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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

CAPÍTULO: IV- TIPOS DE IMPOSTOS

O estudo dos tipos de impostos é feito considerando dois regimes de tributação: Regime
Geral e o Regime Especial. O regime especial é referente ao Imposto sobre a Produção do Petróleo,
Imposto de Transacção do Petróleo, Imposto sobre o Rendimento do Petróleo, Imposto sobre o
Valor dos Recursos Minerais (Royalty) e a Tributação das Actividades Diamantíferas. Ora, a este
nível abordar-se-á apenas o Regime Geral.

4.1 REGIME GERAL DE TRIBUTAÇÃO

O Regime Geral de Tributação congrega: a Tributação do Rendimento, a Tributação do


Consumo e a Tributação do Património.

4.1.1 TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO

A análise da Tributação do Rendimento cingir-se-á no Imposto Industrial (II), Impostos


sobre o Rendimento do Trabalho (IRT) e o Imposto sobre a Aplicação de Capitais (IAC).

4.1.1.1 IMPOSTO INDUSTRIAL

I. INTRODUÇÃO

1. Incidência

Por regra o imposto industrial incide sobre os lucros imputáveis ao exercício de qualquer
actividade de natureza comercial ou industrial, ainda que acidentais (artigo 1º nº 1 do CII). Ora, é
considerado sempre de natureza comercial ou industrial para efeitos do código do imposto industrial
os lucros imputáveis ao exercício das seguintes actividades (artigo 1º nº 2 CII):

a) A actividade de exploração agrícola, aquícola, avícola, pecuária, piscatória e silvícola;


b) A actividade de mediação, agência ou representação na realização de contratos de qualquer
natureza;
c) O exercício de actividades reguladas pela entidade de supervisão de seguros, entidade de
supervisão de jogos, pelo Banco Nacional de Angola e pela Comissão do Mercado de
Capitais;
d) Actividade das sociedades cujo objecto consista na mera gestão de uma carteira de imóveis,
de participações sociais ou títulos;
e) A actividade das fundações, fundos autónomos, cooperativas e associações de beneficência;
f) Exercício de profissão liberal no formato societário ou associativo.

2. Regimes de Tributação

Segundo o artigo 7º do CII, existem dois regimes de tributação:

a) Regime geral: tem a ver com os contribuintes sujeitos ao IVA; pelo que devem possuir
contabilidade organizada;
b) Regime Simplificado: tem a ver com os contribuintes não sujeitos ao IVA.

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3. Determinação da matéria colectável


a) Regime geral: o lucro tributável reporta-se ao saldo revelado pela conta de resultados do
exercício elaborada em obediência aos princípios contabilísticos estabelecidos na legislação em
vigor e consiste na diferença entre todos os proveitos ou ganhos realizados e os custos ou gastos
realizados no exercício, uns e outros, eventualmente corrigidos nos termos do presente código
(artigo 12º nº 3 CII);
b) Regime Simplificado
► Os contribuintes deste regime de tributação que possuem o modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados têm direito a deduzir, até
30%, dos custos incorridos (artigo 60º nº 2 CII);
► Os contribuintes deste regime que não possuem contabilidade, modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados não têm direito a dedução
de custos incorridos (artigo 60º nº 3 CII).

4. Taxas de Tributação (artigo 64º CII)

a) Por regra a taxa do imposto industrial é de 25%.


b) Excepcionalmente para certas actividades há taxas especiais:
► Actividades agrícolas (cultivo da terra), aquícolas (criação de animais e plantas aquáticas),
apícolas (tratamento de abelhas e produção do mel), avícolas (criação de aves), pecuárias (criação e
tratamento de gado), piscatórias (actividade relativa a pesca) e silvícolas (cultura e conservação de
matas e florestas; excepto a exploração de madeira) a taxa é de 10%;
► Sector bancário e de seguros, operadoras de telecomunicações e de empresas petrolíferas
angolanas, a taxa é de 35%;
►A taxa de tributação sobre serviços acidentais prestados por entidades sem sede, domicílio,
estabelecimento estável ou local de direcção efectiva em Angola é de 15%.

