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Regime Fiscal das

Mais-Valias e Menos-
Valias Fiscais
em IRS e IRC
Domingos Martins
2º BLOCO

Mais-valias e Menos-valias
em IRC

CASOS PRÁTICOS

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Domingos Martins
Mais e menos-valias em IRC

MV ou mV = VR – [(VA – AA) x coef]


- MV - Mais-Valia

- mV - menos-valia

- MVF - Mais-Valia Fiscal

- VA – Valor de aquisição

- AA - Depreciação/amortizações Acumulada

- Coef - Coeficiente de atualização da moeda

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC) Abril 2021
I. Viaturas ligeiras de passageiros

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC) Abril 2021
1. Casos práticos de menos-valia da alienação
de viaturas com valor de aquisição superior a
€25.000,00

Neste ponto, são apresentadas várias


situações que podem elucidar no tratamento
das mais ou menos-valias obtidas na
alienação de viaturas ligeiras de passageiros,
adquiridas após 01/01/2016, cujo valor de
aquisição seja superior a €25.000,00.
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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
1.1. Menos-valia influenciada pelo
coeficiente de desvalorização da moeda

A sociedade Luxo Car, Lda. procedeu às seguintes operações, a 15 de junho


de 2019:

a) Pelo valor de €5.000,00, alienou uma viatura ligeira de passageiros,


adquirida no mês de junho do ano de 2017 pelo valor de €55.000,00.

b) A sociedade tinha considerado a vida útil fiscal igual à vida útil contabilística,
utilizando o método das quotas constantes à taxa máxima de 25% e
depreciação anual, pelo que as depreciações acumuladas apresentavam o
valor de €41.250,00.

c) Às alienações efetuadas no ano de 2020, referentes a bens adquiridos em


2017, aplica-se o coeficiente de desvalorização monetária, 1,01.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC) Abril 2021
Proposta de resolução

O valor da menos-valia é apurado através de movimentos contabilísticos resultantes


do desreconhecimento do ativo e do valor de realização do mesmo. Este
procedimento, quando o valor líquido escriturado do ativo for superior ao valor de
realização, resulta numa perda, considerada menos-valia.

O n.º 1 do art.º 17.º do CIRC refere


“1 - O lucro tributável das pessoas coletivas e outras entidades mencionadas na alínea a) do
n.º 1 do artigo 3.º é constituído pela soma algébrica do resultado líquido do período e das
variações patrimoniais positivas e negativas verificadas no mesmo período e não refletidas
naquele resultado, determinados com base na contabilidade e eventualmente corrigidos nos
termos deste Código.”

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Importa referir, nos termos da al. l) do n.º2 o art.º 23.º, que as menos-valias
realizadas são perdas dedutíveis aos rendimentos e ganhos, desde que as mesmas
resultem de bens afetos à atividade do sujeito passivo.

Apesar do referido, importa ter presente que, para apuramento do lucro tributável,
resultará a dedução da menos-valia fiscal e não da contabilística já constante no resultado
do período, levando-nos a uma técnico de expurgo do valor para reposição do apurado
pela regra fiscal, vertida no n.º 2 do art.º 46.º do CIRC:
2 - As mais-valias e as menos-valias são dadas pela diferença entre o valor de realização, líquido
dos encargos que lhe sejam inerentes, e o valor de aquisição, deduzido das depreciações e
amortizações aceites fiscalmente, das perdas por imparidade e outras correções de valor
previstas nos artigos 28.º-A e 31.º-B e ainda dos valores reconhecidos como gasto fiscal nos
termos do artigo 45.º-A, sem prejuízo do disposto na parte final do n.º 3 do artigo 31.º-A.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Resulta da al. l) do n.º1 do art.º 23-A do CIRC a necessidade de verificar a eventual existência de
limitação à depreciação dos bens, quanto à dedução fiscal, o que neste particular caso de
viaturas ligeiras de passageiros é referido na al. e) do n.º 1 do art.º 34.
e) As depreciações das viaturas ligeiras de passageiros ou mistas, incluindo os veículos elétricos, na parte
correspondente ao custo de aquisição ou ao valor revalorizado excedente ao montante a definir por portaria
do membro do Governo responsável pela área das finanças, bem como dos barcos de recreio e aviões de
turismo, desde que tais bens não estejam afetos ao serviço público de transportes nem se destinem a ser
alugados no exercício da atividade normal do sujeito passivo.

E, para o efeito, de acordo com a Portaria 467/2010 o custo de aquisição está limitado, no caso
de viaturas ligeiras de passageiros que não sejam hibridas plugin, elétricas ou a GPL/GNV, estão
limitadas ao custo de €25.000,00.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Assim, considerando os dados apresentados,


Formulário de cálculo:

Mais ou menos-valia →MV ou mV = VR – (VA – AA)


Mais ou menos-valia Fiscal → MVF ou mVf = VR – [(VA – AA)] x coef

a. mV → 5.000,00 – (55.000,00 -41.250,00) = - 8.750,00


Da menos-valia valia (contabilística) obtida, resulta a correção fiscal positiva (CF+) na declaração modelo
22 (Mod.22), quadro 07 (Q07), campo 736 (C736), sintetizando-se em:

mVf →5.000,00 - (55.000,00 -41.250,00) x 1.01= - 8.887,50

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

b. mVf →5.000,00 - (55.000,00 -41.250,00) x 1.01= - 8.887,50


Da menos-valia fiscal obtida, resulta a correção fiscal positiva (CF-) na declaração modelo 22
(Mod.22), quadro 07 (Q07), campo 769 (C769), sintetizando-se em:

c. Resultando o cálculo na obtenção de uma menos-valia fiscal, há que atender à limitação da


dedução do custo de aquisição, usando o determinado na Circular 6/201125, do qual resulta:

- mVf dedutível = (valor limite / valor de aquisição) x mVf

- mVf → (25.000/55.000) x 8.887,50= - 4.039,77

Assim, há uma mVF não dedutível.

