Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CURITIBA
2010
CAROLINA POHL FORNAZARI
CLAUDIA CAROLINA GUADAGNIN
FLÁVIA ZANFORLIM
GIOVANA GULIN
MARCOS VINICIUS BATISTA DA SILVA
STEPHANIE FERRARI
CURITIBA
2010
RESUMO
RESUMO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 6
2 IDENTIDADE CULTURAL E PERPECTIVAS TEÓRICAS ..................... 9
2.1 ORIGENS DO CONCEITO DE IDENTIDADE ...................................... 9
2.2 IDENTIDADE E PSICOLOGIA ............................................................. 11
2.2.1 Personalidade e self .......................................................................... 12
2.2.2 A relação entre a cultura e os conceitos de self como
perspectivas sociológicas, a contribuição de George Mead e a
historicidade ............................................................................................... 14
2.3 IDENTIDADE CULTURAL .................................................................... 15
2.3.1 Identidade da „sociedade líquida‟ ...................................................... 17
2.4 MÍDIA E IDENTIDADE ......................................................................... 20
3 IMAGINÁRIO DE CURITIBA, MÍDIA E IMAGEM DO TATUQUARA ..... 22
3.1 IMAGINÁRIO E IMAGINÁRIO SOCIAL ................................................ 25
3.2 A IMAGEM DA CIDADE ....................................................................... 28
3.3 CAPITAL ECOLÓGICA, CIDADE SORRISO, CIDADE-MODELO… ... 31
3.4 NOS OLHOS JOVENS DO TATUQUARA ........................................... 36
4 A CIDADE DE CURITIBA COMO OBJETO DE ESTUDO:
ÊXITO NAS SOLUÇÕES IMPLANTADAS ................................................ 55
4.1 DESCOORDENAÇÃO DAS AGÊNCIAS, CONTRADIÇÕES
GOVERNAMENTAIS E AUTONOMIA DOS MUNICÍPIOS......................... 56
4.2 ÊXODO RURAL, “BELLE ÉPOQUE” E PLANO AGACHE ................... 60
4.3 PLANO SERETE, FORMAÇÃO DA REGIÃO METROPOLITANA DE
CURITIBA E CIDADE INDUSTRIAL .......................................................... 63
4.4 A INFLUÊNCIA LERNER ..................................................................... 68
4.5 A DESCONSTRUÇÃO DO MITO, FORMAÇÃO DAS
PERIFERIAS E FAVELIZAÇÃO DA METRÓPOLE.................................... 72
4.6 TATUQUARA: ORIGENS E SEGREGAÇÃO URBANA ....................... 75
4.7 FACILITADORES DA FAVELIZAÇÃO E INCLUSÃO
DIGITAL COMO MECANISMO DE INTEGRAÇÃO DAS COMUNIDADES .79
5 WEBJORNALISMO ................................................................................ 81
5.1 WEBJORNALISMO NO BRASIL .......................................................... 82
5.1.1 Características do webjornalismo ...................................................... 83
5.2 WEBJORNALISMO HIPERLOCAL E PARTICIPATIVO ....................... 86
5.3 VIVA FAVELA 2.0 – A SUA COMUNIDADE NA INTERNET................ 88
5.4 RUAS DIGITAIS ................................................................................... 89
5.5 WEBJORNALISMO PARTICIPATIVO NO BAIRRO TATUQUARA ...... 90
6 JORNALISMO LITERÁRIO E LIVRORREPORTAGEM COMO
INSTRUMENTOS PARA CONHECER O TATUQUARA ........................... 92
6.1 JORNALISMO LITERÁRIO .................................................................. 92
6.1.1 Livrorreportagem ............................................................................... 96
6.2 TATUQUARA ....................................................................................... 102
7 PLANEJAMENTO DE COMUNICAÇÃO ................................................ 105
7.1 DESCRIÇÃO E DEFINIÇÃO DOS PRODUTOS .................................. 105
7.1.1 Livrorreportagem ............................................................................... 105
7.1.2 Webjornal .......................................................................................... 106
7.1.2.1 Oficinas de cidadania, Internet e jornalismo ................................... 108
7.1.2.2 Blog da Redação ............................................................................ 109
7.3 JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DOS PRODUTOS ............................. 110
7.4 MERCADO E CONCORRÊNCIA DO LIVRORREPORTAGEM ........... 111
7.5 MERCADO E CONCORRÊNCIA DO WEBJORNAL ............................ 113
7.6 PÚBLICO-ALVO ................................................................................... 114
7.7 VIABILIDADE FINANCEIRA DOS PRODUTOS ................................... 115
7.7.1 Livrorreportagem ............................................................................... 115
7.7.2 Webjornal .......................................................................................... 116
7.8 ORÇAMENTOS .................................................................................... 116
7.8.3 Orçamento do webjornal......................................................................116
7.8.3 Orçamento do livrorreportagem..........................................................117
7.8.2 Custo de serviços prestados pelos jornalistas................................... 118
7.8.4 Gastos totais ..................................................................................... 118
8 CONCLUSÃO ......................................................................................... 119
REFERÊNCIAS.......................................................................................... 121
APÊNDICES .............................................................................................. 129
7
1 INTRODUÇÃO
[...] as coisas são idênticas no mesmo sentido em que são unas, já que são
idênticas quando é uma só a sua matéria (em espécie ou em número) ou
quando sua substância é uma. Portanto, é evidente que a identidade é, de
algum modo, uma unidade, quer a unidade se refira a mais de uma coisa,
quer se refira a uma única coisa, considerada como duas, como acontece
quando se diz que uma coisa é idêntica a si mesma. (ARISTÓTELES in
ABBAGNANO, 2000, p. 528).
Idênticas são as coisas que se podem substituir uma à outra salva variate.
Se A estiver contido numa proposição verdadeira e se, pondo-se B no lugar
de A, a proposição resultante continuar sendo verdadeira, e se o mesmo
acontecer em qualquer outra proposição, diz-se que A e B são idênticos;
reciprocamente, se A e B são idênticos, a substituição a que nos referimos
pode acontecer (LEIBNIZ in ABBAGNANO, 2000, p. 529).
