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TEMA I b) – OS REGIMES SIMPLIFICADOS DE

TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO NO SISTEMA FISCAL


PORTUGUES

Cidália Lopes e Carlos Barros Coimbra


SUMÁRIO

• I – A tributação das empresas e os Regimes Simplificados

• II – Análise comparativa dos Regimes Simplificados – IRS/IRC


1. IRS – Enquadramento normativo: 28º e 31º do CIRS
2. IRC - Enquadramento normativo: 86º A/B do CIRC
3. IRS / IRC -Reflexões críticas
3.1. Vantagens e Desvantagens
3.2. Análise Comparativa dos RST em IRS e IRC
3.3. Perspetivas Futuras
3.4. Propostas Evolução
REGIMES SIMPLIFICADOS DE TRIBUTAÇÃO DO RENDIMENTO
para as PME: justificação da importância do tema

— Representatividade das PME no tecido empresarial PT

— Reduzir custos administrativos Autoridade Tributária AT

— Fomentar o cumprimento fiscal voluntário e aumentar as


receitas fiscais

— Reduzir os custos de cumprimento dos contribuintes

— Lopes (1999); Lopes (2011)


OS REGIMES SIMPLIFICADOS DE TRIBUTAÇÃO EM IRS E IRC

Em Portugal, os regimes simplificados de tributação do rendimento


caracterizam-se pelo rendimento se calcular aplicando um
coeficiente sobre o valor total de rendimentos do sujeito passivo.

Consequentemente, não são considerados os gastos que os sujeitos


passivos possam ter de suportar no exercício da sua atividade.

Tratam-se assim de regimes de PRESUNÇÃO de GASTOS!


O REGIMES SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Formas de determinação do RL da Cat. B: (art. 28.º,


n.º 1)
• Regime simplificado – art. 31.º
• Contabilidade organizada – arts. 32.º e 33.º.
(salvo no caso da imputação prevista no artigo 20.º - Imputação
especial, pois os rendimentos imputados já são líquidos

• O s.p. pode ainda ser tributado por:


• Regras estabelecidas para a Cat. A – art. 28.º n.º 8
O REGIMES SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Enquadramento no regime simplificado: s.p. que não tendo


optado por contabilidade organizada, tenham no ano anterior
(Art. 28.º, n.º 2):
• um montante anual ilíquido de rendimentos desta categoria
menor ou igual a € 200.000.

• Período mínimo de permanência – com a Reforma de 2015 deixou


de haver período mínimo de permanência

• (até 2014 era de 3 anos)


O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Cessação da aplicação do regime (n.º 6):


• O limite (200.000 €) for ultrapassado em 2 períodos
consecutivos;
• For ultrapassado num único exercício em mais de 25%
• Caso em que a tributação pelo regime de contabilidade
organizada se faz a partir do período de tributação seguinte ao
da verificação de qualquer desses factos

• Exercício de início de atividade (n.º 10):


•O enquadramento no regime simplificado faz-se em
conformidade com o valor anual de rendimentos estimado.
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art.º. 31.º - Determinação do RL (n.º 1):


• Rend. Bruto * coeficientes previstos no nº 2

• 0,15 – vendas de mercadorias e produtos, bem como às


prestações de serviços efetuadas no âmbito de atividades
hoteleiras e similares, restauração e bebidas.

• 0,75 – rendimentos das atividades profissionais


especificamente previstas na tabela a que se refere o
artigo 151º.

• 0,35 – rendimentos de prestações de serviços não


previstos nas alíneas anteriores (e.g., trabalho a feitio,
cabeleireiro)
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art. 31.º - Determinação do RL (n.º 1):

• 0,95 – rendimentos provenientes de:

• contratos que tenham por objeto a cessão ou utilização


temporária da propriedade intelectual ou industrial ou a
prestação de informações respeitantes a uma experiência
adquirida no setor industrial, comercial ou científico,

• aos rendimentos de capitais imputáveis a atividades


geradoras de rendimentos empresariais e profissionais,

• ao resultado positivo de rendimentos prediais,

• ao saldo positivo das mais e menos-valias e


• aos restantes incrementos patrimoniais.
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art. 31.º - Determinação do RL (n.º 1):

• 0,30 – subsídios ou subvenções não destinados à exploração.


