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NOÇÕES DE

DIREITO DO
TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho

SISTEMA DE ENSINO

Livro Eletrônico
NOÇÕES DE DIREITO DO TRABALHO
Princípios do Direito do Trabalho
Maria Rafaela

Sumário
Apresentação. . .................................................................................................................................. 3
Princípios do Direito do Trabalho................................................................................................. 4
1. Núcleo Basilar de Princípios Especiais.. .................................................................................. 4
2. Princípio da Proteção. . ................................................................................................................ 5
3. Princípio da Norma mais Favorável.. ....................................................................................... 9
4. Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas...................................................... 11
5. Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas.................................................. 11
6. Princípio da Condição mais Benéfica.....................................................................................12
7. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva. . .................................................................13
8. Princípio da Intangibilidade Salarial......................................................................................15
9. Princípio da Intangibilidade Contratual Objetiva.. ............................................................... 17
10. Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma.......................................................... 18
11. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego. . ..........................................................19

12. Princípios Justrabalhistas Especiais Controvertidos, Princípio In Dubio pro


Operario, Princípio do Maior Rendimento.................................................................................21
13. Renúncia e Transação no Direito do Trabalho....................................................................21
14. Super-Revisão de Princípios Trabalhistas para a Melhor Síntese nas Provas.. ......... 24
Resumo............................................................................................................................................. 30
Mapas Mentais................................................................................................................................31
Questões de Concurso.................................................................................................................. 32
Gabarito............................................................................................................................................ 58
Referências...................................................................................................................................... 59
Anexo – Jurisprudência. . ...............................................................................................................60

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Apresentação
Olá, querido(a) aluno(a)! Tudo bem contigo?
Espero que você esteja estudando muito e aproveitando esses materiais que estou elabo-
rando. Não é para desanimar jamais! Eu e a equipe do GRAN estamos aqui para turbinar seus
estudos e você ser aprovado(a)! Meu nome é Maria Rafaela de Castro. Atualmente sou Juíza
do Trabalho no TRT 7ª Região.
Eu e todo a equipe do GRAN estamos aqui para te dar o máximo de dicas, teorias, exercí-
cios, respondendo questões de provas anteriores e criando questões inéditas. Nesse ponto,
esse material vai te ajudar a chegar à posse.
No fim do nosso material, existe toda a jurisprudência atualizada sobre o tema exatamente
para que você esteja apto para as provas. Então, teremos um conjunto de aulas para esgotar o
seu edital de Direito do Trabalho, buscando sua sonhada aprovação.
Espero que você goste do que vamos estudar e do material a seguir. Estou esperando as
dúvidas no Fórum do Aluno! Preparado(a)? É para dizer SIM! SEMPRE!
Maria Rafaela de Castro
@mrafaela_castro

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PRINCÍPIOS DO DIREITO DO TRABALHO


1. Núcleo Basilar de Princípios Especiais
Os princípios são fontes jurídicas, previstas no artigo 8º da CLT. Possuem diversas finalida-
des, tais como interpretativa e supletiva, ou podem informar determinada regra.
Ou seja, são proposições fundamentais, sendo partes integrantes do sistema, da ciência
jurídica, com muito destaque no Direito do Trabalho. Apesar de sua importância, não são axio-
mas (ideias/valores/preceitos) absolutos e imutáveis.
Os princípios atuam, muitas vezes, numa fase anterior à própria formação da norma jurídi-
ca, daí porque alguns doutrinadores dizem que são fontes materiais do direito nesse momento,
pois ajudam o legislador a elaborar a norma. Exemplo: princípio da proporcionalidade.
Num segundo prisma, os princípios possuem uma matriz de interpretação jurídica, bem
como aplicação no caso concreto. Você pode chamar de função descritiva.
Também podem atuar na omissão da lei, funcionando como peças importantes na integra-
ção do sistema. Então, aqui, temos uma função subsidiária.
Ou, ainda, os princípios podem mesmo atuar de forma a tratar diretamente um caso con-
creto, e, com isso, existe sua função normativa.
Entre esses princípios que sintetizam norma, temos alguns princípios expressamente pre-
vistos na CF/88, chamados princípios constitucionais do trabalho, os quais podemos citar: a)
a dignidade da pessoa humana; b) princípio da valorização do trabalho e do emprego; c) prin-
cípio da não discriminação; d) princípio da igualdade etc.
Para o direito do trabalho, nos termos do artigo 8º da CLT, são aplicáveis como fontes tanto
os princípios gerais como os princípios específicos do direito do trabalho.
Em relação aos princípios gerais aplicados ao direito do trabalho, podemos citar, por exem-
plo, o princípio da inalterabilidade contratual lesiva, lealdade e boa-fé como presunção inicial
dos comportamentos humanos.
Nesse caso, GODINHO (2019; 228-229) ressalta como princípios gerais utilizados no âmbi-
to do direito do trabalho: a) lealdade e boa-fé; b) não alegação da própria torpeza; c) efeito lícito
do exercício regular do próprio direito; d) vedação da prática de abuso de direito.
Segundo o jurista Robert Alexy, os princípios estabelecem preceitos de otimização, en-
quanto a regra normativa indica uma consequência jurídica a cada fato/situação. Para o direito
do trabalho, os princípios representam valores fundamentais que constituem o núcleo do pró-
prio sistema jurídico trabalhista. Isso, inclusive, foi enunciado de prova de concurso.
Diante disso, vamos trabalhar com uma tabela para explicar melhor a situação:

Funções dos Princípios


Descritiva Interpretativa/Integrativa Normativa
Os princípios atuam aqui ajudando Na interpretação, existe uma lei e o prin-
na descrição da norma futura, cípio auxilia na máxima utilização da O princípio se transforma
servindo como espelho para o norma. Na integração, ele age na ausên- efetivamente numa
legislador. Por isso, que o princípio cia de norma sobre o tema. Por isso que, norma jurídica.
“descreve” o que deve ser feito. nesse último, é uma função supletiva.
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Entre os princípios específicos do direito do trabalho, passaremos a analisar a partir de


cada capítulo abaixo.

001. (TRT-8ª/TRT-8ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) De acordo com a doutrina pátria, o princí-


pio da norma mais favorável dispõe que, o operador do Direito do Trabalho, deve optar pela
regra mais favorável ao obreiro em três dimensões distintas: no princípio orientador da ação
legislativa, no princípio orientador do processo de hierarquização de normas trabalhistas e no
princípio orientador do processo de revelação do sentido da regra trabalhista.

São triplas as funções de qualquer dos princípios específicos do direito do trabalho, desde a
sua construção, até mesmo em relação à aplicação e à interpretação pelo operador do direito.
Isso serve para qualquer um dos princípios que forem mencionados.
Certo.

O PULO DO GATO
A visão mais ampla do princípio da norma mais favorável entende que este atua em tríplice
dimensão no direito do trabalho: informadora, interpretativa/normativa e hierarquizante

2. Princípio da Proteção
Antes de começar a tratar dos princípios específicos, vamos relembrar os pontos mais im-
portantes dos princípios no direito do trabalho. Diante disso, veja:

Descritivas

Funções Normativas

Subsidiária – interpretativa/integrativa

Princípio da boa-fé

Princípio da vedação do abuso do direito

Princípios Gerais
Princípio do regular exercício do direito
Princípios de Direito

Evitar abuso de direito

Não se pode beneficiar da sua


própria torpeza

Ex.: in dubio pro reo

Princípios Específicos Princípio da proteção


de Direito
Princípio da primazia da
realidade sobre a forma

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Esse princípio visa proteger a parte mais frágil/vulnerável da relação, buscando propiciar
aqui uma situação de equilibrar a relação jurídica. Visa proteger os trabalhadores, daqui ema-
nando uma série de princípios, principalmente relacionados com sua condição econômica e
social mais fragilizada ou desfavorável.
Esse princípio é responsável por justificar a existência do Direito do Trabalho, pois limitará
as relações privadas, interferindo na autonomia da vontade.
Destaca-se a posição clássica do uruguaio Américo Plá Rodriguez, referência no estudo
de princípios e mencionado pela melhor doutrina. Ele aponta que o princípio da proteção é o
carro-chefe.
Inclusive, a observação desse jurista é cobrada em provas, pois afirma existirem três di-
mensões do princípio da proteção. Na dúvida, em regras de direito material, favorece-se o
trabalhador, daí porque se deve aplicar tanto a norma como a condição mais benéfica. Veja:

In dubio pro operario

Princípio da norma mais favorável, com a


Princípio da
ressalva da Reforma Trabalhista, em que o
Proteção
ACT prevalecerá sempre sobre a CCT

Princípio da condição mais benéfica

No direito do trabalho temos essa principiologia mais protetiva. Temos aqui uma evolução
da aplicação dos direitos fundamentais. Você sabe que existem duas teorias para explicar os
direitos fundamentais, surgindo agora uma terceira que se aplica ao direito do trabalho.
É importante saber isso porque os direitos trabalhistas são sociais. Com base nisso, encai-
xam-se no rol dos direitos fundamentais como está disposto na Constituição Federal de 1988.
Na disciplina de direito constitucional, você estuda: a) verticalização dos direitos funda-
mentais: relação do Estado com os indivíduos/sociedades na aplicação de direitos fundamen-
tais; b) horizontalização dos direitos fundamentais: relação dos indivíduos entre si e a aplica-
ção dos direitos fundamentais.
Na verticalização, temos como exemplo, a situação em que o Estado age com o indivíduo
e se limita nos direitos fundamentais. Exemplo: o Estado desapropria seu imóvel, mas precisa
pagar uma indenização prévia e justa.

Na horizontalização, é possível citar o exemplo da associação que vai expulsar o associa-


do e, no entanto, para tais fins deverá usar o devido processo legal, permitindo que o associado
possa desempenhar seu direito de defesa (indivíduo x indivíduo).

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No âmbito da classificação dos direitos do trabalho, tem-se a teoria da diagonalização dos


direitos fundamentais. Essa teoria busca aplicar os direitos fundamentais, mas não de forma
plana como na horizontalização em que as partes estariam, em tese, em situações sociais e
econômicas iguais.
Tanto no direito do trabalho quanto no direito do consumidor temos uma situação em que
uma das partes é mais vulnerável, em situação mais desfavorável economicamente. Isso im-
plica uma reanálise da atuação dos direitos fundamentais.
Por isso, foi desenvolvida tanto para o âmbito do direito do consumidor quanto para o direi-
to do trabalho a TEORIA EFICÁCIA DIAGONAL dos direitos fundamentais.
Isso ocorreu pela própria característica do direito do trabalho, nesse viés mais protecionis-
ta e social. Sendo assim, o Tribunal Superior do Trabalho vem utilizando essa teoria diagonal.
Há uma relação desigual, muitas vezes, nas relações trabalhistas.
Por exemplo: imagine-se um operário no âmbito de uma empresa multinacional. Porém,
isso não é uma situação generalizada. Podemos ter situações trabalhistas em que as partes
estão economicamente quase na mesma situação, não havendo uma disparidade tão acentu-
ada, como a doméstica e uma família de classe média.
Porém, essa aplicação diagonal busca aproximar melhor da justiça aquela parte da rela-
ção que está em situação desfavorável. Mais um exemplo: a inversão do ônus da prova no
processo do trabalho, ou entender que a lei do doméstico deve ser interpretada de forma mais
favorável ao doméstico etc.
A aplicação diagonal dos direitos fundamentais surge exatamente como uma característi-
ca do direito do trabalho que tem esse viés social mais acentuado.
Essa visão social tem essa amplitude quando se supera a dificuldade principal, aumentan-
do a proteção gradativamente da parte mais frágil. É o caso do consumidor e do trabalhador,
por exemplo.
Nesse ponto, é importante que você vá para as próximas provas sabendo que o Tribunal
Superior do Trabalho entende ser possível aplicar essa teoria no direito e processo do trabalho.
Com isso, você captou a essência do direito do trabalho e suas principais características.

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Veja a tabela que construí para você fixar melhor:

Verticalização dos direitos Horizontalização dos direitos Diagonalização dos direitos


fundamentais fundamentais fundamentais
Aqui vemos com muita fre- Aqui vemos com muita frequ- Aqui vemos com muita frequ-
quência no direito público, ência no direito privado, por ência no direito “social”, por
por exemplo, Direito Admi- exemplo, Direito Civil. Todos exemplo, Direito do Traba-
nistrativo. O Estado possui são livres para se associarem. lho e Direito do Consumidor.
sua supremacia, mas deve No entanto, quando uma as- Apesar de ser uma relação
obediência aos direitos fun- sociação, por exemplo decide privada, existe uma parte
damentais. Gosto muito do expulsar um associado deve inevitavelmente “mais fraca”
exemplo da desapropriação. também aplicar os direitos na relação. Chamamos de
O Estado pode desapro- fundamentais, como o devi- hipossuficiente. Sendo uma
priar, mas tem que indenizar do processo legal. Esse caso, relação privada, as normas
previamente. Ocorre uma inclusive, foi o decidido pelo tendem a permitir uma “dia-
aplicação dos direitos fun- Supremo Tribunal Federal gonalização” naquela linha
damentais quando os indiví- que decidiu que também se que antes era só horizontal
duos estão abaixo do Estado. aplicam direitos fundamen- para que as partes possam
tais nas relações privadas. estar em igualdade/simetria e
assim termos uma aplicação
justa dos direitos fundamen-
tais. Exemplo: a possibilidade
de inversão do ônus da prova.

RECAPITULANDO: Quando se trata de direitos fundamentais, existem teorias sobre sua


aplicação: teoria da horizontalização, verticalização e diagonalização. As duas primeiras são
conhecidas, tratando-se da relação Estado e indivíduo e entre os indivíduos. A diagonalização
surge exatamente quando uma das partes está em situação desfavorável econômica, jurídica
ou socialmente e é preciso equilibrar as forças. Com isso, existe a diagonalização. O TST já
adotou essa tese.
Você precisa relembrar o que já falei acerca da eficácia diagonal dos direitos fundamentais,
pois tem tudo a ver com o princípio da proteção. Fica esperto neste pulo do gato:

O PULO DO GATO
Quando se trata de direitos fundamentais, existem teorias sobre sua aplicação: teoria da ho-
rizontalização, verticalização e diagonalização. As duas primeiras são conhecidas, tratando-
-se da relação Estado e indivíduo e entre os indivíduos. A diagonalização surge exatamente
quando uma das partes está em situação desfavorável econômica, jurídica ou socialmente e é
preciso equilibrar as forças. Com isso, existe a diagonalização. O TST já adotou essa tese. Isso
em nome de preservar o princípio da proteção.

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Em suma, seria o princípio da proteção inspirador para os demais. Destaque-se que estou
falando de uma norma de direito material. Ou seja, quando trato de direitos do trabalho. Isso
não atinge aspectos processuais. Lá não se aplica esse princípio. Muito cuidado!

002. (FCC/PGE-RO/PROCURADOR DO ESTADO/2011) O princípio protetor é representado


pela tríplice vertente: in dubio pro societate, a aplicação da norma mais favorável e a condição
mais benéfica.

Destaca-se a posição clássica do uruguaio Américo Plá Rodriguez, referência no estudo de


princípios e mencionado pela melhor doutrina. Ele aponta que o princípio da proteção é o carro-
chefe. Inclusive, a observação desse jurista é cobrada em provas, pois afirma existirem três
dimensões do princípio da proteção. Na dúvida, em regras de direito material, favorece-se o
trabalhador, daí porque se deve aplicar tanto a norma como a condição mais benéfica. Trata-se:
in dubio pro operario, aplicação da norma mais benéfica, aplicação da condição mais benéfica.
In dubio pro societate é a favor da sociedade, que não se encaixa na proteção do trabalhador.
Errado.