Ao distinguir o self como sujeito versus o self como objeto, James estava
identificando o que se transformou em duas tradições diferentes para
explorar o self. O self como sujeito diz respeito, principalmente, à
consciência consciente do indivíduo, tanto do existente quanto do seu
ambiente; essa abordagem de self está associada com a fenomenologia na
filosofia e com as teorias psicológicas do self, como as ideias de Horney e
Rogers. Embora reconhecendo que o self é parcialmente reflexivo, ao
enfatizar a importância da consciência imediata, ele imediatamente se
presta a um enfoque da experiência subjetiva, como pode ser visto na teoria
de Rogers (GLASSMAN; HADAD, 2008, p. 287, grifo do autor).
[...] o sujeito ainda tem um núcleo ou essência interior que é o “eu real” entre o eu
e a sociedade, mas este é formado e modificado num diálogo contínuo com os
mundos culturais „exteriores‟ e as identidades que esses mundos oferecem (HALL,
1998, p.11).
A Aldeia Global, prevista por Mac Luhan em 1969, tornou-se possível com a
globalização, mas ainda não é concreta, porque as relações de identidade
proporcionadas por esse movimento, não estão em torno da ideia de comunidade,
mas sim da ideia de organização. Lembrando que o conceito fundamental de
comunidade é unidade espiritual que o grupo possui, diferentemente do que
compreende uma organização, que trazem estatutos e regras institucionais quais os
membros devem aderir. Na ideia de organização, para Bauman (2010), pode ser
associada:
De acordo com Almeida (2000, p. 86), “cabe notar que o Estado aparece na
sociedade como uma estrutura de dominação e poder, capaz de influenciar a pauta
de notícias escolhidas como tal pela mídia”. E conclui que:
.
27
desde 1970 e mentor de projetos implantados por Jaime Lerner em Curitiba e outras
cidades, exemplifica a falta de identidade da capital paranaense:
O próprio Oba conclui sua tese afirmando que Curitiba, até 1971, não tinha
ainda uma identidade definida com sucesso:
[…] o que mais nos chamou atenção foi que durante todo o tempo em que
ficamos lá, no stand de Curitiba, ninguém tirou um papel no chão, no resto
do Ibirapuera o chão se apresentava como uma grande lixeira; milhares de
pessoas circulando, se podiam observar folhetos, panfletos, guardanapos,
etc., inundando os corredores. Realmente ficamos sumamente
impressionados com o respeito das pessoas na área de Curitiba.
O relato afirma a força da imagem que Curitiba carrega de uma cidade que
respeita o meio-ambiente e que cuida do seu lixo. Uma cidade limpa. Tal força
advém de um processo sinérgico na busca de uma identidade. A publicidade oficial
participou ativamente deste processo, sobretudo representado por uma família de
personagens que a Prefeitura utilizou em suas campanhas de reciclagem e, que,
inclusive reeditou recentemente. É a família Folhas, constituída pelos personagens
Seu Folha, Dona Fofó e Fofinha (CLICKMARKET, 2006).
Para Areu (2007 in FERRARA; DUARTE; CAETANO, 2007, p. 92) a rápida
adesão que os personagens da propaganda oficial adquiriram junto ao público
advinha da “[...] humanização que ela propõe para a questão ambiental, o que
permitiu gerar uma grande possibilidade de identificação, ressignificando o conceito
já cunhado de capital ecológica”. A pesquisadora ainda relata o encontro que teve
com os publicitários que participaram da criação da campanha em 1989. Necessário
notar que esta campanha levou Curitiba a ser a primeira cidade brasileira com um
slogan que incitasse maior participação dos moradores. O briefing para a campanha
foi passado pelo então Secretário do Meio Ambiente Hitoshi Nakamura e atribuia aos
36
Neutra 21 35%
Negativa – poluição 2 3%
Positiva – Desenvolvimento 1 2%
Positiva – Higiene 1 2%
Negativa – violência 1 2%
Negativa – Desenvolvimento 2 3%
Negativa – Segurança 1 2%
Fonte: Organizadores
Entrevistados Nº Absolutos %
Verde 32 53%
Branco 23 38%
Azul 15 25%
Vermelho(a) 15 25%
Amarela 10 17%
Preto(a) 7 12%
Roxo 4 7%
Rosa 3 5%
Cinza 2 3%
Neutra 1 2%
Fonte: Organizadores
A intenção era poder agrupar esta questão com as duas anteriores para
afeitos de análise por ela também permitir uma sondagem mais geral da cidade por
meio das cores que os voluntários atribuem a ela. O objetivo era analisar a
ocorrência da opção verde à luz da imagem de cidade sustentável e ecologicamente
correta. O verde aparece, de fato, com o maior percentual (53%) sobre o branco
(38%). No entanto, na análise dos questionários respondidos verificou-se uma alta
incidência de respostas que combinavam as cores verde e branco e preto e
vermelho. São cores do escudo e da bandeira dos dois maiores times de futebol de
Curitiba: o Coritiba Foot Ball Club e o Clube Atlético Paranaense. Dada à
contaminação das respostas, não se pode concluir os limites em que a
41
Respostas Nº Absolutos %
Não responderam
corretamente 55 92%
Curitiba com o número 2 2 3%
Respostas Nº Absolutos %
Agrupamento de
casas e pessoas 28 47%
Positiva - Elogios
(parceria entre
indivíduos) 19 32%
Não responderam 4 7%
Negativas –
Críticas 3 5%
Negativa –
Insatisfação 3 5%
Outros
Escola 2 3%
Periferia 2 3%
Tatuquara 1 2%
Comunicação 1 2%
Favela 1 2%
Fonte: Organizadores
43
Nº
Respostas %
Absolutos
Sim 33 55%
Não 10 17%
Outros
Às vezes 16 27%
Sim, mas
nunca viu
acontecer 1 2%
Fonte: Organizadores
Respostas Nº Absolutos %
Localidade – bairro 21 35%
Positivas – Elogios 11 18%
Negativas – Críticas 7 12%
Negativa - Insatisfação 6 10%
Não responderam 5 8%
Outros
Falta de
segurança 6 10%
Trafico de drogas 4 7%
Sujeira do bairro 2 3%
Escola 2 3%
Preconceito com
moradores 1 2%
Morte 1 2%
Fonte: Organizadores
44
Fonte: Organizadores
Críticas 16 27%
Elogio 5 8%
Outros
Escola e
faculdade 20 33%
Respeito 12 20%
não soube
responder 3 5%
Futuro 2 3%
Aprendizagem 1 2%
Sinceridade 1 2%
Não
respondeu
corretamente 1 2%
Fonte: Organizadores
Shopping Palladium 5 8%
Não opinaram ou não
responderam 5 8%
Rua XV 3 5%
Linha Verde 3 5%
Praça Tiradentes 3 5%
Shopping Estação 2 3%
Armazém da família 2 3%
Tatuquara 2 3%
Restaurante público 1 2%
Liceu do ofício 1 2%
Arena da baixada 1 2%
Teatro Guaíra 1 2%
Identitária - residente
da cidade 33 55%
Positiva - Elogios 17 28%
Negativas - Críticas 3 5%
Negativa - Insatisfação 3 5%
Não responderam 2 3%
Outros
Positiva – Futebol 2 3%
Intolerância 1 2%
Comemoração 1 2%
Discrição 1 2%
Sotaque acentuado 1 2%
Fonte: Organizadores
elogios (28%) classificaram o curitibano como uma pessoal amigável, uma pessoa
boa de se conviver e uma pessoa que ajuda o próximo.
