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O ‘TREM DE FERRO’ QUE ‘PASSA’ A ORALIDADE: uma análise que aborda

a estética oral do poema de Manuel Bandeira.

Amanda Rodrigues Viana


Gabriel da Silva Conessa
Gustavo Henrique Alves de Lima
Heloise Aparecida Zina

A presente sequência didática tem como proposição uma abordagem que


complemente as discussões em sala de aula. Para tal estamos propondo sob o mote da
atual matéria, trabalhar o texto literário, por meio do poema “Trem de Ferro” de Manuel
Baneira(1936), a oralidade como uma especificação de linguagem que junto da
linguagem textual do gênero poético, estabelecem uma composição estética de
significados.
Com o intuito de trabalhar o poema em questão, destacando sobre a atenção
de linguagens para a composição do plano de significação vamos se embasar na
reflexão do que pode-se compreender por Linguagens. Assim como Patrick
Charaudeau1 afirma, entendemos por linguagem:
Do ponto de vista discursivo, todo ato de linguagem se realiza numa situação
de comunicação normatizada, composta pela expectativa da troca e pela
presença das restrições de encenação (contrato de comunicação e instruções
discursivas). Esta situação, com suas expectativas, define também a posição
de legitimidade dos sujeitos falantes: o “em nome do que se fala”. (p.59)

Para entender essa concepção e transpor para o ensino do texto literário,


vamos tomas as reflexões de ROJO e BARBOSA 2 sobre gênero discursivo, nas quais
afirmam que os gêneros e a teorias discursivas estarão presentes conosco, passando da
Grécia Antiga até chegar nas nossas salas de aulas atuais, da educação básica. Os
gêneros transpõem nossa vida diariamente e organizam nossa comunicação, ou seja, são
naturalizados pela linguagem. No livro ela vai em seus capítulos tentando guiar o
docente para que ele consiga abordar o texto literário, ao mesmo tempo considerando

1
CHARAUDEAU, Patrick. O discurso propagandista: uma tipologia. 1 Tradução de Emilia Mendes e
Judite Ana Aiala de Mello. In:  MACHADO, IL; MELLO, R. Análises do discurso hoje.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, v. 3, p. 57-78, 2010.
2
ROJO, Roxane Helena. BARBOSA, Jacqueline. Hipermodernidade, multiletramento e gêneros
discursivos. 1. Ed. São Paulo: Parábola Editorial, 2015.
todas as suas esferas de sentido. A leitura da literatura não é uma decodificação, mas
sim uma incorporação de valores, como já dizia Antonio Candido3:
Alterando um conceito de Otto Ranke sobre o mito, podemos dizer que a
literatura é o sonho acordado das civilizações. Portanto, assim como não é
possível haver equilíbrio psíquico sem o sonho durante o sono, talvez não
haja equilíbrio social sem a literatura. Deste modo, ela é fator indispensável
de humanização e, sendo assim, confirma o homem na sua humanidade,
inclusive porque atua em grande parte no subconsciente e no inconsciente.
Neste sentido, ela pode ter importância equivalente à das formas conscientes
de inculcamento intencional, como a educação familiar, grupal ou escolar.
Cada sociedade cria as suas manifestações ficcionais, poéticas e dramáticas
de acordo com os seus impulsos, as suas crenças, os seus sentidos, as suas
normas, a fim de fortalecer em cada um a presença e atuação deles. (p.04)

