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FORMAÇÃO OCC

Código Contributivo

Sónia de Carvalho
Messias Carvalho

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1. OBJECTIVOS

No final desta acção de formação, os formandos deverão ser capazes de:

• Identificar e compreender as principais regras aplicáveis ao regime contributivo dos


trabalhadores por conta de outrem, nomeadamente, prazo de cumprimento de obrigações e
remunerações sujeitas ou excluídas de incidência contributiva.

• Conhecer o âmbito de aplicação dos regimes contributivos relativos a trabalhadores integrados


em categorias ou situações específicas.

• Apreender o regime dos trabalhadores independentes.

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• Reconhecer o âmbito de aplicação e o regime do seguro social voluntário.

• Conhecer as causas de extinção da obrigação contributiva, bem como elencar as consequências


do incumprimento da obrigação contributiva.

• Identificar as contra-ordenações contra a Segurança Social e coimas aplicáveis às mesmas.

• Identificar os crimes contra a Segurança Social e os principais crimes tributários e as molduras


penais aplicáveis aos mesmos.

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• Conhecer os meios de defesa administrativos e judiciais relativos aos actos e decisões da


Segurança Social.

• Saber utilizar, no âmbito das competências previstas no artigo 10.º do Estatuto da Ordem dos
Contabilistas Certificados, os meios de defesa administrativos e judiciais relativos aos actos e
decisões da Segurança Social.

• Identificar as principais medidas implementadas para apoio das empresas, dos TCO e TI na
pandemia de COVID-19.

• Identificar as principais alterações ao regime jurídico de protecção social nas eventualidades de


doença, desemprego e parentalidade, introduzidas pelo Decreto-Lei n.º 90/2019, de 4 de
Setembro.

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3. DISPOSIÇÕES GERAIS E COMUNS

3.1. Regimes abrangidos

O CRCSPSS, de acordo com o art. 1.º regula os regimes abrangidos pelo sistema previdencial
aplicáveis:

• aos trabalhadores por conta de outrem ou em situação legalmente equiparada para efeitos
de segurança social,

• aos trabalhadores independentes,

• beneficiários abrangidos pelo regime de inscrição facultativa.

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Estão assim regulados pelo Código o regime geral dos trabalhadores por conta de outrem, nas
suas várias modalidades, o regime dos trabalhadores independentes e o regime de seguro social
voluntário.

O CRCSPSS, de acordo com o art.º 2.º, define:

• o âmbito pessoal,

• o âmbito material,

• a relação jurídica de vinculação,

• a relação jurídica contributiva dos regimes a que se refere o artigo anterior, regulando
igualmente o respectivo quadro sancionatório.

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São subsidiariamente aplicáveis, de acordo com o art. 3.º do CRCSPSS,

• quanto à relação jurídica contributiva, a Lei Geral Tributária;

• quanto à responsabilidade civil, o Código Civil;

• quanto à matéria procedimental, o Código do Procedimento Administrativo;

• quanto à matéria substantiva contra-ordenacional, o Regime Geral das Infracções Tributárias.

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Tal significa que, perante lacunas no CRCSSSP, a solução deve ser procurada no direito
subsidiário.

O regime aplicável à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem, designado no


CRCSPSS por regime geral constitui o quadro legal de referência dos restantes regimes contributivos
do sistema previdencial, de acordo com o art. 4.º do CRCSPSS.

O n.º 2 do citado art. 4.º estabelece que o regime geral pode ser objecto de adaptações no que
respeita, designadamente, ao âmbito pessoal, ao âmbito material e à obrigação contributiva,
permitindo a sua adequação às condições e características específicas do exercício da actividade e
das categorias de trabalhadores.

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Nos termos do art. 5.º do CRCSPSS, o regime geral dos trabalhadores por conta de outrem
compreende:

a) o regime aplicável à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem;

b) o regime aplicável aos trabalhadores integrados em categorias ou situações específicas;

c) o regime aplicável às situações equiparadas a trabalho por conta de outrem.

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O regime geral dos trabalhadores por conta de outrem aplica-se aos trabalhadores vinculados
por contrato individual de trabalho, ou seja, aquele em que o trabalhador, uma pessoa singular se
obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a outra ou outras pessoas, no âmbito de
organização e sob a autoridade destas, de acordo com o art. 11.º do Código do Trabalho.

Os regimes aplicáveis a trabalhadores colocados em categorias ou situações específicas,


referidos na alínea b), têm um âmbito de protecção reduzido, não abrangendo todas as
eventualidades protegidas pelo regime geral dos trabalhadores por conta de outrem, previstas no art.
19.º do CRCSPSS.

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Estes regimes abrangem:

• o regime dos membros dos órgãos estatutários das pessoas colectivas e entidades
equiparadas (arts. 61.º a 70.º);

• o regime dos trabalhadores no domicílio (arts. 71.º a 73.º);

• o regime dos praticantes desportivos profissionais (arts. 61.º a 79.º);

• o regime dos trabalhadores em regime de contrato de muito curta duração (arts. 80.º a 83.º);

• o regime dos trabalhadores em situação de pré-reforma (arts. 84.º a 88.º);

• o regime dos pensionistas em actividade (arts. 89.º a 91.º);

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• o regime dos trabalhadores que exercem funções públicas (arts. 91.º-A a 91.º-C);

• o regime dos trabalhadores em regime de trabalho intermitente (arts. 92.º a 94.º);

• o regime dos trabalhadores de actividades economicamente débeis - agricultura e pesca (arts.


95.º a 99.º);

• o regime de incentivos ao emprego (arts. 100.º a 104.º);

• o regime de incentivos à permanência no mercado de trabalho (arts. 100.º a 104.º);

• o regime de incentivos à contratação de trabalhadores com deficiência (arts. 108.º e 109.º);

• o regime dos trabalhadores ao serviço de entidades sem fim lucrativo (arts. 109.º a 112.º);

• o regime dos trabalhadores do serviço doméstico (arts. 116.º a 121.º).

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Na alínea c) estão previstos os regimes aplicáveis a situações equiparadas a trabalho por conta
de outrem, nos quais se incluem:

• o regime dos membros das igrejas, associações e confissões religiosas (arts. 122.º a 128.º)

• o regime dos trabalhadores em regime de acumulação de trabalho dependente e


independente para a mesma empresa ou empresa do mesmo agrupamento empresarial (arts.
129.º a 131.º) .

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3.2. Relação jurídica de vinculação

A relação jurídica de vinculação é a ligação estabelecida entre as pessoas singulares ou colectivas


e o sistema previdencial de segurança social, tendo por objecto a determinação dos titulares do
direito à protecção social do sistema previdencial da Segurança Social, bem como dos sujeitos das
obrigações, nos termos do art. 6.º e 7.º do CRCSPSS.

A vinculação efectiva-se mediante a inscrição, de acordo com o art.º 6.º, n.º 2.º do CRCSPSS, na
instituição de Segurança Social competente.

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3.3. Inscrição

A inscrição pressupõe a identificação do interessado no sistema de segurança social através de


um número de identificação na segurança social (NISS) composto por 11 algarismos, que é único e
definitivo e que é atribuído quando, pela primeira vez, a pessoa estabelece uma relação perante a
segurança social.

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A Pessoa Colectiva que, na qualidade de entidade empregadora (EE), independentemente da sua


natureza e das finalidades prossiga (com ou sem fins lucrativos), beneficie da actividade profissional
remunerada, de trabalhadores abrangidos pelo regime geral dos trabalhadores por conta de outrem
ou equiparados, ao abrigo de contrato de trabalho está sujeita a inscrição obrigatória.

A inscrição das pessoas singulares que beneficiam da actividade profissional de terceiros,


prestada em regime de contrato de trabalho, é feita na data da admissão do primeiro trabalhador
(Cfr. n.º 4 do art. 34.º do CRCSPSS).

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A inscrição das entidades empregadoras é obrigatória, única e definitiva, nos termos do art. 8.º,
n.º 4 do CRCSPSS.

A inscrição é feita directamente à Segurança Social sempre que as pessoas colectivas sejam
criadas através da criação on-line de sociedades, de acordo com o art. 34.º, n.º 1.

O disposto no número anterior aplica-se ainda à criação imediata de representações


permanente em Portugal de entidades estrangeiras, de acordo com o art. 34.º, n.º 2.

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A inscrição de pessoas colectivas e de representações permanentes de entidades estrangeiras


que não seja efectuada nos termos do n.º 1, bem como a das pessoas singulares, que beneficiam da
actividade profissional de terceiros, prestada em regime de contrato de trabalho, é feita
oficiosamente na data da participação de início do exercício de actividade, de acordo com o art. 34.º,
n.º 3.

A comunicação é feita oficiosa e gratuitamente, por via electrónica, através das conservatórias
do registo comercial quando as pessoas colectivas (sociedades) se inscrevem no registo comercial.

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A inscrição das pessoas colectivas é obrigatória e feita oficiosamente, por transmissão de dados
pela Autoridade Tributária e Aduaneira (AT) à Segurança Social, na data da:

• Participação de início do exercício de actividade;

• Constituição nos casos de regime especial de constituição imediata de sociedades e


associações, constituição online de sociedades ou criação imediata de representações
permanentes de entidades estrangeiras;

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• Comunicação pelos serviços de registo das entidades empregadoras inscritas no regime


comercial e que constem no ficheiro central de pessoas colectivas, no caso de entidades
não sujeitas a registo comercial obrigatório;

• Com base em acções de inspecção ou de fiscalização (no caso de entidades irregularmente


constituídas que tenham trabalhadores ao seu serviço).

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Devem ser comunicadas as seguintes alterações:

• E-mail, Telefone e Fax;

• Morada;

• Membros dos órgãos estatutários (MOE – diretores, administradores, gerentes);

• Alterações do pacto social.

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3.3.1 Efeitos da inscrição

A inscrição, segundo o art. 8.º do CRCSPSS, é o acto administrativo pelo qual se efectiva a
vinculação ao sistema previdencial da Segurança Social, conferindo:

• a qualidade de beneficiário às pessoas singulares que preenchem as condições de


enquadramento no âmbito pessoal de um dos regimes abrangidos pelo sistema previdencial;

• a qualidade de contribuinte às pessoas singulares ou colectivas que sejam entidades


empregadoras.

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A inscrição dos beneficiários é obrigatória e vitalícia permanecendo independentemente dos


regimes em cujo âmbito o indivíduo se enquadre.

No caso da inscrição de trabalhadores que sejam cidadãos estrangeiros de Estado pertencente à


União Europeia, deve ser entregue com o Modelo RV 1006 - Identificação complementar, fotocópia
de documento de identificação civil e passaporte válido.

No caso da inscrição de trabalhadores que sejam cidadãos estrangeiros de Estado não


pertencente à União Europeia, deve ser entregue com o Modelo RV 1006/2018, fotocópia de
documento de identificação civil, designadamente Cartão de Cidadão estrangeiro, título de
autorização de residência.

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O trabalhador deve apresentar:

• Fotocópia de contrato de trabalho escrito, autenticado pela entidade empregadora ou, na sua
falta, documento comprovativo da existência da relação laboral, emitido por uma das
seguintes entidades: sindicato, associação com assento no Conselho Consultivo para os
Assuntos da Imigração ou Autoridade para as Condições de Trabalho.

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Está dispensado da apresentação deste último documento, o cidadão estrangeiro:

• Nacional de Estado Parte no Espaço Económico Europeu ou de Estado com o qual a


Comunidade Europeia tenha concluído um acordo de livre circulação de pessoas;

• Nacional de Estado terceiro que resida em território nacional na qualidade de refugiado,


beneficiário de proteção subsídiária ao abrigo das disposições reguladoras do asilo ou
beneficiário de proteção temporária;

• Nacional de Estado terceiro, membro da família de cidadão português ou de cidadão


estrangeiro abrangido pelos pontos anteriores.

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3.3.2 NISS na hora a Cidadãos Estrangeiros

Está prevista no nosso ordenamento a atribuição de NISS a cidadãos estrangeiros que pretendam
exercer uma actividade profissional subordinada ou independente, ou seja, que pretendam ter um
relacionamento com o sistema de Segurança Social no âmbito de uma obrigação contributiva
(direitos/deveres), por solicitação do cidadão estrangeiro ou das entidades empregadoras ou os seus
representantes legais.

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No que diz respeito aos Trabalhadores por Conta de Outrem e aos Trabalhadores do Serviço
Doméstico, o cidadão ou entidade empregadora ou o seu representante legal devem apresentar:

• Mod. RV. 1009-DGSS - Inscrição/Enquadramento de Trabalhador por Conta de


Outrem/Comunicação de Admissão de trabalhador/estagiário profissional/jovem
contratado em férias escolares/Início da actividade do trabalhador ou do estagiário
profissional/Vínculo a nova entidade empregadora ou equiparada Cessação/Suspensão da
actividade do trabalhador ou do estagiário profissional.

• Mod. RV. 1006-DGSS - Cidadão Estrangeiro – Identificação Complementar.

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• Documento de identificação civil do trabalhador dentro do prazo de validade no momento


de apresentação do requerimento:

➢ o Passaporte e respetiva cópia simples, ou cópia autenticada do mesmo, caso seja a


entidade empregadora ou o representante legal a entregar o requerimento pelo cidadão
(cidadão estrangeiro de país terceiro), ou

➢ o Cartão de cidadão ou outro documento de identificação civil do país de origem e


respetiva cópia simples, ou cópia autenticada do mesmo, caso seja a entidade empregadora
ou o seu representante legal a entregar o requerimento pelo cidadão (cidadão estrangeiro
nacional de Estado membro da UE, ou do Estado Económico Europeu ou da Suíça).

• Cópia do Documento de identificação Civil da Entidade Empregadora no caso de


trabalhadores do Serviço Doméstico

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• Contrato de trabalho onde conste:

➢ Nome e morada do trabalhador;

➢ Denominação e sede do empregador;

➢ Atividade do empregador;

➢ Atividade para a qual o trabalhador foi contratado;

➢ Local de trabalho e período normal de trabalho;

➢ Quanto vai receber, e com que frequência vai ser pago;

➢ Data de início do contrato de trabalho;

➢ Modalidade do contrato de trabalho;

➢ Assinatura das partes.

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• Quanto aos Trabalhadores do Serviço Doméstico se a entidade empregadora e trabalhador


acordarem no pagamento de contribuições com base em remuneração efetiva, para além
dos documentos indicados, devem apresentar:

➢ Fotocópia do acordo no caso de o mesmo não constar já do contrato de trabalho e

➢ Atestado médico de capacidade para o exercício da atividade emitido pelo Serviço Nacional
de Saúde.

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No que diz respeito aos cidadãos estrangeiros que tenham dado início de atividade como
Trabalhador Independente na Autoridade Tributária e Aduaneira, o cidadão ou o seu representante
legal devem apresentar:

• Formulários

➢ Mod. RV. 1000-DGSS - Inscrição/Enquadramento de trabalhador independente.

➢ Mod. RV. 1006-DGSS – Cidadão Estrangeiro – Identificação Complementar.

• Documentos necessários a apresentar:

o Documento de identificação civil do trabalhador dentro do prazo de validade no


momento de apresentação do requerimento:

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➢ o Passaporte e respectiva cópia simples, ou cópia autenticada do mesmo caso seja o


representante legal a entregar o requerimento pelo cidadão (cidadão estrangeiro de país
terceiro), ou

➢ o Cartão de cidadão ou outro documento de identificação civil do país de origem e respetiva


cópia simples, ou cópia autenticada do mesmo, caso seja o representante legal a entregar o
requerimento pelo cidadão (cidadão estrangeiro nacional do Estado membro da UE, ou do
Estado Económico Europeu ou da Suíça).

o Declaração de início de atividade independente emitida pela Autoridade Tributária e


Aduaneira.

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3.3.3. Constrangimento de COVID-19

Atenta a situação de emergência de saúde pública declarada pela Organização Mundial de Saúde
e as restrições impostas pela declaração do Estado de Emergência e consequente limitação de
funcionamento dos serviços públicos, os serviços de atendimento da Segurança Social encontraram-
se sem possibilidade de proceder ao atendimento presencial dos cidadãos estrangeiros requerentes
de NISS.

Actualmente, o atendimento presencial da Segurança Social está limitado a contactos e serviços


indispensáveis e sujeito a marcação prévia

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3.4. Enquadramento

O enquadramento, segundo o art. 9.º, n.º 1 do CRCSPSS, “é o ato administrativo pelo qual a
instituição de Segurança Social competente reconhece, numa situação de facto, a existência dos
requisitos materiais legalmente definidos para ser abrangido por um regime de Segurança Social”.

Sempre que ocorra em relação à mesma pessoa mais de um enquadramento, per exemplo, esta
enquadrado no regime geral e no regime dos independente, estes são efectuados por referência ao
mesmo NISS, nos termos do art. 9.º , n.º 2 do CRCSPSS.

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3.5. Relação jurídica contributiva

A relação jurídica contributiva, nos termos do art. 10.º do CRCSPSS corresponde ao vínculo de
natureza obrigacional que liga ao sistema previdencial:

a) Os trabalhadores e as respectivas entidades empregadoras;

b) Os trabalhadores independentes e quando aplicável as pessoas colectivas e as


pessoas singular e com actividade empresarial que com eles contratam;

c) Os beneficiários do regime de seguro social voluntário.

A relação jurídica contributiva mantém-se mesmo nos casos em que normas especiais
determinem a dispensa temporária, total ou parcial, ou a redução do pagamento de contribuições.

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3.5.1. Objecto da obrigação contributiva

A obrigação contributiva tem por objecto o pagamento regular de contribuições e de


quotizações por parte das pessoas singulares e colectivas que se relacionam com o sistema
previdencial de segurança social, de acordo com o art. 11.º.

As contribuições são da responsabilidade das entidades empregadoras, dos trabalhadores


independentes, das entidades contratantes e dos beneficiários do seguro social voluntário, consoante
os casos, e as quotizações são da responsabilidade dos trabalhadores, nos termos previstos no
CRCSPSS.

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A obrigação contributiva inclui, assim, o pagamento de contribuições por parte dos


empregadores/contribuintes, dos trabalhadores independentes, das entidades contratantes e dos
beneficiários do seguro social voluntário, sendo as quotizações a cargo dos trabalhadores,
destinando-se umas e outras ao financiamento da segurança social.

Já as prestações da segurança social correspondem a obrigação contributiva da responsabilidade


dos empregadores/contribuintes, dos trabalhadores independentes ou dos voluntários sociais,
conforme os casos.

As contribuições e quotizações destinam-se ao financiamento do sistema previdencial que tem


por base uma relação sinalagmática directa entre a obrigação legal de contribuir e o direito às
prestações, como refere o art. 11.º, n.º 3 do CRCSPSS.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 37
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3.5.2. Contribuições e as quotizações

As contribuições e as quotizações são prestações pecuniárias destinadas à efectivação do direito


à segurança social, de acordo com o art. 12.º.

O montante das contribuições e das quotizações é determinado pela aplicação da taxa


contributiva às remunerações que constituem base de incidência contributiva, nos termos previstos
no CRCSPSS, de acordo com o art. 13.º, as quais estão previstas nas disposições legais relativas a cada
um dos regimes de segurança social.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 38
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Considera-se base de incidência contributiva (BIC) o montante das remunerações, reais ou


convencionais, sobre as quais incidem as taxas contributivas, nos termos consagrados no CRCSPSS,
para efeitos de apuramento do montante das contribuições e das quotizações, de acordo com o art.
14.º.

A base de incidência reporta-se às remunerações efectivamenle auferidas, podendo, no entanto,


a mesma ser convencional, ou seja, não estar apoiada em valores reais, tendo por referência o IAS
(indexante de apoios sociais).

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 39
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Nos termos do art. 15.º, a taxa contributiva representa um valor em percentagem, determinado
actuarialmente em função do custo da protecção das eventualidades previstas no presente Código,
sendo afecta à cobertura das diferentes eventualidades e às políticas activas de emprego e
valorização profissional, nos termos previstos no CRCSPSS, nomeadamente :

• Subsídio de desemprego;

• Subsídio de doença;

• Subsídio de parentalidade;

• Pensão de velhice.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 40
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A instituição de segurança social competente procede ao registo das remunerações sobre as


quais incidiram as contribuições e as quotizações, bem como dos respectivos períodos contributivos,
sendo certo que o registo referido no número anterior constitui a carreira contributiva dos
beneficiários relevante para efeitos de atribuição das prestações.

O registo de remunerações pode efectuar-se por equivalência à entrada de contribuições nos


termos legalmente previstos, de acordo com o art. 16.º, n.º 3.º.

Os valores remuneratórios e os períodos de tempo declarados pelos empregadores nas


respectivas declarações de remuneração, previstas no art. 40.º, são registados pela segurança social,
constituindo a carreira contributiva do beneficiário e servindo de base para a fixação das prestações a
que este tem direito.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 41
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Nos termos dos n.ºs 1 e 3 do art. do 69.º do RCRCSPSS, aprovado pelo Decreto Regulamentar
n.º 1-A/2011 de 3 de Janeiro, na redacção actual, as instituições de segurança social procedem, por
referência a cada mês, ao registo na carreira contributiva de cada beneficiário do valor das
remunerações, reais ou convencionais, e respectivos tempos de trabalho declarados, correspondendo
registo de remunerações e dos tempos de trabalho dos trabalhadores independentes é
correspondente ao montante das contribuições pagas.

Este artigo dispõe ainda, no n.º 4, que o registo de remunerações dos trabalhadores
independentes correspondente a correcções ou comunicações de rendimentos efectuadas em data
posterior ao período a que respeitam é efectuado por referência ao ano e mês a que se reportam,
sendo o registo de remunerações resultante da revisão anual é efectuado por referência ao ano a que
respeitam.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 42
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Já o art. 70.º do RCRCSPSS dispõe que o registo de remunerações a que se reporta o n.º 1 do
artigo anterior é feito com referência ao número de dias de trabalho declarado em cada mês.

Esclarecendo no n.º 2 que nas situações de base de incidência convencional referente à


actividade mensal é efectuado o registo de 30 dias, salvo nos casos em que haja lugar ao registo de
remunerações por equivalência à entrada de contribuições.

Já nas situações de trabalho do serviço doméstico prestado à hora é registado um dia de


trabalho por cada conjunto de seis horas, com o limite máximo de 30 dias em cada mês.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 43
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Com relevância para o contrato de trabalho a tempo parcial, previsto no art. 150.º do Código do
Trabalho, o n.º 4 estabelece que, nos casos em que o número de horas de trabalho, excedente de
múltiplos de seis, for igual a três ou inferior, é registado meio dia de trabalho e, nos restantes casos,
mais um dia.

Nos termos do art. 17.º, a equivalência à entrada de contribuições é o instituto jurídico que
permite manter os efeitos da carreira contributiva dos beneficiários com exercício de actividade que,
em consequência da verificação de eventualidades protegidas pelo regime geral, ou da ocorrência de
outras situações consideradas legalmente relevantes, deixem de receber ou vejam diminuídas as
respectivas remunerações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 44
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Este artigo deve ser articulado com o art. 71.º do RCRCSPSS que estabelece que, para efeitos do
disposto no artigo 17.º do Código, nas situações em que a lei reconhece o direito à equivalência à
entrada de contribuições, as instituições de segurança social registam, em nome dos beneficiários, os
valores equivalentes à remuneração.

Nesse sentido, o art. 72.º, n.º 1 do RCRCSPSS, considera situações relevantes para a
equivalência:

a) Incapacidade temporária para o trabalho que dê direito à atribuição de subsídio de doença


ou à concessão provisória do mesmo subsídio;

b) Incapacidade temporária ou indisponibilidade para o trabalho que dê direito à atribuição dos


subsídios previstos no regime jurídico de protecção na parentalidade;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 45
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c) Incapacidade temporária para o trabalho que dê direito à atribuição do subsídio de gravidez


a artistas, intérpretes e executantes;

d) Incapacidade temporária absoluta para o trabalho por doença profissional ou por acidente
de trabalho que dê direito à atribuição de indemnização;

e) Incapacidade temporária parcial para o trabalho por doença profissional ou acidente de


trabalho que dê direito à atribuição de indemnização;

f) Desemprego que dê direito à atribuição dos respectivos subsídios, salvo se o seu montante
for pago de uma só vez;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 46
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g) Cumprimento de serviço militar efectivo decorrente de convocação ou de mobilização e,


ainda, de serviço cívico, desde que tenha existido prévio registo de remunerações;

h) Cumprimento de serviço de jurado;

i) Redução de actividade ou suspensão do contrato de trabalho em situação de crise


empresarial, nos termos do disposto no Código do Trabalho.

O n.º 2 refere ainda que, para efeitos do disposto na alínea a) do número anterior, são
igualmente relevantes os períodos de espera estabelecidos na lei, salvo nas situações respeitantes a
trabalhadores independentes.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 47
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O período de espera para os trabalhadores por conta de outrem é de três dias, para os
trabalhadores abrangidos pelo regime dos trabalhadores independentes é de 10 dias e para o regime
de inscrição facultativa (inscritos marítimos e bolseiros de investigação) é de 30 dias, nos termos do
art. 21.º do Regime Jurídico de Protecção Social na Eventualidade Doença no Âmbito do Subsistema
Previdencial, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 28/2004, de 4 de Fevereiro, com alterações posteriores.

O n.º 3 prevê o registo de remunerações por equivalência à entrada de contribuições sempre


que os trabalhadores independentes se encontrem em situação de incapacidade temporária
absoluta, com direito a indemnização por acidente de trabalho ou doença profissional.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 48
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O art. 73.º, n.º 1 do RCRCSPSS estabelece que, sem prejuízo do disposto em regime jurídico
próprio, os valores equivalentes a remunerações, nas situações referidas no n.º 1 do artigo anterior,
são determinados nos termos seguintes:

a) A remuneração de referência considerada para o cálculo das prestações referidas nas alíneas
a), b) e c);

b) A remuneração de referência considerada para o cálculo da indemnização nas situações a


que se refere a alínea d);

c) O valor da diferença entre a remuneração efetiva do trabalhador declarada pela entidade


contribuinte e o valor que seria considerado para registo caso a incapacidade fosse absoluta
nas situações a que se refere a alínea e);
Apresentação | Autor
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d) A remuneração de referência considerada para o cálculo dos subsídios a que se refere a


alínea f), com exceção das situações expressamente previstas no regime jurídico das
prestações de desemprego e de cessação de atividade;

e) A remuneração média dos últimos três meses com registo de remunerações, no caso da
alínea g);

f) A última remuneração registada nos casos da alínea h);

g) O valor correspondente à diferença entre a remuneração normal do trabalhador e a


efectivamente paga, a qual engloba a compensação retributiva e a retribuição por trabalho
prestado quando a este houver lugar, nas situações previstas na alínea i).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 50
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O artigo 74.º do RCRCSPSS, expressamente, dispõe que, para preenchimento do prazo de


garantia, índice de profissionalidade ou para cálculo das prestações pode ainda ser atribuída em
legislação própria relevância a períodos em que não houve efectivo exercício de actividade pelo
trabalhador e que não consubstanciem o instituto da equivalência à entrada de contribuições.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 51
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3.6. Condições gerais de acesso à protecção social

São condições gerais de acesso à protecção social garantida pelos regimes do sistema
previdencial a inscrição e o cumprimento da obrigação contributiva dos trabalhadores, quando for
caso disso, das respectivas entidades empregadoras e dos beneficiários do regime de inscrição
facultativa, de acordo com o art. 18.º do CRCSPSS.

O sistema previdencial tem por base uma relação sinalagmática, isto é, recíproca, directa entre a
obrigação legal de contribuir e o direito às prestações, conforme determina o art. 11.º, n.º 3 do
CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 52
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Assim, para que seja possível aceder à protecção social garantida por cada um dos respectivos
regimes é necessário, além de estar inscrito na segurança social, ter cumprido a obrigação
contributiva, através do pagamento das contribuições e quotizações devidas, sem prejuízo dos casos
em que o direito se mantém, apesar do incumprimento contributivo, exigindo-se embora e
compreensivelmente a entrega das folhas de remuneração, sob pena de a segurança social
desconhecer os períodos de exercício profissional.

Como assinala Albano Santos, Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de
Segurança Social, Vida Económica, 2013, p. 29, é por esta razão que a obrigação contributiva não
depende do pagamento das remunerações que constituem a base de incidência, mas do vencimento
destas, conforme resulta do disposto no art. 38.º, n.º 2, o que diferencia esta obrigação contributiva
da relevância em termos de IRS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 53
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A protecção social conferida pelos regimes do sistema previdencial integra a protecção nas
eventualidades de doença, maternidade, paternidade e adopção, desemprego, doenças profissionais,
invalidez, velhice e morte, de acordo com o especificamente regulado para cada eventualidade, de
acordo com o art. 19.º, n.º 1 do CRCSPSS.

Estas eventualidades são protegidas, na sua totalidade, pelo regime geral dos trabalhadores por
conta de outrem.

Este elenco das eventualidades protegidas pode ser reduzido em função de determinada
situações e categorias de beneficiários nos termos e condições previstas no CRCSPSS ou alargado em
função da necessidade de dar cobertura a novos riscos sociais, nos art. 19.º n.º 2 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 54
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Este conjunto das eventualidades é diminuído nos regimes com âmbito de protecção reduzido:
regime dos MOE, com excepção dos gerentes e administradores, dos trabalhadores no domicilio, dos
praticantes desportivos profissionais, dos trabalhadores com contrato de muito curta duração, dos
trabalhadores em situação de pré-reforma, dos pensionistas em actividade, dos trabalhadores do
serviço doméstico, com excepção dos casos previstos no art. 120.º, dos membros das igrejas,
associações e confissões religiosas, dos trabalhadores independentes, com excepção dos empresários
em nome individual, dos titulares de um EIRL e respectivos cônjuges (art. 141.º, n.º 3) e dos
beneficiários do regime de seguro social voluntário.

As eventualidades de maternidade, paternidade e adopção são abreviadamente designadas por


parentalidade (art. 19.º, n.º 3 do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 55
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O art. 21.º do CRCSPSS determina que gestão do processo de arrecadação e cobrança das
contribuições, quotizações e juros de mora compete às instituições de segurança social nos termos
das respectivas competências, admitindo que para efeitos da arrecadação e da cobrança a instituição
de segurança social competente pode celebrar contratos de prestação de serviços com instituições de
crédito ou outras entidades devidamente habilitadas para esse efeito, através dos quais se regulem as
condições da prestação dos serviços de arrecadação e cobrança por parte destas e, designadamente,
as receitas abrangidas, o custo do serviço, a forma e o prazo de entrega.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 56
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O art. 21.º fixa a regra de que “o pagamento de coima relativo a condenação pela prática de
contra-ordenação que consista na violação por acção ou omissão de um dever não dispensa o
infractor do cumprimento do dever violado”.

Por sua vez o art. 22.º cria uma nova contra-ordenação, que poderá ter lugar em qualquer um
dos regimes regulados no código.

Neste artigo, legislador tipifica um conjunto de comportamentos que poderão determinar a


aplicação de coimas e sanções acessórias, que reconduz a falsas declarações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 57
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Esta norma qualifica como contra-ordenação muito grave a prestação de falsas declarações de
que resulte:

a) enquadramento em regime de segurança social sem que se verifiquem as condições


legalmente exigidas;

b) a isenção indevida da obrigação de contribuir ou a aplicação de um regime contributivo


indevido quer quanto à base de incidência quer quanto às taxas contributivas;

c) obtenção indevida de prestações.

As falsas declarações são consideradas contra-ordenações de natureza muito grave, puníveis nos
termos do art. 233.º, n.ºs 3 e 4.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 58
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Quanto ao direito à informação, determina o art. 23.º do CRCSPSS que as instituições de


Segurança Social disponibilizam, designadamente no sítio da Internet da Segurança Social a cada
beneficiário informação de que conste, relativamente a cada ano e em relação a cada mês:

• O número de dias de trabalho ou situação equivalente e as respectivas remunerações


registadas;

• O número de dias correspondente a remunerações registadas por equivalência à entrada de


contribuições.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 59
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O beneficiário ou terceiro interessado pode apresentar reclamação do registo dos elementos


constantes do número anterior nos termos do Código do Procedimento Administrativo.

As instituições disponibilizam ainda, designadamente no sítio da Internet da Segurança Social, a


cada contribuinte informação sobre a sua situação contributiva. (Cfr. artigo 82.º CPT e 67.º LGT.)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 60
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Quanto à adesão ao sistema de notificações electrónicas da Segurança Social, determina o art.


23.º-A que ficam abrangidas as seguintes entidades, quando não adiram ao serviço público de
notificações electrónicas associado à morada única digital:

• As entidades empregadoras, com excepção das pessoas singulares sem actividade


empresarial;

• As entidades contratantes;

• Os trabalhadores independentes que se encontrem sujeitos ao cumprimento da obrigação


contributiva.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 61
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4. REGIME GERAL DOS TRABALHADORES POR CONTA DE


OUTREM (TCO)

4.1. Âmbito de aplicação

O regime geral dos trabalhadores por conta de outrem está contido no capítulo I da parte II do
Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, assumindo aqui
especial importância o disposto nos artigos 24.º a 27.º do Código.

O regime do TCO é particularmente relevante, como já referimos, por se tratar do quadro legal
de referência dos restantes regimes contributivos do sistema previdencial, nos termos do art. 4.º, n.º
1 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 62
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O artigo 24.º do Código dispõe que se encontram abrangidos pelo regime geral dos
trabalhadores por conta de outrem, com carácter de obrigatoriedade, os trabalhadores que exercem
actividade profissional remunerada ao abrigo de contrato de trabalho, nos termos previstos no
Código do Trabalho, bem como, as pessoas singulares que em função das características específicas
da sua actividade sejam equiparadas a TCO para efeitos da relação jurídica com a Segurança Social.

Nos termos do disposto no art. 11.º do Código do Trabalho, considera-se contrato de trabalho
aquele pelo qual uma pessoa singular se obriga, mediante retribuição, a prestar a sua actividade a
outra ou a outras pessoas, no âmbito da organização e sob a autoridade do empregador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 63
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A doutrina e a jurisprudência vêm afirmando que aquilo que verdadeiramente caracteriza o


contrato de trabalho e o distingue do contrato de prestação de serviço é a forma de prestação da
actividade, uma vez que, no art. 11.º do CT/2009 e no art. 1152.º do CC é expressamente estatuído
que “a actividade objecto do contrato de trabalho tem de ser prestada sob autoridade e direcção do
empregador”.

Esta forma de prestação de actividade é caracterizada pela subordinação jurídica do trabalhador


relativamente ao empregador, que se traduz no facto de o trabalho ser prestado sob a autoridade e
direcção da outra parte, fazendo recair sobre este um dever de obediência

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 64
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Em síntese, a subordinação jurídica, para a maioria da doutrina e jurisprudência, corresponde ao


lado passivo do poder directivo que assiste ao empregador, que lhe permite individualizar a prestação
do trabalhador, fixando os termos em que esta há-de ser prestada, de acordo com as finalidades
prosseguidas pela organização em que o trabalhador se insere. Sobre o trabalhador impende um
dever de obediência no tocante às ordens e instruções referentes à execução da prestação, escorado
na sujeição ao poder disciplinar, quer na sua vertente preceptiva, correspondente ao poder do
empregador de fixar regras atinentes à disciplina e organização da empresa e quer na sua vertente
sancionatória, relativa à aplicação de sanções disciplinares.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 65
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Impõe-se, no entanto, sublinhar que, actualmente, não pode a subordinação jurídica ser
reduzida ao lado passivo do poder directivo do empregador.

Com efeito, como dá nota alguma doutrina, a realidade laboral tem oferecido formas de
organização do trabalho em que é notória a diminuição da relevância dos comportamentos directivos
na caracterização do trabalho subordinado e das hierarquias, sendo reconhecida ao trabalhador mais
autonomia na prestação de trabalho subordinado.

Esta desvalorização do poder directivo tem realçado a importância da componente


organizacional da relação laboral, através da qual o trabalhador desenvolve a sua actividade em favor
do beneficiário da actividade, no quadro de uma organização de trabalho alheia, ou seja, organizada
pelo beneficiário da actividade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 66
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Perante a impossibilidade de recorrer à interpretação da vontade das partes, nos termos gerais
prescritos nos arts. 236.º e seguintes do CC, uma vez que a posição antagónica assumida por estas
inviabiliza quer a averiguação da sua vontade ao celebrar o contrato, quer a respectiva interpretação,
a doutrina e a jurisprudência recorrem ao chamado método indiciário para apurar o elemento
essencial do contrato de trabalho, a subordinação jurídica.

Também a doutrina tem distinguido os indícios negociais internos dos indícios negociais
externos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 67
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A jurisprudência e a doutrina apontam correntemente como sinais ou indícios negociais de


subordinação jurídica a vinculação a horário de trabalho, a execução da prestação em local definido
pelo empregador, a existência de controlo externo do modo de prestação, a obediência a ordens, a
sujeição à disciplina da empresa – tudo elementos que, sendo retirados da situação típica de
integração numa organização técnico-laboral predisposta e gerida por outrem, respeitam ao
designado “momento organizatório” da subordinação, merecendo, por isso, particular ênfase.

A estes indícios ainda acrescem os elementos relativos à modalidade de retribuição (em função
do tempo ou fixa) e à propriedade dos instrumentos de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 68
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Como indícios de carácter formal e externo, são apontados a observância dos regimes fiscal e de
segurança social próprios do trabalho por conta de outrem, a existência de exclusividade, isto é, se o
prestador desenvolve a mesma actividade para mais do que um beneficiário há um indício de
independência, muito embora seja admissível o pluriemprego, no âmbito do contrato de trabalho e a
sindicalização do trabalhador.

Atendendo a que os factos reveladores da existência do contrato de trabalho se apresentam


como constitutivos do direito que, com base neles, se pretende fazer valer, o ónus da prova incumbe
a quem os invoca, nos termos do artigo 342.º, n.º 1, do CC, conforme lucidamente referiu o citado Ac.
do STJ de 04/11/2009.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 69
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Assim, com o intuito, muito fracassado, diga-se, de facilitar a prova do contrato de trabalho,
invertendo o ónus da prova, nos termos do art. 350.º do CC, o CT/ 2003 consagrou, no art. 12.º, uma
presunção de contrato de trabalho.

Mais tarde, a redacção introduzida pela Lei n.º 9/2006, de 20 de Março, continuou a ser infeliz,
sendo apenas uma presunção aparente, já que se considerava que havia contrato de trabalho se
estivessem preenchidos cumulativamente os elementos constantes da noção de contrato de trabalho,
prevista no art. 10.º do CT/2003, acrescentando dois elementos novos - a inserção na estrutura
organizativa e a dependência económica - e fazendo desaparecer a referência a qualquer duração
mínima da actividade prestada.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 70
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A presunção, constante do art. 12.º do CT/2009, é significativamente melhor, tornando mais fácil
para o trabalhador provar a existência de contrato de trabalho.

Desde logo, em vez de transcrever os elementos essenciais do tipo legal, faz corresponder o
facto base, sobre o qual é erigida a presunção, aos indícios, já conhecidos da jurisprudência e da
doutrina, na aplicação do método indiciário.

Por outro lado, abandona, finalmente, o carácter cumulativo dos requisitos exigidos pelas
fracassadas versões do CT/2003 na versão originária e na versão resultante da Lei n.º 9/2006, sendo
suficiente, apesar de não o referir expressamente, a verificação de dois indícios para a qualificação da
relação jurídica em causa como contrato de trabalho.

Por último, é notório o intuito sancionatório do legislador, ao cominar com uma contra-
ordenação muito grave, a prestação de actividade subordinada, sob aparente trabalho autónomo,
que possa causar prejuízo ao trabalhador ou ao Estado
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 71
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São considerados em situação equiparada a trabalho por conta de outrem, para efeitos de
segurança social, os membros das igrejas, associações e confissões religiosas (arts. 122.º a 128.º) e os
trabalhadores independentes que acumulem trabalho dependente para a mesma empresa ou
empresa do mesmo agrupamento empresarial (arts. 129.º a 131.º).

Consideram-se, em especial, abrangidos pelo regime geral, nos termos do art. 25.º do CRCSPSS:

a) Os trabalhadores destacados sem prejuízo do disposto em legislação própria e em


instrumentos internacionais a que Portugal se encontre vinculado;

b) Os trabalhadores que exercem a respectiva actividade em estabelecimentos de turismo


rural, turismo de habitação e agro-turismo;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 72
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c) Os trabalhadores que prestam serviço de limpeza em prédios em regime de propriedade


horizontal.

No que concerne aos trabalhadores destacados, o Código do Trabalho prevê nos artigos 6.º a 8.º
do Código do Trabalho o regime de destacamento de trabalhadores contratados por empregador
estabelecido noutro Estado, que prestem a sua atividade em território português.

O regime do destacamento de trabalhadores, no âmbito de uma prestação de serviços, obedece


à Directiva 96/71/CE, a qual recentemente foi alterada pela Directiva (UE) 2018/957/UE.

O destacamento de trabalhadores é entendido como a prestação temporária de actividade pelo


trabalhador num Estado diferente daquele em que habitualmente trabalha, não afasta a aplicação da
lei do país de origem.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 73
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A aplicação da lei do país de origem, sempre que estabelecesse condições menos favoráveis do
que as existentes no país de acolhimento, poderia conduzir a um dumping social e a uma distorção
das regras da concorrência, permitindo que as empresas oriundas de países onde a mão-de-obra é
mais barata apresentassem preços mais competitivos relativamente às empresas nacionais, cujos
custos com o pessoal se mostravam mais elevados por força da lei nacional.

É, neste contexto, que a Directiva 96/71/CE, orientada pelo propósito de prevenir o dumping
social e o falseamento da concorrência, procurou estabelecer um regime, que, sem prejudicar a livre
prestação de serviços, tutelada no art. 49.º do Tratado (art. 56.º do TFUE), promovesse a
concorrência sã e os direitos dos trabalhadores, previstos na lei e nos instrumentos de
regulamentação colectiva.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 74
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Um trabalhador está sujeito à legislação de Segurança Social do país em que exerce actividade.

O Destacamento constitui a principal excepção a esta regra, possibilitando que o trabalhador


continue sujeito à legislação de Segurança Social do país de origem, quando:

• A entidade empregadora o envia para outro país, para aí realizar temporariamente uma
actividade profissional por conta desta;

• Trabalha por conta própria e vai exercer temporariamente o mesmo tipo de actividade noutro
país (trabalhador independente).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 75
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Requisitos exigidos no destacamento de Trabalhadores por conta de outrem e respectivas


Entidades Empregadoras, nas seguintes condições:

a) O trabalhador ter nacionalidade de um Estado-Membro (EM), ou, sendo nacional de um país


terceiro, ter título de residência válido;

b) O trabalho ser realizado por conta da Entidade Empregadora destacante e sob sua orientação;

c) O poder disciplinar e a remuneração continuarem a ser responsabilidade da Entidade


Empregadora destacante;

d) O destacamento não ser superior a 24 meses.

(Em situações excepcionais e devidamente autorizadas poderá eventualmente prorrogar-se até


um período máximo de 5 anos.)
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 76
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e) A Entidade Empregadora exercer actividade substancial em Portugal - situação que é aferida


caso a caso, através de diversos critérios, nomeadamente:

• Estar estabelecida em Portugal;

• Ter um volume de negócios/facturação em Portugal no mínimo de aproximadamente 25%;

• Manter nos seus quadros em Portugal outro pessoal além do administrativo;

f) O trabalhador não ir substituir outro que tenha terminado o período de destacamento;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 77
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g) O trabalhador ter estado sujeito à legislação portuguesa no mês imediatamente anterior ao


início do destacamento;

h) A Entidade Empregadora ter um seguro de acidentes de trabalho válido;

i) Caso se trate de uma empresa de trabalho temporário, ter alvará para o exercício dessa
atividade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 78
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1- Se o destacamento durar até 24 meses:

A Entidade Empregadora ou o trabalhador independente devem pedir a emissão do Documento


Portátil A1, que atesta a legislação de Segurança Social a que o trabalhador está sujeito (legislação
portuguesa).

a) Na SSDireta, pela Entidade Empregadora que destaque o trabalhador por conta de outrem
para países da U.E., no menu Emprego> Destacar trabalhador para o estrangeiro> Registar
pedido de destacamento.

O pedido será analisado pelos serviços da Segurança Social e a informação acerca do deferimento
ou indeferimento será remetida para a inbox da SSDireta.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 79
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b) Nos restantes casos o pedido deverá ser realizado através do Requerimento RV 1018- DGSS -
Requerimento de sujeição à legislação portuguesa de Segurança Social em caso de exercício
de atividade noutro Estado-Membro, disponível nos serviços de atendimento da Segurança
Social e na Internet, em www.seg-social.pt).

Este artigo veio esclarecer as dúvidas referentes ao enquadramento de alguns trabalhadores,


considerando abrangidos pelo regime geral, os trabalhadores destacados, os trabalhadores de
turismo rural e os trabalhadores de limpeza em prédios em regime de propriedade horizontal.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 80
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Tal significa que os trabalhadores de estabelecimentos de turismo rural não são considerados
como trabalhadores das actividades agrícolas, sujeitos ao regime dos arts. 95.º e 96.º do CRCSPSS,
nem os trabalhadores de limpeza de prédios em regime de propriedade horizontal, contratados pelo
condomínio, não são considerados trabalhadores de serviço doméstico, regulado pelos arts. 116.º a
121.º do Código.

São abrangidos pelo regime geral, em situação equiparada à dos trabalhadores por conta de
outrem para efeitos da relação jurídica de Segurança Social, os estagiários que celebrem contratos de
estágio, nomeadamente os celebrados através do Instituto do Emprego e Formação Profissional, IP
(IEFP).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 81
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São ainda abrangidos pelo regime geral, com algumas especificidades, os jovens a frequentar
estabelecimento de ensino oficial ou autorizado que prestem trabalho, nos termos do disposto na
legislação laboral, durante o período de férias escolares.

São também abrangidos pelo regime geral de segurança social os tripulantes de navios ou
embarcações considerados para efeitos de aplicação do regime especial de determinação da matéria
colectável com base na tonelagem dos navios e embarcações (tonnage tax).

Nos termos do art. 26.º do CRCSPSS, estão excluídos do âmbito de aplicação do regime geral os
trabalhadores abrangidos pelo regime de protecção social convergente dos trabalhadores que
exercem funções públicas ou que nos termos da lei tenham optado pelo regime de protecção social
pelo qual estão abrangidos, desde que este seja de inscrição obrigatória.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 82
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A exclusão respeita exclusivamente à actividade profissional que determina a inscrição nos


regimes de protecção social previstos no número anterior.

Ao abrigo deste artigo, ficam excluídos do âmbito de aplicação do regime geral dos trabalhadores
por conta de outrem os trabalhadores da administração pública vinculados à Caixa Geral de
Aposentações (CGA), assim como os advogados e solicitadores, obrigatoriamente inscritos na Caixa
de Previdência dos Advogados e Solicitadores, de acordo com o art. 29.º do Novo Regulamento da
Caixa de Previdência dos Advogados e Solicitadores, aprovado pelo Decreto-Lei n.º 119/2015, de 29
de Junho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 83
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Todavia, como refere Albano Santos, reportando-se estas exclusões apenas ao exercício da
actividade respectiva, que determinou a inscrição na CGA ou na CPAS, se estes trabalhadores
exercerem uma actividade diferente por conta de outrem terão de ser enquadrados no regime geral
de segurança social, sujeitos à inerente obrigação contributiva.

São consideradas entidades empregadoras, nos termos do art. 27.º do CRCSPSS, as pessoas
singulares ou colectivas que beneficiem da actividade dos trabalhadores a que se refere o presente
título são abrangidas pelo regime geral dos trabalhadores por conta de outrem na qualidade de
entidades empregadoras, independentemente da sua natureza jurídica, ou seja, sociedade,
cooperativas, associação ou pessoa colectiva de outro tipo, e das finalidades que prossigam, sendo
irrelevante para estes efeitos o ter ou não fins lucrativos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 84
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No n.º 2 do referido artigo, é expressamente referido que as empresas de trabalho temporário


são consideradas entidades empregadoras dos trabalhadores temporários.

A protecção social conferida pelo regime geral dos trabalhadores por conta de outrem integra, de
acordo com o artigo 28.º do CRCSPSS, a protecção nas eventualidades de doença, parentalidade,
desemprego, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte, de acordo com o especificamente
regulado para cada eventualidade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 85
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Este artigo corresponde ao art. 52.º da Lei n.º 4/2007, 16 de Janeiro, de que aprova as bases
gerais do sistema de segurança social (Lei de Bases da Segurança Social).

Tal como dá nota o n.º 2 do art. 52.º da Lei de Bases da Segurança Social, o elenco das
eventualidades protegidas pode ser alargado, em função da necessidade de dar cobertura a novos
riscos sociais, ou reduzido, nos termos e condições legalmente previstos, em função de determinadas
situações e categorias de beneficiários.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 86
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4.2. Relação jurídica de vinculação

Os artigos 29.º a 36.º do CRCSPSS e 5.º e 12.º do D. Reg. n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro,
disciplinam a relação jurídica de vinculação, a qual, como referido no art. 6.º do CRCSPSS, se efectiva
através da inscrição na instituição de Segurança Social competente, a qual é obrigatória e vitalícia
para os beneficiários, e obrigatória, única e definitiva, para a entidade empregadora.