• 0,10
• subsídios destinados à exploração e
• restantes rendimentos da Categoria B não previstos nas
alíneas anteriores.
• 1 – rendimentos decorrentes de prestações de serviços
efetuadas pelo sócio a uma sociedade abrangida pelo regime
da transparência fiscal, nos termos da alínea b) do n.º 1 do artº
6º do CIRC.
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art. 31.º - Determinação do RL (n.º 2):

• Os sujeitos passivos que obtenham os rendimentos previstos


nas alíneas b) e c) do nº 1 (coef de 0,75 e 0,35), após aplicação
dos coeficientes aí previstos,
• podem deduzir,
• até à concorrência do rendimento líquido assim obtido,
• os montantes comprovadamente suportados com
contribuições obrigatórias para regimes de proteção social,
conexas com as atividades em causa,
• na parte em que excedam 10% dos rendimentos brutos,
quando não tenham sido deduzidas a outro título.
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art. 31.º - Determinação do RL:

• O resultado positivo dos rendimentos prediais:


corresponde ao rendimento líquido da Cat. F,
determinado nos termos do artigo 41.º (nº 4).

• Subsídios ao investimento: considerados em fracções


iguais durante 5 exercícios, sendo o primeiro o do
recebimento do subsídio (n.º 5)
• Cessando a aplicação do regime simplificado no decurso dos
5 anos, as fracções dos subsídios ainda não tributadas, serão
imputadas, para efeitos de tributação, ao último exercício
(nº 8).
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art. 31.º - Determinação do RL:

• Mais-valias: são utilizadas as quotas mínimas de


amortização, calculadas sobre o valor tributável definitivo
se superior ao valor de contrato (n.º 9 e art. 31.º-A, 36º-B
e DR 25/2009).
• Mvf = VR – (VA-Amort.)
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Art. 31.º - Determinação do RL:

• Os coeficientes previstos nas alíneas b), c) e f) do n.º 1 (0,75,


0,35 e 0,10) são reduzidos em
• 50% no período de tributação do início da atividade
• 25% no período de tributação seguinte
• desde que, nesses períodos, o sujeito passivo não aufira
rendimentos das categorias A ou H. (nº 10)
• Não é aplicável nos casos em que tenha ocorrido cessação de
atividade há menos de cinco anos (nº 11)
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Ao RL poderão ser deduzidos prejuízos fiscais apurados em


anos anteriores (art. 55º nº 4 CIRS)

• Os valores e base necessários para o apuramento do


rendimento podem ser corrigidos pela AT com recurso a
métodos indirectos (art. 28º nº 7)

• Tributação autónoma (art. 73º CIRS):


• N.º 1: Despesas não documentadas – 50%
• n.º 6: Importâncias pagas a entidades residentes em
paraíso fiscal – 35%
OS REGIMES SIMPLIFICADOS DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Ao RL poderão ser deduzidos prejuízos fiscais apurados em


anos anteriores (art. 55º nº 4 CIRS)

• Os valores e base necessários para o apuramento do


rendimento podem ser corrigidos pela AT com recurso a
métodos indirectos (art. 28º nº 7)

• Tributação autónoma (art. 73º CIRS):


• N.º 1: Despesas não documentadas – 50%
• n.º 6: Importâncias pagas a entidades residentes em
paraíso fiscal – 35%
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Inácia é cabeleireira e proprietária, a título individual, de um salão


de cabeleireira e estética na cidade de Barcelos. Deu início de
atividade em 2008 tendo ficado, desde então, enquadrada no
regime simplificado.

• Na sua atividade, Inácia registou, relativamente ao ano 2015, os


seguintes dados:

• 45.000 € de serviços de cabeleireira


• 30.000 € de serviços de estética, manicura e massagens
• 20.000 € de vendas de produtos
• 3.000 € de direitos de autor de um livro sobre cuidados de beleza que
Inácia escreveu

• OCC, 2015
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• 8.000 € de subsídio atribuído pelo Estado para a compra de


equipamentos
• 12.000 € de gasto relativo à renda do estabelecimento
• 8.000 € de custo dos produtos vendidos
• 15.000 € de outros gastos
• 9.000 de contribuições obrigatórias para a Segurança Social

• Enquadramento dos rendimentos obtidos e dos gastos:


• 45.000 € de serviços de cabeleireira – artº 31º, nº1, al. c) – 0,35
• 30.000 € de serviços de estética, manicura e massagens – artº
31º, nº 1, al. b), art. 151º, Portaria 1011/2001, Cód. 1325
e1329 – 0,75
O REGIMES SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Enquadramento dos rendimentos obtidos e dos gastos:

• 20.000 € de vendas de produtos - artº 31º, nº 1, al. a) e art. 4º,


nº 1, al. a) – 0,15
• 3.000 € de direitos de autor de um livro sobre cuidados de
beleza que Inácia escreveu – artº 31º, nº 1, al. d), artº 58º, nº 1
e 2 do EBF - isenção 50% - 0,95
• 8.000 € de subsídio atribuído pelo Estado para a compra de
equipamentos – artº 31º, nº 1, e) e nº 5 – 0,30/5
• 12.000 € de gasto relativo à renda do estabelecimento + 8.000
€ de custo dos produtos vendidos + 15.000 € de outros gastos -
gastos não relevantes uma vez que está enquadrado no Regime
Simplificado
O REGIME SIMPLIFICADO DE TRIBUTAÇÃO EM IRS

• Enquadramento dos rendimentos obtidos e dos gastos:


• 9.000 € de contribuições obrigatórias para a Segurança Social:
• Podem ser deduzidos até à concorrência do rendimento
líquido das alíneas b) e c), nº 1, artº 31º (0,75 e 0,35) na
parte em que excedam 10% dos rendimentos brutos dessas
prestações de serviços.
• Logo, 10% x (45.000+30.000) = 7.500 €; excesso = 9.000 -
7.500 = 1.500 (artº 31º, nº 2)

• Rendimento líquido da Cat B


• 45.000*0,35 + 30.000*0,75 + 20.000*0,15 + 30.000*50%*0,95
+ 8.000*0,30/5 = 43.155 – 1.500 = 41.655 €
REGIME DE CONTABILIDADE ORGANIZADA

• Enquadramento

• Neste regime de determinação dos RL o legislador remete para as


regras de determinação da matéria colectável do CIRC, com as
adaptações resultantes dos artigos constantes do CIRS (art. 32.º
CIRS - Remissão para as regras do CIRC (art. 17º a 52º CIRC)

• Consequentemente, podem ser deduzidos todos os gastos e


perdas incorridos ou suportados pelo s.p. para obter ou garantir os
rendimentos sujeitos e desde que documentalmente
comprovados (artº 23º do CIRC)

21
REGIME DE CONTABILIDADE ORGANIZADA

• Enquadramento
• Na determinação do rendimento só são considerados proveitos e
custos os relativos a bens ou valores que façam parte do ativo da
empresa individual do s.p. ou que estejam afetos às atividades
empresariais e profissionais por ele desenvolvidas (ficam de fora
os bens pessoais do s.p.). (artº 29º, nº 1)

• Assim, por exemplo, a venda de um imóvel que faça parte do


ativo imobilizado da sua empresa individual de que resulte uma
mais ou menos valia, será tributada na Cat B e não na Cat G.
22
REGIME DE CONTABILIDADE ORGANIZADA

• Art. 33.º - Para além das limitações previstas no CIRC, no


cálculo do rendimento líquido, não são dedutíveis:

• As remunerações dos titulares de rendimentos da Cat


B, assim como outras prestações a título de ajudas de
custo, utilização de viatura própria ao serviço da
atividade, subsídios de refeição e outras prestações de
natureza remuneratória (sendo tributadas na Cat B)
(nº 1)

23
Regime de Contabilidade Organizada

• Art. 33.º - Para além das limitações previstas no CIRC, no


cálculo do rendimento líquido, não são dedutíveis:

• Por portaria do Ministro das Finanças podem ser


fixados para efeitos do disposto neste artigo o número
máximo de veículos e respectivo valor por sujeito
passivo (nº 2):

• Portaria 1041/2001: uma unidade por titular de


rendimentos da categoria B do IRS, por sócio, no caso de
sociedade de profissionais sujeita ao regime de
transparência fiscal, e por trabalhador ao serviço dos
referidos sujeitos passivos, quando, em qualquer caso, seja
comprovada a indispensabilidade do seu uso.