3. Princípio da Norma mais Favorável


Esse princípio norteia o direito do trabalho em três grandes níveis: 1) quando forem ela-
borar a norma, devem observar, entre as condições possíveis, a mais favorável para o traba-
lhador; 2) quando duas ou mais regras concorrerem, devem levar em consideração a norma
mais favorável ao trabalhador; 3) quando for interpretar determinada norma, tem que levar em
consideração aquela que for mais favorável ao trabalhador.
Por isso que existe tanta crítica e tanta alegação de inconstitucionalidade da Reforma Tra-
balhista no Brasil e das Medidas Provisórias n. 927 e 936, durante a pandemia da COVID-19.
Porém, essas alegações e críticas não são cobradas nas provas objetivas.
GODINHO (2019; 235) menciona:

Como critério de hierarquia, permite eleger como regra prevalecente, em uma dada situação do
conflito de regras, aquela que for mais favorável ao trabalhador, observados certos procedimentos
objetivos orientadores, evidentemente (…) Como princípio da interpretação do Direito, permite a es-
colha da interpretação mais favorável ao trabalhador, caso antepostas ao intérprete duas ou mais
consistentes alternativas de interpretação em face de uma regra jurídica enfocada.

Assim, na criação, na aplicação e na integração das normas trabalhistas, esses aspectos


devem ser levados em consideração em torno do princípio da norma mais favorável.

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003. (FCC/PGE-RO/PROCURADOR DO ESTADO/2011) O princípio da aplicação da norma


mais favorável aplica-se da seguinte forma: havendo normas válidas incidentes sobre a rela-
ção de emprego, deve-se aplicar aquela mais benéfica ao trabalhador.

Uma das premissas do princípio é exatamente ter esse viés de, na interpretação, usar a norma
mais favorável ao trabalhador, como uma extensão do princípio da proteção.

Certo.

Ainda cabem duas informações importantes sobre esse princípio já vistas nas au-
las passadas:
• O Brasil, após a Reforma Trabalhista, considera que o ACORDO COLETIVO prevalece-
rá sempre sobre a CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO, apesar de, em determinado
caso, trazer uma situação menos favorável. Por isso que muito se questiona sobre sua
constitucionalidade. Porém, na prova objetiva, marcar como correta a premissa da Re-
forma Trabalhista, no artigo 620 da CLT;
• No Brasil, adota-se, como regra, a teoria do conglobamento. Vamos lembrar de conglo-
bamento e acumulação?

Conglobamento Acumulação
Verifica no conjunto de provas aquilo que for Tem um sinônimo: teoria da atomização.
mais favorável ao trabalhador. Nesse caso, o Escolhe o que for mais favorável de cada
trabalhador analisa no globo (conglobamento) espécie normativa, criando uma espécie de 3ª
aquilo que for mais interessante e aplica a norma norma só com os direitos vantajosos, aplican-
na sua integralidade. do-os na prática trabalhista.
Aqui não existe fracionamento das normas. Existe fracionamento das normas.
Ex: norma A ou norma B. Ex.: norma A e norma B – junta todas as vanta-
BRASIL ADOTA COMO REGRA. gens em cada uma delas.

O PULO DO GATO
O Brasil adota o princípio da norma mais favorável. Ocorre que o sistema jurídico adota a
teoria do conglobamento e, ainda, deve-se marcar na prova a literalidade do dispositivo da
CLT, em que:

Art. 620. As condições estabelecidas em acordo coletivo de trabalho sempre prevalecerão sobre as
estipuladas em convenção coletiva de trabalho.

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4. Princípio da Imperatividade das Normas Trabalhistas


As normas trabalhistas são consideradas como direitos fundamentais sob a roupagem de
direitos sociais.
Como reflexo desse princípio, podemos entender que ele representa a restrição à autonomia
da vontade inerente ao contrato de trabalho, em contraponto à soberania da vontade contratual
das partes que prevalece no Direito Civil, é tida como instrumento que assegura as garantias fun-
damentais do trabalhador, em face do desequilíbrio de poderes inerentes ao contrato de emprego.
Com isso, as regras jurídicas que possuem a tutela de proteção do Estado aos direitos mí-
nimos merecem ser protegidos sob o manto da imperatividade, ou seja, tornam-se de natureza
obrigatória.
Algumas matérias sequer podem ser negociadas por acordo ou convenção coletiva, como
questões de saúde pública, bem como da assinatura do contrato de trabalho.
Assim, deve-se ficar atento a normas que representam o patamar civilizatório mínimo,
como vimos no artigo 7º da CF/88, não podendo haver negociação em sentido contrário.
Por exemplo: anotação da CTPS é direito indisponível absoluto. Logo, não podem as partes
“combinarem” de ter uma relação de emprego sem anotação na CTPS.
Geralmente, em salas de audiência, o empregador fala: “mas ele não queria que eu assinas-
se a CTPS”. Isso não prospera pelo caráter imperativo das normas trabalhistas.

5. Princípio da Indisponibilidade dos Direitos Trabalhistas


Pode-se dizer que ele é uma decorrência do princípio da imperatividade. Isso porque a dou-
trina faz uma divisão dos direitos de indisponibilidade absoluta ou relativa.
É por isso que esse princípio também é conhecido como da irrenunciabilidade dos direitos
trabalhistas.
Esse nome é criticado, pois há direitos que são passíveis de renúncia ou passíveis de tran-
sação, como está no artigo 472, § 2º, da CLT:

Nos contratos por prazo determinado, o tempo de afastamento, se assim acordarem as partes inte-
ressadas, não será computado na contagem do prazo para a respectiva terminação.

Nesse ponto, esse princípio traz à tona a regra muito importante que é a indisponibilidade
dos direitos trabalhistas. É muito apropriada a expressão de GODINHO (2019; 253):

Absoluta será a indisponibilidade, do ponto de vista do Direito Individual do Trabalho, quando o direi-
to enfocado merecer uma tutela de nível de interesse público, por traduzir um patamar civilizatório
mínimo firmado pela sociedade política em dado momento histórico. É o que ocorre, como já apon-
tado, ilustrativamente, com o direito à assinatura da CTPS, ao salário mínimo, à incidência das nor-
mas de proteção à saúde e segurança do trabalhador. (…) Relativa será a indisponibilidade, do ponto
de vista do Direito Individual do Trabalho, quando o direito enfocado traduzir interesse individual ou
bilateral simples, que não caracterize um padrão civilizatório geral mínimo firmado pela sociedade
política em dado momento histórico. É o que se passa, ilustrativamente, com a modalidade de salá-
rio paga ao empregado ao longo da relação de emprego (…).

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Diante disso, é preciso ter cautela e análise nas leituras dos enunciados de provas. Os direi-
tos trabalhistas, em tese, seriam absolutos, mas há exceções. Em suma: nem todos os direitos
trabalhistas são de indisponibilidade absoluta.
Veja como isso foi cobrado na prova de Procurador do Estado de Rondônia:

004. (FCC/PGE-RO/PROCURADOR DO ESTADO/2011) O princípio da irrenunciabilidade sig-


nifica a não admissão, em tese, que o empregado abra mão de seus direitos trabalhistas, em
grande parte imantados de indisponibilidade absoluta.

É exatamente isso. Veja que a banca deixou claro que, em tese, os direitos trabalhistas são
irrenunciáveis. Veja que a banca também afirmou “em grande parte”, deixando evidente que
existem direitos renunciáveis. Logo, passíveis de transação. Você pode analisar com muita
cautela isso nos artigos 611-A e 611-B da CLT.
Certo.

6. Princípio da Condição mais Benéfica


Esse princípio é interessante e diferente da norma mais benéfica pelo seguinte: enquanto
o princípio da norma mais benéfica significa aplicar a regra jurídica mais favorável ao trabalha-
dor, o da condição mais benéfica, significa que o direito mais benéfico se aplica ao trabalhador.
Posso ilustrar com o seguinte: a CLT possui normas mais favoráveis que a CF/1988. Então,
pelo princípio da aplicação da norma mais benéfica, irei usar a CLT.
No entanto, se existe a previsão de um direito mais benéfico no ACT ele prevalece, pois traz
uma condição mais favorável, ou seja, a cláusula contratual mais vantajosa.
Ou seja, nesse princípio não se trata de analisar a norma mais benéfica, mas sim a condi-
ção de cláusula contratual mais benéfica/favorável ao trabalhador.
Nesse ponto, registra-se a Súmula 51 do TST, recorrente nas provas:

NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468


DA CLT
I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas ante-
riormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento.
II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado
por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

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005. (TRT-8ª/TRT-8ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) As cláusulas regulamentares, que revoguem


ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a
revogação ou a alteração do regulamento.

A premissa da questão é verdadeira, pois reproduz a Súmula 51, I, do TST: As cláusulas re-
gulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas anteriormente, só atingirão os
trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do regulamento.
Certo.

7. Princípio da Inalterabilidade Contratual Lesiva


Significa que as alterações contratuais da relação de emprego não podem ser alteradas
unilateralmente pelo empregador para fins de piorar a situação jurídica do trabalhador. Existe
influência do Direito Civil.
Como consequência: é possível a alteração contratual unilateral do empregador para fins
de melhora da condição. Exemplo:

Exemplo: Emiliana trabalha em ambiente insalubre. Se o empregador deixar de mantê-la no


setor insalubre, muito embora ela perca o valor do percentual, sua situação será melhor para
ela, pois haverá uma situação mais benéfica para a sua saúde e condição física.

Mesmo raciocínio serve para situações de periculosidade, adicional noturno, habitualidade


de horas extras etc.
Na essência desse princípio, temos a regra de que, nos contratos individuais de trabalho, só
é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde
que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da
cláusula infringente desta garantia.
Destaco três dispositivos importantes da CLT para seu conhecimento:

Art. 444. As relações contratuais de trabalho podem ser objeto de livre estipulação das partes inte-
ressadas em tudo quanto não contravenha às disposições de proteção ao trabalho, aos contratos
coletivos que lhes sejam aplicáveis e às decisões das autoridades competentes.
Parágrafo único. A livre estipulação a que se refere o caput deste artigo aplica-se às hipóteses
previstas no art. 611-A desta Consolidação, com a mesma eficácia legal e preponderância sobre os
instrumentos coletivos, no caso de empregado portador de diploma de nível superior e que perceba
salário mensal igual ou superior a duas vezes o limite máximo dos benefícios do Regime Geral de
Previdência Social.

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Princípios do Direito do Trabalho
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Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.
Art. 469. Ao empregador é vedado transferir o empregado, sem a sua anuência, para localidade
diversa da que resultar do contrato, não se considerando transferência a que não acarretar necessa-
riamente a mudança do seu domicílio.
§ 1º Não estão compreendidos na proibição deste artigo: os empregados que exerçam cargo de
confiança e aqueles cujos contratos tenham como condição, implícita ou explícita, a transferência,
quando esta decorra de real necessidade de serviço.
§ 2º É licita a transferência quando ocorrer extinção do estabelecimento em que trabalhar o empre-
gado.
§ 3º Em caso de necessidade de serviço o empregador poderá transferir o empregado para locali-
dade diversa da que resultar do contrato, não obstante as restrições do artigo anterior, mas, nesse
caso, ficará obrigado a um pagamento suplementar, nunca inferior a 25% (vinte e cinco por cento)
dos salários que o empregado percebia naquela localidade, enquanto durar essa situação.

Esse princípio traz à tona a característica de ALTERIDADE do empregador, na medida em


que o empregador assume os riscos do sucesso ou do fracasso do empreendimento, não po-
dendo transferir ao empregado os problemas do seu empreendimento.
Toda alteração contratual lesiva ao trabalhador, como, por exemplo, possibilidade de re-
dução de salários, deve ocorrer mediante negociação coletiva (ACT ou CCT), destacando-se o
que já se estudou do artigo 7º, VI, da CF/1988.
Observe-se que os princípios não têm natureza absoluta, admitindo ressalvas/exceções,
como ocorre no artigo 503 da CLT, por exemplo. Assim, tem como exceções a esse princípio:
possibilidade de arbitragem individual, contrato de adesão para a rescisão do contrato de tra-
balho etc. Ao mesmo tempo em que se permite a negociação coletiva, há limites também para
estes fins.

O PULO DO GATO
Os princípios específicos do direito do trabalho são relativos, podendo ocorrer exceções às
regras. Logo, nenhum princípio não tem natureza absoluta. Essa ideia não foi afastada pela
Reforma Trabalhista. O princípio da inalterabilidade só se refere à impossibilidade de alteração
unilateral das regras maléficas.

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006. (FCC/TRT-11ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) O princípio da autonomia privada coletiva


autoriza a negociação coletiva quanto a direitos dos trabalhadores, exceto quanto à redu-
ção salarial.

A autonomia coletiva é exatamente a negociação coletiva. Analisando o artigo 7º, VI, da


CF/1988, é possível a negociação coletiva para fins de redução do salário, nos termos do artigo
611-B da CLT. Sendo assim, é exatamente o contrário do que consta na premissa.
Errado.

8. Princípio da Intangibilidade Salarial


Esse princípio segue o raciocínio do que falamos anteriormente, pois aqui se trata da pro-
teção salarial, assegurando o valor, pela natureza alimentar.
É um princípio concernente ao direito do trabalho, segundo o qual a verba salarial merece
garantias diversificadas da ordem jurídica, de modo a assegurar seu valor, montante e disponi-
bilidade em benefício do empregado
Sobre essa natureza alimentar, destaco a posição muito interessante de GODINHO
(2019; 243):

A noção de natureza alimentar é simbólica, claro. Ela parte do suposto – socialmente correto, em
regra – de que a pessoa física que vive fundamentalmente de seu trabalho empregatício proverá
suas necessidades básicas do indivíduo e de membro de uma comunidade familiar (alimentação,
moradia, educação, saúde, transporte etc.) com o ganho advindo desse trabalho: seu salário. A es-
sencialidade dos bens a que se destinam o salário do empregado, por suposto, é que induz à criação
de garantias fortes e diversificadas em torno da figura econômico – jurídica (…) mas é o salário, sem
dúvida, a mais relevante contrapartida econômica pelo trabalho empregatício.

Desse princípio surgem consequências, como, por exemplo, a garantia do valor do salário,
garantia contra mudanças normativas prejudiciais ao valor do salário etc. Veja como as pro-
vas cobram:

007. (FCC/TRT-11ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) Considerando-se a doutrina, a legislação e o


entendimento sumulado pelo TST, em relação aos princípios que orientam o Direito do Traba-
lho no Brasil, o princípio da intangibilidade salarial admite exceções somente quando houver
autorização expressa do trabalhador.

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Nesse caso, está equivocada a alternativa, nos termos do artigo 7º, VI, da CF/1988, em que se
destaca que a possibilidade de redução de salários somente ocorre por negociação coletiva –
ACT ou CCT.
Errado.

Importante destacar aqui a questão da impenhorabilidade do salário. Isso porque temos


reflexões jurisprudenciais sobre o tema: verba trabalhista aplicada é impenhorável até 40 salá-
rios mínimos. Os valores recebidos em rescisão trabalhista são impenhoráveis para efeitos de
execução até o limite de 40 salários-mínimos
Há entendimento do STJ sobre a matéria:

Ocorre que o novo Código de Processo Civil, em seu art. 833, deu à matéria tratamento
um tanto diferente em relação ao Código anterior, no art. 649, substituindo no caput a
expressão ‘absolutamente impenhoráveis’ pela palavra ‘impenhoráveis’, dando, assim,
margem à mitigação da regra pelo intérprete, ao considerar o caso concreto.” (AgInt no
AREsp 1.336.881/DF, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 23/04/2019,
DJe 27/05/2019)

Diante disso, veja a relatividade dos princípios trabalhistas. Por fim, veja dispositivo impor-
tante da CLT acerca dos princípios:

Art. 462. Ao empregador é vedado efetuar qualquer desconto nos salários do empregado, salvo
quando este resultar de adiantamentos, de dispositivos de lei ou de contrato coletivo.§ 1º - Em caso
de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde de que esta possibilidade tenha sido
acordada ou na ocorrência de dolo do empregado.

Além disso, deve-se destacar a nova visão do artigo 468 da CLT, principalmente porque
quem recebia gratificação por muito tempo, como, por exemplo, 10 anos, fazia uso da ideia de
estabilidade financeira, não podendo ser suprimida. A Reforma Trabalhista fez essa alteração.
Fique atento ao dispositivo abaixo, pois já é cobrado nas provas:

Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.

