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Organizadoras
Labirintos do Labor
A Saúde do Trabalho Sob Fogo Cruzado
ApApresentação Giovanni Alves
Volume
2
Livro 1.indb 1 24/10/2022 09:32:12
Labirintos do Labor
2
Labirintos do Labor
A SAÚDE DO TRABALHO
SOB FOGO CRUZADO
Apresentação
Giovanni Alves
Autores
Luiz Alberto Vargas • Stephanie Dutra Rodrigues
Valdete Souto Severo • Fábio Cannas
Adriano Marinho • Carmem Regina Giongo
Bruno Chapadeiro Ribeiro
Paulo Roberto Wunsch • Karine Vanessa Perez
Daniela Trevisan Monteiro • Eduardo Souza Passini
Leonardo Soares Trentin • Andreia Mendes dos Santos
Paulo Antonio Barros Oliveira •Tatiana Reidel
Edvânia Angela de Souza • Tuane Vieira Devit
Anderson da Silva Fagundes
Silvana Brazeiro Conti • Gildo Alicante • Elisiane Wolf de Fraga
Maria Dulcineia Martins Batista • Evelyn Carneiro
Francynne Minuscoli Gonçalves
Projeto editorial
2022
Conselho editorial
Dr. André Luiz Vizzaccaro-Amaral (UEL)
Dr. Edilson Graciolli (UFU)
Dr. Francsico Luiz Corsi (UNESP)
Dr. Giovanni Alves (UNESP)
Dr. José Meneleu Neto (UECE)
Dr. Ricardo Antunes (UNICAMP)
Dr. Renan Araújo (UNESPAR)
Jussara Mendes
Doutora em Serviço Social pela PUC-SP, com pós-doutorado em
Serviço Social pela Universität Kassel, Alemanha. Docente creden-
ciada junto ao Programa de Pós-Graduação em Política Social e
Serviço Social e ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia Social e
Institucional, ambos da UFRGS. Coordenadora do Núcleo de Estudos
e Pesquisa em Saúde e Trabalho (NEST/UFRGS). Contato: jussara-
maria.mendes@gmail.com
Fábio Cannas
Graduado em Ciências Sociais e Serviço Social. Mestre em Políticas
Sociais e Serviço Social (UFRGS), Doutorando em Psicologia Social
e Institucional (UFRGS)– frcannas@gmail.com
Tatiana Reidel
Assistente Social, doutora em Serviço Social (PUCRS) e Professora
do Departamento de Serviço Social da Universidade Federal do Rio
Grande do Sul (UFGRS); Líder do grupo de Estudo, Pesquisa e
Extensão GEPETFESS/UFRGS sobre Trabalho, Formação e Ética
Profissional em Serviço Social. Bolsista Produtividade 2 do CNPq.
E-mail: tatyreidel@gmail.com
Gildo Aliante
Graduado em Planificação, Administração e Gestão da Educação pela
Universidade Pedagógica em Moçambique, mestrado em Psicologia
Social e Institucional pela Universidade Federal do Rio Grande do
Sul (UFRGS). Doutorando do PPGPSI (UFRGS). Integrante do
Núcleo de Estudos e Pesquisa em Saúde e Trabalho – NEST/UFRGS
e do Grupo de Pesquisa em Saúde e Trabalho – GEST/Universidade
Rovuma. Email: aliantegildo@yahoo.com.br
Giovanni Alves1
O
livro “Labirintos do labor: A saúde do trabalho sob fogo
cruzado”, volume 2 da série de livros publicada pelo
Projeto editorial Praxis (com Apresentação de Giovanni
Alves), e com organização das Professoras Dra. Dolores Sanches
Wunsch (UFRS) e Dra. Jussara Mendes (UFRS), reúne artigos de
pesquisadores de Iniciação Científica e pós-graduação (mestrado,
doutorado e pós-doutorado) que contribuem para delinear temáticas
importantes para desvendarmos os grandes desafios da saúde do
trabalhador e da trabalhadora no Brasil nas condições históricas da
crise estrutural do capital.
O volume 2 de “Labirintos do labor” abrange temas fundamen-
tais organizados em quatro seções: (1) Precarização do trabalho
e Reforma Trabalhista no Brasil neoliberal; (2) Pandemia e os
1
É professor livre-docente da Universidade Estadual Paulista (UNESP, campus
de Marília/SP). É pós-doutor pelo Centro de Estudos Sociais (CES) da
Universidade de Coimbra (Portugal); e pela Universidade Complutense de
Madri (UCM). É pesquisador do CNPq; e autor de “Trabalho e subjetivi-
dade” (Boitempo editorial, 2011); “Dimensões da precarização do trabalho:
Ensaios de sociologiua do trabalho” (Projeto editorial Praxis, 2013); e “Gestão
de Metas e Serviço Público” (Projeto editorial Praxis, 2022), dentre outros
livros e artigos na área de trabalho, sindicalismo, reestruturação produtiva,
precarização do trabalho e saúde do trabalhador.
(15.10.2022)
C
omo podemos sonhar frente ao embate entre os parâmetros
estruturais do capital, com sua lógica irreversível e
incontestável. Se coloca assim, segundo (Mészáros, 2006),
a necessidade de romper com essa lógica para a criação de uma
alternativa diferente, mediante a natureza irreformável do capital
como totalidade reguladora sistêmica, com a clareza de que as
possíveis soluções devem atingir o patamar de mudança essencial,
abarcando a totalidade das práticas.
Como podemos sonhar diante de tantas contradições que absor-
vem, capturam a subjetividade do trabalhador, que passa a sobreviver
em condições desumanizantes de corrosão, perversão, inversão do
homem como ser social. Para Giovanni Alves (2011, p. 42)
Referencias
Clotenir Damasceno Rabelo. A educação para além do capital. São Paulo:
Boitempo Editorial, Resenha Editorial, 2006 (Mundo do Trabalho).
André L. Vizzacaro-Amaral, Daniel Pestana Mota, Giovanni Alves(org.)
Trabalho e saúde: a precarização do trabalho e a saúde do trabalhador. -
São Paulo: LTr, 2011.
F
oi Adam Smith – e não Marx - quem primeiro afirmou
que o trabalho é a base de toda riqueza. Um conceito
que foi aprofundado por Marx por meio de sua teoria do
mais-valor. Assim, passamos a compreender que o lucro do empre-
sário vem precisamente do mais-valor, ou seja, da diferença entre
o valor que é criado pelo trabalhador no tempo necessário para
produzir uma mercadoria e o valor do salário que lhe é pago pelo
empresário nesse tempo despendido. Assim, o trabalhador recebe
apenas uma parte do valor que gera durante o tempo que traba-
lha, sendo o valor excedente (mais-valor) destinado a remunerar,
basicamente, os custos produtivos, os juros do capital empregado
e, também, o lucro do empresário. Sendo o lucro o objetivo prin-
cipal no sistema capitalista, para a manutenção do sistema passa
a ser decisivo um constante incremento das taxas de mais-valor
através do aumento da exploração do trabalhador, sob a anódina
denominação de “elevação dos ganhos de produtividade”.1 Esta é
a base do sistema capitalista.2
Desde sempre, a preocupação central da classe empresarial
sempre foi a de aumentar a taxa de produtividade e essa também
sempre foi a base de suas reivindicações aos poderes público3 para
que se implementassem políticas que favorecessem a “flexibilidade
o número de horas por dia, semana, mês ou ano for inferior a 77%
da jornada a tempo completo prevista em convênio coletivo ou
na lei35. Tal definição é relevante, pois, em caso contrário, poder-
-se-ia estar autorizando, por acordo individual, reduções ilegais de
jornada e salário; bem como vulnerando por via oblíqua patamares
salariais acordados em negociações coletivas. No mesmo sentido,
a lei espanhola proíbe a prestação de jornada extraordinária, mas
permite a contratação das chamadas “horas complementares” até
o limite de 15% (por acordo) ou 30% (por convênio coletivo) das
horas normais contratadas, sendo que, em qualquer caso, não se
poderá exceder o limite legal de 77% da jornada normal de tempo
completo. Estas poderão ser exigidas pelo empregador mediante
um aviso prévio de sete dias. Há, também, um limite temporal,
de forma que se evitem uma distribuição demasiadamente irregu-
lar das horas complementares durante o ano.