24
Regime de Contabilidade Organizada

• Art. 33.º - Para além das limitações previstas no CIRC, no


cálculo do rendimento líquido, não são dedutíveis:

• Quando exerça a actividade no imóvel onde habita apenas


pode deduzir 25% das despesas com o imóvel (rendas,
energia, água e telefone) – n.º 5.
• Se o s.p. exercer a sua actividade em conjunto com outros
profissionais, os encargos dedutíveis são rateados em
função da respectiva utilização ou, na falta de elementos
que permitam o rateio, proporcionalmente aos
rendimentos brutos auferidos – nº 6

25
Regime de Contabilidade Organizada –
tributações autónomas

• Art. 73.º CIRS – Estão sujeitas a tributação


autónoma, as seguintes despesas:
• Despesas não documentadas – 50% (também
aplicável no regime simplificado)
• Despesas com viaturas ligeiras de passageiros ou
mistas cujo custo de aquisição < 20.000 € – 10%; se
custo de aquisição >= 20.000€ - 20%. (nº 2)
• No caso de viaturas ligeiras de passageiros ou mistas
híbridas plug-in, as taxas são, respetivamente, de 5% e 10%
• No caso de viaturas ligeiras ou mistas de passageiros
movidas a gases de petróleo liquefeito (GPL) ou gás natural
veicular (GNV), as taxas são, respetivamente, de 7,5% e 15%
(nºs10 e 11)

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Regime de Contabilidade Organizada –
tributações autónomas

• Art. 73.º CIRS – Estão sujeitas a tributação


autónoma, as seguintes despesas:
• Despesas de representação – 10% (nº 2, a))
• Importâncias pagas a entidades residentes em paraíso
fiscal – 35% (nº 6)
• Ajudas de custo e encargos com compensação pela
deslocação em viatura própria do trabalhador…– 5%
(nº 7)

27
Regime de CO - Exemplo

• OCC, 2015
• Bernardo e Bernardina são casados, residem em Viana do Castelo.
Bernardo é um empresário em nome individual que exerce a
atividade de comércio por grosso de materiais de construção,
sendo os seus rendimentos empresariais determinados com base
na contabilidade.
• No exercício de 2016, a contabilidade evidencia um volume total
de rendimentos de € 750.000, onde se incluem:
• 10.000 € correspondentes a um ganho apurado com a
venda de uma loja por 100.000 € (valor declarado na
escritura), onde funcionou, até à data da venda, o
escritório da empresa (o valor considerado para efeitos de
IMT ascendeu a 105.000 €);

28
Regime de CO- Exemplo

• 40.000 € de vendas de mercadorias faturadas em


Dezembro de 2016 mas que apenas foram pagas pelos
clientes em Janeiro e Fevereiro de 2017;
• 500 € de juros de depósitos à ordem (valor bruto).
• O total dos gastos contabilizados ascendeu a € 700.000, nos quais
estão incluídos:
• € 25.000 de remunerações auferidas por Bernardo e €
15.000 de remunerações auferidas pelo filho Carlos;
• € 24.000 a título de rendas pagas pelo arrendamento de
um armazém;
• € 10.000 relativos à totalidade dos encargos com
eletricidade, água e telefone da sua casa de habitação,
parte da qual se encontra afeta à atividade.

29
Regime de CO- Exemplo

• Bernardo encontra-se enquadrado no regime de


contabilidade pelo que o apuramento do
rendimento líquido sujeito a IRS no âmbito da
categoria B vai obedecer às regras do IRC e também
às disposições do CIRS, concretamente ao artigo 33º
do CIRS.

• Resultado Líquido do período apurado na


contabilidade = 750.000 - 700.000 = 50.000.

30
Regime de CO - Exemplo

• Correções fiscais a efetuar quanto aos rendimentos:


• Acréscimo de € 5.000 relativos ao imóvel pela relevância fiscal do VPT - artº 31º-
A;

• Relativamente às vendas, são rendimento a considerar fiscalmente em 2016


(especialização económica, independentemente do recebimento).

