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INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO PIAUÍ - IFPI

PRÓ- REITORIA DE ENSINO - PROEN


DIRETORIA DE POLÍTICAS PEDAGÓGICAS
DISCIPLINA: HISTÓRIA
PROFESSORA: CAMILA MELO SILVEIRA DA SILVA

A Conquista e a Organização
Político-Administrativa do Brasil Colônia
(1500-1822)
Linha do Tempo História do Brasil
BRASIL COLÔNIA
A História do Brasil Colonial tem início em
22 de abril de 1500 com a chegada dos
portugueses. O término deste período é a
Proclamação da Independência do Brasil,
ocorrida em São Paulo (às margens do
riacho do Ipiranga), em 07 de setembro de
1822. Durante esta época, o Brasil foi
administrado pela coroa portuguesa.
A chegada dos portugueses ao Brasil

Em 1500, uma grande esquadra comandada por Pedro


Álvares Cabral saiu de Portugal. Alguns historiadores
afirmam que estavam indo em direção ao Oriente,
outros acreditam que Cabral já sabia da existência das
terras brasileiras. O que se sabe, porém, é que em 22
de abril de 1500 Cabral ancorou em uma região que
batizou de Porto Seguro (no atual estado da Bahia).
Com isso, a Coroa Portuguesa dava início à conquista
de terras na América, tomando posse de um território
que era habitado por indígenas havia milhares de
anos. A região foi batizada de Terra de Santa Cruz.
A viagem de Cabral ao Brasil e a Calecute
(Costa da Índia)* em 1500

Portugal à Índia em 1500. Azul escuro: rota de regresso / João


Imagem: Vermelho: Rota de Pedro Álvares Cabral desde

Sousa/ GNU Free Documentation License


*Após aportar em Porto Seguro (Bahia), Pedro Álvares Cabral seguiu com a sua expedição a
cidade de Calecute, na costa da Índia, onde sofreu alguns ataques de comerciantes árabes
que estavam insatisfeitos com a iniciativa portuguesa de também querer vender
especiarias para os europeus. A missão da expedição, que era a instalação de uma feitoria,
não se concretizou. Cabral então seguiu viagem para Cochim, onde teve mais sucesso e
conseguiu carregar o navio com especiarias, que foram levadas a Portugal.
Navegador português
Pedro Álvares Cabral

Imagem: Pedro Álvares Cabral, navegador e explorador


português, descobridor do Brasil/ Autor Desconhecido/ Domínio
Público
Imagem: Memória das Armadas que de Portugal passaram à Índia..., pormenor
da nau de Pedro Álvares Cabral/ ALBUQUERQUE, Luís de, pref/ Domínio Público
Caravela de Pedro Álvares Cabral
Imagem: Francisco Aurélio de Figueiredo e Melo/ Pedro Álvares Cabral sees the land
that would later be known as Brazil for the first time, 1887/ Domínio Público
Cabral vê, pela primeira vez, as terras brasileiras.
Desembarque de Cabral em Porto Seguro, em 1500.

Imagem: Oscar Pereira da Silva/ Desembarque de Pedro Álvares Cabral em Porto Seguro em 1500, 1922/ Domínio Público
HISTÓRIA, 7º Ano do Ensino Fundamental
Os primeiros contatos entre portugueses e
A conquista e a administração da América portuguesa

nativos.

Os primeiros encontros entre portugueses e


nativos, de acordo com a carta de Pero Vaz de
Caminha, escrivão da frota de Cabral, foram
pacíficos, apesar das diferenças culturais
existentes entre eles.
Carta de Pero Vaz de Caminha

Trecho da Carta de Pero Vaz de Caminha, enviada a d. Manuel I, rei de


Portugal. Pero Vaz de Caminha era escrivão da Coroa Portuguesa que estava
presente na expedição de Pedro Álvares Cabral em 1500.
Cadê o ouro?

O rei de Portugal, na época, D. Manuel I, ficou


decepcionado com as informações da carta de Caminha,
pois ele esperava encontrar metais preciosos nas terras
recém-descobertas. Assim, os primeiros trinta anos da
presença portuguesa se resumiram à exploração do pau-
brasil*, já que Portugal estava mais interessado no
comércio de especiarias com o Oriente, que era bem mais
lucrativo.