Relevante, também, observar a existência de uma cuidadosa
regulação para que as horas complementares habitualmente contra-
tadas se incorporem paulatinamente ao contrato original como
horas normais, de modo que, ao final de determinado tempo, o
empregado poderá requerer ao empregador a modificação de sua
jornada ordinária (art. 12.1 “i”).
Além disso, coerente com o objetivo primário de incentivo ao
trabalho parcial para coletivos com maiores dificuldades de acesso
ao mercado de trabalho (jovens, mulheres e idosos), criaram-se
subsídios a essa contratação, através de isenções parciais das contri-
buições previdenciárias incidentes36.
Por fim, e talvez o mais relevante nesta comparação com o Brasil,
a Espanha claramente diferenciou o trabalho a tempo parcial de
outras formas flexíveis de contratação, em que há uma disponibili-
zação absoluta ao empresário na distribuição das horas contratadas,
sem qualquer limite mínimo ou restrição temporal, sem que o
empregado possa saber quando terá que prestar os serviços.37
Por outro lado, por uma imprecisão técnica que torna prati-
camente impossível a aplicabilidade da norma em questão, o
reformador não definiu como seriam tais “períodos de alternância
entre prestação de trabalho e inatividade”. Por evidência, o trata-
mento haveria de ser bem distinto conforme fosse a duração de
tal intermitência, conforme ocorresse em períodos temporais mais
ou menos longos (dias, semanas ou meses).
Quando se fala em cômputo de tempo para fins de pagamento
de horas trabalhadas, cogita-se de dias e semanas: aqui se pensa,
precipuamente, no pagamento do tempo trabalhado, mais concre-
tamente, no pagamento de horas extras.
Coisa muito distinta é falar em cômputo de tempo para os
fins de determinação da natureza do contrato de trabalho (se por
prazo determinado ou prazo indeterminado) e cogita-se de meses
e anos: aqui se pensa, precipuamente, nos efeitos do rompimento
do contrato de trabalho, mais concretamente, nos efeitos da extin-
ção do contrato de trabalho.
O contrato de prestação descontínua, assim entendido aquele
que ocorre em diferentes ciclos de tempo, não se confunde com
o trabalho intermitente.
Na Espanha, existe a figura contratual chamada “contrato fijo-
-descontínuo”39, modalidade ainda não existente em nosso país e,
por sua complexidade, tampouco se pode dizer tenha sido inau-
gurado no ordenamento jurídico brasileiro por conta da alteração
do artigo 452-A da CLT. Esta peculiar modalidade de contrato
de trabalho somente se aplica a contratos por tempo indefinido,
em se realizam atividade cíclicas em que os períodos de paralisa-
ção ocorrem por questões de temporada laboral40. O contrato de
trabalho não se rompe (não há despedida), mas fica em suspenso
até o chamamento do trabalhador pelo empresário – que, normal-
mente, ocorre no próximo ciclo de trabalho (temporada). Trata-se
de um contrato com recíprocas vantagens para empregado e empre-
gador. O empregado tem um compromisso de oferta de emprego
A título de conclusão
Notas
1
Uma das definições possíveis de produtividade é a razão entre a quan-
tidade de produtos obtidos em um processo produtivo e o tempo
despendido para produzi-los.
2
A teoria do mais-valor foi formulada por Marx e Engels em sua clás-
sica obra “O Capital”.
3
A necessidade de flexibilizar o mercado de trabalho aparece como
uma constante praticamente universal nas recomendações de política
econômica formulada por organismos internacionais e nas políticas de
emprego desenhadas na maioria dos governos dos países industrializa-
dos (Malo de Molina, citado em Flórez Saborido, 1994, p. 39).
4
A flexibilidade laboral foi proposta, a partir dos anos 70, como uma
resposta ao esgotamento do padrão de crescimento fordista, que permi-
tia a interação de aumentos gerais de salário com a elevação decorrente
principalmente de economias de produção de grande escala (Baltar;
Proni, 1995, p. 2).
5
A “falácia do emprego” trabalha com uma regra geral abstrata (e,
assim, resistente a demonstrações práticas) que toda redução do preço
da mão-de-obra estimula à criação de empregos.
6
Ainda que, ao menos teoricamente, há um razoável consenso de que
os chamados “ganhos de produtividade” deveriam retribuir também os
trabalhadores, preferencialmente na forma de ganhos reais dos salários.
7
“Galinha dos ovos de ouro”, assim entendida a empresa como a “causa
mágica” da criação do valor, escamoteando, através da prestidigitação
da teoria econômica, o real valor do trabalho.
8
“O Estado intervém fortemente para não intervir. O Estado está sendo
desconectado tanto do capital como do trabalho nacionais, perdendo a
sua capacidade de garantir por si mesmo os ajustes institucionais para
a reprodução e uma acumulação estáveis (Souza Santos, 1998, p. 87).
9
A desregulação pode ser pensada como um processo de re-contratua-
lização naquelas áreas de política de trabalho que cumpria o Estado de
Bem-Estar Social. Logicamente, o regime contratual é mais uma função
da negociação e do poder do mercado do que de um regime protetor
estatutário que, inclui, o direito necessário. Do que se deduz que, por si
mesma, a re-contratualização favorecerá aos que tem esse poder; e discri-
minará aos que não tem (Mückenberger, in Marzal, 1997, p. 152).
10
Enquanto estamos ainda sob os efeitos da Reforma de 2017 no Brasil,
em outros países se assiste justamente serem revisadas as políticas desregu-
latórias que inspiraram a reforma brasileira.
11
Artigo 58-A da CLT introduzida pela Medida Provisória n. 2.164-41
de 2001.
12
Nova redação do artigo 58-A pela Lei 13.467/2017.
13
Artigos 443 e 452-A da CLT.
14
“Eight hours to work; eight hours to play; eight hours to rest; eighi
shilligs a day” era o slogan das primeiras lutas operárias inglesas.
15
“7º, XIII - duração do trabalho normal não superior a oito horas diárias
e quarenta e quatro semanais, facultada a compensação de horários e a
redução da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva de trabalho”.
16
A Constituição, em seu artigo 1º, elevou a fundamento constitucional
os valores sociais do trabalho, estando os direitos trabalhistas, inclusive
os do artigo 7º, no capítulo II (direitos sociais) contido no Título II, que
tratam dos direitos e garantias fundamentais. A esse respeito, Silvio Jr;
Freitas Filho,
17
Art. 4º - Considera-se como de serviço efetivo o período em que o
empregado esteja à disposição do empregador, aguardando ou executando
ordens, salvo disposição especial expressamente consignada.
18 Exemplo típico são os intervalos para repouso e alimentação (artigo 71
da CLT).
19
Constituem, dentro da rotina diária do trabalhador, excepcional suspen-
são do cômputo da duração da jornada para fins de pagamento dos salários
(neles, tecnicamente, não há trabalho, nem salário).
20
Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabelecimento
do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a
distância, desde que estejam caracterizados os pressupostos da relação de
emprego.
21
Art. 6º, parágrafo único. Os meios telemáticos e informatizados de
comando, controle e supervisão se equiparam, para fins de subordinação
jurídica, aos meios pessoais e diretos de comando, controle e supervisão
do trabalho alheio.
22
A esse respeito, acórdão TST RR 0001420-97.2016.5.12.0041, 7ª T.,
Rel. Min. Vieira de Mello Filho, onde reconheceu-se que meios telemá-
ticos possibilitam o controle e fiscalização da jornada de trabalho externo
e, assim, tornam devido o pagamento de horas extras. No caso, ainda que
não houvesse em acompanhamento “on line” das atividades do empre-
gado, era possível, por meio de sistema GPS ligado à internet, a indicação
plena dos locais e dos horários em que o trabalhador realizava montagens
de móveis nos endereços ordenados.
23
“Horas Extras. Trabalho Em Domicílio. O Eg. TRT consignou que a
prova oral comprovou que o Reclamante recebia telefonemas para resolver
problemas de trabalho em horários de descanso e que tais atendimentos
não eram anotados na jornada de trabalho nem quitados. Súmula nº 126
do TST. Agravo de Instrumento a que se nega provimento” (TST - AIRR
0002063-54.2012.5.15.0092; Oitava Turma; Relª Min. Maria Cristina
Irigoyen Peduzzi; DEJT 20/11/2015; Pág. 3153).
