Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Em 2019, a taxa de empreendedorismo inicial (23,3%) foi superior à taxa de empreendedorismo estabelecido
(16,2%), apresentando a maior diferença entre as taxas dos dois estágios (7,1 pontos percentuais) desde 2002
O crescimento expressivo do empreendedorismo inicial no Brasil foi devido exclusivamente ao aumento de 6,4
pontos percentuais na taxa de empreendedores nascentes (8,1%) em relação a 2018, uma vez que a taxa de
empreendedores
novos sofreu uma redução de 0,6 ponto percentual no mesmo período (gráfico 1.2).
O Brasil, em 2019, estava vivenciando um aumento gradual do consumo incentivado pela baixa inflação,
redução da taxa básica de juros (Selic) e utilização dos valores sacados das contas do Fundo de Garantia do
Tempo de Serviço (FGTS). Além disso, observou-se o crescimento de investimentos no mercado de ações,
com o Ibovespa batendo sucessivos recordes positivos, ultrapassando 117 mil
pontos no ano de 2019 (B3, 2019)8.
Em 2019 também houve a aprovação da medida provisória da liberdade econômica com o objetivo de reduzir a
burocracia e facilitar a abertura de empresas, principalmente das micro e pequenas. Entre as mudanças estão a
não
exigência do alvará de funcionamento para atividades de baixo risco, como a maioria dos pequenos comércios;
a simplificação do sistema de escrituração digital de obrigações fiscais, previdenciárias e trabalhistas; e a
criação da figura do abuso regulatório, para impedir que o poder público edite regras que afetem a exploração
da atividade econômica” ou prejudiquem a concorrência.
Potenciais Empreendedores
O GEM, além de analisar os indivíduos que já estão envolvidos em uma atividade empreendedora nos países
pesquisados (empreendedores nascentes, novos e estabelecidos), também identifica os potenciais
empreendedores, ou seja, as pessoas adultas de 18 a 64 anos que não são empreendedoras e expressam o desejo
de começar um novo negócio nos próximos três anos.
Na comparação internacional com as 50 economias participantes do GEM em 2019, o Brasil ficou na 16ª
posição. Entre os oito países selecionados (tabela 1.4), a taxa brasileira de 30,2% foi a 2ª maior, atrás apenas da
Índia (33,3%). Todos os demais países ficaram com a média inferior a 22%, sendo a menor taxa (9,1%) a da
Alemanha.
QUANTO AO GENERO
Em 2019, no Brasil, praticamente não existiu diferença entre homens e mulheres no estágio de
empreendedorismo inicial. Por sua vez, no estágio estabelecido, os homens foram mais ativos do que as
mulheres – a taxa dos empreendedores estabelecidos do sexo masculino foi de 18,4%, enquanto a do feminino
foi de 13,9%, com uma diferença de 4,5 pontos percentuais. Em termos absolutos, estima-se a existência de
quase três milhões de homens a mais do que mulheres no empreendedorismo estabelecido (gráfico 2.1).
Apesar da menor permanência feminina na atividade empreendedora, deve-se destacar que, segundo o estudo
desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa em Gênero e Economia da Universidade Federal Fluminense, a média do
nível de escolaridade das mulheres na população é de um ano superior à média dos homens 1². Portanto, pelo
menos, na média, não são déficits de conhecimento formal que explicam essa defasagem. Apesar disso, cabe
destacar também que, mesmo com taxas de empreendedorismo total menores que as dos homens, a estimativa
do número de mulheres empreendedoras no Brasil em 2019 foi de 25,8 milhões, muito próxima dos 28,7
milhões de homens
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Motivação para empreender no Brasil e no Mundo
verificar especificamente cada uma das motivações, observou-se que um quarto dos empreendedores iniciais
estavam envolvidos em novos negócios para dar continuidade a uma tradição familiar. A ambição de construir
uma grande riqueza ou obter uma renda muito alta estava presente no espectro das motivações de cerca de 37%
deles. Destacou-se o fato de que metade desses empreendedores iniciais também apontaram que fazer diferença
no mundo, ou seja, contribuir para um mundo melhor, foi um dos motivos que os levaram a empreender. E, por
fim, 88,4% dos empreendedores iniciais afirmaram que a escassez de emprego constituiu uma das razões para
desenvolver a iniciativa empreendedora com a qual estavam envolvidos.