Através da inscrição é conferida a qualidade de beneficiário, às pessoas singulares que


preenchem as condições de enquadramento no âmbito pessoal de um dos regimes abrangidos pelo
sistema previdência e a qualidade de contribuinte às pessoas singulares ou colectivas que sejam
entidades empregadoras.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 87
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4.2.1. Dos trabalhadores

4.2.1.1. Da Comunicação da admissão dos trabalhadores

A admissão dos trabalhadores , nos termos do art. 29.º do CRCSPSS, é obrigatoriamente


comunicada pelas entidades empregadoras à instituição de segurança social competente, no sítio da
Internet da segurança social, com excepção dos trabalhadores do serviço doméstico, em que aquela
pode ser efectuada através de qualquer meio escrito.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 88
Página do manual

A comunicação referida no número anterior é efectuada:

a) Nas vinte e quatro horas anteriores ao início da produção de efeitos do contrato de trabalho;

Assim, o trabalhador começou a trabalhar na empresa no dia 1 de Março às 9:00h, neste caso, a
entidade empregadora ou equiparada tem até às 8:59h daquele dia 1 de Março para efectuar a
comunicação.

b) Nas vinte e quatro horas seguintes ao início da actividade sempre que, por razões
excepcionais e devidamente fundamentadas, ligadas à celebração de contratos de trabalho de
muito curta duração ou à prestação de trabalho por turnos, a comunicação não possa ser
efectuada no prazo previsto na alínea anterior.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 89
Página do manual

Na comunicação da admissão do trabalhador, entre outros elementos, deve ser comunicada à


segurança social a modalidade do contrato, isto é, se estamos perante um contrato a tempo completo
ou a tempo parcial e, nomeadamente, se o contrato foi celebrado a termo, certo ou incerto, ou por
tempo indeterminado.

A comunicação da modalidade do contrato assume particular relevância para efeitos do 55.º-A do


CRCSPSS, introduzido pela Lei n.º 93/2019, de 4 de Setembro que criou a Contribuição Adicional por
Rotatividade Excessiva, uma contribuição adicional aplicável às entidades empregadoras (pessoas
colectivas e pessoas singulares com actividade empresarial) que apresentem um peso anual de
contratação a termo resolutivo superior ao respectivo indicador sectorial anual em vigor.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 90
Página do manual

A forma de cálculo do indicador sectorial anual e do peso anual de contratação a termo será
definida em decreto regulamentar.

A base de incidência contributiva é o valor total das remunerações base, em dinheiro ou em


espécie, relativas aos contratos a termo resolutivo, devidas no ano civil a que respeita o apuramento.

A taxa tem aplicação progressiva com base na diferença entre o peso anual de contratação a
termo e a média sectorial, até ao máximo de 2%, sendo a forma de progressão da taxa definida em
Decreto Regulamentar.

O apuramento é efectuado oficiosamente pela Segurança Social no primeiro trimestre do ano


seguinte àquele a que respeita.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 91
Página do manual

A obrigação contributiva constitui-se no momento em que a instituição de segurança social


competente notifica a entidade empregadora do valor da contribuição adicional e efectiva-se com o
pagamento.

As entidades empregadoras são obrigadas ao pagamento da contribuição adicional no prazo de


30 dias a contar da notificação que informa a entidade empregadora do valor da contribuição
adicional excessiva, a qual é emitida pelos serviços da segurança social.

Os trabalhadores não são considerados para efeitos de aplicação da contribuição adicional por
rotatividade excessiva, nos termos dos n.ºs 8 e 9, do referido art. 55.º-A, sempre que:

a) A contratação a termo resolutivo tenha sido celebrada para:

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 92
Página do manual

i. Substituição de trabalhador que se encontre no gozo de licença de parentalidade;

ii. Substituição de trabalhador com incapacidade temporária para o trabalho por doença por
período igual ou superior a 30 dias.

b) Aos contratos de trabalho de muito curta duração celebrados nos termos do disposto na
legislação laboral.

c) No caso em que o contrato é obrigatoriamente celebrado a termo resolutivo por imposição


legal, ou em virtude dos condicionalismos inerentes ao tipo de trabalho ou à situação do
trabalhador, ou seja, nas situações em que pelo tipo de trabalho ou pela situação do
trabalhador o contrato tenha de ser celebrado a termo resolutivo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 93
Página do manual

A entidade empregadora fica sujeita a uma contra-ordenação muito grave se prestou falsas
declarações relativas ao tipo de trabalho celebrado com o objectivo de ficar isenta da aplicação da
contribuição adicional por rotatividade excessiva, sendo notificada a ACT.

A contribuição adicional destina-se à protecção na eventualidade de desemprego, como refere o


art. 55.º-A, n.º 13.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 94
Página do manual

Na falta de cumprimento da obrigação prevista no n.º 1 do art. 29.º da CRCSPSS, presume-se que
o trabalhador iniciou a prestação de trabalho ao serviço da entidade empregadora faltosa no 1.º dia
do 6.º mês anterior ao da verificação do incumprimento.

No caso de o mesmo se encontrar a receber prestações de doença ou de desemprego, presume-


se que a prestação de trabalho teve início na data em que começaram a ser concedidas as referidas
prestações, sendo a entidade empregadora solidariamente responsável pela devolução da totalidade
dos montantes indevidamente recebidos pelo trabalhador, de acordo com os n.ºs 4 e 5 do Decreto
Regulamentar.

Estas presunções são ilidíveis por prova de que resulte a data em que teve, efectivamente, início a
prestação do trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 95
Página do manual

A violação do disposto nos n.ºs 1 a 3 constitui contra-ordenação leve quando seja cumprida nas
vinte e quatro horas subsequentes ao termo do prazo e constitui contra-ordenação grave nas demais
situações.

Esta norma tem que ser articulada com os arts. 5.º a 7.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011,
de 3 de Janeiro, na redacção actual.

Nesse sentido, dispõe o art. 5.º que a entidade empregadora, para efeitos da comunicação da
admissão de trabalhador prevista no artigo 29.º do Código, solicita ao trabalhador e comunica à
instituição de Segurança Social competente os elementos necessários à sua inscrição e
enquadramento.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 96
Página do manual

A declaração deve ainda conter os elementos de identificação da entidade empregadora.

Na admissão de trabalhador estrangeiro a entidade empregadora, para além dos elementos


referidos no n.º 1, exige os documentos considerados necessários de acordo com a legislação que
regula a entrada, permanência, saída e afastamento de estrangeiros do território nacional.

Caso o trabalhador não se encontre identificado no sistema de segurança social, é-lhe


oficiosamente atribuído o número de identificação da segurança social (NISS) com base nos
elementos referidos no n.º 1 constantes dos documentos de identificação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 97
Página do manual

Nos termos do art. 6.º, as entidades empregadoras são obrigadas a entregar aos trabalhadores
admitidos uma declaração contendo o respectivo NISS e número de identificação fiscal (NIF), bem
como a data da admissão do trabalhador, ou cópia da comunicação de declaração de admissão.

Nos casos em que a admissão seja efectuada no local onde os trabalhadores vão exercer a sua
actividade e o mesmo não corresponda a estabelecimento da entidade empregadora, é aceite, como
prova da data da admissão, cópia da declaração a que se refere o número anterior.

Nos termos do art. 33.º, n.º 1 do CRCSPSS, os trabalhadores abrangidos pelo regime geral devem
declarar à instituição de segurança social competente o início de actividade profissional ou a sua
vinculação a uma nova entidade empregadora e a duração do contrato de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 98
Página do manual

A declaração referida no n.º 1 do art. 33.º do CRCSPSS , determina, nos termos do n.º 2, que,
para efeitos de acesso ou de cálculo das prestações de segurança social, a relevância dos períodos de
actividade profissional não declarados que sejam anteriores ao período de tempo previsto no n.º 4
do artigo 29.º quando se verifique que:

a) Não tenha sido efectuada a comunicação prevista no artigo 29.º;

b) Não tenha dado entrada a correspondente declaração de remunerações.

Esta norma tem que ser articulada com o art. 9.º do Decreto Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011,
de 3 de Janeiro, na redacção actual, que dispõe no n.º 1 que, a declaração do trabalhador a que se
refere o artigo 33.º do Código é apresentada entre a data de celebração do contrato e o final do 2.º
dia de prestação de trabalho, podendo ser apresentada em conjunto com a declaração da entidade
empregadora.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 99
Página do manual

Para efeitos do disposto no n.º 2 do mesmo artigo, os períodos de actividade relevam a partir do
dia seguinte ao da apresentação da declaração pelo trabalhador, quando esta seja apresentada fora
do prazo previsto no número anterior.

Nos termos do art. 7.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, na redacção


actual, em caso de incumprimento, pela entidade empregadora e pelo trabalhador, do disposto,
respectivamente, nos artigos 29.º e 33.º do Código, o enquadramento pode ser promovido pela
instituição competente, por sua iniciativa ou a solicitação de qualquer familiar interessado na
concessão de prestações, nos termos dos números seguintes.

A promoção do enquadramento por familiar do trabalhador só é admissível em caso de


impedimento do trabalhador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 100
Página do manual

O suprimento oficioso do enquadramento pela instituição de segurança social deve resultar do


recurso a dados de que disponha no seu sistema de informação, nos sistemas de informação fiscal ou
da justiça ou decorrente de acção de fiscalização.

O disposto no presente artigo não se aplica nos casos em que a obrigação contributiva se
encontre extinta por prescrição.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 101
Página do manual

4.2.1.3. Inscrição dos trabalhadores

De acordo com o art. 30.º do CRCSPSS, após o cumprimento, pelas entidades empregadoras, da
comunicação da admissão de trabalhadores a instituição de segurança social competente procede à
inscrição dos trabalhadores que não se encontrem já inscritos.

A inscrição reporta-se à data do início do exercício de actividade profissional.

Nos termos do art. 31.º, após o cumprimento, pelas entidades empregadoras, do disposto no
artigo 29.º a instituição de segurança social competente procede ao enquadramento dos
trabalhadores.

O enquadramento reporta-se à data do início do exercício da actividade profissional.

É nulo o enquadramento de trabalhadores que tenha resultado de falsas declarações prestadas


pelo contribuinte, nomeadamente por não ser verdadeira a relação laboral comunicada.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 102
Página do manual

4.2.1.4. Comunicação da cessação, suspensão do contrato de trabalho e alteração da


modalidade de contrato de trabalho

Nos termos do art. 32.º do CRCSPSS, a entidade empregadora é obrigada a declarar à instituição
de segurança social competente a cessação, a suspensão do contrato de trabalho e o motivo que lhes
deu causa, bem como a alteração da modalidade de contrato de trabalho.

As comunicações previstas no número anterior consideram-se cumpridas sempre que sejam do


conhecimento oficioso do sistema de segurança social.

É relevante para efeitos de aplicação da contribuição adicional por rotatividade excessiva, nos
termos dos n.ºs 8 e 9, do referido art. 55.º-A, a comunicação da alteração da modalidade do contrato,
prevista no art. 32.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 103
Página do manual

Nos termos do art. 8.º, n.º 1 do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro na sua
redacção actual, as declarações da entidade empregadora relativas à cessação, suspensão e alteração
da modalidade de contrato dos trabalhadores previstas no n.º 1 do artigo 32.º do Código são
efectuadas até ao dia 10 do mês seguinte ao da sua ocorrência, no sítio da Internet da segurança
social, sem prejuízo do disposto no n.º 2 do mesmo artigo.

Nos casos de entidades empregadoras de trabalhadores do serviço doméstico, as comunicações


referidas no número anterior podem ser efectuadas através de formulário próprio, em suporte de
papel, a remeter à instituição de segurança social que abrange o local de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 104
Página do manual

4.2.2. Das entidades empregadoras

Nos termos do art. 34.º, a inscrição das pessoas colectivas é feita oficiosamente na data da sua
constituição sempre que esta obedeça ao regime especial de constituição imediata de sociedades e
associações ou ao regime especial de constituição on-line de sociedades.

O disposto no número anterior aplica-se ainda à criação imediata de representações


permanentes em Portugal de entidades estrangeiras.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 105
Página do manual

A inscrição de pessoas colectivas e de representações permanentes de entidades estrangeiras


que não seja efectuada nos termos do n.º 1, bem como a das pessoas singulares, que beneficiam da
actividade profissional de terceiros, prestada em regime de contrato de trabalho, é feita
oficiosamente na data da participação de início do exercício de actividade.

Nestas situações, a inscrição produz efeitos à data do início do exercício de actividade declarada
para efeitos fiscais, de acordo com o art. 35.º, al. a) do CRCSPSS.

A inscrição das pessoas singulares que beneficiam da actividade profissional de terceiros,


prestada em regime de contrato de trabalho, é feita na data da admissão do primeiro trabalhador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 106
Página do manual

Nesta situação, a inscrição produz efeitos à data do início do exercício da actividade do primeiro
trabalhador, de acordo com o art. 35.º, al. b) do CRCSPSS.

O art. 34.º do CRCSPSS tem que ser articulado com o artigo 10.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-
A/2011, de 3 de Janeiro, na sua redacção actual, referente à efectivação de inscrição das entidades
empregadoras.

De acordo com este artigo, consideram-se oficiosamente inscritas na segurança social as


entidades empregadoras cuja inscrição no registo comercial ou, tratando-se de entidade não sujeita a
registo comercial obrigatório, no ficheiro central de pessoas colectivas, seja comunicada pelos
serviços de registo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 107
Página do manual

É ainda efectuada oficiosamente, com base em acções de inspecção ou de fiscalização, a inscrição


de entidades irregularmente constituídas que tenham trabalhadores ao seu serviço.

Nos termos do art. 36.º, as entidades empregadoras devem comunicar à instituição de segurança
social competente a alteração de quaisquer dos elementos relativos à sua identificação, incluindo os
relativos aos estabelecimentos, bem como o início, suspensão ou cessação de actividade.

As comunicações previstas neste artigo consideram-se cumpridas perante a segurança social


sempre que sejam efectuadas à administração fiscal ou possam ser oficiosamente obtidas nos termos
legalmente previstos.

Sempre que os elementos referidos no n.º 1 do presente artigo não possam ser obtidos
oficiosamente ou suscitem dúvidas, são as entidades empregadoras notificadas para, no prazo de 10
dias úteis, os apresentarem à instituição de segurança social competente.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 108
Página do manual

4.3. Relação jurídica contributiva

A obrigação contributiva, nos termos do art. 37.º do CRCSPSS, constitui-se com o início do
exercício de actividade profissional pelos trabalhadores ao serviço das entidades empregadoras,
estando regulada nos artigos 37.º a 43.º do CRC e 27.º, 28.º e 35.º do D. Reg. n.º 1-A/2011, de 3 de
Janeiro.

A obrigação contributiva compreende, de acordo com o art. 38.º do CRCSPSS, a declaração dos
tempos de trabalho, das remunerações devidas aos trabalhadores e o pagamento das contribuições e
das quotizações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 109
Página do manual

O n.º 2 esclarece que a obrigação contributiva, na sua dupla vertente, vence-se no último dia de
cada mês de calendário, corrigindo uma tese defendida por alguns, embora sem fundamento legal,
de que, quando as remunerações não fossem pagas não havia lugar ao cumprimento da obrigação
contributiva.

Nos termos do art. 39.º do CRCSPSS, as entidades empregadoras, para efeitos de segurança
social, são consideradas entidades contribuintes.

Em cumprimento do art. 40.º do CRCSPSS, as entidades contribuintes são obrigadas a declarar à


segurança social, em relação a cada um dos trabalhadores ao seu serviço, o valor da remuneração
que constitui a base de incidência contributiva, os tempos de trabalho que lhe corresponde e a taxa
contributiva aplicável.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 110
Página do manual

Ora, este artigo deve ser articulado o art. 14.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de
Janeiro, na sua redacção actual, que estipula que a declaração de remunerações inclui a identificação
dos trabalhadores ao serviço da entidade contribuinte a quem seja devida remuneração no mês de
referência, de acordo com os procedimentos previstos no artigo anterior.

O valor das remunerações a declarar é discriminado de acordo com os requisitos definidos no


despacho previsto no artigo 13.º, nos termos do art. . do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3
de Janeiro na sua redacção actual.

Já o art. 16.º refere no n.º 1 que os tempos de trabalho são declarados em dias,
independentemente de a actividade ser prestada a tempo completo ou a tempo parcial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 111
Página do manual

Nos casos em que a actividade corresponda a um mínimo de seis horas de trabalho diário e se
reporte a todos os dias do mês, o tempo declarado corresponde a 30 dias.

Nas situações de início, interrupção, suspensão ou cessação de contrato de trabalho a tempo


completo é declarado o número efectivo de dias de trabalho prestado a que correspondeu
remuneração.

Nas situações de trabalho a tempo parcial, de contrato de muito curta duração e de contrato
intermitente com prestação horária de trabalho, é declarado um dia de trabalho por cada conjunto
de seis horas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 112
Página do manual

A declaração prevista no número anterior deve ser efectuada até ao dia 10 do mês seguinte
àquele a que diga respeito.

A violação destas obrigações constitui contra-ordenação leve quando seja cumprida nos 30 dias
subsequentes ao termo do prazo e constitui contra-ordenação grave nas demais situações.

Este artigo tem de ser articulado com o art. 21.º do Decreto Regulamentar nº 1-A/2011 que
estabelece no n.º 4 que quando o prazo para entrega da declaração de remunerações termine ao
sábado, domingo ou dia feriado transfere-se o seu termo para o 1.º dia útil seguinte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 113
Página do manual

Este art. 21.º estabelece igualmente que a declaração de remunerações efectuada por
transmissão electrónica de dados considera-se entregue na data em que é considerada válida pelo
sistema de informação da segurança social.

A declaração de remunerações em suporte de papel é entregue nas instituições de segurança


social da área do local de trabalho, podendo ainda ser-lhes remetida por correio.

A declaração de remunerações em suporte de papel considera-se entregue na data em que é


apresentada, ou na data do carimbo dos serviços dos correios quando remetida por esta via, desde
que seja validada pelo sistema de informação da segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 114
Página do manual

A falta ou a insuficiência das declarações previstas nos números anteriores podem ser supridas
ou corrigidas oficiosamente pela instituição de segurança social competente, designadamente por
recurso aos dados de que disponha no seu sistema de informação, no sistema de informação fiscal ou
decorrente de acção de fiscalização.

O suprimento oficioso das declarações previstas nos números anteriores é notificado à entidade
contribuinte nos termos do disposto no Código do Procedimento Administrativo, sendo
regulamentado nos termos do art. 27.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, na
redacção actual.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 115
Página do manual

A não inclusão de trabalhador na declaração de remunerações constitui contra-ordenação muito


grave, nos termos do n.º 5 do art. 40.º.

O cumprimento das obrigações referidas no artigo 40.º do Código é aferido mensalmente e o seu
incumprimento determina a elaboração oficiosa da declaração de remunerações e do respectivo
registo, nos termos do art. 29.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, na redacção
actual

Esta declaração oficiosa de remunerações é efectuada considerando a remuneração base dos


trabalhadores constante da última declaração de remunerações com 30 dias de trabalho, sendo certo
que na falta de elementos relativos à remuneração base dos trabalhadores, o valor das remunerações
a considerar corresponde ao da retribuição mínima mensal garantida, reportada a 30 dias de
trabalho.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 116
Página do manual

O art. 30.º, n.º 1 do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, na redacção actual,


ainda estipula que findo o prazo para a justificação ou suprimento da falta, a declaração de
remunerações é elaborada e registada oficiosamente, sendo remetido à entidade empregadora o
respectivo comprovativo para efeitos de pagamento voluntário das contribuições e quotizações
devidas, determinando a falta de cumprimento da obrigação contributiva determina a sua cobrança
coerciva.

Nos termos do art. 41.º, a declaração prevista no artigo anterior é apresentada por transmissão
electrónica de dados, através do sítio na Internet da segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 117
Página do manual

A não utilização deste suporte determina a rejeição da declaração por parte dos serviços
competentes, considerando-se a declaração como não entregue.

Ora, este artigo deve ser articulado com art. 13.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, que
estabelece que, para efeitos do disposto no artigo 41.º do Código, a declaração de remunerações
obedece a modelo próprio e é preenchida de acordo com os requisitos técnicos e procedimentos
constantes no sítio da Internet da segurança social, aprovados por despacho do membro do Governo
responsável pela área da segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 118
Página do manual

Nos termos do artigo 17.º Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, a declaração de remunerações
relativa aos trabalhadores da pesca local e costeira, cujas remunerações são calculadas com base no
valor do produto bruto do pescado vendido em lota, é preenchida e entregue, pelos proprietários das
embarcações, nas entidades que asseguram os serviços de vendagem em lota.

A declaração de remunerações do serviço doméstico é efectuada com o pagamento das


contribuições e quotizações devidas, nos termos do art. 18.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011.

De acordo com o art. 20.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, a entidade empregadora deve
apresentar declarações de remunerações autónomas por mês de referência das remunerações
declaradas, estabelecimento e taxa contributiva aplicável aos trabalhadores que integram cada
estabelecimento, sem prejuízo do disposto no artigo 26.º.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 119
Página do manual

As actualizações e os acertos de remunerações, bem como os montantes das comissões,


gratificações, prémios e bónus que se reportem a mais do que um mês são declarados no mês em
que forem pagos e reportam-se aos meses de referência a que respeitam.

É ainda apresentada declaração de remunerações autónoma referente aos honorários previstos


no artigo 130.º do Código pela entidade a quem foram prestados os correspondentes serviços,
sempre que esta seja distinta da entidade empregadora.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 120
Página do manual

Nos termos do art. 22.º, n.º 1, do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, as instituições de
segurança social, por recurso ao sistema de informação da segurança social, procedem à verificação
dos elementos constantes da declaração de remunerações e do cálculo do montante da totalidade
das contribuições que lhes correspondam, tendo em vista a respectiva validação e aceitação, sendo
rejeitada, considerando-se como não entregue, a declaração de remunerações que não obedeça aos
requisitos e procedimentos a que se refere o artigo 13.º, sendo o facto comunicado à entidade
empregadora para efeitos da respectiva correcção, no prazo de cinco dias a contar da data da
recepção da comunicação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 121
Página do manual

A declaração de remunerações efectuada por transmissão electrónica de dados considera-se


entregue na data da rejeição pelo sistema de informação da segurança social, e a efectuada em papel
nas datas referidas no artigo anterior, se for corrigida no prazo de cinco dias a contar da data da
recepção da comunicação.

Findo este sem que os erros se mostrem corrigidos, a declaração é considerada como não
entregue, sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 40.º do Código e das sanções estabelecidas
para a falta da sua apresentação, de acordo com o n.º 5 do art. 22.º do Decreto Regulamentar n.º 1-
A/2011.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 122
Página do manual

O art. 24.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011 prevê que as instituições de segurança social
podem exigir a confirmação dos elementos constantes das declarações de remunerações que lhes
suscitem dúvidas, solicitando, para o efeito, provas adicionais das declarações prestadas, em especial,
nos casos em que, por referência a qualquer trabalhador, se verifiquem variações não justificadas no
montante das remunerações declaradas.

De sublinhar que a confirmação das remunerações pode efectuar-se, designadamente, através da


apresentação de declarações fiscais ou da concessão de autorização à instituição de segurança social
competente para consulta das bases de dados fiscais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 123
Página do manual

Nos termos do n.º 1 do art. 26.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, os elementos constantes
da declaração de remunerações podem ser corrigidos na declaração de remunerações do mês de
referência seguinte àquele a que os mesmos respeitam. Findo o prazo previsto no n.º 1 as correcções
só podem ser efectuadas através da entrega de declaração de remunerações autónoma, sendo a
mesma considerada, para todos os efeitos, como entregue fora de prazo.

A anulação ou correcção integral de declaração de remunerações é requerida ao serviço de


segurança social competente, mediante apresentação de prova que fundamente o pedido.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 124
Página do manual

Já a declaração de remunerações relativa a períodos anteriores à data do início de actividade


comunicada na admissão do trabalhador, quando não se encontre prescrita a obrigação contributiva
correspondente, é requerida ao serviço de segurança social competente mediante apresentação de
prova da prévia existência da relação de trabalho.

As entidades contribuintes são responsáveis pelo pagamento das contribuições e das quotizações
dos trabalhadores ao seu serviço, nos termos do art. 42.º, n.º 1 do CRCSPSS.

As entidades contribuintes descontam nas remunerações dos trabalhadores ao seu serviço o


valor das quotizações por estes devidas e remetem-no, juntamente com o da sua própria
contribuição, à instituição de segurança social competente.

O pagamento das contribuições e das quotizações é mensal e é efectuado do dia 10 até ao dia 20
do mês seguinte àquele a que as contribuições e as quotizações dizem respeito, de acordo como art.
43.º do CRCSPSS.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 125
Página do manual

4.4. Base de incidência contributiva

A Base de Incidência Contributiva (BIC) está disciplinada nos arts. 44.º a 48.º do CRCSPSS e nos
arts. 31.º a 33.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011.

O art. 44.º dispõe que para a determinação do montante das contribuições das entidades
empregadoras e das quotizações dos trabalhadores, considera-se base de incidência contributiva a
remuneração ilíquida devida em função do exercício da actividade profissional ou decorrente da
cessação do contrato de trabalho nos termos do presente Código.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 126
Página do manual

Assim a base de incidência contributiva, sobre a qual incidem as taxas para apuramento das
contribuições e quotizações a pagar à segurança social, é composta pela remuneração ilíquida a que o
trabalhador tem direito como contrapartida da prestação laboral.

O n.º 1 prevê assim que entram também na base de incidência contributiva as prestações devidas
pela cessação do contrato de trabalho, nos termos do Código, concretamente, a compensação pela
cessação do contrato de trabalho por acordo apenas nas situações com direito a prestações de
desemprego, nos termos do art. 46.º, n.º 2, alínea v), nos termos aplicáveis ao IRS, conforme resulta
do disposto no art. 46.º, n.º 3 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 127
Página do manual

O estabelecido no n.º 1 não prejudica a fixação de bases de incidência convencionais ou a sua


sujeição a limites mínimos ou máximos.

Assim, em alguns casos a base de incidência é fixada de forma convencional, por referência ao
IAS, como sucede em relação aos trabalhadores independentes, aos beneficiários do seguro social
voluntário, em relação aos trabalhadores do serviço doméstico, salvo se contratados ao mês e com
salário real, nos termos do art. 120.º, ou relativamente aos trabalhadores com contrato de muito
curta duração e ainda relativamente aos membros das igrejas, associações e confissões religiosas.

(Cfr. Portaria n.º 27/2020, de 31 de janeiro que procede à atualização do valor do indexante dos
apoios sociais (IAS) para o ano de 2020 (438,81€)).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 128
Página do manual

Noutros casos, muito embora a base de incidência corresponda à remuneração efectivamente


auferida, a lei estabelece valores mínimos e máximos, também por referência ao IAS, como sucede,
por exemplo, em relação aos membros dos órgãos estatutários das pessoas colectivas, como resulta
do art. 66.º, n.º 1 do CRCSPSS.

As bases de incidência convencionais são fixadas por referência ao valor do indexante dos apoios
sociais (IAS), como resulta do art. 45.º do CRCSPSS.

O n.º 2 dispõe ainda que actualização da base de incidência produz efeitos a partir do 1.º dia do
mês seguinte ao da publicação do diploma que concretize a actualização do IAS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 129
Página do manual

Constitui base de incidência a remuneração convencional, tendo em conta o número de horas de


trabalho prestado e a remuneração horária determinada.

IAS = Indexante dos Apoios Sociais

Rh = Remuneração Horária.

Rh = (IAS x12) / (52x40).

Ao valor que resultar desta fórmula aplica-se a taxa de 26,1%, apenas à parte da entidade
empregadora.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 130
Página do manual

Nos termos do art. 46.º, n.º 1, integram, para efeitos de delimitação da base de incidência
contributiva as prestações pecuniárias ou em espécie que nos termos do contrato de trabalho, das
normas que o regem ou dos usos são devidas pelas entidades empregadoras aos trabalhadores como
contrapartida do seu trabalho, em consonância com o art. 258.º do Código do Trabalho.

Ora, sendo os usos fonte de direito do trabalho, como resulta do art. 1.º do Código do Trabalho,
também entram na base de incidência prestações cujo pagamento constitui uma prática corrente da
empresa ao longo dos tempos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 131
Página do manual

O n.º 2 identifica, a título meramente exemplificativo, as prestações que incluem a base de


incidência, a saber:

a) A remuneração base, em dinheiro ou em espécie;

b) As diuturnidades e outros valores estabelecidos em função da antiguidade dos trabalhadores


ao serviço da respectiva entidade empregadora;

c) As comissões, os bónus e outras prestações de natureza análoga;

d) Os prémios de rendimento, de produtividade, de assiduidade, de cobrança, de condução, de


economia e outros de natureza análoga que tenham carácter de regularidade;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 132
Página do manual

e) A remuneração pela prestação de trabalho suplementar;

f) A remuneração por trabalho nocturno;

g) A remuneração correspondente ao período de férias a que o trabalhador tenha direito;

h) Os subsídios de Natal, de férias, de Páscoa e outros de natureza análoga;

i) Os subsídios por penosidade, perigo ou outras condições especiais de prestação de trabalho;

j) Os subsídios de compensação por isenção de horário de trabalho ou situações equiparadas;

l) Os valores dos subsídios de refeição, quer sejam atribuídos em dinheiro, quer em títulos de
refeição;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 133
Página do manual

m) Os subsídios de residência, de renda de casa e outros de natureza análoga, que tenham


carácter de regularidade;

n) Os valores efectivamente devidos a título de despesas de representação desde que se


encontrem pré-determinados e dos quais não tenham sido prestadas contas até ao termo do
exercício;

o) As gratificações, pelo valor total atribuído, devidas por força do contrato ou das normas que o
regem, ainda que a sua atribuição esteja condicionada aos bons serviços dos trabalhadores,
bem como as que pela sua importância e carácter regular e permanente, devam, segundo os
usos, considerar-se como elemento integrante da remuneração;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 134
Página do manual

p) As importâncias atribuídas a título de ajudas de custo, abonos de viagem, despesas de


transporte e outras equivalentes, na parte em que excedam os limites legais ou quando não
sejam observados os pressupostos da sua atribuição aos servidores do Estado;

q) Os abonos para falhas;

r) Os montantes atribuídos aos trabalhadores a título de participação nos lucros da empresa,


desde que ao trabalhador não esteja assegurada pelo contrato uma remuneração certa,
variável ou mista adequada ao seu trabalho;

s) As despesas resultantes da utilização pessoal pelo trabalhador de viatura automóvel que gere
encargos para a entidade empregadora nos termos do artigo seguinte;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 135
Página do manual

t) As despesas de transporte, pecuniárias ou não, suportadas pela entidade empregadora para


custear as deslocações em benefício dos trabalhadores, na medida em que estas não se
traduzam na utilização de meio de transporte disponibilizado pela entidade empregadora ou
em que excedam o valor de passe social ou, na inexistência deste, o que resultaria da
utilização de transportes colectivos, desde que quer a disponibilização daquele quer a
atribuição destas tenha carácter geral;

u) Os valores correspondentes às retribuições a cujo recebimento os trabalhadores não tenham


direito em consequência de sanção disciplinar;

v) Compensação por cessação do contrato de trabalho por acordo apenas nas situações com
direito a prestações de desemprego;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 136
Página do manual

x) Os valores despendidos obrigatória ou facultativamente pela entidade empregadora com


aplicações financeiras, a favor dos trabalhadores, designadamente seguros do ramo «Vida»,
fundos de pensões e planos de poupança reforma ou quaisquer regimes complementares de
segurança social, quando sejam objeto de resgate, adiantamento, remição ou qualquer outra
forma de antecipação de correspondente disponibilidade ou em qualquer caso de
recebimento de capital antes da data da passagem à situação de pensionista, ou fora dos
condicionalismos legalmente definidos;

z) As importâncias auferidas pela utilização de automóvel próprio em serviço da entidade


empregadora;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 137
Página do manual

aa) As prestações relacionadas com o desempenho obtido pela empresa quando, quer no
respectivo título atributivo, quer pela sua atribuição regular e permanente, revistam carácter
estável independentemente da variabilidade do seu montante.

bb) O valor mensal atribuído pela entidade patronal ao trabalhador em vales de transportes
públicos colectivos.

De acordo com o disposto no n.º 3, as prestações a que se referem as alíneas l), q), u), v), z) e bb)
do número anterior estão sujeitas a incidência contributiva, nos mesmos termos previstos no Código
do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 138
Página do manual

O n.º 4 admite que para as prestações a que se referem as alíneas p), q), v) e z) do n.º 2, o limite
legal previsto pode ser acrescido até 50%, desde que o acréscimo resulte de aplicação, de forma geral
por parte da entidade empregadora, de instrumento de regulação colectiva de trabalho.

Constituem base de incidência contributiva, além das prestações a que se referem os números
anteriores, todas as que sejam atribuídas ao trabalhador, com carácter de regularidade, em dinheiro
ou em espécie, directa ou indirectamente como contrapartida da prestação do trabalho.

Considera-se que uma prestação reveste carácter de regularidade quando constitui direito do
trabalhador, por se encontrar preestabelecida segundo critérios objectivos e gerais, ainda que
condicionais, por forma que este possa contar com o seu recebimento e a sua concessão tenha lugar
com uma frequência igual ou inferior a cinco anos.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 139
Página do manual

A- Subsídio de Refeição

Em 2017, o valor do subsídio de alimentação para os trabalhadores da Função Pública registou


uma subida inédita, fixando-se nos € 4,77 por dia.

Os valores de subsídio de alimentação pagos em dinheiro, superiores ao montante de € 4,77,


estão sujeitos a IRS e a Segurança Social.

Quando atribuído através de vales de refeição, o subsídio de alimentação estará sujeito a


tributação se ultrapassar os € 7,63 (€ 4,77 + 60%).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 140
Página do manual

Valor limite para efeitos de isenção ou não


Abonos
sujeição a IRS e taxa social única
subsídio de refeição pago em dinheiro 4,77 €
subsídio de refeição pago em senhas ou vales de
7,63 €
refeição

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 141
Página do manual

Nos termos do disposto no art. 154.º, n.º 3. al. b), do Código do Trabalho, o trabalhador a tempo
parcial tem direito ao subsídio de refeição por inteiro se o período normal de trabalho diário for igual
ou superior a cinco horas, sendo de valor proporcional quando o período normal de trabalho diário
for inferior a cinco horas.

O subsídio de refeição dos servidores do Estado a tempo parcial cuja prestação de trabalho diário
seja igual ou superior a metade da duração diária do trabalho a tempo completo é pago por inteiro,
sendo calculado na proporção do respectivo período normal de trabalho semanal quando o período
diário for inferior a metade do período normal a tempo completo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 142
Página do manual

Assim e para calcular o limite de isenção para efeitos de IRS e, consequentemente, para efeitos
contributivos para a segurança social, há que calcular o valor do subsídio de refeição a que o servidor
do Estado tem direito, nos termos referidos, ficando a parte excedente, se tal ocorrer, sujeita a IRS e
também a incidência contributiva para a segurança social.

A forma de cálculo do limite de isenção para efeitos de IRS, acima referida, acaba por ser até mais
vantajosa do que a prevista no art. 154.º, n.º 3, al. b), do Código do Trabalho.

Com efeito, enquanto nos termos do Código do Trabalho o trabalhador só tem direito ao subsídio
de refeição na totalidade quando trabalhe cinco horas diárias, na função pública basta trabalhar
metade do período normal de trabalho diário (4 horas ou até menos).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 143
Página do manual

O que significa que, na prática, está isento da incidência contributiva o valor do subsídio de
refeição pago por inteiro aos trabalhadores a tempo parcial ou proporcionalmente, tendo em conta o
valor fixado para os servidores do Estado (€ 4,77) eventualmente acrescido de 60%, conforme seja
pago em numerário ou em vales de refeição.

Assim se empresa XPTO, Lda. paga aos seus trabalhadores € 4,77 por dia, em dinheiro, a título de
subsídio de alimentação

O montante referente ao subsídio de alimentação não deve ser considerado como base de
incidência contributiva.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 144
Página do manual

Por seu lado, a empresa paga aos seus trabalhadores € 7,00 por dia em dinheiro a título de
subsídio de alimentação

Para cálculo do montante que integrará a incidência devem ser considerados o limite - € 4,77 –
como valor isento e o remanescente € 3,77 (€ 7,00 - € 4,77) como valor sujeito, ou seja, por cada dia
pago de subsídio de alimentação em dinheiro, € 3,23 passam a estar sujeitos a incidência
contributiva.

Num mês com 22 dias de trabalho, teríamos € 3,22 x 22 dias = € 70,84 sujeitos a incidência
contributiva.

Por seu turno, a empresa paga em 2018 aos seus trabalhadores em cartão refeição o montante
diário de € 7,63. Este valor está totalmente isento.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 145
Página do manual

B- Ajudas de Custo

Os valores pagos a título de ajudas de custo estarão sujeitos a incidência contributiva quando
ultrapassem os limites legais estabelecidos no artigo 2.º, n.º 3 do CIRS.

Nos termos da Circular da DGCI n.º 12/91, podem os valores das ajudas de custo fixadas para os
membros do Governo servir de referência e ser abonadas, por entidades não públicas, aos
colaboradores que exerçam funções e ou aufiram remunerações que não sejam comparáveis ou
reportáveis às dos trabalhadores em funções públicas.

Nos restantes casos, continua a considerar-se que excedem os limites legais as ajudas de custo
superiores ao limite mais elevado fixado para os funcionários públicos.

Cfr. Portaria n.º 1553-D/2008, de 31/12, após Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28/12, e Lei n.º 66-
B/2012, de 31/12 (OE 2013)
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 146
Página do manual

Os valores diários de ajudas de custo previstos no Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril, na


versão mais recente, são os seguintes:

Ajudas de Custo/2018
(Portaria n.º 1553-D/2008, de 31/12, após Decreto-Lei n.º 137/2010, de 28/12, e Lei n.º 66-B/2012,
de 31/12)
(em vigor desde 01/01/2013)
Deslocações no
Deslocações ao
Cargo ou vencimento Continente e
e no estrangeiro
Regiões Autónomas
– Membros do Governo € 69,19 € 100,24
– Trabalhadores em funções públicas:
– Com vencimento superior ao nível 18 € 50,20 € 89,35
– Com vencimento entre os níveis 18 e 9 € 43,39 € 85,50
– Outros € 39,83 € 72,72

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 147
Página do manual

Coeficientes a aplicar aos valores das ajudas de custo,


consoante horas de partida e de chegada
Deslocações diárias % Deslocações por dias sucessivos %
Dia de partida:
– até às 13 h 100
– das 13 às 21 h 75
– que abranjam o período entre as 13 e as 14 h 25 – após as 21 h 50
– que abranjam o período entre as 20 e as 21 h 25 Dia de chegada:
– que impliquem dormida 50 – até às 13 h 0
– das 13 às 20 h 25
– após as 20 h 50
Restantes dias 1

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 148
Página do manual

Transporte
Em automóvel próprio 0,36 € / Km
Em veículos adstritos a carreiras de serviço público 0,11 € / Km
Em automóvel de aluguer:
1 trabalhador em funções públicas 0,34 € / Km
2 trabalhadores… (para cada) 0,14 € / Km
3 ou mais trabalhadores… (para cada) 0,11 € / Km
Em veículo motorizado não automóvel (1) 0,14 € / Km

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 149
Página do manual

Para efeitos do disposto na alínea s), do n.º 2 do art. 46.º, e sem prejuízo do disposto no número
seguinte, o art. 46.º-A, determina que se considera que a viatura é para uso pessoal sempre que tal
se encontre previsto em acordo escrito entre o trabalhador e a entidade empregadora do qual
conste:

a) A afectação, em permanência, ao trabalhador, de uma viatura automóvel concreta;

b) Que os encargos com a viatura e com a sua utilização sejam integralmente suportados pela
entidade empregadora;

c) Menção expressa da possibilidade de utilização para fins pessoais ou da possibilidade de


utilização durante 24 horas por dia e o trabalhador não se encontre sob o regime de isenção
de horário de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 150
Página do manual

O n.º 2 acrescenta ainda que se considera que a viatura é para uso pessoal sempre que no
acordo escrito seja afecta ao trabalhador, em permanência, viatura automóvel concreta, com
expressa possibilidade de utilização nos dias de descanso semanal, situação na qual, refere o n.º 3,
esta componente não constitui base de incidência nos meses em que o trabalhador preste trabalho
suplementar em pelo menos dois dos dias de descanso semanal obrigatório ou em quatro dias de
descanso semanal obrigatório ou complementar.

O valor sujeito a incidência contributiva corresponde a 0,75% do custo de aquisição da viatura,


nos termos do n.º 4 do referido artigo.

Se a viatura teve um custo de aquisição de € 40.000,00, o valor a integrar na BIC mensal


corresponderá a € 300,00 (€ 40.000,00 x 0,75%).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 151
Página do manual

Nos termos do art. 48.º, não integram a base de incidência contributiva designadamente:

a) Os valores compensatórios pela não concessão de férias ou de dias de folga;

b) As importâncias atribuídas a título de complemento de prestações do regime geral de


segurança social;

c) Os subsídios concedidos a trabalhadores para compensação de encargos familiares,


nomeadamente os relativos à frequência de creches, jardins de infância, estabelecimentos
de educação, lares de idosos e outros serviços ou estabelecimentos de apoio social;

d) Os subsídios eventuais destinados ao pagamento de despesas com assistência médica e


medicamentosa do trabalhador e seus familiares;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 152
Página do manual

e) Os valores correspondentes a subsídios de férias, de Natal e outros análogos relativos a bases


de incidência convencionais;

f) Os valores das refeições tomadas pelos trabalhadores em refeitórios das respectivas


entidades empregadoras;

g) As importâncias atribuídas ao trabalhador a título de indemnização, por força de declaração


judicial da ilicitude do despedimento;

h) A compensação por cessação do contrato de trabalho no caso de despedimento colectivo, por


extinção do posto de trabalho, por inadaptação, por não concessão de aviso prévio, por
caducidade e por resolução por parte do trabalhador;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 153
Página do manual

i) A indemnização paga ao trabalhador pela cessação, antes de findo o prazo convencional, do


contrato de trabalho a prazo;

j) As importâncias referentes ao desconto concedido aos trabalhadores na aquisição de ações


da própria entidade empregadora ou de sociedades dos grupos empresariais da entidade
empregadora.

Os códigos de remunerações a utilizar de acordo com o Despacho n.º 2-I/SESS/2011 do Gabinete


do Secretário de Estado da Segurança Social:

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 154
Página do manual

Os valores diários de ajudas de custo previstos no Decreto-Lei n.º 106/98, de 24 de Abril, na


versão mais recente, são os seguintes:

Código de valor Descrição N.º Dias Valor

A Ajudas de custo e transportes =0 ≠0


Prémios, bónus e outras prestações de carácter
B =0 ≠0
mensal
C Comissões =0 ≠0
Compensação por cessação do contrato de
D =0 ≠0
trabalho
F Subsídio de férias =0 ≠0
Honorários de prestação de serviços nas situações
H =0 ≠0
de acumulação com trabalho por conta de outrem
M Subsídios de carácter regular mensal =0 ≠0
N Subsídio de Natal =0 ≠0

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 155
Página do manual

Código de valor Descrição N.º Dias Valor

Prémios, bónus e outras prestações de


O =0 ≠0
carácter não mensal
>0 >0
P Remuneração base
<0 <0
R Subsídio de refeição =0 ≠0
S Trabalho suplementar =0 ≠0
T Trabalho nocturno =0 ≠0
X Subsídios de carácter regular não mensal =0 ≠0
Remunerações referentes a férias pagas e não >0 >0
2 gozadas por cessação do contrato de trabalho -
Desp. 129/SESS/91, de 17/12 <0 <0

6 Diferenças de remunerações =0 ≠0
Compensação Remuneratória do Contrato >0 >0
I Intermitente <0 <0
Nota: ≠0 – Assume valor positivo ou negativo
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 156
Página do manual

4.5. Taxas contributivas

A taxa contributiva do regime geral é determinada, de forma global, de harmonia com o seu
âmbito material, nos termos do art. 49.º do CRCSPSS.

A taxa contributiva global do regime geral correspondente ao elenco das eventualidades


protegidas é de 34,75%, cabendo 23,75% à entidade empregadora e 11% ao trabalhador, sem
prejuízo do disposto no artigo seguinte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 157
Página do manual

Na generalidade das situações as taxas contributivas a aplicar são as constantes do quadro


seguinte:

Tipo de Entidades Taxa Contributiva

Entidades Entidade com fins


Trabalhador Global
Empregadoras lucrativos
Entidade
23,75% 11% 34,75% sem fins IPSS
lucrativos
33,3% Outras
22,3% 22,3% 33,3%
entidades

Fonte: http://www.seg-social.pt/calculo-das-contribuicoes
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 158
Página do manual

4.6. Benefícios resultantes do Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho

Nos termos do art. 57.º do CRCSPSS, podem ser estabelecidas medidas excepcionais e
temporárias de incentivo ao emprego que determinam a isenção ou redução da taxa contributiva,
estabelecidas nos termos do disposto na secção IV do capítulo II desta parte e por diploma legal
próprio, tendo em vista:

a) O aumento de postos de trabalho;

b) A reinserção profissional de pessoas afastadas do mercado de trabalho;

c) A permanência dos trabalhadores em condições de acesso à pensão de velhice nos seus


postos de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 159
Página do manual

São condições para a isenção ou redução da taxa contributiva, de acordo como art. 59.º do
CRCSPSS a verificação da situação contributiva regularizada perante a segurança social e a
administração fiscal.

O Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho regula a atribuição de incentivos à contratação de


jovens à procura do primeiro emprego e de desempregados de longa duração e de muito longa
duração, através de uma dispensa parcial ou isenção total do pagamento de contribuições para o
regime geral de segurança social, na parte relativa à entidade empregadora.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 160
Página do manual

4.6.1. Trabalhadores abrangidos

Nos termos do art. 4.º, n.º 1, os incentivos à contratação aplicam-se aos trabalhadores
integrados num dos seguintes grupos:

a) Jovens à procura do primeiro emprego: jovens com idade até aos 30 anos, inclusive, que
nunca tenham prestado a actividade ao abrigo de um contrato de trabalho sem termo.

b) Desempregados de longa duração: desempregados que, à data do contrato, estejam


disponíveis para o trabalho e inscritos nos Centros de Emprego há 12 meses ou mais.

c) Desempregados de muito longa duração: desempregados com 45 anos de idade ou mais que,
à data do contrato, estejam disponíveis para o trabalho e inscritos nos Centros de Emprego há
25 meses ou mais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 161
Página do manual

Para efeitos da alínea a):

• A idade do trabalhador é aferida na data da celebração do contrato de trabalho;

• O jovem à procura do primeiro emprego pode ter celebrado anteriormente contrato de


trabalho a termo ou ter exercido actividade como trabalhador independente;

Para efeitos das alíneas b) e c):

• A qualificação como desempregado de longa duração ou de muito longa duração não é


prejudicada pela celebração de contratos de trabalho a termo ou pelo exercício de trabalho
independente, por período inferior a seis meses, cuja duração conjunta não ultrapasse os
doze meses.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 162
Página do manual

Para efeitos do disposto na alínea c)

• A idade do trabalhador é aferida na data de celebração do contrato de trabalho.

d) A celebração de contrato de trabalho sem termo que tenha cessado durante o período
experimental e as situações de estágio profissional e de inserção em programas ocupacionais
anteriores à celebração de contrato de trabalho sem termo não impedem as qualificações
referidas no n.º 1 para efeitos de aplicação dos incentivos à contratação.

Nos termos do art. 5.º, as entidades empregadoras que contratem por tempo indeterminado os
trabalhadores a elas já vinculados por contrato a termo, ou cujos contratos a termo se convertam em
contratos sem termo, podem beneficiar dos incentivos previstos no Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de
Junho.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 163
Página do manual

4.6.2. Requisitos

Nos termos do art. 6.º, para ter direito à dispensa parcial ou isenção total de contribuições, a
entidade empregadora tem de cumprir cumulativamente estas condições:

1. Estejam regularmente constituídas e devidamente registadas;

2. Tenham as situações (contributiva e tributária) regularizadas perante a Segurança Social e a


Autoridade Tributária;

3. Não se encontrem em situação de atraso no pagamento de salários;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 164
Página do manual

4. Celebrem com esses trabalhadores contratos de trabalho sem termo a tempo inteiro ou
parcial;

5. No mês do requerimento, tenham um número total de trabalhadores superior à média dos


trabalhadores registados nos doze meses imediatamente anteriores, considerando-se novas
contratações:

• Os trabalhadores contratados ao abrigo destes incentivos à contratação;

• As situações de contratação para substituição de trabalhador abrangido por estes incentivos,


cujo contrato de trabalho tenha cessado por facto imputável ao trabalhador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 165
Página do manual

4.6.3. Apoios

Nos termos do art. 7.º, a dispensa parcial do pagamento de contribuições aplica-se nos seguintes
termos:

a) Redução temporária de 50% da taxa contributiva da responsabilidade da entidade


empregadora relativamente à contratação de jovens à procura do primeiro emprego, durante
um período de cinco anos;

b) Redução temporária de 50% da taxa contributiva da responsabilidade da entidade


empregadora relativamente à contratação de desempregados de longa duração, durante um
período de três anos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 166
Página do manual

Nos termos do art. 8.º, a isenção total do pagamento de contribuições:

a) A contratação de desempregados de muito longa duração, beneficia da isenção temporária da


taxa contributiva da responsabilidade da entidade empregadora, durante um período de três
anos.

b) A dispensa parcial ou a isenção total do pagamento de contribuições produz efeitos desde a


data de início do contrato de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 167
Página do manual

4.6.4. Portabilidade

Nos termos do art. 9.º, sempre que ocorra a cessação do contrato de trabalho sem termo por
facto não imputável ao trabalhador antes do fim do prazo legalmente previsto para o período de
atribuição da medida de incentivo, o trabalhador mantém o direito à medida nas situações de
contratação sem termo subsequentes, pelo período remanescente.