24
“A exigência para que o empregado esteja conectado por meio de smar-
tphone, notebook ou BIP, após a jornada de trabalho ordinário, é o que
caracteriza ofensa ao direito à desconexão. Isso porque não pode ir a locais
distantes, sem sinal telefônico ou internet, ficando privado de sua liber-
dade para usufruir efetivamente do tempo destinado ao descanso (...) O
direito à desconexão certamente ficará comprometido, com a perma-
nente vinculação ao trabalho, se não houver critérios definidos quanto
aos limites diários, os quais ficam atrelados à permanente necessidade do
serviço. Resultaria, enfim, em descumprimento do direito fundamental
e no comprometimento do princípio da máxima efetividade da Carta
Maior” (TST -AIRR 0002058-43.2012.5.02.0464; Sétima Turma; Rel.
Min. Cláudio Mascarenhas Brandão; DEJT 27/10/2017; Pág. 2966)”.
25
Súmula 90, I do TST: “Horas in itinere. Tempo de serviço. “O tempo
despendido pelo empregado, em condução fornecida pelo empregador,
até o local de trabalho de difícil acesso, ou não servido por transporte
público regular, e para o seu retorno é computável na jornada de trabalho”.
26
Parágrafo 2º - “O tempo despendido pelo empregado desde a sua resi-
dência até a efetiva ocupação do posto de trabalho e para o seu retorno,
caminhando ou por qualquer meio de transporte, inclusive o fornecido
pelo empregador, não será computado na jornada de trabalho, por não ser
tempo à disposição do empregador”.
27
Especialmente a Holanda, onde mais de metade dos trabalhadores tem
um emprego a tempo parcial (The Economist, 2015). Estima-se que,
nos países da OCDE, entre os indivíduos ocupados, cerca de 10% dos
homens e 25% das mulheres possuam empregos com jornada em tempo
parcial, a maior parte voluntariamente (p. 35).
28
Art. 58-A, caput, parágrafo 1º e art. 59 parágrafo 4º.
29
O salário-mínimo foi originalmente previsto em lei como a retribui-
ção mínima devida ao trabalhador adulto por dia normal de serviço e que
somente poderia ser reduzido, até de metade, em casos de serviços espe-
cializados (art. 2º, Lei n.185, de 14/1/1936).
30
Parece relevante relembrar aqui que, para a OIT, a voluntariedade é
uma das características essenciais do trabalho a tempo parcial e, portanto,
uma legislação que legitima contratações abaixo do mínimo existencial
previsto em lei dificilmente pode ser enquadrada como suficiente para
assegurar um trabalho digno.
31
Real Decreto-Ley 15/1998.
32
Tanto que, em dados de 2014, o total de trabalhadores em tempo
parcial corresponde a 13,4% dos ocupados (31% entre os sem-carteira e
apenas 5,6% entre os com carteira). In: Reis; Costa, 2016, p. 34.
33
Artigo 12.3, letra “a” do Real Decreto-Ley 15/1998.
34 “
La igualdad de trato y no discriminación de los trabajadores a tempo
parcial em relación com los trabajadores a tempo completo, sin perjuicio
de la aplicación del principio de proporcionalidade cuando resulte adecu-
ado” (Exposição de Motivos do Real Decreto-lei 15/1998.
35
Artigo 12.1, do Real Decreto-Ley 15/1998.
36
Estabeleceram-se bonificações em contratos de tempo indefinido de
trabalhadores menores de 30 anos ou desempregadoas há mais de doze
meses (art. 28, Ley 55/1999).
37
“No hay que confundir “flexibilidade” com “disponibilidad”. La dispo-
nibilidade implica que el volumen de horas pactado se realiza de acuerdo
con las necessidades que em cada momento tenga la empresa, sin que
exista certeza por parte del trabajador previa a la “llamada” del empresá-
rio, de cúando tiene de prestar serviços. La flexibilidade permite distribuir
irregularmente el tempo de trabajo pactado, en virtude de las necessidades
48
“Trata-se, sim, de extinção de direitos por via reflexa, pois ao parcelar
seu pagamento a cada período trabalhado, o empregado nada teria a rece-
ber no final do ano a título de décimo terceiro salário; muito menos a
título de férias quando estas lhe forem concedidas” (Abed, 2021).
Referências
ABED. “Trabalho intermitente: imprevisível, indefinido e
inconstitucional”, 22/11/2021. Site. Disponível em: http://
abet-trabalho.org.br/trabalho-intermitente-imprevisivel-indefinido-e-
inconstitucional/. Acesso em 5/8/2022.
BALTAR, P. E.; PRONI, M.W. Flexibilidade do trabalho, emprego
e estrutura salarial no Brasil. Cadernos do CESIT, Texto para Discussão nº
15, 1995.
THE ECONOMIST. “Why so many Dutch people work part time”.
12/5/2015. Disponível em: https://www.economist.com/the-economist-
explains/2015/05/11/why-so-many-dutch-people-work-part-time.
Acesso em 12/8/2022.
FLORES SABORIDO, Ignacio. “La contratación laboral como
medida de política de empleo en España - La creciente flexibilidad
en el acceso al empleo”, Madrid: Consejo Económico y Social, 1994.
JÚNIOR, A. B. da S.; FILHO, R. F. A fundamentalidade dos direitos
trabalhistas: uma diretriz constitucional ainda pendente. Revista Digital
Constituição e Garantia de Direitos, v. 9, n. 2, p. 40–65, 2017. Disponível
em: https://periodicos.ufrn.br/constituicaoegarantiadedireitos/article/
view/12253. Acesso em: 14 ago. 2022.
MARZAL, “Crisis del estado de bienestar y derecho social”,
Barcelona: Editor J. M. Bosch, 1997.
OECD–ORGANISATION FOR ECONOMICO-OPERATION
AND DEVELOPMENT. “How good is part-time work?”
In: OECD (Ed.). Employment Outlook 2010. Paris: OECD Publishing,
2010; p. 211-266.
OIT. Estudio Internacional sobre el empleo a tempo parcial, Revista
Internacional de Trabajo, vol LXVIII, n. 4, out 1963.
SOUZA SANTOS, Boaventura. La globalización del derecho – los
nuevos camiños de la regulación e la emancipación. Bogotá: Editora
Universidad Nacional de Colombia, 1998.
2
Stephanie Dutra Rodrigues
Valdete Souto Severo
A
relação social de trabalho, caracterizada pela troca da
força de trabalho por um salário, é central no modelo
de sociedade em que vivemos. Na sociedade capitalista,
na qual as trocas são necessariamente mediadas pelo dinheiro, os
bens indispensáveis à sobrevivência, para grande parte da popula-
ção, só são obtidos por meio do salário, daí decorre a sua crucial
importância.
Isso significa que não trabalhar impede acesso às condições
mais básicas de existência, como alimento, roupa, remédio,
moradia. Os direitos trabalhistas nunca foram levados à sério
no Brasil. Desde as primeiras lutas contra a invasão e a escravi-
zação de pessoas, passando pela aprovação da Consolidação das
Leis do Trabalho (CLT) e inclusive pela Constituição de 1988
que os reconhece como fundamentais, fato é que esses direitos
sempre sofreram investidas violentas. Esse quadro será radi-
calmente potencializado a partir de 2017, com a denominada
“reforma” trabalhista e, em especial para o que aqui interessa, em
2020, em frente à maior crise sanitária mundial.
No final do ano de 2019, foi descoberto um novo tipo de
coronavírus. A doença, que passou a ser chamada de Covid-19,
se alastrou rapidamente e em proporções mundiais, de forma que
Conclusão
Notas
1
Federici, Silvia. Calibã e a Bruxa: mulheres, corpo e acumulação primitiva.
São Paulo: Editora Elefante, 2017. p. 125.
2
Marx, Karl. O Capital. Livro I. São Paulo: Boitempo, 2013. p. 787.
3
Marx, Karl. Manuscritos econômico-filosóficos. Trad. Jesus Ranieri.
Boitempo Editorial, 2008. p. 81-82.
4
Marx, Karl. Obras Escolhidas de Marx e Engels: trabalho assalariado e capi-
tal. Trad. do alemão. Editorial Avante, 1982. p. 151.
