilizam


Sara Berdon | Shutterstock

variados dados para elaborar as árvores filogenéticas, como os fósseis,


as estruturas moleculares, o material genético, as características
morfológicas etc. Como as descobertas são contínuas, tais árvores
devem ser avaliadas constantemente. Neste capítulo, você é convidado a
analisar um pouco da sistemática associada à taxonomia e às regras de
nomenclatura.

Camaleão.
asawinimages | Shutterstock

irin-k | Shutterstock
V_E | Shutterstock

Aranha: quatro pares de patas. Abelha: três pares de patas.

SISTEMÁTICA:
Diversidade marinha.

CLASSIFICANDO OS SERES VIVOS


Você já deve ter deparado com algum animal que não conhecia, mas pelas
características externas deve ter achado que esse animal é parente de
EreborMountain | Shutterstock

outro que você conhece. Por exemplo, é comum as pessoas denominarem


as aranhas de insetos – o que não é verdade! Ambos são organismos
pertencentes a um mesmo filo, o dos artrópodes, mas são de classes
diferentes. Você já se perguntou por que são artrópodes, ou por que as
aranhas não são insetos? Em ciências, as explicações para tais indagações
devem ter um fundamento científico. O conhecimento das relações Exemplos de
organismos e suas
evolutivas permite decifrar muitas dessas perguntas. Os cientistas classificações.
também fizeram perguntas consideradas, às vezes, muito simples. Usando
o método científico, levantaram hipóteses para saber como ocorreu a
evolução. Para encontrar os graus de parentescos, os biólogos utilizam a
filogenia e elaboraram uma árvore filogenética por meio da sistemática, A sistemática é considerada uma ciência que tem por objetivo inventariar
que classifica os organismos e determina as suas relações evolutivas. e descrever a biodiversidade. Ela também busca compreender as relações

DIVERSIDADE BIOLÓGICA 99

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UNIDADE 3

filogenéticas entre os diferentes seres vivos. Dentro da sistemática,


existem a taxonomia (ciência da descoberta) e a filogenia (relações
evolutivas entre os seres vivos). A sistemática compreende a classificação de vista evolutivo e os dividiram em dois grupos, os quais diferem
dos diversos seres vivos pelos sistematas, que classificam as espécies a entre si e dos eucariontes. Os eucariontes foram denominados
fim de definir o modo como elas se relacionam evolutivamente. Eucarya e os procariontes, Archaea e Bacteria, no mesmo nível que
os Eucarya. Nessa hipótese, não se tem certeza de qual dos três
ramos é mais basal.
TAXONOMIA E NOMENCLATURA
A taxonomia busca classificar os seres vivos em grupos de acordo Árvore filogenética da vida
com suas semelhanças, estabelecendo critérios e levando em conta
características fisiológicas, evolutivas, anatômicas, ecológicas, entre Bacteria Bactérias Archaea Eucarya
outras. Atualmente, a classificação utilizada se baseia no sistema de verdes
Spirochetes filamentosas Entamoebdea Animais
Carolus Linnaeus (Carl von Linné, ou Lineu, 1707-1778), descrito em 1735. Gram Mycetozoa
O sistema proposto por ele é artificial. Sistemas que não se baseiam em Hiophiles  Fungos
positivas
parentesco evolutivo são denominados artificiais; os que levam em conta Proteobactéria Metanobacerium
Methanosarcina Plantas
o parentesco evolutivo são denominados naturais. Cyanobacteria Methanococcus
T. celer Ciliados
A nomenclatura está relacionada à definição de normas universais para
Planctomyces Thermoproteus
a classificação dos seres vivos, tendo o objetivo de facilitar o estudo das Flagelados
espécies. Os seres vivos são classificados da seguinte maneira: domínio, Bacteroides
cytophanga Pyrodictium
reino, filo/ramo/divisão, classe, ordem, família, gênero e espécie. O Trichomonadida
sistema proposto por Lineu utiliza a espécie como a unidade taxionômica Thermotoga Microsporidia
fundamental. Espécies semelhantes são agrupadas em um mesmo gênero. Diplomonadida
Gêneros semelhantes são agrupados em uma mesma família. Famílias Aquifex
semelhantes são agrupadas em uma mesma ordem. Ordens semelhantes
são agrupadas em uma mesma classe. Classes semelhantes são
agrupadas em um mesmo filo. Filos semelhantes são agrupados em um
Classificação em três
mesmo reino. Observe:
domínios de Woese (1990).

Vida A espécie representa um grupo natural, constituído pelo conjunto


Domínio de indivíduos com a mesma bagagem genética e morfologicamente
semelhantes, que podem cruzar-se entre si originando descendentes
Reino
férteis. Acompanhe, abaixo, exemplos de três animais e sua respectiva
Filo ou divisão classificação:
Classe
Homem Cão Mosca
Ordem
Reino Animalia Animalia Animalia
Família
Filo Chordata Chordata Arthropoda
Gênero
Classe Mammalia Mammalia Insecta
Espécie
Ordem Primata Carnivora Diptera
Família Hominidae Canidae Muscidae
Observação: existem categorias intermediárias não obrigatórias, como
subfilo, subfamília, superordem, infraclasse. Tais categorias não serão Gênero Homo Canis Musca
trabalhadas neste capítulo. Espécie Homo sapiens Canis familiaris Musca domestica

SAIBA MAIS
IMPORTANTE

Os três domínios: Bacteria, Archaea e Eucarya


Se dois indivíduos pertencem à mesma classe, por exemplo, como
A proposta dos três domínios foi feita com base na comparação da
no quadro acima, homem e cão, eles obrigatoriamente pertencem ao
sequência de RNA ribossômico. Carl R. Woese e equipe chegaram à
mesmo filo e ao mesmo reino.
conclusão de que os procariontes não eram um grupo coeso do ponto

100 DIVERSIDADE BIOLÓGICA

em2_bio_v1.indb 100 22/09/2021 17:25:19


UNIDADE 3

OS GRANDES REINOS REINO ANIMALIA (METAZOA)

Tradicionalmente, utiliza-se a classificação em cinco reinos de Robert H. Engloba seres pluricelulares sem pigmentação fotossintetizante,
Whittaker (1969). eucarióticos e multicelulares. A nutrição é heterotrófica. Nesse reino,
estão os animais vertebrados e invertebrados.
FUNGI PLANTAE ANIMALIA

Angiospermas Artrópodes
Cordados
Basidiomicetos
Gimnospermas
SAIBA MAIS
Anelídeos
Equinodermes
Classificação em seis reinos de Cavalier-Smith (1998)
Ascomicetos

Moluscos
Platelmintos Thomas Cavalier-Smith classifica os seres vivos em seis reinos. A
Helechos
Zigomicetos sistemática utilizada baseia-se na filogenética, em que os grupos
Nematoides
Cnidários polifiléticos estão totalmente ausentes e os parafiléticos são
Musgos evitados o máximo possível. Ele transfere um número de grupos que
Esponjas
pertenciam ao Protoctista (reino de todos os eucariontes que não
são animais ou plantas), na maioria dos sistemas de classificação
PROTISTA Algas verdes Flagelados anteriores, para um dos outros reinos. Nesse modelo, cada um dos
Algas vermelhas Diatomeas reinos que contém organismos multicelulares também passa a
Algas pardas Ciliados conter certo número de organismos unicelulares relacionados. Isso
MONERA é justificado com a comparação de sequências de DNA e proteínas,
Bactérias bem como pela da ultraestrutura celular. Já nos procariontes,
Cavalier-Smith destaca características ultraestruturais, em vez das
sequências de RNA ribossômico usadas por Woese. Dessa maneira,
Monera
o domínio Archaea foi incluído como um subgrupo dentro do domínio
Bacteria. Entre os eucariontes, são cinco reinos. O reino Animalia
permanece quase inalterado e o reino Fungi passa a conter um
REINO MONERA grupo de parasitas, antes parte dos Protoctistas. Da mesma forma
que alguns grupos, antes considerados fungos, foram transferidos
Engloba organismos procariontes, como as bactérias e as cianobactérias para um novo reino designado Chromista. O reino Plantae ampliou
(algas azuis), e unicelulares. A nutrição é feita normalmente por absorção. e passou a incluir as algas vermelhas, não somente as algas verdes
Existem também organismos foto e quimiossintetizantes. (a fotossíntese foi adquirida apenas uma vez, pela incorporação
do cloroplasto em uma célula eucariótica, derivada de uma
REINO PROTISTA cianobactéria). O reino Chromista ficou com a maioria dos grupos
fotossintéticos (algas) e com alguns seres anteriormente colocados
Engloba organismos eucariontes unicelulares, pluricelulares e coloniais. A nos fungos que se acredita que tenham perdido a capacidade
nutrição ocorre por absorção, fotossíntese ou ingestão. Nesse reino, estão fotossintética secundariamente.
os protozoários e a maioria das algas. Eubacteria

REINO FUNGI Apusozoa


Archaebacteria
Engloba seres uni e pluricelulares, eucarióticos, sem pigmentação Excavata
sintetizante, heterótrofos e sem tecido organizado. A nutrição se faz Cabozoa Retaria
por saprofismo ou parasitismo. Nesse reino, são encontrados bolores,
Neomura Bikonta Rhizaria
mofo, cogumelos, leveduras etc. Muitos são heterótrofos saprófagos Cercozoa
Reino Plantae
e apresentam diversidade de enzimas digestivas. São, assim como as
Reino Chromista
bactérias, decompositores.
Eukarya Chromalveolata
Alveolata
REINO PLANTAE (METAPHYTA) Amoebozoa Choanozoa
Unikonta
Engloba seres pluricelulares, fotossintetizantes, eucarióticos e com
Opisthokonta Reino Animalia
tecidos organizados. A nutrição é autotrófica fotossintetizante. Nesse
reino, estão os vegetais normalmente encontrados no ambiente terrestre: Reino Fungi
briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas.

DIVERSIDADE BIOLÓGICA 101

em2_bio_v1.indb 101 22/09/2021 17:25:20


UNIDADE 3

REGRAS DE NOMENCLATURA plantas, normalmente, acrescenta-se a terminação “–aceae”. Ex.:


gênero: Areca – família: Arecaceae.
Como dar nome aos seres vivos já conhecidos e aos novos que eram
descobertos? O botânico Carl von Linné, em 1758, propôs uma forma de 4.º A nomenclatura trinominal é utilizada para espécies que apresentam
nomenclatura simples e prática em que cada organismo seria conhecido subespécies (raças). Escreve-se o nome da espécie seguido de um
por dois nomes apenas. Surgia, assim, a nomenclatura binominal, utilizada terceiro termo designado por restritivo ou epíteto subespecífico. Ex.: a
até hoje. Por existirem regras, a nomenclatura científica tornou-se espécie Rhea americana (ema) compreende três subespécies:
universal. A seguir, listamos as principais regras.
• Rhea americana alba (ema branca);
rook76 | Shutterstock
• Rhea americana grisea (ema cinzenta);
• Rhea americana americana (ema mais desenvolvida que as outras).

Ondrej Prosicky | Shutterstock


Selo impresso pela Suécia
mostrando Carl von Linné
por volta de 1939.

1.º O nome científico deve ser escrito em latim, uma vez que é uma Rhea americana.
língua morta e se mantém imutável, não estando sujeita a qualquer
evolução. Ex.: O bacilo causador da tuberculose apresenta subespécies diversas,
como:
Cão – Canis familiaris
• Mycobacterium tuberculosis hominis (tuberculose humana);
Mosca – Musca domestica
• Mycobacterium tuberculosis bovis (tuberculose bovina);
Homem – Homo sapiens
• Mycobacterium tuberculosis avis (tuberculose aviária).
Feijão – Phaseous vulgaris
Quando o 2.º e o 3.º termos do nome subespecífico são iguais, pode-
Arroz – Oryza sativa
-se abreviar o 2.º termo. Ex.: Hypsioma gibbera gibbera → Hypsioma
2.º O nome da espécie é binominal (nomenclatura binominal). É formado g. gibbera. Outro exemplo da utilização da nomenclatura trinominal é
sempre por duas palavras latinas ou latinizadas: a primeira é um para designar subgênero. Ex.:
substantivo escrito com inicial maiúscula e representa o nome do
Glenea (Paraglenea) tigrinata
gênero a que a espécie pertence; a segunda palavra, escrita em letras
Gênero subgênero espécie
minúsculas, designa-se por epíteto específico ou restritivo específico,
sendo normalmente um adjetivo. Ex.: o nome científico da mosca é Quando gênero e subgênero têm o mesmo nome, é possível abreviar
Musca domestica. O epíteto específico identifica uma determinada pela letra inicial seguida de um ponto. Ex.: Glenea (Glenea) viridis →
espécie dentro do respectivo gênero a que pertence. Glenea (G.) viridis.

5.º Nomenclatura tetranominal: formada por quatro termos. Isso ocorre


quando se combinam categorias de subespécie e subgênero. Ex.:
Observação: a nomenclatura uninominal adota-se para filos,
por exemplo, Coelenterata; classe Insecta, família Ithomiidae. Taricanus (Microcanus) truquii mexicanus
Note que a inicial é maiúscula e o nome não é grifado. Gênero subgênero espécie subespécie

6.º Os nomes genéricos, específicos e subespecíficos devem ser escritos em


3.º Para designar o nome da família em animais, acrescenta-se “–idae” destaque (um tipo de letra diferente da do texto corrente), por exemplo,
à raiz do nome do gênero. Ex.: gênero: Canis – família: Canidae. Em com itálico. Podem também ser com sublinhado ou com negrito.

102 DIVERSIDADE BIOLÓGICA

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UNIDADE 3

7.º A data da publicação do nome da espécie pode ser citada, sendo


CONFIRMANDO A TEORIA
colocada após o nome do autor, separada por uma vírgula. Ex.:

Cão: Canis familiaris Lineu ou L., 1758. 1. (Unirio-RJ) Se reunirmos as famílias Canidae (cães), Ursidae
(ursos), Hienidae (hienas) e Felidae (leões) veremos que todos
Bactéria da sífilis: Treponema pallidum Schaudinn & Hoffmann, 1905. são carnívoros, portanto, pertencem à(ao) mesma(o)
Algodão: Hibiscus tiliaceus Saint-Hilaire, 1825. a) espécie.
8.º Lei da Prioridade: essa lei afirma que, dentre os nomes propostos para b) ordem.
um mesmo táxon, o mais antigo é o que tem validade. Observação:
eventualmente, é permitida a substituição de um nome científico, mas c) subespécie.
para isso segue-se uma convenção (sobre as espécies reclassificadas): d) família.
• Cita-se o nome antigo entre parênteses, depois do gênero e
e) gênero.
antes do nome específico.
• Outra opção é mencionar o nome do organismo já no novo gênero Canidae, Ursidae, Hienidae e Felidae são de famílias diferentes,
e, a seguir, entre parênteses, o nome do primeiro autor e a data mas todas são carnívoras, portanto pertencem à mesma ordem.
em que denominou aquele organismo; em seguida, fora dos Alternativa correta: b.
parênteses, coloca-se o nome do segundo autor e a data em
que reclassificou o espécime. Ex.: em 1843, o médico Dubini
descreveu um dos parasitas causadores da ancilostomose, o
qual denominou Agehylostoma duodenale. Posteriormente, Creplin
emendou esse nome em 1845, incluindo-o no gênero Ancylostoma.
Será correto grafar Ancylostoma duodenale (Dubini, 1843; Creplin,
1845).
Só são considerados os nomes científicos criados de 1758 em diante,
depois da utilização do sistema binominal proposto por Lineu.

9.º Lei da Homonímia: dois animais completamente diferentes,


coincidentemente, podem receber o mesmo nome (homônimos). A Lei
da Homonímia diz que o homônimo mais recente deve ser rejeitado e
substituído.

SAIBA MAIS

É possível definir tipo como o padrão de referência para a aplicação


de um nome científico. Como exemplo, citamos que o tipo de uma
espécie é um exemplar, já o de um gênero é uma espécie nominal.
Tipo é, então, o objeto que serve de base ao nome de um táxon.
Iuliia Timofeeva | Shutterstock

Araucaria angustifolia: refere-se ao tipo de um exemplar que ocorre no Sul do Brasil.

DIVERSIDADE BIOLÓGICA 103

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UNIDADE 3

EXERCÍCIOS

1. (Uece) Filogenia é a história genealógica de um grupo de organismos. realizados nas últimas décadas evidenciam vínculos evolutivos entre
A cladística é uma representação hipotética das relações ancestral/ dinossauros e aves modernas, como a semelhança na postura dos
descendente e filogenética (HENNIG, 1966). Desde o estabelecimento ovos, na construção dos ninhos e até em detalhes da anatomia óssea.
dos princípios fundamentais da teoria da evolução por Darwin, um
dos maiores objetivos das ciências biológicas é a determinação da
história de vida dos descendentes (RADFORD, 1986); um cladograma
determinado pode ser utilizado como base para um sistema de
classificação, assim como para traçar a biogeografia histórica de um
grupo (NELSON & PLATINIK, 1981).

Sobre filogenia e cladística, marque a afirmação correta.

a) Uma população troca de genes periodicamente e mantém a


semelhança morfológica, mas, a partir do momento em que uma
população é dividida em duas e estas são isoladas, as mudanças
gênicas produzidas naturalmente pelas mutações estabelecerão
duas novas linhagens.

b) Homologia é estritamente definida como uma hipótese de origem


evolucionária não comum.

c) O cladograma é a representação da história genealógica de um


organismo individual.

d) Os táxons, ou unidades taxonômicas operacionais, são alocados


Analise a árvore filogenética acima e assinale a(s) proposição(ões)
em um cladograma, independentes do tempo.
correta(s).
2. (Ufpe) Ao longo do desenvolvimento da Biologia, a forma (01) As penas tiveram sua origem em animais com capacidade de
de classificação dos organismos se modificou, conforme os voo, sendo importantes para esta finalidade por serem estru-
conhecimentos se acumularam, modificando o peso da analogia turas leves e impermeáveis à água.
e da homologia para esse processo. Atualmente, são levadas em
consideração as relações de parentesco, o que tem sido possível a (02) Os dinossauros, assim como as aves, por possuírem fecundação
partir da aplicação das modernas técnicas de genética. No que se interna e colocarem ovos com casca, eram independentes do
refere a essas relações, podemos considerar que meio aquático para sua reprodução.

( ) as relações filogenéticas entre os organismos revelam seu (04) Entre os representantes vivos, os pterossauros são os parentes
parentesco e o caminho percorrido por eles ao longo da mais próximos das aves modernas.
evolução.
(08) Uma forte evidência do parentesco entre dinossauros e aves foi a
( ) se duas espécies apresentam diferenças fenotípicas marcantes, descoberta de penas em fósseis de dinossauros, estrutura antes
não podem pertencer a um mesmo táxon. vista como exclusiva das aves.
( ) evolutivamente, as baleias estão mais próximas dos homens do (16) Todos os animais representados no grupo Diapsida possuem ovo
que dos tubarões, como mostra a homologia com os primeiros. amniótico.
( ) se dois organismos pertencem a um mesmo táxon, então
(32) A extinção dos pterossauros ocorreu há aproximadamente 200
apresentam mais analogias do que homologias.
milhões de anos, no Período Jurássico.
( ) a semelhança entre o corpo de um golfinho e o de um tubarão
pode ser chamada de convergência evolutiva. (64) Todos os grupos representados na árvore filogenética possuem
representantes vivos na atualidade.
3. (Ufsc) A árvore filogenética a seguir se refere à evolução do grupo de
Total:
vertebrados terrestres denominado Diapsida. Estudos paleontológicos

104 DIVERSIDADE BIOLÓGICA

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UNIDADE 3

4. (Ufpe) O processo de surgimento de novas espécies que se adaptam Considerando o termo Ampulex dementor e os seus conhecimentos
a ambientes diversos está na base do aumento da biodiversidade e é sobre regras básicas de classificação e nomenclatura, responda:
influenciado por fatores bióticos e abióticos. Darwin soube observar
esse processo, associá-lo ao trabalho de outros pesquisadores e I. Ampulex é o nome do gênero desse organismo e dementor seria o
propor leis que o descrevem. Nesse sentido, podemos afirmar o que nome da espécie.
segue. II. A nomenclatura utilizada pela revista está grafada de forma in-
( ) As ideias de Malthus sobre crescimento populacional e correta, pois o binômio deveria estar destacado.
produção de alimentos foram fundamentais para as conclusões III. A vespa-joia (Ampulex compressa) é do mesmo gênero do ani-
de Darwin. mal recém-descoberto, mas não é necessariamente da mesma
( ) A variação nas características dos filhotes foi assumida por família.
Darwin como a base sobre a qual atua a seleção natural. IV. Um dos motivos utilizados para classificá-la nesse grupo pode ter
( ) O isolamento de parte de uma população pode contribuir para sido a presença de cefalotórax e abdome.
a formação de uma nova espécie. a) Somente a afirmativa III está correta.
( ) A transmissão das características dos organismos bem- b) Somente as afirmativas I e III estão corretas.
-sucedidos aos descendentes é essencial para a evolução, mas
Darwin não conseguiu explicá-la. c) Somente as afirmativas I, II e IV estão corretas.

( ) “Síntese moderna” se refere à releitura das ideias de Darwin d) Somente a afirmativa II está correta.
sob a luz da Genética.
e) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas.
5. (PUC-PR) Leia o texto abaixo publicado na revista Veja:
6. (Ifsc) A figura abaixo representa um sistema de conjuntos. Cada um
dos conjuntos (A, B, C, D, E e F) representa uma categoria taxonômica,
de acordo com a classificação utilizada atualmente e proposta por
Carl von Linné em 1735.

Uma homenagem à série de livros Harry Potter, escrita pela britânica


J. K. Rowling, foi feita no mundo animal. Visitantes do Museu de
História Natural de Berlim, na Alemanha, escolheram em votação o
nome Ampulex dementor para uma espécie de vespa recém-descoberta.
A escolha do nome foi divulgada em um artigo publicado no periódico
Plos One. O nome faz referência aos “dementadores”, guardas de uma Sobre conceitos de Sistemática e Taxonomia, assinale a soma da(s)
prisão de alta segurança, temidos por serem capazes de sugar a alma proposição(ões) correta(s).
de suas vítimas com um “beijo”. O motivo da comparação é o modo
como as vespas atacam suas presas: elas injetam na cabeça de outros (01) Os conjuntos E e F correspondem à mesma espécie, pois ambas
insetos substâncias que as transformam em “zumbis”, para então são conhecidas popularmente como gorilas.
levá-las ao seu ninho, onde serão devoradas. Na descrição de J. K.
Rowling, uma pessoa que tem a alma sugada pelos dementadores se (02) De acordo com a figura, o conjunto A corresponde à categoria
torna uma “concha vazia”, em “estado vegetativo permanente”. taxonômica Ordem.
Disponível em: <http://veja.abril.com.br/noticia/ciencia/vespa-ebatizada-em-homenagem-a-serie-harry-
potter>. Acesso em: 28 ago. 2014.
(04) Os conjuntos E e F correspondem ao grupo taxonômico Espécie.
Cada espécie é representada por um binômio formado pelo
Gênero ou epíteto genérico e pelo epíteto específico.

DIVERSIDADE BIOLÓGICA 105

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UNIDADE 3

(08) Os grupos C e D pertencem à mesma família (B) e correspondem 8. (UPE) Uma aranha denominada Aranha-azul ou Tarântula-azul foi
a gêneros. descoberta em 2011 por pesquisadores brasileiros e está entre as
dez maiores descobertas, segundo a lista produzida anualmente pelo
(16) A utilização da nomenclatura científica auxilia a comunicação Instituto Internacional de Exploração das Espécies da Universidade
correta de informações, pois não existem duas espécies dife- do Estado do Arizona. Para que ela fosse catalogada como uma nova
rentes com o mesmo binômio específico. espécie, os cientistas analisaram suas características e classificaram
a espécie com um nome científico, de acordo com a nomenclatura
(32) A nomenclatura popular é a mais adequada para identificar e binomial.
transmitir informações sobre um organismo, pois apesar de so-
frer variações de acordo com a localização geográfica é a única
compreensível.

Total:

7. (UFSJ-MG) Considere as fichas taxonômicas abaixo apresentando os


táxons, sendo que sempre a linha superior refere-se a uma categoria
mais abrangente que a linha inferior.

1 2 3 4
Metazoa Metazoa Metazoa Metazoa
Chordata Chordata Chordata Chordata
Mammalia Mammalia Mammalia Mammalia
Carnivora Carnivora Carnivora Carnivora
Procyonidae Canidae Canidae Canidae
Chrysocyon Marque a alternativa que apresenta o nome científico escrito
Potos flavus Canis latrans Canis lupus corretamente.
brachyurus

Analise as afirmativas abaixo, baseando-se nas informações a) Pterinopelma sazimai.


apresentadas nas fichas. b) Pterinopelma sazimai.
I. Independente do hábito alimentar de cada um dos animais e c) Pterinopelma Sazimai.
embora nem todos possam ser considerados carnívoros, todos
pertencem à ordem Carnivora. d) Pterinopelma Sazimai.

II. Os indivíduos 2, 3 e 4 pertencem ao mesmo gênero, embora sejam e) pterinopelma sazimai.


de famílias distintas.
9. (PUC Campinas-SP) A grafia correta de um dos agentes etiológicos
III. Os indivíduos 3 e 4 pertencem ao mesmo gênero. Esses animais
da malária é
pertencem à mesma família do indivíduo 2.
IV. Todos os indivíduos apresentam a mesma ordem e a mesma a) Plasmodium Vivax.
família, variando apenas as subfamílias.
b) Plasmodium vivax.
Com base nessa análise, estão corretas apenas as afirmativas
c) Plasmodium Vivax.
a) I e III. d) Plasmodium vivax.
b) I e II. e) plasmodium vivax.
c) II e III.

d) II e IV.

106 DIVERSIDADE BIOLÓGICA

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Dmitry Rukhlenko; Eric Isselee | Shutterstock
UNIDADE

4 DIVERSIDADE ANIMAL

A Zoologia (zoo = animal, logos = estudo) é o ramo da biologia que estuda os animais. Na natureza, há uma diversidade imensa de animais e eles fazem parte
de um dos seis reinos assim nomeados: Eubacteria, Archaeobacteria, Protista (ou Protoctista), Fungi, Plantae e Animalia. As Archaeobacterias são estudadas
no reino Monera ou em um reino isolado. O reino Animalia não inclui somente espécies atuais, mas várias espécies extintas. Nos animais metazoários, a grande
quantidade e diversidade de células permite um grau máximo de especialização.

John A. Anderson | Shutterstock


Protasov AN | Shutterstock

Diversidade de espécies do reino Animal. Serpente-do-mar do gênero Ophiothrix sp.

CARACTERÍSTICAS GERAIS DO REINO ANIMAL


Tupungato | Shutterstock

ChinKC | Shutterstock

Tucano. Lagarta.

Hoje, existem por volta de 2 milhões de espécies animais e, a cada dia, somam-se a essa lista novas espécies – o número exato não é estimado. Mesmo
com uma diversidade grande, existem características comuns, como as estruturais e os mecanismos essenciais, permitindo uma análise e compreensão
globalizada dos aspectos que unem os diferentes filos. A análise embriológica, o nível de organização dos animais e a uniformidade nos processos básicos da
reprodução são utilizados como características unificadoras.

107 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 107 22/09/2021 17:25:36


UNIDADE 4

CARACTERIZANDO OS ANIMAIS ORIGEM DOS METAZOÁRIOS


Um organismo é definido como pertencente ao reino Animalia se apresentar A maioria dos autores modernos acredita na origem monofilética. Os
determinadas características, entre elas: ser eucarionte, multicelular e coanoflagelados são considerados grupos semelhantes aos metazoários,
heterótrofo. As células animais, diferentes das vegetais, não apresentam pois apresentam sinapomorfias, como a forma de colarinho com flagelo,
parede celular, mas são unidas por colágeno e outras proteínas (as muito parecida com células das esponjas atuais. As sequências de DNA
estruturais) exclusivas dos animais. A reprodução sexuada também é típica, indicam a proximidade entre animais e coanoflagelados.
com o estágio diploide dominando o ciclo. Inicia-se com a fecundação,
forma-se a célula-ovo até se constituir um conjunto diferenciado de Monofilética sugere que os animais unicelulares evoluíram
células. Em geral, os gametas, que fazem parte da linhagem germinativa, apenas uma vez.
são produzidos em órgãos, assegurando a continuidade da vida. Na maioria
dos animais, ocorre a formação de um tecido verdadeiro (eumetazoários). A Sinapomorfias referem-se a indícios de ancestralidade comum.
maior parte dos eumetazoários apresenta simetria bilateral, enquanto uns
poucos grupos a têm no padrão radial. A seguir, dois termos importantes
serão destacados e conceituados. GRUPO MONOFILÉTICO (CLADO)
ONTOGENIA É um grupo formado por uma espécie ancestral e todas as suas espécies
descendentes e é reflexo estrito do processo evolutivo.
A ontogenia é a história da vida de um eumetazoário, desde o ovo até a O grupo I a seguir, que consiste em três espécies (A, B e C) e o ancestral
maturidade sexual. Pode ser dividida em dois períodos: comum 1, é um clado ou um grupo monofilético.
• morfogênese ou desenvolvimento embrionário;
• crescimento. A
1
A fecundação, clivagem ou segmentação, gastrulação e organogênese são B Grupo I
as etapas do desenvolvimento embrionário. Já modificações anatômicas
menores, aumento de tamanho, amadurecimento sexual e, em alguns C
casos, aparecimento de caracteres sexuais secundários correspondem ao
D
período de crescimento.
E
FILOGENIA
F
É o estudo das relações evolutivas entre os seres, as linhagens produzidas
na história evolutiva dos diferentes organismos. A cladística é um método
G
utilizado para tentar achar as relações de parentesco entre eles. O princípio
da cladística se fundamenta em mostrar que membros de um determinado GRUPO PARAFILÉTICO
grupo de organismos têm uma história evolucionária comum e, portanto,
Inclui o ancestral, mas não todos os seus descendentes; é um grupo
são mais próximos entre si do que de indivíduos de outros agrupamentos.
restante de um agrupamento monofilético, do qual se retirou um terminal.
Na filogenética, levanta-se a hipótese de que existe parentesco entre
diferentes grupos, representando-a em um cladograma. Pode-se dizer que O grupo II é parafilético, ou seja, consiste em uma espécie ancestral 2 e
o cladograma é o resultado da análise cladística, que procura elos entre algumas espécies descendentes (D, E e F), mas não todas elas (falta a
espécie G).
eles, unindo-os ou separando-os.
Procariontes Eucariontes A
EreborMountain | Shutterstock

B
Bacteria Archaea Protistas Plantas Fungos Animais
C
Monera

D
Bacteria Archaea Eukarya
E Grupo II
2
Classificação dos
reinos dos seres vivos. F

Ancestral comum G

108 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 108 22/09/2021 17:25:37


UNIDADE 4

GRUPO POLIFILÉTICO • Plano sagital ou mediano: divide o corpo em metades direita e


esquerda (define a simetria bilateral).
É constituído por espécies com dois ou mais ancestrais diferentes (não há
um ancestral comum). • Plano frontal: divide o corpo em duas metades, dorsal e ventral.

O grupo III é polifilético, o que significa que inclui espécies descendentes • Plano transversal: divide o corpo em partes, cefálica e caudal.
de dois ou mais ancestrais diferentes. Nesse caso, as espécies D, E e F Tipos de simetria
compartilham o ancestral comum 2, mas a espécie C possui um ancestral
Simetria esférica: todos os eixos de simetria que passam pelo centro do
diferente.
organismo são equivalentes. Ex.: alguns protozoários.
A
Simetria radial: há vários planos em disposição radial, cuja interseção
1 determina um eixo de simetria que une a região oral e aboral. Ex.: cnidários,
B
equinodermos e alguns poríferos.

Damsea | Shutterstock
D
Grupo III Estrela-do-mar e
E ouriços-do-mar:
2 simetria radial.
F

CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO Simetria bilateral: o plano sagital divide o organismo em duas partes
iguais e opostas. Ex.: platelmintos, nematódeos e anelídeos.

SIMETRIA
Divisão imaginária do corpo do animal em metades opostas, que devem ser
simétricas umas às outras. Quando os lados opostos do animal não são
Serafima Antipova | Shutterstock

iguais, existe assimetria.


Eixo dorsoventral
Ljupco Smokovski | Shutterstock

Plano sagital Zebra: simetria bilateral.

Plano frontal

Eixo anteroposterior

Simetria birradiada: há dois planos de simetria perpendiculares entre


si, cada um deles divide o organismo em metades especulares, mas
diferentes entre si. Ex.: cnetóforo.
Plano transversal
Planos e eixos.

Os elementos de simetria são os eixos e os planos.


Eixo: reta que atravessa o centro do corpo de tal forma que, ao longo
dessa reta, as partes dele se repetem.
• Eixo anteroposterior: da cabeça até a cauda.
• Eixo dorsoventral: une as faces ventral e dorsal.
Plano: é a superfície que divide o corpo em duas partes, sendo essas
Simetria birradiada Simetria radial
imagens especulares.

DIVERSIDADE ANIMAL 109

em2_bio_v1.indb 109 22/09/2021 17:25:47


UNIDADE 4

PRESENÇA OU AUSÊNCIA
DE TECIDOS VERDADEIROS
Quanto a esse critério, os animais podem ser divididos de duas formas.
Parazoários (para = ao lado; zoo = animal) – animais que não possuem
tecidos verdadeiros. Ex.: poríferos.
Eumetazoários (eu = verdadeiro; metazoário = animal) – animais com
tecidos verdadeiros. Ex.: cnidários, platelmintos e nematódeos.
Simetria bilateral Simetria esférica

METAMERIA OU SEGMENTAÇÃO CONEXÃO


Aspecto observado em animais que apresentam simetria bilateral. Pode
ser definido como a repetição de partes do corpo ao longo de sua extensão. Vertebrados e invertebrados
Os segmentos que se repetem são os metâmeros, que podem ser iguais O que são vertebrados e invertebrados? O termo “invertebrado” não
ou não. possui nenhum valor taxonômico; é usado para designar todos os
animais que não apresentam vértebras, coluna vertebral, tais como
Tipos de segmentação poríferos, cnidários, platelmintos, nematódeos, anelídeos, moluscos,
Metameria homônoma: os metâmeros são iguais, exceto o primeiro e artrópodes e equinodermos. Os vertebrados correspondem aos
o último. animais com vértebras: peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos.
Constituem um subfilo dentro do filo dos Cordados, entre os quais
também existem invertebrados, como os cefalocordados (anfioxo) e
Morphart Creation | Shutterstock

urocordados (ascídia).

Centopeia: segmentação homônoma.


CLASSIFICAÇÃO
Metameria heterônoma: os metâmeros são diferentes e se agrupam
formando diversas regiões (cefálica, torácica, abdominal). Ocorre em Existem hoje mais de 30 filos descritos, no entanto, a discussão sobre a
artrópodes e vertebrados. relação existente entre eles necessita ser aprofundada. Por muitos anos,
os critérios morfológicos foram os mais relevantes na classificação, mas,
Ernie Cooper | Shutterstock

atualmente, critérios moleculares associados à descoberta de fósseis


têm auxiliado na compreensão da filogenia. O objetivo da sistemática
filogenética é classificar os organismos de acordo com o ancestral comum.
Tanto os cladogramas morfológicos como os moleculares concordam que:
• a origem dos animais é monofilética;
Escorpião:
segmentação • os poríferos são animais basais;
heterônoma.
• a maioria dos filos apresenta simetria bilateral;
• não somente os cordados, mas também alguns invertebrados são
deuterostômios;
• os eumetazoários apresentam tecidos verdadeiros.
IMPORTANTE
Os critérios moleculares, diferentes dos morfológicos, indicam que
Alguns animais como nematódeos, mo- artrópodes e anelídeos não são “aparentados”. Por exemplo: enquanto,
Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

luscos, equinodermos e platelmintos não pelos critérios morfológicos, os bilatérios são divididos em protostômios
apresentam metameria. Por isso, são de- e deuterostômios; pelos critérios moleculares, os bilatérios são divididos
nominados ametaméricos. em deuterostômios, lofotrocozoários e ecdisozoários. Esses englobam
nematódeos e artrópodes, apresentam exoesqueleto e são capazes de
fazer mudas. Já os que possuem lofóforo, como moluscos e anelídeos,
Ascaris lumbricoides, lombriga causadora apresentam larva trocófora.
de uma doença chamada ascaridíase.

110 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 110 22/09/2021 17:25:57


UNIDADE 4

ANCESTRAL Porifera
SAIBA MAIS

Metazoa
COLONIAL Cnidaria

Eumetazoa
FLAGELADO Ctenophora Existem inúmeros filos dentro do reino Animalia. A seguir, listamos
Ectoprocta 23 deles.

Deuterostomia
Brachiopoda • Calcarea e Silicea (antigas esponjas) – com aproximadamente
Echinodermata 5 500 espécies.
Chordata
• Cnidaria – com aproximadamente 10 000 espécies.
Platyhelminthes
Bilateria

Protostomia • Placozoa – 1 espécie.


Rotifera
Mollusca • Acoela – com aproximadamente 400 espécies.
Annelida • Ctenophora – com aproximadamente 100 espécies.
Arthropoda
• Lofotrocozoários – com aproximadamente 20 000 espécies.
Nematoda
• Rotifera – com aproximadamente 1 800 espécies.

ANCESTRAL Silicea • Ectoprocta – com aproximadamente 4 500 espécies.


Porífera
Metazoa

COLONIAL Calcarea • Brachiopoda – com aproximadamente 335 espécies.


Eumetazoa

FLAGELADO
Ctenophora • Acanthocephala – com aproximadamente 1 100 espécies
Cnidaria • Cycliophora – 1 espécie.
Acoela • Nemertea – com aproximadamente 900 espécies.
Deuterostomia

Echinodermata • Mollusca – com aproximadamente 93 000 espécies.


Bilateria

Chordata
• Annelida – com aproximadamente 16 500 espécies.
Platyhelminthes
• Loricifera – 10 espécies.
Rotifera
• Priapula – 16 espécies.
Ecdysozoa

Ectoprocta
• Tardigrades – com aproximadamente 800 espécies.
Brachiopoda
Mollusca • Onychophora – com aproximadamente 110 espécies.
Lophotrochozoa

Annelida • Nematoda – com aproximadamente 25 000 espécies.


Nematoda • Arthropoda – com aproximadamente 1 000 000 de espécies.
Arthropoda • Hemichordata – com aproximadamente 85 espécies.
• Echinodermata – com aproximadamente 7 000 espécies.
• Chordata – com aproximadamente 52 000 espécies.
Daremos ênfase, nos próximos capítulos, a somente 9 dos 23 filos:
• Poríferos ou Esponjas.
• Cnidários ou Celenterados.
• Platelmintos.
• Nematódeos.
• Moluscos.
• Anelídeos.
• Artrópodes.
• Equinodermos.
• Cordados.

DIVERSIDADE ANIMAL 111

em2_bio_v1.indb 111 22/09/2021 17:25:58


UNIDADE 4

CONFIRMANDO A TEORIA
ENEM

1. Em 1861 foi anunciada a existência de um fóssil denominado Arqueopterix, que revolucionou o debate acerca da evolução dos animais. Tratava-se
de um dinossauro que possuía penas em seu corpo. A partir dessa descoberta, a árvore filogenética dos animais acabou sofrendo transformações
quanto ao ancestral direto das aves.

Nessa nova árvore filogenética, de qual grupo as aves se originaram?

a) Peixes ósseos.

b) Répteis.

c) Mamíferos.

d) Peixes cartilaginosos.

e) Anfíbios.

Com os registros fósseis, é possível afirmar que as aves e os répteis modernos compartilharam um ancestral reptiliano comum.
Alternativa correta: b.

EXERCÍCIOS

1. (Fuvest-SP) Considere a árvore filogenética abaixo. b) 1, 1, 2 e 5.

c) 1, 1, 3 e 6.

d) 1, 2, 2 e 7.

e) 2, 2, 2 e 5.

2. (UFSJ-MG) Analise o cladograma abaixo:

Essa árvore representa a simplificação de uma das hipóteses para


as relações evolutivas entre os grupos a que pertencem os animais
exemplificados. Os retângulos correspondem a uma ou mais
características que são compartilhadas pelos grupos representados
acima de cada um deles na árvore e que não estão presentes nos
No cladograma apresentado, as letras X e Y poderiam ser substituídas
grupos abaixo deles.
corretamente por

A presença de notocorda, de tubo nervoso dorsal, de vértebras e de a) clivagem espiral e notocorda.


ovo amniótico corresponde, respectivamente, aos retângulos b) esquizocelia e protostomia.
a) 1, 2, 3 e 4. c) enterocelia e deuterostomia.
d) endosqueleto calcário e fendas na faringe.

112 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 4

3. (PUC-RJ) Observe os cladogramas abaixo e assinale a afirmativa b) Ordene as seguintes características dos cordados, de acordo
correta. Considere A, B e C como sendo três espécies distintas. com seu surgimento na história evolutiva do grupo, da mais
antiga à mais recente: pulmões, ovo amniótico, coluna vertebral,
endotermia, cérebro.

a) Os dois cladogramas mostram relações evolutivas distintas. 5. (UCS-RS) Analise a árvore filogenética abaixo, referente aos macacos
antropoides, em que A representa a espécie humana.
b) As espécies A e B fazem parte, obrigatoriamente, de um gênero
distinto de C.

c) A, B e C formam um grupo monofilético.

d) A, B e C não compartilham um ancestral comum.

e) A, B e C formam um grupo polifilético.

4. (Fuvest-SP) O diagrama abaixo representa uma das hipóteses Com base nessa figura, considere as afirmações a seguir.
sobre a evolução dos animais metazoários. Nele, os retângulos
com os números I, II, III e IV correspondem ao surgimento de novas I. As letras B, C e D correspondem, respectivamente, aos chimpan-
características morfológicas. Isso significa que os grupos de animais zés, aos gorilas e aos orangotangos.
situados acima desses retângulos são portadores da característica
II. A letra E corresponde a um ancestral comum a todos os macacos
correspondente.
antropoides.
III. Não existe parentesco genético entre os homens e os chimpanzés.

Das afirmações acima

a) apenas I está correta.


b) apenas II está correta.
c) apenas I e II estão corretas.
d) apenas II e III estão corretas.
e) I, II e III estão corretas.
a) Liste as características morfológicas que correspondem,
respectivamente, aos retângulos com os números I, II, III e IV.

DIVERSIDADE ANIMAL 113

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UNIDADE 4

DESAFIO

1. (Udesc) Sobre a classificação biológica, analise as proposições abaixo:

I. Pirâmides de teias alimentares são representações gráficas em forma de árvore nas quais são mostradas as relações de parentesco entre seres
vivos.
II. A Fenética agrupa os organismos com o maior número de características fenotípicas possíveis, mesmo que não reflitam a história evolutiva do
grupo.
III. Para a filogenética, a classificação biológica deve refletir o máximo possível as relações de parentesco entre os grupos de seres vivos.
IV. A Cladística procura estabelecer relações de parentesco evolutivo pela escolha criteriosa de características que indiquem realmente a ances-
tralidade comum entre os grupos, tentando descartar as características decorrentes de convergência evolutiva.

Assinale a alternativa correta.

a) Somente as afirmativas II, III e IV são verdadeiras.

b) Somente as afirmativas II e IV são verdadeiras.

c) Somente as afirmativas I e III são verdadeiras.

d) Somente as afirmativas I, II e III são verdadeiras.

e) Todas as afirmativas são verdadeiras.

FILO CALCAREA E SILICEA

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John A. Anderson | Shutterstock

(PORÍFEROS OU ESPONJAS)
rikur B | Shutterstock

Esponjas.

CARACTERÍSTICAS GERAIS
Poríferos (animais com poros) representam os seres mais simples de todos
os filos animais. Alguns autores os consideram um sub-reino, o Parazoa
Poríferos (esponjas).
(parazoários), pois, embora sejam pluricelulares, não apresentam tecidos
verdadeiros, nem órgãos e sistemas. Trata-se de um grupo animal cuja
linha evolutiva é cega (a partir das esponjas, não se originou nenhum outro
A diversidade no reino Animalia é surpreendente. Serão estudados, filo).
primeiramente, os filos Calcarea e Silicea, que são agrupados e
denominados informalmente de “esponjas”. São sésseis (fixos) quando adultos e apresentam larva livre-natante. São
filtradores, podendo viver isolados ou em colônias. Apresentam colorações
variadas. Devido a associações com algas, podem ser acinzentados,
Esponjas, no passado, eram classificadas como plantas, por avermelhados, amarelados ou transparentes. São animais basais, estão
serem sedentárias e algumas apresentarem uma aparência de próximos da linhagem que se origina perto da raiz da árvore filogenética
arbusto. do reino Animalia.