5. Liquidação e Pagamento (artigos 69º e 70º do CII)


a) Até ao último dia útil do mês de Abril de cada ano, para os contribuintes sujeitos ao
regime simplificado de tributação;
b) Até ao último dia útil do mês de Maio de cada ano, para os contribuintes do regime geral.

6. Fórmulas

A) Para Fins Contabilísticos (Regime Geral)


a) Matéria Colectável (MC) = Total de Proveitos (TP) – Total de Custos (TC)
b) Imposto Industrial (II) = Matéria Colectável (MC) x Taxa (i)

B) Para Fins Contabilísticos (Regime Simplificado com modelo de contabilidade


simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados)
a) Matéria Colectável (MC) = Total de Proveitos (TP) – 30% de Custos (30%C)
b) Imposto Industrial (II) = Matéria Colectável (MC) x Taxa (i)

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C) Para Fins Contabilísticos (Regime Simplificado sem contabilidade, nem modelo de


contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços
prestados)
a) Matéria Colectável (MC) = Total de Proveitos (TP)
b) Imposto Industrial (II) = Matéria Colectável (MC) x Taxa (i)

D) Para Fins Fiscais (Regime Geral)


a) Resultado Antes do Imposto (RAI) = Total de Proveitos (TP) – Total de Custos (TC)
b) Lucro Bruto (LB) = Total de Proveitos (TP) – Total de Custos (TC)
E) Para Fins Fiscais (Regime Simplificado com modelo de contabilidade simplificada
ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados)
a) Resultado Antes do Imposto (RAI) = Total de Proveitos (TP) – 30% de Custos
(30%C)
b) Lucro Bruto (LB) = Total de Proveitos (TP) – 30% de Custos (30%C)

F) Para Fins Fiscais (Regime Simplificado sem contabilidade, nem modelo de


contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados)
a) Resultado Antes do Imposto (RAI) = Total de Proveitos (TP)
b) Lucro Bruto (LB) = Total de Proveitos (TP)

Logo, RAI = LB

c) Lucro Tributável (LT) = LB + a Acrescer – a Deduzir


d) MC = LT - Prejuízos Fiscais (PF) – Lucros Levados à Reserva (LLR)
e) II = MC x i

EXERCÍCIO MODELO PARA FINS CONTABILÍSTICOS

1. A empresa Lomanda, SA obteve no exercício de 2023, um total de proveitos de 20


Milhões de Kwanzas (20 000 000, 00) e um total de custos de Dezasseis Milhões e Quinhentos Mil
Kwanzas (16 500 000, 00).

Pretende-se:

A) Calcular a matéria colectável para fins contabilísticos e o respectivo imposto industrial,


nas seguintes hipóteses:
a) Tratando-se de uma empresa com contabilidade organizada (regime geral de
tributação);
b) Supondo que, seja uma empresa com o modelo de contabilidade simplificada ou livro
de registo de compra e venda e serviços prestados (regime simplificado de tributação);
c) Considerando o regime que não possui contabilidade, modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados (regime simplificado de
tributação).

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EXERCÍCIO PARA CASA

1. A empresa Sambambi, Cª obteve no exercício de 2022, um total de proveitos de 12


Milhões de Kwanzas (12 000 000, 00) e um total de custos de Seis Milhões e Quinhentos Mil
Kwanzas (6 500 000, 00).

Pretende-se:

A) Calcular a matéria colectável para fins contabilísticos e o respectivo imposto industrial,


nas seguintes hipóteses:
a) Tratando-se de uma empresa com contabilidade organizada (regime geral de
tributação);
b) Supondo que, seja uma empresa com o modelo de contabilidade simplificada ou livro
de registo de compra e venda e serviços prestados (regime simplificado de tributação);
c) Considerando o regime que não possui contabilidade, modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados (regime simplificado de
tributação).