Conclui-se que os jovens moradores do Tatuquara assumem a mesma
identidade que os moradores de Curitiba têm da sua cidade: é planejada, moderna,
limpa e sustentável. Identidade forjada aliando a execução de sucessivos planos de
urbanização e a publicidade oficial. Tal identificação se dá num bairro onde serviços
públicos como educação, planejamento urbano, higiene pública, saúde e segurança
ainda não se equiparam com bairros mais centrais da cidade. Talvez isso justifique
as críticas que os alunos fizeram a estes serviços na pesquisa. Instala-se aí uma
ação em duas vias: quando incitados a falarem sobre sua cidade, os jovens a
enaltecem. Quando incitados a olhar para sua própria realidade, eles a denunciam.
Para compreender completamente essa relação dicotômica entre os moradores do
Tatuquara é necessário entender como se formaram as primeiras periferias no
âmbito deste modelo nacional e internacional que veio a se tornar a cidade de
Curitiba.
55
Para tratar dos aspectos que propiciam a construção de uma cidade que pode
vir a se destacar como referência no modelo de gestão urbana, faz-se necessária
uma análise da conjuntura em que se formam essas localidades e dos fatores que
favorecem a formulação e manutenção daquele que pode ser considerado um
espaço modelo no que se refere à prática urbanística.
Curitiba foi, em meados da década de 1970, eleita pelo Ministério do Interior
para ser objeto de estudo de caso de uma investigação que buscava identificar as
justificativas para a notoriedade que vivia a capital paranaense. A razão para a
pesquisa estava no fato de que, entre as décadas de 1960 e 1970, a cidade passava
pelo que foi considerado o maior crescimento de sua história, com um aparente
diferencial: parecia expandir de maneira organizada aos olhos de quem observava o
centro da cidade. Sendo assim, as alterações promovidas na região eram vistas
como, além de bem planejadas, sustentáveis. O resultado disso não poderia ser
outro que não o vivido pela capital a partir daquela época: Curitiba se apresentava
às demais localidades do Brasil e do mundo como modelo de estrutura,
planejamento e concentração urbana a ser seguido - e repetido.
A conclusão abaixo foi divulgada pelo Ministério após o estudo, e revela a
determinância que o contexto institucional presente na localidade explorada exerceu
para que houvesse êxito na iniciativa do planejamento urbano da cidade
(IUPERJ/MINTER apud OLIVEIRA, 2000, p. 12):
Esse ideal, porém, não se verificava na prática e o que se sentia, era que o
país vivia uma política urbana não correspondente àquela expressa pelos planos do
Governo Federal, e sim, outra imersa em distúrbios causados pelas contradições
institucionais entre essas agências. (OLIVEIRA, 2000).
Nesse momento da história do planejamento urbano no Brasil é que, também
na teoria, a criação das Regiões Metropolitanas (RM) encontraria sua maior
determinância. A elaboração de uma entidade metrópole no início da década de
1970, trazia consigo a promessa de superação desses impasses pela proposta que
oferecia de coordenação das atividades das agências. Dessa forma, estariam
58
evidentes, não receberam os mesmos investimentos pelo fato de não serem capitais
de seus Estados. A exemplo, pode-se citar os casos de Campinas e Londrina
(OLIVEIRA, 2000, p. 28). Há quem atribua tal condição aos interesses
governamentais existentes no processo. Esse detalhamento será feito de maneira
mais aprofundada em breve.
Fatos como esses, tornaram mínimas as possibilidades de se alcançar alguns
dos objetivos propostos pelo IIPND (Plano Nacional de Desenvolvimento -
1975/1979). Como defendem alguns estudiosos, esta foi a mais expressiva tentativa
de formulação de uma política para o desenvolvimento urbano. O objetivo principal
do plano que fracassou, era promover uma desconcentração populacional das
cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, na época já definidas como áreas de
contenção. A finalidade da proposta era conter a taxa de crescimento dessas duas
metrópoles e descentralizar as atividades industriais das regiões que se
encontravam sobrecarregadas.
As contradições entre propostas divulgadas e ações praticadas pelos órgãos
públicos não paravam por aí. A própria política de financiamento federal à construção
de obras nas áreas urbanas contribuiu para intensificar resultados contrários aos
desejados: eram priorizados com mais recursos para habitação, urbanização e
saneamento, as cidades maiores e que apresentavam uma economia mais
dinâmica. Obviamente, que essas regiões eram as mesmas que se desejava conter
o crescimento.