*IMPORTANTE: Os primeiros trinta anos não houve iniciativa de Colonização


por parte dos Portugueses, mas a exploração do Pau- Brasil tem início ainda
por volta do ano de 1502 (Esse o primeiro ciclo econômico do Brasil
Colônia).
Imagem: Pau-Brasil na Fazenda Resgatinho, na Zona rural de Bananal, estado de São Paulo, Brasil/ Eduardo
Pau-brasil
Árvore nativa da Mata Atlântica
e presente em todo o litoral
brasileiro. Era comercializado
com o objetivo de fabricar
móveis e extrair a tinta
vermelha de sua madeira para

P/ Creative Commons Attribution-Share Alike 3.0 Unported


tingir tecidos.
Foram necessárias três
expedições para realizar a
extração do pau-brasil: primeira
expedição (1502), segunda
expedição (1503) e terceira
expedição (1504). No entanto,
durante anos de exploração, o
pau-brasil chegou em processo
de extinção.
.
A exploração do pau-brasil

Ao longo do litoral brasileiro foram criadas feitorias (entrepostos


comerciais) para explorar o pau-brasil. A obtenção da madeira era feita
por meio do escambo (troca). Através desse sistema, os indígenas
recebiam objetos (canivetes, espelhos, miçangas, facas, entre outros)
em troca de serviços prestados na extração da madeira.

A Coroa portuguesa possuía o monopólio da exploração da madeira, no


entanto, em 1503, o português Fernão de Noronha recebeu o direito de
explorar a madeira. Com os lucros, ele deveria enviar seis navios ao
Brasil anualmente, prosseguir nas descobertas de outras riquezas e
erguer fortificações para defender o litoral.
Imagem: The map of Brasil in 16th century 1519/ 社会历史博物馆/ Public Domain
A extração do pau-brasil
Motivos para iniciar a colonização

Necessidade de
Dificuldades na
explorar riquezas que
vigilância do litoral e
compensassem a
ameaça de invasões
perda dos lucros no
estrangeiras.
comércio oriental.

Garantir a posse da terra, pois não eram apenas os


Portugueses que estavam interessados em explorar o
litoral Atlântico da América do Sul. Exemplo foi o que
aconteceu a partir de 1504, onde corsários franceses
passaram a aportar na costa da América portuguesa e em
1515, navegantes espanhóis também exploraram essa
região. Para combatê-los a Coroa Portuguesa enviou as
chamadas expedições guarda-costas ao litoral sul-
americano.
O início da colonização
Em 1530, a Coroa portuguesa envia para o
Brasil o nobre Martim Affonso de Sousa. A
expedição era formada por cinco navios e uma
tripulação de aproximadamente 500 homens
com a missão de proteger o litoral brasileiro,
fundar vilas e fortificações e descobrir novas
riquezas. Martim Affonso de Sousa capturou
navios franceses na costa brasileira entre 1531
e 1532 e fundou a Vila de São Vicente, primeira
vila oficial da América portuguesa. Além disso,
fontes indicam que foi com as suas expedições
que iniciou-se o cultivo da cana-de-açúcar,
posto que no ano de 1532 instalou o primeiro
engenho de açúcar na Vila de São Vicente.
Imagem: Martim Afonso de Sousa (Vila Viçosa, c.1490/1500 — Lisboa, 21 de julho de
1571) foi um nobre e militar português. Jaz em São Francisco de Lisboa. Como Tomé
de Sousa, descendia por linha bastarda do rei Afonso III de Portugal/ Pêro Lopes de
Souza/ Domínio Público
Martim Affonso de Sousa
Nobre e militar português
Fundação de São Vicente

Imagem: Benedito Calixto/ Fundação de São Vicente, 1900/ Domínio Público


As Capitanias Hereditárias

Para incentivar e organizar a colonização, a Coroa


portuguesa decidiu, em 1534, dividir o territórios em lotes,
chamados de Capitanias Hereditárias. Cada Capitania foi
entregue a um capitão donatário que arcava com os custos
da colonização. Foram distribuídas 15 capitanias a 14
donatários que deveriam exercer a justiça e o comando
militar, doar lotes, fundar vilas, escravizar e vender índios,
entre outras atividades econômicas. O sistema de
Capitanias Hereditárias foi a primeira forma efetiva
encontrada pela Coroa portuguesa para defender, explorar
e administrar as terras portuguesas na América.
Imagem: Mapa de Luís Teixeira (c. 1574) com a divisão da América portuguesa em
capitanias. A linha de Tordesilhas está deslocada dez graus mais a oeste/ Luís
Teixeira/ Domínio Público
Capitanias Hereditárias - 1534
Capitanias Hereditárias e seus donatários
O fracasso das capitanias

Além dos capitães donatários


Alguns donatários nem
não possuírem recursos
chegaram a tomar posse das
suficientes para administrar
terras. Outros acabaram
os lotes, outras capitanias
abandonando as
enfrentaram a resistência dos
possessões.
indígenas.