= 8.887,50– 4.039,77 = €4.847,73 (CF+ C752, Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
1.2. Menos-valia sem influência do coeficiente
de desvalorização da moeda, com limitação em
função do valor de aquisição

Nos casos de alienação de bens em que o coeficiente de desvalorização monetário seja


igual a 1, não há diferença entre o resultado contabilístico e o resultado fiscal motivada pelo
coeficiente de desvalorização monetária.

No entanto, o mesmo não se pode referir quanto às limitações impostas à dedução em


função do valor de aquisição.

Por exemplo, foi vendida em 2020 pelo valor de €10.000,00 uma viatura ligeira de
passageiros adquirida no ano de 2019 pelo valor de €45.000,00. A sociedade tinha
considerado a vida útil fiscal igual à vida útil contabilística, atribuindo uma depreciação à taxa
de 25%, tendo reconhecido um gasto com depreciações de €11.250,00.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

No caso em apreço, nos termos do n.º 1 do art.º 47.º do CIRC, não poderá aplicar-se o coeficiente
de atualização, uma vez que não decorreram 2 anos sobre a data de aquisição da viatura.

A depreciação encontra-se dentro da taxa prevista no DR 25/2009, de 14 de setembro, pelo que à


menos-valia será dado o seguinte tratamento em termos declarativos/fiscais:

a. mV → 10.000,00 – (45.000,00 – 11.250,00) = -23.750,00 (CF+ C736, Q07, Mod.22)

b. mVf → 10.000,00 - (45.000,00 – 11.250,00) x 1.00 = -23.750,00 (CF- C769, Q07,


Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

c. Com aplicação do limite fiscal à depreciação, de acordo com o enunciado no


caso anterior: mVf dedutível → (valor limite / valor de aquisição) x mVf (=)
(25.000/45.000) x 23.750,00 = - 13.194,44

Assim, há uma mVF não dedutível, em resultado da limitação à dedução


do valor de aquisição:

= 23.750,00 – 13.194,44 = 10.555,56 (CF+ C752, Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
1.3. Menos-valia e vida útil estimada de 8
anos, aplicação da taxa mínima definida no DR
25/2009

Pelo valor de €15.000,00, alienou uma viatura ligeira de passageiros,


adquirida no ano de 2017, pelo valor de €50.000,00. A sociedade tinha
considerado a vida útil contabilística de 8 anos, depreciando a viatura à
taxa de 12,5%.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

a. mV → 15.000 - (50.000,00 -18.750,00) = -16.250,00

(CF+ C736, Q07, Mod.22)

b. mVf → 15.000- (50.000,00 -18.750,00) x 1.01 = -16.562,50

(CF- C769, Q07, Mod.22)

c. Com aplicação do limite fiscal à depreciação:

mVf dedutível → (25.000 / 50.000) x 16.562,50= - 8.281,25

Assim, a mVf é não dedutível = 16.562,50 – 8.281,25 = 8.281,25

(CF+ C752, Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Como se depreende deste primeiro grupo, as menos-valias contabilísticas serão


acrescidas no âmbito do apuramento do lucro tributável, no campo 736 da declaração
modelo 22. Em contrapartida, porque é essa a dedução fiscal, será deduzida a menos-valia
fiscal no campo 769.

Para além disso, porque é de uma limitação que se trata, haverá que repor a menos-
valia que não pode ser deduzida por efeito da limitação da Portaria n.º 467/2010,
efetuando um acréscimo no campo 752, dando assim corpo ao valor limite de €25.000,00.

Da consideração de vida útil inferior que possa resultar dentro do intervalo das quotas
mínimas e máxima, não há quaisquer efeitos, perda ou ganho, para o sujeito passivo, uma
vez que estarão dentro dos limites definidos no art.º 3.º do DR 25/2009, de 14 de
setembro, obstando à aplicação da al. d) do n.º 1 do art.º 34.º do CIRC, que estudaremos
mais à frente.
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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Resumo do tratamento fiscal das menos-valia por alienação
de viatura com valor de aquisição superior a €25.000,00:

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
O dossier fiscal da empresa, constituído nos termos do art.º 130.º do
CIRC, de acordo com a Portaria 51/2018, de 16 de fevereiro, deverá
conter, relacionado com mais e/ou menos-valias, a declaração modelo
31 e respetivos mapas de bens abatidos/alienados, modelo 32.

Assim como, o modelo 32 referente aos ativos alienados:

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
2. Menos-valia da alienação de viatura ligeiras de passageiros com valor
residual atribuído e vida útil diferenciada da taxa máxima prevista no
DR 25/2009

Aceitando que o critério das depreciações deverá ter em conta o valor real dos bens,
em princípio, a maioria dos ativos terá um valor residual pelo qual se poderá alienar no
final da sua vida útil.

Partindo para um exemplo de aplicação prática, a sociedade Têxtil & Grandes


Máquina, Lda. efetuou o tratamento adequado dos seus ativos. Todavia, após sentir
algumas dificuldades financeiras, decidiu alienar determinadas viaturas ligeiras de
passageiros que se mostravam dispensáveis, solicitando o devido enquadramento.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
2.1. Menos-valia da alienação de viatura
ligeira de passageiros, com valor residual
atribuído e vida útil dentro dos limites
fiscalmente aceite

Foi alienada uma viatura, cuja data de aquisição e restantes elementos essenciais são:

a. Data de Aquisição → 06/06/2016

b. Valor de Aquisição → €100.000,00

c. Data de Alienação → 14/11/2020

d. Valor de Realização → VR = €70.000,00

e. Valor Residual → RS = €60.000,00

f. Vida útil atribuída → 8 anos

g. Depreciações acumuladas - AA, de 2016 a 2019, utilizado o método de quotas


constantes em regime anual, desconsiderando o valor residual → (100.000,00 –
60.000) x 12,5% x 4 = €20.000,00

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Em relação à limitação da dedução dos gastos de depreciações, no âmbito do


apuramento das menos-valias, deveremos consultar o Ofício Circulado
n.º 20.203 de 2019-01-25, que se anexa a este trabalho.