5
Marx, Karl. Op. Cit. 2008. p. 83.
6
Marx, Karl. Obras Escolhidas de Marx e Engels: trabalho assalariado e capi-
tal. Trad. do alemão. Editorial Avante, 1982. p. 150.
7
Severo, Valdete Souto. Elementos para o uso transgressor do direito do traba-
lho. São Paulo: LTR, 2016, p. 70.
8
Caetano, Vanessa de Oliveira. O negociado sobre o legislado: uma via
para a modernização ou para a precarização do trabalho? Disponível em:
https://www.hseditora.com.br/acervo/doutrina/view/265 . Acesso em: 26
jan. 2022.
9
Severo, Valdete Souto. Op. Cit, 2016. p. 53.
10
Organização Pan-Americana Da Saúde (OPAS). Histórico da pandemia
de COVID-19. Disponível em: https://www.paho.org/pt/covid19/histo-
rico-da-pandemia-covid-19 . Acesso em: 30 nov. 2021.
11
Segundo o Regulamento Sanitário Internacional (RSI), uma Emergência
de Saúde Pública de Importância Internacional é “um evento extraordi-
nário que, nos termos do presente Regulamento, é determinado como: (i)
constituindo um risco para a saúde pública para outros Estados, devido à
propagação internacional de doença e (ii) potencialmente exigindo uma
resposta internacional coordenada;” (p. 14-15). Disponível em: https://
www.gov.br/anvisa/pt-br/assuntos/paf/regulamento-sanitario-internacio-
nal/arquivos/7181json-file-1 . Acesso em: 30 nov. 2021.
12
Congresso Nacional. Decreto Legislativo nº 6. Disponível em: http://
www.planalto.gov.br/ccivil_03/portaria/DLG6-2020.htm . Acesso em
30 nov. 2021.
13
Em abril de 2020, o Supremo Tribunal Federal, ao julgar uma ação do
PDT (Partido Democrático Trabalhista) contra medida provisória editada
pelo presidente Jair Bolsonaro, que visava concentrar no governo federal
o poder de editar normas sobre temas relacionados à pandemia, decidiu
que estados e municípios têm poder para definir regras sobre isolamento.
Disponível em: https://g1.globo.com/politica/noticia/2020/04/15/maio-
ria-do-supremo-vota-a-favor-de-que-estados-e-municipios-editem-nor-
mas-sobre-isolamento.ghtml . Acesso em: 01 dez. 2021.
14
Informação disponível em: https://covid.saude.gov.br/ . Acesso em:
30 nov. 2021.
15
Brasil. Medida Provisória 936, de 01 de abril de 2020. Institui o
Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda e dispõe
sobre medidas trabalhistas complementares para enfrentamento do estado
de calamidade pública reconhecido pelo Decreto Legislativo nº 6, de 20
de março de 2020, e da emergência de saúde pública de importância
internacional decorrente do coronavírus (covid-19), de que trata a Lei nº
13.979, de 6 de fevereiro de 2020, e dá outras providências. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2020/mpv/
mpv936.htm . Acesso em: 30 nov. 2021.
16
Dorneles, Leandro do Amaral Dorneles de; Jahn, Vitor Kaiser.
Pandemia de Covid-19: assistematicidade da negociação individual
como política de gerenciamento da crise. Rev. TST, São Paulo, v. 86, n.
2, abr/jun 2020, p. 141-157.
17
Art. 503 - É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente
comprovados, a redução geral dos salários dos empregados da empresa,
proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entretanto,
ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer
caso, o salário mínimo da região.
18
Severo, Valdete Souto. A perda do emprego no Brasil: notas para uma
teoria crítica e para uma prática transformadora. Porto Alegre: Sulina,
2021, p. 9.
19
Óbitos de COVID-19 por data de notificação. Informação disponível
em: https://covid.saude.gov.br/ . Acesso em: 02 dez. 2021.
20
Ibidem, p. 152.
21
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derechos humano em las Américas: Resolución 1/2020. Disponível em:
https://oas.org/es/cidh/decisiones/pdf/Resolucion-1-20-es.pdf . Acesso
em: 01 dez. 2021.
28
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brasil.com.br/2020/06/19/quase-40-das-empresas-brasileiras-reduziram-
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29
Quase 95% das empresas no Brasil adotaram redução salarial para contornar
crise. CNN Brasil, 2020. Disponível em: https://www.cnnbrasil.com.br/busi-
ness/quase-95-das-empresas-no-brasil-adotaram-reducao-salarial-para-
-contornar-crise/ . Acesso em: 21 fev. 2022.
30
PNAD-Covid é a versão da Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios Contínua do IBGE que pretende monitorar as transforma-
ções ocorridas no mercado de trabalho brasileiro durante a pandemia da
Covid-19.
31
Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA). Carta de conjuntura:
PNAD Covid. Disponível em: https://www.ipea.gov.br/portal/images/
stories/PDFs/cc47_nt_pnad.pdf . Acesso em: 21 fev. 2022.
32
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33
Severo, Valdete Souto. A perda do emprego no Brasil: notas para uma
teoria crítica e para uma prática transformadora. Porto Alegre: Sulina, 2021,
p. 151.
34
Mbembe, Achille. Políticas da Inimizade. Lisboa: Antígona Editores,
2017, pp. 59-65.
35
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36
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em: 09 mar. 2022.
37
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ve-mais-mortes-que-dezembro-de-2021.htm . Acesso em: 09 mar. 2022.
38
Severo, Valdete Souto. A perda do emprego no Brasil: notas para uma teoria
crítica e para uma prática transformadora. Porto Alegre: Sulina, 2021, p. 19.
39
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52
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53
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http://edicaodobrasil.com.br/2020/06/19/quase-40-das-empresas-brasileiras-
-reduziram-salarios-e-jornadas-de-trabalho/
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-levadas-pela-covid-19-em-2021-a-esperanca-da-vacina.html
https://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2022-03/total-de-fami-
lias-com-contas-atrasadas-e-o-maior-em-12-anos-diz-cnc
Fábio Cannas
3
O
presente artigo buscou identificar as características das
relações sociais de trabalho influenciadas pelo uso de
Tecnologias Digitais entre trabalhadores motoristas e a
empresa Uber. Essas relações podem constituir-se como pilares das
transformações em curso no mundo do trabalho, influenciando
não apenas o setor de transporte de passageiros por aplicativo,
mas diversos outros segmentos a partir do setor de serviços na era
digital. Ao longo da pesquisa identificou-se quatro diferentes situ-
ações que nos possibilitaram caracterizar distintas relações sociais
entre os motoristas e a Uber. Em algumas situações identificamos
formas clássicas de assalariamento, demonstrando que a atividade
da Uber se realiza na esfera da produção. Isso faz o trabalho do
motorista da Uber um trabalho produtivo, pois ele produz um
valor excedente ao valor de sua força de trabalho, excedente que é
apropriado por uma, ou várias empresas capitalistas.
Você quer ser um motorista parceiro da Uber, mas não tem nenhum
carro disponível? Achou que isso seria um problema? A Uber te dá a
solução. Neste artigo, explicamos como alugar um carro com desconto
para Uber. É possível ser um motorista parceiro da Uber alugando
um carro em uma locadora. E aqui vão as dicas de como alugar um
carro para dirigir com Uber e alguns detalhes que vão ser funda-
mentais para deixar esse processo mais fácil e rápido. (Uber, 2018d).
Alugo um Mobi por 1398,00 mês. Que ainda é muito mais econô-
mico que meu antigo carro. Economia de combustível de uns R$
20 a $ 25 dia. E além de não pagar nada além do aluguel só piloto
carro novo, tenho a mobilidade de devolver o carro sem perdas, não
fico sem trabalhar quando carro esta em manutenção, se o carro
incômoda é só trocar, neste valor de aluguel posso optar por: Mobi,
Sandeiro, Uno ou Onix e o lucro x gasto e muito mais fácil de fazer
e ver. Penso que aluguel e melhor que financiar, principalmente se
a prestação for superior a da simulação de 750,00 mês. Deixo este
pequeno estudo para tirarem conclusão e principalmente o compa-
rar com a realidade de cada um. Se quiserem dar feedback, fiquem
a vontade. (Facebook, 2019)5.
