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APRESENTAÇÃO
Um bom conhecimento dos materiais é importante não só para quem projeta ou constrói,
como também para aquele que opera e realiza manutenção de equipamento mecânico. É importante
saber substituir um material por outro.
Apenas com o conhecimento das propriedades dos materiais é que se pode escolher os
fatores de segurança, os quais influem decisivamente na parte econômica do equipamento.
O número de materiais usados na construção mecânica é elevadíssimo bastando dizer que só
de aços existem várias centenas de tipos.
Considerando-se um caminhão, por exemplo, verifica-se que o número de materiais
diferentes que o compõem, ultrapassa uma centena. Como exemplo, pode-se citar que as válvulas
de admissão e escapamento são feitas de materiais diferentes. A primeira pode ser de um aço
especial contendo silício, cromo e níquel e a segunda pode ser de um aço especial contendo silício e
cromo em percentagens diferentes.
Os materiais industriais serão analisados a seguir, apenas do ponto de vista de aplicações
mecânicas e não metalúrgicas. Assim, são necessários o conhecimento das características,
propriedades e aplicações dos materiais, mas não de sua estrutura metalográfica.
ÍNDICE
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Capítulo 1: Materiais Industriais - 4
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
Figura 3 – Magnetita.
Figura 4 – Siderita.
O minério de ferro é abundante no mundo,
porém as jazidas concentram-se em poucos países,
sendo que apenas cinco detêm 77% das ocorrências
totais. O Brasil possui 8,3% das reservas totais, a
quinta maior do mundo, equivalente a 17 bilhões de t.
As reservas do Brasil e da Austrália apresentam o
maior teor de ferro contido, da ordem de 60%.
aplicação é restrita aos casos em que dureza elevada e Ferro fundido grafítico compacto
resistência ao desgaste são necessárias, como nos Suas propriedades variam entre as do ferro
cilindros de laminação. O ferro fundido branco, fundido cinzento e as do dúctil. Em comparação com
geralmente, é utilizado como um processo os ferros fundidos cinzentos, os grafíticos compactos
intermediário na produção do ferro fundido maleável. possuem maior resistência mecânica, maiores
ductilidade e tenacidade e menor oxidação a
temperaturas elevadas. Já na comparação com os ferros
Ferro fundido maleável fundidos dúcteis, possuem menor coeficiente de
Produto da transformação do ferro fundido expansão térmica, maior condutibilidade térmica,
branco após tratamento térmico em temperatura e maior resistência ao choque térmico, maior capacidade
atmosfera adequada. Apresenta características de de amortecimento, melhor fundibilidade e melhor
elevada resistência mecânica e consideráveis usinabilidade. Dentre as aplicações típicas, podem ser
ductilidade e maleabilidade. É aplicável tanto em citadas: base para grandes motores a diesel, cárteres,
temperaturas normais quanto mais elevadas. Flanges, alojamentos de caixas de engrenagens, alojamentos
conexões para tubos, peças para válvulas ferroviárias e para turboalimentadores, suportes de rolamentos, rodas
navais, e outras peças para indústria pesada são dentadas para correntes articuladas, engrenagens
algumas das aplicações típicas do ferro fundido excêntricas, moldes para lingotes, coletores de
maleável. descarga de motores e discos de freio.
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Capítulo 2: Metais e Ligas Ferrosas - 17
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
2.2 – Redução
Figura 5 – Escoria.
a) Escoria.
b) Gusa.
O gás que sai da parte superior do forno é O ferro gusa é transportado para as aciarias,
destilado para obter produtos como benzol, naftalina e ainda em estado líquido, para ser transformado em aço,
outros. Após este processo, o gás ainda tem poder mediante queima de impurezas e adições.
combustível e pode ser usado na própria siderúrgica ou O refino do aço se faz em fornos a oxigênio
distribuído para outros consumidores. ou elétricos, que são denominados conversores.
