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VIESES COGNITIVOS

Também conhecidos como distorção cognitiva, os vieses cognitivos são erros de pensamentos
sistemáticos na forma como indivíduos interpretam uma situação (Knapp, 2004). De acordo com
Rangé (2011) a visão negativa que o indivíduo tem de si, do outro e do ambiente são enviesados
por distorções de pensamento que são específicas de sua patologia. Por exemplo, uma pessoa
com depressão as distorções influenciam na visão negativa de si, do outro, do futuro, enquanto
nos estados ansiosos, as distorções levam a uma subestimação da capacidade de enfrentamento
e à uma superestimação dos riscos internos quanto externos. Nesse sentido é importante
comentar que é objetivo da terapia cognitiva comportamental corrigir os erros de pensamento
apresentado pelos clientes durante o tratamento.

Judith Beck (2022) apresenta uma lista com doze tipos de erros no pensamento, a saber:
pensamento do tipo tudo ou nada, catastrofização (adivinhação), desqualificação ou
desconsideração do positivo, raciocínio emocional, rotulação, maximização/minimização, filtro
mental, leitura mental, generalização, personalização, declarações do tipo “deveria” e “tenho
que”.

Pensamento do tipo tudo ou Também denominado Exemplo: “Se eu não for um


nada pensamento em preto e sucesso total, sou um
branco, polarizado ou fracasso.”
dicotômico. Você vê uma
situação em apenas duas
categorias, e não em um
continuum.
Catastrofização Também denominada Exemplo: “Vou ficar tão
(adivinhação) adivinhação. Você prevê o perturbado que serei
futuro negativamente sem absolutamente incapaz de
considerar outros desfechos funcionar.
mais prováveis.
Desqualificação ou Você irracionalmente diz a si Exemplo: “Executei bem
desconsideração do positivo mesmo que experiências aquele projeto, mas isso não
positivas, ações ou significa que sou
qualidades não contam. competente; apenas tive
sorte.”
Raciocínio emocional Você acha que alguma coisa Exemplo: “Sei que faço bem
deve ser verdadeira, pois muitas coisas no trabalho,
“sente” isso (na verdade mas ainda acho que sou um
acredita nisso) muito fracasso.”
fortemente, ignorando ou
desconsiderando evidências
em contrário.
Rotulação Você coloca um rótulo fixo Exemplo: “Sou um
global em si mesmo ou nos perdedor”; “Ele não é bom.”
outros, sem considerar que
as evidências podem mais
sensatamente conduzir a
uma conclusão menos
extrema.
Maximização/minimização Quando avalia a si mesmo,
Exemplo: “Receber uma
outras pessoas ou uma avaliação medíocre
situação, você
comprova o quanto sou
irracionalmente maximiza o
inadequado. Receber notas
negativo e/ou minimiza o
altas não significa que sou
positivo. inteligente.”
Filtro mental Também denominado
Exemplo: “Como recebi uma
abstração seletiva. Você
nota baixa na minha
presta atenção indevida a um
avaliação [que também
detalhe negativo em vez de
continha várias notas altas],
ver o quadro mais amplo.
isso significa que estou
fazendo um péssimo
trabalho.”
Leitura mental Você acredita que sabe o que Exemplo: “Ele está achando
os outros estão pensando, que eu não sei nada sobre
deixando de considerar este projeto.”
outras possibilidades mais
prováveis.
Generalização excessiva Você tira uma conclusão Exemplo: “Como me senti
negativa abrangente que vai desconfortável na reunião,
muito além da situação atual. não tenho o que é necessário
para fazer amigos.”
Personalização Você acredita que outros Exemplo: “O funcionário foi
estão agindo de forma rude comigo porque fiz
negativa por sua causa, sem alguma coisa de errado.”
considerar explicações mais
plausíveis para o
comportamento deles.
Declarações do tipo Também denominadas Exemplo: “É terrível que eu
“deveria” e “tenho que” imperativos. Você tem uma tenha cometido um erro. Eu
ideia fixa precisa de como deveria sempre dar o melhor
você ou os outros devem de mim.”
agir, e superestima o quanto
será ruim se essas
expectativas não forem
atingidas.
Visão em túnel Você só vê os aspectos Exemplo: “O professor do
negativos de uma situação. meu filho não sabe fazer
nada direito. Ele é crítico,
insensível e péssimo para
ensinar.”
Retirado de: Beck, J. S. (2022). Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. (3. ed.). Artmed.
Além de considerar a lista acima, salienta-se que em pensamento possa haver mais de uma
distorção cognitiva. A autora diz que a identificação das distorções pelos clientes pode ajuda-los
a se manterem distantes de seus pensamentos.

Referências:

Beck, J. S. (2022). Terapia cognitivo-comportamental: teoria e prática. (3. ed.) Artmed


Editora.
Knapp, P. (2004). Terapia cognitivo comportamental na prática psiquiátrica/ organizado
por Paulo Knapp – Porto Alegre: Artmed, 2004.

Rangé, B. (2011). Psicoterapias cognitivo-comportamentais: um diálogo com a


psiquiatria/ Bernard Rangé ... [et al.]. - 2 ed. – Porto Alegre: Artmed.

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