Gasto com carro por ano: IPVA - $ 1.300; Seguro ano: $ 1.600;
Cálculo de manutenção de um carro que roda em média 5.000
km mês: Óleo e filtros 8 trocas ano: $ 1.200; Filtro de ar e filtro de
combustível - $ 600; 1 jogo de pneus a cada 40.000km - $ 1.300;
Rolamento, bucha e articulação da rodas - $ 350; Alinhamento e
balanceamento 2x ano: $ 400; Pastilha e velas 2x ano: $ 600; Correia
dentada - $ 350; Bateria - $ 200; - Embreagem e amortecedores, cabo
de vela, Correia do alternador, disco de freio, lâmpadas: $ 600. Total
da despesa $ 7.600 ano – o que daria $ 633 mês (Facebook, 2019)8.
Os donos dos carros cobram entre R$ 500 e R$ 700 por semana pelo
aluguel. Os motoristas proprietários das frotas fazem testes de uma
semana com o interessado, com o objetivo de verificar se ele é rentá-
vel. Na maior parte dos casos, multas, combustível e problemas no
carro ficam por conta do “terceirizado”. “Não estipulo metas, mas eles
têm conta para pagar e precisam tirar pelo menos R$ 3 mil por mês
para conseguir algum lucro. Se antes trabalhavam dez horas, passa-
ram a trabalhar 14 horas porque precisam, por necessidade”, conta
um motorista da Uber de 56 anos, dono de uma minifrota com três
carros e três condutores em São Paulo. (Olhar Digital, 2016).
Considerações finais
Notas
1
Disponível em: https://www.google.com/search?q=como+diri-
gir+com+a+Uber&oq=como+dirigir+com+a+Uber&aqs=chro-
me..69i57j0l5.5196j1j8&sourceid=chrome&ie=UTF-8. Acesso: 25
julho 2022.
2
Prefácio à Contribuição para a crítica da economia política, “Prefácio
de 1859”.
3
Disponível em: https://www.uber.com/pt-BR/drive/rewards/. Acesso
em: 25 julho 2022.
4
Disponível em: https://www.facebook.com/groups/1251834444868309/
permalink/2316231458428597/. Acesso em: 10 maio 2019.
5
Idem.
6
Segundo a rede social publicações em páginas ou grupos públicos são
considerados espaços públicos. Qualquer pessoa que puder ver a página
ou o grupo poderá ver sua publicação ou seu comentário. Em geral, quan-
do você publica ou comenta em uma página ou um grupo público, uma
história pode ser publicada no Feed de Notícias e em outros locais dentro
ou fora do Facebook.
7
Disponívelem:https://www.facebook.com/groups/1251834444868309/
permalink/2316231458428597/. Acesso em: 10 maio 2019.
8
Idem.
9
Disponível em: https://www.uber.com/pt-BR/blog/como-funciona-a-
-uber-para-os-motoristas-parceiros/. Acesso em: 10 maio 2019.
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Disponível em: https://leismunicipais.com.br/a/sp/c/campinas/lei-ordina-
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clusivamente-por-aplicativossitios-ou-plat. Acesso em: 25 julho 2022.
4
Adriano Ruschel Marinho
Jussara Maria Rosa Mendes
D
ireitos humanos é uma expressão sujeita a sofrer certo grau
de polissemia. À primeira vista, custa imaginar quem não
seja capaz de lhe conferir um sentido trivial, alusivo às
declarações da Revolução Francesa e da Organização das Nações
Unidas, tal como se aprende nas aulas de história geral. Para além
de seu significado clássico, a expressão também pode comportar
outras conotações, a depender da consciência de classe de quem a
usa. Em tese, quanto mais perto da penúria, maior a necessidade
de apelar ao sistema de direitos humanos para satisfazer deman-
das ou para proteger-se contra riscos, a ponto de reconhecer seu
valor. Sobretudo quando se recebe atendimento de serviços que
não o confundem com caridade ou troca de favores, assumindo-
-se como prestação estatal. Por sua vez, quanto mais distante da
miséria, menor a ocasião de recorrer ao sistema. Afinal, pode-
-se comprar educação, crédito e liberdade no “livre mercado” e
basta contratar um professor particular, um gestor financeiro e
um bom advogado. Não raro, para quem se inclui nesse perfil,
direitos humanos não passam de ajuda a “bandido sem caráter”,
à custa de impostos que sobrecarregam o “cidadão de bem”. O
juízo sensacionalista contra os direitos humanos, ao explorar o viés
autoritário do senso comum, torna-se útil à dominação da elite, a
quem serve de arma ideológica na linha de produção e reprodu-
ção da desigualdade (Soares, 1998: 39-40).
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promovermos uma economia humana que beneficie a todos, não apenas
a uns poucos privilegiados. [Tradução: Master Language Traduções
5
Bruno Chapadeiro Ribeiro
Paulo Roberto Wunsch
Karine Vanessa Perez
A
Organização Mundial da Saúde (OMS) em março de
2020, em razão da rápida propagação do novo vírus
SARS-Cov-2, classificou a situação como de pandemia
mundial. Em pouco tempo, passou-se a vivenciar um colapso sani-
tário com a superlotação de leitos de internação hospitalar e de
Unidades de Terapia Intensiva (UTI) Covid-19, falta de insumos
e de equipes médicas. Diante disso, inicialmente foram adotados
protocolos de biossegurança, como: uso de máscaras; lavagem de
mãos e emprego do álcool etílico para assepsia; distanciamento e
isolamento social. Ao mesmo tempo, a crise sanitária global desa-
fiou a ciência a produzir um imunizante seguro e eficaz na forma
de vacina para tornar as pessoas imunes ou resistentes à doença
infecciosa da Covid-19. A resposta desse esforço ocorreu alguns
meses após o início da pandemia com o surgimento de vacinas,
as quais, entretanto, tiveram sua distribuição efetuada de forma
desigual. Conforme a OMS, de todos os imunizantes aplicados
até 26 de julho de 2022, por exemplo, a União Europeia vacinou
75,49 % da população com alguma dose ou está com o protocolo
completo, enquanto na África apenas 26,33% estavam nessa situ-
ação (Our Word In Data, 2022).
Metodologia
Tabela 01
Apoio fornecido pela instituição para aquisição de equipamentos
Equipamentos de Trabalho Recebeu Apoio Não recebeu apoio
Internet Banda Larga 13,8% 86,2%
Computador 32,3% 67,8%
Fone de ouvido e microfone 11,1% 88,9%
Mobiliário 8,9% 91,1%
Telefone para uso profissional 5,1% 94,9%
Considerações finais
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CRESWEEL, John W. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quanti-
tativo e misto. 3ª ed. Porto Alegre (RS): Artmed; 2010.
6
Eduardo Souza Passini
Leonardo Soares Trentin
Andreia Mendes dos Santos
Paulo Antonio Barros Oliveira
O
presente artigo insere-se nos debates acerca da pandemia
ocasionada pelo coronavírus. Nesse âmbito, contemplou-
-se a saúde mental de profissionais da saúde que atuaram
no combate à COVID-19. A pandemia e as ações para contê-la
impactou a saúde mental, por isso, é importante demandar um
olhar diferenciado aos profissionais que desempenharam as funções
assistenciais nesse contexto.
O ano de 2020 será marcado na história da humanidade pelo
início da pandemia da COVID-19, uma das maiores e mais
graves emergência mundial de ordem social, sanitária, cultural e
econômica, embora já tenham havido outras epidemias infeccio-
sas e muito contagiosas, como a peste negra (1347-1351), cólera
(1817-1824), tuberculose (1850- 1950), varíola (1896-1980),
gripe espanhola, tifo (1918-1922), febre amarela e sarampo (até
1963), malária (até 1980) e a AIDS (desde 1981) (Nascimento
et al., 2018). A COVID-19 ocasiona dificuldades respiratórias e
infecção respiratória aguda, sendo responsável pelo aumento de
Considerações finais
Referências
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10 ago. 2022.