EXERCÍCIOS MODELOS PARA FINS FISCAIS

1. A empresa Sapalo, Cª tem os seguintes dados contabilísticos nas suas contas de resultado
relativo ao exercício de 2023 (Regime Geral de Tributação):

PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA 2023 2022


62.1.1/2.1 Prestação de Serviços Nacionais 1 600 000, 00 (AKz) 2 000 000, 00 (AKz)
66 Proveitos e Ganhos Financeiros Gerais 870 000, 00 (AKz) 555 000, 00 (AKz)
61.3 Vendas de Mercadorias 2 225 000, 00 (AKz) 970 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS PROVEITOS 4 695 000, 00 (AKz) 3 525 000, 00 (AKz)
CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA ------------------------- -------------------------
71 Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias 950 000, 00 (AKz) 2 250 000, 00 (AKz)
Consumidas
72 Custo com o Pessoal 420 000, 00 (AKz) 600 000, 00 (AKz)
75.2 Fornecimentos e Serviços de Terceiros 1 230 000, 00 (AKz) 400 000, 00 (AKz)
76 Custos e Perdas Financeiras Gerais 700 000, 00 (AKz) 800 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS CUSTOS 3 300 000, 00 (AKz) 4 050 000, 00 (AKz)
RAI - 525 000, 00 (AKz)
IMPOSTO 0, 00 (AKz)
RL - 525 000, 00 (AKz)

Suponhamos que, a empresa o contratou como técnico de contas para determinar o imposto
a pagar em 2023.

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2. A empresa Constroi, Lda tem os seguintes dados contabilísticos nas suas contas de
resultado (Regime Geral de Tributação):

PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA 2023 2022


61.1/2 Vendas de Produtos 1 300 000, 00 (AKz) 1 150 000, 00 (AKz)
62.1.1/2.1 Prestação de Serviços Nacionais 3 000 000, 00 (AKz) 3 250 000, 00 (AKz)
67. 1.1 Subsidiárias 1 700 000, 00 (AKz) 0, 00 (AKz)
TOTAL DOS PROVEITOS 6 000 000, 00 (AKz) 4 400 000, 00 (AKz)
CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA ------------------------- -------------------------
72 Custo com o Pessoal 2 700 000, 00 (AKz) 2 300 000, 00 (AKz)
75.2 Fornecimentos e Serviços de Terceiros 275 000, 00 (AKz) 500 000, 00 (AKz)
76 Custos e Perdas Financeiras Gerais 1 000 000, 00 (AKz) 200 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS CUSTOS 3 975 000, 00 (AKz) 3 000 000, 00 (AKz)
RAI 2 025 000, 00 (AKz) 1 400 000, 00 (AKz)
IMPOSTO 506 250, 00 (AKz) 350 000, 00 (AKz)
RL 1 518 750, 00 (AKz) 1 050 000, 00 (AKz)

Suponhamos que, a empresa o contratou como técnico de contas para determinar o imposto
a pagar em 2023; sabendo que o valor da conta 67.1.1 (Proveitos em Participações em Subsidiárias)
se refere a lucros de rendimento tributável em sede de Imposto sobre a Aplicação de Capitais.

3. A empresa Biovida, SA tem os seguintes dados contabilísticos nas suas contas de


resultado (Regime Geral de Tributação):

PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA 2023 2022


62.1.1/2.1 Prestação de Serviços Nacionais 1 250 000, 00 (AKz) 500 000, 00 (AKz)
66 Proveitos e Ganhos Financeiros Gerais 400 000, 00 (AKz) 100 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS PROVEITOS 1 650 000, 00 (AKz) 600 000, 00 (AKz)
CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA ------------------------- -------------------------
72 Custo com o Pessoal 900 000, 00 (AKz) 170 000, 00 (AKz)
75.2 Fornecimentos e Serviços de Terceiros 200 000, 00 (AKz) 100 000, 00 (AKz)
78.1.2 Cobranças Duvidosas 350 000, 00 (AKz) 150 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS CUSTOS 1 450 000, 00 (AKz) 420 000, 00 (AKz)
RAI 180 000, 00 (AKz)
IMPOSTO 45 000, 00 (AKz)
RL 135 000, 00 (AKz)

O valor da conta 78.1.2 (Cobranças Duvidosas) não foi aceite como custo fiscal; porque os
clientes não se encontram em situações de falência ou insolvência. Suponhamos que, a empresa o
contactou como contabilista para determinar o imposto a pagar no exercício de 2023.