114 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 4

abrem em uma cavidade interna denominada átrio ou espongiocele. Esta,


IMPORTANTE
por sua vez, abre-se para o exterior por meio do ósculo. O trajeto da água
é o seguinte: poro → átrio → ósculo.
Alguns autores consideravam os poríferos diblásticos, mas, atualmente,
é comum os considerarmos somente como parazoários. A superfície externa (parede) é recoberta por células denominadas
pinacócitos, que, unidas, formam a pinacoderme. Os poros são constituídos
por células denominadas porócitos, que podem fechar ou abrir por meio de
SIMETRIA contração. Logo abaixo da pinacoderme, está o meso-hilo ou mesênquima,
que apresenta matriz proteica gelatinosa e material ligados à sustentação
São assimétricos ou de simetria radial. Seu corpo se assemelha a um vaso (esqueleto), as espículas e a rede de espongina. Na parte interna ligada
e não há segmentação. ao meso-hilo, estão as células coanoflageladas denominadas coanócitos.
Eles movimentam a água por dentro da esponja e capturam alimento.
HÁBITAT
São animais exclusivamente aquáticos, a maioria marinhos. Há uma só Principais células e funções
família de água doce (Spongillidae). Há aproximadamente 5 500 espécies
• Coanócitos – células com flagelo e colarinho, que captam, englobam
descritas.
e digerem as substâncias nutritivas. Associados à movimentação da
AjayTvm | Shutterstock
água e ao transporte de espermatozoides.
• Espongioblastos ou espongiócitos – células formadoras da rede
de espongina (esqueleto orgânico macio).
• Escleroblastos ou esclerócitos – células formadoras de
espículas (esqueleto mineral formado por SiO2 ou CaCO3).
• Miócitos – células ricas em fibrilas contráteis, formadoras de
esfíncteres dos poros e dos ósculos; servem para a contração.
• Amebócitos – células que englobam substâncias nutritivas por meio
Esponja de água doce.
de pseudópodes e que se deslocam; participam ainda da excreção,
respiração, defesa (fagocitose), transporte de espermatozoides,
armazenamento etc.
ESTRUTURA • Gonócitos – gametas masculinos e femininos.
• Mesogleia – camada gelatinosa anista (não celular) que preenche
Mesênquima Ósculo toda a esponja. É pouco desenvolvida no tipo áscon, medianamente
(meso-hilo)
desenvolvida no tipo sícon e muito desenvolvida no tipo lêucon.
• Arqueócitos – células indiferenciadas formadoras de amebócitos,
Porócitos
gonócitos, esclerócitos, espongiócitos, miócitos e outras células
ameboides.
Fluxo de água
• Pinacócitos – células de revestimento externo e/ou interno
Espícula
(dependendo do tipo anatômico da esponja), formadoras da
Espongiocele
pinacoderme.
Coanócito • Porócitos – células perfuradas, formadoras de um tipo de poro
Amebócito inalante, óstio.

Pinacócito
Epiderme

Coanócito

Estrutura de esponjas.
Mesênquima
Átrio ou Espícula
Poro espongiocele
As esponjas variam bastante em tamanho: podem ter alguns centímetros
ou passar de 1 m de altura. Para analisarmos a estrutura das esponjas,
Amebócito Espícula
vamos tomar como exemplo uma esponja asconoide, que é tubular e
pequena. A superfície de uma esponja é repleta de poros ou óstios, que se
Tipos de células.

DIVERSIDADE ANIMAL 115

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UNIDADE 4

Tipos anatômicos Estruturas de sustentação

• Áscon Esse critério é utilizado para classificar as esponjas. A estrutura de


sustentação pode ser formada por espículas “minerais” (ou uma rede
Esponja mais simples. O trajeto da água no corpo segue o percurso
de espongina “orgânica”, ou ambos). O endosqueleto é constituído de
poro → átrio → ósculo. Os coanócitos encontram-se no átrio ou
espículas formadas por escleroblastos ou esclerócitos e a rede de
espongiocele.
espongina, por espongioblastos ou espongiócitos.
Ex.: Leucosolenia.
Ósculo As esponjas com rede de espongina são macias e, no passado, foram
muito utilizadas como esponjas de banho e também como espécies de
“algodão” para limpar ferimentos (na área médica). Hoje, algumas técnicas
Átrio de pintura empregam esponjas com esqueleto de espongina.

Poros FISIOLOGIA
SISTEMA DIGESTÓRIO
Não existe. A digestão é exclusivamente intracelular. Coanócitos capturam
• Sícon e digerem o alimento; amebócitos o distribuem.
Esponja intermediária, com pregueamento da parede corporal.
O trajeto da água é poro → canal inalante → prosópila → canal SISTEMA NERVOSO E MUSCULAR
exalante → átrio → ósculo. Prosópila – une canal inalante e exalante.
Não existe. São animais aneuromiários.
Os coanócitos encontram-se nos canais exalantes.
Ex.: Grantia e Sycon. SISTEMA EXCRETOR
Ósculo Não existe. As células eliminam seus catabólitos (amônia) diretamente,
por simples difusão.

Canal exalante SISTEMA RESPIRATÓRIO


Canal inalante Não existe. A respiração é aeróbia (utiliza oxigênio). As células realizam
trocas por simples difusão diretamente com o meio.
Átrio
SISTEMA CIRCULATÓRIO
• Lêucon Não existe.
Esponjas com o maior grau de pregueamento. Nelas, surgem as
câmaras vibráteis, que estão repletas de coanócitos. O trajeto REPRODUÇÃO
da água é poro → canal inalante → câmaras vibráteis → canal Assexuada
exalante → átrio → ósculo. A maioria das esponjas é leuconoide, o que
• Brotamento: origina novas colônias com vários indivíduos. Em espécies de
mostra a eficiência desse tipo de estrutura especialmente na captura água doce, ocorre a formação de gêmulas (estruturas de resistência formada
do alimento. por muitos amebócitos) que se mantêm em estado de latência enquanto o
ambiente está desfavorável para a sua sobrevivência, desenvolvendo-se em
Ósculo
novos indivíduos quando o ambiente se torna favorável.

Átrio
• Regeneração: uma esponja dividida em muitos fragmentos tem a
capacidade de se reconstituir e formar vários novos indivíduos. Um novo
Canal inalante
indivíduo por fragmento que contenha amebócitos.
Canal exalante
Câmaras vibráteis Broto
Nova esponja

Grau de complexidade
Áscon → Sícon → Lêucon

116 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 4

Sexuada Uma das classificações utilizadas para o antigo grupo Porifera:

• As esponjas podem ser monoicas (hermafroditas) ou dioicas (sexos


Reino Animalia
separados), porém não possuem gônadas. Os gametas, formados a → Sub-reino Parazoa
partir de amebócitos que sofrem meiose, são lançados no átrio, onde
ocorre a fecundação. Esta é interna e indireta (o espermatozoide → Filo Porifera
não penetra diretamente no óvulo; ele é capturado pelo coanócito, – Subfilo Cellularia
que o leva até o óvulo). Pode ocorrer protandria e protoginia. O
desenvolvimento é indireto: após a fecundação, o zigoto se desenvolve • Classe Calcarea
em uma larva ciliada típica, livre-natante – a anfiblástula  – que • Classe Demospongiae
sai pelo ósculo, fixa-se em um substrato e cresce, originando um
novo indivíduo. Pode existir outro tipo de larva, a parenquimelar • Classe Sclerospongiae
(parenquímula). A segmentação do ovo é holoblástica e o – Subfilo Symplasma
ovo é oligolécito.
• Classe Hexactinellida

Liberação da • Classe Calcarea: trata-se de espículas de carbonato de cálcio


Larva larva de mesmo tamanho. São monoaxônicas ou têm três ou quatro
pontas. Podem ser dos tipos áscon, sícon e lêucon. Ex.:
Assentamento Espermatozoides
da larva e Óvulo Leucosolenia.
metamorfose
Esponjas • Classe Hexactinellida ou Hyalospongiae: conhecidas como
adultas esponjas de vidro, são espículas de sílica com seis pontas.
Ex.: Euplectella.
• Classe Demospongiae: contém 90% das esponjas. Podem
Reprodução sexuada em esponjas.
existir espículas de sílica ou rede de espongina ou combinação
de ambas. Ex.: Spheciospongia.
Algumas esponjas produzem antibióticos; muitas já foram isoladas para • Classe Sclerospongiae: são esponjas leuconoides e têm
utilização em humanos. Um exemplo é a cribrostatina, antibiótico que espículas de sílica e rede de espongina, mas possuem
pode eliminar bactérias como os Streptococcus, que muitas vezes são esqueleto basal de carbonato de cálcio. Podem também ser
resistentes à penicilina. estudadas dentro da classe Demospongiae.

CONFIRMANDO A TEORIA

1. (UFC-CE) Na evolução dos diferentes grupos animais, muitas mudanças ocorreram para dar origem a seres mais complexos. Observe o cladograma
(árvore filogenética) a seguir e responda ao que se pede.

a) Os números I e II representam características que levaram ao surgimento dos táxons Cnidaria e Nematoda, respectivamente. Indique essas
características.

I – Tecidos verdadeiros, dois folhetos germinativos, cavidade digestória, simetria radial, gastrulação. II – Tubo digestivo completo, pseudoceloma.

DIVERSIDADE ANIMAL 117

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UNIDADE 4

b) Cite uma característica compartilhada entre protistas e animais que culminou na teoria monofilética, a qual sugere a origem dos animais a partir
de protistas.

Estrutura dos flagelos/Estrutura molecular dos ribossomos.


c) De acordo com o cladograma, os poríferos são considerados os animais com características mais primitivas. Qual a principal característica que
classifica esses organismos como primitivos?

Ausência de tecidos verdadeiros; são parazoários.


d) Por muito tempo, os poríferos não foram incluídos no reino Animal. Hoje se sabe que esses organismos apresentam estruturas típicas de animais.
Cite uma característica que inclui os poríferos no reino Animal e, ao mesmo tempo, os exclui dos outros reinos.

Eles possuem desenvolvimento embrionário.

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas a seguir. h) A esponja é a mais evoluída, apresenta


que estão repletas de
a) As esponjas são consideradas por não que capturam o alimento.
apresentarem tecidos verdadeiros.
i) A digestão é , sendo considerados
b) Esponjas ou não apresentam tecido nervoso .
e muscular, por isso são denominadas .
j) A reprodução pode ser ou
c) Quando adultos, os poríferos são  . Já a fase .
larval tem larva  .
k) Seu corpo é e sua simetria é
d) A água entra pelos , que são formados ou .
por células, os , em seguida, passa para
ou e é eliminada 2. (UEM-PR) Sobre os poríferos, assinale o que for correto.
por meio do  .
(01) Nas esponjas asconoides, os coanócitos revestem a cavidade
e) As células que revestem externamente os poríferos são atrial.
; já os capturam e (02) Nas esponjas siconoides, os coanócitos revestem apenas os ca-
pré-digerem o alimento. Os são células nais radiais.
que apresentam muitas funções, como distribuição dos alimentos
até formação de outras células. (04) As esponjas leuconoides são maiores e mais complexas, com
dobramentos da parede formando inúmeras câmaras flageladas.
f) Existem estruturas de sustentação, as ,
(08) Nas esponjas asconoides, o trajeto da água é: poro →
que podem ser formadas por ou
ósculo → átrio.
e pode existir uma rede de
que torna as esponjas . (16) A gemulação é um processo assexuado de reprodução e ocorre
principalmente nas esponjas dulcícolas.
g) Os tipos anatômicos são ,
e . Total:

118 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 4

FILO CNIDARIA CARACTERÍSTICAS GERAIS


A magnitude das barreiras de corais na natureza é impressionante. Corais Os cnidários ou celenterados são considerados metazoários inferiores, os
são antozoários coloniais pertencentes ao filo Cnidaria. São verdadeiros primeiros na escala evolutiva a apresentar tecidos verdadeiros. Também
“berçários dos mares”. Infelizmente, também sofrem com a ação do são os primeiros neuromiários (animais com tecido nervoso e muscular).
aquecimento global (que provoca branqueamento), e muitas espécies de Entretanto, o sistema nervoso é difuso, ou seja, constituído por uma
animais que utilizam corais como berçários também estão ameaçadas de rede de células nervosas “espalhadas” pelo corpo, e o sistema muscular
extinção. Esse filo é o primeiro dos eumetazoários. A partir de agora, todos apresenta células epitélio-musculares, cujas contrações determinam o
os filos que serão estudados têm tecidos verdadeiros. movimento do animal, portanto são os primeiros a apresentar capacidade
A diversidade cnidária é ampla: são aproximadamente 10 mil espécies, sendo de locomoção. Possuem células urticantes (cnidoblastos ou cnidócitos).
a maioria abundante nos mares e oceanos. Normalmente, o contato com os Podem viver de forma fixa (pólipos) ou móvel (medusas), isolados ou em
representantes desse filo não é muito agradável, pois, ao serem tocados, os colônias. Os pólipos são geralmente microscópicos; já as medusas podem
cnidários podem provocar queimaduras por meio das hipnotoxinas. variar de 10 mm até 2 metros.

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Anêmonas-do-mar.
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Água-viva.

HÁBITAT
São todos aquáticos, sendo a maioria marinha.

SIMETRIA
Medusas.
Apresentam simetria radial.
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CARACTERÍSTICAS EMBRIOLÓGICAS
• Eumetazoários.
• Neuromiários.
• Enterezoários.
• Diblásticos.
Corais do Mar Vermelho. • Protostômios.
• Acelomados.
Os animais pertencentes a esse filo são chamados de cnidários ou
celenterados.
ESTRUTURA E TIPOS ANATÔMICOS
Cnidários (Cnidaria) são animais que apresentam células urticantes. O corpo de um cnidário é formado por duas camadas celulares: a epiderme
e a gastroderme. A epiderme é uma camada de revestimento externo,
enquanto a gastroderme reveste o animal internamente. Entre as duas
Celenterados (Coelenterata) são animais com cavidade digestória. camadas, situa-se a mesogleia, a qual se apresenta como uma lâmina
acelular e gelatinosa.

DIVERSIDADE ANIMAL 119

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UNIDADE 4

Para estudar a estrutura, será usada como exemplo a hidra: • Manúbrio (cabo): é a parte tubulosa e longa que se prende no
centro da face côncava da umbrela. Na extremidade livre, há um
Hipóstoma orifício que corresponde à boca (pode também funcionar como ânus).
Nematocisto Cnidocisto
Gastroderme Boca
• Tentáculos: são formações alongadas que se prendem no rebordo
Epiderme da umbrela.
Broto
• Véu ou velum: é um disco com um orifício central que se prende na
Início de
Cavidade gastrovascular margem da umbrela.
broto
Epiderme
Gastroderme Cnidocistos
PÓLIPO
Mesogleia
Cavidade gastrovascular Possui forma de tubo. Fixa-se por meio do disco basal ao substrato. O
Corpo hipóstoma constitui a região peribucal e, no centro do hipóstoma, existe a
Disco basal boca circundada de tentáculos moles.
Estrutura da hidra.
TIPOS DE CÉLULAS
Na epiderme, distinguem-se cinco células principais:  as epitélio-
-musculares (contração) e os cnidoblastos (defesa e captura de alimentos),
as intersticiais (germinativas), as secretoras de muco e as receptoras Célula epitélio-digestiva
nervosas. A gastroderme delimita uma grande cavidade digestiva
denominada gastrovascular, onde os alimentos capturados sofrem a ação Célula glandular
de enzimas digestivas secretadas por células glandulares (enzimático-
-glandulares) da própria gastroderme. A cavidade gastrovascular possui
Cnidócito
contato com o exterior por meio de um orifício denominado boca,
circundada de tentáculos moles.
Célula sensorial
Gastroderme
Em algumas hidras, como a Hydra albergans, existem associadas às células Célula intersticial
gastrodérmicas algas zooclorelas e zooxantelas que fazem simbiose. A cor Mesogleia
Célula epitélio-muscular
Epiderme
das algas é conferida ao cnidário hospedeiro. Na classe Staurozoa, existem
medusas fixas.
Principais células dos cnidários.
Existem três classes principais entre os cnidários: Hydrozoa, Scyphozoa
e Anthozoa. Entre elas, há também três tipos de pólipos: hidropólipos,
• Epitélio-musculares ou mioepiteliais – células da epiderme,
cifopólipos e antopólipos; quanto às medusas, são apenas hidromedusas e
tendo por função contração e proteção. Funcionam como musculatura
cifomedusas. A classe Anthozoa não possui medusas.
longitudinal servindo para encurtar o corpo e os tentáculos.
A B
• Epitélio-digestivas ou nutritivo-musculares – células da
Boca Tentáculo Cavidade gastrovascular
gastroderme que funcionam como musculatura circular. Contraem-se
Exumbrela
aumentando o diâmetro do corpo e reduzindo o comprimento. Podem
Mesogleia fazer fagocitose.
Haste corporal Gastroderme • Glandulares – células situadas na epiderme e na gastroderme.
Epiderme Boca
Secretam muco para a fixação do animal ao substrato e enzimas
Cavidade
digestivas para a digestão na cavidade gástrica (extracelular).
Disco basal Subumbrela
gastrovascular
• Sensoriais – células da ectoderme que recebem os estímulos e os
Tentáculo
transmitem para os neurônios do sistema nervoso difuso.
A – Forma pólipo; B – Forma medusa.
• Neurônios – formam uma rede nervosa adjacente à mesogleia e
comunicam-se com as células musculares e sensoriais.
MEDUSA
• Intersticiais – encontram-se principalmente na ectoderme e são
Possui forma de guarda-chuva e suas principais características são: indiferenciadas e pluripotentes, ou seja, podem se transformar em
• Umbrela: é a parte mais volumosa da medusa. Corresponde ao outras células: nematoblastos, brotos, células sexuais etc.
pano do guarda-chuva. A face externa é convexa e a interna, côncava • Cnidoblastos ou nematoblastos (cnidócito) – células urticantes
(exumbrela e subumbrela). que predominam nos tentáculos. São exclusivas dos cnidários e

120 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 120 22/09/2021 17:26:10


UNIDADE 4

servem para defesa e captura de alimentos. Liberam hipnotoxina ou SISTEMA DIGESTÓRIO


cnidocongestina. O contato de pessoas alérgicas a essas substâncias,
pela segunda vez, pode levar a um estado de choque anafilático e até O tubo digestório é incompleto, ou seja, apresenta somente boca, que é
mesmo à morte. circundada por tentáculos moles. A digestão é extra e intracelular.

Opérculo SISTEMA EXCRETOR


Cnidocílio
Não existe. A excreção ocorre por difusão simples (excretam principalmente
amônia).
Nematocisto
Filamento
SISTEMA RESPIRATÓRIO
Núcleo
Não existe. As trocas gasosas ocorrem via superfície do corpo, por simples
difusão, sendo a respiração aeróbia.
Filamento
SISTEMA CIRCULATÓRIO
Espícula

Nematocisto
Não existe.
Cnidocílio

Opérculo
VOCÊ SABIA

Núcleo Os cnidários são os primeiros animais com capacidade de locomoção,


apresentando movimento de contração e extensão. Nos pólipos, pode
Cnidócitos.
ser do tipo “mede-palmo” ou “cambalhota”. As medusas deslocam-
-se por jato de propulsão, que movimenta o animal no sentido oposto
ao jato.
ESTRUTURAS DE SUSTENTAÇÃO Células nervosas interligadas
A
B
Na maioria dos cnidários, não há uma estrutura de sustentação. Alguns
representantes da classe Anthozoa – como os corais pétreos, que são
formadores de recifes (encontrados no Caribe e na Austrália) – apresentam
esqueleto. Os corais pétreos têm exoesqueleto de carbonato de cálcio,
secretado pela epiderme, formando uma espécie de taça, dentro da qual
o pólipo se aloja. Alguns são solitários, mas a maioria vive em colônias.
Na costa nordestina do Brasil, também existem recifes, mas não são
coralíneos, e sim formados por arenito aglutinado devido à ação de vários A B C
organismos. São denominados recifes de pedra. Existem também corais
córneos (Corallium rubrum), que apresentam esqueleto interno formado por REPRODUÇÃO
espículas calcárias.
• Assexuada: pode ser por brotamento, estrobilização e regeneração.

FISIOLOGIA • Sexuada.
• Dioicos e monoicos.
SISTEMA NERVOSO • Fecundação interna ou externa, direta e cruzada.
É do tipo difuso. É o primeiro • Desenvolvimento externo, direto ou indireto.
grupo a apresentar arco reflexo e
• Forma larval: plânula.
células sensoriais (fotossensíveis
e estatocistos).

Protoneurônio

DIVERSIDADE ANIMAL 121

em2_bio_v1.indb 121 22/09/2021 17:26:11


UNIDADE 4

IMPORTANTE PENSE NISSO

Na reprodução de cnidários, é comum ocorrer metagênese, ou seja, Quando se encontram em condições ambientais favoráveis, as hidras
alternância de fase sexuada e assexuada de reprodução. se reproduzem assexuadamente; quando as condições se tornam
As medusas são geralmente unissexuadas, ou seja, desfavoráveis, ocorre reprodução sexuada. Por que essa mudança no
têm um único sexo. A medusa macho produz os
espermatozoides e a medusa fêmea, os óvulos tipo de reprodução?

Medusas
Plânula
Entre os hidrozoários, encontram-se

Arthur Mota | Shutterstock


Éfira

Óvulo as colônias polimórficas, cuja maioria


As futuras medusas se é séssil, algumas arborescentes e
desprendem do pólipo Espermatozoides outras pelágicas, como é o caso das
Ovo
caravelas (Physalia), uma colônia
formada por pólipos e medusas
Estrobilação modificadas, e da Velella, formada
Cifístoma por pólipos modificados.

CLASSIFICAÇÃO
Caravela-portuguesa.
Os cnidários são classificados em hidrozoários, cifozoários, cubozoários,
antozoários e esturozoários. Scyphozoa ou cifozoários

Hydrozoa ou hidrozoários

V_E | Shutterstock
Richard A McMillin | Shutterstock

Existem representantes marinhos e dulcícolas, possuem formato de


pólipos, que realizam reprodução assexuada, e de medusas, que realizam
reprodução sexuada. Pode ocorrer metagênese. Ex.: Obelia. Nas Hydras
(dulcícolas), só existe a fase pólipo, mas pode ocorrer reprodução sexuada
e assexuada. A maioria é dioica e não existe larva. Na Obelia (marinha), a
fase medusoide é sexuada e existe larva, que se fixa sobre o substrato
e sofre metamorfose, originando um pólipo, o qual, por brotamento, dá
origem a uma colônia. A fase hidropólipo é duradoura e a hidromedusa é
passageira.
Cifozoários (água-viva).
Tentáculo Boca Medusas

Pólipo
A fase cifomedusa é a predominante desse ciclo em relação ao cifopólipo,
Rep
alimentador r
Broto de medusa sex oduçã
Espermatozoides que pode até não existir. As medusas de hidrozoário são pequenas, já as
uad o
Pólipo reprodutor a Zigoto medusas de cifozoários podem ter até 2 m de diâmetro. Ocorre metagênese
Gastroderme e a maioria é dioica, de fecundação externa e com desenvolvimento
Epiderme Brot Plânula indireto (larva plânula, que se fixa no substrato originando pólipo jovem –
a
asse mento
Cavidade gastrular xuad
o cifístoma). Posteriormente, o pólipo se estrobiliza (fase assexuada), origina
Medusas. medusas imaturas (éfiras), que, em seguida, originam medusas adultas.
Ex.: Aurelia aurita.
Espermatozoides Ovário
Ovo Medusas

Ovo Hydra Reprodução


Reprodução
Tentáculos Zigoto sexuada
Fêmea assexuada Espermatozoides
Broto Plânula
Macho
Hydra
Fixa-se
Estróbilo
Pólipo. Ciclo de vida da Aurelia aurita.

122 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 4

Cubozoa ou cubozoários

Cubomedusas, mais conhecidas por vespas-do-mar, diferenciam-se dos atóis. A estrutura do recife cresce verticalmente e em direção ao mar
cifozoários por apresentarem olhos complexos na sua borda tentacular. por meio do acúmulo de carbonato de cálcio, e os animais que mais
Mais comuns em oceanos tropicais, possuem cnidócitos com toxinas participam de sua construção são os corais escleractinianos. As grandes
muito potentes. Um exemplo é a vespa-do-mar (Chironex fleckeri), típica do estruturas de recifes podem elevar o nível do mar. Com o aquecimento
global, tem ocorrido um branqueamento dos corais (do inglês bleaching),
mar no norte da Austrália, cuja toxina geralmente é fatal para humanos, que se dá pela perda das algas simbióticas zooxantelas presentes nos
pois leva a uma parada cardiorrespiratória. tecidos deles. Além do aquecimento global, que pode elevar a incidência
de branqueamento, a turbidez (níveis baixos de radiação solar), os altos
níveis de radiação UV e a poluição contribuem para esse fenômeno.

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Staurozoa ou estaurozoários
Cerca de 50 espécies com representantes vivos constituem os
estaurozoários. As medusas de uma dessas ordens apresentam uma
diferença básica em relação às espécies dançantes: são fixas e vivem
agarradas a rochas ou algas, por meio de uma estrutura semelhante a uma
Vespas-do-mar. ventosa, o pedúnculo.

Anthozoa ou antozoários

Stanislav Andropov | Shutterstock


David A Litman | Shutterstock

Estaurozoário.
Anêmona.

CONFIRMANDO A TEORIA ENEM

Nessa classe, existem apenas indivíduos polipoides (antopólipos) mais 1. Os corais que formam o banco dos Abrolhos, na Bahia, podem estar
especializados que o pólipo de hidrozoários, apresentando mesogleia extintos até 2050 devido a uma epidemia. Por exemplo, os corais-
celular e cavidade gastrovascular septada, que podem ser coloniais, como -cérebro já tiveram cerca de 10% de sua população afetada pela
praga-branca, a mais prevalente da seis doenças identificadas em
o coral-cérebro, e solitários, como as anêmonas. É possível encontrar Abrolhos, causada provavelmente por uma bactéria. Os cientistas
representantes com exoesqueleto de carbonato de cálcio (coral-cérebro) atribuem a proliferação das patologias ao aquecimento global e
e outros (corais-córneos) que apresentam esqueleto interno formado por à poluição marinha. O aquecimento global reduziria a imunidade
espículas calcárias (gorgônias). Ocorre reprodução sexuada e assexuada, no dos corais ou estimularia os patógenos causadores desses males,
entanto não existe alternância de geração. Antozoários podem ser dioicos trazendo novos agentes infecciosos.
FONTE: FURTADO, F. Peste branca no mar. Ciência Hoje. Rio de Janeiro, v. 42, n. 251, ago. 2008.
ou monoicos e a fecundação pode ser interna (cavidade gastrovascular) ou (Adaptado).
externa. O desenvolvimento é indireto: forma-se uma larva plânula que se
A fim de combater a praga-branca, a medida mais apropriada,
fixa no substrato e dá origem a um novo pólipo.
segura e de efeitos mais duradouros seria
a) aplicar antibióticos nas águas litorâneas de Abrolhos.
b) substituir os aterros sanitários por centros de reciclagem de lixo.
c) introduzir nas águas de Abrolhos espécies que se alimentem da
SAIBA MAIS
bactéria causadora da doença.
d) aumentar, mundialmente, o uso de transportes coletivos e
Recifes de corais são formações rochosas calcárias que servem de diminuir a queima de derivados de petróleo.
sustentação a plantas e animais marinhos. Alguns organismos dos e) criar uma lei que proteja os corais, impedindo que mergulhadores
recifes depositam carbonato de cálcio, que leva à formação dos recifes. e turistas se aproximem deles e os contaminem.
Os recifes coralinos encontram-se em mares tropicais, com águas rasas,
claras e com temperatura média de 20 a 28 °C, os quais permitem A redução da queima de combustíveis fósseis reduz o efeito estufa.
a entrada da luz necessária às algas zooxantelas para a realização da
fotossíntese. Os principais tipos de recifes são de franja, em barreira e Alternativa correta: d.

DIVERSIDADE ANIMAL 123

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FRENTE II
UNIDADE 4

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas abaixo: Assinale a alternativa correta.

a) Os cnidários são os primeiros , ou seja, apresentam a) O animal A apresenta simetria bilateral e é celomado.
tecidos verdadeiros.
b) O animal B apresenta simetria radial e é celomado.
b) Analisando as características embriológicas, podemos afirmar
que os cnidários têm dois folhetos embrionários, ou seja, são c) O animal A apresenta simetria radial e é acelomado.
.
d) O animal B apresenta simetria bilateral e é acelomado.
c) Possuem tubo digestório, são , porém o tubo
digestório apresenta somente boca, é , a digestão 3. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
é e .
Turritopsis dohrnii é uma espécie de hidrozoário conhecida atualmente
d) Os cnidários apresentam uma célula urticante, , como “água-viva imortal”. Seu curioso ciclo de vida foi descoberto
utilizada na defesa e captura de alimento. em 1988 por Christian Sommer, um biólogo marinho alemão.
Sommer manteve espécimes de Turritopsis dohrnii no laboratório e,
e) Seu corpo é e sua simetria é .
após vários dias, notou que os animais estavam se comportando
f) Nos , a boca localiza-se na parte superior; nas de uma maneira muito peculiar [...] eles se “recusavam” a morrer.
, a boca está na parte inferior. Aparentemente, eles estavam revertendo o envelhecimento e
rejuvenescendo progressivamente, até alcançarem seu estágio
g) Não existe esqueleto, exceto nos , como inicial de desenvolvimento, ponto em que novamente iniciavam seu
, que apresentam um formado por ciclo de vida. Em 1996, os cientistas descreveram como a espécie
. pode se transformar novamente em um pólipo a partir da fase de
medusa. Um dos cientistas comparou a água-viva a uma borboleta
h) O sistema nervoso é , não existe cabeça, são
que pudesse novamente se tornar uma lagarta. Hoje sabemos que o
.
rejuvenescimento de Turritopsis dohrnii é desencadeado por estresse
i) As medusas que apresentam véu são denominadas ambiental ou agressão física. Essas descobertas apareceram para
e as que não apresentam, . desbancar a lei mais fundamental da natureza – “você nasce e então
você morre”.
j) Não existe sistema , por isso o tubo digestório é
FONTE: RICH, N. Can a Jellyfish Unlock the Secret of Immortality? In: The New York Times. nov. 2012.
muito desenvolvido. Disponível em: <http://www.nytimes.com/2012/12/02/magazine/can-a-jellyfish-unlock-the-secretof-
immortality.html?pagewanted=all&_r=0>. Acesso em: 18 jun. 2014. (Adaptado).
k) A reprodução pode ser ou . É
possível ocorrer alternância de ou .

l) Existem cinco classes: , ,


, e .

m) Na classe , a forma pólipo domina a forma medusa.

n) Na classe , só existe a forma pólipo.

o) A caravela é um exemplo de polimórfica.

2. (Unicamp-SP) O estudo do desenvolvimento embrionário é importante


para se entender a evolução dos animais. Observe as imagens abaixo.

FONTE: <http://biodidac.bio.uottawa.ca/thumbnails/filedet.htm/File_name/scyp001b/File_type/gif>. Acesso


em: 18 jun. 2014. (Adaptado).

O esquema acima ilustra o ciclo de vida de uma água-viva.

a) Utilizando as letras do esquema, determine as etapas que

124 DIVERSIDADE ANIMAL

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FRENTE II
UNIDADE 4

podem se reverter em situações de estresse ambiental durante 5. (CN-RJ) Assinale a opção em que todas as características descritas
a vida de um indivíduo de Turritopsis dohrnii e justifique usando as pertencem aos Cnidários.
informações do texto.
a) São animais que não possuem tecidos definidos nem órgãos e
sistemas. Apresentam orifícios em todo o corpo, pelos quais a
água penetra. O interior do corpo forma uma cavidade chamada
de átrio, que é revestida por células denominadas coanócitos. São
exclusivamente aquáticos.
b) Apresentam o corpo achatado dorsoventralmente. Possuem um
tubo digestório incompleto, com apenas uma abertura: a boca,
por onde ingerem os alimentos e eliminam as fezes. Alguns vivem
adaptados à vida parasitária e não apresentam o tubo digestório.
b) Embora, entre os animais, o ciclo de vida ilustrado ocorra apenas
c) Corpo com uma abertura única: a boca, que fica em contato
no filo Cnidaria, entre os vegetais, como os musgos (Bryophyta),
com uma cavidade gastrovascular. Apresenta, dentre as células
um tipo de ciclo de vida semelhante a este é comum. Entre os epidérmicas, células especializadas com uma cápsula, o
cnidários e os musgos, existem diferenças marcantes em relação nematocisto, que contém líquido urticante e auxilia na obtenção
ao teor cromossômico das células em cada fase dos ciclos e, de alimentos.
também, em relação ao tipo de divisão celular responsável pela
produção de gametas. Explique essas diferenças. d) São animais de corpo mole; dividido em cabeça, massa visceral
e pé; geralmente protegido por uma concha calcária. A massa
visceral é recoberta pelo manto, onde existem glândulas que
fabricam a concha calcária.
e) São animais de corpo longo e cilíndrico, afilado nas extremidades.
Possuem tubo digestório completo, com boca e ânus. Muitas
espécies são de vida livre, vivendo em ambientes aquáticos ou
terrestres, e muitas são de vida parasitária.

6. (Uema)
A Grande Barreira de Corais da Austrália é a maior faixa de corais
do mundo com 2 300 quilômetros de comprimento e largura variando
de 20 a 240 quilômetros, podendo ser vista do espaço. É a maior
4. (UFG-GO) Leia o texto a seguir. estrutura do mundo feita unicamente por milhões de organismos
vivos. É situada entre as praias do nordeste da Austrália e Papua-
Em 2008, foi constatado que, desde 1950, o planeta perdeu, -Nova Guiné. A Barreira de Corais da Austrália comporta uma grande
efetivamente, 19% da área de recifes de coral em consequência da biodiversidade e é considerada um dos patrimônios mundiais da
ação antrópica. Esses ecossistemas são formados por associação humanidade.
simbiótica entre antozoários e zooxantelas que vivem em uma faixa Disponível em: <http://kabanamaster.com/os-10-lugares-mais-lindos-do-mundo/>. Acesso em: 20 set.
estreita ao longo do gradiente oligotrófico (oceânico)/eutrófico 2013. (Adaptado).

(estuários, poluição). a) Para a formação desse magnífico ecossistema, é necessária a


Disponível em: <http://cebimar.usp.br>. Acesso em: 5 set. 2013. (Adaptado). importante participação de que invertebrados polipoides?
O aumento do gradiente eutrófico coloca em risco essa interação, pois

a) aumenta a incorporação de carbonato de cálcio.

b) diminui a demanda bioquímica de oxigênio.


b) Explique como ocorre o processo de construção dessas barreiras.
c) aumenta a incidência da radiação solar.

d) diminui a taxa fotossintética.

e) diminui a turbidez da água.

DIVERSIDADE ANIMAL 125

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FRENTE II
UNIDADE 4

126 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE

5 DIVERSIDADE ANIMAL

Nos próximos filos do reino animal, estudaremos aqueles que apresentam simetria bilateral, mesmo que apenas durante a fase larval, como no caso dos
equinodermos. Nesses grupos, um único corte, sagital ou mediano, divide o animal em partes simétricas ou imagens-espelho (metade direita e esquerda). Com
relação à simetria bilateral, observam-se as organizações dos neurônios em cordões longitudinais e a concentração dos receptores sensoriais na extremidade
anterior do corpo. A maioria dos bilatérios tem tecidos e órgãos derivados da mesoderme. Isso leva ao desenvolvimento de compartimentos extracelulares
e possibilita uma especialização fisiológica. Os animais bilatérios também são tripoblásticos e a maioria tem tubo digestório completo. Uma das diferenças
entre os bilatérios e os cnidários é que aqueles apresentam um alto grau de evolução do sistema nervoso. Por isso, é possível afirmar que a cefalização está
associada ao desenvolvimento dos bilatérios.
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Simetria bilateral no macaco. Simetria bilateral no camarão. Simetria bilateral no besouro.

FILO PLATELMINTOS porque, nesse filo, são encontradas verminoses, como a esquistossomose,
que em muitos lugares, inclusive no Brasil, tem debilitado pessoas e até
(PLATYHELMINTHES) provocado mortes. As evidências moleculares sugerem que existem três
clados de animais com simetria bilateral: Lophotrochozoa, Ecdysozoa e
INTRODUÇÃO Deuterostomia. Os Platelmintos são lofotrocozoários e há por volta de
20 mil espécies. Neste capítulo, serão estudados esses vermes.
O filo Platelmintos inaugura uma novidade: a simetria bilateral. A partir
desse filo, é possível encontrar uma cefalização e uma organização
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ganglionar e ventral do sistema nervoso. Os animais pertencentes a


ele são hiponeuros. Dentre os filos que serão estudados nesta unidade,
o dos Platelmintos é o primeiro filo de vermes (vermes achatados).
Os demais são os dos Nematelmintos (vermes em forma de fio) e dos
Anelídeos (vermes cilíndricos segmentados em anéis). Talvez esse seja
o filo entre os três que apresente os mais monstruosos e significativos
vermes no contexto de saúde pública. Monstruosos pelo tamanho, que
podem ultrapassar dez metros, e significativos para a saúde pública Tênia-do-porco.

DIVERSIDADE ANIMAL 127

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UNIDADE 5

CARACTERIZAÇÃO SUSTENTAÇÃO E LOCOMOÇÃO


Vermes bilaterais, achatados no sentido dorsoventral (platys = chato; Não têm esqueleto e apresentam musculatura lisa desenvolvida, formando
helminthes = vermes), cujo corpo tem forma de lâmina ou fita. São vermes uma estrutura denominada tubo dermomuscular. São três as camadas de
eumetazoários (com tecidos verdadeiros), enterozoários (com tubo fibras musculares: circular, longitudinal e dorsoventral. A movimentação
digestório) e neuromiários (com tecido nervoso e muscular). O tamanho não é rápida, pois a musculatura é lisa.
do corpo varia de poucos milímetros até metros. Nesse grupo, encontra-se
cabeça diferenciada do corpo (cefalização), assim como uma extremidade
FISIOLOGIA
posterior (caudal). São vermes assegmentados. Podem ser de vida livre
ou parasitas. Dividem-se em quatro principais classes: turbeláreos, Sistema digestório
trematódeos, cestoides e monogêneos. O tubo digestório é incompleto (somente boca), exceto nos cestoides,
que não apresentam tubo digestório. Essa estrutura é ramificada para
Monogêneos são um grupo de platelmintos ectoparasitas de facilitar a digestão, a absorção e a distribuição dos nutrientes. A presença
peixes, parasitando especialmente as guelras. Podem provocar de ramificações é importante, uma vez que nesse filo não existe sistema
grandes perdas na piscicultura e apresentam uma larva de vida circulatório para distribuir nutrientes. Podem ter boca, faringe e intestino.
livre denominada oncomiracídio. A digestão é extracelular, parcialmente intracelular e extracorporal. Os
cestoides, por não apresentarem tubo digestório, são todos endoparasitas
e se alimentam de microelementos, como glicose, aminoácidos, sais
Hábitat: turbelários são aquáticos de vida livre e trematódeos e cestoides
minerais e vitaminas.
são endoparasitas.
Simetria: bilateral. Sistema circulatório
Características embriológicas: triblásticos (apresentam três folhetos Não existe. A distribuição das substâncias é feita por difusão.
embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme), acelomados (sem
celoma), protostômios (o blastóporo dá origem à boca). Sistema respiratório

ESTRUTURA, REVESTIMENTO E PROTEÇÃO Não existe. Nas espécies de vida O2


livre, ocorre respiração aeróbia, CO2
A epiderme que reveste o corpo é uniestratificada (uma camada de células). realizada por simples difusão
Nos turbelários, é ciliada, sendo recoberta por cutícula; nos trematódeos e através da epiderme. Nos para- Difusão simples CO2 e O2
cestoides podem existir ventosas ou ganchos externos para fixação. A única sitas, a respiração é anaeróbia.
Trocas gasosas por
cavidade do corpo é o tubo digestório. Entre as fibras musculares e os difusão simples.
músculos, existe um tecido de preenchimento denominado mesênquima, Sistema nervoso
que facilita a distribuição de nutrientes.
O sistema nervoso é do tipo ganglionar e ventral e são hiponeuros
Epiderme (o cordão nervoso está localizado abaixo do tubo digestório). Existe um par
Mesênquima superior de gânglios cerebroides ou um anel nervoso, dos quais partem cordões
Musculatura
Musculatura transversal
nervosos que estão interligados via comissuras. Os gânglios cerebroides
longitudinal marcam o início da cefalização no reino Animal.
Musculatura
circular Gânglios
cerebroides

Cordão nervoso

Gânglios laterais
Epiderme Glândulas Cavidade
inferior mucosas digestiva
Sistema nervoso ganglionar e ventral (hiponeuros).
Corte transversal em planária.

128 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

CLASSIFICAÇÃO
VOCÊ SABIA

Existem células epidérmicas com função tátil, termorreceptora, Classe Turbellaria (turbelários)
quimiorreceptora (aurículas das planárias) e fotorreceptora (ocelos
Apresentam corpo sem segmentações, epiderme mucosa e com cílios
das planárias). Os ocelos informam a intensidade e a direção da luz,
e não têm ganchos ou ventosas. Possuem tubo digestório com boca
mas não conseguem formar imagens.
ventral, faringe protrátil e intestino bastante ramificado. O hábitat é
preferencialmente aquático dulcícola. Apresentam várias colorações,
como cinza e preto. São animais de vida livre. Na cabeça, possuem
ocelos (fotorreceptores) e também aurículas que funcionam como
quimiorreceptores. São hermafroditas, normalmente com fecundação
Cavidade cardiovascular cruzada e desenvolvimento direto. Pode ocorrer reprodução assexuada por
Faringe e boca
laceração. Exemplos: Dugesia tigrina (planária de água doce), Convoluta
Ocelos Aurícula
henseni (planária marinha).
Sistema sensorial da planária.

Sistema excretor Região dorsal, pigmentada Região ventral, clara

São os primeiros na escala zoológica a apresentar “sistema excretor”


denominado protonefridiano. A unidade de excreção denomina-se célula-
-flama, solenócito ou protonefrídio. Essa célula retira os catabólitos e Faringe e
boca
os conduz para o exterior através de um poro que se abre na superfície
do corpo. Cabeça Olho ou Epiderme ciliada
ocelo (vista ao microscópio)

Estrutura de uma planária.

Canal excretor

Ch
Células do canal excretor
ok
sa
wa
td
Célula-flama iko
rn
|S
Núcleo hu
tte
rst
oc
k
Imagem de uma planária.
Os fluidos corporais
entram para o Poro excretor
espaço interno da
célula-flama...

...e deslocam-se para os túbulos, que se


Classe Trematoda (trematódeos)
comunicam com o poro excretor, devido
ao batimento dos cílios da célula-flama. Têm corpo sem segmentações e revestido de cutícula e não apresentam
cílios. Possuem uma ou mais ventosas para fixação e não têm ganchos.
Sistema excretor (protonefridiano). Apresentam boca anterior e tubo digestório com dois ramos. São ecto e
endoparasitas.
Sistema reprodutor Apresentam dimorfismo sexual, fecundação interna e desenvolvimento in-
direto. Exemplos: Fasciola hepa-
A maioria dos platelmintos (turbelários e cestoides) é constituída por Macho
tica e Schistosoma mansoni.
indivíduos monoicos (hermafroditas). Entre os trematódeos, como o
Schistosoma mansoni, são encontrados representantes dioicos, com Ventosa Fêmea Canal
ventral
acentuado dimorfismo sexual. As tênias apresentam autofecundação. As ginecóforo
gônadas apresentam dutos e órgãos acessórios. O desenvolvimento é direto
na maioria dos trematódeos e turbelários e indireto em cestoides. Pode
Boca Ventosa oral
ocorrer reprodução assexuada e, nas planárias, processo de regeneração
ou laceração. Casal de esquistossomos.

DIVERSIDADE ANIMAL 129

em2_bio_v1.indb 129 22/09/2021 17:26:40


UNIDADE 5

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Escólex de cestoide.

Dimorfismo sexual em trematódeos. Classe Monogenea (monogêneos)

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Classe Cestoda (cestoides)

Têm corpo alongado e dividido em três partes: escólex (cabeça), colo


(pescoço) e estróbilos (corpo). No escólex, existem ganchos ou acúleos
para fixação. O estróbilo é formado por inúmeros anéis (maioria) que
podem ser denominados proglótides. Não apresentam boca nem tubo
digestório. São obrigatoriamente endoparasitas e podem ou não ter
hospedeiro intermediário. São monoicos (hermafroditas) e realizam
autofecundação e fecundação cruzada. O desenvolvimento é indireto.
Vulgarmente, são conhecidos por tênias. Exemplos: Taenia solium, Taenia
saginata, Hymenolepis nana e Echinococcus granulosus.

Verme monogêneo, parasita de salmão.


Cabeça ou escólex
Cabeça
Taenia solium Taenia saginata Pouco mais de mil espécies são predominantemente ectoparasitas de
vertebrados aquáticos, como peixes, anfíbios e répteis. Fixam-se ao
parasitado pelo háptor, que possui ganchos e ventosas, e apresentam uma
Colo larva denominada oncomiracídio que origina um único adulto (por isso
monogêneo). O corpo é formado por cabeça tronco e háptor.
Estróbilo

Proglotes

SAIBA MAIS

Gnathostomulida é um filo muito pequeno de vermes que


são acelomados. Alguns autores acreditam que eles eram
pseudocelomados e o pseudoceloma tenha sido perdido ao longo da
história evolutiva do grupo. Têm tamanho diminuto de 0,5 a 1 mm.
O hábitat é o espaço intersticial da areia marinha, que possui pouco
oxigênio e que exala ácido sulfúrico.

IMPORTÂNCIA
Vários platelmintos são de interesse médico, como o trematódeo
Partes do corpo de uma tênia.
Schistosoma mansoni, causador da esquistossomose ou barriga-d’água, e
as tênias, causadoras da teníase. Conhecer seus processos reprodutivos
permite a prevenção das doenças.

130 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 130 22/09/2021 17:26:43


UNIDADE 5

SAIBA MAIS

Há diferenças entre a Taenia solium e a Taenia saginata. Confira a seguir.