Em relação ao caso concreto, recuperando o formulário constante do caso


anterior:

a. mV → VR – (VA – AA)

70.000,00 - (100.000-20.000,00) = -10.000,00

(CF+ C736, Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

b. Coeficiente de desvalorização da moeda, para o ano de 2016 → 1,02.

c. Com aplicação do limite fiscal à depreciação, enunciado no Ofício Circulado


n.º 20.203 de 2019-01-25, deveremos proceder ao cálculo da menos-valia
dedutível, calculando o peso do valor residual em relação ao valor de aquisição e
aplicar a respetiva proporção ao limite ao custo de aquisição com o referido na
Portaria n.º 467/2010, alterada pela Lei n.º 82-D/2014, de 31 de dezembro.

Deste modo, em termos de dedução, deverá considerar-se como valor


depreciável o resultante da relação entre valor residual e o custo de aquisição:

o (RS/VA) = 60.000,00 / 100.000,00 = 60%

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

O que resulta na impossibilidade de deduzir 60% do limite fiscal mencionado na


Portaria n.º 467/2010:

o 25.000,00 x 60% = €15.000,00

Assim, há um valor limite que não poderá deduzir-se para efeito de depreciações,
possibilitando a dedução de apenas:

o 25.000,00 – 15.000,00 = €10.000,00 valor que deverá considerar-se para efeitos


do apuramento da menos-valia dedutível. Daqui resulta que a menos-valia fiscal
será obtida da seguinte forma:

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

d. mVf => 70.000 - (100.000,00-20.000,00) x 1,02 = -11.600,00

(CF- C769, Q07, Mod.22)

e. Aplicando-se a limitação referida na Circular 6/2011 da DGCI,

mVf dedutível = (valor limite / VA) x mVf

→ (10.000,00 / 100.000,00) x 11.600,00 = -1.160,00

Assim, a mVf é não dedutível = 11.600,00 – 1.160,00 = 10.440,00

(CF+ C752, Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
2.2. Menos-valia da alienação de viatura ligeira de
passageiros e vida útil para além do limite
fiscalmente aceite

No que se refere à vida útil atribuída aos ativos, há que atender também à
possibilidade da vida útil atribuída ultrapassar os limites definidos pela legislação
fiscal, o que se pode demonstrar particularmente gravoso na alienação de viaturas. A
título de exemplo, atentemos na seguinte transação de uma viatura:

a. Data de Aquisição => 6 de junho de 2017

b. VA => €40.000,00

c. Data de alienação => 20 de novembro de 2020

d. Valor de Realização => VR = €12.000,00

e. Vida útil atribuída => 10 anos

f. Depreciações acumuladas, de 2017, 2018 e 2019, utilizado o método de quotas


constantes em regime anual, €12.000,00

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Considerando:
- A decorrência de mais de 2 anos sobre a data de aquisição, aplica-se o coeficiente de desvalorização
da moeda de 1,01 para o ano de 2020, referente aos bens adquiridos no ano de 2017,

- A vida útil definida para o bem é maior que o previsto no DR 25/2009, de 14 de setembro, devendo
considerar-se que a existência de quotas perdidas, não deve permitir-se a sua recuperação aquando
do cálculo da mais ou menos-valia, tal como refere a al. d) do n.º 1 do art.º 34.º do CIRC, não são
dedutíveis para efeitos fiscais:

d) As depreciações e amortizações praticadas para além do período máximo de vida útil,


ressalvando-se os casos especiais devidamente justificados e aceites pela Autoridade Tributária e
Aduaneira;

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Pelo que, deveremos:

a. Calcular a mais ou menos-valia

mV→ 12.000,00 - (40.000,00 – 12.000,00) = -16.000,00

(CF+ C736, Q07, Mod.22)

b. Determinar a depreciação, considerando a taxa mínima de 12,5%, ou invés dos 10%


determinados pela vida útil, conforme Código 2375 do DR 25/2009, de 14 de setembro

Depreciação → 40.000,00 x 12,5% x 3 anos = 15.000,00

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

c. mVf →12.000,00 - (40.000,00 – 15.000,00) x 1.01 = -13.250,00 (CF- C769, Q07, Mod.22)

d. Considerar a limitação à dedução, em função do valor da viatura, tal como referido nos
exercícios anteriores:

mVf dedutível = valor limite / VA x mVf

→ (25.000/40.000,00)x13.250,00= -8.281,25

Assim, há uma mVf não dedutível = 13.250,00 – 8.281,25 = 4.968,75 (CF+ C752, Q07,
Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Resumo do tratamento fiscal das menos-valias da alienação de
viatura ligeiras de passageiros com valor residual atribuído e
vida útil fora dos limites do art.º 3.º do DR 25/2009 de 25 de
setembro

Os mapas fiscais, para além da modelo 22, serão os mesmos que os referidos no grupo anterior,
modelo 31 e modelo 32.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
3. Mais-valias provenientes da alienação de
viatura ligeira de passageiros com vida útil
superior a 8 anos e valor residual

A sociedade “Nada Perde, Lda.”, conhecida pela sua gestão prudente e com o intuito de não surtir
perdas futuras, procedeu à alienação de viaturas cujos critérios para o reconhecimento das depreciações
foram ajustados em função da vida útil esperada e respetivo valor recuperável, também esperado, na
alienação futura, sendo:

a. Viatura adquirida em 20/06/2014

b. Valor de aquisição → VA = €150.000,00

c. Data de alienação → 20/11/2020

d. Valor de Realização → VR = €100.000,00

e. Valor Residual → RS = €50.00,00

f. Vida útil → 10 anos

g. Depreciações acumuladas → AA de 2014 a 2019, utilizado o método de quotas constantes em


regime anual, €60.000,00.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Considerando:

- A decorrência de mais de 2 anos sobre a data de aquisição, aplica-se o


coeficiente de desvalorização da moeda, para o ano de 2019, de 1,03, referente
aos bens alienados cuja aquisição tenha ocorrido no ano de 2014,

- A vida útil definida para o bem, quando maior que o previsto no DR


25/2009, de 14 de setembro, levará à consideração da existência de quotas
perdidas, não devendo permitir-se aquando do cálculo da mais ou menos-valia, a
sua recuperação.