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TAREFA SOBRE EXERCÍCIOS PARA FINS FISCAIS

1. A empresa Sapalo, Cª tem os seguintes dados contabilísticos nas suas contas de resultado
relativo ao exercício de 2023:

PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA 2023 2022


62.1.1/2.1 Prestação de Serviços Nacionais 1 600 000, 00 (AKz) 2 000 000, 00 (AKz)
66 Proveitos e Ganhos Financeiros Gerais 870 000, 00 (AKz) 555 000, 00 (AKz)
61.3 Vendas de Mercadorias 2 225 000, 00 (AKz) 970 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS PROVEITOS 4 695 000, 00 (AKz) 3 525 000, 00 (AKz)
CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA ------------------------- -------------------------
71 Custo das Mercadorias Vendidas e Matérias 950 000, 00 (AKz) 2 250 000, 00 (AKz)
Consumidas
72 Custo com o Pessoal 420 000, 00 (AKz) 600 000, 00 (AKz)
75.2 Fornecimentos e Serviços de Terceiros 1 230 000, 00 (AKz) 400 000, 00 (AKz)
76 Custos e Perdas Financeiras Gerais 700 000, 00 (AKz) 800 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS CUSTOS 3 300 000, 00 (AKz) 4 050 000, 00 (AKz)
RAI
IMPOSTO
RL

Suponhamos que, a empresa o contratou como técnico de contas para determinar o imposto
a pagar em 2023. Ora, por hipótese, trata-se de uma empresa com o modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados.

2. A empresa Constroi, Lda tem os seguintes dados contabilísticos nas suas contas de
resultado:

PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA 2023 2022


61.1/2 Vendas de Produtos 1 300 000, 00 (AKz) 1 150 000, 00 (AKz)
62.1.1/2.1 Prestação de Serviços Nacionais 3 000 000, 00 (AKz) 3 250 000, 00 (AKz)
67. 1.1 Subsidiárias 1 700 000, 00 (AKz) 0, 00 (AKz)
TOTAL DOS PROVEITOS 6 000 000, 00 (AKz) 4 400 000, 00 (AKz)
CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA ------------------------- -------------------------
72 Custo com o Pessoal 2 700 000, 00 (AKz) 2 300 000, 00 (AKz)
75.2 Fornecimentos e Serviços de Terceiros 275 000, 00 (AKz) 500 000, 00 (AKz)
76 Custos e Perdas Financeiras Gerais 1 000 000, 00 (AKz) 200 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS CUSTOS 3 975 000, 00 (AKz) 3 000 000, 00 (AKz)
RAI
IMPOSTO
RL

Suponhamos que, a empresa o contratou como técnico de contas para determinar o imposto
a pagar em 2023; sabendo que o valor da conta 67.1.1 (Proveitos em Participações em Subsidiárias)
se refere a lucros de rendimento tributável em sede de Imposto sobre a Aplicação de Capitais.
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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

Tendo em conta a hipótese, tratar-se de uma empresa sem contabilidade, nem modelo de
contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados.
3. A empresa Biovida, SA tem os seguintes dados contabilísticos nas suas contas de
resultado:

PROVEITOS E GANHOS POR NATUREZA 2023 2022


62.1.1/2.1 Prestação de Serviços Nacionais 1 250 000, 00 (AKz) 500 000, 00 (AKz)
66 Proveitos e Ganhos Financeiros Gerais 400 000, 00 (AKz) 100 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS PROVEITOS 1 650 000, 00 (AKz) 600 000, 00 (AKz)
CUSTOS E PERDAS POR NATUREZA ------------------------- -------------------------
72 Custo com o Pessoal 900 000, 00 (AKz) 170 000, 00 (AKz)
75.2 Fornecimentos e Serviços de Terceiros 200 000, 00 (AKz) 100 000, 00 (AKz)
78.1.2 Cobranças Duvidosas 350 000, 00 (AKz) 150 000, 00 (AKz)
TOTAL DOS CUSTOS 1 450 000, 00 (AKz) 420 000, 00 (AKz)
RAI
IMPOSTO
RL

O valor da conta 78.1.2 (Cobranças Duvidosas) não foi aceite como custo fiscal; porque os
clientes não se encontram em situações de falência ou insolvência. Suponhamos que, a empresa o
contactou como contabilista para determinar o imposto a pagar no exercício de 2023.
Considerando a hipótese de tratar-se de uma empresa com o modelo de contabilidade
simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados.