Frente a tantas tentativas frustradas para a democratização dos recursos
necessários à construção planejada das metrópoles brasileiras, por volta de 1976 já
se observava que o êxito ou o fracasso das propostas para o desenvolvimento
urbano regional, dependia, exclusivamente, da intenção autônoma de cada
município em criar recursos e políticas capazes de formular e gerenciar suas
respectivas agências de planejamento. (OLIVEIRA, 2000).
O resultado dessa situação delineou um cenário nacional que parecia
esperado: foram muito tímidos e pouco expressivos os casos de sucesso brasileiro
no planejamento urbano. A capital do Paraná representaria um caso atípico dessa
conjuntura. Tamanho foi o encanto despertado pelas propostas colocadas em prática
na cidade que, no tempo de alguns poucos anos, a cidade foi alçada ao mundo sob
a identidade de modelo em planejamento urbano, sustentada por adjetivos dignos de
uma metrópole referência: cidade humanizada, eficiente, ecológica, com qualidade
60
de vida e mais tarde social, foram alguns dos utilizados com a finalidade de reunir
toda uma população em torno daquela mesma proposta (OBA,1998, p. 3).
anos de 1941 e 1943, quando é posto em prática o Plano Agache. Este, o maior
responsável pelas mais representativas experiências de planejamento no espaço da
cidade, apresentava um também cuidado com a estética plástica da metrópole, bem
como a primeira iniciativa. Na ocasião, foi em Curitiba que o engenheiro francês
Alfred Agache desenvolveu seu projeto, fornecendo para a cidade uma configuração
viária radiocêntrica, estruturada por largas avenidas em sentido radial e perimetral,
que tinham por finalidade promover a ligação entre diferentes áreas e setores da
metrópole. A proposta da configuração radial tinha a estrutura bastante semelhante a
de um plano de sucesso urbanístico aplicado em Paris, denominado Plano
Haussman (OLIVEIRA, 2000).
Apesar de ter sido parcialmente implantado devido a insuficiência de recursos
da Prefeitura Municipal de Curitiba na época, o Plano Agache foi importante para
delinear as bases das primeiras configurações espaciais da capital, a considerar a
segunda intensa expansão relativamente ordenada que viveria a cidade a partir dos
anos 60, motivada por outro fluxo migratório. Como defendem alguns teóricos,
porém, essa ordenação aconteceria de maneira mais evidente apenas a nível central
da cidade. Segundo argumentos, as propostas urbanas do Plano da década de 40
representavam apenas os anseios das classes dominantes da sociedade, que
buscava um cuidado extremo com a estética, em detrimento de uma maior atenção
a setores sociais.
A cidade foi primeira do Brasil a desenvolver um Plano Diretor, antes mesmo
de ser instituída a legislação que obrigava os gestores a pensar no assunto (Curitiba
foi pioneira na elaboração de plano diretor, 2010). A descrição abaixo compreende o
trecho da reportagem que explica a principal proposta trazida pelo plano: substituir a
construção de Curitiba do desenho de crescimento em formato radial, pelo linear.
(GAZETA DO POVO, 2010).
[...] O comum era uma cidade crescer em forma radial, a partir do centro. O
problema deste modelo é que muitas vezes o poder público age sobre uma
área depois que ela está ocupada. Somente após grande concentração
populacional começavam a surgir escolas, postos de saúde e linhas de
ônibus. O plano diretor de 1965 mudou esta perspectiva e trouxe a ideia de
crescimento linear. A prefeitura passou a pensar o desenvolvimento de
áreas afastadas do centro, como Pinheirinho e Santa Cândida, e implantou
equipamentos públicos antes da demanda. Assim, incentivou a prosperação
da cidade como um todo. Houve alterações no documento três vezes. Na
última, em 2004, foram incorporadas as diretrizes do Estatuto das Cidades ).
63
impossível desconsiderar a interpretação una que pode ter feito o estudo: apesar
dos muitos benefícios estéticos trazidos até o momento pelos planos Agache e
Serete, ambas as propostas haviam limitado-se a considerar os aspectos físicos da
metrópole, sem priorizar na mesma intensidade a política habitacional e o setor
social da comunidade. Até essa época, por exemplo, não haviam sido construídos
em Curitiba conjuntos habitacionais destinados à população de baixa renda. Esse
aspecto só ganharia mais atenção cerca de duas décadas depois, com a
implantação do Plano Serete. Segundo definiu a Prefeitura de Curitiba, essa
proposta considerou um pouco mais a possibilidade de um maior adensamento nas
áreas periféricas da cidade, até então desconsideradas, e que eram ocupadas pelos
habitantes que chegavam e se auto-organizavam autônoma e gradativamente,
dando origem aos primeiros assentamentos não planejados da capital. (OLIVEIRA,
2000).
Criado a partir de um plano preliminar de urbanismo desenvolvido pela
empresa Serete Engenharia S.A em parceria com o escritório de arquitetura Jorge
Wilhem, ambos de São Paulo e vencedores da licitação, o Plano Diretor de Curitiba
justificava sua elaboração pela necessidade de aprimorar certas propostas definidas
pelo Plano Agache, que já não se aplicavam mais à demanda exigida por uma nova
Curitiba que se construia, pouco mais de vinte anos depois. De acordo com dados
do Censo 2000, entre as décadas de 1960 e 1970 ocorreram as mais significativas
mudanças no espaço urbano da capital. A população da cidade dobrou de tamanho,
passando de 361.309 para 70.609 habitantes – um acréscimo de 68% em apenas
dez anos.
Como revela ainda um estudo, Curitiba passou nesse período pelo que foi
considerado o maior crescimento de todas as capitais estaduais do Brasil (ZIRKL,
2003, p. 91). Os quadros abaixo foram retirados da análise e sintetizam bem a
conjuntura das décadas.
65
resultado desse cuidado garantiu à Curitiba o título de capital com o maior número e
a maior área de parques urbanos do Brasil (mais de 50m² por habitante) (PCM –
Prefeitura Municipal de Curitiba, 1999).