O processo é consumidor intensivo de ar. Para
cada tonelada de ferro produzida, são usadas cerca de 2
t de minério, 0,5 t de calcário, 1 t de coque e 4 t de ar.
E, como subprodutos, cerca de 0,5 t de escória e 6 t de
gás.
Observe-se que um alto-forno nunca pode
desligar, devido à suas paredes serem revestidas de
tijolo refratário, pois eles quebrariam ou rachariam se
isto acontecesse.
2.3 - Refino
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Capítulo 3: Introdução à Siderurgia - 26
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
Figura 1 - Bauxita.
Após a sua extração, a bauxita é trabalhada
através de inúmeros processos e transportada para a
fábrica, onde chega em seu estado natural, com
impurezas que precisam ser eliminadas.
A bauxita é moída e misturada a uma solução
de soda cáustica que a transforma em pasta. Aquecida
sobre pressão, e recebendo nova adição de soda Figura 3 – Sala de fornos – cubas eletrolíticas (foto:
cáustica, esta pasta se dissolve formando uma solução CBA).
que passa por processos de sedimentação e filtragem
que eliminam todas as impurezas. O alumínio, denominado primário, sai das
Essa solução está pronta para que dela se cubas no estado líquido, a aproximadamente 850ºC, e é
extraia apenas a alumina, primeiro produto do processo então transportado para a fundição, onde são ajustadas
de produção de alumínio. a sua composição química e forma física.
Em equipamentos chamados de
precipitadores, a alumina contida na solução precipita- Figura 4 - Alumínio líquido retirado das cubas
se através do processo chamado de cristalização por eletrolíticas (foto: CBA).
semente. Esse material cristalizado só precisa ser
lavado e secado por meio de aquecimento para que se Na fundição, são produzidos lingotes, tarugos,
tenha a alumina. placas, e vergalhões, em ligas de propriedades
A alumina é então levada às cubas especialmente adequadas a aplicações especiais e a
eletrolíticas, de onde se obtém o alumínio, por meio de processos específicos de fabricação.
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Capítulo 4: Metais e Ligas Não-Ferrosas - 28
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
Depois de resfriados, os ânodos são colocados laminação, extrusão, forjamento, fundição e metalurgia
em células de eletrólise. São então intercalados por do pó, obtém uma larga variedade de produtos tais
finas chapas de cobre eletrolítico, denominadas chapas como fios e cabos elétricos, chapas, tiras, tubos e
de partida. Aplicando-se uma corrente elétrica, o cobre barras que são usados principalmente na indústria da
se separa do ânodo e viaja através do eletrólito até construção civil, eletro-eletrônica, automobilística e
depositar-se nas placas iniciadoras, constituindo-se o outras.
catodo de cobre, com pureza superior a 99,99%.
Este catodo é moldado em suas diferentes 3.3 – Ligas de Cobre
formas comerciais para, posteriormente, ser processado
e transformado em fios, barras e perfis, chapas, tiras, O cobre é normalmente usado em sua forma
tubos e outras aplicações da indústria. pura, mas também pode ser combinado com outros
O processo pode ser resumido nas etapas metais para produzir uma enorme variedade de ligas.
mostardas na figura 10. Cada elemento adicionado ao cobre permite
obter ligas com diferentes características tais como:
maior dureza, resistência à corrosão, resistência
mecânica, usinabilidade ou até para obter uma cor
especial para combinar com certas aplicações.
As ligas de cobre apresentam excelente
ductilidade a quente e a frio, ainda que um pouco
inferiores às do metal puro e são divididas em grandes
grupos como mostrado na figura 11.
