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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE LETRAS

RAFAELA LOPES DE ALMEIDA SILVA

PROVA I – TEORIA DA LITERATURA

JUIZ DE FORA- MG

2022
RAFAELA LOPES DE ALMEIDA SILVA

PROVA I – TEORIA DA LITERATURA

Prova I no curso de Licenciatura em Letras da Universidade


Federal de Juiz de Fora – Juiz de Fora - MG como método
avaliativo da disciplina Teoria da Literatura.

Docente: André Monteiro.

JUIZ DE FORA- MG

2022

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QUESTÃO ÚNICA:

1) O “ato de leitura” foi relegado em segundo plano por grande parte das escolas críticas
e teórico-literárias de século XIX e XX. Roland Barthes, Stanley Fish e Jorge Larrosa,
ao contrário, buscam desconstruir, cada um a seu modo, o suposto papel secundário da
leitura. Comente as diferenças mais significativas entre o conceito de “comunidade
interpretativa”, proposto por S. Fish, em “Como reconhecer um poema ao vê-lo”, a
concepção de leitura desenvolvida por Jorge Larrosa, a partir de um diálogo com
Nietzsche. Para além da hermenêutica e proposição barthesiana de “matar o autor”
desdobrada em “A morte do autor.

INTRODUÇÃO

Em “Como conhecer um poema ao vê-lo”, de S. Fish, a capacidade de interpretar um


texto livre e atribuir valores a ele, não nasce do leitor individualmente, são construídos por
uma consciência coletiva e social, uma relação individual não com o texto, mas sim, pelo
conhecimento já adquirido por meio da sua comunidade interpretativa. Pois a relação do
leitor com o “eu” leitor não é uma entidade individual e autônoma, mas sim um “eu”
público, coletivo.

Os atos interpretativos nunca serão exclusivamente únicos e seus, já que, o que eu


estou lendo é apenas um texto que eu estou produzindo, sob o impacto das leituras
permitidas pela minha comunidade interpretativa socialmente organizadas em que o leitor
está inserido. Logo, Fish relata que a literatura é uma convenção, os valores e as
diferenças são oprimidos pois não se tem a possibilidade de interpretação. Visto que, a
interpretação e o entendimento não serão impostos pelo texto ao leitor, mas a leitura já
estará imposta e seu entendimento estará garantido por meio da percepção já
compartilhada socialmente.

No texto de Larrosa, vemos que, a experiência da leitura não é somente entender o


significado do texto, mas vive-lo. Ele cita no texto que não existem mais leitores que leem
pela liberdade ao desconhecido, um leitor capaz de pensar enquanto lê, aquele que não
fica no limite da interpretação, nem da sua própria ideia construída. Mas que vai ao texto
com as mãos e os sentidos abertos. Larrosa comenta que a experiencia da leitura se tornou
“compulsivos” denominados “leitores modernos”. Esse que está sempre preso ao gosto do

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conformismo, saciado pelo que leu e pelo sentido que alcançou dentro da ideia já
construída dos textos. Portanto, são leitores que preferem se guiar por ideias prontas do
que ruminar suas próprias e esquecem que a “leitura é algo ao qual cada um deve aplicar
com lentidão”.

Dessa forma, temos a proposição barthesiana de “matar o autor”, de que quando um


autor está escrevendo um texto, ele entra na sua própria morte. Um sujeito que precede o
texto e que tem poder sobre ele, sendo visto como a única fonte e privilegiada da obra.
Uma figura tradicional do autor colado a obra como uma chave de leitura e a fonte
totalizante do significado da obra. Pois sua história, a explicação de sua obra sempre será
ligada a quem a escreveu, a maior importância não será concedida pelo texto, mas sim ao
autor.

O ataque de Barthes consiste em tirar essa linha entre o autor, e sua biografia ser a
única voz interpretar do texto. Logo, para isso, entra o nascimento do leitor, não aquele
leitor moderno citado acima, mas aquele capaz de dar sentido ao texto no seu processo de
leitura. Aquele capaz de desdobrar outros sentidos de leitura, longe das concepções
usuais presentes na sociedade e questões autoriais, uma leitura como reescritura do novo.
Por entre essas perspectivas, livros nada mais são do que mediadores, que possuem cada
um, uma função temporária na vida de cada ser, capaz de conduzi-los ao mais alto de si
mesmos.

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