Ao dizer isso, Candido está conceituando o que por ele é dito no início do
texto, que ao se falar do futuro dos homens, todas as perspectivas são negativas, com o
limite da de recursos naturais, a fome, a sede, a doença que são coisas presentes da
sociedade mais pobre, lhe negando varias coisas. Porém a propagação de arte e
literatura é a manifestação universal de todos os homens em todos os tempos, uma vez
que não há povo ou homem que possa viver sem ela, isto é, sem a possibilidade de
entrar em contato com alguma espécie de fabulação. Assim atua-se como um
instrumento social muito importante para a instrução e educação.
Pensando nessa possibilidade sob o ensino de literatura, também é possível
pensar sobre a leitura, que deve e pode ser ensinada, como qualquer outro conteúdo, e,
para tanto, é necessário método, empenho e organização das aulas por parte dos
professores, em especial do professor de Língua Portuguesa. Entendemos que o método
proposto pelas Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa para os anos finais do
Ensino Fundamental e Ensino Médio (2008) embasado na Estética da Recepção é um
caminho válido e que pode tornar as aulas de leitura mais coerentes, práticas e
agradáveis, pois a Estética da Recepção tem como um de seus pressupostos a leitura
como fruição. Segundo Campos4:
O método recepcional é contrário às tradicionais teorias dominantes, uma vez
que o ponto de vista do leitor é fator imprescindível, e defende a idéia do
relativismo histórico e cultural, que se apóia na mutabilidade do objeto, assim
como da obra literária dentro de um processo histórico. Trata-se, portanto, de
um método eminentemente social, pois há uma constante interação das
pessoas envolvidas, considerando-as sujeitos da História. A obra literária é
uma estrutura lingüístico-imaginária, constituída por pontos de
indeterminação e de esquemas de impressões sensoriais, que – no ato da
criação ou leitura – serão preenchidos e atualizados, transformando o
3
CANDIDO, Antonio. Direitos humanos e literatura. In: A.C.R. Fester (Org.) Direitos
humanos E..., Cjp/Ed. Brasiliense, 1989.
4
CAMPOS, Amanda Ferreira. A formação do leitor através do método recepcional. Cadernos de Ensino
e Pesquisa da FAPA-n, 2006.
trabalho artístico do criador em objeto estético do leitor. Estamos diante,
portanto, de um ato de comunicação entre escritor-obra-leitor. (2006: p. 42)

A partir do método chegaremos ao aluno de forma efetiva, dando-lhe


subsídios para uma melhor leitura, que será construída passo a passo. Aos poucos, o
aluno vai se familiarizando com os textos, escritores e livros, aos poucos vão
descobrindo que a leitura é fruição, é prazer e não apenas obrigação. Ao trabalhar com
a poesia na perspectiva recepcional retomamos o lúdico, o mágico, o sentimental,
partimos da realidade dos alunos, daquilo que eles podem entender e chegarmos aos
clássicos.
Já dizia Itálo Calvino5, os clássicos são livros que atingem particularmente,
de forma inesquecível, se ocultando na memória, mimetizando-se com o inconsciente
coletivo e individual.
Construímos sentidos para este tipo de leitura, levando-os a perceberem a
poesia no mundo e na vida. No seu texto Ordine 6, nos diz que dinheiro por dinheiro,
poder pelo poder, é uma lógica desumana e que no universo do utilitarismo, um martelo
vale mais que uma sinfonia. Então, como professores precisamos quebrar esse
utilitarismo, e, sendo de língua portuguesa, temos que fazer isso com base o texto
literário.
Ler poesias é antes de tudo apropriar-nos de um universo mágico, capaz de
seduzir nossos alunos, é conhecermos estruturas em versos, com rimas ou não, com
estrofes ou não. É sermos capazes de ler nas entrelinhas, enxergarmos a denúncia, a
mensagem de amor ou de ódio, o encantamento ou desencantamento do eu lírico com a
vida e com o mundo. Também temos esses valores, trabalhados no texto do T.S.
ELIOT7, como quando ele afirma:
[...]poesia é uma constante advertência a tudo aquilo que só pode ser dito em
uma língua, e que é intraduzível [...] há sempre comunicação de alguma nova
experiência, ou uma nova compreensão do familiar, ou a expressão de algo que
experimentamos e para o que não temos palavras — o que amplia nossa
consciência ou apura nossa sensibilidade. (p. 05)

Pensando nisso, sobre o eu lírico, temos a ideia apresentada pela Salete8, que
nos diz sobre o sujeito lírico é quem efetua as escolhas de linguagem em um texto, sua

