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Universidade do Estado do Rio de Janeiro

Instituto de Aplicação Fernando Rodrigues da Silveira – CAp UERJ


Professora: Raphaella Lira

METODOLOGIA DO ENSINO DE LEITURA E LITERATURA

1) Em sua aula inaugural, Roland Barthes afirma que “ o texto é o próprio aflorar da
língua, e é porque no interior da língua que a língua deve ser combatida, desviada:
não pela mensagem de que ela é o instrumento, mas pelo jogo de palavras de que ela é
teatro”. Por que Barthes afirma isso? Que tipo de impacto essa de visão da Literatura
tem no ensino da própria disciplina?

Roland Barthes faz tal afirmacão porque, para ele, a Literatura está
diretamente ligada à linguagem, sem diferenciar-se do texto e da escrita.
Essa visão da Literatura por Barthes impacta diretamente na didática e
forma de ensino da disciplina. Isto é, se entendido e adotado este princípio, o
ensino de Literatura deixa de ser uma decoreba de datas, nomes e episódios
importantes que levam à aprovação no vestibular e que classificam as
instituições escolares de acordo com a quantidade de livros aplicados como
paradidáticos em cada seguimento, para transcender a escola e ensinar ao
aluno princípios essenciais para a formação de um cidadão capaz de pensar
criticamente, julgar, gostar, desgostar e também proceder conscientemente
em coletividade, ou seja, a literatura e leitura como propiciação do contato
com a alteridade.
Concluiu-se assim, que, desfaz-se então, o conceito equivocado de
que ensino da Literatura como disciplina é o que faz do aluno um amante de
qualquer leitura ou um escritor excelente. Na verdade, a Literatura como
disciplina promove princípios essenciais para a formação como cidadão,
como alguém capaz de pensar criticamente, julgar, gostar, desgostar e
escolher.

2) Em sua obra Sem fins lucrativos, Martha Nussbaum critica o fato de a educação
contemporânea enfatizar cada vez menos produzir cidadãos íntegros e sim indivíduos
que se comportam como “máquinas lucrativas”. Apesar de muitas reflexões da autora
passarem pelas humanidades de maneira geral, é possível ver a relação estreita que
essas considerações possuem com o ensino de Literatura. Disserte sobre as reflexões
oferecidas por Nussbaum e a situação do ensino de Literatura no Brasil de hoje, tendo
em vista a relação oferecida pela autora entre a manutenção dos regimes democráticos
e o estudo de humanidades.
Não é novidade que o ensino de Literatura no Brasil de hoje,
infelizmente, ainda funciona de maneira contrária a tudo que se emprega e se
defende em qualquer curso de formação literária no país, isso porque,
pedagogicamente, o educador de Literatura acredita no propósito educativo e
na formação cidadã que a arte literária pode cumprir por meio da escola. No
que diz respeito a isso, Martha Nussbaum, em Sem fins lucrativos, levanta
problemáticas e sustenta a ideia de que o indivíduo não deve ser formado
com uma intenção lucrativa, econômica, e sim com uma finalidade cidadã.
Nesse sentido é que as humanidades são relevantes e fundamentais para o
aluno na escola, sobretudo a Literatura que permite uma interdisciplinaridade
e um observação contextualizada no ontem, no hoje e, num possível
amanhã.
A arte que outrora era apenas um quadro, uma cantiga, um livro, uma
fábula, uma crônica ou uma carta, veio a tornar-se uma disciplina curricular
(Literaturas), pois carrega em si histórias, costumes, povos, conquistas,
perdas e aprendizados que precisam ser passados em geração de modo
analítico, crítico e produtivo para a formação social futura.
Logo, as reflexões de Martha, levam o leitor a conclusão de que o
ensino de Literatura, quando executado de forma orientada, acompanhada,
discutida e revisitada, é capaz de contribuir para a manutenção dos regimes
democráticos e o estudo de humanidades para a consciência humana em
coletividade, ou seja, a literatura e leitura como propiciação do contato com a
alteridade.

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