A realização das depreciações em função do custo de aquisição excluído do


valor residual será → (150.000,00 – 50.000,00) x 10% x 6 anos = 60.000,00.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

A resolução deverá apresentar-se:

a. MV → 100.000,00 - (150.000,00 - 60.000,00) = 10.000,00 (CF- C767, Q07,


Mod.22)

b. Para o cálculo da MVF ou mVf interessa a depreciação com limite da quota


mínima definida no art.º 18 do DR 25/2009, de 14 de setembro.

▪ (150.000,00 – 50.000,00) x 12,5% x 6 anos = €75.000,00

c. MVF=> 100.000,00 - (150.000,00 – 75.000,00) x 1,03 = €22.750,00 (CF+ C739,


Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Modelo 22, devemos considerar:

Todavia, considerando o resultado obtido, a mais-valia poderá ser objeto de reinvestimento, diminuindo o lucro tributável
em 50% dos €22.750,00, de acordo com o definido no n.º 1 do artigo 48.º do CIRC. Para tal, o sujeito passivo deveria preencher o
campo 740, apenas pelos 50% do valor obtido, invés do campo 739 e proceder à indicação dos valores na IES- Anexo A. A
respeito do reinvestimento, veja-se ponto II.II deste manual.

Os mapas fiscais, para além da modelo 22, serão os mesmos que os referidos no grupo 1, modelo 31 e modelo 32.

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
II. Tratamento fiscal das mais e menos-
valias de bens com valor residual e opção
por reinvestimento

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
II.I. Mais ou menos-valia sem opção por
reinvestimento

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1. Menos-valia de alienação de ativo com depreciação dentro
das quotas máximas definidas pelo DR 25/2009, de 14 de
setembro

A empresa XPB, Lda. procedeu à alienação de um ativo tangível nas condições a


seguir descritas:

a. Máquina adquirida em 20/06/2014

b. Valor de aquisição → VA = €60.000,00

c. Data de alienação → 20/11/2020

d. Valor de Realização → VR = €30.000,00

e. Valor Residual → RS = €5.000,00

f. Vida útil atribuída (contabilística) → 12 (taxa de depreciação de 8,33%)

g. Vida útil fiscal → 8 anos (-50% em relação à contabilística)

h. Depreciações acumuladas → AA de 2014 a 2019, utilizado o método de quotas


constantes em regime anual, €27.489,00

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Proposta de resolução para tratamento isolado da
operação
Considerando:

- A decorrência de mais de 2 anos sobre a data de aquisição, aplica-se o coeficiente de


desvalorização da moeda, para o ano de 2020, de 1,03, referente aos bens alienados cuja
aquisição tenha ocorrido no ano de 2014,

- Assim, não existindo quaisquer limitações, a entidade deverá considerar:

o mV → VR – [VA – (VA-RS) / (12x6)]

→ 30.000,00 – ((60.000,00 – (60.000,00-27.489,00) = -2.511,00 (CF+ C736, Q07, Mod.22)

→ mVf => 30.000,00 – (60.000,00 – 27.489,00) x 1,03 = -3.486,33 (CF- C769, Q07, Mod.22)

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Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
2. Mais-valia da alienação de ativos com
depreciações dentro das quotas
máximas/mínimas

A mesma sociedade XPB, SA. procedeu, ainda, à alienação do seguinte equipamento


industrial:

a. Máquina industrial adquirida em 20/06/2015

b. Valor de aquisição →VA = €50.000,00

c. Data de alienação →20/11/2020

d. Valor de Realização →VR = €40.000,00

e. Valor Residual →RS = €8.000,00

f. Vida útil atribuída => 10

g. Vida útil fiscal => 8 anos

h. Depreciações acumuladas AA => de 2015 a 2018, utilizado o método de quotas


constantes em regime anual, €21.000,00

39
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Considerando

- A decorrência de mais de 2 anos sobre a data de aquisição, pelo que se aplica o coeficiente de
desvalorização da moeda de 1,03, para o ano de 2020, referente aos bens alienados cuja aquisição tenha
ocorrido no ano de 2015,

- Assim, não existindo quaisquer limitações, a entidade deverá considerar:

o MV→VR – [VA – (VA-RS)/(10*5)]

o MV→40.000,00 – (50.000,00 – 21.000,00) = 11.000,00 (CF- C767, Q07, Mod.22)

o MV→VR – (VA – AA) x coef

o MVF →40.000,00 – (50.000,00 – 21.000,00) x 1,03 = 10.130,00 (CF+ C739, Q07, Mod.22)

40
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
3. Mais-valia pela ocorrência de um sinistro

Após a ocorrência de uma tromba de água, a sociedade XPB, SA. recebeu uma indemnização pelo
sinistro ocorrido.

O equipamento sinistrado, em causa:

a. Servidor adquirido em 30/12/2018

b. Entrada em funcionamento em 2/01/2019

c. Valor de aquisição →VA = €5.000,00

d. Data do abate →30/01/2020

e. Indemnização da seguradora →VR = €4.100,00

f. Vida útil atribuída →5 anos

g. Depreciação acumulada →€5.000,00: 5 x 1 = €1.000,00

h. Vida útil fiscal →3 anos – taxa de 33,33%

41
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Considerando:

- O disposto no n.º 1 do art.º 46.º do CIRC, em que se consideram mais ou menos-


valias os ganhos obtidos ou as perdas sofridas, decorrentes de sinistros,

- O referido na al. b) do n.º 3 do mesmo art.º 46.º, no que se refere ao valor de


realização, no caso de bens sinistrados, o valor correspondente à indemnização,

- Sobre a data de aquisição, não decorreram mais de 2 anos, não se aplicando o


coeficiente de desvalorização da moeda, de acordo com o n.º 1 do art.º 47.º, a
contrario.