3.3.1 - Latão
7.0 – OUTROS METAIS NÃO-FERROSOS desgaste, componente de ligas para aços (inoxidáveis,
aços resistentes ao calor, aços de alta resistência) e de
Alguns outros metais não-ferrosos de interesse ligas para resistências elétricas.
são:
Chumbo
Titânio Tem como principais propriedades uma
Apresenta uma elevada resistência mecânica, elevada massa específica, baixo ponto de fusão, baixa
comparável à do aço, mas com massa específica dureza e alta resistência à corrosão de diversos meios.
bastante inferior. A resistência à corrosão é igualmente O chumbo tem aplicações específicas
alta. importantes como proteção contra radiações,
A principal desvantagem é o alto custo e, revestimentos anticorrosivos, componente de ligas para
portanto, é usado apenas onde é insubstituível soldas e metais antifricção, placas para baterias, etc.
(construção aeroespacial, próteses cirúrgicas e outros).
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Capítulo 4: Metais e Ligas Não-Ferrosas - 36
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
5.0 - MALEABILIDADE
Figura 8 – Diagrama tensão-deformação.
A maleabilidade é a propriedade que junto a
Desta forma, um material não-dúctil, como o ductilidade apresentam os corpos ao serem moldados
ferro fundido, por exemplo, não se deforma antes da por deformação. A diferença é que a ductibilidade se
ruptura. Diz-se, no caso, que o material é de refere a formação de filamentos e a maleabilidade
comportamento frágil, ou seja, apresenta ruptura frágil. permite a formação de delgadas lâminas do material
Assim, a deformação até a ruptura nos sem que este se rompa, tendo em comum que não
materiais frágeis é menor do que nos materiais rígidos, existe nenhum método para quantificá-los.
ou seja, para uma mesma tensão, os materiais frágeis O elemento conhecido mais maleável é o
rompem antes que os dúcteis. ouro, que se pode malear até dez milésimos de
Não se deve confundir dúctil com mole, pois milímetro de espessura. Também apresenta esta
mole é um material fraco, o qual facilmente sofre característica, em menor escala, o alumínio, tendo-se
compressão, rompendo-se com pequenas aplicações de popularizado o papel de alumínio como envoltório
cargas. conservante para alimentos.
Em muitos casos, a maleabilidade de uma
substância metálica aumenta com a temperatura. Por
isso, os metais são trabalhados mais facilmente a
quente.
7.0 - FADIGA
Fadiga é a forma de falha ou ruptura que
ocorre nas estruturas sujeitas à forças dinâmicas e
Figura 9 – Exemplo de ensaio de tração. cíclicas.
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Capítulo 5: Noções Sobre Resistência dos Materiais - 40
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
Esse ensaio, criado em 1990 por J. A. Brinell, Figura 11 – Ensaio de dureza Brinell.
foi o primeiro padronizado e reconhecido
industrialmente a medida de dureza por penetração, A dureza, foi, então definida como:
sendo realizado em equipamentos como o mostrado na
figura 10. Carga de impressão em Kgf
Dureza =
Área da calota impressa em mm 2
Ele consiste em comprimir lentamente uma Portanto, se, em vários ensaios, forem usadas
esfera de aço temperado, de diâmetro D, sobre uma cargas F quaisquer, sem correspondência com os
superfície plana, polida e limpa de um metal, por meio diâmetros de esfera D, não se obtêm valores iguais de
de uma carga F, durante um tempo t, produzindo uma dureza em um mesmo material.
calota esférica de diâmetro d, como esquematizado na Assim, para padronizar o ensaio, foram
figura 11. fixados valores de fatores de carga de acordo com a
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Capítulo 5: Noções Sobre Resistência dos Materiais - 42
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
faixa de dureza e o tipo de material. A tabela a seguir Note-se que, pela expressão, quanto maior o
mostra os principais fatores de carga utilizados e diâmetro da calota impressa mais mole é o material.
respectivas faixas de dureza e indicações. Como algumas das grandezas envolvidas no
cálculo apresentam uma certa dificuldade de medição,
Dureza existem tabelas que fornecem o valor da dureza Brinell
F/D2 Materiais
HB em função dos diâmetros da impressão, da carga
30 90 a 415 Aços e ferros fundidos. utilizada e do diâmetro da esfera, o que evita eftuar
cálculos.