Taenia solium Taenia saginata


Globoso Quadrangular
Escólex Com rostro Sem rostro
Com dupla fileira de acúleos Sem acúleos
Ramificações uterinas pouco numerosas, de tipo Ramificações uterinas muito numerosas, de tipo
dendrítico. Os proglotes saem passivamente com as dicotômico. Os proglotes saem ativamente no intervalo das
Proglotes fezes. Podem ser eliminadas de três a seis proglotes defecações. Contêm em torno de 80 mil ovos, sendo que um
diariamente. Cada proglote contém uma média indivíduo parasitado pode contaminar o meio ambiente com
de 30 a 50 mil ovos. cerca de 700 mil ovos por dia.
Cysticercus cellulosae Cysticercus bovis
Cisticercos
Apresenta acúleos Não apresenta acúleos
Cisticercose
Possível Não comprovada
humana
Ovo Indistinguível Indistinguível

CONFIRMANDO A TEORIA

1. (Unesp) No Brasil está largamente distribuída a espécie Schistosoma mansoni, em especial no Nordeste e no Leste. Este platelminto causa a
esquistossomose, conhecida como barriga-d’água.

a) Quais os tipos de larvas do ciclo do Schistosoma mansoni?

As larvas no verme Schistosoma mansoni são os miracídios e as cercárias.


b) Qual o destino destas larvas?

Os miracídios penetram no caramujo e as cercárias penetram no ser humano.

DIVERSIDADE ANIMAL 131

em2_bio_v1.indb 131 22/09/2021 17:26:43


UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas referentes ao filo Platelmintos: a) Caramujos Biomphalaria glabrata foram trazidos pelas enchentes,
a) São vermes achatados ___________, apresentam simetria colonizando as margens do estuário e áreas alagadas das
___________ quanto à segmentação e são ___________. residências. Cercárias presentes no ambiente penetraram no
caramujo, desenvolvendo-se até a fase adulta. O consumo de
b) Apresentam três folhetos embrionários, são ___________, caramujos do mangue levou à contaminação das pessoas.
o blastóporo dá origem à boca, são ___________ e não
apresentam celoma (___________). b) As pessoas foram infectadas diretamente pelo platelminto parasita
Schistosoma mansoni por meio da ingestão da água contaminada,
c) São os primeiros _______________ com cabeça diferenciada
durante a enchente.
do corpo.

d) Existem três classes: turbelários, que possuem vida __________ c) O estabelecimento de residências nessas áreas exigiu uma
________, trematódeos e cestoides, que são _____________. quantidade considerável de areia tanto para aterros como para
a preparação das massas utilizadas na construção. Essa areia,
e) A estrutura de sustentação é formada por músculos: _________, procedente de leitos de rios, pode ter sido o veículo que introduziu
___________ e ___________. a espécie Biomphalaria glabrata na localidade.
f) O tubo digestório apresenta somente boca, é ____________.
d) Após a enchente, o terreno das casas e a areia da praia foram
Nos cestoides, não existe tubo digestório.
infestados por Schistosoma mansoni, e o contato com a pele
g) A excreção é realizada por “sistema” protonefridiano, formado permitiu a contaminação das pessoas. A fase larval da espécie
por unidades denominadas células-________________ ou está relacionada, diretamente, à falta de saneamento básico.
_______________.
e) As larvas de Schistosoma mansoni infectaram animais domésticos,
h) Não existem sistemas ___________ e respiratório. como porcos, e as fezes, em contato com a pele humana,
permitiram a contaminação das pessoas após a enchente do Rio
i) O sistema nervoso é ___________ e ___________, são
Ipojuca.
hiponeuros.

j) Os trematódeos apresentam ___________ para fixação, e um 3. (FGV-SP) A difilobotríase é uma parasitose adquirida pela ingestão
evidente dimorfismo ___________. de carne de peixe crua, mal cozida, congelada ou defumada em
k) Os cestoides apresentam o corpo dividido em três partes: temperaturas inadequadas, contaminada pela forma larval do
__________, __________ e __________. Os turbelários agente etiológico.
apresentam um intestino __________, na cabeça apresentam
__________ (fotorreceptores) e ___________ (quimiorre- O ciclo do parasita envolve a liberação de proglotes pelas fezes
ceptores). humanas repletas de ovos, que eclodem na água e passam a se
hospedar sequencialmente em pequenos crustáceos, em pequenos
2. (UPE) peixes e, finalmente, em peixes maiores que, ao serem ingeridos nas
Pesquisadores de Pernambuco notificaram um surto de condições citadas, contaminam os seres humanos.
esquistossomose aguda na praia de Porto de Galinhas (PE) em
2000, quando 662 pessoas tiveram diagnóstico positivo. A infecção As informações descritas sobre o ciclo da difilobotríase permite notar
humana em massa ocorreu no feriado de 7 de setembro, quando semelhanças com o ciclo da
chuvas pesadas provocaram a enchente do Rio Ipojuca que invadiu as
residências. A maioria dos casos agudos foi em residentes locais que a) teníase, grupo dos platelmintos.
tiveram exposição diária às cercárias durante três semanas, até que
b) esquistossomíase, grupo dos moluscos.
as águas baixassem.
FONTE: BARBOSA, C. S. et al. 2001. Epidemia de esquistossomose aguda c) ascaridíase, grupo dos anelídeos.
na praia de Porto de Galinhas. Pernambuco, Brasil. Caderno de Saúde Pública,
Rio de Janeiro, H(3), p. 725-728, maio-jun., 2001.
d) tripanossomíase, grupo dos protozoários.
Após análise dos resultados, os pesquisadores levantaram algumas
hipóteses, sendo a mais plausível para explicar o surto a seguinte: e) filaríase, grupo dos nematelmintes.

132 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 132 22/09/2021 17:26:43


UNIDADE 5

4. (UFSJ-MG) Leia atentamente o texto abaixo, que apresenta algumas a) Sistema circulatório fechado e digestão extracelular no estômago.
informações sobre os platelmintos.
b) Sistema digestório completo e cordão nervoso ganglionar dorsal.
Os platelmintos são animais acelomados. Nesses animais, a
mesoderme preenche o espaço da blastocele, formando um c) Sistema digestório incompleto e órgãos dos sentidos ocelares.
tecido chamado mesênquima ou parênquima. Outra característica
d) Sistema nervoso central e coordenação motora para locomoção.
marcante nos platelmintos é que eles possuem o corpo achatado
dorsoventralmente. Como não existem sistemas que permitam a e) Sistema nervoso difuso e sangue com hemácias anucleadas.
circulação de substâncias, as mesmas são veiculadas por difusão
célula a célula no mesênquima.
6. (PUC-RJ) O filo Platyhelminthes inclui tanto formas de vida livre
Sobre os platelmintos, assinale a alternativa correta. como organismos endo e ectoparasitas. Platelmintos endoparasitas
a) A difusão de substâncias ocorre melhor nos animais acelomados, pois se caracterizam por
ocorre difusão célula a célula no mesênquima. Assim, o achatamento a) ausência de cutícula, de tubo digestório e de ocelos.
do corpo facilita a difusão, pois o volume (V) do corpo pode ser mantido
mesmo com um crescimento inferior ao da superfície (S). b) ausência de cutícula, presença de ganchos e ventosas e de
estágios larvais.
b) A ausência de um sistema de circulação não pode ser um limitante para c) presença de cutícula, de ganchos e ventosas e de estágios larvais.
o tamanho corporal. O aumento do tamanho corporal (T) observado nos
platelmintos maiores só está relacionado ao modo de vida dos mesmos e d) presença de cutícula, ausência de tubo digestório, presença de
independe de fatores, tais como o crescimento da superfície do corpo (S) ocelos no estágio adulto.
em relação ao volume (V), mesmo porque o achatamento do corpo é uma e) presença de tubo digestório completo, com boca e ânus.
especialização para o modo de vida parasitário.
7. (UEL-PR) O grupo dos platelmintos é caracterizado pelo aparecimento,
c) A ausência de um sistema de circulação pode ser um limitante para pela primeira vez na escala zoológica, da simetria bilateral. Com base
o tamanho corporal. O aumento do tamanho corporal (T) observado nos nesse fato, assinale a alternativa que apresenta as características
platelmintos maiores só foi possível pela compensação do crescimento que, durante a evolução destes animais, surgiram associadas ao
da superfície do corpo (S) em relação ao volume (V), propiciada pelo aparecimento da simetria bilateral.
achatamento do corpo. Isso acontece porque a superfície (S) sempre
crescerá a uma razão S2 e o volume a uma razão V3. a) Aparecimento do ânus e de células-flama.

b) Aparecimento da boca e maior dimensão do corpo.


d) O achatamento do corpo dos platelmintos é resultante de um
crescimento desigual da superfície do corpo (S), que cresce a uma razão c) Aparecimento da cefalização e movimentação direcional do corpo.
S3, e do volume do mesênquima (V), que tende a crescer a uma razão V2. O
achatamento resultante facilita a difusão, pois reduz as distâncias entre a d) Aparecimento da mesoderme e da cavidade gastrovascular.
parede do corpo e as células do mesênquima e do intestino. e) Aparecimento de digestão intracelular e melhor captura de presas.
5. (UEL-PR) A figura mostra um modelo de organismo com simetria
bilateral. Nos grupos animais, o aparecimento da bilateralidade está
associado às seguintes características morfofisiológicas:

Estudo Homem Vitruviano,


Leonardo da Vinci, 1490.

DIVERSIDADE ANIMAL 133

em2_bio_v1.indb 133 22/09/2021 17:26:44


UNIDADE 5

FILO NEMATELMINTOS OU NEMATÓDEOS (NEMATELMINTHES OU NEMATODA)

INTRODUÇÃO
Um filo cosmopolita, assim seria possível definir os nematódeos, pois são encontrados principalmente nas águas, mas também em solos, dentro de plantas
e em líquidos corporais de animais. O corpo desses seres é recoberto por uma cutícula dura, e eles necessitam fazer mudas ou ecdises. Isso leva a crer, pela
evidência molecular, que eles fazem parte de um grande grupo que também inclui artrópodes, os chamados Ecdisozoários. Acredita-se que existam por volta
de 25 mil espécies, mas esse número seguramente é muito menor do que o real. No passado, os nematódeos foram incluídos em um grande filo denominado
Asquelmintos, que apresentava seis classes: Kinorhyncha, Loricifera, Nematomorpha, Chaetognatha, Rotiphera e Nematoda. Atualmente, cada uma dessas
classes é estudada como um filo à parte. Nematódeos são vermes em forma de “fio”, ou seja, são cilíndricos. Neste capítulo, é possível avaliar as principais
características deles e a sua importância na saúde pública.

CARACTERIZAÇÃO
São vermes cilíndricos assegmentados ou não metamerizados, eumetazoá-

Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock


rios, neuromiários e enterozoários. Atualmente, a maioria dos zoólogos
estuda a antiga classe dos nematódeos que pertencia ao filo Asquelmintos co-
mo filo isolado. Podem ser microscópicos ou atingir em torno de 1 metro de
comprimento. Entre muitas diferenças que ocorrem com os platelmintos, os
nematódeos têm forma cilíndrica e não apresentam cílios e ventosas, tendo co-
mo característica mais importante a presença de tubo digestório completo
(com boca e ânus).
• Hábitat: possuem variados hábitats, podendo ter vida livre na água e no
solo; alguns são parasitas de plantas e animais, inclusive do ser humano.
• Simetria: bilateral.
Ascaris lumbricoides: verme cilíndrico ou assegmentado.
• Características embriológicas: triblásticos (apresentam três folhetos
embrionários: ectoderme, mesoderme e endoderme), pseudocelomados
(falso celoma: celoma formado entre a mesoderme e a endoderme) e
protostômios (o blastóporo dá origem à boca).

Boca Boca
Cordão nervoso dorsal
Cutícula Poro
Musculatura excretor Faringe
Epiderme

Ovário Intestino Vagina


Canal Canal
excretor Úteros
excretor

Útero com ovos Pseudoceloma Intestino

Cordão nervoso ventral

Ovários
Espículas
peniais Cloaca
Nematódeo: corte transversal (A) e
tubo digestório completo (B e C).

134 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 134 22/09/2021 17:26:48


UNIDADE 5

ESTRUTURA, REVESTIMENTO E PROTEÇÃO


O corpo apresenta-se revestido externamente de uma cutícula rica em Boca
Faringe Intestino Cutícula
fibras colágenas, elástica e flexível, acelular e secretada pela epiderme,
que é de natureza sincicial. Placa
retrátil Ovário Ânus
Espécies que vivem no solo possuem cutícula que protege o corpo do cortante Anel
nervoso
animal do atrito com as partículas do sedimento. Espécies parasitas
possuem cutícula que as protege das enzimas digestivas e de outros Anatomia dos nematódeos.
produtos do corpo do hospedeiro.
Sistema circulatório
SUSTENTAÇÃO E LOCOMOÇÃO
Não existe. O alimento absorvido é transportado pelo líquido do
Não apresentam esqueleto. O líquido que preenche o pseudoceloma
pseudoceloma.
pode ser considerado esqueleto hidrostático, que auxilia o deslocamento.
Existe um tubo músculo-dermático, formado pela epiderme e pelas fibras
Sistema respiratório
musculares longitudinais, que permite aos nematódeos movimentos de
flexões do corpo. As células musculares são longas e fusiformes e contêm Não existe. Nos seres de vida livre, as trocas ocorrem por difusão através
fibrilas contráteis. do tegumento. Nos endoparasitas, a respiração anaeróbia está presente,
mas pode ser facultativa.

SAIBA MAIS Sistema excretor

No nematódeo Ascaris lumbricoides, a pressão interna no repouso é É formado por uma única célula gigante denominada túbulo em H ou
de 70 cm de água e chega a 400 cm quando o animal se locomove. renetes. Em alguns nematódeos, o túbulo não apresenta canais laterais: é
Essas pressões elevadas são mantidas, com economia de energia, um túbulo simples. Pode-se chamar o túbulo em H de protonefrídio.
pela existência, ao longo do corpo do animal, de uma musculatura
longitudinal. Faringe Células
glandulares
Duto da
célula
Duto
FISIOLOGIA
Célula
Sistema digestório Poro excretora
excretor
Poro da
Apresentam sistema digestório com tubo completo (boca e ânus ou cloaca) célula
Canal excretor
em extremidades opostas do corpo. A digestão é extracelular. Na boca, Sistema excretor dos nematódeos.
podem existir papilas ou lábios. Em alguns, existe uma cápsula bucal com
dentes ou lâminas cortantes. Sistema nervoso
Existe um anel periesofagiano do qual partem seis a oito cordões nervosos,
Kateryna Kon | Shutterstock

que percorrem o corpo longitudinalmente. Deles, saem fibras nervosas que


inervam os órgãos. Não existem órgãos sensoriais especializados, apenas
células esparsas na epiderme.
Anel periesofágico
(gânglios nervosos) Nervo dorsal
Faringe Cutícula
Nervo ventral
Renete
Testículo

Ânus

Cabeça de Ancylostoma duodenale.


Sistema nervoso dos
nematódeos.

DIVERSIDADE ANIMAL 135

em2_bio_v1.indb 135 22/09/2021 17:26:50


UNIDADE 5

CLASSIFICAÇÃO
SAIBA MAIS

Classe Secernentea ou Phasmida


O sistema sensorial é pouco desenvolvido. Podem existir lábios ou
papilas sensoriais ao redor da boca; cerdas sensoriais, que prevalecem Apresentam anfídeos labiais, aberturas em forma de poro ou fenda e
na cabeça, mas podem ser encontradas por toda a superfície corporal fasmídeos. Sistema excretor tubular. Cutícula com duas a quatro camadas,
e servem para mecanorrecepção; anfídios, que são invaginações em estriadas. Esôfago variado com três glândulas esofágicas. Papilas
fundo cego da cutícula com função de quimiorrecepção; fasmídios, sensoriais cefálicas e caudais somente em alguns machos. Exemplos:
que são glândulas unicelulares que se abrem separadamente em Ascaris, Enterobius e Wuchereria. Estão inseridas nessa classe oito ordens.
cada lado da cauda, tendo por função quimiorrecepção; e ocelos em
algumas formas aquáticas, com função de fotorrecepção.

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Sistema reprodutor

Os nematódeos são animais de sexos separados (dioicos) com dimorfismo


sexual (macho diferente da fêmea): os machos são menores e apresentam
espículas penianas. A fecundação é interna e a maioria é ovípara. As
fêmeas põem muitos ovos, que são revestidos de quitina (o que aumenta
a resistência) e apresentam desenvolvimento direto e indireto. As larvas
Ascaris lumbricoides.
passam por ecdises (mudas). Não existe reprodução assexuada entre
nematódeos.
Classe Adenophorea ou Aphasmida
Presença de anfídeos pós-labiais de formas variáveis e fasmídeos ausentes.
Possuem sistema excretor simples, não tubular, células glandulares e
papilas sensoriais cefálicas e ao longo do corpo. A maioria é de vida livre e
SAIBA MAIS aquática, tanto de água doce como oceânica. Uma parte das espécies é do
solo, outra parte de parasitas animais e alguns de vegetais. No total, são
O Ascaris lumbricoides é um parasita do intestino humano. As fêmeas 12 ordens. A subclasse Enoplia pode ser de vida livre e parasita, terrestre,
podem colocar até 200  mil ovos por dia, que são eliminados nas marinha e eventualmente de água doce. A subclasse Chromadoria tem
fezes e ingeridos por um novo hospedeiro por meio de água ou de seres de vida livre, sendo a maioria marinhos.
alimentos contaminados. A infecção provoca dor abdominal, vômitos,

olgaru79 | Shutterstock
diarreia e peritonite.

Linha lateral Fêmea


Poro excretor
Boca Poro genital feminino Ânus

Boca

Lábios
Macho 
Linha lateral
Trichinella spiralis.
Espículas
Poro Cloaca
Boca copulatórias
excretor
IMPORTÂNCIA

Dimorfismo sexual em nematódeos.


No filo Nematoda, encontram-se muitos parasitas que afetam o ser
humano, como o Ascaris lumbricoides e o Ancylostoma duodenale. Conhecer
esses vermes e a forma de reprodução permite a prevenção de doenças.
Também são comuns muitos parasitas de plantas. Os nematódeos de vida
livre são decompositores, como o Caenorhabditis elegans.

136 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 136 22/09/2021 17:26:55


UNIDADE 5

EXERCÍCIOS
CONFIRMANDO A TEORIA EXERCÍCIOS

1. (Unicamp-SP) Animais triploblásticos podem ser acelomados, 1. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas abaixo sobre o filo Nematoda.
pseudocelomados ou celomados. Considere o esquema a seguir
do corte transversal de um embrião e faça o que se pede. a) São vermes ___________, de corpo ___________ e simetria
___________.

b) Apresentam três folhetos embrionários, são ___________ e


possuem uma cavidade formada entre a endoderme e a mesoderme
denominada ___________.

c) Existe somente musculatura ___________ e uma cutícula


elástica e ___________, secretada pela epiderme.

d) Para sustentação, apresentam um líquido que preenche o


a) Qual dos três níveis de organização está representado?
pseudoceloma denomidado ________________.
Justifique.

Pseudocelomado, porque apresenta cavidade corpórea (III) e) São os primeiros a apresentar tubo digestório ___________,
parcialmente revestida de mesoderme (II), o espaço fica com boca e ___________.
entre a meso e a endoderme.
f) Não existem sistemas ______________ e _____________.
b) O que está indicado por I, II, III e IV?

I – ectoderme, II – mesoderme, III – pseudoceloma e g) Realizam excreção através dos túbulos em ___________, um
IV – endoderme. sistema protonefridiano.

h) Normalmente existe _______________ e o macho é diferente


da fêmea.

2. (Uece) O Ascaris lumbricoides é causador da verminose mais difundida


no mundo: a ascaridíase. Sobre esses vermes, pode-se afirmar
corretamente que

a) possuem coloração que varia entre o branco e o amarelado, corpo


liso e brilhante, alongado e achatado.

b) os machos são maiores do que as fêmeas e apresentam a extremidade


posterior do corpo fortemente encurvada para a face ventral.

c) a intensidade das alterações provocadas independe do número de


larvas presente no hospedeiro e mesmo as pequenas infecções
causam sintomas graves, como lesões hepáticas e perfuração de
órgão, levando à morte.

d) em consequência de sua elevada prevalência e de sua ação


patogênica, esse verme pode ser considerado uma das causas do
subdesenvolvimento nutricional de grande parte da população de
países subdesenvolvidos.

3. (Fuvest-SP) O nematelminto Ascaris lumbricoides (lombriga) é um


parasita que provoca graves danos à saúde humana.

DIVERSIDADE ANIMAL 137

em2_bio_v1.indb 137 22/09/2021 17:26:55


UNIDADE 5

a) Quantos hospedeiros o Ascaris lumbricoides tem durante seu ciclo 5. (Unifesp)


de vida?
Cantiga para adormecer Lulu
Lulu, lulu, lulu, lulu,
b) Em que fase de seu ciclo de vida o Ascaris lumbricoides entra no vou fazer uma cantiga
corpo humano?
para o anjinho de São Paulo
que criava uma lombriga.
[…]
c) Em que parte do corpo humano ocorre a reprodução do Ascaris
A lombriga devorava
lumbricoides?
seu pão,
a banana, o doce, o queijo,
o pirão.
d) Que medidas podem evitar a contaminação do ambiente por […]
Ascaris lumbricoides?
Lulu, lulu, lulu, lulu,
pois eu faço esta cantiga
para o anjinho de São Paulo
que alimentava a lombriga.
FONTE: MEIRELES, C. Ou isto ou aquilo.
4. (Unicamp-SP)
No poema, a autora descreve a lombriga (Ascaris lumbricoides) no
Depois da descoberta dos restos mortais do Rei Ricardo III em um singular, como se fosse um único indivíduo, como ocorrem com as
estacionamento na Inglaterra, em 2012, e do início de um movimento solitárias (Taenia solium). Diz, também, que a lombriga devorava todo
para rever a péssima imagem do monarca – cristalizada pela peça alimento ingerido por Lulu.
Ricardo III, de Shakespeare –, um novo achado volta a perturbar sua
memória. Foram encontrados, nos restos mortais do rei, ovos de a) Lombrigas e solitárias (tênias) não pertencem ao mesmo filo
lombriga (Ascaris lumbricoides). Os ovos estavam na região intestinal animal. Ao comparar o processo digestivo das lombrigas e
do rei e não foram encontrados em nenhum outro local dos restos da solitária, constata-se que o mais parecido com o dos seres
mortais e nem em torno da ossada. humanos é o das lombrigas. Que características do filo das
lombrigas e do filo da solitária permitem tal constatação?
FONTE: Folha de S.Paulo, Caderno Ciência, edição online, 4 set. 2013. (Adaptado).

a) Os Ascaris lumbricoides até os dias de hoje causam problemas


graves, principalmente em crianças desnutridas. Qual é a forma de
transmissão desse parasita ao homem e como podemos evitá-lo?

b) Em geral, o alimento do hospedeiro já chega digerido até a lombriga


e a solitária. Uma vez ingeridos, de que maneira os nutrientes são
distribuídos a todas as partes do corpo desses animais?
b) Os Ascaris lumbricoides são nematódeos que possuem sexos
separados. É possível uma pessoa ter vermes de apenas um sexo?
Justifique.

138 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 138 22/09/2021 17:26:55


UNIDADE 5

6. (UFF-RJ) A ascaridíase e a ancilostomose, causadas respectivamente 8. (Udesc) Assinale a alternativa correta, quanto aos poríferos, cnidários,
pelo Ascaris lumbricoides e pelo Ancylostoma duodenale, são platelmintos e nematelmintos.
consideradas parasitoses intestinais. No entanto, essas parasitoses
podem também causar lesões pulmonares. a) As esponjas pertencem ao filo dos poríferos. Possuem constante
movimentação através de cílios e apresentam digestão
a) Considerando o ciclo desses parasitas, explique por que eles são
exclusivamente extracelular.
capazes de causar lesões pulmonares.
b) As águas-vivas e as anêmonas pertencem ao filo dos cnidários.
Apresentam digestão intracelular (células digestivas) da
gastroderme e extracelular no tubo digestório incompleto, pois
não têm ânus.

c) Os Ascaris lumbricoides são vermes que pertencem ao filo dos


platelmintos. Possuem corpos achatados com simetria bilateral
e sua digestão é incompleta, pois não têm ânus.

d) A Taenia saginata é um verme pertencente ao filo dos nematelmintos,


pois seu corpo é achatado com simetria bilateral. Sua digestão é
b) Cite um método profilático para prevenir cada uma dessas completa, pois tem ânus.
parasitoses e justifique a eficácia do método citado.
e) Os corais pertencem ao filo dos poríferos. Possuem corpos com
esqueleto calcário e sua digestão é completa, pois têm ânus.

9. (Ufpa) Várias espécies de helmintos são agrupadas dentro do filo


Nematoda, ou vermes cilíndricos. As principais novidades evolutivas
que surgiram nesse filo, em comparação com os vermes achatados
(Platelmintos), foram

a) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade interna


chamada pseudoceloma; e o sistema digestório completo.
7. (UEM-PR) A presença de uma cavidade corporal interna nos animais é
uma importante característica evolutiva. b) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade interna
chamada celoma; e o sistema circulatório fechado.
Sobre as vantagens que essa cavidade oferece, assinale o que for
correto. c) a presença de três folhetos germinativos; ausência de cavidade
interna; e o sistema digestório completo.
(01) Possibilita o transporte de nutrientes e de excretas e a proteção
dos órgãos internos. d) a presença de dois folhetos germinativos; uma cavidade interna
chamada pseudoceloma; e o sistema digestório completo.
(02) Permite uma melhor acomodação dos órgãos internos e fornece
sustentação ao animal. e) a presença de três folhetos germinativos; uma cavidade interna
chamada celoma; e o sistema digestório completo.
(04) Organiza o corpo em segmentos iguais e melhora a flexibilidade.

(08) Possibilita o crescimento dos órgãos internos e a cefalização.

(16) Facilita a distribuição dos nutrientes e o acasalamento.

Total:

DIVERSIDADE ANIMAL 139

em2_bio_v1.indb 139 22/09/2021 17:26:55


UNIDADE 5

FILO MOLUSCOS (MOLLUSCA) com concha, concentra-se a maioria dos órgãos. Existem moluscos
com milímetros e moluscos até com metros, como a lula-gigante
Architeuthis sp., que mede mais de 15 metros.
INTRODUÇÃO • Hábitat: moluscos podem viver em ambientes aquáticos, dulcícolas
Os moluscos constituem um grupo muito bem-sucedido na natureza. ou marinhos, e em ambientes terrestres.
Ocupam vários ambientes e exibem hábitos de vida bastante diversificados. • Simetria: bilateral, forma do corpo pouco ovoide.
Há diversos representantes: caracóis, lulas, ostras e muitos outros,
• Características embriológicas: triblásticos (possuem três
especialmente marinhos. Moluscos são animais de corpo mole e a maioria
apresenta uma concha secretada pelo manto. Existem aproximadamente folhetos), celomados (esquizocelomados) e protostômios.
93 mil espécies. Fazem parte de um clado denominado lofotrocozoários
por apresentarem uma larva trocófora. Muitos moluscos possuem grande

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relevância ao ser humano, pois servem de alimento, como é o caso do
escargot, das lulas e dos polvos. Outros representam pragas, como lesmas e
caracóis, para a agricultura. Há também a importância médica, pois alguns
são hospedeiros de parasitos, como Biomphalaria glabrata, hospedeiro da
larva do Schistosoma mansoni, causadora da esquistossomose. Você será
convidado a se deslumbrar com a diversidade que existe no filo Moluscos.
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Lula.

ESTRUTURA, REVESTIMENTO E PROTEÇÃO


A epiderme é simples e com células mucosas geralmente ciliadas. A que
recobre a massa visceral é denominada pálio ou manto, que é responsável
por secretar a concha. A cavidade palial é o espaço compreendido entre o
manto e a superfície do corpo, local onde se aloja o aparelho respiratório
Molusco.
dos moluscos. Na epiderme, podem existir cromatóforos, os quais são
responsáveis pela mudança de cor.
VOCÊ SABIA
SUSTENTAÇÃO E LOCOMOÇÃO
A parte da biologia que se dedica aos estudos dos moluscos é
A concha calcária (CaCO3 + conchiolina) é o esqueleto incompleto dos
denominada malacologia.
moluscos. Animais cuja concha externa possui uma peça são chamados
de univalves; aqueles que possuem duas peças são conhecidos como
bivalves. Existem moluscos, como a lula, que apresentam uma concha
CARACTERIZAÇÃO interna denominada pena; outros, como polvos e lesmas, não apresentam
É o segundo maior filo, ficando atrás somente dos artrópodes, com mais conchas. A locomoção (rastejar, cavar ou nadar) é feita pelo pé musculoso.
de 58 mil espécies vivas descritas e cerca de 35 mil espécies fósseis Nos polvos e lulas, os tentáculos e a presença de jato propulsor via sifão
conhecidas. Existem muitas formas que vivem em diferentes hábitats. facilitam a rápida locomoção.
Entre os moluscos, destacam-se mariscos, lulas, ostras, caracóis, lesmas, A concha nos univalves diferencia-se em algumas partes:
entre outros. São eumetazoários, neuromiários e enterozoários. O
• Ápice – extremidade superior.
corpo dos moluscos é mole e assegmentado, sendo dividido em cabeça,
pé e massa visceral. Nas classes Anfineura, Gastrópoda e Cefalópoda, a • Base – extremidade inferior (larga).
cabeça é bem diferenciada; já nas classes Escafópoda e Pelecípoda, não
• Perístoma – abertura da concha.
é diferenciada. O pé é uma massa muscular ventral usada como órgão
locomotor ou fixador e cavador. Na massa visceral, normalmente coberta • Columela – eixo calcário em torno do qual a concha se enrola.

140 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 140 22/09/2021 17:26:59


UNIDADE 5

Ligamento
Anterior Dentes
laterais Adutor
Umbo posterior
Dentes
cardinais
Umbo

Ligamento

Anterior Posterior
Valva Valva
esquerda direita

Sinus
Posterior Linha palial
Adutor palial
anterior
Partes das conchas.

FISIOLOGIA
vvoe | Shutterstock

Sistema digestório
Presença de tubo digestório completo. Alguns moluscos, como os
pelecípodas, podem ser considerados filtradores, pois usam as brânquias
para respiração e para filtrar algas e protozoários. Já os moluscos não
filtradores podem ser herbívoros e carnívoros e apresentam uma língua
raladora, a rádula, situada na faringe. Possuem fígado como glândula
Conchas de moluscos.
anexa e a digestão é extracelular.

Nos bivalves:
Pelecípodas são um grupo que não possui rádula, uma língua raladora.
• Charneira – local de articulação.
• Ligamento elástico – une bordos, permitindo abertura.
Intestino Concha
• Músculos abdutores – prendem as valvas e permitem o fechamento. Estômago
Manto
Massa
As conchas apresentam três camadas: visceral Ânus
Tentáculos
• Cutícula ou perióstraco.
Cabeça
• Camada prismática. Cavidade do
manto
• Camada nacarada ou lamelar formada por substâncias calcárias e Pé
Rádula Esôfago
conchiolina.
Alexey Masliy | Shutterstock

Concha
Concha Manto

Perióstraco
Camada
prismática
Pérola
Nácar
Manto Pregas do
manto
Epitélio externo
do manto Perióstraco
recém-secretado

Estrutura da concha e Moluscos bivalves são filtradores, utilizam as brânquias para trocas gasosas e para
formação da pérola. captura de alimento.

DIVERSIDADE ANIMAL 141

em2_bio_v1.indb 141 22/09/2021 17:27:05


UNIDADE 5

Sistema circulatório

É aberto na maioria dos moluscos e estes possuem sangue com pigmento hemocianina. O coração é dorsal, fica inserido na cavidade pericárdica e apresenta
dois átrios e um ventrículo.
REGIÃO Artéria Coração Cavidade
Estômago dorsal pericárdica
DORSAL
Metanefrídio

Ânus
REGIÃO
ANTERIOR
Boca Sifão exalante

Sifão inalante
Hemocela
do intestino REGIÃO POSTERIOR

Artéria do manto

Hemocela
Pé REGIÃO Hemocelas
Hemocela do pé VENTRAL Brânquia do manto
Sistema circulatório dos moluscos.

IMPORTANTE
Coração
Cavidade
pericárdica
Nos moluscos cefalópodes, o sistema circulatório é fechado. (celoma)
Nefrostoma

Nefridióporo
VOCÊ SABIA Metanefrídio

A presença do sistema circulatório possibilitou o aumento do


tamanho do animal. Embora o sistema seja aberto na maioria, a Sistema excretor de moluscos.
existência de líquido circulante dentro de vasos permite a distribuição
de nutrientes e o transporte de excretas. Sistema respiratório

A respiração pode ser branquial, cutânea e pulmonar. As brânquias ficam


Sistema excretor alojadas na cavidade paleal. Nos gastrópodes, ocorre respiração pulmo-
nar, que nada mais é do que a cavidade paleal ricamente vasculariza-
Apresenta normalmente um ou dois pares de nefrídios também denominados
da comunicando-se com o meio externo por uma abertura denominada
rins primitivos, que retiram excretas da cavidade pericárdica. Os aquáticos
pneumóstoma.
excretam amônia; os terrestres, ureia. Os dutos renais servem também
para liberação de espermatozoides.
Sistema reprodudor
Sistema nervoso Tufo apical
de cílios
A maioria apresenta sexos
O sistema nervoso é do tipo ganglionar e ventral. São hiponeuros e separados e alguns são her-
geralmente apresentam três pares de gânglios: cerebroide, pedioso e mafroditas. Pode ocorrer fe-
visceral, de onde se ramificam vários nervos. O sistema sensorial varia cundação externa e interna Boca
entre os diferentes grupos, podendo existir olhos simples, estatocistos, e desenvolvimento direto e Cinturão ciliar
células quimiorreceptoras e táteis. Nos cefalópodes, os olhos são indireto. Apresentam larvas (prototróquio)
Mesoderma Ânus
complexos; os estatocistos estão associados ao equilíbrio e se encontram trocóforas com segundo es-
no pé. tágio véliger. Larva trocófora.

142 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

CLASSIFICAÇÃO Classe Scaphopoda

São moluscos marinhos escavadores, apresentam concha cilíndrica em


Classe Monoplacophora
forma de presa, vulgarmente conhecida como “dente-de-elefante”, aberta
São moluscos primitivos; possuem uma única concha simétrica que em ambas as extremidades. Possuem pé pontiagudo, tubo digestório com
protege o corpo e o pé oval. Medem de 3 mm até 3 cm, vivem em águas rádula e pequenos tentáculos ao redor da boca. Não têm coração nem
profundas e apresentam respiração branquial e rádula. São dioicos. brânquias e respiram através do manto. São dioicos, sua fecundação é
externa e apresentam desenvolvimento indireto com larva véliger.

Torruzzlo | Shutterstock
Neopilina galatheae.

Classe Polyplacophora

Conhecidos por quítons, apresentam corpo oval bastante achatado


dorsoventralmente, recoberto por oito placas sobrepostas. Não têm olhos
e tentáculos cefálicos, a cabeça é indefinida, o manto é espesso e o pé é
chato e largo (para facilitar a adesão ao substrato). Medem de 3 mm até Scaphopoda.
40 cm e são todos marinhos. Apresentam respiração branquial e rádula.
São dioicos e com fecundação externa.
Classe Cephalopoda (pés na cabeça)
Rattiya Thongdumhyu | Shutterstock

Essa classe tem como exemplo polvos, lulas, sépias, náutilos e amonoides
fósseis. Podem ter concha interna (lula), concha ausente (polvo) e concha
Quítons são moluscos externa (náutilos). Possuem cabeça grande, olhos complexos, estatocistos
marinhos de tamanhos e sistema olfativo desenvolvido. Sua boca, circundada por oito (polvo) a
variados da classe
Polyplacophora. dez (lula) tentáculos, apresenta mandíbula e rádula. A respiração é do tipo
branquial. Nadam por meio de um jato de água. Apresentam cromatóforos
e glândula de tinta, que lhes permitem mudar de cor e, assim, camuflar-se
a fim de defender-se de predadores. O macho tem braços utilizados como
pênis. A fecundação é interna. São ovíparos e têm desenvolvimento direto.
Classe Aplacophora Exemplo: Enteroctopus dofleini (polvo).
Shiva N hegde | Shutterstock

São moluscos marinhos que vivem em grandes profundidades (até 7 mil


metros). Geralmente, medem menos de 5 mm de comprimento, têm
cabeça pouco desenvolvida e não possuem concha. O manto é revestido de
cutícula e escamas calcárias incrustadas e o corpo é vermiforme. Podem
ou não ter rádula. São hermafroditas com desenvolvimento direto ou
indireto (larva trocófora).
sciencepics | Shutterstock

Neomenia, molusco
da classe Aplacophora. Lula-gigante.

DIVERSIDADE ANIMAL 143

em2_bio_v1.indb 143 22/09/2021 17:27:15


UNIDADE 5

Tentáculos Rádula Cérebro Fígado Esôfago Rim Estômago Ceco Manto Pena
com ventosas (esqueleto
interno)

Boca
Glândula salivar Nadadeira
Ânus Poro genital Coração
Sifão exalante Bolsa de tinta Gônoda
Brânquia
Estrutura de cefalópode.

Classe Gastropoda (estômago nos pés)

É a maior e mais diversificada classe. Trata-se de animais marinhos, dul- SAIBA MAIS
cícolas e terrestres. A concha espiral é formada por uma única valva. Nas
lesmas, não há concha. Desenvolveram maior cefaliza- Em ostras perlíferas (Pteria e Pinctada), a formação de pérolas
ção, seus tentáculos têm olhos nas extre- se dá entre o manto e a concha. Tal processo ocorre quando,
midades e apresentam rádula. Os gastró- acidentalmente, corpos estranhos penetram entre o manto e a
podes aquáticos respiram por brânquias concha e, para se defenderem (resposta imunológica), as ostras
e os terrestres, por pulmões. Em al- secretam camadas de nácar, o qual forma a pérola. O ser humano
guns, as trocas são cutâneas. Os gas- pode induzir esse processo introduzindo corpos estranhos nas ostras,
Nataliia Dvukhimenna | Shutterstock

trópodes pulmonados são hermafrodi- como partes de outras ostras perlíferas (manto).
tas, apresentam ovotéstis (glândula que
Keitma | Shutterstock

forma espermatozoides e óvulos), a fecunda-


ção é cruzada e interna e o desenvolvimento é
direto. Exemplo: Biomphalaria glabrata.
Gastrópode. Ostra com
pérolas.

Classe Pelecypoda (pé em forma de machado) ou bivalve

Nessa classe, encontram-se os animais marinhos e dulcícolas, como


ostras, mariscos e mexilhões, e existe um pelecípoda denominado
Teredo  sp. que vive dentro de pedaços de madeira. Têm concha com
duas valvas que se fecham pela atuação dos músculos abdutores. CONFIRMANDO A TEORIA
Não possuem cabeça diferenciada, nem rádula, são filtradores e têm
tiflossole no intestino para aumentar a absorção. Possuem estatocistos, 1. (UFPR-Litoral) O caramujo gigante africano (Achatina fulica) foi
osfrádios e células fotorreceptoras. São dioicos de fecundação externa e introduzido no Brasil em meados dos anos 1980 para ser usado
desenvolvimento indireto com larvas véliger. Exemplo: Mytilus perna. como alimento. Entretanto, foi descoberto posteriormente
que esse molusco pode ser vetor de nematoides que podem
IMPORTÂNCIA causar sérias doenças. Além da questão sanitária, este animal
Os moluscos podem servir de isca nas pescas e também são usados na causa um desequilíbrio em nossos ecossistemas devido ao seu
alimentação humana (polvo, lula, ostras, mexilhões). Além disso, podem ter sucesso reprodutivo e de adaptação ao nosso ambiente. No
grande valor na formação de pérolas. Apresentam uma importância médica litoral do Paraná, devido à grande população desse caramujo,
relevante, pois alguns, como a Biomphalaria glabrata, são hospedeiros de pode ser considerado como praga. Em contrapartida, são cada
doenças (esquistossomose). Na agricultura, podem ser pragas, como as vez mais raros os registros de ocorrência de caramujos do
lesmas e os caracóis. Os Teredos sp. podem destruir pilares de madeira.

144 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 144 22/09/2021 17:27:17


UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

gênero Megalobulimus, típicos de nossa região. Várias ações


educativas têm sido desenvolvidas para eliminação da espécie
exótica, entretanto é importante conhecer as diferenças entre as 1. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas a seguir, sobre o filo Moluscos:
espécies, no intuito de evitar que a população elimine a espécie
nativa. a) O filo Moluscos agrupa animais de corpo ___________, dividido
em ___________, ___________ e ___________,
A partir das informações apresentadas, considere as seguintes normalmente recoberto por ___________, que é secretada pelo
afirmativas. ___________. A concha é um exoesqueleto ___________.
1. O caramujo africano está dizimando o nativo por transmitir o b) Moluscos são animais com simetria ___________. A parte da
nematoide causador da doença.
biologia que estuda os moluscos é a ___________.
2. A diminuição da ocorrência do Megalobulimus em nada está
relacionada à infestação do Achatina fulica, uma vez que são c) Apresentam tubo digestório ___________ e no assoalho da
espécies que não competem pelo mesmo nicho ecológico. faringe possuem uma ___________ para raspar o alimento.
3. Os nematoides são um grupo de protozoários que podem Os representantes da classe Pelecypoda não possuem rádula, são
causar, entre outras doenças, a meningite e a malária. ___________ e utilizam as ___________ para fazer trocas
gasosas e para nutrição.
4. Os impactos ecológicos causados pelo Achatina fulica fazem
com que essa espécie exótica seja considerada também d) O sistema circulatório é ___________ ou ___________,
como uma espécie invasora.
exceto nos ___________, que é fechado.
Assinale a alternativa correta.
e) Nos Gastropodas a respiração poder ser ___________ e o manto
a) Somente a afirmativa 2 é verdadeira. se invagina, formando a cavidade ___________.
b) Somente a afirmativa 4 é verdadeira. f) Na classe Pelecypoda existem ostras perlíferas e as pérolas são
c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. formadas a partir ___________.

d) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. g) São animais triblásticos, possuem celoma, são ___________
do tipo ___________ e protostômios, ou seja ___________.
e) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.

O caramujo gigante está dizimando o nativo por um processo 2. (FGV-SP) O mexilhão dourado, Limnoperna fortunei, é um bivalente
de competição interespecífica, pois competem pelo mesmo originário da Ásia. A espécie chegou à América do Sul provavelmente
hábitat e pelo mesmo nicho ecológico. Nematoides são vermes de modo acidental na água de lastro de navios cargueiros.
que causam verminoses como ascaridíase e ancilostomíase.
Durante a fase larval, o bivalente é levado pela água até que termina
A Achatina fulica é uma espécie invasora e exótica, que tem
por se alojar em superfícies sólidas, onde se fixa e cresce formando
competido com as espécies nativas.
grandes colônias.
Alternativa correta: b.

Podemos citar como prejuízos causados pelo mexilhão dourado:


a destruição da vegetação aquática; a ocupação do espaço e a
disputa por alimento com os moluscos nativos; o entupimento de

DIVERSIDADE ANIMAL 145

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UNIDADE 5

canos e dutos de água para irrigação e geração de energia elétrica, d) Poliplacóforos – Anelídeos – Cefalópodes – Bivalves –
entre outros. Gastrópodes.

Disponível em: <http://www.ibama.gov.br>. (Adaptado). e) Moluscos – Cefalópodes – Bivalves – Gastrópodes – Escafópodes.

É correto afirmar que o mexilhão dourado


5. (UEL-PR) Leia o texto a seguir.
a) é uma espécie pertencente ao filo dos moluscos, cuja classe é a
Elysia chlorotica (um tipo de lesma-do-mar) é um molusco híbrido
mesma de caramujos, lesmas, polvos e lulas.
de animal e vegetal, considerado o primeiro animal autotrófico.
b) demonstra elevada capacidade de dispersão em função da Cientistas identificaram que o Elysia incorporou o gene das algas
reprodução assexuada de sua fase larval aquática. Vaucheria litorea – o psbO – das quais ele se alimentava, por isso
desenvolveu a capacidade de fazer fotossíntese por aproximadamente
c) estabelece uma relação de inquilinismo e comensalismo com os nove meses. Os últimos estudos revelam que o molusco marinho
moluscos nativos dos ecossistemas da América do Sul. também desenvolveu capacidades químicas, permitindo-lhe sintetizar
d) ao destruir a vegetação nativa ocupa o primeiro nível trófico das clorofila, produzindo, assim, seu alimento. Essa capacidade é a mais
cadeias e teias alimentares anteriormente equilibradas. nova proeza do Elysia, cujas habilidades evolutivas têm chamado a
atenção da comunidade científica.
e) representa elevado impacto ambiental, por ser uma espécie
exótica capaz de ocupar novos nichos ecológicos. FONTE: Superinteressante. mar. 2010. Disponível em: <http://super.abril.com.br/mundo-
animal/criatura-fusao-animal-vegetal-543145.shtml>. Acesso em: 20 jun. 2012. (Adaptado).

3. (Unicamp-SP) O filo Mollusca é o segundo maior do reino animal em a) Explique a função da clorofila na fotossíntese.
número de espécies. É correto afirmar que os moluscos da classe
Gastropoda

a) são exclusivamente marinhos.


b) possuem conchas, mas não rádula.
b) Pelo fato de realizar fotossíntese, qual seria uma possível
c) são exclusivamente terrestres.
vantagem adaptativa do Elysia chlorotica com relação a outros
d) possuem pé desenvolvido e rádula. moluscos que são heterotróficos?