Seção 3
Serviço Público, Políticas
Sociais e Saúde do
Trabalho
Tatiana Reidel
Dolores Sanches Wünsch
7
Jussara Maria Rosa Mendes
Edvânia Ângela de Souza
Tuane Vieira Devit
Anderson da Silva Fagundes
N
este artigo, objetivamos compartilhar a sistematização
realizada de modo solidário e coletivo que se estabe-
leceu por meio da articulação de grupos e núcleos de
pesquisa, a partir de uma pesquisa nacional que possibilitou
articulação interinstitucional. O mesmo aborda e problema-
tiza um conjunto de questões relacionadas com a realidade que
permeia o trabalho e saúde das/os assistentes sociais, traba-
lhadoras/es das políticas que compõem a seguridade social
brasileira, ou seja, nas políticas de Saúde, Assistência Social e
Previdência Social. Evidencia-se a realidade de desmonte das
políticas públicas e precarização do trabalho, que se particula-
riza após 2016, com o golpe jurídico-parlamentar-midiático e
o processo de contrarreformas. Este processo tem como direção
a retirada de direitos, cortes de recursos públicos para as políti-
cas sociais e consequente sucateamento dos serviços, atingindo
profundamente as condições de trabalho das/os trabalhadoras/
es dessas políticas.
Sinto-me sozinha, sem forças para lutar...às vezes penso que a luta
não vale a pena...tenho dentro de mim profundo sentimento de
injustiça que me deixa doente.... porque lutar aqui dentro do INSS,
nós sempre lutamos, pois, todo dia era uma coisa nova, agora a
luta é lá fora.
Considerações finais
‘Notas
1
O projeto de pesquisa está sob a coordenação nacional da Profa. Ed-
vânia Ângela de Souza da Unesp-Franca e conta com a participação de
pesquisadores (as) de três universidades públicas, quais sejam: Faculdade
de Ciências Humanas e Sociais (Unesp-Franca), Universidade Federal do
Pará (UFPA) e Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A
coleta de dados da região sul ocorreu de 2017 a 2019.
2
Como ressalva, destaca-se que esse estudo está contextualizado anterior
ao período que inicia a pandemia por Covid-19, portanto não inclui as
determinações sobre os processos de trabalhos e saúde dos assistentes So-
Referências
BOSCHETTI, I.; BEHRING, E. R. Assistência Social na pandemia
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3 de Janeiro de 1974, 8.036, de 11 de maio de 1990, e 8.212, de 24 de
julho de 1991, a fim de adequar a legislação às novas relações de trabalho.
Brasília, Senado Federal, Nova CLT, Senador Wilder, 2017b. Disponível
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htm Acesso em: 11 de julho de 2022;
BRASIL. Leis e Decretos. Lei n. 13.429, de 31 de março de 2017: Altera
dispositivos da Lei no 6.019, de 3 de janeiro de 1974, que dispõe sobre
o trabalho temporário nas empresas urbanas e dá outras providências; e
dispõe sobre as relações de trabalho na empresa de prestação de serviços
gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2017/lei/l13429.htm Acesso em: 11 de
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julho de 2022.
BRASIL. MDS; CNAS. NOB - Norma Operacional Básica: Resolução
nº 130, de 15 de julho de 2005. Brasília: MDS, 2005. Disponível em:
https://www.blogcnas.com/_files/ugd/7f9ee6_874c022e71264786ac-
86454d91c7c923.pdf. Acesso em 12 de julho de 2022.
E
ste artigo tem como tema o racismo estrutural como um
processo de desumanização trazendo a realidade das mulheres
negras. Aborda-se sobre a inserção das trabalhadoras negras
no serviço público municipal de Porto Alegre pós 1990 do século
XX, apontando o contexto do racismo estrutural e suas formas de
enfrentamento, nos espaços de trabalho.
Busca-se, também, evidenciar as expressões do racismo nas
suas trajetórias e histórias de vida e trabalho, e destacar alternati-
vas de resistência e luta destas trabalhadoras negras. Aponta-se a
histórica desigualdade das mulheres negras trabalhadoras na socie-
dade capitalista/racista e o acirramento desta pós golpe de 2016,
evidenciando que o racismo estrutural se particulariza no trabalho,
na realidade e vivência das mulheres negras servidoras públicas.
A trabalhadora negra é a que recebe mais baixa remuneração,
comparada a outros grupos no país, e predomina nas atividades
cujas condições de trabalho são inferiores. Há, portanto, uma
hierarquização de poderes, corpos, existências, em que podemos
observar uma banalização da vida atrelada a um processo de desu-
manização das relações sociais e de trabalho. Em decorrência disso,
afirmamos que na arena de disputa de poder e das correlações
Lélia Gonzalez
sociais, mas uma foi chamada de mãe de santo porque estava com um
turbante e era negra. Aí uma colega perguntou: será que isso é racismo?
Eu respondi que é uma das expressões do racismo. Não que o menino
que me chamou de mãe de santo fosse racista, mas este estereótipo está
cravado na sociedade e se expressa fortemente na mídia, nos livros
didáticos, revistas, enfim, uma das expressões do racismo estrutural.
Desde que eu estou na Assistência Social, eu já passei por alguns
lugares. Eu entrei como técnica no município, e trabalhei nas (...)
Tempos depois, a minha colega que estava como coordenadora pediu
para sair, era um lugar muito difícil, muito difícil, as Ilhas é um dos
lugares de menor desenvolvimento humano, e a miséria e a pobreza
são implacáveis, é o território de Porto Alegre com a menor renda.
Eu nunca fui cogitada para postos de chefia, porque eu também
sempre fui da luta dos(as) trabalhadores(as) e daí a gente fica estig-
matizada. As questões raciais e institucionais não estão colocadas de
forma alguma, essa pauta tão importante não faz parte do dia a dia do
local em que trabalhamos, e sendo assim, fica muito difícil trabalhar
sofrendo racismo, e construirmos alternativas coletivas para superá-lo.”
Rosa Parks
Rainha Nzinga
Elza Soares
“Fiz dois concursos. Aí parece que foi uma diferença assim de poucos
meses do Estado e para a Prefeitura me chamar, mas como a Prefeitura
pagava melhor e ainda paga melhor do que o Estado, eu fui para a
Prefeitura, como farmacêutica (...).
Passados alguns anos, eu comecei a auxiliar a chefia do setor que
trabalhava, quando ele saiu, entrou uma outra como coordenadora e
eu comecei a auxiliar de alguma forma já que ela não podia estar em
todos os horários, pois ela dava aula em uma universidade.
E daí o pessoal começou a se desgostar um pouco do trabalho dela
e me convidaram para assumir o lugar de chefia, e eu disse, ‘não, ela
que é’, e coisa e tal, e chegou um momento que o pessoal fez uma
reunião, entrou em contato com a coordenação de (...), da Secretaria
de Saúde, falaram que não queriam mais a coordenadora, queriam
que eu assumisse.
Aí fizeram uma reunião, saímos num acordo e eu assumi a gerên-
cia do (...), de Porto Alegre e fiquei lá por cinco anos. Tinha também
a questão que passei por várias situações constrangedoras e racistas em
função de ter um sobrenome de um (...), famoso, e esta família deste
sobrenome ter fazendas pelo interior, enfim... As pessoas chegavam e
perguntavam quem era a gerente, e mesmo eu estando na sala, sempre
se dirigiam às colegas brancas e loiras.
Na maioria das vezes eu estava sentada na minha mesa, mesa da
gerente, e mesmo assim não se dirigiam para mim. Passei por muitas
situações assim, depois as pessoas se desculpavam, mas como é difícil
identificar uma mulher negra numa situação de poder.
E ao mesmo tempo as pessoas da Secretaria começaram a me conhe-
cer, esse lado mais militante, em função que também cruzou com o
período que eu ingressei na Associação Negra de Cultura e comecei
a coordenar o Sarau Sopapo Poético. Então, todas as atividades da
Secretaria que tinham a ver com a população negra ou algo parecido,
Bell Hooks
falas dizendo o quanto elas estavam felizes por terem uma mulher
negra concorrendo para a direção da escola, e isso foi muito importante
na época. Eu fiquei literalmente empoderada, vendo e percebendo o
quanto faz a diferença.