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9. Princípio da Intangibilidade Contratual Objetiva


Esse princípio decorre da própria noção do princípio da inalterabilidade contratual lesiva.
Ele faz menção agora às regras objetivas do contrato, na medida em que não podem mo-
dificar as normas de forma unilateral em prejuízo do trabalhador, parte mais vulnerável da
relação jurídica.
Isso aqui é importante, principalmente com a mudança do empregador e a ideia de suces-
são trabalhista.
Nesse ponto, destacam-se os seguintes artigos da CLT, que são recorrentes nas provas:

Art. 9º Serão nulos de pleno direito os atos praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou frau-
dar a aplicação dos preceitos contidos na presente Consolidação.
Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por
seus empregados.
Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalho dos respectivos empregados.
Art. 448-A. Caracterizada a sucessão empresarial ou de empregadores prevista nos arts. 10 e 448
desta Consolidação, as obrigações trabalhistas, inclusive as contraídas à época em que os empre-
gados trabalhavam para a empresa sucedida, são de responsabilidade do sucessor.
Parágrafo único. A empresa sucedida responderá solidariamente com a sucessora quando ficar
comprovada fraude na transferência.
Art. 449. Os direitos oriundos da existência do contrato de trabalho subsistirão em caso de falência,
concordata ou dissolução da empresa.
§ 1º Na falência constituirão créditos privilegiados a totalidade dos salários devidos ao empregado
e a totalidade das indenizações a que tiver direito.

Pelos dispositivos acima transcritos fica evidente que o conteúdo do contrato, objetiva-
mente considerado, não pode ser alterado em desfavor do reclamante, apesar da alteração da
situação das partes envolvidas.
A mudança do empregador não altera a relação trabalhista. Lembre-se de que a pessoali-
dade só existe para a pessoa do empregado.
No caso do empregador, essa pessoalidade não subsiste. Exatamente porque é um reflexo
da relação de emprego entre as partes. Veja como é cobrado nas provas:

008. (FCC/TRT-11ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) O conteúdo do contrato de emprego, de acor-


do com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, poderia ser modificado, caso ocorres-
se efetiva mudança no plano do sujeito empresarial.
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A premissa está equivocada, desvirtuando o princípio que estamos estudando. Além disso,
não altera em nada a relação de emprego, mesmo que altere a figura do empregador, como
ocorre com a sucessão trabalhista. Nesse ponto, destaque-se na CLT:

Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da empresa não afetará os contratos de
trabalho dos respectivos empregados.
Errado.

10. Princípio da Primazia da Realidade sobre a Forma


Um dos princípios mais invocados nas questões de prova e na prática jurídica. Significa
que os fatos podem ter validade maior que os documentos.
Preste atenção! Não significa que a prova documental não é aproveitada ou considerada
pelo juiz, mas sim que o juiz analisará muito mais o conteúdo que a forma.
Então, por exemplo, se Berenice assina um contrato de prestação de serviços, mas con-
segue demonstrar que realmente existe uma relação de emprego, prevalece a sua tese. Isso
porque a realidade é mais importante que a formalidade.
O importante e mais relevante é o conteúdo, pois se busca a verdade real, e não, simples-
mente, a verdade formal. É uma decorrência do princípio da proteção.
Também é conhecido como princípio realidade. Nesse ponto, GODINHO (2019; 244) ressalta:

No Direito do Trabalho, deve-se pesquisar, preferentemente, a prática concreta efetivada ao longo


da prestação de serviços, independentemente da vontade eventualmente manifestada pelas partes
na respectiva relação jurídica. A prática habitual – na qualidade de uso – altera o contrato pactuado,
gerando direitos e obrigações novos às partes contratantes (respeitada a fronteira da inalterabilida-
de contratual lesiva).

009. (FCC/TRT-11ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) O Juiz do Trabalho pode privilegiar a situa-


ção de fato, devidamente comprovada, em detrimento dos documentos ou do rótulo conferido
à relação de direito material, em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma.

Exatamente a aplicação do princípio da primazia da realidade sobre a forma. Nesse ponto, o


juiz pode ultrapassar a ideia de rótulos formais em nome da real essência da relação jurídica.
A premissa é o conceito do princípio da primazia da realidade sobre a forma.
Certo.

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O conteúdo do contrato é mais relevante. Tudo em nome de se encontrar a verdade real, a


principal essência da relação.
Nesse ponto, até mesmo as anotações na CTPS possuem presunção relativa (juris tantum),
conforme súmula do TST:

Súmula n. 12 do TST
CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida)
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram
presunção juris et de jure”, mas apenas juris tantum”.

Logo, se na CTPS existe a anotação de um salário mínimo, mas na prática, ele recebe “sa-
lário por fora”, se o empregado consegue provar, por exemplo, que eram pagos valores a mais,
ora, nesse ponto, prevalece o salário por fora. Por exemplo, o empregado junta os extratos de
transferência bancária em que recebia os valores.
Por fim, observe-se o que consta no site do TST exatamente sobre esse princípio que sintetiza:

O chamado Princípio da Primazia da Realidade define que em uma relação de trabalho o que real-
mente importa são os fatos que ocorrem, mesmo que algum documento formalmente indique o
contrário. Assim, vale mais a realidade, do que o que está formalizado no contrato.
Por exemplo: caso o empregador pague ao empregado um valor diferente do registrado na carteira,
ou o colaborador assine o ponto em horário contrário ao da jornada de trabalho. Essas situações
demostram que a realidade é diferente do que foi pactuado no contrato.
A incidência do Princípio da Primazia da Realidade pode ser observada no artigo 442 da Conso-
lidação das Leis do Trabalho que estabelece “contrato individual de trabalho é o acordo tácito ou
expresso, correspondente à relação de emprego”.
O artigo 456 da CLT também expressa a teoria, ao prever que a “prova do contrato individual do
trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento escrito e
suprida por todo os meios permitidos em direito”.

O PULO DO GATO
Pelo princípio da continuidade da relação de emprego, o contrato de trabalho é firmado por
tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Assim, a obri-
gação de provar a ruptura do contrato de trabalho é do empregador. Em respeito ao princípio
da primazia da realidade, o trabalho exercido de fato se sobrepõe às disposições contratu-
ais escritas. Além disso, deve-se buscar a real intenção das partes no momento de firmar o
contrato, seja verbal ou escrito.

11. Princípio da Continuidade da Relação de Emprego


Pela natureza alimentícia dos salários, entende-se que, em regra, o trabalhador precisa
manter a relação de emprego para manter seu sustento.

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Com isso, a regra é que o trabalhador foi dispensado sem justa causa. No caso de dúvi-
das ou insuficiência probatória (de provas) do empregador, presume-se que a dispensa foi
sem justa causa.
Também na dúvida se o contrato é por prazo determinado ou indeterminado, entende-se
que é indeterminado, justamente pela concepção de que o vínculo de trabalho deveria ser
permanente para manter o sustento.
Por isso, que o legislador exige formalidades do contrato por prazo determinado, por
exemplo, contrato de experiência, os contratos a termo etc. Diante disso, não estando for-
malizados os contratos por prazo determinado, entende-se que o contrato é POR PRAZO
INDETERMINADO.
Nesse ponto, tem-se claramente que a relação de emprego se constitui apesar da mu-
dança do empregador, tal como ocorre na sucessão trabalhista, conforme os artigos 10 e
448 da CLT.
GODINHO (2019; 245) menciona:

Informa tal princípio que é de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo emprega-
tício, com a integração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante tal
permanência e integração é que a ordem justrabalhista poderia cumprir satisfatoriamente o obje-
tivo teleológico do Direito do Trabalho, de assegurar as melhores condições, sob a ótica obreira,
de pactuação e gerenciamento da força de trabalho em determinada sociedade.

Existem outras modalidades de fim da ruptura contratual, porém, por esse princípio, na
dúvida, presume-se a continuidade da relação de emprego.
As outras modalidades que estudaremos nas próximas aulas são: pedido de demissão,
dispensa por justa causa, por culpa recíproca, força maior, extinção da empresa etc.
Nesse azo, é ônus do empregador provar a justa causa de um trabalhador ou que ele pe-
diu demissão. Na parte processual, esse princípio tem grande destaque.
Há sempre a ideia de continuidade da relação de emprego. Com isso, também há presun-
ções favoráveis ao trabalhador, dos quais destaca-se:

SÚMULA N. 212 - DESPEDIMENTO. ÔNUS DA PROVA


O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de ser-
viço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de
emprego constitui presunção favorável ao empregado.

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Veja o mapa mental:

Pedido de demissão tem que ser


provado pelo empregador

Natureza alimentar dos salários


Justa causa tem que ser provada
pelo empregador
Princípio da Em regra: o contrato por prazo
Continuidade da indeterminado
Presunção relativa das
anotações da CTPS Relação de Emprego
Em regra: dispensa sem
justa causa
Exceção: contrato por prazo
determinado que deve ser
FORMAL SEMPRE

12. Princípios Justrabalhistas Especiais Controvertidos, Princípio In


Dubio pro Operario, Princípio do Maior Rendimento
Alguns princípios são questionados no âmbito do direito do trabalho. Destacam-se dois
que são recorrentes nas provas de concurso e é por isso que separei um capítulo específico.
Princípio in dubio pro operario: aqui temos um princípio que favorece a parte mais vulnerá-
vel, in dubio pro misero.
Porém, isso é apenas um aspecto material. Não vale para fins processuais. Deve-se optar
pela norma ou condição mais favorável ao trabalhador na situação de interpretar qual norma
será aplicada.
Princípio do maior rendimento: aqui se tem a concepção de que o trabalhador gasta suas
energias com a força produtiva do seu empregador.
Existe uma vertente do princípio da lealdade e da boa-fé. Também leva em consideração o
poder diretivo do empregador e seu poder disciplinar, observando a boa-fé do empregado na
condução dos seus trabalhos.

13. Renúncia e Transação no Direito do Trabalho


Os direitos trabalhistas podem ser renunciados e transacionados? Para tais fins, é preciso
estabelecer duas grandes premissas:
• os direitos trabalhistas podem ter indisponibilidade absoluta e relativa;
• existem dois institutos relacionados com a renúncia e a transação.

Para fins de estudar essas perguntas, é possível analisar a CLT, do qual destaco, adaptando
na tabela abaixo (artigos 611-A e 611-B):

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Artigo 611-A Artigo 611-B


Podem ser negociados: o negociado prevalece sobre Não pode existir negociação, porque são matérias de
o legislado ordem pública
INDISPONIBILIDADE RELATIVA INDISPONIBILIDADE ABSOLUTA
Normas de identificação profissional, inclusive as
anotações na Carteira de Trabalho e Previdência
Banco de horas anual;
Social;
Intervalo intrajornada, respeitado o limite mínimo de
Seguro-desemprego, em caso de desemprego
trinta minutos para jornadas superiores a seis horas;
involuntário;
Adesão ao Programa Seguro Emprego (PSE);
Valor dos depósitos mensais e da indenização res-
Representante dos trabalhadores no local de trabalho;
cisória do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço
Teletrabalho, regime de sobreaviso, e trabalho
(FGTS);
intermitente;
Salário mínimo;
Remuneração por produtividade, incluídas as gorje-
Valor nominal do décimo terceiro salário;
tas percebidas pelo empregado, e remuneração por
Remuneração do trabalho noturno superior à do
desempenho individual;
diurno;
Troca do dia de feriado;
Proteção do salário na forma da lei, constituindo
Enquadramento do grau de insalubridade;
crime sua retenção dolosa;
Participação nos lucros ou resultados da empresa etc.
Salário-família;
Repouso semanal remunerado etc.

Nesse caso, verifica-se claramente que a Reforma Trabalhista fez uma divisão muito clara
sobre o que pode ser negociado (o tal do negociado que prevalece sobre o legislado) e o que
tem interesse público que não pode ser negociado em desfavor do trabalhador.
Então, duas conclusões devem ser consideradas: 1) nem sempre o negociado prevalece
sobre o legislado; 2) no caso do artigo 611-B da CLT pode existir negociação coletiva, mas para
favorecer o trabalhador, e não prejudicar.
Com base nisso, é preciso entender o que são direitos de indisponibilidade absoluta e rela-
tiva. Veja nesta tabela abaixo:

Indisponibilidade absoluta Indisponibilidade relativa


Existe um nível de interesse público.
Pode haver negociação coletiva quanto a
Patamar civilizatório mínimo.
esses direitos.
Exemplos: assinatura da CTPS, salário mínimo,
A autonomia da vontade é algo permitido pelo
normas de proteção de saúde e segurança do
legislador constituinte.
trabalhador etc.
Artigos 611-A e 611-B devem ser lidos com
Norma de interesse abstrato da categoria, como
frequência por você!
no caso de direito coletivo.

Então, com base nos conhecimentos doutrinários e legislativos acima, têm-se aqui duas
conclusões: 1) os direitos trabalhistas, independentemente, se forem relativos ou absolutos,
não podem ser renunciados em regra, pois somente em situações excepcionais se admite a
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renúncia; 2) somente alguns dos direitos podem ser transacionados, mas somente os direitos
de indisponibilidade relativa.
Sobre a renúncia dos direitos trabalhistas, tem-se a explicação de GODINHO (2019; 255):

Desse modo, independentemente da presença (ou não) dos requisitos jurídicos – formais, o ato de
renúncia, em si, é sumariamente repelido pela normatividade justrabalhista imperativa (arts. 9 e 444,
caput, CLT) e pelo princípio da indisponibilidade. Quer isso dizer que apenas em raríssimas situa-
ções – inquestionavelmente autorizadas pela ordem jurídica heterônoma estatal – é que a renúncia
será passível de validade. É o que ocorre, por exemplo, com a renúncia a velha estabilidade celetista
em decorrência da opção retroativa pelo regime do FGTS (…) Ou a renúncia tácita à garantia de
emprego pelo dirigente sindical que solicitar a transferência para fora da base territorial (...) Eviden-
temente que se verificando uma das raras situações de renúncia (…)

Além da transação e renúncia, tem-se, sobretudo, a ideia de conciliação que se assemelha


à transação, mas a conciliação é de aspecto processual.
A ideia de composição também é interessante, porque, nesse instrumento, também se re-
conhece a titularidade de um direito com o objetivo de solucionar a controvérsia.
Na transação, é preciso verificar a capacidade das partes, bem como a natureza dos direi-
tos envolvidos e se o objeto é lícito e possível, bem como determinado.
As regras para a transação são as do Código Civil quanto aos elementos dos negócios
jurídicos.
Analise a situação entre as distinções, cobradas em prova:

Transação Renúncia
Ato UNILATERAL
Ato BILATERAL
Não se renunciam direitos de indisponibilidade
Não pode haver transação de direito de indis-
absoluta e relativa, em regra.
ponibilidade absoluta. Pode haver transação de
É um ato rejeitado pela ordem jurídica em regra.
indisponibilidade relativa.
Somente em situações específicas podem ocor-
Observação: a conciliação é um ato judicial.
rer (ex.: renúncia da estabilidade sindical).

Absolutamente INDISPONÍVEIS:
assinatura da CTPS, normas de
dignidade, saúde, segurança etc.

Relativamente INDISPONÍVEIS:
Direitos
que a CF/1988 permite como
Trabalhistas
negociação coletiva: ACT e CCT

Transação: ato BILATERAL, pelo Renúncia: ato UNILATERAL, em


qual as partes acertam direitos e que o trabalhador se despoja de
obrigações (acordo) um direito de que é titular

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O PULO DO GATO
Não se renunciam direitos trabalhistas em âmbito individual. Transacionam-se direitos traba-
lhistas de indisponibilidade relativa. O que contrariar essa norma é nulo, nos termos do artigo
9º da CLT.