4. (UPF-RS) Animais de corpo mole, sem esqueleto, mas geralmente


protegidos por uma concha calcária, são denominados __________.
A Classe dos __________ vive exclusivamente no mar e tem a
cabeça diretamente ligada aos pés. A Classe que compreende as
ostras e os mexilhões corresponde aos __________, enquanto os
animais com representantes marinhos, de água doce e terrestres, 6. (UEM-PR) O “escargot”, Achatina fulica, originário do leste da África,
cuja concha é espiralada, denominam-se __________. E ainda há a foi introduzido no Brasil e se tornou uma praga na agricultura, além
Classe dos __________, cuja concha lembra uma pequena presa de de atuar como hospedeiro intermediário no ciclo da angiostrongilíase,
elefante, oca e aberta nas duas extremidades. grave doença que afeta o sistema nervoso central humano. Com base
nos conhecimentos sobre a introdução de espécies exóticas, assinale
A sequência de termos que completa corretamente o texto acima está a(s) alternativa(s) correta(s).
na alternativa
(01) A espécie Achatina fulica teve sua disseminação facilitada por
a) Moluscos – Gastrópodes – Poliplacóforos – Cefalópodes – apresentar elevada plasticidade fenotípica.
Crustáceos.
(02) A melhor forma de controlar a disseminação de Achatina fulica é a
b) Cefalópodes – Crustáceos – Bivalves – Gastrópodes – Escafópodes.
catação manual das fêmeas, as quais poderiam ser consumidas
c) Gastrópodes – Cefalópodes – Poliplacóforos – Moluscos – pela população de baixa renda, que teriam, assim, uma fonte
Escafópodes. proteica sem custos.

146 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

(04) A introdução de espécies exóticas pode levar à extinção de espé- b) diminuição da variabilidade genética com relação à autofecundação
cies nativas. e maior chance de adaptação das espécies ao ambiente.

(08) A ausência de predadores e a alta taxa reprodutiva das espécies c) variabilidade genética semelhante à da autofecundação e as
exóticas contribuem para o seu sucesso nos ambientes invadidos. mesmas chances de adaptação das espécies ao ambiente.

d) diminuição de variabilidade genética em relação à autofecundação


(16) Controle biológico se refere ao controle de pragas na agricultura
e menor chance de adaptação das espécies ao ambiente.
pela introdução de insetos estéreis.
e) variabilidade genética semelhante à da autofecundação e menor
Total:
chance de adaptação das espécies ao ambiente.
7. (UEM-PR) As glândulas contêm células especializadas na produção
9. (UFMG) O caramujo africano (Achatina fulica), mostrado na figura abaixo, foi
e eliminação de substâncias úteis ao organismo, podendo ser
introduzido no Brasil, ilegalmente, na década de 1980, com o intuito de se
endócrinas ou exócrinas. Sobre a ação das glândulas nos animais,
explorar comercialmente essa espécie como iguaria gastronômica. De lá
assinale o que for correto.
para cá, o Achatina fulica espalhou-se por vários estados brasileiros, mas
não como uma alternativa econômica, pois seu gosto não foi tão apreciado
(01) Nos mamíferos, a secreção do leite é controlada por um hormônio
como o escargot verdadeiro (Helix aspersa).
da neurohipófise.

(02) Na maioria das espécies de crustáceos, a excreção é realizada


pelas glândulas excretoras localizadas na base das pernas,
chamadas de glândulas coxais, que funcionam de forma seme-
lhante às glândulas antenais dos insetos.

(04) Os sapos possuem, em local posterior aos olhos, um par de


glândulas chamadas mucosas, que contêm veneno, expelido
quando comprimidas. 1. Explique por que uma espécie exótica como essa pôde se tornar
rapidamente uma praga em diversos ecossistemas brasileiros.
(08) Nos insetos, glândulas especiais produzem um hormônio, a ecdi-
sona, que determina a muda ou ecdise.

(16) Um grão de areia que se interpõe entre a concha e o manto es-


2. Cite duas consequências da introdução de espécies exóticas em
timula as células epidérmicas das ostras a secretarem camadas
um ecossistema.
sobrepostas de nácar, originando uma pérola.

Total:

8. (PUC-SP) Analise a tira de quadrinhos abaixo. 3. Um hábito popular para matar lesmas e caramujos consiste em
jogar sal de cozinha sobre seus corpos.
a) Explique o processo pelo qual, nesse caso, o sal leva à morte.

b) Apesar de popular, o extermínio de lesmas e caramujos por adição


Embora hermafroditas, os caramujos normalmente têm fecundação de sal não é uma prática recomendada para uso em hortas e
cruzada, mecanismo que leva a descendência a apresentar jardins. Justifique essa afirmativa.

a) aumento de variabilidade genética com relação à autofecundação


e maior chance de adaptação das espécies ao ambiente.

DIVERSIDADE ANIMAL 147

em2_bio_v1.indb 147 22/09/2021 17:27:18


UNIDADE 5

FILO ANELÍDEOS (ANNELIDA) • Hábitat: os representantes da classe oligoquetas vivem em


terra úmida e alguns são dulcícolas. Os poliquetas são vermes
marinhos, vivendo enterrados na areia das praias. Os hirudíneos são,
INTRODUÇÃO principalmente, dulcícolas, existindo espécies marinhas e aquelas
que habitam terra úmida. Quanto ao modo de vida, podem ser de vida
Os anelídeos ou vermes cilíndricos de corpo segmentado são diferentes
livre, ectoparasitas hematófagos ou simbiontes.
dos platelmintos e nematódeos pela presença da segmentação. Há
muitas espécies e a maioria é marinha. Provavelmente, os anelídeos • Simetria: bilateral.
mais conhecidos são as minhocas, que são famosas por serem • Características embriológicas: triblásticos, celomados (esqui-
detritívoras e também úteis como iscas. Outra representante desse zocelomados) e protostômios.
grupo bastante conhecido são as sanguessugas, utilizadas na área
médica para auxiliar a recuperação de pacientes que tiveram partes ESTRUTURA, REVESTIMENTO E PROTEÇÃO
do corpo reimplantadas. No passado, foram utilizadas para controlar
a pressão arterial de hipertensos. Neste capítulo, você é convidado a O corpo dos anelídeos é revestido de uma cutícula delgada e permeável,
conhecer um pouco mais sobre esse grupo. abaixo da qual existe uma epiderme simples, com células sensoriais e
muitas glândulas mucosas. Existem cerdas (quitina) na região ventral dos
oligoquetas e nos parapódios dos poliquetas.
Sytilin Pavel | Shutterstock

SUSTENTAÇÃO E LOCOMOÇÃO
Não existe esqueleto, somente o “esqueleto hidrostático” (de água), que
dá sustentação. Logo abaixo da epiderme, existem duas camadas de
musculatura: a externa, que é circular, e a interna, que é longitudinal.
Poliqueta.
As duas camadas podem ser denominadas tubo músculo-dermático. A
locomoção é feita pela contração rítmica dos músculos e auxiliada pelo
esqueleto hidrostático. As cerdas e os parapódios auxiliam a locomoção.
Nas sanguessugas, ocorre o movimento “mede palmo”, graças à utilização
das ventosas.

Tiflossole Vaso sanguíneo dorsal Cutícula


Epiderme
IMPORTANTE Musculatura
Musculatura circular
longitudinal
Anelídeos (Annelida) são vermes com “pequenos anéis”.
Cerdas

CARACTERIZAÇÃO
Cavidade Nefrídio
intestinal
No filo Anelídeos (annelus = anus; eidos = forma), enquadram-se animais Podo excretor
vermiformes, caracterizados por apresentar uma nítida segmentação Vaso sanguíneo Celoma
ventral
ou metamerização externa e interna. Na metamerização homônoma, Cordão nervoso ventral
somente os dois primeiros e os dois últimos segmentos possuem estruturas
diferenciadas. Em alguns poliquetas sedentários, a segmentação é Corte transversal do corpo de uma minhoca.
heterônoma. Podem atingir desde alguns centímentros até 2 metros de
comprimento. São eumetazoários, enterozoários e neuromiários. FISIOLOGIA
Sistema digestório
Apresentam tubo digestório completo, com digestão extracelular.
Nikolay Antonov | Shutterstock

Poliquetas são carnívoros (possuem mandíbulas). Oligoquetas alimentam-


-se de matéria orgânica em decomposição no solo. Hirudíneos são
hematófagos. Os oligoquetas apresentam:
a) Papo → para amolecer o alimento.
b) Moela → para triturar.
Minhocas. c) Cecos → para aumentar a absorção.
d) Tiflossole (prega longitudinal e dorsal) → para aumentar a absorção.

148 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 148 22/09/2021 17:27:21


UNIDADE 5

Contração dos músculos da Mecanismo Captura dos Armazenamento


parede da faringe de sucção alimentos Esôfago no papo

Moela
Papo Moela
(trituração)
Esôfago
Faringe
Intestino
Ânus

Decomposição
Intestino de substâncias
Boca complexas; absorção
de nutrientes
Minhoca
Tubo digestório dos oligoquetas.

VOCÊ SABIA

Charles Darwin fez cálculos e estimou que, em um acre de terra bom para a agricultura que possuía 50 mil minhocas, chegava-se a produzir 18 mil
toneladas de fezes por ano. Hoje, as minhocas são muito utilizadas para esse fim. Os minhocários podem ser feitos em casa em pequenos espaços e a
baixíssimo custo.

SAIBA MAIS

Como produzir húmus • silicone;


• substrato (inicialmente um saco de 20 kg);
Tampa com
Restos de orifícios • jornal sem cor;
comida, substrato
e jornal sem cor • restos de comida.

Tela de arame
Corte o fundo de duas das caixas e mantenha de 3 a 5 centímetros
Substrato e de borda. Em uma delas, fixe a tela de arame, que deve ter a mesma
minhocas
medida do fundo da caixa. Na outra caixa, fixe a manta permeável por
Manta fora da caixa com fita vinílica ou similar.
permeável
Na terceira caixa, corte lateralmente um orifício na mesma medida da
torneirinha, e fixe-a com silicone para evitar vazamentos. Essa estrutura
Chorume usa somente uma tampa, que deve possuir perfurações para permitir
a oxigenação. Coloque o substrato umedecido na caixa do meio e, em
Como fazer um minhocário caseiro cima dele, as minhocas. Após três dias, acrescente o substrato na caixa
superior e os restos de alimentos, cobrindo com o jornal sem cor.
Você vai precisar de: O período médio para produção do húmus é de 45 dias. Considerando
• três caixas em cor escura, tipo contêiner, que possam ser isso, coloque uma peneira grossa no topo do substrato, com restos de
empilhadas sem o apoio das tampas; comida. Isso atrairá as minhocas, que passarão pela peneira, facilitando
a retirada do húmus.
• torneirinha de bebedouro;
Observações: as minhocas não gostam de sol e calor excessivos.
• pedaço de tela de arame grossa;
Mantenha o minhocário em local fresco e arejado e sempre deixe a
• pedaço de manta permeável; terra úmida.
• minhocas;

DIVERSIDADE ANIMAL 149

em2_bio_v1.indb 149 22/09/2021 17:27:22


UNIDADE 5

Sistema circulatório
Gânglios
Nervos cerebrais
Anelídeos possuem sistema circulatório fechado. O sangue contém sensitivos
o pigmento respiratório hemoglobina (oligoquetas e aquetas) ou
clorocruorina e hemeritrina (poliquetas). Existem dois grandes vasos, um
dorsal e outro central, interligados por vias capilares, e vasos contráteis
que funcionam como corações (4 ou 5 pares).
Anel nervoso Gânglios Gânglios
perifaríngeo subfaríngeos segmentares
Vaso longitudinal dorsal
Sistema nervoso.

Corações laterais

SAIBA MAIS

Vaso longitudinal ventral Rede de capilares Nos poliquetas, existem órgãos sensoriais como os olhos; órgãos
segmentares nucais e estatocistos. Os olhos, em número de três ou quatro pares,
Sistema circulatório. são fotorreceptores que conseguem determinar apenas intensidade
luminosa, exceto na família Alciopidae, em que são capazes de
formar imagens. Os órgãos nucais ajudam na detecção de alimento.
Sistema respiratório

São desprovidos de aparelho respiratório. A respiração é cutânea. Nos


poliquetas, há uma intensa vascularização no interior dos parapódios. A CLASSIFICAÇÃO
epiderme delgada e muito úmida facilita as trocas gasosas nessa região do
corpo, que, assim, funciona como “brânquias primitivas”. Nos hirudíneos, a Classe Polychaeta (poli = muito; quetos = cerdas)
respiração pode ser cutânea e branquial.
Exemplos: Eunice sp. e Nereis sp.
Sistema excretor

Gerald Robert Fischer | Shutterstock


O sistema excretor é formado por um par de nefrídeos em cada anel
do corpo. Os nefrídeos retiram as excretas da cavidade celomática e as
eliminam para o meio externo por meio de poros excretores localizados
na superfície lateral do corpo. Anelídeos marinhos liberam amônia e os
terrestres, ureia.
Intestino Funil ciliado Parede Septo entre
(nefróstoma) do corpo metâmeros

Poliqueta.

Cavidade Nefrídio Poros excretores


celômica (nefridióporos) Mandíbula
Tentáculos
protomiais Faringe Parápodes
Sistema excretor. evertida
Prostômio
Palpo
Sistema nervoso
Ocelos Pigídio
São hiponeuros, pois apresentam sistema nervoso, ganglionar e ventral. Peristômio Ânus
Tentáculos
Existe um par de gânglios ligados por anel entre si via comissuras e com (cirros) Cirro
anéis adjacentes por meio de conectivos. Dos gânglios, partem nervos
Parápodes
periféricos. Existem células sensoriais, papilas e tentáculos com funções
táteis e gustativas. Apresentam olhos para fotorrecepção. Estrutura dos poliquetas.

150 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 150 22/09/2021 17:27:25


UNIDADE 5

Há cerca de 8 mil espécies conhecidas desses animais marinhos, com à decomposição de matéria orgânica (especialmente vegetal). Sua respira-
grande diversidade de formas e hábitos de vida. A maioria tem menos ção é cutânea. Não têm parapódios e apêndices de cabeça. São hermafro-
de 10 cm de comprimento e diâmetro entre 2 e 10 mm. O poliqueta é ditas, a fecundação é externa e cruzada e o desenvolvimento é direto, ocor-
um verme segmentado que apresenta um par de apêndices carnosos rendo dentro do casulo que foi secretado pelo clitelo. A maior importância
denominados parapódios (locomoção, defesa etc.). Na parte anterior, dos oligoquetas está relacionada à agricultura. As minhocas aumentam a
existe um prostômio, com órgãos sensoriais. A boca situa-se na região aeração dos solos, a retenção de água e a drenagem, e formam o húmus,
ventral do corpo entre o prostômio e o peristômio (primeiro segmento que tem importância econômica razoável. Além disso, as minhocas podem
verdadeiro). A região terminal, o pigídio, traz o ânus. Os poliquetas podem ser usadas como iscas de peixes ou até na alimentação.
ser errantes ou sedentários. Como órgãos sensoriais, têm palpos, olhos

sivivolk | Shutterstock
e antenas. O parapódio possui uma região ventral, o neuropódio, e outra
dorsal, o notopódio. A respiração é branquial. A reprodução é sexuada,
com sexos separados e fecundação externa com desenvolvimento indireto
(larva trocófora). Alguns poliquetas podem realizar reprodução assexuada
(esquizogênese). Podem ser usados como iscas de peixes e servir de
alimento para humanos, como é o caso do palolo (Eunice viridis). Não Oligoquetas.
apresentam clitelo.

Classe Oligochaeta (oligo = pouco; quetos = cerdas)

Exemplos: Pheretima hawayana e Lumbricus terrestres.


Existem aproximadamente 3 mil espécies descritas. Podem viver na água
doce, salgada e em terras úmidas. Apresentam o trato digestório adaptado

Prostômio
Boca

Cerdas
Cerdas
Cutícula

Aberturas das Epiderme


Músculo circular
espermatecas
Gonóporo feminino Músculos
Gonóporo masculino prostratores
de cerdas
Saco de
Sulcos Músculo retrator cerdas
espermáticos

Cerdas genitais

Clitelo Tubérculo

Estrutura dos oligoquetas.

Fecundação recíproca de minhoca: os espermatozoides eliminados pelas Casulo com óvulos


vesículas seminais são lançados nos receptáculos seminais da outra minhoca.
Receptáculos seminais Vesículas seminais

Após a troca de esperma, as O casulo se desloca e, quando O casulo deixa o corpo da minhoca
minhocas se separam. Quando passa pelos receptáculos seminais, e os ovos se transformam em
os óvulos amadurecem, eles recebe os espermatozoides do filhotes.
Vesículas seminais são lançados no casulo. parceiro. Há fecundação e
Ovário surgem os ovos.
Reprodução nos oligoquetas.

DIVERSIDADE ANIMAL 151

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UNIDADE 5

Classe Hirudinea ou Achaetas (sanguessugas) IMPORTÂNCIA


Exemplos: Hirudo medicinalis e Semiscolex juvenilis. As minhocas auxiliam na fertilização do solo, pois as fezes sofrem ação de
bactérias, dando origem ao húmus. Elas também formam túneis e contribuem
com a aeração das raízes dos vegetais e a penetração da água da chuva.
Ventosa
Olhos anterior
Boca Nefridióporo Há oligoquetas presentes em rios e lagos (minhocas vermelhas) que
Probóscide Órgão proliferam e indicam a presença de excesso de detritos orgânicos na água.
sensorial
Glândula
O anelídeo Eunice viridis (palolo) é um poliqueta marinho que pode ser
Segmentos salivar Gonóporo
masculino
usado na culinária.
Gonóporo
feminino Vesícula Na medicina, as sanguessugas foram usadas no passado para sugar
seminal
Testículos sangue de pessoas com pressão alta. Esses anelídeos liberam uma
Ovário Estômago substância anestésica e anticoagulante (hirudina).
Duto
ejaculatório Intestino
Cecos
Ânus intestinais CONFIRMANDO A TEORIA

Ventosa Ventosa
posterior posterior 1. (Unicamp-SP) O jornal O Estado de S. Paulo de 2 de agosto de 1997
A B
Estrutura dos hirudíneos.
noticiou a descoberta de “colônias de vermes desconhecidos
escondidos em metano congelado emergindo do fundo do mar
[...] As criaturas parecem pertencer a uma espécie nova na
família dos organismos conhecidos como poliquetas [...]. Elas
Aedka Studio | Shutterstock

parecem cegas, mas têm bocas, aparelho digestivo e um sistema


Sanguessuga.
de circulação complexo.”

As características mencionadas não permitem classificar esses


novos organismos como poliquetos.

Essa classe contém cerca de 500 espécies, que podem ser marinhas, de água a) A que filo pertencem os poliquetas?
doce e terrestres e, dentro delas, podem ser encontrados ectoparasitas.
Poliquetas pertencem ao filo Anelídeos.
Não têm parapódios e cabeça com apêndices. São hermafroditas relativos,
com gônadas desenvolvidas. Apresentam desenvolvimento direto, casulo b) Cite duas características que, em conjunto, permitiriam
secretado por um pequeno clitelo e corpo achatado dorsoventralmente. Os identificar esses animais como poliquetas.
segmentos de ambas as extremidades se modificam em ventosas. Têm um
Poliquetas apresentam o corpo segmentado e expansões
número fixo de segmentos (32 ou 34). Possuem uma probóscide eversível
laterais denominadas parapódios, onde se inserem muitas
e uma faringe sugadora não eversível.
cerdas quitinosas.
c) Quais são as outras duas classes desse filo? Dê uma
VOCÊ SABIA característica de cada uma que as diferencie dos poliquetas.

Oligoquetas: não possuem parapódios e apresentam poucas


As glândulas salivares dos aquetas secretam hirudina e hementerina
cerdas. Exemplo: minhocas.
anticoagulante. Não têm cabeça e possuem um número fixo de
segmentos. Também não têm compartimentos celomáticos; os Aquetas (Hirudíneos): não possuem parapódios ou cerdas e
septos desapareceram e foram substituídos por tecido conjuntivo apresentam ventosas. Exemplo: sanguessuga.
formando um sistema de canais denominados lacunas celomáticas.
Têm importância médica, pois podem causar hemorragias. Eram
empregados antigamente para provocar sangrias em pessoas com
pressão alta.

152 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Sobre o filo Anelídeos complete as lacunas: (04) O sistema nervoso de um anelídeo é constituído por um único
cérebro central de onde emergem milhares de cordões nervosos
a) Os anelídeos são animais de corpo ________________ e ventrais. Esses cordões nervosos ventrais se ligam às dezenas
____________ em anéis. A metameria é ____________, de gânglios nervosos de cada metâmero.
os anéis são iguais exceto o primeiro e o último. A simetria é
____________. (08) Os moluscos têm sistema digestivo completo, formado por boca,
faringe, esôfago, estômago, intestino e ânus. Possuem também
b) A maioria tem hábitat ___________, como exemplo os uma glândula digestiva ou hepatopâncreas, que lança secreções
representantes da classe ____________. A minhoca Pheretima digestivas dentro do estômago, onde tem início a digestão do
hawayna pertence à classe _____________, pois apresenta alimento.
poucas cerdas. As sanguessugas não apresentam cerdas, são da
(16) Os moluscos não apresentam sistema circulatório.
classe ___________.
Total:
c) Os anelídeos apresentam três folhetos embrionários, são
___________, possuem celoma do tipo ___________, o 3. (UFPR) Dentre as cerca de 8,5 milhões de espécies de organismos
blastóporo dá origem à ___________ e são ___________. vivos presentes hoje em nosso planeta, mais de 7,5 milhões são
animais. Essa enorme diferença em número parece estar vinculada
d) O tubo digestório é completo, os oligoquetas podem apresentar
à enorme flexibilidade conferida por características da arquitetura do
___________, para amolecer o alimento; ___________, corpo dos animais, que os tornam aptos a viver nos mais diferentes
para triturar; ___________, que faz a digestão química; hábitats do planeta, o que certamente deve ter contribuído para a
___________ e ___________, para aumentar a absorção. diversificação do grupo. Dentre as grandes mudanças ocorridas no
processo evolutivo, podemos destacar três importantes: aquisição
e) Apresentam sistema circulatório ___________, com pigmentos da multicelularidade, aquisição do trato digestivo e aquisição de
respiratórios ___________ e ___________. segmentação corporal. Apresente uma consequência favorável que
cada uma dessas mudanças trouxe aos organismos.
f) O “esqueleto” é ___________, possuem musculatura externa,
___________, e interna, ___________.

g) A excreção é realizada por ___________, existe um par por


anel. Os aquáticos excretam ___________ e os terrestres
___________.

h) O sistema nervoso é ganglionar e ________________. São


_______________. 4. (Ufsc) A adaptação de estruturas ou sistemas de revestimento interno
ou externo dos seres vivos está relacionada com o ambiente em que
2. (UEPG-PR) Com relação às características gerais e aspectos vivem. Sobre tais estruturas ou sistemas, assinale a(s) proposição(ões)
anatômicos e fisiológicos dos moluscos e anelídeos, assinale o que correta(s).
for correto.
(01) As minhocas utilizam seu revestimento externo como auxiliar na
(01) Entre os anelídeos, os oligoquetos possuem uma cabeça diferen- respiração.
ciada, onde há vários apêndices sensoriais. Nisso se distinguem
dos poliquetos, que não têm cabeça diferenciada. (02) No revestimento externo de muitas folhas a epiderme produz
cutina, formando uma película altamente permeável à saída de
(02) A excreção da minhoca e de outros anelídeos é executada pelos água por toda a superfície foliar.
nefrídios. Cada nefrídio é um tubo fino e enovelado, com um
funil ciliado em uma extremidade, o nefróstoma, o qual se abre (04) Os artrópodes, em geral, possuem um sistema de revestimento
na cavidade celomática. A outra extremidade do nefrídio, o ne- externo do corpo extremamente rígido e totalmente permeável
fridióporo, se abre na superfície do corpo do animal. à água.

DIVERSIDADE ANIMAL 153

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UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

(08) Nos seres humanos, o revestimento interno do estômago apre- 6. (UEL-PR) É comum, quando pessoas entram em lagoas do Pantanal,
senta pequenas dobras, denominadas microvilosidades, que au- anelídeos sanguessugas se fixarem na pele para se alimentarem. Para
mentam a capacidade de absorção de nutrientes. isso, utilizam uma ventosa oral que possui pequenos dentes afiados
que raspam a pele, provocando hemorragia.
(16) Alguns vermes parasitas intestinais apresentam seu corpo
revestido por uma cutícula resistente que os protege da ação de Com relação às sanguessugas, considere as afirmativas a seguir:
ácidos estomacais. I. Contêm um par de nefrídio individualizado para cada segmento
corporal.
(32) Externamente, o caule de plantas arbóreas possui camadas de
células mortas suberificadas com capacidade de fotossíntese. II. São celomados com inúmeros segmentos iguais separados inter-
namente por septos transversais membranosos.
(64) A extremidade da raiz de uma planta é coberta por um capuz III. Da mesma forma que as minhocas, as sanguessugas apresentam
chamado coifa, formado por células parenquimáticas que pro- cerdas para a locomoção.
tegem o meristema apical.
IV. Assim como nas minhocas, os órgãos são irrigados por uma rede
Total: contínua de capilares que se estende sob a epiderme.
Assinale a alternativa correta.
5. (UFTM-MG) A foto mostra sanguessugas sendo utilizadas para retirada
de um hematoma no local onde foi realizada uma cirurgia. a) Somente as afirmativas I e II são corretas.

b) Somente as afirmativas I e III são corretas.

c) Somente as afirmativas III e IV são corretas.

d) Somente as afirmativas I, II e IV são corretas.

e) Somente as afirmativas II, III e IV são corretas.

7. (UFPB) Em uma aula de Ecologia, o professor falou sobre a importância


de alguns representantes do grupo dos anelídeos para o meio ambiente
a) A qual filo pertence a sanguessuga? Ao sugar o sangue de uma e de sua larga utilização no cultivo de produtos orgânicos.
pessoa, esses animais podem absorver os nutrientes através
Sobre esses organismos, é correto afirmar que são
do tiflossole, cuja função é semelhante à das microvilosidades
intestinais humanas. Explique a função do tiflossole. a) acelomados, possuem sistema digestório completo e corpo
formado por vários metâmeros.

b) acelomados, possuem sistema circulatório aberto e respiração


cutânea.

c) celomados, possuem sistema circulatório fechado e liberam


amônia como produto de excreção.
b) Após o corte cirúrgico, o sangue que extravasa coagula.
Na coagulação, atuam substâncias como o fibrinogênio, a d) celomados, diploblásticos e possuem reprodução do tipo sexuada
protrombina e uma substância plaquetária, a tromboplastina (ou e assexuada.
tromboquinase). Explique como essas substâncias participam
desse processo. e) celomados, deuterostômios e possuem sistema nervoso formado
por gânglios ligados por cordões nervosos.

154 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

FILO ARTRÓPODES (ARTHROPODA)

INTRODUÇÃO • Hábitat: são cosmopolitas terrestres,


aquáticos de água doce e salgada.
Alguns zoólogos estimam que o número de artrópodes poderia chegar a um

MP
bilhão de espécies. Essa quantidade parece um tanto exagerada, mas hoje • Simetria: bilateral.

Ph
oto
gra
já foram descritos mais de um milhão de artrópodes. De cada três espécies

ph
• Características embriológicas: são

Sh|
utt
descritas, duas são de artrópodes. Os hábitats são muito variados, pois idênticas às dos anelídeos e moluscos,

ers
toc
k
eles são cosmopolitas. São considerados os animais mais bem-sucedidos. ou seja, são triblásticos, celomados Inseto (joaninha).
Provavelmente, o sucesso desse grupo está relacionado com o plano (esquizocelomados) e protostômios.
corporal, assim como os anelídeos e os cordados segmentados, além
São características comuns a todos os artrópodes:
de possuírem um exoesqueleto duro e patas articuladas que facilitam
a locomoção. Os fósseis mais antigos datam de 535-525 milhões de • Patas articuladas.
anos atrás, ou seja, do Período Cambriano. Juntamente aos artrópodes, • Exoesqueleto quitinoso → necessidade de mudas ou ecdise.
existem registros fósseis dessa época dos lobópodes, que tinham corpo
segmentado, mas a maioria dos segmentos era igual. Artrópodes primitivos • Corpo segmentado com metameria evidente.
como os trilobitas também tinham pouca variação nos segmentos. Na • Tubo digestório completo.
evolução dos artrópodes, observa-se a fusão de muitos segmentos e uma
• Sistema circulatório aberto.
especialização dos apêndices. Ocorreu, portanto, uma divisão de tarefas
entre as partes do corpo. Assim como nematódeos, pelas evidências • Sistema nervoso ganglionar e ventral → hiponeuros.
moleculares artrópodes são ecdisozoários, animais que secretam um
exoesqueleto e sofrem mudas ou ecdises. ESTRUTURA
Esqueleto
Candy_Plus | Shutterstock

Epicutícula
Tergito Exocutícula
Endocutícula
Pleurito
Epiderme
Esternito
Esquema que mostra partes dos segmentos e epiderme com exoesqueleto.

Os artrópodes apresentam um exoesqueleto quitinoso ou cutícula


secretada pela epiderme. A cutícula pode ser flexível (larvas) e rígida
Borboleta (filo Artrópode e classe Insetos). (adultos). O movimento é possível, pois a cutícula é dividida em
placas articuladas por membranas, e o exoesqueleto é totalmente
CARACTERIZAÇÃO acelular. Cada segmento tem sua cutícula dividida basicamente em
quatro partes: um tergo (dorsal), duas pleuras (laterais) e um esterno
O filo Arthropoda (arthros = articulação; podos = pés) constitui o maior (ventral). Esse padrão pode desaparecer devido à fusão de segmentos,
de todos os filos. Representa em torno de 75% de todos os animais que dá origem aos tagmos, por exemplo, cabeça, tórax e abdome.
descritos, um número aproximado de um milhão de espécies. São animais Acompanhe o gráfico comparativo do crescimento de um artrópode
eumetazoários, neuromiários, enterozoários. A grande diversidade com outro animal de esqueleto interno.
fez deles habitantes de quase todos os ambientes, mas no terrestre Animal com
esqueleto interno
tiveram seu maior êxito. Existem algumas características que tornam os Tamanho
artrópodes muito relacionados aos anelídeos, a ponto de alguns autores Muda Artrópode
acreditarem que eles têm origem comum, pois:
Muda
a) artrópodes e anelídeos têm corpo segmentado;
b) no sistema nervoso de ambos, o cérebro é anterior e dorsal, e
apresentam cordão nervoso ventral (hiponeuros); Período de Período Tempo
crescimento intermudas
c) cada segmento dos artrópodes (condição primitiva) apresenta um par
de apêndices, semelhante aos poliquetas (parapódios). Gráfico de crescimento dos artrópodes.

DIVERSIDADE ANIMAL 155

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UNIDADE 5

Apólise Fluido de muda Digestão


Apólise: separação da Secreção de fluido. Ativação de enzimas Desprendimento da
Estágio entre mudas Secreção da nova cutícula
epiderme e da cutícula Crescimento da epiderme no fluido de muda cutícula antiga

Cutícula

Epiderme

Aumento da área
Esquema que mostra a troca do exoesqueleto.

O principal constituinte da cutícula é a quitina (C8H13O5N)n, insolúvel em Tegumento


água, álcool etc. A cutícula pode revestir a parte anterior e posterior do tubo
digestório e de estruturas respiratórias, como as traqueias. Na cutícula, Epiderme simples com presença de células prismáticas, entre as quais é
encontram-se três camadas: epicutícula, exocutícula e endocutícula. Nos possível encontrar células sensoriais que têm contato com as cerdas e as
crustáceos, a cutícula pode apresentar uma impregnação de carbonato células nervosas.
de cálcio. A função principal da cutícula é a proteção. Ela também evita
Cerda
a desidratação, mas impede o crescimento, obrigando o animal a fazer
trocas periódicas denominadas mudas ou ecdises, as quais permitem
a renovação do exoesqueleto e consequentemente o crescimento. O Cutícula
esqueleto velho, que se separa da epiderme, denomina-se exúvia. Os Epiderme
estágios entre as mudas são conhecidos por instares ou intermudas.
Quanto mais velho o esqueleto, mais longos são os instares. Durante toda
Células sensoriais
a vida, os crustáceos fazem mudas, que são reguladas por um hormônio Tegumento dos artrópodes.
denominado ecdiossoma. Nos insetos e aracnídeos, as mudas ocorrem até
a maturidade sexual. É no esqueleto que se dá a inserção da musculatura. O
artrópode que acabou de realizar a muda torna-se vulnerável a predadores
FISIOLOGIA
e à perda de água (no caso dos terrestres). Por isso, muitos buscam refúgio
até que a nova cutícula tenha endurecido. Sistema digestório

Presença de tubo digestório completo, dividido em três partes: estomodeu,


Sistema muscular
mesodeu e proctodeu. O estomodeu e o proctodeu são revestidos de
quitina. Ligadas ao tubo digestório, podem existir glândulas como o
Estímulos ambientais, Cérebro hepatopâncreas e as glândulas salivares. A digestão é essencialmente
por exemplo: nutrição,
temperatura, luz PTTH extracelular. Nos insetos, o tubo digestório é formado por boca; faringe
Corpus Glândula protorácica muscular; esôfago curto, associado a glândulas salivares, que umedecem o
allatum
alimento; papo, que faz armazenamento; moela, para trituração mecânica;
Hormônio juvenil Ecdisoma
(impede a metamorfose) (promove a metamorfose) estômago, ligado a cecos gástricos glandulares, que secretam sucos para
a digestão química; intestino, que se constitui em área de absorção; reto,
onde é feita a absorção final de água; e ânus. Nos aracnídeos, o tubo
digestório contém um estômago sugador, operado por músculos, que
absorve os fluidos corporais da presa, e um estômago químico, onde é
Metamorfose
feita a digestão enzimática. Alguns aracnídeos podem realizar digestão
Embrião Larva Pupa Adulto extracorporal seguida de extracelular.

Túbulos de Malpighi
Processo de muda ou ecdise. Ceco
Proventrículo gástrico Estômago
Esôfago Papo
É formado por feixes de fibras estriadas e inseridas ao esqueleto, que Faringe
funcionam como alavancas. O exoesqueleto é que fornece os pontos para a Ânus
Reto
inserção muscular, com ação antagônica, ou seja, cada estrutura corporal Intestino
Boca
que se contrai sob ação de um músculo distende-se pela ação de outro.
Nas vísceras, existem músculos lisos.

156 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

Sistema respiratório
Coração tubular
Aorta Ostíolo
Existem várias estruturas de trocas gasosas. Entre alguns artrópodes
primitivos, as trocas podem ser cutâneas; já outros podem realizá-las
por brânquias, traqueias e/ou filotraqueias. As brânquias são típicas
de crustáceos. Trata-se de filamentos muito finos, repletos de vasos Hemocélio
sanguíneos, que realizam as trocas gasosas diretamente da água. As
traqueias são formadas por tubos aéreos, revestidos de quitina, que
conduzem o ar diretamente aos tecidos do corpo. A entrada de ar Válvula Ostíolo
Coração
é regulada pela abertura e pelo fechamento de poros situados no
exoesqueleto, denominados estigmas ou espiráculos. A traqueia não
depende do sangue para transportar gases (CO2 e O2). Filotraqueias, Artéria
Artéria
pulmões foliáceos, pulmões-livro ou pulmotraqueias são típicos de Hemocélio

aracnídeos, que os apresentam aos pares. Cada pulmão foliáceo é uma


invaginação da parede abdominal ventral, formando uma bolsa onde
várias lamelas paralelas vascularizadas realizam as trocas gasosas
diretamente com o ar que entra por uma abertura do exoesqueleto.
Sistema circulatório.

Traqueias

CO2 VOCÊ SABIA


O2
Traquíolas
Há uma completa independência entre respiração e circulação nos
Espiráculo insetos, pois a respiração traqueal permitiu a eles uma alta taxa
Músculo
metabólica responsável por atividades como correr e voar. Com a
Respiração traqueal. respiração traqueal, o oxigênio é levado diretamente aos tecidos
do corpo.

Fluxo de hemolinfa Lâminas


entre as lâminas
Sistema excretor

Embora existam vários tipos de sistema em artrópodes, o funcionamento


deles visa à retirada de excretas nitrogenadas das lacunas sanguíneas e
Entrada do ar sua liberação por meio de diferentes estruturas. Veja algumas:

Filotraqueia em aracnídeos. a) Túbulos de Malpighi – são característicos de artrópodes terrestres,


presentes nos insetos, aracnídeos, quilópodes e diplópodes. São
Sistema circulatório formados por tubos alongados que retiram excretas das lacunas e
lançam os derivados nitrogenados no intestino, sendo eliminados
É do tipo aberto ou lacunar, no qual o sangue deixa os vasos e passa a fluir por com as fezes.
espaços livres entre os tecidos, as lacunas ou hemoceles. O coração muscular
localiza-se dorsalmente e bombeia sangue para todo o corpo. No sangue b) Glândulas coxais – estão presentes em aracnídeos e são estruturas
dos aracnídeos e crustáceos, existe o pigmento respiratório hemocianina, em forma de sacos com paredes finas, que eliminam excretas por
responsável pelo transporte gasoso. Insetos, quilópodes e diplópodes poros que se abrem nas coxas.
possuem o sangue totalmente incolor, desprovido de pigmentos, denominado
c) Glândulas verdes ou antenais – típicas de crustáceos, situadas na
hemolinfa, cuja função é fazer o transporte alimentar, uma vez que o oxigênio
chega diretamente aos tecidos via sistema traqueal. Isso explica o fato de cabeça, eliminam os resíduos nitrogenados por poros que se abrem
que, apesar de a circulação ser aberta, com baixa pressão sanguínea e fluxo na base das antenas. Eventualmente, eliminam excretas via superfície
sanguíneo lento, os movimentos desses animais são rápidos. do corpo ou brânquias.

DIVERSIDADE ANIMAL 157

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UNIDADE 5

Intestino Intestino Intestino CLASSIFICAÇÃO


anterior médio posterior
Estômago Túbulos de Atualmente, o filo Artrópodes pode ser considerado um superfilo,
Faringe Esôfago Malpighi Glândula retal
(absorção de água) subdividido em quatro filos. Veja o esquema.
Boca Cecos Filo Trilobita Extinto
Papo gástricos
Ânus
Digestão Absorção Excreção Límulos, escorpiões,
Superfilo Filo Chelicerata
aranhas e ácaros
Esquema da excreção em insetos. Arthropoda
Insetos,
Filo Uniramia quilópodes
Aracnídeos liberam principalmente guanina. Crustáceos liberam amônia. e diplópodes
Insetos, quilópodes e diplópodes liberam ácido úrico. A amônia é altamente
Filo Crustacea
tóxica e requer muita água para ser liberada. Já o ácido úrico e a guanina
são praticamente atóxicos e necessitam de pouca água para sua liberação.
Isso representa uma economia de água e, portanto, uma adaptação à vida
terrestre.
IMPORTANTE

Sistema nervoso
Alguns zoólogos consideram o conjunto de quilópodes + diplópodes
Possuem um sistema ganglionar e ventral (hiponeuros), formado por como Myriapoda.
um complexo ganglionar cerebroide ou supraesofágico e um complexo Unirremes: apêndices que não apresentam ramificações. Exemplo: insetos.
infraesofágico, unido por meio de conectivos periesofagianos. Existe um
Birremes: apêndices ramificados. Exemplo: crustáceos.
par de gânglios por metâmero e há células sensoriais na epiderme ligadas
a terminações nervosas que possuem normalmente contato com cerdas
e pelos. Nas antenas e nos palpos, podem-se encontrar órgãos táteis,
quimiorreceptores e olfatórios. Os órgãos sensoriais mais evoluídos são os VOCÊ SABIA
visuais, com presença de olhos compostos e ocelos.
Acredita-se que os unirremes derivam de um mesmo ancestral que
Cecos tenha originado os anelídeos, hipótese reforçada pela existência de
Esôfago Glândula gástricos Coração
salivar Espermateca um grupo intermediário aos anelídeos e artrópodes, os onicóforos.
Quelicerados, crustáceos e trilobitas surgiram provavelmente antes
Ânus
dessa diversificação.
Onychophora (onicóforos): animais vermiformes com características
Vagina
Boca Gânglios Intestino Túbulos de intermediárias entre anelídeos e artrópodes. A cabeça é pouco
nervosos Ovário Malpighi
Sistema nervoso dos insetos.
distinta e apresenta tentáculos, papilas, mandíbulas e olhos. O corpo
apresenta estruturas similares aos parapódios dos poliquetas, com
presença de garras. A parede do corpo é formada pelo tubo músculo-
Sistema reprodutor -dermático. A respiração é do tipo traqueal e a excreção é feita por
meio de nefrídios.
A reprodução é sexuada. A maioria é dioica, alguns são monoicos (cirripédios
– crustáceos) e alguns, dípteros. Observa-se também partenogênese em Didaticamente, o estudo dos artrópodes é feito por meio da
cladóceros (crustáceos), himenópteros e hemípteros (insetos). A maioria é comparação entre as cinco principais classes: crustáceos,
ovípara, mas existem formas vivíparas. O desenvolvimento pode ser direto queliceriformes/aracnídeos, insetos, quilópodes e diplópodes.
e indireto, a fecundação é interna e há apêndices modificados em órgãos
Dr Morley Read | Shutterstock

copuladores.
Dmitri Gomon | Shutterstock

Cópula de insetos.
Macroperipatus torquatus (peripatus).

158 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 158 22/09/2021 17:27:35


UNIDADE 5

Classe Crustacea (crustáceos) Analise o corpo de um camarão.


Base da 2.ª antena
Entre os crustáceos (crusta = carapaça dura), tais como caranguejos, maxilípedes
siris, camarões, lagostas, cracas e tatuzinhos-de-jardim, há mais de Antenas Cefalotórax Abdome
35 mil espécies conhecidas. A maioria é marinha, alguns são de água
doce e outros, como o tatuzinho-de-jardim, habitam a terra úmida. Os
microcrustáceos pertencem a uma posição básica nas cadeias alimentares. Maxilípedes
A maioria é de vida livre, poucos são parasitas. Alguns, como as cracas, são
sésseis. São variados na morfologia e nos hábitats que ocupam. Pereiópodes
Apêndices Nadadeira
abdominais caudal
(pleópodes) (urópodes) Télson

RHIMAGE | Shutterstock
Esquema mostrando segmentos do camarão.

O camarão apresenta o corpo dividido em 19 segmentos ou somitos, pares


e birremes, toráxicos e abdominais: 5 cefálicos, 8 toráxicos e 6 abdominais.

Apêndice
Posição Função
(Nome e Número)
Táteis, quimiorreceptores e
Cefálicos Antênulas, 1 par
equilíbrio.
Crustáceo Grapsus grapsus. Táteis e quimiorreceptores.
Cefálicos Antenas, 1 par
Abrem os poros excretores.
Cefálicos Mandíbulas, 1 par Triturar.
IMPORTANTE Drenar água para as
Cefálicos Maxilas, 2 pares
brânquias.
Apreensão de alimento,
• Divisão do corpo: normalmente cefalotórax + abdome (com quimiorreceptores e táteis.
número de apêndices variados; são birremes). Toráxicos Maxilípides, 3 pares
O terceiro par se relaciona
• Número de antenas: dois pares; são tetráceros. A respiração com a respiração.
pode ser branquial, eventualmente cutânea; a excreção 4 primeiros pares com
acontece por glândulas verdes ou antenais. Pereiópodes, 5 pares brânquias. Além da
Toráxicos
(patas) respiração, fazem defesa,
• Reprodução: a maioria é dioica; alguns (Cirripedia e Isopoda) ataque e locomoção.
são hermafroditas. Pode ocorrer partenogênese (Cladocera). O Nos machos, o 1.º par
desenvolvimento normalmente é indireto. Abdominais Pleópodes, 5 pares é usado como órgão
• Número de patas: variável. copulador. Nadar.
Nadar. Associados ao
Abdominais Urópodes, 1 par télson. Nas fêmeas, serve
Em sua segunda fase larval, cracas grudam-se a uma superfície segura e para proteção dos ovos.
protegida, tal como uma rocha, e cercam-se com placas blindadas. Quando
atingem sua forma adulta, crescem pela adição de mais material para as
extremidades dessas placas. Cracas são classificadas como Cirripedia (que
significa “onda de pés”), uma subclasse dentro da classe Maxillopoda. SAIBA MAIS
Arturo Verea | Shutterstock

Os crustáceos dividem-se primariamente em dois grandes grupos:


Malacóstracos (ou crustáceos superiores), cujo corpo é dividido em
21 segmentos, e Entomostráceos (ou crustáceos inferiores), com
número variável de segmentos, porém nunca igual a 21.
Microcrustáceos fazem parte do zooplâncton que serve de alimento
para muitos outros seres. Lagostas, siris e camarões são muito
apreciados na culinária.

Lepas anatiferas.

DIVERSIDADE ANIMAL 159

em2_bio_v1.indb 159 22/09/2021 17:27:41


UNIDADE 5

Classe Insecta ou Hexapoda (insetos) Ocelo


Olho
composto
Insetos (insecta = seccionado) é um grupo formado por moscas, louva- Antena
-a-deus, baratas e percevejos, totalizando inúmeras espécies. Vivem em
praticamente todos os hábitats. Os insetos apresentam a capacidade de Clípeo
voar, o que está associado à dispersão, à procura de alimento e à facilidade Labro
Mandíbula
no acasalamento. Tomemos como base a figura do inseto a seguir:
Palpo maxilar
Maxila
(gálea)
Asa posterior
Cabeça Tórax Abdome
Palpo labial
Asa anterior Cerco
Antenas Olho composto Glossa
Cabeça e aparelho
Protórax Ovopositor Flabelo bucal de inseto.
Ocelos ur
Mesotórax
x

Fêm
ra

Tíbia
Metató

Amir Ridhwan | Shutterstock


Mandíbula Coxa Tímpano
Maxila Trocanter
Fêmur
(receptor de som) Estigmas
Lábio
Tíbia
Tarso
Tarso
Anatomia do inseto.