A nova entidade empregadora pode beneficiar do remanescente do incentivo que o trabalhador


transporta, ou optar por pedir outro incentivo que esse trabalhador possa ter direito.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 168
Página do manual

Para efeitos de portabilidade da dispensa de contribuições na verificação dos períodos previstos


nos artigos 7.º e 8.º, são contados os períodos abrangidos por qualquer modalidade de contrato de
trabalho subordinado ou por exercício de trabalho independente, mesmo não conferindo direito aos
incentivos previstos no Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho, de acordo com o art. 10.º.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 169
Página do manual

Exemplo 1: Foi atribuída à sociedade A uma dispensa parcial do pagamento de contribuições


relativamente à contratação de um jovem à procura do 1.º emprego, pelo período de 5 anos.
Decorrido 1 ano sobre esta contratação, o trabalhador foi despedido por esta entidade empregadora,
mantendo o direito à dispensa parcial pelo período remanescente de 4 anos. Sucede que este
trabalhador, após a cessação do referido contrato, trabalha na qualidade de trabalhador
independente durante 6 meses e os restantes 6 meses é contratado a prazo pela empresa Y, pelo que
serão deduzidos ao período remanescente de 4 anos os 6 seis meses de trabalho independente e os 6
meses de contrato a prazo. Assim, o trabalhador mantém o direito à dispensa parcial pelo período
remanescente de 3 anos, período esse que pode ser utilizado por uma nova entidade empregadora
que o contrate sem termo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 170
Página do manual

Exemplo 2: Foi atribuída à sociedade A uma dispensa parcial do pagamento de contribuições


relativamente à contratação de um desempregado de longa duração, pelo período de 3 anos.
Decorrido 1 ano sobre esta contratação, o trabalhador foi despedido por esta entidade empregadora,
mantendo o direito à dispensa parcial pelo período remanescente de 2 anos. O trabalhador
permanece sem trabalhar durante um período de 2 anos.

Assim, o trabalhador mantém o direito à dispensa parcial pelo período remanescente de 2 anos,
período esse que pode ser utilizado por uma nova entidade empregadora que o contrate sem termo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 171
Página do manual

4.6.5. Transmissão de empresa ou estabelecimento

Em caso de transmissão, por qualquer título, da titularidade de empresa, ou estabelecimento ou


ainda de parte de empresa ou estabelecimento que constitua uma unidade económica, o n.º 1 do art.
285.º do Código de Trabalho impõe a transmissão para o adquirente da posição do empregador nos
contratos de trabalho dos respectivos trabalhadores, isto é, a sub-rogação do adquirente na posição
jurídica de empregador para o adquirente, ficando assim salvaguardada a manutenção dos contratos
de trabalho.

A nova entidade empregadora mantém, nos mesmos termos, o direito aos incentivos
anteriormente concedidos à entidade transmitente, desde que tenha a sua situação contributiva
regularizada perante a segurança social e a administração fiscal e efectue a comunicação da
transmissão de estabelecimento ou cessão de posição contratual da Segurança Social Directa (Cfr. art.
102.º, n.º 2 do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 172
Página do manual

4.6.6. Efeitos da suspensão do contrato de trabalho

A suspensão do contrato de trabalho, de acordo com a legislação laboral, desde que


devidamente comprovada, seja por doença, parentalidade, tem por efeito a dispensa ou isenção das
contribuições.

A contagem do período de dispensa ou isenção total de pagamento das contribuições é


igualmente suspensa, pelo número de meses completo que durar a suspensão.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 173
Página do manual

4.6.7. Requerimento e procedimento

Nos termos do art. 12.º, as entidades empregadoras que pretendam beneficiar da dispensa
parcial ou isenção total do pagamento de contribuições devem apresentar requerimento para o
efeito.

O requerimento deve ser entregue, através do sítio na Internet da segurança social, no prazo de
10 dias a contar da data de início do contrato de trabalho a que se refere o pedido de incentivo no
serviço Segurança Social Directa, em www.seg-social.pt.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 174
Página do manual

Se a entidade empregadora entregar o requerimento fora do prazo, só tem direito à dispensa


parcial ou à isenção total do pagamento de contribuições a partir do início do mês seguinte àquele
em que o requerimento der entrada nos serviços da Segurança Social, pelo período remanescente.

O deferimento do requerimento determina a correcção oficiosa das declarações de


remunerações desde a data de produção de efeitos da medida, de acordo com o art. 16.º.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 175
Página do manual

De acordo com o art. 13.º, as entidades empregadoras devem entregar com o requerimento a
cópia do contrato de trabalho sem termo.

• No caso de jovens à procura do primeiro emprego, o trabalhador deve entregar uma


declaração em como não teve anteriormente qualquer contrato de trabalho sem termo,
através do Modelo GTE 84 – DGSS – Medidas de Incentivo ao Emprego - Declaração do
trabalhador.

• Documento de situação regularizada perante a Autoridade Tributária.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 176
Página do manual

Os serviços da Segurança Social podem solicitar às entidades empregadoras beneficiárias da


medida ou aos trabalhadores abrangidos pela mesma, os meios de prova documental referente a
elementos de que não disponham no Sistema de Informação da Segurança Social, necessários à
comprovação das situações abrangida, de acordo com o n.º 4 deste artigo.

As instituições de segurança social devem apreciar o pedido no prazo de 20 dias, contados a


partir da data da apresentação do requerimento devidamente instruído, nos termos do art. 14.º.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 177
Página do manual

4.6.8. Obrigações da entidade empregadora:

A entidade empregadora tem que:

• Entregar após deferimento do requerimento uma declaração de remunerações à parte para


os trabalhadores abrangidos pela medida, sendo que até lá tem de entregar a declaração de
remunerações referente a esses trabalhadores à taxa normal, bem como, efectuar o respetivo
pagamento das contribuições a essa mesma taxa;

• Entregar dentro do prazo legal a declaração de remunerações dos demais trabalhadores ao


seu serviço;

• Pagar no prazo legal as contribuições à Segurança Social da parte que não esteja isenta.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 178
Página do manual

4.6.9. Cessação dos incentivos

A dispensa parcial ou a isenção total do pagamento de contribuições cessa, nos termos do art.
102.º do CRCSPSS, aplicável ex vi 2.º do Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho, quando se verifique
uma das seguintes circunstâncias:

• Termine o período de concessão;

• Deixem de se verificar as condições de acesso;

• Se verifique a falta de entrega das declarações de remunerações no prazo legal, ou se


verifique a não inclusão de quaisquer trabalhadores nas declarações de remunerações;

• Cesse o contrato de trabalho.


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 179
Página do manual

Se se verificar a cessação do contrato de trabalho por iniciativa do empregador, com base em


despedimento sem justa causa, despedimento colectivo, despedimento por extinção do posto de
trabalho ou despedimento por inadaptação, nos termos do art. 103.º do CRCSPSS, aplicável ex vi 2.º
do Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho:

• São exigidas as contribuições relativas ao tempo durante o qual tenha ocorrido a dispensa
parcial ou isenção total do pagamento das contribuições para a Segurança Social;

• As contribuições também são exigidas caso o contrato de trabalho cesse dentro dos 24 meses
seguintes ao termo do período de concessão da dispensa parcial ou da isenção total;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 180
Página do manual

• As entidades empregadoras não têm direito à concessão de novas dispensas do pagamento


de contribuições nos 24 meses seguintes à cessação do contrato de trabalho de acordo com o
art. 104.º do CRCSPSS, aplicável ex vi 2.º do Decreto-Lei n.º 72/2017, de 21 de Junho.

No caso de revogação do contrato de trabalho por acordo entre a entidade empregadora e o


trabalhador a medida cessa, no entanto como não é por causa imputável à entidade empregadora,
não são exigidas as contribuições.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 181
Página do manual

4.6.10. Como requerer atribuição de incentivos à contratação na Segurança Social Direta:

O requerimento é efectuado do seguinte modo:

1. Entrar na Segurança Social Directa, inserindo NISS e palavra-chave.

2. Seleccionar o separador “Emprego” e depois a opção “Medidas de incentivo ao emprego”.

3. Clicar em “Posteriores a 31 de julho de 2017”:

- Clicar em “Efetuar pedidos de incentivos ao emprego após 31 de julho de 2017”.

- Clicar em “Novo Pedido”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 182
Página do manual

4. Verifique se o trabalhador já está vinculado à empresa:

- Indique NISS ou NIF desse trabalhador e clique na lupa para pesquisar (caso não esteja
vinculado à empresa, tem de fazer a admissão primeiro).

5. Clicar em “Próximo passo: Tipo de Medida”.

6. Seleccionar a “Medida a que se Candidata”.

7. Preencher a informação relativa a “Dados do Contrato” e clicar em “Próximo Passo: Meios de


Prova”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 183
Página do manual

8. Seleccionar “Medida para Jovens à procura de 1.º emprego” No separador “Meios de


Prova”:

- Clicar em “Termos e condições”.

- Clicar em “Tem em atraso pagamento de retribuições?”.

- Clicar em “Tem a declaração do trabalhador comprovando a inexistência de contrato de


trabalho anterior sem termo?”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 184
Página do manual

9. Seleccionar “Medida para desempregados de longa duração” No separador “Meios de


Prova”:

- Clicar em “Termos e condições”;

- Clicar em “Tem em atraso pagamento de retribuições?”;

- Clicar em “Data Inscrição CE”.

No campo “Envio de documentos de prova”, submeter:

- Fotocópia do contrato de trabalho actual;

- Declaração de centro de emprego;

- Documento de situação regularizada perante as Finanças.


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 185
Página do manual

10. Seleccionar “Medida para desempregados de muito longa duração” No separador “Meios de
Prova”:

- Clicar em “Termos e condições”.

- Clicar em “Tem em atraso pagamento de retribuições?”.

No campo “Envio de documentos de prova” submeter Fotocópia do contrato de trabalho


atual, Declaração de centro de emprego e Documento de situação regularizada perante as
Finanças.

11. Próximo Passo: Conclusão do Pedido.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 186
Página do manual

5. REGIMES APLICÁVEIS A TRABALHADORES INTEGRADOS


EM CATEGORIAS OU SITUAÇÕES ESPECÍFICAS

5.1. Os Membros dos órgãos estatutários das pessoas coletivas (MOE) e entidades equiparadas

Âmbito pessoal

Nos termos do disposto no art. 61.º do CRCSPSS, são obrigatoriamente abrangidos pelo
regime geral, com as especificidades previstas na subsecção em análise, na qualidade de
beneficiários, os membros dos órgãos estatutários das pessoas coletivas e entidades equiparadas,
ainda que sejam seus sócios ou membros.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 187
Página do manual

Categorias de trabalhadores abrangidos

De acordo com o estabelecido pelo art. 62.º do CRCSPP consideram-se, designadamente,


membros dos órgãos estatutários das pessoas coletivas ou equiparadas:

a) Os administradores, directores e gerentes das sociedades e das cooperativas;

b) Os administradores de pessoas colectivas gestoras ou administradoras de outras pessoas


colectivas, quando contratados a título de mandato para aí exercerem funções de
administração, desde que a responsabilidade pelo pagamento das respectivas remunerações
seja assumida pela entidade administrada;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 188
Página do manual

c) Os gestores de empresas públicas ou de outras pessoas colectivas, qualquer que seja o fim
prosseguido, que não se encontrem obrigatoriamente abrangidos pelo regime de protecção
social convergente dos trabalhadores em funções públicas e que não tenham optado, nos
termos legais, por diferente regime de protecção social de inscrição obrigatória;

d) Os membros dos órgãos internos de fiscalização das pessoas colectivas, qualquer que seja o
fim prosseguido, que não se encontrem obrigatoriamente abrangidos pelo regime de
protecção social convergente dos trabalhadores em funções públicas e que não tenham
optado, nos termos legais, por diferente regime de proteção social de inscrição obrigatória;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 189
Página do manual

e) Os membros dos demais órgãos estatutários das pessoas colectivas, qualquer que seja o fim
prosseguido, que não se encontrem obrigatoriamente abrangidos pelo regime de protecção
social convergente dos trabalhadores em funções públicas e que não tenham optado, nos
termos legais, por diferente regime de protecção social de inscrição obrigatória.

Pessoas singulares excluídas

Por outro lado, são excluídos do âmbito de aplicação da subsecção em análise, nos termos do
disposto no art. 63.º do CRCSPSS:

a) Os membros de órgãos estatutários de pessoas colectivas sem fim lucrativo que não
recebam pelo exercício da respectiva actividade qualquer tipo de remuneração;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 190
Página do manual

b) Os sócios que, nos termos do pacto social, detenham a qualidade de gerentes mas não
exerçam de facto essa atividade, nem aufiram a correspondente remuneração;

c) Os trabalhadores por conta de outrem eleitos, nomeados ou designados para cargos de


gestão nas entidades a cujo quadro pertencem, cujo contrato de trabalho na data em que
iniciaram as funções de gestão tenha sido celebrado há pelo menos um ano e tenha
determinado inscrição obrigatória em regime de protecção social;

d) Os sócios gerentes de sociedades constituídas exclusivamente por profissionais incluídos na


mesma rubrica da lista anexa ao Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares e cujo fim social seja o exercício daquela profissão;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 191
Página do manual

e) As pessoas que, integrando as situações referidas no artigo anterior, sejam nomeadas por
imperativo legal para funções a que corresponda inscrição em lista oficial especialmente
elaborada para esse efeito, identificativa das pessoas habilitadas para o exercício de tais
funções, designadamente as correspondentes às funções de gestores judiciais ou revisores
oficiais de contas;

f) Os membros dos órgãos estatutários das sociedades de agricultura de grupo;

g) Os liquidatários judiciais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 192
Página do manual

Em acréscimo, nos termos do disposto no art. 64.º do CRCSPSS, são ainda excluídos do âmbito
da subsecção em análise, os membros de órgãos estatutários de pessoas colectivas com fins
lucrativos que não recebam, pelo exercício da respectiva atividade, qualquer tipo de remuneração e
se encontrem numa das seguintes situações:

a) Sejam abrangidos por regime obrigatório de protecção social em função do exercício de


outra actividade em acumulação com aquela, pela qual aufiram rendimento superior a uma
vez o valor do IAS;

b) Sejam pensionistas de invalidez ou de velhice de regimes obrigatórios de protecção social,


nacionais ou estrangeiros .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 193
Página do manual

Por sua vez, o art. 38.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01 determina quais os
elementos de prova necessários para a exclusão do regime aplicável aos MOE. O preceito legal em
causa refere que, para efeitos do disposto nas alíneas a) e b) do art. 63.º do CRCSPSS, a entidade
empregadora deve apresentar à instituição de segurança social competente cópia do pacto social ou
da acta da assembleia geral em que constem os elementos necessários à comprovação da exclusão .
Quando se trate de enquadramento em regime obrigatório de protecção social ou de situação de
pensionista de que a instituição de segurança social não possa ter conhecimento directo, a
certificação é efectuada mediante documento comprovativo emitido pela entidade competente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 194
Página do manual

Âmbito material

A inscrição é válida desde o dia 1 do mês em que se inicia a actividade.

Nos termos do disposto no art. 65.º do CRCSPSS, os membros dos órgãos estatutários das
pessoas coletivas e entidades equiparadas têm direito à protecção nas eventualidades de doença,
parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte. Em acréscimo, os membros dos
órgãos estatutários das pessoas coletivas que exerçam funções de gerência ou de administração têm
ainda direito à protecção na eventualidade de desemprego, nos termos de legislação própria .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 195
Página do manual

Base de incidência contributiva

O art. 66.º do CRCSPSS refere que, sem prejuízo do disposto nos arts. 44.º e seguintes, a base de
incidência contributiva dos membros dos órgãos estatutários corresponde ao valor das remunerações
efectivamente auferidas em cada uma das pessoas coletivas em que exerçam atividade, com o limite
mínimo igual ao valor do IAS .

Este limite mínimo não se aplica, porém, nos casos de acumulação da actividade de membro de
órgão estatutário com outra atividade remunerada que determine a inscrição em regime obrigatório
de protecção social ou com a situação de pensionista desde que o valor da base de incidência
considerado para o outro regime de protecção social ou de pensão seja igual ou superior ao valor do
IAS.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 196
Página do manual

Chama-se a atenção para o facto de, face ao preceituado no art. 68.º do CRCSPSS, integrarem
ainda a remuneração dos membros dos órgãos estatutários:

a) Os montantes pagos a título de gratificação, desde que atribuídos em função do exercício da


actividade de gerência sem adstrição à qualidade de sócio e sem que sejam imputáveis aos
lucros, os quais devem ser parcelados por referência aos meses a que se reportam; e

b) Os montantes pagos a título de senhas de presença.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 197
Página do manual

Taxa contributiva

De acordo com o art. 69.º do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa aos membros dos órgãos
estatutários é de 29,6%, sendo de 20,3% para as entidades empregadoras e de 9,3% para os
trabalhadores.

Por outro lado, a taxa contributiva relativa aos membros das pessoas colectivas que exerçam
funções de gerência ou de administração é de 34,75%, sendo de 23,75% para as entidades
empregadoras e de 11% para os trabalhadores .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 198
Página do manual

Destacamos, no quadro infra algumas situações de taxas contributivas diferenciadas:

Entidade
MOE MOE Total
Empregadora
Membros dos órgãos estatutários das pessoas colectivas
(com protecção na doença, parentalidade, doenças 20,3% 9,3% 29,6%
profissionais, invalidez, velhice e morte).
Membros dos órgãos estatutários profissionais de seguros
das pessoas colectivas com e sem fins lucrativos. (Taxa
20,3% + 1% 9,3% 30,6%
contributiva complementar (1%), para efeitos de fundo
especial de Segurança Social).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 199
Página do manual

Entidade
MOE MOE Total
Empregadora
Membros dos órgãos estatutários que exerçam funções de
gerência ou de administração:
Administradores, directores e gerentes das sociedades e
cooperativas de produção e serviços que não optem pelo 23,75% 11% 34,75%
enquadramento dos seus membros no regime dos
trabalhadores independentes (com protecção na
eventualidade de desemprego).
Membros dos órgãos estatutários profissionais de seguros
das pessoas colectivas, que exerçam funções de gerência ou
24,75% 11% 35,75%
de administração. (Taxa contributiva complementar, para
efeitos de fundo especial de Segurança Social).
Membros dos órgãos estatutários de entidades sem fins
lucrativos, que exerçam funções de gerência, em 22% 11% 33%
Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS). a)

a) A taxa reduzida depende da verificação da situação contributiva regularizada

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 200
Página do manual

Entidade
MOE MOE Total
Empregadora
Membros dos órgãos estatutários de entidades sem fins
lucrativos, que exerçam funções de gerência, (instituições 22,30% 11% 33,30%
que não sejam IPSS). a)

Membros dos órgãos estatutários de entidades com ou sem


20,30% 9,30% 29,60%
fins lucrativos, que não exerçam funções de gerência. a)

a) A taxa reduzida depende da verificação da situação contributiva regularizada

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 201
Página do manual

Cessação de actividade dos membros dos órgãos estatutários

Face ao preceituado pelo art. 70.º do CRCSPSS, os membros dos órgãos estatutários cessam a
respetiva actividade nos termos do contrato por destituição, renúncia ou quando se verificar o
encerramento da liquidação da empresa. Excepcionalmente, os membros dos órgãos estatutários
podem requerer a cessação da respetiva actividade desde que a pessoa coletiva tenha cessado
actividade para efeitos de IVA e não tenha trabalhadores ao seu serviço.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 202
Página do manual

Já nos termos do art. 39.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, a instituição de
segurança social competente procede ao registo da cessação de actividade dos membros dos órgãos
estatutários com base nos elementos que recebe oficiosamente nos termos da legislação em vigor ou
mediante prova inequívoca da cessação da actividade apresentada pelo interessado. Por outro lado,
para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 70.º do CRCSPSS, o membro de órgão estatutário
apresenta requerimento em formulário de modelo próprio .

Salienta-se que o início, cessação ou suspensão e quaisquer outras alterações têm de ser
comunicados aos serviços da Segurança Social, no prazo de 10 dias úteis, através do Modelo RV
1011/2018 – DGSS (“Comunicação de início de atividade/Alteração de
elementos/suspensão/cessação de atividade para entidade empregadora”).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 203
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5.2. Trabalhadores no domicílio

Âmbito pessoal

Nos termos do disposto no art. 71.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as
especificidades previstas na presente subsecção, os trabalhadores em regime de trabalho no
domicílio, nos termos definidos na legislação laboral.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 204
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O Regime Jurídico do Trabalho no Domicílio encontra-se estabelecido na Lei n.º 101/2009, de


08/09. Nos termos do art. 1.º da referida Lei, esta regula a prestação de actividade, sem subordinação
jurídica, no domicílio ou em instalação do trabalhador, bem como a que ocorre para, após comprar a
matéria-prima, fornecer o produto acabado por certo preço ao vendedor dela, desde que em
qualquer caso o trabalhador esteja na dependência económica do beneficiário da actividade.
Compreende-se ainda no âmbito da identificada Lei a situação em que vários trabalhadores sem
subordinação jurídica nem dependência económica entre si, até ao limite de 4, executam a actividade
para o mesmo beneficiário, no domicílio ou instalação de um deles.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 205
Página do manual

Âmbito material

Face ao preceituado no art. 72.º do CRCSPSS, os trabalhadores no domicílio têm direito à


protecção nas eventualidades de doença, parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e
morte. Estes trabalhadores não beneficiam, pois, de protecção na eventualidade de desemprego, daí
que a taxa contributiva, como veremos infra, seja reduzida.

Taxa contributiva

De acordo com o art. 73.º do CRCSPSS, a taxa contributiva aplicável aos trabalhadores no
domicílio é de 29,6%, sendo, respectivamente, de 20,3% para o beneficiário da actividade e de 9,3%
para o trabalhador, nos termos do disposto no art. 19.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de
03/01 .
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 206
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5.3. Praticantes desportivos profissionais

Âmbito pessoal

Conforme disposto no art. 74.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as
especificidades do próprio regime, os desportistas profissionais que, através da celebração de
contrato de trabalho desportivo e após a necessária formação técnico-profissional, praticam uma
modalidade desportiva como profissão exclusiva ou principal, auferindo por via dela uma
remuneração, nos termos de legislação própria.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 207
Página do manual

Âmbito material

De acordo com o estabelecido pelo art. 75.º do CRCSPSS, os praticantes desportivos profissionais
têm direito à protecção nas eventualidades de parentalidade, desemprego, doenças profissionais,
invalidez, velhice e morte. Estes trabalhadores não beneficiam, pois, de protecção na eventualidade
de doença.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 208
Página do manual

Remuneração mensal efectiva

Nos termos do preceituado pelo art. 76.º do CRCSPSS, considera-se remuneração mensal
efectiva dos praticantes desportivos profissionais as prestações pecuniárias ou em espécie
estabelecidas no contrato que os vincula à respectiva entidade empregadora, sendo ainda integradas
na mesma os montantes pagos a título de prémios de assinatura de contrato, os quais são parcelados
por cada um dos meses da sua duração, e os atribuídos por força de regulamento interno do clube ou
de contrato em vigor, vulgarmente denominados por prémios de jogo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 209
Página do manual

Por outro lado, já não integram o conceito de remuneração mensal efectiva as importâncias
despendidas pela entidade empregadora, a favor do trabalhador, na constituição de seguros de
doença, de acidentes pessoais e de seguros de vida que garantam exclusivamente o risco de morte,
invalidez ou reforma por velhice, no último caso desde que o benefício seja garantido após os 55 anos
de idade, desde que não garantam o pagamento e este se não verifique nomeadamente por resgate
ou adiantamento de qualquer capital em vida durante os primeiros 5 anos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 210
Página do manual

Base de incidência contributiva (Art. 77.º do CRCSPSS) e base de incidência facultativa (Art. 78.º
do CRCSPSS).

Constitui base de incidência contributiva dos praticantes desportivos profissionais 1/5 do valor
da sua remuneração efectiva, com o limite mínimo de 1 IAS.

Todavia, mediante acordo entre o trabalhador e a entidade empregadora, celebrado por escrito
no início do contrato de trabalho, para durar por toda a sua vigência, pode ser considerada como
base de incidência contributiva a remuneração mensal efectiva do trabalhador desde que seja
superior a 1 IAS .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 211
Página do manual

Taxa contributiva

Nos termos do disposto no art. 79.º do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa aos praticantes
desportivos profissionais é de 33,3%, sendo, respectivamente, de 22,3% para as entidades
empregadoras e de 11% para os trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 212
Página do manual

5.4. Trabalhadores com contrato de trabalho de muito curta duração

Âmbito pessoal

De acordo com o art. 80.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, muito embora com
algumas especificidades, os trabalhadores em regime de contrato de trabalho de muito curta
duração, nos termos do disposto na legislação laboral.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 213
Página do manual

Este tipo de contrato de trabalho encontra a sua previsão no art. 142.º do Código de Trabalho.
De acordo com o n.º 1 da referida norma legal, “O contrato de trabalho para fazer face a acréscimo
excepcional e substancial da actividade da empresa cujo ciclo anual apresente irregularidades
decorrentes do respectivo mercado ou de natureza estrutural que não seja passível de assegurar pela
sua estrutura permanente, nomeadamente em actividade sazonal do sector agrícola ou do turismo,
de duração não superior a 35 dias, não está sujeito a forma escrita, devendo o empregador comunicar
a sua celebração e o local de trabalho ao serviço competente da segurança social, mediante
formulário electrónico que contém os elementos referidos nas alíneas a), b) e c) do n.º 1 do artigo
anterior”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 214
Página do manual

A duração global deste tipo de contratos de trabalho celebrados entre o mesmo empregador e
trabalhador não pode exceder 70 dias de trabalho por cada ano civil.

A comunicação da admissão de trabalhadores com contrato de trabalho de muito curta duração


encontra-se prevista no art. 41.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, sendo efectuada
no sítio da Internet da segurança social através de formulário próprio, contendo os seguintes
elementos:

a) Identificação, domicílio ou sede das partes;

b) Actividade do trabalhador e correspondente retribuição;

c) Data de início dos efeitos do contrato de trabalho;

d) Local de trabalho;

e) Duração do contrato de trabalho.


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 215
Página do manual

Âmbito material

Os trabalhadores em regime de contrato de trabalho de muito curta duração têm direito, de


acordo com o art. 81.º do CRCSPSS, à proteção nas eventualidades de invalidez, velhice e morte. Estes
trabalhadores não beneficiam, pois, de protecção na eventualidade de parentalidade, doença,
doença profissional e desemprego.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 216
Página do manual

Base de incidência contributiva

De acordo com o art. 82.º do CRCSPSS, constitui base de incidência contributiva a remuneração
convencional calculada com base no número de horas de trabalho prestado e na remuneração
horária determinada de acordo com a seguinte fórmula:

Rh = (IAS x 12) / (52 x 40)

Taxa contributiva

No caso dos trabalhadores com contrato de trabalho de muito curta duração, nos termos do
disposto no art. 83.º do CRCSPSS, a taxa contributiva é de 26,1%, a cargo das entidades
empregadoras.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 217
Página do manual

5.5. Jovens em férias escolares

Âmbito pessoal

De acordo com o disposto no art. 83.º-A do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as
especificidades previstas nos artigos 83.º-A a 83.º-D do CRCSPSS, os jovens a frequentar
estabelecimento de ensino oficial ou autorizado que prestem trabalho, nos termos do disposto na
legislação laboral, durante o período de férias escolares.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 218
Página do manual

De acordo com o disposto no art. 42.º-A do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, o
enquadramento de jovens ao abrigo do artigo 83.º-A do CRCSPSS não pode exceder o período de
férias escolares estabelecido para o respectivo nível de ensino. Por sua vez, a comunicação de
admissão de jovens no período de férias escolares é efetuada no sítio da internet da segurança social
através de formulário próprio . O enquadramento de jovens ao abrigo do artigo em análise cessa no
último dia do período de férias escolares.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 219
Página do manual

Âmbito material

Os jovens em férias escolares apenas têm direito, face ao disposto no art. 83.º-B do CRCSPSS, à
protecção nas eventualidades de invalidez, velhice e morte. Estes trabalhadores não beneficiam, pois,
de protecção na eventualidade de parentalidade, doença, doença profissional e desemprego.

Base de incidência contributiva

Nos termos do disposto no art. 83º-C do CRCSPSS, constitui base de incidência contributiva a
remuneração convencional calculada com base no número de horas de trabalho prestado e na
remuneração horária determinada de acordo com a seguinte fórmula:

Rh = (IAS x 12) / (52 x 40)


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 220
Página do manual

Taxa contributiva

A taxa contributiva relativa aos jovens em férias escolares corresponde a 26,1% da


responsabilidade das entidades empregadoras - Art. 83.º-D do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 221
Página do manual

5.6. Trabalhadores em situação de pré-reforma

Âmbito pessoal

Face ao estabelecido pelo art. 84.º do CRCSPSS, encontram-se ainda abrangidos pelo regime
geral, com as especificidades previstas nos arts. 84.º a 88.º do CRCSPSS, os trabalhadores por conta
de outrem que tenham 55 ou mais anos de idade que, nos termos estabelecidos na legislação laboral,
tenham celebrado com as respetivas entidades empregadoras um acordo de pré-reforma.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 222
Página do manual

O regime jurídico dos trabalhadores em situação de pré-reforma encontra-se previsto nos arts.
318.º a 322.º do Código do Trabalho.

De acordo com o estatuído pelo art. 318.º do Código do Trabalho, considera-se pré-reforma a
situação de redução ou suspensão da prestação de trabalho por acordo entre empregador e
trabalhador com idade igual ou superior a 55 anos, durante a qual este tem direito a receber daquele
uma prestação pecuniária mensal, denominada de pré-reforma.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 223
Página do manual

O acordo de pré-reforma, de acordo com o previsto no art. 319.º do Código do Trabalho, está
sujeito a forma escrita e deve conter:

a) Identificação, assinatura e domicílio ou sede das partes;

b) Data do início da pré-reforma;

c) Montante da prestação de pré-reforma;

d) Organização do tempo de trabalho, no caso de redução da prestação de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 224
Página do manual

De acordo com o estabelecido pelo art. 320.º do Código do Trabalho, o montante inicial da
prestação de pré-reforma não pode ser superior à retribuição do trabalhador na data do acordo, nem
inferior a 25% desta ou à retribuição do trabalho, caso a pré-reforma consista na redução da
prestação de trabalho.

O trabalhador em situação de pré-reforma tem a possibilidade de exercer outra actividade


profissional remunerada, assistindo-lhe ainda o direito a retomar o pleno exercício de funções, sem
prejuízo da antiguidade, ou a resolver o contrato de trabalho, com direito a indemnização nos termos
estabelecidos no art. 322.º, n.ºs 2 e 3, do Código do Trabalho, em caso de falta culposa de pagamento
da prestação de pré-reforma ou, independentemente de culpa, se a mora se prolongar por mais de
30 dias (cfr. art. 321.º do Código do Trabalho).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 225
Página do manual

A pré-reforma cessa nos termos do art. 322.º do Código do Trabalho:

a) Com a reforma do trabalhador, por velhice ou invalidez;

b) Com o regresso do trabalhador ao pleno exercício de funções, por acordo com o empregador
ou nos termos do n.º 3 do artigo anterior;

c) Com a cessação do contrato de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 226
Página do manual

O regime em análise aplica-se aos trabalhadores acima referidos até ao momento em que
completem a idade normal de acesso à pensão por velhice acrescida do número de meses
necessários à compensação do factor de sustentabilidade nos termos previstos no Decreto-Lei n.º
187/2007, de 10/05, alterado pela Lei n.º 64-A/2008, de 31/12, salvo se até essa data ocorrer a
extinção do acordo, excepto se até essa data vier a cessar o acordo de pré-reforma.

Nos termos do disposto no art. 85.º do CRCSPSS, são excluídos do regime da pré-reforma os
trabalhadores cujo âmbito de protecção não integre as eventualidades de invalidez, velhice e morte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 227
Página do manual

De acordo com o disposto no art. 43.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, a
entidade empregadora deve remeter o acordo de pré-reforma à instituição de segurança social
competente no prazo de 5 dias após a sua entrada em vigor, sendo certo que, recebido o aludido
acordo, a mesma procede às devidas alterações de enquadramento.

Âmbito material

Nos termos do art. 86.º do CRCSPSS, os trabalhadores em regime de pré-reforma mantêm o


direito à proteção nas eventualidades garantidas no âmbito do regime geral, com as excepções infra.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 228
Página do manual

Nas situações em que o acordo de pré-reforma estabeleça a suspensão da prestação de


trabalho, não é reconhecido o direito à protecção nas eventualidades de doença, doenças
profissionais, parentalidade e desemprego.

Nas situações de redução da prestação de trabalho, o trabalhador mantém o direito à protecção


nas eventualidades garantidas no âmbito do regime geral, com base na remuneração auferida
referente ao trabalho prestado, situação que não é afastada em caso de exercício de outra atividade
remunerada que determine a entrada de contribuições no sistema previdencial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 229
Página do manual

Base de incidência contributiva

A base de incidência contributiva corresponde ao valor da remuneração que serviu de base ao


cálculo da prestação de pré-reforma – art. 87.º do CRCSPSS.

Taxa contributiva

De acordo com o art. 88.º do CRCSPSS, a taxa contributiva aplicável aos trabalhadores que se
encontrem em situação de pré-reforma sem suspensão da prestação de trabalho é coincidente com a
que lhes era aplicada no momento da transição à situação de pré-reforma.

Por outro lado, a taxa contributiva aplicável aos trabalhadores que se encontrem em situação de
pré-reforma com suspensão da prestação de trabalho, é reduzida para 26,9%, sendo de 18,3% para as
entidades empregadoras e de 8,6% para os trabalhadores.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 230
Página do manual

5.7. Pensionistas em actividade

Âmbito pessoal

Face ao estabelecido no art. 89.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as
especificidades na subsecção do CRCSPSS em análise, os pensionistas de invalidez e velhice de
qualquer regime de protecção social que cumulativamente exerçam actividade profissional.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 231
Página do manual

Nos termos do estabelecido no art. 44.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, para
efeitos do disposto no art. 89.º do CRCSPSS, a instituição de segurança social procede ao
enquadramento, com efeitos no mês seguinte ao da verificação da situação, nos seguintes termos:

a) Tratando-se de pensionistas de invalidez ou velhice do sistema previdencial, de forma


oficiosa;

b) Tratando-se de pensionistas de invalidez e velhice de regime de protecção social de que a


entidade de segurança social competente não tenha conhecimento directo, mediante
recepção de cópia do documento emitido pela entidade que atribuiu a respectiva pensão ou
do cartão de pensionista, do qual conste a natureza da pensão, remetido pela entidade
empregadora.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 232
Página do manual

Âmbito material

Nos termos do disposto no art. 90.º do CRCSPSS, os pensionistas de invalidez têm direito à
protecção nas eventualidades de parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte.

Os pensionistas de velhice têm direito à protecção nas eventualidades de parentalidade,


doenças profissionais, velhice e morte.

Os pensionistas de invalidez ou velhice em exercício de funções públicas têm ainda direito à


protecção na eventualidade de doença .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 233
Página do manual

Taxa contributiva

De acordo com o art. 91.º do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa aos pensionistas de invalidez é
de 28,2%, sendo, de 19,3% para as entidades empregadoras e de 8,9% para os trabalhadores.

Por sua vez, a taxa contributiva relativa aos pensionistas de velhice é de 23,9%, sendo de 16,4%
para as entidades empregadoras e de 7,5% para os trabalhadores.

Finalmente, a taxa contributiva relativa aos pensionistas de invalidez em exercício de funções


públicas é de 29,6%, sendo de 20,4% para as entidades empregadoras e de 9,2% para os
trabalhadores .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 234
Página do manual

5.8. Trabalhadores que exercem funções públicas

Âmbito pessoal

São abrangidos pelo regime geral com as especificidades previstas nos arts. 91.º-A a 91.º-C do
CRCSPSS:

a) Os trabalhadores titulares de relação jurídica de emprego público constituída a partir de


01/01/2006, independentemente da modalidade de vinculação;

b) Os demais trabalhadores titulares de relação jurídica de emprego constituída até


31/12/2005 que à data se encontravam enquadrados no regime geral de segurança social.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 235
Página do manual

Âmbito material

Nos termos do art. 91.º-B do CRCSPSS, a estes trabalhadores é garantida a protecção nas
eventualidades previstas para o regime geral, ou seja, a doença, parentalidade, desemprego, doenças
profissionais, invalidez, velhice e morte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 236
Página do manual

Taxa contributiva

De acordo com o art. 91.º-C do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa aos trabalhadores que
exercem funções públicas é de 34,75%, sendo de 23,75% para as entidades empregadoras e de 11%
para os trabalhadores.

Em acréscimo, a taxa contributiva relativa aos trabalhadores abrangidos por situações especiais
é de 29,6%, sendo de 18,6% para as entidades empregadoras de 11% para os trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 237
Página do manual

5.9. Trabalhadores em regime de contrato de trabalho intermitente

Âmbito pessoal

De acordo com o art. 92.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as especificidades
previstas na subsecção do CRCSPSS em análise, os trabalhadores com contrato de trabalho
intermitente ou em exercício intermitente da prestação de trabalho, nos termos do disposto na
legislação laboral aplicável.

O regime jurídico do contrato de intermitente encontra-se regulado nos arts. 157.º a 160.º do
Código do Trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 238
Página do manual

O trabalho intermitente é uma modalidade de contrato de trabalho por tempo indeterminado


no âmbito da qual se verifica uma descontinuidade da prestação de trabalho, ou seja, em que
existem períodos de actividade do trabalhador seguidos de períodos de inactividade.

O art. 157.º do Código do Trabalho, sob a epígrafe “Admissibilidade de trabalho intermitente”


estabelece que:

“1. Em empresa que exerça actividade com descontinuidade ou intensidade variável, as partes
podem acordar que a prestação de trabalho seja intercalada por um ou mais períodos de
inactividade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 239
Página do manual

2. O contrato de trabalho intermitente não pode ser celebrado a termo resolutivo ou em regime
de trabalho temporário.”

Assim, o trabalho intermitente pressupõe:

- Uma empresa cuja actividade seja exercida com descontinuidade ou intensidade variável;

- Acordo entre empregador e trabalhador; e

- Prestação de trabalho intercalado por um ou mais períodos de inactividade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 240
Página do manual

A descontinuidade da actividade do empregador reconduz-se a situações em que, durante um


determinado período de tempo, a empresa não exerce qualquer actividade, sendo que as situações
de intensidade variável devem entender-se como aquelas em que as empresas mantêm sempre uma
actividade, ainda que residual, mas existem, ao longo do ano, ciclos previsíveis de trabalho mais
intenso.

Adverte-se que, caso não seja respeitada a redução a escrito do contrato em análise, o mesmo
considera-se celebrado sem período de inactividade – cfr. art. 158.º do Código do Trabalho.

O período de prestação de trabalho é estabelecido pelas partes, de modo consecutivo ou


interpolado, devendo ser definido o início e o termo de cada período de trabalho, ou antecedência
com que o empregador deve informar o trabalhador do início daquele.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 241
Página do manual

A prestação de trabalho nesta modalidade de contrato de trabalho não pode ser inferior a
meses a tempo completo, por ano, dos quais pelo menos três meses devem ser consecutivos.

O trabalhador intermitente tem direito a compensação retributiva paga pelo empregador


durante o período de inactividade, de acordo com o que se encontrar estabelecido em instrumento
de regulamentação colectiva de trabalho ou, na sua falta, de 20% da respectiva retribuição base, a ser
paga com a mesma periodicidade com que era paga a retribuição durante o período de actividade.

Durante o período de inactividade, o trabalhador pode exercer outra actividade, muito embora
se mantenham os direitos, deveres e garantias das partes que não pressuponham a efectiva
prestação de trabalho.

É importante ter presente o previsto nos arts. 16.º e 45.º do Decreto Regulamentar n.º 1-
A/2011, de 03/01, a respeito, respectivamente, da declaração e da prova de contrato de trabalho
intermitente.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 242
Página do manual

A entidade empregadora deve remeter cópia do contrato de trabalho intermitente ou em


exercício intermitente da prestação de trabalho com os requisitos exigidos pela legislação laboral à
instituição de segurança social competente, no prazo de cinco dias a partir da comunicação da
admissão do trabalhador ou da conversão do respectivo contrato de trabalho, ou juntamente com
aquela.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 243
Página do manual

Base de incidência contributiva (Art. 93.º do CRCSPSS)

Sem prejuízo do disposto no artigo 46.º do CRCSPSS, a base de incidência contributiva


corresponde à remuneração base auferida pelo trabalhador no período de actividade e à
compensação retributiva nos períodos de inactividade.

Registo de remuneração por equivalência (Arts. 46.º e 94.º do CRCSPSS)

Durante o período de inactividade a diferença entre a compensação retributiva paga ao


trabalhador e a sua remuneração é registada por equivalência à entrada de contribuições.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 244
Página do manual

Sempre que durante o período de inactividade o trabalhador exerça outra actividade


profissional, só é registada por equivalência a diferença entre a remuneração desta actividade e a
correspondente ao período de actividade no contrato de trabalho intermitente.

Nos termos do disposto no art. 46.º do CRCSPSS, o registo de remunerações por equivalência
tem a duração máxima de 6 meses em cada período de 12 meses de vigência do contrato, quando
verificadas as condições previstas no Código do Trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 245
Página do manual

Exemplo:

Durante o período de inactividade, a diferença entre o salário base e a compensação retributiva


paga ao trabalhador (20% do seu salário base), ou seja, 80% do seu salário base, dá direito ao registo
por equivalência à entrada de contribuições, isto é, embora o trabalhador esteja em inactividade os
descontos continuam a ser considerados na sua carreira contributiva.

No caso de o trabalhador exercer outra actividade durante o período de inactividade, será


registada por equivalência a diferença entre a remuneração do período de actividade no contrato de
trabalho intermitente e a remuneração dessa actividade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 246
Página do manual

O trabalhador recebe mensalmente no período de atividade normal 1.000,00€ ilíquidos.

Nos meses em que não trabalha, isto é, no período de inatividade, são declarados 800,00€.

No entanto, o trabalhador aufere efectivamente 200,00€, ou seja os 20% do seu salário de


1.000,00€.

As taxas contributivas incidem sobre os 1.000,00€ ou sobre 200,00€, conforme se trate de


períodos de actividade ou de inactividade.

O trabalhador em inatividade exerce outra actividade.

O trabalhador recebe 1.000,00€ ilíquidos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 247
Página do manual

Na outra actividade, recebe 700,00€ ilíquidos.

Nos meses em que trabalha na outra actividade, são declarados 300,00€.

As taxas contributivas incidem sobre os 700,00€ e 200,00€ (inatividade).

(Cfr. Guia Prático Inscrição, Admissão e o Cessação de Atividade de Trabalhador/Estagiário por


Conta de Outrem (1001 – v5.25), 31 de Janeiro de 2020, p. 11.)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 248
Página do manual

6. TRABALHADORES DE ACTIVIDADES ECONOMICAMENTE


DÉBEIS

6.1. Trabalhadores de actividades agrícolas

Âmbito pessoal

De acordo com o art. 95.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, sem prejuízo das
especificidades previstas nos artigos em análise, os trabalhadores que exercem actividades agrícolas
ou equiparadas, sob a autoridade de uma entidade empregadora, prestadas em explorações que
tenham por objecto principal a produção agrícola, sem prejuízo do estabelecido para os contratos de
trabalho de muito curta duração abordados no item 5.4.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 249
Página do manual

São ainda abrangidos os trabalhadores que exerçam a respetiva actividade em explorações de


silvicultura, pecuniária, hortofruticultura, floricultura, avicultura e apicultura, e ainda em actividades
agrícolas, ainda que a terra assuma uma função de mero suporte de instalações.

Por outro lado, encontra-se expressamente excluídos deste regime, através do disposto no art.
95.º, n.º 3, do CRCSPSS, não sendo considerados como trabalhadores de actividades agrícolas, os
trabalhadores que exerçam a respetiva actividade em explorações que se destinem essencialmente à
produção de matérias-primas para indústrias transformadoras que constituam, em si mesmas,
objetivos dessas empresas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 250
Página do manual

Taxa contributiva

Nos termos do art. 96.º do CRCSPSS, a taxa contributiva aplicável aos trabalhadores de
actividades agrícolas é de 33,3%, sendo 22,3% a cargo das entidades empregadoras e 11% a cargo
dos trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 251
Página do manual

6.2. Trabalhadores da pesca local e costeira, apanhadores de espécies marinhas e pescadores


apeados

Âmbito pessoal

Face ao disposto no art. 97.º do CRCSPSS, incluem-se aqui os trabalhadores que exercem
actividade profissional na pesca local e costeira, sob autoridade de um armador de pesca ou do seu
representante legal, bem como os proprietários de embarcações de pesca local e costeira, que
integrem o rol de tripulação e exerçam efectiva actividade profissional nestas embarcações, e ainda
os apanhadores de espécies marinhas e os pescadores apeados.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 252
Página do manual

Base de incidência contributiva (Art. 98.º do CRCSPSS)

A contribuição relativa aos trabalhadores que exercem actividade na pesca local e aos
proprietários de embarcações, que integrem o rol de tripulação e exerçam efectiva actividade
profissional nestas embarcações, corresponde a 10% do valor bruto do pescado vendido em lota, a
repartir de acordo com as respectivas partes.

A contribuição relativa aos apanhadores de espécies marinhas e aos pescadores apeados, bem
como a outros sujeitos que estejam autorizados à primeira venda de pescado fresco, fora das lotas,
corresponde a 10% do valor do produto bruto do pescado vendido de acordo com as respectivas
notas de venda.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 253
Página do manual

As contribuições acima referidas equivalem à aplicação da taxa contributiva à base de incidência


e determina a respectiva remuneração a registar .

A base de incidência contributiva pode ainda ser determinada nos termos previstos nos artigos
44.º e seguintes do CRCSPSS desde que para tal exista manifestação de vontade da entidade
contribuinte, sendo esta, contudo, irrevogável.

A cobrança das contribuições é efectuada pela entidade que explorar a lota, no acto da venda do
pescado em lota ou no acto da entrega da nota de venda, conforme aplicável.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 254
Página do manual

Taxa contributiva

Nos termos do art. 99.º do CRCSPSS, a taxa para efeitos de cálculo de remuneração dos sujeitos
abrangidos pelo artigo 97.º e regulados pelo artigo 98.º, ambos do CRCSPSS, corresponde a 29%,
sendo de 21% para as entidades empregadoras e de 8% para os trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 255
Página do manual

6.3. Regimes de incentivos ao emprego

6.3.1. Incentivos à permanência no mercado de trabalho

Âmbito pessoal

De acordo com o preceituado no art. 105.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com
as especificidades previstas na secção em análise, os trabalhadores activos com, pelo menos, 65 anos
de idade e carreira contributiva não inferior a 40 anos e os que se encontrem em condições de
aceder à pensão de velhice sem redução no âmbito do regime de flexibilização da idade de acesso à
pensão de velhice.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 256
Página do manual

Âmbito material

Face ao art. 106.º do CRCSPSS, estes trabalhadores têm direito à protecção nas eventualidades
de doença, parentalidade, doenças profissionais, velhice e morte.

Taxa contributiva

De acordo com o disposto no art. 107.º do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa aos
trabalhadores aqui em causa é de 25,3%, sendo de 17,3% para as entidades empregadoras e de 8%
para os trabalhadores.

Com o objectivo de incentivar à manutenção da actividade dos trabalhadores aqui em causa, foi
estabelecida uma redução da contribuição quer do empregador quer do trabalhador.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 257
Página do manual

6.3.2. Incentivos à contratação de trabalhadores com deficiência

Âmbito pessoal

São abrangidos pelo regime geral, com as especificidades previstas nos arts. 108.º e 109.º do
CRCSPSS, os trabalhadores com deficiência.

Consideram-se, para este efeito, trabalhadores com deficiência aqueles que possuam
capacidade de trabalho inferior a 80% da capacidade normal exigida a um trabalhador não deficiente
no mesmo posto de trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 258
Página do manual

Esta medida apenas é aplicável a trabalhadores com contratos de trabalho sem termo.

Nos termos do disposto no art. 48.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, a
entidade empregadora deve apresentar requerimento, através de formulário próprio, acompanhado
de atestado médico de incapacidade multiusos emitido pelos serviços de saúde ou pelos serviços do
Instituto do Emprego e Formação Profissional que ateste a situação de deficiência e respectivo grau.

Taxa contributiva

De acordo com o art. 109.º do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa a trabalhadores com
deficiência é de 22,9%, sendo de 11,9% para as entidades empregadoras e de 11% para os
trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 259
Página do manual

6.4. Trabalhadores ao serviço de entidades empregadoras sem fins lucrativos

As entidades empregadoras sem fins lucrativos têm direito à redução da taxa contributiva global
nos termos do disposto nos arts. 110.º a 112.º do CRCSPSS.

A taxa contributiva relativa a trabalhadores de entidades sem fins lucrativos é determinada em


função do âmbito material de protecção e pela dedução da percentagem imputada à parcela da
solidariedade laboral correspondente ao respectivo âmbito material.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 260
Página do manual

Este regime não é aplicável às entidades e serviços públicos, nomeadamente às entidades da


administração directa e indirecta do Estado, das regiões autónomas e da administração local, bem
como às respectivas instituições personalizadas ou de utilidade pública.

Consideram-se, para este efeito, entidades sem fins lucrativos, nomeadamente, as seguintes (cfr.
art. 111.º do CRCSPSS):

- Instituições particulares de solidariedade social;

- Igrejas, associações e confissões religiosas;

- Associações, fundações, comissões especiais e cooperativas;


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 261
Página do manual

- Associações de empregadores, sindicatos e respetivas uniões, federações e confederações;

- Ordens profissionais;

- Partidos políticos;

- Casas do povo;

- Caixas de crédito agrícola mútuo;

- Entidades empregadoras do pessoal do serviço doméstico; e

- Condomínios de prédios urbanos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 262
Página do manual

Taxa contributiva

Nos termos do art. 112.º do CRCSPSS, a taxa contributiva relativa aos trabalhadores de entidades
sem fins lucrativos é, quando referente a todas as eventualidades, de 33,3%, sendo, respectivamente,
de 22,3% para as entidades empregadoras e de 11% para os trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 263
Página do manual

6.5. Trabalhadores que exercem funções sindicais

Âmbito pessoal (art. 115.º-A do CRCSPSS)

São abrangidos pelo regime geral os dirigentes e os delegados sindicais na situação de faltas
justificadas que excedam o crédito de horas e na situação de suspensão do contrato de trabalho para
o exercício de funções sindicais, nos termos da legislação laboral.