14. Super-Revisão de Princípios Trabalhistas para a Melhor Síntese nas


Provas
No PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO, o direito do trabalho utiliza algumas premissas para fins de
proteger a parte mais vulnerável ou hipossuficiente da relação trabalhista. Assim, é uma forma
de consertar os naturais desequilíbrios financeiros e sociais das partes na relação de trabalho.
Claro que isso é visto como uma premissa regra e apenas abrange o aspecto do direito ma-
terial, não sendo aplicável ao processo do trabalho. Então, na relação trabalhista, havendo dúvi-
das, por exemplo, sobre qual norma aplicar, deve-se considerar aquela que seja mais vantajosa
ao obreiro, na medida e que é preciso protegê-lo, surgindo, nessa concepção a possibilidade de
direitos de indisponibilidade absoluta.
GODINHO, por exemplo, aponta aqui a integridade física, anotação do contrato de emprego
na CTPS, pagamento do mínimo constitucional etc. Por isso, que a proteção surge como um
escudo evitando que o obreiro abra mão de direitos tão caros e conquistados durante os sécu-
los que se torne como descartável no sistema e na relação de emprego.
Esse princípio, portanto, aplica-se ao direito individual do trabalho, mas não ao direito pro-
cessual do trabalho e nem ao direito coletivo do trabalho, que será visto em livro próprio.
No âmbito processual, existe o ônus da prova em que cada parte demonstrará o que alega,
nos termos da CLT e do CPC. No âmbito do direito coletivo do trabalho, entende-se que as par-
tes (sindicatos entre si ou sindicato e empresa) possuem paridade de armas e de condições
de negociar de igual para igual.
É, assim, um princípio CENTRAL do direito do trabalho e que serve de fundamento e inspi-
ração para os demais princípios trabalhistas, razão pela qual entende-se que ele surge como
próprio justificador da ciência jurídica em estudo.
O PRINCÍPIO DA NORMA MAIS FAVORÁVEL significa que aplicaremos a norma que seja
mais vantajosa ao obreiro no que se refere a propiciar maiores ganhos e direitos. Isso deve ser
observado tanto no momento da elaboração da norma como na sua interpretação e aplicação.
É uma forma de estender em máxima completude o princípio da proteção.
Lembre-se que aqui no direito do trabalho – material individual – não temos a ideia de hie-
rarquia tal como ocorre em outros ramos jurídicos, mas sim a concepção de que, no confronto
de normas, aplica-se aquela que reúne maiores vantagens à classe trabalhadora. Logo, se o

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ACT trata de adicional de horas extras de 100% e a CF/88 fala em 50%, logo, aplica-se o ACT
naquele caso concreto em detrimento da norma constitucional.
Porém, isso era uma premissa absoluta que não admitia ressalvas, mas com a Reforma
Trabalhista, passou-se a estabelecer uma regra que pode ser cobrada em provas, qual seja,
no confronto do ACT e da CCT, prevalecerá sempre o ACT mesmo que preveja normas menos
favoráveis ao obreiro.
Logo, se pegarmos o mesmo exemplo acima, e observar o seguinte: se o ACT trata de adi-
cional de horas extras de 100% e a CF/88 fala em 50% e a CCT fala em 120%, aplica-se o ACT.
Embora no caso em comento, a CCT seja mais favorável ao obreiro do que o ACT, a Reforma
Trabalhista faz a determinação de que o ACT prevalecerá e, no exemplo indicado, o percentu-
al de 100%.
Então, esse princípio se aplica em situação de estabelecer o critério de hierarquia quando
da existência de confronto de duas ou mais normas versando sobre a mesma questão. Para
GODINHO, o fundamento desse princípio está no caput do artigo 7o da CF/88 e, assim, tem-se
que esse princípio se torna relevante quando o juiz vai aplicar a norma no caso concreto.
Um ponto importante é que esse princípio, ao menos, no Brasil, fez opção pela teoria DO CON-
GLOBAMENTO, na medida em que é a norma em sua totalidade que é aplicada na situação
concreta. Não é possível selecionar em cada legislação os pontos mais benéficos ao obreiro
para fins de aplicação, sob pena de criarmos uma terceira nova, em pura intervenção judicial
descabida.
O Brasil, portanto, não aceita a teoria da acumulação, pois é preciso ter em mente a totali-
dade da norma que será aplicada para fins de incidência no caso em comento. Como diz GO-
DINHO: “o operador jurídico deve buscar a regra mais favorável enfocando globalmente o con-
junto de regras componentes do sistema, discriminando, no máximo, os preceitos em função
da matéria, de modo a não perder, ao longo desse processo, o caráter sistemático da ordem
jurídica e os sentidos lógico e teleológico básicos que sempre devem informar o fenômeno do
Direito (teoria do conglobamento).
O PRINCÍPIO DA IMPERATIVIDADE DAS NORMAS TRABALHISTAS, ao seu turno, aduz que
as regras trabalhistas são comandos que devem ser cumpridas pelas partes, principalmente,
aquelas previstas no artigo 7 da CF/88, quando trata de jornada, salário, adicionais, não discri-
minação e, ainda, as regras de garantia provisória no emprego. Existe, portanto, uma restrição
à autonomia de vontade.
A imperatividade concede a ideia de ordem, importância e que se impõe sobre a livre von-
tade desmedida das partes. Exatamente pela desigualdade econômica entre empregado e em-
pregador, o Estado intervém através de normas para fins de estabelecer os limites mínimos e
máximos dessa negociação, seja nos pactos individuais, bem como nas negociações coletivas
(ACT e CCT).

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Isso significa que a liberdade aqui é contida, na medida em que o empregador pode ditar
regras sobre o início e fim da jornada, bem como se quer que o labor seja diurno ou noturno ou
em turnos de revezamento, por exemplo, mas não pode impor que a jornada diária seja de 10
horas por dia. Não pode também dizer que num labor com jornada no mínimo constitucional
só pagará 50% do salário-mínimo nacional ou estipular no contrato e dizer que reduzirá os adi-
cionais de insalubridade, periculosidade ou noturno etc.
Não é assim. Há regras mínimas que devem ser observadas e cumpridas pelo empregador,
não se concedendo uma liberdade desmedida para criar cortinas de fumaça que burlem os
direitos mínimos concedidos pelo texto constitucional, por exemplo. Isso porque existe o pata-
mar civilizatório mínimo composto pelos direitos conseguidos e conquistados durante séculos
de luta que se incorporam ao patrimônio jurídico do empregado.
Sugiro que você esteja com os artigos 611-A e 611-B da CLT memorizados, pois ali cons-
tam as possibilidades de negociação e os limites do que pode ser transacionado. A CLT, após a
Reforma Trabalhista, nesse tocante, buscou dar uma certa transparência e norte para as partes
acerca do que podem ou não negociar sem invadir a constitucionalidade do que foi regulado.
Essa imperatividade tem como principal objetivo garantir os direitos fundamentais dos tra-
balhadores. Por isso, que também se afirma que não é possível a renúncia dos direitos traba-
lhistas, pois a renúncia é um ato unilateral.
É importante para fins de prova, entender que a transação é um ato bilateral e aceito no
direito material como processual do trabalho. Por isso, que a liberdade aqui deve ser vigiada,
não se permitindo que o obreiro possa dispor integralmente de todos os seus direitos traba-
lhistas em prol do empregador, pois isso aniquilaria até mesmo na ideia de sua dignidade de
pessoa humana.
Ainda temos o princípio da INDISPONIBILIDADE DOS DIREITOS TRABALHISTAS, em con-
tinuidade a tudo que já tratamos acima. GODINHO traz uma boa síntese: “Ele traduz a inviabi-
lidade técnico-jurídico de poder o empregado despojar-se, por sua simples manifestação de
vontade, das vantagens e proteções que lhe asseguram a ordem jurídica e o contrato”.
Por isso que essa ideia de indisponibilidade pode ser dividida em relativa ou absoluta. Mais
uma vez afirmo a importância de conhecer os artigos 611- A e 611 – B da CLT, na medida em
que o obreiro deve ser limitado no seu âmbito de negociar, pois está em desvantagem econô-
mica. Então, mais uma vez a doutrina assinala sobre a impossibilidade de renúncia.
A situação de trabalho escravo, bem como os trabalhos proibidos são situações em que
existe afronta direta aos direitos trabalhistas em que a parte trabalhadora permanece em situ-
ação de escuridão no gozo dos seus direitos. No trabalho escravo, por exemplo, ou no trabalho
infantil, tem-se, na realidade fática, uma usurpação de direitos que não podem ser tolerados
justamente pela existência do princípio que estamos estudando.
Mas cuidado, pois, como já dito, há direitos que podem ser negociados, como a jornada
extraordinária que pode ser paga, ou compensada ou utilizado o banco de horas, por exemplo. Também

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se pode negociar a redução do tempo do intervalo intrajornada. Então, é preciso compreender


que existem direitos de indisponibilidade absoluta e relativa. E como saber se é o caso de
um ou outro?
A jurisprudência e a doutrina estão sempre ajudando a construir essa diferença e, como
já dito, a leitura dos artigos 611-A e 611 – B, ambos da CLT apontam a matéria de forma
mais didática.
No PRINCÍPIO DA CONDIÇÃO MAIS BENÉFICA, busca-se aplicar a norma contratual mais
vantajosa ao obreiro. Aqui é importante levar para a prova objetiva a memorização da súmula
51 do TST.
Portanto, consiste na garantia, ao longo de todo o contrato de trabalho, da preservação de
cláusulas contratuais mais vantajosas ao empregado para evitar que ele sofra prejuízos.
GODINHO sobre a aplicação correta desse princípio comenta: “O que o princípio abrange
são as cláusulas contratuais, ou qualquer dispositivo que tenha, no Direito do Trabalho, essa
natureza. Por isso é que, tecnicamente, seria mais bem enunciado pela expressão princípio da
aplicação da cláusula mais benéfica.”
Como aplicação disso, tem-se na CLT: O artigo 468 prevê que nos contratos individuais de
trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda
assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de
nulidade da cláusula em questão. Dica: esse artigo sempre é cobrado nas provas.
Há um importante princípio para a sua prova: INALTERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA,
em que não se pode prejudicar o obreiro mediante complicações ou situações adversas na
relação de emprego, penalizando o obreiro.
Lembre-se que vigora entre nós a teoria do risco do empreendimento em que o empregador
se submete à sorte ou azar do seu negócio, não podendo transferir os prejuízos ao empregado.
Não se pode, ainda, compreender que o obreiro seja sacrificado e surpreendido de forma nega-
tiva pelo comportamento do empregador. Este detém o poder diretivo, mas não tem o condão
de ser algo absoluto, conforme o artigo 2 da CLT. O risco do empreendimento é do empregador,
ou seja, ele detém a alteridade. Logo, reitere-se o que tratamos acerca do dispositivo do artigo
468 da CLT. Sugiro a memorização do dispositivo e sua correta interpretação nas questões de
casos concretos da prova.
Assim, é vedado ao empregador alterar, unilateralmente, as condições pactuadas, exceto
se houver consentimento do empregado e desde que a este não resultem prejuízos, diretos ou
indiretos.
Importante destacar um ponto significativo para a sua prova, conforme orientação do TST:
De acordo com o princípio da inalterabilidade contratual lesiva é vedada qualquer alteração
contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo se houver consentimento deste.
Destaca-se o princípio da PRIMAZIA DA REALIDADE SOBRE A FORMA. Aqui a realidade fáti-
ca demonstrada cabalmente e a investigação da vontade real das partes prevalece em relação
a documentos divergentes.

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Por exemplo: se o obreiro laborou por mais de um ano e consegue demonstrar, tal condição
é valorada pelo juiz e considerada na sentença, apesar de ser anotado somente parte do con-
trato de emprego ou até de nunca o empregador ter assinado a CTPS.
O mesmo raciocínio pode ser usado para situações de desvio ou acúmulo de função, salá-
rio por fora etc. Assim, vale mais a realidade, do que o que está formalizado no contrato. Por
isso, a súmula 12 do TST trata das anotações do contrato de emprego como de presunção
relativa, juris tantum, admitindo prova em contrário.
Por isso também que a prova testemunhal tem significado especial no processo do traba-
lho e atualmente o uso de provas digitais.
Essas situações demostram que a realidade é diferente do que foi pactuado no contrato.
A incidência do Princípio da Primazia da Realidade pode ser observada no artigo 442 da
Consolidação das Leis do Trabalho que estabelece “contrato individual de trabalho é o acordo
tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego.
O artigo 456 da CLT também expressa a teoria, ao prever que a “prova do contrato individual
do trabalho será feita pelas anotações constantes da carteira profissional ou por instrumento
escrito e suprida por todo os meios permitidos em direito”.
Guarde com carinho todos os artigos e súmulas que estamos mencionando nessa revisão
para você!
Acerca do PRINCÍPIO DA CONTINUIDADE DA RELAÇÃO DE EMPREGO, é importante trazer
à baila a súmula 212 do TST, sempre lembrada pelas bancas de provas.
Por esse princípio, pela condição econômica mais vulnerável do obreiro, tem-se que se pre-
sume que o vínculo trabalhista entre empregador e empregado permaneça. Ele visa a preserva-
ção do emprego. Tendo em vista este conceito, contratos com prazo determinado representam
exceção, embora a CLT preveja a hipótese.
Assim, a regra, por esse princípio, é que o contrato de trabalho seja POR TEMPO INDETER-
MINADO. Pelo princípio da continuidade da relação de emprego, o contrato de trabalho é firma-
do por tempo indeterminado, ou seja, não há prazo previamente fixado para seu fim. Assim, a
obrigação de provar a ruptura do contrato de trabalho é do empregador.
Em respeito ao princípio da primazia da realidade, o trabalho exercido de fato se sobrepõe
às disposições contratuais escritas. Além disso, deve-se buscar a real intenção das partes no
momento de firmar o contrato, seja verbal ou escrito.
GODINHO trata com muita propriedade desse princípio ao afirmar: “Informa tal princípio
que é de interesse do Direito do Trabalho a permanência do vínculo empregatício, com a in-
tegração do trabalhador na estrutura e dinâmica empresariais. Apenas mediante tal perma-
nência e integração é que a ordem justrabalhista poderia cumprir satisfatoriamente o objetivo
teleológico do Direito do Trabalho, de assegurar as melhores condições, sob a ótica obreira, de
pactuação e gerenciamento da força de trabalho em determinada sociedade”.

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Por derradeiro, futuro (a) empossado (a), trato do PRINCÍPIO DA INTANGIBILIDADE SALA-
RIAL em que há garantias para proteger o salário do obreiro, pois, afinal de contas, são verbas
de natureza alimentar. Aqui está em jogo o PRINCÍPIO DA DIGNIDADE, em que o obreiro não
pode ter a supressão absoluta dos seus salários.
Seu principal objetivo é garantir ao trabalhador o direito de perceber a contraprestação a
que faz jus por seu trabalho, de maneira estável e segura, não sujeita às oscilações inerentes
ao ramo da atividade econômica explorada ou à mera vontade do empregador. Mais uma vez
relembro a você sobre a teoria do risco do empreendimento.
Nesse princípio, aplicam-se aquelas regras acerca dos limites de descontos que podem
ser feitos nos salários, conforme o teor do artigo 462 da CLT. Sugiro a leitura no CPC do artigo
833 também.
Em regra, o trabalhador não pode ter sua remuneração condicionada à simples vontade de
quem emprega, sendo credor, nesses casos, das diferenças salariais decorrentes da supres-
são ilegal.
Cuidado! A redução de salários pode ser flexibilizada mediante negociação coletiva. Nes-
se período de pandemia, tivemos essa possibilidade através de medidas provisórias editadas
pelo Presidente da República no ano de 2020. Não reputo relevante aprofundar nessa temática,
salvo se expressamente previsto no edital.

