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Nunca deu por si a aceitar os termos de utilização de dados pessoais sem ler,
simplesmente por uma questão de pragmatismo e rapidez? Nunca sentiu pouco seguro na
internet, mesmo que cada plataforma, app ou rede social tenha uma palavra passe diferente?
Atualmente, tudo o que fazemos na internet é monetizado. Na realidade os nossos dados
pessoais são a nova moeda da qual depende a riqueza. Atualmente, o endereço de email de
um único utilizador da Internet vale cerca de 89 dólares para qualquer empresa.
Pode parecer contraditório que as empresas que operam com negócios na Internet
consigam obter enormes lucros todos os anos, apesar de oferecerem serviços
maioritariamente gratuitos. Na realidade estas empresas têm crescido consistentemente nos
últimos anos, à medida que mais pessoas se juntam à Internet. Porquê? É o algoritmo! Sempre
que nos conectamos à Internet para falar com familiares e amigos, procurar emprego, comprar
produtos, jogar vídeo jogos ou obter acesso a notícias estamos a ser lucrativos para estas
empresas. O que é aparentemente gratuito é, na realidade pago através de um método
alternativo: usando os dados dos utilizadores, sem que os mesmo tenham consciência disso.
Empresas como o Google, o Facebook, Twitter, Yahoo e muitas outras mais são
capazes de gerar receita. Mas como? A forma mais comum é através de publicidade.
Publicidade essa que não é arbitraria, mas sim feita à medida de cada um. Nunca deu por si a
falar sobre Steakhouses e quando acede a uma rede social tem imediatamente anúncios sobre
onde pode comer o melhor T-Bone de Portugal? Ou então, imagine que é um jogador de
Basquetebol, pratica com frequência este desporto, a probabilidade de comprar artigos
relacionados com a modalidade é mais relevante. Assim, as empresas mostram-lhe os
anúncios relacionados com tal. É uma forma muito mais eficaz de fazer publicidade.
De facto, isto tornou-se num negócio tão lucrativo que já existem empresas
especializadas na recolha e venda dos dados para outras empresas que os possam querer
comprar. Estes agentes são denominados de Data Brokers. O setor conta já com lideranças
consolidadas no mercado. Axciom, Epsilon, Datalogix são exemplos dessas empresas. Os data
brokers compram e vendem dados pessoais de todo tipo e em vários ramos de atuação. Assim,
os dados pessoais são informação relativa a uma pessoa viva, identificada ou identificável, ou
são o conjunto de informações distintas que podem levar à identificação de uma determinada
pessoa. Com a revolução “data-driven economy” em que as empresas utilizam os nossos dados
pessoais de modo a gerar lucro, sem terem de nós pedir autorização. Os nossos Governos
também não nos pedem consentimento. Governos esses que, perante crises não ficam para
trás e usam esses dados para nos “proteger” (ou vigiar).
Numa era em que todos nós deixamos uma pegada digital, as organizações com uma
forte cultura de proteção e privacidade de dados estarão mais preparadas para enfrentar este
tipo de riscos associados à ascensão do poder através dos dados pessoais. Um mundo sem
privacidade digital é um mundo perigoso! Temos de ser nos a travar isto, alinhando-nos às
entidades certas e sem nunca perder o sentido de responsabilidade que temos na manutenção
da nossa própria privacidade.