Ao tempo em que definiu a segmentação funcional dos espaços da cidade
como zonas residenciais, comerciais e industriais interligadas por velozes vias de
circulação, a nova proposta também incorporou o conceito de revitalização – ao
invés de destruição – dos espaços públicos tradicionais de Curitiba, bem como a
criação de locais para o encontro de seus habitantes. Junto a isso, ainda, foi dada
atenção especial ao transporte coletivo, colocando em detrimento o uso do
automóvel particular (IPPUC,1991, p. 320).
O projeto original previa também o sistema viário como principal instrumento
para a contenção da cidade. Buscavam os idealizadores do plano evitar que a
expansão da malha urbana se desse de forma desordenada. Visto isso, foi proposta
a criação de vias lineares de circulação na capital, ditas estruturais, onde se
concentraria uma oferta adequada de meios de transporte coletivo além de se
incentivar ali uma maior concentração populacional.
A definição desses eixos de transporte baseou-se na análise dos padrões
históricos de crescimento da cidade. Inicialmente, definiu-se um eixo estrutural no
sentido norte-sul, posteriormente um outro no sentido leste-oeste, e, logo depois, um
terceiro à sudeste. Prevalecia a ideia de que a cidade deveria crescer ao longo
desses três eixos principais, contendo a expansão do centro tradicional, evitando,
dessa forma, a sua deterioração. (OLIVEIRA, 2000).
Foi proposto que as vias principais do centro tradicional da cidade fossem
interditadas ao tráfego de veículos, sendo então reservadas ao uso exclusivo dos
pedestres, culminando no que, mais tarde, passou a se chamar pedestrianização do
centro. A identidade que agora se procurava construir para Curitiba, apresentava
referências de cidades americanas: um espaço contendo centros funcionais
especializados e interligados por um sistema viário eficiente e com capacidade de
crescimento indefinido (OLIVEIRA, 2000, p. 51).
Até então, todas essas ações não representavam garantia alguma de sucesso
ao planejamento da capital, visto que poderiam ser implantadas em qualquer outra
localidade do país, considerando os referenciais retirados de planos de sucesso já
existentes e fórmulas relativamente simples de organização do espaço cidade. O
que justificaria o título de capital modelo que a cidade estava prestes a receber, seria
68
[...] Espetáculos não faltaram nessa gestão, que foi marcada pela
construção de obras em curto prazo e com características sempre
inspiradas nas novas tecnologias e de grande impacto visual. Ópera de
Arame, Jardim Botânico, a reforma do Mercado Municipal e a criação da
Rua 24 horas foram alguns dos marcos da época. O desenvolvimento do
ônibus ligeirinho também recebeu destaque da imprensa, muito mais em
função da concepção estética de suas estações tubulares e do visual
futurista. Nessa fase a cidade reforçava também sua vocação turística
(OLIVEIRA, 2000, p.58).
70
Considerando resultados como esses, a mais simples questão que pode ser
levantada é porque apenas em Curitiba essas propostas pareceram ser levadas a
cabo e se tornaram ações concretas? A justificativa pode estar em três pontos
principais: 1) A elaboração de um Plano Diretor para a cidade foi feita precocemente
e a sua execução colocada em prática já nos anos seguintes; 2) A cidade antecipou-
71
Para mensurar essa conjuntura, vale citar um estudo divulgado pelo Ipardes
em 1976 que revelou que, nesse período, dos 185 mil domicílios da cidade, 5.992 se
encontravam em áreas de ocupação irregular. Nada menos do que 33 mil pessoas –
de um total de 830 mil habitantes – distribuíam-se em vários pontos da região, sendo
as maiores concentrações na Vila Pinto, Valetão Belém, Parolim e Vila Guaíra. A
cidade iniciava assim, um processo de urbanização de risco. Os terrenos situados
nas várzeas inundáveis e pantanosas do Rio Belém e Iguaçú foram ocupados, e, a
falta de instrumentos capazes de controlar tal ocupação, a dificuldade de se
implantar rede de esgoto e saneamento e as constantes inundações, fizeram das
áreas um problema para a administração pública.
74
Nessa fase ainda, para agravar a situação, Curitiba apresentava uma taxa de
crescimento menor que a sua Região Metropolitana, onde, não por coincidência,
agrupavam-se essas localidades de risco. Os maiores índices de ocupação foram
registrados em bairros mais afastados do centro, como São Miguel, Campo do
Santana e Ganchinho, onde até então, a taxa habitacional era muito baixa (PLANOS
URBANOS E O ESPAÇO DE HABITAÇÃO, 2008, p. 88-89).
Referências migracionais como essas já seriam suficientes para explicar as
razões que motivaram as mais representativas ações de fomento à favelização da
capital. No entanto, vale destacar ainda alguns argumentos defendidos por
estudiosos, que buscam comprovar que o maior instrumento incentivador para essa
condição foi, principalmente, o interesse na especulação imobiliária dos envolvidos
na gestão do período.
Quando as décadas de 70 e 80 delinearam o novo cenário metropolitano em
Curitiba e a cidade que até então ostentara a glória de parecer a comunidade
perfeita sofreu uma intensa metamorfose, precisaram ser rápidas as ações para que
a região central tão bem planejada não sofresse as consequências daquele
fenômeno moderno. Nessa época, a gestão do período promovia um maior fomento
à iniciativa comercial e de prestação de serviços no centro, a fim de valorizar cada
vez mais aquela área. Dessa forma, os valores dos imóveis não seriam acessíveis
às populações mais carentes, que teriam como única alternativa direcionarem-se às
áreas periféricas.
Nessa época, portanto, aumentam-se as ocupações nas porções Sul e
Noroeste do município, enquanto os bairros mais centrais perdem população. Com a
supervalorização das regiões centrais da cidade, a especulação encontrava terreno
fértil para se desenvolver e garantir os lucros desejados aos interessados no negócio
(TONELA, 2006, p. 1).