Cobre, alumínio e suas ligas mais A tabela a seguir é um exemplo do exposto,
10 30 a 140
duras. sendo válida para o diâmetro da esfera do penetrador
Ligas antifricção, cobre, alumínio e igual a 10 mm. Nela, os valores indicados entre
5 15 a 70
suas ligas mais moles. parênteses são apenas referenciais, pois estão além da
Chumbo, estanho, antimônio e faixa normal do ensaio Brinell.
2,5 até 30
metais-patente.
HB HB
d (mm) d (mm)
A escolha do diâmetro da esfera depende (F = 3000 kgf) (F = 3000 kgf)
especialmente da espessura do corpo de prova 2,75 (495) 4,05 223
ensaiado, cujo valor mínimo deve ser 17 vezes a 2,80 (477) 4,10 217
profundidade da calota, no caso da norma brasileira. 2,85 (461) 4,15 212
A tabela a seguir apresenta os diâmetros de 2,90 444 4,20 207
esfera mais usados e os valores de carga para cada 2,95 429 4,25 201
caso, em função do fator de carga escolhido. 3,00 415 4,30 197
3,05 401 4,35 192
Diâmetro da F/D2 3,10 388 4,40 187
esfera (mm) 30 10 5 2,5 3,15 375 4,45 183
10 3.000 1.000 500 250 3,20 363 4,50 179
5 750 250 125 62,5 3,25 352 4,55 174
3,30 341 4,60 170
2,5 187.5 62,5 31.25 15.625
3,35 331 4,65 167
A escolha do tipo de esfera (aço ou carboneto 3,40 321 4,70 163
de tungstênio) depende da faixa de dureza do material, 3,45 311 4,75 159
sendo a de aço utilizada para durezas menores que 430 3,50 302 4,80 156
HB. 3,55 293 4,85 152
Observa-se que a esfera de 10 mm produz 3,60 285 4,90 149
grandes calotas na peça. Por isso, é a mais adequada 3,65 277 4,95 146
para medir materiais, os quais apresentam a estrutura 3,70 269 5,00 143
formada por duas ou mais fases de dureza muito 3,75 262 5,10 137
discrepantes. 3,80 255 5,20 131
Em casos desse tipo, a dureza é determinada 3,85 248 5,30 126
pela média entre as fases, como acontecem com os 3,90 241 5,40 121
ferros fundidos, bronzes, etc. 3,95 235 5,50 116
A utilização de esferas diferentes de 10 mm só 4,00 229 5,60 111
é válida para materiais homogêneos. Esferas de
diâmetros menores produziriam calotas menores e, no A grande limitação do método Brinell é que
não pode ser utilizado para peças muito finas e não é
caso de materiais heterogêneos, poderia ocorrer de se
estar medindo a dureza de apenas uma das fases. Com aplicável à materiais muito duros, como aço duro
temperado, metal duro e outros de dureza idêntica ou
isso, o valor de dureza seria diferente do esperado para
o material. superior à das esferas penetradoras.
Para se calcular a dureza Brinell, pode-se Além disto, o ensaio não deve ser realizado
utilizar a seguinte expressão: em superfícies cilíndricas com raio de curvatura menor
que 5 vezes o diâmetro da esfera utilizada, porque
haveria escoamento lateral do material e a dureza
medida seria menor que a real.
Em alguns materiais podem ocorrer
As grandezas são aquelas apresentadas na deformações no contorno da impressão, ocasionando
figura 11. erros de leitura.
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Capítulo 5: Noções Sobre Resistência dos Materiais - 43
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
a) Rapidez de execução;
b) Maior exatidão e isenção de erros
pessoais uma vez que a leitura é feita
diretamente no aparelho;
c) Possibilidade de maior utilização em
metais duros;
d) Pequeno tamanho da impressão (pode
ser ensaiada em peças prontas).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Capítulo 5: Noções Sobre Resistência dos Materiais - 45
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
NOTAS: 1) Observar que as durezas Brinell e Vickers são iguais (na prática) até o valor de 300.
