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Textos alternativos

Lenda Manual, p. 64

A princesa que levou o chá


para Inglaterra
A filha do rei D. João IV, D. Catarina de Bragança, casou com o rei Carlos II
de Inglaterra. Era uma rapariga baixinha e morena, ao contrário das inglesas, que
na sua maioria são loiras. As suas feições não correspondiam à moda para as
belezas da época, e por isso consideravam-na feia. Sendo católica num país de
5 protestantes, quando as diferenças religiosas ainda não eram toleradas com
facilidade, e sem falar uma palavra de inglês, passou um mau bocado nos
primeiros tempos de casada. Mas Catarina tinha um espírito forte e conseguiu
impor-se, apesar de nem sequer ter dado filhos ao rei. Carlos II admirava-a e
respeitava-a. Sabe-se que mantinha relações amorosas com outras mulheres da
10 corte, o que aliás era “hábito de rei”. Mas nunca repudiou a mulher nem deu
ouvidos aos que lhe aconselhavam a anulação do casamento por falta de herdeiros.
E o mais curioso é que também soube cativar a amizade da sogra.
Catarina levou para Inglaterra muitas riquezas que faziam parte do dote. Uma
delas foi a cidade de Bombaim, na Índia; portanto, de certo modo ofereceu-lhes a
15 primeira pérola daquilo que os ingleses vieram a chamar “a joia da coroa”, ou seja,
o império que tiveram na Índia. E também levou na bagagem umas certas
folhinhas de aparência insignificante que os ingleses adoraram: o chá. Não deu
herdeiros ao trono, mas foi ela que fez nascer a mais inglesa de todas as tradições,
o chá das cinco.
20 Naquele tempo a cidade de Nova Iorque fazia parte das colónias inglesas na
América. Foi em honra de Catarina que se batizou um dos bairros de Nova Iorque
com o nome de Queen’s, o que quer dizer “Bairro da Rainha”.

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada, 2001. Portugal – Histórias e Lendas.


Lisboa: Caminho (p. 149)

EUG5 © Porto Editora

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