Para efeitos de segurança social, as associações sindicais são consideradas entidades


empregadoras dos dirigentes e delegados sindicais na situação de faltas justificadas que excedam o
crédito de horas e na situação de suspensão do contrato de trabalho para o exercício de funções
sindicais.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 264
Página do manual

Este regime não se aplica aos dirigentes e delegados sindicais abrangidos por instrumento de
regulamentação coletiva de trabalho que preveja funções sindicais a tempo inteiro ou outras
situações específicas, por o direito às prestações retributivas ser garantido pela entidade
empregadora.

Base de incidência (art. 115.º-B do CRCSPSS)

Constitui base de incidência contributiva a compensação paga pelas associações sindicais aos
dirigentes e delegados sindicais pelo exercício das correspondentes funções sindicais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 265
Página do manual

6.6. Trabalhadores do serviço doméstico

Âmbito pessoal

São abrangidos pelo regime geral, com as especificidades previstas nos arts. 116.º a 121.º do
CRCSPSS, os trabalhadores que prestem a outrem, de forma remunerada, com carácter regular, sob a
sua direcção e sua autoridade, actividades destinadas à satisfação das necessidades próprias ou
específicas de um agregado familiar, ou equiparado, nos termos definidos em legislação própria.

Encontramo-nos no âmbito do Regime Jurídico do Contrato de Trabalho do Serviço Doméstico,


previsto no Decreto-Lei n.º 235/92, de 24/10.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 266
Página do manual

De acordo com o art. 2.º do referido diploma legal, o “contrato de serviço doméstico é aquele
pelo qual uma pessoa se obriga, mediante retribuição, a prestar a outrem, com carácter regular, sob a
sua direcção e autoridade, actividades destinadas à satisfação das necessidades próprias ou
específicas de um agregado familiar, ou equiparado, e dos respectivos membros, nomeadamente:

a) Confecção de refeições;

b) Lavagem e tratamento de roupas;

c) Limpeza e arrumo da casa;

d) Vigilância e assistência a crianças, pessoas idosas e doentes;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 267
Página do manual

e) Tratamento de animais domésticos;

f) Execução de serviços de jardinagem;

g) Execução de serviços de costura;

h) Outras actividades consagradas pelos usos e costumes;

i) Coordenação e supervisão de tarefas do tipo das mencionadas neste número; e

j) Execução de tarefas externas relacionadas com as anteriores.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 268
Página do manual

Nos termos do disposto no art. 117.º do CRCSPSS, são excluídas deste regime as pessoas que em
relação à entidade empregadora se encontrem em união de facto ou pessoas ligadas à entidade
empregadora pelos seguintes vínculos familiares:

- O cônjuge;

- Os descendentes até ao 2.º grau ou equiparados e afins;

- Os ascendentes ou equiparados e afins;

- Os irmãos e afins.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 269
Página do manual

Nos termos do disposto no art. 6.º da Portaria n.º 66/2011, de 04/02, para efeitos de
cumprimento do previsto nos arts. 116.º e 117.º do CRCSPSS, a entidade empregadora de
trabalhador de serviço doméstico deve declarar junto da instituição de segurança social competente,
em formulário de modelo próprio :

a) Que o trabalhador exerce, com carácter de regularidade e sob a sua direcção e autoridade,
mediante retribuição, a profissão de serviço doméstico;

b) A inexistência das situações determinantes de exclusão de enquadramento do trabalhador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 270
Página do manual

Âmbito material (Art. 118.º do CRCSPSS)

Os trabalhadores do serviço doméstico têm direito à protecção nas eventualidades de doença,


parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte.

Os trabalhadores do serviço doméstico têm ainda direito à protecção na eventualidade de


desemprego quando a base de incidência contributiva corresponde à remuneração efectivamente
auferida em regime de contrato de trabalho mensal a tempo completo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 271
Página do manual

Base de incidência contributiva do trabalho em regime horário e diário (Art. 119.º do CRCSPSS)

Constitui base de incidência contributiva a remuneração convencional calculada com base no


número de horas ou de dias de trabalho prestados e a remuneração horária ou diária determinada
nos termos do art. 119.º, n.º 2, do CRCSPSS.

Ora, para efeitos contributivos os valores da remuneração por dia e por hora são calculados
sobre a importância que constitui a base de incidência referida no art. 119.º, n.º 1, do CRCSPSS, de
acordo com as seguintes fórmulas:

Rd = IAS/30

Rh = (IAS x 12) / (52 x 40)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 272
Página do manual

Para determinação das contribuições devidas por trabalho prestado por trabalhadores não
contratados ao mês em regime de tempo completo é considerado o valor da remuneração horária,
não podendo, todavia, o valor ser inferior a 30 horas por cada trabalhador e respectiva entidade
empregadora.

Base de incidência contributiva para trabalho mensal em regime de tempo completo (Art. 120.º
do CRCSPSS)

A base de incidência contributiva dos trabalhadores contratados ao mês em regime de tempo


completo corresponde é, por princípio, convencional e corresponde ao valor de 1 IAS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 273
Página do manual

Todavia, este princípio comporta excepções.

Com efeito, mediante acordo escrito entre o trabalhador e a entidade empregadora, pode ser
considerada como base de incidência a remuneração efectivamente auferida nos termos do disposto
nos artigos 44.º e seguintes do CRCSPSS. Esta opção só pode ser formulada se o trabalhador tiver
idade inferior à prevista no mapa do anexo I do CRCSPSS e a capacidade para o exercício da atividade
se encontre atestada por médico assistente.

Nas situações em que os trabalhadores com contrato mensal não prestem serviço durante todo
o mês, por motivo de admissão, cessação de contrato de trabalho, baixa por doença ou qualquer
outra causa, é considerada a remuneração correspondente ao número de dias de trabalho
efectivamente prestado. Nestas situações, tratando-se de remuneração convencional, a remuneração
diária é determinada nos termos do disposto no art. 119.º, n.º 2, do CRCSPSS.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 274
Página do manual

Mostra-se ainda necessário ter presente o art. 49.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de
03/01, que, sob a epígrafe “Base de incidência facultativa dos trabalhadores de serviço doméstico”,
dispõe:

“1 - Para efeitos de exercício do direito de opção previsto no n.º 2 do artigo 120.º do Código a
entidade empregadora de trabalhador de serviço doméstico deve remeter à instituição de segurança
social competente cópia do acordo para o efeito celebrado e do atestado de capacidade para o
exercício da actividade previsto no n.º 5 do mesmo artigo.

2 - A remuneração efectivamente auferida pelo trabalhador do serviço doméstico é considerada


base de incidência contributiva a partir do mês seguinte ao da apresentação dos documentos a que se
refere o número anterior.

3 - A actualização da remuneração do trabalhador é comunicada pela entidade empregadora à


instituição de segurança social competente no prazo de cinco dias.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 275
Página do manual

Taxa contributiva (Art. 121.º do CRCSPSS)

Quando o âmbito material da protecção não integre a eventualidade de desemprego, a taxa


contributiva é de 28,3%, sendo de 18,9% para os empregadores e de 9,4% para os trabalhadores.

Por sua vez, quando o âmbito material de protecção integrar a eventualidade de desemprego, a
taxa contributiva é de 33,3%, sendo de 22,3% para as entidades empregadoras e de 11% para os
trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 276
Página do manual

7. REGIME APLICÁVEL ÀS SITUAÇÕES EQUIPARADAS A


TRABALHO POR CONTA DE OUTREM

7.1. Membros das igrejas, associações e confissões religiosas

Âmbito pessoal

De acordo com o art. 122.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as
especificidades previstas na secção em análise, como beneficiários, os membros do clero secular e
religioso da Igreja Católica, os membros dos institutos religiosos, das sociedades de vida apostólica e
dos institutos seculares da Igreja Católica, bem como os membros do governo das outras igrejas,
associações e confissões religiosas legalmente existentes nos termos da lei.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 277
Página do manual

São ainda abrangidos pelo disposto no número anterior:

- Os religiosos e as religiosas que tenham votos ou compromissos públicos e vivam em


comunidade ou a ela pertençam;

- Os noviços e as noviças, nas condições da parte final da alínea anterior;

- Os ministros das confissões não católicas que desempenhem o seu munus em atividades de
formação próprias daquelas confissões.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 278
Página do manual

Finalmente, são abrangidos pelo regime geral com as especificidades previstas na secção em
análise, mas, desta feita, como contribuintes, as dioceses, os institutos religiosos, os institutos
seculares, as sociedades da vida apostólica, as fábricas da Igreja e os centros paroquiais da Igreja
Católica, bem como as demais associações ou confissões religiosas legalmente existentes, de que
dependam ou em que se integrem os beneficiários.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 279
Página do manual

Enquadramento (Arts. 123.º e 124.º, ambos do CRCSPSS)

O enquadramento deste tipo de beneficiários é efectuado por referência a uma única entidade
contribuinte, independentemente do número de entidades de que dependam ou em que se
integrem.

O enquadramento é facultativo nos casos em que a actividade religiosa seja secundária e o


exercício da actividade principal não religiosa determine a inscrição obrigatória num regime de
segurança social, sendo certo que se considera actividade secundária a que for exercida, em média,
por período inferior a 30 horas semanais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 280
Página do manual

Âmbito material

Face ao estabelecido no art. 125.º do CRCSPSS, os beneficiários aqui em causa têm direito à
protecção nas eventualidades de invalidez e velhice, podendo, no entanto, mediante acordo escrito
entre a entidade contribuinte e o beneficiário, optar por um âmbito de protecção material que inclui
a doença, parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte.

Para efeitos de opção pelo âmbito material de protecção alargado acima referido, a entidade
contribuinte deve, nos termos do disposto no art. 50.º do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de
03/01, remeter à instituição de segurança social competente o acordo escrito celebrado, sendo certo
que tal opção efeitos a partir do mês seguinte ao da apresentação do aludido documento.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 281
Página do manual

Base de incidência contributiva

De acordo com o art. 126.º do CRCSPSS, a base de incidência contributiva corresponde ao valor
de um IAS.

Os beneficiários podem, contudo, requerer que a base de incidência contributiva seja fixada de
acordo com um dos escalões previstos para o regime de seguro social voluntário, sendo tal opção
exercida mediante acordo escrito entre a entidade contribuinte e o beneficiário.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 282
Página do manual

Taxa contributiva (art. 127.º do CRCSPSS)

- A taxa contributiva relativa ao âmbito material de proteção previsto no n.º 1 do artigo 125.º do
CRCSPSS, correspondente à protecção nas eventualidades de invalidez e velhice, é de 23,8%, sendo
de 16,2% para as entidades contribuintes e de 7,6% para os beneficiários.

Por sua vez, a taxa contributiva relativa ao âmbito material de protecção previsto no n.º 2 do
artigo 125.º do CRCSPSS, que inclui a doença, parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice
e morte, é de 28,3%, sendo de 19,7% para as entidades contribuintes e de 8,6% para os beneficiários.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 283
Página do manual

Cessação da obrigação de contribuir

De acordo com o art. 128.º do CRCSPSS, as entidades contribuintes previstas na secção do


CRCSPSS em análise podem requerer a cessação da obrigação de contribuir relativa aos beneficiários
que tendo completado 65 anos de idade tenham uma carreira contributiva igual ou superior a 40
anos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 284
Página do manual

7.2. Trabalhadores em regime de acumulação

Âmbito pessoal

Conforme disposto no art. 129.º do CRCSPSS, são abrangidos pelo regime geral, com as
especificidades previstas na secção do CRCSPSS em análise, os trabalhadores que acumulem trabalho
por conta de outrem com actividade independente para a mesma entidade empregadora ou para
empresa do mesmo agrupamento empresarial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 285
Página do manual

Base de incidência contributiva

De acordo com o art. 130.º do CRCSPSS, a base de incidência contributiva referente à actividade
profissional independente corresponde ao montante ilíquido dos honorários devidos pelo seu
exercício.

Taxa contributiva

A taxa contributiva relativa aos trabalhadores referidos na secção em análise é a mesma que for
aplicável ao respectivo contrato de trabalho por conta de outrem - art. 131.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 286
Página do manual

8. REGIME DOS TRABALHADORES INDEPENDENTES

8.1. Introdução

O regime dos trabalhadores independentes, previsto nos arts. 132.º a 168.º do CRCSPSS, era
caracterizado por menor protecção social por comparação com os trabalhadores por conta de
outrem, apesar da preocupação do legislador no reforço de direitos em matérias como a
parentalidade e o desemprego.

O XXI Governo Constitucional estabeleceu, no seu Programa do Governo, a alteração das regras
do regime contributivo de segurança social dos trabalhadores independentes com o objetivo de
combater a precariedade nas relações laborais e tendo como perspetiva a promoção do
desenvolvimento social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 287
Página do manual

Assim, em 2018, “com o intuito da preservação da dignidade do trabalho e de aumento da


proteção social dos trabalhadores independentes, foi prevista a revisão do regime contributivo dos
trabalhadores independentes, tendo subjacente uma avaliação dos riscos cobertos por este regime,
com a finalidade de estabelecer um maior equilíbrio entre deveres e direitos contributivos daqueles
trabalhadores e uma proteção social efetiva que melhore a perceção de benefícios, contribuindo para
uma maior vinculação ao sistema previdencial de segurança social” e constatando “consequências
resultantes das alterações introduzidas no regime contributivo dos trabalhadores independentes a
partir de janeiro de 2014, as quais passaram a determinar que a maioria destes trabalhadores
constituíssem carreiras contributivas com remunerações de referência muito baixas, com impacto
negativo ao nível da correspondente proteção social ”, foi publicado o Decreto-Lei n.º 2/2018, de 9
de Janeiro.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 288
Página do manual

Tal como reconhecido no preâmbulo do diploma, às alterações promovidas pelo Decreto-Lei n.º
2/2018, de 9 de Janeiro estava subjacente “um conjunto de princípios fundamentais para a
sedimentação de uma relação de confiança entre os trabalhadores independentes e o regime de
segurança social, como seja, uma maior aproximação temporal da contribuição a pagar aos
rendimentos relevantes recentemente auferidos, bem como uma maior adequação da proteção social
dos trabalhadores independentes e o reforço da repartição do esforço contributivo entre
trabalhadores independentes com forte ou total dependência de rendimentos de uma única entidade,
sem esquecer ainda a necessidade de simplificação e de uma maior transparência na relação entre o
trabalhador independente e o regime de segurança social.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 289
Página do manual

Assim, através do Decreto-Lei n.º 2/2018, de 9 de Janeiro, foram introduzidas alterações ao


regime dos trabalhadores independentes de forma a adequar o montante de contribuições a pagar
aos rendimentos mais recentes, tendo como referencial os três últimos meses, a rever o regime das
entidades contratantes, introduzindo maior justiça na repartição do esforço contributivo, e a reforçar
a proteção social dos trabalhadores independentes que estavam a constituir carreiras contributivas
com remunerações de referência mínimas.

Foram, assim, alterados os artigos 139.º, 140.º, 145.º, 146.º, 151.º, 152.º, 155.º, 157.º, 159.º,
161.º, 162.º, 163.º, 164.º, 165.º, 166.º, 168.º e 283.º e revogados o n.º 2 do artigo 145.º, o n.º 3 do
artigo 147.º, o n.º 3 do artigo 152.º, o n.º 4 do artigo 164.º, os n.ºs 3 e 5 do artigo 165.º, o n.º 3 do
artigo 168.º, o n.º 2 do artigo 217.º, o n.º 3 do artigo 276.º e o artigo 279.º, todos do Código dos
Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 290
Página do manual

Ao CRCSPSS foram igualmente aditados os arts. 151.º-A, 164.º-A e 283.º-A.

Estas alterações no regime contributivo dos trabalhadores independentes, tornaram necessária a


adequação do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, que regulamenta o Código dos
Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, a qual veio a ocorrer através do
Decreto Regulamentar n.º 6/2018, de 2 de Julho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 291
Página do manual

Entre as principais alterações, destacamos:

• Eliminação dos escalões contributivos;

• Diminuição das taxas contributivas;

• Alteração da base de incidência;

• Declaração trimestral;

• Determinação do Rendimento Relevante;

• Alteração do regime de isenção;

• Noção de entidade contratante e criação de duas taxas contributivas (10%) e (7%) em função
da responsabilidade por 80% ou mais ou 50% do rendimento do trabalhador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 292
Página do manual

Com vista a reforçar a protecção social dos trabalhadores independentes, foram introduzidas
através do Decreto-Lei n.º 53/2018, de 2 de Julho as alterações e as correcções necessárias nos
regimes jurídicos de protecção social nas eventualidades de doença, desemprego e parentalidade, no
âmbito do sistema previdencial.

Assim, relativamente ao regime jurídico de protecção na eventualidade de doença, alterou-se o


período de espera de início de pagamento do subsídio de doença, que é reduzido de 30 dias para 10
dias, aproximando-o ao período de espera dos trabalhadores por conta de outrem, reforçando deste
modo a protecção dos trabalhadores independentes na eventualidade de doença.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 293
Página do manual

No que respeita ao regime jurídico de protecção na parentalidade, o qual é na generalidade


semelhante ao regime aplicável a trabalhadores por conta de outrem, foi alargada a protecção dos
trabalhadores independentes, passando estes a ter direito aos subsídios para assistência a filho e
para assistência a neto, procedendo-se assim a uma uniformidade completa entre os dois regimes.

No que concerne ao regime jurídico de protecção na eventualidade de desemprego dos


trabalhadores independentes economicamente dependentes, alterou-se o prazo de garantia para
atribuição do subsídio por cessação de actividade, ajustando-o ao prazo de garantia para atribuição
do subsídio de desemprego dos trabalhadores por conta de outrem, bem como a fórmula de cálculo
do montante diário do subsídio por cessação de actividade, adequando-a às alterações do regime
contributivo dos trabalhadores independentes.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 294
Página do manual

Perante a constatação que o regime de protecção na eventualidade de desemprego dos


trabalhadores independentes com actividade empresarial e dos membros dos órgãos estatutários das
pessoas colectivas não acautelava, adequadamente, as necessidades de protecção destes
trabalhadores, já que, em muitas situações de encerramento de empresas ou de cessação da
actividade profissional, a situação de desemprego não poderia ser considerada involuntária por não
se verificar uma redução significativa do volume de negócios, levando a situações de desprotecção
social dos trabalhadores afectados, foi alterado esse conceito, por se considerar que o mesmo, tal
como estava previsto na alínea a), do n.º 2 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º 12/2013, de 25 de Janeiro,
era demasiado exigente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 295
Página do manual

O regime dos Trabalhadores Independentes está, actualmente, previsto nos arts. 132.º a 168.º
do CPCSPSS e nos arts. 53.º a 65.º do Decreto - Regulamentar n.º 1–A/2011, de 3 de Janeiro, na
redacção actual.

A entrada em vigor destes diplomas ocorreu de forma faseada

Assim, as alterações aos arts. 140.º e ao n.º 7 do art. 168.º CRCSPS, respeitantes às entidades
contratantes, entraram em vigor no dia 1 de Janeiro de 2018, nos termos do n.º 2 do art. 8.º do
Decreto-Lei nº 2/2018, de 9 de Janeiro.

A alteração ao n.º 2 do art.º 5.º do Decreto-Lei 2/2018, referente à notificação dos TI com
contabilidade organizada, entrou em vigor no dia 1 de Outubro, nos termos do nº 1 do n.º 1 do art.
8.º do Decreto-Lei nº 2/2018, de 9 de Janeiro.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 296
Página do manual

Já as restantes alterações entraram em vigor no dia 1 de Janeiro de 2019, nos termos do n.º 2 do
art. 8.º do Decreto-Lei n.º 2/2018, de 9 de Janeiro.

As alterações introduzidas pelo Decreto–Regulamentar n.º 6/2018, de 2 de Julho, entraram em


vigor no dia 3 de julho de 2018, de acordo com o n.º 1 do art. 8.º, mas só produziram efeitos a partir
de 1 de Janeiro de 2019.

O artigo 81.º-A que esclarece que, para efeitos do disposto nos artigos 187.º e 211.º do Código,
o cálculo de juros de mora tem lugar desde a data em que deveria ter sido cumprida a obrigação
contributiva até à data do pagamento da dívida, e interrompe-se ou suspende-se nos mesmos
termos, entrou em vigor em 1 de Julho de 2018, de acordo com o n.º 2 do art. 8.º.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 297
Página do manual

O art. 4.º, n.º 1 previa uma norma transitória segundo a qual “os trabalhadores independentes
que se encontrem em situação de não produção de efeitos do enquadramento por início de atividade
mantêm a situação pelo período necessário à verificação do prazo previsto no n.º 1 do artigo 145.º do
Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, aprovado pela Lei n.º
110/2009, de 16 de setembro.”

Passaram a estar sujeitos ao cumprimento das obrigações declarativas e contributivas a partir de


1 de janeiro de 2019, nos termos do n.º 2 do referido artigo, os trabalhadores independentes nas
seguintes situações:

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 298
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a) Não produção de efeitos do enquadramento por baixos rendimentos no início de atividade;

b) Isenção da obrigação do pagamento de contribuições resultante de baixos rendimentos.

Os trabalhadores independentes que se encontrassem em situação de isenção do pagamento de


contribuições por acumulação com rendimentos de trabalho por conta de outrem deveriam efectuar
a declaração trimestral em Janeiro de 2019 caso o rendimento relevante ultrapasse o limite previsto
na alínea a) do n.º 1 do artigo 157.º do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de
Segurança Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro, em cumprimento do n.º 4
deste artigo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 299
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O Decreto-Lei n.º 53/2018, de 2 de Julho, que alterou os regimes jurídicos de protecção social
nas eventualidades de doença, desemprego e parentalidade, entrou em vigor no dia 1 de Julho de
2018, de acordo com o art. 9.º.

O art. 7.º Decreto-Lei n.º 53/2018 estabelecia uma norma transitória que determina que “no
ano de 2018, para efeitos de atribuição de subsídio por cessação de atividade aos trabalhadores
independentes, nos termos do Decreto-Lei n.º 65/2012, de 15 de março, o critério de dependência
económica à data da cessação do contrato, previsto na alínea d) do n.º 1 do artigo 6.º daquele
diploma, é verificado tendo em conta o previsto no artigo 140.º do Código dos Regimes Contributivos
do Sistema Previdencial de Segurança Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de Setembro, na
sua redacção atual” – sendo que a redacção já é a que decorre do DL 2/2018, por força do art.º 8.º
deste diploma.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 300
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Na presente data, todas as alterações ao regime do trabalhador independente, que iremos


analisar de seguida, já produzem efeitos.

De salientar que, através da alteração efectuada pela Lei n.º 2/2020, de 31 de Março, com
entrada em vigor em 1 de Abril de 2020, ao art. 217.º do CRCSPSS, é condição geral do pagamento
das prestações aos trabalhadores independentes e aos beneficiários do seguro social voluntário que
os mesmos tenham a sua situação contributiva regularizada na data em que é reconhecido o direito à
prestação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 301
Página do manual

A mesma Lei n.º 2/2020, de 31 de Março, no art. 150.º, com entrada em vigor em 1 de Abril de
2020, dispõe o seguinte, sob a epígrafe Despenalização da infração prevista no artigo 151.º-A do
Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social: “É despenalizado o
incumprimento, em 2019, da obrigação de entrega da declaração trimestral de rendimentos, previsto
no n.º 8 do artigo 151.º-A do Código dos Regimes Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança
Social, aprovado em anexo à Lei n.º 110/2009, de 16 de setembro, na sua redação atual.”

Esta despenalização já não está actualmente em vigor.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 302
Página do manual

8.2. Âmbito de Aplicação

Nos termos do disposto no art. 132.º do CRCSPSS, são obrigatoriamente abrangidos pelo regime
dos trabalhadores independentes as pessoas singulares que exerçam actividade profissional sem
sujeição a contrato de trabalho ou a contrato legalmente equiparado, ou se obriguem a prestar a
outrem o resultado da sua actividade, e não se encontrem por essa atividade abrangidos pelo regime
geral de segurança social dos trabalhadores por conta de outrem.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 303
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8.2.1. Categorias de trabalhadores abrangidos

São, designadamente, abrangidos pelo regime dos trabalhadores independentes, nos termos dos
arts. 133.º a 136.º do CRCSPSS:

a) As pessoas que exerçam actividade profissional por conta própria geradora de rendimentos a
que se reportam os artigos 3.º e 4.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas
Singulares (pessoas com rendimentos empresariais e profissionais de categoria B e pessoas que
exerçam actividades comerciais e industriais, agrícolas, silvícolas e pecuárias) – cfr. art. 133.º,
n.º 1, al. a) do CRCSPSS;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 304
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b) Empresários em nome individual com rendimentos decorrentes do exercício exclusivo de


qualquer actividade comercial ou industrial e os titulares de estabelecimento individual de
responsabilidade limitada, bem como os respectivos cônjuges que com eles exerçam efetiva
actividade profissional com carácter de regularidade e permanência – cfr. art. 134.º, n.º 1, al.
b) do CRCSPSS;

c) Produtores agrícolas que exerçam efectiva actividade profissional na exploração agrícola ou


equiparada, bem como os respetivos cônjuges e as pessoas que vivam com eles em união de
facto, que exerçam efectiva actividade profissional na exploração com carácter de
regularidade e de permanência (cfr. art. 134.º, n.º 1, al. a) do CRCSPSS):

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 305
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• Consideram-se equiparadas a explorações agrícolas as actividades e explorações de


silvicultura, pecuária, hortofloricultura, floricultura, avicultura e apicultura, ainda que a terra
tenha uma função de mero suporte de instalações – cfr. art. 134.º, n.º 2, al. a) do CRCSPSS;

• Não se consideram explorações agrícolas as actividades e explorações que se destinem


essencialmente à produção de matérias-primas para indústrias transformadoras que
constituem em si mesmas objectivos dessas actividades – cfr. art. 134.º, n.º 2, al. b) do
CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 306
Página do manual

d) Profissionais livres (incluindo as actividades de carácter científico, artístico ou técnico).

e) Trabalhadores intelectuais tais como os autores de obras protegidas, nos termos do Código
do Direito de Autor e dos Direitos Conexos, qualquer que seja o género, a forma de
expressão e o modo de divulgação e utilização das respectivas obras – cfr. art. 136.º, n.º 1 do
CRCSPSS.

f) São trabalhadores intelectuais, para efeitos de enquadramento no regime dos trabalhadores


independentes, nos termos do disposto no art. 136.º, n.º 2, do CRCSPSS, os criadores
intelectuais no domínio literário, científico e artístico, tais como:

• Os autores de obras literárias, dramáticas e musicais;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 307
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• Os autores de obras coreográficas, de encenação e pantomimas;

• Os autores de obras cinematográficas ou produzidas por qualquer processo análogo ao da


cinematografia;

• Os autores de obras plásticas, figurativas ou aplicadas e os fotógrafos;

• Os tradutores;

• Os autores de arranjos, instrumentações, dramatizações, cinematizações e outras


transformações de qualquer obra.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 308
Página do manual

g) Sócios ou membros de sociedade de profissionais livres – cfr. art. 133.º, n.º 1, al. b) do
CRCSPSS;

h) Sócios de sociedades de agricultura de grupo – cfr. art. 133.º, n.º 1, al. d) do CRCSPSS;

i) Membros das cooperativas que, nos seus estatutos, optem por este regime – cfr. art. 135.º,
n.º 1, do CRCSPSS (o direito de opção é, nos termos do disposto no art. 135.º, n.º 2, do
CRCSPSS, inalterável pelo período mínimo de cinco anos);

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 309
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Direito de opção:

Nos termos do art. 55.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro na sua redação
actual, as cooperativas de produção e serviços que, nos termos do disposto no artigo 135.º do
Código, optem pelo enquadramento dos seus membros trabalhadores no regime dos trabalhadores
independentes devem comunicar esta opção à instituição de segurança social competente através de
formulário de modelo próprio. O enquadramento dos trabalhadores referidos no número anterior
produz efeitos a partir do mês seguinte ao da comunicação da opção.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 310
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j) Trabalhadores com apoio à criação de actividade independente;

k) Os titulares de rendimentos da categoria B de arrendamento urbano para alojamento local


na modalidade de estabelecimento de hospedagem (hostel);

l) Os cônjuges e as pessoas que vivam em união de facto com os trabalhadores independentes


e dos empresários em nome individual que exerçam em exclusivo qualquer actividade
comercial ou industrial, que com eles trabalhem, colaborando no exercício da sua actividade,
com caráter de regularidade e permanência – cfr. arts. 133.º, n.º 1, al. c) e 134.º, n.º 1, al. b),
ambos do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 311
Página do manual

Nos termos do art. 56.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro na sua redação
actual o início de actividade dos cônjuges dos trabalhadores independentes e dos unidos de facto
identificados na alínea c) do n.º 1, no n.º 2 do artigo 133.º e na alínea a) do n.º 1 do artigo 134.º do
Código é por estes obrigatoriamente comunicado no mês de início de actividade. A comunicação
referida no número anterior é efectuada através de formulário próprio à instituição de segurança
social competente para proceder à inscrição. A prova da união de facto é efetuada nos termos da Lei
n.º 7/2001, de 11 de Maio.

Nos termos do art. 137.º, n.º 1, o exercício cumulativo de actividade independente e de outra
actividade profissional abrangida por diferente regime obrigatório de protecção social não afasta o
enquadramento obrigatório no regime dos trabalhadores independentes, sem prejuízo do
reconhecimento do direito à isenção da obrigação de contribuir.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 312
Página do manual

Consideram-se regimes obrigatórios de protecção social, para efeitos do nº 1, o regime geral de


segurança social dos trabalhadores por conta de outrem, ainda que com âmbito material reduzido, o
regime de proteção social convergente dos trabalhadores que exercem funções públicas e os regimes
de proteção social estrangeiros relevantes para efeitos de coordenação com os regimes de segurança
social portugueses.

O n.º 3 do art. 137.º, esclarece ainda que, para efeitos do disposto no n.º 1, as situações de
pagamento voluntário de quotas no âmbito do regime de protecção social convergente dos
trabalhadores que exercem funções públicas e dos regimes de protecção social estrangeiros
relevantes para efeitos de coordenação com os regimes de segurança social portugueses são
equiparadas a regimes obrigatórios de protecção social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 313
Página do manual

Consideram-se regimes obrigatórios de protecção social, para efeitos do nº 1, o regime geral de


segurança social dos trabalhadores por conta de outrem, ainda que com âmbito material reduzido, o
regime de proteção social convergente dos trabalhadores que exercem funções públicas e os regimes
de proteção social estrangeiros relevantes para efeitos de coordenação com os regimes de segurança
social portugueses.

O n.º 3 do art. 137.º, esclarece ainda que, para efeitos do disposto no n.º 1, as situações de
pagamento voluntário de quotas no âmbito do regime de protecção social convergente dos
trabalhadores que exercem funções públicas e dos regimes de protecção social estrangeiros
relevantes para efeitos de coordenação com os regimes de segurança social portugueses são
equiparadas a regimes obrigatórios de protecção social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 314
Página do manual

Os trabalhadores independentes que vão exercer a respectiva actividade em país estrangeiro por
período determinado podem manter o seu enquadramento neste regime, com um limite de um ano,
podendo ser prorrogado por outro ano, a requerimento do interessado, mediante autorização da
entidade competente, sendo certo que quando se trate de trabalhador independente cujos
conhecimentos técnicos ou aptidões especiais o justifiquem, a autorização pode ser dada por período
superior, de acordo com o art. 138º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 315
Página do manual

8.2.2. Situações excluídas

São excluídos do âmbito pessoal do regime dos trabalhadores independentes, nos termos do art.
139.º do CRCSPSS:

a) Advogados e solicitadores;

b) Titulares de direitos sobre explorações agrícolas ou equiparadas cujos produtos se destinem


a consumo próprio e familiar e desde que os rendimentos anuais da actividade não
ultrapassem o valor de 4 vezes o Indexante dos Apoios Sociais (IAS), ou seja, 1.755,24€, valor
em 2021.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 316
Página do manual

b) Trabalhadores que acumulem funções como Trabalhador por Conta de Outrem (TCO) ou
Membro de Órgãos Estatutários (MOE) com a actividade de trabalhador independente para
a mesma entidade ou entidades do mesmo grupo empresarial (neste caso o trabalhador
independente é equiparado a TCO, sendo os seus honorários recebidos pela actividade
independente sujeitos à taxa contributiva de TCO ou MOE);

c) Trabalhadores independentes com actividade temporária em Portugal que provem o seu


enquadramento em regime de protecção social obrigatório de outro país;

d) Trabalhadores independentes com actividade temporária em Portugal que provem o seu


enquadramento em regime de protecção social obrigatório de outro país;

(Cfr. arts. 97.º a 99.º do CRCSPSS.)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 317
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e) Proprietários de embarcações de pesca local e costeira que integrem o rol de tripulação e


exerçam efectiva actividade profissional nestas embarcações;

f) Apanhadores de espécies marinhas;

g) Pescadores apeados;

h) Os titulares de rendimentos da categoria B resultantes exclusivamente de:

• Produção de electricidade para autoconsumo ou através de unidades de pequena


produção a partir de energias renováveis, nos termos previstos no regime jurídico próprio;
(Cfr. Circular de Orientação Técnica n.º 2, de 20 de Junho de 2014.)

(Cfr. arts. 97.º a 99.º do CRCSPSS.)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 318
Página do manual

• Contratos de arrendamento e de arrendamento urbano para alojamento local em moradia


ou apartamento, nos termos previstos no regime jurídico próprio.

i) Agricultores que recebam subsídios ou subvenções no âmbito da Política Agrícola Comum


(PAC), desde que estes sejam de valor anual inferior a 4 vezes o valor do IAS, ou seja,
1.755,24€, valor em 2021, e não tenham quaisquer outros rendimentos como
trabalhadores independentes.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 319
Página do manual

8.3. Entidades Contratantes

No preambulo da Lei n.º 2/2018, de 2 de Julho, é assumida como desiderato “a reavaliação


do regime das entidades contratantes tendo em vista o reforço da justiça na repartição do esforço
contributivo entre contratantes e trabalhadores independentes, com forte ou total dependência de
rendimentos de uma única entidade, consubstanciam algumas das alterações previstas no Programa
do Governo, concretizadas através do presente decreto–lei.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 320
Página do manual

Nos termos do art. 140.º, as pessoas coletivas e as pessoas singulares com atividade empresarial,
independentemente da sua natureza e das finalidades que prossigam, que no mesmo ano civil
beneficiem de mais de 50% do valor total da atividade de trabalhador independente, são abrangidas
pelo presente regime na qualidade de entidades contratantes.

A qualidade de entidade contratante é apurada apenas relativamente aos trabalhadores


independentes que se encontrem sujeitos ao cumprimento da obrigação de contribuir e tenham um
rendimento anual obtido com prestação de serviços igual ou superior a seis vezes o valor do IAS (€
2.632,86).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 321
Página do manual

Tal significa que ainda que uma entidade só pague € 2.000,00 a um TI, caso ele receba de outras
entidades um valor que o faça superar os € 2.632,6, aquela já será qualificada como entidade
contratante.

Claro que este regime, como tem sido apontado, pode ter como efeito a pressão dos prestadores
constituírem sociedades comerciais para prestarem serviços através destas ou a contratação de
prestadores de serviços prestadores isentos por estarem enquadrados como TCO, como iremos ver ao
analisar o art.º 157.º CRC, para as empresas evitarem serem consideradas entidades contratantes.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 322
Página do manual

Para efeitos do disposto no n.º 1, consideram-se como prestados à mesma entidade contratante
os serviços prestados a empresas do mesmo agrupamento empresarial. (Cfr. Circular de Orientação
Técnica n.º 1, de 28 de março de 2011)

A obrigação contributiva das entidades contratantes constitui-se no momento em que a


instituição de segurança social apura oficiosamente o valor dos serviços que lhe foram prestados e
efectiva-se com o pagamento da respectiva contribuição, nos termos do art. 150.º do CRCSPSS.

O n.º 5 estabelece que sempre que se verifique a situação prevista no n.º 3, são notificados os
serviços de inspeção da Autoridade para as Condições do Trabalho ou os serviços de fiscalização do
Instituto da Segurança Social, I. P., com vista à averiguação da legalidade da situação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 323
Página do manual

A obrigação contributiva das entidades contratantes compreende o pagamento das respetivas


contribuições, nos termos do art. 151.º do CRCSPSS.

As entidades contratantes são responsáveis pelo pagamento da contribuição que lhes é


cometida nos termos do art. 154.º do CRCSPSS.

As contribuições das entidades contratantes reportam-se ao ano civil anterior e o prazo para o
seu pagamento é fixado até ao dia 20 do mês seguinte ao da emissão do documento de cobrança,
nos termos do art. 155.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 324
Página do manual

A violação desta obrigação constitui contra-ordenação leve quando seja cumprida nos 30 dias
subsequentes ao termo do prazo e constitui contraordenação grave nas demais situações, de acordo
com o art. 155.º, n.º 4.

Constitui base de incidência contributiva, para efeitos de determinação do montante de


contribuições a cargo da entidade contratante, o valor total dos serviços que lhe foram prestados por
trabalhador independente no ano civil a que respeitam, nos termos do art. 167.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 325
Página do manual

A taxa contributiva a cargo das entidades contratantes é fixada nos seguintes termos:

a) 10% nas situações em que a dependência económica é superior a 80%;

b) 7% nas restantes situações (dependência económica superior a 50% e igual ou inferior a


80%)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 326
Página do manual

8.4. Relação Jurídica de Vinculação

8.4.1. Inscrição e enquadramento dos trabalhadores independentes

Nos termos do art. 143.º, n.º 1 do CRCSPSS, a administração fiscal comunica oficiosamente à
instituição de segurança social competente o início de actividade dos trabalhadores independentes,
fornecendo-lhes todos os elementos de identificação, incluindo o número de identificação fiscal (NIF).

Com base nessa informação, de acordo com o disposto no art. 143.º, n.º 2 do CRCSPSS, a
instituição de segurança social competente procede à identificação do trabalhador independente no
sistema de segurança social ou à actualização dos respectivos dados, caso o trabalhador já se
encontre identificado.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 327
Página do manual

Face ao art. 144.º, n.ºs 1 e 2 do CRCSPSS, a partir dos elementos que constam na comunicação
oficiosa pela administração fiscal, a instituição de segurança social competente procede à inscrição
do trabalhador, caso o mesmo não se encontre inscrito, e ao seu enquadramento no regime dos
trabalhadores independentes, ainda que o mesmo se encontre nas condições do direito à isenção.

O trabalhador independente é, de acordo com o art. 144.º, n.º 4 do CRCSPSS, notificado pela
instituição de segurança social competente da inscrição e do enquadramento no regime dos
trabalhadores independentes, bem como dos respectivos efeitos.

Sempre que os elementos obtidos com base na troca de informação com a administração fiscal
suscitem dúvidas, a instituição de segurança social competente deve solicitar aos trabalhadores os
elementos necessários à sua comprovação, nos termos do art. 149.º do CRCSPSS
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 328
Página do manual

A – Primeiro enquadramento como trabalhador independente

Nos termos do disposto no art. 145.º, n.º 1 do CRCSPSS, o primeiro enquadramento no regime
dos trabalhadores independentes só produz efeitos no primeiro dia do 12.º mês posterior ao do início
de actividade.

Em caso de cessação de actividade no decurso dos primeiros 12 meses, a contagem do prazo é


suspensa, continuando a partir do 1.º dia do mês do reinício de actividade, caso este ocorra nos 12
meses seguintes à cessação, de acordo com o art. 145.º, n.º 4 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 329
Página do manual

B – Reinício de actividade como trabalhador independente

Neste caso, de acordo com o art. 145.º, n.º 3 do CRCSPSS, o enquadramento produz efeitos no
1.º dia do mês do reinício.

Os trabalhadores que reiniciem a actividade no regime dos trabalhadores independentes e


acumulem actividade profissional por conta de outrem enquadrados noutro sistema de protecção
social (por exemplo, Caixa Geral de Aposentações), têm de apresentar comprovativo da remuneração
mensal que deve acompanhar o requerimento do interessado, bem como comprovativo em como se
encontra a descontar para o outro sistema de protecção social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 330
Página do manual

No caso de reinício de actividade até à primeira declaração trimestral, quando se verifique a


inexistência de rendimentos ou o valor das contribuições devidas por força do rendimento relevante
apurado seja inferior a 20,00€, é fixada a base de incidência que corresponda ao montante de
contribuições naquele valor, excepto se já se encontrar fixada base de incidência aplicável ao período,
nos termos do art. 163.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 331
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8.4.2. Enquadramento antecipado no regime dos trabalhadores independentes

De acordo com o art. 146.º do CRCSPSS, os trabalhadores independentes podem requerer, nos
momentos declarativos (Janeiro, Abril, Julho e Outubro), na Declaração Trimestral, a antecipação do
enquadramento, em data anterior ao 12.º mês posterior ao do início de actividade, produzindo
efeitos no 1.º dia do mês seguinte ao da apresentação da declaração trimestral.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 332
Página do manual

8.4.3. Inscrição/enquadramento do cônjuge ou pessoa que viva em união de facto com o


trabalhador independente

O início de actividade do cônjuge ou da pessoa que viva em união de facto é comunicado por
este através da Segurança Social Direta (SSD), no mês do início de actividade, para respetiva
inscrição/enquadramento no regime dos trabalhadores independentes, de acordo com o art. 144.º,
n.º 3 do CRCSPSS.

Sendo o pedido aprovado, o enquadramento como cônjuge ou da pessoa que viva em união de
facto produz efeitos no primeiro dia do mês seguinte ao da entrega do pedido, desde que o
trabalhador independente já esteja enquadrado no regime, ou no mês em que produza efeitos o
enquadramento do trabalhador independente, nos termos do art. 145.º, n.ºs 6 e 7 do CRCSPSS.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 333
Página do manual

8.5. Relação Jurídica Contributiva

Nos termos do art. 150.º CRCSPSS, a obrigação contributiva dos trabalhadores independentes
constitui-se com o início dos efeitos do enquadramento e efetiva-se com o pagamento de
contribuições, nos termos regulados no presente capítulo.

Os trabalhadores independentes são, no que se refere à qualidade de contribuintes, equiparados


às entidades empregadoras.

A obrigação contributiva dos trabalhadores independentes compreende o pagamento de


contribuições e a declaração dos valores correspondentes à atividade exercida, nos termos do art.
151.º CRCSPSS

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 334
Página do manual

8.5.1. Obrigação declarativa trimestral

Os trabalhadores independentes, quando sujeitos ao cumprimento da obrigação contributiva


(ou seja, não estão isentos), são obrigados, nos termos do art. 151.º-A, n.º 1 do CRCSPSS, a declarar
trimestralmente até ao último dia dos meses de Janeiro, Abril, Julho e Outubro:

a) O valor total dos rendimentos associados à produção e venda de bens;

b) O valor total dos rendimentos associados à prestação de serviços.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 335
Página do manual

De acordo com o art. 151.º-A, n.º 2 do CRCSPSS, na declaração trimestral são ainda identificados
outros rendimentos necessários ao apuramento do rendimento relevante dos trabalhadores
independentes.

A declaração trimestral é efetuada até ao último dia dos meses de Janeiro, Abril, Julho e
outubro, relativamente aos rendimentos obtidos nos três meses imediatamente anteriores, de
acordo com o art. 151.º-A, n.º 3, do CRCSPSS.

Com a suspensão ou cessação da actividade, o trabalhador independente deve efectuar a


declaração trimestral no momento declarativo imediatamente posterior, de acordo com o art. 151.º-
A, n.º 4 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 336
Página do manual

Face ao estabelecido pelo art. 151.º-A, n.º 5 do CRCSPSS, no mês de Janeiro, os trabalhadores
independentes que tenham estado obrigados a proceder à entrega de pelo menos uma declaração
trimestral, relativa a rendimentos obtidos no ano civil anterior, têm que confirmar ou declarar os
valores dos rendimentos relativos ao ano civil anterior.

Os pensionistas não têm de entregar a declaração anual, no entanto, caso tenham entregue
alguma declaração trimestral, relativa a rendimentos obtidos no ano civil de 2019, podem em Janeiro
de 2020 corrigir os rendimentos declarados, de acordo com o art. 151º-A, n.º 6 articulado com o art.
157.º, n.º 1, als. b) e c).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 337
Página do manual

A obrigação declarativa não se aplica aos trabalhadores independentes abrangidos pelo regime
de contabilidade organizada, cujo rendimento relevante corresponde ao valor do lucro tributável,
salvo se, tendo sido notificados da base de incidência contributiva que lhes é aplicável, por força do
valor do lucro tributável apurado no ano civil imediatamente anterior, requererem, no prazo que for
fixado na respectiva notificação, que lhes seja aplicado o regime de apuramento trimestral do
rendimento relevante, ficando sujeitos à obrigação declarativa trimestral a partir de Janeiro, nos
tenros do art. 164.º do CRCCSPSS.

A falta de apresentação da declaração trimestral constitui contraordenação leve, punível com


coima de 50€ a 250€, nos termos do n.º 8 do art. 151.º-A e do n.º 1 do art. 233.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 338
Página do manual

Estão excluídos da obrigação de proceder à declaração trimestral:

Os trabalhadores independentes que estejam isentos da obrigação de contribuir, nas seguintes


situações:

Quando acumulem actividade profissional por conta de outrem (o valor da remuneração mensal
média seja igual ou superior a 1 vez o valor do IAS (438,81€, valor em 2021) e desde que o
rendimento relevante mensal médio de trabalho independente, apurado trimestralmente, seja
inferior a 4 vezes o valor do IAS (1.755,24€).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 339
Página do manual

• Quando sejam simultaneamente pensionistas de invalidez ou de velhice de regimes de


protecção social, nacionais ou estrangeiros, e a atividade profissional seja legalmente
cumulável com as respetivas pensões;

• Quando sejam simultaneamente titulares de pensão resultante da verificação de risco


profissional que sofram de incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70%;

• Quando o rendimento relevante seja apurado com base no lucro tributável (regime de
contabilidade organizada).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 340
Página do manual

A declaração dos elementos complementares necessários ao enquadramento, bem como à


fixação da base de incidência que não possam ser obtidos através da troca de informação com a
administração tributária é efectuada, nos termos do art. 54.º-A do Decreto-Regulamentar n.º 1-
A/2011, de 3 de Janeiro na sua redacção actual.

• Trimestralmente nos períodos declarativos obrigatórios, ou seja, até ao último dia dos meses
de Janeiro Abril, Julho e Outubro;

• Anualmente no prazo legal para a entrega da declaração fiscal, através do Anexo SS ao


modelo 3 da declaração de IRS, o qual é remetido aos serviços da segurança social pela
entidade tributária competente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 341
Página do manual

Os empresários em nome individual e os titulares de estabelecimento individual de


responsabilidade limitada que exerçam exclusivamente atividade industrial ou comercial, devem
declarar o início ou a cessação dessa forma de exercício de atividade na funcionalidade da Segurança
Social Direta, em www.seg-social.pt, no mês em que se verifique o respectivo início ou a cessação, de
acordo com o art. 54.º A do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de janeiro na sua redação
actual.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 342
Página do manual

Regime de contabilidade organizada

Os trabalhadores independentes abrangidos pelo regime de contabilidade organizada, cujo


rendimento relevante corresponde ao valor do lucro tributável apurado no ano civil imediatamente
anterior (declarado no Anexo SS, da Declaração Modelo 3 do IRS), notificados da base de incidência
contributiva que lhes é aplicável podem requerer, de 1 a 30 de Novembro de cada ano, que lhes seja
aplicado o regime de apuramento trimestral do rendimento relevante, ficando sujeitos à obrigação
declarativa trimestral a partir de Janeiro, nos termos do art. 164.º, n.º 3 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 343
Página do manual

8.5.2. Declaração Anual da Actividade

Nos termos do art. 152.º do CRCSPSS, os trabalhadores independentes sujeitos ao cumprimento


da obrigação contributiva são obrigados a apresentar através de modelo oficial e por referência ao
ano civil anterior:

a) O valor total das vendas realizadas;

b) O valor total da prestação de serviços a pessoas singulares que não tenham atividade
empresarial;

c) O valor total da prestação de serviços por pessoa coletiva e por pessoa singular com
atividade empresarial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 344
Página do manual

É ainda objecto da mesma declaração a identificação dos valores necessários ao apuramento do


rendimento relevante dos trabalhadores independentes que não possam ser obtidos por
interconexão de dados com a autoridade tributária.

Quando esteja em causa o acesso a subsídio por cessação de atividade que ocorra em momento
anterior à data da obrigação declarativa prevista no presente artigo, a declaração do valor da
atividade é efetuada com o requerimento do subsídio.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 345
Página do manual

O art. 58.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro na sua redacção actual,


impõe que a declaração prevista no artigo 152.º do Código deve conter, para efeitos da alínea c) do
n.º 1 do mesmo artigo, relativamente a cada entidade a quem foram prestados serviços:

a) O NISS;

b) O NIF;

c) O valor total dos serviços prestados no ano civil anterior.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 346
Página do manual

São igualmente declarados os montantes dos rendimentos que devam ser considerados ou
excluídos para efeitos de apuramento do rendimento relevante que não possam ser obtidos
oficiosamente.