2) HV e HB são dados em kgf/mm2.
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Capítulo 5: Noções Sobre Resistência dos Materiais - 46
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
Logo abaixo do ponto 2, toda a austenita admitem têmpera. Em geral, somente com teor de
deverá se transformar em ferrita mais cementita. carbono acima de 0,3% e velocidade de resfriamento
Entretanto, desde que o processo é rápido, fisicamente, alta.
a separação se dá em forma de lâminas bastante finas,
somente visíveis ao microscópio com elevadas
ampliações. Tal estrutura, isto é, a ferrita e a cementita
em forma laminar, é chamada de perlita.
Um aço hipereutético (linha 3-4 no diagrama,
com 1,5% C, por exemplo) terá, no ponto 4, austenita
com o máximo teor de carbono (0,77%) e cementita. A
mudança brusca no ponto 4 fará a asutenita se
transformar em perlita conforme já visto. E a cementita
envolverá os grãos de perlita em forma de uma teia
conforme figura ao lado, com destaque para esta rede
de cementita.
Um aço eutético, isto é, com 0,77% de
carbono, deverá apresentar somente perlita na sua
estrutura granular.
O teor de carbono exerce significativa
influência nas propriedades mecânicas do aço. Quanto
maior, maiores a dureza e a resistência à tração.
Entretanto, aços com elevados teores de carbono são Figura 2 – Transformações em função da temperatura e
prejudicados pela maior fragilidade devido à maior tempo [1].
quantidade de cementita, uma substância bastante dura
mas quebradiça. 3.3 - Ferros Fundidos
3.2 - Efeito da Velocidade de Resfriamento De forma similar aos aços, ferros fundidos
podem ser hipoeutéticos, eutéticos ou hipereutéticos,
As transformações do item anterior com o valor eutético definido pelo ponto de equilíbrio
pressupõem velocidades de resfriamento bastante entre a austenita e a cementita (aproximadamente
baixas, de forma que todos os rearranjos atômicos 4,3%, linha G-5 no diagrama).
possam se completar. Mudanças significativas podem
acontecer se o aço, sob temperatura acima de 727°C,
for bruscamente resfriado. As transformações podem
não se completar e outras podem ocorrer, afetando
sensivelmente as propriedades mecânicas.
O gráfico da figura 2 é um exemplo típico,
para um aço eutético, considerado inicialmente em
temperatura na região da austenita (acima de 727°C) e
bruscamente resfriado. Exemplo: se rapidamente
resfriado para 500°C e mantido nesta temperatura, a
transformação da austenita começará em t0 e terminará
em t1. Ou melhor, a curva vermelha marca o início da
transformação e a azul, o término.
De 700 até cerca de 560°C há formação de
perlita, tanto mais fina (e dura) quanto menor a
temperatura.
De 560 até cerca de 200°C há formação de
bainita (ferrita mais carboneto de ferro fino), de dureza
maior que a perlita anterior e, de forma similar, mais
dura em temperaturas mais baixas.
Entretanto, na faixa de 200°C, há formação de
uma nova estrutura, a martensita, em forma de agulhas Figura 3 – Diagrama de equilíbrio para o ferro fundido
e bastante dura (superior às anteriores). [1].
A formação da martensita é o princípio básico
da têmpera dos aços, isto é, o tratamento térmico para Quando o ferro fundido eutético é
aumentar a dureza. Entretanto, nem todos os aços solidificado, logo abaixo do ponto G, há formação de
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Capítulo 6: Tratamentos Térmicos e Termoquímicos - 49
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
uma estrutura com fundo de cementita e glóbulos de Tais fatores são responsáveis pela tendência
austenita, denominada ledeburita. Continuando o de deformações e empenamentos em peças temperadas.
resfriamento, abaixo de 727°C não poderá mais existir Em casos extremos, as tensões internas podem
a austenita e, portanto, a ledeburita será composta de ser tão altas que inutilizam a peça com a formação de
glóbulos de perlita sobre fundo de cementita. trincas, pois a martensita, apesar de dura, tem
Um ferro fundido hipoeutético (1-2) deve fragilidade maior.
apresentar áreas de perlita, ledeburita e cementita.
