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A besta do Apocalipse

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Publicado em: 16/10/2001

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Devido ao seu simbolismo, o livro mais difícil do novo testamento é, sem dúvida, o Apocalipse de João.
Muitos são os personagens que desfilam ao longo dessa obra, porém nenhum é tão conhecido e
mencionado quanto a famosa Besta. São dois os capítulos-chaves para se decifrar o mistério que essa
figura encerra: o 13 e o 17. Para os pesquisadores, existe uma única resposta: a besta do apocalipse é o
Império Romano. A primeira indicação que se apresenta é a de que saiu do mar(13,1). Israel foi sempre
um povo de terra firme e temeu o mar aberto, que seria a representação das esferas do inferno, hostis a
Deus. O mar representava para os judeus, mais concretamente, o Mediterrâneo, em cuja margem oposta
encontrava-se seu pior inimigo: o Império Romano. Referindo-se a sua visão. João diz que a besta teria
em suas cabeças títulos blasfematórios. Este simbolismo encontra-se em perfeito acordo com o costume
dos imperadores de se atribuir títulos próprios de Deus, adorado, salvador. Entre as particularidades da
Besta, conta-nos que uma de suas cabeças estava como que ferida de morte, mas essa sua ferida foi
curada (13,3). Mais adiante, nos revela o segredo de que as sete cabeças da Besta são imperadores
(17,9); então, temos de interpretar que se trata de um soberano que se acreditava morto.

Tal fato se refere a um relato dos historiadores da época: quando Nero se suicidou, muitos não queriam
crer que o imperador havia morrido e se espalhou o boato de que ele havia ido a um país estrangeiro par
aformar um exército, voltar e conquistar o império. Assim criou-se a lenda de seu retorno após a morte.

Em 13,18 termina a descrição da terrível besta, que se persegue e mata os cristãos, e de que uma
segunda besta, que faz a estátua da primeira para que todos a adorem. Depois de haver apresentado
essas figuras simbólicas, João mostra uma espécie de enigma que tem de ser decifrado, dizendo o
seguinte: "Eis aqui a sabedoria! Quem tiver inteligência, calcule o númeroda Besta, porque é um número
de um homem, e esse número é 666" (13,18).

Quando escreveu seu livro , João havia sido preso pelos romanos e sua vida corria perigo; então, decide
alertar so cristãos de uma maneira velada, evitando que a polícia imperial pudesse tomar medidas de
represálias contra ele. Muito provavelmente, trata-se aqui do imperador Nero, pois ao escrever seu nome
em hebraico, o resultado é o seguinte:
N(=50)+R(=200)+W(=6)+N(=50)+Q(=100)+S(=60)+R(=200)=666. com as letras indicadas
(NRWNQSR) escreve-se o nome e o título do imperador: Nero César. Além disso, no capítulo 17 o autor
volta a dar outras indicações que lançam dúvidas. Diz que as setes cabeças da Besta são sete montanhas
(v.9). Sabe-se que a cidade de Roma é famosa por suas sete colinas; portanto a identificação da besta
com o Império é bastante clara. O texto acresenta: "São também sete reis: cinco já caíram;um subsiste,
o outro ainda não veio; e quando vier, deve permanecer pouco tempo. Quanto à fera que era e já não é ,
ela mesma é um oitavo, todavia é um dos sete e caminha para a perdição". Deste modo se as sete
cabeças da besta são sete reis, basta verificar quem foram os primeiros imperadores e ter-se-á a solução
do problema. Em outra parte do livro, o autor ver surgir em sua visão uma mistura de leopardo, urso e
leão (13,2). Quem conhece os livros do Antigo Testamento reconhece imediatamente que a referida figura
seria uma síntese das quatro bestas que o profeta Daniel viu em uma aparição, das quais as três
primeiras se assemelham aos animais mais descritos (Daniel 7,1-8). Essas quatros figuras somavam sete
cabeças e dez chifres. Por isso, a do Apocalipse também apresenta essas características. João descreve
seu Apocalipse em um contexto muito especial - o imperialismo romano, sistema opressor imposto pelos
que tinham poder político, militar e econômico àquela época. Começava um culto ao imperador, ou seja,
ao EStado, como Senhor e Deus. Havia se iniciado uma perseguição contra os que não acreditavam se
submeter à classe governante, ou seja, contra os cristãos, que preferiam outro tipo de vida.

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