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COLOSSENSES 2.4,8
INTRODUÇÃO
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povo judeu dependia do caráter físico dessa pratica, não do espiritual. Uma simples
operação física não pode jamais transmitir graça espiritual.
A circuncisão que esses falsos mestres exigiam era apenas uma incisão exterior, e não uma
transformação interior. Os falsos mestres não fizeram uma leitura correta do Antigo
Testamento, pois a essência do ensino veterotestamentario sobre a circuncisão consistia em
que essa era a marca externa do homem consagrado internamente a Deus. Por isso a Bíblia
fala de lábios circuncidados (Ex 6.12) e coração circuncidado (Lv 26.41). Os falsos mestres
só podiam circuncidar o prepúcio do homem, enquanto Cristo podia circuncidar seu
coração. Os homens só podem fazer uma incisão na carne, algo externo, mas Cristo, e só
Ele, pode fazer uma transformação interna. A circuncisão de Cristo e diferente da judia.
A circuncisão judia era uma cirurgia externa; a de Cristo e no coracao;
a circuncisao judia era apenas de uma parte do corpo; a de Cristo, de todo o corpo;
a circuncisao judia era feita pelas maos; a de Cristo foi feita pelo Espirito Santo;
a circuncisão judia nao podia ajudar as pessoas espiritualmente; a de Cristo capacita o
homem a vencer o pecado.
2) Uma vida radicalmente nova (2.12,13a).
Paulo usa aqui a figura do batismo como nossa identificação com Cristo. Tudo o que
aconteceu com Cristo, aconteceu conosco. Quando Cristo morreu, nos morremos com Ele.
Quando Cristo foi sepultado, nós fomos Sepultados com Ele. Quando Cristo ressuscitou, nos
ressuscitamos com Ele e deixamos as roupas da velha vida na sepultura. Estávamos mortos e
agora renascemos para uma nova vida. Temos vida com Cristo. William Barclay diz que a
obra de Cristo e uma obra de poder porque deu vida a homens mortos; e uma obra de
graça porque alcançou aqueles que não tinham razão de esperar benefícios divinos.
3) O perdão definitivo dos pecados (2.13b).
Paulo diz: “... perdoando todos os nossos delitos”. O perdão de Deus é:
Gratuito,
Generoso,
Certo e
Fundamental.
A experiência mais doce do cristão e a certeza do perdão divino. Davi muito bem expressou
esta verdade: “Bem-aventurado o homem cuja transgressão e perdoada e cujo pecado e
coberto” (Sl 32.1). Uma consciência atormentada pelo peso da culpa e pela inquietação
provinda da impossibilidade de pagar a Deus a sua dívida e uma das maiores tragédias
espirituais da humanidade. Em virtude do sangue derramado de Cristo na cruz, temos perdão
completo. Deus mesmo é aquele que apaga as nossas transgressões e não mais se lembra
delas (Is 43.45).
4) O cancelamento total da dívida (2.14).
Jesus não somente levou nossos pecados sobre a cruz (I Pe 2.24), mas também levou a lei e
a encravou na cruz. A lei que era contra nós, porque era impossível que nós a
cumpríssemos, foi também crucificada. Agora, estamos debaixo da graça, e não da lei.
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“Escrito de dividas”, era uma espécie de lista de acusações que continha as dívidas que o
próprio devedor admitia. Era uma nota escrita a mão por um devedor que reconhecia sua
dívida. Era uma admissão de dívida escrita de próprio punho. Fritz Rienecker diz que essa
palavra era usada como um termo técnico para o reconhecimento escrito de um debito. Era
como uma nota promissória assinada pessoalmente pelo devedor. Os pecados do homem são
uma longa lista de dívida para com Deus. Trata-se de uma acusação contra si mesmo; ou
seja, de uma lista de acusações que o homem devedor assinou e reconheceu firma.
b) A anulação da dívida.
Deus anulou ou apagou a lista de acusações. A palavra grega exaleifein, traduzida por
“removeu-o”, significa apagar, anular, queimar ou inutilizar uma acusação ou dívida
escrita.