Um ferro fundido hipereutético (3-4)
apresenta cristais de cementita em forma de agulhas 5.0 - REVENIDO
sobre fundo de ledeburita.
Revenido é o tratamento usado para remover
os problemas deixados pela têmpera, conforme citado
4.0 - TÊMPERA
no tópico anterior.
Depois de temperada, a peça é aquecida e
A principal finalidade é o aumento da dureza e mantida por algum tempo a uma temperatura, em geral
da resistência à tração do aço através da formação da abaixo de 600°C. Ocorre assim, um alívio das tensões
martensita. internas e mudanças na estrutura da martensita e outras
A figura 4 apresenta o diagrama de transformações. O resultado é uma redução da dureza
transformação em função do tempo para ilustrar o (normalmente excessiva após a têmpera) e da
processo. fragilidade do aço.
A dureza final diminui com o aumento da
temperatura do revenido.
6.0 - MARTÊMPERA
7.0 – AUSTÊMPERA
9.0 - NORMALIZAÇÃO
8.0 - RECOZIMENTO
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Capítulo 6: Tratamentos Térmicos e Termoquímicos - 52
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
Observa-se que é possível efetuar uma Gasta-se, em geral, 1 hora para cada 0,1 mm
nitretação parcial e, para tanto, as partes das peças que de camada endurecida. Além disto, deve-se
não se queira tratar devem ser cobertas por estanho ou posteriormente temperar as peças em óleo e revenir.
liga estanho-chumbo (80-20) ou com cobre (com Apresenta como vantagens em relação à
espessuras entre 0,01 e 0,02 mm). tempera:
Finalizando, o controle da camada nitretada é
realizado de forma semelhante de camada cementada e a) O material apresenta uma melhor
as peças são resfriadas ao ar ou em salmoura. temperabilidade devido ao aumento do
teor de carbono;
11.3 - Cianetação b) Processo mais rápido;
c) Temperatura mais baixa;
Na cianetação há um enriquecimento d) Menor crescimento de grão;
superficial de carbono e nitrogênio. e) Maior resistência ao desgaste;
As temperaturas do processo se situam na f) Menor distorção.
faixa de 650 a 850 0C e a espessura da camada obtida
entre 0,1 a 0,3 mm. 11.5 - Boretação
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Capítulo 6: Tratamentos Térmicos e Termoquímicos - 54
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
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Capítulo 6: Tratamentos Térmicos e Termoquímicos - 55
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
CAPÍTULO 7: GALVANIZAÇÃO
a)
Isolar a peça do ambiente através de uma
Figura 2 – Corrosão galvânica. pintura, cobrindo-a com um material plástico
ou dando-lhe um tratamento de superfície
através de processos como eletrodeposição
metálica (zincagem, niquelagem ou outro), ou
seja, galvanização;
b) Anexar a peça uma outra peça com potencial
de oxidação maior para perturbar a reação. É o
princípio do ânodo de sacrifício. O processo
consiste em colocar junto à peça que se quer
proteger um metal que sofre corrosão mais
facilmente que o material da peça. Desta
maneira, o metal colocado junto à peça sofre
oxidação no lugar da peça útil. Com o tempo,
devido à deterioração, este metal de sacrifício
Figura 3 – Ponto fundos sobre corrosão uniforme. deve ser substituído.
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Capítulo 7: Galvanização - 57
CM 104/OT 104 – MATERIAIS
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Capítulo 7: Galvanização - 60