Acselrad ressalta ainda que a proposta da criação de vias estruturais na
cidade, por si só, objetivou também induzir o crescimento da capital junto a essas
estruturas, promovendo com isso uma ampla rede de serviços, infra-estrutura e
legislação de uso de solo. Todos esses cuidados apresentavam uma finalidade
principal: inibir a ocupação dessas regiões por todos os segmentos da sociedade,
permitindo a construção de áreas consideradas nobres permeadas por grandes
espaços vazios, construindo assim, terreno fértil para a atuação da especulação, que
poderia manter essas áreas se valorizando com os anos (ACSERALD, 2001).
75
Para finalizar, Fuck Jr. aponta ainda que esse processo de valorização do solo
e a consequente exclusão social de parte da população que um fenômeno como
esse provoca, são consequências de um processo de planejamento urbano
tendencioso promovido pelos gestores de cada período. Ademais, funcionam como
condicionadores de toda uma dinâmica urbana, ao determinar as áreas que deverão
ou não ser priorizadas (FUCK JR, 2006). As condições desiguais de acesso à
moradia em Fortaleza.
Frente à reunião de todos os fatores tratados e argumentos levantados ao
longo dos tempos por diversos pesquisadores, o que se pode perceber, é que as tão
aclamadas e ovacionadas propostas urbanísticas praticadas em Curitiba, se
analisadas por um olhar criterioso e mais voltado para o lado social, podem ser
consideradas relativamente excludentes. Aparentemente, a maioria delas voltou-se
para defender possíveis anseios e desejos das classes dominantes, privilegiando,
assim, uma parcela mais abastada da população em detrimento de outra, com um
menor poder aquisitivo. O resultado: um modelo urbano, aparentemente, incompleto
e segregador cujos sintomas se manifestam nas contrastantes e cada vez mais
evidentes diferenças entre classes.
Uma terceira reportagem divulgada pelo veículo revela ainda que a região de
quase 50 mil habitantes, apresenta um crescimento anual de apenas 3,8% ao ano, e
que sua renda média em 2008 foi de apenas R$ 809,93 - a terceira mais baixa
dentre os 75 bairros de Curitiba (FERNANDES, 2008).
Certamente, constatações como essas podem funcionar como agravantes
ainda maiores aos já citados preocupantes índices que aquela comunidade
apresenta. Quando reunidas, ainda, a outro dado que revela, por exemplo, que,
mesmo sendo o bairro mais pobre da capital, o crescimento populacional do
Tatuquara alcança hoje índices em torno de 4% - algo próximo de 2 mil pessoas ao
ano – os fatos parecem se tornar ainda mais graves.
A crítica mais ferrenha direcionada à Prefeitura de Curitiba, como mostra a
reportagem, defende que a maioria dos problemas da capital vêm sendo
direcionados àquela região, fato esse que desrespeita o próprio Estatuto da
Cidade, cuja proposta seria, justamente, integrar diferentes camadas da população
em diversos lugares, ao invés de segregá-las a áreas longínquas e sem estrutura.
Considerando tais fatores, torna-se inegável a constatação de que apesar de
Curitiba ainda hoje fornecer uma relativa qualidade de vida a seus habitantes em
comparação às demais metrópoles brasileiras, a capital paranaense parece estar
longe de adequar-se àquele preconizado modelo mundial de planejamento urbano,
cuja construção teve as origens mais remotas na década de 30, e se consolidou ao
longo dos anos através das diferentes alcunhas que recebeu. O que se identifica
hoje é o espaço dual que se tornou a cidade: enquanto a imagem da região central
sobrevive baseada nos ícones e nas tradições criadas na era Lerner, determinadas
mazelas urbanas se denunciam até aos observadores menos atentos partícipes
desse espaço, revelando problemas intrínsecos a qualquer grande metrópole.
Dessa forma, sobra para a população residente nesse último espaço a autonomia
para se organizar como possível, sobrevivendo de maneira precária, autônoma e
carente de assistências básicas.
O trecho a seguir, compreende o ponto de vista defendido pela autora Maria
Tarcisa Silva Bega, em seu artigo de título Região Metropolitana de Curitiba e as
Mobilizações Populares: análise de algumas experiências recentes, no qual defende
o predomínio dos interesses financeiros e especulativos do governo nas formas de
ocupação dos espaços urbanos e como esse fator atua na segregação e ocupação
determinada de espaços (BEGA,1999, p. 39).
79
O estudo faz ainda uma analogia entre a existência das favelas nos espaços
urbanos e a ocorrência de um câncer em um organismo vivo (NIGRO, 2005, p. 16).
Segundo a análise, a favelização age nas metrópoles como um “câncer que mina o
espaço urbano bem como a doença mina as células do corpo humano”. Dessa
forma, considera que os núcleos de favelamento causam espanto e desconforto para
quem observa, não tanto pela existência de seus favelados, mas sim pelo
80
5 WEBJORNALISMO
O site Viva Favela divulga notícias sobre os moradores das favelas do Rio de
Janeiro, baseando-se em três objetivos principais: a inclusão digital, a
democratização da informação e a redução da desigualdade social. A característica
que diferencia este site é a sua equipe, composta por jornalistas e correspondentes
comunitários, como são chamados os residentes de favelas e bairros da periferia
capacitados para atuar nas suas próprias comunidades como repórteres, fotógrafos
e produtores de conteúdo multimídia.
89
[…] Enfim, era uma espécie de “voto de protesto” contra a ditadura do lead
e da pirâmide invertida. Se o modelo e até o nome já haviam sido
empregado antes, foi só a partir da metade do século que o New Journalism
alcançou notoriedade. A ponto de, até hoje, ser tratado como um produto
típico da década de 1960 (BELO, 2006, p. 24-25).
reportagens, além de dar maior liberdade de enfoque aos seus jornalistas. As suas
publicações inauguravam a fase da reportagem-conto, com maior profundidade e
concomitantemente muita leveza ao tratar os assuntos.