Esta declaração é feita por preenchimento do anexo SS ao modelo 3 da declaração de imposto


sobre o rendimento das pessoas singulares, efetuada no prazo legal para a entrega da declaração
fiscal, o qual é remetido aos serviços da segurança social pela entidade tributária competente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 347
Página do manual

8.5.3. Direito à isenção do pagamento de contribuições

Ainda que o trabalhador tenha de ser enquadrado obrigatoriamente no regime dos


trabalhadores independentes, pode haver lugar à isenção da obrigação de contribuir, em
determinadas situações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 348
Página do manual

8.5.3.1. Isenção parcial por acumulação de actividades

Nos termos do art. 157.º, n.º 1, al. a) do CRCSPSS, os trabalhadores independentes que
acumulem actividade profissional por conta de outrem estão isentos de contribuir relativamente ao
rendimento relevante mensal médio apurado trimestralmente de montante inferior a 4 vezes o valor
do IAS (1.755,24€, valor em 2021) e desde que:

• O exercício da atividade independente e a outra atividade por conta de outrem sejam


prestados a entidades empregadoras distintas e que não tenham entre si uma relação de
domínio ou de grupo;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 349
Página do manual

• O exercício da atividade por conta de outrem determine o enquadramento obrigatório


noutro regime de proteção social que cubra a totalidade das eventualidades abrangidas pelo
regime dos trabalhadores independentes;

• O valor da remuneração mensal média considerada para o outro regime de proteção social
seja igual ou superior a 1 vez o valor do IAS (438,81€, valor em 2021), o qual é verificado da
seguinte forma:

• Nos casos de enquadramento no regime geral (TCO ou MOE), oficiosamente por recurso às
remunerações registadas no Sistema de Informação da Segurança Social;

• Nos casos de enquadramento noutro sistema de proteção social (por exemplo, Caixa Geral
de Aposentações) mediante comprovativo da remuneração mensal que deve acompanhar o
requerimento do interessado.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 350
Página do manual

Quando o rendimento relevante de trabalho independente ultrapasse o limite previsto


[montante inferior a 4 vezes o IAS (1.755,24€, valor em 2021)], o trabalhador deve declarar a
totalidade dos rendimentos obtidos na declaração trimestral imediatamente posterior à data em que
deixaram de se verificar a Isenção por recebimento de pensão.

(Cfr. Guia Prático – Novo regime dos Trabalhadores Independentes (1009 – v1.04), 24 de
Novembro de 2020, p. 9)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 351
Página do manual

8.5.3.2. Isenção por recebimento de pensão

Os trabalhadores independentes estão igualmente isentos quando sejam simultaneamente


pensionistas de invalidez ou de velhice de regimes de protecção social, nacionais ou estrangeiros, e a
actividade profissional seja legalmente cumulável com as respectivas pensões – cfr. art. 157.º, n.º 1,
al. b) do CRCSPSS.

Quando sejam simultaneamente titulares de pensão resultante da verificação de risco


profissional que sofram de incapacidade para o trabalho igual ou superior a 70% - cfr. art. 157.º, n.º 1,
al. c) do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 352
Página do manual

8.5.3.3. Isenção do pagamento de contribuições por inexistência de rendimentos ou se tenha


verificado a obrigação do pagamento de contribuições durante o ano anterior pelo valor mínimo

Nos termos do art. 157.º, n.º 1, al. d) do CRCSPSS, os trabalhadores independentes poderão
estar isentos quando, em Janeiro do ano seguinte àquele a que corresponde, se tenha verificado a
obrigação do pagamento de contribuições durante o ano anterior pelo valor mínimo, por se ter
verificado a inexistência de rendimentos ou o valor das contribuições devidas por força do
rendimento relevante apurado seja inferior a 20,00€.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 353
Página do manual

8.5.3.4. Produção de efeitos

Quando a isenção da obrigação de contribuir é atribuída oficiosamente, produz efeitos, de


acordo com o art. 60.º, n.º 1, do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, no mês
seguinte ao da ocorrência dos factos que a determinem.

Exemplo: Um trabalhador independente começou a trabalhar como trabalhador por conta de


outrem em janeiro de 2020, como a isenção só produz efeitos em Fevereiro de 2020 (mês seguinte à
ocorrência) terá de pagar a contribuição relativa ao mês Janeiro.

No caso de haver necessidade de apresentação de requerimento, de acordo com o art. 60.º, n.º
2 do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 03/01, a isenção produz efeitos no mês seguinte ao da
sua apresentação.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 354
Página do manual

Exemplo: Um trabalhador por conta de outrem a descontar para outro sistema de protecção
social, por exemplo a CGA, iniciou actividade como trabalhador independente em dezembro de 2019,
como a isenção só produz efeitos em Janeiro de 2020 (mês seguinte à ocorrência) terá de pagar a
contribuição relativa ao mês de Dezembro.

No caso dos pensionistas, face ao estabelecido no art. 60.º, n.º 3 do Decreto Regulamentar n.º 1-
A/2011, de 03/01, a isenção tem lugar a partir da data do início da pensão.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 355
Página do manual

8.5.3.5. Cessação da isenção

Quando o trabalhador independente em acumulação de actividades cessa a actividade como


trabalhador por conta de outrem

A obrigação contributiva como trabalhador independente verifica-se a partir do mês seguinte ao


da cessação da actividade como trabalhador por conta de outrem.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 356
Página do manual

O trabalhador independente pode, de acordo com o disposto no art. 61.º do Decreto


Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro, fazer cessar voluntariamente a isenção do pagamento
de contribuições, com excepção dos trabalhadores independentes que se encontrem isentos quando,
em Janeiro do ano seguinte àquele a que corresponde, se tenha verificado a obrigação do pagamento
de contribuições durante o ano anterior pelo valor mínimo de 20,00€ e enquanto se mantiverem as
condições que determinaram a sua aplicação.

De acordo com estabelecido pelo art. 61.º, n.º 2 do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de
Janeiro, a opção de cessação voluntária da isenção pelo trabalhador independente só pode ser
exercida na declaração trimestral de rendimentos (ou seja, até ao último dia dos meses de Janeiro,
Abril, Julho e Outubro) e produz efeitos no mês em que é feita na própria funcionalidade da
Segurança Social Direta, em www.seg-social.pt, não havendo formulário próprio.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 357
Página do manual

8.6. Bases de Incidência Contributiva (BIC)

8.6.1. Determinação do rendimento relevante

De acordo com o art. 162.º do CRCSPSS, o rendimento relevante do trabalhador independente é


determinado com base nos rendimentos obtidos nos três meses imediatamente anteriores ao mês da
declaração trimestral, nos seguintes termos:

• 70% do valor total de prestação de serviços

• 20% dos rendimentos associados à produção e venda de bens

• 20% sobre a prestação de serviços no âmbito de actividades hoteleiras e similares,


restauração e bebidas, e que o declarem fiscalmente como tal.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 358
Página do manual

O rendimento relevante do trabalhador independente abrangido pelo regime de contabilidade


organizada, previsto no Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares, corresponde
ao valor do lucro tributável apurado no ano civil imediatamente anterior, nos termos do art. 162.º,
n.º 3 do CRCSPSS.

O rendimento referido nos números anteriores é apurado pela instituição de segurança social
competente com base nos valores declarados pelo trabalhador independente, bem como nos valores
declarados para efeitos fiscais.

A administração fiscal comunica oficiosamente à instituição de segurança social competente, por


via eletrónica, os rendimentos dos trabalhadores independentes declarados.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 359
Página do manual

Não são considerados, nos termos do art. 62.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de
janeiro na sua redação actual, para efeitos de determinação do rendimento relevante, os
rendimentos:

• Obtidos com a produção de eletricidade para autoconsumo ou através de unidades de


pequena produção a partir de energias renováveis;

• Obtidos em resultado da celebração de contratos de arrendamento e de arrendamento


urbano para alojamento local em moradia ou apartamento;

• Subvenções ou subsídios ao investimento;

• Provenientes de mais-valias;

• Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 360
Página do manual

No entanto, podem ser considerados para efeitos de determinação do rendimento relevante,


caso o trabalhador independente opte pela sua consideração, os seguintes rendimentos:

• Subvenções ou subsídios ao investimento;

• Provenientes de mais-valias;

• Rendimentos provenientes de propriedade intelectual ou industrial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 361
Página do manual

8.6.2. Base de incidência contributiva dos trabalhadores independentes

A- Nos termos do art. 163.º, n.º 1 do CRCSPSS, a base de incidência contributiva mensal
corresponde a 1/3 do rendimento relevante apurado em cada período declarativo, produzindo efeitos
no próprio mês e nos dois meses seguintes.

Exemplo:

Marta teve num determinado período declarativo rendimentos de prestação de serviços no valor
de 9.000,00€. O seu rendimento relevante será 70% de 9.000,00€, ou seja, 6.300,00€.

Logo, a base de incidência contributiva mensal corresponderá a 6.300,00€ / 3 (meses) =


2.100,00€, sobre a qual se aplicará a respectiva taxa contributiva.

Marta pagará por mês a contribuição de 449,40€ (ou seja, 2. 100,00€ x 21,4%).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 362
Página do manual

B- De acordo com o art. 163.º, n.º 2 do CRCSPSS, quando se verifique a inexistência de


rendimentos ou o valor das contribuições devidas por força do rendimento relevante apurado seja
inferior a 20,00€, é fixada a base de incidência que corresponda ao montante de contribuições
naquele valor, ou seja, 20,00€ por mês.

Exemplo:

No primeiro trimestre do ano, Lara não obteve quaisquer rendimentos. Independentemente do


cálculo do seu rendimento revelante e da sua base de incidência contributiva mensal, Lara pagará
20,00€ por mês no trimestre seguinte ao período declarado.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 363
Página do manual

C- Sempre que o rendimento relevante seja apurado com base na contabilidade organizada, a
base de incidência mensal corresponde ao duodécimo do lucro tributável, com o limite mínimo de
1,5 vezes o valor do IAS (658,22) sendo fixada no mês de Outubro para produzir efeitos no ano civil
seguinte, de acordo com o art. 163.º, n.º 3 do CRCSPSS.

Exemplo:

A Carla, proprietária de uma farmácia, que tem contabilidade organizada, obteve como lucro
tributável o valor de 18.000,00€.

A sua base de incidência contributiva mensal será 18.000,00€ / 12, ou seja, 1.500,00€ por mês,
sobre a qual se aplicará a respectiva taxa contributiva.

Em resumo, Carla pagará por mês a contribuição de 378,00€ (ou seja, 1.500,00€ x 25,2%).
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 364
Página do manual

D- Face ao disposto no art. 163.º, n.º 4 do CRCSPSS, a base de incidência contributiva dos
trabalhadores independentes com rendimento relevante mensal médio apurado trimestralmente de
montante igual ou superior a 4 vezes o valor do IAS (€ 1.755,24), que acumulem actividade
independente com actividade profissional por conta de outrem, nos termos da alínea a) do n.º 1 do
artigo 157.º, corresponde ao valor que ultrapasse aquele limite.

Não releva para efeitos de base de incidência contributiva o valor de rendimento relevante que
determine uma contribuição de valor inferior a 5.00€, nos termos do nº 5 do art. 59º do Decreto-
Regulamentar n.º 1 A/2011, de 3 de Janeiro na sua redacção actual, articulado com o Despacho n.º
599/2019, de 11 de Janeiro.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 365
Página do manual

Exemplo:

O Pedro é trabalhador por conta de outrem, recebendo um salário no valor de 1.500,00€, ou


seja, superior a 1 vez o valor do IAS (438,81€) e simultaneamente trabalhador independente.

Auferiu, a título de prestação de serviços, em Janeiro 10.000,00€, Fevereiro 18.000,00€ e Março


12.000,00€, num total de 40.000,00€ no trimestre.

Assim, o seu rendimento relevante será 70% de 40.000,00€, o qual corresponde a 28.000,00€ / 3
(meses) = 9.333,33€ (sendo superior a 4 vezes o valor do IAS, 1.755,24€).

Logo, a base de incidência contributiva mensal corresponderá à diferença entre 9.333,33€ e


1.755,24€ (4 vezes o valor do IAS), ou seja, 7.578,09€.

A taxa contributiva será assim aplicada sobre os 7.578,09€.

Pedro pagará, assim, por mês a contribuição de 1.621,71€ (7.578,09€ x 21,4%), durante os três
meses seguintes ao período contributivo declarado.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 366
Página do manual

E- Nos termos do art. 163.º, n.º 5 do CRCSPSS, a base de incidência contributiva considerada em
cada mês tem como limite máximo 12 vezes o valor do IAS (5.265,72).

Exemplo:

Marcos no período declarativo auferiu em Abril 20.000,00€, Maio 25.000,00€ e Junho


30.000,00€, num total de 75.000,00€ no trimestre.

Assim, o seu rendimento relevante será de 70% de 75.000,00€, o qual corresponde a 52.500,00€
/ 3 (meses) = 17.500,00€.

Neste caso, a base de incidência contributiva do Marcos vai ter como limite máximo o valor de
5.265,72€ (ou seja, 12 vezes o valor do IAS (€ 438, 81)), sobre a qual se aplicará a respectiva taxa
contributiva.

Marcos pagará por mês a contribuição de 1.126,86€ (5.265,72€ x 21,4%), durante os três meses
seguintes ao período contributivo declarado.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 367
Página do manual

F- Nos termos do art. 166º do CRCSPSS, a base de incidência contributiva dos trabalhadores
enquadrados exclusivamente por força da sua qualidade de cônjuges de trabalhadores
independentes corresponde a 70% do rendimento relevante do trabalhador independente, quer
esteja no regime trimestral, quer esteja no regime de contabilidade organizada, ou se o valor das
contribuições devidas por força do rendimento relevante apurado for inferior a 20,00€ é fixada a base
de incidência que corresponde ao montante de contribuições naquele valor.

Podem, todavia, requerer que lhes seja fixado um rendimento relevante inferior até 20%
daquele que lhes foi aplicado ou superior até ao limite do rendimento relevante dos trabalhadores
independentes.

A base de incidência contributiva considerada em cada mês tem como limite máximo 12 vezes o
valor do IAS (5.265,72) .
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 368
Página do manual

8.6.3. Direito de opção

Nos termos do art. 164.º do CRCSPSS, no momento da declaração trimestral, os trabalhadores


independentes, podem optar pela fixação de um rendimento superior ou inferior até 25%.

Esta opção é efectuada em intervalos de 5% (5%, 10%, 15%, 20%, 25%) àquele que resultar dos
valores declarados, sem prejuízo dos limites previstos [mínimo de 20,00€ e máximo de 12 x IAS
(5.265,72)], previstos no art. 163.º do CRCSPSS, com excepção dos trabalhadores independentes que
acumulam actividade profissional por conta de outrem e que contribuam pelo valor do Rendimento
Relevante Remanescente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 369
Página do manual

O trabalhador independente, notificado da base de incidência contributiva que lhe é aplicável


por força do disposto no n.º 3 do artigo 162.º, pode requerer, no prazo que for fixado na respectiva
notificação, que lhe seja aplicado o regime de apuramento trimestral do rendimento relevante,
ficando sujeito à obrigação declarativa trimestral a partir de Janeiro.

O trabalhador independente abrangido pelo regime de contabilidade organizada que não opte
pelo regime da declaração trimestral não pode escolher que lhe seja fixado um rendimento superior
ou inferior até 25% àquele que resultar do valor declarado como lucro tributável, nos termos dos arts.
151.º-A e 164.º do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 370
Página do manual

Nos termos do art. 57.º-C do Decreto-Regulamentar n.º 1 A/2011, de 3 de Janeiro na sua


redacção actual, exercida a opção nos termos do n.º 3 do artigo 164.º do Código, o trabalhador deve
efectuar a primeira declaração trimestral em janeiro, relativa aos rendimentos obtidos no último
trimestre do ano civil anterior, para efeitos de determinação do rendimento relevante a considerar no
primeiro trimestre.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 371
Página do manual

8.6.4. Base de incidência contributiva antecipada ou em situações especiais

Nos termos do art. 165.º, n.º 1 do CRCSPSS, no início da produção de efeitos do enquadramento
e até à primeira declaração trimestral é fixada, como base de incidência contributiva, o rendimento
relevante com base na contribuição de 20,00€;

De acordo com o art. 165.º, n.º 4 do CRCSPSS, os trabalhadores independentes que vão exercer a
respectiva actividade em país estrangeiro e que optem por manter o seu enquadramento no regime
geral dos trabalhadores independentes, mantêm a última base de incidência fixada, nos casos em
que os rendimentos de trabalho independente não sejam declarados em Portugal.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 372
Página do manual

8.6.5. Revisão anual da base de incidência

Nos termos do disposto no art. 164.º-A do CRCSPSS, os serviços da segurança social procedem,
anualmente, à revisão das declarações relativas ao ano anterior com base na comunicação de
rendimentos efetuada pela administração fiscal e notificam o trabalhador independente das
diferenças apuradas:

• O valor da diferença decorrente da revisão anual da base de incidência contributiva


determina o apuramento de obrigação contributiva no mês de janeiro do ano seguinte àquele
a que os rendimentos dizem respeito e é considerado proporcionalmente na carreira
contributiva do trabalhador relativamente à totalidade do ano a que respeitam.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 373
Página do manual

Apenas releva para efeitos de base de incidência contributiva o montante que exceda o valor de
20,00€, nos termos do art. 163.º do CRCSPSS.

O trabalhador independente é notificado do valor de rendimento relevante resultante da revisão


designadamente para efeitos de audiência dos interessados, nos termos do Código do Procedimento
Administrativo.

O exercício de resposta à audiência de interessados prevista no número anterior é efectuado


preferencialmente através do sítio da Internet da segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 374
Página do manual

O registo de remunerações e dos tempos de trabalho dos trabalhadores independentes é


correspondente ao montante das contribuições pagas:

• O registo de remunerações dos trabalhadores independentes correspondente a correcções ou


comunicações de rendimentos efectuadas em data posterior ao período a que respeitam é
efectuado por referência ao ano e mês a que se reportam.

• O registo de remunerações resultante da revisão anual é efectuado por referência ao ano a


que respeitam.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 375
Página do manual

O valor da diferença decorrente da revisão anual da base de incidência contributiva determina o


apuramento de obrigação contributiva no mês de janeiro do ano seguinte àquele a que os
rendimentos dizem respeito e é considerado proporcionalmente na carreira contributiva do
trabalhador relativamente à totalidade do ano a que respeitam, nos termos do art. 62.º-A do
Decreto-Regulamentar n.º 1 A/2011, de 3 de Janeiro na sua redacção actual

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 376
Página do manual

8.7. Taxas contributivas

As taxas contributivas a incidir sobre a Base de Incidência Contributiva, nos termos do art. 168.º
do CRCSPSS serão:

Taxa
Tipo de actividade
Contributiva
Trabalhadores independentes e respetivos cônjuges
Trabalhadores independentes que sejam produtores agrícolas e 21,4%
respetivos cônjuges
Empresários em nome individual e dos titulares de
estabelecimento individual de responsabilidade limitada, e 25,2%
respetivos cônjuges

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 377
Página do manual

8.8. Âmbito material da protecção social

De acordo com o art. 141.º, n.º 1 do CRCSPSS, os trabalhadores independentes têm direito a
protecção na doença, parentalidade, doenças profissionais, invalidez, velhice e morte.

Por sua vez, face ao disposto no art. 141.º, n.ºs 2 e 3 do CRCSPSS, os trabalhadores
independentes que sejam empresários em nome individual ou titulares de estabelecimento
individual de responsabilidade limitada e os trabalhadores independentes economicamente
dependentes também têm direito à protecção no desemprego.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 378
Página do manual

8.8.1. Direito aos subsídios no âmbito da parentalidade

Os trabalhadores independentes têm direito aos subsídios no âmbito de parentalidade a partir


do primeiro dia de impedimento para o trabalho, desde que estejam reunidas as condições de
concessão.

Durante o período de concessão dos subsídios do âmbito da parentalidade os trabalhadores não


estão obrigados ao pagamento das respectivas contribuições

A protecção na parentalidade inclui:

• Subsídio por risco clínico durante a gravidez;

• Subsídio por interrupção da gravidez;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 379
Página do manual

• Subsídio parental;

• Subsídio parental alargado;

• Subsídio por adoção;

• Subsídio por riscos específicos;

• Subsídio para assistência a filho;

• Subsídio para assistência a filho com deficiência ou doença crónica;

• Subsídio para assistência a neto.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 380
Página do manual

8.8.2. Direito ao subsídio de desemprego

Têm direito à protecção no desemprego os trabalhadores independentes que sejam:

• Empresários em nome individual com rendimentos decorrentes do exercício em exclusivo de


qualquer actividade comercial ou industrial, bem como os seus cônjuges – art. 141.º, n.º 3
do CRCSPSS;

• Titulares de estabelecimento individual de responsabilidade limitada, bem como os seus


cônjuges que com eles exerçam efetiva atividade profissional comercial ou industrial com
caráter de regularidade e permanência – art. 141.º, n.º 3 do CRCSPSS;

• Trabalhadores independentes economicamente dependentes, ou seja, os trabalhadores


independentes que obtenham de uma única entidade contratante mais de 50% do valor
total dos seus rendimentos no mesmo ano civil, resultantes da atividade independente que
determinem a constituição de obrigação contributiva da entidade contratante – art. 141.º.
n.º 2 do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 381
Página do manual

8.8.4. Condição geral de pagamento das prestações de desemprego (subsídio por cessação de
actividade), doença e parentalidade a trabalhadores independentes

Através da alteração efectuada pela Lei n.º 2/2020, de 31 de Março, com entrada em vigor em 1
de Abril de 2020, ao art. 217.º do CRCSPSS, é condição geral do pagamento das prestações aos
trabalhadores independentes e aos beneficiários do seguro social voluntário que os mesmos tenham
a sua situação contributiva regularizada na data em que é reconhecido o direito à prestação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 382
Página do manual

A não verificação do disposto no n.º 1 determina a suspensão do pagamento das prestações a


partir da data em que as mesmas sejam devidas.

Os trabalhadores independentes que acumulem actividade profissional por conta outrem e se


encontrem isentos de contribuir relativamente ao rendimento relevante mensal médio apurado
trimestralmente de montante inferior a 4 vezes o IAS, ou seja, 1.755,24€, quando ultrapassem esse
valor, têm de pagar o valor da contribuição apurado pelo remanescente, no entanto, esse valor
apenas releva para determinação da remuneração de referência nas eventualidades de invalidez,
velhice e morte, nos termos do artigo 283.º-A do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 383
Página do manual

Nos termos do art. 142.º do CRCSPSS, nas situações de cessação ou suspensão do exercício de
actividade de trabalho independente, nos termos previstos no presente código, há lugar à
manutenção do direito à protecção nas eventualidades de doença e de parentalidade, nos termos da
legislação ao abrigo da qual o mesmo foi reconhecido.

O n.º 2 ressalva que a cessação ou suspensão do exercício de actividade não prejudica o direito à
protecção na eventualidade de parentalidade desde que se encontrem satisfeitas as respectivas
condições de atribuição.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 384
Página do manual

8.9. Exemplos

Exemplo 1

Marta, arquitecta, teve num determinado período declarativo rendimentos de prestação de


serviços no valor de 12.000,00€.
Prestação de Serviços (no trimestre) 12.000,00€
Rendimento Relevante 12.000,00€ x 70% = 8.400,00€
BIC -1/3 do RR 8.400 / 3 = 2..800,00€
Taxa % 21,4%
Cálculo 2.800,00€
Contribuição a Pagar 599,20€

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 385
Página do manual

Exemplo 2

Na declaração trimestral, Marta pode optar pela fixação de um rendimento inferior até 25%
àquele que resultar dos valores declarados.

Prestação de Serviços (no trimestre) 12.000,00 €


Desconto 12.000,00€ - 25%= 9.000,00
Rendimento Relevante 9.000,00€ x 70% = 6.300,00
BIC-1/3 do RR 6.300 / 3 =2.100,00
Taxa % 21,4%
Cálculo 2.100,00 € X 21, 4%
Contribuição a Pagar 449,40 €

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 386
Página do manual

Exemplo 3

Na declaração trimestral, Marta pode optar pela fixação de um rendimento superior até 25%
àquele que resultar dos valores declarados.

Prestação de Serviços (no trimestre) 12.000,00€


Aumento 12.000,00 + 25% = 15.000,00
Rendimento Relevante 15.000,00 X 70%=10.500, 00
BIC -1/3 do RR 10.500,00/3=3.500, 00
Taxa % 21,4 %
Cálculo 3.500, 00 € x 21,4%
Contribuição a Pagar 749, 00 €

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 387
Página do manual

Exemplo 4

No primeiro trimestre do ano, Luísa apenas obteve rendimentos no valor de 300,00€.


Prestação de Serviços (no trimestre) 300,00
Rendimento Relevante 300,00 x 70%= 210,00
BIC - 1/3 do RR 210,00 / 3 = 70,00
Taxa % 21,4%
Cálculo 70,00 x 21,4%= 14,98
Contribuição a Pagar 20,00€
Quando se verifique a inexistência de rendimentos ou o valor das contribuições devidas por
força do rendimento relevante apurado seja inferior a € 20,00, é fixada a base de incidência que
corresponda ao montante de contribuições naquele valor.

Assim, Luísa pagará 20,00€ por mês no trimestre seguinte ao período declarado.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 388
Página do manual

Exemplo 5

A Carla, proprietária de uma farmácia, tem uma declaração trimestral de 6.000,00 relativa à
venda de bens.

Vendas (no trimestre) 6.000,00€


Rendimento Relevante 6.000,00€ x 20% =1.200,00€
BIC - 1/3 do RR 1.200,00€ / 3 = 400,00€
Taxa % 25,2%
Cálculo 400,00€ x 25,2%
Contribuição a Pagar 100,80€

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 389
Página do manual

Exemplo 6

Lara, esteticista, tem uma declaração trimestral de 6.000,00€ relativa à prestação de serviços e
de 3.000,00€ referente à venda de bens, não tendo exercido o direito de opção previsto no art. 164.º
do CRCSPSS.

Vendas (no trimestre) 3.000,00€

Prestação de Serviços (no trimestre) 6.000,00€


6.000,00 x 70% = 4.200,00€ + 3.000,00€ x 20%=600.00
Rendimento Relevante
4.800,00€
BIC - 1/3 do RR 4.800,00 / 3= 1600,00€
Taxa % 21,4%
Cálculo 1.600,00€ x 21,4%
Contribuição a Pagar 342,40€
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 390
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Exemplo 7

O Pedro é trabalhador por conta de outrem, recebendo um salário no valor de 1.500,00€ e


simultaneamente trabalhador independente.

Auferiu, a título de prestação de serviços, em Janeiro 5.000,00€, Fevereiro 10.000,00€ e Março


6.000,00€, num total de 21.000,00€ no trimestre.
Prestação de Serviços (no trimestre) 21.000,00€
Rendimento Relevante 21.000,00€ x 70% =14.700,00€
BIC -1/3 do RR 14.700,00€ / 3 = 4.900,00€
Valor que ultrapassa o limite do art. nº 4.900,00€ - 1.755,24€ = 3.144,76€
4 do art. 163º (4 x IAS =1.755,24)
Taxa % 21,4%
Cálculo 3.144, 76€ x 21,4%
Contribuição a Pagar 672, 98€

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 391
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Pedro perdeu o direito à isenção total do valor, pois o seu RR mensal médio, apurado
trimestralmente, ultrapassou montante 4 vezes o valor do IAS (1.755,24€), tendo de pagar o valor da
contribuição apurado pelo remanescente.

No entanto, esse valor apenas releva para determinação da remuneração de referência nas
eventualidades de invalidez, velhice e morte, nos termos do artigo 283.º-A do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 392
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Exemplo 8

A Carla, proprietária de uma farmácia, que tem contabilidade organizada, obteve como lucro
tributável o valor de 30.000,00€.

A sua base de incidência contributiva mensal será 30.000,00€ / 12, ou seja, 2.500,00€ por mês,
sobre a qual se aplicará a respectiva taxa contributiva.

Em resumo, Carla pagará por mês a contribuição de 630,00€ (ou seja, 2.500,00€ x 25,2%).

Lucro tributável (ano civil anterior) 30.000,00€


BIC - duódécimo do lucro tributável 30.000,00€ / 12 =2.500,00€
Taxa % 25,2%
Cálculo 2.500,00€ X 25,2%
Contribuição a Pagar 630,00€

(*) A base de incidência mensal corresponde ao duodécimo do lucro tributável, com o limite
mínimo 1,5 IAS (658,22€).
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 393
Página do manual

9. REGIME DE SEGURO SOCIAL VOLUNTÁRIO

9.1. Âmbito de Aplicação

9.1.1. Âmbito Pessoal

Podem enquadrar-se no regime de seguro social voluntário os cidadãos nacionais, maiores,


considerados aptos para o trabalho e que não estejam abrangidos por regime obrigatório de
protecção social ou que, estando, os mesmos não relevem no âmbito do sistema de segurança social
português.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 394
Página do manual

Os cidadãos nacionais que exerçam actividade profissional em território estrangeiro e que não
estejam abrangidos por instrumento internacional a que Portugal se encontre vinculado podem
igualmente enquadrar-se neste regime.

Podem ainda enquadrar-se neste regime os estrangeiros ou apátridas, residentes em Portugal há


mais de um ano, que se encontrem nas restantes condições estabelecidas no n.º 1.

Este regime tem a sua fonte no n.º 2 do art. 51.º da Lei n.º 4/2007, de 16 de Janeiro ao dispor
que “As pessoas que não exerçam actividade profissional ou que, exercendo-a, não sejam por esse
facto, enquadradas obrigatoriamente nos termos do número anterior, podem aderir à protecção
social definida no presente capítulo, nas condições previstas na lei”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 395
Página do manual

Por sua vez, o art. 53.º da mesma lei determina que “O sistema previdencial abrange o regime
geral de segurança social aplicável à generalidade dos trabalhadores por conta de outrem e aos
trabalhadores independentes, os regimes especiais, bem como os regimes de inscrição facultativa
abrangidos pelo n.º 2 do artigo 51.º”.

O n.º 2 remete-nos para a Directiva n.º 96/71/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de


16/12/1996, Portaria n.º 64/93, de 5/03, Portaria n.º 224/96, de 24/06 e arts. 6.º e 8.º do Código do
Trabalho de 2009.

Conforme flui do exposto, trata-se de um regime especial de protecção de carácter voluntário,


por isso sendo denominado de “seguro social voluntário”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 396
Página do manual

9.1.2. Requerimento de adesão ao seguro social voluntário

Para efeitos de adesão ao seguro social voluntário o interessado apresenta requerimento em


formulário de modelo próprio junto da instituição de segurança social competente ou no sítio da
Internet da segurança social – REV.1007-DGSS.

No caso de voluntários sociais o requerimento previsto no número anterior é efetuado em


conjunto com a entidade que beneficia da atividade, sendo por esta apresentado.

O requerimento deve conter os elementos necessários à inscrição e enquadramento.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 397
Página do manual

Os cidadãos nacionais residentes em território estrangeiro podem escolher, no momento do


requerimento, a instituição de segurança social pela qual pretendem ficar abrangidos.

Caso o requerente não se encontre identificado no sistema de segurança social, é-lhe


oficiosamente atribuído um NISS com base nos elementos referidos no requerimento, constantes dos
documentos de identificação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 398
Página do manual

9.1.3. Prazo para apreciação do requerimento

No prazo de 30 dias a contar da apresentação do requerimento devidamente instruído, a


instituição de segurança social deve proceder à sua apreciação.

A decisão que recair sobre o requerimento é comunicada ao interessado e, quando este for
voluntário social, também à instituição que beneficia da actividade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 399
Página do manual

O requerimento de adesão ao seguro social voluntário deve ser ainda instruído com os seguintes
documentos:

a) Declaração, sob compromisso de honra, de que o requerente não se encontra abrangido por
regime obrigatório de protecção social ou de que, encontrando-se, não seja o mesmo
relevante;

b) Certificação médica comprovativa de que o interessado se encontra apto para o trabalho.

A verificação do tempo de residência previsto no n.º 3 do artigo 169.º do Código é feita por troca
de informação com o Serviço de Estrangeiros e Fronteiras.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 400
Página do manual

9.1.4. Declaração de cidadãos nacionais residentes no estrangeiro

Os cidadãos nacionais residentes no estrangeiro devem ainda apresentar, com o requerimento,


declaração relativa a uma das seguintes situações:

a) Não exercício de actividade profissional;

b) Exercício de actividade profissional no território do Estado de residência relativamente ao


qual não vigore instrumento internacional que vincule o Estado Português;

c) Exercício de actividade profissional no território do Estado de residência relativamente ao


qual vigore instrumento internacional que vincule o Estado Português, mas que não abranja
a actividade em causa.

A declaração referida no número anterior deve ser autenticada pela rede consular portuguesa
que abranja o interessado ou, não existindo serviços consulares, pela embaixada respectiva.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 401
Página do manual

9.1.5. Certificação de aptidão para o trabalho

A certificação da aptidão para o trabalho dos requerentes é realizada por médicos dos serviços
competentes do Serviço Nacional de Saúde.

São considerados serviços competentes do SNS os centros de saúde e os hospitais, com


excepção dos serviços de urgência.

A certificação da aptidão para o trabalho dos cidadãos nacionais que residam em território
estrangeiro é efectuada por declaração do médico assistente do interessado, autenticada pela rede
consular portuguesa ou, não existindo serviços consulares, por instituição pública de saúde do país
de residência.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 402
Página do manual

Sempre que se suscitem dúvidas sobre a aptidão para o trabalho do requerente, deve a
instituição de segurança social competente determinar a realização de exame no âmbito do sistema
de verificação de incapacidades.

A certificação consta de relatório devidamente fundamentado e deve expressar, em termos


inequívocos, a aptidão ou não aptidão do requerente para o trabalho.

Nos casos em que o requerente apresente situação clínica incapacitante, mas que não
determine inaptidão para o trabalho, deve a mesma constar especificamente da certificação do
médico assistente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 403
Página do manual

As despesas decorrentes da certificação da aptidão para o trabalho são da responsabilidade do


interessado.

A prova do exercício da actividade dos trabalhadores em navios de empresas estrangeiras é feita


mediante a apresentação de cópia do contrato de trabalho celebrado com o armador estrangeiro
devidamente autenticada.

Para efeitos do disposto na alínea b) do artigo 9.º da Portaria n.º 66/2011, de 4 de Fevereiro é
conferido idêntico valor à declaração emitida no âmbito da inspecção médica pelas capitanias dos
portos como condição de autorização para embarque dos trabalhadores ao serviço de navios
estrangeiros.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 404
Página do manual

A prova da actividade dos voluntários é feita por declaração das entidades que beneficiam da
mesma.

A prova da actividade dos bolseiros de investigação é feita por declaração comprovativa do


estatuto de bolseiro emitido pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

A prova da actividade dos praticantes desportivos de alto rendimento é feita por declaração
comprovativa do Instituto do Desporto.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 405
Página do manual

9.1.6. Situações especiais abrangidas

Podem enquadrar-se no seguro social voluntário os seguintes trabalhadores:

Os trabalhadores marítimos e os vigias, nacionais, que se encontrem a exercer actividade


profissional em navios de empresas estrangeiras;

Os trabalhadores marítimos nacionais que exerçam actividade a bordo de navios de empresas


comuns de pesca constituídas ao abrigo dos Decretos-Leis n.ºs 1/81, de 7 de Janeiro, e 193/84, de 11
de Junho;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 406
Página do manual

Podem ainda enquadrar-se no seguro social voluntário as pessoas que integrem grupos de
actividades específicos que, de acordo com os respectivos estatutos, prevejam a inscrição no regime,
designadamente:

Os voluntários sociais que de forma organizada exerçam actividade de tipo profissional não
remunerada em favor de instituições particulares de solidariedade social e de entidades detentoras
de corpos de bombeiros, nomeadamente os bombeiros voluntários;

Os bolseiros de investigação que reúnam as condições definidas no Estatuto do Bolseiro de


Investigação e não se encontrem enquadradas em regime de protecção social obrigatório;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 407
Página do manual

Os agentes da cooperação que, reunindo as condições definidas no respectivo estatuto, se


obriguem, mediante contrato, a prestar serviço no quadro das relações do cooperante, de que não
resulte o seu enquadramento em regime de protecção social obrigatório de outro país;

Os praticantes desportivos de alto rendimento;

Os cuidadores informais principais.

A definição dos requisitos específicos de enquadramento relativos a cada grupo de situações


especiais é objecto de legislação própria.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 408
Página do manual

Quanto aos trabalhadores marítimos e vigias, referidos, que se encontrem a exercer actividade
em navios de empresas estrangeiras, remete-se para as Bases XII e seguintes da Portaria de
Regulamentação de Trabalho dos Vigias da Marinha Mercante, publicada no Boletim n.º 37, do
Ministério do Trabalho e Segurança Social, de 8 de Outubro de 1975.

Quanto aos aludidos voluntários sociais, remete-se para a Lei n.º 71/98, de 3 de Novembro, em
especial para os artigos 6.º a 12.º do Decreto-Lei n.º 389/99, de 30 de Setembro – que a
regulamenta, procedendo a definição em geral do regime do voluntariado social.

Quanto ao regime dos Bombeiros Voluntários merecem realce os artigos 12.º a 18.º do Decreto-
Lei n.º 241/2007, de 21 de Junho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 409
Página do manual

Quanto aos bolseiros de investigação, remete-se para a Lei n.º 40/2004, de 18 de Agosto (artigos
9.º a 11.º).

Quanto aos agentes da cooperação, remete-se para a Lei n.º 13/2004, de 14 de Abril (artigos
17.º e 28.º) que estabelece o enquadramento jurídico do agente da cooperação portuguesa e define
o respectivo estatuto jurídico.

Quanto aos praticantes desportivos, remete-se para o Decreto-Lei n.º 272/2009, de 1 de


Outubro (artigo 40.º).

Quanto aos cuidadores informais, remete-se para a Lei n.º 100/2019, de 6 de Setembro (artigo
20.º do Estatuto do Cuidador Informal).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 410
Página do manual

9.1.7. Pessoas Excluídas

São excluídos do regime os pensionistas de invalidez e de velhice.

Os pensionistas de invalidez e de velhice estão abrangidos por um regime de protecção social


que, à luz do preceituado no n.º 1 do art. 169.º já não lhes permite enquadrarem-se no regime de
seguro social voluntário, isto, sem prejuízo do pagamento voluntário de contribuições, previsto nos
arts. 249.º a 253.º, nomeadamente para efeitos de acréscimo da pensão nos termos do art. 36.º, n.º
6, do Decreto-lei n.º 187/2007, de 10 de Maio.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 411
Página do manual

9.1.8. Âmbito material

A protecção social conferida pelo regime do seguro social voluntário integra a protecção nas
eventualidades de invalidez, velhice e morte.

O âmbito material de protecção dos beneficiários abrangidos pelas situações especiais a que se
refere o n.º 1 do artigo 170.º integra ainda as eventualidades de doença, doenças profissionais e
parentalidade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 412
Página do manual

O âmbito material de protecção dos beneficiários abrangidos pelas situações especiais a que se
refere o n.º 2 do artigo 170.º, com excepção da alínea e), pode ainda integrar, nos termos previstos
em legislação própria:

a) As eventualidades de doença, doenças profissionais, parentalidade;

b) Doenças profissionais.

O âmbito material de protecção dos beneficiários abrangidos pela situação especial a que se
refere a alínea e) do n.º 2 do artigo 170.º integra as eventualidades previstas no n.º 1, do art. 172.º
do Código.

O âmbito material do seguro voluntário social é manifestamente restrito: invalidez, velhice e


morte.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 413
Página do manual

Os trabalhadores identificados nas alíneas a) e b) do n.º 1 do art. 170.º do Código têm o seu
âmbito material mais alargado: além da invalidez, velhice e morte integra ainda as eventualidades de
doença, doenças profissionais e parentalidade.

Os trabalhadores abrangidos pelo n.º 2.º do art. 170.º, com excepção dos cuidadores informais
principais, podem ainda, integrar, nos termos previstos em legislação própria, além da invalidez,
velhice e morte:

a) As eventualidades de doença, doenças profissionais e parentalidade;

b) Doenças profissionais.

Os cuidadores informais principais têm o seu âmbito material reduzido às eventualidades de


invalidez, velhice e morte.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 414
Página do manual

9.2. Relação Jurídica de Vinculação

9.2.1 Inscrição e enquadramento

O enquadramento no regime depende da manifestação de vontade do interessado através da


apresentação de requerimento próprio, conforme referido.

Com o primeiro enquadramento procedem os serviços competentes, quando necessário, à


inscrição do beneficiário no sistema previdencial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 415
Página do manual

No caso dos voluntários sociais, o enquadramento depende ainda da manifestação de vontade


das entidades que beneficiam da actividade voluntária, cabendo-lhes a apresentação do
requerimento do interessado.

O deferimento do requerimento determina o enquadramento no regime de seguro social


voluntário reportando-se os seus efeitos ao dia 1 do mês seguinte ao da apresentação do
requerimento.

Porque se trata de um enquadramento não obrigatório, o mesmo está dependente de vontade


do interessado que a deve manifestar através de requerimento próprio.

Os elementos e meios de prova necessários à inscrição no sistema previdencial são os seguintes:

• a entrega do requerimento do interessado é feito, pelo beneficiário da actividade, através


do modelo Rev.1007-DGSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 416
Página do manual

9.2.2. Cessação do enquadramento

O beneficiário pode a todo o tempo requerer a cessação do enquadramento neste regime.

A falta de pagamento atempado de contribuições faz presumir a vontade de fazer cessar o


enquadramento, salvo se o mesmo pagamento for retomado antes de decorrido o prazo de um ano.

O enquadramento cessa, ainda, se o beneficiário passar a estar abrangido por regime obrigatório
de protecção social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 417
Página do manual

Estas, várias formas através das quais pode cessar o enquadramento do interessado neste
regime.

O n.º 2 do artigo 174.º do Código faz presumir a vontade de o interessado fazer cessar o seu
enquadramento no regime.

A passagem do interessado a um enquadramento obrigatório faz cessar o enquadramento no


seguro social voluntário.

As entidades que beneficiam da actividade voluntária dos voluntários sociais devem indicar
mensalmente às instituições competentes os voluntários que deixaram de exercer a actividade de
voluntariado.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 418
Página do manual

9.2.3. Produção de efeitos da cessação do enquadramento

A cessação do enquadramento produz efeitos a partir do mês em que foi apresentado o


respectivo requerimento ou, na falta deste, a partir do mês seguinte àquele a que se reporta a última
contribuição paga.

Enquanto o artigo 174.º do Código identifica o modo porque pode cessar o enquadramento no
regime do seguro social voluntário, o artigo 175.º identifica-nos a data de produção de efeitos.

A cessação da obrigação contributiva está comtemplada no art. 179.º do Código, produzindo


efeitos a partir do mês seguinte àquele em que o beneficiário o tenha requerido, sendo certo que a
falta de pagamento das contribuições, por período igual ou superior a um ano, faz cessar a obrigação
contributiva a partir do mês seguinte ao do último pagamento.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 419
Página do manual

9.3. Relação Jurídica Contributiva

9.3.1. Obrigação contributiva

Os beneficiários do regime de seguro social voluntário estão sujeitos ao pagamento de


contribuições nos termos regulados no respectivo regime.

De acordo com o disposto no n.º 2, do art. 11.º do Código do Regime Contributivo “As
contribuições são da responsabilidade das entidades empregadoras, dos trabalhadores
independentes, das entidades contratantes e dos beneficiários do seguro social voluntário, consoante
os casos, e as quotizações são da responsabilidade dos trabalhadores, nos termos previstos no
presente código”.

Os princípios orientadores para a determinação do montante das quotizações e das


contribuições encontram-se enunciados no art. 57.º da Lei n.º 4/2007, de 16 de Janeiro.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 420
Página do manual

9.3.2. Responsabilidade pelo cumprimento da obrigação contributiva

Os beneficiários do regime do seguro social voluntário são os responsáveis pelo pagamento da


respectiva contribuição.

O pagamento das contribuições é efectuado nos termos definidos para os trabalhadores


independentes, até ao dia 20 do mês seguinte àquele a que diga respeito, sem prejuízo do disposto
no artigo seguinte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 421
Página do manual

O pagamento, pelos contribuintes, dos valores devidos a título de contribuições, quotizações ou


juros de mora, bem como de valores constantes de documentos previamente emitidos para esse
efeito, é efectuado, designadamente:

a) Nas instituições de crédito ou outros prestadores de serviços financeiros que, para o efeito,
celebrem acordo com o Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I. P.;

b) Nas tesourarias das instituições de segurança social de acordo com as condições fixadas,
periodicamente, por despacho do membro do Governo responsável pela área da segurança
social;

c) Por remessa de meio de pagamento pelo correio, sob registo postal, à ordem do Instituto de
Gestão Financeira da Segurança Social, I. P., nos termos a fixar no despacho referido na
alínea anterior.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 422
Página do manual

O pagamento nas instituições de crédito é efectuado por transferência, numerário, cheque do


próprio banco ou através de débito em conta no respectivo banco.

O pagamento nas tesourarias das instituições de segurança social é efectuado em numerário, em


cheque sobre instituições de crédito a operar em território nacional ou por outras formas de
pagamento disponibilizadas.

São definidos por despacho do membro do Governo responsável pela área da segurança social
os limites máximos de pagamento em numerário de valores devidos à Segurança Social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 423
Página do manual

9.3.3. Acumulação de actividade com registo de equivalência à entrada de contribuições

Quando, no decurso do mesmo mês, se verificar, sucessivamente, o exercício de actividade e


situação determinante do registo de remunerações por equivalência à entrada de contribuições, a
obrigação de contribuir reporta-se ao número de dias em que não haja lugar ao registo de
remunerações por equivalência.

Para tais efeitos, o valor diário das contribuições é igual a 1/30 do valor mensal da base de
incidência contributiva do beneficiário.

Quando o prazo de pagamento termina ao sábado, domingo ou feriado, o limite do prazo de


pagamento transfere-se para o primeiro dia útil seguinte de acordo com o disposto no art. 279.º do
Código Civil, para onde remete quer o art. 57.º, n.º 3 da L.G.T. quer o art. 20.º do CPPT, com a
abertura por analogia do art. 21.º, n.º 4 do Decreto Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 424
Página do manual

9.3.4. Retoma do pagamento das contribuições

Nas situações de retoma do pagamento de contribuições referidas no n.º 2 do artigo 174.º do


presente Código, há lugar ao pagamento das contribuições devidas, correspondentes ao período em
causa acrescidos de juros de mora.

Esta situação de retoma do pagamento de contribuições só é possível se ocorrer antes de


decorrido um ano após o último pagamento, pois, caso haja decorrido mais de um ano cessa a
obrigação contributiva nos termos do art. 179.º, com a consequente cessação do enquadramento
conforme já referido.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 425
Página do manual

9.3.5. Cessação da obrigação contributiva

A obrigação contributiva cessa no mês seguinte àquele em que o beneficiário o tenha requerido.

A falta de pagamento das contribuições, por período igual ou superior a um ano, faz cessar a
obrigação contributiva a partir do mês seguinte ao do último pagamento.

A falta de pagamento de contribuições por período igual ou superior a um ano, faz cessar a
obrigação contributiva e o mesmo deixa de ser exigível pela Segurança Social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 426
Página do manual

9.4. Bases de Incidência Contributiva

9.4.1. Base de incidência contributiva

A base de incidência contributiva corresponde a uma remuneração convencional e é escolhida


pelo beneficiário, de acordo com os seguintes escalões, indexados ao valor do IAS (€ 438,81 para o
ano de 2020).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 427
Página do manual

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 428
Página do manual

Os beneficiários que sejam enquadrados no seguro social voluntário com idade igual ou superior
à referida no mapa do anexo I têm como limite da base de incidência o valor correspondente ao 5.º
escalão, sem prejuízo do disposto no artigo 183.º do Código.

A Portaria n.º 27/2020, de 31 de Janeiro, fixou o valor do IAS para o ano de 2020 em € 438,81.

Os beneficiários que, no âmbito do regime geral de segurança dos trabalhadores por conta de
outrem, tenham contribuído por período superior a 12 meses, sobre montantes superiores ao
escalão mais elevado da base de incidência para o regime de seguro social voluntário, podem optar
pelo escalão mais elevado independentemente da idade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 429
Página do manual

Os beneficiários que após cessação de enquadramento no seguro social voluntário tenham


contribuído, por período superior a 12 meses, para um regime obrigatório de segurança social sobre
uma base de incidência contributiva de valor superior à anteriormente considerada no seguro social
voluntário, podem optar por escalão de valor igual ou imediatamente superior ao da base de
incidência contributiva daquele regime ao retomarem o enquadramento no seguro social voluntário,
independentemente da idade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 430
Página do manual

9.4.2. Alteração da base de incidência contributiva

Os beneficiários podem alterar o valor da base de incidência contributiva.

A alteração do valor da base de incidência contributiva é sempre permitida para escalões


inferiores.

A alteração do valor da base de incidência contributiva só é permitida para escalão


imediatamente superior desde que se verifiquem cumulativamente as seguintes condições:

a) Terem sido pagas contribuições em função do mesmo escalão durante pelo menos 12 meses
consecutivos;

b) O beneficiário ter idade inferior à prevista no mapa do anexo I do Código.


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 431
Página do manual

A alteração do valor da base de incidência para escalão imediatamente superior só é possível


desde que o beneficiário tenha pago contribuições para o mesmo escalão durante pelo menos 12
meses consecutivos e ainda ter idade inferior à prevista no anexo do código, ou seja, inferior a 61
anos para 2020. Neste modo de alteração da base de incidência contributiva só é possível subir um
escalão por cada período de 12 meses de pagamento de contribuições.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 432
Página do manual

9.4.3. Base de incidência contributiva após período de cessação de enquadramento

Nos casos em que tenha havido cessação de enquadramento seguido de novo enquadramento,
o escalão da base de incidência contributiva mantém-se igual ao que vigorava anteriormente à
cessação, salvo se o beneficiário optar por outro, verificados os requisitos exigidos para a alteração
do escalão.