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4.1.1.2 IMPOSTO SOBRE O RENDIMENTO DO TRABALHO (IRT)

I. INTRODUÇÃO

A determinação da matéria colectável, no domínio do IRT, deve levar em conta a dedução


da contribuição para a segurança social. Que no caso de trabalhadores por conta de outrem
corresponde a 3% do rendimento sujeito a segurança social e para os trabalhadores por conta
própria corresponde a 8% ou 11% caso assegure a invalidez, velhice e morte ou a doença,
maternidade, invalidez, velhice e morte; respectivamente. Ora, importa realçar que o trabalhador
por conta de outrem é assegurado com 11%; só que, os 8% são suportados pelo empregador.

1. Incidência (artigo 1º CIRT)

O IRT incide sobre os trabalhadores (incidência subjectiva) e sobre os rendimentos do


trabalho (incidência objectiva).

2. Grupos de Tributação (artigo 3º CIRT)

Existem três grupos de tributação:

a) Grupo A (constituído por trabalhadores por conta de outrem; trabalhadores da função


pública e titulares dos órgãos sociais das pessoas colectivas).

b) Grupo B (constituído por trabalhadores por conta própria).

c) Grupo C (constituído por actividades industriais e comerciais que se presumem, todas as


constantes na tabela de lucros mínimos em vigor).

3. Determinação da matéria colectável (artigos 7º-9º CIRT)

a) Grupo A: Neste grupo a matéria colectável resulta da diferença entre o Rendimento


Tributável (RT) e a contribuição para a segurança social.

b) Grupo B e C: Nestes grupos a matéria colectável é determinada em função da existência


ou não da retenção na fonte. Só procede a retenção na fonte a entidade pagadora que tem
contabilidade organizada ou modelo de contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e
venda e serviços prestados. Na eventualidade de não haver retenção na fonte o contribuinte poderá
deduzir o total de custos (se tiver contabilidade organizada), 30% do total de custos (se tiver modelo
de contabilidade simplificada ou livro de registo de compra e venda e serviços prestados) ou não
poderá deduzir custos (caso não tenha contabilidade organizada, nem modelo de contabilidade
simplificada).

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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

OBS: Sempre que o contribuinte verifique, com base em quais quer meios, que o seu volume
de facturação é 4 (quatro) vezes superior ao valor máximo correspondente, à sua actividade na
Tabela dos Lucros Mínimos, a matéria colectável será a correspondente ao volume de vendas de
bens e serviços não sujeitos à retenção na fonte, no decorrer do exercício (artigo 9º nº 2
CIRT).Outrossim, importa realçar que, o valor máximo correspondente a actividade na Tabela dos
Lucros Mínimos refere-se aos valores indicados para às seguintes sedes: Luanda, Benguela,
Lobito, Huambo, Lubango e Cabinda.

4. Taxas de Tributação (artigo 16º CIRT)

a) Grupo A: Usa-se a tabela de taxas a que se refere o nº 1 do artigo 16º do CIRT; pelo que
a taxa é progressiva.

b) Grupo B e C: Caso haja retenção na fonte a taxa é de 6,5%; se não houver retenção na
fonte a taxa será de 25%.

5. Liquidação e Pagamento (artigos 10º e 11º CIRT)

a) Grupo A: A liquidação é feita pela entidade empregadora, mensalmente; a qual compete


proceder a entrega do imposto até ao final do mês seguinte ao do respectivo pagamento.

b) Grupo B e C: No caso de retenção na fonte compete à entidade pagadora proceder a


liquidação e a entrega do imposto até ao final do mês seguinte ao do respectivo pagamento. Ao
passo que, não havendo retenção na fonte caberá ao titular do rendimento determinar o valor a
pagar pelo imposto; e proceder a entrega até o último dia útil do mês de Março.