Esse periódico investia muito mais tempo e dinheiro nas reportagens, além de
dar maior liberdade de enfoque aos seus jornalistas. As suas publicações
inauguravam a fase da reportagem-conto, com maior profundidade e
concomitantemente muita leveza ao tratar os assuntos.
7.1.1 Livrorreportagem
Esses requisitos fazem com que o livro permaneça no interesse da população por
muito tempo.
[…] É fácil perceber que numa apuração mais alentada, muitos detalhes –
às vezes decisivos para os acontecimentos – são desconhecidos do
público, Um livro só atrairá o interesse do leitor se tiver novidades
suficientes que compensem não só o gasto com a compra da obra, mas
também o tempo empregado na leitura, entre outros fatores. Se a
contextualização, a qualidade do texto, o nível de detalhes e a análise dos
fatos que oferece encontram-se no mesmo patamar de um periódico,
parece óbvio que o consumidor estará mais bem servido com o periódico
(BELO, 2006, p. 49).
7.2 TATUQUARA
7 PLANEJAMENTO DE COMUNICAÇÃO
7.1.1 Livrorreportagem
75g/m2 .
Layout: A proposta de layout para o livro sugere um aspecto visual sutil, com
elementos bem distribuídos nas páginas e pelo menos 20% de espaço em branco.
As letras sem serifa ajudarão a deixar a página mais leve. As imagens também
serão priorizadas como instrumento de comunicação na maioria das páginas. Todas
receberão destaque e serão coloridas.
Linguagem: As linguagens visual e textual utilizadas primarão por recursos
como clareza, objetividade e precisão. O estilo de escrita simples e acessível se
justifica pela relação direta que pretende estabelecer com o internauta.
Roteiro: Para a elaboração do livro são realizadas entrevistas semanais com
a comunidade. Os relatos serão gravados, fotografados e decupados para posterior
realização da análise de conteúdo, que objetiva obter o perfil dos moradores das
vilas abordadas – Beira Rio e Bela Vista.
7.1.2 Webjornal
O blog da Redação (figura 2) foi criado com o intuito de ser uma ferramenta
109
Livros-reportagem:
Internacionais:
- Os últimos dias, de Carl Bernstein: vendeu 237 exemplares;
- Todos os homens do Presidente, de Carl Bernstein: não possui;
- A sangue frio, de Truman Capote: vendeu 3119 exemplares;
- Hiroshima, de John Hersey: vendeu 1273 exemplares;
- Dez dias que abalaram o mundo, de John Reed: vendeu 587
exemplares;
Nacionais:
- Dias de ira, de Roldão Arruda: vendeu 615 exemplares;
- Rota 66, de Caco Barcellos: vendeu 387 exemplares;
- O caso da favela Naval, de José Carlos Blat: vendeu 287 exemplares;
- Estrela Solítária, de Ruy Castro: vendeu 671 exemplares;
- Caso da Escola Base, de Alex Ribeiro: vendeu 531 exemplares;
- A casa do delírio, de Douglas Tavolaro: vendeu 803 exemplares;
- Chatô, o rei do Brasil, de Fernando Morais: vendeu 1105 exemplares;
- Os sertões, de Euclides da Cunha: vendeu 2103 exemplares;
- A ditadura derrotada, a ditadura encurralada, a ditadura
envergonhada e a ditadura escancarada, de Elio Gaspari: 1587
exemplares.
Percebe-se que o mais vendido da lista é o livrorreportagem internacional, A
sangue Frio, de Truman Capote. Em segundo lugar aparece Os sertões, de Euclides
da Cunha, um clássico do gênero no Brasil, seguido por Hiroshima, de John Reed.
Desta forma, conclui-se que a concorrência se estabelece entre livros estrangeiros e
113
clássicos nacionais.
O webjornal proposto não possui concorrência direta. Isto foi constatado por
meio de pesquisas secundárias e de campo que revelaram que o bairro não possui
projetos de jornalismo cidadão. Percebe-se, no entanto que iniciativas semelhantes
têm ganhado destaque em outras periferias. Pode-se citar como exemplo, o site Viva
Favela (http://www.vivafavela.com.br), do Rio de Janeiro, que é o primeiro portal
virtual voltado para a divulgação de notícias sobre o cotidiano dos moradores das
favelas cariocas.
O Viva Favela baseia-se em três eixos principais: a inclusão digital, a
democratização da informação e a redução da desigualdade social. A equipe do site
é composta por jornalistas e correspondentes comunitários, como são chamados os
residentes de favelas e bairros da periferia capacitados para atuar nas suas próprias
comunidades como repórteres, fotógrafos e produtores de conteúdo multimídia.
Outras iniciativas que devem ser consideradas são os portais de jornalismo
hiperlocal, que trabalham com o conceito de produção colaborativa em espaços
específicos como comunidades, bairros ou ruas. Um exemplo disso é o blog
Bairros.com produzido pela equipe dos jornais locais da redação do periódico O
Globo com a colaboração dos moradores. As notícias veiculadas no blog abordam
assuntos relacionados aos bairros e regiões cariocas.
Além deste, o site Ruas Digitais de São Paulo, também deve ser destacado,
pois trata-se de um blog atualizado pelos moradores de rua que contam na web suas
histórias, desejos e reivindicações. O projeto foi criado por acadêmicos como
trabalho de conclusão de curso e já alcançou visibilidade na mídia.