5
CALVINO, Italo. Porquê ler os clássicos?. Leya, 2015.
6
ORDINE, Nuccio. A utilidade do inútil: um manifesto. Zahar, 2016.
7
ELIOT, T. S. De poesia e poetas. São Paulo: Brasiliense, 1991. (p. 25-37)
8
CARA, Salete A. A poesia lírica. 3° edição. São Paulo: Ática, 1989. 
existência brota da estruturação do texto. E o leitor participa das operações efetuadas
pelo sujeito lírico, pois o leitor é a metade indispensável à significação do texto.
Ainda em seu texto, ela fala sobre a poesia moderna, uma vez que o autor
está presente na faze modernista, para ela o poeta moderno usa-se da linguagem
alegórica e fragmentada para dialogar com a tradição. Quanto mais são utilizadas as
próprias possibilidades internas da linguagem - ritmo, sonoridade, ambiguidade de
sentidos, organização inédita de imagens e associações criativas - abandonando regras e
modelos, o fenômeno lírico se expande e se emancipa.
Ao que se diz, sobre o eu lírico, ela ainda lembra que não se deve confundir
o sujeito lírico com o poeta. O sujeito lírico não se refere a uma determinada pessoa, e o
poema também não é apenas um “armazém de emoções”. O sujeito lírico é o próprio
texto, e é apenas no texto que o poeta real transforma-se em sujeito lírico. “Mesmo
naqueles textos para cuja total compreensão a biografia do autor pode ajudar, o “eu” que
fala no poema não se refere apenas ao poeta que escreveu o texto” (1989, p 48).
Mas como estamos falando desses valores por meio do ensino de língua
portuguesa, é preciso apresentar esse ensino sempre pensando no ‘texto’ como a porta
de entrada para esses assuntos, ou seja, é preciso se ater ao corpus literário para o ensino
de língua. Devido isso pensamos sobre o método recepcional.
Mas para esse método obter sucesso, o professor precisa ser um papel
fundamental disso, necessário se envolver desde o primeiro passo, a sondagem dos
horizontes de expectativas dos alunos, só então, conscientes da realidade da sala em que
iremos trabalhar, dos conhecimentos que a turma já tem ou não tem sobre o que será
trabalhado é que efetivamente poderemos preparar nosso material. Este é, sem dúvida, o
ponto de partida para trabalharmos este método. Todo leitor possui, mesmo antes de
entrar em contato com uma obra, um horizonte de vida, de mundo, horizonte de valores,
decorrentes de suas experiências. Esse horizonte, diante da obra literária, sofrerá
alterações ou ficará inalterado.
(...) o texto pode confirmar ou perturbar esse horizonte, em termos das
expectativas do leitor, que o recebe e julga por tudo o que já conhece e aceita.
O texto, quanto mais se distancia do que o leitor espera dele por hábito, mais
altera os limites desse horizonte de expectativas, ampliando-os. Isso ocorre
porque novas possibilidades de viver e de se expressar foram aceitas e
acrescentadas às possibilidades de experiência do sujeito. Se a obra se
distancia tanto do que é familiar que se torna irreconhecível, não se dá a
aceitação e o horizonte permanece imóvel. (AGUIAR E BORDINI9 1993,
p.87).

9
AGUIAR,Vera Teixeira; BORDINI, Maria da Glória. Literatura e Formação do leitor: alternativas
metodológicas. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1993.
O professor deve olhar o processo de cada leitura do aluno, sua capacidade
de comparar e contrastar todas as atividades realizadas, sua atuação e a do grupo,
chegando a uma leitura mais exigente que a inicial em termos estéticos e ideológicos.
Aguiar e Bordini (1993, p.85) afirmam que: “(...) a atividade de leitura fundada nos
pressupostos teóricos da estética de recepção deve enfatizar a chamada “obra difícil”
uma vez que nela reside o poder de transformação de esquemas ideológicos passíveis de
crítica”.
Para isso é preciso entender como a língua se articula, como se constrói a
proposta de conteúdo idealizado na manifestação do escrever desse ator literário –
sujeito ideológico – eu lírico. Que o sujeito, que detêm de uma ideologia, vontade em
dizer, para entender como ele está dizendo isso, qual os recursos da língua que
possibilitam essa expressão. Pensando nisso, é preciso dialogar com a ideia também
presente no livro, de KLEIMAN e SEPULVEDA 10, que elas vão discutir sobre o ensino
de gramática na escola. O livro já se inicia com a seguinte afirmação, a língua, é uma
arma carregada, saber usá-la é ter poder.
Por esse meio, iremos apresentar a construção do poema, não apenas em sua
definição, mas em seu uso, possibilitando uma leitura dessa produção, que não apenas a
decodificação habitual proposta.
Fiorin (2014)11, no começo do seu livro, afirma:
A escola ensina os alunos a ler e a escrever orações e períodos e exige que
interpretem e redijam textos. Algumas pessoas poderiam dizer que essa
afirmação não é verdadeira, porque hoje todos os professores dão aulas de
redação e de interpretação de textos. [...] pede que os alunos escrevam sobre
ele (texto), corrige erros localizados na frase. A aula de interpretação de texto
consiste em responder a um questionário com perguntas que não representam
nenhum desafio intelectual ao aluno e que não contribuem para o
entendimento global do texto. (p. 10)