Fritz Rienecker diz que essa palavra era usada para;
Apagar uma experiência na memória ou
Para cancelar um voto, ou, ainda,
Para anular uma lei ou
Cancelar um debito.
Deus anulou o documento de nossos pecados; Ele apagou o registro das nossas dividas de
forma tão completa como se elas jamais tivessem existido. Russell Shedd diz que a figura de
um tribunal está na mente de Paulo. O réu está no banco. A escrita repleta de acusações está
sendo preparada e lida. Mas o juiz, que é Deus, inocenta o culpado, tendo satisfeito na morte
de Jesus, Seu Filho amado, todas as exigências da lei.
c) A fixação da dívida na cruz.
No mundo antigo, quando se cancelava uma lei, decreto ou prescrição, eles eram fixados em
uma tabua com um cravo. Na cruz de Cristo foi crucificada a nossa lista de dividas. Todas as
acusações que pesavam contra nós foram pregadas na cruz de Cristo.
Nossas acusações foram executadas. Foram eliminadas como se nunca tivessem existido. Em
Sua misericórdia, Deus destruiu, prescreveu e eliminou todos os registros das nossas dívidas.
Ralph Martin diz que o pregar deste documento na cruz, agora com todas as suas acusações
apagadas, e, pois, uma ação subsequente que sugere um ato de desafio triunfante diante
daqueles poderes chantagistas que ameaçavam os colossenses no sistema dos heréticos.
Werner de Boor conclui esse ponto dizendo que Paulo tem a resposta que nenhuma filosofia
daquela época ou de hoje pode fornecer: olhe para a cruz, e ali você vera a sua nota
promissória publicamente destacada e aniquilada
d) A legalidade da dívida.
Paulo afirma: “tendo cancelado o escrito de dívida, que era contra nós e que constava de
ordenança, o qual nos era prejudicial...” (2.14). A lista de acusações estava baseada nas
ordenanças da lei. A palavra grega dogmasin significa “ordens de tribunal ou juiz”. A
palavra ainda se refere a obrigação legal em forma de lei ou edito, colocados num local
público para que todos os passantes pudessem ver. A acusação adquiria a forca e o poder das
prescrições e decretos da lei. O homem não podia guardar a lei, por ser pecador. Por isso
estava debaixo de maldição (G1 3.13). A lei é perfeita e exigia do homem total perfeição, por
isso, ao tropeçar num único ponto, tornava-se culpado de toda a lei (Tg 2.19). Mas aquilo
que o homem não podia fazer, Deus fez por ele em Cristo. O Filho de Deus tornou-se nosso
representante e fiador. Quando Cristo foi a cruz, Deus lançou sobre Ele a iniquidade de
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todos nos. Ele foi moído pelos nossos pecados e traspassado pelas nossas iniquidades. Ele
pegou o escrito de dívida que era contra nós, anulou-o, rasgou-o e o encravou na cruz.
Ele bradou do topo da cruz: “Esta consumado! ” (Jo 19.30).
A palavra grega tetélestai significa: Este pago! O homem agora não deve mais nada. A lei
que dava legitimidade a nossa acusacao foi cumprida e também pregada na cruz! Por meio
do Seu Filho, Deus revogou a lei como meio de salvacao e como uma maldicao que pendia
sobre a nossa cabeca. Em certo sentido, essa lei que trazia a lista das nossas dividas, as
acusacoes contra nos e a sentenca da nossa condenacao foi pregada na cruz. Deus anulou a
lei, quando Seu Filho satisfez completamente Sua demanda de perfeita bediencia. A lei foi
cravada com Cristo na cruz. Morreu quando Ele morreu. E, por causa da natureza vicaria do
sacrificio de Cristo, os cristaos ja nao estao debaixo da lei, mas da graca (Rm 6.14; 7.4,6; G1
2.19).294 O fim da lei e Cristo (Rm 10.4). Hendriksen esclarece um ponto importante no
trato desta materia: Isto nao quer dizer que a lei moral tenha perdido o seu significado
para o cristao. Nao pode significar que agora deve deixar de amar a Deus sobre todas as
coisas e a seu proximo como a si mesmo. Ao contrario, a lei de Deus tem uma validade
eterna (Rm 13.8,9; G1 5.14). O cristao encontra nela seu maximo prazer. O cristao a obedece
em gratidao pela salvacao que recebeu como uma dadiva da graça soberana de Deus.