O período entre a cessação e o novo enquadramento não é relevante para a contagem do


período de 12 meses a que se refere a alínea a) do n.º 3 do artigo 181.º (ascensão a escalão
superior).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 433
Página do manual

A cessação de enquadramento prevista nos termos do art. 174.º do Código, acarreta que o
beneficiário seja colocado no mesmo escalão em que se encontrava à data da cessação, a não ser que
o mesmo opte por outro, verificados os requisitos exigidos para a alteração de escalão previstos no
art. 183.º do Código.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 434
Página do manual

9.4.4. Base de incidência contributiva em situações especiais

Os beneficiários que, no âmbito do regime geral de segurança social dos trabalhadores por conta
de outrem, tenham contribuído, por período superior a 12 meses, sobre montantes superiores ao
escalão mais elevado da base de incidência para o regime de seguro social voluntário podem optar
pelo escalão mais elevado independentemente da idade.

Os beneficiários que após cessação de enquadramento no seguro social voluntário tenham


contribuído, por período superior a 12 meses, para um regime obrigatório de segurança social sobre
uma base de incidência contributiva de valor superior à anteriormente considerada no seguro social
voluntário, podem optar pelo escalão de valor igual ou imediatamente superior ao da base de
incidência contributiva daquele regime ao retomarem o enquadramento no seguro social voluntário,
independentemente da idade.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 435
Página do manual

9.5. Taxas Contributivas

A taxa contributiva correspondente à cobertura das eventualidades de invalidez, velhice e morte


é de 26,9 %.

A taxa contributiva correspondente à protecção nas eventualidades doença, doenças


profissionais e parentalidade, invalidez, velhice e morte é de 29,6 %.

A taxa contributiva correspondente à cobertura das eventualidades de doença profissional,


invalidez, velhice e morte é de 27,4 %.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 436
Página do manual

A taxa contributiva correspondente à cobertura da eventualidade de doenças profissionais é de


0,5 %.

A taxa contributiva correspondente à proteção do cuidador informal principal é de 21,4 %.

As taxas contributivas estão distribuídas em função do respectivo âmbito material previsto no


art. 172.º do Código, conforme o quadro seguinte:

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 437
Página do manual

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 438
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10. INCUMPRIMENTO DA OBRIGAÇÃO CONTRIBUTIVA

10.1. Disposições Gerais

10.1.1. Dívida à segurança social

Consideram-se dívidas à segurança social, para efeitos do presente Código, todas as dívidas
contraídas perante as instituições do sistema de segurança social pelas pessoas singulares, pelas
pessoas colectivas e outras entidades a estas legalmente equiparadas, designadamente as relativas às
contribuições, quotizações, taxas, incluindo as adicionais, os juros, as coimas e outras sanções
pecuniárias relativas a contra-ordenações, custas e outros encargos legais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 439
Página do manual

10.1.2. Regularização da dívida à segurança social

A dívida à segurança social é regularizada através do seu pagamento voluntário, nos termos
previstos no presente Código, no âmbito da execução cível ou no âmbito da execução fiscal.

O disposto na presente parte é aplicável à regularização da dívida à segurança social, sem


prejuízo das regras aplicáveis no âmbito da execução fiscal.

As dívidas à segurança social de qualquer natureza podem não ser objeto de participação para
execução nas secções de processo da segurança social quando o seu valor acumulado não atinja os
limites estabelecidos anualmente por despacho do membro do Governo responsável pela área da
segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 440
Página do manual

Enumeram-se os seguintes procedimentos para efeito de execução:

a) Cível:

- n.º 3 do art. 786.º do CPC;

- art. 788.º do CPC;

- art.º 80 do Dec. Reg. n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro.

b) Fiscal:

- Dec.-Lei n.º 42/2001, de 9 de Fevereiro e CPPT.

Podem não ser objecto de participação para execução os valores acumulados de € 25,00 ou €
50,00, conforme se trate de dívidas de contra-ordenações ou de outra natureza nos termos do
despacho n.º 2704/2013, de 11 de Fevereiro.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 441
Página do manual

10.1.3. Prescrição da obrigação de pagamento à segurança social

A obrigação do pagamento das contribuições e das quotizações, respectivos juros de mora e


outros valores devidos à segurança social, no âmbito da relação jurídico-contributiva, prescreve no
prazo de cinco anos a contar da data em que aquela obrigação deveria ter sido cumprida.

O prazo de prescrição interrompe-se pela ocorrência de qualquer diligência administrativa


realizada, da qual tenha sido dado conhecimento ao responsável pelo pagamento, conducente à
liquidação ou à cobrança da dívida e pela apresentação de requerimento de procedimento
extrajudicial de conciliação.

O prazo de prescrição suspende-se nos termos previstos no presente Código e na lei geral.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 442
Página do manual

De acordo com o n.º 3 do art. 60.º da lei n.º 4/2007, de 16 de Janeiro “A obrigação do
pagamento das quotizações prescreve no prazo de cinco anos a contar da data em que aquela
obrigação deveria ter sido cumprida.”

Por sua vez, o n.º 4 determina que, “A prescrição interrompe-se por qualquer diligência
administrativa, realizada com conhecimento do responsável pelo pagamento, conducente à
liquidação ou à cobrança da dívida.”

Quanto ao pagamento de contribuições prescritas veja-se o art. 254.º do Código.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 443
Página do manual

De acordo com o disposto no art. 326.º do Código Civil:

“1 - A interrupção inutiliza para a prescrição todo o tempo decorrido anteriormente, começando


a correr novo prazo a partir do acto interruptivo, …

2 - A nova prescrição está sujeita ao prazo da prescrição primitiva, …”

A prescrição para ser eficaz necessita de ser invocada, judicial ou extrajudicialmente, por aquele
a quem aproveita.

Completada a prescrição tem o beneficiário a faculdade de recusar o cumprimento da prestação


ou de se opor, por qualquer modo, ao exercício do direito prescrito.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 444
Página do manual

Na suspensão da prescrição a contagem do prazo pára e depois quando recomeça, continua


onde terminou.

Como exemplo deste caso temos o art. 189.º do Código ao prever o pagamento da dívida de
contribuições, ao estipular no seu n.º 2 que o prazo de prescrição das dívidas suspende-se durante o
período de pagamento em prestações.

Cfr. o n.º 4, alíneas b), c) e d) e n.º 5 do art. 49.º da L.G.T.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 445
Página do manual

10.2. Causas de Extinção da Dívida

10.2.1. Causas de extinção da dívida

A dívida à segurança social extingue-se nos termos previstos no presente Código, sem prejuízo
das regras aplicáveis ao processo de execução fiscal:

• Pelo respectivo pagamento;

• Pela dação em pagamento;

• Por compensação de créditos;

• Por retenção de valores por entidades públicas;

• Por conversão em participações sociais;

• Pela alienação de créditos.


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 446
Página do manual

10.2.2. Pagamento em prestações

O diferimento do pagamento da dívida à segurança social, incluindo os créditos por juros de


mora vencidos e vincendos, assume a forma de pagamento em prestações.

O prazo de prescrição das dívidas suspende-se durante o período de pagamento em prestações.

Para efeitos do disposto nos artigos 188.º e 189.º do Código, quando, por força da renovação da
execução extinta, prevista no artigo 850.º do Código de Processo Civil, as instituições de segurança
social passem a assumir a posição de exequente, o Instituto de Gestão Financeira da Segurança
Social, I. P., pode autorizar a regularização da dívida através de acordo prestacional, para efeitos do
disposto nos artigos 806.º e seguintes do Código de Processo Civil.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 447
Página do manual

O acordo prestacional previsto no número anterior é autorizado nos mesmos termos em que são
autorizados os acordos prestacionais no âmbito das execuções fiscais que correm termos pelas
secções de processo executivo do sistema de solidariedade e segurança social.

O diferimento do pagamento da dívida à segurança social, incluindo os créditos por juros de


mora vencidos e vincendos, assume a forma de pagamento em prestações mensais, iguais e
sucessivas, com o limite máximo de 150.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 448
Página do manual

O número de prestações autorizado para o pagamento depende:

a) Da capacidade financeira do contribuinte;

b) Do risco financeiro envolvido;

c) Das circunstâncias determinantes da origem das dívidas;

d) Do grau de liquidez da garantia.

A taxa de juros vincendos a aplicar no âmbito de pagamentos prestacionais autorizados pode ser
reduzida em função da idoneidade da garantia.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 449
Página do manual

Excepcionalmente, quando tal se mostre indispensável à recuperação económica do


contribuinte, pode ser autorizada a progressividade do valor das prestações.

O pagamento de cada prestação é efetuado até ao final do mês a que diz respeito.

De acordo com o art. 13.º do Decreto-Lei n.º 42/2001, de 9 de Fevereiro:

1 - Os pedidos de pagamentos em prestações são dirigidos ao coordenador da secção de


processo executivo do Instituto de Gestão Financeira da Segurança da Social, I.P. onde corre o
processo.

2 - O pagamento em prestações pode ser autorizado desde que se verifique que o executado,
pela sua situação económica, não pode solver a dívida de uma só vez, não devendo o número das
prestações exceder 36.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 450
Página do manual

3 - O número de prestações referido no número anterior pode ser alargado até 60, se a dívida
exequenda exceder 50 unidades de conta no momento da autorização ou, independentemente do
valor da dívida exequenda, no caso de pessoas singulares.

4 – O número de previstas no n.º 2 pode ser alargado até 150 desde que, cumulativamente, se
verifiquem as seguintes condições:

a) A dívida exequenda exceda 500 unidades de conta no momento da autorização;

b) O executado preste garantia idónea ou requeira a sua isenção e a mesma seja concedida;

c) Se demonstre notória dificuldade financeira e previsíveis consequências económicas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 451
Página do manual

5 - Para as pessoas singulares, o número de prestações previstas no n.º 2 pode ser alargado até
150, desde que, cumulativamente, se verifiquem as seguintes condições:

a) A dívida exequenda exceda 50 unidades de conta no momento da autorização;

b) O executado preste garantia idónea ou requeira a sua isenção e a mesma seja concedida.

6 – Para efeitos do disposto nos números anteriores, a fixação do número de prestações a


autorizar não está condicionada a um limite mínimo de pagamento.

A fixação do número de prestações a autorizar não está condicionada a um limite mínimo de


pagamento.

Sem prejuízo do andamento do processo, podem os executados efectuar pagamentos de


qualquer montante por conta do débito, solicitando para o efeito, junto das entidades competentes,
o documento único de cobrança.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 452
Página do manual

10.2.3. Pagamento em prestações e o regime de estado de emergência provocado pelo Covid-


19

A Lei do Orçamento de Estado para 2021 aprovou um regime excepcional de pagamento em


prestações para dívidas de contribuições à segurança social que não se encontrem em fase de
processo executivo, que foi regulamentado pela Portaria n.º 80/2021, de 7-4.

O Decreto-Lei n.º 24/2021, de 26 de Março, estabeleceu um regime excepcional e temporário de


cumprimento de obrigações fiscais e contribuições sociais, no âmbito da pandemia da doença COVID
-19.

Também o Decreto-Lei n.º 24/2021, de 26 de Março, estabeleceu um regime excepcional e 453


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021
Página do manual

10.2.4. Situações excepcionais para a regularização da dívida

A autorização do pagamento prestacional de dívida à segurança social, a isenção ou redução dos


respetivos juros vencidos e vincendos, só é permitida nos termos do art. 190.º, sem prejuízo do
disposto no artigo 191.º e das regras aplicáveis ao processo de execução fiscal.

As condições excepcionais previstas no número anterior só podem ser autorizadas quando,


cumulativamente, sejam requeridas pelo contribuinte, sejam indispensáveis para a viabilidade
económica deste e desde que o contribuinte se encontre numa das seguintes situações:

a) Processo de insolvência, de recuperação ou de revitalização;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 454
Página do manual

b) Procedimento extrajudicial de conciliação;

c) Contratos de consolidação financeira e ou de reestruturação empresarial, conforme se


encontram definidos no Decreto-Lei n.º 81/98, de 2 de Abril;

d) Contratos de aquisição, total ou parcial, do capital social de uma empresa por parte de
quadros técnicos, ou por trabalhadores, que tenham por finalidade a sua revitalização e
modernização.

Para efeitos do disposto no número anterior, o incumprimento do pagamento das contribuições


mensais desde a data de entrada do requerimento constitui indício da inviabilidade económica do
contribuinte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 455
Página do manual

Pode ainda ser autorizado o pagamento em prestações por pessoas singulares, desde que se
verifique que estas, pela sua situação económica, não podem solver a dívida de uma só vez.

As instituições de segurança social competentes podem exigir complementarmente ao


contribuinte, e a expensas deste, a realização de auditorias, estudos e avaliações por entidades que
considere idóneas, sempre que tal se revele necessário para a análise da proposta de regularização.

Sem prejuízo das competências próprias das instituições de segurança social nas Regiões
Autónomas, a autorização a que se refere o n.º 1 do presente artigo é concedida por deliberação do
conselho directivo do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I. P. (IGFSS, I. P.).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 456
Página do manual

Sem prejuízo do previsto no número anterior, o Instituto da Segurança Social, I. P. (ISS, I. P.), no
âmbito da sua atribuição de assegurar o cumprimento das obrigações contributivas, pode celebrar
acordos de regularização voluntária de dívida, nos termos definidos em decreto-lei, nos seguintes
casos:

a) Quando a dívida se reporte a períodos limitados e não se encontre participada para efeitos
de execução fiscal;

b) Nas situações de apuramento de contribuição de liquidação anual, quando o contribuinte,


pela sua situação económica, não tenha capacidade de efetuar o pagamento de uma só vez.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 457
Página do manual

Nos termos da epígrafe do artigo 190.º do Código e dado a redacção do seu n.º 1 a enumeração
do n.º 2 tem carácter taxativo.

O procedimento extrajudicial de conciliação (PEC) previsto no na alínea b) supra, actualmente


denomina-se RERE (Regime extrajudicial de Recuperação de Empresas) criado pela Lei n.º 8/2018, de
2 de Março que revogou o Decreto-Lei n.º 178/2012, de 3 de Agosto, que havia instituído o SIREVE
que, por sua vez havia substituído o PEC, faz interromper a prescrição à luz do preceituado no n.º 2
do art. 187.º do Código.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 458
Página do manual

O Decreto-Lei n.º 81/1998, de 2 de Abril teve como objectivo “a criação de condições efectivas
para que os quadros técnicos e os trabalhadores possam ter acesso ao exercício da função
empresarial, através da aquisição do capital social de empresas, nomeadamente concedendo
incentivos fiscais às operações em causa, é uma necessidade que se impõe face à revitalização e
modernização da empresa.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 459
Página do manual

Deverá ser tido em conta o Decreto-Lei n.º 213/2012, de 25 de Setembro que procede à
definição do regime de celebração de acordos de regularização voluntária de contribuições e
quotizações devidas à segurança social, autoriza o pagamento diferido de montante de contribuições
a regularizar em situações não resultantes de incumprimento e prevê uma dispensa excepcional do
pagamento de contribuições, ao abrigo do disposto no artigo 190.º do Código dos Regimes
Contributivos do Sistema Previdencial de Segurança Social, aprovado pela Lei n.º 110/2009, de 16 de
Setembro, com alterações resultantes da Lei n.º 2/2020, de 31 de Março, já tratadas no capítulo
respeitante aos trabalhadores independentes.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 460
Página do manual

10.2.5. Condição especial da autorização

As condições de regularização da dívida à segurança social não podem ser menos favoráveis do
que o acordado para os restantes credores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 461
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10.2.6. Condições de vigência do acordo prestacional

Constituem condições de vigência do acordo prestacional, o cumprimento tempestivo das


prestações autorizadas e das contribuições mensais vencidas no seu decurso.

A lei exige que o contribuinte requerente do pagamento da dívida em prestações passe, com a
entrega do requerimento, a efectuar o pagamento das prestações autorizadas bem como das
contribuições/quotizações mensais vencidas no seu decurso. O não pagamento nas condições
referidas leva a Segurança Social a presumir que o requerente não tem viabilidade económica, com o
consequente indeferimento do requerimento.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 462
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10.2.7. Efeitos do incumprimento do acordo prestacional

O incumprimento das condições previstas no artigo anterior determina a resolução do acordo


prestacional pela instituição de segurança social competente.

A resolução do acordo prestacional tem efeitos retroactivos e determina a perda do direito de


todos os benefícios concedidos ao contribuinte no seu âmbito, nomeadamente quanto à redução ou
ao perdão de juros.

Nas situações de resolução do acordo prestacional, o montante pago a título de prestações é


imputado à dívida contributiva mais antiga de capital e juros.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 463
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O incumprimento do plano de pagamento acarreta a resolução do respectivo contrato nos


termos do art. 432.º e seguintes do Código Civil, bem como o vencimento imediato das prestações
restantes de acordo com o disposto no art. 781.º do Código Civil.

A declaração de resolução é notificada ao requerente nos termos do art. 110.º do Código de


Procedimento Administrativo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 464
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10.2.8. Suspensão de instância

Sem prejuízo do disposto no artigo 885.º do Código de Processo Civil, a decisão de autorização
do pagamento da dívida em prestações e a decisão de resolução do respectivo acordo determinam,
respectivamente, a suspensão e o prosseguimento da instância de processo executivo pendente.

A instituição de segurança social competente comunica oficiosamente ao órgão de execução ou


ao tribunal, ou a ambos, consoante o caso, a autorização do pagamento prestacional da dívida, o seu
cumprimento integral bem como a resolução do acordo quando esta ocorra.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 465
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A referência feita para o art. 885.º do C.P.C. deve ter-se feita para o seu actual correspondente
art. 809.º do C.P.C., a conjugar com disposto no art. 810.º do C.P.C.

A dívida por contribuições à Segurança Social pode ser paga em prestações quer em sede cível
(art. 806.º do C.P.C.) quer em sede fiscal (art. 196.º do C.P.P.T.)

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 466
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10.2.9. Comissão de credores

A segurança social só pode ser nomeada para a presidência da comissão de credores quando for
junto aos autos deliberação do conselho directivo do IGFSS, I. P., que autorize o exercício da função e
indique o representante, sem prejuízo das competências próprias das instituições de segurança social
nas Regiões Autónomas.

A segurança social não é responsável por quaisquer encargos com as funções do administrador
da insolvência.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 467
Página do manual

10.2.10. Dação em pagamento

A segurança social pode aceitar em pagamento a dação de bens móveis ou imóveis, por parte do
contribuinte, para a extinção total ou parcial de dívida vencida.

Os bens móveis ou imóveis, objecto de dação em pagamento, são avaliados pelo IGFSS, I. P., pela
instituição competente nas Regiões Autónomas ou por quem estes determinarem, a expensas do
contribuinte.

Só podem ser aceites bens avaliados por valor superior ao da dívida no caso de se demonstrar a
possibilidade da sua imediata utilização para fins de interesse público, ou no caso de a dação se
efectuar no âmbito de uma das situações previstas no n.º 2 do artigo 190.º.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 468
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Em caso de aceitação da dação em pagamento de bens de valor superior à dívida, o despacho


que a autoriza constitui, a favor do contribuinte, um crédito no montante desse excesso, a utilizar em
futuros pagamentos de contribuições, quotizações ou no pagamento de rendas.

O contribuinte pode renunciar ao crédito que resulte do facto de ao bem dado em dação ter
sido atribuído um valor superior ao valor da dívida à segurança social.

Os bens móveis e imóveis adquiridos por dação integram o património do IGFSS, I. P., devendo
ser transferidos para a sua titularidade, sem prejuízo das competências próprias das instituições de
segurança social nas Regiões Autónomas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 469
Página do manual

A dação em pagamento carece de autorização do membro do Governo responsável pela área da


segurança social.

A competência atribuída nos termos do número anterior é susceptível de delegação por decisão
do órgão que a detém, nos termos do Código do Procedimento Administrativo.

O regime de dação em pagamento, também denominado por dação em cumprimento, encontra-


se regulada nos arts. 837.º a 840.º do Código Civil.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 470
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10.2.11. Compensação de créditos

Sempre que no âmbito do Sistema Previdencial de Segurança Social, sem prejuízo do disposto
em legislação específica, um contribuinte seja simultaneamente credor e devedor, este pode
requerer à entidade de segurança social competente a compensação de créditos.

A compensação referida no número anterior pode ser efectuada oficiosamente.

A compensação tem assento no art. 847.º e seguintes do Código Civil.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 471
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10.2.12. Compensação oficiosa de créditos

Para efeitos do disposto no n.º 2 do artigo 197.º do Código a instituição de segurança social
competente deve proceder à compensação oficiosa de créditos sempre que detecte a sua existência.

Da compensação assim efectuada é dado conhecimento ao contribuinte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 472
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10.2.13. Retenções

O Estado, as outras pessoas colectivas de direito público e as entidades de capitais exclusiva ou


maioritariamente públicos só podem conceder algum subsídio ou proceder a pagamentos superiores
a 3.000,00 €, líquido de IVA, a contribuintes da segurança social, mediante a apresentação de
declaração comprovativa da situação contributiva destes perante a segurança social.

A declaração prevista no número anterior é dispensada sempre que o contribuinte preste


consentimento à entidade pagadora para consultar a sua situação contributiva perante a segurança
social, no sítio da segurança social directa, nos termos legalmente estatuídos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 473
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No caso de resultar da declaração ou da consulta, referidas no número anterior, a existência de


dívida à segurança social, é retido o montante em débito, nunca podendo a retenção total exceder o
limite de 25% do valor do pagamento a efectuar.

O disposto nos n.ºs 1 e 3 aplica-se igualmente a financiamentos a médio e longo prazos, excepto
para aquisição de habitação própria e permanente, superiores a (euro) 50.000,00, concedidos por
instituições públicas, particulares e cooperativas com capacidade de concessão de crédito.

As retenções operadas nos termos do presente artigo exoneram o contribuinte do pagamento


das respectivas importâncias.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 474
Página do manual

O incumprimento do disposto no n.º 4 por entidades não públicas determina a obrigação de


pagar ao IGFSS, I. P., o valor que não foi retido, acrescido dos respectivos juros legais, ficando por esta
obrigação solidariamente responsáveis os administradores, gerentes, gestores ou equivalentes da
entidade faltosa, sem prejuízo das competências próprias das instituições de segurança social nas
Regiões Autónomas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 475
Página do manual

O Estado e as outras pessoas colectivas de direito público e as entidades de capitais exclusiva ou


maioritariamente públicos só podem conceder algum subsídio ou proceder a pagamentos superiores
a 3.000,00 euros (era 5.000,00) líquidos de IVA, a contribuintes da segurança social, mediante a
apresentação de declaração comprovativa da situação contributiva destes perante a segurança social.

No caso de entidades de capitais exclusiva ou maioritariamente públicos, para efeitos do


disposto no artigo 198.º do Código, não são consideradas as importâncias respeitantes ao pagamento
de indemnizações no âmbito de contratos de seguro, reembolso de despesas de saúde ou resgate ou
vencimento de produtos financeiros.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 476
Página do manual

As entidades que procederem à retenção de valores ao abrigo do artigo 198.º do Código devem
comunicar a referida retenção através de formulário próprio, no sítio da Internet da segurança social
(RC 3045-DGSS).

A entrega dos valores retidos deve ser efectuada no prazo de cinco dias após a retenção, por
depósito em conta do Instituto de Gestão Financeira da Segurança Social, I. P., ou nas tesourarias do
sistema de segurança social, indicando o código de referência de pagamento que, para o efeito, for
fornecido pelo sistema de segurança social na sequência da comunicação referida no número
anterior.

A imputação ao montante da dívida dos valores retidos é efectuada, pelo Instituto da Segurança
Social, I. P., nos termos do artigo 79.º do regulamento.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 477
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10.2.14. Imputação dos montantes pagos

Salvo pedido em contrário da entidade devedora, quando o pagamento for insuficiente para
extinguir todas as dívidas, o respetivo montante é imputado à dívida mais antiga e respetivos juros,
pela seguinte ordem:

a) Dívida de quotizações;

b) Dívida de contribuições;

c) Juros de mora;

d) Outros valores devidos nos termos do artigo 185.º do Código.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 478
Página do manual

Esta forma de imputação prevista no art. 79.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de


Janeiro, difere do disposto no n.º 1 do art. 785.º do Código Civil que determina que “Quando, além
do capital, o devedor estiver obrigado a pagar despesas ou juros, ou a indemnizar o credor em
consequência da mora, a prestação que não chegue para cobrir tudo que é devido presume-se feita
por conta, sucessivamente, das despesas de indemnização, dos juros e do capital”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 479
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10.2.15. Dispensa de apresentação de certidão

É dispensada a apresentação de certidão comprovativa da situação tributária ou contributiva


regularizada quando o interessado preste consentimento nos termos previstos no Decreto-Lei n.º
114/2007, de 19 de Abril (art. 4.º), que dispõe:

Sem prejuízo do disposto infra, o consentimento para consulta da situação tributária ou


contributiva regularizada é prestado de forma expressa e inequívoca pelo titular dos dados, nos sítios
da Internet das declarações electrónicas, administrado pela Direcção-Geral da Informática e Apoio
aos Serviços Tributários e Aduaneiros, e do serviço Segurança Social Directa, administrado pelo
Instituto de Informática e Estatística da Segurança Social, I. P., podendo desse facto ser informada a
entidade autorizada a consultar a informação relativa à situação tributária ou contributiva
regularizada.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 480
Página do manual

Nos procedimentos de reconhecimento de benefícios fiscais ou contributivos ou de outras


vantagens de natureza tributária ou contributiva, bem como na concessão de apoios financeiros ou
no reconhecimento de direitos no âmbito do sistema de segurança social ou no âmbito das políticas
activas de emprego, o consentimento para a consulta da situação tributária ou contributiva
regularizada é prestado no requerimento que inicia o procedimento, sendo válido apenas para esses
procedimentos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 481
Página do manual

O consentimento do titular dos dados autoriza o serviço público identificado a aceder à


informação constante dos sítios da Internet das declarações electrónicas e do serviço Segurança
Social Directa com a finalidade de comprovar a existência de situação tributária ou contributiva
regularizada para os efeitos previstos no n.º 2 do artigo 2.º do referido Decreto-Lei n.º 114/2007.

Após a prestação do consentimento, a informação relativa à situação tributária ou contributiva


regularizada do titular dos dados fica disponível no prazo de 10 dias úteis após cada pedido de
consulta efectuado pelas entidades autorizadas.

O consentimento prestado nos termos supra referidos, pode ser revogado a todo o tempo pelo
titular dos dados, através dos meios disponibilizados conforme acima se deixaram identificados.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 482
Página do manual

10.2.16. Participações sociais

A dívida à segurança social pode ser transformada em capital social do contribuinte, quando
haja acordo do IGFSS, I. P., e autorização do membro do Governo responsável pela área da segurança
social.

A transformação em capital social só pode ser autorizada depois de realizada uma avaliação ou
auditoria por uma entidade que seja considerada idónea pelo IGFSS, I. P., sem prejuízo das
competências próprias das instituições de segurança social nas Regiões Autónomas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho 483
Página do manual

As participações podem ser alienadas a todo o tempo pela entidade de segurança social
competente, mediante prévia autorização do membro do Governo referido no n.º 1 do artigo 199.º
do Código.

De acordo com o Código das Sociedades Comerciais, essa dívida poderá passar a ser
representada por acções ou por quotas das sociedades devedoras.

Esta forma de extinção de dívidas à Segurança Social muito embora teoricamente conhecidas, na
prática é desconhecida até porque a Segurança Social não é uma entidade com pendor empresarial,
de tal modo que, caso assumisse esse papel seria para, logo que possível alienar essas mesmas
participações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 484
Página do manual

10.2.17. Alienação de créditos

A segurança social pode, excepcionalmente, alienar os créditos de que seja titular


correspondentes a dívidas de contribuições, quotizações e juros.

A alienação pode ser efectuada pelo valor nominal ou pelo valor de mercado dos créditos.

A alienação de créditos pelo valor de mercado segue um dos procedimentos previstos no Código
dos Contratos Públicos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 485
Página do manual

A alienação de créditos não pode fazer-se a favor:

a) Do contribuinte devedor;

b) Dos membros dos órgãos sociais do contribuinte devedor, quando respeite ao período de
exercício do seu cargo;

c) De entidades com interesse patrimonial equiparável.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 486
Página do manual

O regime da alienação de créditos encontra-se regulado nos arts. 577.º e seguintes do Código
Civil.

Anualmente o orçamento do Estado costuma contemplar tais operações financeiras mediante a


alienação de créditos, normalmente a Fundos de capital de risco, que chamam a si a tarefa de
proceder à respectiva cobrança.

Para a alienação de créditos, devem ser observados os procedimentos previstos nos arts. 16.º e
seguintes do Código dos Contratos Públicos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 487
Página do manual

10.3. Transmissão da Dívida

10.3.1. Assunção da dívida

A assunção por terceiro de dívida à segurança social pode ser autorizada por despacho do
membro do Governo responsável pela área da segurança social, podendo ser delegada nos termos do
Código do Procedimento Administrativo.

À assunção de dívida à segurança social é aplicável o disposto nos artigos 595.º e seguintes do
Código Civil.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 488
Página do manual

A assunção da dívida consiste na transmissão da dívida para um terceiro que se obriga ao


pagamento respectivo. No entanto, para que o originário devedor fique exonerado do pagamento da
dívida é necessária declaração expressa do credor, sob pena de se manterem obrigados o antigo e o
novo devedor.

Nesta matéria rege, o disposto no art. 595.º e seguintes do Código Civil.

A delegação de poderes para efeito de autorização de assunção de dívida processa-se nos


termos do art. 44.º e seguintes do C.P.A.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 489
Página do manual

10.3.2. Transmissão de dívida e sub-rogação

Nas situações em que a segurança social autorize o pagamento da dívida por terceiro pode sub-
rogá-lo nos seus direitos.

A sub-rogação carece de autorização do membro do Governo responsável pela área da


segurança social, podendo ser delegada nos termos do Código do Procedimento Administrativo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 490
Página do manual

Determina o art. 589.º do Código Civil: “O credor que recebe a prestação de terceiro pode sub-
rogá-lo nos seus direitos, desde que o faça expressamente até ao momento do cumprimento da
obrigação.”

Por sua vez o art. 92.º do C.P.P.T. refere no seu n.º 1 que “A dívida paga pelo sub-rogado
conserva as garantias, privilégios e processo de cobrança e vencerá juros pela taxa fixada na lei civil,
se o sub-rogado o requerer.”

A sub-rogação consiste na substituição do credor originário pelo terceiro pagador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 491
Página do manual

10.4. Garantias

10.4.1. Garantias gerais e especiais

As dívidas à segurança social podem ser garantidas através de qualquer garantia idónea, geral ou
especial, nos termos dos artigos 601.º e seguintes do Código Civil.

Dispõe o art. 601.º do Código Civil que “Pelo cumprimento da obrigação respondem todos os
bens do devedor susceptíveis de penhora, sem prejuízo dos regimes especialmente estabelecidos em
consequência da separação de patrimónios.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 492
Página do manual

Entre as garantias gerais temos:

a) A legitimidade dos credores para invocar a nulidade de actos praticados pelo devedor (art.
605.º do Código Civil);

b) Sub-rogação do credor ao devedor, sempre que este o não faça, contra terceiro nos direitos
de conteúdo patrimonial que aquele competem, excepto se, por sua própria natureza ou
disposição da lei, só puderem ser exercidos pelo respectivo titular (art. 606.º do Código
Civil);

c) Impugnação pauliana nos termos do art. 610.º e ss do Código Civil;

d) Arresto, nos termos do art. 619.º e ss do Código Civil;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 493
Página do manual

Entre as garantias especiais temos:

a) A prestação de caução (art. 623.º do Código Civil);

b) A prestação de fiança (art. 627.º do Código Civil);

c) Consignação de rendimentos (art. 656.º do Código Civil);

d) Penhor (art. 666.º do Código Civil);

e) Hipoteca (art. 686.º do Código Civil);

f) Privilégios creditórios, nos termos que se passam a descrever conforme o Código


Contributivo os admite.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 494
Página do manual

10.4.2. Privilégio mobiliário

Os créditos da segurança social por contribuições, quotizações e respectivos juros de mora


gozam de privilégio mobiliário geral, graduando-se nos termos referidos na alínea a) do n.º 1 do
artigo 747.º do Código Civil.

Este privilégio prevalece sobre qualquer penhor, ainda que de constituição anterior.

A alínea a) do n.º 1 do art. 747.º do Código Civil equipara os créditos da Segurança Social aos
créditos por impostos.

Os privilégios creditórios extinguem-se com a declaração de insolvência – art. 97.º do Código da


Insolvência e da Recuperação da Empresa (CIRE).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 495
Página do manual

O crédito da Segurança Social que constitua privilégio mobiliário é graduado depois dos créditos
dos trabalhadores (art. 333.º, n.º 2, al. a) do Código do Trabalho).

Privilégio creditório é a faculdade que a lei, em atenção à causa do crédito, concede a certos
credores, independentemente do registo, de serem pagos com preferência a outros.

Há duas espécies de privilégios creditórios: Mobiliários e Imobiliários.

Os privilégios mobiliários são gerais, se abrangem o valor de todos os bens móveis existentes no
património do devedor à data da penhora ou de acto equivalente; são especiais, quando
compreendem só o valor de determinados bens móveis.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 496
Página do manual

Os privilégios imobiliários estabelecidos no Código Civil são sempre especiais.

O Estado e as autarquias locais têm privilégio mobiliário geral para garantia dos créditos por
impostos indirectos e também pelos impostos directos, inscritos para cobrança no ano corrente na
data da penhora, ou acto equivalente, e nos dois anos anteriores.

Este privilégio não compreende a sisa ou imposto sobre as sucessões e doações, nem quaisquer
outros impostos que gozem de privilégio especial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 497
Página do manual

10.4.3. Privilégio imobiliário

Os créditos da segurança social por contribuições, quotizações e respectivos juros de mora


gozam de privilégio imobiliário sobre os bens imóveis existentes no património do contribuinte à data
da instauração do processo executivo, graduando-se logo após os créditos referidos no artigo 748.º
do Código Civil.

Art. 748.º - Ordem dos outros privilégios imobiliários

1 - Os créditos com privilégio imobiliário graduam-se pela ordem seguinte:

a) Os créditos do Estado, pela contribuição predial, pela sisa e pelo imposto sobre as sucessões
e doações;

b) Os créditos das autarquias locais, pela contribuição predial.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 498
Página do manual

10.4.4. Consignação de rendimentos

O cumprimento das dívidas pode ser garantido mediante consignação de rendimentos feita pelo
próprio contribuinte ou por terceiro e aceite por deliberação do conselho directivo do IGFSS, I. P., sem
prejuízo das competências próprias das instituições de segurança social nas Regiões Autónomas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 499
Página do manual

Art. 656.º do Código Civil

1 - O cumprimento da obrigação, ainda que condicional ou futura, pode ser garantido mediante
a consignação dos rendimentos de certos bens imóveis, ou de certos bens móveis sujeitos a registo.

2 - A consignação de rendimentos pode garantir o cumprimento da obrigação e o pagamento


dos juros, ou apenas o cumprimento da obrigação, ou só o pagamento dos juros.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 500
Página do manual

10.4.5. Hipoteca legal

O pagamento dos créditos da segurança social por contribuições, quotizações e respectivos juros
de mora poderá ser garantido por hipoteca legal sobre os bens imóveis ou móveis sujeitos a registo,
existentes no património do contribuinte.

Os actos de registo predial no âmbito do registo de hipoteca legal para a garantia de


contribuições, quotizações e juros de mora em dívida à segurança social, desde que requeridos pelas
instituições de segurança social, são efectuados gratuitamente.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 501
Página do manual

Artigo 704.º do Código Civil

As hipotecas legais resultam imediatamente da lei, sem dependência da vontade das partes, e
podem constituir-se desde que exista a obrigação a que servem de segurança.

Artigo 705.º

Os credores que têm hipoteca legal são:

a) O Estado e as autarquias locais, sobre os bens cujos rendimentos estão sujeitos à


contribuição predial, para garantia do pagamento desta contribuição;

b) O Estado e as demais pessoas colectivas públicas, sobre os bens dos encarregados da gestão
de fundos públicos, para garantia do cumprimento das obrigações por que se tornem
responsáveis;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 502
Página do manual

c) O menor e o maior acompanhado, sobre os bens do tutor, acompanhante e administrador


legal, para assegurar a responsabilidade que nestas qualidades vierem a assumir;

d) O credor por alimentos;

e) O co-herdeiro, sobre os bens adjudicados ao devedor de tornas, para garantir o pagamento


destas;

f) O legatário de dinheiro ou outra coisa fungível, sobre os bens sujeitos ao encargo do legado
ou, na sua falta, sobre os bens que os herdeiros responsáveis houveram do testador.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 503
Página do manual

10.5. Situação Contributiva Regularizada

10.5.1. Situação contributiva regularizada

Para efeitos do presente Código, considera-se situação contributiva regularizada a inexistência


de dívidas de contribuições, quotizações, juros de mora e de outros valores do contribuinte.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 504
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Integram, ainda, o conceito de situação contributiva regularizada:

a) As situações de dívida, cujo pagamento em prestações tenha sido autorizado e enquanto


estiverem a ser cumpridas as condições desta autorização, designadamente o pagamento da
primeira prestação e a constituição de garantias, quando aplicável, ainda que o pagamento
prestacional tenha sido autorizado a terceiro ou a responsável subsidiário;

b) As situações em que o contribuinte tenha reclamado, recorrido, deduzido oposição ou


impugnado judicialmente a dívida, desde que tenha sido prestada garantia idónea, ou
dispensada a sua prestação, nos termos legalmente previstos. Para efeitos do disposto no
presente artigo, considera-se que:

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 505
Página do manual

a) Os agrupamentos de interesse económico e os agrupamentos complementares de empresas


têm a sua situação contributiva regularizada quando a situação referida nos números
anteriores se verifique relativamente aos mesmos, bem como relativamente a cada uma das
entidades agrupadas;

b) As sociedades em relação de participação recíproca, em relação de domínio, ou em relação


de grupo, têm a sua situação contributiva regularizada quando a situação referida nos
números anteriores se verifique relativamente às mesmas bem como quanto a cada uma das
sociedades que integram a coligação;

c) As sociedades desportivas, independentemente da sua classificação, e os respectivos clubes


desportivos, têm a situação contributiva regularizada quando a situação referida nos
números anteriores se verifique em relação a ambos.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 506
Página do manual

10.5.2. Certificação da situação contributiva

A situação contributiva é certificada com base nos elementos existentes nos serviços, não
dependendo de apresentação de meios de prova pelo requerente, salvo o disposto no número
seguinte.

Quando estiver em causa a emissão de declaração de situação contributiva não regularizada o


requerente pode provar a sua regularização mediante apresentação de prova documental,
designadamente por documentos comprovativos do pagamento da dívida exigível à data de emissão
da declaração.

A declaração não constitui instrumento de quitação e não prejudica ulteriores apuramentos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 507
Página do manual

10.5.3. Entidades requerentes

A declaração de situação contributiva pode ser requerida:

a) Pelo contribuinte ou seu representante legal;

b) Por iniciativa de qualquer credor ou do Ministério Público, nos termos do artigo 20.º do
Código da Insolvência e da Recuperação de Empresas.

A declaração a emitir para os efeitos da alínea b) supra, quando requerida por credor, contém
apenas a referência à existência ou não de dívida.

A declaração é emitida no prazo máximo de 10 dias, a contar da data do respetivo requerimento


ou notificação judicial.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 508
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10.5.4. Prazo de validade da declaração

Sem prejuízo do disposto no artigo 84.º do Decreto-Regulamentar n.º 1-A/2011, de 3 de Janeiro,


o pedido das declarações nele referidas pode ser apresentado através do sítio da Internet da
segurança social ou em qualquer serviço do sistema de segurança social, através de formulário
próprio.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 509
Página do manual

A declaração de situação contributiva inclui obrigatoriamente:

a) No caso de existência de dívida de contribuições e quotizações, que ao valor da mesma


acrescem juros de mora;

b) A identificação da legislação ao abrigo da qual é emitida.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 510
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É competente para a emissão de declaração de inscrição do contribuinte:

a) Tratando-se de pessoa colectiva, a instituição de segurança social em cujo âmbito territorial


se situe a sede ou o estabelecimento;

b) Tratando-se de pessoa singular, a instituição de segurança social em cujo âmbito territorial se


situe a residência.

Compete ao Instituto da Segurança Social, I. P., a emissão da declaração de situação contributiva


dos contribuintes não residentes e sem estabelecimento estável em Portugal.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 511
Página do manual

10.5.5. Responsabilidade solidária

No momento da realização do registo de cessão de quota ou de quotas que signifique a


alienação a novos sócios da maioria do capital social, o respectivo acto é instruído com declaração
comprovativa da situação contributiva da empresa.

Em caso de trespasse, cessão de exploração ou de posição contratual o cessionário responde


solidariamente com o cedente pelas dívidas à segurança social existentes à data da celebração do
negócio, sendo nula qualquer cláusula negocial em contrário.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 512
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Art. 512.º do Código Civil

1 - A obrigação é solidária, quando cada um dos devedores responde pela prestação integral e
esta a todos libera, ou quando cada um dos credores tem a faculdade de exigir, por si só, a prestação
integral e esta libera o devedor para com todos eles.

Aconselha-se a leitura dos artigos 20.º a 28.º da L.G.T.

A responsabilidade do cessionário e do cedente deverá ser considerada na vertente do regime


subsidiário em relação à sociedade, ou seja, só respondem quando a sociedade não dispuser de
capacidade financeira ou de bens susceptíveis de garantir o pagamento da dívida.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 513
Página do manual

10.5.6. Relatório da empresa

O relatório de apreciação anual da situação das empresas privadas, públicas ou cooperativas


deve indicar o valor da dívida vencida, caso exista.

Os contribuintes a quem tenha sido autorizado o pagamento prestacional da dívida devem


incluir no relatório referido no número anterior as condições do mesmo.

Consultar artigo 66.º do Código das Sociedades Comerciais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 514
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10.6. Efeitos do Incumprimento

10.6.1. Juros de mora

Pelo não pagamento de contribuições e quotizações nos prazos legais, são devidos juros de mora
por cada mês de calendário ou fracção.

O disposto no número anterior é aplicável a todas as entidades devedoras, designadamente ao


Estado e às outras pessoas coletivas públicas, independentemente da natureza, institucional,
associativa ou empresarial, do âmbito territorial, nacional, regional ou municipal, e do grau de
independência ou autonomia, incluindo entidades reguladoras, de supervisão ou controlo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 515
Página do manual

O disposto no número anterior prevalece sobre quaisquer normas que disponham em sentido
diverso.

Parafraseando Apelles Conceição, in Legislação da Segurança Social, 7.ª Edição, Almedina, 2019,
pág. 238:

“… por cada mês de calendário ou fracção.” incluindo, portanto, o mês em que o pagamento
deixou de ser feito (pela fracção restante do mês após o dia 20) e o mês em que é retomado o
pagamento (pela fracção mesmo de 1 dia, no caso do pagamento no dia um deste mês).

Porém, “nas dívidas em processo de execução não se contam, no cálculo de juros de mora os dias
incluídos no mês de calendário em que efectuar o pagamento (n.º 3 do art. 4.º do Decreto-Lei n.º
73/1999, de 16 de Março).”
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 516
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10.6.2. Taxa de juros de mora

A taxa de juros de mora é igual à estabelecida no regime geral dos juros de mora para as dívidas
ao Estado e outras entidades públicas e é aplicada nos mesmos termos.

Note-se:

Para efeitos do disposto nos artigos 187.º e 211.º do Código, o cálculo de juros de mora tem
lugar desde a data em que deveria ter sido cumprida a obrigação contributiva até à data do
pagamento da dívida, e interrompe-se ou suspende-se nos mesmos termos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 517
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A taxa de juro por dívidas à Segurança Social é a seguinte:

• A partir de 1 de Janeiro de 2020, paga 4,786% ao ano ou 0,4% ao mês.

• A partir de 1 de Janeiro de 2019, paga 4,825% ao ano ou 0,402% ao mês.

• De 1 de Janeiro de 2018 a 31 de Dezembro de 2018, paga 4,857% ao ano ou 0,405% ao mês.

• De 1 de Janeiro de 2017 a 31 de Dezembro de 2017, paga 4,966% ao ano ou 0,414% ao mês.

• De 1 de Janeiro de 2016 a 31 de Dezembro de 2016, paga 5,168% ao ano ou 0,431% ao mês.

• De 1 de Janeiro de 2015 a 31 de Dezembro de 2015, paga 5,476% ao ano ou 0,456% ao mês.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 518
Página do manual

• De 1 de Janeiro de 2014 a 31 de Dezembro de 2014, paga 5,535% ao ano ou 0,4613% ao mês.

• De 1 de Janeiro de 2013 a 31 de Dezembro de 2013, paga 6,112% ao ano ou 0,5093% ao mês.

• De 1 de Janeiro de 2012 a 31 de Dezembro de 2012, paga 7,007% ao ano ou 0,5839% ao mês.

• Até 31 de Dezembro de 2011, paga 6,351% ao ano ou 0,5293% ao mês.

Desde 1 de Janeiro de 2013, o Estado e todas as pessoas colectivas de direito público estão
sujeitas ao pagamento de juros de mora por atraso no pagamento de contribuições e quotizações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 519
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10.6.3. Limitações pela falta de regularização da situação contributiva

Além das limitações especialmente previstas noutros diplomas, os contribuintes que não tenham
a situação contributiva regularizada não podem:

a) Celebrar contratos, ou renovar o prazo dos já existentes, de fornecimentos, de empreitadas


de obras públicas ou de prestação de serviços com o Estado, Regiões Autónomas, institutos
públicos, autarquias locais e instituições particulares de solidariedade social comparticipadas
pelo orçamento da segurança social;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 520
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b) Explorar a concessão de serviços públicos;

c) Fazer cotar em bolsa de valores os títulos representativos do seu capital social;

d) Lançar ofertas públicas de venda do seu capital e, em subscrição pública, títulos de


participação, obrigações ou acções;

e) Beneficiar dos apoios dos fundos comunitários ou da concessão de outros subsídios por
parte das entidades mencionadas no n.º 1 do artigo 198.º.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 521
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10.6.4. Divulgação de listas de contribuintes devedores

A segurança social procede à divulgação de listas de contribuintes cuja situação contributiva não
se encontre regularizada nos termos dos n.ºs 2 e 3 do artigo 214.º do Código.

A publicação é efectuada após o decurso de qualquer dos prazos legalmente previstos para a
prestação da garantia ou em caso de dispensa desta.

As listas são hierarquizadas em função do montante em dívida.

A publicação das listas, nos termos dos números anteriores, não contende com o dever de
confidencialidade, consagrado na lei.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 522
Página do manual

Art. 64.º da L.G.T.

5 - Não contende com o dever de confidencialidade:

a) A divulgação de listas de contribuintes cuja situação tributária não se encontre regularizada,


designadamente listas hierarquizadas em função do montante em dívida, desde que já tenha
decorrido qualquer dos prazos legalmente previstos para a prestação de garantia ou tenha
sido decidida a sua dispensa;

b) A publicação de rendimentos declarados ou apurados por categorias de rendimentos,


contribuintes, sectores de actividades ou outras, de acordo com listas que a administração
tributária deve organizar anualmente a fim de assegurar a transparência e publicidade.

6 - Para efeitos do disposto na alínea a) do número anterior, considera-se como situação


tributária regularizada o disposto no artigo 177.º-A do CPPT.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 523
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10.6.5. Anulação oficiosa de juros indevidos

Quando, por motivos imputáveis aos serviços, tenham sido liquidados juros superiores aos
devidos, procede-se à sua anulação oficiosa se ainda não tiverem decorrido cinco anos sobre o
pagamento e desde que o seu quantitativo seja igual ou superior a (euro) 5.

Verificando-se a anulação de juros nos termos referidos, sempre que o devedor os tenha pago, o
serviço procede à sua restituição.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 524
Página do manual

10.6.6. Arrematação em hasta pública

Os bens adquiridos por arrematação em hasta pública integram o património do IGFSS, I. P.,
devendo ser transferidos para a sua titularidade, sem prejuízo das competências próprias das
instituições de segurança social nas Regiões Autónomas.

A segurança social, quando seja arrematante em hasta pública, não está sujeita à obrigação do
depósito do preço nem à obrigação de pagar as despesas da praça.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 525
Página do manual

10.6.7. Condição geral do pagamento das prestações aos trabalhadores independentes e


beneficiários do seguro social voluntário

É condição geral do pagamento das prestações aos trabalhadores independentes e aos


beneficiários do seguro social voluntário que os mesmos tenham a sua situação contributiva
regularizada na data em que é reconhecido o direito à prestação.

A situação contributiva não regularizada determina a suspensão do pagamento das prestações a


partir da data em que as mesmas sejam devidas.

Como é sabido os trabalhadores independentes e os beneficiários do seguro social voluntário


são simultaneamente contribuintes e beneficiários.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 526
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É condição geral do pagamento das prestações sociais aos trabalhadores independentes e aos
beneficiários do seguro social voluntário que os mesmos tenham a sua situação contributiva
regularizada na data em que é reconhecido o direito à prestação.

Na sua versão anterior dizia-se que teria de ter a situação regularizada até ao termo do 3.º mês
imediatamente anterior ao do evento determinante da atribuição da prestação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 527
Página do manual

10.6.8. Excepções à condição geral do pagamento das prestações

A atribuição de prestações por morte não se encontra sujeita à condição geral de pagamento
fixada no artigo anterior, sendo o cálculo das pensões de sobrevivência efectuado sem tomar em
conta os períodos com contribuições em dívida.

No dizer de Apelles Conceição, ob cit pág. 243:

“- Trata-se das designadas prestações derivadas, no caso por morte do beneficiário – pensão de
sobrevivência e subsídio por morte.

- Esta atribuição não extingue a responsabilidade dos herdeiros quanto ao pagamento de tais
contribuições nos termos da lei civil – arts. 2025.º e 2068.º do Código Civil.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 528
Página do manual

10.6.9. Efeitos da regularização da situação contributiva dos trabalhadores independentes e


beneficiários do seguro social voluntário

O beneficiário readquire o direito ao pagamento das prestações suspensas desde que regularize
a sua situação contributiva nos três meses civis subsequentes ao mês em que tenha ocorrido a
suspensão.