31
Regime de CO - Exemplo

• Correções fiscais a efetuar quanto aos gastos:


• Remunerações do próprio s.p. não aceites fiscalmente –
artº 33º, nº 1 (até ao final de 2014 não seriam também
aceites as remunerações pagas ao filho Carlos na medida
em que este fizesse parte do agregado familiar do sujeito
passivo. Esta Iimitação foi eliminada com a Reforma do
IRS).
• Gastos da habitação aceites fiscalmente até 25% dos
respetivos gastos totais. Neste caso, até 25% x 10.000 =
2.500. Como o valor contabilizado é a totalidade dos
gastos, há que acrescer a diferença não aceite fiscalmente:
€ 7.500.

32
Regime de CO - Exemplo

• Correções fiscais a efetuar quanto aos gastos:


• Os restantes gastos, assumindo cumprirem os requisitos da
indispensabilidade e comprovação, não dão lugar a
qualquer correção.

• Rendimento tributável da categoria B = 50.000 +


5.000 + 25.000 + 7.500 = 87.500.

33
DEDUÇÃO DE PERDAS

• Dedução de Perdas:
• Contabilidade Organizada – art. 55º nº 1 a) CIRS e art. 52º nº
1 CIRC (12 anos)
• Regime Simplificado – art. 55º nº 4 (deduzem prejuízos
anteriores à aplicação do RS – 12 anos)
• Sociedades Transparentes
• Caso geral – art. 52º nº 7 CIRC (os sócios não deduzem prejuízos, mas sim a sociedade);

• Caso de sucessão por morte – art. 37º CIRS e art.52º nº 1


CIRC (12 anos)

34
A TRIBUTAÇÃO DAS EMPRESAS NO SISTEMA FISCAL
PORTUGUÊS

• Art.º 104.º n.º 2 da CRP: “A tributação das empresas incide


fundamentalmente sobre o rendimento real”

• Abre a possibilidade de Regimes Simplificados em IRC


IRC: Regime Geral e Simplificado

• Regime geral
• Artigos 17º a 52º do CIRC

• Regime simplificado
• Artigos 86º-A e 86º-B

36
Base do Imposto em IRS/IRC

• IRS • IRC

• REGIME REGRA • REGIME REGRA

• Regime simplificado (arts. 28.º e • Contabilidade Organizada (art.º.


31.º CIRS) 17.º e ss)

• REGIME OPTATIVO • REGIME OPTATIVO

• Contabilidade Organizada (art.º. • Regime Simplificado (art.º. 86.A


33.º CIRS) e B CIRC)
IRC: Regime Geral e Simplificado
• REGIME SIMPLIFICADO (artºs 86º-A e 86º-B)

• Apenas, por OPÇÃO expressa dos sujeitos passivos

• Condições cumulativas:
• Montante anual ilíquido de rendimentos de N-1 <ou= € 200 000;
• Total de balanço N-1 <ou= € 500 000;
• Não estejam legalmente obrigados à revisão legal de contas;
• O capital não seja detido em mais de 20%, por entidades que não
preencham alguma das condições das alíneas anteriores

38
IRC: Regime Geral e Simplificado
• REGIME SIMPLIFICADO (artºs 86º-A e 86º-B)

• Apenas, por OPÇÃO expressa dos sujeitos passivos

• Condições cumulativas:
• Montante anual ilíquido de rendimentos de N-1 <ou= € 200 000;
• Total de balanço N-1 <ou= € 500 000;
• Não estejam legalmente obrigados à revisão legal de contas;
• O capital não seja detido em mais de 20%, por entidades que não
preencham alguma das condições das alíneas anteriores
• Adotem o regime de normalização contabilística para
microentidades;
• Não tenham renunciado à aplicação do regime nos três anos
anteriores, com referência à data em que se inicia a aplicação do
regime

39
IRC: Regime Geral e Simplificado

• Regime simplificado (artºs 86º-A e 86º-B) – Alguns dos


coeficientes aplicáveis

• Vendas de mercadorias e produtos: 0,04


• Prestações de serviços (hotelaria e similares,
restaurantes e bebidas, exceto rendimentos de
alojamento local na modalidade moradia e
apartamentos): 0,04
• Rendimentos de alojamento local na modalidade
moradia e apartamentos: 0,35
• Rendimentos das atividades profissionais (artigo 151.º
do CIRS) 0,75