42
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

O resultado apurado deverá ser:

MV → VR – (VA – AA)

MV → 4.100,00 – (5.000,00 – 1.000,00) = 100,00 (CF- C767, Q07, Mod.22)

MVF→ VR – (VA – AA) x coef

MVF=> 4.100,00 –(5.000,00–1.000,00) x1,00 = 100,00 (CF+ C739, Q07,


Mod.22)

43
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Resumo do exercício deste grupo sem opção por reinvestimento.

44
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
1. Menos-valia de alienação de ativo com depreciação dentro
das quotas máximas definidas pelo DR 25/2009, de 14 de
setembro
Mantendo todos os pressupostos anteriores, assumindo que a sociedade XPB, Lda. pretende
considerar o reinvestimento realizado previamente e reinvestir o valor remanescente de realização dos
bens alienados, haverá que conferir as pretensões da sociedade e averiguar se as mesmas se coadunam
com as obrigações plasmadas no art.º 48.º:

a. Todos os bens alienados foram detidos por mais de 12 meses desde a sua aquisição;

b. Do valor de realização, €64.100,00, pretende-se a consideração:

a) investimento realizado no ano de 2019, no montante de €10.000,00, pela aquisição de uma


máquina de corte de tecidos e aquisição de novo software de gestão integrado, no valor de
€5000,00;

b) do investimento efetuado no decurso do ano de 2020, no montante de €4.100,00, numa mesa


de corte;

c) que no ano de 2021, será adquirida uma viatura elétrica no valor de €40.000,00;

d) que no ano de 2022, o valor remanescente de €5.000,00 será alocado à compra de novos
computadores;

c. Não existem relações especiais com os fornecedores dos ativos.

45
Proposta de resolução

Considerando a verificação dos pressupostos conducentes à consideração do reinvestimento do valor de


realização e consequente atenuação da tributação do rendimento, a entidade deverá proceder ao
preenchimento da declaração de rendimento modelo 22 e do anexo A da declaração e Informação Empresarial
Simplificada, da seguinte forma:

46
Proposta de resolução

Quanto à IES do ano de 2020, será de considerar o preenchimento:

47
Proposta de resolução

Quanto ao ano de 2021, deverá preencher o campo A0913 com o valor


€40.000,00, e no ano de 2022, deverá fazer constar o valor de €5.000,00, se os
pressupostos se verificarem.

Caso o reinvestimento seja diverso dos valores planeados, desde que o seu valor
global seja reinvestido, não haverá qualquer problema em afetar a quaisquer um dos
períodos seguintes. Já assim não será, caso o reinvestimento não se venha a verificar na
totalidade até ao final do 2.º período de tributação seguinte, situação que obriga à
reposição do imposto relativo à diferença ou parte proporcional da diferença não
incluída no lucro tributável do ano da obtenção da mais-valia, no período em que se
verifica o incumprimento do reinvestimento, nos termos do n.º 6 do art.º 48.º,
majorado 15%.

48
III. Mais e menos-valias resultantes de
operações de venda seguida de
Locação financeira

49
1. Operação
de Sale and LeaseBack com Mais-Valia

A sociedade Sempre Investe, SA., tendo sentido problemas de tesouraria, viu-se forçada a recorrer a
uma nova fonte de financiamento - os seus ativos próprios. Para tal, efetuou a “alienação” de uma máquina
industrial, seguindo-se a celebração de um contrato de locação por um período de 4 anos.

A máquina industrial foi adquirida em 2019 e, sobre a mesma, foram mensuradas as respetivas
depreciações, sendo:

a. Custo de aquisição → €500.000,00;

b. Ano de aquisição: 2019

c. Ano de venda / locação: 2020

d. Vida útil do bem 5 anos →vida útil fiscal

e. Depreciações acumuladas → €70.000,00.

f. Venda realizada em janeiro de 2020 pelo valor de €450.000,00

g. Contrato de locação financeira foi celebrado pelo prazo de 48 meses.


50
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Tratamento de acordo com a NCRF 9: a mais-valia obtida deverá diferir-se pelo


período do contrato:

• MV→450.000,00-(500.000,00-70.000,00) = 20.000,00,

Tal mais-valia será de considerar-se numa conta 282, de acordo com os períodos a
reconhecer, passivo corrente ou não corrente, sendo diferida pelos 48 meses de
contrato.

Em cada período económico, far-se-á a periodização económica e imputação do


respetivo valor ao efetivo período contabilístico, considerando €20.000,00 / 48 = € 416,66
x n.º meses do período económico;

Em simultâneo, o valor de depreciação irá reduzir, uma vez que a base depreciável
irá diminuir de €500.000,00 para €450.000,00, do que resulta uma diferença de
depreciações [(500.000,00 x 20%) - (450.000,00 x 20%)] / 12 meses.
51
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Neste caso, a cada mês deverá imputar-se o diferencial de depreciações de €833,33.


Daqui resulta, em termos anuais, a diferença de depreciação no valor de €833,33 x 12 =
€10.000,00.

Assim, a mais-valia contabilística obtida não poderá afetar o resultado fiscal, uma vez
que se opera uma verdadeira neutralização da operação, de acordo com o artigo 25.º n.º 1,
devendo operar-se a neutralização do resultado por dedução no Q07 da declaração Mod.22
no montante de €416,66 x 12 = €5.000,00.

Deste modo, ainda que o valor da mais-valia contabilística seja de reconhecer na conta
em outros rendimentos e ganhos, conta 787, durante o contrato de locação, deverá o mesmo
efeito anular-se durante o apuramento do lucro tributável no quadro 07 da referida
declaração.