114
7.6 PÚBLICO-ALVO
7.7.1 Livrorreportagem
7.7.2 Webjornal
7.8 ORÇAMENTOS
Orçamento do livrorreportagem
Editora Kugler Artes Gráficas
Total de páginas 243 páginas
Total de fotos 68 fotos (coloridas e preto-branco)
Capa Papel couchê 250g/m² com verniz
Miolo Papel offset 75g/m²
Tiragem 900 exemplares
Preço por exemplar R$ 11,11
TOTAL R$ 10.000
__________________________________________________
Fonte: Kugler Artes Gráficas
Orçamento do livrorreportagem
Editora Juarez Editora
Total de páginas 243 páginas
Total de fotos 68 fotos (coloridas e preto-branco)
Capa Papel couchê 250g/m² com verniz
Miolo Papel offset 75g/m²
Tiragem 900 exemplares
Preço por exemplar R$ 9,10
TOTAL R$ 9102.43
__________________________________________________
Fonte: Juarez Editora
118
Orçamento do livrorreportagem
Editora Comunicare
Total de páginas 243 páginas
Capa Papel couchê 250g/m² com verniz
Miolo Papel offset 75g/m²
Tiragem 900 exemplares
Preço por exemplar R$ 11,40
TOTAL R$ 11.400
__________________________________________________
Fonte: Comunicare
Gastos Totais
Total jornalistas R$ 6.147
Total webjornal R$ 2.370,00
Total livrorreportagem R$ 10.000,00
TOTAL R$ 18.517,00
119
8 CONCLUSÃO
momento, expressivo, até mesmo, porque é preciso que a leitura se torne um hábito
para eles. Hábito este, que a própria natureza do livrorreportagem fomenta, porque a
sistematização da informação com suporte dos meios de comunicação torna o
conhecimento um bem público, levando, então, a realidade do Tatuquara a pessoas
que o desconheçam, mas que ciente dele podem transformar-se e transformar a
região recém conhecida.
O webjornal, que é desenvolvido com a linha editorial de jornalismo cidadão,
da maneira como foi proposto, é um espaço vital de comunicação do bairro, pois é
ele que abriga as matérias realizadas pelos moradores que constituem não somente
o futuro do bairro, mas bem como o de Curitiba, que são os jovens.
Por meio do webjornal, a mídia deixou de ser uma janela para o mundo, e se
tornou o próprio mundo com muitas janelas, assim incorporando a característica da
web, onde os jovens participantes do projeto puderam não somente conhecer algo
diferente, mas também expor a sua realidade, sem precisar mais adotar a identidade
generalizada imposta à quase 1,9 milhões de habitantes, identidade essa, que não é
falaciosa, porém não é completa.
O raciocínio da instabilidade das identidades nacionais, e do mundo como a
unidade que se constrói na diversidade direciona o entendimento humano para o
pensamento filosófico que originou os primeiros conceitos sobre a identidade, de
que ela se faz pela unicidade e, portanto, pelo o que é único, revelando que um
morador do Tatuquara não diverge somente de um morador da região Central de
Curitiba, mas muitas vezes ele diverge do seu próprio vizinho, e que identidade é
algo próprio, único, igual e verdadeiro de cada sujeito. Desta forma, os meios de
comunicação, principalmente com a internet, tendem a ser mais pluralistas e tornar-
se-ão espaço de desfragmentação das identidades que eles mesmos projetaram.
121
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Suzana. Jornalismo online: dos sites noticiosos aos portais locais.
Campo Grande: Intercom, 2001. Disponível em:
<http://www.bocc.uff.br/pag/barbosa-suzana-jornalismo-online.pdf>.
Acesso em: 2 jun. 2010.
GIUNTINI, Guilherme. Ruas Digitais traz sem teto para a internet. Entrevista
concedida a Priscila Jordão. Revista INFO Online, 27 maio. 2010. Disponível em: <
http://info.abril.com.br/noticias/internet/ruas-digitais-traz-sem-teto-para-a-internet-
27052010-54.shl>. Acesso em: 4 jun. 2010.
124
LEMOS, André. Nova esfera Conversacional. In: DIMAS, A. Künsch et al. Esfera
pública, redes e jornalismo. Rio de Janeiro: Ed. E-Papers, 2009, pp. 9 – 30.
Disponível em:
<http://www.andrelemos.info/artigos/NovaEsferaConversacional.pdf>.
Acesso em 8 jun. 2010.
LIMA, Walter. Novas funções para o jornalista. Entrevista concedida a Claudio Julio
Tognolli. Observatório da Imprensa, 14 maio. 2003. Disponível em:
< http://www.observatoriodaimprensa.com.br/artigos/eno140520031.htm>. Acesso
em: 11 jun. 2010.
RÁDIO DAS NAÇÕES UNIDAS. Pela primeira vez, população urbana supera a
rural no mundo. Organização das Nações Unidas, 19 abril 2007. Disponível em:
<http://www.unmultimedia.org/radio/portuguese/detail/155399.html>. Acesso em 12
jun.2010
em 7 jun. 2010.
TONELA, Celene. A procura do lugar: A luta pelo espaço urbano no Paraná. Rio de
Janeiro: UFRJ, 2006.
APÊNDICES
130
Nome:
___________________________________________________________________
____
1) Escreva o quê primeiro lhe vem à mente quando você lê a palavra Curitiba.
3) Escreva a primeira característica que lhe vem à mente quando você vê a palavra
“biarticulado”.
4) Ainda relacionado à Curitiba, escreva o que primeiro lhe vem à mente sobre a
expressão “segurança pública”.
5) Assinale a alternativa que, para você, pode ser uma localidade considerada,
nacional e internacionalmente, como modelo em desenvolvimento sustentável.
Campinas
6) “Ruas sujas, com lixo espelhado pelas calçadas. Descuido com a higiene pública.”
Classifique as cidades abaixo, colocando o número 1 (um) naquela que mais se
aproxima da definição acima e o número 5 (cinco) naquela que menos se parece
com a frase acima.
10) Escreva o que primeiro lhe vem à mente quando vê a palavra “Tatuquara”.
12) Associe:
11) Se uma pessoa de outra cidade pedisse para você descrever Curitiba citando
monumentos, pontos turísticos, praças ou ruas, quais você citaria? (liste três)
132
12) Escreva três serviços públicos que você considera bom ou excelente em
Curitiba.
13) Escreva o que primeiro lhe vem à mente com a palavra “Educação” na cidade.
14) Escolha três características abaixo que, em sua opinião, representam Curitiba:
Nome do
entrevistado(a):_______________________________________________________
_
Idade: ______ Tempo que hora no bairro:_________
End.:____________________________
Frequentou a escola?: sim ( ) não ( ) série:
Passado
Futuro