6. Fórmulas

a) Grupo A:

1ª Segurança Social = a Rendimento Tributável para SS x taxa (SS = RT x i);


2ª Matéria Colectável = a Rendimento Tributável para IRT – Segurança Social (MC = RT –
SS);
3ª IRT = Parcela Fixa + (MC - Excesso) x i ou IRT = PF + (MC - Exc) x i
4ª RL = Rbr – IRT – SS.

b) Grupo B e C:

1ª MC = Total de Avenças
2ª MC = Rbr - Deduções
3ª IRT = MC x i;
4ª RL = MC – IRT

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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

EXERCÍCIOS MODELOS

I. Tributação do Grupo A

1. Tchissola Tchissossi, funcionária da empresa Yange, Lda, recebeu no mês de Janeiro,


como rendimento bruto o valor de 280 840, 00 (AKz).
Pretende-se:
a) Calcular o IRT
b) Achar o Salário líquido.

2. Ngongoyene Tava-Tava é trabalhador da empresa Cuiabwé, & Cª. Ora, recebe o salário
base de 650 600, 00 (AKz). No mês de Fevereiro beneficiou dos seguintes subsídios:
►Subsídio de viagem 2%;
►Abono para falhas 5%;
►Subsídio de alimentação 4%;
►Subsídio de transporte 3%.

Pretende-se:
a) Fazer a Demonstração dos Rendimentos
b) Calcular o IRT
c) Achar o Salário líquido.

3. Tchipuko Ukwesseka, trabalhador da empresa Corona-Cura, SA entrou de férias no mês


de Dezembro de 2023. Pelo que, a entidade empregadora pagou-lhe o salário base correspondente a
525 000, 00 (AKz); acrescido de 50% do rendimento base de gratificação de férias.
Pretende-se:
a) Calcular o IRT
b) Achar o Salário líquido

II. Tributação do Grupo B

1. O senhor Luciano Kavinda, professor colaborador, lecciona a disciplina de Sociologia


Geral no Instituto Superior Kizito. Ora, o professor concordou ter uma avença mensal de 200 000,
00 (AKz).
Pretende-se:
a) Calcular o IRT (retenção na fonte)
b) Achar o rendimento líquido

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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

2. A médica Angélica Wandi, possui modelo de contabilidade simplificada, prestou vários


serviços em 2023:
1º Leccionou, como colaboradora, a disciplina de Anatomia no Instituto Superior Kizito.
Tendo acordado uma avença mensal de 250 000, 00 (AKz) durante três trimestres (Retenção na
fonte).
2º Prestou serviço a favor da clínica Salva-Vida, SA; tendo acordado uma avença em
Kwanzas de 270 000, 00 (retenção na fonte).
3º Contribuiu com o seu saber na criação do Centro Médico Cura-Tudo, Lda; tendo
acordado uma avença de 600 000, 00 (AKz).
4º Prestou serviço de formação especializada no domínio da ortopedia, a favor dos médicos
estagiários do Centro Médico Cura-Tudo, Lda; tendo acordado uma avença de 400 000, 00 (AKz).

Pretende-se:
a) Calcular a MC sujeita a retenção na fonte e o respectivo IRT.
b) Achar a MC não sujeita a retenção na fonte e o respectivo IRT, lembrando que a médica
teve custos com os meios de trabalho no valor de 200 000,00 (AKz).

III. Tributação do Grupo C

O senhor Lourenço Segunda, residente no município de Seles, província de Kwanza Sul, é


produtor de algodão. Durante o ano de 2023 forneceu o algodão à empresa Téxtil-Kwanza Sul, SA.
Ora, a cultura de algodão está prevista na Tabela de Lucros Mínimos; isto é, no nível A…,
subclasse 01161 cuja matéria colectável para as outras localidades é 26 174,00 (AKz) e o valor
máximo correspondente a actividade na Tabela dos Lucros Mínimos é: 104 695,00.

Pretende-se:

1. Calcular o IRT supondo que houve retenção na fonte.


2. Calcular o IRT supondo que não tenha havido retenção na fonte.
3. Calcular o IRT supondo que houve, no ano em causa, um volume de facturação
correspondente a: 710 325, 00 (AKz).

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EXERCÍCIOS PARA CASA


I. Tributação do Grupo A

1. Ana Etelvina, funcionária da empresa os Kamba, & Cª, recebeu no mês de Janeiro, como
rendimento bruto o valor de 122 000, 00 (AKz).
Pretende-se:
a) Calcular o IRT
b) Achar o Salário líquido.

