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Manoel de Barros, grande poeta pós-modernista, desenvolveu em suas obras

uma “teologia do traste”, cuja principal característica reside em dar valor às


situações frequentemente esquecidas ou ignoradas. Segundo a lógica barrosiana,
faz-se preciso, portanto, valorizar a implementação de hábitos saudáveis de
alimentação desde a infância, ainda que seja negligenciado por parte da
sociedade. Nesse sentido, a fim de mitigar os males relativos a essa temática, é
importante analisar a negligência estatal e o descaso dos familiares.
A priori, é necessário destacar a forma como parte do Estado costuma lidar com
a necessidade de haver hábitos saudáveis desde a infância. Isso porque, como
afirmou Gilberto Dimenstein, em sua obra “Cidadão de Papel”, a legislação
brasileira é ineficaz, visto que, embora aparente ser completa na teoria, muitas
vezes, não se concretiza na prática. Prova disso é o investimento insuficiente no
programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae), indo contra artigo 6 da
Constituição Federativa, que garante, entre tantos direitos, o da saúde. Isso
torna-se perceptível pela crescente taxa de crianças obesas ou acima do peso,
segundo o “site” informativo Gov, atingindo 6,4 milhões devido à má
alimentação nas escolas, onde passam a maior parte do tempo.
Outrossim, é notório que a negligência dos pais fomenta ainda mais as
dificuldades para implantar hábitos saudáveis na alimentação infantil. Com a atual
falta de tempo, familiares optam por coisas práticas como lanches industrializados
com baixo teor nutricional. Para entender tal apontamento, é justo relembrar o
pensamento do sociólogo polonês Zygmunt Bauman, o qual aponta a
modernidade como líquida e imediatista, onde soluções rápidas são mais
valorizadas, causando graves problemas ao decorrer dos anos. Logo, não é
difícil entender o porquê, segundo matéria divulgada no “site” G1, de 26,8% da
população com 20 ou mais estão obesas, comprovando que se uma alimentação
saudável não for implementada na infância, ocasionará em diversos problemas.
Torna-se primordial, portanto, a tomada de providências que visem implementar
com efetividade os hábitos saudáveis desde a infância, para que se propaguem
ao longo dos anos. Para isso, é papel do Governo Federal, através de maiores
investimentos e fiscalizações, assegurar que haverá verbas suficientes para o
pleno funcionamento do Pnae, a fim de melhorar a alimentação infantil.
Ademais, é fundamental que os familiares sejam ativos nesse processo de criação
de habito saudável. Desta forma, através de pesquisas e acompanhamento
nutricional, é necessário que a alimentação diária seja pensada de forma
saudável para formar adultos do futuro saudáveis.

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