52
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Quanto à “mais-valia” reconhecido na conta de rendimentos, deverá anular-se no apuramento


do lucro tributável, deduzindo:

=> €20.000,00 / 48 = €416,66, considerando 12 meses do ano de 2018,

❏ CF - €5.000,00 ⬄ C 767 Q07 – Mod. 22

Quanto à depreciação, sendo esta diminuída em razão do valor reconhecido na contabilidade


como “custo de aquisição”, resultante dos valores já antes apresentados, deveremos DEDUZIR a
depreciação que não afetou os resultados da entidade,

CF – [(500.000,00 x 20%) - (450.000,00 x 20%)] = €10.000,00⬄ C 775 Q 07 – Mod. 22 (não existe


campo específico para a dedução)

53
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
2. Operação de Sale and Leaseback com
menos-valia

Aproveitando o financiamento, a entidade efetuou um outro contrato


de venda seguida de compra em regime de locação financeira, referente a
um camião, sendo:

a. Aquisição: 10/06/2020

b. Contrato de Locação 30/12/2020

c. Valor de aquisição: €50.000,00

d. Depreciações reconhecidas referentes a 6 meses: €5.000,00

e. Valor do contrato: €40.000,00

54
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

● mV = 40.000,00 – (50.000,00 – 5000) = 5.000,00

Considerando o disposto § 48 da NCRF 9, a perda verificada deverá


reconhecer-se de imediato. Contudo, há que considerar que a mesma será
reconhecida na conta 687 e, simultaneamente, haverá que reconhecer que as
depreciações contabilísticas terão um valor inferior, uma vez que a base para a
depreciação passará de €50.000,00 para €40.000,00.

Assim, no apuramento do lucro tributável referente ao ano da ocorrência


da menos-valia, haverá que:

55
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

a. Anular a menos-valia reconhecida na conta de perdas, acrescendo a mesma no Q 07


linha 736, o valor de € 5.000,00;

b. Deduzir no campo 775 o diferencial entre as depreciações reconhecidas com o valor


do contrato celebrado e o valor do bem reconhecido anteriormente [(50.000,00 x 20%)
- (40.000,00 x 20%)] / 12 meses = €166,67, referente a 1 mês (duodécimo)

c. Recordemo-nos que as depreciações entre junho e novembro já estavam


reconhecidas.

d. Nos períodos seguintes, deverá efetuar-se a referida dedução relativa ao período


completo, 166,67 x 12 meses. Este valor será reconhecido na dedução ao lucro
tributável durante todo o contrato, repondo o valor da menos-valia não dedutível.
56
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
IV. Mais-valia e menos-valias resultantes da
alienação de imóveis com compra e venda
abaixo do Valor Patrimonial Tributário

57
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
A sociedade Tudo Vende, Lda. alienou em 15 de dezembro de 2020, pelo
valor de € 250.000,00, um imóvel que apresentava um valor patrimonial
tributário (VPT) de €300.000,00. Este imóvel foi adquirido por €260.000,00 a 20
de outubro de 2014 e o VPT à data da compra era de €270.000,00. Na
contabilidade constam, ainda, depreciações no valor de €58.500,00.

58
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Recordando e recorrendo ao plasmado no artigo 10.º do Decreto


Regulamentar n.º 25/2009 de 14 de setembro:

Artigo 10.º Depreciações de imóveis


(…)
3 — Em relação aos imóveis adquiridos sem indicação expressa do valor do
terreno referido na alínea a) do número anterior, o valor a atribuir a este, para
efeitos fiscais, é fixado em 25 % do valor global, a menos que o sujeito passivo
estime outro valor com base em cálculos devidamente fundamentados e
aceites pela Direção-Geral dos Impostos.

59
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

A depreciação reconhecida resultou, na falta de outros elementos, da


aplicação do n.º 3 do art.º 10 do referido DR 25/2009 de 14 de setembro,
em → (260.000 x 75%) : (20 x 6) = 58.500,00,

A qual será de considerar e, reforçamos, deverá constar reconhecida na


contabilidade, para o cálculo da mais ou menos-valia contabilística e fiscal.

Assim:

MV → 250.000,00 - (260.000,00-58.500,00) = 48.500,00 => CF-Mod.22

MVF → 250.000,00 - (260.000,00-58.500,00) x 1,03


= 42.455,00 CF+Mod.22

60
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Considerando que:

- Para efeitos fiscais, o VPT é tomado em consideração na determinação de quaisquer


resultados tributáveis em IRC que venham a ser apurados relativamente ao imóvel;

- E, consequentemente, quando o sujeito passivo alienar o imóvel, o resultado fiscal é


apurado considerando-o como valor de aquisição e não o custo de aquisição que
reconheceu no seu ativo, quando aquele valor for superior ao custo de aquisição, tal
resultará na diferença positiva entre o VPT e o valor constante do contrato, sendo

referente à venda → 300.000,00 – 250.000,00 = 50.000,00 (VPT-VR)

e, se o sujeito passivo pretender efetuar a correção do valor da prévia aquisição, uma vez
que a compra foi efetuada, também, abaixo do VPT, deveria, de acordo com o n.º 5 do art.º
64, ter mantido a documentação presente no dossier fiscal, de acordo com o artigo 130.º, para
efeitos do disposto na al. b) do n.º 3 do art.º 64.º, todos do CIRC.

61
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Consideremos, então, todo o efeito declarativo para apuramento do lucro


tributável, através de correção no quadro 07 da declaração de rendimento modelo
22:

- Referente ao VPT do momento da aquisição no valor de €270.000, deveremos


proceder à correção face ao valor €260.000,00

→ 260.000,00 – 270.000,00 = - 10.000,00 => CF- Mod.22

- Referente à alienação cujo valor, €250.000,00, foi inferior ao VPT, €300.000,00,


haverá que efetuar a respetiva correção

=> 300.000-250.000,00 = 50.000,00 => CF+ Mod. 22

62
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Resumo declarativo desta operação no preenchimento do quadro 07 da


modelo 22:

63
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
V. Mais-valia resultante de mudança do modelo
de revalorização

64
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
V. Mais-valia resultantes de mudança
do modelo de revalorização

A reclassificação contabilística bem como a alteração nos


pressupostos referidos na al. a) do n.º 9 do art.º 18.º do CIRC, são
consideradas transmissões onerosas.