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RESUMO
Existem princípios gerais e específicos no âmbito trabalhista.
Os princípios têm função pré-jurídica (política) antes da elaboração das normas, para fins
de aplicação das normas e, ainda, interpretativa e subsidiária, conforme o artigo 8º da CLT.
Segundo o jurista Robert Alexy, os princípios estabelecem preceitos de otimização, enquanto
a regra normativa indica uma consequência jurídica a cada fato/situação. Para o direito do
trabalho, os princípios representam valores fundamentais que constituem o núcleo do próprio
sistema jurídico trabalhista.
Entre os princípios específicos, temos o carro-chefe, que é o princípio da proteção. Dele
decorrem outros princípios interessantes e impactantes, como aplicação da norma mais fa-
vorável, da condição mais benéfica, do princípio da continuidade da relação de emprego, do
princípio da primazia da realidade sobre a forma.
Os direitos trabalhistas podem ter natureza de indisponibilidade absoluta e relativa. Nesse
âmbito, é preciso que você memorize os artigos 611-A e 611-B da CLT. Assim, nem tudo é “o
negociado prevalece sobre o legislado”.
Os direitos trabalhistas não podem ser renunciados em regra, mas somente em situações
excepcionalmente admitidas pelo legislador. Os direitos de indisponibilidade relativa podem
ser objeto de transação. A renúncia é ato unilateral. A transação é ato bilateral. Na compensa-
ção, reconhece-se a titularidade de um direito. A conciliação é uma transação em nível judicial.
O princípio da primazia da realidade sobre a forma existe quando o conteúdo é mais impor-
tante que a forma. Logo, os rótulos não são essenciais, pois se busca a verdade real/material.
Pelo princípio da continuidade da relação de emprego, presumem-se: a) na dúvida, o con-
trato de trabalho é por prazo indeterminado; b) na dúvida, a relação de emprego ocorreu sem
justa causa, e não por iniciativa ou culpa do empregado.
Pela natureza alimentícia dos salários, há o princípio da intangibilidade (proteção)
dos salários.
Nenhum princípio é de aplicação absoluta.

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MAPAS MENTAIS

Pedido de demissão tem que ser


provado pelo empregador

Natureza alimentar dos salários


Justa causa tem que ser provada
pelo empregador
Princípio da Em regra: o contrato por prazo
Continuidade da indeterminado
Presunção relativa das
anotações da CTPS Relação de Emprego
Em regra: dispensa sem
justa causa
Exceção: contrato por prazo
determinado que deve ser
FORMAL SEMPRE

In dubio pro operario

Princípio da norma mais favorável, com a


Princípio da
ressalva da Reforma Trabalhista, em que o
Proteção
ACT prevalecerá sempre sobre a CCT

Princípio da condição mais benéfica

Descritivas

Funções Normativas

Subsidiária – interpretativa/integrativa

Princípio da boa-fé

Princípio da vedação do abuso do direito

Princípios Gerais
Princípio do regular exercício do direito
Princípios de Direito

Evitar abuso de direito

Não se pode beneficiar da sua


própria torpeza

Ex.: in dubio pro reo

Princípios Específicos Princípio da proteção


de Direito
Princípio da primazia da
realidade sobre a forma

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QUESTÕES DE CONCURSO
010. (DEDALUS CONCURSOS/COREN-SC/ADVOGADO/2020) O chamado jus variandi refe-
re-se a casos excepcionais previstos expressamente no ordenamento jurídico, nos quais o
empregador poderá alterar o contrato de trabalho unilateralmente, mesmo que em prejuízo ao
trabalhador. Tais situações são exceções ao seguinte princípio trabalhista:
a) Princípio da condição mais benéfica.
b) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
c) Princípio da imperatividade das normas trabalhistas.
d) Princípio da norma mais favorável.
e) Princípio da inalterabilidade contratual lesiva ao obreiro.

O jus variandi é o poder do empregador, mas não é absoluto. Isso porque possui limites, na me-
dida em que não pode existir prejuízo ao trabalhador quando existe um comportamento exclu-
sivamente unilateral do empregador que prejudique o obreiro. Mas nesses tipos de questões,
é preciso também uma análise se o direito que a questão menciona é individual e coletivo. No
caso, trata-se de situação de direito individual em que o trabalhador está numa situação vul-
nerável e as alterações não podem prejudicá-lo. Na letra e, estamos diante de aplicação para
alterar lesivamente o contrato de trabalho que é justamente o princípio que evita situações
desfavoráveis ao obreiro por vontade exclusiva de seu empregador respectivo.
Letra e.

011. (CEBRASPE/TJ-DFT/JUIZ/2007) Julgue o item a seguir, referentes aos direitos individu-


ais, previstos constitucionalmente. Se uma empresa francesa, estabelecida no Brasil, conferir
vantagens aos seus empregados franceses, diferentes e mais benéficas que as vantagens
concedidas aos empregados brasileiros. Nessa situação, configurar-se-á ofensa ao princípio
da igualdade, pois a diferenciação, no caso, baseia-se no atributo da nacionalidade.

Existirá ofensa ao princípio da isonomia, na medida em que ambos os trabalhadores estariam


no mesmo país – franceses e brasileiros. Haveria uma afronta à igualdade de tratamento es-
tabelecida pelo caput do artigo 7º da CF/1988, bem como a nacionalidade não pode ser um
critério discriminatório se houver o desempenho das mesmas funções.
Certo.

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012. (FCC/TRT-14ª/ANALISTA JUDICIÁRIO/2016) O Tribunal Superior do Trabalho editou a


Súmula de Jurisprudência de no 212, segundo a qual o ônus de provar o término do contrato
de trabalho, quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois
determinado princípio do Direito do Trabalho constitui presunção favorável ao empregado. O
referido princípio é o da
a) indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
b) continuidade da relação de emprego.
c) flexibilização das normas trabalhistas.
d) intangibilidade salarial.
e) primazia da realidade.

Dispõe a aludida súmula: o ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados
a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade
da relação de emprego constitui presunção favorável ao empregado. Nesse caso, tem-se cla-
ramente que se trata de princípio da continuidade da relação de emprego, na medida em que,
em regra, é pela base da natureza alimentar dos salários.
Letra b.

013. (CEBRASPE/TRT-9ª/2007) Acerca dos direitos dos trabalhadores, sobretudo os consi-


derados na Constituição Federal de 1988, julgue o seguinte item. O salário é irredutível, exceto
quando assim estipulado em acordo entre as partes, considerada alguma compensação com
outro direito.

Só é possível reduzir salários mediante acordos e convenções coletivas, conforme o artigo 7º,
VI, da CF/1988. Não existe nenhuma previsão quanto aos acordos individuais, tal como sugere
a questão. Em suma, é preciso expressamente que essa redução de salário e jornada seja feita
por instrumentos coletivos de negociação e que ocorra em situação temporária.
Errado.

014. (GUALIMPE/PREFEITURA DE PORCIUNCULA-RJ/PROCURADOR ADJUNTO/2019) É o


princípio que amplia a noção civilista de que o operador jurídico, no exame das declarações
volitivas, deve atentar mais à intenção dos agentes do que ao envoltório formal através de que
transpareceu à vontade.” O Direito Trabalhista, assim como outros ramos do Direito, é regido
por diversos Princípios norteadores. Assinale a opção que diz respeito ao Princípio Trabalhista
conceituado acima.
a) Princípio da Primazia da Realidade sobre a forma.
b) Princípio da Norma Mais Favorável.
c) Princípio da Condição Mais Benéfica.
d) Princípio da Proteção.

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Nesse caso, em que prevalece muito mais o conteúdo do que os rótulos e formas, tem-se o
princípio da primazia da realidade sobre a forma, principalmente porque estamos diante da
busca da verdade material. Nesse ponto, a vontade das partes é mais forte que os rótulos.
Letra a.

015. (INAZ DO PARÁ/CRF-AC/ADVOGADO/2019) A permanência de cláusulas contratuais


que são mais vantajosas ao trabalhador e que devem permanecer durante a vigência do víncu-
lo empregatício, trata-se do princípio:
a) Princípio da primazia da realidade.
b) Princípio da indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
c) Princípio da proteção.
d) Princípio continuidade da relação de emprego.
e) Princípio da condição mais benéfica.

No caso da questão, estamos falando de condições do trabalhador que são favoráveis e que
se incorporariam, em tese, no seu contrato de trabalho. Logo, são as condições que se tornam
mais benéficas, favoráveis, devendo isso ser norte do princípio e da sua respectiva aplicação.
Letra e.

016. (QUADRIX/CRP 17ª REGIÃO/ADVOGADO/2019) Após a Reforma Trabalhista, trazi-


da pela Lei n.º 13.467/2017, houve a previsão de o empregado negociar livremente com seu
empregador, nas mesmas condições concedidas aos sindicatos, as cláusulas do contrato de
trabalho. Dessa forma, é certo que o princípio da proteção ao trabalhador não esteja mais
presente nas relações trabalhistas, independentemente do nível de instrução do empregado,
conforme a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT).

Não é verdade a premissa. A arbitragem individual, permitida pela Reforma Trabalhista, exige
que o indivíduo tenha concomitantemente a instrução em nível superior completo e que ganhe
mais que o dobro da maior remuneração paga no RGPS. São requisitos cumulativos e, portan-
to, a arbitragem individual, como sugere a questão, tem aplicação restritiva. E, ainda assim,
subsiste o princípio da proteção. Destaque-se que essa arbitragem individual não é a regra do
sistema. Prestigia-se em nosso ordenamento constitucional e infraconstitucional a arbitragem
coletiva, em nível, de negociação por acordo coletivo e convenção coletiva do trabalho.
Errado.

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017. (QUADRIX/CRP-17ª REGIÃO/ADVOGADO/2019) O princípio da aplicação da norma


mais favorável ao trabalhador é absoluto e poderá ser aplicado mesmo quando existirem nor-
mas de ordem pública.

Não há princípios absolutos, sendo todos relativos. Logo, a premissa incorre em erro ao afir-
mar que os efeitos dos princípios são incontestáveis ou inflexíveis. Os princípios são relativos.
Errado.

018. (CONSULPAM/PREFEITURA DE VIANA-ES/ADVOGADO/2019) Relativamente aos prin-


cípios do Direito do Trabalho, assinale a alternativa CORRETA:
a) A visão mais ampla do princípio da norma mais favorável entende que este atua em tríplice
dimensão no Direito do Trabalho: informadora, interpretativa/normativa e hierarquizante.
b) O princípio da condição mais benéfica dispõe que o operador do Direito do Trabalho deve
optar pela regra, norma jurídica, mais favorável ao obreiro.
c) O in dubio pro operário é regra de aplicação da norma, visa proteger o empregado. Em caso
de dúvida quanto a que norma aplicar, aplica-se a mais benéfica.
d) O princípio da irrenunciabilidade se traduz em proteção ao empregador, que não poderá vo-
luntariamente renunciar seus direitos.

De fato, na melhor doutrina, os princípios possuem visão tríplice, ou seja, descritiva (informati-
va), em que atuam no momento de elaboração da norma; na função normativa (interpretativa)
e, ainda, hierárquica. Não se deve confundir o princípio da condição da norma mais favorável,
que se refere à cláusula mais favorável, e, ainda, da norma mais benéfica, que consiste na apli-
cação da norma mais favorável. Isso não se confunde com o princípio in dubio pro misero. Essa
questão foi muito bem elaborada.
b) Errada. Aqui é o princípio da condição mais benéfica.
c) Errada. Existe uma confusão dos princípios.
d) Errada. Pode haver renúncia em situação excepcional.
Letra a.

019. (IDECAN/CRF-SP/PROCURADOR/2018) Segundo o jurista Robert Alexy, os princípios


estabelecem preceitos de otimização, enquanto a regra normativa indica uma consequência
jurídica a cada fato/situação. Para o direito do trabalho, os princípios representam valores fun-
damentais que constituem o núcleo do próprio sistema jurídico trabalhista. O in dubio pro ope-
rario é uma das três regras de aplicação normativa que integram o princípio da razoabilidade.

A primeira premissa do conceito de Robert Alexy é correta e até citei no seu material de apoio.
No entanto, estamos tratando do centro do princípio da proteção. O in dubio pro operario passa
a ser o centro do sistema do PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO, e não da razoabilidade.
Errado.

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020. (QUADRIX/CRP-17ª REGIÃO/ADVOGADO/2019) Pelo princípio da continuidade da re-


lação de emprego, o contrato de trabalho é firmado por tempo indeterminado, ou seja, não há
prazo previamente fixado para seu fim. Assim, a obrigação de provar a ruptura do contrato de
trabalho é do empregador. Em respeito ao princípio da primazia da realidade, o trabalho exerci-
do de fato não se sobrepõe às disposições contratuais escritas.

A assertiva está errada, pois representa o contrário da premissa do princípio da continuidade


da relação de emprego e da continuidade ao princípio da pri-mazia da realidade sobre a forma.
Em regra, o contrato de trabalho é por pra-zo INdeterminado e o trabalho exercido de fato se so-
brepõe às disposições contratuais escritas na medida em que a realidade fática tem mais valor
que os documentos, por exemplo. Com isso, a primazia da realidade considera que os fatos e a
prova destes prevalecem sobre meros aspectos formais. Além disso, quando estamos diante
do princípio da continuidade do vínculo de emprego, da relação de trabalho que sobrevive até
mesmo diante de situações como su-cessão trabalhista e de qualquer transformação empre-
sarial. Nesse sentido, é valioso destacar que a premissa regra é exatamente a de compreender
que, na dúvida, a relação de emprego continua, apesar das intempéries fáticas e jurídicas do
empregador, como, por exemplo, situações de sucessões.
Errado.

021. (CIEE/TRT-10ª/ESTAGIÁRIO DE DIREITO/2019) O artigo 7º, VI, da Constituição Federal


de 1988 dispõe que um dos direitos conferidos aos trabalhadores urbanos e rurais é a irreduti-
bilidade do salário, salvo o disposto em convenção ou acordo coletivo. Essa disposição cons-
titui uma exceção ao princípio da(o)
a) irrenunciabilidade de direitos.
b) inalterabilidade contratual lesiva.
c) primazia da realidade.
d) in dubio pro operario.

Na verdade, o enunciado se aplica muto mais ao princípio da irredutibilidade salarial, que, por
sua vez, está atrelado ao princípio da intangibilidade contratual lesiva, que está relacionado
com os problemas de salários, descontos etc.
Letra b.

022. (FUNDEP/PREFEITURA DE CONTAGEM-MG/PROCURADOR/2019) O princípio da nor-


ma mais favorável tem relevância na fase pré-jurídica ao funcionar como critério de política
legislativa, influindo no processo de construção do Direito do Trabalho como ramo jurídico
especializado.

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A visão mais ampla do princípio da norma mais favorável entende que este atua em tríplice
dimensão no direito do trabalho: informadora, interpretativa/normativa e hierarquizante. No
caso da questão, estamos diante da fase de atuação dos princípios na elaboração da norma.
Inclusive, isso está expressamente no livro do Godinho que usamos no nosso material como
carro-chefe da melhor doutrina.
Certo.

023. (IBFC/EMDEC/ANALISTA DE RECURSOS HUMANOS/2019) O Direito do Trabalho é o


ramo da ciência do direito que versa sobre as normas, as instituições jurídicas e os princípios
que disciplinam as relações de trabalho subordinado. O princípio da irrenunciabilidade dos di-
reitos determina que na mesma relação de emprego, uma vantagem já conquistada não deve
ser reduzida.

O princípio da irrenunciabilidade de direitos é tratado como sinônimo do princípio da indis-


ponibilidade de direitos, sendo esta uma opção de muitos doutrinadores. Por essa razão, a
premissa está correta, pois é exatamente o fato de os direitos trabalhistas serem, em regra,
indisponíveis e que os direitos conquistados não podem ser suprimidos ou reduzidos.
Certo.

024. (IESES/PREFEITURA DE SÃO JOSÉ-SC/ANALISTA DE RECURSOS HUMANOS/2019)


Em direito do trabalho, os fatos concretos do dia a dia laboral prevalecem sobre o conteúdo de
documentos para estabelecer os efeitos jurídicos da relação trabalhista. A verdade dos fatos,
prevalece sobre a verdade formal. Essa afirmação refere-se ao princípio da:
a) Primazia da realidade.
b) Continuidade da relação de emprego.
c) Irrenunciabilidade de direitos.
d) Intangibilidade da realidade.

O enunciado da questão se refere ao princípio da primazia da realidade sobre a forma, na me-


dida em que, no direito do trabalho, a realidade tem muito mais valor que os rótulos, as formas,
os formatos. A realidade deve prevalecer por ser mais benéfico ao trabalhador.
Letra a.

025. (CKM SERVIÇOS/EPTC/ADVOGADO/2017) Segundo Moraes Filho e Moraes (2003), às


temáticas pautadas pelo Direito do Trabalho aplicam-se princípios norteadores peculiares, dos
quais se exclui:

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a) Irretroatividade da lei mais severa.


b) Irredutibilidade salarial
c) Primazia da realidade.
d) In dubio pro operario.