A (...), é uma cidade negra, e essa questão do pertencimento negro
era muito forte. E à medida que o nosso projeto também foi amadu-
recendo, os alunos foram se empoderando e foram se dando conta,
‘não, esse espaço aqui, esse território é nosso, a gente tem uma profes-
sora negra, a gente tem um professor, enfim, pessoas que temos que
olhar de uma forma diferente’ e eles falavam isso, eles diziam assim
e eles falavam abertamente, ‘ah sora, a senhora é negra, legal, então
a gente vai olhar mais pela senhora do que pela outra professora’.
E isso foi bem um processo educativo sabe, educativo assim dos
alunos se reconhecerem, e reconhecerem o seu poder, de serem maio-
ria ali e terem direito de fala e de buscar o seu espaço. Então eu acho
que a experiência da escola em termos de educação antirracista para
mim foi das melhores e a que mais deu resultado, pela semente que
se tornou árvore, que hoje tem galhos e sabe que a coisa cresceu e o
pessoal que seguiu lá, continuou, botou no currículo da escola e eu
me sinto assim sempre muito lisonjeada.
E aí dessa caminhada toda, eu sempre digo que o meu trabalho
antirracista e de educação mesmo, de historiadora, ele vem nessa coisa
da formiguinha, um dia largando a semente, e dando o exemplo.”
Princesa Aqualtune
Considerações finais
‘Notas
1
Fragmento da música “A carne mais barata do mercado é a carne negra”,
cantada por Elza Soares, composta por: Seu Jorge, Marcelo Yuca e Wilson
Capellette
2
Este tema é parte da Dissertação de Mestrado intitulada “Margaridas
Africanas: Trabalhadoras negras do serviço público municipal de Porto
Alegre, fios e tramas do racismo estrutural” defendida pela primeira autora,
sob a orientação da segunda autora, junto ao PPGPSSS/UFRGS)
3
Instituto Brasileiro De Geografia e Estatística – IBGE. Pesquisa Nacio-
nal por amostra de domicílios. IBGE, 2022. Disponível em: https://www.
ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-
-de-domicilios-continua-mensal. Acesso em: 15.02.2022.
4
Oliveira, Semayat S. Jurema Werneck: ‘O racismo faz com que pesso-
as negras adoeçam mais. 2020. Disponível em: https://nosmulheresdaperiferia.
com.br/jurema-werneck-o-racismo-faz-com-que-pessoas-negras-adoecam-mais.
Acesso em: 28 fev. 2022.
5
Dados disponibilizados pelo Conselho Federal de Enfermagem (Cofen),
relativos a 2020.
6
Instituto Brasileiro De Geografia E Estatística – IBGE. Pesquisa Nacio-
nal por amostra de domicílios. IBGE, 2022. Disponível em: https://www.
ibge.gov.br/estatisticas/sociais/trabalho/9171-pesquisa-nacional-por-amostra-
-de-domicilios-continua-mensal. Acesso em: 4 nov. 2020.
7
Sempreviva Organização Feminista – SOF. Sem parar: o trabalho e a
vida das mulheres na pandemia. SOF, 2020. Disponível em: https://mu-
lheresnapandemia.sof.org.br/wp-content/uploads/2020/08/Relatorio_Pesqui-
sa_SemParar.pdf. Acesso em: 4 nov. 2020.
8
Documento solicitado à PMPA sobre quesito raça/cor servidores(as) pú-
blicos municipais.
9
Essa denominação alude a uma exposição fotográfica (2004/2016), que
foi organizada por essa autora, que se chamou “Margaridas Africanas”.
Na exposição, mulheres militantes sociais foram fotografadas e renomea-
das com nomes de mulheres negras que contribuíram significativamente
na construção da luta contra o racismo, vencendo os obstáculos do seu
tempo. Acompanhou a amostra fotográfica uma breve história de cada
mulher negra representada.
10
Projeto de uma parceria que contou com: SEPPIR, Ministério Públi-
co Federal, Ministério da Saúde, Organização Pan-Americana de Saúde
(OPAS), e o Departamento Britânico para o Desenvolvimento Interna-
cional e Redução da Pobreza, Programa das Nações Unidas para o Desen-
volvimento, tendo como foco principal a saúde (CRI, 2006).
11
Werneck, Jurema. Racismo Institucional, uma abordagem conceitual.
Geledés - Instituto da Mulher Negra, 2013.
12
RACISMO INSTITUCIONAL. Entenda o que é racismo institucional.
Racismo Institucional, 2015. Disponível em: https://racismoinstitucional.
geledes.org.br/o-que-e-racismo-institucional/. Acesso em: 3 abr. 2022.
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Gildo Aliante
Jussara Maria Rosa Mendes 9
A
nível global a educação «formal» é reconhecida como um
direito fundamental a que crianças, adolescentes, jovens
e adultos devem ter acesso. Neste sentido, vários países
incluem a educação no plano das políticas públicas. E para fazer
face a isso, os países contam com órgãos específicos responsáveis
pela gestão dos sistemas nacionais da educação que variam em
função da organização político-administrativa de cada país. No
caso participar de Moçambique, desde em 1975, o ano da procla-
mação da independência, a educação passou a compor a lista das
prioridades de Governo do país, uma vez que este país herdara do
colonialismo português um sistema educacional com uma ideolo-
gia discriminatória e excludente que beneficiava a poucas nativos.
Desse modo, em fevereiro de 1976 foi fundado pela primeira vez na
história de Moçambique independente, o Ministério da Educação
e Cultura (Castiano; Ngoenha, 2013).
Dentro dos esforços envidados pelo Governo moçambicano no
sentido criar um sistema educacional voltado às necessidades do
país independente, garantir o acesso e oferta da educação aos cida-
dãos nativos que por muito tempo lhes foi negado este direito, em
1893 foi aprovada a primeira lei do Sistema Nacional da Educação,
que é a lei nº 4/83 de 23 de março.
Considerações finais
Referências
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bicanos do ensino fundamental. Revista Psicologia: Ciência e Profissão,
Brasília, v.41, e219900, p.1-14, 2021.
D
ebates relacionados às modificações do trabalho na socie-
dade contemporânea e o impacto dessas na saúde das e
dos trabalhadores são cada vez mais urgentes quando colo-
ca-se em perspectiva a relação direta que o tema tem em nossas
vidas. E quando fala-se nessa relação direta, não usam-se quaisquer
figuras de linguagem como forma de mascaramento ou provisão
de uma realidade aumentada, mas é a verdade nua e crua que já
mostrava seus sinais em outros momentos do capitalismo, mas
que, com a iminência de sua etapa superior, disposta na forma
do imperialismo, ganha maior relevo na vida das classes trabalha-
doras brasileira e mundial. Isso porque, se antes o capitalismo já
se apoderava de nosso cotidiano (através das nossas jornadas de
trabalho e pela centralidade que o trabalho ocupa em nossas vidas),
com o imperialismo, as constantes reestruturações produtivas do
Capital ganham dimensão que ultrapassa as jornadas de traba-
lho. A exemplo disso, e entre outros elementos de alterações do
mundo do trabalho, está a inserção das Tecnologias de Informação
Notas
1
Grifos das autoras, ressaltando o caráter irônico que Marx e Engels li-
dam com o que a burguesia tratava como sendo “civilizado” ou “bárbaro”.
Lembrando que por sociedade civil, lê-se com seu caráter de classe: socie-
dade civil burguesa.
2
Quando aqui trazemos as “percepções”, o fazemos da maneira que Marx
e Engels (2008) irão definir como “a forma social determinada de cons-
ciência” que faz com que compreendamos o conflito da luta de classes.
Grosso modo é o conteúdo “ideológico”, que remete-se à “ideologia”.
Ideologia, no sentido marxiano do termo, diz respeito às expressões que
consiste não em um mero conjunto de ideias, mas no conteúdo de do-
minação de uma classe sobre outra que se expressa das mais diversas for-
mas: jurídicas, políticas, religiosas, artísticas, filosóficas, e outras. Para mais,
consultar Marx, Karl. ENGELS, Friederich. A Ideologia alemã. São Paulo:
Martin Claret, 2010; e Iasi, Mauro Luis. Ideologia… quer uma pra viver?
in: Ensaios sobre Consciência e Emancipação. São Paulo: Editora Expressão
Popular, 2011, p. 77 a 78.