Se a situação contributiva não for regularizada no prazo supra referido, o beneficiário perde o
direito ao pagamento das prestações suspensas.

No caso de a regularização da situação contributiva se verificar posteriormente ao decurso do


mesmo prazo, o beneficiário retoma o direito às prestações a que houver lugar a partir do dia
subsequente àquele em que ocorra a regularização.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 529
Página do manual

10.6.10. Regularização da situação contributiva dos trabalhadores independentes e


beneficiários do seguro social voluntário por compensação

Nas eventualidades de invalidez e de velhice, se a regularização da situação contributiva não


tiver sido realizada directamente pelo beneficiário, é a mesma efectuada através da compensação
com o valor das prestações a que haja direito em função daquelas eventualidades, caso se encontrem
cumpridas as restantes condições de atribuição das respectivas prestações.

A compensação referida efectua-se até ao limite de um terço do valor das prestações mediatas
vincendas devidas, salvo expressa autorização do beneficiário de dedução por valor superior, sem
prejuízo do disposto infra.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 530
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Havendo lugar ao pagamento de prestações vencidas, a compensação efetua-se pela sua


totalidade, até ao limite do valor em dívida.

É garantido ao beneficiário o pagamento de um montante mensal igual ao do valor da pensão


social, exceto se o beneficiário fizer prova de não ser titular de outros bens ou rendimentos, situação
em que lhe é garantido um montante mensal igual ao do valor do IAS (€ 438,81).

As prestações de invalidez e velhice de montante inferior ao da pensão social só são


compensáveis mediante autorização do beneficiário.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 531
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11. AS GARANTIAS PERANTE A SEGURANÇA SOCIAL

11.1. Os sujeitos do procedimento e do processo tributário

11.1.1. Sujeito activo

Nos termos do disposto no art. 18.º, n.º 1, da Lei Geral Tributária, “O sujeito activo da
relação tributária é a entidade de direito público titular do direito de exigir o cumprimento das
obrigações tributárias, quer directamente quer através de representante”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 532
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Destaca-se, a este propósito, o disposto no art. 18.º, n.º 2, da Lei Geral Tributária, que determina
que “Quando o sujeito activo da relação tributária não for o Estado, todos os documentos emitidos
pela administração tributária mencionarão a denominação do sujeito activo”; isto, como forma de
que o visado saiba, a todo o tempo, e de forma clara, quem é que se lhe dirigiu e a quem é que se
deve dirigir.

Ora, no que concerne aos sujeitos, no âmbito da matéria em análise, teremos, como não poderia
deixar de ser, como sujeitos activos, o Instituto da Segurança Social, I.P. (ISS) ou o Instituto de Gestão
Financeira da Segurança Social, I.P. (IGFSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 533
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São atribuições do ISS :

a) Gerir as prestações do sistema de Segurança Social e dos seus subsistemas;

b) Garantir a realização dos direitos e promover o cumprimento das obrigações dos


beneficiários do sistema de Segurança Social;

c) Arrecadar as receitas do sistema de Segurança Social, assegurando o cumprimento das


obrigações contributivas;

d) Participar às secções de processo executivo do IGFSS, as dívidas à Segurança Social,


designadamente por contribuições e respetivos juros de mora;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 534
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e) Reclamar os créditos da Segurança Social em sede de processos de insolvência e de execução


de índole fiscal, cível e laboral, bem como requerer, na qualidade de credor, a declaração de
insolvência, em articulação com o IGFSS;

f) Assegurar, no seu âmbito de atuação, o cumprimento das obrigações decorrentes dos


instrumentos internacionais de Segurança Social;

g) Celebrar acordos que prevejam exceções às normas relativas à determinação da legislação


aplicável constantes de instrumentos internacionais de coordenação e decidir sobre a
vinculação, manutenção ou isenção do vínculo à legislação portuguesa de Segurança Social,
no quadro, designadamente, dos referidos instrumentos internacionais, sem prejuízo das
competências próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros (MNE);

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 535
Página do manual

h) Assegurar a atribuição das prestações devidas por aplicação dos instrumentos internacionais
de Segurança Social em matéria de acidentes de trabalho e de doenças profissionais;

i) Promover a execução das disposições financeiras estabelecidas nos instrumentos


internacionais de Segurança Social e colaborar na sua execução, quando se trate de
prestações que em Portugal não sejam do âmbito do sistema de Segurança Social;

j) Promover a liquidação e pagamento das prestações a cargo e por conta de instituições


estrangeiras, no quadro da aplicação dos instrumentos internacionais de Segurança Social;

k) Apoiar o Conselho Nacional para as Políticas de Solidariedade, Voluntariado, Família,


Reabilitação e Segurança Social na promoção, desenvolvimento e execução das políticas de
garantia e valorização do voluntariado;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 536
Página do manual

l) Desenvolver e executar as políticas de ação social, bem como desenvolver medidas de


combate à pobreza e de promoção da inclusão social;

m) Desenvolver a cooperação com as instituições particulares de solidariedade social e exercer,


nos termos da lei, a sua tutela, bem como desenvolver a cooperação com outras entidades;

n) Assegurar o apoio social às famílias, através do financiamento direto, nos termos da lei;

o) Desenvolver e apoiar iniciativas que tenham por finalidade a melhoria das condições de vida
das famílias e a promoção da igualdade de oportunidades, designadamente as dirigidas à
infância, à juventude, ao envelhecimento ativo, dependência, imigração, minorias étnicas e
outros grupos em situação de vulnerabilidade;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 537
Página do manual

p) Assegurar, nos termos da lei, assessoria técnica aos tribunais em matéria de promoção e
proteção de crianças e jovens em perigo e tutelar cível;

q) Promover o licenciamento dos serviços e estabelecimentos de apoio social;

r) Celebrar acordos ou protocolos de cooperação;

s) Avaliar e fixar as incapacidades em matéria de doenças emergentes de riscos profissionais e


assegurar a prestação dos cuidados médicos e medicamentosos necessários, bem como as
compensações, indemnizações e pensões por danos emergentes de riscos profissionais, por
incapacidade temporária ou permanente;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 538
Página do manual

t) Participar na Revisão e Atualização da Tabela Nacional de Incapacidades por Acidentes de


Trabalho e Doenças Profissionais e assegurar o apoio necessário aos respetivos trabalhos;

u) Exercer a ação fiscalizadora no cumprimento dos direitos e obrigações dos beneficiários e


contribuintes do sistema de Segurança Social, das instituições particulares de solidariedade
social e de outras entidades privadas que exerçam atividades de apoio social;

v) Exercer os poderes sancionatórios no âmbito dos ilícitos de mera ordenação social relativos
aos estabelecimentos de apoio social, a beneficiários e contribuintes, nos termos legais;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 539
Página do manual

w) Assegurar nos termos da lei, as ações necessárias à eventual aplicação dos regimes
sancionatórios referentes a infrações criminais praticadas por beneficiários e contribuintes
no âmbito do sistema de Segurança Social;

x) Intervir na adoção, nos termos da lei, bem como no âmbito da adoção internacional, como
autoridade central;

y) Assegurar, nos termos da lei, a concessão de proteção jurídica;

z) Promover a divulgação da informação e as ações adequadas ao exercício do direito de


informação e de reclamação dos interessados, bem como a dignificação da imagem do
sistema de Segurança Social;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 540
Página do manual

aa) Assegurar as relações externas em matéria das suas atribuições, sem prejuízo das atribuições
da Direção-Geral de Segurança Social, e das competências próprias do MNE;

bb) Assegurar a promoção de respostas e o apoio à produção de respostas na área da inclusão


social, com vista a prevenir e combater as situações indiciadas e ou sinalizadas de crianças e
jovens em risco de exclusão social, compaginando a mobilização de medidas já existentes
com medidas específicas; e

cc) Emitir orientações técnicas no âmbito das suas atribuições.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 541
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Por sua vez, o IGFSS “tem por missão a gestão financeira unificada dos recursos económicos
consignados no orçamento da segurança social”, tendo como atribuições:

I - Na área do orçamento e conta:

a) Elaborar o orçamento da segurança social;

b) Assegurar, coordenar e controlar a execução do orçamento da segurança social;

c) Definir os critérios e normas a que deve obedecer a elaboração e organização do orçamento


da segurança social, bem como as regras da sua execução e alteração;

d) Elaborar a conta da segurança social;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 542
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e) Definir os princípios, conceitos e procedimentos contabilísticos a adoptar no sistema de


segurança social, através da elaboração do plano de contas do sector e assegurar o seu
cumprimento;

f) Participar, em colaboração com as demais instituições, organismos e serviços, em estudos e


trabalhos com incidência no financiamento e na alteração de prestações do sistema de
segurança social.

II - Na área da gestão da dívida à segurança social:

a) Assegurar a cobrança da dívida à segurança social;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 543
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b) Acompanhar e controlar a actuação das instituições de segurança social em matéria de


regularização da dívida;

c) Representar a segurança social nas acções que visem a articulação institucional com outros
credores públicos e privados;

d) Assegurar a instauração e instrução de processos de execução de dívidas à segurança social,


através das secções de processo executivo da segurança social;

e) Decidir, nos termos da lei, a posição a assumir pela segurança social no âmbito dos processos
judiciais e extrajudiciais de regularização de dívida;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 544
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f) Exercer a ação fiscalizadora relativamente ao cumprimento das obrigações dos devedores


com dívida à segurança social em execução fiscal e no âmbito dos respetivos processos,
visando a recolha da prova necessária à instrução dos mesmos.

III - Na área do património imobiliário:

a) Assegurar a gestão e administração dos bens e direitos de que seja titular e que constituem
o património imobiliário da segurança social;

b) Promover, no âmbito do sistema de segurança social, estudos e avaliações do património


imobiliário;

c) Promover e implementar programas de alienação e de arrendamento do património


imobiliário da segurança social.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 545
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IV - Na área da gestão financeira:

a) Optimizar a gestão dos recursos financeiros do sistema de segurança social, designadamente


por recurso a instrumentos disponíveis no mercado, que visem assegurar a rendibilização de
excedentes de tesouraria;

b) Desempenhar as funções de tesouraria única do sistema de segurança social;

c) Estabelecer, no âmbito do sistema de segurança social, relações com o sistema bancário e


financeiro, ressalvando as competências do Instituto de Gestão de Fundos de Capitalização
da Segurança Social, I. P. (IGFCSS, I. P.);

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 546
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d) Contrair os financiamentos necessários ao equilíbrio financeiro do sistema, nos termos da


legislação aplicável;

e) Propor as medidas de estratégia e de política financeira a adotar no âmbito do sistema de


segurança social e assegurar a respetiva execução, ressalvando as competências do IGFCSS, I.
P.;

f) Assegurar a gestão do Fundo de Garantia Salarial, do Fundo de Socorro Social e demais


fundos englobados no Instituto;

g) Conceder garantias a favor do sistema financeiro, nos termos do decreto-lei de execução


orçamental anual;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 547
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h) Assegurar, em articulação com o Gabinete de Estratégia e Planeamento do Ministério da


Solidariedade e da Segurança Social, a execução das dotações inscritas no orçamento da
segurança social destinadas ao financiamento dos encargos com cooperação externa, sem
prejuízo das competências próprias do Ministério dos Negócios Estrangeiros.

V - No âmbito do sistema de controlo interno da administração financeira do Estado, assegurar a


verificação, acompanhamento, avaliação e informação, nos domínios orçamental, económico e
patrimonial das actividades dos organismos que integram o sistema de segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 548
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11.1.2. Sujeito passivo

Por outro lado, nos termos do disposto no art. 18.º, n.º 3, da Lei Geral Tributária, temos que
“O sujeito passivo é a pessoa singular ou colectiva, ou o património ou a organização de facto ou de
direito que, nos termos da lei, está vinculado ao cumprimento da prestação tributária, seja como
contribuinte directo, substituto ou responsável”.

Destaca-se aqui o facto de o contabilista certificado ter, em termos gerais, legitimidade para
intervir no procedimento tributário.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 549
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Com efeito, de acordo com o disposto no art. 9.º do Código de Procedimento e de Processo
Tributário, “Têm legitimidade no procedimento tributário, além da administração tributária, os
contribuintes, incluindo substitutos e responsáveis, outros obrigados tributários, as partes dos
contratos fiscais e quaisquer outras pessoas que provem interesse legalmente protegido”.

Na mesma senda, o art. 65.º da Lei Geral Tributária determina que “Têm legitimidade no
procedimento os sujeitos passivos da relação tributária e quaisquer outros que provem interesse
legalmente protegido”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 550
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De acordo com o preceituado no art. 10.º, n.º 2, al. b) do Estatuto da Ordem dos Contabilistas
Certificados, a estes compete, designadamente, “Intervir, em representação dos sujeitos passivos por
cujas contabilidades sejam responsáveis, na fase graciosa do procedimento tributário e no processo
tributário, até ao limite a partir do qual, nos termos legais, é obrigatória a constituição de advogado,
no âmbito de questões relacionadas com as suas competências específicas”.

Assim, nos termos da referida normal legal, em matérias respeitantes a contribuições e


quotizações, os contabilistas certificados têm competência para agir em representação dos sujeitos
passivos por cujas contabilidades sejam responsáveis, quer em procedimento tributário (fase
graciosa), quer em processo tributário (fase judicial), até ao montante a partir do qual é obrigatória a
intervenção de advogado, ou seja, em acções de montante inferior ou igual a € 10.000,00.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 551
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11.2. Meios de defesa

11.2.1. Meios administrativos

11.2.1.1. Contestação de auto de notícia e participação ou de auto de infracção

Nos termos do disposto no art. 18.º da Lei n.º 107/2009, de 14/09 , o arguido é notificado dos
factos que lhe são imputados para que, no prazo 15 dias, efectue o pagamento voluntário da coima
arbitrada ou, alternativamente, apresente contestação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 552
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Com a contestação deverão ser apresentados todos os documentos probatórios de que o


arguido disponha e deverão ainda ser arroladas as respectivas testemunhas, com um máximo de 2
por infracção. Caso ao arguido seja imputada a prática de 3 ou mais contraordenações a que seja
aplicável uma coima única, este poderá arrolar até ao máximo de 5 testemunhas por todas as
infracções em causa. As testemunhas arroladas não são notificadas para efeito de inquirição,
incumbindo ao arguido apresentá-las no dia, hora e local indicados pela entidade instrutora do
processo (cfr. art. 21.º, n.º 1, da Lei n.º 107/2009, de 14/09), podendo, no entanto, a diligência ser
adiada, mas apenas por uma única vez, ainda que a falta à primeira marcação tenha sido considerada
justificada.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 553
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A lei estipula um prazo de 60 dias para o termo das diligências instrutórias (cfr. art. 24.º da Lei nº
107/2009, de 14/09), sendo certo que a decisão deve conter todos os elementos ínsitos no art. 25.º
da Lei n.º 107/2009, de 14/09.

A decisão de aplicação da coima, caso não seja impugnada, constitui título executivo (cfr. art.
26.º da Lei n.º 107/2009, de 14/09.). Ressalva-se que, como veremos infra, a interposição de recurso
de impugnação judicial tem efeito meramente devolutivo, razão pela qual o arguido que pretenda a
obtenção de efeito suspensivo, assim obviando à imediata execução do respectivo património, deve
depositar o valor da coima e das custas do processo no mesmo prazo da interposição do recurso de
impugnação judicial, 20 dias.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 554
Página do manual

11.2.1.2. Reclamação administrativa

Este meio de defesa encontra a sua previsão legal no art. 191.º do Código do Procedimento
Administrativo.

De acordo com a aludida norma legal:

“1 - Salvo disposição legal em contrário, pode reclamar-se, para o autor, da prática ou omissão
de qualquer acto administrativo.

2 - Não é possível reclamar-se de acto que decida anterior reclamação ou recurso administrativo,
salvo com fundamento em omissão de pronúncia.

3 - Quando a lei não estabeleça prazo diferente, a reclamação deve ser apresentada no prazo de
15 dias.”
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 555
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Relativamente à matéria em análise, este meio de defesa poderá ser empregue em situações em
que a liquidação das quotizações e contribuições enferme de alguma ilegalidade, tendo o sujeito
passivo, para o efeito, um prazo de 15 dias.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 556
Página do manual

11.2.1.3. Recurso hierárquico

Encontra-se previsto no art. 193.º do Código do Procedimento Administrativo e reconduz-se a


um meio de defesa que impõe a reavaliação de um acto praticado por uma entidade administrativa
pelo seu superior hierárquico, com base na sua alegada ilegalidade.

Sempre que a lei não exclua tal possibilidade, o recurso hierárquico pode ser utilizado para:

a) Impugnar atos administrativos praticados por órgãos sujeitos aos poderes hierárquicos de
outros órgãos;

b) Reagir contra a omissão ilegal de atos administrativos, por parte de órgãos sujeitos aos
poderes hierárquicos de outros órgãos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 557
Página do manual

Quando a lei não estabeleça prazo diferente, o recurso hierárquico necessário dos actos administrativos
deve ser interposto no prazo de 30 dias e o recurso hierárquico facultativo, no prazo de impugnação
contenciosa do acto em causa.

O recurso hierárquico deve ser dirigido ao mais elevado superior hierárquico do autor do acto ou da
omissão, salvo se a competência para a decisão se encontrar delegada ou subdelegada (cfr. art. 194.º, n.º 1,
do Código do Procedimento Administrativo).

O recurso hierárquico deve ser decidido, em princípio, no prazo de 30 dias, a contar da data da remessa
do processo ao órgão competente para dele conhecer. Este prazo pode, todavia, ser elevado até ao máximo
de 60 dias, quando haja lugar à realização de nova instrução ou de diligências complementares.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 558
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11.2.1.4. Anulação de venda

Este meio de defesa encontra-se plasmado no art. 257.º Código de Procedimento e de Processo
Tributário.

Pode ser requerido nos prazos previstos no aludido artigo: de 15 a 90 dias, o que depende do
respectivo fundamento.

O prazo em concreto contar-se-á da data da venda ou da data em que o requerente tome


conhecimento do facto que servir de fundamento à anulação (cfr. art. 257.º, n.º 3, Código de
Procedimento e de Processo Tributário).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 559
Página do manual

O pedido de anulação da venda deve ser dirigido ao órgão periférico regional da administração
tributária que, no prazo máximo de 45 dias, pode deferir ou indeferir o pedido, ouvidos todos os
interessados na venda.

Decorrido tal prazo sem qualquer decisão expressa, o pedido de anulação da venda é
considerado indeferido, situação em que, tal como no caso de indeferimento expresso, o sujeito
passivo poderá deduzir reclamação judicial, nos termos do art. 276.º do Código de Procedimento e de
Processo Tributário.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 560
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11.2.2. Meios judiciais

11.2.2.1. Impugnação judicial

A impugnação judicial é o principal de defesa por excelência, em matéria tributária, quando


estejam em causa ilegalidades na liquidação do tributo.

A impugnação será apresentada no prazo de 3 meses contados a partir dos factos seguintes:

a) Termo do prazo para pagamento voluntário das prestações tributárias legalmente notificadas
ao contribuinte;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 561
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b) Notificação dos restantes actos tributários, mesmo quando não dêem origem a qualquer
liquidação;

c) Citação dos responsáveis subsidiários em processo de execução fiscal;

d) Formação da presunção de indeferimento tácito;

e) Notificação dos restantes actos que possam ser objecto de impugnação autónoma nos
termos do CPPT; ou

f) Conhecimento dos actos lesivos dos interesses legalmente protegidos não abrangidos nas
alíneas anteriores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 562
Página do manual

Os fundamentos de impugnação encontram-se exemplificativamente previstos no art. 99.º do


Código de Procedimento e de Processo Tributário, aí se elencando:

a) Errónea qualificação e quantificação dos rendimentos, lucros, valores patrimoniais e outros


factos tributários;

b) Incompetência;

c) Ausência ou vício da fundamentação legalmente exigida; e

d) Preterição de outras formalidades legais.

A impugnação judicial é apresentada no tribunal tributário competente e ali correrá a sua


tramitação.

Tem, por regra, efeito meramente devolutivo, podendo ser-lhe atribuído efeito suspensivo
mediante a prestação de garantia adequada.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 563
Página do manual

11.2.2.2. Acção administrativa

Encontra a sua previsão legal nos arts. 37.º e ss. do Código de Processo nos Tribunais
Administrativos. Está sujeita a um prazo de 3 meses (cfr. art. 58.º do Código de Processo nos Tribunais
Administrativos).

Abrange os processos que tenham por objeto litígios cuja apreciação se inscreva no âmbito da
competência dos tribunais administrativos e que nem no Código de Processo nos Tribunais
Administrativos, nem em legislação avulsa sejam objeto de regulação especial, designadamente:

a) Impugnação de actos administrativos;

b) Condenação à prática de actos administrativos devidos, nos termos da lei ou de vínculo


contratualmente assumido;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 564
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c) Condenação à não emissão de actos administrativos, nas condições admitidas no CPTA;

d) Impugnação de normas emitidas ao abrigo de disposições de direito administrativo;

e) Condenação à emissão de normas devidas ao abrigo de disposições de direito


administrativo;

f) Reconhecimento de situações jurídicas subjetivas diretamente decorrentes de normas


jurídico-administrativas ou de actos jurídicos praticados ao abrigo de disposições de direito
administrativo;

g) Reconhecimento de qualidades ou do preenchimento de condições;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 565
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i) Condenação da Administração à adopção das condutas necessárias ao restabelecimento de


direitos ou interesses violados, incluindo em situações de via de facto, desprovidas de título
que as legitime;

j) Condenação da Administração ao cumprimento de deveres de prestar que diretamente


decorram de normas jurídico-administrativas e não envolvam a emissão de um acto
administrativo impugnável, ou que tenham sido constituídos por actos jurídicos praticados
ao abrigo de disposições de direito administrativo, e que podem ter por objeto o pagamento
de uma quantia, a entrega de uma coisa ou a prestação de um facto;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 566
Página do manual

k) Responsabilidade civil das pessoas colectivas, bem como dos titulares dos seus órgãos ou
respectivos trabalhadores em funções públicas, incluindo acções de regresso;

l) Interpretação, validade ou execução de contratos;

m) A restituição do enriquecimento sem causa, incluindo a repetição do indevido;

n) Relações jurídicas entre entidades administrativas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 567
Página do manual

11.2.2.3. Impugnação das providências cautelares

De acordo com o disposto no art. 144.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário, as


providências cautelares adoptadas pela administração tributária são impugnáveis no prazo de 15 dias
após a sua realização ou o seu conhecimento efectivo pelo interessado, quando posterior, com
fundamento em qualquer ilegalidade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 568
Página do manual

11.2.2.4. Acção para reconhecimento de um direito ou interesse legítimo

Encontra-se regulada pelo art. 145.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário.

Pode ser proposta por quem invoque a titularidade de um direito ou interesse a reconhecer.

O prazo para a respectiva propositura é de 4 anos após a constituição do direito ou o


conhecimento da lesão.

Este é um meio processual excepcional, que só deve ser usado quando for o mais adequado para
assegurar uma tutela plena, eficaz e efectiva do direito ou interesse legalmente protegido.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 569
Página do manual

11.2.2.5. Intimação para a consulta de documentos e passagem de certidões

Consignado legalmente como um meio processual acessório (cfr. art. 146.º do Código de
Procedimento e de Processo Tributário), trata-se de um mecanismo que o interessado pode utilizar
quando solicitou a consulta de determinados documentos ou a emissão de certidões e, decorrido o
prazo legalmente fixado para o efeito (Cfr., nomeadamente, art. 24.º do Código de Procedimento e de
Processo Tributário, para as certidões em geral e art. 82.º do D. Reg. 1-A/2011, para a certidão de
situação contributiva regularizada), não foi disponibilizada a consulta do documento ou emitida a
certidão em causa.

É, no fundo, uma solicitação feita ao tribunal tributário no sentido de este intimar a entidade em
causa para que a mesma possibilite a consulta do documento ou emita a pretendida certidão.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 570
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11.2.2.6. Intimação para um comportamento

Nos termos do preceituado no art. 147.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário,


em caso de omissão, por parte da administração tributária, do dever de qualquer prestação jurídica
susceptível de lesar direito ou interesse legítimo em matéria tributária, poderá o interessado
requerer, junto do tribunal tributário, a sua intimação para o cumprimento do dever omitido.

Este meio apenas pode ser utilizado quando, vistos os restantes meios contenciosos previstos,
ele for o mais adequado a assegurar a tutela plena, eficaz e efectiva dos direitos ou interesses em
causa.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 571
Página do manual

No requerimento que dirija ao tribunal, o requerente deve identificar a omissão, o direito ou


interesse legítimo violado ou susceptível de violação e o procedimento ou procedimentos a observar
pela administração tributária.

A decisão, por sua vez, sendo caso disso, especificará os actos a praticar para integral
cumprimento do dever omitido.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 572
Página do manual

11.2.2.7. Oposição à execução

Este meio de defesa surge na pendência de uma execução e, normalmente, após a citação do
executado (cfr. arts. 35.º e 203.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário).

São fundamentos de oposição à execução (cfr. art. 204.º do Código de Procedimento e de


Processo Tributário):

a) Inexistência do imposto, taxa ou contribuição nas leis em vigor à data dos factos a que
respeita a obrigação ou, se for o caso, não estar autorizada a sua cobrança à data em que
tiver ocorrido a respectiva liquidação;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 573
Página do manual

b) Ilegitimidade da pessoa citada por esta não ser o próprio devedor que figura no título ou seu
sucessor ou, sendo o que nele figura, não ter sido, durante o período a que respeita a dívida
exequenda, o possuidor dos bens que a originaram, ou por não figurar no título e não ser
responsável pelo pagamento da dívida;

c) Falsidade do título executivo, quando possa influir nos termos da execução;

d) Prescrição da dívida exequenda;

e) Falta da notificação da liquidação do tributo no prazo de caducidade;

f) Pagamento ou anulação da dívida exequenda;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 574
Página do manual

g) Duplicação de colecta;

h) Ilegalidade da liquidação da dívida exequenda, sempre que a lei não assegure meio judicial
de impugnação ou recurso contra o acto de liquidação;

i) Quaisquer fundamentos não referidos nas alíneas anteriores, a provar apenas por
documento, desde que não envolvam apreciação da legalidade da liquidação da dívida
exequenda, nem representem interferência em matéria de exclusiva competência da
entidade que houver extraído o título.

A oposição à execução não tem efeito suspensivo, a menos que seja prestada caução.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 575
Página do manual

11.2.2.8. Embargos de terceiro

Nos termos do disposto no art. 237.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário,


“Quando o arresto, a penhora ou qualquer outro acto judicialmente ordenado de apreensão ou
entrega de bens ofender a posse ou qualquer outro direito incompatível com a realização ou o âmbito
da diligência, de que seja titular um terceiro, este pode fazê-lo valer por meio de embargos de
terceiro”.

Os embargos de terceiro são deduzidos junto do órgão da execução fiscal, no prazo de 30 dias
contados desde o dia em que foi praticado o acto ofensivo da posse ou direito ou daquele em que o
embargante teve conhecimento da ofensa, mas nunca depois de os respectivos bens terem sido
vendidos.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 576
Página do manual

11.2.2.9. Reclamação judicial da decisão do órgão de execução

Está regulada nos arts. 276.º a 278.º do Código de Procedimento e de Processo Tributário.

Tem por objecto a impugnação, para o tribunal tributário de 1.ª instância, de decisões
proferidas pelo órgão da execução fiscal e outras autoridades da administração tributária que no
processo afectem os direitos e interesses legítimos do executado ou de terceiro (cfr. art. 276.º do
Código de Procedimento e de Processo Tributário).

É proposta no prazo de 10 dias após a notificação da decisão, devendo indicar


expressamente os fundamentos e conclusões (cfr. art. 277.º do Código de Procedimento e de
Processo Tributário).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 577
Página do manual

Por princípio, a reclamação apenas é conhecida pelo tribunal após a realização da penhora e da
venda, a menos que a mesma se funde em prejuízo irreparável causado por qualquer das seguintes
ilegalidades (cfr. art. 278.º, n.º 3, do Código de Procedimento e de Processo Tributário):

a) Inadmissibilidade da penhora dos bens concretamente apreendidos ou da extensão com que


foi realizada;

b) Imediata penhora dos bens que só subsidiariamente respondam pela dívida exequenda;

c) Incidência sobre bens que, não respondendo, nos termos de direito substantivo, pela dívida
exequenda, não deviam ter sido abrangidos pela diligência;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 578
Página do manual

d) Determinação da prestação de garantia indevida ou superior à devida;

e) Erro na verificação ou graduação de créditos;

f) Falta de fundamentação da decisão relativa à apensação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 579
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11.2.2.10. Impugnação judicial da decisão de aplicação de coima

A decisão de aplicação de uma coima pode, nos termos do disposto na Lei n.º 107/2009, de
14/09, ser objecto de recurso de impugnação judicial (cfr. art. 32.º da Lei n.º 107/2009, de 14/09).

Este é dirigido ao Juízo do Trabalho competente, nos termos do disposto no art. 34.º da Lei n.º
107/2009, de 14/09, é competente para conhecer da impugnação judicial o juízo do trabalho em cuja
área territorial se tiver verificado a contraordenação, e ali correrá os seus termos, salientado-se,
todavia, que o mesmo deve ser apresentado junto da autoridade administrativa que tenha proferido
a decisão de aplicação da coima (cfr. art. 33.º da Lei n.º 107/2009, de 14/09).

O recurso de impugnação judicial deve ser interposto no prazo de 20 dias e deve conter
alegações, conclusões e a indicação dos meios de prova a produzir.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 580
Página do manual

Conforme referido supra, o recurso de impugnação judicial tem efeito meramente devolutivo.
Pode, no entanto, ser-lhe atribuído efeito suspensivo se o recorrente depositar, no mesmo prazo de
20 dias, o valor da coima e das custas do processo (cfr. art. 35.º da Lei nº 107/2009, de 14/09).

A decisão é proferida mediante a realização de audiência de julgamento ou, quando o juiz não a
considere necessária e a tal não se oponham o arguido ou o Ministério Público, através de simples
despacho, nos termos do art. 39.º da Lei n.º 107/2009, de 14/09.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 581
Página do manual

Da decisão que vier a que proferida pelo Tribunal é admissível recurso para o Tribunal da Relação
quando (cfr. art. 49.º, n.º 1, da Lei nº 107/2009, de 14/09 ):

a) For aplicada ao arguido uma coima superior a 25 UC ou valor equivalente;

b) A condenação do arguido abranger sanções acessórias;

c) O arguido for absolvido ou o processo for arquivado em casos em que a autoridade


administrativa competente tenha aplicado uma coima superior a 25 UC ou valor equivalente,
ou que tal coima tenha sido reclamada pelo Ministério Público;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 582
Página do manual

d) A impugnação judicial for rejeitada;

e) O tribunal decidir através de despacho não obstante o recorrente se ter oposto nos termos
do disposto no n.º 2 do artigo 39.º.

Para além destes casos, o Tribunal da Relação pode, a requerimento do arguido ou do Ministério
Público, aceitar o recurso da decisão quando tal se afigure manifestamente necessário à melhoria da
aplicação do direito ou à promoção da uniformidade da jurisprudência (cfr. art. 49.º, n.º 2, da Lei n.º
107/2009, de 14/09).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 583
Página do manual

12. AS INFRACÇÕES CONTRA A SEGURANÇA SOCIAL

12.1 Contraordenações relativas à Segurança Social

12.1. Das contraordenações em geral

O regime contraordenacional encontra-se regulado nos arts. 221.º e seguintes do CRCSPSS.

Todavia, face ao disposto no art. 3.º, als. c) e d), do referido Código, são subsidiariamente
aplicáveis, o Código do Procedimento Administrativo, quanto à matéria procedimental, e o Regime
Geral das Infracções Tributárias, quanto à matéria substantiva contraordenacional.

Apresentação | Autor Julho 2021 584


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A matéria em análise encontra igualmente previsão na Lei n.º 107/2009, de 14 de Setembro ,


que aprovou o regime processual aplicável às contraordenações laborais e de segurança social. Este
diploma legal estabelece, nomeadamente, a competência para o procedimento de contraordenação,
a competência para a decisão, os actos processuais na fase administrativa, a acção inspectiva, a fase
administrativa, contendo, nomeadamente, o auto de notícia e participação e o auto de infracção e os
elementos que devem constar dos mesmos, o direito de defesa em fase administrativa e a fase
judicial, nesta se incluindo, designadamente, a impugnação judicial das decisões de aplicação das
coimas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 585
Página do manual

Ora, de acordo com o disposto no art. 221.º do CRCSPSS, “Constitui contraordenação para
efeitos do presente Código todo o facto ilícito e censurável, nele previsto e na legislação que o
regulamenta, que preencha um tipo legal para o qual se comine uma coima” .

Por sua vez, o art. 222.º do CRCSPSS, num claro afloramento do princípio da legalidade,
esclarece que só é punido como contraordenação o facto descrito e declarado passível de coima por
lei anterior ao momento da sua prática.

A punição da contraordenação é determinada pela lei vigente no momento da prática do facto


que a integra, sendo certo que, se antes da condenação do arguido por decisão transitada em
julgado, a mesma for, entretanto, alterada, aplicar-se-á a lei mais favorável ao mesmo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 586
Página do manual

Diz-nos o art. 224.º do CRCSPSS que, salvo tratado ou convenção internacional em contrário,
este é aplicável aos factos praticados em território português, independentemente da nacionalidade
ou sede do agente, sendo certo que, face ao disposto no artigo 225.º, o facto deve considerar-se
praticado no momento em que o agente actuou ou, no caso de omissão, deveria ter actuado,
independentemente do momento em que o resultado típico se tenha produzido.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 587
Página do manual

O CRCSPSS estabelece também que “São responsáveis pelas contraordenações e pelo


pagamento das coimas o agente que o tipo contraordenacional estipular como tal, quer seja pessoa
singular ou coletiva ou associação sem personalidade jurídica”, nos termos do art. 226.º, n.º 1, do
CRCSPSS. Por sua vez, as pessoas coletivas ou entidades equiparadas são responsáveis pelas
contraordenações praticadas, em seu nome ou por sua conta, pelos titulares dos seus órgãos sociais,
mandatários, representantes ou trabalhadores (cfr. art. 226.º, n.º 2, do CRCSPSS). Os administradores,
gerentes ou directores das pessoas colectivas ou equiparadas respondem, solidariamente com estas,
pelo pagamento da coima (cfr art. 226.º, n.º 3, do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 588
Página do manual

As contraordenações contra a Segurança Social podem ser praticadas a título de dolo ou de


negligência, nos termos do disposto no art. 14.º do Código Penal, sendo certo que, face ao
preceituado no art. 228.º do CRCSPSS, nas contraordenações previstas no mesmo, a negligência é
sempre punível.

A condenação pela prática de contraordenações à Segurança Social pode implicar, para além da
condenação no pagamento de uma coima, a aplicação das denominadas sanções acessórias, como
sendo, a impossibilidade de acesso a medidas de estímulo à criação de postos de trabalho e à
reinserção profissional de pessoas afastadas do mercado de trabalho.

As contraordenações classificam-se em leves, graves e muito graves (cfr. art. 232.º do CRCSPSS),
o que releva desde logo, para efeito de determinação da coima aplicável.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 589
Página do manual

O art. 233.º do CRCSPSS estabelece o montante das coimas abstractamente aplicáveis.

Encontra-se igualmente previsto no artigo em análise que os limites mínimos e máximos das
coimas são elevados:

a) Em 50% sempre que sejam aplicados a uma pessoa colectiva, sociedade, ainda que
irregularmente constituída, ou outra entidade equiparada com menos de 50 trabalhadores;
e

b) Em 100% sempre que sejam aplicados a uma pessoa colectiva, sociedade, ainda que
irregularmente constituída, ou outra entidade equiparada com 50 ou mais trabalhadores.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 590
Página do manual

Tal significa que temos os seguintes limites, mínimo e máximo, das coimas, consoante se trate de
uma pessoa singular, uma pessoa colectiva ou equiparada com menos de 50 trabalhadores e uma
pessoa colectiva ou equiparada com 50 ou mais trabalhadores:

1 – Pessoa singular

– Contraordenações leves

- praticadas por negligência – de € 50,00 a € 250,00

- praticadas com dolo – de € 100,00 a € 500,00

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 591
Página do manual

– Contraordenações graves

- praticadas por negligência – de € 300,00 a € 1.200,00

- praticadas com dolo – de € 600,00 a € 2.400,00

– Contraordenações muito graves

- praticadas por negligência – de € 1.250,00 a € 6.250,00

- praticadas com dolo – de € 2.500,00 a € 12.500,00

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 592
Página do manual

2 – Pessoa colectiva ou equiparada com menos de 50 trabalhadores:

– Contraordenações leves

- praticadas por negligência – de € 75,00 a € 375,00

- praticadas com dolo – de € 150,00 a € 750,00

– Contraordenações graves

- praticadas por negligência – de € 450,00 a € 1.800,00

- praticadas com dolo – de € 900,00 a € 3.600,00

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 593
Página do manual

– Contraordenações muito graves

- praticadas por negligência – de € 1.875,00 a € 9.375,00

- praticadas com dolo – de € 3.750,00 a € 18.750,00

3 – Pessoa colectiva ou equiparada com 50 ou mais trabalhadores:

– Contraordenações leves

- praticadas por negligência – de € 100,00 a € 500,00

- praticadas com dolo – de € 200,00 a € 1.000,00

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 594
Página do manual

– Contraordenações graves

- praticadas por negligência – de € 600,00 a € 2.400,00

- praticadas com dolo – de € 1.200,00 a € 4.800,00

– Contraordenações muito graves

- praticadas por negligência – de € 2.500,00 a € 12.500,00

- praticadas com dolo – de € 5.000,00 a € 25.000,00

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 595
Página do manual

De entre os referidos limites mínimo e máximo, a determinação da medida da coima faz-se em


função da gravidade da contraordenação, relevando, para o efeito, o tempo de incumprimento da
obrigação, o número de trabalhadores prejudicados com a actuação do agente, a culpa do agente e
os seus antecedentes na prática de infracções ao Código em análise (cfr. art. 234.º, n.º 1, do
CRCSPSS). Na determinação da medida da coima ter-se-á ainda em consideração a situação
económica do agente, quando conhecida, e os benefícios obtidos com a prática do facto (cfr. art.
234.º, n.º 2, do CRCSPSS).

O art. 235.º do CRCSPSS determina que, em caso de concurso de contraordenações, isto é, a


prática, pelo mesmo agente, de várias contraordenações autónomas, este deve ser punido com uma
coima cujo limite máximo resulta da soma das coimas concretamente aplicadas às infracções em
concurso, muito embora a coima aplicável não possa exceder o dobro do limite máximo mais elevado
das contraordenações em concurso e a coima a aplicar não possa ser inferior à mais elevada das
coimas concretamente aplicadas às várias contraordenações.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 596
Página do manual

Por sua vez, o art. 236.º CRCSPSS estabelece que, se o mesmo facto constituir simultaneamente
crime e contraordenação, o agente é punido a título de crime, sem prejuízo das sanções acessórias
previstas para a contraordenação, cabendo a aplicação destas ao tribunal competente para o
julgamento do crime. A instauração do processo crime faz suspender o processo de contraordenação,
prosseguindo este no caso de não ser deduzida acusação no processo crime e extinguindo-se sempre
que a acusação seja deduzida.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 597
Página do manual

É considerado reincidente quem praticar uma contraordenação grave com dolo ou uma
contraordenação muito grave no prazo de 2 anos após ter sido condenado pela prática de outra
contraordenação grave com dolo ou de outra contraordenação muito grave, sendo certo que, neste
caso, os limites mínimos e máximos da coima são elevados em um 1/3 do respectivo valor (cfr. art.
237.º do CRCSPSS). Nos casos de reincidência em contraordenações graves ou muito graves, podem
ainda ser aplicadas ao agente, com um prazo de duração máxima de 2 anos, sanções acessórias de
privação do acesso a medidas de estímulo à criação de postos de trabalho e à reinserção profissional
de pessoas afastadas do mercado de trabalho (cfr. art. 238.º do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho 598
Página do manual

Tendo em vista o pagamento da coima que seja aplicada ao infractor, o legislador estabeleceu,
no art. 239.º do CRCSPSS, a possibilidade de esta ser compensada com eventuais prestações de
segurança social que aquele esteja a auferir. Esta compensação pode ser operada desde que o
agente, devidamente notificado para o efeito, não tenha procedido ao pagamento da coima no prazo
legalmente estipulado, nem tenha prestado caução no âmbito de recurso interposto da decisão de
aplicação da mesma.

O CRCSPSS prevê, em especial, diversas situações atenuantes e agravantes das coimas.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 599
Página do manual

Estabelece-se no art. 241.º, n.º 1, do diploma legal em causa que, “Sempre que as obrigações
previstas nos n.ºs 1 e 2 do artigo 29.º, n.º 1 do artigo 32.º, n.ºs 1 e 2 do artigo 36.º, n.º 1 do artigo
40.º, n.º 1 do art. 149.º e n.º 1 do artigo 153.º sejam cumpridas dentro dos primeiros 30 dias
seguintes ao último dia do prazo, os limites máximos das coimas aplicáveis não podem exceder em
mais de 75% o limite mínimo previsto para o tipo de contraordenação praticada.” Em acréscimo,
sempre que as contraordenações sejam praticadas por trabalhadores do serviço doméstico ou pelos
respectivos empregadores, os limites mínimos e máximos das coimas aplicáveis são reduzidos em
50% (cfr. art. 241.º, n.º 2, do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 600
Página do manual

Por outro lado, “Nos casos em que a falta de comunicação a que se refere o artigo 29.º respeite
a trabalhadores que se encontrem a beneficiar de prestações de desemprego ou de doença, a
contraordenação é considerada muito grave”, sendo certo que, ainda assim, os montantes da coima
são reduzidos a metade nas situações em que empregadora fundamente o desconhecimento da
situação através da apresentação de declaração emitida pela instituição de segurança social
competente (cfr. art. 242.º do CRCSPSS).

Em acréscimo, a falta de comunicação a que se refere o art. 29.º (não comunicação atempada de
admissão de trabalhador) relativamente a trabalhadores que se encontrem a beneficiar de prestações
de desemprego ou de doença e a não inclusão dos mesmos na declaração de remunerações de
trabalhadores acarreta, nos termos do art. 243.º do CRCSPSS, para além da respectiva coima, a
aplicação de sanção acessória de privação do acesso a medidas de apoio ao emprego.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 601
Página do manual

No caso das contraordenações leves é também possível a denominada dispensa de coima (cfr.
art. 244.º do CRCSPSS), sendo, todavia, necessário que se verifiquem, cumulativamente, os seguintes
pressupostos:

a) A prática da infracção não ocasione prejuízo efectivo ao sistema de Segurança Social nem ao
trabalhador;

b) Esteja regularizada a falta cometida; e

c) A infracção tenha sido praticada por negligência.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 602
Página do manual

O procedimento contraordenacional extingue-se, por prescrição, nos termos do disposto no art.


245.º do CRCSPSS, logo que sobre a prática dos factos hajam decorrido 5 anos .

Por sua vez, as coimas prescrevem igualmente no prazo de 5 anos a contar da data em que
transite em julgado a decisão de aplicação das mesmas (cfr. art. 246.º do CRCSPSS) .

Salienta-se ainda que, nos termos do disposto no art. 21.º do CRCSPSS, “O pagamento de coima
relativo a condenação pela prática de contraordenação que consista na violação por ação ou omissão
de um dever não dispensa o infractor do cumprimento do dever violado”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 603
Página do manual

12.2. Das contraordenações em especial

12.2.1. Falsas Declarações

O art. 22.º do CRCSPSS estabelece que constitui contraordenação muito grave:

a) As falsas declarações ou a utilização de qualquer outro meio de que resulte enquadramento


em regime de segurança social sem que se verifiquem as condições legalmente exigidas;

b) As falsas declarações ou a utilização de qualquer outro meio de que resulte a isenção


indevida da obrigação de contribuir ou a aplicação de um regime contributivo indevido quer
quanto à base de incidência quer quanto às taxas contributivas; e
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 604
Página do manual

c) As falsas declarações ou a adopção de procedimentos, por acção ou omissão, tendentes à


obtenção indevida de prestações.

12.2.2. Não comunicação da admissão de trabalhadores

O art. 29.º, n.º 7, do CRCSPSS determina que o incumprimento da obrigação de comunicação da


admissão de trabalhadores constitui contraordenação leve quando seja cumprida nas 24 horas
subsequentes ao termo do prazo e constitui contraordenação grave nas demais situações .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 605
Página do manual

12.2.3. Não comunicação da cessação, suspensão ou alteração da modalidade do contrato de


trabalho

O art. 32.º, n.º 4, do CRCSPSS prevê que consubstancia uma contraordenação leve a não
comunicação da cessação, da suspensão do contrato de trabalho e do motivo que lhes deu causa,
bem como da alteração da modalidade de contrato de trabalho (cfr. art. 246.º do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 606
Página do manual

12.2.4. Comunicações obrigatórias

O art. 36.º, n.º 1, do CRCSPSS estabelece que as entidades empregadoras devem comunicar à
instituição de segurança social competente a alteração de quaisquer dos elementos relativos à sua
identificação, incluindo os relativos aos estabelecimentos, bem como o início, suspensão ou cessação
de actividade, cominando o n.º 4 com uma contraordenação leve a violação desta obrigação.

Por sua vez, o n.º 3 do art. 36.º diz-nos que, caso tais elementos não possam ser obtidos
oficiosamente, as entidades empregadoras sejam notificadas para, no prazo de 10 dias úteis, os
apresentarem à instituição de segurança social competente e, ainda assim os não apresentem, já
estaremos perante uma contraordenação leve quando seja cumprida nos 10 dias subsequentes ao
termo do prazo e uma contraordenação grave nas demais situações (cfr. art. 246.º do CRCSPSS).
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 607
Página do manual

12.2.5. Declaração de remunerações

Nos termos do disposto no art. 40.º, n.º 1, do CRCSPSS, “As entidades contribuintes são
obrigadas a declarar à segurança social, em relação a cada um dos trabalhadores ao seu serviço, o
valor da remuneração que constitui a base de incidência contributiva, os tempos de trabalho que lhe
corresponde e a taxa contributiva aplicável.”

Por sua vez, o n.º 2 do referido preceito legal determina que a declaração de remunerações deve
ser efectuada até ao dia 10 do mês seguinte àquele a que diga respeito.

A não inclusão de trabalhador na declaração de remunerações constitui contraordenação muito


grave, nos termos do disposto no art. 40.º, n.º 5, do CRCSPSS.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 608
Página do manual

Por outro lado, a existência de erros ou omissões na declaração de remunerações constitui, nos
termos do n.º 6 da aludida norma legal, uma contraordenação leve quando seja cumprida nos 30 dias
subsequentes ao termo do prazo e constitui contraordenação grave nas demais situações (cfr. art.
246.º do CRCSPSS).

Por seu turno, o art. 229.º do CRCSPSS determina que, sem prejuízo das demais
contraordenações especificadas no referido Código, constitui uma contraordenação leve a omissão de
qualquer outro elemento que deva obrigatoriamente constar da declaração de remunerações nos
termos previstos na legislação regulamentar.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 609
Página do manual

12.2.6. Cumprimento da obrigação contributiva

Nos termos do estabelecido pelo art. 42.º do CRCSPSS, as entidades contribuintes são
responsáveis pelo pagamento das contribuições e das quotizações dos trabalhadores ao seu serviço,
sendo que, para o efeito, descontam nas remunerações dos trabalhadores ao seu serviço o valor das
quotizações por estes devidas e remetem-no, juntamente com o da sua própria contribuição, à
instituição de segurança social competente.

O art. 42.º, n.º 3, do CRCSPSS preceitua que a violação de tais obrigações constitui
contraordenação leve quando seja cumprida nos 30 dias subsequentes ao termo do prazo e constitui
contraordenação grave nas demais situações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 610
Página do manual

Esclarece-se ainda que, como veremos infra, se o atraso no envio das quotizações for superior a
90 dias, já não estaremos perante uma mera contraordenação, mas sim perante um crime de abuso
de confiança contra a segurança social, nos termos do disposto no art. 107.º do Regime Geral das
Infracções Tributárias.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 611
Página do manual

12.2.7. Comprovação de elementos

Nos termos do disposto no art. 149.º, n.º 1, do CRCSPSS, quando os elementos obtidos com base
na troca de informação com a administração fiscal suscitem dúvidas, a instituição de segurança social
competente deve solicitar aos trabalhadores os elementos necessários à sua comprovação.

O incumprimento de tal solicitação por parte dos trabalhadores constitui contraordenação leve
quando seja cumprida nos 10 dias subsequentes ao termo do prazo e constitui contraordenação
grave nas demais situações (cfr. art. 246.º do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 612
Página do manual

12.2.8. Obrigação declarativa dos trabalhadores independentes

Face ao disposto no art. 151.º-A do CRCSPSS, os trabalhadores independentes, quando sujeitos


ao cumprimento da obrigação contributiva, são obrigados a efectuar diversas declarações, ali
previstas quanto aos seus conteúdos e prazos.

A violação de tais obrigações declarativas consubstancia uma contraordenação leve.

Ressalva-se que, por força do art. 150.º da Lei n.º 2/2020, de 31/03 (Orçamento de Estado para
2020), foi despenalizado o incumprimento, em 2019, da obrigação de entrega da declaração
trimestral de rendimentos, previsto no n.º 8 do preceito em análise, o que, actualmente, não se
mantém.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 613
Página do manual

12.2.9. Declaração anual de actividade dos trabalhadores independentes

Nos termos do disposto no art. 152.º do CRCSPSS, os trabalhadores independentes sujeitos ao


cumprimento da obrigação contributiva são obrigados a apresentar uma declaração anual, que deve
conter diversos elementos.