Todas as alternativas, de fato, representam princípios do direito do trabalho, salvo a do item “a”,
pois nem se cogita irretroatividade da lei mais severa, na medida em que as regras de direito
material do trabalho e processual do trabalho são imediatamente aplicadas, a exemplo do que
ocorreu com a Reforma Trabalhista em novembro de 2017.
Letra a.

026. (IADES/CRN-3ª REGIÃO/ADVOGADO/2019) Em uma ação trabalhista, o reclamante afir-


ma que diariamente prestava duas horas de jornada extraordinária sem, entretanto, receber os
valores destas e os respectivos reflexos. Em sede contestatória, a empresa negou tal fato e
apresentou cartões de ponto que demonstravam horários de entrada e saída uniformes (ponto
britânico); por sua vez, o reclamante fez provas testemunhais que comprovavam o alegado na
peça exordial. Ao analisar a lide, o juiz condenou a empresa ao pagamento das horas extras e
dos respectivos reflexos. Tendo por base o caso hipotético apresentado, assinale a alternativa
que corresponde ao princípio do direito do trabalho aplicado em sentença.
a) Indisponibilidade de direitos
b) Continuidade da relação de emprego
c) Primazia da realidade
d) Imperatividade das normas trabalhistas
e) Intangibilidade salarial

No caso em liça, no caso hipotético, o juiz acertadamente julgou buscando a verdade material,
ocasião em que se ateve mais aos fatos realmente ocorridos, como a prova oral colhida, do
que propriamente às provas documentais.
Letra c.

027. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/ADVOGADO/2019) A autonomia do direito


do trabalho caracteriza-se pela extensão de sua matéria, métodos e princípios próprios. Por
isso, para dominar tal ramo das ciências jurídicas e sociais, é preciso bem compreender os
seus princípios, principalmente aqueles consagrados internacionalmente. O princípio da irre-
nunciabilidade está relativizado na atualidade nacional ante a equiparação legal de trabalhador
e empregador na manifestação de vontades por ocasião da contratação.

A assertiva dessa questão está errada, pois não houve equiparação com a Reforma Trabalhista
de resolução de questões individuais e coletivas mediante o uso de arbitragem. Na verdade,

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existiu a possibilidade de arbitragem individual, mas em situações específicas e como exce-


ção, mas não como regra. A arbitragem individual, permitida pela Reforma Trabalhista, exige
que o indivíduo tenha concomitantemente a instrução em nível superior completo e que ganhe
mais que o dobro da maior remuneração paga no RGPS. São requisitos cumulativos e, portan-
to, a arbitragem individual, como sugere a questão, tem aplicação restritiva. E, ainda assim,
subsiste o princípio da proteção. Destaque-se que essa arbitragem individual não é a regra do
sistema. Prestigia-se em nosso ordenamento constitucional e infraconstitucional a arbitragem
coletiva, em nível, de negociação por acordo coletivo e convenção coletiva do trabalho.
Errado.

028. (INAZ DO PARÁ/CORE-PE/ASSISTENTE JURÍDICO/2019) Os princípios peculiares do


direito do trabalho têm como funções informar o legislador, orientar o juiz na sua atividade
interpretativa e, por fim, integrar o direito, que é sua função normativa. Dentre eles, temos o
princípio da proteção, que está fundamentado no princípio da norma mais flexível que indica a
existência de duas ou mais normas, cuja preferência na aplicação é objeto de polêmica. Esse
princípio autoriza a aplicação da norma mais favorável, dependendo da hierarquia a qual está
sendo submetido.

As premissas estão todas equivocadas. Primeiramente, não há hierarquia tradicional no


direito do trabalho. O que norteia a aplicação no direito do trabalho é a norma mais
favorável. Logo, essa última frase da questão está totalmente errada. E, além disso, é o
princípio da proteção da norma mais favorável que se fundamenta no princípio da prote-
ção, e não o contrário.
Errado.

029. (COSEAC/PREFEITURA DE MARICÁ/PROCURADOR DO MUNICÍPIO/2018) Princípio


concernente ao Direito do Trabalho, segundo o qual a verba salarial merece garantias diver-
sificadas da ordem jurídica, de modo a assegurar seu valor, montante e disponibilidade em
benefício do empregado:
a) primazia da realidade.
b) condição mais benéfica.
c) inalterabilidade contratual lesiva.
d) intangibilidade salarial.
e) continuidade.

De fato, quando se trata de proteção do salário do trabalhador pela sua natureza de verba
alimentar, inclusive, nos termos do artigo 7º, IV e VI, da CF/1988, estamos diante do princípio
que norteia a proteção desse salário e, com isso, estamos falando da “intangibilidade salarial”.
Letra d.

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030. (VUNESP/PGE-SP/PROCURADOR DO ESTADO/2018) Havendo a coexistência de dois


regulamentos de empresa, a opção do empregado por um deles, com prejuízo às regras do
sistema do outro, não afronta o princípio da irrenunciabilidade.

A premissa é uma repetição da Súmula 51 do TST:

Súmula n. 51 do TST
NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468
DA CLT – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas
anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento. (ex-Súmula n. 51 - RA 41/1973, DJ 14.06.1973)
II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado
por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

Certo.

031. (NC-UFPR/PREFEITURA DE CURITIBA-PR/ADVOGADO/2019) O princípio da primazia


da realidade significa que, em caso de discordância entre o que ocorre na prática e o que emer-
ge de documentos ou acordos, deve prevalecer o que sucede no terreno dos fatos.

No caso em liça, estamos tratando do princípio da primazia da realidade sobre as formas. Os


rótulos não são suficientes no direito do trabalho que aprofunda em demasia a situação real da
relação jurídica travada entre as partes. Pela busca da verdade material, o juiz tem que analisar
o conjunto de provas e, nessa análise, pode chegar à conclusão de que as provas documentais
não indiquem a verdade dos fatos, desconsiderando-as, por exemplo.
Certo.

032. (INAZ DO PARÁ/CRF-PE/ADVOGADO/2018) Sobre o Direito do Trabalho, qual alternati-


va apresenta uma proposição incorreta?
a) O Direito do Trabalho é um ramo do Direito Público.
b) São fontes do Direito do Trabalho a Constituição Federal, as leis, os decretos e regulamen-
tos, as portarias, acordos coletivos, convenção coletiva, sentença normativa, os regulamentos
das empresas, os costumes e os contratos de trabalho.
c) Entende-se por acordo coletivo o pacto celebrado entre uma ou mais empresas com o sin-
dicato dos empregados.
d) O contrato de trabalho é o acordo correspondente à relação de emprego.
e) A ideia de aplicação do que for mais benéfico para o trabalhador a partir da norma mais
favorável identifica o princípio do in dubio pro operário.

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Todas as premissas estão corretas, mas a alternativa A está incorreta porque o direito do tra-
balho é ramo do direito privado.
Letra a.

033. (VUNESP/PGE-SP/PROCURADOR DO ESTADO/2018) O princípio da inalterabilidade


contratual in pejus (art. 468 da Consolidação das Leis do Trabalho) assegura ao empregado
ocupante de função de confiança o direito à manutenção da gratificação correspondente após
a reversão ao emprego efetivo, independentemente da existência de justo motivo a fundamen-
tar tal reversão.

Com a Reforma Trabalhista, não existe mais a proteção dessa estabilidade financeira, nos ter-
mos do artigo 468, a seguir transcrito:

Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a alteração das respectivas condições por
mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao
empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente desta garantia.
§ 1º Não se considera alteração unilateral a determinação do empregador para que o respectivo
empregado reverta ao cargo efetivo, anteriormente ocupado, deixando o exercício de função de
confiança.
§ 2º A alteração de que trata o § 1º deste artigo, com ou sem justo motivo, não assegura ao empre-
gado o direito à manutenção do pagamento da gratificação correspondente, que não será incorpo-
rada, independentemente do tempo de exercício da respectiva função.
Errado.

034. (INSTITUTO AOCP/TRT-1ª/OFICIAL DE JUSTIÇA/2018) Os princípios estão situados


no ordenamento jurídico cumprindo uma função integrativa de lacunas, partindo das leis para
atingir as regras gerais que delas derivam. Com base nessa premissa, assinale a alternati-
va correta.
a) O princípio da proteção, que busca conferir ao trabalhador uma equidade processual, subdi-
vide-se em 3 (três) outros princípios: in dubio pro societa, da aplicação da norma mais favorável
e da condição mais benéfica
b) Segundo o princípio da primazia da realidade no Direito do Trabalho, predomina a verdade
real em face da verdade formal, ou seja, predomina a verdade da forma em face da verdade
dos fatos.
c) Em relação ao princípio da aplicação da norma mais favorável, a Teoria do Conglobamento
defende que através da comparação das diversas regras sobre cada instituto ou matéria, res-
peitando-se o critério da especialização, deve ser buscada a norma mais favorável ao caso.

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d) O princípio da inalterabilidade contratual veda a possibilidade de alterações no contrato de


trabalho, lesivas ou benéficas ao trabalhador.
e) O princípio da vedação à redução Salarial não sofre qualquer tipo de mitigação, não podendo
Acordo Coletivo de Trabalho ou Convenção Coletiva de Trabalho dispor sobre redução salarial.

A questão foi muito bem elaborada. No caso em liça, abordou as funções dos princípios, os
conceitos de alguns dos princípios e a teoria do conglobamento. Ora, é possível reduzir sa-
lários, conforme o artigo 7º, VI, da CF/1988. Além disso, o princípio da inalterabilidade só se
refere à impossibilidade de alteração unilateral das regras maléficas. Se forem benéficas, as
regras podem ser modificadas unilateralmente.
a) Errada. In dubio pro operário.
b) Errada. É o contrário
d) Errada. Veda as maléficas.
e) Errada. Pode sim, nos termos da CF/1988.
Letra c.

035. (FCC/PGE-TO/PROCURADOR DO ESTADO/2018) Os princípios exercem um papel cons-


titutivo da ordem jurídica, cuja interpretação leva em consideração os valores que os compõem.
Nesse sentido, o entendimento jurisprudencial adotado pelo Tribunal Superior do Trabalho de
que o encargo de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de
serviço e o despedimento é do empregador está embasado no princípio
a) protetor.
b) da primazia da realidade.
c) da irrenunciabilidade.
d) da continuidade da relação de emprego.
e) da boa-fé contratual subjetiva.

A questão trata do princípio da continuidade da relação de emprego, na medida em que a regra


é que os contratos de trabalho são por tempo indeterminado e dispensa sem justa causa, em
regra. As outras hipóteses são ônus do empregador. Na verdade, a assertiva está em confor-
midade com a súmula 212 do TST que despenca em diversas bancas.
Letra d.

036. (FCC/TRT-6ª/ANALISTA JUDICIÁRIO/2018) Invocando a regra da condição mais bené-


fica ao empregado, que se insere no princípio da proteção peculiar ao Direito do Trabalho, é
correto afirmar:
a) Havendo conflito entre duas normas jurídicas, prevalece a mais favorável ao empregado.
b) Havendo dúvida quanto ao alcance da norma tutelar, julga-se a favor do empregado.

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c) As normas legais não prevalecem diante de normas instituídas por convenção ou acordo
coletivo, por terem estas destinação mais específica.
d) A supressão de direitos trabalhistas instituídos por regulamento de empresa só alcança os
empregados admitidos posteriormente.
e) As condições estabelecidas em convenção coletiva de trabalho, quando mais favoráveis,
prevalecem sobre as estipuladas em acordo.

Dispõe a Súmula 51, I do TST: as cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vanta-
gens deferidas anteriormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou
alteração do regulamento. Isso torna correta a alternativa C. Pela Reforma Trabalhista, o ACT
prevalece sobre a CCT. Normas legais podem prevalecer diante de normas de ACT e CCT,
desde que mais favoráveis. A alternativa A está incorreta, pois agora existe a previsão de o ACT
prevalecer sempre sobre a CCT embora menos favorável ao trabalhador.
Letra d.

037. (FAURGS/HCA/ADVOGADO/2016) O princípio da intangibilidade salarial estabelece


que os salários merecem garantias diversificadas da ordem jurídica, as quais, entretanto,
não são absolutas, pois a proteção relativa ao valor não o preserva de perdas decorrentes
da corrosão monetária; a vedação de redução pode ser flexibilizada mediante negociação
coletiva ou, independente desta, mediante situações de força maior ou prejuízos empresa-
riais devidamente comprovados, neste caso, até o limite de 25%; assim como a proteção
contra constrições externas (penhora, por exemplo) encontra exceção diante de prestação
alimentícia ou dívida fiscal.

A premissa está errada, pelo que consta no artigo 7º, VI, da CF/1988 e do que se extrai do art.
503 da CLT, que dispõe:

É lícita, em caso de força maior ou prejuízos devidamente comprovados, a redução geral dos salá-
rios dos empregados da empresa, proporcionalmente aos salários de cada um, não podendo, entre-
tanto, ser superior a 25% (vinte e cinco por cento), respeitado, em qualquer caso, o salário mínimo
da região.

Cessados os efeitos decorrentes do motivo de força maior, é garantido o restabelecimento dos


salários reduzidos. Na premissa, ainda não se excepcionou a questão do crédito trabalhista.
Errado.

038. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALH0/2017) Sobre os princípios norteadores do Direito do Tra-


balho, considere: O princípio da primazia da realidade ou do contrato realidade autoriza a des-
caracterização de uma pactuada relação civil de prestação de serviços, instrumentalizada em

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documento escrito, desde que, no cumprimento do contrato, despontem, objetivamente, todos


os elementos fático jurídicos da relação de emprego. O princípio da intangibilidade salarial
deve ser analisado de forma absoluta, admitindo-se exceção única quando se verificar a anu-
ência expressa do trabalhador, por escrito, em razão da efetiva possibilidade de manutenção
de seu emprego.

Em razão do princípio da primazia da realidade, está correta a premissa. No entanto, sobre a


intangibilidade salarial, não é absoluto, mas sim relativo, admitindo-se como exceção o artigo
7º, VI, da CF/1988 e, ainda, do artigo 503 da CLT.
Errado.

039. (CEBRESPE/DPU/DEFENSORIA PÚBLICA DA UNIÃO/2017) A respeito da estabilida-


de no trabalho e da terceirização trabalhista, julgue o item a seguir, tendo como referência o
entendimento dos tribunais superiores. Em razão do princípio constitucional de proteção ao
nascituro, assegura-se à empregada pública grávida, mesmo que ela tenha sido contratada
sem prévia aprovação em concurso público, a continuidade laboral em razão da garantia de
emprego à gestante.

Tanto o TST quanto o STF possuem como norte de proteção o nascituro, e não a gestante. O
Plenário do Supremo Tribunal Federal assentou o entendimento consolidado na Súmula 244
do Tribunal Superior do Trabalho, sobre a estabilidade da gestante, que o desconhecimento da
gravidez no momento da dispensa da empregada não afasta a responsabilidade do emprega-
dor pelo pagamento da indenização por estabilidade.
Errado.

040. (FCC/TST/JUIZ DO TRABALH0/2017) O princípio da continuidade do qual o contrato de


trabalho constitui presunção favorável ao empregador em razão da segurança jurídica contra-
tual, razão pela o ônus da prova, quanto ao término do contrato de trabalho, é do trabalhador,
nas hipóteses em que são negadas a prestação dos serviços e o despedimento. Em consonân-
cia com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, a mudança subjetiva perpetrada no
sujeito empregador não se configura apta a produzir mudança no corpo do contrato, em seus
direitos e obrigações.

O princípio da continuidade da relação de emprego é presunção favorável ao empregado, e


não AO EMPREGADOR, daí porque a resposta sobre ônus da prova está equivocada. Quanto

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ao 2º princípio da premissa, está correta, pois a mudança da figura do empregador não altera
a responsabilização e proteção ao empregado. Por exemplo: no caso de sucessão trabalhista.
Errado.

041. (FAURGS/HCA/ADVOGADO/2016) Podem ser consideradas fontes formais heterôno-


mas do direito do trabalho a Constituição, as leis (inclusive medidas provisórias), regulamen-
tos normativos (expedidos mediante decretos do Presidente da República), recomendações e
convenções internacionais do trabalho, estas, mesmo quando não estiverem ratificadas.

