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Todo o mundo sabe que a força de vontade pode ajudar na realização de metas. Conheça
4 coisas que aumentam a força de vontade.

A força de vontade, ou autocontrole, é definida como o esforço de controle de uma pessoa sobre si
mesma.

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Ela ocorre quando alguém tenta mudar a sua maneira de pensar, sentir ou se comportar, visando o seu
melhor interesse.

No entanto, a força de vontade não é algo fácil de se ter. Mas há maneiras de aumentarmos o nosso
autocontrole, de forma a alcançarmos os objetivos que desejamos. Veja em seguida algumas das coisas
que podem aumentar a força de vontade.

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Os fatores que precisam ser levados em conta

Antes de falarmos sobre as várias formas de aumentar a nossa força de vontade, é importante saber
como e por que é tão difícil de mantê-la. O consenso geral é de que o cérebro só pode lidar com uma
quantidade limitada de autorregulação antes de seu foco começar a escorregar.
Como o trabalho do psicólogo Roy Baumeister da Universidade Estadual da Flórida (EUA) mostrou, a
força de vontade é basicamente um recurso limitado. Como combustível, é gasta quando controlamos
nossos pensamentos, impulsos ou sentimentos, ou quando mudamos o nosso comportamento na busca
de objetivos.

Quando realizamos com sucesso uma tarefa que requer determinado foco, nos tornamos menos
persistentes em uma segunda tarefa não relacionada. Em um experimento interessante, participantes
famintos foram convidados para comer rabanetes, enquanto outros receberam biscoitos de chocolate.

Depois, aqueles que foram convidados a comer rabanetes – ou seja, aqueles que tiveram que exercer
força de vontade – desistiram muito mais rápido de resolver um quebra-cabeça complicado do que os
outros.

Parte do problema é que a força de vontade requer um fluxo incessante e aparentemente interminável
de tomada de decisão. Isso resulta em “fadiga de decisão”, um fenômeno que trabalha para diminuir o
autocontrole. A pesquisa científica sugere que as pessoas não se dão bem quando são apresentadas
com muitas opções; é simplesmente muito desgastante.

Por outro lado, um estudo recente descobriu que uma forte crença no livre-arbítrio pode tornar a
tomada de decisões mais agradável, aumentando a nossa satisfação com nossas escolhas depois que as
fazemos. Além disso, assistir a reprises de programa que gostamos pode realmente ajudar a restaurar
nossa força de vontade.

Um estudo mostrou que programas familiares a nós servem como uma forma de “substituto social”.
Interações sociais positivas podem aumentar a força de vontade das pessoas, e como reprises são
previsíveis (já sabemos que gostaremos do programa; não é uma interação cheia de estresse e
ansiedade), elas realmente podem proporcionar efeitos benéficos não apenas para o autocontrole, mas
para a concentração e o humor também.

Segundo a psicóloga Kelly McGonigal, da Universidade Stanford (EUA), a força de vontade acalma o
corpo para se concentrar na tomada de decisão intencional, e envia energia extra para o córtex pré-
frontal. Ela recomenda foco em alguma coisa para conseguir um fluxo mental e se distanciar do
pensamento negativo.

Da mesma forma, divagação mental é prejudicial (algo que pode ser análogo a ter muitas opções, o que
por sua vez causa fadiga de decisão). A força de vontade, assim, pode ser pensada como um músculo, e
meditação e exercício físico podem exercitá-la.

Comer x força de vontade

Em 2011, um estudo israelense analisou 1.112 sentenças judiciais em um período de 10 meses feitas por
oito juízes. Eles queriam observar a probabilidade dos juízes de conceder liberdade condicional a
prisioneiros.

Resultado: eles eram muito mais propensos a conceder liberdade condicional no início do dia, logo
depois de comer uma refeição, do que no final do dia, algumas horas após a última refeição.

Este trabalho se encaixa muito bem com outros estudos que mostram que a fadiga de decisão pode ser
atribuída a uma depleção de glicose no cérebro – uma descoberta que também combina muito bem
com as dificuldades de quem faz dieta.

Alguns pesquisadores creem que o autocontrole, que acontece no cérebro, depende de glicose como
fonte de energia. Na verdade, como Robert Sapolsky aponta em um artigo do Wall Street Journal, o
cérebro requer muita energia. Em repouso, absorve cerca de 25% do nosso “banco” de glicose, apesar
de constituir apenas 3% do nosso peso corporal.

Quando a “carga cognitiva” é aumentada em nosso córtex pré-frontal, exibimos menos autocontrole
sobre tarefas subsequentes; nossos níveis de glicose despencam. Ao mesmo tempo, nosso autocontrole
melhora se saboreamos bebidas açucaradas durante a tarefa.

Constante durante toda a vida

A base neurológica da força de vontade foi estudada a longo prazo por BJ Casey da Universidade de
Cornell. Sua obra é uma continuação de um experimento de Stanford da década de 1960, quando
psicólogos submeteram crianças de 4 anos de idade a um teste de autocontrole.

Elas foram colocadas em uma pequena sala com um marshmallow e informadas de que poderiam
comer o doce imediatamente, ou poderiam esperar o pesquisador voltar dali 15 minutos e comer dois
doces. A maioria das crianças esperou, mas alguns não conseguiram.

Estudos de acompanhamento mostraram que os que esperaram (ou seja, que exerceram mais
autocontrole) eram menos propensos a ter problemas de comportamento, de dependência de drogas e
de peso mais tarde na vida. Além disso, se saíram melhor no vestibular.

O cérebro dos que esperaram mostrou mais atividade em uma região do córtex pré-frontal associada
ao controle dos impulsos e comportamento. Enquanto isso, os que não esperaram tiveram maior
ativação de uma região mais profunda do cérebro associada ao prazer, desejo e vício. Pode-se dizer que
as pessoas com mais autocontrole têm melhores “freios mentais”.

Isso foi reforçado por um trabalho recente de Casey com o mesmo grupo de indivíduos 40 anos depois,
que concluiu que a nossa força de vontade é consistente ao longo de nossas vidas inteiras. Mas isso não
significa que, se você for uma pessoa que simplesmente não tem bons freios mentais, você está fadado
ao fracasso.

Pessoas assim têm características que são consideradas importantes para a sociedade. Adiar a
gratificação pode ser a escolha errada em certas situações. As pessoas que seguem seus impulsos
emocionais podem se tornar grandes exploradores ou empresários, por exemplo.

Como aumentar sua força de vontade

Em resumo, aqui estão algumas coisas que você pode fazer:

Estar ciente de que você usa sua força de vontade em uma base contínua e que ela se desgasta –
isso pode ajudar quando você for confrontado com um fluxo constante de tomada de decisão;
Como a tomada de decisão é fatigante, a sua capacidade de tomar boas decisões será
comprometida por excesso de escolhas e níveis de energia baixos. Assim, tente limitar seu
número de opções, sempre que possível, reduzir o número de decisões “críticas” que você toma
em uma base diária, e impulsionar o seu cérebro com uma bebida açucarada (você nem sequer
precisa engolir a bebida – apenas sentir seu gosto);
Concentre-se em uma tarefa ou problema singular para alcançar foco e evite o pensamento
negativo;
Evite divagação mental;
Desvie seus pensamentos de potenciais tentações;
Aceite que você tem mais vontade do que pensa;
Ao se deparar com uma tarefa que requer muito autocontrole, você terá mais força de vontade se
optar por assistir programas ou filmes ou reler livros familiares;
Medite e faça exercício físico. [Hypescience]

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