No entanto, a mais ou menos-valia só é apurada para efeitos


fiscais, não levando a qualquer correção nos campos 736 e 767 da modelo
22.

65
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Em termos práticos, assentemos no seguinte exemplo, adaptado das instruções à modelo 22 do
manual da OCC de 2018, pág.61 e seguintes:

Existem várias normas que permitem a opção pela mensuração ao justo valor ou que referem a
obrigatoriedade de mensuração de determinados ativos ao justo valor.

Para as propriedades de investimento, o critério de mensuração é o modelo de justo valor existido


possibilidade de opção pelo modelo do custo.

Em alguns casos existe obrigatoriedade de mensuração pelo justo valor, como por exemplo:

• Investimentos em instrumentos de capital próprio com cotações divulgadas publicamente;

• Instrumentos de dívida perpétua ou obrigações convertíveis;

• Alguns ativos financeiros ou passivos financeiros classificados como detidos para negociação; e

• Ativos biológicos.

Para as entidades que apliquem a NCRF-PE e para as entidades do setor não lucrativo, apenas para a
mensuração dos instrumentos financeiros é válida, e obrigatória, a mensuração pelo método do justo valor.

As microentidades estão obrigadas a mensurar todos os seus ativos pelo modelo do custo.

66
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
As microentidades estão obrigadas a mensurar todos os seus ativos pelo modelo do custo.

Em regra, o CIRC não aceita os ajustamentos decorrentes da aplicação do justo valor, pelo que os mesmos
não concorrem para a formação do lucro tributável:

• Ajustamentos reconhecidos em resultados do período → são acrescidos no campo 713 ou deduzidos no


campo 759

• Ajustamentos reconhecidos em capital próprio (como é o caso, por exemplo, dos ativos financeiros
disponíveis para venda referidos nas IAS 39) → são variações patrimoniais não aceites (não vão ao
Quadro 07)

No entanto, o CIRC aceita a mensuração dos instrumentos financeiros pelo justo valor, concorrendo este
para a formação do lucro tributável nos casos de instrumentos financeiros reconhecidos pelo justo valor através
de resultados, mediante determinadas condições.

É o caso dos instrumentos financeiros derivados, nas condições referidas no artigo 49.º do CIRC.

No caso de instrumentos do capital próprio, o justo valor é aceite se tiverem preço formado num mercado
regulamentado e o sujeito passivo detiver, direta ou indiretamente, uma participação no capital inferior ou igual a
5%.
67
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
A empresa “Investimentos Sólidos, SA” adota a NCRF-PE.

Em 31/10/2017, adquiriu um lote de ações em bolsa, cujo custo de aquisição


foi de € 560.000,00.

As ações foram mensuradas ao justo valor dos termos do § 17.8 da NCRF-PE.

Em 31/12/2017, a cotação destas mesmas ações era de €580.000,00


e, consequentemente, este ganho potencial (€ 20.000,00) foi reconhecido em
resultados.

Correções no Quadro 07: não há, por este motivo, que atender às regras de
aceitação do justo valor no que toca às partes de capital no CIRC, as quais,
esquematicamente, podem ser vistas da seguinte forma:

68
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

O justo valor dos ativos biológicos de consumo é relevante para efeitos fiscais. Já
o mesmo não acontece com o justo valor dos ativos biológicos de produção os
quais, para efeitos fiscais, têm um enquadramento semelhante aos ativos
tangíveis.
69
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
VI. Mais-valias da liquidação da sociedade na
esfera da participante

70
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
VI. Mais-valias da liquidação da
sociedade na esfera da participante

A sociedade Participa e Colhe, Lda. era detentora de uma quota de


capital social no valor de €50.000,00 da sociedade Liquidada, Lda, desde o ano
de 2015, adquirida pelo valor de €55.000,00. A participação representava 40%
do capital social da Liquidada, Lda..

Tendo entrado em liquidação, a sociedade Liquidada, Lda. entregou à


Participa e Colhe, Lda. o montante global de €120.000,00.

Considerando que a Participa e Colhe, Lda. é um sujeito de IRC, pretende-


se a análise das obrigações fiscais.

71
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

A partilha do património remanescente da sociedade Liquidada, Lda. é tributada na


esfera dos sócios, conforme dispõe o artigo 81.º do CIRC, na parte que exceda o valor de
aquisição da participação social.

Porém, considerando que:

- A mais-valia provém da alienação da liquidação de uma sociedade cuja detenção da


participação é superior a 12 meses, de forma ininterrupta e,

- A participação é superior a 10% do capital social,

Então, a mais-valia em resultado da partilha da sociedade Liquidada, Lda. tem origem


numa participação social de outra sociedade que cumpre os requisitos da a. a), c) e e) do n.º 1
do art.º 51.º, assim como do artigo 51.º C.

O resultado obtido não é relevante para o apuramento do lucro tributável da


participante, tal como refere o n.º 3 do artigo 81.º do CIRC.
72
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Assim, deverá considerar-se:

● Valor da aquisição: €55.000,00

● Valor recebido na partilha: € 120.000,00

● Resultado obtido da partilha => 120.000,00 – 55.000,00 = 65.000,00

O resultado obtido deverá deduzir-se no campo 771, do quadro 07 da


modelo 22 pelo valor de € 65.000,00, não sendo relevante a quota de
capital de social de €50.000,00.

73
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
VII. Determinação das mais-valias e
menos-valias no regime simplificado

74
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
VII. Determinação das mais-valias e
menos-valias no regime simplificado

A sociedade “Simplificada, Lda” alienou uma viatura que utilizava na sua


atividade. A viatura foi adquirida em julho de 2017, pelo valor de €35.000,00 e foi
alienada em dezembro de 2020 por €30.000,00.
Pretende aferir-se:
1. Quais as consequências fiscais da alienação da viatura?
2. Poderá o sujeito passivo usufruir do regime de reinvestimento?