Pensando sobre essas questões, a proposta tem a intenção de realizar uma


leitura crítica sobre o texto literário, para que seja possível perceber os valores
ideológicos que se estão presentes nesse discurso, questionando. É preciso refletir sobre
a articulação estética realizada por ele, que possibilita realizar uma leitura mais ampla
do texto literário, a partir disso é permitido alcançar no texto literário a humanização,
proposta por Cândido.
10
KLEIMAN, Angela. SEPULVEDA, Cida. Oficina de Gramática: Metalinguagem para Principiantes. 2
ed. Campinas: Pontes Editores, 2012.

11
FIORIN, José Luiz. Elementos de análise do discurso. 15ªed. São Paulo: Editora Contexto, 2014.
PÚBLICO ALVO
O público alvo será os alunos do 1º ano do ensino médio.

TEMA
O ‘TREM DE FERRO’ QUE ‘PASSA’ A ORALIDADE: uma análise que aborda
a estética oral do poema de Manuel Bandeira.
O mote dessa atividade é a apresentação de uma leitura que se valha de uma interpretação, que
rompa os limites das definições da gramática normativa, será feita ainda uma análise estrutural.
Entretanto estimulando a manifestação ideológica desse ator narrativo que se apresenta na
forma gênero textual e sendo possível identificar a discursividade.

OBJETIVOS
 Estimular o exercício de uma leitura interpretativa que fuja do olhar, que
o texto literário é apenas um gênero textual;

 Apresentar que o ensino de literatura que deve ter como foco o ensino do
texto literário e a partir dele apresentar a manifestação da técnica da forma x
conteúdo no texto;

 Evidenciar que a leitura crítica sobre os enunciados;

 Produzir um texto dissertativo, que exprima os fatores discutidos;

CONHECIMENTO PRÉVIO.
- O alunos precisam conhecer já sobre os gêneros textuais.
- Verbos e suas modalidades verbais e pessoais.
- O que levou ao movimento modernista.
- Conhecimento extra a aula de língua português: revolução industrial,
globalização.

ATIVIDADE 1
O alunos irão ler o poema “Trem de Ferro”, de Manoel Bandeira.
publicado em 1936, em Estrela da Manhã. Em 2004, o mesmo poema foi inserido na
Coleção Magias Infantil da Global Editora, enriquecido pelas ilustrações de Gian
Calvi. Em 2013, a obra ganha uma nova edição com capa reformulada e formato
diferente.
Poema:
Café com pão Debruçada
Café com pão Que vontade
Café com pão De cantar!
Virge Maria que foi isto maquinista? Oô…
Agora sim Quando me prendero
Café com pão No canaviá
Agora sim Cada pé de cana
Café com pão Era um oficia
Voa, fumaça Ôo…
Corre, cerca Menina bonita
Ai seu foguista Do vestido verde
Bota fogo Me dá tua boca
Na fornalha Pra matá minha sede
Que eu preciso Ôo…
Muita força Vou mimbora voou mimbora
Muita força Não gosto daqui
Muita força Nasci no sertão
Oô.. Sou de Ouricuri
Foge, bicho Ôo…
Foge, povo Vou depressa
Passa ponte Vou correndo
Passa poste Vou na toda
Passa pasto Que só levo
Passa boi Pouca gente
Passa boiada Pouca gente
Passa galho Pouca gente…
De ingazeira

Em seguida o professor discutirá com os alunos sobre alguns aspectos do poema


propondo as seguintes questões:

- O que percebemos ao ler o poema? (nessa parte caso os alunos não tenham entendido
a questão, o professor faça algumas questões do tipo: temos repetição? Temos verbos? Tem alguma
palavra diferente para vocês?)