Todavia, ele foi liberto da lei como um código de regras e prescricoes, como um meio de
obter a salvacao eterna, e como uma maldicao, que ameacava destrui-lo.295
Em quinto lugar, o triunfo final sobre os principados e potestades (2.15). Jesus nao somente
lidou com o pecado e com a lei na cruz, mas tambem com Satanas. Jesus despojou os
principados e potestades e os fez cativos, triunfando sobre esses poderes satanicos.
A palavra grega apekdusamenos se aplica ao despojo de armas e armadura de um inimigo
derrotado. Jesus quebrou de uma vez para sempre o poder dos principados e potestades. Ele
os expos a vergonha publica e os levou cativos em Sua carreira triunfal. A vitoria de Cristo e
cosmica. Em Sua marcha triunfal os poderes do mal sofreram um golpe definitivo que todos
podem contemplar. Aqui Paulo finca uma bandeira no territorio desses falsos mestres e
mostra ao mundo inteiro a suficiencia total da
obra de Cristo. Os cristaos nao precisam ter medo desses agentes malignos. Hendriksen
deixa esse ponto claro ao fazer algumas perguntas: Acaso Deus nao nos resgatou do imperio
das trevas? (1.13). Nao e Seu Filho o cabeca de todo principado e potestade? (2.10). Nao e
verdade que os principados e autoridades nao sao mais que meras criaturas, criadas por Ele,
atraves Dele e para Ele? (1.16). Portanto, devem recordar que, por meio deste mesmo Filho,
Deus despojou a esses principados e potestades de seu poder. Desarmouos totalmente. Nao
triunfou Cristo sobre eles na tentação do deserto? (Mt 4.1-11). Acaso nao amarrou o valente?
(Mt 12.29), e nao lancou fora os demonios uma e outra vez? Nao tirou Cristo, pela Sua morte
vicaria, toda a possibilidade de Satanas levantar contra nos qualquer acusacao legal? (Rm
8.34). Nao e certo, entao, que mediante esses grandiosos atos redentivos, Deus exibiu e
envergonhou publicamente esses poderes malignos, triunfando sobre eles e levando-os
cativos em seu desfile de triunfo? Russell Shedd, nesta mesma trilha de pensamento,
descreve esse triunfo de Cristo sobre as hostes do mal com as seguintes palavras: Cristo
venceu os principados e potestades ao vencer todas as tentações satanicas, vivendo uma vida
absolutamente sem pecado. Mais ainda, Cristo os venceu pela morte conquistada na
ressurreicao. Os poderes do mal tentaram destruir Jesus, publicamente, pela rejeicao do
povo, que gritava: “Crucifica-o!” e pelo poder politico dos lideres israelitas, com a
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concordancia de Roma (At 2.23). Justamente na hora da maior vitoria das trevas sobre o
Senhor da Gloria, Ele rompeu os grilhões da morte, demonstrando Sua vitoria sobre o poder
do pecado na Sua expiacao na cruz e sobre a morte pela ressurreicao. A palavra grega aqui
traduzida por “triunfando” pode indicar o cortejo triunfal do general romano que, apos a
conquista de territorio novo, traz os cativos amarrados, com o seu exercito vitorioso.298
Warren Wiersbe conclui dizendo que Jesus conquistou tres vitorias na cruz: Jesus despojou
os principados e potestades, tirando de Satanas e de seu exercito todas as suas armas. Jesus
publicamente os expos a vergonha e a derrota. Jesus triunfou sobre todas as hostes do mal.
Sempre que um general romano conquistava uma grande vitoria em terras estrangeiras, fazia
muitos cativos, tomava muitos espolios e se apossava de novos territorios para Roma, era
homenageado com um desfile oficial conhecido como “triunfo romano”. Jesus Cristo
conquistou vitoria absoluta, voltando a 1 gloria em um grande cortejo triunfal (Ef 4.8-16).