75
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

● Considerando o Art.º 86-B do CIRC

6 -As mais-valias e as menos-valias correspondem à diferença entre o valor


de realização, líquido dos encargos que lhe sejam inerentes, e o valor de
aquisição deduzido das perdas por imparidade e outras correções de valor, das
depreciações ou amortizações que tenham sido fiscalmente aceites e, no que
respeita a ativos depreciáveis ou amortizáveis, das quotas mínimas de
depreciação ou amortização relativamente ao período em que seja aplicado este
regime simplificado de determinação da matéria coletável.

7 -O valor de aquisição corrigido nos termos do número anterior é atualizado


mediante a aplicação dos coeficientes de desvalorização da moeda publicados
por portaria do membro do Governo responsável pela área das finanças, nos
termos e condições estabelecidos no artigo 47.º
76
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
Proposta de resolução

Para o efeito o referido no n.º 6 do art.º 86-B do CIRC, devemos considerar a taxa de
depreciação constante na tabela II do DR 25/2009, de 14 de setembro, código 2375 que
refere a taxa de 25%, à qual deverá aplicar-se coeficientes de 50%, nos termos do n.º2 do
art.º 18, de forma a obter a quota mínima, resultando:

Depreciação => (€35.000,00 x12,5%) x 3 anos = €13.125,00

MV = €30.000,00 [ ( €35.000,00 – €13.125,00 ) x 1.01 ] = €7.906,25

Conforme al. e) do n.º 1 do art.º 86-B do CIRC, ao valor apurado deverá aplicar-se o
coeficiente de 0,95
A mais-valia obtida deverá constar na declaração modelo 22, anexo E

77
Proposta de resolução

● Quanto à possibilidade de reinvestimento, considerando a Ficha Doutrinária do art.º 48.º,


Assunto: “Regime simplificado - tributação de mais-valias”, Processo: 2019 1165 - PIV 15286,
sancionado por despacho de 2019-05-23, da Diretora de Serviços do IRC,

“O regime do reinvestimento previsto no artigo 48.º do Código do IRC não é


aplicável aos sujeitos passivos a que se aplique o regime simplificado de determinação
da matéria coletável, tal como consta no ponto 15 da Circular n.º 6/2014, da AT. No
período de tributação de 2018, ano em que ocorreu a transmissão onerosa do imóvel
classificado contabilisticamente como ativo fixo tangível, o sujeito passivo estava
enquadrado no regime simplificado previsto no artigo 86.º - A do CIRC. Assim, a mais-
valia é considerada na totalidade para efeitos da aplicação do coeficiente previsto na
alínea e) do n.º 1 do artigo 86.º-B do CIRC, não usufruindo do regime do
reinvestimento”.

78
VIII. Propriedades de Investimento

79
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
VIII. Propriedades de Investimento

O n.º 2 do artigo 45.º-A do CIRC refere que o custo de aquisição dos ativos que sejam
considerados propriedades de investimento que sejam subsequentemente mensurados ao justo valor é
aceite como gasto para efeitos fiscais, em partes iguais durante o período de vida útil que se deduz da
quota mínima de depreciação que seria fiscalmente aceite, caso esse ativo permanecesse reconhecido
ao custo de aquisição.

Por outro lado, a al. a) do n.º 1 do art.º 46 carreia os ganhos ou as perdas sofridas em resultado da
alienação das propriedades de investimento para o conceito de mais-valia ou menos-valia.

Todavia, há que atender às normas contabilísticas para a classificação de um ativo como


propriedade de investimento, nomeadamente ao parágrafo 5 da NCRF 11, onde se define propriedade
de investimento como sendo propriedade, terreno ou edifício, detida para obter rendas e/ou para
valorização do capital e não para uso na produção ou fornecimento de bens ou serviços, ou para
finalidades administrativas ou venda no curso ordinário do negócio.

80
Regime fiscal das mais e menos-valias (IRS e IRC)
VIII. Propriedades de Investimento

No entanto, quando na presença de entidades que aplicam da norma das microentidades,


deveremos atender ao § 7.2 da NC-ME, as designadas propriedades de investimento (terrenos e
edifícios) são reconhecidos como ativos fixos tangíveis, afastando-se, por isso, de todo o tratamento
consignado para as propriedades de investimento antes mencionado na NCRF 11.

Assim, quando na presença de imóveis destinados a arrendamento detidos por entidades que
estejam a aplicar o regime contabilístico das microentidades, há que analisar as particularidades do
articulado do CIRC no que se refere à temática em questão, garantindo que o tratamento contabilístico
pode levar, ou não, a desfasamentos em termos da tributação da mais-valia.

Concretamente, referimo-nos à possibilidade de reinvestimento que, uma vez tratados como


ativos tangíveis, poderia tender-se a considerar a possibilidade de usufruir do reinvestimento e
consequente diminuição da tributação, por aplicação do art.º 48.º do CIRC - reinvestimento do valor de
realização.

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VIII. Propriedades de Investimento

Ora, entendeu o legislador que assim não deveria ser, fechando o reinvestimento das
mais-valias obtidas que permite a não tributação de metade da mais-valia obtida às
propriedades de investimento. Para tal, consagrou no articulado do artigo 48.º do CIRC o n.º 10,
referindo que “não são suscetíveis de beneficiar deste regime as propriedades de investimento,
ainda que reconhecidas na contabilidade como ativo fixo tangível.

Conclui-se que, independentemente do tratamento contabilístico dado às propriedades de


investimento (terrenos ou edifícios), o resultado da alienação, mais ou menos-valia, deverá
considerar-se na sua totalidade.

Sobre este assunto, aconselhamos uma consulta ao Processo: 2019 2003 - PIV 15682,
sancionado por despacho de 2019-07-15, da Diretora de Serviços do IRC, em anexo.

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Obrigado.
Boa formação!

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