Obs: Aqui o professor, já pode falar que a o poema tem a imitação sonora de um trem em
movimento. Que isso numa forma estrutural do verbo temos a marcação pelo número de
sílabas poéticas no verso: quando está indo veloz e há trissílabos, quando perde
velocidade possui quatro ou cinco sílabas poéticas. Que temos uma linguagem simples,
opaca chama a atenção sobre si. A escolha das palavras, dos sons e das repetições
possibilita ao leitor uma interpretação mais vívida do conteúdo.
- Quais são as marcas de oralidade? (algumas dessas marcas: prendero, canaviá, mata,
mimbora, )

Obs: Nessa questão o professor já apresente algumas informações, que já vão compor a
proposta da atividade. Ex: devido essa marca de oralidade, já é possível perceber um
traço de regionalidade, que traço é esse? Que se manifesta na supressão do fonema final,
um marcar de regionalização da ‘fala’ do caipira. Saliente que é fala, porque o aluno
precisa entender que esse manifestar textual está marcado em uma ação de fala, precisa
entender esse recurso do poema, como um recurso que tem a intenção de aproximar esse
falante da situação que fecha o poema.

- É possível encontrar um contexto histórico no poema?

Obs: Nessa parte, o professor jogue como dica o ano em que o poema foi escrito,
pergunte nessa época o que estava ocorrendo no Mundo –> Brasil. Assim vai ser possível
trazer para a discussão do poema uma manifestação cultural histórica da época, porque
para chegar no “Assunto de trem”, precisa mostrar que o poema tem como embate social
presente na época essas questões. Com isso é possível resgatar os valores que Candido
já dizia da literatura sendo a manifestação universal de todos os homens de todos os
tempos.

Levando em conta o sócio-construtivisto de Vygotsky e as propriedades do


campo, ditas por Bourdieu. Essa atividade permite discutir valores que pensam a
caracterização desses sujeitos enquanto sujeitos sociais.

Para pensar sobre, temos:


Antes o poema...
Revolução Industrial no Brasil: Enquanto na Europa acontecia a Revolução Industrial, o Brasil,
ainda colônia portuguesa, estava longe do processo de industrialização. Isso no sec. XVIII.
A industrialização no Brasil só começou verdadeiramente em 1930, cem anos após a Revolução
Industrial Inglesa. Durante o governo de Getúlio Vargas, a centralização do poder no Estado
Novo criou condições para que se iniciasse o trabalho de coordenação e planejamento
econômico, com ênfase na industrialização por substituição de importações.

Pós o poema...
O café foi o principal produto de exportação brasileira até 1930, época em que Manuel Bandeira
criou o poema Trem de ferro. Para que a produção do café pudesse chegar ao Porto de Santos
com maior rapidez, foram construídas ferrovias até a cidade de Santos (SP).
A Segunda Guerra Mundial, iniciada em 1939, trouxe uma desaceleração para a industrialização
no Brasil, uma vez que interrompeu as importações de máquinas e equipamentos.
Mesmo assim, o Brasil através de acordos com os Estados Unidos, consegue fundar a
Companhia Siderúrgica Nacional (1941) e a Usiminas (1942).
Após o conflito, o Estado retornaria suas atividades de investidor e impulsionaria a criação de
indústrias como a Petrobras (1953).
Material de apoio.
Para que o professor possa trabalhar esses primeiros aspectos, do poema, algumas
informações sobre Manuel de Barros precisam ser adotadas, para que seja junto do texto,
também abstraído esse nome de importância literária brasileira. O aluno precisa conhecer isso
para até que depois possa realizar demais leituras.

