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Archaea 

(do grego: antigo, velho;[1] em português: arquea,[2][3] arqueia,[4] arqueiaAO


1990
, arquaia[4]) é a designação de um domínio de seres vivos unicelulares morfologicamente
semelhantes às bactérias, mas genética e bioquimicamente tão distintas destas como
dos eucariontes. Esses micro-organismos não possuem um núcleo celular e são,
portanto, procariontes. As arqueias foram inicialmente classificadas como um tipo de
bactérias, recebendo o nome archaebacteria, mas essa classificação está obsoleta. Elas
foram renomeadas para esclarecer que as arqueias estão mais intimamente ligadas aos
eucariontes (vida na qual as células possuem um núcleo), do que às bactérias.[5]
As células das arqueias possuem propriedades únicas, separando-as
dos domínios Bacteria e Eukaryota. As arqueias são divididas em
vários filos reconhecidos, entretanto, a sua classificação é difícil, pois a maioria não foi
isolada em laboratório e somente foi detectada pela análise de seus ácidos nucleicos em
amostras de seu ambiente.
A separação entre os domínios Bacteria e Archaea deu-se na década de 1970, quando o
microbiólogo Carl Woese verificou que ao comparar as sequências de RNA ribossómico de
várias espécies era possível separá-las em três grupos distintos. Apesar do nome
(Archaea em grego significa “antigo”), este não significa que as Archaeas sejam mais
semelhantes aos organismos primitivos do que as Bactérias ou os Eucariotas. Woese
decidiu atribuir o nome Archaea a este domínio para fazer sobressair a sua natureza mais
primitiva relativamente aos Eucariotas.[6]
As arqueias possuem características que podem ser encontradas em eucariotas ou em
bactérias. A título de exemplo, as arqueias possuem geralmente um único cromossoma
circular - à semelhança das bactérias -, mas os seus cromossomas podem ter mais do que
uma origem de replicação - fenómeno que se pensava estar presente apenas nos
eucariotas.[7]
No entanto, elas possuem características morfologicas próprias que justificam seu
distanciamento das bactérias. A mais marcante dessas características distintivas é a
ausência de um núcleo delimitado por uma membrana; por este motivo, tanto as arqueias
como as bactérias são denominadas de procariotas. Uma vez que esta definição de
procariotas é baseada em uma ausência, i.e., é feita com base numa característica que
está presente nos eucariotas mas não está presente nos procariotas, alguns autores
sugerem que a transcrição acoplada à tradução seja utilizada como
característica apomórfica dos procariotas.[8]

Algumas arqueias possuem características metabólicas únicas, tais como:

 Algumas espécies de Archaea (Halobacteria), produzem energia a partir da luz, por


uma estrutura celular chamada bacteriorrodopsina.[9] Isto constitui um fenómeno de
fototrofia (mas não de fotossíntese).
 Algumas arqueias pertencentes ao filo Euryarchaeota conseguem produzir metano,
sendo por isso chamadas de metanogénios. Alguns destes organismos vivem no
intestino de ruminantes.
Além disso, as arqueias possuem uma membrana celular com lípidos compostos de uma
associação de glicerol-éter, enquanto que os das bactérias e eucariotas são compostos de
glicerol-éster. Além disso, o grupo glicerol ao qual a cadeia hidrofóbica se encontra ligada
tem estereoquímica diferente nas arqueias, comparativamente às bactérias e aos
eucariotas. Também ao contrário das bactérias, as arqueias não possuem uma parede
celular de peptidoglicanos. Apenas um grupo relativamente pequeno de arqueias possui
uma parede celular composta por um polissacarídeo (pseudomureína); a maior parte das
arqueias possui antes uma estrutura proteica para-cristalina chamada de S-layer
("superfície S").[10] Finalmente, o flagelo das arqueias é diferente em composição e
desenvolvimento do das bactérias, tendo sido inclusivamente chamado de arcaelo (do
original archaellum) para evidenciar as diferenças relativamente ao flagelo bacteriano.[11]
O reino Archaea contém os filos

 Korarchaeota
 Crenarchaeota
 Euryarchaeota
 Nanoarchaeota
 Thaumarchaeota (anteriormente considerados "Crenarchaeota mesófilos")
 'Aigarchaeota'
Em 2015 foi sugerida a existência de um novo filo, o Lokiarchaeota.[12]

História
O primeiro grupo de arqueias estudado foi o das metanógenas. A metanogénese foi
descoberta no lago Maior de Itália em 1776, ao observar nele o burbulhar do "ar
combustível". Em 1882 observou-se que a produção de metano no intestino dos animais
devia-se à presença de micro-organismos (Popoff, Tappeiner e Hoppe-Seyler).[13]
Em 1936, ano que marcou o princípio da era moderna no estudo da metanogénese, H.A
Barker oferece as bases científicas para o estudo da sua fisiologia e conseguiu
desenvolver um meio de cultivo apropriado para o crescimento dos metanógenos. Nesse
ano foram identificados os géneros Methanococcus e Methanosarcina.[14]
As primeiras arqueias extremófilas foram encontradas em ambientes quentes. Em 1970,
Thomas D. Brock, da Universidade de Wisconsin, descobriu a Thermoplasma, uma
arqueia termoacidófila, e em 1972 a Sulfolobus, uma hipertermófila.[15] Brock ter-se-á
iniciado em 1969 no campo da biologia dos hipertermófilos com a descoberta de Thermus
aquaticus, que não é uma arquea mas antes uma bactéria.
Em 1977 identificam-se as arqueias como o grupo procarionte mais distante ao descobrir
que os metanógenos apresentam uma profunda divergência com todas as bactérias
estudadas. Nesse mesmo ano propôs a categoria de super-reino para este grupo com o
nome de Archaebacteria. Em 1978, o manual de Bergey dá-lhe a categoria de filo com o
nome de Mendosicutes e em 1984 divide o reino Procaryotae ou Monera em 4 divisões,
agrupando as Archaebacteria na divisão Mendosicutes.[16]
As arqueias hipertermófilas foram agrupadas em 1984 com o nome de Eocyta,
identificando-as como um grupo independente das então chamadas arqueobactérias (em
referência aos metanógenos) e às eubactérias, descobrindo-se para além disso
que Eocyta era o grupo mais próximo dos eucariontes.[17] A relação filogenética entre
metanógenos e hipertermófilos faz com que em 1990 se renomeie
a Eocyta como Crenarchaeota e as metanógenas como Euryarchaeota, formando o novo
grupo Archaea como parte do sistema dos três domínios.[18]

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