Aqui estamos revisando aulas anteriores. No caso acima, as convenções internacionais não
ratificadas não são fontes do direito do trabalho. As recomendações também não são fon-
tes formais.
Errado.

042. (INSTITUTO AOCP/EBSHER/ANALISTA ADMINISTRATIVO/2015) Qual é o princípio


que, de acordo com o Art. 461 da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), garante ao traba-
lhador que, no exercício de sua função, realize trabalho idêntico para o mesmo empregador e
localidade, sem distinção de sexo, nacionalidade ou idade?
a) Economia salarial.
b) Moralidade.
c) Isonomia salarial.
d) Liberdade.
e) Impessoalidade.

A questão trata do princípio da isonomia, em que as pessoas devem ser tratadas igualmente, e
um dos exemplos clássicos é a isonomia salarial. Nesse azo, vedam-se as práticas discrimina-
tórias por razão da idade, sexo, gênero, nacionalidade quando há o desempenho das mesmas
atividades e de igual formação profissional. Um dos reflexos desse princípio é o instituto da
equiparação salarial. Veja essa indicação constitucional: Não se admite critérios de discrimi-
nação, por força expressa da CF/1988, da qual citamos o artigo 7º e incisos: XXX – proibição
de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por motivo de sexo,
idade, cor ou estado civil; XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e
critérios de admissão do trabalhador portador de deficiência; XXXII – proibição de distinção
entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais respectivos.
Letra c.

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043. (IBEG/IPREV/CONTADOR/2017) Os princípios gerais da Constituição, aplicáveis ao Di-


reito do Trabalho. Analise a validade das suposições abaixo e assinale a alternativa ERRADA.
a) O respeito à dignidade humana
b) Os valores sociais do trabalho
c) Da livre-iniciativa
d) A inviolabilidade do direito à vida
e) A interferência do Estado na organização sindical.

Todos os princípios estão listados na CF/1988, salvo o da alternativa E, pois contraria especi-
ficamente o artigo 8º, inciso I:

Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:


I – a lei não poderá exigir autorização do Estado para a fundação de sindicato, ressalvado o registro
no órgão competente, vedadas ao Poder Público a interferência e a intervenção na organização
sindical.
Letra e.

044. (IBEG/IPREV/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO/2017) Acerca dos princípios específi-


cos do Direito do Trabalho, podemos afirmar o que se segue, exceto: a adoção de medidas ten-
dentes a facilitar o acesso ao mercado de trabalho às mulheres e aos negros constitui violação
ao princípio da não discriminação, que proíbe diferença de critério de admissão por motivo de
religião, crença, raça ou sexo; o princípio da continuidade da relação de emprego confere su-
porte teórico ao instituto da sucessão de empregadores.

Não se admite critérios de discriminação, por força expressa da CF/1988, da qual citamos o
artigo 7º e incisos:

XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por mo-
tivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do traba-
lhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
Na questão 45, há duas premissas. Logo, deve-se compreender que no caso da premissa 1, a
previsão está expressa nos termos constitucionais que proíbe qualquer formato de discrimina-
ção dos trabalhadores. Em relação à premissa 2, estamos diante de uma informação valiosa
que é o princípio da continuidade do vínculo de emprego, da relação de trabalho que sobrevive
até mesmo diante de situações como sucessão trabalhista e de qualquer transformação em-
presarial. Nesse sentido, é valioso destacar que a premissa regra é exatamente a de compre-

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ender que, na dúvida, a relação de emprego continua, apesar das intempéries fáticas e jurídicas
do empregador, como, por exemplo, situações de sucessões. Embora o enunciado da questão
seja truncado, a verdade é que se abordam dois temas como o caso de aplicação do princípio
da continuidade e do princípio da não discriminação
Errado.

045. (FAURGS/HCA/ADVOGADO/2016) O princípio da condição mais benéfica importa na


garantia de preservação, ao longo de todo o período correspondente à relação de emprego,
da condição laboral mais vantajosa ao trabalhador, seja ela proveniente de cláusula contratual
alterada, de convenção ou de acordo coletivo anterior (portanto, já substituído) com vigência
já expirada, ou ainda, de lei (regra estatal) expressamente revogada.

A resposta está incorreta, pois contrária a Súmula 51 do TST:

NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468


DA CLT
I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas ante-
riormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento.
II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado
por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.

Errado.

046. (FCC/TRT-24ª/OFICIAL DE JUSTIÇA/2017) No estudo da Teoria Geral do Direito do Tra-


balho é correto afirmar que na hipótese de um instrumento coletivo de trabalho dispor sobre
norma prevista na Consolidação das Leis do Trabalho − CLT, porém com determinação de mul-
ta com valor superior em caso de infração, é de se aplicar aquela norma em detrimento desta,
com fundamento no princípio da
a) primazia da realidade.
b) boa fé contratual objetiva.
c) intangibilidade contratual objetiva.
d) aplicação da norma mais favorável.
e) leal contraprestação.

Entre o conflito de duas normas, aplica-se a mais favorável ao trabalhador, logo, aplica-se a
norma que seja mais vantajosa. O princípio da alternativa E não existe na melhor doutrina de
direito do trabalho. Os demais princípios existem, mas não se encaixam no perfil da questão.
Letra d.

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047. (FCC/TRT-24ª /ANALISTA JUDICIÁRIO /2017) O advogado Hércules pretende funda-


mentar uma tese na petição inicial de reclamatória trabalhista utilizando o ditame segundo
o qual, ainda que haja mudanças vertiginosas no aspecto de propriedade ou de alteração da
estrutura jurídica da empresa, não pode haver afetação quanto ao contrato de trabalho já esta-
belecido. Tal valor está previsto no princípio de Direito do Trabalho denominado
a) razoabilidade.
b) disponibilidade subjetiva.
c) responsabilidade solidária do empregador.
d) asserção empresarial negativa.
e) continuidade da relação de emprego.

Não se trata de razoabilidade, pois não é princípio específico do direito do trabalho. Também
não existe aplicação dos princípios B na doutrina de direito do trabalho. No caso da alternativa
e, tem-se exatamente o sinal do princípio da continuidade da relação de emprego, que sobrevi-
ve até as mudanças do empregador, pois as relações trabalhistas permanecem inalteradas. As
regras da Súmula n. 212 do TST que tratam sobre este princípio é justamente que, na dúvida, o
contrato de trabalho é por prazo indeterminado e a dispensa é sem justa causa. A sucessão de
empregadores está prevista no art. 448 da CLT, que despenca em provas, e, ainda, é um reflexo
direto do princípio em estudo nesta questão.
Letra e.

048. (IBEG/IPREV/PROCURADOR PREVIDENCIÁRIO/2017) Acerca dos princípios específi-


cos do Direito do Trabalho, podemos afirmar o que se segue: de acordo com a jurisprudência
consolidada do Tribunal Superior do Trabalho, o princípio da primazia da realidade sobre a for-
ma autoriza a descaracterização de um contrato de prestação civil de serviços, desde que des-
pontem, ao longo de sua execução, todos os elementos fático jurídicos da relação de emprego.

De fato, essa é a ideia do princípio da primazia da realidade sobre a forma. Os fatos prevalecem
sobre os documentos, podendo existir descaracterização de rótulos.
Certo.

049. (TRT-22ª/TRT-22ª/JUIZ DO TRABALHO/2013) O princípio da primazia da realidade é


manejado, como exemplo, sobre a análise das provas da prestação de serviços com objetivo
de identificar o conteúdo verídico da relação jurídica, pouco importando o nome dado pelas
partes litigantes.

De fato, essa é a ideia do princípio da primazia da realidade sobre a forma. Os fatos prevalecem
sobre os documentos, podendo existir descaracterização de rótulos.
Certo.

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050. (FCC/TRT-20ª/SE/OFICIAL DE JUSTIÇA/2016) O artigo 7º da Constituição Federal de


1988 estabeleceu direitos mínimos dos trabalhadores urbanos e rurais, objetivando a garantia
e o aprimoramento da sua condição social, inserindo princípios do Direito do Trabalho, mesmo
que de forma implícita, como por exemplo,
a) primazia da realidade; intangibilidade salarial; razoabilidade.
b) boa fé contratual; primazia da realidade; irredutibilidade salarial.
c) irredutibilidade salarial; igualdade salarial; intangibilidade salarial.
d) alteridade; continuidade da relação de emprego; princípio da despersonalização do
empregador.
e) continuidade da relação de emprego; pacta sunt servanda; proteção à criança e ao
adolescente.

A questão trata especificamente do artigo 7º e incisos com princípios. Analisando os princí-


pios, verifica-se que a C é a que representa incisos como o VI e ainda os que evitam comporta-
mento discriminatório e desigualdade salarial:

XXX – proibição de diferença de salários, de exercício de funções e de critério de admissão por mo-
tivo de sexo, idade, cor ou estado civil;
XXXI – proibição de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios de admissão do traba-
lhador portador de deficiência;
XXXII – proibição de distinção entre trabalho manual, técnico e intelectual ou entre os profissionais
respectivos;
Letra c.

051. (FCC/TRT-20ª/SE/ANALISTA JUDICIÁRIO/2016) A restrição à autonomia da vontade


inerente ao contrato de trabalho, em contraponto à soberania da vontade contratual das partes
que prevalece no Direito Civil, é tida como instrumento que assegura as garantias fundamen-
tais do trabalhador, em face do desequilíbrio de poderes inerentes ao contrato de emprego, é
expressão do princípio da
a) autonomia privada coletiva.
b) condição mais benéfica.
c) primazia da realidade.
d) imperatividade das normas trabalhistas.
e) prevalência do negociado em face do legislado.

De fato, é preciso proteger o patamar civilizatório mínimo, razão pela qual é o limite do nego-
ciado entre as partes – ACT e CCT, como bem representado pelo artigo 611-B da CLT. Nesse
ponto, as normas trabalhistas do patamar civilizatório mínimo são imperativas e são freios da
negociação coletiva.
Letra d.

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052. (CEBRASPE/TRT-8ª/ANALISTA JUDICIÁRIO/2016) Em relação aos princípios e às fon-


tes do direito do trabalho, assinale a opção correta.
a) Em virtude do princípio da boa-fé, via de regra, o trabalhador pode renunciar a seu direito de
férias, se assim preferir.
b) Na falta de disposições legais ou contratuais, a justiça do trabalho ou as autoridades ad-
ministrativas poderão decidir o caso de acordo com os usos e costumes, que são fontes do
direito do trabalho.
c) Por conter regras específicas acerca da maioria dos institutos trabalhistas, na análise de um
caso concreto, a Consolidação das Leis do Trabalho pode se sobrepor aos dispositivos cons-
tantes da Constituição Federal de 1988 (CF).
d) A sentença normativa é fonte do direito do trabalho, mas não o são os atos normativos do
Poder Executivo.
e) Os princípios gerais de direito não são aplicados na interpretação das normas do direito do
trabalho, ainda que subsidiariamente.

A alternativa B está correta conforme o caput do artigo 8º da CLT:

As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratu-


ais, decidirão, conforme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios
e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e
costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum interesse de classe ou parti-
cular prevaleça sobre o interesse público.

Por esse mesmo artigo legal, a alternativa E está incorreta.


a) Errada. O direito é irrenunciável, pois faz parte do patamar civilizatório mínimo.
c) Errada. A argumentação está incorreta, por se tratar de norma mais benéfica.
d) Errada. Os atos do Poder Executivo são fontes formais do direito do trabalho.
Letra b.

053. (TRT-22ª/TRT-22ª/JUIZ DO TRABALHO/2013) O princípio da continuidade da relação de


emprego faz pressupor que o contrato de trabalho é por tempo indeterminado, que o trabalha-
dor não pediu demissão e não abandonou o emprego, excetuando-se a sua aplicação quando
apura-se a ocorrência de justa causa para despedida do empregado.

Na verdade, essa é a ideia do princípio da continuidade que continua existindo após a Reforma
Trabalhista, razão pela qual a justa causa é ônus do empregador, devendo ele provar a justa

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causa do trabalhador e, com isso, o princípio persiste. Tem-se exatamente o sinal do princípio
da continuidade da relação de emprego, que sobrevive até as mudanças do empregador, pois
as relações trabalhistas permanecem inalteradas. As regras da súmula 212 do TST que tratam
sobre este princípio é justamente que, na dúvida, o contrato de trabalho é por prazo indetermi-
nado e a dispensa é sem justa causa. A sucessão de empregadores está prevista no art. 448 da
CLT, que despenca em provas, e, ainda, é um reflexo direto do princípio em estudo nesta ques-
tão. Por isso, ainda, situações de JUSTA CAUSA ou PEDIDO DE DEMISSÃO é ônus da prova do
empregador na relação trabalhista.
Errado.

054. (FCC/MANAUSPREV/PROCURADOR AUTÁRQUICO/2015) Os princípios são proposi-


ções genéricas que exercem as funções informativa, normativa e interpretativa da ciência jurí-
dica. Em relação aos princípios aplicáveis ao Direito do Trabalho, é correto afirmar:
a) Derivado do princípio da intangibilidade salarial surge o princípio da irredutibilidade salarial
que admite exceções somente quando houver autorização expressa do trabalhador. ERRADA
b) Desde que o trabalhador seja maior e capaz serão válidas a renúncia e a transação, indepen-
dentemente de previsão legal, ainda que lhe importem em prejuízos indiretos.
c) São princípios constitucionais específicos do Direito do Trabalho: liberdade sindical, reco-
nhecimento das convenções e acordos coletivos, proteção em face da automação.
d) O princípio da continuidade do contrato de trabalho constitui em presunção favorável ao
empregador, razão pela qual o encargo em provar o término do contrato de trabalho é do traba-
lhador, quando negadas a prestação dos serviços e o despedimento.
e) Com o objetivo de assegurar a eficácia e a segurança dos atos jurídicos no Direito do Traba-
lho, como regra geral, a formalidade deve prevalecer sobre a realidade dos fatos.

Conforme expressamente previsto nos artigos 7º e 8º da CF/1988.


a) Errada. Exige expressa negociação coletiva, nos termos do inciso VI.
b) Errada. A renúncia é situação excepcional e deve ser prevista na CF ou na lei.
d) Errada. O princípio favorece o empregado.
e) Errada. Prevalecem os fatos em prol dos rótulos, nos termos do princípio da primazia da
realidade sobre a forma.
Letra c.

055. (TRT-8ª/TRT-8ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) De acordo com a doutrina pátria, o princí-


pio da norma mais favorável dispõe que, o operador do Direito do Trabalho, deve optar pela
regra mais favorável ao obreiro em três dimensões distintas: no princípio orientador da ação
legislativa, no princípio orientador do processo de hierarquização de normas trabalhistas e no
princípio orientador do processo de revelação do sentido da regra trabalhista.

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Existem triplas dimensões dos princípios, sendo que a resposta está em conformidade com a
melhor doutrina de direito do trabalho.
Certo.

056. (CESPE/CÂMARA DOS DEPUTADOS/ANALISTA LEGISLATIVO/2014) Julgue o item a


seguir com base nos princípios do direito do trabalho. Será nulo o contrato individual de tra-
balho que preveja remuneração das horas extras com adicional de 100% sobre a hora normal,
uma vez que a Constituição Federal de 1988 (CF) determina acréscimo de apenas 50%.

A CF/1988 prevê o mínimo, podendo existir legislação posterior que elasteça o mínimo cons-
titucional. Veja que a CF/1988 estipula uma condição mínima, conforme o art. 7º, inciso XVI:

Remuneração do serviço extraordinário superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do normal.


Errado.

057. (TRT-8ª/TRT-8ª/JUIZ DO TRABALHO/2012) O princípio da indisponibilidade dos direitos


trabalhistas está materializado em vários dispositivos da Consolidação das Leis do Trabalho,
dentre os quais se destaca o artigo 9º, que dispõe que serão nulos de pleno direito os atos
praticados com o objetivo de desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos
na referida Consolidação.