3
O uso do termo “fatiado” diz respeito a algo que vem de forma parce-
lada, não completo. Os governos Lula e Dilma (PT) foram expressões
disso quando, em diversos momentos, atacaram brutalmente a classe tra-
balhadora, mas de maneira gradual. Vale lembrar que o texto da Emenda
Constitucional 95 passou por um processo político que envolve o partido,
além do pano de fundo das ações de ajuste fiscal e medidas provisórias
que restringiam direitos aos trabalhadores brasileiros, desde Lula em 2003
até Dilma em 2014 e 2015. Os governos representados pela estratégia
democrática e popular foram os grandes responsáveis pela pavimentação
do caminho trilhado na retirada de direitos, fazendo ataques graduais
que consolidaram o apassivamento da classe trabalhadora na forma de
responder a estas ações. Para mais, ver IASI, Mauro Luis. Democracia de
cooptação e o apassivamento da classe trabalhadora. Rio de Janeiro: 2013.
Disponível em: <https://pcb.org.br/portal2/4487/democracia-de-coopta-
cao-e-o-apassivamento-da-classe-trabalhadora/> Acesso em: 15 ago. 2022.
4
Tendo em vista o campo de inserção das autoras, o foco se dá no estado
do Rio Grande do Sul.
5
Cabe destacar que sabemos que, nos limites do capitalismo, mesmo que
sejam asseguradas todas as condições de trabalho básicas, esse trabalho
ainda será explorado; dessa forma, quando usamos o termo “digno” não
queremos fazê-lo sem esse recorte, uma vez que não há dignidade concedi-
da ao trabalhador que cotidianamente vê sua força de trabalho explorada
e o produto da riqueza socialmente produzida é privadamente apropria-
da. Contudo, isso não faz com que deixemos de fazer lutas por melhores
condições de sobrevivência e reprodução das lutas para nós e nossa classe.
6
Entidade representativa da categoria de trabalhadores públicos federais
das políticas de saúde, trabalho e previdência social no Rio Grande do Sul.
7
A Secretaria de Saúde do Trabalhador, que faz parte do Sindicato, conta
com trabalho técnico de uma assistente social e uma psicóloga, e também
com estudantes estagiários de ambas as áreas.
8
Casos considerados até 15 de agosto de 2022.
Referências
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ROCHA, L. E.; RIGOTTO, R. M.; BUSCHINELLI, J. T. (Orgs.). Isto é
trabalho de gente? Vida, doença e trabalho no Brasil. Petrópolis: Vozes,
1994.
Evelyn Carneiro
Dolores Sanches Wünsch 11
E
ste artigo aborda os temas relacionados à saúde do trabalha-
dor e da trabalhadora e à (in)capacidade para o trabalho. A
construção teórica está embasada numa perspectiva crítica
e histórica sobre a realidade social dos trabalhadores e trabalha-
doras que vivenciaram o afastamento de suas atividades laborais
e o atendimento pela Reabilitação Profissional (RP) do Instituto
Nacional de Seguro Social (INSS).
A abordagem da temática situa-se na discussão do campo da
saúde do trabalhador e da trabalhadora no modo de produção
capitalista. Apresenta-se uma análise apontando as contradições
da (in)capacidade para o trabalho através do conceito ampliado
do processo saúde-doença e da forma pela qual o tema vem sendo
tratado pelo INSS e, consequentemente, pela política de Previdência
Social através do Programa de Reabilitação Profissional (PRP).
A Reabilitação Profissional é um dos serviços da política de
Previdência Social. Tal serviço se constitui num campo contra-
ditório, pois - ao mesmo tempo em que é compreendido como
direito da classe trabalhadora - cumpre aos interesses do Estado
Então era uma briga constante com eles. A gente expressava que
estava sentindo certa dor, a gente não entendia o porquê que estava
acontecendo aquilo com nós. O meu médico realmente ele tirou o
dele da reta, quando ele viu que deu problema, que eu reclamava
dele, ele tirou da reta: “o mesmo sente dor”, ele botava lá. Ai o INSS
me pedia: mas que tipo de dor? (Trabalhador 4, grifo das autoras).
Eu travava com muita dor, sentia muita dor, muita dor, daí faz exame,
faz exame, e foram ver que o meu nervo estava colando, daí eu tive
que me submeter a uma outra cirurgia pra descolar esse nervo, pra
eu poder ter movimento na perna e amenizar a dor, mas na realidade
a dor ela não parou (...) eu sinto muita dor, muita dor nas costas,
cãibra na perna, sabe, mas é coisa que com o tempo eu fui convi-
vendo (Trabalhador 4, grifo das autoras).
Conclusão
Notas
1
Este estudo é parte constitutivo da dissertação de mestrado da primei-
ra autora junto ao Programa de Pós-graduação em Política Social e Ser-
viço Social (UFRGS). A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da Unidade de Ensino com número de aprovação CAAE
45796721.8.0000.5334.
Referências
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derativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da Repúbli-
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mai. 1999; retificado em 18 jun. 1999 e 21 jun. 1999. Dispo-
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Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
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______. Lei nº 8.080 de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre
as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde,
a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e
dá outras providências. Diário Oficial da União: Brasília, 20 set.
1990. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/
l8080.htm. Acesso em: 15 fev. 2022.
______. Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os
planos de benefícios da previdência social e dá outras providên-
cias. Diário Oficial da União: Brasília, 25 jul. 1991, republicado
em 11 abr. 1996 e republicado em 14 ago. 1998. Disponível
em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm.
Acesso em: 28 jan. 2022.
O
presente artigo irá abordar os desafios enfrentados pelos
trabalhadores adoecidos e incapacitados para o labor na
sociedade capitalista, a partir da crítica em relação ao
estigma do “encostado”, nomenclatura utilizada popularmente para
definir usuários que acessam benefícios da política de Previdência
Social. Neste sentido, será refletido sobre a centralidade do trabalho
e a consequente redução/limitação da vida ao emprego, utilizando-
-se de subsídios os resultados da pesquisa “A desproteção social e o
adoecimento no trabalho bancário: para quê(m) serve o “pente-fi-
no”do INSS?” na qual trabalhadores adoecidos do setor bancário
trouxeram os desafios enfrentados quando diagnosticados inca-
pazes para o exercício do labor; e a importância da rede de apoio
social e familiar para a superação dos estigmas que envolvem o
afastamento e a recuperação da saúde.
Sofrimento
Bancário A Público Técnico
Bancário 31 anos psíquico e B91
LER/DORT
Assistente
Bancária B Privado de Geren- 21 anos Sofrimento B91
te psíquico
Gerente
de contas
Bancária D Privado pessoa 33 anos LER/DORT B91
física
Muitos não sabem até hoje que eu estou afastada. Alguns até pensam
que eu já estou aposentada porque sabem que eu sou bancária há muito
tempo. Mas assim, são poucas pessoas que sabem que eu estou afastada
porque infelizmente... Hoje eu sei que tenho todo esse direito? Sei que eu
tenho todo esse direito porque eu adoeci no banco e por causa do banco,
eu sei tudo isso. Mas ainda tu tem aquele sentimento, eu tenho aquele
sentimento de vergonha ainda, de dizer “ eu estou afastada “ porque a
sociedade te vê assim, como, eles usam a palavra encostado, hoje em dia
eu aprendi que eu não sou uma encostada. Mas eles usam ainda. Te vêem
assim como uma pessoa que não trabalha, que a gente tem a obrigação
de trabalhar, como se fosse, vamos supor “ uma vagabunda “. [...] Uma
“vagabunda” nos termos de não trabalhar. A gente é visto assim. Eu sinto
vergonha disso. Por isso que muitos não sabem…
O que eu passo é suplício, de não saber o que vai ser meu dia de
amanhã, se eu vou estar recebendo, se eu não vou, se eu vou conse-
guir pagar minhas contas, se eu vou conseguir, se eu vou ter alguém
Conclusões
‘Notas
1
Para mais dados sobre a Ação Civil Pública em relação ao banco Itaú,
acesse o processo: nº 0010182-28.2013.5.12.0035.
2
Para mais dados sobre a Ação Civil Pública em relação ao banco San-
tander acesse o processo: nº 342-81.2017.5.10.0011
3
Referimo-nos ao limbo previdenciário quando período em que o tra-
balhador discute sua situação junto ao INSS sem o recebimento de
remuneração por parte do órgão, tampouco pelo empregador.
Referências
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