Divisão do corpo: cabeça + tórax + asas + abdome

Cabeça – é constituída pela fusão de seis segmentos. Nela, encontram-


-se duas antenas (díceros), com várias formas, que apresentam função
tátil e olfativa. Na cabeça, também há várias peças peribucais que podem
ter a função de triturar, lamber, picar e sugar.
As peças bucais formam aparelhos que são homólogos entre si: Inseto alimentando-se de sangue.

• Aparelho mastigador ou triturador: insetos que comem alimentos Tórax – é composto de protórax, Coxa
sólidos. Exemplos: baratas, gafanhotos, besouros e cupins. mesotórax e metatórax. Cada Trocanter
• Aparelho lambedor: aparelho utilizado para sugar néctar das flores; segmento apresenta um par de
Fêmur
pode ser contraído e protraído. Exemplos: abelhas e vespas. patas, ou seja, três pares
Tíbia
(hexápodas). Na maioria dos
• Aparelho sugador: espirotrompa sugadora, tubo aspirador que se
insetos, existe um par de asas no Tarso
enrola. Exemplo: borboletas.
mesotórax e um no metatórax. Perna de inseto.
• Aparelho pungitivo ou picador-sugador: especializado para perfurar Patas: unirremes formados por
plantas e animais, sendo usado para aspirar sangue, seiva etc. cinco artículos.
Exemplos: mosquitos, barbeiro, cigarras e pulgões.

Gafanhoto Pernilongo Borboleta


3d_vicka | Shutterstock

Aparelho bucal: Aparelho bucal: Aparelho bucal: Perna de mosca doméstica


mastigador picador sugador mostrando cerdas e garras.

160 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 160 22/09/2021 17:27:44


UNIDADE 5

Asas – expansões membranosas do meso e metatórax. Os tipos de asas


VOCÊ SABIA
podem ser: membranosas (abelhas, vespas e formigas), élitros (mesotórax
de besouro), pergamináceas ou tégminas (mesotórax de grilo, baratas),
hemiélitros (percevejo e barbeiro) e balancins (segundo par de asas dos Os insetos podem identificar sons em fonorreceptores especiais,
dípteros atrofiado e modificado em halteres). Com relação à presença e ao como os cercos do grilo. Os órgãos que produzem sons (estridulantes)
número de asas, os insetos são divididos em: são uma série de dentes nas asas e nas patas, que vibram por atrito
• Pterigógenos: com asas, podendo ser dípteros (duas asas: moscas) ou membranas vibratórias. O olfato é função das antenas. A gustação
ou tetrápteros (quatro asas: besouro). está associada aos palpos e às peças bucais. O tato é percebido
• Apterigógenos: sem asas (traças). pelas numerosas cerdas táteis espalhadas pelo corpo.
HalinaPalina | Shutterstock

Na reprodução dos insetos, existe muita diversidade. Há espécies


dioicas, com fecundação interna. A maioria das espécies é ovípara.
Os ovos são depositados por um ovipositor em locais que dependerão
do modo de vida do adulto. Pode ocorrer partenogênese ou pedogênese
Tetráptero. e poliembrionia, formando simultaneamente vários indivíduos iguais
(gêmeos monozigóticos). Um exemplo é a vespa Litomastix, que deposita
alguns ovos no corpo de uma lagarta de outra espécie. De cada ovo
surgem, por poliembrionia, várias larvas, totalizando milhares, que
devoram completamente o corpo da lagarta. Quanto ao desenvolvimento
pós-embrionário, os insetos dividem-se em:
Cosmin Manci | Shutterstock

• Ametábolos: o desenvolvimento é direto (sem metamorfose). Do


ovo, eclode um filhote, o qual realiza mudas e atinge a fase adulta.
Esse é o caso das traças-dos-livros.
Áptero.
• Hemimetábolos: desenvolvimento indireto. Realizam metamorfose
parcial ou incompleta. Eclode do ovo a ninfa, semelhante ao adulto
(não tem asas e maturidade sexual). A ninfa sofrerá mudas até atingir a
Abdome – é o centro de nutrição e reprodução dos insetos e a parte mais
forma adulta ou imago. Exemplos: baratas, gafanhotos, cupins e grilos.
volumosa do corpo. Podemos encontrar de 7 a 12 segmentos. Nas fêmeas,
o último segmento se modifica em ovopositor. No abdome, não existem • Holometábolos: desenvolvimento indireto com metamorfose total
apêndices. Pode apresentar rudimentos de apêndices como os cercos e ou completa. Do ovo, eclode uma larva vermiforme muito voraz,
estilos, nas baratas, e os ferrões, nas abelhas. A respiração é traqueal e a segmentada, sem asas ou olhos. No fim do período larval, o animal
excreção é por túbulos de Malpighi. não se alimenta mais e forma o estágio de pupa ou crisálida. O inseto
Os fotorreceptores dos insetos podem ser olhos simples ou compostos. vive em locais protegidos, no chão, em casulos etc. Nessa fase, ele
Estes são formados por inúmeros omatídeos, sendo que cada um é uma não se alimenta. Mudanças bruscas ocorrem e poucas estruturas
lente que forma a imagem em mosaico. larvais permanecem, originando o adulto ou imago. Exemplos:
borboletas, abelhas, moscas, besouros etc.
Guillermo Nunez Mira | Shutterstock

Olho composto dos insetos.


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161

em2_bio_v1.indb 161 22/09/2021 17:27:49


UNIDADE 5

SAIBA MAIS

As principais ordens de insetos

Número
Ordem Características Exemplos
aproximado

BEJITA | Shutterstock
Insetos sociais como cupins. Possuem dois pares
Isoptera 2 000 de asas membranosas ou são ápteros.
São hemimetábolos.

Cupim.

K.K.T Madhusanka | Shutterstock


Insetos que possuem dois pares de asas membra-
nosas e cabeça móvel, como vespas e formigas.
Hymenoptera 125 000
Podem mastigar ou sugar.
São holometábolos.

Vespa.

yod67 | Shutterstock
Possuem dois pares de asas e
Hemiptera 85 000 bocas adaptadas para furar e sugar.
São holometábolos.

Percevejo.

SciePro | Shutterstock

Ectoparasitas que possuem


Phthiraptera 2 400 patas equipadas com garras.
São hemimetábolos.

Piolho-da-cabeça.
Dorcus | Shutterstock

Insetos, como o bicho-pau e o


bicho-folha, que mimetizam plantas. Possuem
Phasmatodea 2 600
aparelho bucal picador e mastigador.
São hemimetábolos.

Bicho-folha.

162 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 162 22/09/2021 17:28:03


UNIDADE 5

Número
Ordem Características Exemplos
aproximado

Alexander Sviridov | Shutterstock


Possuem patas posteriores adaptadas para saltar,
Orthoptera 13 000 dois pares de asas e peças bucais mastigadoras.
São hemimetábolos.

Gafanhoto.

AgriTech | Shutterstock
Têm dois pares de asas grandes e membranosas e
Odonata 5 000 peças bucais mastigadoras.
São predadores e hemimetábolos.

Libélula.

GaleriaGraphica | Shutterstock
Insetos com dois pares de asas cobertos por
Lepidoptera 120 000 escamas. A maioria se alimenta de néctar.
São holometábolos.

Borboleta.

Cornel Constantin | Shutterstock


São sugadores de sangue, sem asas e com corpo
Siphonaptera 2 400 comprimido e patas adaptadas para saltar e aderir.
São holometábolos.

Pulga.
MakroBetz | Shutterstock

Possuem corpo achatado e olhos reduzidos.


Thysanura 450
São ametábolos.

Traça-dos-livros.
Petr Ganaj | Shutterstock

Têm dois pares de asas pilosas e


Trichoptera 7 100 peças bucais mastigadoras ou lambedoras.
São holometábolos.

Mosca-d’água.

DIVERSIDADE ANIMAL 163

em2_bio_v1.indb 163 22/09/2021 17:28:14


UNIDADE 5

Número
Ordem Características Exemplos
aproximado

nechaevkon | Shutterstock
Possuem um par de asas, sendo
o segundo par modificado em halteres,
Diptera 15 1000
como moscas e mosquitos.
São holometábolos.

Mosca.

Anton Kozyrev | Shutterstock


Têm dois pares de asas, com um deles coreáceo.
Coleoptera 350 000
São holometábolos.

Besouro.

IMPORTANTE

Os insetos são muito importantes para o ser humano, mas também

Sari ONeal | Shutterstock


podem ocasionar problemas. Na agricultura, têm papel fundamental
no processo de polinização das plantas. Os gafanhotos podem
representar verdadeiras pragas, destruindo plantações inteiras em
pouco tempo. O bicho-da-seda fornece fios para a indústria têxtil;
as abelhas fornecem mel, geleia real e cera. Alguns insetos causam
preocupação médica especialmente por serem vetores de doenças,
como é o caso do Anopheles darlingi, transmissor da malária; o
Culex sp., transmissor da filariose; o barbeiro (Triatoma infestans), Macrofotografia de uma aranha saltadora (Phidippus putnami).
transmissor da tripanossomíase. Pulgas são hematófagas e podem
transmitir peste bubônica. As toxinas produzidas por muitos insetos O corpo é dividido em cefalotórax (prossoma) + abdome (opistossoma). No
podem ser fatais (abelhas, marimbondos, formigas etc.). Cupins e prossoma, existem seis pares de apêndices; no opistossoma, não existem
traças representam pragas dentro de casa, assim como baratas, apêndices. Nos ácaros, o cefalotórax e o abdome se fundem.
mosquitos e formigas.
EreborMountain | Shutterstock

Classe Chelicerata (quelicerados)

No grupo dos aracnídeos, há três principais ordens: Araneae (aranhas),


Scorpiones (escorpiões) e Acari (ácaros e carrapatos). Os aracnídeos
ocupam principalmente o ambiente terrestre e são comuns em locais 1. Olhos e cérebro 8. Pernas 15. Ovário 22. Fiandeira
quentes e secos. Vivem normalmente solitários e são predadores; 2. Pedipalpo
3. Canal de veneno
9. Estômago
10. Aorta
16. Oviducto
17. Canal hepático
23. Glândula de teia
24. Traqueia
eventualmente habitam a água. O tamanho normalmente é reduzido, 4. Boca 11. Coração 18. Vaso sanguíneo lateral 25. Epígino
5. Glândula de veneno 12. Intestino 19. Túbulo de Malpighi 26. Hepatopâncreas
poucos exemplares têm um maior porte. Esse grupo chama a atenção por 6. Quelícera 13. Pulmão foliáceo 20. Bexiga urinária 27. Glândula torácica
vários aspectos, como as aranhas, que produzem fios para formar teia, e a 7. Esôfago 14. Ceco digestivo 21. Ânus

peçonha presente em aranhas e em escorpiões, que os torna tão temidos. Estrutura da aranha.

164 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 164 22/09/2021 17:28:20


UNIDADE 5

O prossoma pode estar segmentado ou coberto por escudo e possui seis O segundo par denomina-se pedipalpos, que são curtos e utilizados no
(seis) apêndices: esmagamento do alimento. Nos machos, podem ser usados como órgãos
copuladores e também apresentam função de percepção tátil. Apresentam
• um par de quelíceras com garras e unhas;
fiandeiras, por onde saem os fios de seda para a construção da teia.
• um par de pedipalpos, que podem terminar em quelas (pinças);

Andrey Zheludev | Shutterstock


• quatro pares de patas.

SAIBA MAIS
Palpos e quelíceras.

A respiração dos aracnídeos pode ser:


• Branquial nos aquáticos. Exemplo: Limulus sp.
• Filotraqueal nos escorpiões.
• Filotraqueal e traqueal nas aranhas.
Após a captura da presa, enzimas produzidas no tubo digestivo são lançadas
• Apenas traqueal nos acarinos, pseudoescorpiões.
no corpo desta, permitindo sua digestão (digestão extracorporal) antes
• Cutâneas em ácaros microscópicos. da deglutição. O material semilíquido da presa é sugado pela aranha, já
A excreção é realizada por túbulos de Malpighi e por glândulas coxais. que os aracnídeos não têm mandíbulas.

Aracnídeos não apresentam mandíbulas ou órgãos mastigadores. As aranhas são dioicas e apresentam dimorfismo sexual. Em alguns casos,
após a cópula, a fêmea devora o macho (característica pouco comum).
A reprodução é sexuada e são dioicos com dimorfismo sexual. São, Normalmente, a cópula está associada à corte. A fecundação é interna,
na maioria, ovíparos e alguns são vivíparos. A maior parte deles sendo os ovos depositados dentro do casulo ou ooteca. O desenvolvimento
apresenta desenvolvimento direto. é direto.
As aranhas são peçonhentas, no entanto o veneno da maioria delas não é
Tipos de aracnídeos prejudicial às pessoas. Algumas espécies, como viúva-negra, aranha-marrom e
armadeira, apresentam interesse médico, mas casos fatais são raros.
Tommy Daynjer | Shutterstock

SAIBA MAIS

Euripterídeos ou escorpiões aquáticos eram queliceriformes


primitivos que podiam atingir até 3 m. Os queliceriformes marinhos
que sobreviveram são os picnogonídeos.
Na ilustração, observe a espécie Eurypterus
remipes, um artrópode marinho. Esse
Estrutura dos aracnídeos.
grande predador pré-histórico, escor-
Shutterstock

pião do mar, viveu desde o início do Pe-


ríodo Siluriano (cerca de 443 milhões
Aranhas – são os aracnídeos mais abundantes (32 mil espécies descritas).
topimages |

de anos atrás) até o Período Devoniano


Apresentam tamanhos variados desde 0,5 cm a até 25 cm. Realizam (cerca de 419 milhões de anos atrás).
de 7 a 13 mudas durante sua vida. Como características diferenciais, é O Eurypterus possuía cerca de 1,6 me-
possível citar olhos simples, geralmente em número de oito, arranjados tros de comprimento e usava a sua
em duas fileiras de quatro; e pelos táteis quimiossensíveis. Possuem um grande quela (pinças) para agarrar
par anterior de apêndices articulados denominado quelíceras, usadas na sua presa.
captura de alimento, onde se abre o duto de uma glândula de veneno.

DIVERSIDADE ANIMAL 165

em2_bio_v1.indb 165 22/09/2021 17:28:29


UNIDADE 5

SAIBA MAIS

Aranhas de interesse no Brasil até 5 cm de comprimento, incluindo as pernas. O corpo atinge de 2 a


3 cm. Seu hábitat típico são os gramados e as residências. Os acidentes
Phoneutria sp. (armadeira)
são frequentes, mas não são graves, não necessitando de tratamento
com soro. O veneno tem discreta ação proteolítica.
Tacio Philip Sansonovski | Shutterstock

bwagner99 | Shutterstock
Phoneutria ctenidae.

As armadeiras possuem cor cinza ou castanho-escuro e pelos curtos Lycosa sp.


no corpo e nas pernas. Próximo aos ferrões, os pelos são vermelhos.
Latrodectus sp. (viúva-negra)
Podem atingir até 17 cm de comprimento, incluindo as pernas
(o corpo tem de 4 a 5 cm). Não fazem teias. O hábitat preferencial Tem coloração preta, com manchas vermelhas no abdome e às vezes
são locais escuros e vegetação, sendo muito comuns em bananais. nas pernas. São pequenas: a fêmea tem de 2,5 a 3 cm (corpo com
Caçam normalmente à noite e são muito agressivas, assumindo uma 1 a 1,5 cm) e o macho é de 3 a 4 vezes menor. Vivem em teias que
postura de ataque (armando o bote). O número de acidentes no Brasil constroem sob a vegetação. São conhecidos no Brasil apenas alguns
é considerável, podendo ser graves para crianças menores. A picada é acidentes de pequena e média gravidade, por isso não é produzido soro
muito dolorida. O veneno tem efeito neurotóxico periférico anestésico. contra as espécies brasileiras.
O tratamento na maioria dos casos é sintomático: utiliza-se anestésico,
Tobias Hauke | Shutterstock

podendo ser necessário também soro antiaracnídico.


Loxosceles sp. (aranha-marrom)
De cor amarelada e sem manchas, mede de 3 a 4 cm (incluindo as Latrodectus sp.
pernas). O corpo tem de 1 a 2 cm e apresenta poucos pelos. Vivem em
teias em tijolos, bambus e dentro das casas; preferem locais escuros.
Não são agressivas e os acidentes são raros, mas normalmente graves.
Os sintomas da picada envolvem uma sensação de queimadura e
formação de ferida no local da picada. O veneno tem ação proteolítica
(necrose e esquemia), hemolítica e coagulante. O tratamento é feito Caranguejeiras (muitos gêneros)
com soro antiaracnídico ou antiloxoscélico.
São aranhas grandes, com pelos compridos nas pernas e no abdome.
Embora sejam muito temidas, os acidentes com elas são raros e sem
Nick626 | Shutterstock

gravidade, por isso também não é produzido soro contra seu veneno.
Head_Snake | Shutterstock

Loxosceles sp.

Lycosa sp. (aranha de jardim ou tarântula)


Apresenta coloração acinzentada ou marrom, pelos vermelhos perto dos Aranha babuína (Pterinochilus sp.). Pelos sensoriais marrom-
-dourados podem ser vistos nas suas pernas.
ferrões e uma mancha escura em forma de flecha sobre o corpo. Mede

166 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 166 22/09/2021 17:28:39


UNIDADE 5

Escorpiões – são os mais antigos artrópodes terrestres conhecidos, fato

Will Figueiredo | Shutterstock


demonstrado por registros fósseis. Realizam em média cinco mudas. São
grandes, geralmente variando de 3 a 9 centímetros de comprimento –
o escorpião imperial africano (Pandinus imperator) mede até 18 cm. Têm
cefalotórax curto e abdome segmentado dividido em pré-abdome e pós- Escorpião brasileiro
-abdome. No primeiro segmento do pré-abdome, abre-se o poro genital; de cauda espessa
(Tityus bahiensis).
no segundo, existe o pente, com numerosos dentes com função tátil. Na
extremidade do pós-abdome, existe o aguilhão peçonhento, utilizado na
captura de presas. Os pedipalpos são grandes, terminam em pinças e são
utilizados para a captura de presas e defesa. Apresentam oito olhos. São
dioicos com dimorfismo sexual e com fecundação interna. São ovovivíparos
Acarina – são aracnídeos de porte pequeno, geralmente microscópicos.
ou vivíparos, com desenvolvimento direto. Pode ocorrer partenogênse.
O cefalotórax é fundido ao abdome. Quelíceras com forma de estilete,
O veneno escorpiônico é uma mistura complexa de proteínas básicas junto aos pedipalpos, constituem um aparelho picador-sugador. As patas
de baixo peso molecular, associadas a pequenas quantidades de terminam em unhas. Apresentam sexos separados com dimorfismo sexual.
aminoácidos e sais, sendo desprovido de atividade hemolítica, proteolítica, É comum ocorrer partenogênse. O desenvolvimento é indireto e as larvas
colinesterásica, fosfolipásica, além de não consumir fibrinogênio. se diferem dos adultos por apresentarem somente três pares de patas.
Existem muitas formas de vida livre, mas como parasitas podemos citar:
Pós-abdome
Pré-abdome Gancho venenoso
Sarcoptes scabiei, Demodex folliculorum e Amblyomma cajennense.
do télson
SciePro | Shutterstock

Kalcutta | Shutterstock
Abdome Ferrão ou agulhão

Cefalotórax
Olhos médios
Olhos laterais
Pedipalpos ou Quelíceras
maxilípedes

Segmentos do escorpião.

Sarcoptes scabiei – causador da sarna. Demodex folliculorum – cravo do rosto.

SAIBA MAIS

mogrzewalska | Shutterstock
Espécies de interesse médico

Nome Distribuição
Nomes populares
científico geográfica
MG, SP, PR, SC,
T. bahiensis escorpião-marrom Amblyomma cajennense – carrapato-estrela.
RS, GO, MS
T. cambridgei escorpião-preto AP, PA
MG, ES, RJ, SP, Classe Chilopoda (quilópodes)
T. costatus escorpião
PR, SC, RS
T. fasciolatus escorpião GO, DF
Deep Desert Photography | Shutterstock

T. metuendus escorpião AC, AM, PA, RO


BA, MG, ES, RJ,
T. serrulatus (1) escorpião-amarelo
SP, DF, GO, PR
T. silvestris escorpião AC, AM, AP, PA
BA, SE, AL, PE,
T. stigmurus escorpião
PB, RN, CE, PI Quilópode Scolopendra sp.
(1) Espécie partenogenética, em expansão nas regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul.
Responsável pelos acidentes de maior gravidade registrados no país, incluindo óbitos.
FONTE: Centro Nacional de Epidemiologia/Ministério da Saúde.

DIVERSIDADE ANIMAL 167

em2_bio_v1.indb 167 22/09/2021 17:28:49


UNIDADE 5

Como exemplo, é possível citar as centopeias ou lacraias. São animais Vulgarmente conhecidos por piolhos-de-cobra, gongolôs ou embuás, os
delgados, com o corpo achatado dorsoventralmente. Há cerca de 3 mil diplópodes apresentam corpo cilíndrico e são capazes de enrolá-lo. Existem
espécies conhecidas, geralmente encontradas no solo, sob pedras ou por volta de 7 500 espécies. Vivem embaixo de folhas, pedras e troncos.
troncos. A quantidade de segmentos do corpo é variável de acordo com Existem dois pares de patas por segmento, e o número de segmentos varia
a espécie. Os quilópodes apresentam, no primeiro segmento, um par de de 9 a 200. Movimentam-se de forma lenta e são herbívoros. Espécies
garras peçonhentas, as forcípulas, situadas ventralmente, úteis na captura gigantes das Ilhas Seychelles, que atingem quase 30 cm de comprimento,
de alimento e para inocular veneno. Sua picadura é perigosa ao ser humano. têm mais de 600 patas. Existe um piolho-de-cobra americano com
752  patas. Algumas espécies secretam, em glândulas especiais, um
Podem apresentar de 15 a 177 segmentos. São animais de hábitos
líquido de odor forte, contendo iodo e cianeto, que é usado para repelir
noturnos, incapazes de enrolar o corpo, mas movimentam-se rapidamente.
predadores. Apresentam maxilas modificadas em gnatoquilário utilizado
São predadores (insetos e aranhas). O corpo é dividido em cabeça (seis
para triturar o alimento. Apresentam corpo dividido em cabeça + tronco
segmentos fundidos) e tronco. Apresentam um par de patas por segmento
ou cabeça + tórax + abdome e possuem um par de antenas (díceros). São
(exceto os dois últimos); são unirremes. Apresentam um par de antenas.
unirremes; os quatro primeiros segmentos não têm patas e os três próximos
A respiração é traqueal e a excreção é por túbulos de Malpighi. Possuem
segmentos apresentam um par de patas; os demais segmentos, dois
olhos simples e cerdas táteis. São dioicos, com fecundação interna e
pares de patas. A respiração é traqueal e a excreção é realizada por túbulos
desenvolvimento direto e, eventualmente, indireto. São ovíparos.
de Malpighi. Apresentam dois grupos de olhos simples. A reproduçao é
sexuada e são dioicos com fecundação interna e desenvolvimento direto.
Agustin Esmoris | Shutterstock

Os machos possuem gonópode, 7.º par de patas modificado em pênis. O


desenvolvimento é direto. São ovíparos.

Leonardo Mercon | Shutterstock


Cabeça de um quilópode.

Classe Diplopoda (diplópodes)


Dan Olsen | Shutterstock

Diplópode Aphistogoniulus sp. Diplópode.

IMPORTANTE

Classes
Características Insetos Crustáceos Aracnídeos Quilópodes Diplópodes
Hábitat
Terrestre Água salgada ou doce Terrestre Terrestre Terrestre
principal
Direto (exceto
Desenvolvimento Direto ou indireto Direto e indireto Direto ou indireto Direto
carrapatos)
Cefalotórax e Cabeça, tórax e abdome
Divisão do corpo Cabeça, tórax e abdome Cefalotórax e abdome Cabeça e tronco
abdome ou cabeça + tronco

168 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 168 22/09/2021 17:28:52


UNIDADE 5

Classes
Características Insetos Crustáceos Aracnídeos Quilópodes Diplópodes
Oito Muitas: presença de Muitas: presença de dois
Número de patas Seis (são hexápodes) Variável
(são octópodes) um par em cada anel pares em cada anel
Antenas Um par (díceros) Dois pares (tetráceros) Ausentes (áceros) Um par (díceros) Um par (díceros)
Respiração Traqueal Branquial Pulmotraqueal Traqueal Traqueal
Túbulos de
Glândulas verdes ou
Excreção Túbulos de Malpighi Malpighi e Túbulos de Malpighi Túbulos de Malpighi
antenais
glândulas coxais
Caranguejo, craca,
Barata, pulga, percevejo, Aranhas, carrapa- Centopeias ou Embuá ou piolho-de-
Exemplos camarão, tatuzinho-de-
cupim tos, escorpiões lacraias -cobra
-jardim

CONFIRMANDO A TEORIA

1. (Uema) Em uma visita a um oceanário, os alunos observaram o Karla: – O Carlos só está enganado em dizer que esse animal é um
ecossistema artificial indicado a seguir: crustáceo. Nem Artrópode é!
Igor: – Alguém poderia me informar a qual animal vocês estão
se referindo? Vejo, no aquário, um crustáceo em uma concha de
molusco.
Flávia: – Carlos está errado! A professora explicou várias vezes
que nos equinodermas, como naquele animal dentro da concha, o
esqueleto é calcário revestido por epiderme.
Disponível em: <http://www.cifonauta.cebimar.uso.br>. Acesso em: 7 nov. 2014.

Analise as respectivas falas dos alunos quanto à correção das


características morfológicas dos animais invertebrados. Justifique
o porquê das informações corretas.
O grupo de alunos aproximou-se fascinado e fez os seguintes O caranguejo bernardo-eremita é um representante da classe
comentários: Crustáceos do filo Artrópodes.
Vinicius: – Esses moluscos são realmente resistentes devido à As falas de Vinicius, Karla e Flávia estão equivocadas. Carlos e
presença dessa concha secretada pelo manto! Igor estão corretos, porque o crustáceo protege o seu abdome,
Carlos: – Vejo um crustáceo que está bem preparado para se desprovido de exoesqueleto, no interior da concha abandonada de
defender pela existência do exoesqueleto e apêndices articulados. um molusco já morto.

DIVERSIDADE ANIMAL 169

em2_bio_v1.indb 169 22/09/2021 17:28:52


UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas no que se refere aos artrópodes. 2. (CEPBJ-PR) Complete a tabela.

a) São animais de corpo ______________ e simetria _____ Características Quilópodes Diplópodes


___________________, apresentam tecido verdadeiro são
Exemplo
________________, possuem três folhetos embrionários
são ________________, são protostômios e apresentam Número de patas
por segmento
________________ como os anelídeos e os moluscos.
Antenas
b) Um artrópode apresenta patas ______________, exoesqueleto
formado por _____________, por isso necessita realizar Divisão do corpo
__________ ou __________. Quem controla esse processo é
Respiração
o hormônio da ______________ ou ______________.
Excreção
c) O tubo digestório é ______________. O sistema circulatório é
______________ e o sistema nervoso é ______________, Peçonha
são hiponeuros.
Hábito
d) Podemos classificar os artrópodes em cinco classes,
______________, ______________, ______________, Capacidade de
enrolar o corpo
______________ e ______________.

3. (CEPBJ-PR) Complete a tabela.

Característica-
Exemplo N.º patas Antenas Divisão do corpo Respiração Excreção -chave

Insetos

Aracnídeos
Crustáceos

4. (Unicamp-SP) Nos porões dos navios vindos do Oriente no século XIV, chegavam milhares de ratos à Europa, onde encontravam um ambiente favorável,
dadas as condições precárias de higiene. Esses ratos estavam contaminados e suas pulgas transmitiam um agente etiológico aos homens por meio da
picada. Os ratos também morriam da doença e, quando isso acontecia, as pulgas passavam rapidamente para os humanos, para obterem seu alimento, o
sangue. Qual é o agente etiológico e qual é o nome popular dessa doença?

a) Vírus, peste bubônica.

b) Bactéria, peste bubônica.

c) Vírus, leptospirose.

d) Bactéria, leptospirose.

5. (UPE) O professor de Biologia de um colégio realizou uma excursão com os estudantes do 2.º ano do Ensino Médio à Praia Ponta de Serrambi. Para isso,
ele planejou que na atividade de campo os estudantes pudessem identificar e classificar os organismos presentes nos recifes de arenito, apresentados
nas imagens a seguir:

170 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

7. (Unesp) Em um barzinho à beira-mar, cinco amigos discutiam o que


pedir para comer.

Com base nas imagens (1, 2, 3 e 4), assinale a alternativa correta. Marcos, que não comia peixe, sugeriu picanha fatiada.

a) 1 – Molusco; 2 – Alga; 3 – Cnidário; 4 – Crustáceo. Paulo discordou, pois não comia carne animal e preferia frutos do mar;
por isso, sugeriu uma porção de camarões fritos e cinco casquinhas de
b) 1 – Crustáceo; 2 – Cnidário; 3 – Molusco; 4 – Equinodermo.
siri, uma para cada amigo.
c) 1 – Equinodermo; 2 – Esponja; 3 – Cnidário; 4 – Alga.
Marcos recusou, reafirmando que não comia peixe.
d) 1 – Molusco; 2 – Cnidário; 3 – Equinodermo; 4 – Porífero.
Eduardo riu de ambos, informando que siri não é peixe, mas sim um
e) 1 – Crustáceo; 2 – Porífero; 3 – Alga; 4 – Cnidário. molusco, o que ficava evidente pela concha na qual era servido.

Chico afirmou que os três estavam errados, pois os siris e os camarões


6. (Unicamp-SP) Campinas viveu no verão deste ano a maior epidemia de
não são peixes nem moluscos, mas sim artrópodes, como as moscas
dengue da sua história e situação semelhante foi observada em outras
que voavam pelo bar.
cidades brasileiras. Indique o vetor dessa virose, onde ele se reproduz
e a situação de temperatura que influencia sua reprodução. Ricardo, por sua vez, disse que concordava com a afirmação de que
a) O vetor do vírus da dengue é o Aedes aegypti. Suas fases imaturas os siris e camarões fossem artrópodes, mas não com a afirmação de
desenvolvem-se no solo e há diminuição na sua reprodução em que fossem parentes das moscas; seriam mais parentes dos peixes.
temperaturas abaixo de 17°C. Para finalizar a discussão, os amigos pediram batatas fritas.
b) O vetor do vírus da dengue é o Culex quiquefasciatus. Suas fases
O amigo que está correto em suas observações é
imaturas desenvolvem-se na água suja e há aumento na sua
reprodução em temperaturas abaixo de 17°C. a) Ricardo.
c) O vetor do vírus da dengue é o Aedes aegypti. Suas fases imaturas
b) Marcos.
desenvolvem-se na água limpa e há diminuição na sua reprodução
em temperaturas abaixo de 17°C.
c) Paulo.
d) O vetor do vírus da dengue é o Culex quiquefasciatus. Sua
reprodução se dá no solo e sofre aumento em temperaturas d) Eduardo.
abaixo de 17°C.
e) Chico.

DIVERSIDADE ANIMAL 171

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UNIDADE 5

8. (Uerj) No gráfico, está indicado o tamanho de um animal terrestre a)


ao longo de um determinado período de tempo, a partir de seu
nascimento.

b)

Nomeie o filo a que esse animal pertence, justificando sua resposta.


Nos pontos indicados pelas setas, ocorre um processo relevante para
o desenvolvimento desse animal até a fase adulta. Nomeie esse
processo e aponte a razão de sua importância.

10. (UEG-GO) Durante o verão em determinados estados brasileiros


é comum escutarmos o canto das denominadas cigarras, como
mecanismo de atração das fêmeas pelos machos por meio do seu
canto. Nesse mesmo período, é comum encontrar sobre as árvores
9. (Fuvest-SP) O rígido exoesqueleto dos artrópodes é periodicamente “restos” de cigarras, que a população humana denomina de cigarras
substituído para que seu corpo possa crescer. Após as mudas, com o “estouradas” de tanto cantar. Esses “restos” de cigarra referem-se ao
revestimento do corpo ainda flexível, o animal cresce. O gráfico abaixo a) exoesqueleto, resultado do crescimento das cigarras que ocasiona
representa o crescimento desses animais. as “mudas” nos insetos.
b) ferormônio, resultado da liberação pelos machos das cigarras no
processo de atração das fêmeas.
c) quelíceras, estrutura responsável pela liberação de partes das
cigarras no processo do canto do macho.
d) ecdisona, hormônio responsável pelo ciclo de morte das cigarras
no período do veraneio.

11. (Unicamp-SP) Os insetos, especialmente aqueles com modo de vida


social, estão entre os animais mais abundantes na Terra. São insetos
sociais, que vivem em colônias
a) formigas, borboletas, besouros.
Nas coordenadas a seguir, represente
b) abelhas melíferas, formigas, cupins.
a) o crescimento de alguns moluscos, cujo exoesqueleto agrega
material de maneira contínua, permitindo o crescimento c) besouros, abelhas melíferas, moscas.
continuado do animal; d) cupins, libélulas, cigarras.
b) crescimento de mamíferos, que têm endoesqueleto ósseo e
crescem até se tornarem adultos.

172 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

12. (Uerj) a) I e II.


Quando Oswaldo Cruz assumiu a direção do Departamento Nacional b) I e III.
de Saúde Pública, o Brasil era um país doente. Uma das regiões que
mais sofria era o Rio de Janeiro. No final do século XIX, dizia-se que c) I e IV.
essa cidade poderia vir a ser o maior centro de comércio da América d) II e IV.
do Sul se não fosse uma fábrica de moléstias, duas em especial: a
febre amarela e a varíola. e) II, III e IV.
Disponível em: <aprendebrasil.com.br>. (Adaptado).
14. (Ufsc) A difusão de substâncias é um mecanismo de transporte muito
Atualmente, a varíola está erradicada no Brasil, mas a febre amarela lento para distâncias superiores a poucos milímetros. Existem duas
apenas em algumas partes do país. No Rio de Janeiro, ainda existe a diferentes estratégias adaptativas para resolver este problema em
preocupação com o retorno desta doença. animais: (1) apresentar um tamanho e formato de corpo capaz de fazer
com que um grande número de células realize trocas com o ambiente
Cite o agente etiológico da febre amarela e indique como ela é e (2) apresentar um sistema circulatório que transporte um líquido e
transmitida ao homem. Explique, também, por que, na cidade do Rio que este passe próximo das células.
de Janeiro, há possibilidade de retorno da febre amarela.
Observe as figuras abaixo e indique a soma da(s) proposição(ões)
correta(s).

Disponível em: A<http://g1.globo.com/sp/vale-do-paraiba-regiao/noticia/2013/05/aparicao-de-


agua-viva-rara-no-litoral-de-sp-preocupa-ambientalistas.html>; B<http://olhares.uol.com.br/
13. (PUC-RS) Para responder à questão, analise o texto e os diagramas
ninfa-do-gafanhoto-do-egipto-anacridium-aegyptium-foto2373317.html>; C<http://www.tier3.
a seguir. de/field-studies/soil-organisms/>. Acesso em: 1.o nov. 2013.

Entomologia, carcinologia e aracnologia são ramos da Biologia que (01) O animal representado em A não apresenta sistema circulatório
estudam os insetos, os crustáceos e os aracnídeos, respectivamente. distinto; neste grupo, a cavidade gastrointestinal apresenta duas
Dois desses grupos incluem organismos mais aparentados funções: a digestão e a distribuição de substâncias em todo o corpo.
evolutivamente um com o outro do que com o terceiro, por
compartilharem a condição de possuírem antenas e mandíbulas. (02) O animal representado em B apresenta sistema circulatório
fechado e sua hemolinfa circula inteiramente dentro de vasos.

(04) O animal representado em C apresenta sistema circulatório


aberto, assim o sangue se mistura com o líquido intersticial.

(08) Os animais representados em B e C apresentam coração e sis-


tema circulatório fechado. Além disso, a difusão de gases se dá
por meio de um sistema respiratório traqueal.

(16) Os animais mostrados em A, B e C possuem como pigmento


respiratório a hemoglobina.

(32) O sistema circulatório fechado proporciona maior pressão, per-


mitindo oxigenação e nutrição mais eficientes para as células de
Os diagramas que representam corretamente a relação de parentesco animais maiores e mais ativos.
mencionada no texto são apenas Total:

DIVERSIDADE ANIMAL 173

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UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

15. (Ifsp)

Afinal, o que são bernes?


São larvas de moscas da espécie Dermatobia hominis, que penetram
na pele dos mamíferos e se alimentam de tecido vivo, podendo ficar
até 40 dias no animal.

D. hominis é um inseto que vive em habitações humanas ou em áreas


próximas delas e pode chegar a pouco mais de 1,0 cm de comprimento. Tanto os adultos como as larvas alimentam-se de matéria orgânica,
Essa mosca possui abdome de cor metálica e seu ciclo larval se originada pela proliferação de microrganismos existentes no ambiente
desenvolve na pele de alguns animais, constituindo o “berne”. doméstico.

Quando adulta põe seus ovos em outras espécies de moscas, que


A utilização de produtos de limpeza contendo cloro, como a água
os transportam, permitindo a saída das larvas quando estão sobre a
sanitária, é uma medida indicada para a higiene domiciliar, pois atua
pele de animais de sangue quente (mamíferos e aves). O aspecto da
lesão é semelhante a um furúnculo, devido à presença de um pequeno a) reduzindo o tamanho populacional, tanto dos insetos como dos
orifício, por onde a larva respira. microrganismos patógenos.
Durante essa fase, a larva se alimenta de tecido necrosado, até o b) interrompendo a metamorfose dos insetos e dos microrganismos
momento de sua saída para o ambiente, quando irá se transformar patógenos, impedindo-os de chegarem à fase reprodutiva.
em pupa e, finalmente, em um indivíduo adulto. Os bernes podem
acometer diversas espécies animais, principalmente mamíferos c) esterilizando as formas larvais e impossibilitando a contaminação
(inclusive a espécie humana), em áreas onde há vegetação, capineiras, dos adultos pelos microrganismos patógenos.
bambuzais, capoeiras etc.
d) impedindo o contágio pelos microrganismos patógenos, por meio
Disponível em: <http://www.agendapet.com.br/2012/09/bernes-o-que-sao-os- da picada dos insetos adultos em humanos.
males-que-trazem.html>. Acesso em: 17 nov. 2013. (Adaptado).
e) descontaminando os insetos adultos, com relação à presença dos
Baseando-se nas informações do texto e em seus conhecimentos,
microrganismos patógenos.
assinale a alternativa correta.
17. (Ifsp) A charge a seguir menciona uma característica presente nos
a) O berne é um parasita porque é uma larva de mosca.
insetos.
b) A relação entre a mosca D. hominis e a outra espécie de mosca que
transporta seus ovos é de mutualismo.

c) A relação entre os bernes e os mamíferos traz benefícios aos


primeiros, mas não prejudica os segundos.

d) O ser humano passará a ser hospedeiro do berne caso tenha


contato com as aves e com os mamíferos infectados.

e) A melhor maneira de combater o berne é diminuir a incidência das A característica mencionada pela borboleta está relacionada com
moscas transportadoras de ovos. o sucesso dos insetos na ocupação dos diferentes ambientes do
planeta. Isso ocorre porque, devido a essa característica, os insetos
16. (FGV-SP) Mosquitos psicodídeos são bastante comuns nos banheiros apresentam
das residências, sendo geralmente inofensivos ao ser humano,
exceto quando ocorre o transporte de patógenos em suas pernas, ao a) um corpo mole e flexível, melhor adaptado à ocupação de
pousarem em diferentes locais. pequenos espaços.

As figuras ilustram o adulto e a larva do inseto conhecido popularmente b) uma sustentação mais eficiente do corpo, baseada em um
como “mosca de banheiro”. esqueleto interno.

174 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

c) um crescimento contínuo, sem a necessidade de mudas. 21. (Unicamp-SP) Um caso de morte por febre maculosa em Piracicaba
resultou no fechamento temporário de um parque da cidade, para
d) uma maior proteção contra a perda excessiva de água.
que os elementos envolvidos na transmissão fossem eliminados. O
e) uma respiração cutânea mais eficiente. agente etiológico dessa doença e os elementos necessários para sua
transmissão são
18. (UFRGS-RS) A Organização para a Alimentação e a Agricultura (FAO) a) vírus, gato e mosca.
lançou, em maio de 2013, um documento intitulado Insetos Comestíveis:
Perspectivas Futuras para a Segurança Alimentar, no qual afirma que b) bactéria, capivara e mosca.
esses animais são uma alternativa à produção convencional de carne.
c) vírus, cão e carrapato.
Sobre esse grupo de animais, é correto afirmar que
d) bactéria, capivara e carrapato.
a) podem apresentar uma modificação morfológica significativa entre
um estágio e outro de desenvolvimento. 22. (Ufsm-RS) “Camarão” é o nome usado popularmente para designar
b) são parasitas do homem os que possuem corpo composto por muitos tipos de crustáceos aquáticos, como:
cefalotórax e abdome. • camarão-cinza (nome científico: Litopennaeus vannamei);
c) se alimentam por meio de órgãos especializados, denominados • camarão-branco (nome científico: Litopennaeus schmitti);
de quelíceras.
• camarão-de-água-doce (nome científico: Cryphiops brasiliensis).
d) são as larvas os principais polinizadores das plantas com flores. FONTE: AMABIS, J. M.; MARTHO, G. R. Fundamentos da biologia moderna.
Volume único. 4. ed. São Paulo: Moderna, 2006. p. 238.
e) podem apresentar quatro pares de patas que favorecem o seu
deslocamento. Com relação aos camarões exemplificados no texto, pode-se afirmar
que:
19. (PUC-RS) Uma produtora de cinema, entusiasmada com o sucesso
das histórias do Homem Aranha, resolveu lançar o filme A Liga dos I. estão classificados em dois filos diferentes.
Arachnida. Nesta nova trama, o Homem Aranha tem três outros super-
II. são três espécies de um mesmo gênero.
-heróis da sua mesma classe para ajudá-lo a combater o crime. Seus
parceiros são os Homens III. representam três espécies diferentes.

a) Ácaro, Carrapato e Opilião. Está(ão) correta(s)

b) Ácaro, Centopeia e Barbeiro. a) Apenas I.

c) Carrapato, Barbeiro e Escorpião. b) Apenas II.

d) Carrapato, Centopeia e Lacraia. c) Apenas II e III.

e) Opilião, Lacraia e Escorpião. d) Apenas III.

20. (UFSJ-MG) A quitina é um polissacarídeo formado por várias moléculas e) I, II e III.


de glicose e por grupo amina. Ela pode ser encontrada na natureza na
parede celular dos fungos e em alguns animais. Dentre os animais nos
quais podemos encontrar quitina, estão

a) crustáceos, esponjas e peixes.

b) artrópodes, equinodermos e nematoides.

c) insetos, nematoides e anfioxos.

d) aracnídeos, moluscos e anelídeos.

DIVERSIDADE ANIMAL 175

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UNIDADE 5

FILO EQUINODERMOS
(ECHINODERMATA) IMPORTANTE

INTRODUÇÃO Novidades evolutivas


O filo Equinodermos apresenta as mesmas características embriológicas Os equinodermos são os primeiros animais, na escala zoológica,
dos cordados, mas pertence ao clado Deuterostomia. Estrelas-do-mar, deuterostômios, são os primeiros enterocelomados e apresentam
ouriços-do-mar e pepinos-do-mar são alguns dos representantes desse esqueleto interno de origem mesodérmica.
filo exclusivamente marinho. O clado Deuterostomia é definido
principalmente pela semelhança de DNA, uma vez que deuterostômios Semelhança entre equinodermos e cordados:
são de simetria bilateral, mas equinodermos apresentam simetria, quando • São deuterostômios.
adultos, radial (pentarradial). Nesse grupo, encontra-se algo especial e
• São enterocelomados.
exclusivo: o sistema ambulacral, que tem inúmeras funções. Em
número, os equinodermos não são tão expressivos: existem por volta de • Têm endoesqueleto calcário de origem mesodérmica.
7 mil espécies. Neste capítulo, você é convidado a desvendar as maravilhas • A fase larval dos equinodermos tem simetria bilateral e é muito
do filo Equinodermos. parecida com as larvas de protocordados.
ABS Natural History | Shutterstock

ESTRUTURA

Revestimento e proteção

Laura Dts | Shutterstock


Estrela-do-mar (Asterias rubens).

IMPORTANTE

Echinodermata (echinos = espinho; dermatos = pele) são animais com


espinhos na pele.

CARACTERIZAÇÃO
Espinhos na pele de equinodermos.
Equinodermos são animais exclusivamente eumetazoários, neuromiários,
enterozoários e exclusivamente marinhos. Possuem espinhos na Existe uma epiderme simples que recobre o esqueleto e os espinhos. Estes
superfície do corpo. Estão entre os mais familiares invertebrados marinhos, servem de proteção e podem conter glândulas venenosas. Também podem
como as estrelas-do-mar. O número de equinodermos conhecido é existir, na superfície do corpo, pedicelários, utilizados para fazer limpeza
aproximadamente 6 mil espécies. São relativamente grandes. Apresentam da superfície.
um sistema de canais resultantes de uma modificação na cavidade
celomática, denominado sistema ambulacrário, por onde circula a Sustentação e locomoção
água no interior do corpo. Apresentam endoesqueleto calcário e corpo
assegmentado. Seu hábitat é exclusivamente marinho, predominantemente Possuem endoesqueleto calcário com placas móveis (articuladas)
o fundo do mar. Podem ser livre-natantes ou sésseis. Os adultos ou podem ser fixas. No pepino-do-mar, as placas são microscópicas
apresentam simetria radial pentameral, já as larvas apresentam simetria e distribuídas pelo corpo; no ouriço-do-mar, constituem uma
bilateral. Os adultos podem ser considerados de simetria secundária. As carapaça resistente. A locomoção normalmente é lenta e feita
características embriológicas são idênticas à dos cordados: triblásticos, por pés ambulacrais ou por espinhos com músculos que permitem
deuterostômios, celomados (enterocelomados). movimento.