Apenas as capitanias de
Pernambuco e São Vicente
tiveram sucesso, devido ao
cultivo da cana-de-açúcar.
O Governo-Geral

Com o fracasso das Capitanias Hereditárias, o então rei


de Portugal, D. João III, decide centralizar a
administração da colônia e cria, em 1548, o governo-
geral. Tomé de Sousa foi o primeiro governador-geral e
chegou ao Brasil em 1549. Ao chegar à colônia, escolheu
Salvador para ser a sede do governo-geral e,
consequentemente, a primeira capital do Brasil.
O governo-geral possuía uma série de atribuições
contidas em um regimento. Entre suas principais
atribuições estavam: administrar as capitanias,
incentivar a ocupação do litoral, fundar novas vilas,
controlar a exploração do pau-brasil e incentivar a
catequese dos índios.
O Governo-Geral

Tomé chegou ao Brasil acompanhado por cerca de mil


pessoas. Para organizar a administração, foram criados
cargos para os mais diversos fins, dentre os quais se
destacam os de ouvidor-mor, que cuidava da justiça, de
procurador-mor, responsável pela arrecadação de
impostos para a Coroa, e de capitão mor, encarregado
da defesa e da fiscalização do território.
Governadores Gerais do Brasil

Tomé de Souza

• Período de governo: de 1549 a 1553;


• Instalou a capital na cidade de Salvador (primeira
capital brasileira);
• Realização a fundação de vários engenhos de
açúcar, principalmente no Nordeste;
• Deu início a atividade pecuária;
• Em seu governo ocorreu a chegada de jesuítas,
escravos africanos e mulheres.
Duarte da Costa

• Período de governo: de 1553 a 1558;


• Em seu governo ocorreu, em 25 de janeiro de 1554, a
fundação da cidade de São Paulo;
• Para viabilizar a colonização no litoral nordestino,
executou uma estratégia de combate aos indígenas,
principalmente na região litorânea do atual estado da
Bahia;
• Enfrentou a invasão dos franceses no litoral do Rio de
Janeiro. Organizou o combate;
• Organizou entradas em direção ao interior, cuja principal
missão era encontrar minas de pedras e metais preciosos.
Mem de Sá

• Período de governo: de 1558 a 1572;


• Foi o responsável pela expulsão dos franceses do litoral do
Rio de Janeiro;
• Consolidou o sistema de governo-geral no Brasil;
• Adotou medidas para estimular a produção de açúcar no
Brasil;
• Viabilizou a fundação de missões jesuíticas indígenas;
• Em seu governo ocorreu a fundação da cidade do Rio de
Janeiro (São Sebastião do Rio de Janeiro). O feito histórico
foi realizado por Estácio de Sá (sobrinho de Mem de Sá),
em 1 de março de 1565.
ASPECTO RELIGIOSO DA
COLONIZAÇÃO PORTUGUESA
• Durante os primeiros anos de colonização, foram
enviados às terras brasileiras religiosos
pertencentes ao clero regular, franciscanos,
carmelitas, beneditinos. Contudo, após a
implementação do Governo Geral em 1549, vieram
com Tomé de Sousa (1503-1573?) aqueles que se
tornaram os maiores responsáveis pela
cristianização indígena, pela educação dos filhos
dos colonos e pelos cuidados dos doentes, os
jesuítas.
Os Jesuítas

Os jesuítas chegaram ao Brasil em 1549*, com Tomé de Sousa.


Liderados pelo padre Manuel da Nóbrega, os jesuítas inciaram
uma das mais importantes missões da Coroa portuguesa:
catequizar os índios. Assim, fundaram colégios, construíram
igrejas e desenvolveram projetos assistenciais. É importante
lembrar, porém, que a catequização não respeitou a cultura
indígena e seus rituais religiosos, impondo-lhes uma nova fé.

*A missão jesuítica foi criada em 1534 dentro do contexto da


Contra Reforma. Nessa época, as religiões protestantes
surgiam como uma alternativa ao milenar poderio religioso
católico. Para reagir à significativa perda de fiéis, a Igreja
aprovou a concepção da Ordem de Jesus no Concílio de Trento,
com objetivo de pregar o cristianismo nas novas terras.
A relação entre Estado e Igreja nessa época
era próxima, na medida em que ambas
empreendiam medidas que colaboravam com
seus interesses mútuos. Enquanto os jesuítas
tinham apoio na catequização dos nativos, o
Estado contava com auxílio clerical na
exploração do território e na administração.

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