2. Mamana Kizua é trabalhador da empresa Constroi, SA; aufere um salário base de 400
000, 00 (AKz). Entretanto, no mês de Fevereiro teve os seguintes subsídios:
►Subsídio de viagem 30%;
►Abono para falhas 25%;
►Subsídio de alimentação 15%;
►Subsídio de transporte 20%.
►Abono de família 10%

Pretende-se:

a) Fazer a Demonstração dos Rendimentos


b) Calcular o IRT
c) Achar o Salário líquido.

3. Zezinho Mimoso, trabalhador da empresa Tio & Sobrinhos, aufere um salário base de
40 000, 00 (AKz). E recebe os seguintes subsídios:
►Subsídio de risco 5%
►Subsídio de atavio 4%
►Subsídio de dedicação exclusiva 3%
Pretende-se:
a) Calcular o IRT
b) Achar o Salário líquido

II. Tributação do Grupo B

1. A senhora Ana Bumba, contabilista, celebrou um contrato para proceder ao fecho de


coontas do exercício de 2023 da empresa Kapolo, Lda. Tendo acordado uma avença de 750 000, 00
(AKz).

Pretende-se:

a) Calcular o IRT (retenção na fonte)


b) Achar o rendimento líquido

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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

2. A geóloga Domingas Vita, tem a sua contabilidade organizada, prestou vários serviços
em 2023:

1º Leccionou, como colaboradora, a disciplina de geologia no Instituto Superior Kizito.


Tendo acordado uma avença mensal de 220 000, 00 (AKz) durante três trimestres (Retenção na
fonte).
2º Prestou serviço de consultoria À empresa Explora-Tudo, SA; tendo acordado uma avença
em Kwanzas de 350 000, 00 (retenção na fonte).
3º Participou de uma pesquisa geológica, a favor de uma empresa artesanal de exploração
diamantífera (Sapalo, & Cª); onde obteve uma avença de 1 000 000,00 (AKz).
4º Prestou serviço de consultoria ao empresário Sebastião Dodi; a fim de analisar o solo
onde será edificada uma residência avaliada em 90 000 000, 00 (AKz); tendo acordado uma avença
de 5% do valor da residência.

Pretende-se:

a) Calcular a MC sujeita a retenção na fonte e o respectivo IRT.


b) Achar a MC não sujeita a retenção na fonte e o respectivo IRT, lembrando que a geóloga
teve custos com os meios de trabalho no valor de 1 000 000,00 (AKz).

III. Tributação do Grupo C

O senhor Adriano António, residente no município de Talatona em Luanda, dedica-se a


manutenção e reparação de veículos automóveis. O mesmo possui modelo de contabilidade
simplificada. Durante o ano de 2023 prestou serviços a favor da empresa Transportes Seguros, Lda.
Ora, a manutenção e reparação de veículos automóveis está prevista na Tabela de Lucros Mínimos;
isto é, no nível G…, subclasse 45200 cuja matéria colectável para Luanda é 418 780,00 (AKz).

Pretende-se:

1. Calcular o IRT supondo que houve retenção na fonte.


2. Calcular o IRT supondo que não tenha havido retenção na fonte.
3. Calcular o IRT supondo que houve, no ano em causa, um volume de facturação
correspondente a: 2 710 325, 00 (AKz) e custos no valor de: 350 230, 00.

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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

APÊNDICE SOBRE AS CONTRIBUIÇÕES PARA A SEGURANÇA SOCIAL

I. INTRODUÇÃO

As Contribuições para a Segurança Social são pagas ao Instituto Nacional de Segurança


Social (INSS) a fim de garantir a segurança do trabalhador (por conta de outrem ou por conta
própria) e do religioso (com ou sem dependentes); tal conforme previsto pela legislação em vigor.
1. Legislação Base sobre a Protecção e Segurança Social

A) Sistema de Protecção Social

a) Lei nº 7/04, de 15 de Outubro (Lei de Bases da Protecção Social);


b) Decreto Presidencial nº 227/18 de 27 de Setembro (Estabelece o Regime Jurídico de
Vinculação e de Contribuição da Protecção Social Obrigatória);
c) Decreto nº 41/08, de 2 de Julho (Estabelece o Regime de Protecção Social dos Cidadãos
que se dedicam a actividade Religiosa em Território Angolano);
d) Decreto nº 42/08, de 3 de Julho (Regula o Regime dos Trabalhadores por Conta Própria).