176 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

entra a água, de localização excêntrica e dorsal, ligada ao canal pétreo,

Dan Bagur | Shutterstock


que conduz a água e substâncias ao canal circular ou anelar (ao redor
do esôfago). O canal circular possui vesículas de Poli, que regulam a
pressão interna. Associados ao canal circular estão também os corpos
de Tiedemann (produzem amebócitos). Para o interior de cada braço vai
um canal radial, provido de inúmeros canais laterais, que sustentam
pés ambulacrais. Os pés ambulacrais na parte superior apresentam
uma ampola, que se contrai ejetando a água, provocando o movimento e
possibilitando a fixação.

Canal circular Placa madrepórica


Canal pétreo
Pés de estrela-do-mar comum (Asterias).

Orifício genital
Orifícios da placa madrepórica Canal radial
Ânus
Gônodas Ampolas
Vesícula de Poli

Pés ambulacrários

Sistema ambulacral.
Dente

Espinho Boca Pedicelária


Esqueleto interno Pés ambulacrários SAIBA MAIS

Cavidades do corpo

FISIOLOGIA O celoma se divide em várias cavidades que apresentam inúmeras


funções. Na larva, são encontradas axocele, hidrocele e somatocele.
No adulto, encontram-se:
Sistema digestório
• Celoma perivisceral, verdadeiro celoma. É a maior cavidade
O tubo digestório é completo, exceto nos ofiuroides, que apresentam corporal, derivado da somatocele.
somente boca. Os ouriços-do-mar comem algas, que são trituradas por
• Sistema pseudo-hemal, originado da somatocele.
cinco dentes que formam a lanterna de Aristóteles. As estrelas-do-mar
são carnívoras (comem especialmente ostras): elas conseguem lançar o • Sínus axial, canal pétreo que se origina da axocele.
estômago para o interior das ostras e liberam enzimas para digeri-las. Nos • Sistema ambulacrário, derivado da hidrocele.
ofiuroides e alguns equinoides, falta ânus. Nos crinoides, o tubo digestório
é em U.

Sistema ambulacrário ou hidrovascular Sistema respiratório

É exclusivo dos equinodermos. É um sistema de múltiplas funções, entre É realizado pelo sistema ambulacrário (pés ambulacrais e pápulas), além
elas trocas gasosas, excreção, fixação, locomoção etc. É formado por de brânquias (asteroides e equinoides) e hidropulmões (holonturoides).
canais e apêndices corporais. Inicia com a placa madrepórica, por onde

DIVERSIDADE ANIMAL 177

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UNIDADE 5

Sistema excretor Sistema circulatório

Não existem órgãos especializados. Os catabólitos são absorvidos pelos Não existe um verdadeiro sistema circulatório: existe um sistema pseudo-
amebócitos e eliminados na parede do tubo digestório e pelas brânquias. -hemal, formado por lacunas ao redor dos órgãos. Essas lacunas são
A excreta principal é a amônia. preenchidas por líquido celomático, que, por sua vez, contém amebócitos.

Espinho móvel 1 + 2 + 3 + 4 + 5 = Sistema ambulacrário


Ânus
1. Canal madrepórico 5. Pés ambulacrários
(pétreo)
Intestinos 4. Ampolas
3. Canal radial
Gônoda
(sexos separados;
fecundação externa;
desenvolvimento
indireto) Anel nervoso

2. Canal circular
Boca
Pedicelária
Brânquia Dente (lanterna
Pápula de Aristóteles)

Sistema nervoso extremidades estreitas. Alguns possuem um pedúnculo longo, que fixa o
crinoide ao fundo do mar. Possuem boca e ânus em forma de U. Quanto
Pode ser dividido em sensorial e motor. O sensorial está abaixo da à alimentação, detritos e plâncton são conduzidos à boca por meio de
epiderme, formando uma rede nervosa, e condensa-se ao redor da boca, correntes de águas criadas pela movimentação dos pés ambulacrais.
originando um anel nervoso. Deste, partem cinco nervos radiais. O motor
é mais profundo e possui gânglios que enervam músculos dos braços, Classe Echinoidea (equinoides)
pedicelárias e pés ambulacrais. Possuem algumas células táteis na
superfície do corpo e podem também ter células fotorreceptoras. Os equinoides têm o corpo arredondado, como ouriços-do-mar, e
disciforme, como as bolachas-da-praia.
Sistema reprodutor
Não têm braços ou raios livres, mas possuem espinhos delgados e móveis.
A reprodução é sexuada. São animais dioicos, com fecundação externa e Na maioria dos ouriços-do-mar, as vísceras estão encerradas em uma
desenvolvimento indireto. Larvas estrela-do-mar: bipinária; ofiuroides e carapaça. Cinco áreas (ambulacros) correspondem aos braços da estrela-
ouriços: plúteus; lírio-do-mar: dolidária; pepino-do-mar: auriculária. -do-mar e são perfuradas para uma série dupla de pés ambulacrários.
Normalmente, apresentam grande capacidade de regeneração. Nas placas, há tubérculos baixos, arredondados, nos quais os espinhos se
articulam. Existem espinhos pedicelários, os quais mantêm o corpo limpo
CLASSIFICAÇÃO e capturam pequenas presas. Têm boca ventral e ânus dorsal.
sirtravelalot | Shutterstock

Classe Crinoidea (crinoides)


Aleksei Alekhin | Shutterstock

Ouriço-do-mar.

Lírio-do-mar. Classe Asteroidea (asteroides)

São equinodermos semelhantes a flores e denominados lírios-do-mar. O O corpo consiste em um disco central e cinco raios ou braços
corpo é um pequeno cálice em forma de taça, de placas calcáreas, ao qual afilados, como na estrela-do-mar. Na superfície aboral ou superior, há
estão presos cinco braços flexíveis que se bifurcam formando dez ou mais espinhos calcários, os quais são partes do esqueleto. Apresentam

178 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

espinhos, pápulas e pedicelárias. O ânus é uma abertura diminuta próximo

e2dan | Shutterstock
ao madreporito. A boca é ventral ou inferior. São carnívoros predadores. Têm
grande capacidade de regeneração. Os sexos são geralmente separados, a
fecundação é externa e o desenvolvimento é indireto.

John A. Anderson | Shutterstock


Pepino-do-mar.

Classe Concentricycloidea (concentricicloides)

São equinodermos discoides minúsculos que vivem em grandes profundidades


(Xyloplax turnerae). Apresentam de 2 a 9 mm de envergadura e são cobertos
na parte aborral por pequenas placas. Têm espinhos marginais e não possuem
Estrela-do-mar (Fromia monilis). braços.

Classe Ophiuroidea (ofiuroides)

Rich Carey | Shutterstock


Apresentam um disco pequeno, arredondado, com cinco braços distintos,
longos, delgados, articulados e frágeis e são chamados de estrela-serpente.
No braço, há um ramo do sistema ambulacrário. Os pés ambulacrários
não têm ventosas. Não há pedicelárias e brânquias dérmicas. Todos os
órgãos digestivos e reprodutores estão no disco. A boca fica no centro da
superfície oral. Não há ânus.
Ana y Erik | Shutterstock

Acanthaster planci (estrela-do-mar coroa de espinhos).

CONFIRMANDO A TEORIA

1. (Uece) Em levantamento faunístico realizado na serapilheira de


uma propriedade localizada na Serra de Guaramiranga, Ceará,
foi encontrada grande variedade de animais nessa camada
Estrela-serpente. superficial do solo. Considerando-se o ambiente em que foi feito
o levantamento, espera-se encontrar representantes de
Classe Holothuroidea (holoturoides) a) Arthropoda, Cnidaria, Anellida.
Apresentam o corpo alongado em um eixo oral-aboral e são conhecidos b) Echinodermata, Anellida, Mollusca.
como pepino-do-mar. Na boca, existem 10 a 30 tentáculos (modificações
c) Chordata, Arthropoda, Mollusca.
de pés ambulacrários bucais). Alguns holoturoides apresentam duas zonas
longitudinais de pés ambulacrários na região dorsal, de função tátil e d) Porífera, Anellida, Cnidaria.
respiratória. No lado ventral, existem três zonas de pés ambulacrários, Os equinodermos não poderiam ser encontrados, pois são exclu-
com ventosas, que servem para a locomoção. sivamente marinhos. Os cnidários e os poríferos são exclusiva-
O movimento é típico de lesmas no fundo do mar. Comem material mente aquáticos.
orgânico dos resíduos do fundo. Alternativa correta: c.

Quando molestados, costumam eliminar as vísceras, que posteriormente


se regeneram.

DIVERSIDADE ANIMAL 179

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UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Avalie os itens abaixo, que tratam do filo dos equinodermos, b) Os Echinodermata apresentam organização pentarradiada, com
e marque (V) ou (F). larvas de simetria bilateral, esqueleto calcário esterno, triblásticos
e deuterostômios.
a) (  ) São animais exclusivamente marinhos.
c) A forma básica de reprodução desses animais é assexuada.
b) (  ) São sempre sésseis.
d) É o único grupo do reino animal que possui um sistema aquífero
c) (  ) São deuterostômios acelomados. responsável pelas funções de circulação, locomoção, respiração,
d) (  ) São enterozoários, triblásticos e esquizocelomados. excreção e percepção.

e) (  ) Apresentam exoesqueleto calcário. e) Conchas, estrelas-do-mar e ouriços-do-mar são seus


representantes mais conhecidos.
f) (  ) Apresentam simetria secundária, bilateral na larva e radial
nos adultos. 4. (UEL-PR)
g) (  ) Têm corpo assegmentado.

2. (CEPBJ-PR) Preencha as lacunas a seguir.

a) Equinodermos são semelhantes aos cordados, pois apresentam


endoesqueleto _____________ de origem ______________.
O celoma tem origem no arquentero, são ______________ e o
blastóporo originou o ânus, são ______________.

b) O tubo digestório é ___________________, exceto nos


______________, que apresentam somente _____________.

c) Existe um sistema hidrovascular denominado _____________,


que apresenta as funções de ______________, ________ A figura lembra o sistema hidrovascular ou ambulacral de um
equinoderma. Esse sistema atua na locomoção, respiração, captura
______________, ______________, ______________
de alimento e como órgão sensorial, consistindo em um conjunto de
e ______________.
canais no interior do corpo e de prolongamentos tubulares, os pés
ambulacrais, que se projetam para fora através de poros.
d) A respiração é ______________ e via sistema ambulacral. Não
existe sistema excretor, a excreta liberada é a ______________. Com relação às principais características das classes de equinodermas,
Não existe um verdadeiro sistema circulatório, é denominado de assinale a alternativa correta.
______________.
a) As estrelas-do-mar apresentam cinco braços ramificados e flexíveis,
3. (UEPB) Enquanto a Eco-92 ficou conhecida como a Cúpula da Terra, a com a boca e o ânus localizados na região oposta ao substrato.
Rio20 foi muitas vezes citada como a Cúpula dos Mares. O documento b) As serpentes-do-mar possuem cinco braços finos e flexíveis,
final aprovado pelos Chefes de Estado traz como uma de suas metas separados uns dos outros e ligados a um disco central, com a
a redução dos detritos marinhos, em especial plástico, até 2025. O boca localizada na região voltada para o substrato.
desenvolvimento de uma rede global de áreas marinhas protegidas
internacionais e a criação de mecanismos de governança global dos c) Os lírios-do-mar possuem cinco braços, a boca e os pés
oceanos para preservar a biodiversidade e os recursos genéticos ambulacrais localizados na região voltada para o substrato e o
também estavam em pauta. Sobre os Echinodermata, animais ânus na região superior.
exclusivamente marinhos, assinale a alternativa correta.
d) Os ouriços-do-mar, desprovidos de braços, diferem do padrão do
a) O caráter compartilhado que aproxima o filo Echinodermata do filo filo, com a boca localizada em uma das extremidades do corpo,
Chordata é a presença de notocorda na fase embrionária. rodeada por tentáculos, e o ânus na região oposta.

180 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 180 22/09/2021 17:29:11


UNIDADE 5

e) Os pepinos-do-mar têm a boca localizada na região voltada para b) Explique como ocorre a reprodução dos animais pertencentes a
o substrato, o ânus na região superior e os pés ambulacrais esse filo.
distribuídos por todo o corpo.

5. (Fuvest-SP) Os equinodermos são animais deuterostômios marinhos que


apresentam simetria radial na fase adulta e bilateral na fase de larva.

a) A palavra deuterostômio deriva do grego: deuteros = segundo,


secundário; stoma = boca. Que característica justifica denominar
os equinodermos como deuterostômios? Cite outro filo animal 7. (UFRGS-RS – Adaptada) A coluna I, abaixo, apresenta características de
com o qual essa característica é compartilhada. diferentes grupos de invertebrados; a coluna II, três grupos de invertebrados.
Associe adequadamente a coluna I à II.
Coluna I
1. Rádula como estrutura para alimentação.
2. Locomoção realizada pelo sistema ambulacrário.
3. Corpo composto de exoesqueleto.
4. Presença de respiração por espiráculos.
b) No desenvolvimento dos equinodermos, verifica-se a transição de
simetria bilateral para simetria radial. Essa sequência reflete o Coluna II
que ocorreu com a simetria ao longo da evolução dos metazoários ( ) Crustáceos
invertebrados? Justifique sua resposta.
( ) Moluscos
( ) Equinodermas

A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para


baixo, é

a) 3 – 4 – 1.

b) 3 – 1 – 2.
6. (Unicamp-SP) Um zoólogo recebeu um animal marinho encontrado
em uma praia. Ao tentar identificá-lo com o auxílio de uma lupa, c) 1 – 4 – 3.
o pesquisador notou, na superfície corporal do animal, a presença
d) 2 – 1 – 4.
de espinhos e de estruturas tubulares, identificadas como pés
ambulacrais. e) 1 – 2 – 3.
a) Com base nesses elementos da anatomia externa, determine o filo 8. (Unicamp-SP) Levantamentos faunísticos da serapilheira (material
a que pertence o animal em análise. Nomeie uma classe desse filo recém-caído no solo, constituído principalmente de folhas, cascas,
e dê um exemplo de um animal que a represente. galhos, flores, frutos e sementes) de florestas tropicais revelam
a presença de uma grande variedade de espécies nessa camada
superficial do solo. Considerando-se os diferentes filos animais,
espera-se encontrar na serapilheira representantes de
a) Chordata, Arthropoda, Cnidaria.

b) Echinodermata, Anellida, Mollusca.

c) Chordata, Arthropoda, Mollusca.

d) Echinodermata, Anellida, Cnidaria.

DIVERSIDADE ANIMAL 181

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UNIDADE 5

FILO CORDADOS (CHORDATA) no sentido longitudinal. Em alguns cordados, como os cefalocordados, a


notocorda persiste a vida toda ao longo do corpo; nos urocordados, como
a ascídea, a notocorda existe somente na cauda da larva; nos vertebrados,
INTRODUÇÃO ela será substituída pela coluna vertebral.

Provavelmente, esse é o filo mais fascinante de todos. O que possui os mais B


Fendas branquiais CORTE TRANSVERSAL Somito
complexos animais, embora a diversidade não seja tão grande: existem (músculo)
por volta de 52 mil espécies. Mais de 90% dos cordados são vertebrados,
Epiderme
ou seja, possuem vértebras e crânio. No entanto, o filo dos cordados
também possui cordados primitivos, os protocordados, como as ascídias Tubo
nervoso
(urocordados ou tunicados) e os anfioxos (cefalocordados). É importante
A CORTE Notocorda
lembrar que, no filo dos cordados, existem invertebrados. Cordados, assim LONGITUDINAL
Tubo digestivo
como equinodermos, são do clado Deuterostomia. Os cordados não são Celoma
tão biodiversos como os artrópodes, mas fascinam pela disparidade e pela
massa corporal, que pode variar de poucos gramas, como pequenos peixes
que pesam por volta de 8,4 g, até milhares de quilos, como a baleia-azul,
Cauda
que pesa mais de 100 mil kg. Neste capítulo, você é convidado a explorar Ânus
esse magnífico filo.
Características dos cordados.
razzel | Shutterstock

IMPORTANTE

Leão africano. • Tubo nervoso: derivado da ectoderme, persiste nos cefalocorda-


dos (anfioxos), assim como nos vertebrados. Já nos urocordados
persistem somente gânglios nervosos. Estende-se longitudinal-
mente em posição dorsal, acima da notocorda. Nos vertebrados,
ocorre diferenciação com a formação do encéfalo (protegido pela
caixa craniana) e da medula (protegida pelas vértebras).
• Fendas branquiais na faringe: são formadas pela parte anterior
do tubo digestório, que possui perfurações, as fendas. Em
IMPORTANTE cordados aquáticos, as fendas persistem e formarão as
brânquias. Em protocordados (cefalocordados + urocordados),
são utilizadas na filtração. Em cordados terrestres, desaparece,
Chordatas (chorda = corda) apresentam notocorda em pelo menos mas da faringe sai um tubo que dará origem à futura traqueia,
uma fase de vida. canal que conduz o ar aos pulmões.
• Cauda pós-anal: região que se estende além do ânus. Em
alguns, a cauda desaparece completamente no desenvolvimento
CARACTERIZAÇÃO embrionário. A função pode variar (nado, apoio do corpo, defesa).
Bastante heterogêneo, o grupo dos cordados apresenta grande • Hábitat: pode ser aquático e terrestre, com modo de vida livre,
diversificação de formas, tamanhos, hábitat e modo de vida. Encontram-se parasita (lampreia) e fixo (ascídias).
representantes aquáticos, como peixes, e terrestres, como a maioria dos • Simetria: bilateral.
mamíferos. Embora a diversificação seja grande, os cordados apresentam
• Características embriológicas: idênticas às dos equinodermos; são
características comuns. Todo cordado é eumetazoário, neuromiário e
triblásticos, deuterostômios e enterocelomados.
enterozoário. Além dessas características, os cordados devem apresentar
notocorda em pelo menos uma fase de vida, tubo nervoso dorsal,
fendas branquiais na faringe e cauda pós-anal. A notocorda pode
CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURA E FISIOLOGIA
ser considerada a primeira estrutura de sustentação dos cordados. Possui
origem mesodérmica e assemelha-se a um tubo gelatinoso que é envolvido Existem por volta de 52 mil cordados catalogados, distribuídos dentro de
por tecido conjuntivo fibroso. Situada entre o tubo nervoso e o tubo três subfilos, conforme a chave a seguir: subfilo Urochordata ou Tunicata
digestório, a notocorda encontra-se em posição dorsal e percorre o corpo (em torno de 1 300 sp.), Cephalocordata (em torno de 20 sp.) e Vertebrata

182 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

ou Euchordata (43 700 sp.). Urocordados e cefalocordados são incluídos no conjunto Protochordata, cordados primitivos em que a notocorda é a única estrutura
de sustentação e que não é substituída.
Os protocordados também são Acrania (acraniados), ou seja, não têm crânio. Os vertebrados apresentam coluna vertebral e crânio: são Craniatas. A coluna
vertebral é formada por vértebras que se encontram em posição dorsal. O crânio é uma caixa rígida formada por osso ou cartilagem que se encontra na parte
anterior da coluna vertebral. No interior do crânio, encontra-se o encéfalo e, no interior das vértebras, a medula espinal. Outro aspecto muito importante na
história evolutiva dos cordados é a presença de mandíbula, que aparece somente em vertebrados. Vertebrados sem mandíbula, como a lampreia, são chamados
de Agnatha; vertebrados com mandíbula, como os peixes, denominam-se Gnathostomata. A mandíbula está articulada ao crânio e permite abrir e fechar a
boca, facilita o ataque e a defesa, permite mastigar e cavar, entre outras funções.
Confira abaixo o modelo de uma chave de classificação, que pode variar em alguns aspectos, dependendo do autor.

Subfilo Cephalochordata Photochordata ou


Subfilo Urochordata ou Tunicata Acrania

Filo
Chordata
Classe Cyclostomata Agnatha
Pisces Classe Chondrichthyes
Classe Osteichthyes
Subfilo
Vertebrata
Gnathostomata
Classe Amphibia
Classe Reptilia
Tetrapoda
Classe Aves
Classe Mammalia

Subfilo Cephalochordata (cefalocordados) O tamanho normalmente varia 5 a 10 cm de comprimento. Translúcidos,


esses animais apresentam duas nadadeiras, sem estrutura de sustentação,
que são membranosas e ímpares. A boca encontra-se em posição ventral e
sciencepics | Shutterstock

anterior, sendo rodeada por cirros sensoriais. A água entra pela boca, passa
pelas fendas branquiais e sai para uma cavidade interna, o átrio, passando
para o meio externo através do atrióporo, que fica em frente ao ânus.
A respiração é branquial, simultaneamente com a alimentação por
filtração, sendo que o alimento é empurrado da faringe para o restante do
tubo digestivo por muco.
Branchiostoma sp., anteriormente conhecido como Amphioxus sp.
A metamerização dos músculos (formados por miômeros) é de fácil observação,
uma vez que o animal é translúcido. O sistema circulatório é fechado e não
Os cefalocordados (cephale = cabeça; chorda = cordão) são pequenos animais
existe coração diferenciado. A circulação ocorre pela contração da aorta ventral.
marinhos, totalizando cerca de 30 espécies, que apresentam forma semelhante
A excreção é feita por cem pares de protonefrídeos.
à de peixes. Apresentam simetria bilateral, corpo afilado nas extremidades e
não têm cabeça distinta. O anfioxo é o representante mais característico desse Raios da barbatana Miômeros
Compartimento da barbatana
subfilo. Vivem em costas temperadas e tropicais. Permanecem enterrados na Epiderme
areia apenas com a extremidade anterior de fora, mas podem nadar ativamente. Derme
Os cefalocordados apresentam todas as características típicas de cordados: Tubo neural
notocorda; tubo nervoso dorsal; fendas branquiais na faringe e cauda pós-anal. Corda dorsal
O que caracteriza o grupo é a notocorda persistente a vida toda, da cabeça até Goteira epibranquial
a cauda.
Celoma subcordial

Tubo neural Notocorda Nadadeira Musculatura Fígado

Cavidade peribranquial

Prega metapleural
Gônodas

Cirros Boca Faringe branquial Átrio Intestino Ânus A reprodução é geralmente sexuada, são dioicos, a fecundação é externa e
o desenvolvimento é indireto.

DIVERSIDADE ANIMAL 183

em2_bio_v1.indb 183 22/09/2021 17:29:15


UNIDADE 5

Subfilo Urochordata (urocordados ou tunicados)

Norm Diver | Shutterstock


Jesus Cobaleda | Shutterstock

Ascídia tinta-spot ou
ascídia ouro boca
(Polycarpa aurata).

Tunicados salpas (Salpa maxima).

Nesse caso, a maioria é monoica, a fecundação é externa e o desenvolvi-


mento é indireto. A larva não se alimenta, nadando até encontrar um local
para se fixar (apresenta uma papila adesiva). Em seguida, sofre metamor-
Existem três classes: Ascideacea (90%), Larvacea e Thaliacea. Os fose regressiva (alguns órgãos desaparecem e outros reduzem).
urocordados (oura = cauda; chorda = cordão) são os cordados mais
atípicos, uma vez que os adultos apresentam poucas semelhanças com
os outros membros do filo. Cordão nervoso
dorsal Ânus  Boca 
Cauda
Sifão inalante

Sifão exalante Túnica 


Gânglio
cerebroide Feixe muscular
Notocorda
Coração
Cesta branquial Faringe com
fendas branquiais
Gônodas Larva de ascídia.

Tubo digestivo Coração


A larva de ascídia tem forma parecida com a de um girino e apresenta
notocorda apenas na cauda, tubo nervoso dorsal (bastão oco) e fendas
branquiais na faringe.
São também denominados tunicados, pois apresentam uma túnica,
rígida e normalmente espessa, formada por tunicina, uma substância
Subfilo Vertebrata ou Euchordata (vertebrados)
quimicamente semelhante à celulose. A maioria é bentônica. São
Vertebrados apresentam mandíbula. Essa estrutura é de grande importân-
exclusivamente marinhos, alguns de vida livre (pelo menos a larva), mas a
cia, pois com ela os animais podem prender a presa, cavar, morder para se
maioria é fixa. Podem viver isolados ou em colônias. Quanto ao tamanho,
defender e mastigar o alimento. Seguramente, essa característica foi uma
existem desde formas microscópicas até representantes com cerca de
aquisição fundamental no sucesso da adaptação dos vertebrados.
30 cm de diâmetro. Os urocordados mais comuns são as ascídias. Uma
ascídia adulta apresenta a forma de saco com dois sifões (um inalante e
Classe Cyclostomata (ciclostomados)
outro exalante). A única característica típica dos cordados que permanece
até a fase adulta são as fendas branquiais na faringe. A notocorda existe Os Cyclostomatas (cyclo = circular; stoma
Gena Melendrez | Shutterstock

somente na cauda da larva; na fase adulta ela desaparece. O tubo nervoso = boca) pertencem ao grupo Agnatha
dorsal é reduzido a um gânglio dorsal. As fendas branquiais, além de (ágnatos) e, por não apresentarem
realizarem trocas gasosas, também filtram o alimento que será recolhido e mandíbulas, possuem boca circular. Podem
utilizado pelo animal. O sistema circulatório é aberto: existe um coração ser considerados os animais que originaram
e dois grandes vasos laterais. Um fato curioso na circulação é a reversão os peixes. Os ciclostomados apresentam
sistemática do fluxo circulatório: depois de impulsionar o sangue até crânio e um encéfalo simples. O esqueleto é
as brânquias, o coração para de bater por alguns instantes. Ao retornar, cartilaginoso com vértebras atípicas (arcos
as contrações impulsionam o sangue no sentido inverso (em direção aos cartilaginosos) em torno da medula espinal,
demais órgãos do corpo). A reprodução pode ser assexuada por brotamento mas não a envolvem. Boca com dentículos córneos.
ou sexuada.

184 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 184 22/09/2021 17:29:21


UNIDADE 5

Os representantes conhecidos são as lampreias (em torno de 30 sp.) exemplo, temos os tubarões, as quimeras e as raias. A maioria dos
e os peixes feiticeiros (20 sp.). Esses animais não são encontrados na representantes é marinha, mas existem alguns de água doce.
fauna brasileira. O corpo dos ágnatos não tem escamas, mas nadadeiras
São aquisições importantes com relação aos ciclóstomos a mandíbula, a
ímpares. Apresentam de 6 a 14 pares de fendas branquiais. O esqueleto é
presença de nadadeiras pares e um esqueleto mais bem estruturado.
basicamente a notocorda.

sciencepics | Shutterstock
SAIBA MAIS

Pode-se dividir os Chondrichthyes em duas subclasses:


• Holocephali: dentro desse grupo estão as quimeras, que
Petromyzon marinus.
apresentam quatro aberturas branquiais protegidas por
opérculos. Esses animais têm uma cauda longa e flexível,
As lampreias comportam-se como parasitas de peixes e de baleias. seu corpo não apresenta escamas e possuem olhos grandes.
Vivem em ambientes de água salgada e de água doce. Na boca desses Medem até 1,5 m e são ovíparos, com desenvolvimento direto.
animais, há inúmeros dentes córneos que são utilizados em seu hábito Existem em torno de 25 sp.
parasita (ectoparasita). Os dentes também são encontrados na língua • Elasmobranchii: grupo representado pelos tubarões e raias.
das lampreias. Geralmente, não matam as suas hospedeiras. Algumas O tamanho é variável: podem ser pequenos, Etmopterus virens
lampreias são migratórias, vivem nos mares e reproduzem-se nos (25  cm), até animais de grande porte, Carcharodon carcharias
anádromos. São animais dioicos, apresentam fecundação externa e o adulto (tubarão-branco). Possuem de cinco a sete pares de fendas
normalmente morre após a liberação dos gametas. O desenvolvimento branquiais que não são recobertas por opérculo. Existem por volta
é indireto e o estágio larval pode durar de três a sete anos. Exemplo: de 750 sp.
lampreias Petromyzon marinus. As feiticeiras são exclusivamente marinhas.
São carnívoras, alimentando-se de vermes marinhos e peixes moribundos.
A boca é pequena, onde possui seis tentáculos e dentes pequenos. Revestimento: o tegumento do corpo é formado por epiderme
pluriestratificada e glandular. Abaixo da epiderme, há uma derme
Pouco se conhece sobre sua reprodução. Sabe-se que são hermafroditas formada por tecido conjuntivo, na qual existem cromatófaros. Nas raias, a
relativos e que o desenvolvimento é direto. Exemplo: Myxine glutinosa. quantidade de muco liberado pelas glândulas é grande, uma vez que esse
muco tem função protetora. A liberação do muco nos condrictes diminui
Superclasse Pisces (peixes) o atrito com a água, facilitando o deslocamento. As escamas são do tipo
placoide e apresentam origem dermoepidérmica.
Subdivide-se em duas classes: Chondrichthyes (cartilaginosos) e
Osteichthyes (ósseos). As escamas são homólogas aos dentes, ou seja, têm a mesma origem e
diferente função. Os dentes são escamas que não apresentam ligações
a) Classe Chondrichthyes
umas com as outras e não são ossificados. São formados por uma camada
mais externa denominada vitrodentina (esmalte duro) de origem dérmica
Sergey Uryadnikov | Shutterstock

e, no meio, outra camada, a dentina (formada por cálcio). Essas duas


camadas compreendem a hidroxiapatita. Internamente, encontra-se a
cavidade pulpar, que possui circulação e inervação.

Epiderme com escamas


Esmalte Dentina
Tubarão Carcharodon carcharias. Placa basal
Cavidade da polpa
A classe Chondrichthyes (chondros = cartilagem; ichthyos = peixe) inclui
Epiderme
peixes que apresentam o esqueleto formado por tecido cartilaginoso, e Derme
não por tecido ósseo. Em adultos, persistem restos de notocorda. Como

DIVERSIDADE ANIMAL 185

em2_bio_v1.indb 185 22/09/2021 17:29:24


UNIDADE 5

ggw | Shutterstock
Fenda branquial
Espiráculo interna

Faringe

Fenda branquial
externa Brânquia
Câmara branquial
Esôfago

Escamas placoides de tubarão.


VOCÊ SABIA
Esqueleto: formado por cartilagem, que pode sofrer calcificação. A
cartilagem não é vascularizada nem inervada. O esqueleto axial forma Uma vez que não existe bexiga natatória para facilitar a decida e
um eixo longitudinal, e o condrocrânio no qual está inserido o encéfalo subida na água, os peixes cartilaginosos desenvolveram outros
também não se ossifica. mecanismos para facilitar a flutuação:
• fígado grande e gorduroso (a gordura é menos densa que a água);
1.ª nadadeira • esqueleto leve (cartilagem);
dorsal Linha lateral
Olhos
Narina 2.ª nadadeira dorsal
• hidrodinâmica.
Boca Nadadeira
caudal
Fendas branquiais
Nadadeira pélvica Órgãos dos sentidos: os condrictes apresentam olfato e visão
Clásper (pterigopódio)
Nadadeiras peitorais desenvolvidos. A faringe tem botões gustativos e o ouvido interno está
associado ao equilíbrio. Existe também a linha lateral, que é formada
Musculatura: os músculos são metamerizados, formados por miômeros. por poros e tubos na lateral do corpo que se comunicam com a água
As nadadeiras apresentam várias funções. As peitorais dão equilíbrio e com células denominadas neuromastos, que são sensoriais, as quais
durante o nado (em raias apresentam um ferrão venenoso); as pélvicas, percebem as vibrações da água e retransmitem a informação para os
nos tubarões machos, transformam-se em clásper (órgão copulador); as neurônios, portanto a linha lateral percebe a correnteza e a pressão da
caudais são utilizadas no nado, sendo heterocerca (o ramo dorsal é mais água. Na cabeça, existem ampolas de Lorenzini, que têm função termo e
desenvolvido). eletrorreceptora. As ampolas são pequenas câmaras que se abrem por um
Tubo digestório: a boca é ventral e transversal, com várias fileiras de poro. No interior, há células sensoriais associadas às nervosas.
dentes laminares. A língua é presa no assoalho da boca; a faringe tem de
cinco a sete pares de fendas branquiais seguidas de esôfago curto ligado Narinas Células sensoriais
ao estômago, que possui forma de J. O intestino também é curto, mas Nervos Canal
Disposição das ampolas
apresenta válvulas espirais para aumentar a superfície de absorção. A região de Lorenzini na cabeça
retal desempenha função de remoção do excesso de sais e o intestino Epiderme
do tubarão. Os círculos
abertos representam os
termina em cloaca. Há pâncreas e fígado grande com vesícula biliar. Poros superficiais poros superficiais.

Escama Poros de linha lateral à


Válvula espiral superfície do corpo

Pele

Neurônios
em direção Ampolas de Lorenzini.
ao encéfalo Neuromastos

Cúpula
Respiração: de cinco a sete pares de brânquias sem opérculo, exceto
Cílio
os holocéfalos. A água entra pela boca e por duas aberturas denominadas Microvilo
espiráculos respiratórios e sai pelas brânquias. Os condrictes são Célula

acoanados, ou seja, as narinas não têm contato com a faringe; sua função Neurônio
é somente a olfação. Não existe bexiga natatória.

186 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 186 22/09/2021 17:29:26


UNIDADE 5

Circulação: apresentam sangue com hemácias grandes, ovais e


nucleadas. O coração tem forma de S. Possui como cavidades seio venoso
(dilatação da veia), um átrio, um ventrículo e um cone ou bulbo arterial

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(dilatação da artéria). A circulação é fechada, simples e completa. No
coração, passa somente sangue venoso.
Excreção: os adultos apresentam rins mesonefros (nos embriões são
pronefros). Na urina, excretam principalmente ureia e um pouco de amônia.
Os condrictes conseguem armazenar no sangue uma quantidade razoável
de ureia e óxido de trimetil amina, que servem para osmorregulação.
Pirarucu, Sudis gigas.
Sistema nervoso: apresentam telencéfalo pouco desenvolvido, cerebelo,
lobos ópticos e olfativos desenvolvidos. Apresentam dez pares de nervos • Sarcopterygii: peixes que geralmente possuem coanas e
cranianos. O cerebelo é mais desenvolvido que nos ciclostomados. nadadeiras pares, com base carnosa sobre um esqueleto ósseo.
Reprodução: a reprodução é sexuada, são dioicos e apresentam Duas ordens são encontradas: Crossopterygii (Celacanto) e
dimorfismo sexual. A fecundação é interna, uma vez que nos machos as Dipnoi (Lepidosiren).
nadadeiras pélvicas são modificadas em órgãos de cópula (cláspers ou

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pterigopódio). A maioria é ovovivípara, mas existem espécies ovíparas e
vivíparas. Apresentam apenas saco vitelínico como anexo embrionário.
Termorregulação: são animais pecilotérmicos e ectotérmicos.
b) Classe Osteichthyes
Os peixes Osteichthyes (osteos = osso; ichthyos = peixe) possuem esqueleto
ósseo. Seu hábitat pode ser marinho ou de água doce. Constituem o maior
número de peixes. Como exemplo tem-se a pescada, o bagre, a sardinha,
a carpa, a corvina, a piranha, a truta, o cavalo-marinho, a piramboia, o O sul-americano lungfish, Lepidosiren paradoxus.
poraquê (peixe-elétrico), a enguia e vários outros exemplos. Existem
aproximadamente 21 mil espécies conhecidas.
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Revestimento: o tegumento é formado pela epiderme pluriestratificada


e apresenta várias glândulas. Há na cauda e no tronco escamas de origem
dérmica. As escamas podem ser de três tipos: ctenoide, ganoide e cicloide.
Existem na derme cromatóforos e, em alguns peixes, como o baiacu, há
espinhos para defesa. Existem peixes ósseos sem escamas denominados
peixes de couro (bagres).
Esqueleto: o esqueleto é ósseo. No crânio, encontra-se alojado o
encéfalo; unida ao crânio está a coluna vertebral. As vértebras são
denominadas anficélicas (no seu interior, abrigam tubo nervoso e restos
de notocorda). Normalmente, existem duas nadadeiras dorsais (anterior
Peixes ósseos.
e posterior); as nadadeiras anais e as nadadeiras caudais. As nadadeiras
caudais podem ser homocercas ou dificercas. Podem existir variações nas
nadadeiras dos diferentes osteíctes.
SAIBA MAIS
Homocerca

Os peixes ósseos podem ser divididos em duas subclasses:


• Actinopterygii: nessa subclasse, encontram-se os peixes
que apresentam nadadeiras com raios, ou seja, não existe base Heterocerca

carnosa para elas. Geralmente, não possuem coana. São cinco


Dificerca
superordens. Exemplo: superordem Teleostei (sardinha, bagre,
salmão).

DIVERSIDADE ANIMAL 187

em2_bio_v1.indb 187 22/09/2021 17:29:33


UNIDADE 5

Musculatura: a musculatura é metamerizada e formada por miômeros Órgãos dos sentidos: apresentam olhos desenvolvidos e ouvido interno.
semelhantes aos dos condrictes. No ouvido médio, existem em alguns osteíctes uma pedra calcária, o
otólito, associada ao equilíbrio do peixe e à determinação da sua idade.
Linha lateral Rim Bexiga natatória O olfato também é desenvolvido. Alguns peixes como o poraquê podem
(vesícula gasosa) Estômago
Vértebra Brânquias liberar descarga elétrica; outros, os fotóforos, possuem órgãos luminosos.
Orifícios A linha lateral também está presente.
da narina
Circulação: é praticamente idêntica à de peixes cartilaginosos e
ciclostomados, com diferenças insignificantes, ou seja, é fechada, simples e
Coração
Vesícula biliar completa. O coração tem duas cavidades principais, além do seio venoso
Milômeros Gônodas
Papila urogenital Ânus Intestinos
Fígado seccionado e do cone arterial.
Cecos pilóricos
Estruturas do peixe ósseo. Nos peixes pulmonados (dipnoicos), passam a existir três cavidades
principais: dois átrios e um ventrículo.
Tubo digestório: a boca é terminal e os dentes são iguais (homodontia),
eventualmente existindo heterodontia. A língua está fixada no assoalho
da boca, o esôfago é curto e o estômago tem forma de J. Existem cecos Circulação simples Sistema circulatório
fechado
pilóricos que secretam enzimas; o intestino é longo e não possui válvula
espiral. Como terminação do tubo, existe o ânus (não há cloaca). Existe um Sangue venoso
Coração Capilares
branquiais
fígado grande. Pode haver vesícula biliar e pâncreas.
Respiração: é branquial. Existem quatro pares de brânquias (guelras)
recobertas por opérculo e não há espiráculos. A água entra pela boca e Ventrículo Aurícula
sai pelas fendas branquiais. As brânquias são ricamente vascularizadas.
Existem algumas especializações em determinados peixes, como o
Capilares
muçum, que pode fazer trocas pela superfície do corpo, e o tamboatá, sistêmicos Sangue arterial
que absorve oxigênio pelas vilosidades intestinais (condições especiais).
No entanto, há os peixes pulmonados (Dipnoi), que apresentam a bexiga Excreção: nos peixes ósseos adultos, existem dois rins mesonefros e
natatória modificada em pulmão (a piramboia, encontrada no Brasil, é um geralmente há bexiga urinária. A urina sai pelo orifício urogenital (não
exemplo de peixe dipnoico). A bexiga natatória é única e se encontra na existe cloaca). A principal excreta liberada é a amônia.
região dorsal da maioria dos osteíctes; é um órgão muito vascularizado.
A principal função da bexiga natatória é permitir a regulação de subida e Sistema nervoso: similar ao dos peixes cartilaginosos, apresentando
descida em coluna d’água por meio da variação de densidade. lobos ópticos mais desenvolvidos que nos cartilaginosos e olfativos menos
desenvolvidos. Há presença de dez pares de nervos cranianos.

SAIBA MAIS Bulbo olfativo

Em certos peixes, a bexiga natatória permanece ligada à faringe Epífise


pelo duto pneumático. Peixes nessa condição são denominados
fisóstomos (eles engolem o ar na superfície para encher a bexiga Lobo óptico
e o liberam para esvaziá-la, soltando bolhas). Um exemplo são as Cerebelo
enguias. Os osteíctes mais desenvolvidos são fisóclistos: o ar se
difunde na corrente sanguínea, não sendo obtido e eliminado via
Medula
boca, como ocorre no cavalo-marinho.
Peixe cartilaginoso Peixe ósseo
Capilar
(rede de capilares)
Termorregulação: são animais ectotérmicos e pecilotérmicos.
Tecido
Arco branquial
Reprodução: sexuada. São dioicos e muitas vezes apresentam
dimorfismo sexual. A fecundação normalmente é externa. Em espécies em
Revestimento que ocorre fecundação interna, a nadadeira caudal modificada atua como
Brânquias do filamento
expostas branquial órgão de cópula. A maioria é ovulípara, algumas são ovíparas e raramente
Filamento branquial vivíparas. O saco vitelino é o único anexo embrionário. O desenvolvimento
normalmente é indireto e a larva denomina-se alevino. Alguns peixes

188 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 188 22/09/2021 17:29:35


UNIDADE 5

de água doce podem fazer piracema, isto é, sobem os rios na época da do adulto, que ocorre boa parte via superfície do corpo, também exige a
reprodução (movimento anádromo) e deslocam-se até o mar para desovar permanência dos anfíbios em ambientes úmidos, pois a manutenção da
(movimento catádromo). Existem casos especiais de reversão sexual, superfície do corpo úmida facilita a retenção de oxigênio.
quando um animal muda de sexo em determinada fase da vida. Outro caso
interessante é o que ocorre com o cavalo-marinho: é o macho que choca
VOCÊ SABIA
os ovos.
Vojce | Shutterstock

Não existem anfíbios em água salgada. A vida terrestre exigiu deles


uma série de modificações, no entanto a conquista definitiva do
ambiente terrestre não ocorreu, uma vez que dependem da água
para reprodução e não conseguem manter constante a temperatura
corporal.
Cavalo-marinho (Hippocampus sp.).
Sem dúvida alguma, os sapos são os representantes mais
conhecidos. Sapos, rãs e pererecas diferenciam-se devido a algumas
características. As pererecas são pequenas e de cores variadas e
possuem discos adesivos nas extremidades dos dedos, podendo
viver em árvores; as rãs possuem membranas interdigitais entre os
dedos, têm pele lisa e não possuem glândulas de veneno; os sapos
apresentam pele rugosa e glândula de veneno. Nas suas patas, não
existem discos adesivos e membranas interdigitais. O tamanho dos
Superclasse Tetrapoda (tetrápodes)
anfíbios é variável, desde poucos centímetros até 1,75 m (salamandra
Estão incluídos nessa superclasse os animais mais evoluídos, aqueles que japonesa).
apresentam quatro membros. Em alguns casos, estes se adaptaram para o
nado, outros para o voo ou foram suprimidos, como nas cobras.
a) Classe Amphibia (anfíbios ou batráquios) IMPORTANTE
petrdd | Shutterstock

Evolutivamente, estão localizados entre peixes e répteis.


Peixes → Anfíbios → Répteis

A classe dos anfíbios pode ser dividida em três ordens:


Anfíbio.
• Anuros (a = sem; oura = cauda). Exemplos: sapos, rãs e pererecas.
Inclui 90% das espécies dos anfíbios. Possuem cabeça e tronco
fundidos, dando ao corpo um aspecto grande e achatado. As patas
anteriores são curtas e as posteriores são longas e dotadas de potente
musculatura, adaptadas aos saltos.

Os anfíbios (amphi = duas; bios = vida) são vertebrados tetrápodes


Dirk Ercken | Shutterstock

(quatro membros), gnatostomados (com mandíbula), adaptados para Perereca dourada do dardo
viverem fora da água na fase adulta, porém a maioria depende da água (Phyllobates terribilis).
para a reprodução. Considerando esse aspecto, podem ser comparados às
briófitas, que também dependem da água para a reprodução. Isso obriga
tanto anfíbios como briófitas a permanecerem em ambientes úmidos. Os
dois grupos representam a transição da vida na água para a vida na terra.
A dependência da água para reprodução (na maioria dos anfíbios) está
relacionada à fecundação, que é externa, e ao desenvolvimento, que quase
sempre é indireto (a larva girino): o ovo não apresenta casca calcária; por • Urodelos (oura = cauda; delos = visível) ou Caudatas. Exemplo:
isso, estando na água, evita-se a desidratação. O modo de trocas gasosas salamandras.

DIVERSIDADE ANIMAL 189

em2_bio_v1.indb 189 22/09/2021 17:29:49


UNIDADE 5

São semelhantes a pequenos lagartos, com patas e cauda no adulto. Revestimento: existe uma pequena quantidade de queratina sobre a
pele. Não ocorre a formação de anexos córneos, como escamas, placas
O axolotle albino (Ambystoma mexicanum) possui brânquias que
e unhas. A superfície do corpo é permeável. Existem muitas glândulas
lembram penas; trata-se de um tipo de salamandra encontrado
mucosas para manter a superfície do corpo úmida, a derme é bastante
apenas no Lago Xochimilco, no México.
vascularizada, tornando a superfície a maior área de trocas. No entanto,
essa característica traz um problema: a grande possibilidade de
Poring Studio | Shutterstock

desidratação, obrigando os anfíbios a viver em ambientes úmidos. Em


alguns, existem glândulas de veneno (paratoides) para protegê-los de
eventuais predadores.
Esqueleto e musculatura: apresentam um esqueleto basicamente
Salamandra.
ósseo muito resistente e uma musculatura eficiente para suportar o peso
do corpo. Outro aspecto importante que facilita a sustentação do peso
do corpo é o desenvolvimento de cinturas, a escapular e a pélvica, que
se prendem firmemente à coluna vertebral. Apresentam crânio com duas
cavidades orbitais. O crânio é articulado à 1.ª vértebra por duas saliências,
os côndilos occipitais, limitando o movimento, que pode ser para cima
• Gimnofionos Ápodes (a = sem; podos = pés). Exemplo: cobras-cegas
e para baixo, mas não lateral. A vértebra posterior forma uma estrutura
ou cecílias. alongada e rígida: o uróstilo. A maioria dos anfíbios tem dois pares de
Há presença de olhos vestigiais às vezes recobertos por membranas. pernas. Nas anteriores, existem quatro dedos e, nas posteriores, cinco
São animais de corpo cilíndrico e longo e não possuem patas. Nas dedos.
cobras-cegas, a fecundação é interna e os ovos precisam ser postos
em solo úmido. Cintura
escapular
Vértebra
Viktor Loki | Shutterstock

sacral
Ílio

Uróstilo

Cintura
pélvica

Tubo digestório: os anfíbios adultos são predadores de insetos e vermes;


algumas espécies podem ser canibais. A língua é presa na parte anterior
Cobra-cega (Typhlops sp.). da boca (protrátil). Os dentes são pequenos ou podem não existir. Possuem
um grande estômago, um fígado com vesícula biliar, pâncreas e intestino.
A seguir, veja o esquema de um sapo e suas principais características. O término do tubo digestório é a cloaca.