40
IRC: Regime Geral e Simplificado

• Regime simplificado (artºs 86º-A e 86º-B) – Alguns dos


coeficientes aplicáveis

• Vendas de mercadorias e produtos: 0,04


• Prestações de serviços (hotelaria e similares,
restaurantes e bebidas, exceto rendimentos de
alojamento local na modalidade moradia e
apartamentos): 0,04
• Rendimentos de alojamento local na modalidade
moradia e apartamentos: 0,35
• Rendimentos das atividades profissionais (artigo 151.º
do CIRS) 0,75

41
IRC: Regime Geral e Simplificado
• Regime simplificado – Exemplo

• Vendas de bens – 50.000 euros


• Prestações de serviços de consultoria – 40.000 euros
• Subsídio destinado a financiar a aquisição de um
equipamento – 10.000 euros (taxa de dep. DR
25/2009 = 10%)
• Rendas de cedência de um escritório (IMI suportado
de 450€ e obras de conservação de 700€) – 8.000
euros

42
IRC: Regime Geral e Simplificado
• Regime simplificado – Exemplo

• Vendas de bens – 50.000*0,04=2.000


• PS prof. (artº 151º CIRS) – 40.000*0,75=30.000
• Subsídio – 10.000*,30*10%/2=150 (ver nº 8)
• Rendas de cedência de um escritório = [10.000 –(450 + 700)] x 0,95 =
8.407,50
• TOTAL MC = 2.000+30.000+150+8.407,50 = 40.557,50

43
IRC: Regime Geral e Simplificado

• REGIME SIMPLIFICADO – outras notas

• Apura-se a matéria coletável => impossibilidade de


deduzir prejuízos fiscais de anos anteriores.

• Dispensa de efetuar o pagamento especial por conta,


(d), n.º 11, artigo 106.º CIRC).

• Deduções à coleta: apenas dupla tributação jurídica


internacional e retenções na fonte.