B) Âmbito de Protecção Social

a) Decreto nº 25/02, de 7 de Maio (Define e Regulamenta a Protecção da Eventualidade de


Doença dos Beneficiários do Sistema de Segurança Social);
b) Decreto nº 50/05, de 8 de Agosto (Regulamenta a Protecção da Eventualidade da Morte);
c) Decreto nº 40/08, de 2 de Julho (Regulamenta a Protecção na Velhice);
d) Decreto Presidencial nº 8/11, de 7 de Janeiro (Regulamenta o Regime Jurídico das
Prestações Familiares).

2. Noções Básicas Sobre:

A) Segurado: é o titular do direito às prestações pecuniárias e em espécie, atribuídas pela


entidade gestora da protecção social. Pelo que, consideram-se segurados os trabalhadores (por conta
de outrem ou por conta própria) e os religiosos (com ou sem dependentes).
B) Contribuintes: são as entidades empregadoras (no caso dos trabalhadores por conta de
outrem); o trabalhador por conta própria e as instituições religiosas (no caso de religiosos).
C) Dependentes: são as pessoas que estão vinculadas à protecção social obrigatória, na
condição de dependência económica do segurado; tais como: o cônjuge, descendentes (filhos),
ascendentes (os pais) ou pessoas a cargo do segurado.
3. Âmbito de Protecção do Segurado e Taxas Aplicáveis

A) Trabalhadores por Conta de Outrem: é dada a protecção em caso de doença,


maternidade, acidentes e doenças profissionais, invalidez, velhice e morte. A taxa aplicável é de
11%; sendo: 3% suportados pelo trabalhador e 8% suportados pelo empregador.

B) Trabalhadores por Conta Própria: por regra têm direito a protecção na invalidez,
velhice e morte; excepcionalmente podem também proteger a eventualidade da doença e
maternidade. A taxa aplicável por regra é de 8%, podendo ser adicionado 3% em caso de proteger a
eventualidade da doença e maternidade.
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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

C) Religiosos: têm direito a protecção na velhice e morte. A taxa aplicável para os religiosos
com dependentes é de 7%; ao passo que os religiosos sem dependentes fazem as contribuições para
a segurança social mediante a taxa de 5%. Porque, eles não contribuem para a pensão de
sobrevivência em caso de morte.

4. Fórmulas

A) Trabalhadores por Conta de Outrem

a) SS = RT x i
b) CSS = (RT x 3%) + (RT x 8%) → o Total a depositar no INSS

B) Trabalhadores por Conta Própria

a) SS = RT x i → o Total a depositar no INSS

C) Religiosos

a) SS = RT x i → o Total a depositar no INSS

5. Exercícios

Determinar a contribuição para a segurança social paga por um segurado com um


rendimento tributável de 350 000, 00 (AKz) em caso de:

1. Ser um trabalhador por conta de outrem:

a) Valor deduzido no rendimento (salário) do trabalhador;


b) Valor que constitui encargo do empregador;
c) Contribuição para a Segurança Social a depositar no INSS.

2. Trabalhador por conta própria:

a) Contribuição para a Segurança Social a depositar no INSS; tendo em conta a regra;


b) Contribuição para a Segurança Social a depositar no INSS; tendo em conta a
excepção.

3. Religiosos:

a) Contribuição para a Segurança Social a depositar no INSS; a favor de um religioso


sem dependentes;
b) Contribuição para a Segurança Social a depositar no INSS; a favor de um religioso
com dependentes.

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Elaborado Por: Agostinho Lázaro Bumba Cabo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. (Coordenadora), F. F. (2015/2016). Legislação Laboral. Luanda: Plural Editores.

2. António, N. (2015). Fiscalidade Angolana-Âmbito da Reforma Fiscal. Angola:


WhereAngola Book Publisher.

3. Imprensa Nacional-E.P. (2021). Legislação Fiscal-Versão 2021 (Contém o Calendário


Fiscal). Luanda: Imprensa Nacional-E.P.

4. República, P. d. (27 de Setembro de 2018). Decreto Presidencial nº 227/18 de 27 de


Setembro. Angola.

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