A violação do disposto neste artigo consubstancia, nos termos do respectivo n.º 5, uma
contraordenação leve.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 614
Página do manual

12.2.10. Pagamento de contribuições dos trabalhadores independentes

O não pagamento atempado pelos trabalhadores independentes e pelas entidades contratantes


das devidas contribuições respeitantes aos trabalhadores independentes constitui contraordenação
leve quando seja cumprida nos 30 dias subsequentes ao termo do prazo e constitui contraordenação
grave nas demais situações (cfr. art. 155.º do CRCSPSS).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 615
Página do manual

12.2.11. Acumulação do exercício de actividade com concessão de prestações

O art. 230.º do CRCSPSS estabelece que constitui uma contraordenação muito grave a
acumulação de prestações com o exercício de actividade remunerada contrariando disposição legal
específica.

12.2.12. Falta de apresentação de documentação

A falta de apresentação de declaração ou de outros documentos legalmente exigidos, que não se


encontre especialmente punida, consubstancia, nos termos do disposto no art. 231.º do CRCSPSS,
uma contraordenação leve.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 616
Página do manual

12.3. Crimes contra a Segurança Social

12.3.1. Dos crimes em geral

O CRCSPSS é omisso quanto a esta matéria, devendo, para o efeito, analisar-se o Regime Geral
das Infracções Tributárias (RGIT).

No RGIT encontram-se previstos apenas dois crimes contra a Segurança Social – a fraude contra
a Segurança Social e o abuso de confiança contra a Segurança Social – apesar de os demais crimes
tributários poderem ter relação com qualquer tipo de tributo, designadamente quotizações e
contribuições, razão pela qual também procederemos à respectiva análise.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 617
Página do manual

As pessoas colectivas, sociedades, ainda que irregularmente constituídas, e outras entidades


fiscalmente equiparadas são responsáveis pelas infracções previstas no RGIT, quando cometidas pelos
seus órgãos ou representantes, em seu nome e no interesse colectivo, sendo excluída quando o
agente tiver actuado contra ordens ou instruções expressas de quem de direito (cfr. art. 7.º do RGIT).

Os administradores, gerentes e outras pessoas que exerçam, ainda que apenas de facto, funções
de administração em pessoas colectivas, sociedades, ainda que irregularmente constituídas e outras
entidades fiscalmente equiparadas, respondem subsidiariamente pelo pagamento das multas
aplicadas a infracções por factos praticados no período do exercício do seu cargo ou por factos
anteriores quanto tiver sido por culpa sua que o património da sociedade ou pessoa colectiva se
tornou insuficiente para o seu pagamento ou ainda quando a decisão definitiva de as aplicar for
notificada durante o período do exercício do seu cargo e lhes seja imputável a falta de pagamento
(cfr. art. 8.º do RGIT).
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 618
Página do manual

No caso de o responsável pela prática destes crimes ser uma pessoa colectiva, os agentes
individuais da infracção podem ser punidos cumulativamente com a mesma (cfr. art. 7.º, n.º 3, do
RGIT).

Os crimes previstos no RGIT revestem a natureza de crimes públicos, razão pela qual os
contabilistas certificados devem ter em atenção, quanto aos mesmos, o disposto no art. 76.º do
respectivo Estatuto, que determina que “Os contabilistas certificados devem participar ao Ministério
Público e à Ordem os factos de que tomem conhecimento no exercício da sua atividade que
constituam crimes públicos”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 619
Página do manual

As penas principais, nos termos do art. 12.º do RGIT, aplicáveis aos crimes tributários são as
seguintes:

- se se tratar de uma pessoa singular, prisão até 8 anos ou multa de 10 a 600 dias;

- se se tratar de uma pessoa colectiva, sociedade, ainda que irregularmente constituída, e outra
entidade fiscalmente equiparada, multa de 20 até 1920 dias, sendo certo que, sem prejuízo de tais
limites e salvo disposição em contrário, sempre que sejam aplicadas a uma pessoa colectiva,
sociedade, ainda que irregularmente constituída, e outra entidade fiscalmente equiparada, os limites
mínimo e máximo das penas de multa previstas nos diferentes tipos legais de crimes tributários são
elevados para o dobro.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 620
Página do manual

Nos termos do disposto no art. 15.º do RGIT, cada dia de multa corresponde a:

- uma quantia entre € 1,00 e € 500,00, tratando-se de pessoa singular;

- uma quantia entre € 5,00 e € 5.000,00, tratando-se de pessoa colectiva ou equiparada,

que o tribunal fixará em função da situação económico-financeira do condenado.

As penas acessórias (cfr. art. 16.º do RGIT, encontrando-se os respectivos pressupostos de


aplicação previstos no art. 17.º do RGIT, para além dos previstos no Código Penal) aplicáveis,
cumulativamente, aos agentes dos crimes tributários são as seguintes:

a) Interdição temporária do exercício de certas actividades ou profissões;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 621
Página do manual

b) Privação do direito a receber subsídios ou subvenções concedidos por entidades ou serviços


públicos;

c) Perda de benefícios fiscais concedidos, ainda que de forma automática, franquias aduaneiras
e benefícios concedidos pela administração da segurança social ou inibição de os obter;

d) Privação temporária do direito de participar em feiras, mercados, leilões ou arrematações e


concursos de obras públicas, de fornecimento de bens ou serviços e de concessão,
promovidos por entidades ou serviços públicos ou por instituições particulares de
solidariedade social comparticipadas pelo orçamento da segurança social;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 622
Página do manual

e) Encerramento de estabelecimento ou de depósito;

f) Cassação de licenças ou concessões e suspensão de autorizações;

g) Publicação da sentença condenatória a expensas do agente da infracção;

h) Dissolução da pessoa colectiva; e

i) Perda de mercadorias, meios de transporte e outros instrumentos do crime.

Na determinação da medida da pena deve atender-se, sempre que possível, ao prejuízo causado
pelo crime (cfr. art. 13.º do RGIT).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 623
Página do manual

Tratando-se de crimes puníveis com pensa de prisão igual ou inferior a 2 anos e o agente repuser
a verdade sobre a situação tributária, a pena pode ser dispensada se:

- A ilicitude do facto e a culpa do agente não forem muito graves;

- A prestação tributária e demais acréscimos legais tiverem sido pagos, ou tiverem sido
restituídos os benefícios injustificadamente obtidos, até à dedução da acusação;

- À dispensa da pena se não opuserem razões de prevenção (cfr. art. 22.º, n.º 1 do RGIT).

A pena será ainda especialmente atenuada se o agente repuser a verdade fiscal e pagar a
prestação tributária e demais acréscimos legais até à decisão final ou no prazo nela fixado (cfr. art.
22.º, n.º 2 do RGIT).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 624
Página do manual

12.3.2. Dos crimes em especial

12.3.2.1. Crimes contra a Segurança Social

12.3.2.1.1. Fraude contra a Segurança Social

Nos termos do disposto no art. 106.º do RGIT:

“1 - Constituem fraude contra a segurança social as condutas das entidades empregadoras, dos
trabalhadores independentes e dos beneficiários que visem a não liquidação, entrega ou pagamento,
total ou parcial, ou o recebimento indevido, total ou parcial, de prestações de segurança social com
intenção de obter para si ou para outrem vantagem ilegítima de valor superior a € 7.500.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 625
Página do manual

2 - É aplicável à fraude contra a segurança social a pena prevista no n.º 1 do artigo 103.º, bem
como o disposto nas respetivas alíneas.

3 - É igualmente aplicável às condutas previstas no n.º 1 deste artigo o disposto no artigo 104.º.

4 - Para efeito deste artigo também se consideram prestação da segurança social os benefícios
previstos na legislação da segurança social.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 626
Página do manual

A fraude contra a Segurança Social pode ser simples ou qualificada.

A fraude contra a Segurança Social simples pode ter lugar mediante:

- ocultação ou alteração de factos ou valores que devam constar dos livros de contabilidade ou
escrituração, ou das declarações apresentadas ou prestadas a fim de que a administração fiscal
especificamente fiscalize, determine, avalie ou controle a matéria colectável (cfr. art. 103.º, n.º 1, al.
a) do RGIT);

- ocultação de factos ou valores não declarados e que devam ser revelados à administração
tributária (cfr. art. 103.º, n.º 1, al. b) do RGIT);

- celebração de negócio simulado, quer quanto ao valor, quer quanto à natureza, quer por
interposição, omissão ou substituição de pessoas (cfr. Art. 103.º, n.º 1, al. c) do RGIT).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 627
Página do manual

A pena aplicável à fraude simples é a pena de prisão até 3 anos ou multa até 360 dias, para as
pessoas singulares, e a multa até 720 dias para as pessoas colectivas.

Por sua vez, a fraude contra a Segurança Social já será qualificada quando se verifique mais do
que uma das seguintes circunstâncias (cfr. art. 104.º, n.º 1, als. a) a g) do RGIT ):

- o agente se tiver conluiado com terceiros que estejam sujeitos a obrigações acessórias para
efeitos de fiscalização tributária;

- o agente for funcionário público e tiver abusado gravemente das suas funções;

- o agente se tiver socorrido do auxílio do funcionário público com grave abuso das suas funções;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 628
Página do manual

- o agente falsificar ou viciar, ocultar, destruir, inutilizar ou recusar entregar, exibir ou apresentar
livros, programas ou ficheiros informáticos e quaisquer outros documentos ou elementos probatórios
exigidos pela lei tributária;

- o agente usar os livros ou quaisquer outros elementos referidos no número anterior sabendo-
os falsificados ou viciados por terceiro;

- tiver sido utilizada a interposição de pessoas singulares ou colectivas residentes fora do


território português e aí submetidas a um regime fiscal claramente mais favorável;

- o agente se tiver conluiado com terceiros com os quais esteja em situação de relações
especiais.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 629
Página do manual

Sendo a fraude qualificada, as penas já serão de prisão de 1 a 5 anos para as pessoas singulares
e de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas colectivas.

Para os efeitos deste artigo, os valores a considerar são os que, nos termos da legislação
aplicável, devam constar de cada declaração a apresentar à Segurança Social, sendo certo que
também se consideram prestação da segurança social os benefícios previstos na respectiva legislação.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 630
Página do manual

12.3.2.1.2. Abuso de confiança contra a Segurança Social

O art. 107.º do RGIT dispõe da seguinte forma:

“1 - As entidades empregadoras que, tendo deduzido do valor das remunerações devidas a


trabalhadores e membros dos órgãos sociais o montante das contribuições por estes legalmente
devidas, não o entreguem, total ou parcialmente, às instituições de segurança social, são punidas com
as penas previstas nos n.ºs 1 e 5 do artigo 105.º.

2 - É aplicável o disposto nos n.ºs 4 e 7 do artigo 105.º.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 631
Página do manual

Conforme deixámos referido aquando da análise do regime contraordenacional previsto no


CRCSPSS, a propósito do art. 42.º respectivo, apenas estaremos perante um crime decorridos 90 dias
sobre o termo legal da entrega da prestação respectiva, uma vez que, até lá, estaremos apenas
perante uma contraordenação.

Encontra-se já definido pela na nossa jurisprudência que o limite de punibilidade previsto


no art. 105.º, n.º 4, para o abuso de confiança fiscal não se aplica a este tipo legal de crime.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 632
Página do manual

Esclarece-se que, não obstante a indevidamente utilizada expressão “contribuições” na


construção do tipo legal de crime em análise, apenas constitui crime de abuso de confiança contra a
Segurança Social a não entrega, com atraso superior a 90 dias, de quotizações. Não releva, por isso,
para a prática deste crime o valor das quotizações não entregues à Segurança Social.

Mas, para além disso, este tipo legal de crime, tal como o abuso de confiança fiscal, contém uma
outra condição objectiva de punibilidade: “A prestação comunicada à administração tributária
através de correspondente declaração não for paga, acrescida dos juros respectivos e do valor da
coima aplicável, no prazo de 30 dias após notificação para o efeito. ”, nos termos do art. 105.º, n.º 4,
al. b) do RGIT.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 633
Página do manual

12.3.2.2. Crimes Tributários

12.3.2.2.1. Burla Tributária

O art. 87.º do RGIT estabelece que “Quem, por meio de falsas declarações, falsificação ou
viciação de documento fiscalmente relevante ou outros meios fraudulentos, determinar a
administração tributária ou a administração da segurança social a efectuar atribuições patrimoniais
das quais resulte enriquecimento do agente ou de terceiro é punido com prisão até três anos ou multa
até 360 dias.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 634
Página do manual

São, por isso, elementos deste tipo legal de crime:

- o uso de erro ou engano sobre os factos, provocado por meio de “falsificação ou viciação de
documento fiscalmente relevante ou outros meios fraudulentos”;

- para determinar a administração tributária ou a administração da segurança social à prática de


atribuições patrimoniais;

- das quais resulte enriquecimento do agente ou de terceiro .

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 635
Página do manual

Se a atribuição patrimonial for de valor elevado, nos termos do disposto no art. 202.º, al. a), do
Código Penal, aplicável ex vi do art. 11.º, al. d) do RGIT, a pena é a de prisão de 1 a 5 anos para as
pessoas singulares e a de multa de 240 a 1200 dias para as pessoas colectivas. Se a atribuição
patrimonial for de valor consideravelmente elevado, nos termos do disposto no art. 202.º, al. b), do
Código Penal, aplicável ex vi do art. 11.º, al. d), do RGIT, a pena é a de prisão de 2 a 8 anos para as
pessoas singulares e a de multa de 480 a 1920 dias para as pessoas coletivas.

A tentativa, nos termos do disposto nos arts. 22.º, n.º 1 e art. 23.º do Código Penal é punível, nos
termos do disposto no n.º 5 do preceito legal em análise.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 636
Página do manual

12.3.2.2.2. Frustração de créditos

Este crime encontra a sua previsão no art. 88.º do RGIT.

Comete um crime de frustração de créditos quem:

- alienar, danificar, ocultar, fizer desaparecer ou onerar o seu património com intenção de
frustrar, total ou parcialmente, dívida às instituições de segurança social, sabendo que tem de a
entregar, porque já liquidada ou em processo de liquidação, é punido com pena de prisão de 1 a 2
anos ou com pena de multa até 240 dias – art. 88.º, n.º 1, do RGIT.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 637
Página do manual

Comete igualmente este tipo legal de crime quem, não sendo obrigado tributário:

- outorgar acto ou contrato importando transferência ou oneração de património com


intenção de frustrar, total ou parcialmente, dívida às instituições de segurança social, sabendo que
tem de a entregar, porque já liquidada ou em processo de liquidação, é punido com pena de prisão
até 1 ano ou com pena de multa até 120 dias.

Neste tipo legal de crime pune-se, pois, quer a real diminuição do património, quer a sua
diminuição fictícia, punindo-se, embora de forma diferente, quem, de forma activa, aliena, esconde
ou onera os seus bens e ainda quem participa dolosamente em tais negócios, facilitando-os.

A tentativa não é punível.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 638
Página do manual

12.3.2.2.3. Associação criminosa

Nos termos do estabelecido pelo art. 89.º do RGIT:

“1 - Quem promover ou fundar grupo, organização ou associação cuja finalidade ou actividade


seja dirigida à prática de crimes tributários é punido com pena de prisão de um a cinco anos, se pena
mais grave não lhe couber, nos termos de outra lei penal.

2 - Na mesma pena incorre quem apoiar tais grupos, organizações ou associações,


nomeadamente fornecendo armas, munições, instrumentos de crime, armazenagem, guarda ou locais
para as reuniões, ou qualquer auxílio para que se recrutem novos elementos.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 639
Página do manual

3 - Quem chefiar, dirigir ou fizer parte dos grupos, organizações ou associações referidos nos
números anteriores é punido com pena de prisão de 2 a 8 anos, se pena mais grave não lhe couber,
nos termos de outra lei penal.

4 - As penas referidas podem ser especialmente atenuadas ou não ter lugar a punição se o
agente impedir ou se esforçar seriamente para impedir a continuação dos grupos, organizações ou
associações, ou comunicar à autoridade a sua existência, de modo a esta poder evitar a prática de
crimes tributários.”

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 640
Página do manual

Neste tipo legal de crime está desenhado de forma a contemplar dois crimes simples – n.ºs 1 e
2, e um crime agravado – n.º 3.

Para que estejamos perante uma associação criminosa é necessário que se mostrem
preenchidos 3 elementos considerados essenciais:

- o elemento organizativo;

- o elemento de estabilidade associativa; e

- o elemento da finalidade criminosa.

Este tipo legal de crime basta-se com a mera organização votada à prática de delitos,
independentemente de ter sido iniciada a execução dos mesmos.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 641
Página do manual

Neste tipo legal de crime está desenhado de forma a contemplar dois crimes simples – n.ºs 1 e
2, e um crime agravado – n.º 3.

Para que estejamos perante uma associação criminosa é necessário que se mostrem
preenchidos 3 elementos considerados essenciais:

- o elemento organizativo;

- o elemento de estabilidade associativa; e

- o elemento da finalidade criminosa.

Este tipo legal de crime basta-se com a mera organização votada à prática de delitos,
independentemente de ter sido iniciada a execução dos mesmos.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 642
Página do manual

Não são aplicáveis a este tipo legal de crime as possibilidades de atenuação especial e dispensa
de pena previstas no art. 22.º do RGIT, muito embora possa, nos termos do disposto no n.º 4 do
preceito em análise, ter lugar uma atenuação especial ou dispensa de pena “se o agente impedir ou
se esforçar seriamente para impedir a continuação dos grupos, organizações ou associações, ou
comunicar à autoridade a sua existência, de modo a esta poder evitar a prática de crimes tributários”.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 643
Página do manual

13. MEDIDAS EXTRAORDINÁRIAS (COVID-19)

13.1. Empresas

13.1.1. Apoio extraordinário à retoma progressiva em empresas em situação de crise


empresarial com redução temporária do período normal de trabalho – Decreto-Lei n.º 46/2020, de
30 de Julho, na redacção actual

O apoio extraordinário à retoma progressiva de actividade com redução temporária do período


normal de trabalho (PNT), criado na sequência do Programa de Estabilização Económica e Social,
aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 41/2020, de 6 de Junho, tem sido um
instrumento de resposta às dificuldades económicas causadas pela pandemia da doença COVID-19 e
à manutenção dos postos de trabalho e, por isso, tem sido progressivamente adaptado, em cada
momento, àquelas que se considerem serem as necessidades das empresas.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 644
Página do manual

Nesse sentido, o art. 5.º, n.º 3, do Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de Julho, na sua redacção
actual, prevê que o Governo avalie, no mês de Abril de 2021, a evolução da situação pandémica e da
actividade económica relativa ao primeiro trimestre, procedendo ao ajustamento dos limites de
redução temporária do PNT em função das respectivas conclusões.

Nesta conformidade, o referido Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de Julho foi alterado, pela
sétima vez, através do Decreto-Lei n.º 32/2021, de 12 de Maio, prevendo, este último, em suma:

a) Que as empresas com quebra de facturação igual ou superior a 75% possam continuar a
reduzir o PNT dos seus trabalhadores até ao máximo de 100%, durante os meses de Maio e Junho de
2021.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 645
Página do manual

Não obstante, em Junho, a referida redução do PNT está limitada a até 75% dos trabalhadores
ao serviço do empregador, a não ser que a sua actividade se enquadre nos sectores de bares,
discotecas, parques recreativos e fornecimento ou montagem de eventos.

Em alternativa, a redução do PNT pode, no mês de Junho, ser no máximo de 75% quando
abranja até à totalidade dos trabalhadores ao serviço do empregador.

No mês de Junho, o Governo voltará a proceder ao ajustamento dos limites de redução


temporária do PNT em função da avaliação da evolução da situação pandémica e da actividade
económica relativa ao 2.º trimestre.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 646
Página do manual

b) Adicionalmente, foram uniformizados os períodos de cumprimento dos deveres por parte do


empregador no âmbito do apoio simplificado às microempresas, igualando o período em que este
não pode fazer cessar contratos de trabalho por despedimento colectivo, despedimento por extinção
do posto de trabalho ou despedimento por inadaptação, nem iniciar os respectivos procedimentos,
ao período de manutenção do nível de emprego.

O Decreto-Lei n.º 56-A/2021, de 06/07, veio prorrogar a aplicabilidade de medidas de apoio aos
trabalhadores e às empresas, no âmbito da pandemia da doença de Covid-19

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 647
Página do manual

13.1.2. Incentivo à normalização da actividade empresarial – Decreto-Lei n.º 23-A/2021, de 24


de Março e Portaria n.º 102-A/2021, de 14 de Maio

O incentivo à normalização da atividade empresarial consiste num apoio financeiro por


trabalhador que tenha sido abrangido, no 1.º trimestre de 2021, pelo apoio extraordinário à
manutenção de contrato de trabalho ou pelo apoio extraordinário à retoma progressiva de
actividade.

Quando seja requerido até 31 de Maio de 2021, este incentivo tem o valor de 2 vezes a RMMG e
é pago de forma faseada ao longo de 6 meses, ao qual acresce o direito a dispensa parcial de 50% do
pagamento de contribuições para a segurança social a cargo da entidade empregadora, com
referência aos trabalhadores abrangidos, durante os primeiros 2 meses do apoio.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 648
Página do manual

Quando seja requerido após aquela data e até 31 de Agosto de 2021, o incentivo tem o valor de
1 RMMG e é pago de uma só vez, correspondente a um período de apoio de 3 meses.

O acesso a este mecanismo de apoio está sujeito a um conjunto de deveres a observar pelas
entidades empregadoras, nomeadamente a proibição de desencadear processos de despedimento
colectivo, por extinção do posto de trabalho ou por inadaptação e o dever de manutenção do nível de
emprego.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 649
Página do manual

13.1.3. Apoio simplificado para microempresas à manutenção dos postos de trabalho –


Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de Julho e Portaria n.º 102-A/2021, de 14 de Maio

O apoio simplificado para microempresas à manutenção dos postos de trabalho destina-se às


microempresas que se encontrem em situação de crise empresarial e que tenham beneficiado,
apenas em 2020, do apoio extraordinário à manutenção de contrato de trabalho, previsto no
Decreto-Lei n.º 10-G/2020, de 26 de Março, na sua redacção actual, ou do apoio extraordinário à
retoma progressiva de actividade, previsto no Decreto-Lei n.º 46-A/2020, de 30 de Julho, na sua
redacção actual, consistindo na atribuição de um apoio financeiro ao empregador, no valor de 2 vezes
o valor da RMMG por trabalhador abrangido por aqueles apoios, a pagar de forma faseada ao longo
de 6 meses.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 650
Página do manual

No âmbito deste apoio simplificado, através do referido Decreto-Lei n.º 23-A/2021, de 24 de


Março, passou a prever-se o pagamento de um apoio adicional no valor de 1 RMMG para as
empresas que se mantenham em situação de crise empresarial no mês de Junho de 2021.

O acesso a este mecanismo de apoio está sujeito a um conjunto de deveres a observar pelas
entidades empregadoras, nomeadamente a proibição de desencadear processos de despedimento
colectivo, por extinção do posto de trabalho ou por inadaptação e o dever de manutenção do nível de
emprego.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 651
Página do manual

13.1.4. Medida Excepcional de compensação ao aumento do valor da RMMG - Decreto-Lei n.º


37/2021, de 21 de Maio

A medida aplica-se a entidades empregadoras, independentemente da sua forma jurídica, bem


como a pessoas singulares, com um ou mais trabalhadores ao seu serviço.

Consiste na atribuição de um subsídio pecuniário, pago de uma só vez, pelo IAPMEI — Agência
para a Competitividade e Inovação, I.P. (IAPMEI, I.P.), ou pelo Instituto do Turismo de Portugal, I.P.
(Turismo de Portugal, I.P.).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 652
Página do manual

Condições de acesso:

a) Apresentar, na declaração de remunerações relativa ao mês de Dezembro de 2020, um ou


mais trabalhadores, a tempo completo, com valor da remuneração base declarada igual ou superior à
RMMG para 2020 (€ 635,00) e inferior à RMMG para 2021 (€ 665,00);

b) Ter, no momento do pagamento do subsídio, as suas situações tributária e contributiva


regularizadas, perante, respetivamente, a administração fiscal e a segurança social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 653
Página do manual

Valor do subsídio:

1 - € 84,50 por trabalhador que na declaração de remunerações relativa ao mês de Dezembro de


2020 auferia o valor da remuneração base declarada equivalente à RMMG para 2020; ou

2 - O subsídio pecuniário por trabalhador que na declaração de remunerações relativa ao mês de


Dezembro de 2020 auferia o valor da remuneração base declarada entre a RMMG para 2020 e
inferior à RMMG para 2021, corresponde a 50% do valor acima previsto (€ 42,25).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 654
Página do manual

Pagamento:

Para efeitos de pagamento do subsídio pecuniário o IAPMEI, I.P., e o Turismo de Portugal, I.P.,
disponibilizam às entidades empregadoras identificadas pelo sistema de informação da Segurança
Social, um electrónico de registo, acessível através dos respectivos sítios na Internet, para recolha da
seguinte informação complementar:

a) Autorização de consulta à situação tributária e contributiva;

b) Indicação do IBAN de conta bancária de que o empregador seja titular;

c) Indicação da respectiva Classificação Portuguesa de Atividades Económicas principal;

d) Indicação do endereço electrónico e, opcionalmente, telefone de contacto.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 655
Página do manual

A não realização do registo eletrónico completo da informação acima referida no prazo de 30


dias a contar da entrada em vigor do Decreto-Lei em análise determina a caducidade do direito ao
subsídio pecuniário.

O pagamento do subsídio pecuniário é efectuado no prazo máximo de 30 dias contados do


término do prazo acima referido.

A medida de apoio em análise pode ser cumulada com outros apoios ao emprego aplicáveis ao
mesmo posto de trabalho, incluindo os concedidos no âmbito da pandemia da doença COVID-19, cuja
atribuição esteja, por natureza, dependente de condições inerentes aos trabalhadores contratados.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 656
Página do manual

13.2. Trabalhadores Independentes

13.2.1. Subsídio por doença por Covid-19 – Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de Março, na
redacção actual

Esta medida aplica-se aos trabalhadores que exercem actividade por conta de outrem, aos
trabalhadores independentes, aos MOE’s e aos trabalhadores do serviço doméstico, que se
encontrem em situação de impedimento para o trabalho por motivo de doença por COVID-19 e
tenham cumprido um prazo de garantia de 6 meses civis, seguidos ou interpolados, com registo de
remunerações.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 657
Página do manual

Têm direito ao subsídio por doença correspondente a 100% da remuneração de referência


líquida durante um período máximo de 28 dias, ao qual é descontado o período de isolamento
profilático se tiver existido.

Após o decurso dos 28 dias em que o subsídio é pago a 100% da remuneração de referência
líquida, o valor do subsídio de doença é calculado com base nas percentagens definidas no regime de
proteção na doença.

O valor da remuneração de referência líquida obtém-se pela dedução, ao valor ilíquido da


remuneração de referência, da taxa contributiva aplicável ao beneficiário e da taxa de retenção do
imposto sobre rendimento das pessoas singulares (IRS).

O apoio é atribuído mediante comunicação do Certificado por Incapacidade Temporária que é


enviado, por via eletrónica, pelos Serviços de Saúde à Segurança Social.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 658
Página do manual

13.2.2. Subsídio por doença por isolamento profilático – Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de
Março, na redacção actual

Esta medida aplica-se aos trabalhadores que exercem actividade por conta de outrem, aos
trabalhadores independentes, aos MOE’s e aos trabalhadores do serviço doméstico.

Têm direito ao subsídio por doença, de valor correspondente a 100% da remuneração de


referência líquida, tendo como limite mínimo de 65% da remuneração de referência ilíquida.

O subsídio tem a duração máxima de 14 dias.

O trabalhador deve:

- Preencher o mod. GIT71-DGSS com a sua identificação;

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 659
Página do manual

- Remeter o modelo e a sua declaração de certificação de isolamento profilático, emitida pelo


Delegado de Saúde, ou a declaração provisória emitida na sequência de contacto com o SNS24,
através da Segurança Social Direta no menu “Perfil”, opção “Documentos de Prova”, com o assunto
“COVID19-Declaração de Isolamento Profilático para trabalhadores”.

Caso se verifique a ocorrência de doença, durante ou após o fim dos 14 dias de isolamento
profilático, têm direito ao subsídio por doença se reunirem as condições de atribuição (prazo de
garantia e índice de profissionalidade).

Neste caso, não é necessário qualquer procedimento, pois o CIT (Certificado de Incapacidade
Temporária) será comunicado, por via electrónica, pelos Serviços de Saúde à Segurança Social.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 660
Página do manual

13.2.3. Apoio Extraordinário à Redução da Actividade Económica de Trabalhador Independente


– Decreto-Lei n.º 10-A/2020, de 13 de Março, na redacção actual; Decreto-Lei n.º 6-E/2021, de 15
de Janeiro; Decreto-Lei n.º 23-A/2021, de 24 de Março; Lei n.º 15/2021, de 7 de Abril; Decreto-Lei
n.º 26-C/2021, de 13 de Abril e Portaria n.º 85/2021, de 16 de Abril

Para além dos apoios previstos até ao mês de Março de 2021, a partir de Abril de 2021, os
trabalhadores independentes têm direito a um apoio correspondente:

- Ao valor do rendimento médio anual mensualizado do trabalhador no ano de 2019


(rendimentos declarados nas Declarações Trimestrais de Abril, Julho, Outubro de 2019 e Janeiro de
2020), com o limite máximo de 1 IAS (€ 438,81), quando o valor do rendimento médio anual
mensualizado do trabalhador no ano de 2019 é inferior a 1,5 IAS (€ 658,22).
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 661
Página do manual

- A 2/3 do valor do rendimento médio anual mensualizado do trabalhador no ano de


2019 (rendimentos declarados nas Declarações Trimestrais de Abril, Julho, Outubro de 2019 e Janeiro
de 2020), com o limite máximo igual à RMMG (€ 665), quando o valor do rendimento médio anual
mensualizado do trabalhador no ano de 2019 é igual ou superior a 1,5 IAS (658,22€).

O apoio previsto tem como limite mínimo o valor correspondente a 50% do valor do IAS (€
219,41).

Os empresários em nome individual abrangidos exclusivamente pelo regime dos Trabalhadores


Independentes, têm direito a um apoio correspondente:

- Ao valor da remuneração registada como base de incidência contributiva, nas situações em que
o valor da remuneração registada como base de incidência é inferior a 1,5 IAS;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 662
Página do manual

- A 2/3 do valor da remuneração registada como base de incidência contributiva, nas situações
em que o valor da remuneração registada é superior ou igual a 1,5 IAS, com limite máximo igual ao
valor do triplo da RMMG (€ 1.995) e com o limite mínimo correspondente a 50% do valor do IAS (e
219,41).

O apoio é calculado tendo como referencial a remuneração base declarada em Março de 2020,
referente ao mês de Fevereiro de 2020. Caso não exista remuneração base declarada no referido mês
o valor usado é o IAS.

A partir de Janeiro destina-se aos trabalhadores independentes e empresários em nome


individual, sujeitos à suspensão de atividades ou encerramento de instalações e estabelecimentos
por determinação legislativa ou administrativa de fonte governamental, e enquanto se mantiver o
estado de emergência.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 663
Página do manual

A partir de Março o âmbito do apoio foi alargado para abranger os trabalhadores independentes
e empresários em nome individual, que exerçam uma actividade nos sectores
do turismo, cultura, eventos ou espectáculos.

Para acederem ao apoio têm de estar em situação de paragem total da sua atividade ou com
quebra de faturação superior a 40% em função da paragem que se verifica nestes sectores, em
consequência da Covid-19.

A quebra de faturação no período de 30 dias anterior ao do pedido, com referência à média


mensal dos 2 meses anteriores a esse período, ou face ao período homólogo do ano anterior ou
ainda, para quem tenha iniciado atividade há menos de 12 meses, à média desse período. O
trabalhador deve deter certidão de contabilista certificado que o ateste.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 664
Página do manual

Os trabalhadores que a 31 de Dezembro de 2020 tivessem um código de actividade dos sectores


do turismo, cultura, eventos ou espetáculos constantes do anexo à Portaria, podem aceder ao apoio.

Estão abrangidos os trabalhadores independentes, em exclusividade ou que também sejam


trabalhadores por conta de outrem, e respectivos cônjuges ou unidos de facto que estejam nas
situações acima referidas.

Podem aceder ao apoio os trabalhadores que não aufiram mais do que o valor do Indexante aos
Apoios Sociais (IAS), que não sejam pensionistas, e que estivessem sujeitos ao cumprimento da
obrigação contributiva em pelo menos 3 meses, seguidos ou seis interpolados, há pelo menos 12
meses.

O apoio é concedido por um mês, sendo pago no mês do requerimento do apoio.


Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 665
Página do manual

O apoio pode ser requerido sempre que tenham existido no mês suspensão de actividades ou
encerramento e estabelecimentos por determinação legislativa ou administrativa de fonte
governamental no estado de emergência.

Todavia, para os sectores do turismo, cultura, eventos e espetáculos, o apoio vigora até 30 de
Junho de 2021.

O apoio relativo ao mês de Maio deverá ser requerido de 1 a 11 de Junho.

O apoio relativo ao mês de Junho deverá ser requerido de 1 a 12 de Julho.

Esta medida aplica-se também aos MOE’s.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 666
Página do manual

13.2.4. Apoio Extraordinário ao Rendimento dos Trabalhadores – Lei n.º 75-B/2020, de 31 de


Dezembro (LOE/2021); Portaria n.º 19-A/2021, de 25 de Janeiro e Decreto-Lei n.º 26-C/2021, de 13
de Abril

O referido apoio tem como objectivo assegurar a continuidade dos rendimentos dos
trabalhadores que perderam os rendimentos do trabalho e não reúnam as condições de acesso às
prestações sociais que protegem na eventualidade do desemprego, ou, tendo acedido às mesmas,
estas tenham terminado.

Trata-se de um apoio cujo acesso é aferido em função da verificação de insuficiência económica,


dirigindo-se aos trabalhadores que, por força da pandemia da doença COVID-19, se encontrem com
rendimentos abaixo do limiar de pobreza.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 667
Página do manual

Âmbito pessoal:

Têm direito ao apoio extraordinário os trabalhadores e os MOE’s que, a partir de 01/01/2021, se


enquadrem nas seguintes condições:

a) Os trabalhadores por conta de outrem, incluindo os trabalhadores do serviço doméstico, os


trabalhadores independentes e os membros de órgãos estatutários com funções de direcção, cuja
prestação de protecção no desemprego termine após 01/01/2021;

b) Os trabalhadores por conta de outrem, incluindo os trabalhadores do serviço doméstico, os


trabalhadores independentes economicamente dependentes e os membros de órgãos estatutários
com funções de direcção que, por razões que não lhes sejam imputáveis, ficaram em situação de
desemprego, sem acesso à respectiva prestação, e que tenham, pelo menos, 3 meses de
contribuições nos 12 meses imediatamente anteriores à situação de desemprego;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 668
Página do manual

c) Os trabalhadores independentes e os trabalhadores do serviço doméstico com regime diário


ou horário que tenham, pelo menos, 3 meses de contribuições nos 12 meses imediatamente
anteriores ao requerimento do apoio e que apresentem uma quebra do rendimento relevante médio
mensal superior a 40% no período de Março a Dezembro de 2020 face ao rendimento relevante
médio mensal de 2019 e, cumulativamente, entre a última declaração trimestral disponível à data do
requerimento do apoio e o rendimento relevante médio mensal de 2019;

d) Os trabalhadores em situação de desprotecção económica e social que não tenham acesso a


qualquer instrumento ou mecanismo de protecção social, que não se enquadrem em nenhuma das
situações previstas nas alíneas anteriores e que se vinculem ao sistema de segurança social como
trabalhadores independentes e mantenham essa vinculação durante a atribuição do apoio e nos 30
meses subsequentes;
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 669
Página do manual

e) Os gerentes das micro e pequenas empresas, tenham ou não participação no capital da


empresa, empresários em nome individual, bem como os membros dos órgãos estatutários de
fundações, associações ou cooperativas com funções equivalentes às daqueles, que estejam, nessa
qualidade, exclusivamente abrangidos pelos regimes de segurança social, que tenham, pelo menos, 3
meses seguidos ou 6 meses interpolados de contribuições nos 12 meses imediatamente anteriores ao
requerimento do apoio:

i) Em situação comprovada de paragem total da sua actividade, ou da actividade do respetivo


sector, em consequência da pandemia da doença COVID-19; ou

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 670
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ii) Mediante declaração do próprio conjuntamente com certidão de contabilista certificado que o
ateste, em situação de quebra abrupta e acentuada de, pelo menos, 40 % da facturação no período
de 30 dias anterior ao do pedido junto dos serviços competentes da segurança social, com referência
à média mensal dos 2 meses anteriores a esse período, ou face ao período homólogo do ano anterior
ou, ainda, para quem tenha iniciado a actividade há menos de 12 meses, à média desse período;

f) Os trabalhadores estagiários ao abrigo da medida de estágios profissionais, prevista na


Portaria n.º 131/2017, de 07/04, na sua redacção actual.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 671
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Condições de acesso:

O reconhecimento do direito ao apoio extraordinário depende de o requerente:

a) Satisfazer as condições previstas nas alíneas a) a f) do ponto I supra;

b) Encontrar-se em situação de desprotecção económica, nos termos do disposto no art. 4.º da


Portaria n.º 19-A/2021, de 25/01;

c) Residir em território nacional.

Montante mínimo do apoio extraordinário:

O apoio extraordinário tem um montante mínimo de € 50,00 mensais.


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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 672
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Requerimento:

É competente para a decisão de concessão do apoio extraordinário a instituição de segurança


social da área da residência do trabalhador, sendo o requerimento efectuado, exclusivamente, na
Segurança Social Direta, em formulário próprio, no mês seguinte ao do mês de referência do apoio.

Pagamento e duração do apoio:

O apoio extraordinário é devido desde o início do mês anterior ao da apresentação do


requerimento, podendo, todavia, em situações excepcionais e devidamente fundamentadas, ser
devido desde data anterior.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 673
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O apoio extraordinário é concedido até Dezembro de 2021, tendo como período máximo:

a) 12 meses para os trabalhadores a que se referem as als. a) e b) do n.º 2 do artigo 156.º da Lei
n.º 75-B/2020, de 31 de Dezembro;

b) 6 meses, seguidos ou interpolados, para os trabalhadores a que se referem as als. c) a f) do


n.º 2 do artigo 156.º da Lei n.º 75-B/2020, de 31 de Dezembro, correspondendo a uma prestação
concedida por um mês, prorrogável mensalmente.

O pagamento do apoio extraordinário é efectuado, obrigatoriamente, por transferência bancária.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 674
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Cumulação:

O apoio extraordinário em análise não é cumulável com rendimentos do trabalho, nem com
prestações substitutivas de rendimentos do trabalho, nem com outros apoios atribuídos no âmbito da
resposta à pandemia por COVID-19.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 675
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14. ALTERAÇÕES AO REGIME DE PROTECÇÃO DA


PARENTALIDADE E LEGISLAÇÃO COMPLEMENTAR

Foi publicada, no dia 4 de Setembro, a Lei n.º 90/2019 que procede ao reforço da protecção na
parentalidade, alterando o Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro, e os
Decretos-Leis n.ºs 89/2009, de 9 de abril, que regulamenta a protecção na parentalidade, no âmbito
da eventualidade maternidade, paternidade e adopção, dos trabalhadores que exercem funções
públicas integrados no regime de protecção social convergente, e 91/2009, de 9 de abril, que
estabelece o regime jurídico de protecção social na parentalidade no âmbito do sistema previdencial
e no subsistema de solidariedade.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 676
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A. Principais Alterações

I. Referências aos Progenitores

Foi aditado o artigo 33.º-A ao Código do Trabalho, o qual vem estipular que todas as referências
legais feitas à mãe e ao pai se consideram efectuadas aos titulares do direito de parentalidade, salvo
as que resultem da condição biológica daqueles. Desta forma, a trabalhadora grávida, puérpera ou
parturiente goza a licença parental exclusiva da mãe, gozando a/o outro titular do direito de
parentalidade a licença exclusiva do pai - n.ºs 1 e 2 do referido artigo.

É referido, expressamente, no n.º 3 deste artigo que o regime previsto para a adopção nos
artigos 44.º e 64.º aplica-se à adopção por casais do mesmo sexo.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 677
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II. Proibição de discriminação pelo exercício dos direitos de maternidade e paternidade

Por outro lado, também foi aditado ao referido Código o artigo 35.º-A que consagra a proibição
de qualquer forma de discriminação em função do exercício, pelos trabalhadores, dos seus direitos de
maternidade e paternidade, nomeadamente, discriminações remuneratórias relacionadas com a
atribuição de prémios de assiduidade e produtividade, bem como afectações desfavoráveis em
termos da progressão na carreira.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 678
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III. Novas licenças:

a) Licença para deslocação a unidade hospitalar localizada fora da ilha de residência para
realização de parto (artigo 35.º, n.º 1 al. b) e artigo 37.º A do Código do Trabalho)

Neste âmbito, e quanto ao estatuto de trabalhador-estudante, considera-se que tem


aproveitamento escolar o trabalhador que não atinge os resultados devido ao gozo de licença para
deslocação a unidade hospitalar localizada fora da ilha de residência para realização de parto (artigo
94.º, n.º 5 do Código do Trabalho).

Esta licença é considerada como prestação efectiva de trabalho, salvo quanto à retribuição (al.
b) do n.º 1 do art. 65.º do Código do Trabalho).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 679
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b) Licença para assistência a filho com doença oncológica (artigo 35.º, n.º 1, al. o) e artigo 53.º
do Código do Trabalho)

Consagra-se, de forma expressa, a licença para assistência a filho com doença oncológica, a qual
é equiparada, para efeitos de regime jurídico, à licença para assistência a filho com deficiência ou
doença crónica.

Assim, os progenitores têm direito a licença por período até seis meses, prorrogável até quatro
anos, para assistência de filho com deficiência, doença crónica ou doença oncológica (artigo 53.º, n.º
1 do Código do Trabalho).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 680
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Nas situações de necessidade de prolongamento da assistência, confirmada por atestado


médico, estas licenças podem ser prorrogadas até seis anos, aumentando-se, assim, em dois anos, o
limite anteriormente previsto. Contudo, este limite não é aplicável no caso de filhos com doença
prolongada em estado terminal (cfr. artigo 53.º, n.ºs 3 e 4 do Código do Trabalho).

A licença para assistência a filho ou para assistência a filho com deficiência, doença crónica ou
doença oncológica suspende os direitos, deveres e garantias das partes na medida em que
pressuponham a efectiva prestação de trabalho, designadamente a retribuição, mas não prejudica os
benefícios complementares de assistência médica e medicamentosa a que o trabalhador tenha
direito, nos termos do n.º 6 do artigo 65.º do Código do Trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 681
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IV. Novas dispensas de trabalho:

a) Dispensa da prestação de trabalho por parte de trabalhadora grávida, puérpera ou lactante,


por motivo de protecção da sua segurança e saúde, e respetivo acompanhante, nas
deslocações interilhas das regiões autónomas [artigo 35.º, n.º 1, al. f) do Código do
Trabalho].

Relativamente a esta matéria, foi aditado ao Código do Trabalho o artigo 252.º-A que prevê a
possibilidade de o trabalhador cônjuge, que viva em união de facto ou economia comum, parente ou
afim na linha recta ou no 2.º grau da linha colateral, poder faltar ao trabalho para acompanhamento
de grávida que se desloque a unidade hospitalar localizada fora da ilha de residência para realização
de parto, quando o acompanhamento se mostre imprescindível e pelo período de tempo adequado
àquele fim.
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 682
Página do manual

Esta falta considera-se justificada [artigo 249.º, n.º 2, al. f)] e só determina a perda de
remuneração se exceder os 30 dias anuais, nos termos do artigo 255.º, n.º 2, al. d), ambos do Código
do Trabalho.

É considerada, nos termos do disposto no artigo 249.º, n.º 2, al. f) do referido diploma legal, falta
justificada aquela que é motivada pelo acompanhamento de grávida que se desloque a unidade
hospitalar localizada fora da ilha de residência para realização de parto, a qual só determina perda de
remuneração quando exceda os 30 dias anuais [artigo 355.º, n.º 2, al. d) do Código do Trabalho].

Esta licença é considerada como prestação efectiva de trabalho, salvo quanto à retribuição - al. l)
do n.º 1 do art. 65.º do Código do Trabalho.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 683
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b) Dispensa para consulta de procriação medicamente assistida (PMA), prevista no artigo 46.º-
A do Código do Trabalho

O trabalhador tem direito a três dispensas do trabalho para consultas no âmbito de cada ciclo de
tratamentos de PMA, sendo certo que o empregador tem a possibilidade de exigir a prova desta
circunstância e da realização da consulta ou declaração dos mesmos factos (artigo 46.º-A, n.ºs 1 e 2
do Código do Trabalho).

Esta dispensa é considerada como prestação efectiva de trabalho e é retribuída (n.º 2 do artigo
65.º do referido diploma legal).

Por seu turno, a dispensa para avaliação para adopção determina a perda de retribuição, nos
termos do artigo 65.º, nº 1, al. k) do Código do Trabalho, continuando a não estar previsto qualquer
subsídio no regime de protecção social previsto no Decreto-Lei n.º 89/2009, de 9 de Abril e no
Decreto-Lei n.º 91/2009, de 9 de Abril.
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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 684
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V. Outras alterações

a) Licença parental obrigatória e facultativa

A licença parental obrigatória a gozar pelo pai aumentou de 15 para 20 dias úteis, seguidos ou
interpolados, nas seis semanas seguintes ao nascimento da criança, cinco dos quais gozados de modo
consecutivo imediatamente a seguir a este (artigo 43.º, n.º 1 do Código do Trabalho).

Por sua vez, a licença facultativa, prevista no n.º 2 do artigo 43.º do referido diploma legal, é
reduzida de 10 para cinco dias uteis, desde que gozados, como já se sucede, em simultâneo com o
gozo da licença parental inicial por parte da mãe.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 685
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b) Alargamento da licença parental em caso de internamento hospitalar da criança


imediatamente após o período recomendado de internamento pós-parto e em caso de
criança prematura

Aumento da licença parental em situação de internamento hospitalar da criança imediatamente


após o período recomendado de internamento pós-parto, devido a necessidade de cuidados médicos
especiais para a criança até ao limite máximo de 30 dias (artigo 40.º, n.º 6 do Código do Trabalho)

Aumento da licença parental inicial em 30 dias adicionais e por todo o período de internamento,
quando o parto da criança ocorra até às 33 semanas inclusive (artigo 40.º, n.º 7 do Código do
Trabalho).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 686
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c) Denúncia do contrato de trabalho durante o período experimental e não renovação do


contrato de trabalho a termo resolutivo

Em caso de denúncia do contrato de trabalho durante o período experimental, estando em


causa uma trabalhadora grávida, puérpera ou lactante ou um trabalhador no gozo de licença
parental, consagra-se a obrigatoriedade de o empregador comunicar essa denúncia à entidade com
competência na área da igualdade de oportunidades entre homens e mulheres, assim abrangendo o
trabalhador no gozo de licença parental.

O prazo para o efeito é fixado em cinco dias úteis a contar da data da denúncia, constituindo
uma contraordenação laboral grave a violação desta obrigação (artigo 114.º, n.ºs 5 e 6 do Código do
Trabalho).
Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 687
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Também se consagra que, estando em causa um trabalhador no gozo de licença parental, o


empregador deve comunicar à entidade com competência na área da igualdade de oportunidades
entre homens e mulheres, com a antecedência mínima de cinco dias úteis à data do aviso prévio, o
motivo da não renovação de contrato de trabalho a termo, mantendo-se esta obrigação no caso de
trabalhadora grávida, puérpera ou lactante (n.º 3 do artigo 144.º do Código do Trabalho).

Constitui contraordenação grave a violação desta obrigação (artigo 144.º, n.º 4 do Código do
Trabalho).

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 688
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VI. Protecção Social na Parentalidade

De forma a acompanhar estas modificações referentes ao regime de protecção da


parentalidade, o Decreto-Lei n.º 89/2009, de 9 de Abril e o Decreto-Lei n.º 91/2009, de 9 de abril
também foram alterados, criando-se subsídios por necessidade de deslocação a unidade hospital
localizada fora da ilha de residência da grávida para realização de parto; subsídio específico por
internamento hospitalar de recém-nascido, os quais correspondem a 100% da remuneração de
referência da beneficiária; foi alargado à doença oncológica o subsídio para assistência a filho com
deficiência e doença crónica, correspondente a 65%, tendo como limite máximo mensal o valor
correspondente a duas vezes o indexante dos apoios sociais (IAS);

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 689
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Os prazos de concessão dos subsídios são adaptados aos novos períodos de licença, bem como
às novas licenças.

Não obstante, quanto ao subsídio para assistência a filho com deficiência, doença crónica ou
doença oncológica aquele é atribuído pelo prazo máximo de seis anos, mesmo nos casos de
necessidade de prolongamento da assistência.

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Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 690
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No que concerne ao regime da sobrevigência e da caducidade de convenção colectiva, foram


incluídas no elenco das matérias que se mantêm em vigor em caso de caducidade de convenção
colectiva e até à entrada em vigor de outra convenção ou decisão arbitral, os regimes de
parentalidade e de segurança e saúde no trabalho, para além dos já previstos, quanto a retribuição,
categoria e respectiva definição, duração do tempo de trabalho, e regimes de protecção social - artigo
501.º, n.º 8, do Código do Trabalho.

Os regimes de parentalidade e de segurança e saúde no trabalho fazem assim parte do núcleo


de matérias que se mantém em vigor em caso de caducidade da convenção colectiva de trabalho, a
par das outras que já constavam da lei.

Apresentação | Autor
Código Contributivo | Sónia de Carvalho e Messias Carvalho Julho 2021 691
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