44
REGIMES SIMPLIFICADOS IRS E IRC – análise
comparativa
Descrição Regime Simplificado Tributação em IRC CIRC Regime Simplificado Tributação em IRS CIRS
Sujeitos passivos residentes, não isentos e
»
não sujeitos a regime especial de tributação
Montante anual ilíquido de rendimentos no
»
exercício anterior < 200.000,00 €
Total de balanço no exercício anterior <
»
500.000,00 €
» Não obrigados a revisão legal de contas
Condições
nº 1, art.º 86º Montante anual ilíquido de rendimentos nº2, artº
cumulativas de % de capital social, não seja detido, direta »
ou indiretamente, por entidades que não A no exercício anterior < 200.000,00 € 28º
acesso »
preencham algum dos requisitos anteriores
< 20%
Adotem o regime de normalização
» contabilística para microentidades Decreto-
Lei n.º 36-A/2011, de 9 de março;
Não tenham renunciado ao RST nos 3
»
exercícios anteriores
Opção de nº 3, artº 86º
» Opting in Não aplicável
adesão A
Não se verifiquem os requisitos do art.º 86º
»
nº 1, CIRC;
Quando ultrapassado, em 2 períodos
Condições de nº 4 e 5, artº nº 6, artº
» Por vontade do sujeito passivo; » consecutivos, o montante de 200.000,00
cessação 86º A 28º
ou num só um montante superior a 25%
Não cumpram as obrigações de emissão e
»
comunicação das faturas (CIVA);
Período
mínimo » Não aplicável » Não aplicável
permanência
Aplicação de coeficientes para os vários
»
Determinação tipos de rendimentos; nº 1 e 2, artº Aplicação de coeficientes para os vários nº1, artº
»
da matéria 86º B tipos de rendimentos; 31º
» Não há valor mínimo matéria coletável
coletável
REGIMES SIMPLIFICADOS IRS E IRC – análise
comparativa
Descrição Regime Simplificado Tributação em IRC CIRC Regime Simplificado Tributação em IRS CIRS
Coeficientes das alíneas a) e c) do nº1, do Coeficientes das alíneas b), c) e f) do n.º 1,
art.º 86º-B do CIRC, podem ser reduzidos do art.º 31º do CIRS, podem ser reduzidos
Redução dos nº 5, artº nº 10, artº
coeficientes
» em 50% e 25%, no período de tributação
86-B
» em 50% e 25%, no período de tributação do
31º
do início de atividade e no seguinte, início de atividade e no seguinte,
respetivamente respetivamente
Podem ser deduzidos os prejuízos fiscais
Dedução de apurados em períodos anteriores àquele em a), nº 1 e nº
prejuízos fiscais
» Não permitida art.º 52º » que se iniciar a aplicação do regime 4 artº 55º
simplificado
» 17% para os primeiros € 15.000,00; nº 1 e 2, art.º 68º, 68º
Taxa » Progressivas entre 14,5% e 48%
» 21% para o restante; artº 87º A
Não sujeição: das despesas de
representação; ajudas de custo e
Não sujeição: das despesas de
deslocações em viatura própria de
nº 7, 9, representação; ajudas de custo e nº 2, 7, 8, 10
Tributação trabalhador; lucros distribuídos por
autónoma
» entidades sujeitas a IRC a sps total ou
11,13 e 15, » deslocações em viatura própria de e 11 do art.º
art.º 88º trabalhador; encargos com viaturas ligeiras 73º
parcialmente isentos; indemnizações,
de passageiros ou mistas
bónus e outras remunerações variáveis a
gestores, administradores e gerentes
PEC e Derrama d), nº 11,
Municipal
» Isenção de PEC e Derrama Municipal
art.º 106º
» Não aplicável
Dedução por dupla tributação
Dedução à
» internacional nº 8, art.º Pagamentos por conta do imposto e as
coleta Retenções na fonte para as quais não é 90º
» importâncias retidas na fonte
nº 2, artº 78º
» possível compensação ou reembolso
Obrigatoriedade de contabilidade e), nº 1, nº1, art.º
» organizada pela norma das microentidades artº 86ºA
» Não é obrigatória contabilidade organizada
117º
Obrigações Modelo 22 com anexo E (Regime artº 117º e Modelo 3 com anexo B (Regime
acessórias
» Simplificado) 120º
» Simplificado)
artº 57º
artº 117º e
» Declaração Anual IES/DA
121º
» Declaração Anual IES/DA art.º 113º
COEFICIENTES DOS REGIMES SIMPLIFICADOS
Art.º 31º do CIRS Art.º 86º-B do CIRC
Tipo de Rendimentos
alínea Coeficiente alínea Coeficiente
Vendas de mercadorias e produtos a) 0,15 a) 0,04
Prestações de serviços (hotelaria e similares,
a) 0,15 a) 0,04
restauração e bebidas)
Rendimentos das atividades profissionais
especificamente previstas na tabela do artº 151º b) 0,75 b) 0,75
do CIRS
Restantes rendimentos de prestações de
c) 0,35 c) 0,10
serviços
Cessão ou utilização temporária de propriedade
d) 0,95 e) 0,95
intelectual ou industrial, Know how
Outros rendimentos de capitais d) 0,95 e) 0,95
Resultado positivo dos rendimentos prediais d) 0,95 e) 0,95
Saldo positivo entre mais/menos-valias d) 0,95 e) 0,95
Restantes incrementos patrimoniais d) 0,95 e) 0,95
Subsídios não destinados à exploração e) 0,30 d) 0,30
Subsídios destinados à exploração f) 0,10 c) 0,10
Prestações de serviços do sócio a uma
g) 1,00
sociedade no regime da transparência fiscal
Incrementos patrimoniais a título gratuito f) 1,00
IMPOSTO A PAGAR, PARTINDO DO MESMO MONTANTE DE
RENDIMENTOS OBTIDOS

Rendimentos CIRS CIRC

Rendimento Matéria
Coeficiente Imposto a pagar artº 68º Coeficiente Imposto a pagar artº 87º
Tipo Valor tributável Coletável

Artº 31º Artº 31º Base Taxa Valor Total Artº 86ºB Artº 86ºB Base Taxa Valor Total

Vendas de 7.000,00 0,145 1.015,00


mercadorias e 100.000,00 0,15 15.000,00 3.295,00 0,04 4.000,00 4.000,00 0,17 680,00 * 724,11
produtos 8.000,00 0,285 2.280,00

Prestações de serviços 7.000,00 0,145 1.015,00


(hotelaria e similares, 100.000,00 0,15 15.000,00 3.295,00 0,04 4.000,00 4.000,00 0,17 680,00 * 724,11
restauração e bebidas) 8.000,00 0,285 2.280,00