Orifício
Tímpano Cérebro nasal
Cordão Esôfago Coanas
Pulmão nervoso Dentes
Rim Boca Dentes
Uretra Língua

Língua

Ânus Língua presa na


frente
Coração

Bexiga Estruturas da boca de um sapo.


Vesícula
Testículo biliar
Fígado
Pâncreas
Baço Intestino Estômago Circulação: o coração é formado por três cavidades (dois átrios e um
grosso Intestino ventrículo). A circulação é fechada, dupla e incompleta. Existem também,
delgado

Estrutura de um sapo.
associados ao coração, um seio venoso e um cone arterial.

190 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 190 22/09/2021 17:29:59


UNIDADE 5

Artéria pulmonar Reprodução: são dioicos, geralmente dotados de dimorfismo sexual. A


Pulmões
fecundação habitualmente é externa e o desenvolvimento é indireto, com
Artéria cutânea a larva denominada girino. Existe ritual de acasalamento: o macho dá o
Artéria
pulmocutânea Artéria “abraço nupcial” e estimula a fêmea a depositar na água seus óvulos. Em
pulmonar
Prega
seguida, ele deposita seus espermatozoides sobre os óvulos. O ovo formado
Veia Polo Cone não tem casca calcária, estando desprotegido contra o dessecamento
cava
e contra a ação de predadores. Os girinos desenvolvem-se na água,
Átrio
apresentam hábito herbívoro e são providos de cauda e brânquias. Sofrem
Seio esquerdo metamorfose: desaparece a cauda, fecham-se as fendas branquiais,
venoso
Átrio Ventrículo desenvolvem-se os pulmões, as patas e a língua, entre outras mudanças.
direito
Artéria Em algumas salamandras, pode ocorrer o fenômeno da neotenia, pelo qual
sistêmica
Corpo uma larva pode adquirir maturidade sexual e reproduzir-se sexuadamente,
antes de completar sua metamorfose.
Esquema da circulação em anfíbios.

Respiração: durante a fase larval, a maioria respira por brânquias. Em


alguns anfíbios da ordem Caudata, as brânquias se conservam a vida toda.
Os anfíbios adultos respiram por pulmões, que são estruturas simples e
saculiformes, porém dois terços dessa respiração ocorrem via superfície
Sapo adulto
do corpo (respiração cutânea). Boa parte das trocas se dá no interior da
cavidade bucal, que é altamente vascularizada. Sapos machos têm cordas
vocais na laringe, o que lhes permite o coaxar. Nas pererecas, existem
sacos vocais no interior da boca.
Excreção: os rins nos adultos são mesonefros, têm cor castanha e são
redondos. Em algumas espécies, o canal mesonéfrico funciona como canal
Metamorfose Óvulos
mesonéfrico + canal deferente (canal de Wolff). Existe bexiga urinária, a
qual desemboca na cloaca. Os anfíbios aquáticos liberam amônia (girino);
os adultos liberam ureia.
Embrião
Termorregulação: são animais pecilotérmicos e ectotérmicos. Girino desenvolvido

Sistema nervoso: apresentam um pequeno encéfalo. Os hemisférios Girino jovem


cerebrais e os lobos ópticos são os mais desenvolvidos do encéfalo. Ciclo de vida dos anfíbios.

Existem dez pares de nervos cranianos. O cerebelo é pouco desenvolvido.


Cérebro Lobo óptico Cerebelo Medula VOCÊ SABIA
espinal

Alguns anfíbios possuem órgão de Bidder, que é um ovário atrofiado e


não funcional. Se os testículos forem extirpados ou não funcionarem
Sistema nervoso de anfíbios. mais, o órgão de Bidder passa a funcionar como ovário. Os anfíbios
não apresentam anexos embrionários.

SAIBA MAIS b) Classe Reptilia (répteis)


Laverne Nash | Shutterstock

Quanto aos órgãos dos sentidos, existem botões gustativos no teto


da boca, na língua e na mucosa que recobre a maxila. As narinas têm Tartaruga (família
função olfativa e também por elas passa o ar que vai para os pulmões, Testudinidae). O corpo
desse réptil fica dentro
portanto são coanados (a narina tem contato com a faringe). Surge nos de uma carapaça.
anfíbios um órgão gustativo denominado órgão de Jacobson ou órgão Apenas sua cabeça,
vomeronasal. Apresentam olhos com pálpebras e glândulas lacrimais. pernas e cauda se
projetam.
Existem orelha média e interna e membrana timpânica externa. A linha
lateral está presente na cauda das larvas e persiste em alguns adultos.

DIVERSIDADE ANIMAL 191

em2_bio_v1.indb 191 22/09/2021 17:30:02


UNIDADE 5

Animais que rastejam e apresentam os membros locomotores situados no


IMPORTANTE
mesmo plano do corpo, obrigando-os a rastejar com o ventre sobre o solo.
Alguns não apresentam membros locomotores, como as cobras.
Estima-se que hoje existam 6 mil espécies de répteis, que teriam surgido É possível colocar os répteis como um marco na conquista do meio
de um grupo de anfíbios ancestrais, sem representantes atuais. O sucesso terrestre. Um aspecto interessante a ressaltar é que, embora a
evolutivo dos répteis está associado ao desenvolvimento de proteção do conquista definitiva tenha ocorrido, não existem répteis em todos os
embrião. Os répteis podem ser comparados às gimnospermas, pois ambos ambientes terrestres, pois eles são ectotérmicos e pecilotérmicos,
desenvolveram mecanismos para se tornar independentes da água para a portanto não ocorreu a máxima distribuição dessa classe. Sendo
reprodução. Enquanto nas gimnospermas surge o tubo polínico, que permite ectotérmicos, eles dependem muito da temperatura externa para a
o deslocamento do gameta masculino até o feminino, nos répteis surgem manutenção da do corpo.
outros aspectos: ovo com casca calcária, fecundação exclusivamente O tamanho dos répteis atuais é variado, por exemplo: cobras atingem
interna, desenvolvimento direto e presença de anexos embrionários como até 12 m, tartarugas podem ter 1,5 m, crocodilos até 5 m. O hábitat
o âmnio (armazenamento de líquido), o córion (proteção) e o alantoide dos répteis é variado, estão tanto em ambientes aquáticos (água
(trocas e armazenamento de excretas) CO2/O2. Embora exista uma casca doce ou salgada) como em ambientes terrestres.
calcária sólida ao redor do ovo, ela é porosa, permitindo as trocas gasosas.
Alguns podem ser peçonhentos, como muitas cobras; outros inofensivos,
Alantoide Casca
Âmnio como as lagartixas.
CO2 O2 Membrana da casca
Dentro da classe dos répteis, encontram-se as seguintes ordens:
Líquido amniótico
• Rincocéfalos. Exemplo: tuatara.
• Quelônios. Exemplos: tartaruga, jabuti e cágado.
• Crocodilianos. Exemplos: jacaré e crocodilo.
• Escamados, que se dividem em duas subordens: Lacertílios ou
Albumina Sáurios (exemplos: lagarto, cobra-de-vidro, cobra-de-duas-cabeças)
Câmara de ar
Saco vitelínico
e Ofídios (exemplos: cascavéis, corais etc.).
Córion Gema

Narina Encéfalo Tubo nervoso Vértebra Músculos Aorta dorsal Rim Testículo Ureter

Reto

Língua Traqueia Esôfago Coração Pâncreas


Pulmão Fígado Estômago Celoma Cloaca Pele
Morfologia de um crocodiliano. Intestino Duto deferente Músculos segmentares

Revestimento: para adaptação à vida terrestre, os répteis apresentam pele seca, impermeável e quase sem glândulas. As células epidérmicas depositam
camadas de queratina em grande quantidade, formando anexos como escamas (cobras e lagartos), placas córneas (tartarugas), garras e bicos (quelônios). Os
termos “carapaça” e “plastrão” são aplicados aos cascos dorsal e ventral que ocorrem em quelônios. Em alguns, existem poucas glândulas, que normalmente
estão associadas à atração sexual e à defesa de predadores. Tendo poucas glândulas, ocorre uma economia de água. Em crocodilianos e em quelônios, ocorre
a perda de pequenos pedaços da parte cornificada; nos lagartos e nas cobras, dá-se a ecdise (troca de pele). Em cobras conhecidas como cascavéis, forma-
-se o guizo, que são vestígios cornificados da pele que se aderem à base da cauda e não são perdidos durante a ecdise. Cada muda representa um novo guizo,
mas o número de guizos não indica a idade da cobra, pois pode ocorrer mais de uma muda por ano ou cobras velhas podem perder parte do guizo.

192 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 192 22/09/2021 17:30:03


UNIDADE 5

A língua de cobras e lagartos é bífide. Apresentam esôfago e estômago


Paolo Gallo | Shutterstock

distintos. Em crocodilianos, o estômago funciona como moela. O intestino


grosso desemboca em uma cloaca.

Seth LaGrange | Shutterstock


Carapaça de quelônios.

Língua bífide de cobras.

Sustentação e locomoção: esqueleto ósseo; crânio maciço e resistente


Circulação: é fechada, dupla (passa duas vezes pelo coração no seu
em quelônios e crocodilianos e frágil nos escamados. Presença de um
trajeto completo) e incompleta (mistura de sangues venoso e arterial).
côndilo occiptal e de musculatura desenvolvida, que facilita a locomoção.
O coração apresenta quatro cavidades incompletamente septadas (dois
Os répteis atuais possuem grande variedade de tipos de locomoção:
átrios e dois ventrículos não totalmente separados). Alguns autores
locomovem-se na água, na terra, cavam, trepam e até planam, como os
consideram somente três cavidades (2A e 1V). Existe também um seio
dragões-voadores (Draco sp.). Os membros locomotores são pares (peitorais
venoso. Os ventrículos são incompletamente divididos, pois existe um
e pélvicos); cada membro tem cinco dedos e cada dedo, normalmente,
septo, chamado de septo de Sabatier. Do ventrículo direito, parte uma
uma garra. Existem lagartos ápodas da família Anniellidae, denominados
artéria pulmonar que, em seguida, divide-se e uma crossa (tronco) aórtica
cobras-de-vidro. Em tartarugas marinhas, os membros são modificados
que se volta para a esquerda. Do ventrículo esquerdo, sai um tronco
em nadadeiras. As cobras, mesmo sem membros, locomovem-se com
aórtico que se volta para a direita, e não existe cone. Existem válvulas
extrema agilidade.
cúspides entre os átrios e ventrículos. Em crocodilianos, os ventrículos
Tubo digestório: o hábito alimentar dos répteis é variado; podem ser estão totalmente separados, mesmo assim há mistura de sangue venoso
carnívoros, insetívoros ou herbívoros. Eles têm uma boca geralmente e arterial (circulação incompleta), pois os troncos aórticos se comunicam
grande e não mastigam suas presas. Os dentes podem ser fortes e de por meio de um orifício, o forâmen de Panizza, e os troncos aórticos que
tamanhos variados (crocodilianos); quelônios não têm dentes (mandíbula transportam diferentes tipos de sangue se unem posteriormente para
cortante); cobras têm dentes pontiagudos. formar a aorta dorsal. As hemácias são elípticas e nucleadas.

Coração de répteis não crocodilianos Coração de répteis crocodilianos

Aorta esquerda
Aorta esquerda Artérias
Aorta direita Artérias
Artéria pulmonares
pulmonares
braquicéfala Veias Aorta direita Veias
pulmonares pulmonares
Seio venoso
Seio venoso
Átrio Átrio direito
esquerdo Átrio
esquerdo
Átrio direito Cavidade
ventricular
pulmonar
Septo Forâmen
Ventrículo vertical de Panizza

Cavidade Cavidade Ventrículo Ventrículo


ventricular ventricular direito esquerdo
venosa Septo arteriosa
horizontal

DIVERSIDADE ANIMAL 193

em2_bio_v1.indb 193 22/09/2021 17:30:04


UNIDADE 5

Respiração: é exclusivamente pulmonar. Os pulmões dos répteis


VOCÊ SABIA
apresentam mais alvéolos do que os dos anfíbios, o que os torna mais
eficientes. Em lagartos como a cobra-de-vidro e em cobras, devido à forma
do corpo, o pulmão esquerdo se atrofia e o direito é bastante alongado. Nos répteis, há presença de olhos (normalmente com pálpebras):
As costelas, com seus movimentos, permitem o processo de inspiração alguns podem diferenciar cores, outros são cegos. Em alguns répteis,
e expiração; em quelônios, os músculos fazem esse movimento, pois as existe a membrana nictitante, denominada terceira pálpebra, que
costelas estão presas à carapaça. São coanados. recobre o olho. Na tuatara e em algus lagartos, a glândula pineal
é desenvolvida formando o terceiro olho (associado à regulação da
Brônquio exposição à luz). Apresentam orelha média e interna. Em cobras,
o tímpano, a orelha média e a trompa de Eustáquio (auditiva) não
existem. A região que transmite as vibrações à orelha interna é a
columela, que está associada ao osso quadrado.
Alvéolos
rudimentares

Termorregulação: são animais ectotérmicos e pecilotérmicos.

Pulmão de répteis. Reprodução: sexuada. São dioicos, com raras exceções, como a jararaca-
-ilhoa, que pode ser monoica. Existe dimorfismo sexual, mas pouco
acentuado. A fecundação é interna. Os machos apresentam pênis; em
Nas tartarugas, pode ocorrer absorção de oxigênio através da parede cobras, existem dois hemipênis (pênis dividido em duas partes). A maioria
cloacal. dos répteis é ovípara, existem alguns ovovivíparos e alguns vivíparos. O
Excreção: apresentam dois rins, sendo no adulto do tipo metanefro desenvolvimento é direto. Apresentam todos os anexos embrionários
(mais evoluído). A excreta é encaminhada pelos ureteres até a cloaca e é verdadeiros: córion, âmnio, alantoide e saco vitelínico.
composta de ácido úrico, o que representa uma economia de água, pois é Classificação: entre os répteis, existem várias ordens e a maioria dos
praticamente insolúvel e atóxico, podendo ser acumulado dentro do ovo no animais é extinta. Dos répteis atuais, pode-se destacar os seguintes:
alantoide. Lagartos e tartarugas apresentam bexiga urinária. Em machos,
ocorre o canal de Wolff, que funciona somente como canal deferente, não • Ordem Rhynchocephalia ou Sphenodontia – possui uma única
tendo função excretora. espécie atual, tuatara (Sphenodon puctatus). Restrita à ilha da Nova
Zelândia, tem tamanho máximo de 60 cm; o macho não tem pênis.
Sistema nervoso: nesses animais, há formação do córtex cerebral, os Possui a glândula pineal desenvolvida, o chamado terceiro olho,
hemisférios cerebrais são mais desenvolvidos que nos anfíbios, bem como relacionado com o ritmo biológico sob influência da luz (ritmos de 24
o cerebelo, que, no entanto, ainda é pequeno. Os lobos ópticos e olfativos horas ou ritmos circadianos).
são bem desenvolvidos. Neles, começa a flexão do encéfalo. Existem 12
pares de nervos cranianos. Alizada Studios | Shutterstock

Bulbo olfativo
Hemisfério cerebral

Diencéfalo
Lobo óptico
Cerebelo

Medula
Tuatara, uma espécie rara de réptil às vezes chamada de fóssil
Sistema nervoso. vivo, pois é a única sobrevivente entre os representantes da
Rhynchocephalia (1896).

Órgãos dos sentidos: estão presentes corpúsculos gustativos na região • Ordem Crocodilia ou Loricata – apresentam corpo alongado,
faríngea. Apresentam concha ou corneto que aumenta a área olfativa. O com quatro patas com garras. Sua cauda é longa e a mandíbula
órgão de Jacobson tem grau máximo de desenvolvimento nos escamados, tem numerosos dentes. Crocodilianos podem viver parcialmente
associado ao teto da boca. Na maioria das cobras peçonhentas, existe, em ambiente de água doce ou salgada e terra. Jacaré e caimão em
entre o olho e a narina, um orifício com função termorreceptora denominado água doce; crocodilos no mar e em água salobra; gaviais (Gavialidae)
fosseta loreal ou lacrimal. existem somente em rios da Índia. Apresentam coração com quatro

194 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 194 22/09/2021 17:30:05


UNIDADE 5

cavidades totalmente septadas, mas a mistura do sangue ocorre no


SAIBA MAIS
forâmen de Panizza.

Diferenciando os quelônios
Bildagentur Zoonar GmbH | Shutterstock

Jabutis
• Exclusivamente terrestre; são lentos para se deslocar.
Alligator mississippiensis. • Carapaça alta; patas traseiras no formato cilíndrico (lembrando
pata de elefante).
• Pescoço retraído verticalmente para dentro do casco
(Cryptodira).
• Variam a alimentação, mas dão preferência para as plantas.
Cágados
As diferenças entre gaviais, jacarés e crocodilos são: jacarés têm focinho
largo e arredondado e, quando estão com a boca fechada, é possível ver os • Dulcícolas; descansam ao sol nas margens de rios e lagos.
dentes da parte superior; crocodilos têm focinho mais estreito e, quando • Carapaça mais achatada; patas com dedos que possuem
fecham a boca, é possível ver os dentes da parte superior e inferior; gaviais membranas interdigitais (facilitando o nado).
apresentam focinho delgado e alongado.
• Pescoço longo e flexão lateral (Pleurodira).

Jacaré Crocodilo Gavial • São carnívoros, alimentando-se principalmente de peixes.


A Tartarugas
• Marinhos e dulcícolas.
• O corpo é mais achatado, facilitando o movimento na água;
B patas modificadas em formato de remo.
• Pescoço retraído verticalmente para dentro do casco
(Cryptodira).
• Alimentam-se de algas, moluscos, crustáceos etc.

• Ordem Chelonia ou Testudinata – apresentam o corpo protegido • Ordem Squamata – têm pele com escamas ou placas epidérmicas
por carapaça óssea dorsal e um plastrão ventral, ligado lateralmente. córneas. São classificadas em duas subordens:
Não possuem dentes e a mandíbula é desenvolvida, formando uma
espécie de bico. Sua língua não é extensível. Apresentam pálpebra, 1. Subordem Lacertilia ou Sauria. Exemplos: lagartos, lagartixas,
seu pescoço geralmente é retrátil, com oito vértebras cervicais, e cobra-de-duas-cabeças, cobra-de-vidro e camaleões. Apresentam
seus membros têm cinco dedos. Vivem em ambientes terrestres, corpo alongado, membros pares (nem sempre presentes), ramos
marinhos e de água doce. da mandíbula geralmente unidos por sutura, pálpebra e meato
auditivo externo quase sempre presente. Lagartos têm capacidade
de autotomia, ou seja, autoamputação da cauda para escapar de
Laura Dts | Shutterstock

predadores.
I Wayan Sumatika | Shutterstock

Iguana (Iguana iguana).

Tartaruga.

195

em2_bio_v1.indb 195 22/09/2021 17:30:11


UNIDADE 5

das mandíbulas não se soldam na região mediana anterior. O movimento


VOCÊ SABIA
independente que realizam a maxila superior, os palatinos, os pterigoides e
os ectopterigoides, tanto de répteis como de aves, denomina-se cinetismo
Existe um gênero de lagartos que são venenosos, os Heloderma. craniano. O corpo da cobra pode se dilatar muito, o estômago é elástico
Exemplos: monstro-de-gila (H. suspectum) e lagarto mexicano e não existe osso esterno unindo as costelas. As cobras apresentam
(H. horridum). glândulas salivares modificadas em glândulas de veneno, que requerem
um dente inoculador (presa) para liberar seu conteúdo.

Erin Donalson | Shutterstock


Transverso Esquamosal Quadrado

Pterigoide

Mandíbula
Dentário
Lagarto do gênero Heloderma.

Estreptostilia nas cobras.

2. Subordem Ophidia ou Serpentes. Possuem corpo alongado e de


tamanho variado, sem patas, com ramos da mandíbula geralmente
unidos por um ligamento elástico, e não por sutura, pálpebras imóveis
e língua extensível e bífide.
SAIBA MAIS
Gualberto Becerra | Shutterstock

Classificação das cobras quanto aos tipos de dentes


Áglifas (a = ausência; glyphé = sulco): desprovidas de dentes
inoculadores. Exemplos: jararacuçu-do-brejo, caninana, jiboia, sucuri
e boipeva.
Opistóglifas (ophistos = atrás; glyphé = sulco): possuem dentes
sulcados, na parte posterior da arcada superior. Têm dificuldade
para inocular o veneno, a menos que a presa esteja dentro da
boca. Exemplos: falsas-corais (Erythrolamprus) e cobras-verdes;
muçuranas (Clelia clelia) são úteis ao ser humano, pois se alimentam
Gênero Bothrops (popularmente conhecidas como jararacas, cotiaras e urutus). de serpentes venenosas.
Canal do veneno Proteróglifas (protero = dianteiro; glyphé = sulco): possuem um
Narina par de presas sulcadas anteriores, fixas na arcada. Exemplos: corais-
Glândula de veneno Fosseta loreal
Dentes -verdadeiras.
inoculadores
de veneno Solenóglifas (soleno = canal; glyphé = sulco): têm dentes ocos e
não sulcados (vazados), que funcionam como uma agulha inoculadora.
Língua bífide Esses dentes são retráteis. Todas essas serpentes possuem fosseta
loreal. Exemplos: cascavel, jararaca, urutu e surucucu. Observação:
são as cobras mais adaptadas ao hábito de predação. No mundo,
existem cerca de 3 mil espécies de serpentes, sendo 410 consideradas
Os ofídios apresentam órgão de Jacobson no teto da boca, que identifica venenosas. No Brasil, estão catalogadas 256 espécies, sendo
as partículas trazidas pela língua até ele, que tem por função detectar 69 venenosas e/ou peçonhentas e 187 não venenosas. A distribuição
odores. As cobras são capazes de ingerir presas com diâmetro maior do das 69 espécies venenosas encontradas no Brasil é a seguinte: 32 do
que o do seu corpo. Para isso, apresentam várias adaptações, uma delas gênero Bothrops (jararacas), 6 do gênero Crotalus (cascavéis), 2 do
é a estreptostilia: o osso quadrado articula-se com o crânio e com a gênero Lachesis (surucucu) e 29 do gênero Micrurus (corais).
mandíbula permitindo a abertura da boca em até 180°. As duas metades

196 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 196 22/09/2021 17:30:14


UNIDADE 5

Cobras da família Elapidae, em que se enquadra o gênero Micrurus

reptiles4all | Shutterstock
(corais), normalmente possuem anéis vermelhos alternados com anéis
de outras cores. Existem falsas-corais e corais-verdadeiras, e ambas
têm o corpo recoberto por escamas lisas e com brilho. A cabeça é
arredondada, coberta por escamas grandes. Não possuem fosseta
loreal. Diferenciá-las não é fácil: as falsas-corais são opistóglifas e as
corais-verdadeiras são proteróglifas.

Ferdy Timmerman | Shutterstock


Cobra Bothrops.

Quando existirem glândulas de veneno associadas a dentes


inoculadores, fala-se que a cobra é peçonhenta. Todas as cobras que
apresentam fosseta loreal ou lacrimal são peçonhentas. Possuem
presas vazadas (solenóglifas). Cobras da família Crotalidae apresentam
três tipos básicos de caudas: lisa (Bothrops), com escamas arrepiadas
(Lachesis), com chocalho (Crotalus). Apresentam cabeça triangular com
escamas pequenas e a parte superior do corpo é recoberta por escamas
sem brilho, que possuem forma de quilha. Apresentam fosseta e são Coral-verdadeira (Micrurus nigrocintus).
solenóglifas.

Patrick K. Campbell | Shutterstock


Alexander Wong | Shutterstock

Crotalus atrox. Lachesis.

c) Classe Aves
IMPORTANTE
Darryl Rampersad | Shutterstock

No grupo das aves, há cerca de 8 800 espécies. É a maior classe de


vertebrados tetrápodes; da mesma forma, é o grupo de tetrápodes que
apresenta menor diversidade anatômica. As aves possuem asas, mas nem
todas são capazes de voar. Evolutivamente, considera-se que as aves
surgiram de répteis. Sabe-se que aves e mamíferos compartilham algumas
Arara. características que os tornam animais mais evoluídos comparados a
outros vertebrados. Acredita-se que esta seja a linha evolutiva:

Chondrichthyes Aves

Agnatha Osteichthyes Amphibia Reptilia

Mammalia

DIVERSIDADE ANIMAL 197

em2_bio_v1.indb 197 22/09/2021 17:30:25


UNIDADE 5

Marlene Helms | Shutterstock


Raquis
Bárbula com
ganchos

Estrutura da pena.

Barba

Nik Merkulov | Shutterstock


Duas características identificam bem as aves: a presença de penas e
o bico córneo (embora uma espécie de bico já exista em quelônios).
Aves e mamíferos são animais homeotérmicos, ou seja, a temperatura do
corpo é praticamente constante, e endotérmicos, pois produzem o próprio
calor. Essas características estão associadas à presença de um coração
com quatro cavidades totalmente septadas e circulação completa (não
ocorre mistura de sangue venoso e arterial) e presença de uma respiração
pulmonar eficiente, que fornece grande quantidade de oxigênio para
manter elevado o metabolismo.
O tamanho das aves é variado, de pequeno porte como beija-flores a aves
Penas de pavão.
enormes como os avestruzes e as emas. As cores das penas podem ser
variadas: algumas vezes discretas para poderem se camuflar no meio,
outras vezes exuberantes para atraírem seus parceiros para a cópula. A Esqueleto: apresenta um grande número de adaptações aerodinâmicas
diferença de cores entre indivíduos de uma mesma espécie pode estar e representa 5% do peso bruto, portanto é leve. As cinturas escapular
associada ao dimorfismo sexual. e pélvica e a coluna vertebral são soldadas, formando uma peça única
associada às costelas. Apresenta ossos longos com ar em seu interior,
KellyNelson | Shutterstock

denominados ossos pneumáticos (ocos). Isso diminui a densidade,


facilitando o voo. O osso esterno, que se situa na cintura escapular,
quase sempre apresenta quilha ou carena e tem por função a inserção
dos músculos. As aves modernas não têm dentes e possuem um côndilo
Beija-flor.
occipital e osso quadrado móvel.

Órbita Bico sem


Crânio dentes

Revestimento e proteção: a pele é fina e seca; não existem glândulas,


exceto a uropigiana, que se encontra na cauda das aves. Essa glândula Vértebras
Sinsacro cervicais
secreta uma substância oleosa que serve para impermeabilizar e lubrificar Pigostilo Escápula
as penas, impedindo que elas se molhem. Essa característica é mais Clavícula
desenvolvida em aves aquáticas. As penas são anexos exclusivos das aves. Vértebras
caudais
Existem vários tipos de penas: as plumas e plúmulas, que reduzem a perda Coracoide
de calor; vibrissas são sensoriais; tectrizes são de cobertura do corpo; Ílio
rêmiges auxiliam a propulsão do corpo das aves no voo e estão nas asas; Púbis
Cintura Ísquio Quilha do esterno
rectrizes ficam na cauda e dirigem o voo. São formadas por queratina e pélvica Esqueleto de ave.
não têm células vivas, sendo também mineralizadas (carbonato e fosfato
de cálcio). Periodicamente, as penas são substituídas. Elas possuem um
eixo central, a raquis, de onde partem as barbas, que apresentam bárbulas.

198 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 198 22/09/2021 17:30:27


UNIDADE 5

Pequenos peitorais na extremidade inferior da traqueia, antes da bifurcação para formar


brônquios.
Traqueia

Siringe
Saco aéreo
Músculos peitorais responsáveis
pelo batimento das asas.

Grandes Pulmão
Sacos aéreos
peitorais anteriores e
Quilha do esterno posteriores

Musculatura: é bem diferente da maioria dos vertebrados, os músculos


da mandíbula e do pescoço têm especializações associadas ao hábito Sacos aéreos
alimentar (bico) e ao movimento do pescoço (um côndilo). A musculatura Sistema respiratório de aves.

dorsal é reduzida, os músculos abdominais também. Os músculos


Tubo digestório e nutrição: o tubo é completo e complexo. Existe
extrínsecos das asas são muito desenvolvidos nas aves voadoras, como o
uma série de diferentes bicos associados aos mais variados hábitos
grande peitoral. Os músculos dos membros posteriores são desenvolvidos
alimentares. Não há dentes; a língua é queratinizada e pouco móvel. O
nas aves corredoras. Existem tendões que inserem os músculos nos ossos.
esôfago forma o papo, que é desenvolvido em aves granívoras e reduzido
Circulação: as aves apresentam circulação fechada, dupla e completa. ou ausente em carnívoras. O papo armazena e amolece o alimento. Em
O coração possui quatro cavidades totalmente septadas (dois átrios e dois pombos, produz uma secreção leitosa rica em proteínas e lipídios, que é
ventrículos). As hemácias são ovais e nucleadas. A aorta sai do ventrículo regurgitada para os filhotes. Logo após o esôfago, encontra-se o estômago
esquerdo e se dobra para a direita. químico (proventrículo), em seguida o estômago mecânico, que tritura o
alimento, e a moela. O intestino é dividido em delgado, onde desemboca o
suco pancreático (o pâncreas é envolvido por uma alça intestinal) e a bile
Pulmão Pulmão e o reto, portanto o intestino grosso é extremamente reduzido. O intestino
Artéria termina na cloaca. Um pouco antes, há dois cecos.
pulmonar

Coração Veia pulmonar


Cavidade
Átrio esquerdo oral Cérebro
Bico Medula espinal
Ventrículo esquerdo
Artéria aorta Átrio Traqueia
direito Ventrículo direito
Vasos Esôfago Pulmão
sanguíneos Veia cava
Papo Rim
Corpo Coração Moela
Ureter
Estômago
(proventrículo)
Respiração: é exclusivamente pulmonar e muito eficiente. Esse aspecto Fígado Cloaca
associa-se à necessidade de grandes quantidades de oxigênio para Duto
biliar Ceco
manter o metabolismo elevado. Os pulmões são parenquimatosos e não
alveolares. Dos pulmões, saem ramificações, os sacos aéreos, os quais
Sistema digestório de aves.
normalmente são expansões membranosas que penetram nos ossos
pneumáticos e se inserem entre as vísceras. Auxiliam a manutenção da
Excreção: em aves adultas, os rins são do tipo metanefro, situando-se
homeotermia, refrigerando o corpo do animal durante o voo, quando o
próximo à coluna vertebral. De cada rim, sai um ureter, que leva a urina
metabolismo é elevado, e diminuindo a densidade, o que facilita o voo
até a cloaca. Não existe bexiga urinária. A principal excreta liberada é o
e também o canto. Não existe diafragma. Os pulmões estão presos nas
ácido úrico. Em aves marinhas, existe a glândula de sal situada na cabeça
costelas. São coanadas.
acima dos olhos, eliminando o excesso de sais com perda mínima de água.
O ar percorre o seguinte caminho: sacos aéreos posteriores → pulmões →
Sistema nervoso: presença de lobos olfativos pequenos, responsáveis
sacos aéreos anteriores.
pelo olfato, que é pobre. Córtex cerebral desenvolvido com flexão mais
Como não existe diafragma, a respiração se faz à custa dos movimentos acentuada do que em répteis. Lobos ópticos com desenvolvimento
das costelas e do esterno. A laringe das aves não produz sons, mas é máximo. Cerebelo desenvolvido com esboço de lobos laterais. Presença
moduladora de sons. Estes se originam na siringe, que está localizada de 12 nervos cranianos.

DIVERSIDADE ANIMAL 199

em2_bio_v1.indb 199 22/09/2021 17:30:28


UNIDADE 5

Angela_Macario | Shutterstock
Bulbo olfativo
Hemisfério cerebral

Epífise

Lobo óptico
Cerebelo
Medula

Sistema nervoso de aves.

Ninho de joão-de-barro.
SAIBA MAIS

Quanto aos órgãos dos sentidos, a gustação é pouco desenvolvida,


Calaza
assim como o olfato (órgão de Jacobson rudimentar). Existe, na Casca
pele, sensibilidade tátil térmica e dolorosa. A audição é muito
desenvolvida, pode existir orelha externa, e estão presentes a média
Gema
e a interna. A visão é bem desenvolvida. Possuem olhos com duas
pálpebras e com membrana nictitante. Aves de rapina apresentam
Membrana
duas fóveas centrais, que permitem a formação da imagem em dois da casca
Câmara de ar
pontos da retina sem modificar a posição da cabeça. Há visão de
cores. O conduto auditivo que se observa externamente é considerado Ovo de ave.
por alguns autores como orelha externa.
Termorregulação: as aves são homeotérmicas e endotérmicas.

Reprodução: é sexuada. As aves são dioicas, podendo existir dimorfismo


sexual. A fecundação é interna e o desenvolvimento é direto. As aves põem
VOCÊ SABIA
um ovo com casca calcária, dentro do qual existem todos os verdadeiros
anexos (córion, saco vitelínico, âmnio e alantoide). O macho apresenta dois
testículos, dois epidídimos e canais deferentes (estes desembocam na cloaca). Capacidade de voo
Com algumas exceções (pato, avestruz, cisne etc.), as aves não têm pênis. Nas
fêmeas, somente o ovário esquerdo é desenvolvido; o direito é atrofiado. O Arts Illustrated Studios | Shutterstock
oviduto apresenta algumas partes: o pavilhão da tuba, onde ocorre fecundação;
o magnum, onde é produzida albumina; o istmo, onde se forma a membrana da
casca; próximo da cloaca, existe a glândula da casca, que deixa o ovo pronto
para postura. A casca é porosa. As aves são ovíparas. É comum a necessidade
de choca dos ovos. A formação dos ovos não depende de prévia fecundação.
Após a eclosão deles, os filhotes podem estar prontos para acompanhar os pais,
como os pintinhos, sendo denominados nidífugos. Existem aves nidícolas, cujos
filhotes nascem prematuramente e precisam de cuidados durante dias, como
os canários.
Murilo Mazzo | Shutterstock

Uma característica marcante das aves é a capacidade de executar


um voo verdadeiro. Outros vertebrados voam, mas, com exceção dos
morcegos, trata-se geralmente de voos planados, como os esquilos-
-voadores. A execução dessa complexa forma de movimentos é
possível graças a uma série de adaptações conquistadas pelas aves,
ao longo de sua evolução.
Quero-quero.

200 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 200 22/09/2021 17:30:33


UNIDADE 5

d) Classe Mammalia Revestimento: apresentam epiderme queratinizada, derme e hipoderme


(camada de tecido adiposo). Na pele, existem pelos, glândulas mamárias

Jeffrey B. Banke | Shutterstock


(fornecem leite para o filhote), sudoríparas (fazem a termorregulação) e
sebáceas (lubrificam os pelos). Em alguns, estão presentes glândulas
odoríferas (identificação e defesa). Vários são os anexos de queratina:
unhas, garras, cornos, chifres, cascos, bicos e placas dérmicas.

SAIBA MAIS

Diferença entre cornos e chifres


Há chifres e cornos nos artiodáctilos. Os chifres são encontrados
Elefante.
na família Cervidae (maioria), estão presentes apenas nos machos
Existem aproximadamente 4 500 espécies de mamíferos, vivendo em (exceto Rangifer) e são trocados anualmente. Os cornos ocos são
ambientes aquáticos e terrestres. Podem ser cavadores, nadadores, encontrados na família Bovidae, em ambos os sexos, mas nos machos
voadores, corredores. Os mamíferos são os animais que atingiram a são maiores. Se ocorrer troca, apenas a bainha externa é removida.
máxima complexidade evolutiva e grande diversidade morfológica. Assim Os chifres crescem muito rapidamente, são feitos de osso esponjoso
como as aves, os mamíferos são homeotérmicos e endotérmicos. Além e, durante o crescimento, são recobertos de veludo (pele com pelos
dessas características, possuem um coração com quatro cavidades finos e curtos). O crescimento do chifre começa a cada ano a partir
totalmente septadas, uma circulação fechada dupla e completa e uma de uma saliência do osso frontal. Quando o chifre está completo,
respiração pulmonar eficiente. O coração dos mamíferos difere do das gradativamente o suprimento de sangue é cortado, o veludo cai e, em
aves em um único aspecto: a aorta, ao sair do coração, dobra-se para a seguida, o chifre é eliminado. Os cornos são formados por um núcleo
esquerda, ao passo que nas aves ela dobra-se para a direita. Como são ósseo que é uma saliência do osso frontal. Esse núcleo continua a
animais homeotérmicos e endotérmicos, existem mamíferos em locais crescer durante toda a vida. Externamente a ele, existe uma bainha
variados e que possuem temperaturas variadas: podem viver em ambientes queratinizada, que é o corno. Essa estrutura não possui ramificações
desérticos, mas também podem se adaptar a ambientes com temperaturas e permanece toda a vida.
extremamente baixas.

Gatien GREGORI | Shutterstock


VOCÊ SABIA

A diversidade morfológica é grande; a maioria dos mamíferos


apresenta características comuns que os diferenciam dos demais
tetrápodes. Há presença de glândulas mamárias, de pelos, diafragma
(músculo que separa tórax de abdome), dentes diferenciados
(incisivos, caninos, pré-molares e molares), artéria aorta dobrando- Bovino com cornos.
-se para a esquerda e hemácias bicôncavas e anucleadas. Além
dessas características, outras são comuns à maioria dos mamíferos,
WildMedia | Shutterstock

mas não exclusivas: presença de útero e próstata, viviparidade, ovo


com pouco vitelo e presença de placenta e cordão umbilical.
Quanto ao tamanho, é variável, havendo desde um pequeno morcego
com 1,5  g até a enorme baleia-azul (Balaenoptera musculus), que
pode chegar a mais de 100 mil kg e medir cerca de 30 m.
Muitos mamíferos têm a capacidade de se comunicar entre si, pois
neles existem cordas vocais capazes de emitir sons. Um exemplo
é a espécie humana, na qual essa capacidade se tornou muito
desenvolvida. Em algumas espécies, os pelos são escassos ou
Cervo com chifres.
ausentes (baleias, botos e golfinhos, por exemplo).

DIVERSIDADE ANIMAL 201

em2_bio_v1.indb 201 22/09/2021 17:30:40


UNIDADE 5

Sustentação e locomoção: mamíferos apresentam dois côndilos Respiração: exclusivamente pulmonar. Os pulmões são formados por
occipitais, articulados com a vértebra Atlas. A coluna vertebral dos muitos alvéolos, que aumentam a superfície de trocas. Os movimentos de
mamíferos pode ser dividida em vértebras cervicais, toráxicas, lombares, inspiração e expiração são produzidos graças aos músculos intercostais e
sacrais e caudais. Existem costelas verdadeiras, falsas e flutuantes. ao diafragma.
Os músculos são bastante desenvolvidos, especialmente nos membros, Tubo digestório: na boca, existem lábios que facilitam a sucção de leite
na cabeça e no pescoço. O hábito de locomoção mais comum entre materno, língua móvel e dentes (maioria) diferenciados (heterodontes). O
mamíferos é o de andar e correr. O guepardo (Acinonyx jubatus) corre até estômago pode ter uma câmara (simples) ou quatro câmaras (ruminantes).
120 km/h. Todos têm quatro membros adaptados ao seu hábitat. Em O intestino varia de tamanho: nos carnívoros, é menor; em onívoros, é de
baleias e golfinhos, os membros anteriores estão adaptados para nadar. tamanho intermediário; em herbívoros, é muito grande. Normalmente, não
Em morcegos, os dedos das patas anteriores são longos e apresentam existe cloaca (exceto nos monotremados), mas um ânus. Existem várias
membrana interdigital, o patágio, funcionando como asas. glândulas anexas, o fígado com vesícula biliar, o pâncreas e as glândulas
salivares (aquáticos não possuem).

slowmotiongli | Shutterstock
Observação: os monotremados não possuem verdadeiras glândulas
mamárias, mas glândulas sudoríparas modificadas. A secreção é eliminada
em tufos de pelos que são chupados pelos filhotes, portanto não existe
teta ou mamilo.

VOCÊ SABIA

Entre os ruminantes, os exemplos de mamíferos são: bois, ovelhas,


girafas, antílopes e cabras.
Guepardo.
Intestino Omaso Esôfago 1.ª deglutição
Com relação ao apoio das extremidades pentadáctilas, é possível classificar Regurgitação
os mamíferos em plantígrados, que se apoiam sobre toda a planta dos
2.ª deglutição
pés; digitrígrados, que se apoiam sobre os dedos; e ungulígrados, que se
apoiam sobre as pontas dos dedos.
Circulação: fechada, dupla e completa. Coração com quatro cavidades
totalmente septadas. Presença de hemácias bicôncavas e anucleadas. A
artéria aorta, ao sair do coração, dirige-se para a esquerda.

Órgãos
Rúmen Abomaso Retículo

Veia cava Artéria


superior pulmonar
Artéria
O estômago é complexo, sendo dividido em quatro câmaras: a pança
aorta Veias ou rúmen, que serve de depósito de alimento; o barrete ou retículo;
pulmonares
o omaso ou folhoso (menor câmara); e o abomaso ou coagulador
(estômago químico). Os ruminantes mastigam o alimento rapidamen-
Pulmão te, o qual, chegando à pança, sofre a ação de bactérias, propiciando
uma intensa fermentação. O alimento passa para o retículo, onde
Veia cava Coração será compactado em pequenas bolas. Por inversão voluntária do
inferior peristaltismo do esôfago, as bolas retornam à boca, onde serão
demoradamente mastigadas. Em uma segunda deglutição, o alimen-
to passa diretamente para o folhoso, onde continua a fermentar. Em
seguida, passa para a última câmara, o abomaso ou coagulador, na
qual estão os sucos gástricos. As bactérias que chegam ao abomaso
também são digeridas. A função delas é liberar celulase para quebrar
a celulose do capim em partículas menores.
Órgãos

202 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 202 22/09/2021 17:30:43


UNIDADE 5

Excreção: há presença de dois rins do tipo metanefros (adultos), dois Classificação: podemos dividir os mamíferos em três subclasses.
ureteres, uma bexiga urinária e uma uretra. O principal produto excretado é
a ureia, sendo que os monotremados excretam ácido úrico. 1. Subclasse Prototheria: mamíferos primitivos que põem ovos,
Sistema nervoso: o córtex cerebral atinge o desenvolvimento máximo; os possuem pelos e glândulas mamárias, mas não têm mamilos. Uma
hemisférios cerebrais apresentam circunvoluções (girencéfalo) e a flexão ordem atual é a Monotremata. Enquadram-se nessa ordem duas
craniana chega a 90° no ser humano. O cerebelo é mais desenvolvido do famílias: a Tachyglossidae, que tem como representantes as equidnas,
que nas aves. Há 12 pares de nervos cranianos e lobos olfativos e ópticos e a família Ornithorhynchidae, sendo o ornitorrinco seu representante.
reduzidos. Os monotremados possuem cloaca, são ovíparos e liberam ácido úrico
como principal excreta. A homeotermia é considerada imperfeita.
Dentes existem apenas nos filhotes.
Os adultos têm bico; a glândula mamária não tem mamilo. Os filhotes
Hemisférios lambem o leite que escorre dos pelos da região ventral das mães.
cerebrais com Não apresentam placenta e cordão umbilical. Vivem exclusivamente
circunvoluções
na Oceania.

John Carnemolla | Shutterstock


Cerebelo

Medula

Órgãos dos sentidos: apresentam grande especialização dos órgãos


dos sentidos. Na derme, existem terminações nervosas capazes de
perceber frio, calor e dor. Há olhos muito desenvolvidos com capacidade
de diferenciar cores em algumas espécies. Possuem orelha externa com
pavilhão auditivo, orelha média e orelha interna. Na língua, existem papilas
Ornitorrinco.
gustativas responsáveis pela gustação. O olfato é muito desenvolvido em
algumas espécies e, em outras, é reduzido (aquáticas). Observação: o ornitorrinco apresenta aguilhão nas patas traseiras
Termorregulação: são animais endotérmicos e homeotérmicos. para inocular veneno.
Reprodução: sexuada. São animais dioicos com dimorfismo sexual
2. Subclasse Metatheria: um grupo primitivo de mamíferos, cujos
evidente. A fecundação é exclusivamente interna e apresentam
filhotes nascem em estado prematuro, sendo carregados pela
desenvolvimento direto. São animais vivíparos, exceto monotremados, que
fêmea dentro de uma bolsa ou marsúpio localizada no abdome.
são ovíparos. Os machos possuem órgão copulador, o pênis, e testículos
Dentro do marsúpio, existem os mamilos. Há somente uma ordem
localizados na bolsa escrotal. Apresentam todos os verdadeiros anexos
recente: Marsupiala. Apresentam útero e vagina duplos, glândulas
(cório, saco vitelínico, âmnio e alantoide) e a maioria possui placenta e
mamárias com mamilos, placenta e cordão umbilical reduzido ou
cordão umbilical.
ausente. Liberam os filhotes prematuramente, e estes terminam o
seu desenvolvimento na bolsa marsupial. Exemplos: gambá, coala,
Rudi Hulshof | Shutterstock

canguru, cuíca, lobo-da-tasmânia e vombate.


harryvincentphoto | Shutterstock

Marsupial.