Está correta a correspondência acerca da proteção que se concede aos direitos trabalhistas
no patamar civilizatório mínimo. Nesse sentido, tudo que fraudar direitos trabalhistas ofende
a indisponibilidade.
Certo.

058. (CESPE/FUNPRESP-EXE/ANALISTA/2022) João possui uma rede de restaurantes com


mais de 100 funcionários e, no ano de 2019, em razão da crise econômica vivenciada no Brasil,
a qual atingiu diretamente a empresa, João reuniu-se com os funcionários, restando acordada
a redução temporária de salários, conforme documento reduzido a termo assinado pelos fun-
cionários. Considerando essa situação hipotética, julgue o item a seguir com base no direito
constitucional dos trabalhadores e nos princípios que regem o direito do trabalho. É válido o
termo assinado pelos funcionários porque a redução temporária dos salários visa à valoriza-
ção do princípio da continuidade da relação de emprego.

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Primeiramente é possível redução de jornada e salário mediante negociação coletiva, confor-


me consta no artigo 7 da CF/88. Além disso, a situação ofende o princípio da inalterabilidade
contratual lesiva e distorce o princípio da continuidade da relação de emprego. Sendo assim,
tem-se que: Assim, é vedado ao empregador alterar, unilateralmente, as condições pactuadas,
exceto se houver consentimento do empregado e desde que a este não resultem prejuízos,
diretos ou indiretos. Importante destacar um ponto significativo para a sua prova, conforme
orientação do TST: De acordo com o princípio da inalterabilidade contratual lesiva é veda-
da qualquer alteração contratual que seja lesiva ao empregado, mesmo se houver consenti-
mento deste.
Errado.

059. (VUNESP/PREFEITURA DE SÃO PAULO/PROCURADOR/2021) Assinale a alternativa


contrária ao princípio do Direito do Trabalho.
a) Alterabilidade contratual lesiva.
b) In dubio pro operario.
c) Primazia da realidade.
d) Intangibilidade salarial.
e) Proteção.

Em todas as alternativas, a incorreta é a alternativa A, pois o nome correto do princípio é INAL-


TERABILIDADE CONTRATUAL LESIVA que significa o seguinte: é vedado ao empregador alte-
rar, unilateralmente, as condições pactuadas, ex-ceto se houver consentimento do empregado
e desde que a este não resultem prejuízos, diretos ou indiretos.
Letra a.

060. (FCC/PGE-GO/PROCURADOR DO ESTADO/2021) Em relação aos princípios que nor-


teiam o Direito do Trabalho, considerando-se a doutrina, a legislação e as Súmulas de Jurispru-
dência do Tribunal Superior do Trabalho,
a) de acordo com o princípio da intangibilidade contratual objetiva, o conteúdo do contrato de
emprego pode ser modificado, caso ocorra efetiva mudança no plano do sujeito empresarial.
b) o princípio da irrenunciabilidade informa que o Direito do Trabalho impede a supressão de
direitos trabalhistas em face do exercício, pelo devedor trabalhista, de prerrogativa legal.
c) não há nenhum dispositivo expresso que atribui aos princípios uma função integrativa ou
que indique a primazia do interesse público na Consolidação das Leis do Trabalho, porque a
mesma regula o contrato individual nas relações de trabalho.

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d) em razão do princípio da primazia da realidade sobre a forma, o Juiz do Trabalho privilegia


a situação de fato, devidamente comprovada, em detrimento dos documentos ou do rótulo
conferido à relação de direito material.
e) o princípio da continuidade do contrato de trabalho constitui presunção favorável ao empre-
gador, razão pela qual tanto o ônus da prova quanto seu término é do empregado, nas hipóte-
ses em que são negados a prestação dos serviços e o despedimento.

a) Errada. A própria CLT afirma que não altera as condições jurídicas do contrato de trabalho.
b) Errada. Tendo em vista que existem situações que podem existir a indisponibilidade do bem
de família na execução trabalhista em detrimento do trabalhador, por exemplo. Também citam-
-se como exemplos a prescrição e a decadência.
c) Errada. Diante do que consta no artigo 8 da CLT.
e) Errada. É favorável ao empregado.
Letra d.

061. (FCC/TRT-9ª/ANALISTA/2015) Considere:


I. Inobstante o princípio basilar do Direito Individual do Trabalho no tocante à indisponibilidade
dos direitos trabalhistas, não há impedimento na supressão de direitos trabalhistas em face do
exercício, pelo devedor trabalhista, da arguição da prescrição ou em face do não exercício, pelo
credor trabalhista, de prerrogativa legal, como no caso da decadência.
II. A renúncia e a transação são exemplos de supressão de direitos trabalhistas, operadas pe-
los titulares de seus direitos, sendo a renúncia ato unilateral da parte e a transação ato bilateral,
pelo qual se acertam direitos e obrigações entre as partes acordantes, mediante concessões
recíprocas.
III. Mesmo sendo titular de um direito indisponível, o trabalhador não pode dispor de todos os
seus direitos trabalhistas, que estão acobertados pela indisponibilidade absoluta, como é o
caso do direito ao registro em CTPS, ao salário-mínimo e à incidência das normas de proteção
à saúde e segurança do trabalhador.
Está correto o que se afirma em
a) I, II e III.
b) I e II, apenas
c) I e III, apenas.
d) II, apenas.
e) I, apenas.

O inciso I está correto, pois é autoexplicativo que o princípio da intangibilidade é relativo, haja
vista que se admite no ordenamento a prescrição e a decadência. O inciso II está correto, na

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medida que trata das diferenças de renúncia e transação. O inciso III está correto, pois, na dou-
trina de Maurício Godinho Delgado afirma que existem direitos de indisponibilidade absoluta e
são eles, por exemplo, os que constam na assertiva. É o chamado patamar civilizatório mínimo.
Letra a.

062. (FCC/TRT-14ª/ANALISTA/2015) O Tribunal Superior do Trabalho editou a Súmula de Ju-


risprudência de no 212, segundo a qual o ônus de provar o término do contrato de trabalho,
quando negados a prestação de serviço e o despedimento, é do empregador, pois determinado
princípio do Direito do Trabalho constitui presunção favorável ao empregado. O referido prin-
cípio é o da
a) indisponibilidade dos direitos trabalhistas.
b) continuidade da relação de emprego.
c) flexibilização das normas trabalhistas.
d) intangibilidade salarial.
e) primazia da realidade.

A Súmula 212 trata exatamente do princípio da continuidade da relação de emprego, quando


trata das presunções de que, na dúvida, a dispensa foi sem justa causa e que os contratos de
trabalho são de prazo indeterminado. Nesse azo, tem-se claramente que a ideia é que os salá-
rios e as relações são de natureza sucessiva.
Letra b.

063. (FCC/ TRT-24ª/2010) O princípio que faz prevalecer a restrição à autonomia da vontade
no contrato trabalhista, em contraponto à diretriz civil de soberania das partes no ajuste das
condições contratuais, é, especificamente, o princípio
a) da condição mais benéfica.
b) da imperatividade das normas trabalhistas.
c) da primazia da realidade sobre a forma.
d) da continuidade da relação de emprego.
e) do in dubio pro operatio.

O princípio da imperatividade das normas trabalhistas veda exatamente os abusos cometidos


nas negociações coletivas, impondo limites nas tratativas de acordos e convenções coletivas
de trabalho. Destaca-se que a imperatividade tem a ideia de que as normas protetivas são de
ordem pública.
Letra b.

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064. (FCC/TRT-9ª/ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) A renúncia e a transação são exemplos de


supressão de direitos trabalhistas, operadas pelos titulares de seus direitos, sendo a renúncia
ato unilateral da parte e a transação ato bilateral, pelo qual se acertam direitos e obrigações
entre as partes acordantes, mediante concessões recíprocas.

A questão aborda exatamente os conceitos e diferenças entre renúncia e transação e devem


ser vistas, dessa feita, como exceções ao sistema. Lembre-se que a renúncia é ato unilateral e
a transação é bilateral.
Certo.

065. (FCC/TRT-9ª/ANALISTA JUDICIÁRIO/2015) Mesmo sendo titular de um direito indis-


ponível, o trabalhador não pode dispor de todos os seus direitos trabalhistas, que estão aco-
bertados pela indisponibilidade absoluta, como é o caso do direito ao registro em CTPS, ao
salário-mínimo e à incidência das normas de proteção à saúde e segurança do trabalhador.

É exatamente essa a ideia e o conceito trazido pela valiosa doutrina do Ministro do TST, Mau-
rício Godinho Delgado, na medida em que alguns direitos não podem ser transacionados, por
estarem no patamar civilizatório mínimo. São os direitos que chamamos de indisponibilidade
absoluta, e a questão aborda exatamente os exemplos do livro do doutrinador.
Certo.

066. (FCC/TRT-20ª/ANALISTA/2011) A renúncia a direitos futuros é, em regra, inadmissível,


sendo proibido pelo TST, inclusive, a pré-contratação de horas extras pelos bancários quando
da sua admissão.

A resposta está em consonância com o entendimento do TST, do qual se extrai a notícia do


site oficial do TST, do qual menciono em respeito aos direitos autorais: A Quinta Turma do
Tribunal Superior do Trabalho rejeitou a pretensão do Banco Bozano Simonsen S.A. de validar
a pré-contratação de horas extras de bancário. Por maioria, a Turma negou conhecimento a
recurso do banco e confirmou decisão de segunda instância que reconheceu o direito de um
ex-empregado do banco ao recebimento de duas horas extras diárias. O Tribunal Regional do
Trabalho do Rio de Janeiro (1ª Região) aplicou ao caso a jurisprudência do TST consolidada
na Súmula 199, que estabelece a nulidade da pré-contratação do serviço suplementar quando
é feita pelo empregador quando da admissão do trabalhador bancário. Os valores assim ajus-
tados apenas remuneram a jornada normal, sendo devidas as horas extras com o adicional
de, no mínimo, 50%, as quais não configuram pré-contratação, se pactuadas após a admissão
do bancário, especifica na súmula. No recurso contra a decisão do TRT-RJ, o Banco alega que
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essa jurisprudência do TST não se aplicaria ao caso porque o bancário passou a fazer horas
extras apenas a partir do segundo mês de contratação e não a partir do momento da contrata-
ção, como estaria previsto na Súmula 199. Seria, segundo o Bozano Simonsen, aplicável outra
súmula, de número 48, que valida o sistema de compensação de horário quando a jornada ado-
tada é a chamada semana espanhola, que alterna a prestação de serviços de quarenta e oito
horas em uma semana e quarenta horas em outra. A Súmula 199 foi editada com vistas a coibir
o desrespeito à jornada legalmente prevista para o bancário, disse o relator, juiz convocado
José Pedro de Camargo, ao propor o não conhecimento do recurso. Ele citou também o artigo
225 da CLT, que continua em pleno vigor e estabelece que a prorrogação do trabalho bancário
só poderá ocorrer de forma excepcional. Não se pode permitir expedientes que contornem a
aplicação da lei, enfatizou.
Certo.

067. (FCC/TRT-20ª/ANALISTA/2011) O direito ao aviso prévio é renunciável pelo empregado,


sendo que o pedido de dispensa de cumprimento sempre exime o empregador de pagar o res-
pectivo valor.

A assertiva está em descompasso com a ideia do TST: Súmula 276: “O direito ao aviso prévio
é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o emprega-
dor de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido
novo emprego”.
Errado.

068. (FCC/MPU/ANALISTA/2009) É nula a renúncia que obste a aplicação de norma cogente.

A assertiva está correta, pois as normas cogentes são de ordem pública e de cumprimento
obrigatório, com supedâneo na ideia de imperatividade das normas trabalhistas.
Certo.

069. (FCC/MPU/ANALISTA/2009) Em virtude dos princípios que informam o Direito do Tra-


balho, a renúncia e a transação devem ser tidas como exceção, não sendo admitida a renúncia
tacitamente manifestada nem interpretação extensiva do ato pelo qual o trabalhador se despo-
ja de direitos que lhe são assegurados.

A questão traz exatamente a premissa que estamos estudando em nosso material de apoio, na
medida em que renúncia e transação são medidas de exceção, em razão do princípio da prote-
ção dos direitos trabalhistas e, com isso, a interpretação dos termos é restritiva, observando-se
a real intenção das partes.
Certo.

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GABARITO
10. e 30. C 50. c
11. C 31. C 51. d
12. b 32. a 52. b
13. E 33. E 53. E
14. a 34. c 54. C
15. e 35. d 55. C
16. E 36. d 56. E
17. E 37. E 57. C
18. a 38. E 58. E
19. E 39. E 59. a
20. E 40. E 60. d
21. b 41. E 61. a
22. C 42. c 62. b
23. C 43. e 63. b
24. a 44. E 64. C
25. a 45. E 65. C
26. c 46. d 66. C
27. E 47. e 67. E
28. E 48. C 68. C
29. d 49. C 69. C

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REFERÊNCIAS

BARROS, Alice Monteiro de. Curso de Direito do Trabalho. São Paulo: Ltr, 2011.

BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho (1943). Consolidação das Leis do Trabalho. Brasí-
lia: Senado, 1943.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Se-


nado, 1988.

______Supremo Tribunal Federal. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.stf.jus.b

_______Tribunal Superior do Trabalho. Brasília: acesso em outubro/2020. Site oficial: www.


tst.jus.br

CASSAR, Vólia Bomfim. Direito do Trabalho. 11ª Ed. São Paulo: Editora Método, 2015.

DELGADO, Maurício Godinho. Curso de Direito do Trabalho. 19ª Ed. São Paulo: Editora LTr, 2019.

DELGADO, Maurício Godinho; DELGADO, Gabriela Neves. A Reforma Trabalhista no Brasil: Com
os comentários à Lei n. 13.467/2017. São Paulo: Editora LTr, 2017.

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ANEXO – JURISPRUDÊNCIA
Súmula n. 51 do TST
NORMA REGULAMENTAR. VANTAGENS E OPÇÃO PELO NOVO REGULAMENTO. ART. 468
DA CLT
I – As cláusulas regulamentares, que revoguem ou alterem vantagens deferidas ante-
riormente, só atingirão os trabalhadores admitidos após a revogação ou alteração do
regulamento.
II – Havendo a coexistência de dois regulamentos da empresa, a opção do empregado
por um deles tem efeito jurídico de renúncia às regras do sistema do outro.
Ocorre que o novo Código de Processo Civil, em seu art. 833, deu à matéria tratamento
um tanto diferente em relação ao Código anterior, no art. 649, substituindo no caput a
expressão ‘absolutamente impenhoráveis’ pela palavra ‘impenhoráveis’, dando, assim,
margem à mitigação da regra pelo intérprete, ao considerar o caso concreto.” (AgInt no
AREsp 1.336.881/DF, Rel. Ministro Raul Araújo, Quarta Turma, julgado em 23/04/2019,
DJe 27/05/2019)
Súmula n. 12 do TST
CARTEIRA PROFISSIONAL (mantida)
As anotações apostas pelo empregador na carteira profissional do empregado não geram
presunção juris et de jure”, mas apenas juris tantum”.
Súmula n. 212 - Despedimento. Ônus da prova
O ônus de provar o término do contrato de trabalho, quando negados a prestação de ser-
viço e o despedimento, é do empregador, pois o princípio da continuidade da relação de
emprego constitui presunção favorável ao empregado.

Maria Rafaela

Juíza do trabalho substituta da 7ª Região. Doutoranda em Direito pela Universidade do Porto/Portugal. Mes-
tre em Ciências Jurídicas pela Universidade do Porto/Portugal. Professora de cursos de pós-graduação na
Universidade de Fortaleza - Unifor. Palestrante. Professora convidada da Escola Judicial do TRT 7ª Região.
Especialista em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho. Professora de cursos preparatórios para con-
cursos públicos. Formadora da Escola de Magistratura do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará. Cargos
desempenhados: foi juíza do trabalho substituta no TRT 14ª Região, promotora de justiça titular do MPRO,
analista judiciária do TJCE; professora concursada do quadro permanente na Universidade Federal de Ron-
dônia; professora concursada temporária na Universidade Federal do Ceará. Aprovada em outros concursos
públicos. Autora de artigos científicos publicados.

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