Investidores Informais
Além de identificar a quantidade de investidores informais, o GEM verificou os recursos que eles
disponibilizaram para os novos empreendimentos. O valor médio investido de modo informal pelos brasileiros
foi de R$7.939,34; 50%30 deles investiram abaixo de R$ 5.000,00 (e 50% acima desse valor), sendo o mínimo
de R$ 100,00 e o máximo de R$ 50.000,00.
Na comparação internacional a taxa de investidores informais do Brasil ficou na 31ª posição (juntamente com o
Reino Unido) entre as 50 economias participantes do GEM 2019.
Em relação aos oito países pertencentes à América Latina e Caribe, o Brasil ficou na 6ª posição. Nessa região,
ficaram as duas maiores taxas de investidores informais do ranking geral, Chile (20,9%) e Guatemala (14,9%).
Considerando as economias selecionadas, a China foi o destaque, alcançando o 1º lugar do grupo, com 6,1%.
México e África do Sul possuíam as taxas mais baixas, ambos com apenas 1,4%, e ficaram inclusive entre os
cinco países com as menores taxas dos 50 participantes do GEM.
Compreender e identificar as pessoas no Brasil que investem informalmente em novos empreendimentos é
importante, pois os dados de 2019 sugerem um montante de recursos muito expressivo para a realidade do
mercado brasileiro, capital que é aplicado anualmente em iniciativas empreendedoras no país, justificando
assim a criação de políticas e programas específicos para incentivar a expansão desse público e de seus
investimentos.
Com relação aos empreendedores estabelecidos (tabela 5.3), a proporção dos que prestavam serviços para
negócios nos Estados Unidos e na Alemanha foi de aproximadamente 40%. Nesses dois países, houve uma
ampliação de empreendedores ao comparar com os percentuais dos iniciais. A Austrália também se destacou
com quase 20%, embora cerca de 7 pontos percentuais abaixo de seus empreendedores iniciais. Nas demais
economias a proporção foi abaixo de 10%. O único país com percentual inferior ao do Brasil (5%) foi a Índia
com 1%. A elevada representatividade de serviços orientados para negócios é considerada uma das
características diferenciadoras dos países de alta renda.
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Em 2019, 73,6% dos empreendedores não obtiveram o CNPJ para seus negócios (tabela 6.1). Dentro desse
grupo (tabela 6.4), 27,4% disseram não ver vantagem na formalização, enquanto 12,5% deles estavam incertos
quanto à continuidade do empreendimento no futuro e, por isso, não se esforçaram para obter o CNPJ.
Em um outro sentido, 17,2% desses empreendedores não buscaram a formalização devido aos custos elevados e
8% não tinham condições de pagar os encargos tributários a ela associados. E 12,4% afirmaram que sua
atividade não
necessitava cumprir essa exigência.
QUANTO AO FATURAMENTO
Cada empreendedor entrevistado pelo GEM também respondeu sobre o faturamento anual de seu negócio, que
é a soma de todos os valores recebidos pelas vendas de seus produtos e/ou serviços, sem excluir as despesas e o
lucro. Apenas 6% dos empreendedores faturaram acima do equivalente a R$ 5.000,00 por mês, 20,5%
informaram que ainda não tiveram qualquer faturamento que pode ser explicado pela influência dos
empreendedores nascentes e 51,6% ganharam por ano até R$ 24.000,00, ou seja, no máximo R$ 2.000,00 por
mês.
INOVADORES
Cerca de 10% dos empreendedores iniciais brasileiros indicaram que seu produto e tecnologia eram novos no
local onde atuavam, e em torno de 90% afirmaram que o seu produto ou a tecnologia que utilizavam não eram
novos, ou seja, os produtos ou serviços que ofereciam ao mercado já eram do conhecimento e uso por parte do
seu público consumidor. Apesar de existirem registros de empreendimentos que
propõem algo novo no contexto brasileiro, apenas 0,6% dos empreendedores iniciais disseram trabalhar com
produtos novos no nível nacional (tabela 6.13).
A formalização dos negócios no Brasil também foi benéfica para os aspectos ligados à novidade do produto e
da tecnologia, mesmo que ainda restrita territorialmente ao local de atuação do empreendedor (tabela 6.14).
-----------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
QUANTO AO SONHO
Ter um negócio próprio foi citado como um sonho importante para a população brasileira. A proporção de
pessoas que o manifestaram em 2019 foi de 36,7%, ocupando o 4º lugar no ranking de sonhos (tabela 7.1). Em
relação a 2018 houve um incremento de aproximadamente 4 pontos percentuais53.