Manuel Bandeira foi um escritor brasileiro, além de professor, crítico de arte e historiador


literário. Fez parte da primeira geração modernista no Brasil.
Com uma obra recheada de lirismo poético, Bandeira foi adepto do verso livre, da língua
coloquial, da irreverência e da liberdade criadora. Os principais temas explorados pelo escritor
são o cotidiano e a melancolia.
Manuel Bandeira publicou uma vasta obra até sua morte, desde contos, poesias, traduções e
críticas literárias.
Junto ao movimento literário do modernismo, colaborou com publicações em algumas
revistas como a klaxon  e a Antropofagia.
Na Academia Brasileira de Letras (ABL), Manuel Bandeira foi o terceiro ocupante da Cadeira
24, eleito em 29 de agosto de 1940. Anteriormente, o lugar esteve ocupado pelo escritor Luís
Guimarães Filho.
O autor busca uma escrita direta e simples, apesar de conhecer e utilizar muitas vezes as
formas clássicas de estruturação de poemas. Bandeira atuou como professor de literatura,
então, possuía muito conhecimento sobre o tema, fazendo uso das métricas usuais das poesias
rígidas. 
Doente, Bandeira tinha medo de morrer e colocava essa angústia em suas obras. Outros
poemas apresentam a busca pela alegria da vida, apesar dos problemas. O cotidiano também é
muito presente em sua obra, assim como uma certa nostalgia, lembrança dos tempos de
infância. 
Com extensa obra literária, é possível perceber o tradicionalismo e a liberdade em diferentes
poemas. A morte, o amor, a solidão estão presentes na sua poesia, da mesma forma que o

ATIVIDADE 2
Depois desse primeiro contato com o poema, os alunos irão ver/ouvir, uma versão
desse enunciado. Que foi inserida no programa Castelo Rá-tim-bum, ná década de 90.
Passar o vídeo no link: https://www.youtube.com/watch?v=4UWWxXUab7M
Então concluir com a discussão tendo como mote os dois enunciados. Realizando
as seguintes questões
- O que percebemos agora com a versão oral, feita pelo personagem “Gato
Pintado”?
(nessa parte vamos discutir a presença da voz ao poema, como por meio desse
narrar vamos perceber a sonorização que se constrói nos versos.)
Obs: É dado um destaque especial à leitura do poema, observando a postura, a entonação
do poema, que colaboram para a construção do significado do texto. Os recursos de repetição
das palavras, tamanho dos versos e rimas também são enfocados. Por fim, o trabalho de
compreensão permite que o aluno se conscientize das possibilidades criadoras da palavra e
desenvolva a apreciação estética.
Na primeira estrofe não há nada no verso “café com pão”, que imediatamente direcione o
pensamento a um trem, não há mesmo qualquer referência direta. No entanto, a repetição desse
verso produz uma sequência de sons oclusivos e explosivos, que em alternância com sons
fricativos se assemelha ao barulho proveniente do deslocamento de uma locomotiva sobre
trilhos.
Há em outros versos uma série de sons consonantais capazes de imprimir à leitura uma
cadência que sugere a ideia de deslocamento em diferentes velocidades. A repetição o verso
“muita força”, por exemplo, se dá em um ritmo de leitura mais lento, como se representasse o
deslocamento por um trajeto elevado, daí a necessidade de mais fogo na fornalha.
Já nas ocorrências de “passa ponte/passa poste/passa pasto”, entre outros transmite a
ideia de um deslocamento mais veloz foi retomado e o trem passa ligeiramente pela paisagem.
-É importante mostrar a presença dos verbos, uma vez que o verbo descreve uma ação, o
poema se vê tomado de ações, uma seguida da outra, com isso temos o descrever, que
podemos associar a rotina das pessoas daquela época, que era algo de intensa ação e correria.
- A ambiguidade de alguns verbos.

ATIVIDADE 3
O professor vai realizar uma proposta avaliativa, no formato de produção
textual dissertativa. Mas antes de solicitar a avaliação, vai apresentar a seguinte
objetivo:
- Passada as discussões sobre a leitura sempre precisar algo que deve ser
feito de forma crítica e atenta para a execução da linguagem. Onde a escolha das
palavras e o uso, vão ser capazes de representar os seus posicionamentos diante o tema
do texto.
- Considerando todos os pontos levantados durante as discussões, os alunos
deverão realizar um texto no formato dissertativo-argumentativo que tente traduzir por
meio da articulação da linguagem uma análise sobre o poema que considere todos esse
aspectos que precisam ser levados em conta quando se realiza a leitura de um
enunciado, em especial o texto literário.

DURAÇÃO
A sequencia didática terá duração de 06 horas aulas. Que será disposta da seguinte
forma
2 horas aulas – Atividade 01
2 horas aulas – Atividade 02
2 horas aulas – Atividade 03

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