Cortejo entre elefantes macho e fêmea.

DIVERSIDADE ANIMAL 203

em2_bio_v1.indb 203 22/09/2021 17:30:53


UNIDADE 5

3. Subclasse Eutheria ou Placentaria: mamíferos vivíparos, com • Ordem Artiodactyla: há dedos protegidos por cascos, em número par.
placenta, cordão umbilical e vagina única. Existem 17 ordens viventes. Exemplos: bois, búfalos, lhamas, girafas, cabras, veados, porcos e
carneiros.
• Ordem Chiroptera: possuem membros anteriores modificados em
asas. Exemplo: morcegos.

smereka | Shutterstock
Morcego. Martin Mecnarowski | Shutterstock

• Ordem Carnivora: têm dentes caninos grandes e alimentam-se de


carne. Exemplos: cães, lobos, gatos, tigres, leões, leopardos e onças. Vaca.
Luis César Tejo | Shutterstock

• Ordem Perissodactyla: possuem número ímpar de dedos e o terceiro


é coberto pelo casco, sobre o qual se apoiam. Exemplos: cavalos,
zebras, antas e rinocerontes.

Vladimir Wrangel | Shutterstock


Tigre branco.

• Ordem Proboscidea: possuem nariz e lábio superior transformados em


tromba e incisivos superiores muito desenvolvidos (presas). Exemplo:
elefantes.
meunierd | Shutterstock

Anta.

• Ordem Cetacea: têm membros transformados em nadadeiras. Exem-


plos: baleias e golfinhos.
Alexander Cher | Shutterstock

Elefante.

• Ordem Rodentia: têm dois pares de incisivos adaptados para roer.


Exemplos: ratos, camundongos, capivaras e chinchilas.
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| Sh
mul
ham
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Capivara. Golfinho.
n Ka
Ana

204

em2_bio_v1.indb 204 22/09/2021 17:31:04


UNIDADE 5

• Ordem Sirenia: são herbívoros aquáticos, com membros adaptados à • Ordem Dermoptera: são mamíferos planadores primitivos. Apre-
natação. Exemplo: peixes-boi. sentam membranas peludas que se estendem do pescoço à cauda.
Exemplo: lêmures-voadores.

Andrea Izzotti | Shutterstock

Joshua Davenport | Shutterstock


Peixe-boi.

• Ordem Lagomorpha: há três pares de incisivos adaptados para roer.


Exemplos: coelhos e lebres.
Lêmure-voador.
WildMedia | Shutterstock

• Ordem Edentata: apresentam garras dianteiras para cavar ou para


se pendurar. Não há incisivos e caninos. Exemplos: tamanduás e
preguiças.
Lebre.

Janossy Gergely | Shutterstock


• Ordem Primates: possuem cinco dedos nas mãos e nos pés, com
poder de preensão; visão de profundidade desenvolvida; e encéfalo
volumoso. Exemplos: macacos e seres humanos.
VladSer | Shutterstock

Macaco.
Preguiça.

• Ordem Pholidota: possuem escamas embricadas cobrindo a superfície


dorsal da cabeça, corpo e cauda e na superfície externa das pernas.
Cabeça alongada e dentes ausentes, presença de garras longas. Exemplo:
• Ordem Insectivora: são animais de pequeno porte muito primitivos,
pangolim.
com focinho alongado, olhos e orelhas pequenas. Exemplos: toupeiras
Positive Snapshot | Shutterstock

e musaranhos.
Petr Bonek | Shutterstock

Toupeira.

Pangolim.

DIVERSIDADE ANIMAL 205

em2_bio_v1.indb 205 22/09/2021 17:31:21


UNIDADE 5

• Ordem Pinnipedia: mamíferos com membros modificados em


CONFIRMANDO A TEORIA
nadadeiras, olhos grandes e orelha externa pequena. Exemplos:
leões-marinhos, focas e morsas.
1. (UFRGS-RS) Leia o texto.

Vladimir Wrangel | Shutterstock


Pouca gente se dá conta de que o litoral sul do Brasil, em
especial Santa Catarina, é uma das áreas mais importantes
em todo o planeta para a reprodução das baleias. É aqui que
a baleia-franca, um gigante pacífico e ameaçado de extinção,
vem ter seus filhotes e amamentá-los, de maio a outubro (com
maior número de avistagens de baleias com filhotes em agosto/
setembro).
FONTE: Folheto do Projeto Baleia-franca, IWC/Brasil, WDCS, Florianópolis, SC.

Leão-marinho.
Considere os itens abaixo, que apresentam possíveis
• Ordem Tubulidentata: possuem corpo robusto, cabeça alongada, características do grupo a que pertencem os animais acima
focinho semelhante ao do porco e orelhas longas e tubulares. citados.
Exemplo: oricteropo.
I. Respiração pulmonar.
II. Pecilotermia.
Daniel Danckwerts | Shutterstock

III. Fecundação interna.


IV. Ausência de diafragma.

Quais estão corretas?

a) Apenas I e II.

b) Apenas I e III.

Oricteropo. c) Apenas II e III.

• Ordem Hyracoidea: mamíferos com cauda pequena ou rudimentar e d) Apenas II e IV.


unhas modificadas em cascos, na maioria dos dígitos. e) Apenas I, II e IV.
Ondrej Prosicky | Shutterstock

As baleias são mamíferos (cordados), ou seja, têm respiração


pulmonar, homeotermia, fecundação interna e presença de
diafragma.
Hiracoide.

Alternativa correta: b.

206 DIVERSIDADE ANIMAL

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UNIDADE 5

EXERCÍCIOS

1. (CEPBJ-PR) Referente ao filo Cordados, marque (V) ou (F).


Características Osteíctes Condrictes
a) ( ) Todos os cordados são vertebrados.
Fendas branquiais
b) ( ) Todos os vertebrados são cordados.
Posição da boca
c) ( ) São enterozoários, triblásticos, deuterostômios, enteroce-
lomados. Cloaca
d) ( ) Todos os cordados apresentam sistema circulatório fechado. Bexiga natatória
e) ( ) Os cordados sempre têm reprodução sexuada. Linha lateral
f) ( ) Peixes são tetrápodes. Fecundação
g) ( ) Cordados são sempre gnatostomados.
Desenvolvimento
h) ( ) Podem ter respiração branquial.
Exemplos

2. (CEPBJ-PR) Preencha os espaços. 4. (CEPBJ-PR) Complete as afirmativas sobre os anfíbios.


a) Cordados têm de apresentar em pelo menos uma fase da vida a) Anfíbios podem ser comparados às ______________, pois
______________, ______________, _______________ dependem da água para reprodução, possuem fecundação
e ________________. ______________, ovo sem ______________ e larva
aquática, o ______________.
b) Os tunicados ou ______________ apresentam revestimento
externo uma túnica formada por ______________. Também b) O girino tem respiração ______________ e excreta
apresentam notocorda persistente na _____________, possuem ________________. Os anfíbios adultos têm respiração
sistema circulatório _____________ e podem apresentar ________________ e ________________ e excretam
reprodução _____________ por ______________. ______________.

c) Nos cefalocordados a ____________ persiste ____________ c) Os anfíbios apresentam orelha média e ______________,
e vai da cabeça até a ______________. Como exemplo, temos possuem pálpebras ______________, ______________.
A pele é fina e úmida, com muitas glândulas, não apresentam
o ______________.
anexos de ______________ na pele. Os sapos apresentam
d) Ciclostomados não têm mandíbula, são _____________e a boca glândula ______________ que produz ______________. A
é ____________. Não pertencem à fauna ____________, língua é presa na parte ______________ da boca.
têm nadadeiras _____________ e 6-14 pares de fendas
d) Anfíbios são pecilotérmicos e ______________, apresentam
_____________. A lampreia é _____________ e o peixe
______________ côndilos occipitais. O coração apresenta
feiticeiro é _____________.
______________ cavidades, dois átrios e um ventrículo.
Possuem ______________ pares de nervos cranianos.
3. (CEPBJ-PR) Complete a tabela a seguir.
5. (CEPBJ-PR) Complete as afirmativas sobre os répteis.
Características Osteíctes Condrictes
a) Répteis são animais que ______________, apresentam
Esqueleto vários anexos de queratina sobre a pele. São ectotérmicos e
Nadadeira caudal _____________, isso limitou a dispersão. Podem ser comparados
às _____________, que desenvolveram tubo polínico e, com
Escamas isso, tornaram-se ____________ da água para reprodução. Os
(tipo de origem)
répteis desenvolveram ovo com ______________, fecundação

DIVERSIDADE ANIMAL 207

em2_bio_v1.indb 207 22/09/2021 17:31:25


UNIDADE 5

______________, desenvolvimento ______________, cavidades totalmente septadas e a aorta, ao sair do coração,


todos os verdadeiros anexos embrionários: ______________, dobra-se para a _____________.
______________, ______________ e ______________.
Apresentam respiração estritamente ______________. b) A respiração é exclusivamente ______________ e possuem o
músculo ______________, que separa tórax de abdome.
b) Os répteis têm coração com ______________ cavidades,
incompletamente septada na maioria. Crocodilianos possuem c) Possuem anexos de queratina (pelos, unhas, cabelos e _______)
______________ septada. Excretam ______________, que e glândulas que secretam na pele, como: ______________,
é pouco tóxico e pouco ______________. ______________ e ______________.
c) Répteis apresentam ______________ côndilo occipital e d) Os dentes são diferenciados, _____________________ e
______________ pares de nervos cranianos. Possuem orelha __________________.
______________, ______________.
e) A maioria apresenta ______________ e cordão umbilical.
d) Répteis podem ser divididos em quatro ordens: rinocéfalos, Possuem ânus, exceto ______________, que apresentam
quelônios, crocodilianos e escamados. Essa última se divide em cloaca.
duas subordens: ______________ e ______________.
f) Podem ser divididos em três subclasses: Prototheria ou
6. (CEPBJ-PR) Analise as alternativas referentes às aves e marque (V) ou (F). ______________ (ornitorrinco e equidna), Metatheria ou
a) ( ) Todas as aves voam. ______________ (gambá) e Eutheria ou ______________
(cão e gato).
b) ( ) Apresentam glândula uropigiana, que secreta sebo para
impermeabilizar as penas. 8. (UFPB) Segundo alguns sistemas de classificação, o filo Cordata
está subdividido em três subfilos: Urochordata, Cephalochordata e
c) ( ) Possuem bico e penas. O bico não é exclusivo, pois é
Craniata.
encontrado em quelônios e nos monotremados.
Acerca do filo Cordata e de seus subfilos, estão corretas as afirmativas
d) ( ) A sequência evolutiva correta é peixes → anfíbios → répteis
→ aves → mamíferos.
I. Urochordatas possuem tubo nervoso dorsal e notocorda apenas
e) ( ) Aves apresentam pulmão alveolar e realizam trocas nos em estádio larval.
sacos aéreos. II. Craniatas possuem representantes protostômios e deuterostô-
mios.
f) ( ) Não apresentam diafragma; os pulmões estão presos às
costelas. III. Craniatas são todos triblásticos e dotados de uma coluna ver-
tebral.
g) ( ) Possuem cloaca, mole, papo e intestino grosso ausente ou
reduzido. IV. Cordatas apresentam, durante o desenvolvimento embrionário,
tubo nervoso dorsal e fendas branquiais.
h) ( ) Para facilitar o voo, apresentam ossos pneumáticos,
V. Cephalochordatas são deuterostômios e, quando adultos, pos-
esterno modificado em quilha, sacos aéreos, patas
suem notocorda.
retráteis, cintura escapular e pélvica desenvolvida.

i) ( ) São animais homeotérmicos, endotérmicos e apresentam 9. (UFPR) Dois estudantes de Biologia encontraram no mar, próximo à
coração com quatro cavidades septadas. A aorta, ao sair do praia, um organismo que nunca tinham visto antes, mas que pelos
coração, dobra-se para a esquerda. seus conhecimentos prévios supuseram que poderia ser um porífera
ou um urocordado. Como eles devem proceder para decidir a qual
7. (CEPBJ-PR) Sobre os mamíferos, preencha as lacunas. grupo pertence esse organismo?

a) Mamíferos apresentam ______________ e mamas. São a) Verificar se é unicelular ou pluricelular.


homeotérmicos e ______________, o coração tem quatro
b) Verificar se é um procarioto ou um eucarioto.

208 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 208 22/09/2021 17:31:25


UNIDADE 5

c) Descobrir se ele é séssil ou se desloca em um substrato. peixes primitivos arrancar com eficiência grandes pedaços de algas e
de animais, tornando disponível para si uma nova fonte de alimento.
d) Descobrir se ele é predominantemente aquático ou terrestre.
Os cordados sem mandíbula estavam restritos à filtração, à sucção do
e) Verificar se possui tubo digestivo. alimento ou à captura de pequenos animais. Os primeiros vertebrados
mandibulados tornaram-se predadores, permitindo-lhes grande
10. (UFJF-MG) Os vertebrados aquáticos podem ser divididos em três aumento no tamanho.”
grupos, que apresentam particularidades biológicas. As informações a
FONTE: LOPES, S. Bio. v. 2. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 361-362.
seguir referem-se a características de cada um desses grupos.
Analisando o texto e aplicando seus conhecimentos sobre os animais
I. Esqueleto ósseo; brânquias protegidas por opérculos; fecundação
relacionados com o fato descrito, um estudante apresentou os
geralmente externa e desenvolvimento com fase larvar.
seguintes comentários:
II. Corpo alongado, cilíndrico, desprovido de escamas; pele recober-
ta por muco; boca que funciona como uma ventosa. I. Lampreias são ectoparasitas de peixes e baleias, e feiticeiras
alimentam-se de vermes marinhos ou de peixes moribundos.
III. Esqueleto cartilaginoso; presença de espiráculos; fecundação
interna e desenvolvimento sem fase larval. II. Os agnatos têm desvantagens em relação aos gnatostomados
quanto à obtenção de alimento.
Escolha a alternativa que apresenta exemplos de animais com as
características das afirmativas I, II e III, respectivamente. III. Atualmente, o número de espécies de agnatos é muito menor do
que o dos peixes gnatostomados, fato provavelmente ocasionado
a) Tubarão, bagre e lampreia. pela ausência de mandíbula.
b) Sardinha, raia e lampreia. IV. As mandíbulas não se limitam à captura de alimento, mas tam-
bém podem manipular objetos e cavar buracos.
c) Atum, lambari e raia.
São corretos os comentários
d) Raia, lampreia e lambari.
a) I, II, III e IV.
e) Bacalhau, lampreia e tubarão.
b) II, III e IV, somente.
11. (UFC-CE) Cite duas características dos anfioxos, pertencentes ao
c) I, III e IV, somente.
táxon Cephalochordata, que são utilizadas para embasar as relações
filogenéticas com os vertebrados. Em que se baseia a denominação d) I, II e IV, somente.
do táxon? Diga em qual etapa do desenvolvimento embrionário é
reconhecida a característica que denomina o táxon e descreva como e) I, II e III, somente.
esta característica se origina embriologicamente.
13. (UPE) Quando se fazem referências a peixes, erroneamente se pode
achar que a única diferença encontrada entre eles é o hábitat, uma
vez que alguns habitam águas doces e outros, águas salgadas. No
entanto, são muitas as características que os diferenciam. Observe
as afirmativas a seguir:

I. O peixe-bruxa é um representante atual de peixes primitivos, que,


por não possuírem mandíbulas, não podem se alimentar de pre-
sas maiores nem mastigar partes duras dessas presas.
II. O tubarão representa uma classe de peixes, o qual possui um
12. (PUC Campinas-SP) Considere o texto a seguir.
esqueleto firme, porém adaptável, denominado cartilaginoso, e
“Talvez a maior de todas as inovações surgidas durante a história nadadeiras articuladas de amplo movimento.
evolutiva dos vertebrados tenha sido o desenvolvimento da mandíbula III. Os peixes ósseos primitivos desenvolveram bolsas de gás, que
que, manipulada por músculos e associada a dentes, permitiu aos suplementaram a ação das brânquias e aperfeiçoaram o controle

DIVERSIDADE ANIMAL 209

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UNIDADE 5

da flutuação, encontradas, atualmente, apenas, nos peixes pul- c) os condrictes apresentam alta concentração de ureia no sangue  –
monados. uremia fisiológica – que se constitui em um mecanismo de
regulação osmótica para animais marinhos.
IV. Descendentes de peixes com nadadeiras articuladas tornaram-se,
com o tempo, mais adaptados à vida na terra, o que deu origem d) a linha lateral é uma estrutura presente nos peixes, que está
aos tetrápodes. diretamente associada aos processos reprodutivos, a exemplo da
corte realizada pelos machos para atrair as fêmeas.
Estão corretas, apenas
e) a prática de banho de mar no fim da tarde e em regiões profundas
a) I e II. e distantes da arrebentação da praia dificulta o ataque de tubarões
b) II e III. aos banhistas.

c) I e IV. 15. (UFPR) A evolução nos indica que organismos mais próximos tendem
a compartilhar características que foram herdadas do seu ancestral.
d) II e IV.
Essa é a explicação para que grupos morfologicamente tão diferentes
e) III e IV. quanto primatas, aves, peixes, ascídias e anfioxo sejam agrupados
em Cordata. Considerando esse grupo, cite as quatro características
14. (Ifba) Leia. compartilhadas por todos, indicando em qual fase da vida essas
características são encontradas.
Ataque de tubarão pode ter ocorrido por
imprudência do surfista

De acordo com informações do Instituto Oceanário de Pernambuco,


a localidade da Praia do Pina, onde ocorreu o ataque de um tubarão
a um jovem na manhã desta quarta-feira (29), é uma área onde a
prática de surf e qualquer outro tipo de esporte náutico é proibida
por decreto do governo estadual. Segundo o presidente do Instituto,
Alexandre Carvalho, a área de proibição desse tipo de prática no 16. (UEM-PR) Sobre os vertebrados, assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
litoral pernambucano compreende o trecho que vai desde a praia de
Zé Pequeno, no Bairro Novo, em Olinda, até a praia do Paiva. O que (01) Uma das características dos cordados é a presença de notocorda
inclui totalmente a praia do Pina. Alexandre informou ainda que esse na fase embrionária.
período do ano, por ser inverno, é considerado de maior risco. “Há uma
(02) O primeiro grupo de vertebrados que conquistou definitiva­­
maior quantidade de chuvas, baixa salinidade do mar e as águas ficam
mente o meio terrestre foi o das aves.
mais turvas, o que dificulta a visibilidade dos tubarões”, explica. Ele
informou ainda que toda a área de proibição possui sinalização e se o (04) O anfioxo pertence ao filo Chordata, porém não apresenta coluna
banhista insiste em entrar no mar ele deve estar assumindo o risco. vertebral.
Disponível em: <http://ne10.uol.com.br/canal/cotidiano/noticia/2011/06/29/
ataque-de-tubarao-pode-ter-ocorrido-por-imprudencia-do-surfista-280172.php>.
(08) Morcego e tartaruga são, respectivamente, mamífero e anfíbio.
Acesso em: 29 jun. 2011.
(16) A fosseta loreal, uma depressão entre cada olho e a narina,
Sobre a Biologia dos peixes e aspectos ecológicos da situação registra pequenas variações de temperatura e ocorre na maioria
descrita, é correto afirmar que das cobras peçonhentas.

a) dentre outros fatores o ataque de tubarões a humanos pode Total:


ser explicado pela abundância de alimento disponível na cadeia
alimentar desses animais. 17. (Unesp) Em um jogo de tabuleiro, cada jogador escolhe um rosto. O
objetivo é, por meio de perguntas que serão respondidas com “sim”
b) os tubarões são peixes do grupo dos osteíctes, e apresentam ou “não”, descobrir a personagem escolhida pelo adversário. A figura
opérculo que encobre quatro ou cinco pares de brânquias. apresenta as peças de uma das versões desse jogo.

210 DIVERSIDADE ANIMAL

em2_bio_v1.indb 210 22/09/2021 17:31:25


UNIDADE 5

18. (UPE) Observe os trechos da música a seguir:

Quem nasceu primeiro, o ovo ou a galinha?


Cocoricó
Quem sabe me responde, quem não sabe advinha. Quem nasceu
primeiro, o ovo ou a galinha?
[...] Quem acha que foi o ovo levanta a mão e canta assim.
Um professor de Biologia adaptou esse jogo para o contexto de uma Era uma vez um ovo [...] de repente, “creck-creck” se quebrou e lá de
aula. Nos tabuleiros e fichas, no lugar de rostos, foram inseridos dentro saiu,[...] um bichinho amarelinho que comeu [...] cresceu [...]
animais. Os alunos foram divididos em dois grupos, o primeiro até se transformar [...] em uma galinha [...] A minha vida começou
escolheu o animal A e o segundo o animal B. Os grupos fizeram as dentro de um ovo. Por isso eu canto assim: O ovo veio antes de mim.
seguintes perguntas, na tentativa de descobrir o animal escolhido
pelo seu oponente: Ah é? [...] Mas quem colocou esse ovo que veio antes de você, hein?
Uma galinha [...]
Perguntas sobre o animal A Respostas [...] Quem acha que foi a galinha levanta a mão, e canta assim.
Possui coração com quatro câmaras? Sim
Era uma vez uma galinha [...] que [...] pôs um ovo e delicadamente
Apresenta glândula uropigiana? Não sentou em cima, [...] chocou, chocou, até que um dia, “creck-creck”,
Apresenta caninos desenvolvidos? Não ele quebrou.
Depende de bactérias para a digestão do alimento? Sim
Daí pra frente a história continua [...] Galinha que nasce do ovo que
Possui rume? Não
nasce da galinha, que nasce do ovo da galinha. Oh! Dúvida cruel.
Quando comparado à maioria das espécies de sua Quem pôs o primeiro ovo, ninguém sabe, ninguém viu [...]
Sim
ordem, esse animal tem metabolismo mais baixo?
Disponível em: <http://letras.mus.br/cocorico/1635028>. (Adaptado).
A relação massa corporal x superfície corporal é
Não
característica de sua ordem? Com relação à pergunta da música, colocada em termos científicos
“Quem surgiu primeiro na evolução dos vertebrados terrestres, o ovo
Perguntas sobre o animal B Respostas ou as aves?,” é correto afirmar que
Põe ovos? Sim a) os peixes punham ovos de dois tipos: centrolécito e telolécito
Produz ácido úrico dentre suas excretas? Sim amniótico; esses últimos permitiram a conquista da terra, por
Pode voar? Não possuírem uma casca espessa; assim, o ovo veio primeiro.
A epiderme é espessa e muito queratinizada? Sim b) os anfíbios botavam ovos isolécitos amnióticos com casca
O oxigênio chega aos tecidos por meio de traqueias? Não e o suprimento líquido necessário para o desenvolvimento
Troca periodicamente a camada epidérmica mais embrionário; assim, o ovo veio primeiro.
Sim
externa?
Possui membros locomotores funcionais? Sim c) os répteis surgiram com uma nova espécie de ovos telolécitos,
contendo membranas embrionárias amnióticas complexas, que
Os animais A e B são, respectivamente, deixavam o ar entrar e sair, mas não a água; assim, o ovo veio
primeiro.
a) camundongo e ema.
d) as aves sofreram mutação em seus ovos, passando de centrolécito
b) cabra e cigarra. para heterolécito do tipo amniótico e podiam ser postos em terra;
assim as aves vieram primeiro.
c) capivara e lagarto.
e) as aves desenvolveram ovos do tipo alécitos amnióticos, tornando
d) galinha e louva-deus.
possível o surgimento dos mamíferos, parentes próximos dessas,
e) vaca e jiboia. visto também serem homeotermos; assim, as aves vieram primeiro.

DIVERSIDADE ANIMAL 211

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UNIDADE 5

212 DIVERSIDADE ANIMAL

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BIOLOGIA

GABARITO

UNIDADE 1 c) O botulismo é causado pela bactéria Clostridium botulinum. A


transmissão ocorre através da ingestão da toxina liberada pela
VÍRUS bactéria, principalmente em alimentos enlatados e conservas
Exercícios página 14 artesanais.

1. c 5. As leguminosas são uma família de plantas que assimilam o


nitrogênio através da associação que estabelecem com bactérias do
2. gênero Rhizobium, fixadoras desse gás. Com a incorporação dessas
a) Podem ser o uso do preservativo masculino ou do preservativo plantas ao solo, fato que constitui a chamada adubação verde, a ação
feminino, além da abstinência sexual. decompositora das bactérias e fungos promovem o enriquecimento do
solo com sais nitrogenados, compensando o esgotamento efetuado
b) Não, pois casais homossexuais masculinos que se relacionam sem pela cultura anterior.
preservativo podem transmitir e/ou contrair o HPV. Um segundo
passo será vacinar os meninos. PROTISTAS (PROTOCTISTAS)
Exercícios página 43
c) A vacina contém o antígeno em forma atenuada, enfraquecido, ou
com micro-organismos mortos. Já o soro contém os anticorpos. 1. e
Numa situação em que o antígeno já esteja no corpo o mais
indicado é o soro. 2.
d) A principal justificativa é a ausência de célula. a) Principalmente o intestino delgado.

3. c b) Através da ingestão de cistos com alimentos e água contaminados.

c) A reprodução ocorre por bipartição (cissiparidade).


4. e

5. d 3.

a) A doença de Chagas e a malária são evitadas através do combate


PROCARIONTES
aos vetores (artrópodos) e do controle dos bancos de sangue.
Exercícios página 29
b) O combate à cólera e à amebíase se dá através do saneamento
1. a básico, considerando que ambos os males são transmitidos
através de água e alimentos contaminados.
2.

a) A resistência se origina através de mutações. Na sequência, o uso 4. Porque esses são os estágios extracelulares do parasita. Nessa
frequente dos antibióticos provoca a morte das bactérias sensíveis condição, esporozoítos e merozoítos encontram-se expostos ao
e seleciona positivamente as bactérias naturalmente resistentes. sistema imune do hospedeiro, diferente dos estágios intracelulares.

b) Normalmente as bactérias experimentam um processo de 5. 07 (01 + 02 + 04)


reprodução assexuada chamada divisão binária, sendo um
fenômeno simples e muito rápido. 6. b
3. Receitaria os antibióticos A e D, porque as bactérias são sensíveis, ou seja,
7. a
morrem em presença desses antibióticos. Para os demais (B, C, E, F) as
bactérias são resistentes e, consequentemente, eles são inócuos.
8. d
4.
9. O ciclo de vida dessas algas é haplôntico-diplôntico. A meiose é
a) A bactéria realiza um processo de fermentação. espórica ou intermediária, porque esse é o único ciclo em que aparecem
b) A pressão no interior da lata é causada pelo gás carbônico dois tipos de organismos adultos: um haploide – gametófito (com 30
produzido pelo processo respiratório. cromossomos) – e outro diploide – esporófito (com 60 cromossomos).

GABARITO 213

em2_bio_v1.indb 213 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

FUNGOS 5.
Exercícios página 54
a) Transporte do grão de pólen da antera (parte do androceu) até o
1. d estigma (parte do gineceu).

2. e b) Bióticos: insetos, aves e morcegos; abióticos: vento e água.

c) Oferece alimento, o néctar.


3. c

4. e 6.
a) Não há frutos nas gimnospermas; o pinhão é uma semente.
5. c
b) As gimnospermas não apresentam flores típicas, as estruturas
UNIDADE 2 reprodutoras são os estróbilos (flores rudimentares).

BRIÓFITAS E PTERIDÓFITAS – HISTOLOGIA VEGETAL


PLANTAS SEM SEMENTES Exercícios página 122
Exercícios página 97
1. b
1. c
2.
2. c a) A seiva elaborada é resultante do processo fotossintético, portanto
apresenta-se como solução aquosa contendo principalmente açúcares
3. 30, no esporo; 60 na haste; 60 na cápsula e 30 no anterozoide
(solução orgânica). É transportada pelos vasos floemáticos (líber).
4. a b) A seiva elaborada é transportada para todas as partes da planta e serve
de fonte de energia para os processos metabólicos. Se for interrompida a
5. a
circulação de seiva ou se ela não for produzida, o vegetal não manterá o
6. 05 (01 + 04) seu metabolismo e sofrerá danos e morte.

7. e 3. 12 (04 + 08)

4. a
GIMNOSPERMAS E ANGIOSPERMAS:
PLANTAS FANERÓGAMAS 5. Sua função é de sustentação da planta; as células do esclerênquima são
Exercícios página 112 mortas e com impregnação de lignina, diferentemente do colênquima que
possui células vivas e com espessamento de celulose.
1. 04
6. Característica 1 – As células xilemáticas apresentam parede
2. a celular rígida, impregnada com lignina, o que confere resistência
mecânica ao tecido a fim de resistir à variação de pressão necessária
3. ao transporte de água das raízes até o topo de sua copa.
Característica 2 – O tecido xilemático é composto de células
a) Através da análise dos grãos de pólen é possível sugerir a presença de
mortas; assim, a ausência de conteúdo celular permite um fluxo de
ipês e coníferas nassa região pois, de acordo com estudos evolutivos, tais
água sem resistências.
estruturas são produzidas apenas por gimnospermas e angiospermas.
7. d
b) Ao germinarem, os esporos das pteridófitas (plantas vasculares sem
sementes) darão origem aos protalos (gametófito), ao passo que a 8. a
germinação dos grãos de pólen dará origem ao tubo polínico.
9. b
4. d 10. a

214 GABARITO

em2_bio_v1.indb 214 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

ORGANOLOGIA VEGETAL UNIDADE 4


Exercícios página 133
DIVERSIDADE ANIMAL
1. b Exercícios página 20

1. b
2. d

2. c
3. e

3. c
4. a

4.
5.
a) I. Aparecimento de tecidos verdadeiros e órgãos especializados.
Batata-inglesa – caule
II. Aparecimento da mesoderme determinando a formação de um
Azeitona – fruto
táxon triblástico.
Tomate – fruto
III. Formação do ânus a partir do blastóporo, caracterizando um
Manga – fruto
táxon de animais deuterostomados.
Pera – pseudofruto
IV. Formação de um táxon composto de animais segmentados (ou
Mandioca – raiz
metamerizados).
Maçã – pseudofruto
b) Cérebro - coluna vertebral - pulmões - ovo amniótico - endotermia.
Cenoura – raiz
Cebola – caule Desafio: A
Morango – pseudofruto
Pepino – fruto 5. c
UNIDADE 3
FILO CALCAREA E SILICEA
(PORÍFEROS OU ESPONJAS)
DIVERSIDADE BIOLÓGICA Exercícios página 26
Exercícios página 12
1.
6. a
a) parazoários
7. V – F – V – F – V b) esponjas e aneuromiários

8. 26 (02 + 08 + 16) c) sésseis, livre-natantes


d) poros, porócitos, átrio ou espongiocele, ósculo
9. V – V – V – V – V
e) pinacócitos, coanócitos, amebócitos
10. d f) espículas, sílica ou calcário, espongina, maleáveis

11. 30 (02 + 04 + 08 + 16) g) asconoide, siconoide e leuconoide


h) leuconoide, camaras vibráteis, coanócitos
12. a
i) exclusivamente intracelular, filtradores
13. b j) sexuada ou assexuada

14. d k) assegmentado, assimétrico ou com tendência à simetria radial

GABARITO 215

em2_bio_v1.indb 215 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

2. 23 (01 + 02 + 04 + 16) UNIDADE 5

FILO CNIDARIA PLATELMINTOS


Exercícios página 32 Exercícios página 40

1. 1.
a) metazoários a) dorsoventralmente, bilateral, assegmentados
b) diblásticos b) triblásticos, protostômios e acelomados
c) enterozoários, incompleto c) cefalizados
d) cnidócito d) livre, parasitas
e) assegmentado, radial e) circular, longitudinal e transversal
f) pólipo e medusa, f) incompleto
g) antozoários, corais, exoesqueleto, CaCO3 g) flama, solenócitos
h) difuso, acéfalos h) circulatório
i) craspédotas e acraspédotas i) ganglionar, ventral
j) circulatório j) ventosas, sexual,
k) sexuada e assexuada, gerações ou metagênese k) escólex, colo, estróbilo, ramificado, ocelo, aurícula
l) hidrozoários, cifozoários e antozoários, cubozoários e estaurozoários
2. c
m) hidrozoários
n) antozoários 3. a

o) colônia
4. c
2. c
5. d
3.
6. c
a) As etapas F e E, pois o texto afirma que a espécie é capaz de voltar
do estágio de medusa para o estágio de pólipo. 7. c

b) Nos cnidários, todos os indivíduos adultos, sejam eles pólipos, FILO NEMATELMINTOS OU NEMATÓDEOS
sejam medusas, apresentam conteúdo diploide (2n) e os gametas (NEMATELMINTHES OU NEMATODA)
(n) são formados por meiose. Nos musgos, em uma fase de vida Exercícios página 45
adulta, o gametófito é haploide (n) e produz gametas por mitose; e
na outra fase de vida adulta, o esporófito é diploide (2n) e produz 1.
esporos por meiose.
a) assegmentados, cilíndricos, bilateral

4. d b) triblástico, pseudoceloma
c) longitudinal, acelular
5. c
d) esqueleto hidrostático
6.
e) completo, ânus
a) Pólipos de cnidários pertencentes à classe Antozoários.
f) circulatório, respiratório
b) A formação das colônias de corais ocorre assexuadamente por
g) “H”
brotamento e também pela colonização de organismos resultantes
de respiração sexuada. h) dimorfismo sexual

216 GABARITO

em2_bio_v1.indb 216 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

2. d FILO MOLUSCOS (MOLLUSCA)


Exercícios página 53
3.
1.
a) O Ascaris lumbricoides é um endoparasita monóxeno, isto é, apresenta
a) mole, cabeça, pé, massa visceral, concha, manto, incompleto
apenas um hospedeiro durante seu ciclo vital.
b) bilateral, malacologia
b) O Ascaris lumbricoides é adquirido pela ingestão de ovos embrionados
presentes, geralmente, em alimentos ingeridos crus e mal lavados ou c) completo, rádula, filtradores, brânquias
em água não tratada. d) Aberto, lacunar, cefalópodes
c) O A. lumbricoides se reproduz no intestino delgado humano. e) pulmonar, paleal

d) Saneamento básico e tratamento dos doentes evitam a contaminação f) corpos estranhos que ficam entre o manto e a concha
ambiental pelos ovos dos vermes eliminados com as fezes humanas. g) celomados, esquizocelomados, blastóporo origina a boca

4. 2. e

a) A transmissão do Ascaris lumbricoides ocorre pela ingestão dos


3. d
ovos embrionados do verme em alimentos ingeridos crus e mal
lavados e/ou água contaminada por esgoto. Pode-se evitar essa
4. e
infestação ingerindo alimentos crus bem lavados e bebendo água
tratada.
5.
b) Sim. A ingestão de apenas um ovo do verme provocará o desenvolvimento a) A clorofila é um pigmento esverdeado que absorve a energia
de um adulto macho ou fêmea, uma vez que o Ascaris lumbricoides é uma luminosa utilizada na fotossíntese para a produção de glicose.
espécie dioica, ou unissexuada.
b) De acordo com o texto, a espécie Elysia chlorotica desenvolveu a
5. capacidade de realizar a fotossíntese ao incorporar genes de algas. Dessa
maneira, na presença de luz, água e gás carbônico, é capaz de atuar como
a) As lombrigas são nematodas com tubo digestório completo. um ser autótrofo (que produz o próprio alimento), sem depender de fontes
Nos platelmintos de vida livre, o tubo digestório é incompleto, externas, como a maioria dos animais, que são heterotróficos.
sem ânus. Nos parasitas, o tubo digestório é reduzido ou ausente
(solitárias). 6. 12 (04 + 08)

b) Em lombrigas e solitárias não existe um sistema circulatório. Os 7. 24 (08 + 16)


nutrientes absorvidos são distribuídos por difusão.
8. a
6.
9.
a) No ciclo de ambos os parasitas, as larvas caem na circulação e vão para o
coração, do qual são levadas para os pulmões onde podem causar lesões. 1. Espécies exóticas podem se tornar uma praga devido à ausência de
predadores ou competidores competentes no ambiente em que foram
b) Um método profilático para a ascaridíase é a lavagem dos alimentos
introduzidas.
e das mãos, tendo em vista que a via de infecção é oral. Já para a
ancilostomose é o uso de calçados para proteção da pele, que é, 2. Competição e(ou) predação causando declínio ou extinção de
geralmente, a porta de entrada desses parasitas. espécies nativas.

7. 03 (01 + 02) 3.
a) O sal aplicado na lesma provoca desidratação osmótica causando
8. b a morte do animal.

9. a b) O solo salgado torna-se hipertônico dificultando ou impedindo a


absorção de água pelas raízes das plantas de hortas e jardins.

GABARITO 217

em2_bio_v1.indb 217 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

FILO ANELÍDEOS (ANNELIDA) 4. 81 (01 + 16 + 64)


Exercícios página 61
5.
1.
a) Filo Anelídeos. A tiflossole é uma dobra da parede intestinal cuja
a) cilíndrico, segmentado, homônoma, bilateral função é aumentar a superfície de contato entre a mucosa do
intestino e o alimento a ser absorvido.
b) marinho, poliquetas, oligoquetas, aquetas
b) Durante a coagulação sanguínea, a enzima plaquetária
c) triblásticos, esquizocelomados, boca, protostômios
tromboplastina (tromboquinase) reage com a protrombina
d) papo, moela, proventrículo, tiflossole, cecos plasmática, na presença de cálcio, formando a enzima trombina.
A trombina converte o fibrinogênio solúvel no plasma em uma
e) fechado, hemoglobina, clorocruorina rede insolúvel de fibrina. A proteína insolúvel prende os glóbulos
f) hidrostático, circular, longitudinal sanguíneos, formando o coágulo.

g) nefrídeos, amônia, ureia 6. d

h) ventral, hiponeuros 7. c

2. 10 (02 + 08) FILO ARTRÓPODES (ARTHROPODA)


Exercícios página 78
3. A multicelularidade nos animais tem efeito no tamanho e na capacidade
1.
de as células sofrerem especializações para o desempenho de diferentes
tarefas. O aparecimento do trato digestório ampliou a capacidade e o a) segmentados, bilateral, eumetazoários, triblásticos, esquizoceloma
tempo de digestão e absorção dos nutrientes da dieta. A segmentação
b) articuladas, quitina, mudas, ecdises, muda ou ecdiossoma
corporal facilita a locomoção em diversos ambientes, além de favorecer a
especialização corpórea para a realização de diferentes tarefas, tais como a c) completo, aberto, ganglionar e ventral
cabeça, o tórax e o abdome humano. d) Insetos, aracnídeos, crustáceos, quilópodos e diplódodos

2.

Características Quilópodes Diplópodes


Exemplo Lacraia Piolho-de-cobra
N.º de patas por segmento 1 par 2 pares
Antenas 2 2
Divisão do corpo Cabeça e tronco Cabeça, tórax curto e abdome longo
Respiração Traqueal Traqueal
Excreção T. Malpighi T. Malpighi
Peçonha Com Sem
Hábito Noturno Diurno
Capacidade de enrolar o corpo Não Sim

218 GABARITO

em2_bio_v1.indb 218 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

3.

N.º Divisão do
Exemplo Antenas Respiração Excreção Caract. Chave
patas corpo
Insetos Barata 6 2 C+T+A Traqueal Túbulo de Malpighi Asas
Traqueal e Túbulo de Malpighi +
Aracnídeos Aranha 8 0 CT+A Quelíceras
filotraqueal gls. Coxais
Carapaça com
Crustáceos Siri Variável 4 CT+A Branquial Gls, verdes
impregnação CaCO3

4. b 11. b

5. e 12. O agente etiológico da febre amarela é um vírus. A transmissão do agente


ocorre por meio da picada do mosquito Aedes aegypti fêmea. A cidade do Rio
6. c de Janeiro é vulnerável ao retorno da febre amarela por ser uma região onde
há muitos redutos aquosos propícios à proliferação do mosquito transmissor
7. e e por apresentar diversas áreas remanescentes da Mata Atlântica, as quais
podem ser o veículo da proliferação do vírus da febre amarela silvestre.
8. O animal pertence ao filo Artrópodes, os quais substituem
periodicamente seu exoesqueleto com a finalidade de aumentar de 13. c
tamanho. As setas apontam o momento da muda, ou ecdise. Após
a eliminação do exoesqueleto antigo, o animal cresce, amadurece 14. 33 (01 + 32)
sexualmente e pode também sofrer metamorfose.
15. e
9.
16. a
a)
17. d
Tamanho do animal

18. a

19. a
Nascimento Adulto Morte
20. d
Tempo

b) 21. d

22. d
Tamanho do animal

FILO EQUINODERMOS (ECHINODERMATA)


Exercícios página 88

Nascimento Adulto Morte 1.


Tempo a) calcário, mesodérmica, enterocelomados, deuterostômios

10. a b) completo, ofiuroides, boca

GABARITO 219

em2_bio_v1.indb 219 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

c) ambulacral, locomoção, fixação, trocas gasosas, excreção, nutrição


Características Osteíctes Condríctes
d) branquial, amônia, pseudo-hemal
Esqueleto Ósseo Cartilaginoso

2. V – F – F – F – F – V – V Homocerca ou
Nadadeira caudal Heterocerca
dificerca
3. d
Ganoide, cicloide e
Escamas Dermo-epidérmica
ctenoide, origem
4. b (tipo origem) placoide
dérmica

5. 5-7 pares sem


4 pares com
Fendas branquiais opérculo, exceto
a) Os equinodermos são deuterostômios porque formam, opérculo
quimeras
embrionariamente, primeiro o ânus e, posteriormente, a boca.
Também são deuterostômios os animais pertencentes ao filo Anterior ou Ventral e trans-
Posição boca
Cordados. terminal versal

b) Não. A simetria radial dos equinodermos adultos é secundária, Cloaca Não Sim
porque suas larvas são bilateralmente simétricas.
Bexiga natatória Sim Não
6.
Linha lateral Sim Sim
a) O zoólogo recebeu um exemplar pertencente ao filo dos
Interna (com
Equinodermos. O ouriço-do-mar pertence à classe dos equinoides. Fecundação Externa geralmente
clásper)
b) Os equinodermos são animais dioicos, realizam a fecundação
Indireto (Alevino)
externa e apresentam desenvolvimento indireto, uma vez que Desenvolvimento Direto
geralmente
formam larvas.
Exemplos Bagre Tubarão
7. b

8. c 4.

a) briófitas, externa, casca calcária, girino


FILO CORDADOS (CHORDATA)
Exercícios página 115 b) branquial, amônia, pulmonar, cutânea, ureia

1. F – V – V – F – F – F – F – V c) interna, móveis, queratina, paratoide, veneno, anterior

d) ectotérmicos, 2, 3, 12
2.

a) Notocorda, fendas branquiais na faringe, tubo nervoso dorsal, 5.


cauda pós-anal a) rastejam, pecilotérmicos, gimnospermas, independentes, com
b) urocordados, tunicina, aberto, assexuada, brotamento casca calcária, interna, direto, córion, âmnio, alantoide e saco
vitelínico, pulmonar
c) notocorda, toda a vida, cauda, anfioxo
b) 4, 4 cavidades, ácido úrico, solúvel
d) agnatos, circular, brasileira, ímpares, branquiais, ectoparasita,
detritívoro c) 1, 12, interna e média

d) sáurios, lacertílios, ofídios


3.
6. F – V – V – F – F – V – V – F

220 GABARITO

em2_bio_v1.indb 220 22/09/2021 17:31:28


BIOLOGIA

7. 17. c

a) pelos, mamas, endotérmicos, esquerda 18. c


b) pulmonar, diafragma

c) sudoríparas, sebáceas, mamárias

d) heterodontes, difiodontes

e) placenta. Monotremados

f) monotremados, marsupiais, placentários

8. V – F – F – V – V – V

9. e

10. e

11. Os Cephalochordata são utilizados na compreensão da evolução do


táxon Vertebrata ou Craniata, por apresentar várias características em
comum com esse último táxon. A presença de notocorda formando o
esqueleto axial do organismo, de um tubo nervoso dorsal, de fendas
branquiais faringianas e de cauda pós-anal são argumentos utilizados
para confirmar a monofilia do táxon Chordata.

Essas características que embasam os estudos de relações


filogenéticas estão presentes em pelo menos alguma fase do ciclo de
vida desses animais. O táxon Cephalochordata tem essa denominação
pela presença de notocorda até a cabeça ou na região mais anterior do
corpo. A notocorda se forma durante o desenvolvimento embrionário,
após o surgimento dos três folhetos germinativos (gastrulação). Nos
cefalocordados, durante a organogênese, a notocorda é formada a
partir da porção dorsal do intestino primitivo (arquêntero), que sofre
uma evaginação e se destaca para originar um bastão compacto que
percorre toda a extensão do corpo do animal.

12. a

13. c

14. c

15. Os animais representantes do filo Cordados (Chordata) apresentam


em alguma fase de seu desenvolvimento as seguintes características:
tubo neural dorsal, notocorda, fendas faringeanas e cauda pós-anal.
Essas características surgem durante a organogênese (neurulação) e
podem não persistir durante toda a vida do animal.

16. 21 (01 + 04 + 16)

GABARITO 221

em2_bio_v1.indb 221 22/09/2021 17:31:28


em2_bio_v1.indb 222 22/09/2021 17:31:28
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BIOLOGIA 225

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