Rendimentos das 40.000,00 0,303 12.120,00 15.000,00 0,17 2.550,00


atividades
profissionais
100.000,00 0,75 75.000,00 27.870,00 0,75 75.000,00 16.350,00
especificamente
35.000,00 0,450 15.750,00 60.000,00 0,23 13.800,00
previstas na tabela do
artº 151º do CIRS

Restantes rendimentos 20.000,00 0,236 4.720,00


de prestações de 100.000,00 0,35 35.000,00 10.270,00 0,10 10.000,00 10.000,00 0,17 1.700,00 1.700,00
serviços 15.000,00 0,370 5.550,00
Imposto a pagar, partindo do mesmo montante de
rendimento tributável/matéria coletável
CIRS CIRC
Rendiment
Tipo de Coeficient Matéria
Coeficiente o Imposto a pagar artº 68º Imposto a pagar artº 87º
Rendimento e Coletável
Valor tributável Valor
Artº 86º-
Artº 31º Artº 31º Base Taxa Valor Total Artº 86º-B Base Taxa Valor Total
B
30.120,0 15.000,0
80.000,00 0,3765 0,17 2.550,00
Vendas de 0 0
2.500.000,0 100.000,0 22.100,0
mercadorias e 666.666,69 0,15 100.000,00 39.720,00 0,04
0 0 0
produtos 85.000,0 19.550,0
20.000,00 0,4800 9.600,00 0,23
0 0

30.120,0 15.000,0
Prestações de 80.000,00 0,3765 0,17 2.550,00
0 0
serviços (hotelaria
2.500.000,0 100.000,0 22.100,0
e similares, 666.666,69 0,15 100.000,00 39.720,00 0,04
0 0 0
restauração e 85.000,0 19.550,0
20.000,00 0,4800 9.600,00 0,23
bebidas) 0 0

30.120,0 15.000,0
80.000,00 0,3765 0,17 2.550,00
Rendimentos das 0 0
atividades
profissionais
100.000,0 22.100,0
especificamente 133.333,33 0,75 100.000,00 39.720,00 133.333,33 0,75
0 0
previstas na tabela 85.000,0 19.550,0
20.000,00 0,4800 9.600,00 0,23
do artº 151º do 0 0
CIRS

30.120,0 15.000,0
Restantes 80.000,00 0,3765 0,17 2.550,00
0 0
rendimentos de 1.000.000,0 100.000,0 22.100,0
285.714,28 0,35 100.000,00 39.720,00 0,10
prestações de 0 0 0
85.000,0 19.550,0
serviços 20.000,00 0,4800 9.600,00 0,23
0 0
RESULTADOS

•Nem sempre o RST é o RT mais favorável para as


PME, sendo necessário analisar caso a caso;

•O RST é frequentemente mais favorável em sede


de IRC que em sede de IRS, por o montante de
imposto a pagar ser mais baixo em
circunstâncias idênticas;
CONCLUSÕES

—EM SEDE DE IRS:


◦ Apuramento rendimento tributável: aplicação
coeficientes;
◦ Tributação autónoma mais baixa;
◦ Dispensa de contabilidade organizada.

— EM SEDE DE IRC:
◦ Apuramento matéria coletável: aplicação coeficientes;
◦ Tributação autónoma mais baixa;
◦ Obrigação de contabilidade organizada.
CONCLUSÕES
VANTAGENS:
Simplicidade na determinação do imposto a pagar;
Tributações autónomas inferiores ao RGT;
Regime optativo;

DESVANTAGENS
Tributação pelo rendimento presumido;
Incoerências significativas em sede de IRS e IRC,
com imposto muito superior em sede de IRS;
Obrigação de contabilidade organizada ME – IRC;
EVOLUÇÃO FUTURA

Simplificação da tributação dos rendimentos, com


redução das obrigações declarativas;
Articulação da tributação do rendimento e
consumo, com intensificação dos regimes de
caixa;
Simplificação contabilística e declarativa, com
possibilidade de adoção das regras SNC / ME;
— Aumento do limite do Volume de Negócios
— Exclusão de algumas atividades: ourivesaria, construção civil, sucatas, compra e venda de
imóveis;
EVOLUÇÃO FUTURA

Reequacionar os RST, equilibrá-los em sede de IRS


e IRC, visando justiça e neutralidade fiscal:

Cláusulas salvaguarda
Alterações das taxas a aplicar ao RST
Ajustamento dos coeficientes

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